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CAPACITAÇÃO DOS CARTORÁRIOS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE - 2016 TEMA: DÚVIDAS RELATIVAS À EXECUÇÃO E OUTRAS QUESTÕES ENVOLVENDO MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 15/09/2016

CAPACITAÇÃO DOS CARTORÁRIOS DA INFÂNCIA E … · execução de medidas socioeducativas. • RESOLUÇÃO CNJ 165/12 Estabelece normas gerais para atendimento do adolescente em

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CAPACITAÇÃO DOS CARTORÁRIOS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE - 2016

TEMA: DÚVIDAS RELATIVAS À EXECUÇÃO E OUTRAS QUESTÕES ENVOLVENDO MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

15/09/2016

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PALESTRANTES: Dra. LUCIANA ANTUNES RIBEIRO CROCOMO, Juíza de Direito Coordenadora do Departamento de Execuções da Infância e da Juventude (DEIJ) MATSUE YOKOO, diretora do Departamento de Execuções da Infância e da Juventude (DEIJ)

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A apresentação foi desenvolvida com base nas sugestões e dúvidas recebidas pela Coordenadoria da Infância e da Juventude e tem o objetivo de auxiliar os servidores que trabalham com procedimentos envolvendo adolescentes em conflito com a lei, tanto na fase de conhecimento, quanto na fase de execução de medida socioeducativa.

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Leis e normas que serviram de estudo para a área da infância infracional: • ECA – LEI 8069/90 Trata-se de um marco na legislação menorista criada para proteger a criança e o adolescente. • LEI 12.594/2012 (Lei do SINASE) O SINASE constitui-se de uma política pública destinada à inclusão do adolescente em conflito com a lei. É um conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que envolvem desde o processo de apuração de ato infracional até a execução de medidas socioeducativas. • RESOLUÇÃO CNJ 165/12 Estabelece normas gerais para atendimento do adolescente em conflito com a lei na internação provisória e no cumprimento das medidas socioeducativas.

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• ATOS NORMATIVOS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA (NSCGJ, PROVIMENTOS E COMUNICADOS)

- Artigos 776 a 801 das Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça - Prov. CG n. 34/2014 (disciplina o procedimento de tramitação das guias) - Prov. CG n. 30/2015 (faz alterações no Prov. CG n. 34/14 quanto ao prazo de 2 dias úteis para remessa da GEX e o procedimento para expedição da GIS) - Prov. CG n. 15/2014 (disciplina a transferência de adolescentes para outro Estado da Federação ou a transferência para Centros de Atendimento localizados no Estado de São Paulo) - Prov. CG n. 03/15 (disciplina a proibição de expedição de carta precatória para oitiva de adolescente internado) - Prov. CG n. 21/14 (disciplina o processo eletrônico)

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- Comunicado CG n. 163/14 (disciplina o horário de atendimento da Fundação CASA) - Comunicado CG n. 28/16 (disciplina a remessa da guia de internação provisória pelo juízo fiscalizador ao juízo da execução competente) - Comunicado CG n. 1355/16 (disciplina o processo de execução unificador – digital/físico) - Comunicado CG n. 437/16 (disciplina o arquivamento somente após o trânsito em julgado da sentença dos procedimentos investigatórios de atos infracionais físicos que foram digitalizados)

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• Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/2015) Aplica-se nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas socioeducativas, apenas o sistema recursal do Código de Processo Civil nos termos do art. 198 do ECA. • Código de Processo Penal (Decreto-lei 3.689/1941) Aplica-se aos processos de apuração de ato infracional e à execução de medidas socioeducativas em caráter subsidiário nos termos do art. 152 do ECA. Enfim, os atos normativos mencionados buscam a efetivação de direitos, princípios e diretrizes a fim de garantir a real aplicação do princípio da proteção integral à criança e ao adolescente.

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FASE DE CONHECIMENTO

• PRIORIDADE ABSOLUTA Nas Varas cumulativas, o andamento dos processos da infância tem prioridade sobre os demais, como réus presos, mandados de segurança e cíveis em que uma das partes é idoso? Sim, todo e qualquer processo em primeiro e segundo graus de jurisdição atinente à infância e juventude tem prioridade de processamento e julgamento sobre os demais. Art. 3º do ECA - “a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, (...)” Art. 4º do ECA – “é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida (...)”. Art. 198, inc. III, do ECA - “(...) os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão revisor (...)”. Art. 227 da Constituição Federal – “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida (...)”.

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• INTERNAÇÃO PROVISÓRIA O prazo de internação provisória em estabelecimento prisional pode exceder os 05 dias previstos no ECA? A regra é que a internação não pode ser cumprida em estabelecimento prisional. Se inexistente na Comarca unidade educacional adequada deve o adolescente ser transferido para localidade mais próxima. Excepcionalmente é possível a permanência em repartição policial pelo prazo máximo de 5 dias apenas para viabilizar a remoção. Art. 123. “A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.”

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Busca-se evitar a convivência em ambiente que não contribua para a recuperação dos adolescentes. Art. 185. “A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional. § 1º. Inexistindo na Comarca entidade com as características definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade mais próxima. § 2º. Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de responsabilidade”.

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De quem é a responsabilidade pelo excesso de prazo de internação provisória: juízo do conhecimento ou juízo fiscalizador? E poderá ser excedido o prazo de 45 dias de custódia cautelar? A responsabilidade pela observância do prazo de internação provisória é do juízo que a decretou (art. 16, § 1°, da Res. CNJ n. 165/2012) e não admite prorrogação (arts. 108 e 183 do ECA e art. 16, § 2°, da Res. CNJ n. 165/2012). Findo o prazo de 45 dias ou determinada a liberação antes de expirado o prazo, cabe ao juízo do conhecimento comunicar a decisão ao órgão gestor e também ao juízo fiscalizador, dando-se baixa na guia de internação provisória no CNACL (art. 17 da Res. CNJ n. 165/2012).

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Se a Fundação CASA não oferece vaga no prazo de 05 dias, deve ser revogada a custódia cautelar? Caso não haja disponibilidade de vaga, deve o adolescente ser colocado em liberdade até a existência de vaga.

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Existe limite de horário para a requisição de vagas junto à Fundação CASA? Sim. O Comunicado CG n. 163/2014 estabelece que o horário de atendimento da Fundação CASA é das 10hs às 19hs de segunda a sexta-feira e das 10hs às 13hs30min aos sábados, domingos e feriados. Requisições de vagas encaminhadas fora do horário deverão ser novamente enviadas no dia seguinte.

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• DEFESA Os procedimentos de apuração de ato infracional e os procedimentos de execução de medida socioeducativa podem tramitar sem assistência de defensor? Não. Existindo lide, deve o adolescente/jovem ser representado por defensor. Art. 207 do ECA. “Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem defensor”. Art. 37 da Lei do SINASE. “A defesa e o Ministério Público intervirão, sob pena de nulidade, no procedimento judicial de execução de medida socioeducativa (...)”.

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Ao juízo do conhecimento, após a aplicação de medida socioeducativa, cabe apenas a expedição de guia de execução e o encaminhamento ao juízo com competência executória? Não apenas. Cabe ao juízo do processo de conhecimento informar ao juízo da execução em 24hs toda e qualquer decisão que interfira na privação de liberdade do adolescente ou altere o cumprimento da medida aplicada provisória ou definitivamente (art. 13, § 1°, da Res. CNJ n. 165/12). Exemplos: juízo de retratação e/ou acórdão reformando ou anulando a sentença.

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• REMISSÃO Toda remissão aplicada enseja a expedição de guia de execução? Não. A expedição de guia de execução apenas ocorre em se tratando de remissão como forma de suspensão do processo (Art. 39, parágrafo único, da Lei n. 12.594/12). Art. 39. “Para aplicação das medidas socioeducativas de prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou internação, será constituído processo de execução para cada adolescente, respeitado o disposto nos arts. 143 e 144 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e com autuação das seguintes peças (....) Parágrafo único. Procedimento idêntico será observado na hipótese de medida aplicada em sede de remissão, como forma de suspensão do processo.”

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Quais as formas de remissão previstas no ECA? • Remissão como forma de exclusão do processo (art. 126 caput) • Remissão como forma de suspensão do processo (art. 126, parágrafo

único) • Remissão como forma de extinção do processo (art. 126, parágrafo

único). Art. 126. “Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo”.

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A remissão ministerial exige homologação pela autoridade judiciária. A remissão judicial é realizada pela autoridade judiciária e pressupõe início do processo de apuração de ato infracional.

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Em caso de descumprimento da medida aplicada por força de remissão suspensiva, o que fazer? Retoma-se o curso do processo de apuração de ato infracional, que se encontrava sobrestado, designando-se audiência de instrução, debates e julgamento e analisando, inclusive, a necessidade de internação provisória. Desnecessária a designação prévia de audiência de justificação. Inaplicável a Súmula n. 265 do STJ que exige a oitiva do menor antes de se decretar a substituição da medida socioeducativa por outra mais gravosa.

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Em caso de descumprimento da medida aplicada por força de remissão judicial como forma de extinção do processo, é possível o decreto de internação-sanção? Não. O decreto de internação-sanção pressupõe prévia aplicação de medida socioeducativa ao final do processo de apuração de ato infracional. A remissão não implica necessariamente no reconhecimento ou comprovação da responsabilidade (verdadeira obrigação natural), podendo eventualmente incluir a aplicação de quaisquer das medidas previstas em lei com exceção da semiliberdade e da internação (art. 127 do ECA).

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• INTIMAÇÃO DE SENTENÇA Da sentença que aplicou medida socioeducativa, intima-se adolescente, defensor ou ambos? Depende da medida socioeducativa aplicada. Se aplicadas medidas de internação ou de semiliberdade, a intimação deve ser feita ao adolescente E ao defensor. Se o adolescente não for localizado, intimam-se os responsáveis legais E o defensor. Se aplicadas medidas de liberdade assistida, prestação de serviços à comunidade, reparação de danos ou advertência, intima-se apenas o defensor (art. 190 do ECA).

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Em sendo aplicadas medidas socioeducativas de internação ou de semiliberdade, o prazo de recurso deve ser contado da intimação do adolescente ou do defensor? Depende do momento da intimação da sentença e a quem realizada. Exemplo: intimação em audiência e intimação posterior por Oficial de Justiça ao adolescente e por publicação (advogado) ou pessoalmente (Defensoria Pública). A intimação em audiência pressupõe que o prazo tem início a partir daquele momento. A intimação do adolescente e do defensor em momentos diversos pressupõe que o prazo de recurso terá início da última intimação.

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Havendo interesses conflitantes entre adolescente e defensor (recorre ou não recorre), qual deve prevalecer? Se o adolescente manifestar o desejo de recorrer, será o defensor intimado pessoalmente para obrigatoriamente oferecer as razões do recurso exercitando o direito de defesa. Se o adolescente não tiver interesse em recorrer, nada impede que o próprio defensor interponha o recurso no exercício da defesa técnica. Resumindo: em atenção ao princípio da ampla defesa, deve prevalecer o interesse daquele que deseja recorrer.

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Em que efeito deve ser recebido o recurso de apelação interposto pela defesa em caso de aplicação de medida socioeducativa privativa de liberdade? O art. 198, inc. VI, do ECA anteriormente à revogação pela Lei n. 12.010/2009 previa expressamente o recebimento do recurso de apelação apenas no efeito devolutivo. Por consequência, não havia dúvida quanto ao cumprimento imediato da sentença. A Lei n. 12.010/2009 trouxe regramentos sobre o processo de adoção, porém revogou dispositivo que se aplicava a todos os procedimentos afetos à Justiça da Infância e Juventude, inclusive, à execução das medidas socioeducativas.

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No entanto, embora referente a capítulo diverso, passou-se a entender que o efeito devolutivo continua a viger graças ao disposto no art. 215 do ECA, segundo o qual “o juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos para evitar dano irreparável à parte”. Atualmente o entendimento que prevalece na Câmara Especial do TJ/SP e no Superior Tribunal de Justiça é de que o recurso de apelação deve ser recebido no efeito meramente devolutivo, constituindo exceção o efeito suspensivo. Razões: a medida socioeducativa não representa punição, mas mera proteção ao adolescente e à sociedade, de natureza pedagógica e ressocializadora, inexistindo violação ao princípio da não culpabilidade sua imediata execução. A postergação do início do cumprimento importa em perda da atualidade, contraria o princípio da proteção integral e acaba por manter o adolescente na mesma situação de risco que motivou a prática infracional.

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“(...) Estatuto da Criança e do Adolescente. Efeitos da Apelação. Antecipação dos Efeitos da Tutela. Terminologia incompatível com o procedimento por ato infracional. Condicionamento do início do cumprimento da medida com o trânsito em julgado da representação. Obstáculo ao escopo ressocializador da intervenção estatal. Princípio da intervenção precoce na vida do adolescente (parágrafo único, inc. VI, do art. 100 do ECA). Recebimento do apelo no efeito devolutivo. Aplicação imediata da medida socioeducativa. Inteligência do art. 215 do ECA. Ordem denegada.” “(...) Logo, condicionar de forma peremptória, o cumprimento da medida socioeducativa ao trânsito em julgado da sentença que acolhe a representação – apenas porque não se encontrava o adolescente já segregado anteriormente à sentença – constitui verdadeiro obstáculo ao escopo ressocializador da intervenção estatal, além de permitir que o adolescente permaneça em situação de risco, exposto aos mesmos fatores que o levaram à prática infracional (...)”

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Observa-se alteração no fundamento legal até então utilizado (tutela provisória cautelar e não mais antecipação dos efeitos da tutela) e a desnecessidade de prévia internação provisória. Superior Tribunal de Justiça - HC n. 346.380-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13.04.2016, DJE 13/05/2016 Câmara Especial - Apelação nº 0030077-59.2014.8.26.0015, j. 29.08.2016 e Apelação nº 0002048-87.2013.8.26.0094, j. 15.08.2016.

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• FASE DE EXECUÇÃO As medidas socioeducativas têm prazo certo para cumprimento? Não, salvo a medida de prestação de serviços à comunidade, cujo prazo temporal e jornada semanal devem ser fixados pelo juízo do conhecimento até o limite de 6 meses. Medida socioeducativa não é pena. Objetiva-se a reeducação daquele que agiu em conflito com a lei, cujo prazo varia de adolescente para adolescente de acordo com a maior ou menor suscetibilidade às intervenções realizadas.

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Se o cumprimento de medida ocorre em outra Comarca, deve-se comunicar o juízo de conhecimento sobre o cumprimento integral da medida? Não. O juízo da execução é o responsável pelo acompanhamento integral da medida socioeducativa. Exceção. Remissão suspensiva. Deve o juízo da execução comunicar imediatamente o juízo do conhecimento sobre toda e qualquer informação no curso da execução da medida aplicada para análise da retomada ou não do processo de apuração de ato infracional.

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• INTERNAÇÃO-SANÇÃO Em caso de descumprimento de medida socioeducativa, pode ser decretada a internação-sanção sem oitiva prévia do socioeducando? Não. A oitiva prévia é OBRIGATÓRIA para a substituição por medida mais gravosa e também para o decreto de internação-sanção, sob pena de nulidade (art. 43, § 4°, da Lei do SINASE e art. 15, § 1°, da Res. CNJ n. 165/12).

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• UNIFICAÇÃO DE MEDIDAS Se um adolescente cumpriu medida de internação e foi liberado, pode ele voltar ao cumprimento de medida de internação por fato anterior? E por fato posterior? Não pode o adolescente, que já cumpriu medida de internação, voltar a ela por fato anterior (art. 45, § 2°, da Lei n. 12.594/2012). Considera-se absorvida a medida de internação aplicada anteriormente. No entanto, se no curso do cumprimento de medida socioeducativa, ainda que de internação, o adolescente voltar a infracionar e receber nova medida, pode o juízo da execução determinar o reinício do cumprimento da medida. Art. 45, § 1°. “(...) É vedado à autoridade judiciária determinar reinício de cumprimento de medida socioeducativa, ou deixar de considerar os prazos máximos, e de liberação compulsória previstos na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), excetuada a hipótese de medida aplicada por ato infracional praticado durante a execução (grifo nosso)”.

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Por que ocorre de adolescentes retornarem à unidade de internação poucos dias depois da liberação por conta de decisão de Juízo diverso sem que novo ato infracional tenha sido praticado? É comum ocorrer essa situação se não se tem a prática de realização de consulta diária no Portal da Fundação CASA a fim de verificar se o adolescente, em descumprimento de medida socioeducativa, deu nova entrada na Fundação CASA. Com a pesquisa é possível, inclusive, a remessa do processo de execução para o juiz competente a fim de se promover a unificação das medidas. Também importante é o encaminhamento de cópia do mandado de busca e apreensão ao NIDA (Núcleo de Identificação e Documentação do Adolescente) para lançamento no Portal da Fundação CASA. Na prática, ao receber termo de entrega (para os menores) ou termo de liberação (para os maiores), a Fundação CASA realiza consulta naquele Portal para verificação de alguma pendência. Constatada, o Juízo emissor do mandado é comunicado da ordem de liberação para as providências cabíveis. Importante é realizar a consulta no Portal da Fundação CASA antes de se solicitar vaga ou expedir mandado de busca e apreensão a fim de se evitar trabalho desnecessário.

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Como se tem acesso ao Portal da Fundação CASA? A solicitação de senha de acesso ao Portal pode ser realizada pelo e-mail [email protected]

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• CORREGEDORIA PERMANENTE Qual é o procedimento para transferência de adolescente internado (provisória, definitiva ou internação-sanção) para outro Estado da Federação? O pedido de transferência deve ser encaminhado à Corregedoria Geral da Justiça instruído com cópia do PIA do adolescente. Art. 1º, §1º, do Prov. CG n. 15/2014

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Qual é o procedimento para transferência de adolescente internado (provisória, definitiva ou internação-sanção) para outra unidade dentro do Estado de São Paulo? O pedido de transferência deve ser direcionado à Presidência da Fundação CASA. Art. 1º, § 2º, do Prov. CG n. 15/2014 e art. 784 das NSCGJ

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Por que há falta de vagas na Fundação CASA? Motivos: • Ausência de investimento na construção de unidades de internação;

• Orçamento restrito;

• Esquecimento de políticas públicas preventivas, com ênfase na educação,

voltadas para o atendimento de crianças e adolescentes;

• Preocupação com a responsabilização do adolescente em detrimento da garantia de direitos básicos.

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• Breve comentário sobre a Resolução CNJ n. 165/2012

• Procedimento no processo de execução de

medida socioeducativa - SINASE • Perguntas e respostas

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A Resolução CNJ 165/12 estabeleceu normas e o fluxo de procedimento a ser adotado no processo de apuração do ato infracional e na execução de medidas socioeducativas não previstas no SINASE (Lei 12594/2012) • Criou a guia de internação provisória, as guias de execução de medidas

socioeducativas, a guia de internação-sanção e a guia unificadora, definindo os critérios de expedição e a competência dos juízos

• Disciplinou o fluxo das requisições de vagas nas unidades de

internação/semiliberdade e a inserção dos adolescentes nas medidas em meio aberto

• Atentou para a observância da contagem dos prazos para reavaliação da

medida e o controle do prazo de internação provisória • Disciplinou a forma e remessa das guias de execução

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A guia é fundamental no processo de atendimento ao adolescente em conflito com a lei, sendo requisito para o seu ingresso em qualquer unidade de internação/semiliberdade ou de programa/serviço de execução de medida socioeducativa em meio aberto (artigo 5º, Resolução CNJ n. 165/12). Independentemente do número de adolescentes que são partes no processo de apuração de ato infracional e do tipo de medida socioeducativa aplicada a cada um deles, será expedida uma guia de internação provisória ou guia de execução para cada adolescente (artigo 5º, parágrafo único, Resolução CNJ n. 165/12). (A Resolução CNJ 165/12 deve ser utilizada em conjunto com o Provimento CG n. 34/2014, que regulamenta o procedimento interno de tramitação das guias previstas na Resolução)

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• A guia de internação provisória ou guia de execução – provisória ou

definitiva – deve ser expedida pelo juízo do processo de conhecimento (artigo 6º, Resolução CNJ n. 165/12).

• O juízo do conhecimento encaminha a guia e a cópia integral do

expediente ao órgão gestor do atendimento socioeducativo requisitando designação do programa ou da unidade de cumprimento da medida (artigo 6º, §1º)

• O órgão gestor deve responder, em 24 h, concomitantemente, ao juízo do

conhecimento e ao juízo fiscalizador, informando a unidade ou o programa de execução da medida socioeducativa (artigo 6º, §2º)

• Após definição do programa de atendimento ou da unidade, no prazo de

24 h, o juízo do conhecimento deve remeter a guia de execução, devidamente instruída, ao juízo com competência executória, que formará o devido processo de execução (artigo 6º, §3º).

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EXPEDIÇÃO DAS GUIAS O CNACL foi criado em 2009 pelo CNJ e é ferramenta para a expedição das guias previstas na Resolução CNJ n. 165/12. Tipos de guia : • Guia de internação provisória: refere-se ao decreto da internação

provisória (custódia cautelar); • Guia de execução provisória: refere-se à medida socioeducativa aplicada

por sentença não transitada em julgado ou por remissão concedida como forma de suspensão do processo;

• Guia de execução definitiva: refere-se à medida socioeducativa aplicada por sentença ou acórdão transitados em julgado;

• Guia de internação-sanção: refere-se ao decreto de internação previsto no artigo 122, III, do ECA;

• Guia unificadora: é aquela expedida com a finalidade de unificar duas ou mais medidas socioeducativas em face do mesmo adolescente.

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As guias devem estar instruídas com os documentos previstos nos artigos 7º, 8º e 9º, da Resolução CNJ n. 165/12: • documento de identificação do adolescente; • cópias da representação e/ou do pedido de internação provisória; • Cópia da decisão que determinou a internação provisória • certidão de antecedentes, • cópia da sentença ou da remissão concedida como forma de suspensão do

processo cumulada com medida socioeducativa em meio aberto, • cópia dos relatórios técnicos, • histórico escolar, • certidão do trânsito em julgado e, se houver de cópia do acórdão (artigos 9º e

10º, da Resolução CNJ n. 165/12).

Acesso ao sistema CNACL: www.cnj.jus.br/corporativo. A solicitação de senhas de acesso pode ser realizada através do e-mail: [email protected].

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PROCESSAMENTO DA EXECUÇÃO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA – SINASE (pontos a destacar)

A execução das medidas socioeducativas aplicadas por sentença ou em remissão suspensiva será processada em autos próprios, formados pela guia de execução da medida e documentos que a instruem, não podendo ser feita nos autos do processo de conhecimento, nem através de carta precatória (artigo 39 e parágrafo único do SINASE e artigos 11 e §1º, da Resolução CNJ 165/12). As medidas protetivas, de advertência e de reparação do dano, aplicadas isoladamente, serão executadas nos próprios autos do processo de apuração de ato infracional, portanto sem emissão de guia de execução (artigo 38, do SINASE e artigo 7º, do Provimento CG 34/2014)

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GUIA DE EXECUÇÃO Para que seja possível o acompanhamento da ressocialização do adolescente, por meio do devido processo de execução, o juízo de conhecimento deve expedir a guia de execução no CNACL e devidamente instruída, encaminhá-la ao juízo da execução, no prazo máximo de 2 dias úteis subsequentes à definição da unidade de cumprimento da medida (art. 3º, §6º, Prov. CG 30/2015); O juízo com competência executória, ao receber a guia, instruída com os documentos previstos nos arts. 7º, 8º e 9º da Resolução CNJ 165/12, distribuirá no sistema SAJ e instaurado o processo de execução em autos próprios (art. 3º, §§ 3º e 4º, Prov. 34/2014), aguardará a remessa do PIA, que deverá ser enviado pela entidade de atendimento nos prazos previstos no SINASE.

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PIA – PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO

O PIA é uma importante ferramenta no acompanhamento da evolução pessoal e social do adolescente e na conquista de metas e compromissos pactuado com o adolescente e sua família durante o cumprimento de sua medida socioeducativa (artigo 52, SINASE) Recebido o PIA, abre-se vistas ao defensor e ao MP, no prazo sucessivo de três dias, que poderão impugnar ou requerer a complementação do plano (artigo 41 e §§, SINASE). Eventual impugnação não suspenderá a execução do PIA, salvo determinação judicial em contrário (artigo 41, §4º da lei) . E, findo o prazo sem impugnação, o PIA será considerado homologado (artigo 41, §5, SINASE) Na hipótese de modificação das atividades do PIA o órgão gestor deverá ser imediatamente comunicado (artigo 44, SINASE)

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ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO

O juízo da execução acompanha a evolução do processo socioeducativo do adolescente através de relatórios de acompanhamento da medida remetidos pelas entidades de atendimento. Se a unidade gestora da medida comunicar o descumprimento da medida socioeducativa pelo adolescente, após ouvidos o MP e a defesa, o juiz poderá designar audiência de justificação. A audiência será obrigatória se pretender substituir a medida socioeducativa por mais gravosa ou aplicar internação-sanção, após o devido processo legal (inciso II, §4º, art. 43, SINASE e Súmula 265, STJ). No caso da internação-sanção ela só poderá ser decretada em razão de descumprimento de medida socioeducativa aplicada por sentença de mérito. O entendimento dos Tribunais de Justiça tem sido no sentido de ser inaplicável qualquer medida socioeducativa em sede de remissão, ou seja, sem a observância do devido processo legal.

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”... Impossibilidade de aplicação de qualquer medida socioeducativa sem a existência do devido processo legal, no caso procedimento de apuração de ato infracional, Ora, a própria liberdade assistida, imposta de forma inadequada já consistiria constrangimento ilegal da paciente. Destarte, com maior razão a ilegalidade da conversão da liberdade assistida em internação-sanção. Diante de todo o exposto, meu voto concede a ordem para afastar a internação-sanção e a liberdade assistida originalmente imposta.” (HC n. 49.121-0/0-00-SP, Relator Cunha Bueno TJSP – Câmara Especial) “ECA. Regime de internação imposto por descumprimento de medida socioeducativa anterior nos termos do inc. II do art. 122 do ECA e que fora imposta à concessão de remissão. Circunstância por si que não autorizaria a aplicação da internação-sanção. Ilegalidade existente. Ordem concedida.”(HC 50.003.0/5-00, Relator Alvaro Lazzarini TJSP – Cam. Esp)

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REAVALIAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

O SINASE estabelece que as medidas socioeducativas devem ser reavaliadas no máximo a cada seis meses (art. 42). A reavaliação pode ser solicitada a qualquer tempo pelas partes ou direção da entidade de atendimento justificando os motivos do pedido (art. 43). Da reavaliação das medidas executadas, o juiz poderá determinar a suspensão do processo, a substituição (art. 44), a prorrogação e manutenção da medida socioeducativa e extinção do processo socioeducativo (art. 46). Ocorrendo qualquer destas hipóteses, a direção do programa de atendimento deverá ser imediatamente comunicada (artigo 44).

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UNIFICAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Se no curso da execução, sobrevier nova guia executória, a Serventia deverá certificar tal situação e, na sequência, encaminhar os autos ao MP e a defesa, no prazo sucessivo de 3 dias (artigo 45, SINASE). Unificados os processos pelo juiz, deverá ser expedida a guia unificadora, por meio do CNACL, devendo ser arquivados os autos unificados (artigo 11, § 3º , Resolução CNJ 165/12) Na unificação, a medida de internação absorve as medidas aplicadas pela prática de atos infracionais anteriores, mas não isenta o adolescente de responder por outros atos infracionais praticados durante a execução (Artigo 45, §§ 2º e 1º, respectivamente, SINASE)

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REMESSA DOS AUTOS DE EXECUÇÃO

Sempre que o adolescente for inserido em medida mais branda que possa ser cumprida no foro de seu domicílio, para lá serão encaminhados os autos de execução (competência delegada – artigo 147, §2º, do ECA). Quando houver a transferência do adolescente ou modificação do programa para outra Comarca ou Estado da Federação, os autos deverão ser remetidos ao novo juízo responsável pela execução em 72 horas (artigo 12, Resolução CNJ 165/2012) É vedado o processamento da execução por carta precatória (artigo 11, §1º, Resolução CNJ 165/2012)

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PERGUNTAS/RESPOSTAS

• INTERNAÇÃO PROVISÓRIA Quais as providências a serem adotadas quando decretada a custódia cautelar (internação provisória) do adolescente? Se o adolescente estiver custodiado na cadeia, deve ser requisitada vaga à Fundação CASA através da guia de internação provisória (GIP), instruída com os documentos elencados no artigo 7º, da Resolução CNJ 165/12.

E-mail: [email protected] ou fax: (11) 2927.9063.

Na GIP, a data da custódia a ser preenchida é a da efetiva apreensão do adolescente.

Concedida a vaga pela Fundação CASA, o juízo de conhecimento deverá remeter a GIP ao juízo da execução, em 24 h (artigo 6º, §3º da Resolução CNJ 165/2012 e artigo 2º, I, “c”, do Provimento CG n. 34/14)

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Qual o juízo responsável pelo excesso de prazo da internação provisória? É de responsabilidade do juízo que decretou a internação provisória eventual excesso de prazo (artigo 16, §1º, da Resolução CNJ 165/12). O juízo fiscalizador da unidade deve zelar pela exata observância do prazo máximo de 45 dias. Este prazo é contado a partir da data da efetiva apreensão do adolescente. Se houver extrapolação do prazo de 45 dias, o juízo fiscalizador deverá comunicar imediatamente a CGJ (art. 2º, II, “d”, Prov. CG 34/2014) Esgotado o prazo de 45 dias da internação provisória ou determinada a liberação, por qualquer motivo, antes de expirado o prazo referido, a decisão judicial deverá ser informada imediatamente à Fundação CASA e ao juízo fiscalizador da unidade (artigo 17, da Resolução CNJ 165/12)

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• GUIA DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIA (GIP) Vencido o prazo de 45 dias e não tendo sido prolatada sentença, o adolescente é liberado e a Comarca para onde se encaminhou a guia de internação provisória está devolvendo a GIP para o juízo de conhecimento. O que fazer com esta guia? Esta GIP deverá ser apensada ao processo que motivou sua expedição pelo juízo do conhecimento. A Comarca está seguindo a recomendação do Comunicado CG n. 28/2016 que autoriza ao juízo fiscalizador devolver a GIP ao juízo do conhecimento quando o adolescente é liberado sem prolação de sentença (“... RECOMENDA também que, em caso de improcedência, concessão de remissão ou liberação do adolescente, inclusive para responder ao processo em liberdade, deverá o juízo fiscalizador devolver a Guia de Internação Provisória (GIP) ao juízo do conhecimento para apensamento ao processo que motivou sua expedição.”)

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• DISTRIBUIÇÃO DA GUIA DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIA Nesta Comarca há distribuição de várias guias de internação provisória. No entanto, muitas vezes a custódia é revogada e o adolescente é liberado e a GIP fica sem andamento até a sentença. Há a obrigatoriedade da GIP ser distribuída? Sim. A obrigatoriedade da distribuição da guia de internação provisória no SAJ está prevista no artigo 2º, do Provimento CGJ 34/2014: ”... b) Cadastrar a GIP no sistema informatizado com a classe e assunto indicados na tabela em anexo:...” (processo administrativo – internação provisória - art.108, ECA) Se a custódia cautelar é revogada, pode ser aplicada a recomendação do Comunicado CG n. 28/201, ou seja, apensar a GIP ao processo de conhecimento que motivou sua expedição procedendo-se a anotação necessária no SAJ.

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• DISTRIBUIÇÃO DA GUIA DE EXECUÇÃO (GEX) Há a necessidade de distribuir a guia de execução no juízo de conhecimento para depois remeter os autos ao juízo da execução competente? Não. Cabe ao juízo de conhecimento apenas extrair a guia de execução – provisória ou definitiva no sistema do CNJ – “CNACL” e instruí-la com os documentos pertinentes para remessa ao juízo da execução (artigos 6º, §3º e 9º, da Resolução CNJ 165/12) É o juízo com competência executória que deve formar o devido processo de execução (art. 6º , §3º, parte final, da Resolução CNJ 165/12)

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Quais providências o juízo da execução deve adotar quando do recebimento da guia de execução? • Conferir se a guia está corretamente preenchida e instruída com toda a

documentação necessária (artigos 7º, 8º e 9º, da Resolução CNJ n. 165/2012 ou artigo 786 e 790, das NSCGJ). Caso não, o juízo da execução poderá solicitar complementação ou devolver a guia para retificação;

• pesquisar no SAJ se o adolescente conta com outro(s) processos(s) de execução em andamento. Em caso positivo, deverá ser realizado o apensamento da nova guia aos autos de execução em trâmite para oportuna unificação das execuções;

• em se tratando de execução de internação e/ou de semiliberdade, pesquisar no Portal da Fundação CASA para verificar se o adolescente cumpre a medida na sua comarca;

• cadastrar a guia no SAJ com a classe e assunto indicados na tabela anexa ao Provimento CG n. 34/2014 (código: “1465”; classe: “Execução de Medidas Socioeducativas” e assunto: “a medida da GEX”) ;

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• PROCESSOS DE EXECUÇÃO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA

Adolescente já cumpre medida socioeducativa de internação na Fundação CASA. Em outro processo de apuração de ato infracional a representação foi julgada procedente e aplicada nova internação ao adolescente. É o caso de expedir mandado de busca e apreensão e, só após, expedir a guia de execução provisória? Se o adolescente já está internado em unidade da Fundação CASA, desnecessária a expedição de mandado de busca e apreensão, bastando expedir a guia de execução da nova medida, instruí-la com os documentos mencionados no artigo 9º, da Resolução CNJ 165/2012 e encaminhá-la ao órgão gestor do atendimento socioeducativo E ao juízo da execução competente.

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Em relação à unificação de medida socioeducativa, qual o juízo competente para unificá-las quando o adolescente está internado em uma comarca e surge execução com internação de outra? A competência é do juízo da execução da comarca onde o adolescente cumpre a medida socioeducativa de internação. A este juízo caberá determinar o apensamento dos processos de execução e proceder à unificação, após ouvidos o Ministério Público e o defensor (artigo 45, do SINASE).

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Qual o procedimento para confecção da guia unificadora de medida socioeducativa? Proferida decisão de unificação das medidas socioeducativas pelo juiz da execução, o Cartório deverá: • Expedir a guia unificadora no CNACL (artigo 11, §3º, da Resolução CNJ

165/2012), • imprimir a GUM e • juntá-la no processo onde se acompanhará a execução (processo de

execução de medida socioeducativa unificador • A baixa no CNACL das demais guias abrangidas na unificação se dá

automaticamente quando da emissão da GUM. (Previsão no artigo 5º, I a III, do Provimento CG n. 34/2014).

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Como proceder quando o juiz decreta a internação-sanção do adolescente? O juízo da execução responsável pela medida originária deverá: • registrar no CNACL a guia de internação-sanção; • imprimi-la; • juntá-la no processo de execução da medida socioeducativa, • cadastrar no SAJ-PG5 o assunto “internação-sanção” (artigo 6º, I e II, do

Provimento CG n. 30/2015); • Requisitar vaga à Fundação CASA, em 24 horas, contados da data da decisão

(artigo 6º, §1º da Resolução CNJ 165/12 e artigos 784 e 787 das NSCG) • Remeter a GIS e os documentos referidos no artigo 9º da Res. CNJ 165/12 ao

juízo responsável pela fiscalização da unidade de atendimento (artigo 6º, III, do Provimento CG n. 30/2015)

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• GUIAS DO CNJ – CNACL

A expedição das guias no site do CNJ depende de determinação expressa do juiz ou pode ser entendida entre os atos ordinatórios passíveis de iniciativa do escrevente? Não depende de determinação judicial a expedição das guias de internação provisória, das guias de execução ou da guia de internação-sanção, pois está disciplinada na Resolução CNJ n. 165/2012 e regulamentada pelo Provimento CG n. 34/2014.

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Quando a guia deve ser atualizada no site do CNJ? • Na oportunidade em que o juízo da execução receber a comunicação do trânsito

em julgado da sentença, nesse caso, a GEX deve ser reimpressa e juntada aos autos de execução (artigo 10,§1º, da Resolução CNJ n. 165/2012);

• quando houver alteração ou substituição da medida socioeducativa, inclusive decreto de internação-sanção;

• após a decisão de unificação dos processos de execução, quando a guia unificadora das medidas deverá ser emitida (artigo 11, §3º, da Resolução CNJ 165/2012)

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Qual é o momento da baixa da guia no site do CNJ? • Quando esgotado o prazo de 45 dias da internação provisória e determinada a

liberação do adolescente ou, quando liberado, por qualquer motivo, antes de expirado o prazo referido, deve o juízo do conhecimento providenciar a imediata baixa da GIP no sistema CNACL (artigo 17, da Resolução CNJ n. 165/2012).

• Na oportunidade da extinção da medida socioeducativa deve o juízo da execução providenciar a imediata baixa da GEX no sistema CNACL (artigo 18, da Resolução CNJ n. 165/2012).

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Quando não é ofertada vaga pela FUNDAÇAO CASA deve ser baixada a guia da internação provisória no sistema CNACL? Se o juízo do conhecimento revogar a custódia cautelar e determinar a liberação do adolescente, sim, deve ser providenciada a imediata baixa da GIP pelo juízo do processo de conhecimento (artigo 17, da Resolução CNJ n. 165/2012).

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Quando o processo de execução é remetido/redistribuído para outra Comarca há a necessidade de alterar a guia no site do CNJ? A guia de execução deve ser atualizada com a medida socioeducativa em curso, isto é, na hipótese de substituição por medida mais gravosa ou mais benéfica, cumprimento de acórdão, etc. Não é o caso de emitir nova guia de execução, apenas atualizar a já existente.

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• CARTA PRECATÓRIA (VEDAÇÃO)

Se o adolescente estiver internado em unidade de outra Comarca de São Paulo como requisitá-lo para ele ser ouvido em processo de apuração de ato infracional? O juízo da comarca em que tramitar este processo deverá requisitar o adolescente diretamente à Fundação CASA, com antecedência, a fim de ser ele ouvido pelo juízo processante, não havendo necessidade da intervenção do juízo fiscalizador da unidade. É vedado expedir carta precatória para a oitiva do adolescente. (artigo 1º, do Provimento CG n. 03/2015: “O adolescente que estiver internado, provisoriamente ou definitivamente, em unidade fora da comarca em que tramitar o processo de apuração de autoria de ato infracional será requisitado diretamente para a Fundação CASA, com antecedência, a fim de ser ouvido pelo juízo processante, vedada a deprecação do ato”.)

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Se o adolescente muda de residência ou é transferido de unidade para outra comarca, como proceder? O juízo da execução declina da competência e a delega para o juízo do local onde o adolescente reside ou cumpre a medida socioeducativa, nos termos do artigo 147, §2º, do ECA. Os autos de execução deverão ser remetidos e/ou redistribuídos para a comarca competente, no prazo de 72 horas (artigo 12, da Resolução CNJ n. 165/2012). É vedado o processamento da execução por precatória (artigo 11, §1º, da Resolução CNJ n. 165/2012). (A execução da medida socioeducativa deve ser processada em autos próprios, formados pela guia de execução e documentos que a acompanham).

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• SAJ DIGITAL Nos processos de conhecimento infracional, depois da representação ministerial, o cartório digitaliza as peças e os autos físicos devem aguardar determinação da CGJ para futura inutilização? Não mais, pois a Corregedoria Geral da Justiça já disciplinou sobre o assunto. Os autos físicos devem permanecer em Cartório até o trânsito em julgado da sentença. Transitada em julgada a sentença, os autos serão arquivados definitivamente. Comunicado CG n. 437/2016 – DJE 04/04/2016 - “...os inquéritos policiais, termos circunstanciados de ocorrência e procedimentos investigatórios de atos infracionais após digitalizados serão arquivados definitivamente somente após o trânsito em julgado da sentença.”

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Como proceder nos casos em que já existem autos físicos de execução de medida socioeducativa e surge nova medida aplicada em outro processo de conhecimento digital, gerando nova guia de execução de medida para ser apensada e unificada. Esta outra guia será digital? Não. Esta nova guia de execução deverá ser materializada. Se já existe processo de execução físico em andamento, então a nova guia de execução deverá ser materializada e tramitará no formato físico. O artigo 1218, parágrafo único do Provimento CG n. 21/2014 estabelece: “se o foro destino da redistribuição possui tramitação híbrida, os processos físicos continuarão a tramitar em meio físico”.

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Nos casos que já tramitam autos digitais de execução e outro processo de execução é recebido no formato físico. Como proceder com estes autos físicos para apensá-los aos autos digitais em andamento? Para possibilitar o apensamento e a unificação, o processo físico deverá tornar-se digital, porque o processo de execução de medida unificador (“principal”) já tramita em meio digital. • No sistema SAJ-PG5, no menu ajuda, há instruções para digitalização de

peças e como tornar o processo digital. • No SAJ, clicar “Cadastro” – “Digitaliza peças” e “Tornar processo digital”. • As principais peças do processo físico deverão ser digitalizadas. Comunicado CG n. 1355/2016 (DJE 09/08/2016) : “... para o cumprimento do artigo 5º do Provimento CG n. 34/2014 o processo de execução de medida socioeducativa unificador tramitará em meio digital, portanto, por ocasião da unificação das guias deverão ser digitalizadas as principais peças das medidas socioeducativas que tramitem em meio físico.”