15
103 CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E PLANEAMENTO DA FECUNDIDADE O questionário do IDS de 1997 conteve várias questões para investigar as preferências reprodutivas da população entrevistada. Foi recolhida informação sobre o desejo de ter mais filhos. Nas mulheres que responderam afirmativamente, foi inquirido o período de tempo que gostariam de esperar antes de ter outro filho. Esta informação permitiu agrupar as mulheres em dois subgrupos: as que desejam espaçar os nascimentos e as que desejam limitar os nascimentos, informação importante para a quantificação da procura total e da necessidade insatisfeita de planeamento familiar. Outra informação recolhida foi sobre o número de filhos considerado ideal e as gestações ocorridas que não eram desejadas. Foi assim possível a comparação com o número de filhos existente e, portanto, uma avaliação do excesso de fecundidade existente no país. Finalmente, a informação sobre a fecundidade desejada e, o seu inverso, a fecundidade não desejada, permite estimar o possível impacto que a prevenção dos nascimentos não desejados poderia ter nas taxas globais de fecundidade existentes. As perguntas sobre o tamanho ideal da família foram feitas a todos os entrevistados, de ambos os sexos, enquanto as demais perguntas foram feitas à população de respondentes não esterilizados, actualmente em união. Perguntou-se: Quer outro filho, ou prefere não ter mais filhos? Quando o respondente confirmava o desejo de ter mais filhos foi-lhe perguntado: quanto tempo quer esperar antes do nascimento de outro filho? Ambas as perguntas foram adaptadas para o caso em que o entrevistado ainda não tinha filhos. Se a mulher estava grávida, perguntou-se se gostaria de ter mais filhos após aquela criança. 6.1 Desejo de ter mais filhos O Quadro 6.1 mostra-nos a distribuição percentual dos entrevistados de ambos os sexos actualmente em união, não esterilizados, segundo a sua intenção de ter mais filhos, por número de filhos vivos. A grande maioria dos respondentes entrevistados de ambos os sexos deseja ter mais filhos, conforme declarado por 72 % das mulheres e 75 % dos homens entrevistados. Contudo, 29 % das mulheres e 28 % dos homens não o deseja ter em breve, podendo este grupo ser considerado como potencial utilizador de planeamento familiar para espaçamento das gestações. Cerca de 16 % das entrevistadas e 12 % dos homens afirmou não desejar mais filhos, podendo assim este grupo ser considerado como potencial utilizador de planeamento familiar para limitar a família. No grupo já referido de mulheres entrevistadas, o desejo por ter mais filhos em breve, num intervalo de dois anos após o inquérito, diminui com o número de filhos vivos existente, desde 75 %, nas respondentes que ainda não tiveram filhos até 8 %, nas que já têm 6 ou mais filhos. De um modo inverso, a percentagem de entrevistadas que referiu não desejar mais filhos aumentou com o número de filhos vivos, desde 1 %, nas que ainda não têm filhos até 53 %, nas que têm 6 ou mais filhos. Cerca de 5 % das mulheres entrevistadas declarou-se estéril, tendo essa percentagem atingido 15 %, nas respondentes que não tinham nenhum filho.

CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

103

CAPÍTULO 6

INTENÇÕES REPRODUTIVAS EPLANEAMENTO DA FECUNDIDADE

O questionário do IDS de 1997 conteve várias questões para investigar as preferências reprodutivasda população entrevistada. Foi recolhida informação sobre o desejo de ter mais filhos. Nas mulheres queresponderam afirmativamente, foi inquirido o período de tempo que gostariam de esperar antes de ter outrofilho. Esta informação permitiu agrupar as mulheres em dois subgrupos: as que desejam espaçar osnascimentos e as que desejam limitar os nascimentos, informação importante para a quantificação da procuratotal e da necessidade insatisfeita de planeamento familiar.

Outra informação recolhida foi sobre o número de filhos considerado ideal e as gestações ocorridasque não eram desejadas. Foi assim possível a comparação com o número de filhos existente e, portanto, umaavaliação do excesso de fecundidade existente no país.

Finalmente, a informação sobre a fecundidade desejada e, o seu inverso, a fecundidade não desejada,permite estimar o possível impacto que a prevenção dos nascimentos não desejados poderia ter nas taxasglobais de fecundidade existentes.

As perguntas sobre o tamanho ideal da família foram feitas a todos os entrevistados, de ambos ossexos, enquanto as demais perguntas foram feitas à população de respondentes não esterilizados, actualmenteem união. Perguntou-se: Quer outro filho, ou prefere não ter mais filhos? Quando o respondente confirmavao desejo de ter mais filhos foi-lhe perguntado: quanto tempo quer esperar antes do nascimento de outrofilho? Ambas as perguntas foram adaptadas para o caso em que o entrevistado ainda não tinha filhos. Se amulher estava grávida, perguntou-se se gostaria de ter mais filhos após aquela criança.

6.1 Desejo de ter mais filhos

O Quadro 6.1 mostra-nos a distribuição percentual dos entrevistados de ambos os sexos actualmenteem união, não esterilizados, segundo a sua intenção de ter mais filhos, por número de filhos vivos. A grandemaioria dos respondentes entrevistados de ambos os sexos deseja ter mais filhos, conforme declarado por72 % das mulheres e 75 % dos homens entrevistados. Contudo, 29 % das mulheres e 28 % dos homens nãoo deseja ter em breve, podendo este grupo ser considerado como potencial utilizador de planeamento familiarpara espaçamento das gestações. Cerca de 16 % das entrevistadas e 12 % dos homens afirmou não desejarmais filhos, podendo assim este grupo ser considerado como potencial utilizador de planeamento familiarpara limitar a família.

No grupo já referido de mulheres entrevistadas, o desejo por ter mais filhos em breve, num intervalode dois anos após o inquérito, diminui com o número de filhos vivos existente, desde 75 %, nas respondentesque ainda não tiveram filhos até 8 %, nas que já têm 6 ou mais filhos. De um modo inverso, a percentagemde entrevistadas que referiu não desejar mais filhos aumentou com o número de filhos vivos, desde 1 %, nasque ainda não têm filhos até 53 %, nas que têm 6 ou mais filhos. Cerca de 5 % das mulheres entrevistadasdeclarou-se estéril, tendo essa percentagem atingido 15 %, nas respondentes que não tinham nenhum filho.

Page 2: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

104

Quadro 6.1 Intenções reprodutivas por número de filhos vivos

Distribuição percentual das mulheres e dos homens actualmente unidas, segundo o desejo de ter filhos, por número de filhosvivos, Moçambique 1997__________________________________________________________________________________________________

Nº filhos vivos1

_______________________________________________________________

Desejo de ter filhos 0 1 2 3 4 5 6+ Total__________________________________________________________________________________________________

MULHERES__________________________________________________________________________________________________

Ter outro logo2

Ter outro mais tarde3

Ter outro, mas indecisa quandoIndecisa quanto a ter outro Não quer mais filhosEsterilizadaDeclarou-se estéril Não respondeu

Total Número

74.9 42.6 38.3 27.5 24.0 19.7 7.6 34.51.0 37.0 36.0 46.5 27.7 20.8 14.4 28.75.4 11.5 11.2 6.1 11.6 6.2 4.0 8.50.5 4.9 5.2 3.1 11.5 6.9 8.7 5.71.0 2.0 6.6 13.3 19.1 37.2 53.2 16.20.0 0.1 0.2 1.4 0.7 1.1 2.2 0.7

15.0 1.5 2.5 1.9 4.4 8.0 9.6 5.32.1 0.3 0.0 0.2 0.8 0.2 0.2 0.5

100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0750 1,325 1,263 983 832 531 845 6,530

__________________________________________________________________________________________________

HOMENS__________________________________________________________________________________________________

Ter outro logo2

Ter outro mais tarde3

Ter outro, mas indecisa quandoIndeciso quanto a ter outro Não quer mais filhosEsterilizado(a)Declarou-se estéril Não respondeu

Total Número

46.3 37.1 36.5 44.0 40.4 40.8 18.0 34.8 16.8 32.4 38.1 30.7 19.1 23.2 29.2 28.3 23.2 12.9 12.8 8.6 12.1 6.4 9.1 12.0

0.2 1.4 4.4 8.0 8.3 2.6 4.9 4.20.3 9.3 3.8 4.8 14.2 12.1 25.8 11.70.1 0.0 0.0 1.9 0.4 1.0 2.6 1.0

13.3 6.9 3.6 2.1 5.5 13.9 9.4 7.60.0 0.0 0.7 0.0 0.0 0.0 1.0 0.4

100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0198 262 281 183 182 143 413 1,662

__________________________________________________________________________________________________1Inclui gravidez actual

2Deseja o próximo nascimento dentro de 2 anos

3Deseja espaçar o próximo nascimento 2 ou mais anos

A distribuição percentual nos homens segue um padrão semelhante ao das mulheres de acordo como número já existente de filhos. A percentagem de entrevistados que deseja em breve mais filhos diminuide 46 %, nos que ainda não têm filhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dosrespondentes que não têm filhos declararam não os desejar, em contraste com 26 %, nos entrevistados com6 ou mais filhos. No entanto, há a realçar que a tendência decrescente de espaçar os nascimentos consoanteo número de filhos vivos é muito mais acentuada nas mulheres que nos homens. De igual modo, entre osrespondentes com 6 ou mais filhos, a percentagem de mulheres que declarou não desejar mais filhos foidupla em relação à dos homens (53 % versus 26 %), pelo que se pode concluir que os homens desejamfamílias maiores que as mulheres (Gráfico 6.1).

O Quadro 6.2 apresenta a distribuição percentual das mulheres em união, por desejo de mais filhose segundo grupos quinquenais de idade. Como observado, a proporção de mulheres que deseja mais filhosdeclina com a idade, de 91 % no grupo etário dos 15-19 anos até 29 %, nas mulheres de 45-49 anos. Opadrão inverso se verifica com a proporção de entrevistadas que não deseja mais filhos, o qual aumenta coma idade da mulher. A proporção de mulheres que se declarou estéril também aumenta com a idade, desde0.1 % nas entrevistadas de 15-19 anos até 23 % nas que tinham 45-49 anos de idade.

Page 3: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

105

Quadro 6.2 Intenções reprodutivas por idade

Distribuição percentual das mulheres actualmente unidas, segundo o desejo de ter filhos, por idade, Moçambique 1997____________________________________________________________________________________________________

Idade_______________________________________________________________

Desejo de ter filhos 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 Total____________________________________________________________________________________________________

Ter outro logo1

Ter outro mais tarde2

Ter outro, mas indecisa quandoIndecisa quanto a ter outro Não quer mais filhosEsterilizadaDeclarou-se estérilNão respondeu

Total Número

38.6 37.2 41.5 34.7 36.2 19.6 17.8 34.5 38.4 44.6 35.4 28.4 15.2 8.1 3.8 28.7 13.7 8.9 7.1 10.2 7.5 3.5 7.5 8.5

6.5 3.8 6.7 3.8 10.4 5.2 3.1 5.70.8 3.5 7.0 19.2 24.7 46.6 39.8 16.20.0 0.0 0.0 0.6 1.1 1.4 4.1 0.70.1 2.0 2.2 2.9 4.7 15.2 22.6 5.31.9 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 1.3 0.5

100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0825 1,337 1,341 1,001 867 601 557 6,530

___________________________________________________________________________________________________1Deseja o próximo nascimento dentro de 2 anos

2Deseja espaçar o próximo nascimento 2 ou mais anos

6.2 Concordancia na preferencia dos casais

No inquérito avaliou-se o grau de concordância nas preferências em fecundidade dos casaismonógamos (Quadro 6.3). O primeiro facto que se salienta é o elevado grau de concordância entre os doismembros do casal. Com efeito, em 62 % dos casais ambos desejam mais filhos e em 9 % ambos queremparar de ter filhos. A discordância avaliada foi de 11 %, sendo mais frequente a situação em que o maridodeseja mais filhos e a esposa não (8 %), e menos frequente a situação inversa, com a esposa a desejar mais

Page 4: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

106

Quadro 6.3 Intenções reprodutivas dos casais monógamos

Distribuição percentual dos casais monógamos, segundo o desejo de ter filhos do marido e da esposa, e o número de filhos vivosdo marido e da esposa, Moçambique 1997__________________________________________________________________________________________________

Esposo quer mais Esposo não quer__________________ __________________ Um deles Um ou Número

Número de filhos Esposa Esposa não Esposa Os dois não indeciso/ ambos devivos quer mais quer mais quer mais querem mais Estéril não sabe Total casais__________________________________________________________________________________________________

Mesmo número0-3 filhos 81.2 2.3 1.0 0.6 5.4 9.6 100.0 4214-9 filhos 29.4 15.3 6.3 26.1 7.7 15.2 100.0 163

Número diferenteMarido > esposa 57.7 7.5 5.7 7.6 12.5 9.0 100.0 296Esposa > marido 45.7 18.3 0.2 16.2 8.0 11.5 100.0 125

Total 61.5 7.9 3.1 8.7 8.2 10.6 100.0 1,006

filhos e o marido não (3 %). De realçar que, nos casais que discordaram, as percentagens referentes aosubgrupo “O marido quer mais filhos e a esposa não”, sempre foi superior ao outro subgrupo “A esposa quermais filhos e marido não”, independentemente do número de filhos que o casal já tinha.

A discordância no casal aumenta com o número de filhos vivos que já têm. Nos casais com 1 a 3filhos a discordância foi apenas de 3 % e atingiu o máximo (22 %) nos casais com 4 a 9 filhos. Segue umpadrão semelhante o subgrupo de casais que não quer mais filhos, aumentando desde menos de 1 % noscasais sem filhos até 26 %, nos que têm 4 a 9 filhos. Inversamente, a proporção de casais que deseja maisfilhos diminui com o número de filhos existentes.

O desejo de limitar a família varia significativamente com as características sócio-demográficas dasentrevistadas (Quadro 6.4 e Gráfico 6.2). Podemos observar que, nas mulheres em união entrevistadas, odesejo de famílias mais pequenas é mais frequente nas zonas urbanas (24 %) que nas áreas rurais (15 %).Os diferenciais interprovinciais nas entrevistadas que não desejavam mais filhos são significativos, desdeum máximo na cidade de Maputo e nas províncias de Gaza e Maputo com, respectivamente, 35 %, 30 % e24 %, até um mínimo de 6 % em Sofala e de 7 %, em Cabo Delgado.

O nível educacional está também associado a variações significativas no desejo de limitar a família.As mulheres com ensino secundário ou mais são o subgrupo com o maior desejo (31 %) de limitar a família.Entre os restantes grupos, o facto a salientar é o maior desejo existente nas mulheres sem escolarização(18 %) em relação às mulheres com ensino primário (15 %). A distribuição percentual por nível educacionaldos homens entrevistados segue o mesmo padrão, embora não tão acentuado.

Page 5: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

107

Quadro 6.4 Desejo de não ter mais filhos

Percentagem de mulheres actualmente unidas que não querem mais filhos, segundo o número de filhos vivos, por característicasseleccionadas, Moçambique 1997____________________________________________________________________________________________________

Número de filhos vivos1

_______________________________________________________________

Característica 0 1 2 3 4 5 6+ Total____________________________________________________________________________________________________

Residência Urbana Rural Província Niassa Cabo Delgado Nampula Zambezia Tete Manica Sofala Inhambane Gaza Maputo Maputo Cidade

Nível de escolaridade Sem escolaridade Primário Secundário ou mais

Religião2

Católica Protestante Muçulmana Outra Sem religião

Total de mulheres unidasTotal de homens unidos

0.5 6.8 10.8 19.4 34.4 37.1 64.7 24.3 1.1 0.8 5.9 13.5 16.7 38.6 52.6 15.1

0.0 1.3 3.5 10.6 17.2 40.6 45.5 14.6 0.5 0.8 3.8 6.0 8.0 27.0 24.2 6.6 3.0 0.9 9.2 18.8 38.6 38.9 43.9 17.3 0.0 0.7 6.8 6.5 14.1 33.0 49.6 13.8 0.0 3.7 1.2 10.3 15.6 21.5 34.7 11.8 1.7 3.8 3.2 8.9 16.8 27.4 52.9 15.2 0.0 5.3 1.0 2.1 0.7 14.0 31.6 5.8 0.4 1.1 3.9 35.4 37.5 54.2 61.2 23.2 0.0 1.5 17.8 17.9 20.8 65.4 88.8 30.1 0.0 2.3 11.8 16.5 44.2 54.4 65.2 24.2 0.0 3.6 12.3 35.2 49.1 55.9 92.1 34.5

0.3 1.4 6.9 17.3 19.4 34.6 52.4 18.3 1.5 2.5 5.2 9.5 19.0 42.5 59.8 14.7 0.0 4.8 30.7 57.0 37.1 47.7 64.2 30.6

0.0 1.3 8.3 15.4 25.2 42.2 46.4 16.7 0.4 4.9 10.0 18.1 30.2 47.9 69.6 24.5 0.5 0.9 5.9 13.7 22.4 28.2 40.8 12.7 0.0 2.6 3.1 5.6 17.1 32.7 52.9 11.8 5.1 1.0 3.1 14.1 7.5 31.7 58.5 13.9

1.0 2.1 6.7 14.7 19.9 38.3 55.5 16.9 0.4 9.3 3.8 6.6 14.6 13.2 28.4 12.7

____________________________________________________________________________________________________

Nota: As mulheres esterilizadas estão incluidas nas percentagens de mulheres que não querem mais filhos.1Inclui a gravidez actual2

Exclui os casos sem informação

Page 6: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

108

6.3 Procura de anticoncepção

A avaliação das necessidades existentes para o uso de planeamento familiar assim como a avaliaçãoda extensão da procura que foi satisfeita, é uma análise essencial para a gestão do programa. Um aspectoimportante da análise é a identificação de grupos em que é menor o grau de procura satisfeita e queconstituem prioridades na implementação do programa.

A procura e utilização de planeamento familiar pode ser para espaçamento, quando o objectivo éaumentar o intervalo entre nascimentos sucessivos, ou para limitação, quando o desejo é não ter mais filhos.

Definiu-se como necessidade não satisfeita de planeamento familiar o grupo de mulheres, nãoestéreis, que declara que não deseja mais crianças ou quer esperar dois ou mais anos até voltar a engravidar,mas não está a utilizar planeamento familiar. Foram incluídas neste grupo as entrevistadas que seencontravam grávidas na altura da entrevista, se a gravidez era indesejada ou desejada para mais tarde. Deigual modo foram também incluídas no grupo as mulheres amenorreicas para quem o último filho não eradesejado ou era desejado para mais tarde. Ao grupo de mulheres que estão a utilizar planeamento familiarna altura do inquérito, designa-se como necessidade satisfeita de planeamento familiar. Finalmente, aosomatório da necessidade satisfeita e não satisfeita, foi dada a designação de procura total de planeamentofamiliar.

O Quadro 6.5 apresenta-nos a necessidade não satisfeita, satisfeita e procura total em planeamentofamiliar, para as mulheres em união, por características sócio-demográficas seleccionadas. A procura totalé ilustrada no Gráfico 6.3.

Page 7: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

109

Quadro 6.5 Procura por anticoncepção das mulheres unidas

Percentagem de mulheres unidas, segundo a necessidade insatisfeita e satisfeita de anticoncepção por características seleccionadas,Moçambique 1997_________________________________________________________________________________________________________

Necessidade Necessidade satisfeitainsatisfeita de anticoncepção Procura total Per-

de anticoncepção1

(usuárias atuais)2

por anticoncepção3

centagem______________________ ______________________ _____________________ da Número

Para Para Para Para Para Para procura deCaracterística espaçar limitar Total espaçar limitar Total espaçar limitar Total satisfeita

4mulheres

_________________________________________________________________________________________________________

Idade da entrevistada

15-19

20-24

25-29

30-34

35-39

40-44

45-49

Residência

Urbana

Rural

Província

Niassa

Cabo Delgado

Nampula

Zambezia

Tete

Manica

Sofala

Inhambane

Gaza

Maputo

Maputo Cidade

Nível de escolaridade

Sem escolaridade

Primário

Secundário ou mais

Religião5

Católica

Protestante

Muçulmana

Outra

Sem religião

Total

7.3 1.2 8.5 2.1 0.4 2.5 9.4 1.6 11.0 22.9 1,010

6.4 0.7 7.1 9.0 1.4 10.4 15.4 2.1 17.5 59.2 326

5.9 2.4 8.3 12.0 2.6 14.6 17.8 5.0 22.9 63.7 250

1.0 3.4 4.4 7.4 10.2 17.6 8.4 13.7 22.0 79.9 196

3.6 0.4 4.0 2.3 6.5 8.8 5.9 6.9 12.8 68.9 161

0.0 1.8 1.8 0.4 12.3 12.7 0.4 14.1 14.5 87.9 124

0.7 1.6 2.3 0.0 1.9 1.9 0.7 3.5 4.2 44.6 182

5.6 2.7 8.3 9.4 6.2 15.7 15.0 8.9 24.0 65.3 821

5.0 0.8 5.8 1.6 0.9 2.5 6.6 1.7 8.3 29.7 1,429

10.4 0.5 11.0 1.7 0.5 2.3 12.2 1.1 13.2 17.3 102

4.5 0.0 4.5 0.2 0.0 0.2 4.6 0.0 4.6 3.9 86

6.4 0.0 6.4 1.4 1.5 2.9 7.9 1.5 9.3 30.8 220

7.9 1.2 9.1 3.1 0.5 3.6 11.0 1.7 12.7 28.2 302

2.1 0.2 2.3 3.3 0.0 3.3 5.4 0.2 5.7 58.8 72

2.9 0.2 3.1 4.0 0.0 4.0 6.9 0.2 7.2 56.4 98

2.5 4.8 7.3 1.4 1.1 2.5 3.8 5.9 9.8 25.4 256

11.4 1.4 12.9 3.5 3.1 6.6 14.9 4.6 19.5 33.9 232

1.5 1.3 2.8 0.1 0.7 0.8 1.6 2.0 3.6 22.1 330

3.9 1.7 5.6 6.1 8.3 14.4 10.0 10.0 20.0 72.0 300

4.6 1.4 6.0 19.4 8.5 27.8 24.0 9.9 33.9 82.2 252

3.1 2.2 5.3 0.8 1.8 2.6 3.9 3.9 7.9 32.8 682

6.7 1.3 8.0 3.8 2.4 6.2 10.5 3.7 14.2 43.8 1,364

2.6 0.5 3.1 20.6 9.3 29.9 23.2 9.8 33.0 90.6 204

5.2 1.3 6.5 6.0 1.8 7.8 11.1 3.1 14.2 54.6 679

4.5 2.7 7.2 4.2 4.2 8.4 8.7 6.8 15.6 53.9 735

9.1 0.0 9.1 3.7 4.1 7.8 12.7 4.1 16.8 46.1 266

6.7 1.1 7.8 4.3 3.7 8.0 11.0 4.9 15.9 50.6 152

3.6 0.6 4.2 2.9 1.1 4.0 6.5 1.7 8.2 48.4 398

5.3 1.5 6.7 4.4 2.8 7.3 9.7 4.3 14.0 51.9 2,249_________________________________________________________________________________________________________1Necessidade insatisfeita para espaçar refere-se às mulheres grávidas e amenorréicas, cuja gravidez não foi planeada ou prevista e às

mulheres férteis, não usuárias de anticoncepção, que disseram querer esperar pelo menos 2 anos ou mais para ter o próximo filho.

Necessidade insatisfeita para limitar refere-se às mulheres grávidas e amenorréicas, cuja gravidez não foi desejada e às mulheres férteis,

não usuárias de anticoncepção, que não querem ter mais filhos. Estão excluídas da categoria necessidade insatisfeita as mulheres

grávidas e amenorréicas que engravidaram usando um método (estas mulheres necessitam um método mais eficaz). Também são

excluídas as mulheres na menopausa.2Uso para espaçar refere-se às mulheres que estão usando um método anticoncepcional e que disseram querer esperar 2 anos ou mais

para ter o seu próximo filho. Uso para limitar refere-se àquelas mulheres que usam métodos com o objetivo de não ter mais filhos.

O tipo de método não é levado em conta.3A procura total inclui as mulheres grávidas e amenorréicas que engravidaram usando um método (falha do método).4A estimativa da procura satisfeita de anticoncepção é a razão entre a prevalência de uso de métodos mais a percentagem de mulheres

que estão grávidas ou em amenorréia mais aquelas cuja gravidez aconteceu por falha do método e a procura total.

Page 8: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

110

Aprocura total de planeamento familiar, na mulher em união, não estéril, foi de 14 %, sendo que:

• Cerca de metade (7 %) era constituída por necessidade de planeamento familiar nãosatisfeita e 7 %, necessidade satisfeita.

• A procura total para espaçamento foi dupla da procura para limitação da família (9.7 %versus 4.3 %), o que está de acordo com o padrão tradicional existente de espaçamento dosnascimentos.

A procura total é maior no grupo etário dos 25-34 anos e menor nas entrevistadas mais velhas (4 %)ou mais jovens (11 %). No entanto é exactamente nestes grupos em que a necessidade satisfeita é menor, emparticular no grupo etário dos 15-19 anos em que apenas um quinto (23 %) da procura total foi satisfeita.Esta situação é preocupante, se considerarmos que a actividade sexual se inicia na adolescência (capítulo 5),conduzindo a gravidez não desejada e de alto risco obstétrico neste grupo etário.

A procura total de PF na zona urbana é tripla (24 %) em relação à área rural (8 %). Do mesmo modo,o uso actual de contracepção é cerca de cinco vezes maior na zona urbana que na área rural (16 % versus3 %). Inversamente, como se pode esperar, a percentagem de procura não satisfeita é maior nas áreas rurais(70 %) do que nas áreas urbanas (35 %).

No que se refere aos diferenciais inter-provinciais, o primeiro aspecto a salientar é a pequenaproporção de mulheres em união que desejam utilizar um método contraceptivo. Apenas em três provínciasa procura total de PF atingia ou ultrapassava os 20 %, enquanto em seis das onze províncias a proporçãoencontrada foi de 10 % ou inferior. Podemos observar que variou desde a cidade de Maputo, com 34 %, eProvíncias de Maputo e Inhambane, ambas com 20 %, até às províncias de Cabo Delgado, com 5 %, Tete,com 6 % e Manica, com 7 %.

Page 9: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

111

A procura total de PF encontrava-se significativamente associada ao nível educacional das mulheresem união, de 8 % nas entrevistadas sem escolarização até 33 %, nas com ensino secundário ou superior. Noentanto, a necessidade não satisfeita de PF era maior nas entrevistadas com o ensino primário do que nasmulheres sem escolarização (8 % versus 5 %), e, por fim, apenas 3 % no grupo de maior escolaridade.

6.4 Número filhos ideal e existente

No inquérito, foi perguntado a todos os entrevistados, de ambos os sexos, o número de filhos queconsideravam como número ideal. Para tal, a todos os/as entrevistados foi pedido um exercício de abstracçãoe perguntado: Se pudesse voltar atrás, para o tempo em que não tinha nenhum filho e se pudesse escolhero número de filhos para ter toda a vida, quantos desejaria ter? No caso de ainda não terem tido nenhumfilho, a primeira parte da questão Se pudesse voltar atrás para o tempo em que não tinha nenhum filho era,naturalmente, omitida.

O Quadro 6.6 mostra-nos o número ideal de filhos das mulheres e homens entrevistados, de acordocom o número de filhos vivos que têm, onde se incluiu a gravidez actual, caso existisse. O desejo de famíliasnumerosas é bem evidente nos resultados obtidos, pois 43 % das mulheres entrevistadas declarou desejar seisou mais filhos. O número médio ideal avaliado foi de 5.9 filhos, no total de entrevistadas e, aindaligeiramente superior, 6.2 filhos, nas mulheres em união. Cerca de um quinto das entrevistadas (17 %) deuuma resposta não numérica, o que está de acordo com factores culturais e religiosos ou ainda com indecisãoda entrevistada em relação ao assunto.

Verificou-se uma associação significativa entre o número ideal e o número real de filhos, pois onúmero médio ideal variou de 4.7 nas mulheres que ainda não tinham tido filhos, até 7.9 filhos desejados,nas respondentes com seis ou mais filhos vivos. Tal facto pode ser devido quer ao facto de que as mulheresque desejam mais filhos tentam concretizá-lo, quer a não ser culturalmente aceite negar os filhos que já seteve e, por consequência, haver um ajustamento do número ideal ao número real de filhos existente.

Nos homens entrevistados, o padrão encontrado foi semelhante mas o número médio de filhosdesejado é ainda mais elevado, sendo de 7.4 para todos os entrevistados, e atingindo o máximo de 8.1 filhosdesejados nos homens em união.

No Quadro 6.7 e no Gráfico 6.4 podemos observar os diferenciais existentes no número médio defilhos desejados nos entrevistados, de ambos os sexos, por características sócio-demográficas seleccionadas.Constatou-se que, nos entrevistados de ambos os sexos, o número médio ideal de filhos aumentava consoantea idade. Os valores mínimos foram encontrados no grupo mais jovem, dos 15-19 anos, com 4.7 e 5.6 comonúmero médio ideal de filhos, respectivamente nas mulheres e homens entrevistados. Observou-se umaumento progressivo com a idade até atingir os valores máximos de 7.6 nas entrevistadas dos 45-49 anos e9.0 filhos, nos respondentes de 45-49 anos de idade.

O diferencial por lugar de residência, em zona urbana ou área rural, é significativo e ainda maisacentuado nos homens que nas mulheres. Como é habitual os residentes das áreas rurais desejam famíliasmaiores. Com efeito, enquanto nas respondentes a diferença encontrada entre a área rural e urbana foi de 1.4filhos ( 6.2 versus 4.8), ela aumentou para 3.1 filhos entre os homens residindo nas áreas urbanas e áreasrurais (8.4 versus 5.3).

Page 10: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

112

Quadro 6.6 Número ideal de filhos

Distribuição percentual segundo o número ideal de filhos, e número médio ideal de filhos para todas as mulheres e homens e paraas mulheres e homens actualmente unidas(os), por número de filhos vivos, Moçambique, 1997__________________________________________________________________________________________________

Número de filhos vivos1

__________________________________________________________

Número ideal de filhos 0 1 2 3 4 5 6+ Total__________________________________________________________________________________________________

MULHERES__________________________________________________________________________________________________

Nenhum 1 2 3 4 5 6+ Resposta não-numérica

Total Número

Todas mulheres Número médio ideal2

Número de casos

Mulheres unidas Número médio ideal2

Número de casos

0.4 0.4 0.2 0.1 1.6 0.0 0.1 0.4 3.2 1.0 0.1 0.3 0.4 0.0 0.1 1.0

12.7 8.1 4.2 3.2 1.7 1.6 0.9 5.8 9.8 9.6 3.9 3.5 1.0 0.8 0.9 5.3

18.7 20.9 22.1 16.0 13.4 6.4 7.2 16.6 8.2 13.3 15.1 13.1 9.9 12.9 3.7 11.1

25.1 32.7 41.4 49.1 53.5 65.7 65.4 42.921.9 14.1 13.1 14.7 18.7 12.6 21.7 16.9

100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 1,884 1,669 1,539 1,160 937 634 958 8,779

4.7 5.1 5.9 6.0 6.5 7.0 7.9 5.9 1,472 1,433 1,337 989 762 554 750 7,297

5.4 5.3 6.0 6.1 6.4 7.1 7.9 6.2 597 1,122 1,113 853 668 462 686 5,501

__________________________________________________________________________________________________

HOMENS__________________________________________________________________________________________________

Nenhum 1 2 3 4 5 6+ Resposta não-numérica

Total Número

Todos homens Número médio ideal2

Número de casos

Homens unidos Número médio ideal2

Número de casos

0.4 4.4 0.0 0.0 0.4 0.0 0.6 0.81.3 0.2 0.6 0.3 0.7 0.0 0.1 0.66.2 5.9 1.1 3.1 2.8 6.2 0.8 4.06.1 6.9 1.8 2.8 1.7 0.3 0.9 3.7

20.0 18.1 22.6 6.6 7.0 2.9 5.7 14.29.5 7.9 12.2 8.0 4.6 5.5 2.0 7.5

37.5 40.5 47.6 66.9 69.5 72.0 67.5 51.8 19.0 16.2 14.1 12.2 13.2 13.2 22.6 17.3

100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0784 296 300 198 185 151 421 2,335

6.0 6.2 6.9 7.8 8.7 8.2 10.4 7.4635 248 257 174 161 131 326 1,932

7.4 6.5 6.9 7.7 8.8 8.2 10.4 8.1158 217 245 159 158 124 320 1,380

__________________________________________________________________________________________________1Inclui gravidez actual2Exclui mulheres que deram respostas não-numéricas

Page 11: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

113

Quadro 6.7 Número ideal de filhos por características seleccionadas

Número médio ideal de filhos para todas as mulheres e todos os homens, segundo a idade, por características seleccionadas,Moçambique 1997__________________________________________________________________________________________________________

Idade actual Todas Todos___________________________________________________________ as os

Característica 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 mulheres homens__________________________________________________________________________________________________________

Residência Urbana Rural Província Niassa Cabo Delgado Nampula Zambezia Tete Manica Sofala Inhambane Gaza Maputo Maputo Cidade

Nível de escolaridade Sem escolaridade Primário Secundário ou mais

Religião1

Católica Protestante Muçulmana Outra Sem religião

Todas as mulheresTodos os homens

3.9 4.2 5.0 5.2 5.8 5.8 6.4 4.8 5.3 5.0 5.5 6.1 6.4 7.2 7.5 7.9 6.2 8.4

5.1 6.3 6.8 6.8 7.9 8.3 8.1 6.8 7.8 5.7 6.1 6.5 7.0 8.0 7.8 8.7 6.9 9.2 5.0 5.1 6.2 6.3 7.5 6.7 7.8 6.2 8.6 5.2 5.7 6.0 6.4 6.9 7.7 6.4 6.2 7.2 4.9 5.2 5.1 5.9 6.5 9.0 9.1 6.0 6.6 5.2 5.6 5.8 6.3 7.7 8.0 8.4 6.3 8.0 5.1 4.5 7.3 7.0 6.8 9.0 7.4 6.1 6.8 4.7 5.1 5.9 5.8 6.0 6.3 7.2 5.6 9.7 4.3 5.3 4.7 5.6 6.0 7.5 7.9 5.6 7.7 3.4 3.9 4.2 4.4 5.6 4.9 6.5 4.2 5.3 3.0 3.6 4.2 4.2 4.8 4.4 5.7 4.0 4.3

5.0 5.7 6.4 6.4 7.2 7.5 7.9 6.6 8.1 4.7 5.0 5.8 6.1 6.6 6.7 7.0 5.5 7.8 3.2 3.3 3.4 3.5 4.1 4.1 4.4 3.4 4.6

4.7 5.3 5.5 6.1 6.8 6.9 7.5 5.8 6.5 4.3 4.9 5.7 5.7 6.4 6.6 7.3 5.5 7.2 5.0 5.4 6.8 6.5 7.4 7.2 7.9 6.4 8.7 4.6 4.6 6.2 5.0 5.9 7.6 6.8 5.4 7.8 4.9 5.2 5.6 6.4 7.1 8.3 7.8 6.2 8.0

4.7 5.2 5.8 6.1 6.8 7.2 7.6 5.9 NA 5.6 6.1 6.4 6.9 8.4 8.8 9.0 NA 7.4

_________________________________________________________________________________________________________

As diferenças interprovinciais também são acentuadas. Para as mulheres que residiam na cidade deMaputo e província de Maputo o número médio ideal de filhos foi, respectivamente de 4.0 e 4.2 filhos, maseste aumentou até atingir nas províncias do Norte de Niassa e Cabo Delgado a média de 6.8 e 6.9 filhos,respectivamente. O padrão observado nos homens entrevistados foi semelhante, variando desde 4.3 na cidadede Maputo, até 9.7 filhos, na província de Inhambane.

Tipicamente, os entrevistados mais educados desejam famílias mais pequenas. Nas entrevistadas semescolarização o número médio ideal de filhos era de 6.6 e, nos homens do mesmo grupo, de 8.1 filhos. Nosrespondentes com o ensino secundário ou mais, o número médio ideal de filhos desce para 3.4 e 4.6 filhos,respectivamente, nos entrevistados do sexo feminino e masculino.

Page 12: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

114

6.5 Planeamento dos nascimentos

No inquérito, foi feita uma avaliação quantitativa da fecundidade não desejada. Para tal, inquiriu-sea todas as entrevistadas que se encontravam grávidas ou tiveram um filho nos últimos três anos precedendoo inquérito se o nascimento tinha sido planificado (desejado na altura), desejado mais tarde, ou não desejado(não desejava mais filhos). Este conjunto de questões dão-nos uma perspectiva do grau de sucesso dos casaisno controle da sua fecundidade. No entanto, a qualidade da resposta obtida depende da recordação que aentrevistada tem sobre a situação vivida anos atrás e da honestidade com que a reportou, pois esta atitudepoderá ser influenciada pelos factores culturais e religiosos anteriormente mencionados. De qualquer dosmodos, podemos assumir que os valores encontrados para a gravidez não desejada serão uma subestimaçãoda realidade.

O Quadro 6.8 mostra-nos a distribuição percentual dos nascimentos dos últimos três anos, porplaneamento da fecundidade e segundo a ordem de nascimento da criança e a idade da mãe ao nascimento.No inquérito, nos nascimentos dos últimos três anos, cerca de três quartos (74 %) eram desejados na alturada concepção, cerca de um quinto (20 %) eram desejados mais tarde e 4 % não eram desejados.

Os três primeiros filhos são mais desejados na altura da concepção e, apenas nos filhos de ordem

quatro ou superior a percentagem é significativamente menor (69 %). Neste grupo, quase um quarto (23 %)dos nascimentos era desejada mais tarde e cerca de 6 % não era desejada. A proporção de nascimentosplanificados diminui acentuadamente com a idade da mãe, variando desde 78 %, no grupo etário dos 20-24anos até 48 %, no grupo etário dos 45-49 anos. De realçar que a proporção de nascimentos desejados nogrupo etário mais jovem (15-19 anos) é de 73 %, menor que nos grupos etários seguintes, indicando aexistência do problema de gravidez precoce, não desejada, na adolescência.

Page 13: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

115

Quadro 6.8 Planeamento dos nascimentos

Distribuição percentual dos nascimentos ocorridos nos últimos três anos anteriores àpesquisa, segundo o planeamento, por ordem de nascimento e idade da mãe na época donascimento, Moçambique 1997_______________________________________________________________________

Planeamento do nascimento_____________________________________

Não Não Desco-Característica Planeado

1previsto

2desejado

3nhecido Total Número

_______________________________________________________________________

Ordem denascimento 1 2 3 4+

Idade da mãeno nascimento <20 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49

Total

78.0 16.8 2.9 2.3 100.0 1,164 77.1 19.8 1.3 1.8 100.0 965 79.9 17.9 1.1 1.1 100.0 911 68.8 22.9 6.3 2.1 100.0 2,276

73.0 21.6 2.9 2.4 100.0 1,182 78.2 18.7 1.0 2.0 100.0 1,419 75.2 20.8 1.9 2.1 100.0 1,275 72.9 20.4 5.3 1.4 100.0 737 71.7 19.0 8.9 0.3 100.0 401 66.1 18.9 14.8 0.2 100.0 239 48.1 21.0 22.0 8.9 100.0 64

74.2 20.1 3.7 1.9 100.0 5,316_______________________________________________________________________

Nota: Na ordem de nascimento inclui-se gravidez actual1Nascimento planeado e ocorrido na época prevista2Nascimento desejado, mas que deveria ocorrer numa época futura3Nascimento que representa um excesso em relação ao número total de filhos desejados

Um outro modo para avaliar a extensão da fecundidade não desejada é calcular qual seria a taxaglobal de fecundidade excluindo os nascimentos não desejados. Esta taxa, taxa global de fecundidadedesejada, é calculada da mesma maneira como a taxa global de fecundidade, mas excluindo do numeradoros nascimentos não desejados nos últimos três anos. A comparação entre as duas taxas sugere o impactodemográfico potencial da eliminação dos nascimentos não desejados. A taxa de fecundidade desejadaavaliada no inquérito deve, no entanto, ser considerada uma subestimação da situação real, devido àrelutância marcada existente no país em admitir como não desejados os filhos vivos, como já foianteriormente discutido.

O Quadro 6.9 e o Gráfico 6.5 mostram-nos a taxa global de fecundidade desejada e a real, para osúltimos três anos, por características sócio-demográficas seleccionadas. Globalmente, a taxa de fecundidadedesejada é 5 % inferior à taxa global de fecundidade real, sendo as respectivas taxas de 4.7 e 5.2nascimentos. A diferença das duas taxas entre a zona rural e urbana é mínima. Por províncias, as maioresdiferenças entre as taxa global de fecundidade desejada e taxa global de fecundidade real foram encontradasem Nampula, Tete e Gaza e as menores diferenças encontradas nas províncias de Niassa, Cabo Delgado eSofala.

A diferença varia directamente com o nível educacional. Enquanto nas mulheres com o ensinoprimário a taxa global de fecundidade desejada era 9 % inferior à taxa global de fecundidade real, a diferençaaumenta para 14 % nas entrevistadas com o ensino secundário ou mais, realçando uma vez mais o papelpreponderante da educação feminina na diminuição da fecundidade.

Page 14: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

116

Quadro 6.9 Taxa global de fecundidade desejada

Taxa global de fecundidade desejada e taxaglobal de fecundidade real para os três anosanteriores à pesquisa, por característicasseleccionadas, Moçambique 1997____________________________________

Taxa global Taxa globalde de

fecundidade fecundidadeCaracterística desejada real____________________________________

Residência Urbana Rural Província Niassa Cabo Delgado Nampula Zambezia Tete Manica Sofala Inhambane Gaza Maputo Maputo Cidade

Nível de escolaridade Sem escolaridade Primário Secundário ou mais

Religião1

Católica Protestante Muçulmana Outra Sem religião

Total

4.1 4.64.9 5.3

5.2 5.44.4 4.54.6 5.14.6 5.05.9 6.66.8 7.54.7 4.94.9 5.35.1 5.84.1 4.53.4 3.7

4.7 5.15.0 5.43.0 3.5

4.8 5.14.9 5.64.2 4.55.5 5.94.6 5.1

4.7 5.2____________________________________

Nota: As taxas são baseadas nos nascimentosocorridos de mulheres de 15-49 anos no períodode 1-36 meses anterior à pesquisa. As taxasglobais de fecundidade real são iguais às taxas

Page 15: CAPÍTULO 6 INTENÇÕES REPRODUTIVAS E ...de 46 %, n os que ainda n ão têm fi lhos até 18 %, nos com 6 ou mais filhos. Inversamente, menos de 1 % dos Inversamente, menos de 1 %

117