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13 a edição Rio de Janeiro 2013 CAPITALIZAÇÃO

Capitalizacao 2013

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  • 13a edio

    Rio de Janeiro2013

    CAPITALIZAO

  • proibida a duplicao ou reproduo deste volume, ou de partes dele,sob quaisquer formas ou meios, sem permisso expressa da Escola.

    REALIZAO

    Escola Nacional de Seguros

    SUPERVISO E COORDENAO METODOLGICA

    Diretoria de Ensino Tcnico

    ASSESSORIA TCNICA

    Werner da Silva Frank 2013/2011

    Rodrigo Maia Jorge 2013/2011

    CAPA

    Coordenadoria de Comunicao Social

    DIAGRAMAO

    Info Action Editorao Eletrnica

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca da FUNENSEG.

    E73c Escola Nacional de Seguros. Diretoria de Ensino Tcnico. Capitalizao/Superviso e coordenao metodolgica da Diretoria de Ensino Tcnico;

    assessoria tcnica de Werner da Silva Frank e Rodrigo Maia Jorge. 13. ed. Rio de Janeiro: Funenseg, 2013.

    164 p.; 28 cm

    O presente manual est dividido em 6 captulos. O Prof. Werner da Silva Frank elaborou de 1o ao 5o captulos e o Prof. Rodrigo Maia Jorge

    elaborou o 6o captulo.

    1. Capitalizao. 2. Reservas matemticas. I. Frank, Werner da Silva. II. Jorge, Rodrigo Maia. III. Ttulo.

    0012-1148 CDU 368.027.3(072)

  • A Escola Nacional de Seguros promove, desde 1971, diversas iniciativas no mbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdncia complementar, capitalizao e resseguro cada vez mais qualificado.

    Principal provedora de servios voltados educao continuada, para profissionais que atuam nessa rea, a Escola Nacional de Seguros oferece a voc a oportunidade de compartilhar conhecimento e experincias com uma equipe formada por especialistas que possuem slida trajetria acadmica.

    A qualidade do nosso ensino, aliada sua dedicao, o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanas so constantes e a competitividade cada vez maior.

    Seja bem-vindo Escola Nacional de Seguros.

  • CAPITALIZAO4

  • SUMRIO 5

    Sumrio

    2

    1 CAPITALIZAO: HISTRICO E REGULAMENTAO 9Evoluo Histrica 11

    Classificao das Sociedades 12

    A Capitalizao no Contexto Econmico do Pas 13

    Procon, Fiscalizadores, Reguladores e a Transparncia na Relao de Consumo 14

    O Sistema Nacional de Capitalizao 14

    CNSP 15

    SUSEP 15

    Sociedades de Capitalizao 17

    Fixando Conceitos 1 19

    FUNDAMENTOS TCNICOS BSICOS E NORMAS DE CONTRATAO 21Ttulo de Capitalizao: Viso Geral 23

    Ttulos de Capitalizao Poupana 23

    Conceitos de Poupana Programada e Sorteios 23

    Caractersticas do Ttulo 25

    Contedo do Ttulo 26

    Aprovao do Ttulo 27

    Ficha de Cadastro 28

    Propaganda e Material de Comercializao 29

    As Condies Gerais do Ttulo: o Contrato de Capitalizao 30

    Informaes Complementares s Condies Gerais 31

    Formas de Contratao de um Ttulo de Capitalizao 32

    A Contratao de um Ttulo de Capitalizao: Subscritor e Titular 32

    Transferncia do Ttulo de Capitalizao: Cedente e Cessionrio 33

    Vigncia de um Ttulo de Capitalizao 34

    Prazo de Carncia de um Ttulo de Capitalizao 35

    Tipos de Ttulo: PU, PP e PM 36

    A Composio do Pagamento: as Quotas de Capitalizao, de Sorteio e de Carregamento 36

    Quotas de Capitalizao 36

    Quotas de Sorteio 37

    Quotas de Carregamento 38

    A Estruturao de um Ttulo de Capitalizao: o Tamanho da Srie 39

    Valor de Pagamento e Sua Atualizao 39

    Informaes ao Consumidor 41

    Fixando Conceitos 2 43

  • CAPITALIZAO6

    4

    5

    3 CAPITAL, RESGATE E SORTEIO 51A Proviso Matemtica para Resgate: a Constituio do Capital para Resgate 53

    A Proviso Matemtica para Resgate no Ttulo PU 53

    A Proviso Matemtica para Resgate no Ttulo PM ou PP 54

    A Remunerao do Capital: a Taxa de Juros 55

    A Atualizao Monetria da Proviso Matemtica: a Recuperao do Poder de Compra 57

    O Resgate de um Ttulo de Capitalizao 58

    Resgate Parcial 58

    Resgate Total 59

    Penalidade 62

    A Tabela de Resgate 62

    Suspenso e Cancelamento de um Ttulo de Capitalizao 65

    A Reabilitao de um Ttulo de Capitalizao 66

    Reabilitao sem Prorrogao de Vigncia 66

    Reabilitao com Prorrogao de Vigncia 67

    Sorteio: o Grande Atrativo do Ttulo de Capitalizao 68

    Consideraes Iniciais 68

    Efeitos sobre um Ttulo Sorteado 68

    Tipos de Sorteio 70

    Valores dos Prmios dos Sorteios 71

    Limites aos Prmios e s Quotas de Sorteio 72

    Pagamento do Prmio do Sorteio e Comunicao ao Titular Sorteado 76

    Fixando Conceitos 3 77

    AS MODALIDADES DE UM TTULO DE CAPITALIZAO 83A Modalidade Tradicional 85

    A Modalidade Compra-Programada 87

    A Modalidade Popular 89

    A Modalidade Incentivo 90

    Fixando Conceitos 4 93

    PREVENO LAVAGEM DE DINHEIRO 95Histrico 97

    Histrico da Legislao de Preveno Lavagem de Dinheiro Aplicvel s Sociedades de Capitalizao 97Etapas da Lavagem de Dinheiro 98Pessoas Politicamente Expostas (PPEs) 98

    Registro de Operaes e Parmetros para Ttulos de Capitalizao 100

    Comunicao das Operaes Suspeitas 101

    Fixando Conceitos 5 103

  • SUMRIO 7

    6 A VENDA DE CAPITALIZAO 105Por que as Pessoas Compram um Ttulo de Capitalizao? 107

    Produtos Tangveis e Produtos Intangveis 108

    Processo de Venda 109

    Conquistando o Cliente 110

    O Vendedor Deve Saber por que o Seu Cliente Compra 111

    A Excelncia 113

    A Importncia do Planejamento 114

    A Prospeco de Clientes 115

    Abordagem 117

    Afinal, Qual o Objetivo desta Reunio? 117

    Descubra as Necessidades do Cliente 118

    Escute o Seu Cliente 119

    Desenvolvendo uma Soluo para o Seu Cliente 119

    Argumentao 120

    Caractersticas e Benefcios 121

    Lidando com as Objees 122

    Concluindo a Venda 125

    Como Verificar que Posso Fechar a Venda? 125

    Quais as Atitudes de Fechamento da Venda? 126

    Ps-Venda Conquistando a Satisfao e Novos Clientes 126

    Algumas Dicas 127

    O que Voc Nunca Deve Dizer ao Cliente 127

    Cuidados que Voc Deve Tomar 127

    O que Voc Sempre Deve Fazer 128

    Siga os Conselhos dos Clientes! 128

    Concluso 129

    Fixando Conceitos 6 131

    TESTANDO CONHECIMENTOS 135

    ESTUDOS DE CASO 143

    ANEXOS 147Anexo 1 Exemplo de Condies Gerais de um Ttulo de Pagamento Mensal (PM)

    Modalidade Tradicional 149

    Anexo 2 Normas Fundamentais de Capitalizao 155

    Anexo 3 ndices de Atualizao 157

    GABARITO 159

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA 163

  • CAPITALIZAO8

  • UNIDADE 1 9

    CAPITALIZAO: HISTRICO E REGULAMENTAO11

    Aps ler esta unidade, voc deve ser capaz de:

    Demonstrar a evoluo histrica da Capitalizao e seus marcos regulatrios, com as principais regulamentaes do setor.

    Conceituar Capitalizao e situar historicamente sua evoluo e seu surgimento no Brasil.

    Classificar as empresas de capitalizao existentes.

    Situar a Capitalizao no contexto do Sistema Nacional de Seguros Privados.

    Apontar os rgos que integram o Sistema Nacional de Capitalizao e suas respectivas funes.

    Destacar as obrigaes das sociedades de capitalizao.

    Explicar como se organizam as sociedades de capitalizao.

  • CAPITALIZAO10

  • UNIDADE 1 11

    EVOLUO HISTRICA

    A capitalizao uma combinao de economia programada com aplicao nica ou mensal, vinculada participao em sorteios. Sua concepo inicial atribuda a Paul Viget, diretor de uma cooperativa de mineiros da Frana. Seu objetivo inicial foi montar um sistema que proporcionasse auxlio financeiro aos scios por meio de suas prprias poupanas. O sistema era baseado em contribuies mensais. O objetivo tambm era constituir um capital, previamente definido, a ser pago no final do perodo combinado, ou, por meio de sorteio, de forma antecipada.

    No Brasil, a primeira sociedade de capitalizao foi a Sulacap, fundada em 1929, mas a oficializao da autorizao de funcionamento das sociedades de capitalizao s se deu em 1932.

    Quadro Evolutivo

    Frana: 1850 Paul Viget

    Brasil: 1929 Sulacap. Inexistncia de poupana interna

    Dcadas de 1930 e 1940: surgimento de vrias empresas neste segmento

    Formao de poupana e investimento na construo civil

    Dcada de 1950 Inflao ps-guerra, declnio do produto no mercado

    Dcadas de 1960 e 1970 Quase eliminao do negcio. Durante este perodo foi instituda a correo monetria

    Dcada de 1980 Entrada de conglomerados financeiros neste setor; o produto volta a expandir

    Dcada de 1990 em diante Surgimento de produtos inovadores neste mercado

    Desde a introduo do Plano Real, em 1994, o faturamento das empresas de capitalizao no pas aumentou. Este crescimento decorreu da estabilizao econmica, da queda nas taxas de juros e do crescimento da renda dos brasileiros. O valor total de prmios de Capitalizao (valores pagos pelos clientes, o que, tecnicamente, na Capitalizao denominado de pagamentos) tem gerado, aproximadamente, 14 bilhes de reais ao ano. (2011, fonte SUSEP).

    Apesar da crise financeira mundial que teve incio em 2008, o mercado de Capitalizao continua em expanso na economia brasileira. De acordo com dados da SUSEP (Superintendncia de Seguros Privados), somente em 2011 o faturamento das sociedades de capitalizao apresentou um crescimento nominal de 22,64% em relao ao ano anterior. Apesar da expanso num cenrio de crise, as sociedades de capitalizao tero grandes desafios a enfrentar.

  • CAPITALIZAO12

    Atualmente, o mercado de capitalizao conta com 15 sociedades que comercializam seus ttulos em todo o Brasil.

    APLUB CAPITALIZAO S/A BRADESCO CAPITALIZAO S/A BRASILCAP CAPITALIZAO S/A CAIXA CAPITALIZAO S/A CAPEMISA CAPITALIZAO S/A CARDIF CAPITALIZAO S/A CIA ITA DE CAPITALIZAO HSBC CAPITALIZAO (BRASIL) S/A ICATU CAPITALIZAO S/A INVEST CAPITALIZAO S/A LIDERANA CAPITALIZAO S/A MAPFRE CAPITALIZAO S/A PORTO SEGURO CAPITALIZAO S/A SANTANDER CAPITALIZAO S/A SULAMRICA CAPITALIZAO S/A SULACAP

    Fonte: SUSEP www.susep.gov.br.

    CLASSIFICAO DAS SOCIEDADESAs sociedades so classificadas, hoje, em duas categorias de acordo com o pblico-alvo de seus produtos: as sociedades ligadas a conglomerados financeiros e as independentes:

    conglomerados financeiros essas companhias esto concentradas, diretamente nos clientes do prprio conglomerado. Em geral, pertencem a uma holding que liderada por um banco. A sociedade de capitalizao uma das empresas da holding.

    independentes so aquelas que, por no disporem de balco de distribuio bancrio prprio, utilizam como canal de distribuio casas lotricas, agncias de correios, corretores de seguros, lojas de departamentos e o balco de instituies financeiras com quem firmam parcerias. Em geral, pertencem tambm a uma holding, mas no de origem ligada a um banco.

    Pblico-alvo: parceiros.

    Comercialmente, ao longo dos anos, os ttulos de capitalizao acabaram por se dividir em modalidades diversas, atendendo a focos diferentes de mercado, cada qual com caractersticas prprias.

    A Circular 365, publicada em maio de 2008 pela Superintendncia de Seguros Privados SUSEP , que estabelece normas para elaborao, operao e comercializao de ttulos de capitalizao, divide os planos de Capitalizao, para efeito de comercializao, em quatro modalidades:

    Modalidade I Tradicional; Modalidade II Compra-Programada; Modalidade III Popular; e Modalidade IV Incentivo.

  • UNIDADE 1 13

    Essa diviso consequncia da evoluo mercadolgica do ttulo de capitalizao. Ao longo dos anos, os ttulos de capitalizao foram se especializando em funo do objetivo que o consumidor buscava. Essa diviso permite um melhor controle do Estado, j que a legislao em vigor estabelece regras especficas para cada uma delas.

    A CAPITALIZAO NO CONTEXTO ECONMICO DO PAS

    A Capitalizao no integra o Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP), isto , o ttulo de capitalizao no um plano de seguro a ser comercializado por uma seguradora. Os ttulos somente podem ser comercializados por sociedades de capitalizao. No entanto, a fiscalizao e a regulamentao da Capitalizao, por fora do Decreto-Lei 261, de 28/02/67, que criou o Sistema Nacional de Capitalizao (SNC), tambm esto a cargo da SUSEP e do CNSP, respectivamente, da mesma forma que ocorre com as sociedades seguradoras.

    Diversos artigos do Decreto-Lei 73/66, que criou o SNSP, so aplicveis Capitalizao; por isso, muito comum haver laos entre sociedades de capitalizao e sociedades seguradoras, que so, muitas vezes, ligadas a um mesmo grupo econmico.

    Alm disso, da mesma forma que o SNSP, o Sistema Nacional de Capitalizao (SNC) possui relevante papel em termos de poltica econmica, j que desenvolve a captao de poupana, sendo fundamental como alternativa para o financiamento de grandes projetos de longo prazo, to importantes para o desenvolvimento autossustentvel de um pas.

    Como envolvem captao de poupana popular, as sociedades de capitalizao, assim como as sociedades seguradoras, devem obedecer s regras estabelecidas pelo Conselho Monetrio Nacional, conforme previsto no Decreto-Lei 73/66. Isso, certamente, j demonstraria a relevncia social dessas empresas e a necessidade de controle e fiscalizao por parte do Estado.

    Apesar de o ttulo de capitalizao poder ser comercializado por bancos, as sociedades de capitalizao no so consideradas instituies financeiras e, por isso, no sofrem fiscalizao do BACEN Banco Central. Entretanto, o BACEN publica normas para aplicao das reservas tcnicas das sociedades de capitalizao, em conformidade com as Resolues do CMN Conselho Monetrio Nacional.

    O mercado de Capitalizao no Brasil est submetido fiscalizao da Superintendncia de Seguros Privados (SUSEP), autarquia vinculada ao Ministrio da Fazenda, e acha-se, tambm, submetido poltica traada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).

  • CAPITALIZAO14

    PROCON, FISCALIZADORES, REGULADORES E A TRANSPARNCIA NA RELAO DE CONSUMO

    O produto Capitalizao acaba de completar 80 anos, e, medida que os rgos fiscalizadores e de proteo aos consumidores criam novas legislaes e regulamentos, o modelo de Capitalizao vai se adequando s realidades de mercado.

    A atuao desses rgos so de suma importncia para garantir a transparncia e, consequentemente, a credibilidade e continuidade do produto no mercado durante todos estes anos.

    A criao de novas formas de publicidade, mais transparncia nos sorteios (com participao do pblico), notificao dos contemplados e atendimento ao consumidor foram algumas iniciativas das empresas de Capitalizao para atender a essa realidade.

    O SISTEMA NACIONAL DE CAPITALIZAO

    O Sistema Nacional de Capitalizao (SNC), conforme art. 3o do Decreto-Lei 261/67, constitudo pelos seguintes componentes:

    Conselho Nacional de Seguros Privados CNSP; Superintendncia de Seguros Privados SUSEP; sociedades autorizadas a operar em Capitalizao; e corretores de capitalizao (segundo Resoluo CNSP 15/01, art. 3o).

    Nos termos do Decreto-Lei 261/67, em seu artigo 2o, o controle do Estado, por meio do CNSP e da SUSEP, deve ser exercido no interesse dos portadores de ttulos de capitalizao, objetivando:

    I. promover a expanso do mercado de Capitalizao e propiciar as condies operacionais necessrias sua integrao no progresso econmico e social do pas;

    II. promover o aperfeioamento do sistema de Capitalizao e das sociedades que nele operam;

    III. preservar a liquidez e a solvncia das sociedades de capitalizao; e

    IV. coordenar a poltica de capitalizao com a poltica de investimentos do Governo Federal, observados os critrios estabelecidos para as polticas monetria, creditcia e fiscal, bem como as caractersticas a que devem obedecer as aplicaes de cobertura das reservas tcnicas.

  • UNIDADE 1 15

    CNSP

    Ao CNSP, segundo o Decreto-Lei 261/67, compete, privativamente, fixar as diretrizes e normas da poltica de Capitalizao e regulamentar as operaes das sociedades do ramo, relativamente s quais exercer atribuies idnticas s estabelecidas para as sociedades de seguros. Assim, em relao ao mercado de Capitalizao, cabe ao CNSP a mesma misso exercida em relao ao mercado de seguros.

    Em dezembro de 1991, o CNSP regulamentou as operaes de Capitalizao com a publicao da Resoluo 015 que, conforme o art 2o, objetiva:

    I. promover a defesa dos interesses do consumidor;

    II. promover a expanso do mercado de capitalizao e propiciar as condies operacionais necessrias a sua integrao no progresso econmico e social do Pas;

    III. promover o aperfeioamento do sistema de capitalizao e das sociedades de capitalizao que nele operem;

    IV. zelar pela liquidez e a solvncia das sociedades de capitalizao;

    V. coordenar a poltica de capitalizao com a poltica de investimentos do Governo Federal, observando os critrios estabelecidos para as polticas monetrias, creditcia e fiscal, bem como as caractersticas a que devem obedecer as aplicaes de cobertura das provises tcnicas; e

    VI. dotar o mercado de capitalizao de mecanismos que estimulem a livre concorrncia, a disseminao de informaes e uma maior transparncia de suas operaes.

    O CNSP um rgo colegiado formado por representantes de vrios ministrios e setores do Governo.

    SUSEP

    Criada em 1966 pelo Decreto-Lei 73, que tambm instituiu o Sistema Nacional de Seguros Privados, a SUSEP uma autarquia, vinculada ao Ministrio da Fazenda, que executa a poltica de Capitalizao traada pelo CNSP, apresentando as seguintes competncias:

    a) processar os pedidos de autorizao, para constituio, organizao, funcionamento, fuso, encampao, grupamento, transferncia de contrle acionrio e reforma dos Estatutos das Sociedades Seguradoras, opinar sbre os mesmos e encaminh-los ao CNSP;

    b) baixar instrues e expedir circulares relativas regulamentao das operaes de seguro, de acrdo com as diretrizes do CNSP;

    c) fixar condies de aplices, planos de operaes e tarifas a serem utilizadas obrigatoriamente pelo mercado segurador nacional;

  • CAPITALIZAO16

    d) aprovar os limites de operaes das Sociedades Seguradoras, de conformidade com o critrio fixado pelo CNSP;

    e) examinar e aprovar as condies de coberturas especiais, bem como fixar as taxas aplicveis;

    f) autorizar a movimentao e liberao dos bens e valores obrigatoriamente inscritos em garantia das reservas tcnicas e do capital vinculado;

    g) fiscalizar a execuo das normas gerais de contabilidade e estatstica fixadas pelo CNSP para as Sociedades Seguradoras;

    h) fiscalizar as operaes das Sociedades Seguradoras, inclusive o exato cumprimento dste Decreto-Lei, de outras leis pertinentes, disposies regulamentares em geral, resolues do CNSP e aplicar as penalidades cabveis;

    i) proceder liquidao das Sociedades Seguradoras que tiverem cassada a autorizao para funcionar no Pas;

    j) organizar seus servios, elaborar e executar seu oramento.

    k) fiscalizar as operaes das entidades autorreguladoras do mercado de corretagem, inclusive o exato cumprimento deste Decreto-Lei, de outras leis pertinentes, de disposies regulamentares em geral e de resolues do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), e aplicar as penalidades cabveis; e

    l) celebrar convnios para a execuo dos servios de sua competncia em qualquer parte do territrio nacional, observadas as normas da legislao em vigor.

    Adicionalmente, de acordo com a Resoluo CNSP 015/1991 compete SUSEP:

    a) fiscalizar a constituio, organizao, funcionamento e operao das sociedades seguradoras, de Capitalizao, Entidades de Previdncia Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da poltica traada pelo CNSP;

    b) processar os pedidos de autorizao para constituio, organizao, funcionamento, fuso, ciso, incorporao, grupamento, transferncia de controle acionrio e reforma dos estatutos das Sociedades de Capitalizao, bem como opinar sobre os mesmos e encaminh-los ao CNSP;

    c) baixar instrues e expedir circulares relativas regulamentao das operaes de capitalizao, de acordo com as diretrizes fixadas pelo CNSP;

    d) aprovar os planos das Sociedades de Capitalizao;

    e) fiscalizar a execuo das normas gerais de contabilidade, estatstica e aturia fixadas pelo CNSP para as Sociedades de Capitalizao;

  • UNIDADE 1 17

    f) fiscalizar as operaes das Sociedades de Capitalizao, inclusive o exato cumprimento destas Normas, de outras leis pertinentes, disposies regulamentares em geral, resolues do CNSP, bem como aplicar as penalidades cabveis;

    g) proceder liquidao das Sociedades de Capitalizao que tiverem cancelada a autorizao para funcionar no Pas;

    h) opinar sobre o cancelamento da autorizao para funcionamento das Sociedades de Capitalizao; e

    i) proceder a inscrio dos corretores de capitalizao, fiscalizar suas atividades e aplicar penalidades.

    Sociedades de Capitalizao

    Embora o sistema de Capitalizao no integre o Sistema Nacional de Seguros Privados, evolui paralelamente a ele. As sociedades autorizadas a operar em Capitalizao (sociedades de capitalizao) desempenham funes anlogas s entidades representativas do setor de seguros (sociedades seguradoras). Deve-se observar a necessidade de autorizao, atualmente processada pela SUSEP, para que uma empresa possa iniciar sua operao no mercado de ttulos de capitalizao.

    Sociedades de capitalizao so entidades organizadas sob a forma de sociedade annima, com a finalidade de constituir capitais, pagveis, em moeda corrente, aos titulares dos seus ttulos, segundo clusulas e regras aprovadas pelo Governo Federal, mais especificamente pela SUSEP.

    vedada a constituio de sociedades de capitalizao que sejam controladas, direta ou indiretamente, por pessoa jurdica de direito pblico, empresa pblica, sociedade de economia mista ou fundao instituda pelo poder pblico, conforme art. 13 da Resoluo CNSP 15/91.

    Essas sociedades esto sujeitas a diversas disposies idnticas s estabelecidas para as sociedades seguradoras no Decreto-Lei 73/66, de acordo com o previsto no art. 4o do Decreto-Lei 261/67.

    A sociedade de capitalizao deve constituir, obrigatoriamente, provises matemticas para garantia dos ttulos em vigor (Proviso Matemtica para Resgate) e, caso haja sorteios no ttulo, a Proviso para Sorteios a Realizar, especfica para essa finalidade. A sociedade de capitalizao deve constituir, ainda, provises tcnicas para obrigaes a liquidar, como:

    Proviso de Sorteios a Pagar; Proviso para Resgate de Ttulos; e Proviso para Participao nos Lucros de Ttulos Ativos.

    H outras provises facultativas, como a Proviso Administrativa, que pode ser constituda para cobrir despesas administrativas do plano, e a Proviso para Contingncias, que pode ser constituda para cobrir eventuais insuficincias relacionadas aos sorteios realizados e remunerao dos ttulos, alm de possibilitar a distribuio de bnus.

  • CAPITALIZAO18

  • FIXANDO CONCEITOS 1 19

    Anotaes:

    Fixando Conceitos 1

    MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA

    [1] Atualmente, h uma diviso no mercado de Capitalizao entre sociedades ligadas a conglomerados financeiros e sociedades independentes. Assinale a opo que apresenta uma caracterstica tpica das sociedades ligadas a conglomerados financeiros:

    (a) No dispem de pblico-alvo para seus ttulos.(b) Utilizam como canal principal de distribuio as casas lotricas.(c) Utilizam como canal principal de distribuio as lojas de departamentos

    e/ou balco de instituies financeiras com quem firmam parcerias. (d) O pblico-alvo formado diretamente pelos clientes do prprio

    conglomerado.(e) Emitem ttulos em que somente existe o direito de sorteio.

    [2] Pode-se afirmar que a Capitalizao, no Brasil, possui relevante papel em termos de poltica econmica, uma vez que ela:

    (a) Estimula a formao de poupana interna.(b) Estabiliza a taxa de inflao.(c) Permite que uma pessoa ganhe prmios elevados em dinheiro.(d) Aumenta significativamente o fluxo de investimentos estrangeiros.(e) No colabora para o desenvolvimento autossustentvel de nosso pas.

    [3] Qual das opes abaixo apresenta um grupo/rgo que no integra o Sistema Nacional de Capitalizao, segundo o critrio adotado pelo Conselho Nacional de Seguros Privados?

    (a) CVM.(b) CNSP.(c) SUSEP.(d) Corretores de capitalizao.(e) Sociedades autorizadas a operar em capitalizao.

    [4] Assinale as modalidades de capitalizao comercializadas no mercado atualmente:

    (a) Tradicional, Compra-Programada, Popular e Incentivo.(b) Tradicional, Compra Financiada e Popular.(c) Tradicional, Compra Financiada, Popular e Incentivo.(d) Tradicional, Compra-Programada e Incentivo.(e) Tradicional, Compra-Programada, Popular e Compra Financiada.

  • CAPITALIZAO20

    Anotaes:

    Fixando Conceitos 1

    [5] Assinale os componentes do Sistema Nacional de Capitalizao:

    (a) CMN, BACEN, SUSEP e sociedades de capitalizao.(b) CNSP, SUSEP, sociedades autorizadas a operar em capitalizao e

    corretores de capitalizao.(c) CNSP, SUSEP, BACEN e sociedades de capitalizao.(d) CNSP, SUSEP, CMN e BACEN.(e) CNSP, CMN, SUSEP e BACEN.

  • UNIDADE 2 21

    FUNDAMENTOS TCNICOS BSICOS E NORMAS DE CONTRATAO22

    Aps ler esta unidade, voc deve ser capaz de:

    Demonstrar a caracterizao tcnica dos ttulos de capitalizao.

    Detalhar as caractersticas do ttulo de capitalizao e as formas de aquisio.

    Explicar a estruturao dos ttulos em sries.

    Destacar legislao que normatiza o mercado de Capitalizao.

    Caracterizar o papel do titular e do subscritor.

    Destacar como se d a transferncia do ttulo em caso de morte do titular ou do proponente.

    Analisar a complementaridade dos componentes poupana e sorteio.

    Explicar em que consistem as Condies Gerais e a obrigao das sociedades de capitalizao em relao a elas.

    Destacar os conceitos de vigncia, prazo e carncia dos ttulos de capitalizao.

    Examinar os procedimentos de transferncia de ttulos caracterizando as figuras do cedente e do cessionrio.

    Destacar os cuidados e obrigaes relativos a propostas, contratos e material de propaganda e promoo.

    Examinar as diferenas entre os dois tipos de investimento: capitalizao e caderneta de poupana.

  • CAPITALIZAO22

  • UNIDADE 2 23

    TTULO DE CAPITALIZAO: VISO GERAL

    Ttulos de Capitalizao Poupana

    E xiste uma confuso conceitual entre ttulo de capitalizao e caderneta de poupana. No entanto, trata-se de produtos distintos:

    para os ttulos de capitalizao, existe o aspecto ldico do produto, os sorteios. No h este componente para as poupanas;

    existe prazo mnimo para resgate e prazo para a efetivao do investimento, diferentemente da poupana, que no exige carncia para o resgate;

    as sociedades de capitalizao so obrigadas a constituir provises tcnicas por ttulo subscrito;

    a parte do valor pago pelo ttulo de capitalizao so destinadas quotas para a formao do montante capitalizado, quotas de sorteio e quotas de carregamento para cobrir despesas administrativas, ao contrrio das poupanas;

    as sociedades de capitalizao podem distribuir parte de seus lucros aos subscritores dos ttulos;

    a taxa de juros efetiva mensal utilizada para remunerao do ttulo e/ou sua equivalente anual, com exceo das modalidades Popular e Incentivo, dever corresponder a, no mnimo, 90% da taxa de juros aplicada s cadernetas de poupana e dever constar da Nota Tcnica Atuarial e das Condies Gerais do ttulo de capitalizao. Segundo, enquanto a poupana remunera o capital investido pela TR + 6% ao ano; e

    os investimentos em poupana so assegurados pelo Fundo Garantidor de Crditos (FGC), enquanto que as aplicaes em ttulos de capitalizao no contam com qualquer garantia oficial em caso de irregularidades na gesto financeira por parte da sociedade de capitalizao. As cadernetas de poupana tm a garantia dada pelo Governo de at R$ 70.000,00.

    Conceitos de Poupana Programada e Sorteios

    O ttulo de capitalizao busca aliar um mecanismo de poupana programada (a capitalizao em si) com a participao em sorteios.

    Os ttulos que apresentam maior receptividade no mercado brasileiro so aqueles de baixo valor unitrio, cujo principal objetivo justamente o sorteio, componente ldico bastante apreciado pelo investidor.

    O Fundo Garantidor de Crdito uma entidade sem fi ns lucrativos, destinada a administrar mecanismos de proteo a titulares de crditos contra instituies fi nanceiras, autorizado em 1995, com a Resoluo 2.197 do Conselho Monetrio Nacional CMN.

  • CAPITALIZAO24

    O termo ttulo de capitalizao possui duplo significado:

    capitalizao como objeto do processo administrativo aberto pela sociedade, que aparece na frase: a SUSEP aprovou o ttulo Cem Milhes da sociedade de capitalizao XYZ. Significa que as condies gerais e a nota tcnica foram aprovadas pela SUSEP, e, assim, a sociedade de capitalizao poder comercializar diversos contratos com aquelas mesmas condies gerais aprovadas.

    ttulo de capitalizao como individualizao do contrato firmado entre consumidor e sociedade de capitalizao. Por exemplo, na frase Eu comprei um ttulo da sociedade de capitalizao XYZ.

    Assim, a aprovao dada pela SUSEP num processo administrativo (aprovao do ttulo, do plano, do produto) autoriza a sociedade a comercializar diversos contratos (ttulos) de capitalizao, sendo que eles devero reproduzir as condies gerais aprovadas no processo administrativo.

    H quem denomine o objeto do processo administrativo de plano de capitalizao para diferenci-lo dos ttulos (contratos efetivamente comercializados). No entanto, ressaltamos que a SUSEP prefere a nomenclatura ttulo de capitalizao para acentuar a sua diferena em relao ao plano de seguro. Porm, no pargrafo nico do art. 1o do Decreto-Lei 261/67, j h meno tanto ao termo ttulo (o que a sociedade vende ao pblico) quanto a plano (o que a sociedade aprova junto SUSEP).

    Assim, utilizaremos o termo plano de capitalizao para significar o produto que foi aprovado pela SUSEP num determinado processo.

    Em regra, o ttulo de capitalizao, entendido como um contrato, existe fisicamente, impresso e h um nmero (nmero do ttulo) que o identifica. Deve trazer, tambm, as condies gerais que foram aprovadas pela SUSEP.

    Atualmente, em funo da parte que mais valorizada no ttulo (se o resgate ou se o sorteio) e de sua finalidade, os ttulos sero enquadrados em uma das quatro modalidades existentes, sendo voltados, assim, para nichos de mercados diferentes e, evidentemente, com caractersticas bem distintas. Porm, os ttulos atualmente em comercializao, independentemente da modalidade, apresentam uma parte de poupana programada e, geralmente, outra de sorteios.

    Poupana Programada

    A poupana programada faz-se por meio da aplicao de parte dos pagamentos realizados pelo consumidor, por um perodo estipulado, a uma determinada taxa de juros. Ao montante presente nessa poupana programada d-se o nome de capital ou reserva de capitalizao ou, ainda mais tecnicamente, de Proviso Matemtica para Resgate (PMR). Ao final de cada ms, os juros decorrentes da remunerao do capital so adicionados ao prprio capital, passando a fazer parte dessa proviso matemtica para efeito de clculo dos juros do prximo perodo.

  • UNIDADE 2 25

    Alm disso, o capital vai sendo mensalmente atualizado por um ndice predefinido, geralmente a TR. A atualizao monetria tem como objetivo a manuteno do poder de compra do capital, evitando que ele se deteriore pelos efeitos danosos da inflao.

    O saldo desta espcie de conta programada do consumidor (Proviso Matemtica para Resgate) ser utilizado como base para o valor a que o consumidor ter direito no momento do resgate (valor de resgate). No se deve confundir ttulo de capitalizao com caderneta de poupana. A utilizao aqui do termo poupana busca apenas ilustrar que a evoluo do capital presente na Proviso Matemtica para Resgate muito semelhante de uma caderneta de poupana. Na capitalizao, o acompanhamento desse capital feito, porm, por uma sociedade de capitalizao.

    A formao de capital sempre esteve presente na concepo de um ttulo de capitalizao: as sociedades de capitalizao emitiam certificados em favor dos respectivos compradores, que nada mais eram do que os prprios ttulos de capitalizao. Os subscritores dos ttulos efetuavam pagamentos sociedade, durante um certo tempo correspondentes ao valor dos ttulos, e formavam, assim, um capital que, acrescido dos juros acumulados, era resgatado pelos titulares em prazo previamente fixado no ttulo.

    Sorteios

    Originalmente, o sorteio se constitua em um componente secundrio, uma espcie de atrativo adicional e acessrio. Era uma mera antecipao do recebimento do valor que seria formado ao final do prazo estipulado no plano.

    Atualmente, o valor do sorteio um mltiplo do pagamento nico ou do pagamento mensal ou peridico do ttulo, no mais se vinculando ao valor do ttulo, podendo, inclusive, alcanar somas bastante expressivas, enquanto a Proviso Matemtica para Resgate (PMR) pode originar um valor de resgate bem menos atraente.

    Tais sorteios contemplam apenas alguns dos consumidores com valores de prmios que devem ser previamente definidos nos ttulos, sendo, portanto, do conhecimento de todos os participantes.

    Ainda que no seja obrigatrio que um ttulo de capitalizao apresente sorteios, o que se observa na prtica que quase 100% dos ttulos atualmente existentes possuem este componente para atrair os consumidores.

    Caractersticas do Ttulo

    Ttulo de capitalizao um ttulo financeiro do tipo mobilirio e nominativo, adquirido pelo comprador diretamente de uma sociedade de capitalizao ou por meio de um corretor. Seu objetivo a formao de capital atravs de uma aplicao prefixada por um perodo determinado e a uma taxa de juros previamente conhecida.

    Alm de um papel do mercado mobilirio, o ttulo de capitalizao tambm um papel nominativo, porque possui um proprietrio identificado que poder transferir seu direito de propriedade a outra pessoa.

    Art. 1o do Decreto-Lei 261/67:

    Art. 1o. Todas as operaes das sociedades de capitalizao fi cam subordinadas s disposies do presente Decreto-Lei.

    Pargrafo nico. Consideram-se sociedades de capitalizao as que tiverem por objetivo fornecer ao pblico, de acordo com planos aprovados pelo Governo Federal, a constituio de um capital mnimo perfeitamente determinado em cada plano, e pago em moeda corrente em um prazo mximo indicado no mesmo plano, pessoa que possuir um ttulo segundo clusulas e regras aprovadas e mencionadas no prprio ttulo.

  • CAPITALIZAO26

    Os ttulos de capitalizao apresentam dois componentes distintos e complementares, que so:

    poupana constituda pela capitalizao (juros compostos) de um percentual pago pelo ttulo; e

    percentual destinado para o sorteio, voltado para uma pequena parte dos compradores dos ttulos.

    Podemos concluir que o ttulo de capitalizao, ento, resulta de uma associao de poupana programada (conceito) e sorteio, cabendo ao aspecto ldico antecipar ou ultrapassar os valores desejados com uma poupana programada.

    Contedo do Ttulo

    O ttulo de capitalizao tambm pode ser entendido como um contrato entre a sociedade de capitalizao e o adquirente, sendo composto por um conjunto de clusulas que do uma forma prpria ao ttulo. Essas clusulas so denominadas condies gerais do ttulo e estabelecem as regras relativas formao do capital (reserva matemtica), como tambm as regras para os sorteios. Em outras palavras, so as condies gerais que individualizam uma srie de ttulos, havendo, assim, diversos produtos em razo de existirem condies gerais diferentes.

    Essas condies gerais, por possurem uma natureza contratual, devem observar o Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990), sendo que essas condies, por disposio legal, devero ser disponibilizadas ao subscritor, assim como todas as demais informaes acessrias ao produto previamente aquisio do ttulo ou ao preenchimento da ficha de cadastro, quando existente.

    Buscando-se uma analogia com o seguro, as condies gerais do ttulo corresponderiam s condies contratuais do primeiro, e o ttulo de capitalizao corresponderia prpria aplice de seguros.

    De qualquer forma, o ttulo de capitalizao, contendo suas condies gerais, juntamente com as informaes complementares necessrias, dever ser disponibilizado ao subscritor ou ao titular em, no mximo, 15 dias aps a data de incio de vigncia. O documento disponibilizado a verso impressa do ttulo e das respectivas informaes complementares na cidade de domiclio do subscritor e do titular, sem custos adicionais que sejam revertidos direta ou indiretamente para a sociedade de capitalizao.

    H, ainda, a Nota Tcnica Atuarial, que consiste na descrio do ttulo por meio de bases tcnicas, hipteses e formulaes atuariais. Nela, encontram-se as demonstraes dos clculos dos parmetros tcnicos de um ttulo de capitalizao, traduzidos em enunciados e frmulas matemticas que o plano tem que satisfazer. Alm disso, a nota tcnica traz tambm a formulao matemtica das provises que sero constitudas no plano de capitalizao. Ela deve ser assinada por um aturio devidamente registrado no Instituto Brasileiro de Aturia (IBA). Por no possuir natureza contratual e por no acrescentar novos elementos sobre os direitos ou as obrigaes do consumidor, a nota tcnica do plano no necessita ser de conhecimento do adquirente do ttulo de capitalizao.

    Subscritor a pessoa que subscreve

    a proposta de aquisio do ttulo, assumindo o

    compromisso de efetuar o pagamento na forma

    convencionada nas condies gerais.

    Titular o prprio subscritor ou outra

    pessoa expressamente indicada por ele. o proprietrio do

    ttulo, a quem devem ser pagos todos os valores originados

    por esse ttulo.

    possvel afi rmar que um ttulo de capitalizao,

    tecnicamente, formado pela unio das condies

    gerais do ttulo e da Nota Tcnica Atuarial.

  • UNIDADE 2 27

    Aprovao do Ttulo

    Para que uma sociedade de capitalizao possa comercializar um ttulo, necessrio que ela obtenha, previamente, uma aprovao especfica, fornecida pela SUSEP. A sociedade de capitalizao dever encaminhar SUSEP, para anlise, as condies gerais e a Nota Tcnica Atuarial dos ttulos de capitalizao a serem por elas comercializados e, caso estejam em conformidade com os normativos em vigor, deve ocorrer a aprovao. As condies gerais e a Nota Tcnica Atuarial devem ser encaminhadas por meio de expediente que contemple, no mnimo:

    a razo social da sociedade; CNPJ; a respectiva modalidade qual pertena o ttulo; a assinatura de um diretor da sociedade; e a assinatura do aturio responsvel pela elaborao da Nota Tcnica

    Atuarial, com nmero de identificao profissional perante o rgo competente.

    A aprovao ocorre por meio do processo para aprovao de ttulo de capitalizao. Existe um nmero de processo administrativo para cada plano, fornecido pela SUSEP no protocolo. obrigatria a incluso do nmero de processo SUSEP nas condies gerais, na ficha de cadastro ou em qualquer veiculao de carter publicitrio, de forma a permitir a imediata identificao do produto pelo destinatrio.

    A nica exceo quando se tratar de propaganda institucional, hiptese em que no ser necessrio mencionar os nmeros dos processos cadastrados na SUSEP.

    Tanto as condies gerais quanto a nota tcnica precisam ser previamente aprovadas pela SUSEP para que os ttulos, referentes quele processo administrativo, possam ser comercializados.

    Observaes

    A nota tcnica e as condies gerais no precisam ser estticas. Podem sofrer ajustes ou alteraes, desde que as mudanas em seus dispositivos sejam aprovadas pela SUSEP previamente sua implementao. Porm, aps a comercializao do ttulo, qualquer alterao implementada nas condies gerais ou na Nota Tcnica Atuarial dever ser previamente encaminhada SUSEP mediante abertura de novo processo administrativo e, consequentemente, gerao de um novo nmero. A critrio da sociedade de capitalizao, pode-se solicitar o arquivamento do processo original.

    Excepcionalmente, a SUSEP no exige a abertura de um novo processo administrativo se as alteraes forem decorrentes de mudanas nas normas determinadas pela prpria SUSEP ou pelo CNSP, isto , se forem mudanas apenas para se adaptar a normativos novos.

  • CAPITALIZAO28

    FICHA DE CADASTROA ficha de cadastro obrigatria na modalidade Tradicional e Compra-Programada, sendo facultativa nas modalidades Popular e Incentivo.

    Ainda que no seja obrigatria, a ficha de cadastro pode ser um instrumento auxiliar tanto na operacionalizao da venda do ttulo quanto na administrao do ttulo.

    A ficha de cadastro, quando existente, dever ser preenchida em momento anterior ao da aquisio do ttulo, devendo conter alguns requisitos previstos na legislao em vigor, que so:

    os incisos I, II, III, V, VI e VII do artigo 3o da Circular 365; as redaes previstas no 2o do artigo 3o da Circular 365; a informao de que a contratao implica automtica adeso s condies

    contratuais do ttulo; e a informao de que o subscritor tomou cincia das condies gerais do

    ttulo de capitalizao.

    Destaque-se, ainda, que ao subscritor dever ser entregue, mediante contrarrecibo, uma cpia da ficha de cadastro.

    Uma vantagem de se ter a ficha de cadastro a de o subscritor poder informar quem so os titulares. Exemplo: o pai que compra um ttulo para seus dois filhos. Ele o subscritor (assumindo a obrigao de pagar), e os filhos sero os titulares (possuem os direitos de resgate e de sorteio). A ficha de cadastro poder conter essa informao (com o nome dos filhos), definindo, tambm, qual ser a parte de cada filho (50% para cada um, por exemplo). No entanto, nada impede que essa declarao seja feita sociedade num documento apartado.

    Assim, a ficha de cadastro pode conter os dados do subscritor e do titular, bem como outras informaes, como, por exemplo, a autorizao para dbito em conta corrente dos pagamentos do ttulo, se for o caso.

  • UNIDADE 2 29

    Nota

    A ficha de cadastro na capitalizao possui uma funo semelhante da proposta de subscrio no mercado de seguros.

    A proposta de subscrio bastante utilizada no mercado de seguros, salvo no caso de contratao de seguro via bilhete. por meio dela que o segurado ou o seu representante, ou ainda o corretor, informa as caractersticas do bem a ser segurado, permitindo que a seguradora faa uma melhor avaliao dos riscos para os quais oferecer a cobertura do seguro, ajustando melhor o prmio a ser cobrado do segurado, podendo at mesmo recusar, desde que motivadamente, a aceitao do seguro.

    Na capitalizao, a situao um pouco diferente em relao ao mercado de seguros. No h risco a ser transferido para a sociedade de capitalizao, nem mesmo o de inadimplncia, j que o valor a ser resgatado pelo titular ser constitudo a partir dos seus prprios pagamentos. Quanto aos sorteios, o inadimplemento acarreta a suspenso do ttulo, isto , afasta o direito de participar dos sorteios; logo, tambm no acarreta, pelo menos diretamente, prejuzo sociedade. Deve-se observar que, se aquele ttulo suspenso viesse a ser sorteado, o prmio, em regra, pertenceria prpria sociedade.

    PROPAGANDA E MATERIAL DE COMERCIALIZAO

    A legislao determina que, embora no sejam passveis de aprovao pela SUSEP, a propaganda e o material de promoo referentes aos ttulos de capitalizao somente podero ser elaborados com autorizao expressa e sob superviso da sociedade de capitalizao, respeitadas as condies gerais dos ttulos e as normas em vigor.

    A sociedade de capitalizao responsvel pela fidedignidade das informaes prestadas no material de promoo e de comercializao dos seus ttulos.

    Evidentemente, busca-se alcanar a relao sociedade de capitalizao/corretores. Como consequncia, a sociedade torna-se tambm responsvel por todo o contedo de informaes prestadas atravs do material de divulgao.

    H alguns requisitos especficos para esse tipo de material, como a incluso do nmero de processo SUSEP, alm de algumas frases obrigatrias exigidas pela legislao (Exemplo: A aprovao deste ttulo pela SUSEP no implica, por parte da Autarquia, em incentivo ou recomendao a sua aquisio, representando, exclusivamente, sua adequao s normas em vigor.; e, quando a venda for intermediada por corretor de capitalizao Circular SUSEP 365/08). H um outro requisito bastante importante: qualquer veiculao de carter publicitrio, independentemente da mdia utilizada, ao mencionar a faculdade de converso dos valores de resgate e/ou prmios de sorteio em eventuais bens e/ou servios, dever informar que o consumidor sempre ter direito ao recebimento em dinheiro, se assim o desejar.

    Importante necessrio extremo cuidado com os materiais de propaganda e comercializao que, segundo o Cdigo de Defesa do Consumidor, tornam-se partes integrantes do contrato.

  • CAPITALIZAO30

    AS CONDIES GERAIS DO TTULO: O CONTRATO DE CAPITALIZAOAs condies gerais so normas que regem o contrato entre a sociedade e os adquirentes de ttulos de capitalizao.

    As clusulas definem os deveres e direitos dos contratantes nas transaes de compra e venda de ttulos de capitalizao. O ttulo o documento em que esto previstos todos os direitos e deveres da sociedade de capitalizao e do consumidor.

    Nas condies gerais dos ttulos (modelo no Anexo 1), so apresentados todos os diferenciais que a sociedade quer imprimir ao seu produto. As sociedades de capitalizao podem prever, por exemplo, a participao dos titulares nos lucros da empresa.

    Os direitos conferidos pela aquisio de um ttulo de capitalizao variam de empresa para empresa e at de ttulo para ttulo (aqui entendidos como planos distintos) de uma mesma empresa, embora haja uma crescente tendncia de uniformizao das Condies Gerais, em funo da existncia do Plano Padro de Capitalizao elaborado pela Comisso Tcnica da FENACAP Federao Nacional de Capitalizao.

    De acordo com a legislao em vigor, as condies gerais do ttulo devem conter, no mnimo e sempre em destaque, os seguintes elementos:

    glossrio com as definies de subscritor, titular, capital, capital nominal;

    percentuais de sorteio e de carregamento;

    tabela que discrimine o percentual de resgate em funo do prazo de vigncia do ttulo;

    informaes sobre se o valor do prmio de sorteio lquido ou bruto e, nesse caso, que o desconto de imposto de renda ser na forma da legislao em vigor, explicitando o percentual vigente aplicvel;

    denominao e CNPJ da sociedade de capitalizao;

    nome fantasia do produto, nmero do processo SUSEP e a modalidade, facilmente identificveis;

    critrio de atualizao de valores, com a indicao do ndice utilizado;

    informao sobre a incidncia de juros moratrios, quando o sorteio e/ou resgate no forem pagos nos prazos estabelecidos pela legislao em vigor;

    informaes relativas participao em excedentes financeiros, nos termos da legislao especfica, e as condies para obteno de bnus, quando previstos; e

    informaes sobre local do foro para processamento de questes judiciais e informaes sobre os prazos prescricionais.

    indispensvel conhecer o contedo das condies gerais

    de um ttulo, seja para vend-lo, compr-lo ou, ainda,

    para prestar informaes aos consumidores.

  • UNIDADE 2 31

    Todas as clusulas que implicarem limitaes ou impuserem nus aos titulares devero ser redigidas em destaque nas condies gerais, permitindo sua fcil identificao e compreenso.

    Alm disso, elas devero apresentar a seguinte redao obrigatoriamente (Anexo 1, art. 1o, 1o):

    A aprovao deste ttulo pela SUSEP no implica, por parte da Autarquia, incentivo ou recomendao sua aquisio, representando, exclusivamente, sua adequao s normas em vigor.;

    E, quando a venda for intermediada por corretor de capitalizao, tambm deve haver a redao abaixo (Anexo 1, art. 1o, 2o):

    O consumidor poder consultar a situao cadastral de seu corretor de capitalizao, no stio www.susep.gov.br, por meio do nmero de seu registro na SUSEP, nome completo, CNPJ ou CPF.

    As duas redaes acima tambm so aplicveis ficha de cadastro, se existente. Mas no s: a primeira frase, que aborda a aprovao, tambm dever ser inserida em material de comercializao e propaganda utilizado pela sociedade de capitalizao quando este for especfico para um determinado produto ou grupo de produtos, exceo da propaganda efetuada por mdia eletrnica, a exemplo de rdio e TV.

    INFORMAES COMPLEMENTARES S CONDIES GERAIS

    Alm de todas as informaes que devem estar presentes nas condies gerais e na ficha de cadastro, a legislao prev, ainda, a obrigatoriedade de a sociedade prestar outras informaes ao subscritor, podendo tais informaes estarem apartadas das condies gerais do ttulo. So elas:

    valor do capital nominal mnimo, formado ao final do prazo de vigncia, considerando-se todos os pagamentos previstos efetuados em dia;

    nome e nmero de registro do corretor, quando existente;

    identificao dos titulares, quando conhecidos previamente, com o respectivo percentual de cada um sobre os direitos do ttulo, quando for o caso; e

    nmero do ttulo e os nmeros ou cdigos que o ttulo utilizar na participao dos sorteios.

    ImportanteLembramos que as condies gerais devem estar disponveis ao consumidor no momento da contratao do ttulo.

    AtenoPara facilitar a sua compreenso, no Anexo 1, apresentamos um exemplo de condies gera is de t tu lo de capitalizao e nos prximos itens, sempre que possvel, ser informado qual o artigo dessas condies gerais a que o tpico em estudo se refere.

  • CAPITALIZAO32

    FORMAS DE CONTRATAO DE UM TTULO DE CAPITALIZAO

    Um ttulo de capitalizao pode ser contratado da forma mais clssica, isto , por meio da presena fsica do consumidor e do corretor de capitalizao ou da contratao por canais remotos: aqueles em que a contratao ocorre sem a necessria presena conjunta de consumidor e de um corretor de capitalizao. Por exemplo, podemos citar a contratao do ttulo via terminais bancrios de autoatendimento ou mesmo pela Internet.

    Contudo, a legislao exige requisitos especiais para a contratao por canais remotos. A sociedade de capitalizao dever:

    disponibilizar, imediatamente, a confirmao da contratao ao consumidor; e

    encaminhar, em at 15 dias aps a data do incio de vigncia, o ttulo de capitalizao ao titular ou disponibilizar, no momento da contratao, documentao contendo o ttulo de capitalizao e suas condies gerais.

    A CONTRATAO DE UM TTULO DE CAPITALIZAO: SUBSCRITOR E TITULAR

    As pessoas envolvidas na aquisio de um ttulo de capitalizao passam a possuir uma denominao especial: subscritor e titular.

    Subscritor a pessoa fsica ou jurdica que subscreve a proposta de compra, comprometendo-se a efetuar os pagamentos na forma prevista nas condies gerais do ttulo. O subscritor tambm pode ser chamado de proponente, em analogia ao contrato de seguro.

    J titular a pessoa, fsica ou jurdica, proprietria do ttulo. Ao titular cabem os direitos originados pelo ttulo de capitalizao. Esses direitos so, basicamente, o de recebimento do resgate e dos prmios de sorteio caso seja contemplado.

    O titular poder ser o prprio subscritor ou uma outra pessoa, fsica ou jurdica, indicada pelo subscritor. Assim, o subscritor, ao adquirir o ttulo de capitalizao (ou mesmo posteriormente, se no o fez em momento anterior), pode indicar a quem pertencem os direitos: ao prprio subscritor ou a algum por ele indicado.

    possvel, tambm, a escolha de mais de um titular. Assim, os pagamentos de resgate e de sorteios devero ser efetuados a cada um dos titulares indicados na proporo estabelecida pelo subscritor por ocasio da contratao.

    Exemplo: uma pessoa pode comprar um ttulo para si mesma ou pode compr-lo e indicar como titular seu filho. Nesse caso, ela responsvel pelo pagamento, e o filho ser o titular do direito de resgate e, caso o ttulo seja sorteado, o filho possui o direito de receber o prmio do sorteio.

    ObservaoA partir deste momento, seguiremos nosso estudo com foco nos elementos e requisitos que as condies gerais do ttulo devem apresentar, uma vez que tais condies que so levadas ao conhecimento do consumidor, definindo direitos e obrigaes tanto para o consumidor quanto para a sociedade de capitalizao. Abordaremos a Nota Tcnica Atuarial apenas quando for necessrio esclarecer um tpico das condies gerais.

  • UNIDADE 2 33

    Ateno

    Em caso de falecimento do titular, o ttulo integrar o seu esplio. Assim, em regra, aps a concluso do processo de inventrio, sero distribudos os direitos decorrentes do ttulo aos herdeiros do titular.

    Em caso de falecimento do subscritor, a transferncia se d de acordo com duas situaes:

    subscritor e titular eram a mesma pessoa neste caso, os direitos oriundos do ttulo integraro o esplio do falecido. Quanto obrigao de realizao dos pagamentos restantes (caso existam), que cabia ao subscritor falecido, tal obrigao poder ser assumida por qualquer pessoa legalmente interessada, porm isso no lhe garantir os direitos do ttulo; e

    subscritor e titular eram pessoas diferentes neste caso, qualquer pessoa legalmente interessada poder assumir o lugar do subscritor. O titular continuar a deter os direitos originados do ttulo (resgate da proviso matemtica e prmios de sorteios).

    Em qualquer das duas hipteses, no se efetuando os pagamentos, o ttulo ser cancelado conforme as regras previstas nas condies gerais, persistindo, no entanto, o direito de resgate.

    TRANSFERNCIA DO TTULO DE CAPITALIZAO: CEDENTE E CESSIONRIO

    Conforme a legislao em vigor, o ttulo de capitalizao indivisvel em relao sociedade (Anexo 1, art. 2o). Isso significa que duas sociedades de capitalizao no podem se unir para lanar um ttulo, sendo uma responsvel pelo pagamento dos resgates e a outra responsvel pelo pagamento referente aos sorteios. No possvel, tambm, mesmo depois de comercializado o ttulo, uma sociedade transferir a outra a obrigao dos pagamentos referentes aos sorteios.

    Alm disso, uma sociedade de capitalizao no poder comercializar os direitos relativos ao ttulo separadamente, ou seja, ela no pode, por deciso sua, vender o direito de resgate de um ttulo para uma pessoa e o direito de sorteio do mesmo ttulo para outra. Assim, a sociedade de capitalizao no pode, sozinha, decidir por dividir os direitos de um ttulo de capitalizao.

    No entanto, para o subscritor e para o titular, facultada a transferncia (cesso) de seus papis no ttulo a qualquer momento, mediante comunicao escrita sociedade, no podendo ser cobrada qualquer taxa para a realizao dessa transferncia.

    A pessoa, fsica ou jurdica, que cede o seu papel no ttulo de capitalizao chamada de cedente, enquanto a pessoa a quem esse papel est sendo cedido chamada de cessionrio.

  • CAPITALIZAO34

    A transferncia de titular mais frequente do que a transferncia entre subscritores.

    Na transferncia do titular, o cessionrio (novo titular) substitui o cedente (antigo titular) em todos os seus direitos e obrigaes. Assim, o novo titular assumir o papel do cedente, passando a possuir o direito ao resgate e participao nos sorteios. Somente o titular ou seu representante legal podem transferir a titularidade a outra pessoa. vedado ao subscritor este direito, a no ser que subscritor e titular sejam a mesma pessoa.

    J o subscritor pode transferir a outra pessoa a obrigao de efetuar os pagamentos.

    Importante

    Cabe ao subscritor e/ou ao titular comunicar sociedade de capitalizao sobre:

    seus dados cadastrais atualizados para efeito de registro e controle;

    a realizao de transferncia (cesso), informando os dados cadastrais do novo subscritor e do novo titular (cessionrios), respectivamente, mediante solicitao formal (assinatura) de ambas as partes ou de seus representantes legais; e

    a sociedade de capitalizao dever manter registro atualizado contendo as informaes sobre o ttulo e os dados cadastrais do subscritor e titular, de modo a identificar, para aquele ttulo de capitalizao, a perfeita vinculao entre estas pessoas e a sociedade de capitalizao, observados, tambm, outros requisitos de legislao mais especfica.

    VIGNCIA DE UM TTULO DE CAPITALIZAO

    O prazo de vigncia o perodo durante o qual o ttulo de capitalizao est sujeito s regras descritas nas condies gerais do ttulo, sendo administrado pela sociedade de capitalizao.

    Dois fatos podem determinar a data de incio de vigncia: a ocorrncia do primeiro pagamento (se o ttulo for do tipo PU ser pagamento nico) ou a aquisio do ttulo. considerada como sendo a data de incio de vigncia a que ocorrer primeiro entre as hipteses anteriores. Assim, se um consumidor adquire o ttulo no dia 5 do ms, efetuando o primeiro pagamento no dia 10, considera-se que o ttulo de capitalizao iniciou vigncia no dia 5, por ser esta a data que ocorreu primeiro (Anexo 1, art. 3o).

  • UNIDADE 2 35

    O ttulo permanecer plenamente ativo enquanto no houver atraso nos pagamentos. A partir da data de incio, e durante o prazo de vigncia, o titular passa a ter direito a todos os benefcios proporcionados pelo produto: juros e atualizao da Proviso Matemtica para Resgate, alm de poder participar dos sorteios.

    J vimos que o art. 1o do Decreto-Lei 261/67 menciona que o ttulo objetiva a constituio de um capital mnimo perfeitamente determinado em cada plano, e pago em moeda corrente em um prazo mximo indicado no mesmo plano.

    Dessa forma, o prazo de vigncia exatamente o prazo estabelecido no ttulo para a formao do capital. Pode-se dizer que o prazo de vigncia aquele em que esse capital est sujeito remunerao (capitalizao), pela incidncia da taxa de juros prevista nas condies gerais, e atualizao monetria, por meio da aplicao do ndice informado tambm nas condies gerais.

    O prazo mnimo de vigncia para um ttulo de capitalizao de 12 meses, conforme legislao em vigor.

    PRAZO DE CARNCIA DE UM TTULO DE CAPITALIZAO

    Na capitalizao, alguns ttulos admitem que o titular possa realizar resgates mesmo antes de encerrada a vigncia do ttulo, o que se denomina resgate antecipado. No entanto, o ttulo tambm pode estabelecer que o valor a ser recebido, em funo do resgate antecipado, s poder ocorrer depois de cumprida uma certa parte da vigncia, denominada prazo de carncia (Anexo 1 art. 11).

    O prazo de carncia o perodo de tempo, contado a partir do incio de vigncia do ttulo, que o titular ter que aguardar para poder receber o valor de resgate. Aps a solicitao do resgate total, no mais incidem juros sobre a Proviso Matemtica para Resgate, havendo apenas atualizao monetria.

    O prazo de carncia do ttulo de capitalizao no afeta o direito de participao nos sorteios, isto , nesse prazo o ttulo concorrer normalmente aos sorteios, havendo apenas a limitao ao recebimento do valor oriundo de resgate antecipado.

    Situao interessante poder ocorrer em caso de cancelamento do ttulo por inadimplncia (falta de pagamento). Quando houver este cancelamento, os recursos presentes na Proviso Matemtica para Resgate sempre podero ser levantados pelo titular (no obrigatoriamente de forma integral), devendo, no entanto, aguardar o cumprimento do prazo de carncia do ttulo de capitalizao, se existente. Assim, se o cancelamento ocorrer durante o prazo de carncia estabelecido no ttulo, o titular dever aguardar o seu trmino para, s ento, obter o valor de resgate. A legislao permite que a sociedade fixe um prazo de carncia para a efetivao de resgates no superior a 24 meses, contados sempre a partir da data de incio da vigncia. Se o ttulo tiver um prazo de vigncia inferior a 24 meses, o prazo mximo de carncia admitido para a efetivao do resgate ser igual ao perodo de vigncia do ttulo.

    ObservaoO prazo de vigncia no se confunde com o prazo de pagamento, que o perodo durante o qual o subscritor se compromete a efetuar os pagamentos. Porm, o prazo de pagamento s poder, no mximo, ser igual ao prazo de vigncia.

    ExemploUm ttulo de 12 meses de vigncia pode prever no mximo um prazo de carncia de 12 meses. J um ttulo com 72 meses de vigncia poderia apresentar um prazo mximo de carncia de 24 meses.

  • CAPITALIZAO36

    TIPOS DE TTULO: PU, PP E PMOs tipos de ttulos so classificados com base no nmero de pagamentos que sero efetuados pelo subscritor. Dividem-se em PU (pagamento nico), PP (pagamentos peridicos) e PM (pagamentos mensais) (Anexo 1, art. 4o).

    Como o prprio nome diz, os ttulos do tipo PU se caracterizam por um pagamento nico.

    Os ttulos do tipo PM preveem a realizao de um pagamento para cada ms de sua vigncia. Assim, exemplificando, se o ttulo PM possuir uma vigncia de 60 meses, ele exigir que o subscritor realize 60 pagamentos mensais e consecutivos.

    J os ttulos do tipo PP preveem pagamentos peridicos. No h correspondncia entre o nmero de pagamentos e o nmero de meses de vigncia, sendo prevista a realizao de mais de um pagamento.

    Em geral, esses pagamentos so consecutivos, mas no h correspondncia entre o nmero de pagamentos e o nmero de meses de vigncia. Por exemplo, possvel a existncia de um ttulo PP com 12 meses de vigncia em que haja somente seis pagamentos (do 1o ao 6o ms, por exemplo).

    H diversas aplicaes prticas para os ttulos PP e PM. Em geral, eles priorizam no s os sorteios, mas tambm o valor de resgate. Os ttulos PP e PM so os que mais se aproximam da ideia de uma poupana programada, ou forada, como alguns preferem, em razo de o subscritor ser obrigado a efetuar os pagamentos mensalmente, sendo o valor de resgate gradativamente construdo.

    A COMPOSIO DO PAGAMENTO: AS QUOTAS DE CAPITALIZAO, DE SORTEIO E DE CARREGAMENTO

    Cada pagamento a ser realizado pelo subscritor formado por trs componentes: quota de capitalizao, quota de sorteio e quota de carregamento (Anexo 1, Glossrio).

    Quotas de Capitalizao

    Representam o percentual (a parte) de cada pagamento que ser destinado constituio do capital a ser resgatado.

    ImportantePara qualquer tipo de ttulo, proibida a cobrana de valores do subscritor e/ou do titular com fi nalidade de inscrio, cadastro ou transferncia. Assim, nada, alm de valores correspondentes aos pagamentos, pode ser cobrado do subscritor de um ttulo de capitalizao.

  • UNIDADE 2 37

    Os percentuais relativos aos pagamentos a serem utilizados para constituio da Proviso Matemtica para Resgate quotas de capitalizao devero obedecer aos seguintes critrios, observados, ainda, os demais requisitos de cada modalidade:

    nos ttulos com pagamento nico (PU) em que haja sorteio, a quota de capitalizao mnima de 70%, qualquer que seja o prazo de vigncia. Mas h uma exceo: em ttulos de pagamento nico (PU) com 12 meses de vigncia e pertencentes s modalidades Incentivo ou Popular, o percentual destinado formao da Proviso Matemtica para Resgate dever ser, no mnimo, 50% do valor do pagamento.

    PU com Sorteios Percentual Mnimo destinado Capitalizao (Quota de Capitalizao Mnima)

    Ttulos em geral 70%

    Incentivo ou Popular com 12 meses de vigncia 50%

    nos ttulos com pagamentos mensais (PM) ou de pagamentos peridicos (PP), em que haja a realizao de sorteios, os percentuais destinados formao da Proviso Matemtica para Resgate devero ser, no mnimo, 10% do valor de cada pagamento nos primeiros trs meses de vigncia, 70% a partir do quarto ms de vigncia, e, alm disso, a mdia aritmtica do percentual de capitalizao de todos os pagamentos, at o final da vigncia do ttulo, dever corresponder a, no mnimo, 70%, qualquer que seja o prazo de vigncia do ttulo.

    PM ou PP com Sorteios Percentual Mnimo Destinado Capitalizao (Quota de Capitalizao Mnima)

    1o, 2o e 3o pagamentos 10%

    4o pagamento em diante 70%

    Mdia de todos os pagamentos 70%

    nos ttulos em que no h sorteio, sejam PU, PP ou PM, os percentuais destinados formao da Proviso Matemtica para Resgate devem corresponder, no mnimo, a 98% de cada pagamento.

    Quotas de Sorteio

    Tm como finalidade custear os prmios que so distribudos em cada srie. Representam a parte lotrica do ttulo, ou seja, aquilo que o consumidor est jogando. O bolo formado por essas parcelas se destina, exclusivamente, a bancar os prmios pagos aos clientes sorteados.

    H limites existentes na legislao para a quota de sorteio, mas esses limites variam de acordo com a modalidade do ttulo.

    ExemploSe, numa srie de 100.000 ttulos com pagamento nico de valor a, os prmios de sorteios totalizarem 10.000 vezes o valor do pagamento (10.000 * a), a quota de sorteio ser de 10% (10.000 * a /100.000 * a), isto , cada ttulo colabora com 10% de seu pagamento para custear os sorteios.

  • CAPITALIZAO38

    Quotas de Carregamento

    Os percentuais de carregamento devero cobrir os custos de despesas com corretagem, colocao e administrao do ttulo de capitalizao, emisso, divulgao, atendimento ao cliente, desenvolvimento de sistema e, claro, o lucro da sociedade de capitalizao.

    Assim, as quotas de carregamento representam a parcela de cada pagamento que cobrada pela sociedade para administrar o ttulo.

    Notas

    As quotas de sorteio e de carregamento devero ser apresentadas sempre em destaque nas condies gerais do ttulo de capitalizao e ser de conhecimento do subscritor no ato da subscrio.

    Como as quotas somadas devem resultar na integralidade de cada pagamento (100%), evidente que, indiretamente, a quota de capitalizao tambm pode ser conhecida. Atualmente, no h um limite expresso quota de carregamento. Os limites quota de sorteio sero abordados mais frente.

    Dentro dos limites estabelecidos pela legislao, cada sociedade pode fixar suas prprias quotas, de acordo com o objetivo comercial a ser atingido por cada produto que lanar.

    Exemplo: num ttulo com pagamentos mensais no valor de R$ 200,00, cada um, o quarto pagamento apresenta as seguintes quotas:

    quota de capitalizao: 75% quota de sorteio: 15% quota de carregamento: 10%

    Ento, R$ 150,00 (75%) sero destinados para compor o capital, R$ 30,00 (15%) sero destinados para o custeio dos sorteios e R$ 20,00 (10%) sero destinados ao carregamento da sociedade de capitalizao.

    Observa-se que apenas uma parte do pagamento (oriunda da quota de capitalizao) efetivamente utilizada na formao do capital, isto , da Proviso Matemtica para Resgate (PMR).

  • UNIDADE 2 39

    A ESTRUTURAO DE UM TTULO DE CAPITALIZAO:O TAMANHO DA SRIE

    De acordo com a legislao em vigor, os ttulos de capitalizao que prevejam sorteio devem ser estruturados em sries, ou seja, em sequncias ou em grupos de ttulos submetidos s mesmas condies e caractersticas, exceo do valor do pagamento (Anexo 1, art. 8o).

    Isso significa que podem ser comercializados, numa mesma srie, ttulos com valores de pagamento diferenciados, desde que tal hiptese esteja prevista na Nota Tcnica Atuarial do plano.

    O nmero de ttulos (tamanho da srie) que sero emitidos numa mesma srie dever ser informado nas condies gerais e na Nota Tcnica Atuarial do ttulo. Assim, o tamanho da srie representa a quantidade mxima de ttulos que poder ser comercializada nessa mesma srie. Somente os ttulos relativos a uma mesma srie podem concorrer aos sorteios previstos para aquela srie.

    Porm, possvel que uma sociedade de capitalizao comercialize vrias sries distintas, observada, no entanto, em cada srie, a quantidade mxima de ttulos. certo que os sorteios relativos a uma srie no se comunicam a uma outra, isto , os sorteios e, consequentemente, os ttulos ganhadores so independentes entre as sries.

    A importncia do tamanho da srie est relacionada aos sorteios.

    Em primeiro lugar, os sorteios so custeados pelos prprios ttulos, por meio da quota de sorteio. Assim, para se determinar quanto compete a cada ttulo, ou seja, para se fazer a diviso do custo dos sorteios pelos ttulos, necessrio definir quantos ttulos sero colocados venda, isto , necessrio se definir o tamanho da srie.

    O segundo aspecto relevante referente probabilidade de ser sorteado. Evidentemente, quanto maior o tamanho da srie, mais difcil ser, em tese, um ttulo ser sorteado.

    Uma srie , portanto, um conjunto limitado de ttulos, numerados sequencialmente, que possuem a mesma probabilidade de serem sorteados (o que, tecnicamente, denomina-se de equiprobabilidade de contemplao no sorteio), que concorrem praticamente aos mesmos sorteios e que buscam garantir o equilbrio entre receitas e despesas relativamente aos sorteios.

    VALOR DE PAGAMENTO E SUA ATUALIZAO

    facultada s sociedades de capitalizao a comercializao de ttulos com valores de pagamentos diferenciados, dentro da mesma srie, ou seja, possvel que ttulos dentro da mesma srie possuam valores diferentes de pagamento.

    ObservaoSe no for previsto sorteio (hiptese que, na prtica, muito difcil de ocorrer), no necessrio se estruturarem os ttulos em sries, isto , no havendo sorteio, a sociedade no precisa definir uma quantidade mxima de ttulos que ser comercializada.

  • CAPITALIZAO40

    Mas h tambm, segundo a legislao em vigor, valor mnimo para cada um dos pagamentos.

    Em termos gerais, a legislao prev que o valor mnimo admissvel para cada pagamento de R$ 3,00, mas a regra possui duas excees:

    ttulos que prevejam a cesso integral da Proviso Matemtica para Resgate para programas sociais, educacionais, culturais ou esportivos de interesse do Governo Federal; e

    ttulos da modalidade Incentivo que prevejam a cesso gratuita ao consumidor somente do direito participao nos sorteios.

    Possibilidades de mudana do valor pago pelo subscritor durante a vigncia:

    nos planos PU o pagamento nico, no sendo possvel, evidentemente, a hiptese de atualizao do valor a ser pago pelo subscritor.

    nos planos PM e PP os pagamentos so mensais e sucessivos. Assim, pode ser interessante prever a sua atualizao monetria, principalmente se o plano tiver um prazo de vigncia longo para que esses pagamentos no sejam corrodos pelos efeitos inflacionrios, j que, como o valor de resgate originado a partir de uma parte dos pagamentos (oriunda da quota de capitalizao), ele tambm sofreria os efeitos inflacionrios.

    Por isso, a norma faculta s sociedades de capitalizao a elaborao de planos com a previso de atualizao do pagamento. Anualmente, o valor de pagamento seria corrigido, ou melhor, atualizado monetariamente na forma definida nas condies gerais do ttulo (Anexo 1, art. 13).

    vedada a incluso de clusula de atualizao de pagamento para ttulos com prazo de pagamento igual ou inferior a 12 meses, uma vez que a atualizao deve ter, quando prevista, periodicidade anual e dever utilizar um dos ndices autorizados pela legislao em vigor.

    A legislao permite a utilizao de percentual inferior a 100% do ndice pactuado (Exemplo: 60% da variao do IGP-M), sendo possvel, tambm, que as sociedades de capitalizao estabeleam, nas condies gerais do ttulo, a livre pactuao entre as partes do percentual do ndice de atualizao a ser aplicado aos pagamentos peridicos (PP) ou pagamentos mensais (PM), a cada perodo de 12 meses.

    O ndice de atualizao e a forma de sua apurao, se existentes, devero constar das condies gerais do ttulo.

    Os ttulos que se utilizam da atualizao dos pagamentos adotam, normalmente, a correo anual pelo IGP-M, o que se tornou, praticamente, o padro do mercado.

    A questo da cesso ser mais bem abordada na modalidade Incentivo. No momento, o importante saber

    que, para as duas excees ao lado, no h um valor mnimo de

    pagamento imposto pela legislao.

    No Anexo 3 ndices de Atualizao , h a relao

    dos ndices de atualizao possveis de serem utilizados

    pelas sociedades de capitalizao.

  • UNIDADE 2 41

    INFORMAES AO CONSUMIDORA contratao de qualquer ttulo de capitalizao estabelece a obrigatoriedade de a sociedade de capitalizao prestar informaes relativas ao ttulo sempre que solicitadas pelo subscritor ou titular (Anexo 1, art. 17).

    Segundo legislao em vigor, toda e qualquer clusula que implique limitao ou impuser nus aos titulares dever ser redigida em destaque, permitindo imediata identificao e compreenso das regras.

    Alm disso, a sociedade de capitalizao deve prestar ao titular as informaes necessrias ao acompanhamento dos valores inerentes ao ttulo ou por meio da emisso e remessa de extratos individuais, ou por meio da disponibilizao de informaes atravs da mdia impressa ou eletrnica, ou, ainda, mediante outro canal de comunicao, devendo conter, no mnimo, o valor do resgate atualizado.

    No caso de optar por extratos, a periodicidade da remessa deve constar das condies gerais do ttulo, observada a periodicidade mxima semestral, no caso de ttulos de capitalizao de pagamentos peridicos (PP) ou pagamentos mensais (PM) com prazo de vigncia de 12 meses e a periodicidade mxima anual para os demais ttulos.

    Existe, tambm, a obrigatoriedade de notificao, por escrito, mediante correspondncia expedida com Aviso de Recebimento (AR) ou pela mdia impressa ou eletrnica, ao titular do ttulo contemplado em sorteio no prazo mximo de 15 dias, contados da data de sua realizao, caso o prmio no tenha sido pago.

  • CAPITALIZAO42

  • FIXANDO CONCEITOS 2 43

    Fixando Conceitos 2

    Anotaes:MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA

    [1] A economia (ou poupana) programada no ttulo de capitalizao realizada por meio da aplicao de:

    (a) Parte dos pagamentos realizados pelo consumidor, por um perodo de tempo no previamente definido no ttulo, sem haver a obrigatoriedade de incidncia de juros.

    (b) Todo o montante correspondente aos pagamentos realizados pelo consumidor, por um perodo estipulado no ttulo, a uma determinada taxa de juros.

    (c) Parte dos pagamentos realizados pelo consumidor, por um perodo estipulado no ttulo, a uma determinada taxa de juros.

    (d) Todo o montante correspondente aos pagamentos realizados pelo consumidor, por um perodo no previamente definido no ttulo, a uma determinada taxa de juros.

    (e) Todo o montante correspondente aos pagamentos realizados pelo consumidor, por um perodo no previamente definido no ttulo, mas sem aplicao de taxa de juros.

    [2] Um ttulo de capitalizao pode ser mais bem definido como um:

    (a) Ttulo imobilirio.(b) Ttulo mobilirio que permite o pagamento futuro de uma renda de

    aposentadoria.(c) Ttulo mobilirio, nominativo ou ao portador, que pode ser adquirido

    somente vista.(d) Ttulo mobilirio, nominativo ou ao portador, que conjuga economia

    programada e sorteio, podendo ser adquirido apenas por pessoas fsicas.

    (e) Ttulo mobilirio, nominativo, que pode ser adquirido a prazo ou vista, e que conjuga economia programada com a possibilidade de sorteios.

    [3] Em um ttulo de capitalizao, a nota tcnica pode ser definida como a(o):

    (a) Descrio do ttulo por meio de bases tcnicas, hipteses e formulaes atuariais.

    (b) Documento assinado pelo subscritor.(c) Documento que obrigatoriamente precisa ser entregue ao titular.(d) Documento que contm os nmeros com os quais o titular concorrer

    aos sorteios.(e) Descrio do ttulo onde esto contidos os direitos e deveres da

    sociedade de capitalizao e do titular.

  • CAPITALIZAO44

    Anotaes:

    Fixando Conceitos 2

    [4] Para que uma sociedade de capitalizao j autorizada possa comercializar um ttulo de capitalizao, ainda se faz necessrio que ela obtenha uma outra aprovao especfica, fornecida pela(o):

    (a) CVM.(b) SUSEP.(c) Banco Central.(d) CNSP.(e) CMN.

    [5] Quanto ao material de propaganda referente aos ttulos de capitalizao, somente pode ser confeccionado com autorizao expressa da (do):

    (a) Sociedade de capitalizao.(b) SUSEP.(c) Banco Central.(d) CNSP.(e) CONAR.

    [6] As condies gerais de um ttulo de capitalizao:

    (a) So clusulas que definem deveres e direitos somente do titular. (b) Representam a descrio do ttulo por meio de bases tcnicas,

    hipteses e formulaes atuariais. (c) So normas que regem o contrato celebrado entre a sociedade e os

    adquirentes de ttulos de capitalizao.(d) Nela, encontram-se as demonstraes dos clculos dos parmetros

    tcnicos de um ttulo de capitalizao, traduzidos em enunciados e frmulas matemticas que o plano tem que satisfazer.

    (e) Por no possurem natureza contratual e por no acrescentarem novos elementos sobre os direitos ou as obrigaes do consumidor, elas no necessitam ser de conhecimento do adquirente do ttulo de capitalizao.

    [7] Sobre os ttulos de capitalizao correto afirmar que:

    (a) So papis mobilirios, nominativos ou ao portador, que podem ser adquiridos somente atravs de pagamentos peridicos.

    (b) Srie um conjunto limitado de todos os ttulos de um mesmo plano de capitalizao, numerados sequencialmente, que podem possuir probabilidades diferentes de serem sorteados em funo do valor de pagamento.

    (c) Condies gerais so as normas que regem o contrato celebrado entre a sociedade e os adquirentes de ttulos de capitalizao, definindo deveres e direitos dos contratantes.

    (d) Uma vez suspenso, o ttulo poder ser reabilitado mediante quitao de metade dos pagamentos vencidos e no pagos.

    (e) Ficha de cadastro um formulrio preenchido quando do momento de solicitao do resgate.

  • FIXANDO CONCEITOS 2 45

    Fixando Conceitos 2

    Anotaes:[8] Sobre as formas de contratao de um ttulo de capitalizao, correto afirmar que:

    (a) Um ttulo somente pode ser contratado via corretor.(b) Um ttulo de capitalizao no pode ser contratado via terminais

    bancrios (caixas eletrnicos).(c) possvel a contratao via canais remotos, atendidos alguns requisitos

    especficos.(d) Se contratado via Internet, a confirmao da contratao tem que ser

    encaminhada ao subscritor em at 15 dias teis.(e) Se contratado via terminais bancrios, o ttulo de capitalizao tem

    que ser imediatamente entregue ao titular.

    [9] Entre as opes abaixo, assinale a alternativa que apresenta o conceito correto de titular:

    (a) a pessoa fsica, proprietria do ttulo de capitalizao, a quem devem ser pagos os direitos originados pelo ttulo.

    (b) a pessoa jurdica, proprietria do ttulo de capitalizao, a quem devem ser pagos os direitos originados pelo ttulo.

    (c) a pessoa jurdica, proprietria do ttulo de capitalizao, que deve indicar a pessoa qual sero pagos os direitos originados pelo ttulo.

    (d) a pessoa fsica, subscritora do ttulo de capitalizao, a quem no devem ser pagos os direitos originados pelo ttulo.

    (e) a pessoa, fsica ou jurdica, a quem devem ser pagos os direitos originados pelo ttulo.

    [10] Sobre a figura do subscritor num ttulo de capitalizao, pode-se afirmar que:

    (a) obrigatoriamente uma pessoa fsica.(b) Poder ser o prprio titular ou uma outra pessoa, fsica ou jurdica,

    indicada pelo titular.(c) Possui sempre o direito de resgate do ttulo.(d) Ele se compromete a efetuar os pagamentos na forma prevista nas

    condies gerais do ttulo.(e) obrigatoriamente uma pessoa jurdica.

    [11] Em capitalizao, no caso de falecimento do titular, os direitos do ttulo:

    (a) Passaro a pertencer ao subscritor.(b) No sofrem qualquer alterao em relao titularidade.(c) Passaro a pertencer sociedade de capitalizao.(d) Devero integrar o esplio do falecido.(e) Sero encerrados, doando-se sempre o valor para resgate.

  • CAPITALIZAO46

    Anotaes:

    Fixando Conceitos 2

    [12] O ttulo de capitalizao indivisvel em relao sociedade. Isso significa dizer que:

    (a) No se admite que duas sociedades de capitalizao se juntem para lanar um ttulo.

    (b) O subscritor pode transferir a propriedade do ttulo a outra pessoa, independentemente da concordncia da sociedade.

    (c) O titular nunca pode transferir a propriedade do ttulo a outra pessoa.

    (d) possvel que uma sociedade fique responsvel pelo pagamento do resgate e outra seja responsvel pelo pagamento dos prmios de sorteio.

    (e) plenamente possvel que, depois de comercializado o ttulo, uma sociedade transfira a uma outra a obrigao dos pagamentos referentes aos sorteios.

    [13] A mudana do titular (transferncia de propriedade) em um ttulo de capitalizao:

    (a) Depende somente da solicitao de quem est recebendo o ttulo, chamado de cessionrio.

    (b) Consiste na alterao de quem ser responsvel pelo pagamento do ttulo.

    (c) Depende somente da solicitao da pessoa para a qual o ttulo est sendo cedido, mas sempre com a concordncia da sociedade de capitalizao.

    (d) S pode ser realizada pelo subscritor.(e) Transfere os direitos de resgate e de participao nos sorteios para o

    cessionrio.

    [14] Em um ttulo de capitalizao, prazo de vigncia :

    (a) O perodo em que o titular no pode solicitar o resgate.(b) O perodo durante o qual, ainda que o titular solicite o resgate, no poder

    receber o valor, recebendo-o apenas aps o seu encerramento.(c) O perodo durante o qual o ttulo de capitalizao est sujeito s

    condies descritas nas condies gerais, tendo direito a juros e atualizao da Proviso Matemtica para Resgate, alm de poder participar dos sorteios.

    (d) Um perodo que sempre se inicia na data do primeiro sorteio do ttulo.(e) O perodo que marca a validade do ttulo, iniciando-se no momento

    da solicitao do resgate.

  • FIXANDO CONCEITOS 2 47

    Fixando Conceitos 2

    Anotaes:[15] Sobre o prazo de carncia, correto afirmar que:

    (a) o perodo de tempo, contado a partir do incio de vigncia do ttulo, que o titular ter que aguardar para poder resgatar o ttulo.

    (b) Suspende o direito de participao nos sorteios.(c) Acarreta a perda do direito ao resgate em caso de inadimplncia

    durante esse prazo.(d) o prazo durante o qual no incidem juros na Proviso Matemtica

    para Resgate.(e) o prazo durante o qual no h atualizao monetria na Proviso

    Matemtica para Resgate.

    [16] O pagamento dos ttulos de capitalizao pode ser:

    (a) Somente mensal e aleatrio.(b) Somente mensal.(c) Apenas nico.(d) Apenas mensal e peridico.(e) nico, peridico ou mensal.

    [17] As partes em que se divide o pagamento de um ttulo so:

    (a) Parcela destinada ao sorteio, parcela destinada ao carregamento e parcela a ser capitalizada.

    (b) Parcela destinada ao sorteio e parcela a ser capitalizada.(c) Parcela destinada ao sorteio e parcela destinada ao carregamento,

    uma vez que a parcela capitalizada opcional e constituda parte.(d) Parcela destinada ao carregamento, parcela a ser capitalizada e valores

    destinados a cobrir os custos obrigatrios com produtos aderentes aos ttulos.

    (e) Uma nica parte, que a parcela a ser capitalizada, de onde se originam todas as demais parcelas.

    [18] Sobre as quotas de capitalizao correto afirmar que:

    (a) Representam a parcela de cada pagamento que ser destinado constituio do capital.

    (b) Podem ser livremente fixadas pela sociedade de capitalizao, uma vez que a legislao no estabelece valores mnimos.

    (c) Correspondem sempre a 100% do valor do pagamento.(d) Tm como finalidade custear os prmios que so distribudos em cada

    srie. (e) Devero cobrir as despesas operacionais, administrativas e comerciais

    da sociedade.

  • CAPITALIZAO48

    Anotaes:

    Fixando Conceitos 2

    [19] Para os ttulos da modalidade Popular, com prazo de vigncia superior a 12 meses e constitudos na modalidade de pagamento nico, o percentual mnimo destinado capitalizao, estabelecido pela SUSEP, de:

    (a) 25%(b) 50%(c) 70%(d) 80%(e) 90%

    [20] Para os ttulos PM que apresentam sorteio, a mdia aritmtica de todas as quotas de capitalizao dever corresponder a, no mnimo:

    (a) 10%(b) 20%(c) 30%(d) 50%(e) 70%

    [21] No valor pago pelo ttulo, a parte relativa ao carregamento pode ser definida como:

    (a) A parte que fica para a companhia custear somente as despesas com corretagem.

    (b) A parte que fica para a companhia custear parte dos valores sorteados.(c) A parte que fica para a companhia custear despesas administrativas,

    operacionais e comerciais, bem como para obter seu lucro.(d) A parte que fica para a companhia custear somente as despesas de

    lanamento do produto.(e) Correspondente, exatamente, ao lucro da companhia.

    [22] Uma srie de ttulos pode ser definida como:

    (a) Os nmeros com os quais cada titular concorre aos sorteios.(b) Uma sequncia de ttulos elaborados de acordo com as mesmas

    caractersticas e pertencentes a um mesmo plano de capitalizao.(c) Um conjunto de ttulos sorteados.(d) Uma sequncia de diferentes ttulos vendidos por um mesmo

    corretor.(e) Uma quantidade qualquer de ttulos tomada aleatoriamente com o

    mesmo valor de pagamento.

  • FIXANDO CONCEITOS 2 49

    Fixando Conceitos 2

    Anotaes:[23] Quanto atualizao do valor de pagamento, correto afirmar que:

    (a) Pode ter periodicidade mensal.(b) Pode ser prevista tanto para os ttulos PU quanto para os PP e PM.(c) obrigatria se a vigncia for superior a 24 meses.(d) Poder ser prevista apenas para os ttulos com prazo de pagamento

    superior a 12 meses.(e) obrigatria em todos os ttulos.

    [24] O glossrio das condies gerais dever conter as seguintes definies:

    (a) Nota tcnica, vigncia, reserva e caducidade.(b) Vigncia, cedente, cessionrio, reserva e caducidade.(c) Subscritor, titular, capital, capital nominal.(d) Titular, cedente, capital nominal e reserva.(e) Propostas, resgates, subscritor e cessionrio.

    [25] Assinale a nica afirmativa que no se aplica s sociedades de capitalizao:

    (a) So garantidas em at R$ 60.000,00 pelo Fundo Garantidor de Crditos, caso existam irregularidades na gesto financeira.

    (b) Exige prazo mnimo de resgate.(c) As sociedades de capitalizao so obrigadas a constituir provises

    tcnicas por ttulo subscritor.(d) As sociedades de capitalizao podem distribuir parte de seus lucros

    aos subscritores dos ttulos.(e) A taxa de juros efetiva mensal utilizada para remunerao do ttulo

    e/ou sua equivalente anual, com exceo das modalidades Popular e Incentivo, dever corresponder a, no mnimo, 90% da taxa de juros aplicada s cadernetas de poupana e dever constar da Nota Tcnica Atuarial e das condies gerais do ttulo.

  • CAPITALIZAO50

  • UNIDADE 3 51

    CAPITAL, RESGATE E SORTEIO33

    Aps ler esta unidade, voc deve ser capaz de:

    Apresentar os conceitos de capital, resgate e sorteio, tipificando-os e detalhando suas caractersticas.

    Examinar os casos de suspenso e reabilitao de ttulos.

    Examinar as regras e modalidades de resgate de ttulos.

    Examinar as regras de regulamentao do sorteio definidas pela Circular 130.

    Explicar como remunerado o capital aplicado.

    Examinar as regras para formao de provises matemticas de regate.

    Examinar as regras de reajuste e atualizao de mensalidades e reservas.

  • CAPITALIZAO52

  • UNIDADE 3 53

    A PROVISO MATEMTICA PARA RESGATE: A CONSTITUIO DO CAPITAL PARA RESGATE

    A quota de capitalizao representa a parte de cada pagamento que ser destinada formao do capital que servir como base para o clculo do valor a ser resgatado pelo titular. Esse capital est presente numa espcie de conta do titular, chamada Proviso Matemtica para Resgate (PMR) ou Reserva de Capitalizao, que similar a uma caderneta de poupana (Anexo 1, Glossrio).

    A Proviso Matemtica para Resgate do ttulo dever sofrer a incidncia de atualizao monetria e de juros a partir da data de incio de vigncia do ttulo de capitalizao. Seu saldo sempre apresentado, considerando-se o fim do ms de vigncia.

    Inicialmente, deve-se compreender o conceito de data de aniversrio como sendo o dia de incio de vigncia do ttulo, e que ser considerado, tambm, em todos os meses subsequentes enquanto o ttulo no for resgatado (ver Glossrio Anexo 1).

    Assim, se um ttulo for adquirido no dia 17 de maro, a sua data de aniversrio ser o dia 17.

    A Proviso Matemtica para Resgate no Ttulo PU

    No caso do ttulo PU, como s h um pagamento, a evoluo da proviso bastante simples:

    do pagamento nico realizado, separa-se o valor destinado capitalizao;

    esse valor o depsito inicial da PMR (conta), que sofrer, mensalmente, a remunerao dos juros e a atualizao monetria;

    ao final do primeiro ms de vigncia, na data de aniversrio, o saldo da proviso ser a soma do depsito inicial com a parcela de remunerao (juros) e com a parcela da atualizao oriundas desse primeiro ms de vigncia. Assim, as parcelas oriundas dos juros e da atualizao monetria passam, tambm, a integrar a proviso para efeito do prximo perodo de vigncia; e

    para os meses seguintes, repete-se a operao anterior, isto , na data de aniversrio (final do ms de vigncia), devem ser adicionados ao saldo da proviso matemtica os juros e a atualizao monetria oriundos do ms de vigncia que se encerra.

    fundamental a compreenso