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ComposiçãoNa primeira parte deste livro você aprendeu, do ponto de
vista técnico, O que é necessário para que o registro fotográficoseja feito da maneira mais adequada possível. Dominar essastécnicas não lhe garante que a foto capturada seja uma boa fotodo ponto de vista estético. A luz está perfeita, a foto não estátremida, mas o resultado plástico não agrada aos olhos.
Vamos pensar um pouco sobre as telas dos grandesmestres da pintura. Muitas pessoas conhecem as técnicasde aplicar o pincel na tinta e transferi-Ia para a tela. Sabemcombinar as cores e reproduzir fielmente uma imagem. Porque algumas telas se tornaram célebres, valendo milhões dedólares e outras acabaram na lata do lixo?
A resposta pode estar na habilidade do pintor em usar suasferramentas para criar uma experiência emocional para quemolha a pintura. Na fotografia, essa teoria também se aplica.
Aqui entra aimportância dodesenvolvimen-to das técnicasde composiçãoda imagem foto-gráfica. Enquan-to os conceitostécnicos dos ca-pítulos anteriores são objetivos, a composição da foto-grafia entra no campo da subjetividade. O que pode seruma boa foto para uns, não passa de um registro malfeito para outros. Contudo, conhecer os elementos bási-cos da composição, com base em um consenso amplo,é fundamental para que você possa criar um arranjoagradável dos elementos e transmitir uma emoção àspessoas que olharem sua foto.
Primeiro e segundo p_la_n_o_s_d_e_u_m_a_c_e_n_a ~ __ c___
Primeiro planoÉ onde ocorre a fotografia. O primeiro plano é o que dá
interesse à fotografia. Na maioria dos casos é no primeiroplano (foreground em inglês) que devemos colocar o focoe ajustar a profundidade de campo. É do primeiro planoque deve sair a linha de condução de visão da foto.
Segundo planoComo o nome já diz, é a,.lgoque deve ter os elementos
secundários da cena. Ele, teoricamente não é tão importante,
mas se não receber a devida atenção pode comprometer afoto, pois vai roubar atenção do elemento principal. Na maio-ria das vezes, ele acaba dificultando a visão do centro deatenção, pois dificulta sua separação. Você pode amenizaresses problemas alterando a câmera de posição ou o próprioassunto da fotografia para evitar o conflito com o segundoplano. Caso isso não seja possível, pode controlar a profun-didade de campo para borrar o fundo da cena. Em algunscasos, podemos optar por inverter a importância dos planose deixarmos no segundo, o centro de atenção da foto.
Erros comuns de composiçãoAntes de falarmos de técnicas,
vamos falar de erros. Se você identi-ficar os erros descritos a seguir emmuitas de suas fotos, é bom ler ocapítulo com atenção. Algumas fotosapresentam um sintoma de má com-posição, outras são um verdadeirodepósito de erros. Vamos começar.
o assunto principal não está claroVocê vai fotografar seus amigos
perto de um monumento. O enqua-dramento dado acaba nem dandodestaque para o monumento nemtão pouco às pessoas.
Assunto muito pequenoImagine na situação anterior você
querer fotografar o lado de fora do Es-tádio do Maracanã e seus amigos. Pa-
ra enquadrar todo o estádio você seafastou bastante. Imagine o tamanhodas pessoas que estão muito longe,próximas a porta de entrada do estádio.
o assunto está centralizadoManter o assunto absolutamente
centralizado na foto pode, algumasvezes, ser interessante. Contudo aprática mostra que essa abordagemtira o atrativo da foto como um todo.
o horizonte está fora de nívelJá viu fotos onde o mar poderia
estar derramando fora da foto por faltade nível do horizonte?
Falta de escalaMuitas vezes não conseguimos
passar a grandeza ou pequenez de
um assunto se ele não tiver algumaescala com algo que possamos iden-tificar e medir.
Muitos elementosVocê quer fotografar uma deter-
mina pessoa ou objeto e ele apareceno meio de várias outras pessoas ouelementos que tiram a atenção doassunto principal.
Fundo distrativoO fundo confunde a visualização
do assunto principal, seja por se mis- .'turar ao assunto ou por não destacaro assunto dele próprio.
Familiar alguma dessas situações?No final do capítulo vamos dar algumasdicas para resolver esses problemas.
A comp_o_s-"-iç_ã_o _Vamos apresentar algumas regras e pontos impor-
tantes que contribuem para uma boa composição. Sãoeles a simplicidade, centro de interesse, direção, profundi-dade, ângulo da câmera, balanço e detalhes.
Primeira regra: na fotografia, as regras existem paraserem quebradas quando for conveniente. Tome as regrascomo linhas-mestre, mas não hesite em abandoná-Ias emfavor de uma tomada emocional de uma fotografia.
SimplicidadeUma foto deve ser simples e objetiva para transmitir
sua mensagem. A simplicidade se aplica tanto à quanti-dade de elementos que não devem competir pela
156- Escola de Fotografia
atenção de quem a vê, como na relação entre eles.
Centro de interesseA primeira decisão do fotógrafo ao iniciar o enquadra-
mento de uma foto é definir qual será o centro de interesseda foto. Qual elemento deve chamar para si o olhar doespectador e que a partir de sua contemplação irá, even-tualmente, examinar o restante da foto.
Segunda regra: o centro de interesse não deve ser ocentro da foto. Centralizar o assunto principal exatamente nocentro da foto irá causar um efeito devastador no especta-dor. Ele focará sua atenção naquele ponto e não se preocu-pará em apreciar o restante dos detalhes da fotografia.
A regra dos terços
As crianças ocupando um dospontos de atenção da foto.
Essa regra foi criada há muito tempo, lá pelo século XIVdurante o período conhecido como Renascença. Se opróprio Leonardo da Vinci e Michelângelo adotaram essaregra em suas obras-primas você, sem pretensão alguma,deveria dar alguma atenção.
A primeira coisa que você deve fazer para usar essaregra é dividir a cena em três linhas verticais e horizontaiscomo em um jogo da velha.
A interseção das quatro linhas cria quatro pontos focaisque chamaremos de A, B, C e D. Esses pontos são o cen-tro passivo das atenções para quem olha uma cena. Podeparecer subjetivo, mas comece a olhar para uma cena con-siderando essas linhas e pontos imaginários.
A regra dos terços nos diz para colocarmos o assunto demaior atenção em algum dos terços da cena. Não énecessário ocupar todos os pontos ou linhas, mas situar em
algum deles o elemento principal da foto. Em algum tipo defoto esse conceito pode ser até desprezado, como no casode uma foto de textura (veja o próximo capítulo); contudo,ela deve ser sua principal regra a ser seguida como padrão.
Você verá mais adiante que a lei dos terços apareceráem outros tópicos da composição.
Os quatro Ipontos de
Intersecção.
~t-lf
. .. .
Escola de Fotografia -157
I Os olhos devem serposicionados em um dos pontos.
Quando estiver fotografando uma pessoa, procure ori-entar a posição para tentar manter os olhos em um dospontos. Se a pessoa estiver olhando para a esquerda,coloque-a em um dos pontos da direita (B, O). Se estiverolhando para a direita, coloque-a nos pontos da esquerda(A, C). Se estiver olhando para cima, coloque-a nos doispontos inferiores (e, O) e, finalmente, se estiver olhandopara baixo, coloque-a em um dos pontos superiores (A, B).
Em fotos que encham o quadro com o rosto, procurecolocar os olhos ou a boca em um dos pontos.
Observe que, na imagem onde a igreja está centralizada, os olhosvão diretamente à ela. Nas outras duas, você primeiro olha aigreja e depois move a cabeça para olhar o centro da foto.
BalançoEmbora complexo, o conceito de balanço ou equilíbrio
pode ser visto como uma combinação entre os elementosregistrados na imagem. Como a fotografia é uma imagemestática, um dos grandes desafios do fotografo é criaralgum tipo de movimento ou peso para a imagem. Vocêpode usar a simetria ou assimetria para representar umaimagem de maneira diferente.
A mesma imagem com enfoquediferente. À direita a torre se sobressai
'e abaixo o palácio domina a cena.
A composição deve destacar um dos elementosdando a importância da cena para ele.
Você pode combinar elementos do mesmo tipo e for-mato para criar um equilíbrio, o que normalmente deixa afoto muito certinha, ou misturar elementos com tamanhose pesos diferentes.
Para fotografar elementos com tamanhos e massasdiferentes, procure colocar cada um deles em um dosterços. O balanço tem relação com a dominação de umdos elementos. Toda vez que um elemento dominar ooutro, você estará criando mais apelo para a cena.
Veja o exemplo das fotos dos Moais na ilha de Páscoa.A foto do meio está equilibrada deixando metade da fotopara o céu e metade para a terra. As outras duas valorizamos elementos individualmente.
Planos de tomadaOs planos são o modo como o assunto será registrado
com relação ao posicionamento e disposição dos elemen-tos. Podemos dividir os planos em duas categorias: posi-cionamento e expressão. Os planos de posicionamentosituam os elementos na cena. Nessa categoria, temos ogrande plano geral, o plano geral e o plano conjunto.
Os planos de ex-pressão são usados pa-ra transmitir emoções esentimentos por meiodo enquadramento dosujeito. Eles vão desdeo primeiríssimo plano,aproximando-se do rostoda pessoa até o plano in-teiro, que mostra todo ocorpo.
Primeirissimo Iplano.
.~I
Acima, plano americano com 3/4 docorpo. Abaixo, plano inteiro ou geral.
Escola de Fotografia - 161
162 - Escola de Fotografia
Ângulo de tomadaÉ o ângulo que adotamos entre a câ-
mera e o sulelto, Temos três ângulos bási-cos: picado, normal e contrapicado.
o ângulo de cima para baixo, ou pica-do, diminui o objeto. O ângulo normal temum efeito neutro. O ângulo de baixo paracima ou contrapicado aumenta o objeto .
.0 ângulo detomada aumentaou diminui oassunto.
LinhasAs linhas podem ser usadas de
diversas maneiras. Podem servir co-mo guias para conduzir a atenção doolhar para um ponto de interesse dafoto ou para criar um clima para acena. Podemos classificar as linhasem três grupos: de condução (Iead-ing lines), de horizonte e linhas decaracterística.
A linha da praia que inicia no pé Ida loto conduz o olhar para o
centro e as montanhas.
As linhas de condução vão dirigiro olhar do espectador. O ideal é queessas linhas comecem no canto infe-rior da cena e continuem até que oponto de interesse seja atingido. Elasdeveriam parar por aí, pois caso con-trário a atenção da pessoa pode con-tinuar até sua extremidade. A linha decondução pode ser formada por umacerca, estrada, rua, raio de luz, se-qüência de objetos como árvores oucarros, a linha da praia etc. De ummodo geral, esse tipo de linha causauma sensação de profundidade.
As linhas de horizonte marcam apassagem entre a terra e o céu ouentre o mar e o céu. Use a regra dosterços para criar uma linha de hori-zonte afastada do meio da foto etome sempre cuidado para nãodeixá-Ia inclinada.
A linha da calçada conduz o olharaté as cabines de telefone vermelhae as casas ao fundo.
A rua de pedras servecomo uma gula para oolhar caminhar até osedifícios no fim da cena.
Linhas de característicasAs linhas de características são linhas subjetivas que induzem a
algum tipo de emoção.
• Linhas horizontaisIndicam paz e tranqüilidade.
• Linhas diagonaisIndicam ação, movimento e força.
• Linhas verticaisIndicam força e poder.
• Linhas curvasIndicam charme e graça.
164 - Escola de Fotografia
DireçãoUm elemento importantíssimo da cornposiçao é a
direção do olhar para o centro de interesse. Isso deve serfeito com a utilização de linhas visíveis ou invisíveis.
DetalhesOs detalhes de uma foto devem suportar o centro de inte-
resse, mas não devem competir com ele nem tão pouco do-miná-Io. Em muitos casos, os detalhes contam mais informa-ções sobre o assunto principal, transmitindo mais emoções.
Os detalhes podemdar uma sugestãoemocional.
Escola de Fotografia -165
o corte horizontal nos leva apensar que os pescadores estão nabeira de um rio. Já o corte verticalnos mostra outra realidade.
IluminaçãoA iluminação é um componente que está estreitamente
ligado à composição. Não confunda aqui iluminação coma luz em si. A iluminação tem relação com a forma como oassunto recebe a luz. Ela funciona como um elemento decondução do olhar. Você pode usar a iluminação parachamar mais a atenção para uma parte da cena ou tirar aforça que um elemento possui.
Uma luz de fundo ajuda a separar o primeiro plano dosegundo.
Uma luz lateral dá volume e ressalta as formas doassunto fotografado. Veja o capítulo que aborda a luz paraentender melhor esses conceitos.
Formatoo formato da fotografia diz respeito à colocação do
assunto em um retângulo vertical ou horizontal. O tama-nho, a forma e a natureza do assunto diz qual é a melhor
orientação da cena. Você pode escolher en-tre o modo retrato, com orientação vertical,ou o modo paisagem, onde a cena fica dis-posta horizontalmente. Uma mudança doenquadramento da orientação da cena podemudar radicalmente o resultado.
Aplicando os conceitos apresentados nes-te capítulo, você pode iniciar uma nova fase nasua vida de fotógrafo: pode começar a aplicaressas técnicas mesmo sem ter uma máquinanas mãos. Olhe para uma cena do seu dia-a-dia e comece a aplicar as técnicas de com-posição.
166 - Escola de Fotografia
Dicas para evitar os erros de composição
Sem uma escala humanao megaoutdoor pareceuma folo normal.
o assunto principal não estã claroRefaça o enquadramento para
colocar o assunto principal em des-taque. Isole-o do segundo plano, seeles estiverem se confundindo, ousepare-o dos demais elementos noprimeiro plano.
Assunto muito pequenoMova-se para perto do assunto ou
use uma teleobjetiva.
o assunto estãcentralizado
Aplique a regrados terços. Posicioneo assunto principalnuma posição quefacilite o entendimentoda direção da ação.Procure fazer comque a cena seja con-duzida e passe pelaárea central da cena.
o horizonte estãfora de nível
Simplesmentepreste atenção ao en-quadramento e vejase existe a mesma
quantidade de terra, céu ou águanos dois cantos da fotografia. Usea base do visor como um prumopara nivelar a cena.
Falta de escalaUse perspectiva para dar im-
portância e senso de profundidadee escala. Coloque algum elementoidentificável para que o assuntopossa ser medido.
No caso de fotografar arquite-tura, tente incluir uma pessoa ·oucarro na foto para dar a dimensãoao prédio.
Muitos elementos
íJ Procure reposicionar o assuntoprincipal isolando-o dos
demais elementos.
újJ Tente usar o enquadramento~ vertical e horizontal.
0) Use a profundidade de campocQ) reduzida e foco em cima doassunto principal.
Fundo distrativoO fundo confunde a visualiza-
ção do assunto principal, seja porse misturar ao assunto ou por nãodestacar o assunto dele próprio.Nesse caso, a dica é usar umagrande abertura do diafragma parareduzir a profundidade de campo ecom isso borrar o fundo.
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