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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Embrapa Agroindústria Tropical

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Raimundo Braga Sobrinho

Jorge Anderson Guimarães

José de Arimatéia Duarte de Freitas

Daniel Terao

Organizadores

Embrapa Agroindústria Tropical

Banco do Nordeste do Brasil

Fortaleza, CE

2008

PRODUÇÃO INTEGRADA DE MELÃO

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Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:Embrapa Agroindústria TropicalRua Dra. Sara Mesquita 2.270, PiciCEP 60511-110 Fortaleza, CECaixa Postal 3761Fone: (85) 3299-1800Fax: (85) 3299-1803Home page www.cnpat.embrapa.brE-mail [email protected]

Comitê de Publicações da Embrapa AgroindústriaTropical

Presidente: Francisco Marto Pinto VianaSecretário-Executivo: Marco Aurélio da Rocha MeloMembros: Janice Ribeiro Lima, Andréia Hansen Oster,

Antonio Teixeira Cavalcanti Júnior,José Jaime Vasconcelos Cavalcanti,Afrânio Arley Teles Montenegro,Ebenézer de Oliveira Silva.

Supervisor editorial: Marco Aurélio da Rocha MeloRevisora de texto: Maria do Socorro Amorim GomesTeraoNormalização bibliográfica: Ana Fátima Costa PintoEditoração eletrônica: Arilo Nobre de OliveiraCapa: André Victor Gomes CostaFoto da capa: Cláudio de Norões Rocha

1a edição1a impressão (2008): 1.000 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não-autorizada desta publicação, notodo ou em parte, constitui violação dos direitosautorais (Lei no 9.610).

CIP - Brasil. Catalogação-na-publicaçãoEmbrapa Agroindústria Tropical

© Embrapa 2007

P964p Produção integrada de melão / Raimundo Braga Sobrinho... [et al.],organizadores. – Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, Bancodo Nordeste do Brasil, 2008.

338 p.: il.

ISBN 978-85-89946-06-3 978-85-7791-013-7

1. Produção do Melão. 2. Cultivo e Manejo do Melão. 3. Doença ePraga do Melão. 4. Comercialização do Melão. I. Sobrinho, Raimundo Braga.II. Título.

CDD: 635.61

Presidente:Roberto Smith

Diretores:João Emílio GazzanaLuis Carlos Everton de FariasLuiz Henrique Mascarenhas Corrêa SilvaOswaldo Serrano de OliveiraPaulo Sérgio Rebouças FerraroPedro Rafael Lapa

Ambiente de Comunicação SocialJosé Maurício de Lima da Silva

Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste -EteneSuperintendente: José Sydrião de Alencar Júnior

Editor: Jornalista Ademir CostaInternet: http://www.bnb.gov.brCliente Consulta: 0800.7283030 [email protected]

Depósito legal junto à Biblioteca Nacional, conforme Lei nº 10.994, de 14/12/2004

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Autores

Adilson Reinaldo KososkiEngenheiro agrônomo, M. Sc., assessor do CGDV/DFPV/SARC/Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento-MAPA e membro do grupo gestor do projeto de Avaliação da Conformidade daProdução Integrada de Frutas, Esplanada dos Ministérios, Bloco D - Ed. Anexo A, sala 233,CEP 70043-900 Brasília, DF, tel: (61) 225-4538, [email protected]

Antonio Lindemberg Martins MesquitaEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Entomologia, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical,Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1840, [email protected]

Antonio Renes Lins de AquinoEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Solo e Nutrição de Plantas, pesquisador da Embrapa AgroindústriaTropical, Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1843, [email protected]

Carlos Alexandre Gomes CostaEstudante de agronomia, Universidade Federal do Ceará, bolsista de Iniciação Científica do CNPq,Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1838, [email protected]

Carla Maria de Jesus SilvaBióloga, Especialista em Fruticultura irrigada, bolsista do CNPq, Embrapa Semi-Árido, Rodovia BR-428,km 152 - Zona Rural, Petrolina, PE, [email protected]

Daniel Rodrigo Rodrigues FernandesEstudante de agronomia, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), km 47 da BR 110,Cx. Postal 137, Setor de Fitossanidade, 59625-900, Mossoró, RN, [email protected]

Daniel TeraoEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Semi-Árido, Rodovia BR-428,km 152 - Zona Rural, Petrolina, PE, [email protected]

Ebenézer de Oliveira SilvaEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Fisiologia Vegetal, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical,Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1952, [email protected]

Elizângela Cabral dos SantosEngenheira agrônoma, M. Sc. em Agronomia, doutoranda em Agronomia na Universidade Federal Ruraldo Semi-Árido, BR 110, km 47, Mossoró, RN, [email protected]

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Elton Lúcio de AraújoEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Entomologia, professor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, BR 110, km 47, Mossoró, RN, [email protected]

Fábio Rodrigues de MirandaEngenheiro agrônomo, Ph. D. em Agricultura de Precisão, pesquisador da Embrapa AgroindústriaTropical, Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1912, [email protected]

Francisco Marto Pinto VianaEngenheiro agrônomo, Ph. D. em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical,Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1962, [email protected]

Francisco Nelsieudes Sombra de OliveiraEngenheiro agrônomo, M. Sc. em Solos e Nutrição de Plantas, pesquisador da EmbrapaAgroindústria Tropical, Fortaleza, CE, [email protected]

Francisco Roberto de AzevedoEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Fitotecnia, professor da Universidade Federal do Ceará, Campusdo Cariri, Rua Cel. Antônio Luís, 1161 - Pimenta, CEP 63.105.000, Crato, CE, [email protected]

Janice Ribeiro LimaEngenheira de alimentos, D. Sc. em Tecnologia de Alimentos, pesquisadora da EmbrapaAgroindústria Tropical, Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1848, [email protected]

João Paulo CajazeiraEngenheiro agrônomo, Estagiário, Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1844, [email protected]

Jorge Anderson GuimarãesBiólogo, D. Sc. em Entomologia, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE,tel: (85) 3299-1936, [email protected]

José de Arimatéia Duarte de FreitasEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Solos e Nutrição de Plantas, pesquisador da EmbrapaAgroindústria Tropical, Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1889, [email protected]

José Emilson Bandeira RochaTécnico em Segurança do Trabalho, Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE,tel: (85) 3299-1962, [email protected]

José Francismar de MedeirosEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Agronomia, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, BR 110,km 47, Mossoró, RN, tel: (84) 33151740, [email protected]

José Lincoln Pinheiro AraújoEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Agronomia, pesquisador da Embrapa Semi-Árido. BR 428, km 152,S/N, Zona Rural, CEP: 56300-970 - Petrolina, PE, [email protected]

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José Maria PintoEngenheiro agrônomo, D Sc. em Irrigação e Drenagem, pesquisador da Embrapa Semi-Árido. BR 428,km 152, S/N, Zona Rural, CEP: 56300-970 - Petrolina, PE, [email protected]

José Maurício A. TeixeiraEngenheiro agrônomo, assessor do CGDV/DFPV/SARC/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento-MAPA e membro do grupo gestor do projeto de Avaliação da Conformidade da ProduçãoIntegrada de Frutas, Esplanada dos Ministérios, Bloco D - Ed. Anexo A, sala 233,

CEP 70043-900, Brasília, DF, tel: (61) 225-4538, [email protected]

José Robson da SilvaEngenheiro agrônomo, M. Sc. em Agronomia, Pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária doRio Grande do Norte, km 47 da BR 110, Campus da ESAM, CEP 59.600-970, Mossoró, RN,

tel.: (84) 315 3340, [email protected]

José Rozalvo AndriguetoEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Fitotecnia, assessor do CGDV/DFPV/SARC/Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento-MAPA e membro do grupo gestor do projeto de Avaliação da Conformidadeda Produção Integrada de Frutas, Esplanada dos Ministérios, Bloco D - Ed. Anexo A, sala 233,

CEP 70043-900 Brasília, DF, tel: (61) 225-4538, [email protected]

Joston Simão de AssisEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Pós-Colheita, pesquisador da Embrapa Semi-Árido, Rodovia BR-428,km 152-Zona Rural, Petrolina, PE, [email protected]

José Simplício de HolandaEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Solos, Embrapa/ Emparn, Av. Interventor Mario Câmara, 2550,

CEP: 59074-600, Cidade Nova, Natal, RN, tel.: (84) 232-5878, [email protected]

Leandro Delalibera GeremiasEstudante de Agronomia, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), km 47 da BR 110,

Cx. Postal 137, Setor de Fitossanidade, 59625-900, Mossoró, RN. [email protected]

Luciana Portugal RibeiroEngenheira química, Tecnóloga em Controle Ambiental, Instituto Nacional de Metrologia, Normalizaçãoe Qualidade Industrial - Inmetro, Rua Santa Alexandrina, 416 - 8º andar - Rio Comprido, CEP 20261-232,Rio de Janeiro, RJ, tel: (61) 340-2211, [email protected]

Luís Alexandre Nogueira de SáEngenheiro agrônomo, Ph. D. em Entomologia, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Caixa Postal 69,tel.: (019) 3867- 8792, [email protected]

Luíz Carlos Behring NasserEngenheiro agrônomo, Post-Ph. D. em Fitopalogia , assessor do CGDV/DFPV/SARC/Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA e membro do grupo gestor do projeto de Avaliação daConformidade da Produção Integrada de Frutas, Esplanada dos Ministérios, Bloco D - Ed. Anexo A,sala 233, CEP 70043-900, Brasília, DF, tel: (61) 225-4538, [email protected]

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Luís Gonzaga Pinheiro NetoEngenheiro agrônomo, M. Sc em Agronomia, bolsista do CNPq - Embrapa Agroindústria Tropical,Fortaleza, CE, [email protected]

Maria Cléa Brito de FigueiredoBacharel em Ciências da Computação, M. Sc. em Gestão Ambiental, pesquisadora da EmbrapaAgroindústria Tropical, Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1846, [email protected]

Marcos Antônio FilgueiraEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Entomologia, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros / Emparn,Av. Interventor Mario Câmara, 2550, CEP: 59074-600, Cidade Nova, Natal RN,[email protected]

Maria Conceição Y. P. PessoaMatemática Aplicada, Ph. D. em Automação, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Jaguariúna, SP,[email protected]

Maria de Fátima BatistaEngenheira agrônoma, Ph. D. em Virologia, pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos eBiotecnologia, Parque Estação Biológica PqEB, Final da Av. W5 Norte, Brasília, DF, tel.: (61)448-4623,fá[email protected]

Maria Regina Vilarinho de OliveiraBióloga, D. Sc. em Entomologia, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Parque Estação Biológi-ca Pq. EB, Final da Av. W5 Norte, Brasília, DF. tel.: (61) 448-4630, [email protected]

Morsyleide de Freitas RosaEngenheira química, D. Sc. em Processos Químicos e Biológicos, pesquisadora da EmbrapaAgroindústria Tropical, Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1846, [email protected]

Marta Aguiar Sabo MendesEngenheira agrônoma, M. Sc. Fitopatologia, pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos eBiotecnologia, Parque Estação Biológica PqEB, Final da Av. W5 Norte, Brasília, DF, tel.: (61)448-4627,

[email protected]

Neyton de Oliveira MirandaEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Agronomia, Escola Superior de Agricultura de Mossoró-ESAM,Departamento de Engenharia Agrícola, CEP 59625-900, (85) 315-0557, [email protected]

Nivaldo Duarte CostaEngenheiro agrônomo, M. Sc. em Agronomia, pesquisador da Embrapa Semi-Árido, Rodovia BR-428,km 152-Zona Rural, Petrolina, PE, [email protected]

Raimundo Braga SobrinhoEngenheiro agrônomo, Post-Ph. D. em Entomologia, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical,Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1841, [email protected]

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Raimundo Maciel SousaEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Zootecnia, professor do Instituto Centec – Unidade de Sobral, RuaDr. Guarany, 317, Campus do CIDAO, CEP: 60040-260, Sobral, CE, tel.: (088) 677-2520,[email protected]

Raimundo Nonato MartinsTécnico agrícola, Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1865,[email protected]

Renata Cesar Vilardi TenenteEngenheira agrônoma, Ph. D. em Parasitologia, pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos eBiotecnologia, Parque Estação Biológica PqEB, Final da Av. W5 Norte, Brasília, DF, tel.: (61)448-4628,[email protected]

Renata Tieko NassuEngenheira de alimentos, D. Sc. em Tecnologia de Alimentos, pesquisadora da Embrapa PecuáriaSudeste, Rodovia Washington Luís, km 234, Fazenda Canchim, 13560-970 - São Carlos, SP, C. Postal: 339,tel: (16) 33615611, [email protected]

Ricardo Elesbão AlvesEngenheiro agrônomo, D. Sc. em Pós-Colheita, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, RuaDra. Sara Mesquita, 2270 - Pici, CEP 60511-110 Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1847,[email protected]

Rita de Cássia Souza DiasEngenheira agrônoma, D. Sc. em Biotecnologia, pesquisadora da Embrapa Semi-Árido, Rodovia BR-428,km 152 - Zona Rural, Petrolina, PE, [email protected]

Rubens Sonsol GondimEngenheiro agrônomo, M. Sc. em Irrigação e Drenagem, pesquisador da Embrapa AgroindústriaTropical, Rua Dra. Sara Mesquita, 2270 - Pici, CEP 60511-110 Fortaleza, CE, tel: (85) 3299-1838,[email protected]

Sebastião Gomes AmorimEngenheiro agrônomo, ADD-DIPER, PE

Vera Lúcia FerraciniQuímica Orgânica, Ph. D. em Química Orgânica, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Rod. SP 340,km 127,5, Bairro Tanquinho Velho, Jaguariúna, SP, 19-38678789, [email protected]

Wanderson da Rocha MizaelEngenheiro agrônomo, Iharabras S. A. Indústrias Químicas, Av. da Liberdade, 1407, Cajuru do Sul,Sorocaba, SP, (15) 3235-7744, [email protected]

Wellington Martins Mosqueira da FonsecaEngenheiro mecânico, Pós-graduação em Gestão da Qualidade, Gerente de Desenvolvimento eCertificação de Produtos do BVQI do Brasil, Sociedade Certificadora [email protected]

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Capítulo

13 Irrigação do Meloeiro

Fábio Rodrigues de Miranda, Rubens Sonsol Gondim,José de Arimatéia D. de Freitas e Luís Gonzaga Pinheiro Neto

Introdução

De acordo com os princípios da Produção Inte-grada de Frutas - PIF, a irrigação do meloeiro devepriorizar a utilização sustentável dos recursos naturaise a utilização de métodos de irrigação e técnicas demanejo que permitam otimizar a eficiência de uso daágua, aumentar a produtividade, reduzir custos eminimizar possíveis impactos ambientais negativosassociados à irrigação, tais como a salinização do soloe a contaminação de águas subterrâneas e de superfí-cie. Nesse sentido, as normas técnicas para a irrigaçãona produção integrada de melão prevêem as seguintespráticas:

Práticas obrigatórias

• Manejar a irrigação a partir de dados climáticos ou

sensores de solo, de acordo com as fases de desen-

volvimento da cultura.

• Realizar análise da água de irrigação na elaboração do

projeto de irrigação e monitorar sua qualidade, tri-

mestralmente.

• Monitorar a condutividade elétrica e o pH do solo.

Práticas recomendadas

• Utilizar sistema de irrigação por gotejamento e a téc-

nica da fertirrigação.

• Avaliar a uniformidade de aplicação de água do sis-

tema de irrigação, antes do plantio, 22 dias após oplantio e no final do ciclo da cultura.

• Utilizar os coeficientes de cultivo (Kc) determinadospela pesquisa, no local ou em regiões climaticamentesemelhantes.

• Realizar o manejo da fertirrigação com pequenas quan-tidades de fertilizantes e alta freqüência de aplicação.

• Priorizar para que as linhas laterais fiquem perpen-diculares à maior declividade do terreno.

• Parcelar os nutrientes de acordo com as fasesfenológicas da cultura.

Práticas permitidas com restrições

• Utilizar sistema de irrigação por sulcos em solos detextura média a argilosa, em áreas devidamente siste-matizadas e drenadas.

• Utilizar água com condutividade elétrica entre 3,0 e5,0 dS/m, em caso de solos arenosos com boa drena-gem, após período chuvoso, com precipitação anualnormal, desde que sejam adotadas práticas para ocontrole da salinidade e em que sejam realizados, nomáximo, dois cultivos por ano.

Práticas proibidas

• Utilizar água com condutividade elétrica acima de5,0 dS/m.

• Usar injetores de fertilizantes que ofereçam riscos decontaminação da fonte hídrica.

Fonte: Freitas (2003).

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154 Aspectos Agronômicos

Método de Irrigação

Em geral, a escolha do método de irrigação devebasear-se nas características do solo, da cultura, doclima, da topografia do terreno, da qualidade da águae da relação custo-benefício do sistema de irrigação. Airrigação por aspersão não é recomendada na Produ-ção Integrada de melão, pois favorece a incidência dedoenças foliares, reduzindo a produtividade e a quali-dade dos frutos. A irrigação por sulco, embora sejautilizada em algumas regiões, apresenta restriçõesquanto à baixa eficiência de irrigação e impossibilidadede aplicação de fertilizantes via água.

Na Produção Integrada de melão, recomenda-se ouso da irrigação por gotejamento, por causa das se-guintes vantagens:

• Redução da incidência de doenças foliares e plantasinvasoras.

• Economia de água devido à redução de perdas porevaporação e à alta eficiência de irrigação.

• Adaptação a diferentes tipos de solos e topografias.

• Economia de mão-de-obra e aplicação eficiente defertilizantes via água de irrigação (fertirrigação).

As principais desvantagens do gotejamento sãoo custo inicial de implantação e os problemas de en-tupimento dos emissores. Embora o custo inicial dairrigação por gotejamento (R$ 3.000 a R$ 6.000 porhectare) seja mais alto do que o de outros sistemas, aprática tem mostrado que suas vantagens, aliadas àsaltas produtividades obtidas com o seu uso, tornameste método o de melhor relação custo-benefício paraa cultura do melão.

Geralmente, utiliza-se uma lateral com gotejadorespor fileira de plantas. Para facilitar a germinação, assementes são plantadas próximas (5-10 cm) dosgotejadores. Em solos argilosos, principalmente, é prá-tica comum afastar a lateral 15-25 cm da linha de plan-tio, após o estabelecimento da cultura, a fim de reduzirproblemas ligados ao excesso de umidade no solo,como a podridão do caule. O espaçamento entre osgotejadores na lateral deve permitir a formação de umafaixa molhada contínua, variando de 20 a 30 cm parasolos arenosos e 40 a 60 cm para solos de texturamédia e argilosos.

O uso de sistemas de irrigação automatizadostem se popularizado por causa da economia de mão-de-obra e a possibilidade de irrigação noturna, com redu-ção na tarifa de energia elétrica. O tipo mais comum deautomação utiliza controladores (timers), que são pro-gramados para acionar bombas e válvulas solenóides,irrigando os setores no tempo pré-determinado peloprodutor e realizando a limpeza automática dos filtros.

O sistema de irrigação deve ser dimensionado einstalado por profissionais qualificados para evitarproblemas relacionados ao seu funcionamento e à uni-formidade de aplicação de água. Durante a operaçãodo sistema, especial atenção deve ser dada à limpezaperiódica dos filtros, garantindo uma pressão de traba-lho adequada. O produtor deve corrigir imediatamentequalquer vazamento nas tubulações e realizar, periodi-camente, uma avaliação da uniformidade de aplicaçãode água do sistema, pois pode afetar a distribuição defertilizantes aplicados via fertirrigação.

Avaliação da Uniformidade deAplicação de Água

Segundo Vermeirein e Jobling (1986), para a ava-liação da uniformidade de aplicação de água do siste-ma de irrigação, devem-se seguir os seguintes passos:

1. Entre os módulos ou setores do sistema de irrigação,escolher aquele que melhor represente as condiçõesmédias de funcionamento do sistema.

2. Dentro desse setor, escolher quatro linhas lateraisao longo da linha de derivação: uma no início, umano final e outras duas entre elas, situadas em igualdistância;

3. Em cada uma das quatro linhas laterais, medir a vazãode dois gotejadores contíguos, situados em quatropontos da linha lateral: no início, a 1/3 do compri-mento, a 2/3 e no final da lateral, (Fig. 1). No total,são medidas as vazões de 32 gotejadores. Deve-secoletar um volume de água de, no mínimo, 100 ml pormedição.

4. Calcular a vazão média dos pares de emissores emcada posição ao longo das laterais.

5. Calcular a vazão média dos 16 valores, que represen-ta a vazão média de todos os emissores (q

med).

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155Irrigação do Meloeiro

6. Calcular a vazão média dos quatro valores mais bai-xos (q

25%).

7. Calcular a uniformidade de aplicação do sistema (Eu)pela equação:

Os valores da uniformidade de aplicação determi-nados no campo devem estar entre 85% e 95%. Valoresmenores que esses indicam problemas no dimensiona-mento ou no funcionamento do sistema de irrigação,tais como pressão de operação mais baixa do que arecomendada e entupimento de emissores.

A eficiência de aplicação da irrigação localizadadepende ainda da eficiência do solo, para armazenarágua e das perdas inevitáveis por percolação profundaque ocorrem nas irrigações:

em que:

Ea – Eficiência de aplicação na irrigação loca-lizada, porcentagem.

Eu – Uniformidade de aplicação do sistema, por-centagem.

Es – Eficiência associada à capacidade do solopara armazenar água (Tabela 1), decimal.

Fig. 1. Esquema de amostragem dos gotejadores para a determinação da uniformidade de aplicação de água.

Areia grossa 0,87

Arenoso 0,90

Textura média 0,95

Argiloso 1,00

Tipo de solo Coeficiente Es

Tabela 1. Valores de Es para diferentes tipos de solos.

2. Calcular a vazão média dos quatro valores maisbaixos:

3. Calcular a uniformidade de aplicação do sis-tema:

Exemplo 1. Calcular a uniformidade de aplicação(Eu) de um sistema de irrigação por gotejamento, cujasvazões dos gotejadores medidas no campo são apre-sentadas na Tabela 2.

1. Calcular a vazão média dos emissores:

EsEuEa ×=

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156 Aspectos Agronômicos

Tabela 2. Valores de vazão de emissores medidos em um sistema de irrigação por gotejamento.

Fonte: Gondim et al. (2003).

Controle da Salinidade do Solo

Toda água utilizada na irrigação possui, em maiorou menor grau, sais dissolvidos que podem se concen-trar no solo e ocasionar a sua salinização. A intensida-de de acumulação de sais no solo depende da qualidadeda água, do manejo da irrigação e da eficiência dedrenagem (AYERS e WESTCOT, 1999). A remoção dossais do solo ocorre, principalmente, através das chu-vas aliada à drenagem natural. Quando a região apre-senta baixa precipitação pluviométrica, como é o casoda Região Semi-Árida, os sais devem ser lixiviadospor meio da aplicação de lâminas de água, ligeiramentesuperiores às necessidades do cultivo. Onde a drena-gem natural do solo é insuficiente para remover oexcesso de água, deve-se construir um sistema dedrenagem.

Na irrigação por gotejamento, os sais tendem aconcentrar-se nas bordas do bulbo molhado, principal-mente próximo à superfície do solo. Segundo Keller eBliesner (1990), a aplicação diária de pequenas lâminasde irrigação, aliada à lixiviação adequada, mantém a

salinidade do solo no interior do bulbo molhado emníveis mínimos, próximos à salinidade da água de irri-gação. Contudo, os sais acumulados na periferia dobulbo molhado podem adentrar à zona radicular, casoocorra alguma precipitação durante o ciclo da cultura.Para minimizar o problema, recomenda-se operar o sis-tema de gotejamento mesmo durante as chuvas, a fimde lixiviar os sais para fora da zona radicular.

Para o controle da salinidade do solo é necessá-rio monitorar a qualidade da água de irrigação e aconduti-vidade elétrica do extrato de saturação dosolo (CEa). A análise da qualidade da água deve serrealizada na elaboração do projeto de irrigação e acada ciclo de plantio ou a cada três meses, quando,também, deve ser determinada a condutividade elétri-ca do extrato de saturação do solo. Outro aspectoimportante diz respeito à toxicidade de íons presentesno solo ou na água, tais como sódio, cloreto e boro,que podem se acumular nas plantas e reduzir o rendi-mento da cultura. Na Tabela 3, são apresentados osparâmetros para se interpretar a qualidade química daágua para a irrigação.

Posição dalateral

No início dalinha de

derivação

Situada a1/3 do

comprimentoda linha dederivação

Posição dogotejador

Início dalateral

1/3 dalateral

2/3 dalateral

Final dalateral

Início dalateral

1/3 dalateral

2/3 dalateral

Final dalateral

Vazão(L/h)

2,72,7

3,03,0

3,32,9

3,13,5

2,83,4

3,12,8

3,13,4

3,03,0

Média

2,7

3,0

3,1

3,3

3,1

3,0

3,2

3,0

Posição dalateral

Situada a2/3 do

comprimentoda linha dederivação

No final dalinha de

derivação

Posição dogotejador

Início dalateral

1/3 dalateral

2/3 dalateral

Final dalateral

Início dalateral

1/3 dalateral

2/3 dalateral

Final dalateral

Vazão(L/h)

3,23,1

3,12,9

2,92,9

2,63,1

2,62,7

2,72,7

2,72,4

2,42,4

Média

3,1

3,0

2,9

2,8

2,7

2,7

2,5

2,4

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157Irrigação do Meloeiro

O meloeiro é conhecido como uma planta mode-radamente sensível à salinidade. Considera-se que va-lores de condutividade elétrica do extrato de saturaçãodo solo (CEe) de até 2,2 dS/m não afetam o rendimentoda cultura, enquanto que uma CEe de 16 dS/m reduz aprodutividade a zero.

Estudos realizados em Mossoró, RN, por Medei-ros et al. (2000a), utilizando o híbrido de melão amarelo‘Gold Mine’, indicaram que a aplicação de água comuma condutividade elétrica de 2,65 dS/m reduziu aprodutividade da cultura em 27% (de 29,8 t/ha para21,6 t/ha) e o número de frutos em 19% em relação àirrigação com água com condutividade elétrica de0,55 dS/m. Outro estudo, realizado por Souza Neto etal. (2002) com o melão amarelo, cultivar AF646, con-cluiu que o aumento da salinidade da água de 0,6 até4,5 dS/m causou uma redução linear na produção domeloeiro. Para cada acréscimo de 1 dS/m na CEa houveuma redução de cerca de 9,5% no número de frutoscomerciais e de 10% na produção comercial.

Quanto ao efeito da salinidade da água sobre aqualidade dos frutos do meloeiro, estudos realizados

por Medeiros et al. ( 2000b) e por Senhor et al. (2002)constataram que não houve efeito significativo dasalinidade da água de irrigação nos níveis de 0,6 até4,5 dS/m sobre o teor de sólidos solúveis, a firmeza dapolpa, a acidez total titulável, o pH e as aparências inter-na e externa dos frutos.

Para a irrigação por gotejamento, a fração da lâ-mina d’água aplicada na irrigação que deve ser usadapara lixiviar os sais, mantendo a salinidade do solo emníveis que não causem redução da produtividade dacultura pode ser calculada por:

em que:

RL – fração da lâmina de irrigação requerida paralixiviação dos sais sob irrigação por goteja-mento, decimal.

CEa – Condutividade elétrica da água, dS/m.

CEmax– Condutividade elétrica do extrato de satura-ção do solo que reduz a produtividade a zero(16 dS/m, para o meloeiro).

Tabela 3. Diretrizes para se interpretar a qualidade da água de irrigação.

Fonte: Ayers e Westcot (1991).*RAS = Na/(Ca + Mg)1/2, em meq/L.

Grau de restrição para o uso

Problema potencial Símbolo Unidade

Nenhuma Ligeira a moderada Severa

Salinidade

Condutividade elétrica CE a

dS/m <0,7 0,7 – 3,0 >3,0

Sais dissolvidos totais SDT mg/L <450 450 – 2000 >2.000

Toxicidade de íons específicos

Sódio Na RAS* <3,0 3,0 – 9,0 >9,0

Cloreto Cl meq/L <4,0 4,0 – 10,0 >10,0

Boro B mg/L <0,7 0,7 – 3,0 >3,0

Nitrogênio N mg/L <5,0 5,0 - 30 >30

Permeabilidade do solo

RAS = 0 – 3 e CEa = >0,7 0,7 – 0,2 <0,2

RAS = 3 – 6 e CEa = >1,2 1,2 – 0,3 <0,3

RAS = 6 – 12 e CEa = >1,9 1,9 – 0,5 <0,5

RAS = 12 – 20 e CEa = >2,9 2,9 – 1,3 <1,3

RAS = 20 – 40 e CEa = >5,0 5,0 – 2,9 <2,9

pH Faixa normal: 6,5 – 8,4

RL =CEa

(2 x CE max)

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158 Aspectos Agronômicos

Exemplo 2. Calcular a fração de lixiviação requerida(RL) para um plantio de melão irrigado, com água cujovalor da CE

a é 1,8 dS/m:

RL = 1,8

= 0,06

(2

* 16)

Necessidades Hídricas

As necessidades hídricas totais do meloeiro vari-am de acordo com o clima, a variedade, a densidadede plantio e o método de irrigação utilizado. Na Re-gião Nordeste do Brasil, as necessidades hídricas domeloeiro irrigado por gotejamento, do plantio até acolheita, variam de 240 a 350 mm por ciclo. Mirandaet al. (1999) determinaram as necessidades hídricas domelão amarelo, híbrido ‘Gold Mine’, irrigado porgotejamento, nas condições climáticas do Estado doCeará, utilizando o método do lisímetro de pesagem. Ovalor total da evapotranspiração do meloeiro foi de 251mm para um ciclo total de 66 dias. Estudando o mesmohíbrido de melão submetido a diferentes lâminas deirrigação, em Mossoró, RN, Medeiros et al. (2000a)obtiveram maiores produtividades, 29,8 t/ha e 32,5 t/ha,com a aplicação de lâminas de irrigação de 280 e316 mm, respectivamente, ao longo de 66 dias.

A necessidade de água do meloeiro ou evapo-transpiração da cultura varia de acordo com o clima, a

fase da cultura, a freqüência das irrigações e fração dasuperfície do solo umedecida pelo sistema de irrigaçãoe pode ser estimada a partir da equação:

ETc = ETo x Kc

em que:

ETc – Evapotranspiração da cultura, mm/dia.

ETo – Evapotranspiração de referência, mm/dia.

Kc – Coeficiente de cultivo, adimensional.

A ETo representa o consumo de água de umacultura de referência (geralmente a grama), crescendoativamente em condições ideais de umidade e fertilidadedo solo e é uma função sobretudo do clima da região.Existem vários métodos para se determinar diretamentea ETo ou estimar o seu valor com base em dadosmeteorológicos. O método FAO Penman-Monteith é con-siderado um dos mais precisos, sendo recomendadocomo o método padrão para estimativa da ETo diáriapela Organização das Nações Unidas para a Agriculturae Alimentação (FAO). Para sua utilização são necessá-rios dados de temperatura, umidade relativa do ar, radi-ação solar e velocidade do vento. Sempre quedisponíveis, deve-se utilizar dados meteorológicos diá-rios obtidos em estações meteorológicas próximas aolocal do cultivo. Valores médios de ETo mensal estima-dos pelo método FAO Penman-Monteith, para algumasregiões do Ceará e do Rio Grande do Norte são apre-sentados na Tabela 4.

Tabela 4. Valores médios de evapotranspiração de referência (ETo) estimada pelo método FAO Penman-Monteithpara alguns municípios do Ceará e do Rio Grande do Norte.

Municípios

Mossoró-RN,Assu-RN

Acaraú, Bela Cruz,Marco, Morrinhos

Aracati, Fortim,Icapuí, Beberibe

Jaguaruana, Quixeré,Palhano

Morada Nova,Limoeiro do Norte,

Russas

Paraipaba, Paracuru,Trairi

Evapotranspiração de referência (ETo)(mm/dia)

Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

6,0 5,0 3,8 3,5 3,6 4,0 4,8 6,1 6,8 6,9 6,8 6,4

5,4 5,1 4,1 4,3 4,3 5,1 5,5 6,7 7,1 7,2 7,0 6,4

6,3 5,9 5,2 4,9 4,6 4,5 6,0 7,0 6,8 6,9 5,5 5,3

6,2 5,3 4,5 4,4 4,2 4,6 5,2 6,3 7,0 7,4 7,1 6,5

6,7 5,6 4,9 4,6 4,6 4,7 5,3 6,3 7,3 7,7 7,7 7,3

4,4 4,5 3,9 3,8 3,8 3,8 4,2 4,8 5,4 5,4 5,3 5,0

Fonte: Cabral (2000), modificado.

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159Irrigação do Meloeiro

A evapotranspiração da cultura (ETc) difere daETo em razão de características específicas da cultura,seu estádio de desenvolvimento e área foliar, das prá-ticas culturais, da fração da superfície do soloumedecida na irrigação, da disponibilidade de águano solo, etc. O coeficiente de cultivo (Kc) representaa integração desses fatores.

Para efeito do consumo de água e do manejo dairrigação, o ciclo do meloeiro pode ser dividido emquatro fases de desenvolvimento: inicial, crescimentovegetativo, frutificação e maturação.

Fase inicial

A fase inicial se estende da semeadura até acultura cobrir cerca de 10% do solo e tem uma dura-ção aproximada de 18 a 25 dias, para o meloeiro plan-tado na Região Nordeste do Brasil. Nessa fase oconsumo de água é determinado sobretudo pela eva-poração da água na superfície do solo, visto que aárea foliar e, conseqüentemente, a transpiração dacultura são muito reduzidas. O valor do Kc na faseinicial varia em razão da freqüência e da fração do soloumedecida nas irrigações. Para a irrigação porgotejamento com freqüência diária, Allen et al. (1998)recomendam que o valor do Kc inicial seja calculadode acordo com:

Kcini

’ = Kcini

* fw

em que,

Kcini

’ – coeficiente de cultivo durante a fase inicial dacultura ajustado para irrigação por gotejamento,adimensional.

Kcini

– coeficiente de cultivo durante a fase inicial dacultura (Tabela 5), adimensional.

fw – fração da superfície do solo umedecida pelosgotejadores, decimal.

A lâmina de infiltração na parte da superfície dosolo que é molhada (I

w) pode ser calculada por:

Iw = I / f

w

Onde,

I = lâmina de irrigação a ser aplicada no campo, mm.

fw

= fração da superfície do solo umedecida nas irri-gações, decimal.

A fração da superfície do solo umedecida nairrigação por gotejamento depende do espaçamentodos gotejadores e da textura do solo. Para sua deter-minação, deve-se dividir a largura da faixa molhadapelos goteja-dores, pela distância entre as laterais.

Tabela 5. Valores de coeficiente de cultivo para afase inicial (Kc

ini)

para irrigações com freqüência

diária.

(mm) Iw = 3-10 mm I

w > 40 mm(1)

3 1,15 1,12

4 1,06 1,12

5 0,98 1,12

6 0,91 1,08

7 0,85 1,05

8 0,80 1,02

Evapotranspiração Lâmina d’água infiltrada nade referência, ETo fração do solo irrigada (I

w)

(1) Valores recomendados para solos arenosos. Para solos argilo-sos, usar valor de Kc

ini = 1,15.

Adaptado de Allen et al. (1998).

Exemplo 3. Calcular o coeficiente de cultivo e a ETcpara um cultivo de melão com as seguintes caracterís-ticas:

• 15 dias após a semeadura (fase inicial).

• Solo de textura média.

• Sistema de irrigação por gotejamento, com espaça-mento de 2 m x 0,5 m.

• Os gotejadores molham uma faixa contínua com0,6 m de largura.

• ETo de 6,0 mm/dia.

1. Fração do solo umedecida nas irrigações:

fw = 0,6 m / 2,0 m = 0,3

2. Kc inicial = 0,91 (Tabela 5)

3. Kc inicial para gotejamento:

Kcini

’ = 0,91 * 0,3 = 0,27

4. Evapotranspiração da cultura:

ETc = 6,0 mm * 0,27 = 1,6 mm

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160 Aspectos Agronômicos

5. Verificando a lâmina infiltrada na fração do soloirrigada:

Iw = 1,6 / 0,27 = 6 mm � o valor de Kc

ini

escolhido está correto (Iw < 10 mm).

Fase de crescimento vegetativo

Estende-se de 10% até cerca de 80% de coberturado solo, ou quando a cultura atinge o consumo máximode água, o que coincide com o período de pegamentodos frutos. Na Região Nordeste, essa fase tem duraçãoaproximada de 18 a 22 dias.

Nessa fase, ocorre um rápido aumento da áreafoliar e do consumo de água da cultura por causa doaumento da transpiração, que passa a predominar so-bre as perdas por evaporação. Em virtude da dificulda-de de se medir o índice de área foliar da cultura (IAF),o valor do Kc ao longo da fase de crescimentovegetativo pode ser ajustado em função da coberturado solo (Fig. 2) ou aumentar linearmente entre o Kc dafase inicial e o Kc máximo.

Kc = 0,011*CS + 0,211R

2= 0,992

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

1,25

0 20 40 60 80 100

Cobertura do solo (%)

Kc

Fig. 2. Coeficiente de cultivo do melão amarelo durantea fase de crescimento vegetativo, em função dacobertura do solo.Adaptado de Miranda e Bleicher (2001).

Exemplo 4. Calcular o coeficiente de cultivo e aETc para um cultivo de melão amarelo, aos 30 diasapós a semeadura (fase de crescimento vegetativo),com índice de cobertura do solo de 40% e valor deETo de 6,0 mm/dia:

1. Calcular o valor do Kc pela equação apresentada naFigura 2:

Kc = 0,011 x (40) + 0,211 = 0,65

2. Calcular o valor da ETc:

ETc = 6,0 x 0,65 = 3,9 mm/dia

Fase de frutificação

A fase de frutificação ou intermediária tem umaduração aproximada de 16 a 22 dias e compreende operíodo que vai do pegamento dos frutos até o inícioda maturação. Esta é a fase em que o consumo deágua do meloeiro atinge o ponto máximo e a maiscrítica quanto ao déficit hídrico no solo. A ocorrênciade déficit hídrico durante a fase intermediária reduz opegamento e o tamanho dos frutos, afetando signifi-cativamente a produtividade.

Allen et al. (1998) recomendam um valor de Kcde 1,05 para o meloeiro na fase de frutificação, que nascondições climáticas da Europa e dos Estudos Unidospode durar mais de 40 dias. Nas condições climáticasda Região Nordeste do Brasil, em que a duração dessafase é bem menor, Miranda et al. (1999) obtiveram umvalor de Kc de 1,20 para o melão amarelo. Medeiroset al. (2000a), estudando o efeito de diferentes lâminasde irrigação sobre a produtividade do melão amarelo,em Mossoró, RN, obtiveram melhores resultados quan-do aplicaram lâminas de irrigação de 1,15 e 1,30 vezesa ETc determinada, utilizando os valores de Kc reco-mendados por Allen et al. (1998).

Fase de maturação

A fase de maturação ou final se estende doinício da maturação dos frutos até a última colheita esua duração depende do número de colheitas realiza-das. Nessa fase, ocorre uma redução gradual do con-sumo de água do meloeiro e o excesso de irrigaçãopode prejudicar a qualidade dos frutos, reduzindo oteor de sólidos solúveis e a conservação pós-colheita.As irrigações devem ser suspensas de três a cincodias antes da última colheita para solos arenosos e decinco a sete dias antes da última colheita para solosargilosos.

Durante a fase de maturação, o valor do Kcdeve ser reduzido diariamente entre o valor máximoverificado na fase de frutificação e um valor de 0,75,segundo Allen et al. (1998), ou 0,97, segundo Mirandaet al. (1999), caso seja realizada apenas uma colheita.A variação do Kc ao longo do ciclo do meloeiro naRegião Nordeste do Brasil é mostrada na Fig. 3.

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161Irrigação do Meloeiro

Manejo da Irrigação

O manejo da irrigação é uma ferramenta impor-tante para aumentar a eficiência de uso da água, aprodutividade e o retorno econômico da cultura. Oexcesso de irrigação causa o desperdício de água, deenergia, de mão-de-obra, pode causar a lixiviação denutrientes importantes para as plantas, abaixo da zonaradicular e reduz a aeração do solo prejudicando aprodutividade e a qualidade dos frutos. Por outro lado,a irrigação deficiente leva ao estresse hídrico nas plan-tas, o que também reduz a produtividade e a qualidadedos frutos, principalmente se o déficit hídrico ocorrerdurante a fase de floração e frutificação.

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0 10 20 30 40 50 60 70

Dias após o plantio

Fase Inicial Crescimentovegetativo

MaturaçãoFrutificaçãoC

oefi

cien

tede

cult

ivo

(Kc)

Fig. 3. Coeficiente de cultivo (Kc) ao longo do ciclo domeloeiro, após irrigado por gotejamento, na Região Nordestedo Brasil.Fonte: Miranda et al. (1999).

O manejo da irrigação é, geralmente, definidocomo a determinação de quando irrigar (freqüência) eda quantidade de água a ser aplicada. Para sistemasde irrigação capazes de aplicar água com alta freqüên-cia, como o gotejamento, o uso de técnicas de manejobaseadas na fração da água do solo disponível torna-se de pouca importância (MARTIN et al., 1990). Sobirrigação de alta freqüência o potencial da água dosolo deve ser mantido quase constante, com a irriga-ção sendo aplicada a uma taxa equivalente à evapo-transpiração da cultura (PHENE et al., 1992).

Para que o meloeiro possa expressar todo seupotencial produtivo, entre outras exigências, deve-semanter o solo com um nível de umidade ótimo, que nãorestrinja a transpiração da água pelas plantas. Paraisso, deve-se elevar a umidade do solo até a capacida-de de campo, antes do plantio e, a partir daí, a cadanova irrigação repor o consumo de água da cultura(ETc) desde a última irrigação.

Nas principais regiões produtoras de melão noNordeste do Brasil, a ocorrência de chuvas é poucosignificativa durante a safra, sendo a irrigação respon-sável por praticamente todo o suprimento hídrico dacultura. A fim de simplificar o manejo da irrigação e oplanejamento de atividades que dependem dela, comoa fertirrigação, o produtor pode adotar o método doturno de rega fixo, para cada fase de desenvolvi-mento da cultura. Na Tabela 6 são apresentadosvalores de turno de rega recomendados para o meloei-ro irrigado por gotejamento, em razão da profundidadeefetiva do sistema radicular e do tipo de solo.

Tabela 6. Recomendação de turno de rega (dias) para a cultura do meloeiro irrigado por gotejamento, em função daevapotranspiração da cultura (ETc), da profundidade efetiva do sistema radicular e do tipo de solo.

(mm/dia)Grossa Média Fina Grossa Média Fina Grossa Média Fina

2 1 2 3 1 3 5 - - -

3 2 x dia 1 2 1 2 3 1 3 44 2 x dia 1 1 2 x dia 1 2 1 2 35 3 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 2 2 x dia 1 26 3 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 1 2 x dia 1 27 3 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 1 1 2 x dia 1 18 4 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 19 4 x dia 3 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 1

10 4 x dia 3 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 1 3 x dia 2 x dia 1

Profundidade efetiva = 20 cm Profundidade efetiva = 30 cm Profundidade efetiva = 40 cmE Tc Textura do solo Textura do solo Textura do solo

Fonte: Marouelli et al. (2003).

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162 Aspectos Agronômicos

A profundidade efetiva do sistema radicular, ouseja, a profundidade em que se encontram 80% dasraízes da cultura, deve ser determinada sempre quepossível no próprio local de cultivo. Em geral, a pro-fundidade efetiva do meloeiro é menor que 20 cm nafase inicial, aumentando até 30 ou 40 cm nas fases defrutificação e maturação.

Definido o turno de rega (freqüência), a quanti-dade ou lâmina de água a ser aplicada em cada irriga-ção pode ser calculada por:

• Para razão de lixiviação (RL) > 0,1 ou Es<(1-RL):

• Para razão de lixiviação (RL) ≤ 0,1 ou Es>(1-RL):

em que,

ITN –lâmina total de água a ser aplicada por irriga-ção, mm;

TR – turno de rega, dias;

ETc – evapotranspiração da cultura, mm/dia;

Eu – uniformidade de aplicação do sistema, decimal;

Es – eficiência associada à capacidade do solo paraarmazenar água (Tabela 1), decimal.

O tempo de irrigação é calculado de acordo com:

em que:

Ti – tempo de irrigação, h;

ITN – lâmina total de água a ser aplicada por irriga-ção, mm;

SL

– distância entre linhas laterais, m;

Sg

– distância entre gotejadores na lateral, m;

qmed

– vazão média dos gotejadores, L/h

Exemplo 5. Calcular a lâmina de irrigação e o tempode aplicação para um cultivo de melão com as seguin-tes características:

• Melão amarelo, aos 42 dias após a semeadura (fasede frutificação).

• Local do cultivo: Mossoró, RN.

• Mês: outubro.

• Solo de textura média.

• Profundidade efetiva do sistema radicular de 30 cm.

• Irrigação por gotejamento, distância entre as linhaslaterais de 2 m, distância entre gotejadores na late-ral de 0,4 m, vazão dos gotejadores de 2 L/h.

• Uniformidade de emissão do sistema de irrigação de90%.

• Condutividade Elétrica da água: 0,8 dS/m.

1. Determinar a evapotranspiração de referência (ETo):

• Como não há disponibilidade de dados meteo-rológicos diários, a ETo será determinada pela mé-dia histórica para o mês de outubro em Mossoró(Tabela 4).

ETo = 6,9 mm/d

2. Determinar o coeficiente de cultivo (Kc) e a evapo-transpiração do meloeiro (ETc):

• De acordo com a Figura 3, o valor do Kc do melo-eiro na fase de frutificação é de 1,20.

ETc = 6,9 * 1,20 = 8,3 mm/d

3. Determinar o turno de rega (TR):

• De acordo com a Tabela 6, para uma ETc de 8 mm/d e profundidade efetiva de 30 cm:

TR = 2 x dia = 0,5 d

4. Calcular a razão de lixiviação requerida (RL):

5. Determinar a eficiência associada à capacidade dosolo para armazenar água (Es):

• De acordo com a Tabela 1, para um solo de texturamédia, Es = 0,95.

6. Calcular a lâmina total a ser aplicada por irrigação(ITN):

)1( RLEu

ETcTRITN

EsEu

ETcTRITN

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163Irrigação do Meloeiro

• RL ≤ 0,1

7. Calcular o tempo de aplicação por irrigação:

• Para atender às necessidades hídricas do meloeiro,nesse dia será necessário irrigar duas vezes, com umtempo de aplicação de, aproximadamente, duas horaspor irrigação.

Monitoramento da umidade ou da tensãoda água do solo

O manejo da irrigação a partir da estimativa doconsumo de água da cultura (ETc) e do turno de regafixo, como descrito anteriormente, utiliza equações ecoeficientes empíricos que nem sempre são bem ajus-tados às condições de solo, planta e clima do local docultivo. Caso as estimativas da ETc e/ou do turno derega não sejam corretas, os erros resultantes podemser cumulativos e levar à deficiência hídrica ou aoexcesso de irrigação. Nesse sentido, recomenda-se queo produtor realize o monitoramento da umidade dosolo, como uma forma de aferir a adequação e ajustaro manejo de irrigação do meloeiro.

Os sensores mais econômicos e mais utilizadospara o monitoramento da água do solo, a campo, sãoo tensiômetro e os sensores de resistência elétrica(bloco de gesso, sensor Watermark). O bloco de gessotem como vantagem o baixo custo, porém só funcionabem na faixa de tensão da água do solo acima de 30centibars e suas leituras não são estáveis ao longo dotempo por causa da gradual desintegração do gesso napresença da umidade (PHENE et al., 1990). Como con-seqüência o uso do bloco de gesso não é indicadopara culturas sensíveis ao déficit hídrico no solo comoo meloeiro.

O sensor Watermark (Irrometer Co., Riverside,CA) permite o monitoramento da tensão da água dosolo na faixa de 10 a 200 centibars, não requer qualquertipo de manutenção e pode ser facilmente interligadoao sistemas automáticos de aquisição de dados econtroladores de irrigação (MIRANDA, 2003). Cada

sensor custa, aproximadamente, U$ 50,00 (R$ 150,00),e para a realização das leituras é necessário um medi-dor (Fig. 4) que custa em torno de U$ 400,00 (R$1.200,00).

Fig. 4. Sensor Watermark (A) e medidor digital para osensor (B).

Fonte: Irrometer Co., Riverside, CA.

(B)(A)

Tensiômetro

O tensiômetro é considerado um instrumento sim-ples e preciso para medir a força com que a água éretida pelo solo (tensão da água do solo), sendo bas-tante útil para culturas irrigadas com alta freqüência,com sistema radicular pouco profundo e sensíveis aodéficit hídrico no solo como o meloeiro. O tensiômetroé constituído basicamente de uma cápsula de cerâmicaou porcelana porosa, conectada através de um tuboplástico a um medidor de vácuo, que pode ser umvacuômetro ou um manômetro de mercúrio (Fig. 5).

Fig. 5. Tensiômetro equipado com vacuômetro (A).Fonte: Irrometer Co., Riverside, CA.Tensiômetro de mercúrio (B). Fonte: Gondim et al. (2003).

(B)(A)

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164 Aspectos Agronômicos

Fig. 6. Localização dos tensiômetros para o meloeiroirrigado por gotejamento.

Os locais escolhidos para a instalação dostensiômetros devem ser representativos das condiçõesdo campo como um todo. Deve-se evitar manchas desolo de textura ou fertilidade diferentes do resto docampo ou locais onde a vazão dos emissores é muitomaior ou menor que a média. Para cada área homogê-nea em termos de solo e fase da cultura, devem serinstalados tensiômetros em pelo menos três locais di-ferentes. Isso permite identificar sensores com leitu-ras muito acima ou abaixo da média, que devem serchecados quanto ao seu funcionamento ou quanto àocorrência de problemas no sistema de irrigação (en-tupimento de emissores, vazamentos na tubulação, etc).

Cuidados na instalação e manutenção

Para que os tensiômetros possam operar ade-quadamente e fornecer leituras confiáveis, alguns cui-dados básicos durante sua instalação e o seufuncionamento devem ser observados:

- Antes de instalados os tensiômetros devem tersuas cápsulas imersas em água por 24 horas.

O instrumento é hermeticamente fechado, permi-tindo a entrada ou a saída de água através da cápsulaporosa. À medida que o solo se torna mais seco oumais úmido, certa quantidade de água passa atravésda cápsula até que a pressão no interior do tensiômetroentre em equilíbrio com a tensão da água do solo aoseu redor.

Tensiômetros equipados com vacuômetros permi-tem a leitura da tensão diretamente em centibar (cbar)ou kilopascal (kPa). Para tensiômetros de mercúrio,há necessidade de se converter a altura da coluna demercúrio em tensão da água do solo, utilizando-se aseguinte equação:

em que,

T – tensão da água do solo, kPa ou cbar.

h – altura da coluna de mercúrio, cm.

hc – altura da cuba de mercúrio em relação ao solo, cm.

Z – profundidade da cápsula do tensiômetro, cm.

Interpretação das leituras do tensiômetro

Em termos práticos, o tensiômetro pode ser uti-lizado para medir valores de tensão de até 80 cbar. Asleituras dos tensiômetros devem ser realizadas prefe-rencialmente pela manhã, ou imediatamente antes decada irrigação quando o turno de rega for fixo. No casodo meloeiro cultivado em solo arenoso, a tensão daágua do solo entre as irrigações deve oscilar na faixade 8 a 25 cbar. Para solos argilosos, a faixa ideal é entre25 e 40 cbar. As leituras mais baixas que os valoresmínimos citados, indicam que a umidade do solo estáacima da capacidade de campo e que a irrigação estáexcessiva. As leituras acima da faixa ideal indicam queo solo está mais seco que o desejável e a lâmina d’águadeve ser aumentada. Uma leitura de tensão igual a zeroindica que o solo está saturado e que as raízes dasplantas podem sofrer com a falta de oxigênio no solo.

Localização

Os tensiômetros devem ser instalados na zonade maior concentração do sistema radicular da cultu-ra. No caso do meloeiro irrigado por gotejamento, amaior concentração de raízes ocorre no interior do

bulbo molhado pelos gotejadores. Devem-se instalarsensores em pelo menos duas profundidades, um nametade e outro no limite da profundidade efetiva dosistema radicular, o que, no caso do meloeiro, nor-malmente, equivale às profundidades de 15-20 cm e30-40 cm, respectivamente. Não se deve instalar ostensiômetros imediatamente abaixo dos gotejadores, masdistanciados cerca de 10 a 20 cm destes, dependendodo tamanho do bulbo molhado (Fig. 6).

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165Irrigação do Meloeiro

- Toda a água utilizada para encher os tensiô-metros deve ser fervida, a fim de reduzir a formação debolhas de ar no seu interior.

- Na instalação do tensiômetro deve ser abertoum orifício, usando-se um trado (ou um tubo de PVC,no caso de solos leves) com um diâmetro ligeiramentemenor que o da cápsula porosa, garantindo um bomcontato da cápsula com o solo.

- Em seguida, recomenda-se despejar no orifícioaberto uma lama feita com o solo do próprio local eentão inserir o tensiômetro.

- Durante o seu funcionamento, os tensiômetrosdevem ser recarregados com água fervida sempre quese notar a presença de ar no seu interior.

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