Capitalismo Dependente e Sociedade de Classes Em AL

Embed Size (px)

Citation preview

, A REVOLU~O

LORE DES

TAN

BURGUESA NO BRASIL

FERNA

Sociologo cujas contribui~oes aoeseJ'lVoWiment.e de sua ciencia ja foram objeto de teses universitarias no exterior. fato que confere dimensao internacional ao seu prestigio de cientista social, FLORESTAN FERNANDES tra~a, neste livro, soberbo painel da evolu~ao do capitalismo e da socil!dade de classes no Brasil. Para chegar a conceitua~ao clara e precisa do que seja a nossa "revolu~ao burguesa", FLORESTAN FERNANDES remonta ao processo de forma~ao da economia e da sociedade nacional, desde os tempos em que se iniciou a coloniza~ao. Nao 0 faz, porem, senao para exercer melhor a critica da ordem nacional, a partir de suas estruturas, submetidas a rigol'osa analise. Essa ai~~la~o lhe permite vel' as singularidades brasileiras dos conceitos de "revolu~ao burguesa", "burguesia" e "burgues", conceitos que nao podem ser aplicados no Brasil como simples transposi~ao academica. Capitulos como os que versam sobre 0 "status" colonial, as implica~oes sociais e economicas da Independencia e a forma~ao da ordem social competitiva estabelecem as condi~oes e iluminam os estagios do desencadeamento histOrico da nossa "revolu~ao burguesa". Alto nivel de interesse ganham i~almente as paginas dedicadas ao exame dos problemas da crise cUJ ,poder burgues no Brasil, crise deflagrada pela passagem do capitalismo competitivo ao capitalismo mon:>polista. Desdobra-se essa analise na abordagem do modelo autarquico-burgues de transforma~ao capitalista vigente no Brasil, e das contradi~oes sociais e politicas geradas no interior da nova ordem. Desde 0 inicio do seculo a melhor tradicao da Sociologia e a que a define (CARLBRINKMANN)como "ciencia da oposi~ao", no sentido de que sua missao especifica e 0 exercicio da critica da sociedade. E isso porque ela nunca podera deixar de considerar que a emancipa~lio do homem e a defesa da-mgnidade humana sac a razlio mesma de ser de sua fxistencia. Toda a obra de F'LoRESTAN FERNANDES insere-se ness~ grande tradi~ao cjentifica, recentemente revigorada pOl' autores oom()RENE KOENIGpara nao citar 0 proprio mestre brasileiro.

I

'

A Revolw/iio Burguesa no Brasil torna-se, pOl' capital importancia para a compreen~ao objetiva do tOrico com que nos defrontamos.

ZAHAR

sociais

~EDITORES

(2.- edic;ao)

21

a

CAPITALISMO

DE PENDENTEc Classes Sociais na America Latina

Por menor - e mais melanc6lico - que seja o aproveitamento dos cientistas socia is nos processos de transformac;ao das coletividades hUIlumas, FLORESTANFERNANDES jamais dissociou a Sociologia do debatedos grandes problemas da sociedade em que vive, num permanente esforc;o para projetar ~ ciencia sociol6gica no amago dos processos de CrIse. Os tres ensaios reunidos neste volume nao escapam a essa caractt:ristica do autor: of ere cern suas reac;oes crise estrutural por que est a passando a America Latina e podem ser consider ados como verdadeiros modelos de comu'icac;ao, de sintese c de interpretac;ao global. Fora e acima das universidades e das instituic;oes de pesquisa, aprendemos e amadurecemos a cada convulsao que afeta 0 destino de nossos povos: aprendemos com os humildes. que sofrem a hist6ria, e aDrendemos com os poderosos, que julgam fazer a hist6ria, levando-nos a poder dizer que a sociologia latino-americana, como a hist6ria, sai de nossas pr6prias entranhas. primeiro ensaio, "Pad roes de Dominac;ao Extern a na America Latina", procura caracterizar quatro tipos de dominacao, que foram aplicados na America Latina, mas da especial atenc;ao a forma de dominac;ao que surgiu em conexao com 0 capitalismo monopolista e 0 imperialismo. Por isso a hegemonia dos Estados Unidos e focalizada demodo mais direto, bem como as dificuldades de resolver os problemas existentes atraves do capitalismo dependente. 0 ensaio seguinte, "Problemas de Conceituac;ao das Classes Socia is na America Latina", responde a velha questao: "existem. classes sociais na America Latina"? Embora a maior parte do trabalho seja devotada a analise das estruturas c dinamismo' da sociedade de classes sob 0 capitalismo dependente, tambem foram examinadas as relac;oes entre classe, poder e revoluc;ao social neste contexto. o ultimo ensaio, "Sociologia, Modernizac;ao Auton?ma e Revoluc;ao Social" constitui uma profissao de fe, de natureza cientifica e uma defesa sincera da s~cilogia critica e militante, envolvendo urn diagnostJCO da presente situac;ao hist6rico-social na America ~?tina e uma definic;ao clara dos papeis que o soclologo deve ten tar assumir nos process os em c.urso de modernizac;ao autonoma (controlados efetIvamente a partir de denlro) e de evoluc;ao social. . FLORESTANFERNANDES.ex-professor de Sociolo!lla na Universidade de Sao Paulo, e recentemente, 19691l~72, professor visitante e professor com tenure na . Ul1Ive'!Jdade de Toronto, Canada, e uma das maJores fJguras do pensamento social brasileiro e de grande prestigio para alem de nossas fronteiras. ~utor de numerosos livros, inclusive de Sociedade Po C:laues e Subdesenvolvimento, com duas cdic;oes pul:hcadas nesta mesma colec;ao.

o

ter

trc Ardo:

lisl .hel

ma ospel

E CLASSES SOCIAlS NA AMERICA LATINA III 11111111

cei res na tra din der ent

onOI

fe, soc n6s ricl

o!

curtiva gia 196

na mai

deAUl

deput::

PADROES TINA

DE DOMINAyAO

EXTERNA

NA AMERICA

LA.

capa de E RI C 0

III SOCIOLOGIA, MODERNIZAc;:AO yAO SOCIAL Direitosgia 196

AUTONOMA para a lingua ZAHAR na mai Caixa Postal portuguesa EDITORES 207, ZC-OO, Rio adquiridos

E REVOLU.

deAU1

que se reservamdp.

a propriedade

desta

versao

puc

Ecome~os de 1970, etres abril a julho de entre fins de 1969 ensaios, escritos e de 1971. 0 primeiroSTE LIVRO REUNE

ensaio, "Padroes de Domina~ao Externa na America Latina", foi inieialmente apresentado como conferencia publica, proferida em 10 de mar~o de 1970 em um dos audit6rios da Universidade de Toronto; posteriormente, foi repetida em outras universidades do Canada e dos Estados Unidos. 0 segundo, sob o titulo "Classes Soeiais na America Latina", foi l:.taDoradoespedalmente para 0 Seminaria sabre Classes Saciais na America Latina, organizado pelo Instituto de Investigaciones Sociales da Universidade Nacional Autonoma do Mexico (realizado em Merida, de 11 a 18 de dezembro de 1971), do qual 0 autor foi urn dos tres relatores convidados. 0 terceiro, "Sociologia, Moderniza~ao Autonoma e Revolu~ao Social", foi especialmente escrito, em abril de 1970, para urn livro organizado peIo Professor Oscar A. Varsavsky, 0 qual deveria sair a lume em fins de 1971 ou come~os de 1972, mas acabou nao sendo publicado. Ele foi apresentado oralmente como comunica~ao ao X Cangresso Latino-Americana (Santiago do Chile, 28/8 a 5/9 de 1972 ). Todos os trabalhos sao originais e somente 0 primeiro teve uma edi~ao previa, em ingles, de eircula~ao limitada (Fh restan Fernandes, The Latin American in Residence Lectures, com prefaeio de Kurt L. Levy, Toronto, University of Toronto, 1969-1970). A tradu~ao do ingles foi feita por dois antigos estudantes, que preferem ficar no anonimato. 0 autor fez uma revisao cuidadosa da tradu~ao. Os tradutores prestaram sua colabora~ao graeio~amente e merecem os mais reconhecidos agradecimentos do autor. o Autor aproveita 0 ensejo para tambem agradecer a colabora~ao recebida, a diversos tftulos, de outras r~ssoas: Professor Kurt L. Levy, a quem se deve a publica~ao do opusculo mencionado aeima; Professor Kenneth N. Walker, que ajudou o autor a melhorar 0 seu texto ingles do primeiro ensaio; Ma-

rion Blute e Graig McKie, que auxiIiaram 0 Professor Levy a preparar os textos para a edi~ao em Ingles; Professor Jose Albertino Rodrigues, que teve a generosidade de providenciar a prepara~ao dos originais do segundo capitulo para publica~ao. Muitos amigos de varios lugares do Canada, dos Estados Unidos, de varios pafses da America Latina ou da Europa, e muitos colegas e amigos brasileiros mereciam tambem uma referencia especial, por terem criado oportunidades para a apresenta~ao dos tres ensaios em publico, por discussoes com 0 autor ou por simplesmente terem dado 0 seu .apoio as iniciativas decorrentes. Esses colegas e amigos por varias vezes me ajudaram a tornar menos amarga ou menos diffciI a minha permanencia no exterior, longe da familia. Todavia, e quase imposslvel fazer justi~a a todas as pessoos e sinto que nao tenho como estabelecer uma ordem, numa rela~ao afetiva e de gratidao. Que 0 meu agradecimento permane~a anonimo, como a assistencia que me deram e dao a varios outros intelectuais em condi~oes analogas. Os tres ensaios foram escritos para fins que impunham limita~ao de espa~o e, por vezes, simplifica~ao das discussoes. Por isso, eles nao pretendem esgotar nenhum assunto: oferecern as rea~oes do autor aos temas neles tratados e a crise estrutural por que esta atravessando a America Latina de nossos dias. E evidente e seria inevitavel que contenham limita~oes insanaveis. Todavia, gosto desses ensaios, que valem pelo es, for~o de comunica~ao, de slntese e de interpreta~ao global. Provavelmente, algumas sugestoes ficarao e merecerao a crftica dos entendidos. Mas eles estao sujeitos a uma restri~ao geral: fazem enfase no que, no contexto Iatino-.americano de nossos dias, representa 0 dilema do capitalismo dependente. Com as experiencias socialistas e as impIica~oes reyolucionarias de regimes nacionalistas mistos, haveria elementos para se ampliar 0 plano de discussao e de analise. No entanto, 0 Autor tomou a perspectiva dos pafses que se debatem com 0 dilema, e nao ados palses que tentam supera-lo ou 0 estao superando. Qui~a no futuro possa escrever segundo os moldes academicos e estabelecer compara~oes que nos levem a uma imagem mais completa e profunda da crise do capitaIismo dependente e dos rumos de sua evolu~ao.

des humanas, 0 esfor~o de projetar a Sociologia no amago dos processos de crise e, intelectualmente, sempre compensador. Na America Latina, esse esfor~o possui urn sentido metodologico proprio, preenchendo as fun~oes que A. Comte ja descreveu como sendo as equivalentes da "experimenta~ao indireta". Como temos falta de pessoal, de equipes numerosas e organizadas, de recursos financeiros, e ate de seguran