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ILUSTRAÇÃO:PEPECASALS

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setembro de 2007 setembro de 200706 | | 07

Emplenoséculo21ecomahegemoniada gestão digital, o avanço tecnológicoestá empurrando o nosso sistema tri-butário para a modernidade. Um im-portantepassoparaamodernizaçãoda

AdministraçãoTributária é, segundoos especialis-tas, aadoçãodaNotaFiscalEletrônica (NF-e), umregistro para movimentação de mercadorias eprestaçãode serviços totalmente virtual.A implan-taçãodaNF-e facilitará a vidadocontribuinte e asatividades de fiscalização das operações.

Os setoresdedistribuiçãodecombustíveis líqui-dos e fabricantes de cigarros serão os primeiros aadotá-la, de forma obrigatória, a partir de 1º deabril de2008em23estados, entre eles,SãoPaulo,RioGrandedoSul,Riode Janeiro eMinasGerais,que assinaram oProtocolo ICMS10/07, que es-tabelece a obrigatoriedade da utilização daNF-enesses dois setores. O Ministério da Fazenda eo Conselho Nacional de Política Fazendária(Confaz) apostam na melhora da fiscalização e,conseqüentemente, do ambiente de negócios.A nota fiscal eletrônica é considerada a bandeirabranca na guerra fiscal. É um instrumento indis-pensável para buscar um consenso em torno deuma reforma tributária capaz de atender às de-mandas e peculiaridades de todos os estados. Ocontrole permitidopelanota fiscal eletrônica abrecaminho para a tão sonhada simplificação do sis-

temabrasileiroeparaareduçãodachamada“cargaburocrática”, ou seja, os custos necessários apenaspara administrar a própria situação tributária.

OotimismosuscitadopelaNF-eéexplicadopelaspossibilidades imensas de informações confiáveisque o novo processo passará a gerar na internet.A nota fiscal eletrônicapermite identificar quantocada Estado perde ou ganha com a mudança dacobrança do ICMS da origem (produtores) para odestino (consumidores) – uma das principais emais importantes propostas da reforma. A NF-ecria uma base de dados com todas as transaçõescomerciais interestaduais. A partir dessas infor-mações será possível definir um sistema compen-satório confiável para os estados que, porventura,perderem arrecadação. É o fim do “achismo” oudo “chutômetro” que até hoje contaminou o de-bate. Como se espera que em cinco anos a NF-eesteja implementada,oMinistériodaFazendacolo-cou esse prazo como carência para as alteraçõesprevistasnoprojetodeReformaTributária.Nocál-culo do governo, o fim da guerra fiscal entre os es-tados devolveria aos cofres públicos todo ano emtorno deR$25bilhões – quatro vezesmais do quetodaarenúncia fiscal do governo federal em2007ou o suficiente para reduzir a alíquota doCPMFde 0,38% para 0,11%. O pós-guerra também de-volveria ao ambiente de negócios mais segurança,pois, atualmente, os investidores corremo riscode

Era digital chega aos impostosA nota fiscal eletrônica simplifica a arrecadação,reduz a burocracia e permite maior controle da sonegaçãoPor Jorge Felix

No dia 6 de agosto, o Conselho de Administração do ETCO iniciou a negociação de um convênio com ogovernodoEstadodoRioGrandedoSulparaa implantaçãodanotaeletrônicaemoutros21estados, comtecnologia da Procergs. A aprovação do acordo foi anunciada durante homenagem prestada à Go-vernadora Yeda Crusius pelo ETCO, no hotel Hyatt, em São Paulo. Atualmente, o Rio Grande do Sul res-ponde por 56%das notas eletrônicas emitidas no país.

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assistir seus benefícios fiscais ser derrubados peloSupremo Tribunal Federal (STF) por estar em de-sacordo com as decisões do Confaz. Mas os bene-fícios para o setor produtivo vão alémda segurançajurídica. Os bons contribuintes ganham com maisuma dificuldade – e das grandes – para a concor-rência desleal. “Hoje os custos da arrecadação e asonegaçãoestão subindoe reduzema justiça fiscal.ComaunificaçãodaAdministraçãoTributáriao fis-coserámaiseficienteeeficaznocombateàsonega-ção, assimcomonasimplificaçãodocumprimentode obrigações acessórias por parte dos contribuin-tes, logo, reduzindoocustoBrasil”, afirmaEudaldoAlmeida de Jesus, coordenador-geral do EncontroNacionaldeCoordenadoreseAdministradoresTri-butários (Encat).Alémdabem-sucedida implanta-çãodaNF-eatéomomento,Eudaldoapontaoutrasvitórias, comoa aprovaçãonoConfaz doProtocoloICMS 10/2007, obrigando alguns setores econô-micosautilizaraNF-ee incluindonovosestadosco-mosignatáriosdotermo,eaindaaimplementação da Sefaz virtual,quepossibilitará a autorizaçãodaNF-e por um Estado utilizando aestrutura tecnológicadeoutroEs-tado ou daReceita Federal,mini-mizando, assim, um risco do pro-cesso, apontado por especialistase pelas empresas, que é a eficiên-cia tecnológica.Adisparidadenosníveis de informatização das 27unidades da Federação tem sidoumproblema. Cada Estado, porenquanto, assumiu o compro-misso de integrar-se ao sistemanomédio prazo, deacordo coma capacidade tecnológica de cada um.O BNDES abriu uma linha de crédito, num totalde R$ 300 milhões, para financiar equipamentosnecessários ao poder público e à iniciativa privada.“Costumodizer que viver é arriscado.Oqueos téc-nicos precisam fazer é adotar as providências paraultrapassarmososriscos,prevendo-osnamedidadopossível e lançando mão do profissionalismo quepossibilitará o sucesso.Por isso aSefaz virtual é im-portante”, afirmaEudaldo.Alémde ser uma inicia-tiva para a modernização do sistema tributário na-cional, acriaçãodaNF-equebrououtroparadigmana gestão do fisco brasileiro: a imposição de cimaparabaixo– istoé, dearrecadadorpara contribuin-tes – de novas normas e procedimentos. Graças àcoordenação do Encat, foi possível uma parceriainédita entre Receita Federal, Secretarias Esta-

duais da Fazenda (Goiás, SãoPaulo, SantaCatari-na, RioGrande do Sul,Maranhão eBahia), Supe-rintendênciadaZonaFrancadeManaus (Suframa)e 19 empresas durante mais de um ano para a im-plementação de umprojeto-piloto.

Para o Secretário da Fazenda do Estado de SãoPaulo,MauroRicardoCosta, ograndedesafioparao sistema da NF-e é sua implantação em todo opaís. “Só assim terá eficiência, e para isso é im-prescindível igualar a capacidade tecnológica detodos os estados”, observa ele.

Os setores de combustíveis e cigarros foramcon-vidadosaparticipardaexperiênciadevidoaograndenúmero de notas fiscais emitidas pelas empresas,por integrarem setores de alto nível de sonegação epor representarem um percentual significativo nacarga tributária. Aderiram ao convite do governo,bemcomooutras empresas dosmais variados seto-res,de formaabsolutamenteespontânea, semexigirnenhum benefício fiscal ou de qualquer natureza.

Desde 2004, quando foi reconhe-cido como fórumdoConfaz, oEn-cat começou a desenhar omodelodesse projeto-piloto. Inicialmente,foi aprovada a Emenda Constitu-cional número 42, acrescentandoum inciso (22) ao artigo 37 daConstituição,obrigando,daquiparaa frente, os estados a trabalhar deforma integrada em matérias tri-butárias. Como respaldo legal, oEncatpassouaserocentrodaexpe-riência que levaria à nota fiscal ele-trônica. “Isso possibilitou eliminar

umretrabalho, fazerduasvezesamesmacoisa,e foipossível chegar a umaproposta única denota e umsó modelo de funcionamento”, explica Eudaldo. OEncat constituiu uma equipe técnica com repre-sentantes de vários estados e ouviu as necessidadesdas empresas. A participação de 19 contribuintes,alémdepermitiroaprimoramentodosistema, jáes-tá produzindo números expressivos na fase inicial.Noprimeiro semestre, foramemitidasnopaísmaisde 900 mil NF-es, somando um valor superior aR$ 6 bilhões. Cada empresa estabeleceu asprópriasmetasparacompletara transiçãototalparaumnovosistema,antecipando-seàobrigatoriedade.Atualmente, é necessário emitir um DocumentoAuxiliardaNotaFiscalEletrônica (DANF-e),únicopapel impresso, apenas para acompanhar o trans-porte damercadoria e trazer o número daNF-e e ocódigo-chave para que o funcionário no posto de

Validação Recepção:Assinatura DigitalEsquema XML (dados)Emitente Autorizado

Pós-Validação:Coerência de InformaçõesCruzamento de Dados

Vendedor Trânsito Autorizado (DANF-e)

Secretaria da Fazenda

EnviaNF-e

DevolveAutorizaçãode Uso NF-e

RecepçãoOK Validação

Comprador

AUTORIZAÇÃO

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No primeirosemestre, foram

emitidas no país maisde 900 mil NF-e,

somando um valorsuperior a

R$ 6 bilhões

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fiscalização acesse o ambiente virtual nacional(Receita Federal doBrasil) ou o site da respectivaSecretaria Estadual da Fazenda. Um código debarras facilita a captura e a confirmação de infor-mações da nota eletrônica pelas unidades fiscais.O DANF-e não é uma nota fiscal nem substituiumanota fiscal, serve apenas de instrumento au-xiliar para consulta. Porém, as empresas que nãosão emissoras de NF-e devem utilizar oDANF-epara efetuar o devido registro fiscal.

De maneira simplificada, a NF-e funciona daseguinte forma:aempresaemissorageraumarqui-vo eletrônico com as informações fiscais da opera-ção comercial, o qual deverá ser assinado digital-mente.Énecessário,portando, tirarumcertificadodigital na Receita. Dessa maneira garantem-se aintegridade dos dados e a autoria do emissor. Essearquivo eletrônico, quecorresponderá àNF-e, seráentão transmitidopela internetparaaSecretariadaFazenda estadual do domicílio da empresa emi-tente, que faz uma pré-validação do arquivo e de-volveumprotocoloderecebimento(AutorizaçãodeUso), sem o qual não poderá haver o trânsito damercadoria. A Secretaria da Fazenda de origemtransmitiráaNF-eparaaReceitaFederal, repositó-rionacionaldetodasasnotasfiscaiseletrônicasemi-tidas e, no caso de operação interestadual, para aSecretaria da Fazenda de destino da operação ouparaaSuframa,nocasodemercadoriasdestinadasàsáreas incentivadas.AsSecretariasdaFazendaeaReceita Federal são responsáveis pela disponibili-dadedosdadosparaconsultana internetparaodes-tinatário e outros legítimos interessados que dete-nhama chave de acesso do documento eletrônico.O contribuinte destinatário, não emissor de NF-e,deveráutilizarosdadoscontidosnoDANF-eparaaescrituração daNF-e, sendo que sua validade fica-

rá vinculada à efetiva existência daNF-enos arqui-vos das administrações tributárias envolvidas noprocesso, comprovadapela verificaçãodaAutoriza-çãodeUso;nessecaso, oDANF-edeve ser guarda-dopeloprazodecadencial.Ocontribuinteemitenteda NF-e realizará a escrituração com base nas no-tasemitidaserecebidas.Apesardereceberaaprova-ção das empresas participantes do projeto-piloto, aNF-eaindaépoucoconhecidaporgrandepartedoscontribuintes.Oprocessodebuscade informações,no entanto, está acelerado em todo o país. Semi-nários e cursos organizados por instituições pri-vadas, sindicatos e universidades estão ajudandoa mobilizar as empresas. Uma pesquisa do Con-selho Privado da Nota Fiscal Eletrônica do Brasil(Confeb) mostra que quase 50% das 75 empresasconsultadas(72%delascomfaturamentosuperioraR$ 100milhões/ano) ainda desconhecem aNF-e.Omesmopercentualafirmouquesóvai implemen-tar o sistemaquando for obrigatório por lei.Omaisinteressante équemuitas empresas, 44%, apostamemumretornodoinvestimentoparaa implementa-çãodaNF-enoprazodedoisacincoanos.Segundolevantamento doEncat, esse custo varia de acordocomo tamanhoda empresa, deR$300mil aR$3milhões. “Masestamospercebendo,naprática,queo retorno pode sermuitomais rápido”, afirma Fer-nandaMoralles, advogada da Bosch, uma das par-ticipantes voluntáriasdoprojeto-piloto. “Asempre-sas têmpouca percepção em relação ao retorno doinvestimentopormeioda reduçãodaconcorrênciadesleal – esse era umponto quepoucos percebiamhá um ano, apenas 36%, segundo a pesquisa.Apontavam mais o ganho de produtividade, comoeliminação de digitação, redução de custo de com-pradepapel,masagarantiade isonomia fiscal comoconcorrente pode ser amais significativa.”

Para os Contribuintes:• Redução de custos de aquisição de formulário contínuo,impressão e armazenamento de documentos fiscais;

• Redução de tempo de parada emPostos Fiscais de Divisas;

• Simplificação deObrigações Acessórias,como dispensa de AIDF;

• Incentivo ao uso de relacionamentos eletrônicos (B2B);

• Eliminação de digitação de notas fiscais na recepçãodemercadorias e de conseqüentes erros de escrituração.

Para asAdministrações Tributárias:•Melhoria no processo de controle fiscal,possibilitandomaior compartilhamentodas informações entre os fiscos;

• Informação em tempo real,antes da ocorrência do fato gerador;

•Diminuição da sonegação e aumentoda arrecadação.

BENEFÍCIOS ESPERADOS

LINHADE FRENTEEmpresas que participaram do projeto

piloto da NF-e

Sadia

Souza Cruz

Gerdau

Dimed

GrupoUltra

Toyota

Petrobras Distribuidora

GM

Femsa (Kaiser)

Siemens VDO

Ford

Volkswagen

Petrobras

Telefônica

Eurofarma

Wickbold

AES Eletropaulo

Bosch

Office Net

FONTE: 2ª PESQUISADOCENÁRIODANF-E NOBRASIL – VISÃOEMPRESARIAL

– CONF-EB (CONSELHO PRIVADO DA NOTA FISCAL ELETRÔNICA DO BRASIL)

EXPECTATIVA POSITIVAPesquisa com participantes do projeto

da NF-e mostra otimismo

Qual o prazo para retorno financeiro

sobre os investimentos na NF-e?

De 1 a 2 anos . . . . . . . . . . 22,7%

De 2 a 5 anos. . . . . . . . . . . . 44%

Acima de 5 anos. . . . . . . . 22,7%

Não haverá retorno . . . . . . 0,7%

Na sua opinião, quais serão os principais benefícios da NF-e?

Redução de custos de impressão e aquisição de papel . . . . 70,7%

Redução de erros de escrituração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56%

Eliminação de digitação daNF na recepção . . . . . . . . . . . . 46,7%

Desenvolvimento de umapadronização eficiente

na troca de documentos eletrônicos B2B . . . . . . . . . . . . . . 37,3%

Diminuição da concorrência desleal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36%

Redução de custos no envio dos documentos fiscais. . . . . . . . 32%

CHOQUEDEGESTÃOCenário de intervenção da NF-e

8,7milhões é o número de notas

movimentadas por ano pela Souza Cruz.

50%é a reduçãomédia de custo

na emissão de notas fiscais.

R$ 25 bilhões ao ano é o custo da guerra fiscal,

segundo oMinistério da Fazenda.

R$ 300milhões é o total da linha

de crédito do BNDES para empresas

e governos investirem em tecnologia.

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Empresas já colhem resultadosParticipantes do projeto da NF-e reduziram em até 60% gastoscom impressão, emissão e arquivamento de nota fiscal

Agilidade, redução de custos, simplifi-cação e ganho de produtividade. Essessãoapenasalgunsdosbenefíciosapon-tados pelas empresas que já usam anota fiscal eletrônica.A maioria des-

taca ainda – além das vantagens de gestão tribu-tária e logística – a integração entre a iniciativaprivada e o fisco e a indiscutível dificuldade cria-da para a concorrência desleal. Muitas empre-sas conseguiram participar do projeto depois deum longo período de convencimento interno.Afi-nal de contas, muitas se perguntavam, por quedeveriam assumir custos para testar umprocessoque seria utilizado para fiscalizar a si mesmas?Isso não seria obrigação do poder público?

O ingresso voluntário, porém, foi surpreen-dente e atendeu às expectativas da Receita Fede-ral, das Secretarias da Fazenda e das empresas.Um dos argumentos mais fortes foi o combate àsonegação. Embora percebido de forma diferen-ciada entre os participantes, dependendo do nívelde concorrência desleal em cada setor, esse pon-to ganhou relevância quando o processo foi de-vidamente incorporado pelos contribuintes. “Onovo modelo possibilita o cruzamento e o com-partilhamento dos dados fiscais entre os fiscosestaduais e aReceita Federal, tornandomais efe-tivo o controle pela fiscalização”, afirma JosefinoBorges, gerente de Tributos Indiretos da SouzaCruz.Ao iniciar a participação no projeto-piloto,segundo ele, a empresa tinha como objetivos auniformização nacional do modelo com legisla-ção e sistema únicos, a segurança de acesso aosdados, a confiabilidade do sistema (com altadisponibilidade e performance) e a eficácia noprocesso de contingência para não impactar oabastecimento de mercado.

Numa empresa como a SouzaCruz, quemovi-menta 8,7 milhões de notas por ano, ou 1.000por hora, o sistema pode significar muito no ba-lanço final, pela redução dos custos de im-pressão e armazenagem dos documentos fiscaise pela eliminação da digitação dos dados fiscaisdas notas de fornecedores. “A NF-e também in-

tegra, agiliza e fortalece a fiscalização embarreiras fiscais, porque através da leitura docódigo de barras, que contém a chave de acessoda NF-e, será possível verificar os dados da notafiscal, sem ter de digitá-los”, afirma Josefino Bor-ges. Em outras empresas nas quais a adesão aoprojeto era voluntária, muitos colaboradores ti-veram dificuldade de entender a despesa susci-tada pela participação no processo. Foram via-gens e hospedagens em vários estados para reu-niões do Encat, dias de ausência dos responsá-veis pelos departamentos tributários e muitashoras para explicar o modelo internamente.Mas, quase dois anos depois, os pioneiros orgu-lham-se da colaboração e começam a colher osfrutos. “Nossa adesão foi estratégica porque ne-nhuma outra empresa do setor estava presentequando entramos. Saímos na frente e foi fun-damental estarmos próximos desse debate des-de o princípio. Isso nos garantiu uma imple-mentação tranqüila e benéfica”, afirma TacyaneSalomão, da área de TI da Eurofarma. De acor-do com os cálculos da empresa, a economiachegou a 60% com compra de papel, armaze-nagem e impressão das notas fiscais. “Além daeconomia de custos, a adesão ao projeto foi umaoportunidade de demonstrar para o mercado epara os nossos clientes a transparência e a éticacom que a empresa é conduzida”, analisa.

Quase todas as preocupações logísticas dasempresas, durante os testes, desapareceramcom a implementação efetiva da NF-e. Um dosreceios era o tempo de autorização (respostado sistema). Segundo Tacyane, em novembrode 2006 a empresa conseguia emitir 100 notaseletrônicas em 1minuto e 40 segundos. Ela lem-bra que outros procedimentos, como descar-bonar, também foram eliminados, compensan-do o tempo do processo no final. Como o poderpúblico avança na modernização tecnológica, adúvida das empresas em relação ao tempo tendea ser dirimida até o ano que vem, quando haveráampliação no número de usuários.

A NF-e já está mudando completamente aILUSTRAÇÃO:PEPECASALS

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São Paulo incentivacidadania fiscalNota Fiscal on-line será adotada por restaurantespaulistas até o final do ano

O governo de São Paulo san-cionou, em agosto último, a leiaprovadapelaAssembléiaLegis-lativa que institui a devoluçãodeparte do Imposto sobreCircula-ção de Mercadorias (ICMS) aoconsumidor que pedir a notafiscal no ato da compra. Bastafornecer o número do CPF ouCNPJ, incluído na nota e, quan-do o estabelecimento comercialpagar os impostos ao fisco doEstado,ogovernodevolveráova-lor referenteaoconsumidor final.

“É uma forma de incentivar opedidodanota e informatizar ra-pidamenteocomércio”, afirmaosecretário estadual da Fazenda,Mauro Ricardo Costa. O gover-noevitadivulgar aperspectivadeaumento da arrecadação com anova medida, mas aposta nelacomo uma eficiente arma con-

tra a sonegação e a concorrênciadeslealnocomércio.ASecretariada Fazenda paulista começará aimplantação do programa derestituição do ICMS gradual-mente e haverá umcronogramaestabelecendo a data que cadasetor passa a integrar o projeto.Nodia 1º de outubro, os primei-ros a integrar o projeto serão osrestaurantes. Em novembro,serão bares, lanchonetes, pada-rias, entre outros. A expectativadaSecretaria é que até o final doprimeiro semestre de 2008 osmais de 750mil estabelecimen-tos do Estado de São Paulo játenham se ajustado à nova sis-temática. “O importante é que aNota Fiscal on-line no varejo vaireduzir, de fato, a carga tributá-ria individual, porqueoconsumi-dor receberá o crédito ao efetuar

suas compras comnota”, afirmaCosta. Com a nova sistemáticaproposta pela Secretaria da Fa-zenda, 30% do imposto recolhi-do pelo estabelecimento serádevolvido aos clientes propor-cionalmente ao valor de suaaquisição. Exatamente por essemotivo será necessário o consu-midor exigir o cupom ou a notafiscal.Ocréditoconcedidopode-ráserutilizadoparareduzirovalordodébitodoIPVAdoexercíciose-guinteoudepositadoemdinheirona conta corrente, em poupançaou creditado em cartão de cré-dito. Além disso, a Secretariapromoverá campanhas educati-vaspara informareorientar apo-pulação sobre o direito e o deverdeexigiraemissãodedocumentofiscal a cadacompraea formadereceber eutilizar o crédito.

rotina das empresas na administração tributária.Algumas eramobrigadas a alugar umgalpão a ca-da trimestre para armazenar as notas em papel.Agora elas são guardadas em bytes. Há ainda afacilidade para a fiscalização. O fisco acompa-nhará tudo eletronicamente, o que reduz a ne-cessidade de um fiscal visitar a empresa e osfuncionários passarem o dia à disposição do go-verno, somando ainda mais custos à já elevadacarga tributária. O faturista, aquele funcionárioencarregado de preencher e corrigir notas fis-cais, também pode ser aproveitado em funçãomais produtiva. Outro benefício, já capitalizadopor algumas empresas na comunicação para seupúblico interno, é o impacto ambiental devidoà significativa economia no uso de papel. Éo ca-so do Laboratório Ache, que viu nesse ponto umargumento sensível aos acionistas. “Umdos obje-tivos ao adotar a nota fiscal eletrônica foi a buscaconstante pelas boas práticas de gestão, comode-senvolvimento sustentável, levan-do benefícios ao governo, aos par-ceiros, aomeio ambiente e à socie-dade”, destaca Marcos EduardoCamata, coordenador de contabi-lidade e tributos da empresa.

Em termos de logística, a notafiscal eletrônica possibilitou agili-dade em postos fiscais de frontei-ra, com a diminuição da burocra-cia e o conseqüente ganho detempo. Mas há outras vantagenspara as empresas, como a reduçãode custos operacionais, a simplifi-cação ou diminuição de obriga-ções acessórias e o incentivo ao uso de relacio-namentos eletrônicos com clientes, o B2B. Se-gundo Camata, a participação no projeto-pilo-to possibilitou alcançar resultados mais efetivosna implementação da NF-e. “Houve redução deequívocos tanto por parte do fisco, com impo-sição de normas não apropriadas, como tambémpor parte do contribuinte, com interpretaçõesinadequadas”, argumenta. O que mais atraiu oAche para o projeto da NF-e foi o alinhamentoda proposta, de acordo comCamata, aos valoresde transparência e integridade da empresa. “Foio fato de poder contribuir para um mercadomais ético, com a diminuição da concorrênciadesleal, a melhoria dos serviços públicos emfunção do aumento de arrecadação e a promo-ção de justiça social”, afirma.

Na opinião de Fernando Antunes, da Femsa

Cerveja Brasil, primeira do setor a integrar o pro-jeto, a nota fiscal eletrônica pode ajudar osistema tributário brasileiro. “Alémde benefíciosde redução de custos para a empresa, propor-ciona a possibilidade futura de eliminação de di-versas obrigações que hoje as companhias têmcomo fisco”, afirma.Antunes acredita que, coma implantação do projeto em sua totalidadetecnológica (sem a necessidade de emissão dodocumento intermediário hoje utilizado, oDANF-e), a logística será simplificada, com aeliminação de burocracia, porque desapareceráa obrigatoriedade de manuseio de vias de docu-mentos, carimbos etc. A Femsa utiliza atual-mente a NF-e em duas fábricas, uma no RioGrande do Sul e outra em São Paulo. Apenasnessas unidades-piloto, a empresa emite cercade 1.000 notas fiscais pormês,mas deve ampliarsignificativamente esse número nos próximosmeses. Também está em fase final de teste no

Estado da Bahia e avaliando oinício de um piloto no EstadodoCeará. “Existem alguns ajus-tes necessários que estão emavaliação, tais como devolu-ções e cancelamentos de mer-cadorias, erros na emissão danota fiscal eletrônica queneces-sitamde correção, ampliação dabase de teste, reconhecimentoda eletrônica nas barreiras fis-cais de outros estados. Mas tu-do isso está sendo equacionadodentro do grupo de trabalho”,afirma Antunes.

Entusiasmadas com o sucesso dos primeirosmeses de utilização da NF-e, as empresas tor-cem pela rápida ampliação da base de usuárioscomo forma de acelerar a resolução de algunsproblemas. Segundo Camata, é necessário efe-tivar os ganhos propostos no projeto. “É precisoacelerar a massificação da nota fiscal eletrônicapara grandes contribuintes e para os contri-buintes da cadeia completa de setores da econo-mia, além de agilizar a verificação e a liberaçãoem postos fiscais de fronteira e reduzir o cum-primento de obrigações acessórias”, afirma.Para Tacyane, há urgência em melhorar as in-formações para os fiscais nos postos de fron-teiras e nas estradas, que ainda desconhecem odocumento ou o procedimento correto para suautilização. “Isso é fundamental para não termosextravios de DANF-es”, afirma.

A NF-e estásimplificandoenormementea rotina dasempresas naadministração

tributária

“É uma formade incentivar opedido da notae informatizarrapidamenteo comércio”,

afirma o secretárioestadual da

Fazenda,MauroRicardo Costa

FOTO:DIVULGAÇÃO

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