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Capítulo 3 Modernismo no Brasil

Capítulo 3 Modernismo no Brasil. AMARAL, Tarsila.Cartão-postal. 1929

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Capítulo 3

Modernismo no Brasil

AMARAL, Tarsila.Cartão-postal. 1929

CLARAC, Conde de. Floresta virgem do Brasil. 1816

Modernismo

no

Brasil

O Modernismo brasileiro começa oficialmente em 1922, com a

realização da Semana de Arte Moderna (SAM).

Foram apresentadas

novas correntes artísticas que se

opunham ao estilo tradicional.

• 1911 - Oswald de Andrade dirige a revista de arte “O Pirralho”, escrita num tom humorístico, irreverente e “moderno”.

E antes da SAM?

• 1912 - • Ele viaja para a Europa e

conhece as ideias Cubistas e Futuristas.

Fica impressionado! Começa a escrever em versos livres.

• 1912 - • Manuel Bandeira fica

marcado pelos poemas de Paul Eluard, poeta surrealista que conheceu na Suíça...

• 1915 - • Ronald de Carvalho

participou na formação da revista modernista portuguesa Orpheu;

A exposição de Anita Malfatti, em 1917:

A Boba, 1915/ 1916 óleo s/ tela, 61 x 50,6 cm

A Mulher de Cabelos Verdes , 1915 - 1916 óleo sobre tela, c.i.e. 61 x 51 cm

Torso/Ritmo, c. 1915/ 1916 carvão e pastel s/ papel, 61 x 46,6 cm

O Homem Amarelo , 1915 - 1916 óleo sobre tela, c.i.d.

Monteiro Lobato, crítico de artes de O ESTADO DE S. PAULO ficou horrorizado:

“Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas. (...) A outra espécie é formada pelos que veem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...)”

As críticas refletiram o modo como os

apreciadores de arte encaravam a arte

moderna: arte passageira, impura, diferente

daquela produzida pelos grandes mestres.

Mas serviu para aproximar os jovens

artistas, que decidiram se unir para

mostrar ao público o que era a arte

moderna...

Planejaram e prepararam uma espécie de “Festival”...

BIBL

IOTE

CA N

ACIO

NAL

, RIO

DE

JAN

EIRO

Participarampintores, escritores,

músicos, poetas, arquitetos,

intelectuais, todos

interessados em instalar a

modernidade em nosso país.

• Escolheram o Teatro Municipal de São Paulo:

• E, do dia 13 ao dia 17 de fevereiro de 1922, aconteceu o grande

evento...

• Durante toda a semana o saguão do Teatro esteve aberto ao público, com exposição de obras de Anita Malfatti e de outros artistas.

• À noite, realizaram-se palestras, leituras de poemas, dança, música...

2ª noite: a mais sensacional...

Foi lido o poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira...

A plateia reagiu com vaias, gritos, patadas, interrompendo a

sessão...

Manuel Bandeira

“Os sapos”

Enfunando os papos,Saem da penumbra,Aos pulos, os sapos.A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,Berra o sapo-boi:

- “Meu pai foi à guerra!”- “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”.

enfunar: incharaterra - aterroriza

O sapo-tanoeiro,Parnasiano aguado,

Diz: – “Meu cancioneiroÉ bem martelado.

Vede como primoEm comer os hiatos!

Que arte! E nunca rimoOs termos cognatos.

O meu verso é bomFrumento sem joio.

Faço rimas comConsoantes de apoio.

Vai por cinquenta anosQue lhes dei a norma:

Reduzi sem danosA fôrmas a forma.

frumento: espécie de trigo selecionado

Clame a saparia Em críticas céticas:

Não há mais poesia, Mas há artes poéticas…” 

Urra o sapo-boi:-“Meu pai foi rei” – “Foi!”

-“Não foi!” - “Foi!” - “Não foi!”

Brada em um assomoO sapo-tanoeiro:

-“A grande arte é comoLavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.Tudo quanto é belo,Tudo quanto é vário,Canta no martelo”.

lavor: o ocupação manual, trabalhoestatuário: relativo a estátuas

Outros, sapos-pipas(Um mal em si cabe),Falam pelas tripas:

-“Sei!” – “-Não sabe!” – “Sabe!”.

Longe dessa grita,Lá onde mais densa

A noite infinitaVerte a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,Sem glória, sem fé,No perau profundo

E solitário, é

Que soluças tu,Transido de frio,

Sapo-cururuDa beira do rio...

perau: declive que dá para um rio.Manuel Bandeira

Qual sua impressão sobre esse texto?

Por que chocou a plateia?

O texto é marcado pela ironia, deboche e crítica em relação à cultura oficial. Quem é o alvo dessa crítica?

Os modernistas dos anos 1920 frequentemente tinham atitudes de ironia, deboche e crítica em relação à cultura

oficial.

A)Aponte no poema um exemplo de ironia ou deboche.

Que movimento literário, visto como representante da cultura oficial, é satirizado? Comprove sua resposta com

elementos do texto:

A fala do sapo-tanoeiro, delimitada pelas aspas, veicula o princípio básico do movimento literário satirizado. Qual

é esse princípio?

.Nesse poema, os sapos são metáforas de tendências estéticas da literatura brasileira.

Considerando-se a condição precária do sapo-cururu, o que ele pode representar no cenário

cultural brasileiro?

Desejo de romper com a cultura

tradicional;

Sentimento de liberdade de criação;

“O Modernismo, no Brasil, foi uma

ruptura, foi um abandono de princípios e

de técnicas, foi uma revolta contra o que

era a inteligência nacional.”

Mário de Andrade