cap 2 O CONHECIMENTO E A REFLEXÃO LÓGICA

Embed Size (px)

Citation preview

  • Capitulo 2

    0 CONHECIMENTO E A REFLEXAO LOGICA

    "0 conhecimento nao e crenfa, mas o reconhecimento da verdade."

    (Elizabeth Haich)

    J a vimos que a filosofia nao e uma ciencia positiva, porque, inclusive, ela tende a uma verdade intersubjetiva, por principia, embora objetivamente universal.

    Mas, para que ela seja real e objetivamente universal e ne-cessaria que aquele que filosofa tenha sempre por prindpio 0 tonhecimento do conhecimento, atraves de uma reflexao 16gi-l a. Ai surgem as questoes: mas o que e o conhecimento e o que t uma reflexao l6gica?

    0 conhecimento e 0 desvendar, 0 esclarecimento da reali-dade. E vejam o que e a filosofia: sese fala em realidade, ime-diatamente, outra questao surge: mas o que e a realidade? A rcsposta natural seria: aquilo que e. Entretanto, o mundo men-! al de cada urn e diferente e cada pessoa percebe esta realidade de forma divers a ...

    De acordo como que ja explicamos atras, o conhecimento de que trata a filosofia e urn retorno reflexivo da elabora~ao cognitiva sobre si mesma, isto e, o conhecimento passa a ser o seu proprio objeto. Desta forma, dirfamos que o conhecimento

    17

  • e uma analise crftica da linguagem ou simbolismo em que a rea-lidade e expressa. Trata-se de uma posi~ao crftica, ponderando o valor e o alcance do proprio conhecimento.

    N a reflexao logica, ha urn encadeamento de proposi~6es e urn perfeito emprego da linguagem simbolica construfda. 0 pens amen toe o produto de sua elabora~ao vern a ser o conheci-mento.

    0 conhecimento de que trata a filosofia e urn saber concei-tual, urn ver e contemplar teorico. Diz Arcangelo Buzzi, em sua Filosofia para principiantes, que, "na fadiga de pensar, ouvimos o silencio da realidade, nose ela em mutua presen~a e perten~a, e o sussurro das possibilidades de cria~ao de urn mundo novo."

    A verdade e a preocupa~ao do conhecimento, a angustia que nos persegue. A vida, o ser-no-mundo cognoscente nos le-vam as buscas. Por ser consciente, a vida nao pode me escapar: tenho de capta-la!

    W Luijpen diz que, "quando Husserl emprega o termo 'in-tencionalidade', rompe com a ideia de urn sujeito isolado do mundo e, portanto, fechado, descrevendo o sujeito-como-co-gito (aquele que pensa), o proprio conhecimento como dire-

    ~ao-para e abertura-ao-mundo. 0 conhecimento, portanto, nao e a 'morada de imagens cognitivas', na interioridade do su-jeito, mas presen~a imediata do sujeito como uma especie de 'luz' numa realidade presente. Como modo do ser-homem, o conhecimento humano e uma maneira de existir, uma manei-ra de ser-envolvido-no-mundo, isto e, o sujeito mesmo".

    0 conhecimento, sej a como for, nao tern sentido se nao nos ajuda a nos compreender e ao mundo, assim como a organiza-lo.

    Se vivemos em sociedade, fora da trama das rela

  • versal para o particular (dedu~ao), usando-se duas premissas e uma conclusao. E clara que, se as premissas forem falsas, a con-clusao tambem 0 sera, embora pare~a perfeitamente l6gica (af esta a tatica do sofisma ... ).

    Vejamos urn silogismo bern simples: Pedro e homem. Todo homem e racional. Logo, Pedro e racional.

    A reflexao, base de toda a filosofia, s6 pode ter valor se tiver l6gica, se for crftica, se as sfnteses sao comparadas e analitica-mente demonstradas. Reflexao e sempre uma compara~ao de sfnteses.

    No pensamento mftico, a que janos referimos, a reflexao e empatica, porque as sfnteses interpretativas de urn tema usam como termo de compara~ao a nossa identidade afetiva, a nossa experiencia de vida. Neste processo, os criterios subjetivos pre-dominam e, na maioria das vezes, reafirmam velhos preconcei-tos e cren~as insustentaveis.

    0 psic6logo Sullivan dizia que a experiencia ocorre de tres maneiras:

    - prototaxica: e formada de series distintas de estados mo-mentaneos do organismo. Sao rea~6es basicas, imagens e sentimentos que fluem atraves da mente de urn ser sensf-vel. Nao existem, necessariamente, conex6es entre elas, como, tambem, nao possuem significados para quem as experimenta.

    - parataxica: consiste em perceber a rela~ao causal entre acontecimentos que ocorrem, quase ao mesmo tempo, mas que nao sao logicamente relacionados. Aqui esta a base do pensamento magico ou mftico. Par exemplo, se urn deter-minado passaro canta na hora exata em que alguem morre, os dois acontecimentos se ligam na mente, sem nenhuma conexao l6gica, sendo que, daf para a frente, toda vez que o passaro volta a cantar, o ouvinte espera a morte de alguem.

    20

    - experiencia sintatica: e a a~ao de urn sfmbolo, validado pelo consenso comum. Produz ordem l6gica entre as ex-periencias e habilita as pessoas a se comunicarem.

    Quando, pela l6gica, chegamos aos conceitos, estes podem .,, r anal6gicos ou analfticos. Nos conceitos anal6gicos ha uma re-

    L,~Jio de correspondencia que se da por meio de compara~6es 111 re universos de significa~ao diferente. Janos conceitos ana-ill icos, sao usados instrumentos de analise que registram aspec-t, 1s inteligfveis de realidade, seus atributos e caracterfsticas.

    Temos, pois, o mundo exterior, que percebemos e analisa-1111 1s, interpretamos, chegando, entao, aos conceitos. Podemos w.'11tnir isto da seguinte forma:

    Mundo exterior ~ percep~ao + memoria + inteligencia + linguagem

    ~ interpreta~6es

    ~ conceitos Na analise l6gica ha urn encadeamento de proposi~6es

    ,. 11111 correto emprego da linguagem simb6lica perfeitamente , , 111strufda.

    0 conhecimento, portanto, s6 pode ser obtido e expresso .II Lives de forma verbal coerente, de modo a se poder deduzir, 1, 'l~icamente, os dados empfricos (observa~6es) disponfveis.

    A analise l6gica e, pois, acima de tudo, uma coerencia, o

  • 0 movimento l6gico, do discurso ou do raciodnio, pro-duz-se de conceito a conceito ou de noc;ao a noc;ao. Assim se faz o conhecimento e reflexao do proprio conhecimento.

    Resumindo

    -0 conhecimento s6 se da atraves de uma reflexao l6gica; - Ele e urn retorno reflexivo sobre si mesmo; - Na reflexao l6gica ha urn encadeamento de sequencia

    perfeita entre as proposic;oes e o emprego adequado da linguagem simb6lica construfda;

    -A verdade e a preocupac;ao do conhecimento; - 0 conhecimento s6 tern sentido como direc;ao-para e

    abertura-ao-mundo; - ele se da em tres planos:

    plano da consciencia ~ crenc;a; plano da linguagem ~ interpretac;ao; plano social ~ ac;ao sobre a realidade.

    Perguntas para orienta~ao de trabalhos

    1. Como voce define o conhecimento? 2. 0 que e preciso para se chegar ao conhecimento? 3. De que maneira o conhecimento da ciencia e diferente

    do conhecimento da filosofia? 4. Qual a maior preocupac;ao do conhecimento? 5. Qual o sentido do conhecimento? 6. A que nos leva o conhecimento? 7. Como voce diferencia o pensamento l6gico do mftico?

    22

    ll