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45 Capítulo 3: Estágio Biblioteca da Faculdade de Letras de Lisboa ANTES DE RELATAR A MINHA EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO COMEÇAREI POR CONTEXTUALIZAR O UNIVERSO NO QUAL DESENVOLVI O MEU ESTÁGIO. POR FIM, IREI RELATAR A MINHA EXPERIÊNCIA, OS PROJECTOS EM QUE ESTIVE ENVOLVIDA. TENDO EM CONTA O MEU ESTÁGIO E OS DOIS CAPÍTULOS ANTERIORES, FAREI UM DIAGNÓSTICO AO SERVIÇO DE DIFUSÃO CULTURAL.

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Capítulo 3: Estágio – Biblioteca da

Faculdade de Letras de Lisboa

ANTES DE RELATAR A MINHA EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO COMEÇAREI POR

CONTEXTUALIZAR O UNIVERSO NO QUAL DESENVOLVI O MEU ESTÁGIO. POR FIM,

IREI RELATAR A MINHA EXPERIÊNCIA, OS PROJECTOS EM QUE ESTIVE ENVOLVIDA.

TENDO EM CONTA O MEU ESTÁGIO E OS DOIS CAPÍTULOS ANTERIORES, FAREI UM

DIAGNÓSTICO AO SERVIÇO DE DIFUSÃO CULTURAL.

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3.1 UNIVERSIDADE DE LISBOA

A Universidade de Lisboa foi formalmente decretada a 22 de Março de 1911,

sendo constituída primeiramente pelas escolas superiores como: Escola Médico –

Cirúrgica, a Escola de Farmácia, a Escola Politécnica e o Curso Superior de Letras,

sendo que as suas denominações foram alteradas nascendo novas faculdades e

instituições agregadas. A sua antecessora fora a Universidade Portuguesa, criada pelo

rei D. Dinis, esteve sediada em Lisboa e Coimbra, até que, em 1537, foi transferida

definitivamente para Coimbra.

A instituição tem como missão formar e qualificar os seus estudantes, de modo a

que cada estudante, além do conhecimento de saberes que vai apreender, deverá criar

indivíduos com pensamento crítico, ou seja, onde o cultivo do saber impera e a seu

questionamento é louvável. Tem ainda como missão a difusão e produção de

conhecimento de referência internacional, valorizando as actividades de investigação e

ensino.

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3.2 A FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

A Faculdade de Letras nasce do Curso Superior de Letras, fundado em meados

do século XIX que fora estabelecida entre 1858 e 1859. A Faculdade de Letras recém-

criada instalou-se nas mesmas instalações da Academia das Ciências de Lisboa, no

Convento de Jesus onde se encontrava a sua antecessora, até que, nos finais dos anos 50

foi transferida para as instalações que hoje conhecemos: a Cidade Universitária.

A sua missão consiste em integrar os seus estudantes, através do ensino e da

investigação, na sociedade de conhecimento de conhecimento e debate dos vários

campos de investigação que constituem as Humanidades, de modo a que possam nelas

vir a participar a título individual e sejam indivíduos críticos criativos.

A faculdade organiza e ministra cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento e

outros cursos que não conferem grau; promove e organiza actividades de investigação

científica; colaborar com outras unidades da Universidade de Lisboa e com outras

Universidades na realização de actividades de interesse comum, nomeadamente na

organização de cursos e projectos científicos; assegura a extensão à comunidade através

da prestação de serviços, cursos e acções de formação inicial e contínua; e por fim

promove a internacionalização científica e cultural, assegurando a mobilidade de

estudantes, docentes e investigadores.

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3.3 BIBLIOTECA DA FACULDADE DE LETRAS

A Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa nasce da

Biblioteca do Curso Superior de Letras, sendo que as suas raízes datam desde o século

XIX. Actualmente, os seus depósitos contêm um património bibliográfico bastante rico

em obras de várias áreas distintas da Cultura que vão desde o século XV à actualidade.

Este acervo foi construindo através de variadíssimas aquisições de obras, por via de

doações como as da Academia Real das Ciências de Lisboa, da Academia de História, e

por último, ofertas realizadas por professores da Faculdade e intelectuais portugueses.

Apesar de a Faculdade ter sido fundada, formalmente a 22 de Março de 1911, só

nos finais dos anos 50, é que tanto a Faculdade e a Biblioteca, foram transferidas do

edifício de anexo à Academia das Ciências para as instalações da Cidade Universitária.

Onde a Biblioteca continuou a prestar os seus serviços seguindo a mesma linha de

trabalho que prestava anteriormente, até que, no final dos anos 80, procedeu ao início de

reorganização e modernização com implementação de um processo de informatização,

adaptando-se às novas necessidades a nova era.

Onde antes o património bibliográfico encontrava-se repartido e espalhado por

toda a Faculdade, a partir de 2000, foi possível a concentram de todo o espólio num

edifício novo projectado pelo arquitecto holandês Harro Witner, com uma área coberta

de 6600m2. Neste edifício construiu-se também, uma sala de conferências, de reuniões,

um anfiteatro e espaços onde se prestam serviços de apoio. Com a modernização a

Biblioteca sofreu alterações na sua estrutura orgânica e funcional, no entanto a sua

função de gestão permanece:

3.3.1 MISSÃO

O que define uma organização e lhe dá identidade é a sua missão. A Biblioteca

da FLUL tem como missão “adquirir, processar, conservar e tornar acessíveis os

recursos de informação, de tipologias e suportes diversificados, especializados nas áreas

de ensino e investigação da FLUL.” (Biblioteca da FLUL). Para além da acção cultural:

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Compete à unidade de difusão cultural, nomeadamente:

a) Organizar iniciativas de difusão cultural dos fundos da Biblioteca da FLUL e apoiar

tanto as que lhe forem solicitadas pela Faculdade como por entidades externas;

b) Editar os meios de divulgação destas iniciativas 4

No próximo subcapítulo irei revelar a estrutura da Biblioteca, uma vez que é necessário

para os leitores compreenderem as funções que nós utilizadores não vemos para a boa

gestão e funcionalidade desta instituição

3.3.2 ESTRUTURA

A organização da Biblioteca da FLUL para atingir a sua missão, encontra-se

dividida em 7 unidades ou serviços que contemplam os estatutos exercidos pela

Biblioteca:

Aquisições, Processamento e Conservação

Nesta unidade é garantido a aquisição de documentos para a colecção da

Biblioteca, seleccionando, identificando e registando todas as novas aquisições

realizadas por compra, oferta ou permuta.

Acesso Geral

É a unidade que assegura a consulta e os empréstimos domiciliários e inter-

bibliotecários a nível nacional e internacional. Que garante a organização e actualização

de dados, propõe ainda novas aquisições.

4 Universidade de Lisboa. Faculdade de Letras (2005) Regulamento orgânico dos serviços da Faculdade

de Letras da Universidade de Lisboa. Capitulo II: secção: I: artigo 9. Diário da República. 2 (64) (1 de

Abril), 5177.

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Especiais

A presente unidade é responsável pela consulta, manutenção do património

bibliográfico e por novas aquisições de documentos sonoros e redigidos em Braille.

Elaborar também políticas de respostas à comunidade científica de necessidades

especiais.

Reservados

A unidade é responsável pelo processamento bibliográfico e o acesso aos

fundos, bem como garante serviços relativos à catalogação e informação relativos às

suas colecções mais antigas, de modo a assegurar o acessos destes patrimónios

bibliográficos aos públicos.

Unidade de Difusão Cultural

É a unidade responsável pela organização de iniciativas de difusão cultural dos

fundos da biblioteca, como assegura também o apoio das iniciativas solicitadas por

qualquer órgão da Faculdade como de entidades externas. Assegura também a

divulgação das mesmas.

Apoio ao Utente

A presente unidade assegura os serviços de acolhimento ao leitor, como a

emissão do cartão de acesso, garante a orientação da consulta de obras e o apoio à

pesquisa nas bases bibliográficas nacionais e internacionais. Realiza, ainda, acções de

formação aos leitores.

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3.4 O SERVIÇO DE DIFUSÃO CULTURAL

A acção cultural, que surgiu na década de 70, não estava formalmente

consagrada na estrutura funcional e orgânica da Biblioteca. Só em 2003, o Serviço de

Difusão Cultural, passa a fazer parte formal da Biblioteca sendo contemplado nos

estatutos da Biblioteca:

Compete à unidade de difusão cultural, nomeadamente:

a) Organizar iniciativas de difusão cultural dos fundos da Biblioteca da FLUL e apoiar tanto as

que lhe forem solicitadas pela Faculdade como por entidades externas;

b) Editar os meios de divulgação destas iniciativas

A partir de 2007, a acção cultural passou a estar incluída no planeamento e

gestão da Divisão da Biblioteca.

O Serviço de Difusão Cultural planifica e promove acções culturais centradas na

concepção e produção regular de exposições temáticas, conferências e lançamentos de

livros organizadas por iniciativa da Biblioteca ou em parceria com docentes,

Departamentos e Centros de investigação, no âmbito de eventos de carácter científico

ou projectos de investigação. Acolhe exposições produzidas por entidades externas.

Todavia, concebe, organiza e realiza eventos (palestras, concertos, espectáculos) com

personalidades do mundo das artes, da música e do espectáculo por iniciativa própria

com o objectivo promover a dinamização cultural.

A oferta cultural é publicitada através do Blogue e de outras redes sociais com o

Facebook e Twitter. Através deste serviço podem igualmente os utilizadores da

biblioteca como também a comunidade universitária e exterior proceder a propostas de

dinamização cultural.

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3.5 Estágio

A realização do estágio não foi apenas um dos passos para concretizar a via

profissionalizante do Mestrado, foi também um passo importante que me desafiou

enquanto indivíduo social.

O meu estágio teve lugar no Serviço de Difusão Cultural da Biblioteca da

Faculdade de Letras onde, após ter sido apresentada a todo o pessoal que trabalha na

instituição pelo Dr. Pedro Estácio, Chefe de Divisão da Biblioteca, foi-me permitido

integrar melhor a situação do serviço através da consulta do plano de actividades do ano

2011, como também os estatutos da Biblioteca, Faculdade e Universidade quanto à

importância do papel da Difusão Cultural no ensino superior.

No início fiquei bastante nervosa pelo facto de, até então, não ter qualquer experiência e

por isso sentia-me insegura. Até à concretização do estágio apenas conhecia os aspectos

teóricos da Comunicação e Cultura, que aprendi durante a licenciatura e o mestrado. O

estágio permitiu-me abordar estes conceitos de um modo mais prático e real, o que

muitas vezes não corresponde à formação teórica dada, sendo desta forma uma lacuna

na minha formação superior. O estágio proporcionou-me a experiência, que não tinha, e

mostrou-me qua a prática leva-nos à perfeição e que errar (além de ser humano), é

também uma forma de aprendizagem. Aceitei cada dia como um desafio às minhas

capacidades, aprendi a lidar com as situações do quotidiano, encontrar soluções para

cada cenário possível, e lidar com problemas imprevistos de rápida solução, sendo cada

resolução a mais diplomática e a mais benéfica para todos os envolvidos.

Ao longo desta experiência, mostrei-me sempre disponível e pronta a ajudar dentro e

fora do serviço, dado o meu interesse em adquirir novos conhecimentos e também de

forma a conhecer o melhor possível o trabalho interno de uma Biblioteca, o que viria a

ajudar a compreender o trabalho global; procurei corresponder a tudo o que era

solicitado com a maior maturidade e responsabilidade possível. Este desempenho deu-

me a oportunidade de participar em vários projectos, como irei descrever mais adiante.

O meu estágio começou a 9 de Janeiro de 2012 e terminou a 9 de Abril de 2012, teve a

duração de 3 meses. Era um estágio a full-time, das 09h00 às 18h00. No primeiro dia, o

meu orientador, Dr. Pedro Estácio, indicou-me as funções que viria a desempenhar ao

longo do trimestre. Fui apresentada aos dois técnicos responsáveis pelo Serviço de

Difusão Cultural: a Dr.ª Maria João Coutinho, a coordenadora, e o Dr. Pedro Coelho. A

Dr.ª Maria João Coutinho de imediato efectuou uma reunião comigo a fim de ficar a par

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de toda a situação actual do plano de actividades. Compreendi que a Biblioteca

estabelece e trabalha muito em parceria com associações, entidades locais,

departamentos, centros de estudos e outros órgãos da Faculdade e Universidade de

Lisboa. Esse esforço constitui uma mais-valia não só para o desenvolvimento das

próprias instituições mas também para a Biblioteca e Faculdade, uma vez que oferece a

possibilidade de serem, ao mesmo tempo, espectadores e promotores de eventos. As

entidades propõem e organizam algo e a biblioteca arranja os meios para que o projecto

possa ir para a frente limitando-se, muitas vezes, a participar no processo de terreno em

parceria com qualquer entidade, sendo o trabalho desenvolvido qualificado como co-

produção.

O trabalho que tem vindo a desenvolver ao longo dos tempos pode constituir um bom

exemplo da importância da cultura na formação do indivíduo enquanto ser social, uma

vez que a cultura não pode ser entendida simplesmente como a programação cultural

que é oferecida ao público. Pode dizer-se que, pelo trabalho que a Biblioteca da

Faculdade de Letras de Lisboa, todos esses factores são tidos em conta e têm

conseguido oferecer uma actividade cultural que vale a pena analisar.

Passo agora a nomear e a explicar as funções e tarefas que desempenhei ao longo do

estágio no Serviço de Difusão Cultural.

3.5.1 Actividades

Arquivo de Actividades Culturais Anuais e Relatório

Uma das minhas primeiras tarefas foi fazer um arquivo em suporte digital e

papel de todas as actividades culturais em que a Biblioteca fosse parceira ou entidade

organizadora. Neste caso o arquivo seria um dossier que continha todo o material sobre

cada actividade: exemplar de cartazes, flyers, ou mesmo calendários internos do serviço

com toda a informação disponível que permitisse identificar as actividades, bem como a

data de realização e outras informações descritivas dos eventos. Diariamente, fui

procurando material para o arquivo. Este trabalho foi bastante moroso, uma vez que

toda a informação encontrava-se espalhada pelas redes sociais (Facebook, Blogue,

Twitter), computadores, e arquivos em suporte papel diversos. Já o relatório foi bem

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mais fácil devido a todo o trabalho já realizado para elaborar o arquivo. No fim, acabei

por fazer dois relatórios em que um iria conter uma breve análise minha sobre o serviço.

Todo este trabalho deu-me a conhecer os eventos realizados até então pela Biblioteca

como também o tipo de evento mais recorrente.

Projecto Dia 23 de Abril Mundial do Livro e dos Direitos de Autor

Após a reunião para ficar a par dos planos de Actividades Culturais com a Dr.ª

Maria João Coutinho, fui de imediato envolvida no projecto do Dia Mundial do Livro e

dos Direitos de Autor. Esta é uma das ofertas anuais da Biblioteca. Este ano foi

planeada a realização de duas exposições que viriam a acontecer na Galeria de

Exposições e no Átrio da Biblioteca: a exposição Pedras Leitor da artista Madalena

Bensusan e uma exposição de Livros em Miniatura do artista João Lizardo. Neste meu

primeiro projecto foi-me dada a tarefa de fazer os contactos com os artistas. Durante a

correspondência via correio electrónico, deparamo-nos com uma situação de desistência

por parte de um artista. Depois de uma reunião de emergência, ficou acordado que este

ano o evento conteria apenas a exposição de um autor: a artista Madalena Bensusan.

Após troca de e-mails, foi agenda uma reunião com a artista para conhecer o espaço do

evento e preparação do mesmo. No entanto, fomos convidados a conhecer a loja-mãe da

autora onde as peças encontram-se em constante exposição. O que ajudou bastante a

conhecer o vasto leque de criações da autora e as suas inspirações.

Para além dos contactos que fiz, pude participar em todas as reuniões e pude

acompanhar a coordenadora, Dr.ª Maria João Coutinho, na ida ao espaço onde se

encontravam as peças. Não só observámos as criações como permitiu dar a noção que

tipos de peças poderiam encaixar no tema da exposição. No dia 15 de Fevereiro

decorreu a reunião com a artista. Foi feita uma visita ao espaço, planificamos a estrutura

da exposição, quando seriam entregues as criações para a inauguração coincidir no dia

23 de Abril (Anexo 1), que material seria usado para suportar as peças e outros detalhes

para a concretização do evento.

Neste projecto participei nas várias fases de produção e na criação da comunicação

como na criação de cartazes. Pude, desta forma compreender um pouco melhor quais as

fases de programação e como lidar com situações que se encontram fora do nosso

controlo.

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Projecto Dia 8 de Março: Dia Mundial da Mulher

Este foi o projecto no qual me deram liberdade de criação. Supervisionada pela

coordenadora, Dr.ª Maria João Coutinho, considerámos que a visualização de um filme

neste dia seria o mais indicado. De imediato, marcamos a sala 5.2, sala dos mestrados,

para as 18h, com a Sr.ª D. Fátima, responsável pelas reservas das salas para vários

eventos na Faculdade. Após a marcação, a Dr.ª Maria João Coutinho juntamente comigo

durante o brainstorming para além de optarmos pela visualização de um filme,

decidimos que este ano os alunos iriam escolher o filme para a sessão proposta. De entre

de 7 filmes pré-seleccionados pela Difusão Cultural e pelo Dr. Pedro Estácio, Chefe de

Divisão da Biblioteca, escolhemos: O sorriso de Mona Lisa; O Fiel Jardineiro; Amar é

complicado; Persépolis; Amália; Licença para casar e Water.

Através da rede social Facebook todos os alunos e outros ligados à página da Biblioteca

puderam votar, até dia 20 de Fevereiro, no seu filme predilecto. Todos os filmes eram

acompanhados de sinopse e trailer para ajudar na escolha. No dia 21 contámos os votos

que deram como vencedor o filme Amar é complicado. A partir desse dia procedi à

execução e divulgação dos cartazes. Estes foram espalhados por vários locais de

concentração de alunos, como também foram divulgados pelas redes sociais da internet

(Anexo 2).

No dia 8 de Março, chegamos à sala 5.2, pelas 17h30 para executarmos os

processos de verificação do sistema audiovisual. Pelas 18h15, iniciou-se a sessão de

cinema que durou sensivelmente 2h.

Este evento, apesar de pequena envergadura, foi o primeiro projecto no qual me

deram liberdade de decisão. Foi um bom exercício para ganhar experiência e

compreender a gestão necessária para criar um evento independentemente da sua

dimensão.

Lançamento de Livros

Durante o meu trimestre de estágio, houve dois lançamentos de livros. O

primeiro ocorreu em Janeiro e foi o lançamento do livro Os Peppini do escritor Flávio

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Quintale que ocorreu no dia 17 de Fevereiro (Anexo 3). O segundo evento foi o

lançamento do livro Alcaçuz do escritor Vladimir (Anexo 4). A minha tarefa em ambos

os projectos foi a preparação da divulgação do lançamento nas redes sociais, bem como

a produção dos flyers.

Gestão de Conteúdos das Redes Sociais na internet

Esta foi uma tarefa que fui desempenhando ao longo do estágio. Fiquei responsável por

toda a informação que era publicada nas redes sociais, como Facebook, Blogue, Twitter,

nas quais a Biblioteca se encontrava. Todas as informações relativas à instituição, tais

como actividades culturais ou mesmo acções de formação na Faculdade, eram

publicadas. Outras acções publicadas eram notícias dentro e fora do universo

académico. As minhas fontes eram jornais como o Público, Diário de Noticias, Time

Out, Hardmúsica, RTP, SIC e outras fontes credíveis. Neste caso, tinha de ter bastante

cuidado com a informação que era passada. As informações deveriam ser genuínas e

deveriam ter um carácter cultural. Aqui fui autorizada a renovar o visual do Blog, bem

como da página de Facebook. Ao desempenhar esta tarefa foi-me pedido que

desenvolvesse para o site da Biblioteca uma definição do Serviço de Difusão Cultural.

No final acabei por desenvolver duas definições: uma formal e outra informal. A

primeira enquadra-se para o Blogue e contem a apresentação do Serviço e que tipo de

missão realiza, convidando os interessados a enviar os seus projectos para possíveis

parcerias (Anexo 5). A segunda encaixa na dinâmica do site oficial da Biblioteca e

computa uma breve apresentação do Serviço bem como a missão que executa, ou seja,

um texto expositivo (Anexo 6).

Enquanto estive a estagiar criei algumas propostas: a criação de uma newsletter

trimestral que contemplasse as actividades culturais, acções de formação, bem como

palestras, workshops e outras actividades tanto da Biblioteca como da Faculdade.

Porém, esta proposta apesar de ser bem aceite não é funcional de todo.

Outra proposta apresentada foi a de todos os meses eleger um artista que tenha passado

pela Faculdade de Letras de Lisboa. O projecto foi bem-sucedido e o primeiro artista

escolhido foi o actor, realizador de Teatro Luís Miguel Cintra. No entanto, por motivos

de prazo do estágio, não consegui continuar o projecto, mas soube que a Dr.ª Maria João

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Coutinho e o Dr. Pedro Coelho levaram a cabo esse projecto e a página da Biblioteca no

Facebook todos os meses elege alguém do mundo das artes.

Projecto Dia 21 de Março: Dia Mundial da Poesia

Este projecto chegou-nos pelo Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e

Europeias (CLEPUL). Foi apresentado por parte do CLEPUL um pedido de parceria

com a Biblioteca para o evento dedicado ao Dia Mundial da Poesia. Ao longo do dia

iriam decorrer, nos espaços da Faculdade, sessões como debates e declamações de

poesia. A ideia do projecto era encerrar as celebrações no espaço da Biblioteca com

uma exposição de homenagem ao poeta Ramos Rosa, declamação de poesia amadora e

um mini-concerto com o grupo musical do CLEPUL. No dia 20 de Março efectuamos a

requisição das obras do poeta, bem como ao processo de montagem da exposição.

Entretanto foi me confiada a tarefa de fazer o catálogo bibliográfico da exposição.

Um catálogo bibliográfico é um índice das peças em exposição. Neste caso um índice

de obras bibliográficas de um determinado tema ou autor que contém a cota, código de

barras respeitando a norma portuguesa 4055. Este índice encontra-se organizado

alfabeticamente, tema e autor. A exposição bibliográfica seria complementada com uma

exposição fotográfica do poeta (Anexo 7). As fotos foram cedidas pela Dr.ª Rosa Fina, a

organizadora do evento. No dia 21, as celebrações decorreram sem problemas e contou

ainda com a presença do Reitor da Universidade de Lisboa.

Este projecto, no qual a Biblioteca se envolveu foi um processo rápido tanto de

montagem como de elaboração de informação de apoio.

Projecto Exposição Violência Doméstica

Esta iniciativa foi organizada pelo fotógrafo Bruno Gonçalves que convidou a

Biblioteca como parceira. Esta exposição está enquadrada numa semana dedicada à

sensibilização da comunidade para a realidade da violência doméstica e a angariação de

5 A Norma Portuguesa 405 é uma norma bibliográfica utilizada por todas as Bibliotecas portuguesas.

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fundos para ajudar a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) e a

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV). Tendo estes dados em mente, esta

exposição apresenta um olhar sobre este problema social que muitas vezes é esquecido,

mas que se encontra sempre presente.

Paralelamente a esta exposição, no dia 15 de Março concretizou-se um debate e um

concerto a cargo dos “Muri Muri”, sendo estas actividades promovidas pelo Grupo de

Investigação n.º6 “Moderna Diferença” do Centro de Estudos Anglísticos da

Universidade de Lisboa (Anexo 8). Para este evento fui encarregada de elaborar os

flyers, e também de realizar os contactos como Fotógrafo para agendarmos o dia de

montagem. No dia 6 de Março fizemos a montagens da exposição com o Fotógrafo e a

Cátia Marques, uma das organizadoras do projecto. Esta era uma exposição agressiva e

chamativa ao olhar do visitante, obrigando-o a encarar uma realidade escondida pela

sociedade.

Projecto Dia 25 de Maio: Dia de África

O projecto Dia de África é uma das ofertas da Biblioteca. Todos os anos realiza-

se uma actividade, tendo em conta o tema. Este ano a Biblioteca convidou dois artistas:

Rita Tavares e Sidney Cerqueira que iriam expor as suas obras: a primeira na Galeria de

Exposições da Biblioteca; a segunda no espaço de Cafetaria da Biblioteca (Anexo 9 e

10). Estas exposições iriam decorrer ao longo do mês de Maio e a primeira semana de

Junho. A minha participação no evento foi reduzida, apenas efectuei os contactos de

confirmação com os artistas.

Projecto Exposição de Alunos de Cultura Visual

A meio do estágio foi-me informado que teríamos uma exposição dos Alunos de

Cultura Visual que seria orientada pela professora Diana Almeida (Anexo 11). A

exposição iria ocorrer entre 11 a 20 de Abril. Confiaram-me a tarefa de fazer contactos

com a professora e alunos responsáveis para obtermos a informação necessária para

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reproduzir os cartazes de divulgação, e informação sobre as peças e as suas dimensões.

Neste projecto a Dr.ª Maria João Coutinho e o Dr. Pedro Coelho acharam que estaria

preparada para receber os alunos e a professora para a montagem da exposição. Sempre

que necessário (e caso a responsabilidade fosse demasiado grande para mim) poderia

recorrer à ajuda tanto do Dr. Pedro Coelho como da Dr.ª Maria João Coutinho. Este foi

um projecto no qual a Biblioteca teve uma participação mais de apoio. Apesar de a

exposição ocorrer após o término do meu estágio, foi me dada a possibilidade de

participar. Oportunidade que agarrei com bastante satisfação. Esta foi uma exposição

com um intuito educativo por parte da professora. A iniciativa permitiu o contacto

directo aos alunos com a concretização de uma actividade.

Projecto American Corner

A meio do meu trimestre de estágio o Dr. Pedro Estácio convidou-me para

organizar um programa de actividades culturais relacionadas com o protocolo American

Corner que a Biblioteca mantem com a Embaixada dos Estados Unidos da América.

Antes de começar o primeiro rascunho do programa, fui procurar informar-me sobre

este protocolo junto do Dr. Pedro Estácio e do site da Embaixada.

O American Corner é um protocolo criado pela Embaixada dos Estados Unidos da

América que fornecer ao público universitário e à sociedade o acesso a conjunto de

recursos de informação electrónicos, disponíveis através do eLibraryUSA. Tornando-se

num polo de difusão da cultura americana. Este memorando foi assinado entre a

Biblioteca da Faculdade de Letras e a Embaixada a Janeiro de 2011, o primeiro a ser

inaugurado em Portugal continental. Hoje existem mais 6 Bibliotecas Universitárias que

assinaram este memorando divulgando assim a cultura americana por todo o país.

Depois de concluída a minha pequena investigação sobre o assunto, procedi a

um primeiro brainstorming que permitiu definir a linha de iniciativas como também a

linha cronológica mais adequada. Durante todo o meu procedimento fui sempre

supervisionada pelo Dr. Pedro Estácio com quem sempre conferenciei aquando

necessitava de aconselhamento. O que acabou por me ajudar bastante. Por fim tinha

concluído o meu programa de iniciativas e depois da aprovação e dos acertos

necessários, foi convocada uma reunião com os representantes da embaixada, na qual

fui convidada a participar.

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Só depois de ter o programa concluído e ser convidada para a reunião, tomei

consciência da importância do projecto. Até àquele momento as minhas participações

eram em projectos de baixa dimensão, mas foram estes projectos que me prepararam

para um projecto de maior envergadura como este.

No dia 1 de Junho pelas 15h30 procedemos à reunião com os representantes da

embaixada para apresentação do programa e acordar detalhes. Após a uma reunião de

sucesso. Foi determinado que teríamos de fazer contactos.

Este programa envolve actividades como: sessões de cinema, espectáculos de música e

teatro, exposições bibliográficas e fotográficas, concursos e debates (Anexo12). O

pograma irá decorrer durante o ano lectivo 2012/2013, em vários espaços da cidade de

Lisboa, de modo que envolva não só a comunidade académica mas também os cidadãos.

As iniciativas deveram ocorrer em espaços da Politécnica, Museus, Faculdade de Letras

e Faculdade de Belas-Artes. Apesar do término do estágio, fui convidada a acompanhar

toda a fase de programação do projecto. A minha participação num evento de tamanha

importância e proporção foi realmente interessante e impressionante, na medida em que

todo este projecto, programado e produzido pela Biblioteca deu-me experiência de

trabalho, em que fiquei a saber como é que se organizava um evento desta natureza mas,

sobretudo, se geriam o tempo, dinheiro e as pessoas disponíveis.

O projecto encontra-se nas fases finais de programação. Possivelmente, as informações

que disponibilizo no anexo poderão estar desactualizadas no final do mês de Setembro.

Além das actividades em que tive alguma participação, foi-me dada a

oportunidade planear um evento da minha criatividade. Ao longo do estágio, fiquei na

dúvida que tipo de evento escolher. Já na fase final do estágio decidi o tema do meu

projecto: O Fado.

A escolha deste tema afirma as minhas raízes. Desde pequena, guiada pelos

meus pais, ouvi sempre todo o tipo de música. Todavia, a importância de conhecer

primeiro a cultura portuguesa era maior. Portanto, nos tempos livres, como as férias de

Verão, viajávamos pelo país, conhecendo os costumes e os patrimónios culturais de

cada região. Fui conhecendo Portugal nas artes, na religião e na música. Apesar de o

Fado não ser dos géneros mais apetecíveis quando somos crianças, aprendi a escutar.

Não só a letra como a melodia. Aprendi assim a gostar de Fado e a perceber que fado

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não são só tristezas e saudades. São relatos de estórias e histórias que nos ensinam

sempre que os ouvimos.

Outras das razões de ter escolhido o tema foi o facto de este estilo musical ter sido

consagrado Património Imaterial da Humanidade. Hoje o Fado esquece as ruas da

amargura e passa pelas avenidas como senhor de si próprio sem esquecer as suas

humildes raízes

Escolhido o tema, a planificação da programação foram mais fáceis de planear.

Toda a programação descrita adiante são esboços básicos do que pretendo construir,

podendo ser alteradas caso o projecto saia do papel e necessite de alterações para a

realidade onde será praticada. Este programa compreenderá três iniciativas:

Exposição:

Nesta exposição iremos ter criações das várias artes que retratem o Fado. Sendo

o Fado uma das faces da Cultura Portuguesa, é por vezes uma inspiração no plano das

artes plásticas e outras. A minha intenção nesta iniciativa é ver o Fado através de

olhares estranhos a si. Como se um vizinho curioso tratasse de explicar um outro lado

da história. A exposição decorreria durante um mês a designar.

Mesa redonda: “ Fado uma estranha forma de vida”

Escolhi uma mesa redonda como segunda iniciativa. Podia ter escolhido um debate

ou mesmo uma palestra. Todavia conclui que seria mais interessante uma mesa redonda

onde tanto o público e os convidados poderiam intervir.

A mesa redonda abordaria o Fado numa perspectiva académica e cultural. Com o

novo estatuto do Fado como Património Imaterial da Humanidade seria abordado o seu

tipo de música e as suas variantes, a sua essência, tradição, importância cultural num

país onde a cultura está em crise. A iniciativa realiza-se durante o dia e sua a duração

será sensivelmente de 1h30.

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Espectáculo de música

O programa encerrará com o espectáculo de Fado. O espectáculo pretende

promover o talento artístico de jovens fadistas e esta cultura tão portuguesa. O evento

decorrerá no final do dia e tem prevista a duração de 1h.

Todo este programa foi concebido com a ajuda da Dr.ª Maria João Coutinho. É

um projecto que gostei muito de desenhar e espero que consiga sair do papel. Todo este

trabalho desenvolvido deu-me a oportunidade de conhecer várias facetas da

programação e de como desenvolver programas culturais de baixo orçamento.

Desde que cheguei à Biblioteca da FLUL fui sempre bem recebida, e o ambiente

de trabalho proporciona um excelente local de trabalho. Esta foi uma experiência única

e uma boa preparação para o mercado de trabalho. Além disso, permitiu que provasse a

mim mesma que este é o tipo de trabalho que desejo desempenhar.

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3.6 ANÁLISE AO SERVIÇO DE DIFUSÃO CULTURAL

O tempo de estágio permitiu-me não só ganhar experiência de trabalho na

qual desejo fazer carreira, como deu a possibilidade de avaliar o Serviço de Difusão

Cultural da Biblioteca da Faculdade de Letras de Lisboa. Para tal, usei como

ferramenta base mais indicada para o presente subcapítulo: a análise SWOT.

A análise SWOT, é uma ferramenta que examina um produto, empresa ou

serviço pelos factores que afectam o seu funcionamento. A sigla SWOT representa:

Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats (Pontos Fortes, Fracos,

Oportunidades e Ameaças). Os dois primeiros pontos são factores internos e os dois

últimos são factores externos.

Passo agora a nomear cada ponto e as suas características na minha avaliação do

Serviço de Difusão Cultural.

PONTOS FORTES:

Relação interpessoal entre técnicos e professores;

Lista de contactos de artistas, entidades e outros para a realização de eventos

culturais actualizada;

Boa planificação e actualização de dados do calendário de actividades

culturais;

Expansão e diversidade de actividades;

Parcerias estratégicas com as unidades da Faculdade e outras instituições

ligadas à Universidade de Lisboa.

PONTOS FRACOS:

Não existe orçamento fixo para o serviço;

Falta de espaço físico para a execução de actividades culturais e outras

diversas;

Fraca gestão de conteúdos nas redes sociais da internet;

Fraca divulgação das actividades;

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Disponibilidades reduzida dos técnicos responsáveis do serviço;

Fraca formação teórica;

OPORTUNIDADES:

Encontra-se localizada na cidade Lisboeta;

Contém um leque de público-alvo maior e mais diverso, como alunos de

todo o país e alunos Erasmus, professores, investigadores, técnicos e outros

não-docentes;

Reconhece o papel dos alunos e outras entidades como classe criativa;

Encontra-se dentro da Cidade Universitária.

AMEAÇAS:

Outras ofertas culturais proporcionadas pelas Bibliotecas Universitárias

residentes nos pólos universitários da cidade de Lisboa;

Falta de articulação entre os estatutos e a realidade praticada;

Orçamento;

Alteração das políticas.

Em primeiro lugar, o Serviço consegue todos os anos realizar várias actividades

através do bom trabalho de equipa e da criatividade de todos os seus técnicos e a boa

relação interpessoal exercida. Apesar de não existe um orçamento anual definido para o

Serviço de Difusão Cultural para que este possa pagar os serviços dos artistas, existem

muitas propostas de exposições, debates e outras actividades de alunos da Faculdade e

outros que são executadas. Este obstáculo torna-se problemático uma vez que o

desenvolvimento das actividades culturais e o número de artistas/ centros que possam

fazer trabalhos pro bono a realizar com a Biblioteca seja limitado. Contudo, a Biblioteca

consegue desenvolver a função de docente e empreendedor que acredita na classe

criativa que existe no sistema académico e na sociedade.

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Em segundo lugar, deve ser referido que a Biblioteca necessita indispensavelmente

de um espaço físico para executar as actividades que propõe ao longo do ano. Isto é,

devido à falta de espaço, as actividades culturais promovidas pela Biblioteca estão

limitadas em termos de desenvolvimento de criatividade e originalidade, no sentido em

que a biblioteca fica dependente da Faculdade para realizar: conferências, peças de

teatro, workshops, cursos, palestras, debates, lançamentos de livros, sessões de cinema,

espectáculos etc. Vim a descobrir durante o estágio que na planta do edifício da

Biblioteca encontra-se uma sala preparada para receber todas as actividades culturais e

académicas quer fossem organizadas pela Biblioteca ou outrem. Porém devido à falta de

verbas para acabar as obras necessárias, hoje o espaço é uma sala de arrumações, em

que todo o material em excesso ou obsoleto ganha o seu lugar naquele sítio. Deixando

apenas como espaços de actividades a Cafetaria onde se encontra um piano que só pode

ser usado a partir das 8h até às 9h; e um corredor subterrâneo que liga a Faculdade à

Biblioteca que se transformou com grande sacrifício dos técnicos de Difusão Cultural e

do Chefe de Divisão da Biblioteca um não-lugar onde decorrem exposições de várias

áreas da Cultura.

Em terceiro lugar, deve ser referido que o Serviço de Difusão Cultural não tem uma

gestão de conteúdo e comunicação eficiente e eficaz. Seria necessário a produção de um

sistema de circulação de informação mais rápido e mais eficaz como por exemplo: uma

newsletter online ou uma comunicação que circulasse pelos leitores da Biblioteca e

alunos da Faculdade de Letras sempre que houvesse actividades, ou mesmo uma

estratégia de divulgação melhor. Devido a esta falha existe uma tendência para a

diminuição da procura de actividades entre os alunos da Faculdade.

Em quarto lugar, não existe um registo escrito completo da dimensão da

participação da Biblioteca nas actividades culturais até hoje, no sentido em que não se

tem o conhecimento exacto do papel da Biblioteca em algumas actividades ou os locais

onde estas decorreram o que tornou a redacção e a elaboração do arquivo e do relatório

de actividades bastante vago em certas actividades e incompleto por vezes.

.

66

Considerações Finais

A cultura é um dos pilares fortes na formação de cidadãos bem informados,

sendo por isso uma problemática de grande importância que directa ou indirectamente

afecta a vida de todo ser social. A cultura é um fenómeno social presente no quotidiano

dos indivíduos.

Todavia, o interesse passa por um leque de questões que englobe o mundo da mesma:

como é divulgada? Para que serve? Qual a sua funcionalidade? Quem a pratica? Qual o

impacto da mesma na identidade pessoal do individuo? Questionarmo-nos é um aspecto

que nos possibilita a busca de indícios que nos permitem a decifração da realidade

cultural existente.

No caso das bibliotecas universitárias encontramos uma realidade nova devido à

evolução dos tempos. Hoje a biblioteca universitária e de outras especialidades

desempenham a função de educador e gestor. São agentes mediadores que além de gerir

o conhecimento e o seu acesso, desempenham a sua função de educador ao exercer

actividades culturais como processos científico-educacionais. Estas podem ser

actividades mais tradicionais, como as tertúlias e ou exposições que podem ter por base

o seu acervo bibliográfico; ou actividades inovadoras recorrendo a sessões audiovisuais,

teatro e outras que atraem não só novos públicos.

Desta forma, satisfazem as necessidades de ensino e de investigação da

faculdade/universidade através da sua própria agenda. Todas estas actividades são

organizadas por estas instituições que estabelecem e trabalham muitas vezes em

parceria com associações e entidades locais. Esse esforço constitui uma mais-valia não

só para o desenvolvimento das próprias instituições mas também para a Faculdade, uma

vez que oferece a possibilidade de serem, ao mesmo tempo, espectadores e promotores

de eventos. Assim estes centros de conhecimento entram num circuito cultural

especifico, embora, aberto a todos os potenciais consumidores. De facto, o seu universo

de consumidores é bastante mais alargado devido à comunidade que serve: comunidade

académica. A comunidade académica é composta por alunos, professores, docentes,

não-docentes, investigadores e outros que usufruem da biblioteca como serviço de apoio

às directrizes educacionais da faculdade. Contudo, outros potenciais consumidores

existem, como a comunidade urbana existente.

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Ao longo do relatório, foram-se abordando vários temas da ordem da difusão

cultural nas universidades e das suas bibliotecas. Partindo do princípio que a biblioteca

universitária é um instrumento de desenvolvimento cultural, este é um espaço onde

projectos e actividades culturais tomam um lugar de destaque. A biblioteca é um espaço

público, um palco, de diferentes actividades incluindo discursos, debates, reuniões e

outras funções. Um espaço de uso colectivo, para o exercício da crítica e da

argumentação. É, de facto, um local de formação de opiniões através da razão onde é

promovida a interacção nos procedimentos sociais e independência humana, ao

contrário do que acontecia aquando considerada como um não-lugar.

Voltando os olhos para a biblioteca universitária, esta visa promover a mediação da

informação no processo politico-educativo, ou seja, é uma organização de conhecimento

que disponibiliza e torna acessível a todos, um conjunto de informações e

conhecimentos especializados. Realiza, assim, um suporte ao processo de ensino-

aprendizagem, proporcionando uma informação organizada e uma geração de novos

conhecimentos. Este centro de conhecimento é ministrado pela Faculdade e ou

Universidade, servindo de sistema de apoio aos programas educativos e outros serviços.

Respondendo, desta forma, sempre às necessidades de informação dos estudantes.

A biblioteca universitária agrega a si o legado do desenvolvimento cultural pelo

conhecimento escrito que não é apenas transmitido pelos livros. Devido à diversidade

cultural, é o diálogo multicultural que impera nestes centros de conhecimento, os

bibliotecários tornaram-se agentes culturais que promovem processos de interacção

social pelo exercício da provocação da crítica e da argumentação dos utilizadores.

Deixam de prestar simples serviços de divulgação e armazenamento de informação e

passam a ser equipamentos culturais. Nesta perspectiva temos Flusser (1982: 187) que

compreende transformar a biblioteca tradicional num instrumento de acção cultural nos

centros culturais de expressões da cultura humana. Mas para tal é necessário respeitar a

realidade em que se situa a instituição e adaptar este novo tipo de bibliotecas.

O bibliotecário deve-se tornar o gestor/programador e agente cultural que deverá

desenvolver programas de emergência cultural. Desenvolvendo uma dinâmica entre

agente e utilizador (público-alvo). O bibliotecário para chegar ao seu utilizador deve dar

também o poder de decisão aos agentes críticos (público). Este circuito cultural só é

possível se o programador souber chamar o público, uma vez que os “ os públicos não

existem, criam-se” (Oliveira, 2004: 148) É necessário que os utilizadores se envolvam

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numa dinâmica cultural pelo trabalho voluntário e participativo quer no planeamento ou

na execução do produto cultural.

Esta extensão cultural não actua apenas no universo académico mas também na

comunidade onde se insere. Uma extensão universitária onde os saberes académicos e

populares entram num processo de diálogo, onde interacção, é um instrumento de

comunicação que interdisciplina saberes de áreas distintas do conhecimento que

constituem mecanismos de crescimento criativo para os universitários que constroem a

sua extensão prática da teorização que apreendem das Universidades.

Desta forma, temos uma democratização da cultura que cria profissionais especializados

das várias áreas como agentes críticos e criativos.

A biblioteca universitária passa a ser assim um espaço cultural e equipamento cultural

de informação que enfoca o desenvolvimento dos potenciais consumidores culturais

(indivíduos), atraindo-os, de forma, a que consiga no final responder às necessidades

destes, estando sempre atento a novas oportunidades e tendências, sem pôr em causa a

imagem da organização.

Procurei com este relatório não só relatar a minha experiencia de estágio

seleccionando as actividades e os conhecimentos adquiridos que fui adquirindo ao longo

do estágio realizado na Biblioteca da Faculdade de Letras de Lisboa, mas também

analisar a questão de uma biblioteca universitária a exercer funções culturais como um

equipamento cultural que se enquadra na cidade criativa que é a universidade.

Ao longo da redacção do presente relatório e da experiência de estágio apercebi-

me que o Processo de Bolonha implementado no espaço europeu não só permite ao

aluno uma maior criatividade, auto-suficiência e criação de mais projectos orientados

por professores, como também possibilita à biblioteca universitária uma maior

dinâmica, ou seja, a criação de um serviço de difusão cultural que se manifesta como

um serviço educativo que articula várias iniciativas de acção cultural que são (co-)

organizadas pela biblioteca, departamentos, alunos e docentes da faculdade, e ou

entidades e indivíduos. Estabelecendo uma parceria que se transforma numa mais-valia

não só no desenvolvimento das instituições mas também da faculdade e universidade.

Estas actividades realizadas no âmbito académico são ferramentas estratégicas para a

criação de protocolos e parcerias com a faculdade, no entanto, são ferramentas que têm

como objectivo formar indivíduos activos nas sociedades que sejam criativo, com

formação superior e com espirito critico.

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Desde que cheguei ao Serviço de Difusão Cultural na Biblioteca da FLUL fui de

imediato envolvida em vários projectos. Pude participar nas mais variadas fases de

planificação das iniciativas bem como nos preparativos para as divulgações dos

próprios, envolvendo a aprendizagem de conhecimentos e consciência das facetas

empresariais de ordem económica, marketing, burocrática e logística que se encontra

por de trás de todos os projectos de uma entidade que gere cultura.

Muitas são as actividades em que participei e referencio no terceiro capítulo do presente

relatório e, apesar do tempo de estágio pude continuar a participar em um projecto que

já se encontrava fora do trimestre de formação na Biblioteca. Esta foi uma experiência

única que contribuiu para o meu enriquecimento profissional. A par de toda a

experiência que adquiri com o estágio, a redacção e o confronto com a realidade cultural

existente permitiram abordar questões que até então não tinha debatido: avaliar o papel

da biblioteca universitária.

A partir da análise realizada no presente relatório, podemos retirar algumas

conclusões. O papel da biblioteca na universidade evoluiu com os tempos. Se por um

lado no início dos tempos era um espaço restrito onde a consulta e a reprodução de

conhecimento era concretizada com o silêncio e com locais escuros e sombrios. Hoje é

um espaço aberto que dá lugar ao conhecimento através dos seus livros e de actividades

culturais. Sendo a matriz ou mesmo o lugar central da universidade a sua função no

mundo académico passa para além da gestão e tratamento de património bibliográfico.

Tem como função a de tornar acessível toda a informação existente quer esteja no

suporte de livros ou outros. São os novos agentes e espaços criativos onde a interacção

social traduz-se na criação de pensamento crítico, inspiração e na criação. Ao afirmar a

biblioteca universitária como agente, espaço cultural afirmamos que a universidade é

uma cidade criativa que se dedica ao ensino e investigação. Seguindo o conceito e

modelo de Richard Florida a universidade pode de facto ser uma cidade criativa por

excelência, uma vez que tem a capacidade de gerar e incorporar criatividade vai para

além da investigação académica. Efectivamente tem a capacidade de atrair indivíduos

criativos, de forma a desenvolver novos projectos e serviços que são aplicáveis no

mercado de trabalho e na sociedade civil, e que são criações de pensamentos

multidimensionais. Onde cada faculdade tem os seus laboratórios onde o ensino e a

investigação andam de mãos dadas, de tal forma que permite aos estudantes serem

criadores. A esta luz, as universidades com futuro serão as que ofereçam no mercado

global produtos inovadores e/ou singulares e serviços criativos, atraindo talento e

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capital e proporcionando desenvolvimento económico. No espaço europeu esta acepção

tornou-se possível graças ao Processo de Bolonha que além de criar uma rede de

cidades criativas (universidades) permite uma maior envolvência e liberdade criativa

por parte dos alunos e instituições. No sentido em que a criatividade é um instrumento

económico e social fundamental não apenas na geração de riqueza e emprego mas,

também, na criação de condições para que se alcance um desenvolvimento sustentável.

É um poder visionário, assim como ideias não convencionais, que está subjacente um

pensamento multidimensional.

Em suma, esta luz trás à biblioteca universitária uma maior liberdade de

expressão criativa tornando-se uma extensão cultural da própria universidade e ou

faculdade. Desta forma os bibliotecários trazem a si a responsabilidade de novos

agentes criativos culturais que medeiam o conhecimento no processo educativo-

cientifico.