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Márcia Marques Jericó, Fabrício Lorenzini e Khadine Kanayama Manual de Obesidade canina e felina Apoio de:

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Márcia Marques Jericó,

Fabrício Lorenzini e

Khadine Kanayama

Manual de Obesidadecanina e felina

Apoio de:

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As informações contidas neste manual foram pesquisas baseadas nas referências bibliográficas descritas e refletem a opinião dos autores, e não necessariamente da empresa Nestlé Purina. “É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo”. Nestlé Brasil Ltda. Material destinado exclusivamente ao profissional de saúde veterinária. Proibida a distribuição para consumidores. Impresso no Brasil – 2014.

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Há mais de 85 anos cuidando da nutrição e saúde de cães e gatos

Na Nestlé Purina acreditamos que as pessoas e os animais de estimação são melhores juntos. Por isso, desenvolvemos inovações nutricionais, há mais de 85 anos, para proporcionar alimentos nutritivos que auxiliem a manter os pets cada vez mais saudáveis.

Este manual foi desenvolvido em parceria com a Associação Brasileira de Endocrinologia Veterinária, onde foi realizada uma revisão bibliográfica completa com informações necessárias para apoiar você médico veterinário e facilitar a sua prática clínica, auxiliando na gestão dos pacientes com excesso de peso. Acreditamos que desta forma, estaremos contribuindo ainda mais para sua rotina diária.

Comunicação Cientifica Nestlé Purina.

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A Associação Brasileira de Endocrinologia Veterinária – ABEV é uma entidade de classe fundada em 2010, por médicos veterinários de vários estados brasileiros, que visa congregar os profissionais e acadêmicos de medicina veterinária interessados na especialidade de endocrinologia veterinária, dedicando-se ao estudo, ao ensino e à pesquisa da especialidade e de domínios afins.

A razão desta iniciativa é que vivenciamos no dia a dia da clínica veterinária um grande aumento do número e da complexidade de casos de natureza endócrina e metabólica. São cada vez mais freqüentes as doenças da tireóide, das adrenais, o diabetes, doenças do metabolismo do cálcio, dislipidemias e distúrbios do peso dos animais de estimação. Acreditamos que esta tendência de crescimento e força da especialidade se origina e vem ao encontro dos tempos modernos.

Neste material você encontrará um compilado de informações de importantes referências sobre a obesidade em cães e gatos, com o objetivo de auxiliar a sua atualização e a prática clínica.

Diretoria da ABEVwww.abev.org.br

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Os autores

MÁRCIA MARQUES JERICÓ - Médica veterinária, graduada pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP). Mestrado em Fisiologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Doutorado em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Professora doutora da disciplina de Medicina de Pequenos Animais da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi. Clínica veterinária especializada em atendimento de casos de endocrinologia em pequenos animais, e sócia-proprietária da Consultórios Veterinários Alto da Lapa. Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM). Sócia Fundadora e Presidente em exercício da Associação Brasileira de Endocrinologia Veterinária (ABEV)

FABRÍCIO LORENZINI – Médico Veterinário formado pela Universidade de Santo Amaro (UNISA); Residência em Clínica Médica pela mesma Universidade; Pós Graduação (latu-senso) em Clínica Médica de Pequenos Animais pela mesma Universidade; Médico Veterinário Contratado do serviço de Clínica Médica de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi (UAM); Mestre pelo Departamento de Clínica Médica pela Universidade de São Paulo (FMVZ-USP); Sócio Fundador e tesoureiro geral da Associação Brasileira de Endocrinologia Veterinária (ABEV); atendimento especializado em endocrinologia na clínica Naya de Especialidades Veterinárias e Docente do Curso de Medicina Veterinária na Universidade Anhembi Morumbi.

KHADINE KANAYAMA – Médica Veterinária formada pela UNISA 2001; Especialização clínica médica UNISA- 2003; Especialização clínica médica USP- 2008; Especialização em endocrinologia e metabologia veterinária – ANCLIVEPA; Médica veterinária do HOVET USP desde 2003; Serviços de clínica médica, pronto atendimento médico e UTI; Vice diretora técnica HOVET USP; Atendimento especializado em endocrinologia nos HOVET Dog Bakery e Clínica Veterinária Villavet.

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Manual de ObesidadeÍ N D I C E

§ D e fi n i ç ã o d e o b e s i d a d e

§ C o m o r b i d a d e s

§ F a t o r e s q u e d e s e n c a d e i a m o p r o c e s s o d e g a n h o d e p e s o

§ D i a g n ó s t i c o d e o b e s i d a d e e d i a g n ó s t i c o s d i f e r e n c i a i s

§ S i s t e m a d e a v a l i a ç ã o d a c o n d i ç ã o c o r p o r a l c a n i n a

§ O p e s o c o r p o r a l

§ O u t r a s f o r m a s d e d i a g n ó s t i c o

§ M e d i d a s m o r f o m é t r i c a s e m c ã o

§ Q u a i s e x a m e s d e v o s o l i c i t a r ?

§ P a r â m e t r o s n o r m a i s e p a r â m e t r o s r e f e r e n c i a i s p a r a d o e n ç a s e n d ó c r i n a s

§ P a s s o s p a r a u m t r a t a m e n t o e fi c a z d e u m p a c i e n t e o b e s o

§ U m p r o g r a m a d e e m a g r e c i m e n t o c o m p l e t o d e v e c o n t e r

§ T i p o s d e d i e t a

§ C o m p o s i ç ã o d a s d i e t a s p a r a p e r d a d e p e s o

§ C á l c u l o e e s t i m a t i v a d e t e m p o p a r a p e r d a d e p e s o

§ A t i v i d a d e f í s i c a

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MANUAL DE OBESIDADE CANINA

Definição de obesidade

A obesidade é definida como o estado de acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo animal, a ponto de comprometer suas funções fisiológicas, e é resultado de um balanço positivo de energia metabólica.

Entende-se por obesidade o excesso de gordura corporal em relação à massa magra, enquanto que sobrepeso pode ser definido apenas como um excesso de peso previsto para os padrões individuais ou raciais do animal avaliado, não necessariamente causado por acúmulo de gordura.

Em lugares como Austrália e Estados Unidos e diversos países europeus, a incidência varia entre 22% e 44%. Em levantamento americano recente (2012), 52,5% dos cães e 58,3% dos gatos estão acima do peso, sendo 16% cães e 19% gatos obesos. No Brasil, os estudos publicados até o

momento reportam uma incidência de obesidade de 17% na cidade de São Paulo (2002). Provavelmente, na época atual, os números devem ser bem maiores.

A obesidade é considerada uma doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo a causa de morte de cerca de 2,8 milhões de seres humanos por ano, de acordo com o relatório “Estatísticas Mundiais de Saúde 2012”. O problema da adiposidade excessiva advém não só da sobrecarga ponderal, mecânica, sobre o organismo animal, mas também de alterações inflamatórias, metabólicas e endócrinas importantes, que estão associada a várias morbidades, como osteartropatias, restrição respiratória, hipertensão, resistência insulínica, diabetes mellitus, esteatose hepática, complicações anestésicas e cirúrgicas, além de aumento de incidência de cânceres.

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Comorbidades

A obesidade, de modo geral, está associada a inúmeras comorbidades, que são as doenças concomitantes ao estado obeso do animal. É difícil estabelecer a diferença entre o que é causado ou o que é agravado pelo excesso de peso no organismo animal.

A começar, o estado inflamatório é uma das características do excesso de tecido adiposo, pois os adipócitos sintetizam inúmeras substâncias promotoras da inflamação, como TNF-alfa, IL-6, IFN-gama e proteína C-reativa. Esta condição característica da obesidade dá origem ou agrava os distúrbios locomotores, endócrinos, metabólicos, cardiorrespiratórios, reprodutivos, tegumentares e até mesmo pode aumentar a incidência de neoplasias.

De modo geral, cães obesos, quando comparados aos cães magros, vivem cerca de dois anos e meio a menos, de acordo com estudos realizados em cães da raça labrador, além de apresentarem maior incidência de displasias e osteoartrites. A associação entre obesidade e o alto risco de problemas locomotores, incluindo artrite, já demonstrada em cães, está relacionada não só ao aumento das forças mecânicas sobre as articulações, que, desta forma, causam destruição da cartilagem, como também é decorrente da condição inflamatória que acompanha o excesso de tecido adiposo.

A resistência insulínica é uma das disfunções endócrinas mais frequentes, acompanhando maior risco de desenvolvimento de diabetes mellitus, bem como favorecer a lipólise. A hiperlipidemia é comum nos animais obesos,

seja pelo aporte exagerado de gorduras sob a forma de alimentos, seja como consequência do próprio estado de resistência insulínica, que diminui a atividade da lipase lipoproteica, responsável pela aposição de triglicérides, e favorece a ação da lipase hormônio sensível. Este estado de hiperlipidemia, associado à condição inflamatória vascular e à hipertensão, é a principal causa da aterosclerose em indivíduos obesos.

Boa parte dos animais obesos sofre de hipertensão arterial sistêmica. A adiposidade acarreta um aumento de massa em todos os tecidos do corpo, sendo este fato observado também nos rins, onde ocorre expansão da cápsula de Bowman, proliferação de células no glomérulo, aumento da pressão hidrostática intersticial e diminuição da capacidade de reabsorção renal tubular de sódio, fatores que influem no volume circulatório. Esse aumento da pressão hidrostática intersticial renal em conjunto com a hiperinsulinemia (comum em obesos) causa um comprometimento da natriurese e resultante retenção hídrica e expansão volumétrica. Outro cofator que liga a obesidade e hipertensão é a ativação do sistema nervoso simpático, que geralmente é associado a hiperinsulinemia e hiperleptinemia, condição comum em cães, gatos e seres humanos obesos.

Também obesidade é um agravante nas condições respiratórias crônicas como asma e colapso de traqueia. O sobrepeso, o excesso de massa, compromete a expansão e a função respiratória, por consequência. Nestas condições, a disfunção expiratória é a mais comprometida.

Fatores que desencadeiam o processo de ganho de peso

Os fatores que controlam a ingestão alimentar e o gasto metabólico corpóreo, cujo desequilibrio leva a um acúmulo de energia metabolizável convertida sob a forma de gordura, são multiplos, combinando condições genéticas e poligênicas como: condição racial; e ambientais como: sedentarismo e oferta exagerada de alimentos palatáveis, podem desencadear o processo de ganho de peso.

De acordo com a literatura, existem mais de 400 genes já isolados em inúmeras espécies, relacionados à obesidade, e cuja expressão levam à síntese de componentes que participam da regulação do peso corporal, seja pelo controle da ingestão alimentar, pela promoção do gasto energético ou ambos. Assim, alterações em genes que codificam a expressão de substâncias como leptina, insulina, neuropeptídeo Y (NPY), melacortina, ghrelina, peptídeo YY, dentre muitas outras, e de genes que expressam seus receptores, propiciam o aparecimento da obesidade, como demonstrado em roedores, cães, gatos e no homem. Neste contexto, a predisposição racial é ilustrativa desta herdabilidade dos fatores que levam ao ganho de peso. Animais de raças como labradores, beagles, teckels, boxers, pastores de Shetland, cocker spaniels e basset hounds são sabidamente de maior risco para desenvolver obesidade.

Outro fator de risco claro para a obesidade é a castração; a incidência de obesidade é maior em cães castrados de ambos os sexos. As razões para este efeito têm sido estudadas, mas torna-se claro que os hormônios sexuais (especialmente estrogênios) são importantes reguladores da ingestão de energia e do gasto metabólico. Os estrógenos limitam a adipogênese e a ingestão alimentar, e os andrógenos, por sua vez, aumentam o anabolismo proteico e promovem maior

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MANUAL DE OBESIDADE CANINA

deambulação, incrementando o gasto metabólico. A retirada destes hormônios promovida pela gonadectomia facilita o acúmulo de gordura.

O modo de vida ocidental atual é outro importante fator de incremento da incidência da obesidade nas sociedades ditas mo-dernas, seja acometendo o homem e/ou seus animais de estimação. Características sociais como sedentarismo e oferta de alimentos de alta palatabilidade e grande densidade energética permeiam cada vez mais os hábitos dos nossos pacientes.

Na cidade de São Paulo, um estudo com 50 cães obesos verificou que 22% dos animais pesquisados não realizavam nenhuma atividade física, 46% deles eram considerados moderadamente preguiçosos e 56% destes animais têm um comportamento alimentar considerado voraz ou guloso, especialmente quando oferecidos os chamados petiscos ou guloseimas.

Verificou-se também que 78% destes animais de estimação consomem com maior ou menor frequência o mesmo tipo de alimento de seu proprietário e que todos apresentavam um balanço metabólico positivo e consequente sobreconsu-mo calórico diário para um peso ideal estimado.

Diagnóstico de obesidade e diagnósticos diferenciais

O diagnóstico da obesidade em cães pode ser determina-do através de métodos que avaliem a composição corpo-ral, como a ressonância magnética, tomografia computa-dorizada, hidrodensitometria, ultrassonografia, impedância bioelétrica e a densitometria por duplo feixe de raios X (DEXA). Porém muitos desses métodos não estão dispo-níveis na prática clínica, tendo sua aplicabilidade somente na pesquisa. Um diagnóstico prático de obesidade utilizan-do métodos não invasivos pode ser determinado através da avaliação clínica. O peso corporal, escore de condição corporal e análises morfométricas são ferramentas que po-dem ser utilizadas para fundamentar o diagnóstico.

Ficha de anamnese dietética (ver página 34)

A ficha de anamnese dietética completa deve incluir tudo o que é consumido, desde a dieta habitual até todos os outros alimentos a que o animal possa ter acesso, como petiscos, guloseimas, frutas, “amostras” de comidas ca-seiras, entre outros. Todos os alimentos devem ser iden-tificados por tipos e quantidades. Estas informações são importantes para determinar a situação alimentar atual e para um planejamento de uma recomendação dietética que atinja boa aceitação do proprietário e cumprimento.

O escore de condição corporal

O escore de condição corporal (ECC) é uma avaliação semi-quantitativa da composição corporal (representa a porcen-tagem de gordura e a massa magra para um determinado peso). O exame físico, a observação visual e a palpação do paciente são dados utilizados para definir um escore de condição corporal (ECC). O sistema de escala de nove pontos validados para cães e gatos é o mais amplamente aceito. Classifica o paciente em categorias, de caquético

(ECC=1) a severamente obeso (ECC=9), sendo a pontuação 5 considerada ideal. O sistema de nove

pontos correlaciona a avaliação da composição corporal e o percentual de gordura corporal (%

GC), conforme determinado por densitometria de duplo feixe de raios X (DEXA). Com este sistema, cada aumento

de unidade no ECC é equivalente apro-ximadamente a um aumento de 10% a

15% do peso corporal ideal. Portanto, um cão ou um gato com ECC=7 é igual a cerca de 20% a 30% excedente do peso corporal ideal. Um sistema ECC ilustrado pode fornecer uma ferramenta útil para a educa-ção do proprietário com relação a prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade.

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Sistema de avaliação da condição corporal canina

Utilize esta tabela para acompanhamento e manutenção do pesoSU

BALI

MEN

TADO

SOBR

EALI

MEN

TADO

IDEA

L

1Costelas, vértebras lombares, ossos pélvicos e todas as saliências ósseas visíveis à distância. Não há gordura corporal aparente. Perda evidente de massa muscular.

2Costelas, vértebras lombares e ossos pélvicos facilmente visíveis. Não há gordura palpável. Algumas outras saliências ósseas podem estar visíveis. Perda mínima de massa muscular.

6Costelas palpáveis com leve excesso de cobertura gordura. A cintura é visível quando observada de cima, mas não é acentuada. Reentrância abdominal aparente.

8Impossível palpar as costelas situadas sob cobertura de gordura muito densa ou palpáveis somente com pressão acentuada. Pesados depósitos de gordura sobre a área lombar e base da cauda. Cintura inexistente. Não há reentrância abdominal. Poderá existir distensão abdominal evidente.

3Costelas facilmente palpáveis podem estar visíveis sem gordura palpável. Visível o topo das vértebras lombares. Os ossos pélvicos começam a ficar visíveis. Cintura e reentrância abdominal evidentes.

5Costelas palpáveis sem excessiva cobertura de gordura. Cintura observada por trás das costelas, quando vista de cima. Abdômen retraído quando visto de lado.

4Costelas facilmente palpáveis com mínima cobertura de gordura. Vista de cima, a cintura é facilmente observada. Reentrância abdominal evidente.

7Costelas palpáveis com dificuldade. Pesada cobertura de gordura. Depósitos de gordura evidentes sobre a área lombar e base da cauda. Ausência de cintura ou apenas visível. A reentrância abdominal pode estar presente.

9Maciços depósitos de gordura sobre o tórax, espinha e base da cauda. Depósitos de gordura no pescoço e membros. Distensão abdominal evidente.

O SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CORPORAL foi desenvolvido no Centro Nestlé Purina de Pesquisa e Desenvolvimento (Nestlé Purina Pet Care Center) e foi validado tal como documentado nas seguintes publicações:

Mawby D, Barlges JW, Mayers T, et al. Comparison of body fat estimates by dual-energy x-ray absorptiometry and deuterium oxide dilution in client owned dogs. Compendium 2001; 23 (9A): 70

Laflamme DP. Development and Validation of a Body Condition Score System for Dogs. Canine Practice July/August 1997; 22:10-15

Kealy, et al. Effects of Diet Restriction on Life Span and Age-Related Changes in Dogs. JAVMA 2002; 220:1315-1320

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MANUAL DE OBESIDADE CANINA

O peso corporal

Outras formas de diagnóstico

O peso corporal pode ser usado como um indicador da composição corporal, mas é limitado pela grande variação entre ra-ças, faixas etárias e sexo, não sendo indicado como método único de avaliação, pois não avalia massa de gordura ou massa muscular. Cães com o mesmo peso corporal podem ter uma composição corporal diferente. O peso corporal só pode quan-tificar a porcentagem de excesso do peso corporal por comparação com o peso ideal, que é muitas vezes um valor teórico. O excesso de peso corporal de mais de 15% em comparação ao peso corporal ideal é classificado como obesidade.

Densitometria de duplo feixe de raios X (DEXA) é um método não invasivo utilizado para estimar a composição corporal e o teor de gordura corporal. Ele utiliza raios X a dois níveis de energia diferentes para diferenciar o tipo e quantidade de cada tecido do corpo a ser digitalizado. É baseado na atenuação exponencial dos diferentes níveis de energia de raios X emitidos, que diferencia os tecidos do corpo no osso (mineral), massa magra e tecidos moles, o que permite determinar a estimativa da porcentagem de gordura corpórea (% GC), apresentando uma boa correlação. A água do corpo é predomi-nantemente associada com o tecido magro e, portanto, uma medida de água corporal total fornece uma medida indireta da massa livre de gordura (ou seja, massa magra). No entanto, a realização do DEXA requer equipamento caro e a sua utilização prática é limitada na medicina veterinária.

DEXA realizada sob anestesia para avaliar a composição corporal de um cão. Fonte: Vet. Res. Commun. 2009 December; 33(8): 839–847.

DEXA da composição do corpo de um cão, antes do início de um programa de tratamento mitratapide (A)

e no final de protocolo para perda de peso (B)Fonte: Vet. Res. Commun. 2009 December; 33(8): 839–847.

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Outro método utilizado em cães e gatos para estimar a porcentagem de gordura corporal pode ser realizado através de medidas morfométricas, determinadas clinicamente com base em cálculos. Estas medições correlacionam-se bem com a % GC, determinada pelo método DEXA. Os pacientes obesos tendem a armazenar gordura subcutânea em vários locais, incluindo as áreas torácica, lombar e coccígea, bem como intra-abdominalmente. Com o ganho de peso, as di-mensões do corpo se alteram, como a circunferência pélvica (PC). Mais estudos clínicos são necessários para comparar a % GC calculada a partir de medidas morfométricas entre diferentes raças de cães.

A estimativa da porcentagem de gordura é importante para estimar o grau de obesidade e os riscos de saúde associados. É importante também para acompanhar o progresso durante o programa de perda de peso, com o objetivo de manter a massa magra enquanto diminui a massa gorda.

Comprimento corporal (C)

%GC: -0,0034(CL)²+0,0027(CP)²-1,9 Peso Corpóreo (Kg)

Medidas morfométricas em cão

CircunferênciaPélvica

(CP)

Tuberosidadedo calcâneo a ligamento

patelar médio(CL)

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MANUAL DE OBESIDADE CANINA

Quais exames devo solicitar?

A obesidade em cães e gatos pode estar associada ou promover uma variedade de anormalidades, que devem ser investigadas pelo clínico veterinário. Desta forma, uma avaliação geral por exames de rotina, incluindo-se hemograma, bioquímica sérica, urinálise e pressão arte-rial é recomendada.

Deve-se dar destaque ao perfil metabólico, pois a obesi-dade pode causar alterações significativas no metabo-lismo de lipídios e lipoproteínas, elevando as concen-trações séricas de colesterol e triglicerídeos, que

podem ser importantes para o desenvolvimento de outras doenças. Também os pacientes obesos tendem a apresen-tar valores de glicose normais a mais elevados, além de hiperinsulinemia. Podem apresentar intolerância a glicose subclínica e resistência insulínica, mas sem evidência de diabetes mellitus. Pacientes obesos, para compensar a resistência à insulina induzida pela obesidade, secretam

mais insulina, que pode apresentar valores aumentados. Esta compensação pode

impedir a hiperglicemia induzida pela obesidade. A enzima alanina amino

transferase (ALT) tende a ser maior nos cães com sobrepeso, sugerin-do sobrecarga hepática.

Também cães obesos podem se mostrar hipertensos, o que os torna pacientes de risco para doenças multissistêmicas.

Parâmetros normais e parâmetros referenciais para doenças endócrinas

A obesidade pode ser uma causa direta ou indireta de vá-rias anormalidades endócrinas que contribuem para distúr-bios metabólicos e, da mesma maneira, o desenvolvimen-to da obesidade em cães e gatos pode ser secundário a doenças endócrinas, portanto é primordial determinar se a obesidade é primária ou secundária.

As endocrinopatias mais frequentemente associadas à obesidade são: hiperadrenocorticismo, hipotireoidismo e diabetes mellitus. O diagnóstico diferencial entre obesi-dade primária e obesidade secundária a endocrinopatias deve ser baseado nos achados de anamnese, exame fí-sico, exames laboratoriais, exames de imagem e testes hormonais.

O eixo hipotálamo-hipófise-tireóide (HHT) desempenha um papel importante na homeostase energética por mo-dulação de taxa metabólica basal. Assim, a deficiência do hormônio da tireóide diminui o gasto de energia basal, po-

dendo ser uma causa direta da obesidade. As concentra-ções de hormônio da tireóide (t4) e hormônio estimulante da tireóide (TSH) são, aparentemente, preservadas em indivíduos obesos, diferentemente dos pacientes portado-res de hipotireoidismo.

Os valores de cortisol tendem a ser normais nos pacientes obesos e aumentados em pacientes portadores de hipera-drenocorticismo.

Pode causar ou agravar o quadro do diabetes mellitus e, em ambos os casos, a perda de peso no obeso diabético promoverá a diminuição da resistência insulínica causada pela obesidade, melhorando o controle glicêmico.

Os exames laboratoriais e as alterações mais frequente-mente encontradas associadas a obesidade, hipotireoidis-mo, hiperadrenocorticismo e diabetes mellitus estão des-critas no quadro a seguir:

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Passos para um tratamento eficaz de um paciente obeso

Glicemia ± á NDN ± á á á á

Colesterol á / á á á á / á á á á / á á á / á á

Triglicerídeos á / á á á á / á á á á á / á á á á á / á á á

ALT ± á NDN / ± á á / á á NDN / ± á

FA NDN / ± á NDN / ± á á á á NDN / ± á

HT NDN â á NDN

Plaquetas NDN NDN á NDN

Densidade Urinária NDN NDN â â NDN / ± â

T4 NDN / ± â NDN / â / â â NDN / ± â NDN / ± â

TSH NDN á NDN NDN

Cortisol basal NDN / ± á NDN / ± á á á NDN / ± á

Cortisol (pós-DEXA) NDN NDN á á NDN

Cortisol (pós-ACTH) NDN NDN á á NDN

DOENÇA OBESIDADE HIPOTIREOIDISMO HIPERADRENOCORTICISMO DIABETES MELLITUS

NDN: normal; ±á : pode estar aumentado; á : aumento discreto; áá : aumento moderado; ááá : aumento severo; ±â : pode estar diminuído; â : diminuído

Alterações de exames complementares mais frequentes nos casos de obesidade e de doenças endócrinas associadas a ganho de peso.

A conscientização do proprietário

A conscientização do proprietário é fator fundamental para o êxito no tratamento da obesidade. A obesidade, como já definida anteriormente, é uma doença de causa multifa-torial, que vem aumentando sua incidência e tornando-se de caráter epidêmico ao longo dos anos.

Sabe-se que dietas de alta palatabilidade e densidade energé-tica, fornecimento de quantidades maiores do que as neces-sárias, falta de regras na alimentação (p. ex.: incremento de comida caseira, petiscos), castração, determinantes genéticos e pouca ou nenhuma atividade física são os principais fatores envolvidos na gênese da obesidade.

Diante deste panorama, diversos graus de obesidade são vistos no nosso dia a dia e, desta forma, se não tratada, diminuirá a longevidade dos indivíduos em decorrência de suas complicações. É muito importante o entendimento e a cooperação do dono do animal, pois os efeitos nocivos

à saúde não costumam aparecer de imediato, fato que faz com que muitos donos de cães obesos ignorem a doen-ça. Com o aparecimento das complicações ou chamadas comorbidades, já existe claramente neste momento um prejuízo à saúde deste animal, sendo demonstrados clini-camente dificuldade respiratória, cansaço excessivo, into-lerância ao exercício e dores articulares, fato que poderia ter sido evitado se houvesse um melhor entendimento do dono do animal sobre o problema. Não existe a menor pos-sibilidade de um adequado tratamento sem este entendi-mento e cooperação do proprietário do animal.

São regras básicas na orientação do proprietário do animal obeso:

• Alimentar-se e preparar alimentos separadamente

• Não fornecer petiscos ou guloseimas

• Seguir rigorosamente a dieta prescrita

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MANUAL DE OBESIDADE CANINA

Diagnosticar adequadamente as comorbidades

O excesso de tecido gorduroso gera efeitos deletérios no metabolismo fisiológico e funcionamento dos órgãos. A obesidade está associada a causa e progressão de doenças cardiorrespiratórias, doenças do sistema urogenital, endocrinopatias, do-enças dermatológicas, doenças ortopédicas e desordens metabólicas (Quadro 1). Além disso, estudos epidemiológicos vêm demonstrando evidências da associação de obesidade com câncer.

Os mecanismos exatos sobre como a obesidade pode influenciar o desenvolvimento dos tumores ainda são pouco esclare-cidos, mas acredita-se que uma grande variedade de proteínas, incluindo hormônios, fatores de crescimento celular, resposta imunológica, apoptose (morte celular programada) e citocinas inflamatórias estejam envolvidos nos diversos processos da gênese tumoral.

Endocrinopatias Sistema Osteoarticular

Sistema Cardior-respiratório

Sistema Tegumentar Neoplasias Sistema

UrogenitalDesordens

Metabólicas Outros

Hipotireoidismo Osteoartrites Colapso de traqueia Alopecia Tumores de mama Urolitíase Resistência

Insulínica Imunossupressão

Hiperadrenocor-ticismo

Ruptura de ligamento cruzado

cranial

Paralisia de laringe

Dermatite seborreica

Carcinomas de células de

transição

Infecções de trato urinário Dislipidemias Aumento de risco

anestésico

Diabetes Mellitus Doença do disco intervertebral

Redução na complacência das

vias aéreas

Tumores gástricos

Partos distócicos

Diminuição de qualidade de vida

Insulinoma Fraturas de côndilo umeral

Hipertensão arterial

Incontinência urinária

Hiperlipidemias

Síndrome da obstrução de

vias aéreas dos braquicefálicos

Quadro 1: Doenças e comorbidades associadas com obesidade e ganho de peso em cães

Um programa de emagrecimento completo deve:

• Instituir a alimentação adequada

• Ensinar o proprietário a mensurar a quantidade correta

• Dividir a quantidade diária recomendada em ao menos 2 a 4 refeições

• Estabelecer um planejamento de atividades físicas

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Tipos de dieta

Existem diversas dietas comerciais formuladas para a perda de peso, com todas as necessidades nutricionais, porém com menos calorias que as dietas para animais adultos não obesos. Estas dietas dividem-se em dois tipos diferentes: dietas pobres em gorduras, com hidratos de carbono complexos e altamente digeríveis, e dietas pobres em gorduras e alto conteúdo de fibras não digestíveis. A diminuição do conteúdo de gorduras na dieta do animal produz um descenso tanto da densidade calórica como do sabor. Estudos recentes no entendimento das bases ge-néticas da obesidade definem que o excesso de alimenta-ção e a ingestão energética mal balanceada permanecem como os maiores elementos na origem e manutenção do sobrepeso e da obesidade.

Composição das dietas para perda de peso

Cálculo e estimativa de tempo para perda de peso

As dietas comerciais com baixo conteúdo de gorduras contêm entre 4% e 11% de gordura em matéria seca. A diminuição da proporção de gordura deve ser suficiente a ponto de diminuir a densidade calórica da alimentação, mantendo, ao mesmo tempo, sabor e nível de ácidos graxos adequados. As dietas que contêm quantidade de gordura reduzida e aumento na quantidade de fibra não digestível produzirão um descenso na ingestão energética voluntária e na assimilação da dieta, e isto, por sua vez, conduzirá à perda de peso. Deve-se ressaltar também que uma ingestão excessiva de fibras pode produzir efeitos secundários, tais como reduzir a ingestão e a disponibilidade de nutrientes como cálcio, zinco e ferro, produzindo um aumento da eliminação fecal de nutrientes e da excreção do nitrogênio. O aumento do consumo de fibras, quando de alta fermentabilidade, causa uma maior produção de gás, do volume fecal e da frequência de defecação. Em resumo, uma dieta que objetiva restrição calórica deve conter alto teor de fibras em matérias seca, mas manter a saúde intestinal e a qualidade fecal.

Um dos objetivos principais de um programa de redução de peso nos animais domésticos é minimizar a perda de tecido corporal magro, ao se diminuir o conteúdo de gordura corporal. Ao se utilizar qualquer dieta pobre em calorias nos cães e gatos que necessitam perder peso, é necessário controlar estritamente o volume do alimento administrado. A vantagem de se seguir uma dieta redutora de peso reside em que é possível administrar um maior volume de alimento com uma menor quantidade de calorias e menor risco de produzir um transtorno nutricional.

A existência de diferentes graus de obesidade nos animais obriga que as recomendações de perda de peso sejam expressas em porcentagem do peso corporal perdido ao fim de uma semana e não como uma perda determinada de peso. Desta maneira, em uma semana, é recomendável perder entre 1% e 3% do peso corporal total, conforme o grau de obesidade, idade e situação clínica do animal. Existem diversas fórmulas disponíveis para o cálculo da estimativa dos requerimentos energéticos de manutenção diários (ou energia metabolizável) para cães e gatos. A seguir disponibilizaremos duas delas, porém outras podem ser

usadas para a mesma finalidade. O cálculo do requerimento energético diário (RED) fundamenta-se no requerimento energético em repouso (RER) de um animal, modificado por um fator que leva em consideração sua atividade ou produção (p. ex.: crescimento, gestação, lactação ou trabalho). O RER é calculado elevando o peso corporal do paciente a uma potência de 0,75. O valor do RER em média para mamíferos é de 70kcal/kg/dia. Devemos lembrar que estes valores de requerimento energético devem ser utilizados como guias, ou ponto de partida para o cálculo energético de cada indivíduo, e não como valores absolutos.

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MANUAL DE OBESIDADE CANINA

RER (kcal/dia) = 70 x (Peso(kg)0,75 ou RER (kcal/dia) = [30 x (Peso(kg) + 70]

RED (cães):

• Adulto castrado = 1,6 x RER

• Adulto inteiro = 1,8 x RER

• Propenso à obesidade = 1,4 x RER

• Perda de peso = 1 x RER

• Ganho de peso = 1,2-1,4 x RER (de acordo com o peso atual)

Estes valores obtidos pelo cálculo RER (kcal) devem ser transformados em gramas ao dia, para que o proprietário forneça a alimentação na quantidade ideal calculada. Para isso necessita-se conhecer a densidade energética da ração que será utilizada.

Por exemplo:

- Um animal com 40 kg de peso corporal que deveria per-der 5 kg para que atinja seu peso ideal.

RER (Kcal) = [30X(35)+70]

RER = [1.050 + 70] = 1.120 Kcal

RED (perda de peso) = 1X RER, ou seja, RED = RER

à Ração utilizada para a perda de peso com densidade energética (300 kcal/100 gramas)

100 gramas --------------------- 300 Kcal

X gramas --------------------- 1.120 Kcal

X = 373,33 gramas

à Este animal deve se alimentar com aproximadamente 373 gramas de ração ao dia.

Esta quantidade de alimento calculada deve ser administra-da ao longo de todo o dia, de maneira homogênea, prefe-rencialmente dividindo a quantidade total no maior número de refeições possíveis (mínimo duas), pois o ato de se ali-mentar também promove gasto energético (em torno de 10% a 15% do requerimento energético diário), além de promover saciedade pela constante alimentação.

A adição de outros alimentos a uma dieta previamente ba-lanceada, como a ração comercial, pode aumentar a densi-dade calórica do alimento. Além disso, a administração de petiscos ou de substitutos alimentares como forma de inte-ração social e afetiva entre o proprietário e o cão pode levar ao consumo excessivo de nutrientes, de forma a exceder as necessidades energéticas do animal.

RER: Requerimento energético em repouso / RED: Requerimento energético diário

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Atividade física

Associado ao fator dieta sabe-se também que a prática de atividades físicas regulares, principalmente aeróbias, é fundamental para a manutenção da perda de peso em lon-go prazo, além de minimizar a perda de massa magra. Já está bastante difundido na literatura científica o seu papel protetor para uma série de doenças, em especial as meta-bólicas e cardiovasculares.

Os efeitos desta prática são múltiplos, tais como auxiliar na manutenção do peso corporal, aumentar a sensibilida-de à insulina, reduzir os níveis de pressão arterial, reduzir o risco de diabetes mellitus e doença cardiovascular, provo-car hipertrofia da musculatura esquelética, reduzir a perda de massa óssea, favorecer a resposta imune, além de ate-nuar a depressão e a ansiedade, gerando bem-estar.

Caminhadas em torno de 20 a 30 minutos, de três a quatro vezes por semana, são um bom método de perda de ca-lorias para os cães. O gasto energético promovido por um programa de atividade física regular se aproxima de 20% a 30% do requerimento energético diário.

Outra modalidade excelente de atividade física é a hidro-terapia, principalmente se associada com esteira aquática, pois consegue promover mais gasto energético, preser-vando as articulações das chamadas lesões de impacto, do que uma caminhada, por exemplo, dependendo do grau de obesidade, da intensidade ou do tipo de terreno em que é praticada e que poderia gerar em um paciente obeso. Os benefícios do treinamento físico, em grande parte, são

atribuídos às modificações na hemodinâmica e na com-posição corporal, que resultam em melhora na ação da insulina e consequentemente menor risco de desenvolver diabetes mellitus.

Dicas para os proprietários

• Cães brincalhões fazem melhor atividades de alta energia que sejam divertidas como buscar uma bola ou discos (frisbees).

• Passeios mais lentos são ideais para cães mais velhos.

• Para os cães que não se exercitam regularmente, come-ce devagar e aumente lentamente a intensidade de suas atividades.

• Comece a caminhar com o seu cão em superfícies ma-cias, como terra, areia ou grama, até que as almofadas das suas patas se acostumem.

• Deve-se evitar exercitar o cão imediatamente antes ou após as refeições.

• Cuidado com o clima muito quente ou muito frio. O sol pode causar insolação e desidratação, ou machucar as patas.

• Certifique-se de que seu cão tem acesso fácil à água limpa e fresca o dia todo, todos os dias!

• Treine seu cão a andar ao seu lado para ajudar a controlá-lo de pular sobre as crianças, outros cães ou adultos.

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Manual de ObesidadeÍ N D I C E

§ G a t o g o r d o é u m g a t o s a u d á v e l ?

§ F a t o r e s q u e d e s e n c a d e i a m o p r o c e s s o d e g a n h o d e p e s o

§ D i a g n ó s t i c o d e o b e s i d a d e e d i a g n ó s t i c o s d i f e r e n c i a i s

§ S i s t e m a d e a v a l i a ç ã o d a c o n d i ç ã o c o r p o r a l f e l i n a

§ O p e s o c o r p o r a l

§ O u t r a s f o r m a s d e d i a g n ó s t i c o

§ M e d i d a s m o r f o m é t r i c a s n o g a t o

§ Q u a i s e x a m e s d e v o s o l i c i t a r ?

§ P a r â m e t r o s n o r m a i s e p a r â m e t r o s r e f e r e n c i a i s p a r a d o e n ç a s e n d ó c r i n a s

§ C o m o t r a t a r a o b e s i d a d e ?

§ U m p r o g r a m a d e e m a g r e c i m e n t o c o m p l e t o d e v e c o n t e r

§ T i p o s e c o m p o s i ç ã o d a d i e t a p a r a p e r d a d e p e s o

§ C á l c u l o p a r a p e r d a d e p e s o

§ A t i v i d a d e f í s i c a

2 2

2 3

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2 5

2 6

2 6

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2 9

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Felina

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MANUAL DE OBESIDADE FELINA

Gato gordo é um gato saudável?

Apesar da percepção de que uma parcela importante dos proprietários de gatos considera a gordura, ou obesidade, de seus gatos uma expressão de beleza e de boa saúde, o felino obeso é um animal doente, ou em risco de desenvolver uma série de distúrbios orgânicos.

Obesidade é definida como o estado de acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo animal, a ponto de comprometer suas funções fisiológicas, e é resultado de um balanço positivo de energia metabólica.

Entende-se por obesidade o excesso de gordura corporal em relação à massa magra, enquanto que sobrepeso pode ser definido apenas como um excesso de peso previsto para os padrões individuais ou raciais do animal em questão, não necessariamente causado por acúmulo de gordura.

Quando comparados aos cães, os estudos de prevalência da obesidade em gatos são bem menos frequentes, bem como empregam formas variadas de avaliação do estado corpóreo. Em pesquisa desenvolvida na cidade de São Paulo, em 2004, numa população estudada de 154 gatos domiciliados, 29,7% deles eram obesos. Na Austrália, no Reino Unido e nos Estados Unidos, os índices reportados variam de 19% a 59% da amostra populacional investigada.

A obesidade é considerada uma doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo a causa de morte de cer-ca de 2,8 milhões de seres humanos por ano, de acordo com o relatório “Estatísticas Mundiais de Saúde 2012”. O problema da adiposidade excessiva advém não só da so-brecarga ponderal, mecânica, sobre o organismo animal, mas também de alterações inflamatórias, metabólicas e endócrinas importantes, que estão associadas a várias morbidades, como diabetes mellitus, esteatose hepática,

hipertensão, osteartropatias, restrição respiratória, com-plicações anestésicas e cirúrgicas, além de aumento de incidência de cânceres.

Como já dito, gatos obesos são gatos doentes. Em estudo americano (2005) envolvendo 8.159 animais, a obesidade e o sobrepeso estavam fortemente associados a doenças da cavidade oral, do trato urinário, a diabetes mellitus, lipidose hepática, dermatoses e neoplasias.

Uma das características mais importantes que acompanham do excesso de tecido adiposo é a instalação de um estado inflamatório crônico, pois os adipócitos sintetizam inúmeras substâncias promotoras da inflamação, como TNF-alfa, IL-6, IFN-gama e proteína C-reativa. Esta condição característica da obesidade dá origem ou agrava os distúrbios endócrinos, metabólicos, locomotores, cardiorrespiratórios, reprodutivos, tegumentares e até mesmo pode aumentar a incidência de neoplasias.

A resistência insulínica, decorrente deste processo inflamatório, mas também da expressão exagerada de hormônios antagonistas à insulina (IGF-1, por exemplo), é uma das disfunções mais frequentes no gato obeso, cursando com o desenvolvimento de diabetes mellitus, bem como favorecendo a lipólise.

A hiperlipidemia é comum nos animais obesos, seja pelo aporte exagerado de gorduras sob a forma de alimentos, seja como consequência do próprio estado de resistência insulínica, que diminui a atividade da lipase lipoproteica, responsável pela aposição de triglicérides, e favorece a ação da lipase hormônio sensível. Este estado de hiperlipidemia, associado à condição inflamatória vascular e à hipertensão, é a principal causa da aterosclerose em indivíduos obesos.

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Fatores que controlam a ingestão alimentar e o gasto me-tabólico corpóreo, cujo desequilibrio leva a um acúmulo de energia metabolizável, energia esta que é convertida sob a forma de gordura, desencadeiam o processo de ganho de peso. Tais fatores são múltiplos, combinando condição ge-nética, poligênica, como condição racial, e ambiente, como sedentarismo e oferta exagerada de alimentos palatáveis.

De acordo com a literatura, existem mais de 400 genes relacionados à obesidade, já isolados em inúmeras espécies, e cuja expressão levam à síntese de componentes que participam da regulação do peso corporal, seja pelo controle da ingestão alimentar, pela promoção do gasto energético ou em ambos. Assim, gatos obesos apresentam nítidas mudanças nas concentrações de leptina e de IGF’s, apontando para resistência à ação destes hormônios. Neste contexto, a condição racial pode ser ilustrativa desta herdabilidade dos fatores que levam ao ganho de peso. Gatos mestiços, crossbreed, têm duas vezes mais chances de desenvolverem obesidade, bem como os gatos de Manx têm mais predisposição ao ganho de peso.

Outro fator de risco claro para a obesidade é a castração; a incidência de obesidade é maior em gatos castrados, em especial nos machos. As razões para este efeito têm sido estudadas, mas torna-se claro que os hormônios sexuais (especialmente estrogênios) são importantes reguladores da ingestão de energia e do gasto metabólico. Os estrógenos limitam a adipogênese e a ingestão alimentar, e os andrógenos, por sua vez, aumentam o anabolismo

proteico e promovem maior deambulação, incrementando o gasto metabólico. A retirada destes hormônios promovida pela gonadectomia facilita o acúmulo de gordura.

O modo de vida atual é outro importante fator de incremento da incidência da obesidade nas sociedades ditas modernas, seja acometendo o homem e/ou os seus animais de estimação. Características sociais modernas, como viver em ambientes restritos, apartamentos ou casas fechadas, que não permitem o acesso ao ambiente externo, restringem o comportamento felino de ambulação, diminuindo o seu gasto metabólico. Também, curiosamente, foi demonstrado que a convivência com cães no mesmo ambiente diminui a incidência da obesidade em gatos. Isto talvez possa ser explicado pelas seguintes constatações: os gatos podem ser limitados pelos cães ao acesso da alimentação, por competição, distração ou medo, e os cães estimulam os gatos à prática de atividades físicas, especialmente as lúdicas.

A atitude do proprietário, neste contexto, é importante no desenvolvimento da obesidade. Proprietários de gatos obesos tendem a brincar menos com os seus animais, observá-los mais durante o ato de comer e premiá-los mais com alimentos e petiscos do que com brincadeiras extras.

A facilidade de oferta de alimento, com a alimentação industrial, também pode ser um desencadeador da obesidade em gatos. Rações secas, em sua maioria, contém alta densidade energética e alta palatabilidade, além de serem ricas em carboidratos.

Fatores que desencadeiam o processo de ganho de peso nos gatos

A associação entre a obesidade e o alto risco de problemas locomotores, incluindo artrite, como já demonstrada em cães, está relacionada não só ao aumento das forças mecânicas sobre as articulações, e desta forma causando destruição da cartilagem, como também é decorrente da condição inflamatória que acompanha o excesso de tecido adiposo.

Boa parte dos animais obesos sofre de hipertensão arterial sistêmica. A adiposidade acarreta um aumento de massa em todos os tecidos do corpo, sendo este fato observado também nos rins, onde ocorre expansão da cápsula de Bowman, proliferação de células no glomérulo, aumento da pressão hidrostática intersticial, diminuição da capacidade de reabsorção renal tubular de sódio, fatores que influem no volume circulatório. Esse aumento da pressão hidrostática intersticial renal em conjunto com a hiperinsulinemia (comum em obesos) causa um comprometimento da natriurese e resultante retenção hídrica e expansão volumétrica. Outro cofator que liga obesidade e hipertensão é a ativação do sistema nervoso simpático, que geralmente é associado a hiperinsulinemia e hiperleptinemia, condição comum em cães, gatos e seres humanos obesos.

Também a obesidade é um agravante nas condições respiratórias crônicas, como a asma. O sobrepeso, o excesso de massa, compromete a expansão e a função respiratória, por consequência. Nestas condições, a disfunção expiratória é a mais comprometida. Gatos com asma brônquica ou apresentações crônicas das doenças do complexo respiratório felino sofrem mais distrições ventilatórias com a obesidade.

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MANUAL DE OBESIDADE FELINA

Diagnóstico de obesidade e diagnósticos diferenciais

O diagnóstico da obesidade em gatos pode ser determina-do através de métodos que avaliem a composição corporal, como ressonância magnética, tomografia computadoriza-da, hidrodensitometria, ultrassonografia, impedância bioe-létrica e densitometria por duplo feixe de raios X (DEXA). Porém muitos desses métodos não estão disponíveis na prática clínica, tendo sua aplicabilidade somente na pes-quisa. Um diagnóstico prático de obesidade utilizando mé-todos não invasivos pode ser determinado através da ava-liação clínica. O peso corporal, escore de condição corporal e análises morfométricas são ferramentas que podem ser utilizadas para fundamentar o diagnóstico.

Ficha de anamnese dietética (ver página 34)

A ficha de anamnese dietética completa deve incluir tudo o que é consumido, desde a dieta habitual até todos os outros alimentos a que o animal possa ter acesso, como petiscos, guloseimas, frutas, “amostras” de comidas ca-seiras, entre outros. Todos os alimentos devem ser iden-tificados por tipos e quantidades. Estas informações são importantes para determinar a situação alimentar atual e para um planejamento de uma recomendação dietética que atinja boa aceitação do proprietário e cumprimento.

O escore corporal

O escore de condição corporal (ECC) é uma avaliação semiquantitativa da composição corporal (representa a porcentagem de gordura e a massa magra para um determinado peso). O exame físico, a observação visual e a palpação do paciente são dados utilizados para definir um escore de condição corporal (ECC). O sistema de escala de nove pontos validados para cães e gatos é o mais amplamente aceito. Classifica o paciente em categorias, de caquético (ECC=1) a severamente obeso (ECC=9), sendo a pontuação 5 considerada ideal. O sistema de nove pontos correlaciona a avaliação da composição corporal e percentual de gordura corporal (% GC), conforme determinado por densitometria de duplo feixe de raios X (DEXA). Com este sistema, cada aumento de unidade no ECC é equivalente aproximadamente a um aumento de 10% a 15% do peso corporal ideal. Portanto, um gato com ECC=7 é igual a cerca de 20% a 30% excedente do peso corporal ideal. Um sistema ECC ilustrado pode fornecer uma ferramenta útil para a educação do proprietário com relação a prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade.

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SUBA

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ENTA

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O SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CORPORAL foi desenvolvido no Centro Nestlé Purina de Pesquisa e Desenvolvimento (Nestlé Purina Pet Care Center) e foi validado tal como documentado nas seguintes publicações:

Laflamme DP. Development and Validation of a Body Condition Score System for Cats: A Clinical Tool. Feline Practice 1997; 25:13-17

Laflamme DP, Hume E, Harrison J. Evaluation of Zoometric Measures as an Assessment of Body Composition of Dogs and Cats. Compendium 2001; 23 (Suppl 9A):88

Utilize esta tabela para acompanhamento e manutenção do peso

Sistema de avaliação da condição corporal felina

5

1Costelas visíveis nos gatos de pelo curto. Nenhuma gordura palpável. Acentuada reentrância abdominal. Vértebras lombares e asa do ilíaco facilmente palpáveis.

2Costelas facilmente visíveis em gatos de pelo curto. Vértebras lombares são observadas com mínima massa muscular; reentrância abdominal. Não há presença de gordura palpável.

4 Costelas palpáveis com mínima cobertura de gordura. Cintura perceptível atrás das costelas. Mínima gordura abdominal.

6 Costelas palpáveis com mínima cobertura de gordura. Cintura e gordura abdominal visíveis, mas não óbvios.

8Costelas não palpáveis, com excesso de cobertura de gordura. Cintura ausente. Arredondamento abdominal e presença de gordura visível. Presença de depósitos de gordura lombar.

3Costelas facilmente palpáveis apresentam uma cobertura mínima de gordura. As vértebras lombares são visíveis. Cintura evidente depois das costelas. Mínimo de gordura abdominal.

Bem proporcionado. Cintura visível depois das costelas. Costelas palpáveis com pequena cobertura de gordura. Panículo adiposo abdominal mínimo.

7Dificuldade em palpar as costelas que têm moderada cobertura de gordura. A cintura não é muito evidente. Arredondamento óbvio do abdômen. Moderado panículo adiposo abdominal.

9Impossível palpar as costelas que se encontram sob espessa cobertura de gordura. Pesados depósitos de gordura na área lombar, face e membros. Distensão do abdômen e ausência de cintura. Amplos depósitos abdominais de gordura.

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MANUAL DE OBESIDADE FELINA

O peso corporal

Outras formas de diagnóstico

O peso corporal pode ser usado como um indicador da composição corporal, mas é limitado pela grande variação entre raças, faixas etárias e sexo, não sendo indicado como método único de avaliação, pois não avalia massa de gordura ou massa muscular. Gatos com o mesmo peso corporal podem ter uma composição corporal diferente. O peso corporal só pode quantificar a porcentagem de excesso do peso corporal por comparação com o peso ideal, que é muitas vezes um valor teórico. O excesso de peso corporal de mais de 15% em comparação ao peso corporal ideal é classificado como obesidade.

Densitometria de duplo feixe de raios X (DEXA) é um método não invasivo utilizado para estimar a composição corporal e o teor de gordura corporal. Ele utiliza raios X a dois níveis de energia diferentes para diferenciar o tipo e a quantidade de cada tecido do corpo a ser digitalizado. É baseado na atenuação exponencial dos diferentes níveis de energia de raios X emitidos, que diferencia os tecidos do corpo no osso (mineral), massa magra e tecidos moles, o que permite deter-minar a estimativa da porcentagem de gordura corpórea (% GC), apresentando uma boa correlação. A água do corpo é predominantemente associada com o tecido magro e, portanto, uma medida de água corporal total fornece uma medida indireta da massa livre de gordura (ou seja, massa magra). No entanto, a realização do DEXA requer equipamento caro e a sua utilização prática é limitada na prática veterinária.

Outro método utilizado em gatos para estimar a porcentagem de gordura corporal pode ser realizado através de medidas morfométricas, determinadas clinicamente com base em cálculos. Estas medições correlacionam-se bem com a % GC, determinada pelo método DEXA. Os pacientes obesos tendem a armazenar gordura subcutânea em vários locais, incluindo as áreas torácica, lombar e coccígea, bem como intra-abdominalmente. Com o ganho de peso, as dimensões do corpo se alteram, como a circunferência pélvica (PC). Mais estudos clínicos são necessários para comparar a % GC calculada a partir de medidas morfométricas entre diferentes raças de gatos.

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Comprimento corporal (C)

A estimativa da porcentagem de gordura é importante para estimar o grau de obesidade e os riscos de saúde associados. É importante também para acompanhar o progresso durante o programa de perda de peso, com o objetivo de manter a massa magra enquanto diminui a massa gorda.

Comprimento corporal (C)Junçãosacrococcígea

CircunferênciaPélvica

(CP)

Circunferênciado tórax

Comprimento doMTD da escápula

até o carpo(MAD) Comprimento do

MTD da escápula até o carpo

(MAD)

Comprimento do nariz até a junção sacrococcígea

%GC: 0,04(CP)-0,0004(C²/PC) -0,08 (MAD) + 1,11Peso Corpóreo (Kg)

Medidas morfométricas no gato

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MANUAL DE OBESIDADE FELINA

Quais exames devo solicitar?

As alterações metabólicas e hormonais sistêmicas que ocorrem na obesidade são o resultado da desregulação das adipocinas secretadas pelo tecido adiposo branco, e são os fatores-chave em muitas doenças e desordens associadas com a obesidade. A leptina e adiponectina são adipocinas e demonstraram serem marcadores quantitativos valiosos de adiposidade em pacientes obesos. A leptina correlaciona-se positivamente com o escore de condição corporal, e inversamente, a adiponectina correlaciona negativamente com a massa de gordura corporal e, por conseguinte, é mais abundante em animais magros.

A obesidade em gatos pode estar associada a uma varie-dade de anormalidades, causar alterações significativas no metabolismo de lipídios e lipoproteínas, elevando as concentrações séricas de colesterol (geralmente %LDL

tende a aumentar enquanto o colesterol %HDL conco-mitantemente diminui) e triglicerídeos, que podem ser importantes para o desenvolvimento de outras doenças associadas à obesidade.

Os pacientes obesos tendem a apresentar valores de glicose normais à mais elevada. Podem apresentar intolerância a glicose subclínica e resistência insulínica, mas sem evidência de diabetes mellitus. Pacientes obesos, para compensar a resistência à insulina induzida pela obesidade, secretam mais insulina, que podem apresentar valores aumentados. Esta compensação pode impedir a hiperglicemia induzida pela obesidade.

A enzima alanina aminotransferase (ALT) tende a ser maior em pacientes com sobrepeso.

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Parâmetros normais e parâmetros referenciais para doenças endócrinas

A obesidade pode ser uma causa direta ou indireta de vá-rias anormalidades endócrinas que contribuem para distúr-bios metabólicos, e da mesma maneira o desenvolvimento da obesidade em gatos pode ser secundário a doenças en-dócrinas, portanto é primordial determinar se a obesidade é primária ou secundária.

As endocrinopatias mais frequentemente associadas à obesidade são: hiperadrenocorticismo, hipotireoidismo e diabetes mellitus. O diagnóstico diferencial entre obesidade primária e obesidade secundária a endocrinopatias deve ser baseado em achados de anamnese, exame físico, exames laboratoriais, exames de imagem e testes hormonais.

O eixo hipotálamo-hipófise-tireóide (HHT) desempenha um papel importante na homeostase energética por mo-dulação de taxa metabólica basal. Assim, a deficiência do hormônio da tireóide diminui o gasto de energia basal, po-

dendo ser uma causa direta da obesidade. As concentra-ções do hormônio da tireóide (t4) e hormônio estimulante da tireóide (TSH) são, aparentemente, preservadas em indivíduos obesos, diferentemente dos pacientes portado-res de hipotireoidismo.

Os valores de cortisol tendem a serem normais nos pa-cientes obesos e aumentados em pacientes portadores de hiperadrenocorticismo.

Pode causar ou mais raramente ser resultante do diabetes mellitus e, em ambos os casos, a perda de peso no obeso diabético promoverá a diminuição da resistência insulínica causada pela obesidade, melhorando o controle glicêmico.

Os exames laboratoriais e alterações mais frequentemen-te encontradas associadas a obesidade, hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e diabetes mellitus estão descritas na tabela abaixo:

Glicemia ± á NDN ± á á á á

Colesterol á / á á á á / á á á á / á á á / á á

Triglicerídeos á / á á á á / á á á á á / á á á á á / á á á

ALT ± á NDN / ± á á / á á NDN / ± á

FA NDN / ± á NDN / ± á á á á NDN / ± á

HT NDN â á NDN

Plaquetas NDN NDN á NDN

Densidade Urinária NDN NDN â â NDN / ± â

T4 NDN / ± â NDN / â / â â NDN / ± â NDN / ± â

TSH NDN á NDN NDN

Cortisol basal NDN / ± á NDN / ± á á á NDN / ± á

Cortisol (pós-DEXA) NDN NDN á á NDN

Cortisol (pós-ACTH) NDN NDN á á NDN

DOENÇA OBESIDADE HIPOTIREOIDISMO HIPERADRENOCORTICISMO DIABETES MELLITUS

NDN: normal; ±á : pode estar aumentado; á : aumento discreto; áá : aumento moderado; ááá : aumento severo; ±â : pode estar diminuído; â : diminuído

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MANUAL DE OBESIDADE FELINA

Como tratar a obesidade?

A conscientização do proprietário

A conscientização do proprietário é fator fundamental para o êxito no tratamento da obesidade. A obesidade como já definida anteriormente, é uma doença de causa multifato-rial, que vem aumentando sua incidência e se tornando de caráter epidêmico ao longo dos anos.

Sabe-se, exatamente como nos cães, que dietas de alta palatabilidade e densidade energética, fornecimento de quantidades maiores do que as necessárias, falta de regras na alimentação (p. ex.: incremento de petiscos), castração, determinantes genéticos e pouca ou nenhu-ma atividade física são os principais fatores envolvidos na gênese da obesidade.

O paciente felino é muito rotineiro e sedentário, apresentando período de sono aproximado entre 16 e 18 horas por dia, fato que claramente o torna mais predisposto à obesidade caso ele não gaste sua energia acumulada. Além disso, muitos gatos domésticos vivem em apartamentos de pequena metragem nas grandes capitais, limitando em parte a realização de atividade física regular. Em decorrência de diversos fatores já citados, diferentes graus de obesidade são vistos no nosso dia a dia e, desta forma, se não tratada diminuirá a longevidade dos indivíduos em decorrência de suas complicações. É muito importante o entendimento e cooperação do dono do animal, pois os efeitos nocivos à saúde não costumam aparecer de imediato, fato que faz com que muitos donos de gatos obesos ignorem a doença. Com o aparecimento das complicações ou chamadas comorbidades, o animal já demonstra clinicamente suas

complicações, como dificuldade respiratória, cansaço excessivo, intolerância ao exercício e dores articulares, fato que poderia ter sido evitado se houvesse um melhor entendimento sobre o problema pelo dono do animal.

São regras básicas na orientação do proprietário do animal obeso:

• Alimentar-se e preparar alimentos separadamente

• Não fornecer petiscos ou guloseimas

• Seguir rigorosamente a dieta prescrita

As doenças concomitantes (Sugestão: comorbidades)

O excesso de tecido gorduroso gera efeitos deletérios no metabolismo fisiológico e funcionamento dos órgãos. A obesidade está associada como causa e progressão de diabetes felina; doenças cardiorrespiratórias; doenças do sistema urinário, endocrinopatias, doenças dermatológi-cas e doenças ortopédicas (Quadro 2). Além disso, estu-dos epidemiológicos vêm demonstrando evidências da associação de obesidade com câncer. Os mecanismos exatos sobre como a obesidade pode influenciar o desen-volvimento dos tumores ainda são pouco esclarecidos, mas acredita-se que uma grande variedade de proteínas, incluindo hormônios, fatores de crescimento celular, res-posta imunológica, apoptose (morte celular programada) e citocinas inflamatórias estejam envolvidos nos diversos processos da tumorogênese.

Endocrinopatias Sistema Osteoarticular

Sistema Cardior-respiratório

Sistema Tegumentar Neoplasias Sistema

UrogenitalDesordens

Metabólicas Outros

Diabetes Mellitus Osteoartrites Dispneia Alopecia Tumores de mama Urolitíase Resistência Insulínica Imunossupressão

Acromegalia Doença do disco intervertebral

Hipertensão arterial

Dermatite seborreica Linfoma Doença do Trato

Urinário Inferior Pancreatites Aumento de risco anestésico

Hiperadrenocorti-cismo

Displasia coxofemoral

Asma/Bronquite Felina

Cistite Idiopática Felina Dislipidemias Diminuição de

qualidade de vida

Quadro 2: Doenças e comorbidade associadas com obesidade em gatos

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Um programa de emagrecimento completo deve:

Tipos e composição da dieta para perda de peso

O alimento adequado para um felino obeso deve conter em sua composição altos índices de proteína (>35%), principalmente por ser um carnívoro essencial; baixo índice de carboidratos (<12%) e gordura (<10%). Outra opção de composição são as dietas com altos índices de fibra, que apresentam como vantagem a promoção da saciedade, porém é necessário avaliar se o alimento possui um equilíbrio adequado entre fibras solúveis e insolúveis, já que, dependendo do tipo de fibra quando em excesso, pode ocasionar diarreias e/ou constipação. Preferencialmente o alimento do gato obeso deve ser úmido, pois uma maior quantidade de água em sua composição favorece a saciedade, além de ser a dieta mais próxima em comparação com a vida selvagem. Além disso, o alimento úmido ajuda na prevenção de doenças do trato urinário inferior dos felinos. Comparativamente à alimentação seca, o alimento úmido apresenta uma menor

• Instituir a alimentação adequada

• Ensinar o proprietário a mensurar a quantidade correta

• Dividir a quantidade diária recomendada entre 2 e 4 porções ao longo do dia, deixando a disposição do gato

• Estabelecer um planejamento de atividades físicas

quantidade de carboidratos e menor densidade energética, o que o torna um interessante aliado nas dietas de perda de peso. Isso porque, altos níveis de carboidratos presentes na dieta são transformados rapidamente em gordura, sendo menos interessantes, dessa forma, para gatos obesos.

Um dos objetivos principais de um programa de redução de peso nos animais domésticos é minimizar a perda de tecido corporal magro, ao se diminuir o conteúdo de gordura corporal. Ao se utilizar qualquer dieta pobre em calorias nos cães e gatos que necessitam perder peso, é necessário controlar estritamente o volume do alimento administrado. A vantagem de se seguir uma dieta redutora de peso reside em que é possível administrar um maior volume de alimento com uma menor quantidade de calorias e menor risco de produzir um transtorno nutricional.

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MANUAL DE OBESIDADE FELINA

Cálculo para perda de peso

Existem diversas fórmulas disponíveis para o cálculo da estimativa dos requerimentos energéticos de manutenção diários (ou energia metabolizável) para cães e gatos. A seguir disponibilizaremos duas delas, porém outras podem ser usadas para a mesma finalidade. O cálculo do requerimento energético diário (RED) se fundamenta no requerimento energético em repouso (RER) de um animal, modificado por um fator que leva em consideração sua atividade ou pro-dução (p. ex.: crescimento, gestação, lactação ou trabalho). O RER é calculado elevando o peso corporal do paciente a uma potência de 0,75. O valor do RER em média para mamíferos é de 70 kcal/kg/dia. Devemos lembrar que estes valores de requerimento energético devem ser utilizados como guias, ou ponto de partida para o cálculo energético de cada indivíduo, e não como valores absolutos.

Estes valores obtidos pelo cálculo RER (kcal) devem ser transformados em gramas ao dia, para que o proprietário forneça a alimentação na quantidade ideal calculada. Para isso necessita-se conhecer a densidade energética da ração que será utilizada.

RER (kcal/dia) = 70 x (Peso(kg)0,75 ou RER (kcal/dia) = [30 x (Peso(kg) + 70]

RED (gatos):

• Adulto castrado = 1,2 x RER

• Adulto inteiro = 1,4 x RER

• Propenso à obesidade = 1 x RER

• Perda de peso = 0,8 x RER

• Ganho de peso = 1,2-1,4 x RER (de acordo com o peso atual)

Por exemplo:

- Um animal com 4 kg de peso corporal que deveria perder 1 kg para que atinja seu peso ideal.

RER (Kcal) = [30X(3)+70]

RER = 90 + 70 = 160 Kcal

RED (perda de peso) = 0,8X RER = 128 Kcal

à Ração úmida utilizada para a perda de peso com densi-dade energética aproximada (60 kcal/100 gramas)

ou

à Ração seca utilizada para a perda de peso com densida-de energética aproximada (350 kcal/100 gramas)

100 gramas --------------------- 60 Kcal

X gramas --------------------- 128 Kcal

X = 213,33 gramas

ou

100 gramas --------------------- 350 Kcal

X gramas --------------------- 128 Kcal

X = 36,6 gramas

à Este animal deve se alimentar com 213 gramas de ra-ção úmida ao dia.

ou

à Este animal deve se alimentar com aproximadamente 37 gramas de ração seca ao dia.

Esta quantidade de alimento calculada deve ser administrada ao longo de todo o dia, de maneira homogênea, principalmente nos felinos, para evitar transtornos obsessivos e irritabilidade durante o programa de redução de peso corporal. Devemos lembrar também que, semelhante aos cães, o ato de se alimentar também promove gasto energético nos felinos (em torno de 10% a 15% do requerimento energético diário) e promove saciedade. Da mesma forma, a adição de outros alimentos a uma dieta previamente balanceada, como a ração comercial, pode aumentar a densidade calórica do alimento. Além disso, a administração de petiscos ou de substitutos alimentares como forma de interação social e afetiva entre o proprietário e o gato pode levar ao consumo excessivo de nutrientes, de forma a exceder as necessidades energéticas do animal.

RER: Requerimento energético em repouso / RED: Requerimento energético diário

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Atividade física

Associado ao fator dieta sabe-se também que a prática de atividades físicas regulares, principalmente aeróbias, é fundamental para a manutenção da perda de peso em lon-go prazo, além de minimizar a perda de massa magra. Os efeitos desta prática são múltiplos, tais como auxiliar na manutenção do peso corporal, aumentar a sensibilidade à insulina, reduzir os níveis de pressão arterial, reduzir o ris-co de diabetes mellitus e doença cardiovascular, provocar hipertrofia da musculatura esquelética, reduzir perda de massa óssea, favorecer a resposta imune, além de atenuar

a depressão e a ansiedade, gerando bem-estar. Devemos lembrar também, de maneira semelhante aos cães, que o gasto energético promovido por um programa de atividade física regular se aproxima de 20% a 30% do requerimento energético diário. Em relação aos felinos domiciliados, que possuem um estilo de vida sedentário, recomenda-se esti-mular sua atividade com brinquedos, objetos, plataformas e barreiras dentro do seu domicílio, atividade em banheiras se possível, uma vez que dificilmente esses animais vão realizar atividade física como os cães.

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Ficha de Anamnese Dietética (MODELO)DATA

PACIENTE: PESO

ESPÉCIE: CÃO GATO RAÇA

PORTE: PEQ MED GDE

SEXO: M F CASTRADO? SIM NÃO

IDADE: ECC:

APETITE: POLIFAGIA NORMAL DISOREXIA

ONDE SEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO PERMANECE A MAIOR PARTE DO TEMPO?

ACESSO LIVRE (INTERIOR/EXTERIOR)INTERIOR EXTERIOR

A PREPARAÇÃO DO ALIMENTO É REALIZADA NAPRESENÇA DO ANIMAL DE ESTIMAÇÃO? SIM NÃO

É PERMITIDO QUE SEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO PERMANEÇA PRESENTE DURANTE AS REFEIÇÕES DA FAMÍLIA? SIM NÃO

HÁ OUTROS ANIMAIS NA CASA? SIM NÃO HÁ IDOSOS/CRIANÇAS NA CASA? SIM NÃO

FREQUENCIA TEMPO/DIA

OUTRASINFORMAÇÕES

SEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO REALIZA ALGUMA ATIVIDADE FÍSICA? SIM NÃO QUAL?

ALIMENTO HABITUAL: COMERCIAL ALIMENTO CASEIRO

ALIMENTO SECO SIM NÃO

MARCA: QTD: /DIA FREQ: REFEIÇÕES

ALIMENTO ÚMIDO SIM NÃO

MARCA: QTD: /DIA FREQ: REFEIÇÕES

ALIMENTO CASEIRO SIM NÃO QTD: /DIA FREQ: REFEIÇÕES

INGREDIENTES:

PETISCOS SIM NÃO

MARCA: QTD: /DIA FREQ: REFEIÇÕES

RESTOS DE ALIMENTOS SIM NÃO DESCR/FREQ.:

ANAMNESE DIETÉTICA

MÉDICO VETERINÁRIO RESPONSÁVEL

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