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1 CAPITAL INTELECTUAL – O CONTRIBUTO INVISÍVEL Carmem Teresa Pereira Leal Professora Auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Departamento de Economia, Sociologia e Gestão Carla Susana Encarnação Marques Professora Auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Departamento de Economia, Sociologia e Gestão Mª Teresa Fernández Rodríguez Profesora Asociada de la Universidad de Vigo Facultad de CC Empresariales y Turismo. Campus de Ourense Área Temática : D) Contabilidad y Control de Gestión Palavras-chave : Capital Intelectual, Ativos Intangíveis, Desempenho Empresarial e Mensuração. 60d

CAPITAL INTELECTUAL – O CONTRIBUTO INVISÍVEL … · Esta comunicação pretende ser uma sinopse não exaustiva dos principais conceitos do Capital Intelectual, a sua capacidade

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CAPITAL INTELECTUAL – O CONTRIBUTO INVISÍVEL

Carmem Teresa Pereira Leal

Professora Auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento de Economia, Sociologia e Gestão

Carla Susana Encarnação Marques

Professora Auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento de Economia, Sociologia e Gestão

Mª Teresa Fernández Rodríguez

Profesora Asociada de la Universidad de Vigo

Facultad de CC Empresariales y Turismo. Campus de Ourense

Área Temática: D) Contabilidad y Control de Gestión

Palavras-chave: Capital Intelectual, Ativos Intangíveis, Desempenho Empresarial e

Mensuração.

60d

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CAPITAL INTELECTUAL – O CONTRIBUTO INVISÍVEL

Resumo

Num tempo de aumento de competitividade e de constante evolução dos mercados, a

forma como as empresas impulsionam e gerem o seu Capital Intelectual é crucial para o

seu sucesso.

Neste contexto, e no caso particular das empresas europeias, é determinante que os

gestores sejam sensibilizados para a necessidade de serem traçados novos caminhos em

busca da excelência que devem passar pelo investimento, gestão e valorização deste

recurso.

Esta comunicação pretende ser uma sinopse não exaustiva dos principais conceitos do

Capital Intelectual, a sua capacidade de criação de valor e levantar ainda algumas

questões ligadas à sua valorização. Pretende ainda ser uma primeira abordagem que

servirá de base de trabalho a investigações futuras.

Resumen

En una época de aumento de la competencia y de constante evolución de los mercados,

el modo en que las empresas impulsan y gestionan su capital intelectual es crucial para

su éxito.

En este contexto, y en el caso particular de las empresas europeas, es crucial que los

directivos sean sensibles a la necesidad de establecer nuevos caminos en la búsqueda de

la excelencia que deben pasar por la inversión, la gestión y valoración de este recurso.

Esta comunicación pretende ser un resumen no exhaustivo de los principales conceptos de capital intelectual, su capacidad para la generación de valor y plantear

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1. Introdução

Na atualidade tem vindo a ser evidenciada de forma crescente a existência de uma

ligação positiva entre o desenvolvimento do capital intelectual (CI) e o desempenho

organizacional. Considera-se, sem sombra alguma de dúvida, o conhecimento como um

recurso fundamental, por constituir-se na principal fonte de competitividade das empresas,

uma vez que os recursos materiais, estruturais e tecnológicos são mais facilmente

adquiridos por todas as organizações.

Na sociedade do conhecimento, a base para o sucesso e até para a sobrevivência

das organizações centra-se nas pessoas, pois estas constituem a fonte de aprendizagem

e de inovação. É indispensável, assim, por parte dos responsáveis pelas organizações,

fomentar determinados tipos de comportamentos para que o ambiente organizacional seja

propício à existência de um fio condutor que indique o caminho para o êxito.

Neste contexto, e com base numa revisão sistemática da investigação neste campo,

as quatro principais contribuições desta comunicação pretendem ser:

(1) Fornecer uma sinopse não exaustiva do que se sabe atualmente sobre o

papel do CI dentro das empresas, identificando, para isso, os elementos-

chave do conceito;

(2) Averiguar, com base nos trabalhos já publicados, se é possível sustentar a

tese de que o investimento em CI proporciona benefícios ao desempenho

organizacional, sendo uma “nova”, embora invisível, fonte de valor;

(3) Alertar para o fato de que a inadequada valorização deste recurso pela

contabilidade tradicional pode trazer consequências indesejáveis para as

empresas.

(4) Finalmente identificam-se algumas questões pertinentes, ligadas à

contabilidade, que estarão na base de investigações futuras.

2. O novo paradigma do conhecimento

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Historicamente, os ativos fixos e financeiros desempenharam um papel crítico no

processo de criação de valor para as organizações (Campisi & Costa, 2008; Costa, 2012;

Isaac, Herremans & Kline, 2010). Hoje em dia, esses ativos, reconhecidos no balanço,

ocupam um segundo lugar perante formas mais intangíveis de capital, geralmente não

evidenciadas no balanço das empresas (Ricceri & Guthrie, 2009; Whittington, Owen-Smith

& Powell, 2009). Ativos físicos, como as instalações, equipamentos ou ativos financeiros

são necessários, mas já não são suficientes para atingir os objetivos das organizações

(Guthrie, Ricceri & Dumay, 2012; Lev, 2001; Merchant & Van der Stede, 2007). Isto

deveu-se fundamentalmente às mudanças na economia global, como um acesso mais

fácil aos mercados de capital, melhores telecomunicações e os rápidos avanços na

tecnologia. Embora seja difícil apontar exatamente quando teve início a nova economia ou

era da informação, Wall (2005) afirma que, desde os anos 70, começou a ser registada

uma mudança definitiva para uma era pós-industrial. Nas empresas da nova economia, a

ênfase no capital humano das organizações reflete a visão de que o valor de mercado

depende menos de recursos tangíveis e mais dos intangíveis, particularmente dos

recursos humanos. Recrutar e reter os melhores funcionários é, entretanto, apenas parte

da equação. A organização tem também de aproveitar as habilidades e as capacidades

dos seus colaboradores, incentivando a aprendizagem individual e organizacional e

proporcionando um ambiente favorável em que o conhecimento possa ser criado,

compartilhado e aplicado (e.g., Becker & Gerhart, 1996; Guest, Michie, Sheehan, Conway

& Metochi, 2000; Stiles & Kulvisaechana, 2003).

A competitividade encontra-se, assim, baseada em ativos mais difíceis de avaliar

como é o caso das marcas, dos relacionamentos que produzem boa reputação, ou das

capacidades e competências internas que os clientes valorizam e que são difíceis de

replicar. Todo este conjunto é reconhecido como CI, constituindo um dos fatores de

sucesso mais críticos da era da informação. Esta "novidade" tem profundas implicações

para as organizações e para a sua gestão, especialmente em termos de definição da sua

estratégia competitiva, estrutura organizacional e avaliação de desempenho. A nova

economia exige uma nova atitude de gestão: gestão do conhecimento, o que significa

planeamento, coordenação e controle dos fluxos de conhecimento que são produzidos na

empresa em conexão com as suas atividades e o seu ambiente de forma a criar

competências essenciais básicas (Campos, 1999).

3. Capital Intelectual

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A abordagem ao conceito de CI começou por ser uma preocupação do sector

empresarial, para explicar a diferença entre o valor de mercado e valor contabilístico de

uma empresa cotada no mercado, diferença essa que pode ser explicada pelo preço que

os investidores atribuem aos ativos intangíveis das empresas que não podem ser

avaliados de uma forma precisa, mas que têm potencial para gerar valor para os

investidores no futuro. Assim, desde o final do século passado até à atualidade muito se

tem escrito sobre os recursos intangíveis das empresas e a sua importância (e.g. Guthrie,

Ricceri & Dumay, 20121; Cañibano, García-Ayuso & Sánchez, 2000; Dumay, 2009b;

Skinner, 2008; Wyatt, 2008), mas, em particular, sobre a mensuração e divulgação do CI

(Dumay, 2009a; Guthrie, Petty & Johanson, 2001; Guthrie, 2001; Marr & Chatzkel, 2004).

No caso específico da medição do CI, tem existido um trabalho sistemático de criação de

quadros de referência, índices e diretrizes de suporte aos conceitos teóricos (Bontis,

Dragonetti, Jacobsen & Roos, 1999; Danish Agency of Trade and Industry, 2000; Lev,

2001; MERITUM, 2002; Mouritsen, Larsen & Bukh, 2001; Sveiby, 1997), embora nenhuma

dessas opções tenha sido desenvolvida de acordo com os princípios contabilísticos (Marr,

Gray & Neely, 2003). Em 2008, a Federação Europeia das Sociedades de Analistas

Financeiros (EFFAS, 2008) preparou um conjunto de dez recomendações sobre a

divulgação do CI mas que, igualmente, não teve em conta a perspetiva contabilística.

Como se pode observar, a literatura na área de medição do CI tem vindo a crescer

continuadamente na tentativa de desenvolvimento de métricas que informem sobre a

formulação e implementação da estratégia, que melhorem a divulgação, construam

referenciais e que ajudem a prever o possível desempenho futuro do negócio.

Podemos assim destacar três principais passos na evolução da metodologia do CI

(Rybinski, 2009):

− Finais dos anos 80 – primeiras tentativas para definir algumas normas

relacionadas com o CI. Foi publicado o modelo de Karl Sveiby (Sveiby,

1997). Este autor dividia os ativos intelectuais em três categorias: os

relacionados com as competências individuais e aqueles relacionados com

1 Neste estudo é sintetizada uma década de investigação sobre o Capital Intelectual nas principais revistas especializadas na área, Journal of Human Resource Cost and Accounting e Journal of Intellectual Capital e em mais oito revistas generalistas reconhecidas internacionalmente na investigação em Contabilidade. Os autores construíram uma base de dados de 423 artigos, tendo concluído que as revistas generalistas publicaram apenas 18% desse total.

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as estruturas externa e interna das organizações. Este modelo foi utilizado

por inúmeras empresas escandinavas.

− Início dos anos 90 – em 1994 surge o primeiro relatório de contas que incluía

a divulgação sobre Capital Intelectual2.

− Meados da década de 90 – são publicados alguns livros importantes

relacionados com esta temática3.

Ainda nos finais da década de 90 alguns órgãos normalizadores produziram normas

sobre esta temática. O IASB4 emitiu em 1998, a IAS 38 – Intangible Assets sobre a

contabilização dos ativos intangíveis5. Essa norma define um ativo intangível como “um

ativo não monetário identificável, sem substância física, detido para uso na produção ou

fornecimento de bens ou serviços, para arrendar a outros, ou para finalidades

administrativas.” A definição inclui as características essenciais de um ativo: um recurso

controlado pela empresa resultante de transações ou acontecimentos passados e que

representem um benefício económico futuro. Mas não basta satisfazer estas condições

para que um intangível seja reconhecido como um ativo. A IAS 38 explicita ainda que

cumulativamente é necessário que “o custo do ativo possa ser fiavelmente mensurado”.

Para o FASB6 (SFAC 6, §26), o CI pode ser definido de duas formas: ativos

intangíveis combinados que permitem o funcionamento da empresa e a manutenção de

uma vantagem competitiva, ou como a diferença entre o valor real de mercado da

empresa e o valor real de mercado dos ativos tangíveis menos os seus passivos.

Apesar da multiplicidade de estudos sobre o tema, de forma algo consensual,

acabam quase todos por expressar que o conceito de CI conduz à necessidade de

aplicação de novas estratégias de gestão e, sobretudo, de formas inovadoras de

avaliação do valor da empresa que abarque os recursos do conhecimento (Mertins &

Orth, 2011).

2 Skandia (1994).

3 Sveiby (1997), Stewart (1997), Edvinsson e Malone, (1997), Ross, Ross, Edvinsson e Dragonneti (1997). 4 International Accounting Standards Board. 5Traduzida para o normativo português SNC – Sistema de Normalização Contabilística pela NCRF 6 – Ativos Intangíveis. 6 Financial Accounting Standards Board.

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O CI é um capital não financeiro que representa a lacuna oculta entre o valor de

mercado e o valor contabilístico de uma empresa, sendo, portanto, a soma do Capital

Humano e do Capital Estrutural (Edvinsson & Malone, 1997). Estes autores servem-se de

uma metáfora para exemplificar o conceito. Segundo eles, o CI assemelha-se a uma

árvore, e explicam que as partes visíveis da árvore, tronco, galhos e folhas, representam

a empresa conforme é conhecida pelo mercado e expressa contabilisticamente as suas

demostrações financeiras, ou seja, representam os ativos e os recursos tangíveis. O fruto

produzido por essa árvore representa os lucros e os produtos da empresa. As raízes, que

se encontram abaixo da superfície, representam os ativos e recursos intangíveis. Para

que a árvore floresça e produza bons frutos, necessita de raízes fortes e saudáveis.

Embora uma análise de frutos e folhas possa dar uma boa ideia da saúde presente da

árvore, somente uma investigação às suas raízes é que nos daria uma ideia da sua saúde

futura. É indispensável por isso, para qualquer organização, a presença de capital

humano qualificado caracterizado pelo conhecimento adquirido e experiência

acumulada, com vista a alcançar os seus objetivos e aumentar a sua riqueza.

O termo CI apresenta, na atualidade, algumas conotações complexas, sendo

inúmeras vezes utilizado como sinónimo de "capital intangível", "ativos intelectuais"

"capital do conhecimento" e até mesmo de "goodwill" (Fazlagic, 2005; Zéghal & Maaloul,

2011).

Hunter, Webster e Wyatt (2005) especificam a diferença entre CI e capital intangível.

Estes autores sugerem, que de acordo com a literatura económica, o CI é visto como um

subconjunto do capital intangível, onde o termo "intangível" refere-se a ativos sem

substância física e "capital" refere-se aos bens retidos pela organização para contribuir

para os lucros futuros.

De acordo com Zéghal e Maaloul (2011) esta definição é consistente com o

esquema de classificação publicada por Blair e Wallman (2000) que caracterizaram os

ativos intangíveis pelo grau de dificuldade na definição de direitos de propriedade ou de

controlo e, mais geralmente pela dificuldade de mensuração. Como resultado, podemos

ter:

− Intangíveis para os quais existam mercados (geralmente podem ser

comprados e vendidos) e os seus direitos de propriedade sejam

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relativamente claros. Dentro dessa categoria, dois tipos de ativos intangíveis

podem ser distinguidos:

− Ativos, tais como patentes, direitos autorais e marcas comerciais.

− Acordos comerciais, licenças e bases de dados

− Intangíveis controlados pela empresa, mas para os quais os direitos de

propriedade podem não existir e os mercados são fracos ou inexistentes.

Exemplos: processos de I&D, os segredos de negócios ou a reputação da

empresa.

− Intangíveis para os quais a empresa tem poucos, ou nenhuns, direitos de

propriedade e os mercados são inexistentes. Estes encontram-se vinculados

às pessoas que trabalham para a empresa. Exemplos disso são os recursos

humanos, estruturais (ou organizacionais) bens e ativos relacionais, isto é,

os componentes do CI.

Em suma, para Blair e Wallman (2000) e para Zéghal e Maaloul (2011) o CI constitui

o conjunto de recursos mais difícil de controlar e avaliar. Contudo, a importância deste

recurso pode ser inclusivamente demonstrada pelos números. Na Europa (G6 e UE-15)

os investimentos em I&D atingiram, em 2002, valores equivalentes a um terço da

produção económica desses países (EFFAS, 2008).

Segundo Wyatt e Frick (2010) para qualquer organização o CI representa o conjunto

de inputs que serão transformados no interior da organização em resultados específicos

(figura 1).

Figura 1 – Capital Intelectual segundo WYATT e FRICK (2010)

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Fonte: Adaptado de Wyatt e Frick (2010).

Com base na figura anterior é possível verificar que os inputs incluem um vasto

conjunto de esforços e gastos direcionados a atividades como o recrutamento de pessoal,

o desenvolvimento e a implementação de sistemas de retenção e de incentivos aos

recursos humanos, formação e orientação. As instituições podem inclusivamente recorrer

à subcontratação ou podem ainda adquirir CI através das fusões e aquisições. Como se

pode ver através da figura anterior, os outputs conseguidos repartem-se entre os

resultados para a empresa e para os seus funcionários. Desta forma, parte do

investimento em capital humano traduz-se em competências acumuladas nos seus

recursos humanos, dado que aprimoram conhecimentos e capacidades técnicas. Em

termos organizacionais, o investimento em CI pode resultar numa vantagem competitiva

de longo prazo dependendo do tipo de organização e da forma como se relaciona com os

seus recursos humanos e consegue retê-los. Segundo os autores citados, regularmente,

uma grande parte do conhecimento acumulado permanece no interior da empresa.

Na opinião de Stewart (1997) CI é a soma dos conhecimentos e competências de

cada indivíduo numa empresa que, juntos, podem criar uma vantagem competitiva.

Edvinsson, Kitts e Beding (2001) de forma bastante semelhante afirmaram que CI é o que

uma empresa detém em termos de experiência, de conhecimento prático, as suas

tecnologias organizacionais, o seu relacionamento com clientes e habilidades

profissionais que pode utilizar para aumentar sua vantagem competitiva no mercado.

Já a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE, 2008)

define CI como um "recurso utilizado na criação de valor futuro, sem a incorporação

física" e inclui: a propriedade intelectual, o Capital Relacional, Capital Humano e Capital

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Organizacional. Diversos autores referem-se a estas três categorias (Capital Relacional,

Capital Humano e Capital Organizacional) no âmbito da definição de CI, sendo que o

valor criado para a organização resulta da interação dos seus diferentes elementos (Atrill,

1998;, Lynn, 1998; Dzinkowski, 2000; Wall, 2005; Kristandl & Bontis, 2007). Para uma

melhor explicitação destas categorias podemos citar alguns exemplos e indicadores

destes elementos:

− Capital humano – satisfação e motivação dos recursos humanos,

conhecimento técnico, competências, capacidades de liderança, espírito de

equipa, competências, estabilidade, nível de investimento em formação dos

recursos humanos, baixa rotatividade, nº de funcionários em regime de

dedicação exclusiva, entre outros.

− Capital relacional – satisfação, nº de marcas, fidelidade dos clientes,

parcerias, quota de mercado, relacionamento com fornecedores, duração do

relacionamento com clientes, entre outros.

− Capital organizacional – nº de novos serviços prestados, aplicação efetiva do

conhecimento existente, mecanismos de transmissão do conhecimento,

alinhamento do conhecimento com a estratégia organizacional, cultura

organizacional, propriedade intelectual, marcas e patentes, filosofia de

Gestão, novos processos, situação financeira, sistemas de informação,

investimento em tecnologia da informação, eficiência da estrutura

organizacional, entre outros.

Para qualquer organização o capital humano é a fonte primordial de inovação e

renovação sendo a categoria que distingue uma organização das demais, através da

imagem e práticas reconhecidas no mercado, construídas pelos seus recursos humanos

(Wall, 2005; Wright, Dunford & Snell, 2001; Kaplan & Norton, 1993; Harvey & Lusch,

1999; Sveiby, 1997).

É possível desta forma constatar que o termo CI é frequentemente utilizado na

gestão, contudo, todas as referências conduzem ao mesmo caminho: o valor do

conhecimento ou das relações das pessoas, da gestão dos recursos humanos, dos

clientes e das outras partes interessadas. É caracterizado pela sua invisibilidade, pela

dificuldade de quantificação, pela dificuldade de aquisição ou imitação, pela

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permeabilidade às regras contabilísticas. Ainda assim, o CI engloba não só os

conteúdos das mentes dos trabalhadores, mas também a estrutura complexa intangível

que os rodeia e faz a função de organização, sistematização e operacionalização de todo

o processo de produção de valor.

Como cômputo geral, a base para o sucesso das organizações centra-se nas

pessoas pois estas constituem a fonte de aprendizagem e de inovação.

4. Capital Intelectual e a criação de valor nas organizações

Os recursos humanos conseguem criar valor para a empresa através da aplicação

das suas contribuições intelectuais e dos seus esforços manuais no local de trabalho. O

CI é, por inerência, heterogéneo e os resultados são, portanto, menos previsíveis

relativamente aos ativos físicos. No entanto, os investimentos em capital humano

normalmente apreciam com o tempo, ao invés de depreciar (Webster, 1999).

O investimento em CI pode assim estimular, em algumas circunstâncias, um

crescimento sustentado. Essa possibilidade tem justificado, em parte, um longo debate

sobre as práticas de contabilidade no que diz respeito aos investimentos em CI.

Existe uma corrente que afirma que o CI está a aumentar em importância como um

fator de produção (Hunter, Webster & Wyatt, 2010). Os apologistas desta ideia

argumentam que o CI é hoje mais importante porque as novas tecnologias estão mais

dependentes de recursos intangíveis do que de ativos fixos (Wyatt & Frick 2010; Webster,

1999).

É inquestionável que o produto resultante do investimento em ativos intangíveis é

um valor indireto. As melhorias introduzidas através de investimentos em ativos

intangíveis afetam os resultados financeiros através de uma cadeia de relações de causa-

efeito. Senão vejamos:

Figura 2: A criação de valor através do investimento em intangíveis

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Fonte: Adaptado de Bueno (2001).

A cadeia de relações de causa-efeito tem início, por exemplo, no investimento em

formação dos recursos humanos que por sua vez vai aumentar a qualidade dos serviços

prestados e que no médio e longo prazo acaba por promover uma carteira de clientes

satisfeitos e fiéis proporcionando resultados e rendibilidades superiores.

É preciso realçar que, para que todo este processo realmente resulte, o valor

resultante dos ativos intangíveis deve depender do contexto e da estratégia

organizacional. Este valor não pode ser em situação alguma separado dos processos da

organização que transforma os intangíveis em resultados financeiros.

É possível portanto concluir que o valor criado não reside num ativo intangível em

especial. Resulta antes do alinhamento do conjunto desses ativos intangíveis com a

estratégia da empresa. O processo de criação de valor é, sem margem para dúvidas,

multiplicativo e não aditivo (Bueno, 2001).

Em síntese, regra geral, o retorno dos investimentos em CI têm sido definidos com

base na análise das relações de causa-efeito entre as iniciativas ligadas à gestão do

conhecimento e as melhorias no desempenho organizacional (Carlucci & Schiuma, 2006;

Firestone, 2001; McKeen, Zack & Singh, 2006; Meenakshi & Smith, 2002). Os estudos

levados a cabo enfatizam a importância da avaliação dos resultados do investimento em

CI, não apenas para determinar a sua eficiência, como também para, por ventura,

conseguir identificar a existência de um ativo do conhecimento crítico que deva ser sobre

o qual se deva centrar as atenções no intuito de se aperfeiçoar o desempenho

empresarial (e.g., Campisini & Costa, 2008; Carlucci, Marr & Schiuma, 2004; McKeen,

Zack & Singh, 2006; Robinson, Anumba, Ahmed & Carrillo, 2003).

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5. Valorização do CI - o papel da contabilidade

O modelo contabilístico tradicional avalia a empresa pelo valor histórico dos seus

ativos. Esse modelo conservador não é aplicável à uma empresa do conhecimento em

função dos componentes do custo de um produto serem hoje, em grande parte, ativos

intelectuais (Lev & Zarowin, 1999; Liang & Yao, 2005).

O conservadorismo contabilístico é, segundo Basu (1997) uma tendência do

contabilista para exigir um maior grau de verificação no que diz ao reconhecimento de

ganhos do que ao reconhecimento de perdas. Essa prática resulta, portanto, num

tratamento assimétrico dos ganhos e perdas e, por vezes, na subavaliação dos lucros e,

por consequência, do valor contabilístico no balanço patrimonial da empresa.

No entanto, Lev, Sarath e Sougiannis (2005) referem que nenhuma prática

contabilística aplicada consistentemente pode ser conservadora em toda a vida da

empresa. Por outras palavras, se a empresa começa por ser "conservadora" durante o

início do seu ciclo de vida, tornar-se-ia mais tarde “agressiva", inflacionando os seus

lucros. Neste sentido, as empresas com taxas elevadas de crescimento de I&D em

relação à sua rendibilidade (usualmente indústrias emergentes, como a biotecnologia e as

jovens empresas) relatam o investimento em intangíveis de forma mais conservadora.

Inversamente, as empresas com baixas taxas de crescimento de I&D (empresas na

maturidade) tendem a produzir relatos financeiros mais “agressivos”. O trabalho de

(Monahan, 2005) confirma estas afirmações ao concluir que o tratamento contabilístico

conservador afeta negativamente apenas os rendimentos das empresas que

experimentam um crescimento elevado em I&D. Todavia, essa perda tenderá a ser

revertida algures no futuro (Zéghal & Maaloul, 2011).

5.1. As consequências da valorização do investimento em CI

Neste âmbito, da valorização dos ativos intangíveis gerados internamente, dentre os

quais se destaca o CI, surgem algumas questões que gostaríamos de abordar

empiricamente num trabalho futuro. Estas dúvidas referem-se fundamentalmente às

consequências da inadequada contabilização dos intangíveis gerados internamente.

Relacionam-se basicamente com a relevância da informação financeira e com o valor da

empresa.

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Desta forma, podemos referir, com base na literatura disponível, que a ineficiente

contabilização dos investimentos em intangíveis, de que o CI é um exemplo, parece

conduzir a um decréscimo da relevância da informação financeira publicada (Lev &

Zarowin, 1999; Dantoh, Radhakrishnan & Ronen, 2004; Liang & Yao, 2005). Por outro

lado, tendo em consideração a influência sobre o valor de mercado da empresa, o

consenso parece não existir. Alguns investigadores afirmam que a inadequada

contabilização dos investimentos em intangíveis provocarão a subestimação dos seus

lucros e, por consequência, do seu valor contabilístico. Daí se pode inferir que os

investidores irão subavaliar sistematicamente estas empresas (Monahan, 2005; Eberhart,

Maxwell & Siddique, 2004; Garcia-Ayuso, 2003). Não obstante existirem autores a

defender uma posição contrária (Darrough & Ye, 2007; Seow, Shangguan & Vasudevan,

2006; Skinner, 2008; Campisi & Costa, 2008; Bandeira, 2010; Costa, 2012). Estes

estudos refutam o pressuposto de que os investidores subavaliam as empresas que

investem em intangíveis, apresentando estudos que demonstram uma relação positiva

entre o investimento em I&D e o valor de mercado.

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6. Conclusões e perspetivas futuras

O paradigma do conhecimento despertou novas necessidades de informação, tanto

do usuário interno ou como do externo, uma vez que modificou as fontes de vantagens

competitivas: o conhecimento e a informação.

Ativos intangíveis (invisíveis) geram riqueza organizacional. O fluxo de

conhecimento entre uma empresa e o seu ambiente gera capital intelectual, que é uma

amálgama de conhecimento, de experiência, de aprendizagem organizacional e

competência da empresa.

Portanto, o estabelecimento de um sistema para descrever e medir o CI de uma

empresa (e os seus fluxos) deve ser executado com base na estratégia da empresa. Os

indicadores selecionados devem apresentar uma forte relação com as operações diárias e

devem estar elencados de acordo com sua importância para a estratégia. No presente, e

dentro deste ambiente, apenas sobreviverão as organizações que adotem sistemas de

gestão que incluam o investimento, a valorização e a avaliação do CI.

Esta comunicação pretende ser uma análise não exaustiva do estado da arte de

alguns aspetos do capital intelectual, constituindo um primeiro passo para um estudo mais

amplo, talvez até comparativo, a ser desenvolvido no futuro próximo. No entanto, nesta

altura, é indispensável alertar para a necessidade de aperfeiçoamento da informação

contabilístico-financeira, no sentido de incremento da respetiva quantidade e qualidade,

proporcionando ao investidor a hipótese de uma tomada de decisão melhor sustentada.

Muito já foi feito, contudo, ainda há um longo caminho a percorrer. A menos que

sejamos capazes de traduzir e apresentar o conceito de capital intelectual numa

linguagem e num formato que os gestores possam compreender, o interesse nesta área

permanecerá essencialmente académico. Logo que os gestores tomem consciência da

importância do investimento, da mensuração e da avaliação do CI, conseguirão no futuro,

ao relatar essa informação, aumentar a visibilidade das suas empresas, fomentando uma

cultura de transparência e comunicação e criando um diferencial em relação aos seus

concorrentes.

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6.1. Perspetivas Futuras:

Como foi enunciado, no início desta comunicação, ela pretende ser a base de um

futuro estudo na área da contabilidade. Desta forma, e do que nos foi possível averiguar,

pudemos constatar que, dentro desta temática, levantam-se algumas questões que

gostaríamos de ver respondidas no futuro. Podemos salientar as seguintes:

(1) Existem variáveis que poderão constituir-se como facilitadoras no processo

de estímulo do desenvolvimento do CI dentro das empresas?

(2) A inadequada contabilização dos investimentos em CI pode prejudicar a

relevância da informação contabilístico-financeira publicada?

(3) A inadequada contabilização dos investimentos em CI pode prejudicar a

forma como os investidores olham para as empresas?

Estas são, portanto, as principais questões que persistem após a conclusão desta

comunicação. É nosso objetivo dar seguimento a um trabalho empírico, provavelmente de

caráter comparativo, para tentar dar resposta a estas inquietações científicas.

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