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Brasil oceânicoSUBMERSO

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© Ricardo Azoury (fotografias), 2006.

Vinícius Dônola (textos), 2006.

Marcelo Szpilman (legendas técnicas), 2006.

Todos os direitos reservados por

Andrea Jakobsson Estúdio Editorial Ltda.

Vedada a reprodução sem autorização expressa da editora.

Rua Xavier da Silveira 45, sala 906

Copacabana, 22061-010

Rio de Janeiro, RJ

Tel/Fax: (21) 2267-6763

www.jakobssonestudio.com.br

Projeto gráfico | Design

Gisela Fiuza – GF Design

Revisão | Proofreading

Sérgio Bellinello Soares

Pre-impressão | Premidia

ô de casa

Versão para o inglês | English version

David Shepherd

Captação de recursos | Fund raising

Joel Araújo

Aluizio Sena / Relacionarte

Impressão e acabamento | Printing and binding

Ipsis Gráfica e Editora

CIP-BRASIL. Catalogação na fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

A992s

Azoury, Ricardo, 1953- Submerso : Brasil oceânico / fotos Ricardo Azoury ; textos Vinícius Dônola e Marcelo Szpilman ; [tradução David Shepherd]. - Rio de Janeiro : Andrea Jakobsson Estúdio, 2006 p. : 108 il.

Texto em português e inglês

ISBN 978-85-88742-24-6

1. Costa - Brasil - Obras ilustradas. 2. Mergulho submarino - Brasil - Obras ilustradas. 3. Exploração submarina - Brasil - Obras ilustradas. 4. Fotografia submarina - Brasil. I. Dônola, Vinícius. II. Szpilman, Marcelo, 1961-. III. Título.

06-3617. CDD 797.230981 CDU 797.26(81)

02.10.06 05.10.06 016442

Apoios

em Fernando de Noronha: Centro de Mergulho Águas Claras

no Rio de Janeiro e Arraial do Cabo: Centro de Mergulho Diver’s Quest

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TEXTOS VINÍCIUS DÔNOLA

LEGENDAS MARCELO SZPILMAN

RICARDO AZOURY

Brasil oceânicoSUBMERSO

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Enxada (Chaetodipterus faber)Detalhes na página 133

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As dimensões continentais do Brasil em seu aspecto oceânico

são tema surpreendentemente pouco explorado. Considerado

seu quinto ecossistema, o Oceano Atlântico abriga imensa

biodiversidade que os avanços tecnológicos na fotografia vêm

revelando. A evolução do mergulho autônomo permite hoje uma

aproximação com o universo submarino, antes misterioso, que

gera imagens de valor inestimável não apenas para o repertório

do público em geral, mas de todos aqueles que se interessam

pelo meio ambiente no país.

É com grande prazer que apoiamos a produção do livro de

Ricardo Azoury, realizado com equipamento de última geração em

tecnologia digital, o que lhe permitiu um olhar estético mais livre.

Por isso mesmo, mais do que um inventário, a edição constitui-se

em um ensaio com uma visão artística da riqueza do fundo do

nosso mar.

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Introdução 9

Rio de Janeiro A vida sob os casarios 12

Noronha “O paraíso é aqui!” 26

Arraial O arraial da ressurgência 48

Abrolhos Labirintos subaquáticos à vista: “abr’olhos”! 66

Ilha Grande MaravIlha Grande

82

Santos Festa na laje

96

Guarapari O mar claro das areias negras

108

Arvoredo Um arvoredo na imensidão azul

120

Recife Cemitério sob as ondas

130

English version 145

sumário

Naufrágio: Corveta Ipiranga

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Agulhão-trombeta (Fistularia tabacaria)Detalhes na página 65

Próxima páginaBarracuda (Sphyraena barracuda)Sardinha-verdadeira (Sardinella aurita)Detalhes na página 78

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Entre 2001 e meados de 2006, os olhos e as máscaras do fotógrafo-mergulhador Ricardo Azoury

varreram parte dos mais de 8.500 quilômetros do litoral brasileiro. Do Sul ao Nordeste, colheram

milhares de imagens, das quais foram selecionadas – a duras penas – pouco mais de cem.

Os critérios usados na escolha procuraram respeitar o ineditismo dos ângulos e a beleza cênica das

fotos, considerando particularidades da técnica empregada, como o uso exclusivo da luz natural.

Submerso não se propõe ser um catálogo das espécies marinhas do país, nem tampouco distribui

as imagens de plantas e animais na proporção em que esses seres são avistados ao longo da costa.

Permite-se, entretanto, sugerir um novo olhar para o ambiente subaquático, que concilie a curiosidade

típica de um mergulhador com o faro aguçado de um documentarista.

Mais do que um seleto registro visual, o livro vai à popa da embarcação, dá “um passo de gigante”

e mergulha na História, voltando à tona com preciosos relatos de nosso passado. Verdades e lendas

são arrancadas do fundo do mar e, muitas vezes, não nos cabe desatá-las. Legamos ao leitor o

instigante nó da dúvida.

Uma a uma, as espécies mostradas aqui foram identificadas segundo a nomenclatura científica,

e aos nomes se seguem informações sobre morfologia, habitat, alimentação e outros detalhes de

comportamento.

Parte dos animais com os quais você irá deparar já figura na lista da fauna brasileira ameaçada de

extinção. Caso as temidas projeções sobre o aquecimento global se confirmem, em menos de meio

século, alguns desses bichos só poderão ser vistos atrás das paredes de um aquário ou nas páginas

de um livro, como este.

Por enquanto, ainda há muito que se ver – e registrar – no Brasil salgado e submerso. Basta que

haja um bocadinho de ar entre as lentes da máscara – e da máquina! – e os olhos atentos de um

fotógrafo-mergulhador.

Vinícius Dônola

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Reza a lenda que, nas primeiras horas do dia 24 de

julho de 1890, um grupo de homens e mulheres –

quase todos flagrados em roupas íntimas ou trajes

de dormir – foi detido e interrogado pela polícia

carioca, sob acusação de atentado violento à moral

e aos bons costumes. Minutos depois, e já desfeito

o mal-entendido, o boletim de ocorrência virou mais

uma curiosa página da história brasileira. Ao contrário

do que chegou a supor a autoridade local, não se

tratava de uma farra em alto-mar, a bordo de escaleres.

A vida sob os casarios

riode janeiro

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Havia uma explicação para o fato de os supostos infratores estarem usando

apenas pijamas e camisolas: foi tudo o que conseguiram vestir após o choque

da embarcação em que viajavam contra uma ilha, sinalizada por um farol, numa

noite de céu claro e mar calmo. O navio de transporte de cargas e passageiros

Buenos Aires, lançado ao mar em 1829, afundou, sem vítimas. E o litoral do

Brasil ganhou – por imprudência do comandante ou má-fé da companhia de

navegação, possivelmente interessada no seguro – um condomínio para a vida

marinha, ainda hoje considerado um dos melhores pontos de mergulho da

costa do Rio de Janeiro.

A Ilha Rasa, contra a qual o Buenos Aires bateu, faz parte do chamado Arquipélago

das Cagarras, um conjunto de ilhas oceânicas que fica a poucos quilômetros das

praias de Copacabana, Ipanema e Leblon, na Zona Sul da cidade. As Cagarras são,

como qualquer pedaço de terra cercado pelas águas do Atlântico, propriedades

do governo federal. Só em meados de 2003 o Congresso Nacional recebeu

um projeto de lei propondo a transformação do arquipélago numa unidade

de conservação ambiental com normas de proteção e exploração sustentável.

Os autores do projeto argumentavam que as Ilhas Cagarras possuem, além da

notória beleza cênica, um dos últimos remanescentes do ecossistema insular

da Mata Atlântica, além de serem refúgio e área de nidificação de diferentes

aves migratórias.

Página anterior1 Frade adulto (Pomacanthus paru)Medidas: máximo de 0,4 m de comprimento total. Em média, medem 0,28 m de comprimento. Ocorrência: águas tropicais e subtropicais do Atlântico. No Brasil, ocorrem do Nordeste ao Sudeste.Habitat: nectônicos costeiros de águas rasas, vivem nas áreas coralinas e/ou rochosas.Hábitos: são encontrados solitários ou aos pares nadando lentamente por entre as pedras do fundo. Alimentam-se de algas, esponjas, gorgônias, briozoários e outros invertebrados bentônicos. Os espécimes juvenis atuam como limpadores de ectoparasitas de outros peixes. São muito apreciados e valorizados entre os aquariofilistas. Somente os espécimes juvenis e subadultos adaptam-se aos aquários residenciais. Calmos, não temem a presença humana e costumam aproximar-se dos mergulhadores.Outros nomes vulgares: paru, paru-da-pedra, paru-frade, paru-listrado (juvenil), paru-preto e peixe-anjo (RJ).

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2 Peixe-vaca (Lactophrys polygonius)Medidas: máximo de 0,45 m de comprimento total. Em média, medem 0,2 m de comprimento.Ocorrência: nas águas tropicais, subtropicais e temperadas do Atlântico Ocidental. No Brasil ocorrem em praticamente todo o litoral.Habitat: nectônicos costeiros de águas rasas, vivem sobre os fundos coralinos e/ou rochosos.Hábitos: são encontrados solitários ou em pequenas agregações. Nadam lentamente e confiam em sua camuflagem, porém são capazes de nadar mais rápido quando ameaçados. Alimentam-se de pequenos invertebrados bentônicos, como os moluscos, crustáceos e vermes, e de alguns invertebrados sésseis, como os tunicados e esponjas. Para expor suas presas, que muitas vezes estão enterradas na areia, costumam “soprar” um jato de água pela boca. Outros nomes vulgares: baiacu-caixão, baiacu-cofre, cofre, ostracião, peixe-cofre e toaca.

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3 Cherne-negro (Epinephelus nigritus)Medidas: máximo de 2,3 m de comprimento total e 199 kg. Em média, medem 0,9 m de comprimento e pesam 40 kg.Habitat: nectônicos demersais costeiros e oceânicos de águas profundas (entre 40 e 450 metros), habitam as regiões com fundos rochosos. Os espécimes juvenis podem ocasionalmente ser vistos nas áreas mais rasas.Hábitos: solitários, vivem próximo às tocas e rachas do fundo. Alimentam-se de caranguejos, camarões, lagostas e peixes.Outros nomes vulgares: mero-negro

Naufrágio: C.T. Paraíba

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O Monumento Natural do Arquipélago das Cagarras – categoria que se

assemelha a um Parque Nacional Marinho – está numa área de transição de

fauna, o que justifica o interesse científico e a necessidade de preservação.

Ali são encontrados animais característicos da zona tropical e outros,

típicos da fauna subtropical/temperada, como diversas espécies de

equinodermos (estrelas-do-mar, pepinos-do-mar), esponjas, crustáceos,

moluscos e não é raro avistar tartarugas. Também são comuns os relatos

de gente que, a caminho das ilhas ou de volta à Baía de Guanabara, já se

deparou com grandes mamíferos, como golfinhos e baleias franca e jubarte.

As condições do mar, contudo, nem sempre são convidativas ao mergulho nas

Cagarras. Correntes de leste – as populares “lestadas” – empurram as águas

sujas da Baía de Guanabara contra as praias e ilhas do Rio. O fenômeno faz

baixar a visibilidade, afugenta a vida marinha e furta o prazer daqueles que, a

despeito do peso de lastros e cilindros, apreciam conjugar o verbo “mergulhar”

na primeira pessoa do plural.

Entretanto, depois da água turva, costuma vir a bonança, que atende pelo

apelido de “maré roxa”. Essas, sim, são mais raras. Ao longo de um ano inteiro,

períodos de águas cristalinas contam-se nos dedos. De apenas uma das mãos.

Mas a satisfação durante os meses de outono e inverno justifica a espera. A

turbidez vai embora como nuvens de uma tediosa frente fria, a visibilidade

chega a alcançar incríveis 25 metros e a natureza pinta o mar com o mais

caribenho dos azuis.

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Dos muitos pontos de mergulho conhecidos no arquipélago das Cagarras, boa parte se concentra ao redor da mais

distante das ilhas e única habitada, a Rasa. Desde o início do século XIX, grupos de técnicos se revezam para

garantir o bom funcionamento do farol da Marinha, um delicado conjunto de lentes francesas encomendadas por

D. Pedro I. Registros históricos relatam que o próprio imperador quis inaugurar o farol da Rasa, em 1827, mas há

uma versão de que o mar estava bravo naquele dia e o desembarque no chamado “portinho” da ilha oferecia risco

em demasia para figura tão ilustre.

O “portinho” é um ambiente quase sempre abrigado para as embarcações, além de oferecer condições seguras para

diferentes níveis de mergulho. Próximo ao costão, a profundidade varia entre 10 e 15 metros, e chegando a mais

de 40 metros, já em terreno arenoso. O lugar é farto de vida marinha, que colore o interior de pequenas grutas e

inúmeras passagens estreitas por entre as rochas. Do outro lado da Rasa há mais um ponto clássico, conhecido como

“guincho”, onde atracam embarcações militares de carga com suprimentos para os moradores da ilha. É também o

endereço das cavaquinhas.

Nas “marés roxas”, porém, o destino quase certo das embarcações é o Buenos Aires, na parte leste. Ainda se vêem

partes inteiras do velho navio, como âncoras, a caldeira e o hélice, na área mais funda, 42 metros abaixo da lâmina

d’água. A profundidade é capaz de provocar até nos mergulhadores mais experientes os temidos efeitos da narcose,

uma espécie de embriaguez, causada pela absorção de nitrogênio sob pressão no organismo.

Cento e quinze anos depois do naufrágio do navio, que, embora alemão, levava o nome da capital argentina, o litoral

do Rio de Janeiro foi palco de outro acidente. O contratorpedeiro Paraíba, que serviu durante 13 anos à Marinha

brasileira, afundou enquanto era rebocado, logo após deixar a Baía de Guanabara. Não houve vítimas e, dessa vez,

nenhum constrangimento aos náufragos. Na verdade, o CT Paraíba, de fabricação americana (USS Davidson), estava

quase vazio e já havia sido arrematado em leilão por uma empresa especializada em desmanche. A sucata veio a pique

no dia 18 de fevereiro 2005 e logo virou morada de peixes, polvos, mergulhadores e outros seres marinhos.

Na ocasião, as razões do naufrágio eram desconhecidas, e a Marinha chegou a abrir um inquérito militar para apurar

o caso. Lamenta-se, é claro, que o importador da montanha de 126 metros de puro aço tenha perdido seu tão valioso

ferro-velho. A natureza, no entanto, e a comunidade do mergulho agradecem ao bom senso do acaso.

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4 Mututuca (Myrichthys ocellatus)Medidas: máximo de 1,1 m de comprimento total e 2,5 kg. Em média, medem 0,4 m de comprimento e pesam 0,8 kg. Ocorrência: Nas águas tropicais do Atlântico. No Brasil ocorrem do norte ao sudeste.Habitat: bentônicas costeiras de águas rasas, são comuns perto das ilhas e nas áreas rochosas ou coralinas. Hábitos: são encontradas normalmente solitárias e escondidas durante o dia. À noite costumam sair para caçar seu alimento, que se constitui basicamente de caranguejos. Podem mover-se por baixo da areia do fundo.

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