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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 1 CAPÍTULO I MÉTODOS DE ANÁLISE DE ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTOS IV.1 - COMPARAÇÃO ENTRE ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTO IV.1.1 - INTRODUÇÃO Nem sempre as propostas de investimentos mais rentáveis podem ser realizadas. Por quê? MOTIVO:- Limitação de recursos. Isto faz com que os resultados de estudos puramente econômicos não seja o único fator a considerar na decisão final. A análise da disponibilidade de recursos, dos encargos financeiros assumidos, etc., deve ser feita paralelamente ANÁLISE FINANCEIRA DE INVESTIMENTO. Os critérios da Engenharia Econômica levam em conta fatores econômicos e o OBJETIVO é a escolha da alternativa de maior rentabilidade, embora a meta do investidor possa não ser essa FATORES IMPONDERÁVEIS São aqueles que não podem ser reduzidos a valores monetários, não sendo, portanto, considerados num OBSERVAÇÃO Em resumo, várias formas de aplicação do capital, cada uma exigindo determinados recursos e proporcionando determinadas rentabilidades meios de produção diferença entre produtos objetivos a serem alcançados FATORES QUE PRODUZEM AS DIVERSAS ALTERNATIVAS Fornecer critérios de decisão para a escolha entre alternativas de investimentosFUNÇÃO DA ENGENHARIA ECONÔMICA

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 1

CAPÍTULO I MÉTODOS DE ANÁLISE DE

ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTOS IV.1 - COMPARAÇÃO ENTRE ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTO IV.1.1 - INTRODUÇÃO

Nem sempre as propostas de investimentos mais rentáveis podem ser realizadas. Por quê? MOTIVO:- Limitação de recursos. Isto faz com que os resultados de estudos puramente econômicos não seja o único fator a considerar na decisão final. A análise da disponibilidade de recursos, dos encargos financeiros assumidos, etc., deve ser feita paralelamente ⇒ ANÁLISE FINANCEIRA DE INVESTIMENTO.

Os critérios da Engenharia Econômica levam em conta fatores econômicos e o OBJETIVO é a escolha da alternativa de maior rentabilidade, embora a meta do investidor possa não ser essa

FATORES IMPONDERÁVEIS

São aqueles que não podem ser reduzidos a valores monetários, não sendo, portanto, considerados num estudo puramente econômico. Sua avaliação é puramente subjetiva.

OBSERVAÇÃO

Em resumo, várias formas de aplicação do capital, cada uma exigindo determinados recursos e proporcionando determinadas rentabilidades

• meios de produção • diferença entre produtos • objetivos a serem alcançados

FATORES QUE PRODUZEM AS DIVERSAS ALTERNATIVAS

“Fornecer critérios de decisão para a escolha entre alternativas de investimentos”

FUNÇÃO DA ENGENHARIA ECONÔMICA

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IV.1.2 - FLUXOS DE CAIXA Representam as várias alternativas num estudo econômico. É um modelo de investimento em perspectiva. As datas são sempre futuras!!!!! Num estudo econômico o passado só serve para auxiliar as previsões, não influenciando a tomada de decisão.

Num estudo econômico as entradas e saídas monetárias só têm um significado completo quando acompanhadas pelas datas em que se efetuam. Embora se possa usar tabelas de juros em que o período de composição seja de um ano, mês ou dia, etc., há limitações práticas quanto à necessidade de precisão para as datas em que as receitas e as despesas previstas ocorrerão. Contorna-se esse problema considerando essas quantias concentradas em intervalos de tempos periódicos; em geral, adota-se a “convenção de fim de período”, ou seja, que as entradas e as saídas monetárias que se dão durante um período estejam concentradas no fim do mesmo. Uma análise da questão mostra que o estudo não será muito afetado em sua exatidão por esta simplificação. O período adotado geralmente é de um ano, podendo ser outro de acordo com a conveniência do projeto em estudo, grau de detalhe e precisão das estimativas de datas e quantias. Para o caso brasileiro onde as taxas de juros são altas, muitas vezes o mês deve ser tomado como período-base.

Por outro lado, o estudo econômico deve cobrir um intervalo de tempo compatível com a duração da proposta de investimento considerada, freqüentemente denominada vida útil, vida econômica ou simplesmente vida da proposta de investimento.

IV.1.3 - AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Existem várias medidas para avaliar investimentos. Seja uma determinada firma que tenha a oportunidade de escolher entre os seguintes projetos: PROJETO INVESTIMENTO INICIAL FLUXO DE CAIXA

IMPORTANTE: Por tratar sempre com valores estimados, o investimento, após realizado, não evoluirá exatamente como o previsto

A Contabilidade trata de grandezas já verificadas, pertencentes ao passado!!!!!!!!!!!!!!!! É, portanto, mais exata, porém de valor unicamente legal e informativo.

ENGENHARIA ECONÔMICA x CONTABILIDADE

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Ano 1 Ano 2 A R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 B R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 1.100,00 C R$ 10.000,00 R$ 4.000,00 R$ 8.000,00 D R$ 10.000,00 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00

a.

b.

CRITÉRIO POR INSPEÇÃO O projeto B é melhor do que o projeto A O projeto D é melhor que o projeto C, pois é possível reinvestir os ganhos entre os anos 1 e 2.

PERÍODO DE RECUPERAÇÃO (“pay-back period”) Procura-se estabelecer o tempo necessário para que fundos gerados pelo investimento sejam iguais ao gasto inicialmente feito. Preocupa-se com a recuperação simples do dinheiro empregado. No caso acima têm-se:

Projeto Período de Recuperação A 1 ano B 1 ano C 1 ano e 9 meses D 1 ano e 8 meses

Nota-se imediatamente que o método não consegue diferenciar entre os projetos A

e B. Sua principal deficiência é não considerar os ganhos após a recuperação, nem o escalonamento das entradas de Caixa. Não se faz um investimento para recuperar o capital, e sim para obter lucro. O processo serve apenas para complementar os outros métodos no auxílio da tomada de decisão. c. GANHOS POR CAPITAL INVESTIDO. Calcula-se o somatório dos fluxos de caixa e divide-se o total pelo investimento.

Projeto Ganhos por Capital Investido A 1 B 1,1 C 1,2 D 1,2

Desconsideram-se inteiramente o fator tempo e as possibilidades de re-

investimento.

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d.

e.

GANHOS MÉDIOS ANUAIS POR CAPITAL INVESTIDO

Semelhante ao anterior.

CRITÉRIOS ECONÔMICOS BASEADOS NO PRINCÍPIO DE EQUIVALÊNCIA DE FLUXOS DE CAIXA

Consideram-se o valor do dinheiro no tempo, as possibilidades de re-investimento, o custo de oportunidade, etc.

CONCLUSÃO

Apesar dos quatro primeiros processos poderem levar a boas decisões em alguns casos (investimentos iguais, de mesma duração e fluxos de caixa homogêneos), a análise da maioria das situações só pode ser feita adequadamente pelos critérios econômicos detalhados a seguir

IV.1.4 - CRITÉRIOS ECONÔMICOS DE DECISÃO Os métodos de comparação de alternativas de investimento baseiam-se no princípio de equivalência visto; isto supõe o uso de uma taxa de desconto. Qual seria essa taxa?

De um modo geral existem várias aplicações possíveis de capital, interessando apenas as mais rentáveis. Ao se considerar uma nova proposta de investimento, deve-se levar em conta que esta vai deslocar recursos disponíveis e, portanto, deixar-se-á de auferir retorno de outras possíveis fontes.

DEFINIÇÃO DE RENTABILIDADE

A rentabilidade de uma série de investimentos é dada pela taxa de juros que permitiria ao capital empregado fornecer um certo retorno

Definição de taxa mínima de atratividade

Uma nova proposta para ser atrativa deve render, no mínimo, a taxa de juros equivalente à rentabilidade das aplicações correntes e de pouco risco.

Dado que cada pessoa ou empresa tem possibilidade de investimentos diferentes, haverá uma taxa mínima de atratividade para cada uma.

EXEMPLO Se existirem letras de câmbio que garantem uma rentabilidade de 2,5% a.m. , a proposta de investimento em ações só será atrativa se proporcionar rendimento maior.

Cumpre ressaltar que um estudo econômico recai sempre na escolha entre alternativas; dever-se-á tomar uma decisão entre não fazer nada, abandonar projetos em andamento ou investir em novos projetos, etc.

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Os métodos de comparação baseados nos princípios de equivalência determinam quantias únicas que representem, do ponto de vista econômico, cada alternativa de investimento. Serão três os métodos aqui apresentados:

O critério da relação benefício/custo será considerado mais adiante, quando

projetos governamentais forem estudados.

IV.2 - MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO

EXEMPLO 1 Considere-se a proposta de investimento que envolve investir R$ 10.000,00 hoje para receber R$ 2.000,00 anuais, nos próximos 10 anos, conforme o diagrama de fluxo de caixa que se segue: 2.000 2.000 ......................................................................... 2.000 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 R$ 10.000,00 A taxa mínima de atratividade é de 10% a.a.. É atrativo o investimento?

Solução

Na HP-12C f FIN f 2 10000 CHS g CF0 2000 g CFj 10 g Nj 10 i f NPV

- 10.000 + 2.000 a = 2.288. 10 10 Conclui-se, pois, que o investimento é atrativo.

Os

MÉTODOS

• Método do valor presente líquido. • Método do equivalente uniforme anual. • Método da taxa interna de retorno.

Inicialmente supor-se-á que o investimento seja instantâneo (no período zero) e que não haja inflação, risco e imposto de renda.

IMPORTANTE

No método do valor presente líquido calcula-se o valor atual do fluxo de caixa, com o uso da taxa mínima de atratividade; se este valor for positivo, a proposta de investimento é atrativa.

Como funciona?

OBS:- Quando se consideram alternativas de investimento com durações idênticas, escolhe-se a de maior valor presente líquido.

Na planilha Excel, teríamos:

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123456789

10111213

A B10% <--taxa mínima de atratividade

-10000 <--investimento20002000200020002000 pagamentos ou anuidades20002000200020002000

R$ 2.289,13 <--=VPL(0,1;A3:A12)+A2

EXEMPLO 2 Se, competindo com a proposta de investimento acima, houvesse uma alternativa B, de se investir R$

14.000,00 para obter-se R$ 3.000,00 anuais durante 10 anos, qual seria a proposta escolhida?

Solução Na HP-12C f FIN 14000 CHS g CF0 3000 g CFj 10 g Nj 10 i f NPV

O valor atual da proposta B é:

-14.000 + 3.000. a1010 = 4.432

Por ter maior valor atual, esta proposta é escolhida de preferência à anterior.

123456789

10111213

A B10% <--taxa mínima de atratividade

-14000 <--investimento30003000300030003000 pagamentos ou anuidades30003000300030003000

R$ 4.433,70 <--=VPL(0,1;A3:A12)+A2

Geralmente a data escolhida para o cálculo do valor atual é o “dia de hoje”, daí o termo “valor presente” usado para designar o método. Entretanto, qualquer que seja a data usada, a decisão será a mesma.

OBSERVAÇÃO

Para ilustrar, considerem-se as duas propostas anteriores. O valor atual de cada uma delas ao fim do período 6 será: PROPOSTA A : 2.288 . FAC(6,10) = 2.288 . (1,1)6 = 4053,33

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PROPOSTA B : 4.432 . FAC(6,10) = 4.432 . (1,1)6 = 7.851,56.

a.

b.

Evidentemente a posição relativa das propostas não mudou.

IV.2.1 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO DO VALOR ATUAL

Por outro lado, o valor presente de um fluxo de caixa indica a diferença entre o valor atual das quantias futuras envolvidas e o investimento inicial. Justifica-se o método apresentado, pois um valor atual positivo significa que as quantias futuras, descontadas à taxa mínima de atratividade, superam o investimento inicial necessário - o que torna atrativa a proposta. Por outro lado, um valor atual negativo significa que se está investindo mais do que se irá obter, o que é, evidentemente, indesejável; em outras palavras, a mesma quantia, se fosse investida à taxa de atratividade, renderia mais do que no projeto em questão.

EXEMPLO 3

É proposta a venda de determinada máquina para fins rentáveis; o comprador em perspectiva tem uma taxa mínima de atratividade de 10% a.a.. A máquina proporcionará uma receita líquida de R$ 20.000,00 no primeiro ano, diminuindo em seguida à base de R$ 1.000,00 ao ano por mais 12 anos. O valor estimado de revenda daqui a 12 anos é de R$ 26.000,00.

Até quanto estaria o comprador disposto a pagar pela máquina? Solução

Fluxo de caixa ( em R$ 1.000,00): P = S/[(1 +i)n]

20 26 19 18 9 1 2 3 12

? Valor Atual: (Esta série de pagamentos chama-

No caso de comparar propostas de durações diferentes, alguma hipótese será exigida sobre o que será feito após o término da proposta de menor duração. (Ver exercício proposto 1)

IMPORTANTE

CONCLUSÃO DO MÉTODO

Observe-se que toda vez que se consegue investir uma quantia exatamente à taxa de atratividade, o valor presente do projeto como um todo será nulo. Um valor atual positivo indica, pois, que está investindo a uma taxa superior à taxa de atratividade. O inverso ocorre para valores presentes negativos.

Conclui-se que o valor atual das quantias futuras de um fluxo de caixa é igual ao máximo investimento que se está disposto a fazer para obtê-las.

IMPORTANTE

f fin f 2 20000 g CFj Na HP - 12C 19000 g CFj .................. 10000 g CFj 35000 g CFj (9000 + 26000) 10 i f NPV Observe que não foi introduzido o g CF0

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se SÉRIE GRADIENTE) VA = R$ 20.000,00 a1210 - R$ 1.000,00 . GFVA (10%,12) + R$ 26.000,00 ( 1 + 0.1)-12 . VA = 136.280 - 29.900 + 8.280 = R$ 114.100,00

123456789

1011121314

A B10% Taxa Mínima de Atratividade

200001900018000170001600015000 Fluxo de Caixa de 1 a 11140001300012000110001000035000 Valor Residual + Fluxo de Caixa 12

R$ 114.657,02 <--VPL(A1;A2:A13)

Este valor é o máximo que o comprador estará disposto a pagar pela máquina, pois corresponde ao valor atual das receitas líquidas futuras!!!.

O Sr. A possui uma propriedade que lhe dará uma renda mensal de R$ 1.000,00 por mais 5 anos. Ele calcula que daqui a 5 anos sua propriedade poderá ser vendida por R$ 20.000,00. Surgiu-lhe a oportunidade de aplicação do capital a 2% a.m., que ele considera boa, face às suas aplicações atuais. Por outro lado, o Sr. B possui capital em ações que lhe rendem 1% ao mês e deseja comprar a propriedade do Sr. A. Para o Sr. A, o valor da propriedade, suposta para fins rentáveis unicamente, será de: R$ 1.000,00 . a602 + R$ 20.000,00 . (1 + 0.02)60 = R$ 40.857,00 tendo-se que a taxa mínima de atratividade é de 2% a.m. O valor R$ 40.857,00 é a quantia que seria necessária para, aplicada à taxa de 2% ao mês, proporcionar ao Sr. A uma renda de R$ 1.000,00 mensais e acumular um fundo de $ 20.000,00, ao final de 5 anos. Este é o valor mínimo pelo qual venderá a propriedade. Para o Sr. B, que estima o valor de revenda da propriedade também em R$ 20.000,00, o valor máximo pelo qual está disposto a comprá-la é de R$ 55.963,00, pois a 1% ao mês esta quantia reproduzirá os resultados da propriedade. Como a taxa mínima de atratividade do Sr. B é de 1%, diferente da taxa do Sr. A, a sua avaliação é diferente. Concluindo, o negócio poderá ser feito por qualquer quantia entre R$ 40.857,00 (preço de venda mínimo do Sr. A) e R$ 55.963,00 (preço de compra máximo do Sr. B).

I LUSTRAÇÃO

Cabe ainda um comentário sobre os fundamentos do método do valor presente líquido.

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EXEMPLO 4 Sejam dois investimentos representados pelos fluxos de caixa que se seguem .

..... .......................R$ 30,00 R$ 58,00 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 PROJETO A PROJETO B 100,00 200,00 Taxa de atratividade = 10%

Qual é o melhor projeto, admitindo que o investidor possui R$ 200,00 para aplicar?

f fin 100 CHS g CF0 30 g CFj 5 g Nj 10 i f NPV

f fin 200 CHS g CF0 58 g CFj 5 g Nj 10 i f NPV

Valor atual do projeto A: R$ 100,00 + R$ 30,00 . a510 = R$ 14,00

Valor atual do projeto B: R$ 200,00 + R$ 58,00 . a510 = R$ 20,00

A primeira coisa que é preciso notar é que se trata de investimentos de quantias distintas. Assim sendo, cumpre pensar sobre o que o interessado fará com os R$ 100,00 que sobrarão caso ele se decida pelo projeto A. Se ele puder aplicar todos os seus R$ 200,00 em dois projetos do tipo A, o valor presente de seu investimento será duas vezes R$ 14,00, o que dá R$ 28,00. Como isto é superior a R$ 20,00, ele deverá optar pelos projetos A. No entanto, se não houver a possibilidade de duplicar o investimento em A, como ocorre freqüentemente na prática (raras vezes tem sentido fazer duas fábricas iguais e nem sempre compensa duplicar uma delas), será razoável assumir as seguintes alternativas Aplicar R$ 200,00 no projeto B, cujo valor presente é de R$ 20,00; Aplicar R$ 100,00 em A e os R$ 100,00 restantes à taxa de atratividade. O valor presente dessa composição seria R$ 14,00, uma vez que investir à taxa de atratividade implica um valor atual nulo. Neste caso a escolha recairia em B. O importante aqui é entender que a decisão depende daquilo que se vai fazer com o montante não investido no projeto mais barato. Evidentemente, poderia se supor o investimento do restante a uma taxa diferente da taxa de atratividade. O critério de escolher a alternativa de maior valor atual assume, implicitamente, que o investimento dos saldos se faz à taxa de atratividade.

COMENTÁRIO

IV.4.3 - COMPARAÇÃO DE CUSTOS PELO MÉTODO DO VALOR ATUAL Freqüentemente desejam-se comparar alternativas que fornecem a mesma comodidade, o mesmo produto, em suma, o mesmo benefício. Por exemplo, a produção de determinado artigo pode ser feita por vários tipos de equipamentos; embora a receita obtida com a venda do produto seja sempre a mesma, o lucro vai depender da diferença entre receita e custos. Neste caso, interessa a comparação dos custos das alternativas, sendo melhor a que tiver menor custo. O valor atual dos custos das alternativas servirá então para compará-las.

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Ao usar-se tal tipo de comparação, deve-se ter o cuidado de verificar se os benefícios fornecidos pelas alternativas são realmente os mesmos; principalmente no que diz respeito à duração da prestação dos serviços. Deve-se sempre comparar alternativas de durações idênticas.

EXEMPLO 5 Um homem está considerando a compra de um automóvel; duas oportunidades parecem-lhe atrativas; a de um carro com dois anos de idade e a de outro com quatro anos. Qualquer que seja a escolha, ele pretende manter o automóvel por um ano e então comprar o modelo novo. O carro mais velho é oferecido a um preço de R$ 6.000,00 à vista e o mais novo a R$ 4.000,00 de entrada e R$ 700,00 mensais, durante 6 meses. As despesas estimadas, supondo quilometragem média de 2.000 km/mês, são as seguintes:

A taxa mínima de atratividade do comprador é de 1% a.m.. Qual a alternativa que deverá ser escolhida?

Solução 1. Valor atual dos custos do carro mais velho: R$ 4.800,00 0 1 2 3 12 250,00.......................................250,00

2.

R$6.000,00

Carro mais novo combustível, manutenção, etc. : R$ 200,00/ mês. Valor de revenda: R$ 6.800,00

Carro mais velho combustível, manutenção, etc. : R$ 250,00/mês Valor de revenda: R$ 4.800,00

f fin 6000 CHS g CF0 250 CHS g CFj 11 g Nj 4550 g CFj 1 i f NPV

Valor atual dos custos1: R$ 6.000,00 + 250,00 . a121 - 4.800,00 . (1 + 0.01)

-12 R$ 6.000,00 + 2.813,70 - 4.259,50 = R$ 4.554,20

Valor at R$ 6.800,00 ual dos custos do carro mais novo:

1 Como se está interessado em custos, os sinais foram invertidos, passando custos a ter sinais positivos e receitas sinais negativos, ao invés da convenção anteriormente adotada.

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3. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 200,00............... 900,00.............. R$4.000,00 Valor atual dos custos: R$ 4.000,00 + R$ 200,00 . a121 - 6.800 . (1 + 0.01)

-12 + 700 . a

f fin 4000 CHS g CF0 900 CHS g CFj 6 g Nj 200 CHS g CFj 5 g Nj 6600 g CFj 1 i f NPV

121R$ 4.000,00 + R$ 2.251,00 - R$ 6.034,30 + R$ 4.056,50 = R$ 4.273,20 Conclui-se que é mais econômico comprar o carro mais novo!!!. 4.2.5

a. b.

c.

- CUSTO CAPITALIZADO Freqüentemente, encontram-se proposta de investimento que fornecerão benefícios

por um período tão grande que poderá ser considerado eterno. Isto se dá principalmente em obras públicas, tais como estradas, diques, canais, etc. O valor atual de todos os custos inerentes à proposta de investimento chama-se “custo capitalizado”.

EXEMPLO 6

Uma municipalidade está considerando a execução de uma obra destinada à diversão pública; entre

as possibilidades sobressaem a construção de um estádio ou a de um parque com jardins, lago, etc. Os responsáveis se dividem sobre qual das alternativas proporcionaria maiores benefícios, considerando-se, portanto, que sejam equivalentes sob este aspecto. O investimento inicial no projeto do parque seria de R$ 6.000.000,00, sendo os benefícios perpétuos. Gastos anuais de cerca de R$ 60.000,00 seriam exigidos para manutenção; de 20 em 20 anos, estima-se, seriam necessários gastos da ordem de R$ 1.500.000,00 para dragagem do lago, reforma dos jardins e edifícios, etc. Considerando-se uma taxa de 5% a.a., qual o custo capitalizado desta obra?

Solução

Custo anual de manutenção: R$ 60.000,00 Custo anual equivalente aos gastos de 20 em 20 anos:

R$ 1.500.000,00 . s-1205 = R$ 1.500.000,00 . 0,0302 = R$ 45.360,00

2

Custo capitalizado: Observando-se que a∞5 = 1/i ou seja 1/0,05 por se tratar de perpetuidade. Temos

R$ 6.000.000,00 + R R$60. $45..

000 3600 05+ = R$ 8.107.200,00

Nestas condições, o estádio só será preferível se seu custo capitalizado for menor que R$ 8.107.200,00

2 Distribui-se um custo de R$ 1.500.000,00 que será feito de 20 em 20 anos por cada ano como se fosse uma poupança rendendo a taxa mínima de atratividade.

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1.

2.

Compare os custos anuais de 2 equipamentos destinados a fazer um mesmo serviço, usando uma taxa de atratividade de 5% a.a.. Não há inflação.

EQUIPAMENTO A B Investimento (em R$ 1.000,00) 10 23 Vida média (em anos) 20 60 Valor residual (em R$ 1.000,00) 3 Manutenção anual (em R$ 1.000,00) 0,6 0,1

Duas alternativas devem ser avaliadas; comparar seus valores atuais, para uma taxa de atratividade de 5% a.a.

Aternativas C D Investimento( em R$ 4.500,00 12.000,00 Vida Média Útil (em anos) 12 24 Valor Residual (em R$) ------ 1.800,00 Custo Operacional Anual (em R$) 1.100,00 720,00

3.

4.

5.

Uma nota promissória é oferecida à venda. Ela ainda vai oferecer 8 prestações anuais de R$ 2.000,00 e seu valor de resgate será R$ 5.000,00 a ser pago com a última prestação, daqui a 8 anos. Quanto se deve pagar por ela para receber um rendimento de 25% ao ano de juros compostos? Resp: - R$ 7.497,00 Calcule o custo capitalizado de um teatro, usando a taxa de 6% ao ano. O teatro apresentará despesas anuais de manutenção de cerca de R$ 20.000,00 e ainda despesas com a troca de tapetes, cortinas e cadeiras de 5 em 5 anos, que montarão cerca de R$ 100.000,00. Estima-se também que de 10 em 10 anos deverão ser feitas despesas em elementos estruturais maiores, do palco e do próprio edifício, de cerca de R$ 200.000,00. O custo inicial é R$ 1.000.000,00 e as outras estimativas de custos foram feitas em termos de moeda atual. Resp: - R$ 1.881.900,00

Um fabricante estuda a possibilidade de lançamento de novo produto. Pesquisas de mercado indicaram a possibilidade de uma demanda anual de 30.000 unidades, a um preço de R$ 10,00 a unidade. Alguns equipamentos existentes seriam usados sem interferir na produção atual, com um custo adicional de R$ 4.000,00 por ano. Novos equipamentos no valor de R$ 300.000,00 seriam necessários, sendo sua vida econômica de 5 anos; o valor de revenda após 5 anos seria de R$ 20.000,00; o custo de manutenção estimado é de R$ 10.000,00 por ano. Um adicional de R$ 50.000,00 de capital de giro será ainda requerido. Mão-de-obra direta e custo de matéria-prima seriam de R$ 4,00 e R$ 3,00 por unidade respectivamente, não havendo mudança de despesas de administração, vendas, etc. Impostos municipais montarão anualmente a 3% do investimento inicial anualmente. Considerando-se uma taxa mínima de atratividade de 10% ao ano, sem levar em conta a inflação, deve ser lançado o novo produto? Resp: - Sim: R$ 253.600,00

6. Duas alternativas são propostas para um trecho de um aqueduto:

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 13

ALTERNATIVA A

ALTERNATIVA B

Esta alternativa engloba um pequeno túnel e 2 kilômetros de canal em terra. O túnel é estimado custar R$ 40.000.000,00, será permanente e sua manutenção anual será de R$ 100.000,00. O canal custará R$ 2.000.000,00 por kilômetro, terá uma vida econômica estimada de 20 anos e sua manutenção será de R$ 100.000,00, por ano, por kilômetro.

Envolve 5 km de canal revestido e 5 km de canal em terra e 2 km de tubos. O canal revestido custará 2.600.000,00 por km e será permanente. É estimado que seu custo de manutenção será de R$ 20.000,00, por km, para os 5 anos iniciais até que haja uma melhor consolidação da base e depois desse período a manutenção será reduzida para R$ 4.000,00. O canal em terra tem custo de R$ 1.600.000,00 por km, uma vida econômica estimada de 25 anos e uma manutenção anual de R$ 100.000,00, por km. Os tubos têm um custo inicial de R$ 7.000.000,00 por km, uma vida econômica estimada de 50 anos e uma manutenção anual de R$ 60.000,00 por km.

Compare estes dois planos, assumindo um custo do capital de 8,5% a.a.

7.

8.

9.

Consideremos uma alternativa de substituir mão de obra por uma máquina. A vida econômica da máquina é assumida ser 10 anos. A máquina custa R$ 10.000,00, tem um custo de manutenção de R$ 200,00 e um valor de revenda de R$ 1.000,00. A mão de obra é de R$ 1.800,00 por ano. Sabe-se que os juros de mercado é de 10% a.a. Vale a pena, do ponto de vista econômico, a substituição? Compare as alternativas A e B, usando a taxa mínima de atratividade de 7% a.a. Máquina A tem custo inicial de R$ 5.000,00, uma vida estimada de 10 anos, sem valor de revenda e uma taxa de operação e manutenção de R$ 2.000,00 por ano. Máquina B tem um custo de R$ 20.000,00, uma vida estimada de 15 anos, com um valor de revenda de R$ 10.000,00 e um custo de operação e manutenção de R$ 1.000,00 por ano. SUGESTÃO: Como as alternativas têm durações diferentes é necessário achar um múltiplo comum para estas durações. Neste caso o ciclo de vida comum das máquinas A e B é de 30 anos. A compra da Ilha de Manhattan dos Índios, a Louisiana da França e o Alaska da Rússia foram verdadeiras barganhas. Mas foram, realmente, barganhas? Compute o valor atual de cada compra como se elas tivessem sido investimentos que rendessem 6% a.a.

COMPRA ANO PREÇO (U.S.$) VALOR PRESENTE Ilha de Manhattan

1626 24,00

Território de Louisiana

1803 15.000.000,00

Alaska 1867 7.200.000,00 10. Você pretende renovar a assinatura da revista “O Supercomputólogo”. Os preços são os seguintes:

ANO PREÇO 1 Ano R$ 280,00 2 Anos R$ 480,00 3 anos R$ 640,00

Supõe-se que estes preços serão acrescidos anualmente com a inflação de 12%. Qual o plano mais vantajoso?

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 14

11. Um projeto de bombeamento apresenta duas alternativas. Ambas as alternativas resultam em 10 anos de serviço, sem valor residual para as instalações e equipamentos. ALTERNATIVA 1 ALTERNATIVA 2 Custos das Tubulações 2.300.000,00 3.700.000,00 Custos das Bombas 530.000,00 320.000,00 Custo Anual da Energia Elétrica 325.402,00 114.790,00

Para que valores do custo de oportunidade preferimos a alternativa 1 e para que valores a alternativa 2? 12.

b. 13.

14.

15.

(FUVEST) Uma mercadoria cujo preço de tabela é R$ 8 000,00 é vendida, à vista, com desconto de x% ou em duas parcelas iguais de R$ 4 000,00, sendo a primeira no ato da compra e a segunda um mês após a compra. Suponha que o comprador dispõe do dinheiro necessário para pagar à vista e que ele sabe que a diferença entre o preço à vista e a primeira parcela pode ser aplicada no mercado financeiro a uma taxa de 25% ao mês. Nessas condições: a. Se x = 15, será vantajosa para ele a compra a prazo? Explique

Qual é o valor de x que torna indiferente comprar a vista ou a prazo? Explique. (FUVEST) Uma empresa vende uma mercadoria e vai receber o pagamento em duas prestações. A primeira no ato da venda e a segunda trinta dias após. Supondo que o preço a vista da mercadoria seja C reais, que o primeiro pagamento seja de C/3 reais e que a inflação nesses 30 dias seja de 25%, calcule o valor que deve ser cobrado no segundo pagamento de modo a compensar exatamente a inflação do período. (VUNESP) Durante um período de tempo em que a inflação foi de 500%, o preço de certo modelo de automóvel subiu 700%, passando a custar Cr$ 40.000.000,00. Quanto custaria esse modelo ao fim do período considerado, se seus aumentos de preço tivessem se limitado a acompanhar a inflação? O exame de um empreendimento, durante os primeiros três anos de vida, deu os seguintes resultados:

Ano valor R$ milhões Investimento 0 -1.650,00 Resultado Operacional 1 +1.000,00 “ “ 2 +1.150,00 “ “ 3 +1.250,00

16.

17.

O grupo de empreendedores poderia aplicar os mesmos valores, nas mesmas ocasiões, a uma taxa de juros usual de 10% a. a.. Deseja-se saber se tal empreendimento apresenta viabilidade no prazo apresentado. Resp: Sim Uma empresa está sendo planejada para fabricar brinquedos eletrônicos. Os investimentos iniciais relacionados são: terrenos: R$ 100.000,00; construções R$ 300.000,00; 20 equipamentos de valor médio unitário: R$ 10.000,00; móveis e utensílios: R$ 50.000,00; 10 veículos de valor médio unitário: R$ 5.000,00. A empresa tenciona ter um Custo Operacional Mensal com empregados, materiais, administração, propaganda, etc. igual a R$ 100.000,00; a pesquisa de mercado revelou que existe probabilidade de um fatuamente que proporcione uma Receita Mensal no valor de R$ 200.000,00. Considerando que a taxa nominal de juros é de 48% a.a. e que o período de capitalização é mensal, pergunta-se qual o prazo a partir do qual o empreendimento é viável. Resp: 8,38 anos Um grupo de pessoas resolveu abrir uma fábrica de blocos de concreto e, para tal fim, foi elaborado um estudo mercadológico que deu as seguintes projeções:

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 15

Ano 0 Investimento R$ 20.000,00 Ano 1 Receita Líquida R$ 3.000,00 Ano 2 Receita Líquida R$ 4.000,00 Ano 3 em diante Receita Líquida R$ 5.000,00

Se em vez de abrir a fábrica, fosse aplicado o dinheiro do investimento, renderia uma taxa de juros de 12% a.a.. Responder: a-) o grupo de pessoas gostaria que o empreendimento fosse viável a partir do 3º ano. Tal pretensão será satisfeita?

b-) caso tenha sido negativa a resposta anterior, pergunta-se: a partir de quantos anos o empreendimento se torna viável?

18.

19.

20.

21.

Uma empresa investe a quantia de R$ 200.000.000,00 em quatro anos, sendo R$ 50.000.000,00 por ano. Terminado o investimento, a empresa inicia suas atividades e obtém uma receita operacional de R$ 700.0000.000,00 anuais e com uma despesa operacional de R$ 400.000.000,00. O dinheiro necessário para o investimento foi obtido através de um financiamento a juros de 15% a.a. com carência de três anos, pagando a empresa neste prazo apenas os juros. A partir do início das atividades, o financiamento deve ser amortizado em cinco anos. A empresa terá viabilidade financeira a partir de que ano? A taxa mínima de atratividade é de 10% a.a.. Resolver o problema anterior com as seguintes variações: a receita operacional é de R$ 400.000.000,00 e a despesa operacional é de R$ 200.000.000,00, sendo a taxa de juros relativa ao financiamento igual a 20% a.a. Resolver o problema anterior, admitindo que a empresa não necessita de financiamento. Um incinerador de lixo de 1.000 t/dia de capacidade custa R$ 50.000.000,00 de investimento e opera a um custo variável de R$ 50,00/t. Um incinerador de lixo de 500 t/dia de capacidade custa R$ 30.000.000,00 de investimento e opera a um custo variável de R$ 55,00/t. A demanda de serviços ao longo de 10 anos é de

t(ano) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ton./dia 300 350 400 450 500 600 700 800 900 1.000

Deseja-se limitar o horizonte do projeto, para fins de análise, em 10 anos. A-) Sabendo-se que o custo do capital é de 7% a.a., escolha entre as duas alternativas: ALTERNATIVA I - construir já (início do período 1) um incinerador de 1.000 t/dia ALTERNATIVA II - Construir já um incinerador de 500 t/dia e outro igual no início do período 6 (ou seja, fim do período 5) B-) Repita o problema se o custo do capital for 18% a.a.

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 16

IV.3 - MÉTODO DO CUSTO ANUAL

A comparação entre alternativas de investimento pelo método do custo anual é feita reduzindo-se o fluxo de caixa de cada proposta a uma série uniforme equivalente, com o uso da taxa mínima de atratividade. Os valores obtidos são então confrontados, permitindo uma decisão entre alternativas.

Este método também é chamado de método dos E.U.A. (Equivalente Uniforme Anual).

EXEMPLO 1

Analisar o exemplo 1 do método do valor atual pelo método dos E.U.A.. Solução

ALTERNATIVA A a.

b. c.

a.

b. c.

Custo anual equivalente ao investimento inicial: CA = R$ 10.000,00 a-11010 = R$ 1.627,50

Receita Líquida Anual : R$ 2.000,00 Série Anual Uniforme Equivalente aos lucros: R$ 2.000,00 - R$ 1.627,50 = R$ 372,50

ALTERNATIVA B Custo Anual Equivalente ao investimento inicial

CA = R$ 14.000,00 . a-11010 = R$ 2.278,50 Receita Líquida Anual : R$ 3.000,00 Série Anual Uniforme Equivalente aos lucros: R$3.000,00 - R$2.278,50 = R$ 721,50

A Alternativa B mostra-se mais vantajosa, pois apresenta o maior lucro anual equivalente. Observe-se que este método conduz á mesma decisão obtida pelo método do valor atual. O termo “método do custo anual”, significando “método do custo anual equivalente”, vem do fato do método ser comumente usado para comparar custos de alternativas. Estas, evidentemente, deverão fornecer benefícios idênticos para que a comparação dos custos sirva de critério de decisão. Caso os benefícios não sejam os mesmos conforme o exemplo apresentado, a aplicação do método exige que se considerem tanto as receitas como os custos. O caso seguinte tornará mais claro o significado do custo anual.

EXEMPLO 2 Uma companhia está considerando a possibilidade de mecanização de parte da produção. O

equipamento exigido teria custo inicial de R$ 30.000,00, vida útil de 5 anos e valor residual de R$ 2.000,00. O custo de manutenção, energia, etc. seria da ordem de R$ 5.000,00 anuais e o equipamento economizaria mão-de-obra no valor de R$ 12.000,00 por ano. O fabricante do equipamento financia a venda em 5 anos, da seguinte forma: R$ 28.000,00 pagos em parcelas iguais, a juros de 10% ao ano; juros de 10% ao ano sobre os R$ 2.000,00 restantes, pagos anualmente; devolução do equipamento após os 5 anos.

É vantajosa a mecanização? Considerações Iniciais:

As alternativas são: 1 - Continuar pagando R$ 12.000,00 por ano de mão-de-obra. 2 - Aceitar o financiamento do equipamento (supõe-se que a companhia não possa efetuar a compra à vista, nem obter outro financiamento melhor).

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Se a segunda alternativa é aceita, R$ 28.000,00 serão pagos em 5 parcelas iguais (correspondentes ao principal e aos juros) e R$ 2.000,00 serão pagos ao final do 5º. Ano com a devolução do equipamento. Os juros correspondentes a esta quantia de R$ 2.000,00 serão pagos anualmente.

Solução Com a mecanização, a companhia incorrerá anualmente nos seguintes custos durante 5 anos:

1 - Manutenção, energia, etc.: R$ 5.000,00 (Custo-Operacional) 2 - Pagamento ao fabricante do equipamento (Custo-Financiamento):

a)

b)

Série Uniforme de Pagamentos Anuais: (R$ 30.000,00 - 2.000,00).a-1510 = 28.000,00 . 0,2638 = R$ 7.386,40

Juros Anuais sobre a quantia a ser paga no final: R$ 2.000,00 . 0,1 = R$ 200,00

Note-se que a série de pagamentos anuais de R$7.386,40 + R$200,00 = R$ 7.586,40 é equivalente, à taxa de 10% ao ano, ao seguinte fluxo de caixa:

R$ 7.586,40 R$ 2.000,00 0 1 2 3 4 5 Fluxo de Caixa do Financiamento R$ 30.000,00

3 - Custo anual total (Financiamento + Operacional): R$ 5.000,00 + R$ 7.386,40 + R$ 200,00 = R$ 12.586,40

Conclui-se que a mecanização apresenta custo anual superior ao uso da mão-de-obra; decide-se, portanto, pela manutenção do processo atual.

No caso geral não se trata de financiamento do tipo exposto no problema

anterior; o que se tem é um deslocamento de recursos da companhia para que se faça o investimento considerado. Haverá, portanto, a perda de oportunidade de outras aplicações, representada pelo desconto dos valores à taxa de atratividade.

A taxa usada no cálculo do custo anual equivalente será então a taxa mínima de atratividade, mesmo que o investimento seja financiado.

EXEMPLO 3

Certa empresa de mineração necessitará de um caminhão por 5 anos. Este tem o custo inicial de R$ 28.800,00 e estima-se seu valor de revenda em R$ 8.400,00, daqui a 4 anos. O custo anual de manutenção, combustível e mão-de-obra é estimado em R$ 13.200,00 no primeiro ano, crescendo cerca de R$ 1.800,00 ao ano em seguida. Por outro lado, o mesmo serviço pode ser obtido mediante o aluguel do caminhão em uma companhia de transportes, que cobrará R$ 25.000,00 anualmente. Sendo de 10% ao ano a taxa mínima de atratividade, deve-se alugar ou comprar o caminhão?

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 18

Solução

a) Fluxo de caixa: R$ 8.400,00

1 2 3 4 R$ 13.200 R$ 18.600,00

R$ 28.800,00 b)

c)

d)

Custo anual de recuperação do capital (custo financeiro): 3 RC = R$ (28.800,00 - 8.400,00). a

-1 + R$ 8.400,00 . 0,1 4 10 RC = R$ 20.400,00 . 0,31547 + R$ 8.400,00 . 0,1 RC = R$ 7.260,00 .....custo anual de recuperação

Custo anual de manutenção, mão-de-obra, etc. (custo operacional): 13.200 . (1.1)-1 + (13.200 + 1.800) . (1.1)-2 + (13.200 + 2. 1800) . (1.1)-3 + (13.200 + 3.1800) . (1.1)-4 = 49.722,83 M = 49.722,83 . a-1410 = 15.686,10....custo anual de manutenção.

Custo anual total (CA) (financeiro + operacional ): CA = R$ 7.260,00 + R$ 15.686,10 = R$ 22.946,10 Conclui-se que é mais vantajoso comprar o caminhão!!!!!!! Observe-se que no caso de fluxos de forma L 0 n P Utilizou-se a expressão (P - L) . a-1

ni + L i para o cálculo do custo anual equivalente. Tudo se passa como se o investidor aplicasse apenas a diferença entre o investimento inicial e o valor residual (valor de revenda). Entretanto, como o valor residual fica “preso” até o ano n, tem-se que reconhecer que isto acarreta a perda anual dos juros, o que explica a parcela Li acrescentada ao custo de recuperação do capital. O método do custo anual, por ser de mais fácil interpretação, pode freqüentemente ser utilizado com ampla vantagem sobre os demais, tanto para comparação de custos quanto de receitas.

3 Uma outra maneira seria distribuir o valor futuro de R$ 8.400,00 através de sni

-1. Assim, +8.400 . sni-1 .

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 19

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Comparar o custo anual equivalente para o serviço “perpétuo” de dois planos alternativos à taxa de 5% ao ano.

Plano I envolve um investimento de R$ 150.000,00, dos quais metade para o terreno e o resto para erguer uma estrutura que requer renovação ao mesmo preço, cada 30 anos. Seu valor residual é nulo. Gastos anuais serão R$ 10.000,00 para os primeiros 10 anos de cada ciclo de 30 anos, e R$ 7.000,00 para os 20 restantes. Plano II requer investimento de R$ 150.000,00, dos quais R$ 100.000,00 para o terreno e o resto para uma estrutura renovável cada 50 anos com valor residual de R$ 30.000,00. Gastos anuais de R$ 4.000,00

2. Uma companhia estuda a instalação de uma turbina para a produção de energia elétrica. Atualmente energia é comprada a cerca de R$ 280.000,00 anuais. A turbina exigiria investimento inicial de R$ 1.400.000,00, consumindo R$ 58.000,00 anualmente de combustível e R$ 21.000,00 de manutenção e mão-de-obra. A vida útil da instalação seria de 10 anos e os impostos e seguro seriam 3% do investimento inicial. Sendo a taxa mínima de atratividade de 12% ao ano, a companhia deverá instalar a turbina? Resp: Não

3. Tenho duas alternativas A e B e considero a taxa mínima de atratividade igual a 20% a.a.. Na alternativa A invisto R$ 500,00 e recebo, durante 10 anos, a anuidade de R$ 150,00. Na alternativa B invisto R$ 200,00 e recebo anualmente R$ 100,00 por igual período. Qual a melhor alternativa? Resp: B

4. Disponho de duas alternativas com as seguintes características:

Alternativa A Alternativa B Investimento 100 200 Duração em anos 4 4 Despesas anuais 30 10

Considerando ser 15% a.a. a taxa mínima de atratividade, pergunta-se qual a melhor alternativa? Resp: A

5.

6.

Uma indústria defronta com as seguintes alternativas perante a execução de um serviço:

ALTERNATIVA I - Contratação de um certo serviço por empresa especializada ao preço anual de R$ 300.000,00, incluindo-se todas as despesas de mão-de-obra, bem como dos encargos sociais e trabalhistas. ALTERNATIVA II - Compra de equipamento por R$ 600.000,00. Tal equipamento tem vida útil de 10 anos e valor residual de R$ 60.000,00. As despesas seriam:

• mão-de-obra e encargos sociais e trabalhistas : R$ 180.000,00 por ano • energia e manutenção do equipamento: R$ 60.000,00 por ano

ALTERNATIVA III - Compra de outro equipamento mais sofisticado por R$ 800.000,00. Tal equipamento tem uma vida útil de 15 anos e valor residual de R$ 80.000,00. As despesas anuais seriam: • mão-de-obra e encargos sociais e trabalhistas: R$ 80.000,00 por ano; • energia e manutenção do equipamento: R$ 40.000,00 por ano. Considerando que a taxa mínima de atratividade da empresa é de 20% a.a., qual será a melhor alternativa? Um empresário comprou um equipamento por R$ 200.000,00 para revendê-lo após a fabricação de produtos solicitados. Existem dois pedidos de compras, mas, devido à pequena capacidade de produção do equipamento, somente um desses dois pedidos poderá ser atendido. Cada produto é vendido por R$

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 20

150,00 sendo o custo de fabricação igual a 30% do preço de venda acrescido dos custos anuais equivalentes oriundos das aquisições e revenda do equipamento.

O primeiro pedido A refere-se a 1.000 produtos anuais a serem fornecidos durante quatro anos, após o que o equipamento poderá ser revendido por R$ 100.000,00. O segundo pedido B refere-se a 1.050 produtos anuais a serem fornecidos no primeiro ano; 1.100 no segundo ano e 1.150 no terceiro, após o que o equipamento poderá ser revendido por R$ 150.000,00. Considerando ser a taxa mínima de atratividade igual a 15% a.a., qual pedido deverá ser aceito para fornecer o maior lucro anual líquido? Resp : B

7.

8.

9.

10.

11.

Uma fábrica dispõe da seguinte alternativa: Comprar uma máquina usada ao preço de R$ 10.000,00 ou uma nova ao preço de R$ 30.000,00. Os custos anuais de mão-de-obra são de R$ 20.000,00 para a máquina usada e R$ 15.000,00 para a máquina nova. Os custos anuais de energia são respectivamente R$ 8.000,00 e R$ 10.000,00. No caso da máquina usada, o valor residual após 5 anos seria nulo, enquanto no da máquina nova seria igual a R$ 5.000,00. Considerando-se ter 20% a.a. a taxa mínima de atratividade , dizer qual a melhor alternativa. Uma fábrica necessita aumentar suas instalações e estuda duas alternativas: ALTERNATIVA I - Construção de um galpão em concreto armado, ao preço de R$ 500.000,00 e uma vida útil de 40 anos. A sua demolição renderá R$ 20.000,00 e o custo anual de manutenção é igual a R$ 5.000,00 ALTERNATIVA II - Construção de um galpão em alvenaria, ao preço de R$ 300.000,00, com vida útil de 20 anos e um valor residual de R$ 15.000,00. O custo anual de manutenção é igual a R$ 10.000,00. Considerando-se ser 20% a.a. a taxa mínima de atratividade, pergunta-se qual a melhor alternativa? Na construção de uma adutora, são examinadas duas alternativas: ALTERNATIVA I - Construção de túnel em pedra com o custo de R$ 1.000.000,00, vida ilimitada e custo anual de conservação igual a R$ 10.000,00 seguido de uma tubulação em concreto com o custo inicial de R$ 500.000,00, com vida útil de 50 anos e custo de conservação igual a R$ 5.000,00 ALTERNATIVA II - Tubulação em aço com custo inicial de R$ 400.000,00, vida útil de 50 anos e custo anual de manutenção de R$ 15.000,00 seguido de um sistema de bombeamento com custo inicial de R$ 650.000,00, vida útil de 20 anos e despesa anual de manutenção de R$ 30.000,00. Considerando-se serem nulos os valores residuais em ambos os casos e a taxa mínima de atratividade igual a 15% a.a., pergunta-se qual a melhor alternativa? Com o nascimento do primeiro neto, em 1º de Agosto de 1994, o avô decidiu depositar imediatamente R$ 1.000,00 numa conta aberta na Caixa Econômica Federal em nome do garoto. A idéia é constituir um fundo para que a criança possa, no futuro, cursar uma boa faculdade. Assim, o avô continua depositando o mesmo valor a cada aniversário do neto, até (inclusive) seus 18 anos. A C. E. F. rende 6% ao ano nominais e pagos trimestralmente. Supomos que a correção monetária cubra exatamente a inflação, de modo que, em vez de raciocinar com quantias monetárias, poderemos manter o padrão real de reais ao valor de Agosto de 1994. Também, o avô deposita sempre o mesmo valor de R$ 1.000,00 à referência de Agosto de 1994, e não a mesma quantia.

a-) Calcule o valor disponível imediatamente após o 18º aniversário b-) Imagine que o garoto beneficiado vai retirar todo o dinheiro em quantias iguais no seu 18º, 19º, 20º, 21º e 22º aniversário, a fim de pagar os cinco anos de escola. Quanto vai ser retirado? A firma Inducapacitoresistor desenvolveu um instrumento automático para monitorar a pressão sangüínea de pacientes num hospital. O setor de vendas avaliou o potencial de mercado e concluiu que poderiam vender cerca de 400 instrumentos no primeiro ano, e, a seguir, aumentar as vendas em 50 instrumentos cada ano até o máximo de seis anos. Após este ano, a competição forçará a elaboração de

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 21

outro projeto inteiramente novo. O setor de produção estudou o projeto do instrumento e as previsões de venda. Chegou-se, então, a dois possíveis métodos de produção, um mais intensivo em mão-de-obra que o outro. O método A requer um investimento inicial de R$ 300.000,00 em ferramentas e cerca de R$ 75.000,00 em mão-de-obra e material no primeiro ano. A mão-de-obra e o material vão aumentar em aproximadamente R$ 5.000,00 cada ano (isto é, R$ 80.000,00 no segundo ano, e assim por diante). No fim do período de seis anos, as ferramentas terão um valor residual de R$ 20.000,00. O método B requer um investimento inicial de R$ 500.000,00. Custos de mão-de-obra e material R$ 60.000,00 para o primeiro ano, com um aumento de R$ 2.500,00 por ano. Ao fim dos seis anos, o valor residual das ferramentas e equipamentos será de aproximadamente R$ 150.000,00. Se o método B for escolhido, o imposto de renda, adicional a se pagar em relação ao método A, será de R$ 5.800,00, aumentando aproximadamente R$ 750,00 cada ano. A firma considera a rentabilidade mínima aceitável de i* = 10% para o capital, após o imposto de renda. Renda bruta (oriunda das vendas) não será afetada pela escolha no método de produção. A-) Calcule o valor atual dos custos dos seis anos de produção pelos métodos A e B. B-) Calcule os correspondentes equivalentes uniformes anuais (E.U.A.).

12. A firma Geringonça & Cia, precisa aumentar sua produção de uma pecinha de precisão. Depois de muita análise, concluiu-se que, tecnicamente, isto poderia ser feito por uma máquina RONCA operada manualmente ou por uma máquina BRONCA operada por meio de fita perfurada. A capacidade de produção de ambas as máquinas é praticamente a mesma. A máquina RONCA custa aproximadamente R$ 150.000,00, uma vida útil de 20 anos e um valor residual de R$ 25.000,00. Os gastos anuais de manutenção e energia serão da ordem de R$ 25.000,00, e para operação pagar-se-ão R$ 40.000,00 em salários e horas extras. Será necessário efetuar reforma de maior porte ao fim do quinto, do décimo e do décimo quinto anos de operação a um custo de R$ 30.000,00 cada vez. A máquina BRONCA é composta de duas unidades: a unidade básica e a controladora por fita. A máquina básica custa R$ 250.000,00, tem uma vida útil de 20 anos e um valor residual estimado em R$ 40.000,00. O custo de energia e manutenção é de R$ 35.000,00, enquanto a operação sai R$ 55.000,00 anuais. A máquina necessitará de reformas no quinto, no décimo e no décimo quinto anos a um custo de R$ 20.000,00 cada vez. A unidade de controle por fita custa aproximadamente R$ 125.000,00, e tem uma vida útil de dez anos, com valor residual de R$ 25.000,00. Os gastos anuais em energia e manutenção são de R$ 27.500,00 Comprando a máquina BRONCA, resultará num aumento de imposto de renda de R$ 1.500,00 anuais, em relação à compra da máquina RONCA.

A taxa de retorno mínima aceitável para a firma, após o imposto de renda, é de i* = 10%. A-)Calcule o E.U.A. da compra de duas máquinas RONCA B-)Qual o E.U.A. da compra de uma máquina BRONCA?

13. Cheias periódicas tem demonstrado que a estrutura de drenagem de uma certa área não é adequada. Para

resolver o problema, três soluções são propostas: SOLUÇÃO A: Deixar um bueiro de 24 “, cuja vida útil é de 20 anos, existente no local e instalar ao lado um outro com as mesmas características. SOLUÇÃO B: Remover o bueiro existente e colocar um outro no local com 36”. SOLUÇÃO C: Remover o bueiro de 24” e colocar no local um bueiro de concreto de adequada seção. O bueiro existente de 24” tem um valor de revenda de R$ 60.000,00. Estimativas das novas instalações estão abaixo relacionadas:

24” 36” Concreto Custos dos Tubos 150.000,00 300.000,00 ------------

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 22

Custo de Instalação 75.000,00 105.000,00 420.000,00 Vida Econômica 20 anos 20 anos 40 anos

A uma taxa de juros de 5% a.a., qual a solução é a mais econômica? Assumir os custos de substituição dos bueiros de 24” e 36” daqui a 20 anos, igual ao de hoje.

14.

15.

Na produção de determinado artigo pode-se usar o equipamento A com exigência de investimento inicial de R$ 100.000,00 ou o equipamento B de R$ 80.000,00. O primeiro requer gastos de manutenção, mão-de-obra, energia, etc., de cerca de R$ 10.000,00 anuais, tendo vida média de 8 anos, sem valor residual. O equipamento B, com despesas de R$ 10.000,00 e vida de 6 anos, apresenta valor residual estimado em R$ 10.000,00 A taxa mínima de atratividade é de 10% ao ano. Qual o equipamento a escolher? Resolver este exercício pelos métodos do Valor Atual e do Custo Anual Uma jazida de minérios exigirá o investimento de R$ 1.500.000,00 em equipamentos. Estes retirarão todo o minério num período de 10 anos em condições normais de trabalho, proporcionando receitas líquidas de R$ 300.000,00 anuais, sem valor residual. Se o trabalho for realizado em dois turnos diários, o minério será retirado em 5 anos, os equipamentos terão sua vida reduzida à metade, e as receitas líquidas anuais serão de R$ 500.000,00; a mão-de-obra mais cara no segundo turno não permite dobrar as receitas líquidas. Considerando-se a taxa mínima de atratividade de 15% ao ano, qual alternativa deverá ser escolhida? Sugestão: Resolva o problema supondo-se o reinvestimento à taxa de atratividade (o que representa um acréscimo nulo em termos de valor atual), após o término da vida da proposta de investimento pelo simples fato de que ela não será repetida. Resolver pelo método do valor atual

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 23

4.4 - MÉTODO DA TAXA DE RETORNO A avaliação da rentabilidade de uma proposta de investimento é feita pela taxa de juros que torna equivalente o investimento inicial ao fluxo de caixa subsequente4. Talvez este seja o método mais fácil de entender, já que a avaliação de rentabilidade por meio de uma taxa é coisa bastante usada (embora nem sempre corretamente)

I LUSTRAÇÃO

Para ilustrar, considere-se o caso visto em 4.2, em que o Sr. B desejava comprar a propriedade do Sr. A. Suponha-se que o Sr. A anunciou a propriedade por R$ 40.857,00. O Sr. B deseja saber qual seria a rentabilidade do investimento, caso decida comprá-la. Isto significa que o investimento de R$ 40.857,00 permitiria a obtenção do seguinte fluxo de caixa, conforme os valores anteriormente apresentados R$ 20.000,00 R$ 1.000,00 1 2 3 4 5 58 59 60 A taxa que faz o valor atual no ano zero, desse fluxo de caixa, igual a R$ 40.857,00 é a de 2% ao mês, pois: R$ 1.000 . a-1

602 + R$ 20.000 . (1 + .02)-60 = R$ 40.857,00. Portanto, a taxa de retorno do investimento seria 2%. Essa taxa torna o investimento inicial equivalente ao fluxo de caixa subsequente. Observe-se que a taxa de retorno é a taxa que anula o valor atual do fluxo de caixa do investimento, ou seja, no caso, o valor atual da série de retiradas à taxa de 2% é +R$ 40.857,00, que somados ao investimento inicial de R$ 40.857,00 é igual a zero. Se a taxa de retorno for superior à taxa mínima de atratividade, o investimento é atrativo.

Cálculo da taxa de retorno

O cálculo da taxa de retorno é feito no caso geral por tentativas e interpolações. Isto porque nem todas as propostas de investimento se constituem de fluxos de caixa semelhantes aos usados para o estabelecimento dos fatores de conversão.

No processo de tentativas, a partir de uma taxa inicial, calcula-se o valor atual do fluxo de caixa. O objetivo é obter uma taxa que torne este valor nulo, e, portanto, vai-se modificando a taxa no sentido de torná-lo próximo de zero. A partir de duas taxas que forneçam valores atuais próximos de zero, porém de sinais opostos, pode-se por interpolação determinar a taxa de retorno aproximada. A primeira taxa usada nos cálculos deve ser evidentemente a mais próxima possível da taxa de retorno. Uma forma de obtê-la é aproximar-se o fluxo de caixa para um dos fluxos que originaram os fatores, determinar o fator correspondente e através de uma das tabelas de juros, ou calculadora financeira do tipo HP 12-C, determinar a taxa . 4 Isto significa dizer que a taxa interna de retorno é aquela que torna nulo o valor presente líquido do projeto. Ou ainda, é aquela que torna o valor dos lucros futuros equivalente aos gastos realizados com o projeto, caracterizando assim, como a taxa de remuneração do capital investido.

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O exemplo que se segue tornará mais claro o cálculo da taxa de retorno.

EXEMPLO 1 A compra de determinada máquina está sendo considerada por uma empresa; tem custo inicial de R$ 150.000,00. Foi estimado que proporcionará um excesso de receitas sobre despesas nos próximos 12 anos, começando com R$ 30.000,00 no primeiro e decrescendo à base de R$ 1.500,00 por ano, devido ao aumento dos custos. O valor de revenda daqui a 12 anos é previsto ser R$ 39.000,00. Qual a taxa de retorno fornecida pelo investimento na máquina?

Solução a-) Fluxo de Caixa R$ 30.000,00 R$ 39.000,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1500 3000 R$ 150.000,00 4500 6000 15000 16.500 b-) Determinação de uma taxa em primeira aproximação.

Olhando-se para o fluxo de caixa, vê-se que é possível aproximá-lo para o seguinte fluxo de caixa: R$ 30.000,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 R$150.000,00 Obtém-se, pois, R$ 150.000,00 = R$ 30.000,00 . a12i ⇒ a12i = 150.000/30.000 = 5 Na HP-12C obtemos i = 17%5 c-) TENTATIVAS Valor atual = - 150.000 + 30.000 a12i - 1.500 GFVA(i,12) + 39.000 (1+i)

-12 Com 17% temos:

5 F FIN 1 CHS PMT 12 n 5 PV i

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VA = -150.000 + 149.651,62 - 27.923,81 + 5.926,99 = -22.345,20 Para introduzir 1.500 GFVA(17,12) na HP-12C, fizemos o seguinte:

f FIN 16.500 g CFj 0 g CF0 17 0 g CFj f NPV 1500 g CFj 3000 g CFj . .

Com 12% temos: VA = -150.000 + 185.831,23 - 6 38.928,41+ 10.010,33 = + 6.913,15 Como os valores obtidos acima têm sinais opostos, pode-se fazer uma interpolação linear, determinando-se a taxa que fornece valor atual nulo, de acordo com o gráfico abaixo:

É dessa forma que introduzimos uma série GRADIENTE na HP - 12C

Na HP 12C, temos: f FIN f 2 150000 CHS g CF0 30000 g CFj 28500 g CFj 27000 g CFj . . . 15000 g CFj 52500 g CFj f IRR Aparecerá no visor 13.03

VA 6.913,15 0 i Taxa 12% 17% - 22.345,20

Assim, i i-

=-0 1 2

6 9 13 1 50 1 7

2 2 3 4 5 2 0,,

,,

ii

--

=0 12

0 170 3094

,,

, ∴ i = 13,18%

EXEMPLO 2

6 Introduzimos na HP-12C da mesma maneira que fizemos com 17%

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 26

Um investidor comprou 100 ações por R$ 3.500,00. Recebeu os primeiros dividendos de R$ 2,00 por ação no final do ano 3, e continuou a receber tal quantia por mais 3 anos (4 ao todo). Após isso passou a receber o dobro por mais 3 anos. Após os 9 anos vendeu as ações por R$ 7.500,00. Qual foi a taxa de retorno da operação?

Solução

7.500

Na HP 12-C temos: f FIN 3 500 CHS g CF0 0 g CFj 0 g CFj 200 g CFj 4 g Nj 400 g CFj 2 g Nj 7 900 g CFj f IRR No visor aparecerá 12,67

400 400 200 1 2 3 4 5 6 7 8 9 35000 -3.500 + [400 a9i - 200 a6i - 200 a2i] + 7.500 (1 + i)-9 = 0 A solução é obtida por tentativas. Tem-se que:

Taxa Valor Atual 12% +176 15% -540

Interpolando, o valor presente nulo será alcançado para i = 12,7%.

EXEMPLO 3

Uma casa está a venda por R$ 20.000,00, sendo que o comprador deve dar R$ 3.500,00 de sinal e o resto numa série de pagamentos ao fim de cada ano, durante 18 anos a juros de 5 ½ % a.a.. Por outro lado, pode comprar a mesma casa por R$ 18.200,00 a vista. Calcule o verdadeiro custo da compra a prazo em termos de uma taxa de juros, sabendo que a-1

185,5 = 0,08892.

Solução O verdadeiro custo é aquele que torna o valor presente da compra à prazo igual o valor à vista, isto é: 18.200 = 3.500 + [16.500 a-1

185,5 ] a18i 14.700 = [1.467,18] a18i Daí: a18i = 10,020 Através de tabelas7, sabe-se que: a187 = 10,059 e a188 = 9,372 Interpolando: i = 7,1% a.a. O verdadeiro custo é, portanto, i = 7,1% a.a. INVESTIMENTOS INCREMENTAIS

7 Na HP-12C fazemos f FIN 1 CHS PMT 18 n 10.02 PV i.

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Pelo que foi visto, pode-se definir a TAXA DE RETORNO como sendo a taxa de juros que anula o valor presente de um fluxo de caixa. Sempre que a taxa de retorno de um investimento for superior a sua taxa de atratividade ele poderá ser aceito. Quando se comparam dois projetos de investimento, nem sempre o que tem maior taxa de retorno é aquele que deve ser escolhido. Um exemplo servirá para explicar isto melhor.

EXEMPLO 4 Sejam os projetos A e B representados pelos fluxos a seguir. R$ 400,00 R$ 700,00 0 0 R$ 100,00 R$ 200,00 PROJETO A PROJETO B Uma certa firma, cuja taxa de atratividade é de 100% e cujo orçamento para projetos é de R$ 200,00 deve escolher entre os dois projetos A e B, sendo que não é possível repetir o projeto A .

Solução

É fácil de ver que as taxas de retorno dos dois projetos são de 300% para A e 250% para B. Como ambas são superiores a 100% (taxa de atratividade), eles satisfazem.

f fin 100 CHS g CF0 400 g CFj f IRR

f fin 200 CHS g CF0 700 g CFj f IRR

Resta escolher entre eles. Se a firma optasse por A, sobrariam outros R$ 100,00 no seu orçamento. Partindo da hipótese de que esta quantia seria aplicada à taxa de atratividade, no final do ano 1, além dos R$ 400,00 gerados pelo investimento em A, mais R$ 200,00 adviriam à empresa pela simples aplicação à taxa de atratividade. No total, R$ 600,00 seriam obtidos. É óbvio que sob estas premissas mais valeria investir todos os R$ 200,00 no projeto B.

Assim, pode-se concluir que a comparação direta entre dois projetos pelo método de taxa de retorno só é válida se eles tiverem o mesmo investimento inicial. Nesse caso, o de maior taxa de retorno é o melhor.

Sempre que as quantias a serem investidas diferirem, cumpre fazer uma hipótese quanto à aplicação da soma não investida no projeto mais barato. Uma das hipóteses mais coerentes com a filosofia da taxa de atratividade é de que tal aplicação será a esta taxa.

O quê fazer com INVESTIMENTOS DIFERENTES ??

Partindo dessas idéias, pode-se deduzir que o importante na análise entre projetos é medir suas diferenças. No exemplo dado, esta análise seria do seguinte tipo:

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 28

Montante (B - A) Investimento (B - A) R$ 300,00 0 1 Fluxo das diferenças entre os projetos A e B R$ 100,00 Em outras palavras, o que se quer saber é se compensa aplicar mais R$ 100,00 em B do que em A, para obter mais R$ 300,00. A taxa de retorno incremental de B sobre A é de 200%, ou seja, superior à taxa de atratividade. A aplicação dos R$ 100,00 adicionais seria pois mais do justificada. Note-se que a utilização de um método que analise as diferenças é bastante sutil. O processo decompõe o projeto B em duas partes: PROJETO B PROJETO A PROJETO ( B - A) R$ 700,00 R$ 400,00 R$ 300,00 = + R$ 200,00 R$ 100,00 R$ 100,00 O ponto crucial é que a taxa de retorno do investimento adicional tem que ser maior que a taxa de atratividade ( no exemplo isto aparece 200%). Caso o projeto B gerasse apenas R$ 550,00, em vez de R$ 700,00 no final do ano 1, não compensaria investir mais R$ 100,00 para obter R$ 150,00 a mais. A firma deveria optar pelo investimento em A e aplicar o restante à taxa de atratividade No caso de alternativas de investimento mutuamente exclusivas deve-se examinar a taxa de retorno obtida no acréscimo de investimento de uma em relação à outra. Sempre que essa taxa for superior à taxa mínima de atratividade, o acréscimo é vantajoso. Isto faz com que a proposta escolhida não seja necessariamente a de maior taxa de retorno.

EXEMPLO 5 Considere-se um empresário que possui a taxa mínima de atratividade de 8% ao ano. Surge em sua empresa a oportunidade de uma redução de custos no processo de fabricação; um investimento de R$ 10.060,00 trará uma redução de custos de R$ 3.000,00 durante 5 anos, sem valor residual. Um investimento de R$ 20.000,00 trará redução de R$ 5.550,00 nas mesmas condições. Sendo os dois investimentos mutuamente exclusivos, qual deverá ser feito?

Solução 3.000 5.550 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Proposta A Proposta B 10.060 20.000

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 29

Uma consulta às tabelas8, indicará que o fator a5i = 3.35 que iguala R$ 3.000,00 anuais durante 5 anos à quantia de R$ 10.060,00 hoje é com i = 15%; portanto, a taxa de retorno da primeira proposta A é de 15% ao ano. Raciocínio idêntico mostra que a taxa de retorno da outra proposta é 12% ao ano. Ambas são superiores à taxa mínima de atratividade de 8% ao ano. O acréscimo de investimento da segunda proposta em relação à primeira, proporcionará o acréscimo de rendimento de R$ 5.550,00 - R$ 3.000,00 = R$ 2.550,00 ao ano. O fluxo de caixa incremental correspondente seria: 2.550,00 ∆ (B - A) 9.940,00 Assim: 2.250 a5i = 9.940,00 ou a5i = 3,9 Conclui-se, com uso de tabelas, tentativas ou HP 12-C, que a taxa correspondente é, aproximadamente, 9% ao ano,superior a taxa mínima de atratividade de 8% a. a., sendo portanto, a proposta B a mais vantajosa e deve ser escolhida. CONSIDERAÇÕES : Se a alternativa A for escolhida, o empresário investirá R$ 10.060,00, rendendo 15% ao ano; o restante dos R$ 20.000,00 será empregado à taxa mínima de atratividade, rendendo 8% ao ano. Considere-se agora a alternativa B, que exige investimento de R$ 20.000,00. Ela pode ser dividida em duas parcelas conforme os fluxos de caixa que seguem: R$ 3.000,00 2.550,00 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 10.060,00 9.940,00 É fácil ver que esses fluxos de caixa somados reproduzem o fluxo de caixa da proposta B. A primeira parcela, idêntica à proposta A, corresponde à taxa de retorno de 15% ao ano. A segunda, correspondente ao investimento incremental ∆ (B-A), fornecerá, como foi visto, a taxa de 9% ao ano. Portanto, se a proposta B for a escolhida, a parcela adicional de R$ 9.940,00 será empregada a uma taxa maior que a mínima de atratividade, mostrando ser, esta proposta, superior.

A análise feita no exercício anterior deve ser obrigatória sempre que houverem alternativas múltiplas. Podem-se colocar as várias alternativas em ordem crescente de investimento exigido e calcular sucessivamente a taxa de retorno do incremento de investimento de cada proposta, em relação à anterior, eliminando-se as propostas cujo investimento incremental proporcionar taxa de retorno inferior à mínima de atratividade.

EXEMPLO 6 8 Ou na HP-12C, fazemos f FIN 10060 CHS PV 3000 PMT 5 n i

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Suponha-se que além das propostas do exemplo anterior, existam mais duas, uma com investimento de R$ 25.000,00, que trará redução nos custos de R$ 6.800,00 por ano, e outra de R$ 30.000,00 com redução de R$ 8.500,00 anuais nos custos. Analise as múltiplas alternativas.

Solução 6.800 8.500 25.000 30.000 PROPOSTA C PROPOSTA D O incremento de investimento da proposta A em relação à B já foi estudado. Viu-se que B é vantajoso. A terceira proposta C apresenta em relação à segunda um aumento de investimento ∆ (C - B) de R$ 5.000,00 e uma economia extra de 6.800.00 - 5.550,00 = R$ 1.250,00 anuais, conforme o fluxo de caixa seguinte: 1.250,00 ∆(B - C) 5.000,00 Isto corresponde a uma taxa de retorno de cerca de 7% ao ano, inferior à taxa mínima de atratividade do empresário, de 8% ao ano. Não é atrativa, portanto, a proposta C, sendo então eliminada. Compara-se agora a quarta proposta D com a segunda B e não mais com a terceira, que já foi eliminada. O fluxo de caixa do investimento incremental é: 2.950,00 ∆ (D - B) 10.000,00 Este acréscimo de investimento proporciona uma taxa de retorno superior a 14% ao ano. Conclui-se que o melhor investimento é o de R$ 30.000,00, sendo a sua taxa de retorno de cerca de 12% ao ano. Na forma de tabela ter-se-ia:

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 31

Proposta A B C D Investimento inicial

R$ 10.000,00 R$ 20.000,00 R$ 25.000,00 R$ 30.000,00

Redução anual dos custos

R$ 3.000,00 R$ 5.550,00 R$ 6.800,00 R$ 8.500,00

Taxa de retorno

13% 12% 12% 13%

Investimento Incremental

R$ 9.940,00 R$ 5.000,00 R$ 10.000,00

Taxa de retorno do investimento incremental

9% 7% 14%

Note-se que o investimento incremental da quarta proposta é tomado em relação à segunda, já que a terceira, não tendo sido aceita, é eliminada por completo da análise. O método da taxa de retorno pode ser usado para comparar alternativas “do mesmo nível de investimento” e com durações diferentes pelo confronto puro e simples das taxas de retorno das alternativas. Automaticamente se está supondo reinvestimento à mesma taxa após o término da vida da proposta de menor duração. Nos demais casos deve-se efetuar uma análise incremental e utilizar o mínimo múltiplo comum das vidas. “ Quando se atravessa um rio com uma jangada, ao se chegar à outra margem, abandona-se a jangada e segue-se viagem à pé. Ninguém irá carregando a jangada às costas só porque ela foi útil para atravessar o rio. “ PARÁBOLA BUDISTA

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 32

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. A financeira Fá Tura tem a possibilidade de financiar as vendas de uma agência de viagens. Basicamente, são oferecidos dois planos, que do ponto de vista da financeira aparecem como:

Plano A Empréstimo Total Prestações Mensais Número de meses

A 2.638,59 176,00 18 B 5.330,25 238,00 30

A diretoria da Fá Tura trabalha com uma taxa de atratividade de 25% ao ano. Considerando que não se

apresentam à firma nenhuma outra alternativa ou oportunidade diferente, deve ser aceito o projeto de financiamento?

2. A firma Titanicarseniomercuriotoxica do Brasil, subsidiária da Overseaspollution Inc., está estudando a

possibilidade de um empreendimento na Bahia. As parcelas a serem investidas terão que provir 50% da firma, e os outros 50% serão financiados a juros de 8% ao ano pelo BNDE, pagáveis em 10 anos e com carências de início de pagamento de 4 anos para cada uma das parcelas emprestadas na fase dos anos iniciais de investimento. O fluxo anual de dinheiro total segue a tabela abaixo:

Ano Investimento Total Operação e Manutenção Receita Bruta

0 1.000 1 500 2 3.000 3 200 50 150 4 100 500 5 100 500 6 100 500 7 200 1.000 8 200 1.000 9 200 1.000

10 200 1.000 11 200 1.000 12 200 1.000 13 200 1.000 14 200 1.000 15 200 1.000 16 200 1.000 17 200 1.000 18 200 1.000 19 200 1.000 20 200 1.000

Calcular: a - ) A taxa de retorno intrínseca do projeto em si b -) A taxa de retorno intrínseca do ponto de vista da firma investidora. 3. A firma de processamento de dados DAPRO-CAT & Associados costuma pagar R$ 350.000,00 de

aluguel mensal por seus equipamentos além de R$ 180.000,00 de manutenção. A companhia fabricante de computadores oferece à DAPRO-CAT & Associados a opção de compra do equipamento por meio de um pagamento inicial de R$ 2.000.000,00 e 48 prestações mensais idênticas de R$ 280.000,00. No caso de opção da compra, a manutenção ficaria em R$ 130.000,00 mensais. A firma DAPRO-CAT & Associados considera seu custo de oportunidade do capital como sendo de 15% anuais. Por outro lado, seu presidente pretende assumir uma atitude conservadora, e imaginar que, após quatro anos, o valor residual do equipamento seja nulo.

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 33

Proceda à análise da opção de compra e veja se ela é conveniente. Para que valor do custo de oportunidade do capital a decisão proveniente do cálculo anterior mudaria? Discuta o problema da inovação de equipamentos no campo dos computadores. Repita o estudo caso a opção de compra não seja mais por meio de pagamentos uniformes. O pagamento, agora, tem variação linear, tal que o primeiro seja de R$ 410.000,00 e o último ( o quadragésimo oitavo) seja de R$ 150.000,00.

4. Para uma determinada tarefa, posso comprar um equipamento (e só preciso de um) que custará R$ 1.000,00, renderá R$ 60,00 por mês durante 20 meses e depois terá de ser jogado fora. É possível comprar um outro, mais reforçado, por R$ 1.150,00, que durará 25 meses antes de ser jogado fora, e que renderá os mesmos R$ 60,00 por mês. Será que vale a pena comprar algum destes equipamentos (neste caso, qual?) ou é melhor investir na Caixa Econômica que dá 6% ao ano?

5. Uma firma industrial, desejando expandir sua capacidade produtiva, elaborou um projeto de viabilidade,

cujas consequências econômicas prospectivas estão discriminadas na tabela abaixo. Sendo a taxa mínima de atratividade para a empresa igual a 10% a.a., que recomendação deverá ser efetuada a respeito de sua expansão?

Período Investimento Necessário

Receitas Custos Valor Residual

Fluxo de Caixa do Projeto

0 -12.000,00 -12.000,00 1 -5.000,00 +14.800,00 -14.650,00 -4.850,00 2 -4.000,00 +29.550,00 -27.550,00 -2.000,00 3 +32.225,00 -29.175,00 +3.050,00 4 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 5 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 6 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 7 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 8 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 9 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 10 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 11 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 12 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 13 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 14 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 15 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 16 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 17 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 18 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 19 +33.600,00 -29.290,00 +3.680,00 20 +33.600,00 -29.290,00 +6.965,00 +10.645,00

6. Numa análise realizada em determinada empresa, foram detectados custos operacionais excessivamente

elevados numa linha de produção, em decorrência da utilização de equipamentos velhos e obsoletos. Os engenheiros responsáveis pelo problema propuseram à gerência duas soluções alternativas. A primeira, consistindo numa reforma geral da linha, exigindo investimentos estimados em R$ 10.000,00, cujo resultado será a redução anual de custos igual a R$ 2.000,00, durante 10 anos, após os quais os equipamentos seriam sucatados sem nenhum valor residual. A segunda proposição foi a aquisição de nova linha de produção no valor de R$ 30.000,00 para substituir os equipamentos existentes. Esta alternativa deverá proporcionar ganhos de R$ 4.700,00 por ano, apresentando ainda um valor residual de R$ 10.705,00 após 10 anos.

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Sendo a taxa mínima de atratividade para a empresa igual a 8% ao ano, qual das alternativas deve ser a preferida pela gerência? Resolver pelos métodos do valor presente líquido e taxa interna de retorno e discutir a discrepância.

7.Escolha entre os projetos X e V usando o método da taxa de retorno. A taxa de atratividade é de 10% a.a

X Y Investimento R$ 250.000,00 R$ 350.000,00 Receita Anual R$ 50.000,00 R$ 70.000,00 Custo Anual R$ 20.000,00 R$ 30.000,00 Valor Residual R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 Vida média útil 25 anos 25 anos

8. Uma firma alugou um terreno por 30 anos para fazer um motel. Após o período, todas as construções

feitas reverteriam aos proprietários da terra. A taxa de atratividade é de 15% a.a.. Foram preparados 5 planos. Qual o melhor? Usar o método da taxa de retorno. Os seguintes dados, em R$ 1.000,00 definem os planos:

Plano Investimento Excesso anual de receitas sobre despesas

A - 20 unidades sem restaurantes 90 11,5 B - 20 unidades restaurante pequeno 99 15,5 C - 30 unidades restaurante pequeno 140 20 D - 40 unidades restaurante pequeno 180 28 E - 60 unidades restaurante grande 270 37

9. Um investidor está considerando a compra de uma fazenda. Esta custa R$ 200.000,00, proporcionando

uma receita líquida de R$ 28.000,00 no primeiro ano. Um decréscimo esperado no preço do produto agrícola fará com que as receitas líquidas diminuam cerca de R$ 300,00 por ano. Se comprar esta propriedade ele espera mantê-la por 10 anos, vendendo-a então por um preço esperado de R$ 140.000,00. Por outro lado, esse investidor possui atualmente uma propriedade no valor de R$ 150.000,00 que deveria ser vendida para a compra da fazenda. Esta propriedade fornece-lhe a renda de 21.000,00 anuais, que deverá manter-se nos próximos 10 anos. Ele espera vendê-la daqui a 10 anos, caso não o faça agora, por 110.000,00. Sendo sua taxa mínima de atratividade de 8% ao ano, antes do imposto de renda, deve comprar a fazenda? Resp: SIM, a taxa de retorno sobre o investimento incremental é aproximadamente 8,94%

10. Numa fábrica de bens de consumo de alta produção está sendo proposta uma alteração no método de

embalagem de produtos. Duas alternativas encontram-se em consideração, sendo que em ambas será exigida a realização de investimentos na compra de sistemas de transporte e manuseio automatizados. A primeira alternativa exige um investimento inicial de R$ 6.000,00 e são esperadas reduções de custo da ordem de R$ 1.000,00/ano A segunda alternativa proporcionará a eliminação de um maior número de operações manuais e deverá custar originalmente R$ 7.000,00, apresentando reduções de custo de R$ 1.200,00/ano. A vida estimada para ambas as alternativas é de 8 anos ao final dos quais não haverá valor residual. O retorno mínimo aceitável pela gerência é de 9% ao ano. Qual deverá ser a conclusão final do analista encarregado deste estudo? Sugestão: Analisar os projetos individualmente e fazer a análise incremental

11. A gerência de marketing de uma firma industrial está analisando quatro possibilidades para a localização de uma central de distribuição para seus produtos. Cada alternativa exige diferentes investimentos devido ao preço do terreno, custo de construção e

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tamanho do depósito necessário. Também são diferentes os valores residuais e reduçòes anuais nos custos de distribuiçào. Admitindo-se o período de utilização igual a 10 anos, foram efetuadas as seguintes alternativas:

Localização Investimento Necessário

Redução Anual nos Custos de Distribuição

Valor Residual do Projeto

A 28.000,00 4.600,00 24.000,00 B 34.000,00 5.600,00 28.000,00 C 38.000,00 6.200,00 31.000,00 D 44.000,00 7.200,00 35.000,00

Sendo a taxa mínima de atratividade para a empresa de 15% ao ano, determinar qual a localização mais adequada Analisar o exercício também pelos métodos do valor presente líquido e custo anual e discutir a razão da discrepância

“ - Em nossa terra - explicou Alice - , geralmente se chega noutro lugar, quando se corre muito depressa e durante muito tempo, como fizemos agora. - Que terra mais vagarosa!! - comentou a Rainha. - Pois bem, aqui, tem de se correr o mais depressa que se puder, quando se quer ficar no mesmo lugar. Se você quiser ir a um lugar diferente, tem de correr pelo menos duas vezes mais rápido do que agora” TRECHOS DE LEWIS CARROL ( Através do espelho e o que Alice encontrou lá)

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4.5 - TAXAS MÚLTIPLAS Outro problema mais sério que pode surgir é o de fluxos de caixa onde quantias positivas e negativas se alternam ao longo dos períodos. Neste caso, haverá tantas taxas que anulem o valor atual do fluxo, quantas forem as vezes que as quantias do fluxo sofrerem mudança de sinal.(Teorema de Descartes) O exemplo a seguir ilustrará este ponto.

EXEMPLO 1 Um arquiteto considera duas hipóteses para a construção de uma casa; a primeira é construí-la em dois anos, gastando R$ 10.000,00 por ano e a segunda é construí-la em um ano, com custo adicional neste ano de R$ 30.000,00 e mais um investimento em equipamento no início do ano de R$ 10.000,00. No primeiro caso ele venderia a casa recebendo R$ 110.000,00 no final do primeiro ano e R$ 110.000,00 na entrega da mesma. No caso da construção em um ano ele receberia R$ 210.000,00 na entrega da casa. Qual das alternativas deveria escolher?

Solução a-) FLUXOS DE CAIXA 110.000 110.000 0 1 2 10.000 10.000 210.000 0 1 2 10.000 10.000 30.000 70.000 0 1 2 10.000 Fluxo da Diferença 100.000 b-) Cálculo da taxa de retorno sobre o investimento incremental9: VA = -10.000 + 70.000 (1 + i )-1 - 100.000 (1 + i)-2 = 0 Fazendo: (1 + i )-1 = x e (1 + i)-2 = x2 , temos 9 Na HP-12C, digitamos 10000 CHS g CF0 70000 g CFj 100000 CHS g CFj aparece no visor ERROR 3

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 37

VA = -10.000 + 70.000 x - 100.000 x2 cujas raízes são: x1 = 1/5 ⇒ i = 4 ou i = 400% x2 = 1/2 ⇒ i = 1 ou i = 100% Há, pois duas taxas de retorno que anulam o valor atual do fluxo de caixa. Graficamente, tem-se:

A menos que se saiba exatamente o que está ocorrendo e se façam as interpretações necessárias, não se tem base para julgamento. Em primeiro lugar, as altas taxas obtidas indicam que os R$ 70.000,00 líquidos obtidos ao final do primeiro ano só compensarão o investimento inicial de R$ 10.000,00 e os R$ 100.000,00 negativos (perda de receita) ao final do segundo ano, se puderem ser aplicados a taxas maiores que 100%. Como se vê no gráfico, o valor atual do fluxo é positivo para taxas no intervalo entre 100% e 400%. Por outro lado, se as taxas disponíveis forem maiores que 400%, a parte positiva do fluxo não mais compensará o investimento inicial de R$ 10.000,00 que aplicado a taxas tão grandes, renderia mais.

0 0.5 12 104

1 104

0

1 104Taxa de Retorno

i (forma unitária)

V.A

. em

R$

2250

-18000

y( )x

0.80 x

EXEMPLO 2

Uma empresa que, por razões estratégicas, tenha decidido instalar um depósito de produtos acabados num centro geoeconômico de determinada região. A empresa contratou o aluguel de um galpão por 15 anos, pagando anualmnete R$ 120.000,00 e se comprometendo, adicionalmente,a realizar uma reforma estimada em R$ 300.000,00 após 5 anos. As reduçòes anuais no custo de distribuição foram preevistas em R$ 144.000,00. Qual a taxa de retorno do investimento?

Solução O diagrama de fluxo de caixa desta operação apresenta duas inversões de sinal na sequência +, -, +. 24.000 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 300.000

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Por tentativas, temos que os valores presentes do fluxo de caixa para taxas de juros, variando no intervalo de 0% a 40% é:

Isto mostra claramente a existência de duas taxas, 8,4% e 33,6% respectivamente, para as quais o valor presente líquido do projeto é nulo. Caso as reduçòes no custo de distribuição fossem estimadas em R$ 150.000,00 a curva acima se elevaria, resultando que nenhuma taxa de desconto utilizada anularia o valor presente líquido, como ilustrado na tabela e gráfico abaixos: i PV 0 +150.000 5 +76.332 10 +41.906 15 +26.268 20 +19.701 25 +17.474 30 +17.247 35 +17.860 40 +18.738

i PV 0 +60.000 5 +14.054 10 -3.730 15 -8.816 20 -8352 25 -5.682 30 -2.362 35 907 40 3.834

PV 8,4 33,6 i (%)

PV i (%)

Soluções deste tipo não apresentam significado econômico algum. Problemas desta natureza devem ser resolvidos a partir de uma hipótese formulada sobre a origem dos recursos a serem utilizados para fazer face ao investimento futuro. Este capital poderá ser obtido: • Pelo reinvestimento, em geral sob forma de uma reserva, dos lucros que antecedem ao

desembolso prospectivo. • Pela realização de um empréstimo a ser pago com os resultados futuros. • Através da captação de recursos próprios, cujo capital será recuperado em períodos

futuros. • Por uma composiçào mista de recursos obtidos através das formas citadas Considerando-se sob um ângulo realista, o que provavelmente será feito em cada caso específico, surgirão bases para a escolha da hipótese que deverá ser adotada. Qualquer que seja ela, o diagrama de fluxos de caixa original poderá ser transformado em outro equivalente que apresente uma única inversão de sinal.

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Qualquer que seja o método de avaliação empregado,a análise de métodos do projeto deverá ser efetuada a partir de seu DIAGRAMA TRANSFORMADO, uma vez que este refletirá, na sua forma final, as variações de caixa associadas aos empreendimentos.

EXEMPLO 3

Uma empresa está considerando a viabilidade de explorar uma jazida mineral a céu aberto, cuja vida útil prevista é de 10 anos, durante os quais estima-se que serão auferidos lucros de R$ 90.000,00/ano. O investimento inicial necessário é de R$ 500.000,00 e, após a exaustão, será exigido um desembolso líquido adicional de R$ 300.000,00 destinado a restaurar o terreno circunvizinho, por razões de segurança. Este desembolso adicional deverá ser constituído de uma reserva, já que ocorrerá ao final dos dez anos de exploração da jazida, época em que não mais existirá capacidade de geração de recursos pelo projeto. Esta reserva poderá ser aplicada a taxa de 15% ao ano. Sendo a taxa mínima de atratividade da empresa igual a 12% ao ano, verificar se o projeto é vantajoso

Solução O diagrama de fluxo de caixa para o projeto é conforme a figura a seguir: R$ 90.000,00 R$ 300.000,00 R$ 500.000,00 Admitindo que a reserva seja formada por uma cota anual que poderá ser investida a uma taxa de 15% ao ano, deverá ser retirada do lucro anual uma quantia tal que, capitalizada a 15% ao ano, produza, após dez anos, R$ 300.000,00. Este valor será então:

300.0 a = 300.000 . 0,0493 = R$ 14.790,00 10 15O diagrama de fluxo de caixa do PROJETO TRANSFORMADO será: 75.210 = 90.000 - 14.790 500.000 Arbitrando-se taxas de desconto para este novo diagrama de fluxos de caixa, tem-se: Para i = 8% .................. P = R$ 4.667,00 Para i = 9% .................. P = - R$ 17.325,00 Interpolando:

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R$ 4.667 i -i-=

89

4 66717 325

..

i 7.325.i- 138.600 = 43.003 - 4.667.i

i =18 0 6 032 1 992

..

-17.325 i = 8,2% a.a. Logo a taxa de retorno do projeto de mineração é inferior à taxa mínima de atratividade da empresa, não sendo então compensadora a realização deste investimento. Caso fosse utilizado o método do valor presente líquido ou do custo anual (E.U.A) a conclusão seria idêntica. Claramente a determinação destes valores deve considerar o diagrama de fluxos de caixa transformado, que representa as consequências econômicas reais do projeto. Assim, o valor presente líquido é: PV = - R$ 500.000 + R$ 75.210 a 10,12PV = - R$ 500.000 + 75.210 x 5,6502 PV = - R$ 75.048,00 O Custo anual líquido será: EUA = 75.210 - 500.000 a10,12

-1 = 75.210 - .000 x 0,1770 = - 13.290

500i i-

=-8

4 6 6 79

1 7 3 2 5. .

EXEMPLO 4

Um projeto para produção de alumínio está sendo considerado para implantação. As estimativas realizadas são:

A região onde está instalada a fábrica oferece energia elétrica industrial na tensão de 69 kV. Contudo, encontra-se em instalação uma nova rede na tensão de 138 kV, que substituirá a existente, cerca de cinco anos após o início de operação da nova planta industrial. .

DISCRIMINAÇÃO R$ 1.000 Investimento Inicial 60.000 Valor Residual 10.000 Lucros Anuais 12.000 Vida Estimada 20 anos

Tendo-se em vista que naquela época será necessário substituir a subestação rebaixadora de tensão do projeto original, foi estabelecido que a concessionária de energia abrirá um crédito para financiar os novos equipamentos, por um prazo de cinco anos, cobrando juros de 4% ao ano. A nova subestação custará R$ 10.000.000,00; entretanto, sua instalação proporcionará uma redução anual nos custos de R$ 1.500.000,00 devido à energia distribuída em 138 kV ser mais barata que na tensão de 69 kV. Sendo a taxa mínima de atratividade igual a 8% ao ano, verificar a taxa de retorno do projeto e definir se o mesmo é interressante.

Solução A instalação da nova subestação proporcionará uma redução anual de custos no valor de R$ 1.500.000,00, resultando portanto num aumento de lucros neste mesmo valor. Assim, o diagrama de fluxos de caixa do projeto será:

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13.500 12.000 10.000 10.000 60.000 O financiamento concedido para aquisição da nova subestação será pago durante os anos 6 a 10 numa prestação anual calculada em: EUA = R$ 10.000 a-154 = 10.000 x 0,2246 = R$ 2.246 O diagrama de fluxos de caixa transformado será então: 13.500 12.000 11.254 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 60.000 Arbitrando taxas de desconto, tem-se: Para i = 19% ............ P = + R$ 1.705 Para i = 20% ............ P = - R$ 1.185 Interpolando-se tem-se: i = 19,6% a.a. A taxa interna de retorno do projeto é bem superior á taxa mínima de atratividade do grupo empreendedor, assim, mesmo com a troca da subestação no quinto ano, o projeto é interessante.

EXEMPLO 5 Considerando as potencialidaades de um mercado altamente promisssor, deterrminada firma está pretendendo construir uma planta industrial para a qual financiamentos não são disponíveis devido ao tipo do produto a ser lançado. A empresa estima os seguintes fluxos de caixa para o empreendimento: DISCRIMINAÇÃO ANO VALOR

R$ 1.000 Investimento Inicial 0 -25.000 Lucros Anuais 1 a 3 7.000 Investimento Expansão 3 -18.000 Lucros Anuais 4 a 10 15.000 Valor Residual 10 3.000

Devido à política da empresa, apenas 50% do valor do lucro auferido anualmente durante os primeiros três anos serão retidos e reaplicados a 10% ao ano, visando financiar a expansão. O restante dos recursos necessários à implementação deste investimento serão captados através da emissão de ações, devendo este capital custar 8% ao ano.

Determinar a taxa de retorno do empreendimento.

Solução

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O diagrama de fluxos de caixa do projeto é: 15.000 7.000 3.000 18.000 25.000 Para financiar a expansão serão retidos R$ 3.500,00/ano dos lucros correspondentes aos três primeiros anos, que investidos a 10% ao ano produzirão: M = R$ 3.500 s310 = 3.500 x 3,3100 = R$ 11.585 Os restantes R$ 6.415,00 necessários para completar o investimento exigido de R$ 18.000,00 serão obtidos através da emissão de ações, devendo este investimento ser recuperado nos anos futuros. Considerando-se ser o custo deste capital de 8% ao ano, ao final do quarto ano este equivalerá a um montante de:

M = R$ 6.415 (1 + 0.08)1 = R$ 6.415 x 1,0800 = R$ 6.928,00 Observando-se que no quarto ano o lucro será de R$ 15.000,00, este valor será integralmente recuperado naquele período, ficando o lucro reduzido para: LUCRO DO ANO 4 = R$ 15.000 - R$ 6.928 = R$ 8.072,00 O diagrama de fluxos de caixa transformado será então 15.000 8.072 3.500 3.000 25.000 Arbitarnado-se taxas de desconto, tem-se: Para i = 28% ........ PV = + R$ 219,00 Para i = 29% ........ PV = - R$ 779,00 Interpolando-se, temos: i = 28,2% a.a. Admitindo-se, então, que parte dos recursos serão obtidos pelo reinvestimento de lucros retidos a 10% ao ano, e que os recursos

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complementares serão obtidos através da emissão de ações a uma custo de 8% ao ano, cuja parcela de investimento erá recuperrada no quarto ano, a taxa interna de retorno do projeto é estimada em 28,2% ao ano. No caso geral, chamando

x = 1

1+ i, tem-se que (1 + i)-n = xn

Para se determinar a taxa de retorno, calculam-se as raízes da equação:

0 = C0 + C1 x + C2 x2 + ........ + Cn xn

onde Cn é o valor do fluxo de caixa no ano n. O polinômio acima tem no máximo n raízes. As negativas e imaginárias não têm significação física; as positivas correspondem às taxas procuradas e, de acordo com o teorema de Euler, o polinômio terá tantas raízes positivas “diferentes” quantas vezes os coeficientes Cn mudarem de sinal. Pode ocorrer, portanto, que se fique com valores múltiplos para as taxas. O que se precisa fazer é tentar dar um significado prático a uma das raízes obtidas. Em geral “nenhuma delas representa algo”, e para solucionar o problema deve-se procurar mudar sua conceituação, ou então analisar o que uma firma faria caso deparasse com um fluxo dessa natureza. Elza SOLOMON apresenta um problema que merece ser repetido aqui:

EXEMPLO 6 Uma firma possui um certo equipamento A que lhe deve render R$ 10.000,00 por ano, durante dois anos. Seu valor de revenda é nulo. A alternativa é trocá-lo por outro novo (B) cujo custo é R$ 1.600,00, e que renderá R$ 20.000,00 no final do primeiro ano e nada no segundo ano. Após o primeiro ano o valor de revenda deste equipamento também será nulo. Discuta o exercício considerando as taxas de reinvestimento no 1º ano de 10% a.a. e no 2º ano de 23% a.a..

Solução FLUXO DE CAIXA DO EQUIPAMENTO

10.000 10.000 A 20.000 B 1.600

Ano Diferença de Fluxos A B B - A 0 0 - R$ 1.600,00 - R$ 1.600,00 1 R$ 10.000,00 + R$ 20.000,00 + R$ 10.000,00 2 R$ 10.000,00 ------------------ - R$ 10.000,00

As taxas de retorno que anulam o valor presente da diferença dos fluxos são dadas por:

- 1.600,00 = R$ 10.000,00 (1 + i) - 10.000,00 (1 + i)2 Assim, i1 = 25% e i2 = 40% Como o preço do equipamento novo fosse nulo (grátis), o valor presente do fluxo de fundos se anularia para i = 0%. À medida que o custo do equipamento fosse aumentando, ambas as taxas que anulariam o

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fluxo iriam sendo maiores. Isto evidentemente e um contra-senso, pois chegar-se-ia à conclusão de que quanto maior o preço de B, melhor seria o investimento. Para resolver o problema basta inverter o raciocínio. O que se quer realmente saber é: Quanto vale para o investidor antecipar a receita de R$ 10.000,00 do ano dois para o ano um? A partir dessa premissa Solomon confunde os conceitos de taxa de reinvestimento e custo de capital,de modo que sua solução não será aqui reproduzida. Preferimos utilizar o processo do valor futuro. Antecipar a receita de R$ 10.000,00 do ano dois para o ano um significa acabar com R$ 2.300,00 a mais no ano dois. Por outro lado, ela gastaria R$ 1.600,00 adicionais no ano zero para comprar o equipamento B. Caso aplicasse este capital durante dois anos, a 10% e 23%, respectivamente, poderia obter no final do ano dois uma quantia adicional de:

Ano Valor futuro no final do ano

0 R$ 1.600,00 1 R$ 1.600,00 + 10% de 1.600,00 = R$ 1.760,00 2 R$ 1.760,00 + 23% de 1.760,00 = R$ 2.164,80

Reinvestimento a 10% a.a. e 23% a.a.

Como R$ 2.300,00 são superiores a R$ 2.164,80, vale a pena comprar o equipamento novo. Evidentemente tudo depende das taxas de reinvestimento projetadas. No caso empregam-se taxas diferentes apenas para mostrar que isto também pode ocorrer. Certos fluxos de caixa não têm solução pelo método da taxa de retorno, pois é impossível anulá-los. Por exemplo: Ano Fluxo de fundos em R$ 1.000,00

0 0 1 +100 2 -200 3 +150

Para i = 0% o valor presente já é positivo. O melhor método para avaliar este tipo de fluxo é utilizar o critério do valor futuro. Para finalizar este assunto, examinar-se-á um caso prático onde no fluxo de caixa de certa firma surgem quantias negativas.

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60 60 80

30 20

34,1 44 100 FLUXO DE CAIXA (em R$ 1.000,00) Admita-se que o fluxo acima pertença à empresa X e que as quantias negativas de R$ 34.100,00 e R$ 44.000,00 nos anos 3 e 6 respectivamente sejam devidas a alterações projetadas no seu equipamento. Duas hipóteses podem ser feitas: a. A firma fará uma provisão nos anos anteriores a estes gastos, a fim de se preparar para enfrentá-los.

Evidentemente, ela aplicará seu fundo de provisão a uma taxa de juros. Via de regra, esta taxa poderá ser inferior à sua taxa de atratividade, uma vez que se trata de investimentos de pequena duração.

b. A empresa pedirá um empréstimo para cobrir tais despesas, pagando com resultados futuros. Este caso será examinado a seguir, na parte de análise multiperiódica de investimentos.

Partindo da primeira hipótese e assumindo que a firma tem condições de aplicar a uma taxa de curto prazo de 10% por período, o fluxo anterior pode, entre outros, ser transformado no seguinte: 80 60 20 20 0 1 2 3 4 5 6 7 100

A transformação foi feita assim: Para provisionar R$ 34.100,00 no ano três, aplicou-se R$ 20.000,00 do ano dois e R$ 10.000,00 do ano um a 10%; para provisionar R$ 44.000,00 no ano seis, aplicou-se R$ 40.000,00 no ano cinco a 10%. O importante é entender que se a firma realmente for agir desta forma, a transformação será válida e este fluxo transformado é que deverá ser tomado como base para avaliação. A premissa-chave é a de utilizar uma segunda taxa de investimento a curto prazo (taxa de mercado). Caso a provisão seja a longo prazo, este raciocínio não mais será compatível com o que deverá ocorrer na prática. Nessa situação, a hipótese de financiamento tende a ser melhor. Outra alternativa é aumentar o investimento inicial, como que antevendo uma despesa grande no futuro. Tal investimento inicial seria aplicado num projeto que liberasse findos suficientes para arcar com esta despesa. Aqui também se recai em análise multiperiódica de investimentos. 4.6 - CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CRITÉRIOS DE DECISÃO

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Como foi visto, os métodos de valor atual e do custo anual conduzem sempre à

mesma decisão; assim como o da taxa de retorno, à exceção de alguns casos particulares que foram analisados.

IMPORTANTE

Convém, no entanto, insistir sobre a maneira pela qual os métodos encaram o reinvestimento dos fundos gerados pelos fluxos de caixa. A diferença fundamental decorre do fato de os métodos do valor atual e custo anual assumirem reinvestimento à taxa mínima de atratividade, enquanto que o método da taxa de retorno assume que o reinvestimento se fará à própria taxa de retorno.

O próximo exemplo ilustrará a questão.

EXEMPLO 7 Considerem-se os seguintes fluxos de caixa, representando propostas de investimento: 100 50 100 100 A B 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 A taxa mínima de atratividade é i = 4% por período.

Solução

O valor atual do fluxo de caixa A é R$ 34,15 e o fluxo de caixa de B é R$ 55,02

A taxa de retorno do fluxo de caixa A é de aproximadamente 16% por período e a do fluxo de caixa B é aproximadamente 11%.

A mudança de critério de comparação inverteu a posição relativa entre as propostas. Isto porque no caso do valor atual, a quantia de R$ 100,00 obtida n proposta A ao fim do primeiro período será supostamente reinvestida a uma taxa de 4% por período, durante os 6 períodos restantes, ao passo que no método da taxa de retorno, o reinvestimento é suposto a 16% por período

Contudo, não se terá o problema de decisões erradas se uma interpretação exata do que ocorre for feita. Se for razoável supor que ao final do período 1 se esteja em situação análoga à atual, ou seja, haja novas propostas de investimento que proporcionarão taxas de retorno da mesma ordem de grandeza, o critério da taxa de retorno servirá plenamente. Neste caso, a suposição de disponibilidade constante de propostas com essas taxas de retorno, fará, evidentemente, com que a taxa mínima de atratividade seja também desta ordem de grandeza, não ocorrendo portanto a situação do exemplo dado. Os três critérios conduzirão ao mesmo resultado.

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No caso de surgir uma proposta isolada do tipo da proposta A, sem a expectativa de que a situação se repita no futuro, pode-se incluir explicitamente na análise o reinvestimento das retiradas a uma dada taxa para efeito de comparação com outras alternativas. Outro exemplo será dado a seguir,

EXEMPLO 7

Para uma empresa cuja taxa de atratividade é de 5% a.a., temos:

X Y Investimento R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 Fluxo de Caixa Ano I R$ 200,00 R$ 1.000,00 Ano II R$ 1.200,00 R$ 300,00 Taxa de Atratividade 5% 5%

Analisar os projetos X e Y.

Solução Pelo método do valor atual, temos: V.A. = R$ 279,00 .... projeto X V.A. = R$ 224,00 .... projeto Y Logo, seria escolhido o projeto X. Pelo método da taxa de retorno, temos: i* = 20% ... projeto X i* = 25% ... projeto Y Logo, seria escolhido o projeto Y Como já foi dito tudo depende da hipótese de reinvestimento. Poder-se-ia, inclusive, formular outras hipóteses quanto a reinvestimento e criar um quarto método para tomada de decisão. Caso a firma acredita que sua taxa de reinvestimento em vez de 5%, 20% ou 25%, será de 10% para o projeto escolhido, calcular-se-ia o valor futuro no final do 2º ano, para ambos os projetos. V.F. = -1.000 (1+ 0.10)2 + 200 ( 1 + 0.10) + 1.200 = R$ 211,00 projeto X V.F. = -1.000 (1 + 0.10)2 + 1.000 (1 + 0.10) + 300 = R$ 191,00 projeto Y No fundo, como o método do valor futuro é uma extensão do método do valor atual, a escolha recairia em X. Por análise de rentabilidade seria também possível calcular a taxa de investimento que tornaria ambos os projetos equivalentes. -1.000(1 + i )2 + 200(1 + i) + 1.200 =-1.000(1 + i)2 + 1.000(1 + i) + 300 Daí, 800 (1 + i) = 900 ⇒ (1 + i) = 1,1250 ∴ i = 12,5% CONCLUSÃO: Para taxas de reinvestimento superiores a 12,5% a.a., a escolha seria Y e para taxas inferiores a 12,5% a.a. a firma deveria optar por X. 4.7 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE.

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A remuneração do capital é fundamental no sistema econômico; é o que, de um modo geral, leva o investidor a investir. É um fator de crescimento da economia, não só por atrair novos capitais para serem investidos, como também por promover o crescimento dos capitais atuais. Isto porque o reinvestimento dos lucros é algo sempre presente na empresa em expansão. Devido à escassez do capital, o sistema de oferta e procura da economia fornece um preço para o seu uso; assim, o capital tem, de um modo geral, uma remuneração ou rentabilidade de garantia. Isto faz com que mesmo sendo usado pelo próprio dono ele apresente um custo, o custo da oportunidade perdida, ou seja, ao usá-lo, o seu possuidor deixa de auferir pelo menos a rentabilidade oferecida pelo mercado. Foi dito “pelo menos” a rentabilidade oferecida pelo mercado, porque poderá ser perdida a oportunidade de outras aplicações ainda mais rentáveis. Conclui-se que, para um determinado investimento ser atrativo, deve render mais que as oportunidades de investimento perdidas por sua causa. Não se tem geralmente um conhecimento preciso sobre as oportunidades de investimento que se está a perder. Uma sensibilidade sobre o assunto permite determinar uma taxa de rentabilidade que represente essas aplicações. Esta deve ser a taxa mínima que uma nova proposta de investimento deverá render para ser atrativa; é a chamada taxa mínima de atratividade. A taxa mínima de atratividade apresenta, portanto, um forte grau de subjetividade. Ela poderá ser adotada como uma política geral da empresa, sendo mudada conforme o risco oferecido pelo investimento, o capital disponível para investir, a tendência geral de surgimento de aplicações mais rentáveis, o custo do capital, a estrutura do capital da empresa. Para se entender melhor o que vem sendo chamado, até o momento, de taxa de atratividade, seria necessário analisar em detalhe os objetivos de uma firma e avaliar com profundidade como cada projeto de investimento contribui para estes objetivos. Vários autores se aprofundam no assunto, de modo que ele será tratado aqui com brevidade. Entre os objetivos de uma firma, pode-se ainda dizer que o principal é “maximizar a riqueza dos acionistas ou donos”. Para atingir esta meta, existem três tipos de decisões financeiras:

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Decisão de Investimento - Trata da otimização da alocação dos recursos da empresa tendo em vista os benefícios futuros esperados e o risco. Consiste em escolher os melhores investimentos, ou seja aqueles que maximizam o valor de mercado da firma. No caso de uma firma de capital aberto, o preço de mercado das ações da empresa refletiriam o valor da mesma, sob o ponto de vista do investidor marginal. Decisão de Financiamento - Trata da estrutura adequada de capital da firma e seus efeitos sobre o valor da mesma. Na moderna empresa, grande parte dos recursos são obtidos de terceiros. É preciso decidir que fontes de recursos devem ser utilizadas para financiar um projeto e suas proporções. Decisão de Distribuir Dividendos - Determina implicitamente a porcentagem dos lucros a serem reinvestidos, afetando o valor da firma de acordo com a preferência dos acionistas, atuais e futuros, entre ganhos de capital e dividendos correntes. Estas três decisões são interdependentes. Quanto mais dividendos se distribui, mais capital de terceiros ou próprio é necessário para financiar projetos. Isto pode afetar o número de investimentos a serem empreendidos pela firma. Uma vez que o objetivo financeiro da firma seja o de maximizar o seu valor de mercado a longo prazo, resta avaliar como cada alternativa de investimento irá contribuir para isto. Existem dois métodos básicos para uma avaliação desta natureza: a . MODELOS DE AVALIAÇÃO DE AÇÕES: Partem do princípio de que o preço P de uma ação mede o valor da firma e depende das três decisões antes mencionadas: I (Investimento), F (Financiamento), D (Dividendos). Assim, P = f ( I, F, D ) tais modelos são altamente complexos, pois neles a decisão de investir é relacionada com a de financiar o investimento. Esta, por sua vez, depende da decisão de distribuir dividendos. b. MODELOS DE DESCONTO DE FLUXOS DE CAIXA: São os utilizados até este

ponto no curso. Separam as decisões de investir e financiar. Varria-se I (projetos de investimento), mantendo-se F (estrutura de capital) e D (nível de distribuição de dividendos) constantes. Avalia-se apenas o fator tempo dos fluxos de caixa previstos. Alguns modelos, como será visto posteriormente, englobam ainda o risco. Para que tais modelos levem a decisões de investimento que maximizem o valor do mercado da firma, é preciso usar uma taxa de desconto que represente a taxa de retorno realmente esperada pelos donos da firma e pelos demais contribuintes do seu capital.

Existe uma vasta teoria, denominada “Teoria de Custo de Capital”, que tenta medir a taxa de desconto apropriada. Em síntese esta teoria principia tentando isoladamente mensurar o custo do capital de cada tipo de fonte que a firma utiliza (ações ordinárias e preferenciais, debêntures, adiantamentos de fornecedores, bancos, financeiras, lucros retidos, depreciação, etc.). Em seguida, procura-se compor o custo do capital para a firma como um todo, como no exemplo a seguir:

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EXEMPLO 1

Estrutura de

Capital em R$ 1.000,00

(A)

Porcentagem da estrutura de

capital (B)

Custo do Capital de cada fonte específica

(C)

B xC

Ações 60.000 60% 12% 7,2% Debêntures 30.000 30% 8% 2,4% Bancos 10.000 10% 4% 0,4%

Custo do Capital da firma

10%

Infelizmente, não é simples medir o custo de cada fonte. A fim de dar uma idéia, para se obter o custo de capital das ações ordinárias, seria preciso avaliar o seu valor, abstraindo-se de flutuações a curto prazo, com relação aos lucros e dividendos atuais e previstos futuramente. Além disso, não é valido medir-se o custo de cada fonte isoladamente, pois elas interagem umas sobre as outras. Por exemplo, um aumento de dívida através de debêntures poderia influenciar o preço das ações de forma a elevar seu custo de capital. Outros problemas aparecem. As ações devem ser avaliadas pelo valor nominal ou pelo valor de mercado? E as debêntures? Que pesos devem ser usados na coluna B da tabela anterior? Qual a estrutura de capital que deve ser utilizada como base, a atual ou uma estrutura ideal a ser alcançada no futuro? Como analisar o risco? Deverá o mesmo ser isolado? Caso positivo, como medir o custo de capital sem risco? Note-se que os bancos de investimento, por exemplo, já embutem nas suas taxas uma avaliação do grau do risco dos seus empréstimos às empresas. Devemos considerar como donos da firma apenas os acionistas, ou todos os que contribuem com capital para a mesma? Já se mencionou a possibilidade de existência de uma estrutura ideal de capital. Será ela uma realidade? Alguns autores crêem que a existência de dívida com juros inferiores ao retorno do capital deixe um resíduo para os acionistas ordinários, que passam a se beneficiar dos rendimentos de um capital total bem maior. Outros autores não aceitam isto, argumentando que mais dívida tende a aumentar o risco dos acionistas ordinários, elevando o custo de capital das suas ações, o que tende a anular os efeitos benéficos acima descritos. Aparentemente aumentos de dívida, até certo limites, tendem a beneficiar os acionistas ordinários no mundo real, principalmente ao se levar em consideração certos efeitos fiscais. Existem sérias controvérsias sobre o modo de calcular o custo de capital da firma (até aqui chamado de taxa mínima de atratividade). Como não há um critério universalmente aceito para avaliar uma firma, não pode haver um único sistema de medir seu custo de capital. Para não divagar muito sobre este assunto, sua abordagem aqui foi muito rápida. Trata-se de uma matéria extensa, difícil e de limitada aplicação imediata na prática. Não obstante, os autores acreditam que a teoria moderna do custo de capital seja de grande utilidade para abrir os horizontes aos que verdadeiramente pretendem se aprofundar na análise de investimentos.

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RISCOS E INCERTEZAS Risco e incerteza, embora tenham definições diferentes, influenciam de forma semelhante um estudo de engenharia econômica. Tanto um como outro advêm de fatores que podem agir positiva ou negativamente no resultado de um investimento, porém são indesejáveis porque existe a possibilidade de causarem dificuldades financeiras e outros transtornos ao investidor. As formas de tratamento do assunto não são definitivas. Geralmente se aceita que o maior risco ou incerteza determinará que o investimento só será atrativo se render uma taxa maior que a taxa mínima de atratividade. Usa-se, neste caso, uma taxa de desconto superior, no caso do valor atual e custo anual, assim como uma taxa mínima superior ao se tratar do método da taxa de retorno. O uso de taxa de desconto maior tem mérito de tornar menos influentes na decisão as quantias mais remotas e, portanto, mais incertas. Tratando-se da comparação de custos, uma taxa de desconto inferior deverá ser utilizada, tanto no método do custo anual quanto no do valor atual. A menor taxa conduzirá a maior valor atual dos custos e a maior custo atual, o que torna menos atrativas as propostas mais arriscadas e incertas. No caso de fluxos de caixa em que valores positivos e negativos se alternem, o risco e a incerteza não poderão ser tratados através da taxa de desconto. O método de se atuar na taxa de desconto, portanto, é um processo rudimentar, de aplicações restritas, que, na melhor das hipóteses, dificulta a aceitação de certos investimentos de maior grau de risco. A deficiência da análise de sensibilidade está em que só ao se variar um fator de cada vez, pode-se avaliar isoladamente os efeitos de sua mudança. A variação de vários fatores simultaneamente já pertence a outro processo: SIMULAÇÃO. Segundo este método, estima-se os intervalos de valores que cada fator pode eventualmente assumir junto com sua probabilidade de ocorrência. Seleciona-se, então, aleatoriamente, um valor particular da distribuição dada para cada fator e computa-se a taxa de retorno da combinação escolhida. Repete-se esta operação a fim de definir e avaliar a probabilidade de ocorrência de cada possível resultado, expresso em termos de taxa de retorno ou valor presente Métodos mais sofisticados procuram basear-se na natureza da dispersão dos possíveis resultados em torno de uma média, usando medidas estatísticas como desvio padrão e covariança. São os chamados métodos probabilísticos. Até o momento não se entrou no mérito das atitudes do investidor em relação ao risco. Será que conseqüências monetárias realmente servem de medida que reflita sua importância para o investidor? Será que R$ 2.000.000,00 valem o dobro de R$ 1.000.000,00 em termos de utilidade, para um operário que ganha salário-mínimo? Talvez seja melhor tudo em termos de utilidade do dinheiro. Este raciocínio dá origem a outros processos de englobar o risco na análise de investimentos. Constrói-se um índice de utilidade monetária e aplicam-se as mesmas técnicas até agora usadas. A dificuldade reside justamente na obtenção deste índice, especialmente no caso de firmas ou grupos de indivíduos.

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Existem ainda outros modos de incorporar o risco com teoria da decisão, regra de Markovitz, teoria de Hirschleifer, etc. O material é tão farto que daria um livro à parte, fcando fora do escopo deste curso. Para um aprofundamento na matéria são sugeridos os mesmos livros da parte de Custo de Capital. Nem sempre conseguimos previsões perfeitas sobre o resultado de uma decisão. Assim, nos problemas de análise de alternativas sempre foi suposto saber exatamente qual o fluxo de dinheiro que resultaria de um investimento feito hoje. O mundo real é cheio de incerteza, e é neste ambiente que as decisões têm que ser tomadas. Imaginemos um empreendimento tal que o valor atual não possa ser precisamente conhecido, devido à incerteza quanto aos retornos e ao custo de oportunidade do capital. Associando probabilidades aos possíveis resultados, obtém-se a distribuição........ ...... colocar em forma de APÊNDICE TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE E INFLAÇÃO A inflação é outro fator de difícil tratamento num estudo de engenharia econômica. Em um regime inflacionário, as taxas de juros existentes não refletem a remuneração real do capital. Nelas está incluída a parcela correspondente à desvalorização monetária. Em estudo econômico, se todas as estimativas forem feitas em moeda corrente, incluindo-se portanto a inflação, tanto no que diz respeito ao aumento de custos quanto ao aumento de receitas, a “taxa de inflação” poderia de um modo geral, ser incorporada à taxa mínima de atratividade, sem maiores problemas. Se todas as estimativas fossem feitas em termos de moeda constante, eliminando-se, portanto, o efeito da inflação, a taxa mínima de atratividade não incluiria a taxa de inflação. Neste caso deverá ser tomado cuidado com as despesas financeiras (relativas a capital de empréstimo); estas deverão ser reduzidas a valores reais, o que acrescenta um grau de incerteza no que era praticamente certo. Dois casos talvez mereçam atenção maior: o de empresas que produzem para exportação e o daquelas que levantaram empréstimo no exterior. No primeiro caso, a receita é obtida em moeda aproximadamente constante e no segundo caso, os juros e a restituição do empréstimo são feitos também na moeda aproximadamente constante (dólar). Poderá ser feita a conversão pelo câmbio, cuja variação, porém, não corresponde exatamente à inflação; ou todo o estudo poderá ser feito em moeda constante. Resumindo, as duas hipóteses mais utilizadas na prática são: a - ) Assume-se que receitas e custos sobem paralelamente com a “taxa de inflação” e que há efeitos fiscais graças à perfeita reavaliação de ativo e capital de giro. Neste caso, ignora-se a inflação, trabalhando-se com taxas reais (acima da inflação). b - ) Assume-se que a inflação tem efeitos diferenciados sobre o investimento. Projetam-se custos e receitas independentemente, estimando-se a maneira pela qual a inflação atuará sobre cada elemento de custo e receita. A taxa de desconto, agora, engloba juros e taxa de inflação Maiores detalhes a respeito de inflação podem ser encontrados no APÊNDICE

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 53

TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE E IMPOSTO DE RENDA Do ponto de vista de um indivíduo ou de uma firma, o que realmente lhe importa, quando de uma análise de investimentos, é o que ganha após os impostos. É justamente devido a este fato que, no intuito de promover o desenvolvimento de certas atividades ou a atividade econômica de certas regiões, o Governo costuma dar incentivos fiscais. Deste modo, projetos que “em si” não seriam atraentes passam a sê-lo após a análise completa incluindo impostos e incentivos. A existência de impostos altera substancialmente a perspectivada rentabilidade e pode influenciar fortemente a orientação das atividades econômicas. Para um indivíduo que esteja numa faixa alta de imposto de renda, gastos parcialmente dedutíveis (recibos médicos, de dentistas, etc.) resultam mais baratos do que para outro indivíduo que esteja numa faixa menor do imposto de renda. Isto faz com que as perspectivas de deduções do imposto de renda possam alterar as decisões ótimas. Nos problemas vistos até agora não se considerou a despesa do imposto de renda. A existência dessa despesa, que é uma porcentagem do lucro líquido (por exemplo, 30% do lucro) faz com que haja duas taxas de retorno: uma antes do imposto de renda, ou seja, calculada sem se considerar o imposto de renda, e outra depois do imposto de renda. A segunda é evidentemente menor, podendo ser considerada, à grosso modo, como sendo uma porcentagem da taxa de retorno, antes do imposto de renda, equivalente à porcentagem do imposto de renda sobre os lucros. O que foi dito acima, vale também para taxa mínima de atratividade, havendo pois duas taxas mínimas de atratividade, conforme o estudo seja feito antes ou depois do imposto de renda. O assunto, porém, não é tão simples assim, pois o que é considerado lucro, do ponto de vista legal, nem sempre coincide com o conceito econômico de lucro. O problema será analisado em maiores detalhes posteriormente.

Maiores detalhes a respeito de imposto de renda podem ser encontrados no adiante no Capítulo 5 (seção 5.4)

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CAPÍTULO V

Análise de Investimentos em Projetos Industriais

5.1 - INTRODUÇÃO Até o presente Capítulo os ensinamentos básicos de engenharia econômica e os critérios de decisão foram apresentados. Você deve estar apto a usá-los. A missão desta parte do texto é levar o estudante a uma compreensão mais profunda da matéria, para que possa aplicá-la conscientemente. Alguns dos maiores erros são feitos justamente pelo desconhecimento dos pontos, que aqui serão introduzidos 5.2 - Conceitos Básicos para Estudos Econômicos Antes de prosseguir é mister fazer um apanhado geral do que foi visto. Em primeiro lugar é preciso saber que um estudo desta natureza só pode ser bom se todas as possíveis alternativas forem consideradas. Mesmo sendo a alternativa A melhor que B nada indica que não haja uma terceira, superior a ambas. Isto é fundamental, principalmente na área de projetos governamentais, como será mostrado posteriormente. Uma estrada pode trazer benefícios bem superiores ao seu custo. E daí? Não seria melhor empregar o dinheiro em educação? A distribuição do escasso volume de recursos de uma nação é um dos maiores problemas do economista e se todas as possibilidades pudessem ser analisadas tudo seria mais fácil... O que passou, passou. Se uma ação da Brahma vale, a preços de mercado, R$ 4,65, não interessa muito saber se ela foi comprada por R$ 3,00 ou vinte vezes menos. O que importa é seu valor atual. Custos passados são ignorados nos estudos econômicos, a não ser que tragam uma repercussão atual, via imposto de renda ou outro mecanismo qualquer. A Engenharia Econômica comparara Alternativas e procura analisar suas diferenças. O que estas têm em comum não afeta a decisão. Para todo investimento há sempre a alternativa de não fazer nada ou de abandonar o projeto. Tanto quanto possível as diferenças devem ser quantificadas em termos de receitas e despesas, ou seja, em termos monetários. Não precisa haver exagero. Avaliar o valor da beleza de uma máquina é um absurdo. Não se pretende que na hora de decidir entre as possibilidades isto deixe de ser considerado. Coisas como esta são consideradas imponderáveis e só entram na decisão final. Se as estimativas sobre custos e receitas forem ruins, o estudo terá pouco valor, seus resultados nada significarão. Um bom trabalho verifica a sensibilidade dos resultados face a suas variáveis básicas. Estimando a receita de uma empresa em R$ 1 milhão por ano, um certo projeto pode ser considerado bom. Continuará a ser bom se a

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recita baixar par R$ 900 mil? O analista consciente verifica suas conclusões buscando os fatores de maior influência e procurando ver até que ponto afetam a decisão monetária. Chama-se a isto análise de sensibilidade. De um modo geral, os principais fatores são: receitas, custos, valores residuais, taxa mínima de atratividade, vida útil, etc. O valor tempo da moeda deve ser sempre levado em conta, seja qual for a natureza do trabalho. Decisões separadas devem ser feitas separadamente. Este é o erro mais comum na prática. Sejam A e B duas alternativas para o emprego do capital de um indivíduo. A envolve a implantação de uma fábrica com financiamento de um banco. B refere-se à organização de uma cadeia de restaurantes. Para ver a melhor alternativa é preciso que a comparação entre A e B seja feita independentemente do financiamento obtido para A. É possível que tal financiamento venha a melhorar (ou piorar) a alternativa A. Feito o estudo este é repetido considerando o financiamento. Caso antes B tenha sido favorecido e o empréstimo venha a reverter o resultado, examina-se a possibilidade de conseguir um empréstimo semelhante para B, o que geralmente é possível. Investidores preferem negócios mais lucrativos, a não ser que se trate do governo e de áreas prioritárias, cuja repercussão futura trará maiores benefícios. Seja como for, a decisão deve ser entre A e B, não entre A, com financiamento, e B. Existem exceções. Às vezes a alternativa A está implicitamente associada a um esquema de obtenção de recursos e a separação não tem razão de ser. Visão Global e

não Individual Por outro lado, um assunto não deve ser muito subdividido, para não se perder a visão geral. Deve-se ter uma visão ampla sobre o que está em jogo. Raras vezes o todo independe das partes. O exemplo clássico de “análise de sistemas” é : “o gol do departamento de vendas é maximizar o volume das vendas, enquanto o gol da empresa é maximizar o lucro”. Nem sempre o primeiro acarreta o segundo. Para vender muito é preciso produzir em grande quantidade, o que acima de certos limites pode vir a encarecer o produto (horas-extras de trabalho, salários adicionais, quebra de equipamento, etc.). Além disso, uma grande oferta de certo artigo tende a baixar seu preço de mercado. A seguir vem um comentário sobre a dificuldade de quantificar as diferenças entre as alternativas em pauta. É difícil defender o ponto de vista que uma estimativa mal feita ajuda mais quem tem o poder de decisão, do que um mero palpite. A única coisa que merece ser dita é que sem sua tradução em termos monetários, dificilmente os vários elementos envolvidos numa comparação podem se analisados condignamente.

Custo de Oportunidade

Finalmente vale a pena repetir que quando fundos são investidos num certo negócio perde-se a oportunidade de empregá-los em outra coisa. Chama-se a isto custo de oportunidade. Juro é um custo no sentido de uma oportunidade perdida. 5.3 5.3.1

- ANÁLISE DE EQUILÍBRIO e ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

- Análise de Equilíbrio A Análise de Equilíbrio tem como objetivo a verificação de um ponto em que duas

alternativas, funções de um mesmo parâmetro e comparadas em idênticas condições de instantes e prazos, apresentam o mesmo valor. Tal ponto é chamado Ponto de Equilíbrio (Breakeven Point).

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Pela definição apresentada, a Análise de Equilíbrio não se prende, somente, a estudos de comparação entre Receitas (Faturamento) e Despesas (Custos) com a determinação do ponto em que ambos os valores são iguais e a partir do qual começa a haver lucro. Tal comparação, talvez, seja a mais conhecida e usual. Verificaremos, através dos exemplos apresentados no texto, que são grandes os tipos existentes de Ponto de Equilíbrio.

De forma geral, as análises que procuram determinar um Ponto de Equilíbrio, consideram as duas linhas, representando as duas eq uações, que se interceptam, como sendo retilíneas, motivo pelo qual tal análise é chamada Linear.

Na fase de Planejamento, em grande parte dos casos analisados, tais considerações retilíneas das duas linhas podem ser consideradas perfeitamente normais, em virtude da falta de informações mais detalhadas e confiáveis e que, eventualmente, poderiam demonstrar que aquelas linhas consideradas retilíneas poderiam não sê-las.

As conclusões obtidas a partir de uma Análise Linear de Equilíbrio são bastante aceitáveis na Fase de Planejamento.

Posteriormente, na Fase de Acompanhamento do Desempenho, com os informes reais recebidos, obtermos com mais exatidão as curvaturas das linhas que se cruzam, apresentando então um ponto de Equilíbrio que poderá não coincidir com aquele determinado na Fase de Planejamento.

Os elementos então escolhidos poderão fornecer outras conclusões que, igualmente, como na Fase do Planejamento, serão úteis para a tomada de novas decisões.

De modo genérico, um fluxo de caixa apresenta as seguintes contribuições: Investimento Inicial, Recitas Operacionais, Despesas Operacionais e Valores Residuais dos equipamentos. Valor Residual

Receitas Operacionais

0 1 2 3 4 ........ Despesas Operacionais

Investimento Vamos classificar os custos (ou despesas) em Fixos e Variáveis quando o seu valor aumenta ou não aumenta em função de uma produção. Custos Fixos - despesas administrativas, impostos fixos, taxas fixas, aluguel, pesquisas, seguros, propaganda, despesas de condomínios, etc. Custos Variáveis - direitos autorais de tecnologias (royalties), desperdícios, despesas com empacotamentos, manutenção, mão-de-obra direta, matéria-prima dos produtos vendidos, comissões de vendas, etc. A classificação das despesas em fixas e variáveis é resultado, principalmente, da habilidade em classificarem-se acertadamente aquelas despesas conhecidas por semifixas ou semivariáveis, como por exemplo, os valores da energia elétrica da supervisão, dos salários de funcionários categorizados aceitos para aumentar a produçào, etc. Nem sempre é o contador a pessoa habilitada para fazer a proporcionalidade acertada desta classificação, pois suas simplificações matemáticas podem desviar-se do objetivo empresarial em foco.

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Uma representação simplificada dos Custos e Receitas em função da produção pode ser assim apresentada: R$ R (Receita) Lucro Z > 0 CT (Custo Total) E Prejuízo Z< 0 u (nº de unidades produzidas) Como vemos, quando Z > 0 existe lucro; quando Z < 0 existe prejuízo; quando Z = 0 , isto é, no Ponto de Equilíbrio, temos R = CT

EXEMPLO 1 Uma empresa deseja comprar um equipamento para a fase de acabamentos dos produtos produzidos. Existem duas opções de compras. O equipamento K, mais sofisticado, tem um investimento de R$ 20.000,00, um valor residual de R$ 3.000,00 e uma vida útil real de doze anos. O trabalho com esta máquina exigirá um operador com custo de R$ 10,00 por hora fornecendo uma produção de dez toneladas por hora. Os custos anuais de manutenção e de operação deverão ser iguais a R$ 4.000,00 Por outro lado, um equipamento L, menos sofisticado, poderia ser adquirido com custo inicial de R$ 8.000,00, sem valor residual e uma vida útil real de cinco anos. O trabalho com esta máquina exigirá três operadores com custos de R$ 7,00 por hora e um custo anual de manutenção e de operação igual a R$ 2.000,00 fornecendo uma produção de sete toneladas por hora A taxa mínima de atratividade é de 10% a.a.. Quer-se saber: a-) Qual a produção anual que resulta indiferente tanto comprar K como L? b-) Para uma produção anual de 2.000 unidades, qual o equipamento seria preferido? Sugestão:- Resolver pelo Custo Anual Líquido.

Solução a-) A representação gráfica do fluxo de caixa do equipamento K é: 3.000 0 1 2 3......... 11 12 4.000 + 1 u 20.000 Custo de 1 operador = R$ 10,00 Produção por hora = 10 toneladas ∴ 10 toneladas custam R$ 10,00 ou 1 tonelada custa R$ 1,00 Para a produção anual de = 1 u toneladas A representação gráfica do fluxo de caixa do equipamento L é:

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0 1 2 3 4 5 4.000 + 3 u 8.000 O custo por hora com três operadores = 3 x R$ 7,00 = R$ 21,00 Produção por hora = 7 toneladas Portanto 7 toneladas custam R$ 21,00, ou 1 tonelada custa R$ 3,00 Para uma produção anual de u toneladas temos um custo de 3 u. Calculando os custos anuais líquidos, temos: E.U.A. do equipamento K : 20.000 a-11010 + 4.000 + 1 u - 3.000 s

-11010 =

7.066,75 + 1 u E.U.A. do equipamento L : 8.000 a-1510 + 2.000 + 3 u = 4.110,40 + 3 u No equilíbrio temos: 7.066,75 + 1 u = 4.110,40 + 3 u Portanto, u = 1.478,18 toneladas/ano. b-) Para uma produção de 2.000 unidades vem: E.U.A. do equipamento K : 7.066,75 + 1 x 2.000 = 9.066,75 E.U.A. do equipamento L : 4.110,40 + 3 x 2.000 = 10.110,40 Como o E.U.A. de K é Menor que E.U.A. de L, concluímos que K é preferível. A representação gráfica de E.U.A. em função de u é a seguinte: E.U.A.(R$) L 10.110,40 E K 9.066,75 7.066,75 4.110,40 1.478,18 2.000 u

EXEMPLO 2

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Uma empresa de arquitetura está estudando um projeto para um cliente que deseja construir uma exposição para venda de automóveis. Existem três tipos que estão sendo cogitados: a. b. c.

Alvenaria estrutural e acabamento com tijolo à vista. Concreto armado e acabamento de concreto aparente. Aço com acabamento de alumínio e vidro.

Os preços da edificação são funções da área do projeto e obedecem às seguintes equações: TIPO A: R$ 21.000,00 para a área de 200 m2 e aumentando-se o preço na razão de 95,804 x, onde x é a área que supera 200 m2; TIPO B : R$ 41.900,00 para a área de 200 m2 e aumentado-se o preço na razão de 22,727 x; e TIPO C : R$ 53.000,00 para a área de 200 m2 e aumentado-se o preço na razão de 8,057 x, sendo sempre x a área que supera 200 m2. Analisar os preços resultantes nos três tipos a fim de assessorar a empresa proprietária da exposição a tomar uma decisão.

Solução Tipo A : 21.000 + 95,804 x Tipo B : 41.900 + 22,727 x Tipo C : 53.000 + 8,057 x u = 200 + x Achemos o ponto de equilíbrio entre A e B: 21.000 + 95,804 x1 = 41.900 + 22,727 x1

donde x1 = 4 1 9 0 0 2 1 0 0 09 5 8 0 4 2 2 7 2 7

2 8 6 2. ., ,

--

= m ⇒ u1 = 200 + 286 = 486 m2

Valor no Ponto de Equilíbrio: 21.000 + 95,804 x 286 = 48.399,94 Ponto de Equilíbrio entre A e C: 21.000 + 95,804 x2 = 53.000 + 8,057 x2

donde x2 = 5 3 0 0 0 2 1 0 0 09 5 8 0 4 8 0 5 7

3 6 5 2. ., ,

--

= m ⇒ u2 = 200 + 365 = 565 m2

O valor no Ponto de Equilíbrio é: 21.000+ 95,804 x 365 = 55.968,46 Ponto de Equilíbrio entre B e C: 41.900 + 22,727 x3 = 53.000 + 8,057 x3 onde x3 = 5 3 0 0 0 4 1 9 0 0

2 2 7 2 7 8 0 5 77 5 7 2. .

, ,--

= m ⇒ u3 = 200 + 757 = 957 m2

Valor no Ponto de Equilíbrio: 41.900 + 22,727 x 757 = 59.104,34 Fazendo-se a representação gráfica, teríamos: A B

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59.104,34 E3 C E 255.968,46 53.000 E 148.399,94 41.900 21.000 200 486 565 957 u CONCLUSÃO: Levando em consideração o custo da construção, vemos que, se o projeto tiver a área de 200 m2 até 486 m

2, leva vantagem o projeto tipo A (Alvenaria estrutural e acabamento com tijolo à vista); de 486 m2 a 957 m2 leva vantagem o projeto tipo B (concreto armado e acabamento de concreto aparente) e acima de 957 m2 leva vantagem o projeto tipo C ( aço com acabamento de alumínio e vidro)

Devido a inúmeras circunstâncias, a capacidade máxima de produção não é sempre atingida, trabalhando as empresas, em muitos casos, com capacidade ociosa.

A preocupação fundamental da empresa é aumentar ao máximo a capacidade de produção, aumentando assim o domínio do mercado e, se possível, o lucro, o que em última análise resulta no benfício de todos os elementos que participam da produção.

De forma genérica, uma análise de equilíbrio tem a seguinte representação gráfica: R$ R(Receitas) CT Custo Total) E CF (Custo Fixo)

%E %PN 100% %de Produção

EXEMPLO Vamos tomar um caso específico em que a produção máxima, equivalente a 100%, se dá a uma

produção de 100.000 unidades. Imaginemos em virtude das vendas, que exista uma produção normal de apenas 60% da produção máxima, ou seja, 60.000 unidades. Seja a seguinte representação gráfica da Análise de Equilíbrio R$ 420.000

Receitta

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252.000 250.000 150.000 E1 60.000

Custo Fixo

Custo Total

22.222

60.000 100.000 u

Pelo Gráfico acima concluímos o seguinte: a uma produção real de

60.000 unidades existe um Custo Fixo de R$ 60.000, um Custo Total de R$ 150.000 e uma Receita de R$ 252.000 O Lucro Z será:

Z = 252.000 - 150.000 = 102 Se não existisse ociosidade de 40% da produção, exitiria uma produção

de 100.000 unidades, um Custo Total de R$ 250.000 e uma Receita de R$ 420.000, embora o Custo Fixo permanecesse o mesmo de R$ 60.000 Teríamos então um Lucro Z’ de :

Z’ = 420.000 - 250.000 = 170.000 Vejamos os Custos Totais, os Custos Variáveis e as Receitas por

unidade Na produção de 60%

CT/u = 150.000/60.000 = 2.5 R/u = 252.000/60.000 = 4.2 CV/u = (150.000 - 60.000)/60.000 = 1.5 Na produção de 100% CT/u = 250.000/100.000 = 2.5 R/u = 420.000/100.000 = 4.2 Concluimos daí que, se a produção aumentasse de 60 mil unidades para

100 mil, o lucro aumentaria de 102.000 para 170.000 (isto é, 68.000.

Entretanto, o aumento da produção não depende apenas da vontade, mas também da qualidade do produto, da necessidade do produto, da promoção, dos preços dos concorrentes e de inúmeros outros fatores comerciais

O DUMPING, cujo significado aproximado seria: “descartar-se de uma quantidade excedente da porcentagem normal produzida”, é uma prática que consiste na venda de parte da produção por um preço reduzido em virtude da absorção do Custo Fixo pela outra parte produzida.

Há inúmeras inconveniências na prática do dumping, mas, quando funciona, o lucro é aumentado além de diminuir a ociosidade. Muitas vezes, o dumping é praticado na exportação de produtos, enquanto os produtos internos absorvem os Custos Fixos; outras vezes, é praticado na venda de um mesmo produto com nomes diferentes, sendo que um deles (o mais caro) absorve os Custos Fixos.

EXEMPLO

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 62

5.3.2

Resolver o problema anterior com a prática do dumping, admitindo que 60.000 unidades serão vendidas no mercado interno com a absorção dos Custos Fixos, enquanto a ociosidade de produção de 40.000 unidades seja preenchida por uma exportação a um preço bastante competitivo.

Solução Teríamos neste caso: Venda interna: 60.000 unidades (igual ao caso anterior), ou seja, Receita: R$ 252.000 com R$ 4,20 por unidade Custo Total: R$ 150.000 com R$ 2,50 por unidade Custo Fixo: R$ 60.000 com R$ 1.000 por unidade Custo Variável: R$ 90.000 com R$ 1,50 por unidade Lucro Z = 252.000 - 150.000 = 102.000 Exportação: 40.000 unidades, ou seja, Receita: 40.000 x R$ 3,50 = 140.000 Custo Total: 40.000 x R$ 1,50 = 60.000,00 Lucro Z’= 140.000 - 60.000 = 80.000 Lucro Total: 102.000 + 80.000 = 182.000 Como vemos, apesar de ter-se exportado a um preço unitário muito menor

( R$ 3,50/u em lugar do preço interno R$ 4,20/u), o lucro total obtido acabou sendo muito maior, ou seja, R$ 182.000 em lugar de R$ 170.000, valor obtido se fossem vendidas as mesmas 100.000 unidades sem o dumping

Essas situações, entretanto, sujeitam-se a providências administrativas, que variam de país para país, de acordo com a influência do dumping em cada econômia interna, podendo, por exemplo, provocar impostos alfandegários apra adequar convenientemente a política econômica do país atingido.

- Análise de Sensibilidade O caso de duas máquinas destinadas a prestar exatamente o mesmo tipo de serviço, com rendimentos rigorosamente iguais, serve de exemplo de como uma pequena variação num dos fatores em que certa decisão se baseia pode vir a alterá-la. A primeira máquina, X, custa R$ 8.500,00 e sua vida útil foi estimada em 5 anos. A outra, Y, custa R$ 20.000,00 e deve durar 20 anos. Suponha-se que seu preço inicial, à vista, seja por definição inalterável. Suponha-se também que a taxa mínima de atratividade da empresa interessada na sua aquisição seja de 10%. Pelo método do custo anual vem:

EXEMPLO

R(x) = 8.500,00 x a-1510 = 8.500 x 0,2638 = 2242,30

R(y) = 20.000,00 x a-12010 = 20.000 x 0,11746 = 2349,20

Por esse critério, escolher-se-ia X, por ter menor custo anual. Analisando o caso com maior profundidade, verifica-se que a taxa mínima de retorno fosse 8%, Y seria escolhida. R(x) = 8.500,00 x a-1

58 = 8.500 x 0,25046 = 2128,90 R(y) = 20.000,00 x a-1

208 = 20.000 x 0,10185 = 2037,00 Da mesma forma, se a máquina X durar apenas 4 anos, em vez dos 5 programados, e Y passar a ter 15 anos de vida e não mais 20 anos como programado, esta última oferecerá mais vantagem à taxa de 10%.

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 63

R(x) = 8.500,00 x a-1410 = 8.500 x 0,31547 = 2681,50

R(y) = 20.000,00 x a-11510 = 20.000 x 0,13147 = 2629,40

O exemplo mostra claramente os efeitos duma simples alteração nos fatores de decisão. A última análise, onde as vidas úteis de X e Y foram reduzidas de 20 e 25% respectivamente, desfavorecendo mais Y que X em termos percentuais, já bastou para pôr em dúvida a validade do julgamento inicial. Qual solução para isso? Matematicamente dever-se-ia estimar a probabilidade de ocorrência de cada variação e usar-se o valor esperado como base de escolha. Na prática isto pouco funciona e cabe ao responsável pela decisão verificar a influência que pequenas mudanças nas suas estimativas podem acarretar na solução final e decidir pelo resultado que lhe parece mais provável de acontecer.

SOLUÇÃO

Tudo isto serve mais como aviso de que nem sempre uma resposta única , numérica, é satisfatória. Números ajudam mas não bastam. Têm que ser examinados à luz da razão e reajustados. É preciso ainda notar que o exemplo foi extremamente simples. Poderia ter sido complicado com a introdução de valores residuais, diferentes produtividades dos equipamentos, etc. Outro conceito que influi muito na apreciação de uma proposta é o risco. No capítulo anterior isto já foi explicado. Para levá-lo em conta pode-se aumentar a taxa mínima de atratividade, ajustar as estimativas de uma forma mais pessimista (ou otimista, conforme o caso) fazendo uma análise de sensibilidade dos efeitos de tais ajustes, utilizar técnicas probabilísticas, medir tudo em termos de utilidade de dinheiro, etc.

EXEMPLO 3 Uma alternativa apresenta a seguinte representação gráfica do fluxo de caixa: 60.000 0 1 2 3 4 5 10

IMPORTANTE

5.000 200.000 1. Determinar o Equivalente Uniforme Anual (E.U.A.) considerando ser de 15% a Taxa Mínima de

Atratividade. 2. Determinar, em seguida, analíticamente, além de fazer uma representação gráfica, os E.U.A. resultantes

das variações dos diversos parâmetros (Receitas Anuais, Custos Operacionais Anuais, Vida de Serviço, Valor Residual e Taxa Mínima Aceitável de Retorno) em proporções de ± 10%, ± 20% e ± 50%.

Solução

1. Cálculo do E.U.A. E.U.A. = -200.000 a-1 + (60.000 - 5.000) + 80.000 s-1 = 19.084 10 15 10 152.1 Cálculo dos E.U.A. que alteram os valores das Receitas Anuais para:

66.000 ...+10% E.U.A. = -200.000 a-11015+61.000+80.000 s-1

1015 = 25.084 72.000 ...+20% E.U.A. = -200.000 a-11015+67.000+80.000 s

-11015 = 31.084

90.000 ...+50% E.U.A. = -200.000 a-11015+85.000+80.000 s-1

1015 = 49.084 54.000 ...-10% E.U.A. = -200.000 a-11015+49.000+80.000 s

-11015 = 13.084

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 64

48.000 ...-20% E.U.A. = -200.000 a-11015+41.000+80.000 s-1

1015 = 7.084 30.000 ...-50% E.U.A. = -200.000 a-110 15 10 15

2.2 Cálculo dos E.U.A. que alteram os valores dos Custos Operacionais Anuais para:

+25.000+80.000 s-1 =-10.916

5.500 ...+10% E.U.A. =-200.000 a-11015+55.500+80.000 s-1

1015 = 19.584 6.000 ...+10% E.U.A. =-200.000 a-11015+56.000+80.000 s

-11015 = 20.084

7.500 ...+10% E.U.A. =-200.000 a-11015+57.500+80.000 s-1

1015 = 21.584 4.500 ...+10% E.U.A. =-200.000 a-11015+54.500+80.000 s

-11015 = 18.584

4.000 ...+10% E.U.A. =-200.000 a-11015+54.000+80.000 s-1

1015 = 18.084 2.500 ...+10% E.U.A. =-200.000 a-11015+52.500+80.000 s

-11015 = 16.584

2.3 Cálculo dos E.U.A. que alteram os valores da Vida de Serviço para:

11 ...+10% E.U.A. = -200.000 a-11115+55.000+80.000 s-1

1115 = 20.068 12 ...+20% E.U.A. = -200.000 a-11215+55.000+80.000 s

-11215 = 20.860

15 ...+50% E.U.A. = -200.000 a-11515+55.000+80.000 s-1

1515 = 22.480 9 ...-10% E.U.A. = -200.000 a-1 915+55.000+80.000 s

-1 915 = 17.848

8 ...-20% E.U.A. = -200.000 a-1 815+55.000+80.000 s-1

815 = 16.252 5 ...-50% E.U.A. = -200.000 a-1 515+55.000+80.000 s

-1 515 = 7.204

2.4 Cálculo dos E.U.A. que alteram os valores do Valor Residual para:

88.000 ...+10% E.U.A. = -200.000 a-11015+55.000+88.000 s-1

1015 = 19.478,40 96.000...+20% E.U.A. = -200.000 a-11015+55.000+96.000 s

-11015 = 19.872,80

120.000 ...+50% E.U.A. = -200.000 a-11015+55.000+120.000 s-1

1015= 21.056,00 72.000 ...-10% E.U.A. = -200.000 a-11015+55.000+72.000 s

-11015 = 18.689,60

64.000 ...-20% E.U.A. = -200.000 a-11015+55.000+64.000 s-1

1015 = 18.295,20 40.000 ...-50% E.U.A. = -200.000 a-11015+55.000+40.000 s

-11015 = 17.112,00

2.5 Cálculo dos E.U.A. que alteram os valores da Taxa Mínima Aceitável de

Retorno para: 16,5% ...+10% E.U.A.= -200.000 a-11116,5+55.000+80.000 s

-11116,5 =

16.468 18% ...+20% E.U.A.= -200.000 a-11218 +55.000+80.000 s

-112 18 = 13.864

22,5% ...+50% E.U.A.= -200.000 a-115122,5+55.000+80.000 s-1

1522,5= 5.868 13,5% ...-10% E.U.A.= -200.000 a-1 913,5+55.000+80.000 s

-1 913,5 = 21.616

12% ...-20% E.U.A.= -200.000 a-1 8 12+55.000+80.000 s-1

8 12 = 24.160 7,5% ...-50% E.U.A.= -200.000 a-1 5 7,5+55.000+80.000 s

-1 5 7,5 = 31.516

Destes dados resulta a seguinte representação gráfica de E.U.A. em função das porcentagens alteradas dos diversos valores iniciais dos parâmetros do fluxo de caixa:

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E.U.A. Receitas Anuais Custos Operacionais 19.084 Valor Residual Vida de Serviço Vida de Serviço Taxa Mínima Aceitável de Retorno -50% 0% +50%

O gráfico de Sensibilidade demonstra que variações iguais a 50% relativas aos valores dos parâmetros Vida de Serviço, Custos Operacionais Anuais e Valor Residual praticamente não afetam o E.U.A., pelo que se pode dizer que tal valor é insensível a alterações dos parâmetros relacionados. Entretanto, variações da Receitas Anuais ou da Taxa Mínima Aceitável de Retorno afetam de forma mais preponderante o E.U.A., pelo que se pode dizer que tal valor é sensível a alterações dos dois últimos parâmetros relacionados. 5.4 - IMPOSTO DE RENDA E SUAS INFLUÊNCIAS O intuito aqui é mostrar que em muitos casos o imposto de renda tem que ser considerado para avaliar uma proposta. Até o momento, os estudos foram feitos “numa base anterior ao mesmo, sem considerar seus efeitos”. Na realidade muitos projetos notáveis, antes de levá-lo em conta, passam a ser desinteressantes após a avaliação das consequências que acarretam. Isto, de um modo geral, é tanto mais verdadeiro quanto maior for a taxa de incidência do imposto. Os exemplos que serão apresentados procurarão esclarecer a questão. Aconselha-se ao leigo grande cautela e a consulta a um especialista no assunto, sempre que tiver de lidar com aspectos fiscais. 5.4.1 - O Conceito de Depreciação Esta parte tratará basicamente da depreciação voltada para o ativo fixo e relacionada com problemas de engenharia econômica. Ativo Fixo Só existe sentido falar em depreciação para os ativos fixos de uma empresa. Define-se ATIVO FIXO como sendo aqueles bens cuja duração em uso é superior a um ano e que se destinam à utilização nas operações da empresa e não à venda. Inclui-se nesta

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categoria uma série imensa de pertences da firma, tais como máquinas, edifícios, terrenos, móveis e outros bens de natureza similar. Em linhas gerais, o imposto de renda incide sobre o que se denomina “lucro tributável”. A legislação em vigor chama de “lucro operacional” o resultado apurado pela contabilidade da empresa pelos métodos tradicionais, em consequência de suas atividades normais como personalidade jurídica de direito privado. A este lucro soma-se a receita líquida apurada incluindo certas transações eventuais. O lucro tributável é exatamente esta soma, deduzindo-se alguns valores, por serem isentos ou já terem sido tributados em outros momentos, e a depreciação.

Lucro Tributável e Lucro Operacional

A razão de ser da exclusão da depreciação para chegar ao lucro tributável é muito simples. Existem bens e direitos do ativo imobilizado de uma empresa que perdem seu valor com o tempo. Uma máquina que custou R$ 1.000,00 em 1985 e que deveria durar 10 anos (até 1995), em 1989 não mais vale R$ 1.000,00. Com o uso e o desgaste seu valor real diminui. Mantê-lo no ativo pelo seu valor original, inflacionado, ajustado ou não por um índice de reavaliação, seria incorreto. Assim a legislação tributária permite deduzir do lucro uma parcela correspondente a este desgaste. 5.4.1.1 - Processo da linha Reta10 No Brasil adota-se apenas um método de dedução. É o processo da linha reta. Divide-se o valor original da máquina pela sua vida média útil, obtendo-se o montante anual a deduzir. O próprio governose encarrega de publicar uma lista padronizando a vida média útil, de acordo com o tipo do bem. Assim, para um móvel cujo preço é de R$ 800,00 e tem 5 anos de vida, a depreciação anual vem a ser: R$ 800,00 ÷ 5 = R$ 160,00. Há muita lógica nisto. No caso acima, se o dono do equipamento não puder “guardar” uma certa quantia durante o seu período de funcionamento, não terá dinheiro para colocar outro em seu lugar, quando este ficar imprestável ( o que pode levar mais de 5 anos ou menos). Em outras palavras, é preciso dispor de parte da diferença entre receitas e despesas para se precaver contra a substituição dos equipamentos e manter as empresas em andamento. Quando se compra R$ 10.000,00 de letras imobiliárias, a juros de 8% a. a., só os juros são tributados para efeito de imposto. Ao resgatar a letra o investidor recebe os seus R$ 10.000,00 corrigidos monetariamente para evitar a desvalorização da moeda e a parte de juros. Se ao invés de comprar letras imobiliárias ele adquire pelo mesmo preço um táxi que lhe proporciona R$ 500,00 ao mês, durante 10 anos de vida útil estimada, ele deve tirar parte deste dinheiro para ficar em igualdade de condições com o caso anterior. Assim deduziria: R$ 10.000,00 ÷ 10 = 1.000,00 por ano ⇒ R$ 1.000,00 ÷ 12 = R$ 83,33 ao mês. Estes R$ 83,33 não são taxados pois visam a permitir ao dono do táxi comprar outro, do mesmo valor, caso queira, ao fim de 10 anos, quando seu primeiro táxi nada mais valer. Em suma, possibilitam a recuperação do capital investido, o que no exemplo das letras imobiliárias é automático com o resgate. O rendimento tributável de seu carro é de R$ 500,00 - R$ 83,33 = R$ 416,66 por mês.

10 Outros processos de Depreciação estão apresentados no Apêndice ......

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 67

É fundamental perceber que a depreciação não é um custo na acepção da palavra. Pelo contrário, é uma das maiores fontes de fundos para as empresas. A confusão comumente feita deve-se ao fato de que, ao se calcular o preço de venda de certo produto, a depreciação é encarada como “custo fixo”. Um exemplo esclarecerá as idéias.

EXEMPLO 4 Uma máquina custou R$ 90.000,00 e tem sua vida média útil estimada em 6 anos com valor residual de R$ 6.000,00. Qual a depreciação anual pelo método da linha reta? E o valor de livro após 3 anos?

Solução Depreciação anual = (R$ 90.000,00 - R$ 6.000,00)/6 = R$ 14.000,00 Valor de livro após 3 anos: R$ 90.000,00 - 3 x R$ 14.000,00 = R$ 48.000,00.

Se você consultar outros livros de finanças verá que quase todos eles consideram a

depreciação nos custos fixos. Não é errado. O que se quis realmenete mostrar aqui é que a depreciação não é uma despesa, uma quantia gasta. É uma reserva que serve de fonte para novos investimentos. Seja como for, seus efeitos têm que ser considerados no fluxo de caixa. Às vezes estima-se que um bem tenha um valor residual ao fim de sua vida útil. Uma certa máquina pode ser vendida ao ferro-velho ou entregue ao fabricante para que este possa usar algumas peças ainda em bom estado. A fórmula geral para calcular a depreciação é:

(Valor inicial do Ativo - Valor residual) / (Vida útil esperada do Ativo).

dC R

n=

-0

d = cota de depreciação C0 = Valor Inicial do Ativo R = Valor Residual n = Vida ütil esperada. Por exemplo, um certo equipamento custou R$ 500,00. Seu valor residual após 8 anos de vida útil estimada será R$ 100,00. A depreciação anual é: (R$ 500,00 - R$ 100,00) / 8 = R$ 50,00 Na forma de taxa a carga anual de depreciação pode ser T

C Rx=

d-0

100 Tn

=100

onde T representa a taxa percentual anual de depreciação Atualmente, as seguintes taxas-limites de depreciação anual, fixadas pela jurisprudência administrativa, são permitidas pela regulamentação do Imposto de Renda: • 10% para móveis e utensílios; • 20% para maquinaria e acessórios industriais; • 20% para veículos;

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 68

• 4%para edifícios e construções. Estas taxas são válidas para o trabalho realizado em um turno de oito horas. Quando se opera em dois ou três turnos, elas podem ser multiplicadas por 1,5 ou 2,0, respectivamente

O valor de um bem no balanço é influenciado pela depreciação. O valor contábil ( “book value”) de um bem nada mais é que a porção de seu custo inicial que ainda não foi transferido para a reserva para depreciação. No exemplo anterior, após o 3º. ano de funcionamento o valor contábil do equipamento será: R$ 500,00 - 3 x R$ 50,00 = R$ 350,00 Note-se que isto não é uma avaliação e sim um processo de alocação de recursos. Nada indica que seu valor real de mercado, ignorando a inflação, seja R$ 350,00. Tanto pode ser mais, como menos. Se ao cabo dos citados 3 anos o bem for vendido por R$ 380,00, diz-se que houve um ganho contábil de R$ 30,00 na Disposição do bem , pois já se reservou R$ 150,00 na conta de depreciação para o mesmo. Do mesmo modo, se for vendido por R$ 300,00, houve uma perda contábil de R$ 50,00. Os valores contábeis não servem como base para uma decisão. O que interessa é o valor real do bem. Um equipamento pode ficar obsoleto bem antes do prazo estimado para sua vida útil, simplesmente porque surgiu no mercado outro melhor. Seu valor de mercado pode ser nulo enquanto que contabilmente tal não ocorra. Para decidir se deve ser substituido usa-se o valor de mercado, com referência ao preço pelo qual pode ser vendido. Existem naturalmente outros conceitos de valor, como valor para o proprietário, valor de liquidação, valor de reprodução, etc. O fato é que depreciação e imposto de renda são assuntos complexos. Nem sempre a vida útil de um bem, ou seu valor residual, coincidirão com os valores estimados. Bens são comprados durante o ano e não exatamente no dia 1º. De janeiro. E por aí afora. Os princípios básicos foram apresentados. Para maiores detalhes existe uma vasta legislação a enfrentar.

EXEMPLO 5 Planeja-se um edifício de 3 andares. Futuramente outros 3 andares serão requeridos. Dois projetos

estão em estudos. Projeto A custa inicialmente R$ 420.000,00. Projeto B custa R$ 10.000,00 a mais, mas facilita a construção dos pavimentos futuros, tanto que sua confecção acarretará apenas R$ 400.000,00 de gastos adicionais, enquanto que no caso de plano A os novos andares custarão mais R$ 500.000,00. A vida média do prédio é de 60 anos em ambos os casos. O valor residual é nulo. Manutenção pelo plano B será R$ 1.000,00 por ano mais barata do que por A. Outros custos serão iguais. A juros de 3% a.a., quão cedo serão os pavimentos adicionais requeridos para justificar o plano B?

Solução Para achar o “break even time” faz-se: Valor atual do plano B = Valor atual do plano A R$ 490.000,00 + R$ 400.000,00 (1 + .03)-n = R$ 420.000,00 + R$ 500.000,00 x (1 + .03)-n + R$ 1.000,00 a603

(1 + .03)-n = 0,4232 ⇒ n = log ,log ,

0 42321 03

= 29,1 anos

EXEMPLO 6

Um indivíduo tem duas alternativas:

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 69

a. Emprestar 1 milhão de reais a 6% ao ano durante 10 anos b. Comprar uma fábrica completa que custa R$ 1.000.000,00 e deve durar 10 anos. Seus custos fixos (não

variam com o volume de produção dentro de certos limites) montam a R$ 200.000,00 anuais. Produz um único artigo cujo custo variável ( varia proporcionalmente com a produção) é igual a R$ 40,00 por unidade. Não existem custos de venda, pois tudo é absorvido por um único cliente que compra 10.000 unidades por ano, correspondentes a toda a produção. Não há inflação.

Comparar as duas alternativas para diversos preços de venda, antes do imposto de renda.

Solução a. Para a primeira alternativa o fluxo de caixa é óbvio.

Ano R$ 0 - 1.000.000,00

1 a 10 60.000,00 10 + 1.000.000,00

O valor atual é: - 1.000.000,00 + 60.000,00 a10 iResolvendo para i = 6% o valor atual se anula.

+ 1.000.000,00 (1 + i)-10

b. Para a segunda alternativa, com preço de venda de R$ 66,00 tem-se: Custo fixo = R$ 200.000,00 Custos variáveis = R$ 40,00 x 10.000 = R$ 400.000,00 Custo total = R$ 600.000,00 Custo médio = R$ 600.000,00 ÷ 10.000 = R$ 60,00 Se o indivíduo vender o produto por R$ 66,00 o seguinte fluxo de caixa aparece:

Ano R$ 0 - 1.000.000,00

1 a 10 + 60.000,00 10 0

É fácil perceber que terá um prejuízo imenso pois não chega nem a recuperar o que investiu. c. Para um preço unitário de venda de R$ 76,00 e fazendo uma previsão

para a depreciação, vem: Custo total R$ 600.000,00 Depreciação anual = R$ 1.000.000,00 ÷ 10 = R$ 100.000,00 Jogando a depreciação no custo total, para efeito de raciocínio, o custo médio passa a R$ 70,00. Vendendo o produto a R$ 76,00 por unidade o fluxo é:

Ano R$ 0 - 1.000.000,00

1 a 10 + 160.000,00 10 -----

Seu valor atual é dado por: - 1.000.000,00 + 160.000 x a10i , que se anula para i = 9,6%. Note-se que:

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i. A taxa de retorno é superior a 6% pois a reserva para um fundo de depreciação permite que se recupere o capital ao longo do período e não apenas no último ano.

ii. A depreciação não é um custo. Os R$ 100.000,00 de depreciação retornam às mãos do investidor, que passa a aplicá-los. O cálculo acima subentende que ele os aplica a 9,6% na fábrica e não a 6%. Trata-se de uma fonte de fundos para reinvestir. O problema é achar a taxa de reinvestimento. Nem sempre é vantajoso ou mesmo possível reinvestir tudo no mesmo empreendimento. Caso os R$ 100.000,00 de depreciação anual não fossem aplicados, e simplesmente guardados “dentro do colchão” a taxa “i“ seria de 6%.

d. Para um preço unitário de venda de R$ 73,69 A este preço haverá uma equivalência perfeita entre as duas alternativas.

Ano R$ 0 - 1.000.000,00

1 a 10 - 135.900,00 10 0

O valor atual é dado por: - 1.000.000,00 + 135.900,00 x a10i que a taxa i = 6% se anula. Vendendo por R$ 73,59 cada artigo, a receita total vem a ser R$ 735.900,00 e o custo total R$ 600.000,00. A diferença inclui a depreciação.

EXEMPLO 7 Um ativo depreciável tem um custo inicial de R$ 60.000,00. O valor residual estimado após um período de utilização de oito anos, correspondentes à sua vida fiscal, é de R$ 4.000,00. Determinar: a. A quota de depreciação anual; b. A taxa percentual anual de depreciação; c. A depreciação acumulada no quinto ano; d. O valor contábil do ativo após cinco anos.

Solução a. Cota anual de depreciação. A depreciação é dada pela fórmula:

dC R

n=

-0

Fazendo-se as substituições, tem-se:

d =-6 0 0 0 0 4 0 0 0

8. .

⇒ d = 7.000/ano

b. Taxa percentual de depreciação. T = 100/n = 100/8 = 12,5% a.a. c. Depreciação acumulada no quinto ano D5 = n x d = 5 x 7.000 = 35.000 d. Valor contábil do ativo após cinco anos. C5 = C0 - D5 = 60.000 - 35.000 = 25.000

5.4.2 - IMPOSTO DE RENDA EM ESTUDOS ECONÔMICOS

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 71

É fora de questão que o imposto de renda deve ser considerado ao se escolher entre alternativas. Isto porém não significa que deve ser incluído sempre nos cálculos. Em muitos casos, a melhor alternativa, antes do imposto continua a ser a mais vantajosa após o mesmo. Por outro lado, uma taxa mínima de atratividade que satisfaça o investidor antes do imposto de renda pode transformar-se em desinteressante se este for considerado. De um modo geral, se a taxa mínima de atratividade for de 10% a. a., antes do imposto de renda e este estiver estimado em 30% a.a., a taxa após o imposto será: 10% x (1 - 0,30) = 7% a.a. Antes de mais nada é preciso frisar que o imposto é uma despesa. Trata-se de um dinheiro gasto, a ser deduzido do fluxo de caixa. Como já foi explicado, ele incide sobre o lucro líquido deduzindo-se a depreciação. O Imposto de Renda incide sobre o lucro tributável da empresa. Este, por sua vez, é influenciado por procedimentos de contabilidade da depreciação, que visam assegurar condições para a reposição dos ativos da companhia, quando isto se tornar necessário à continuidade das operações. Por esta razão, a legislação tributária permite às empresas deduzirem de seu lucro anual a correspondente carga de depreciação para fins de cálculo de Imposto de Renda. Um exemplo serve para fixar as idéias:

EXEMPLO 8

Uma máquina está estimada em R$ 1.500,00 com vida média útil de 5 anos e seu valor residual é de R$ 300,00. Durante o seu período de uso acredita-se que reduza as despesas com mão-de-obra em R$ 700,00 ao ano, acarretando, por outro lado, um gasto adicional de R$ 200,00 anuais para manutenção, seguros, energia, etc. Não há inflação. O imposto de renda da firma em questão está na faixa de 30%. Estudar o caso, levando em conta o imposto de renda.

Solução Depreciação anual = (R$ 1.500,00 - R$ 300,00)/5 = R$ 240,00 Anos Fluxo de

caixa antes do imposto

Dedução da Depreciação

Renda Adicional Tributável

Imposto de Renda

Fluxo de Caixa após o imposto

0 1.500 -1.500 1 a 5

500 240 + 260 -78 +422

5 300 +300 A taxa de retorno será aquela que satisfaz a equação: 1.500 = 422 x a5i + 300 x a5i o que se verifica para i = 16%. Resumindo os conceitos apresentados, para considerar o imposto de renda na comparação entre alternativas, o seguinte procedimento é aconselhado: I. Diferenças anuais entre as alternativas devem ser estimadas originando um fluxo de

caixa da incidência do imposto; II. Diferenças de renda adicional tributável são calculadas, aplicando-se as deduçãoes

relativas à depreeciaçào;

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 72

III. Estima-se a taxa de imposto; IV. Calcula-se a despesa com o imposto adicional. Note-se que se trata de diferença entre

alternativas; V. Obtém-se o fluxo de caixa após o imposto e este é avaliado A importância deste tipo de estudo é muito grande. Em certos empreendimentos, como investimentos em áreas do Governo, existem incentivos fiscais como isenções tributárias dos rendimentos produzidos por investimentos na região, geralmente pelo prazo de anos. Para comparar alternativas em que uma delas goza de tais privilégios,é evidente que a análise deve ser concentrada nas diferenças entre fluxos de caixa após a cobrança do imposto, conforme se ilustra no exemplo a seguir:

Incentivos Fiscais

EXEMPLO 9

Um grupo de capitalistas está em dúvida apenas quanto ao local a escolher para montar uma fábrica. A decisão de levar o empreendimento para adiante já foi tomada. Duas áreas estão em estudo. A primeira, Santos, reune as vantagens de estar perto das fontes de matéria prima e do mercado consumidor. A segunda, Aratu, Bahia, apresenta a perspectiva dos incentivos fiscais . Construindo a fábrica em Santos, seu custo inicial sairá por R$ 10.000.000,00, enquanto que em aratu isto custará menos R$ 2.000.000,00 por causa da isenção sobre imposto de importação de bens de ativo fixo. Para o volume de produção pretendido( idêntico em ambos casos) espera-se umlucro líquido anual de R$ 1.200.000,00 antes do imposto de renda, caso a fábrica seja em Santos. Haverá uma diferença de R$ 400.000,00 para mais nos custos anuais se Aratu for escolhida. A fábrica tem a vida média útil estimada em 20 anos. A taxa de imposto de renda atingirá 30% para Santos e zero durante dez anos para Aratu, subindo depois para os mesmos 30%. Não há inflação. A taxa mínima de atratividade é de 6%.

Solução O fluxo de caixa para Santos ( em R$ 1.000,00) Anos Fluxo de Caixa

antes do imposto

Dedução da Depreciação

Renda Adicional Tributável

Imposto de Renda

Fluxo de Caixa Após o Imposto

0 - 10.000 - 10.000 1 a 10 +1.200 -500 700 - 210 990 11 a 20 +1.200 -500 700 - 210 990

Calculando a taxa de rendimento vem i = 7,5% O fluxo de caixa para Aratu ( em R$ 1.000,00) Anos Fluxo de

Caixa antes do imposto

Dedução da Depreciação

Renda Adicional Tributável

Imposto de Renda

Fluxo de Caixa Após o Imposto

0 - 8.000 - 8.000 1 a 10 +800 -100 +800 11 a 20 +800 -100 400 120 +800 Taxa de rendimento: i = 7% Assim, sendo os investimentos iniciais aproximadamente iguais, sem as vantagens dos incentivos fiscais, Santos é a melhor localização. Um outro método seria analisar as diferenças entre os fluxos de caixa após imposto de renda. Diferenças entre Fluxos de Caixa(Santos-Aratu) em R$ 1.000,00

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 73

Ano Diferenças dos Fluxos 0 - 2.000 1 - 10 + 190 11 - 20 + 310

Taxa de rendimentos: i = 9,5 % Logo a diferença (Santos - Aratu) tem rendimento superior à taxa mínima de atratividade. Santos é a melhor localização para o caso apresentado. Infelizmente o efeito das tributações não é tão simples assim. Indivíduos pagam seu imposto no ano seguinte ao qual a renda foi recebida. Existe, pois, uma folga entre a efetivação das receitas e despesas que dão origem à renda tributável e a cobrança do imposto. Nos Estados Unidos tal cobrança é feita no mesmo ano e ao se analisarem os fluxos de caixa anuais, pode-se desprezar esta folga. No Brasil, em muitos casos, apenas um ano depois vem o pagamento do tributo. Por outro lado, indivíduos sofrem retenções na fonte. Tudo isto tem que ser considerrado ao se preparar o fluxo de caixa. Outra coisa merecedora de atenção é que o governo pode ser considerado um sócio, tanto nos negócios produtivos como nos improdutivos. Quando um certo empreendimento trouxer prejuízos estes podem ser subtraídos de outros que acarretam ganhos na hora de calcular a renda tributável. Caso os últimos existam, pode-se fazer a dedução nos anos seguintes até um certo limite de tempo. Seja como for, a participação do governo em investimentos improdutivos depende de ter o contribuinte uma renda tributável oriunda de outra fonte. Em suma, a análise após a tributação serve para ver se um empreendimento continua a ser satisfatório quando esta despesa é levada em conta. Nos Estados Unidos, onde vários métodos de depreciação são usados, sendo que uns deduzem mais no início do que no fim da vida útil dos bens, a análise tende a ser mais complexa. Para dar um exemplo da importância deste tipo de raciocínio basta dizer que não raro uma firma adquire uma outra que tem prejuízos apenas para poder deduzir tais perdas do seu lucro tributável, obtendo, no final de contas, uma vantagem. Repita-se mais uma vez que tudo isto não é simples e em geral apenas um especialista no assunto tem condições de dar parecer definitivo.

EXEMPLO 10 A - ) Um indivíduo tem R$ 10.000,00 para investir. Ele pode investir numa financeira que lhe dá 8% ao ano pagos semestralmente. Ele recolhe os juros e tem que pagar 25% de imposto de renda. Após 10 anos, ele recupera seu investimento inicial de R$ 10.000,00. Qual o retorno que ele realmente obtém?

Solução

O que devemos fazer é calcular a taxa de retorno de um fluxo com

valores de 4% (ao semestre) de 10.000,00 = 400,00; tirando os 25% de imposto de renda , resulta R$ 300,00 por período ( semestre). 10.300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 74

1 2 3 4 5 6 7 18 19 20 10.000 -10.000 + 300 a20i + 10.000 (1 + i)

-20 = 0 Pela HP-12C, temos i* = 2,89% a.s. (semestral). Isto resulta numa taxa de retorno anual de i* = (1 + 0,0289)2 - 1 = 5,86% a. a. B - ) O mesmo indivíduo tem, agora, a possibilidade de comprar, na bolsa, títulos no valor nominal de R$ 1.000,00 cada um , pagando 5% anuais pagos semestralmente. Como a bolsa está em baixa, ele pode comprar cada um por R$ 833,33, ou seja, pode comprar 12 títulos com seus R$ 10.000,00 disponíveis. Ele não precisa pagar imposto de renda sobre os juros (isenção). Entretanto, terá que pagar R$ 300,00 de imposto no resgate ( a R$ 25,00 x 12). Qual a nova taxa de retorno?

Solução Temos i = 2,5% a.s. sobre 12.000,00 ( 12 títulos de R$ 1.000,00): 0.025 x 12.000 = R$ 300,00. 12.000 + 300 - 300 = 12.000 300 300 1 2 3 4 5 19 20 10.000 Para o retorno semestral, temos: - 10.000 + 300 a20i + (12.000 - 300) (1 + i

*)-20 = 0 i* = 3,46% a.s.

EXEMPLO 11 Uma máquina está estimada em R$ 16.000,00, com vida econômica igual a seis anos. Após este tempo,a máquina será retirada de operação com valor residual líquido nulo. Durante a utilização, acredita-se que venham a ser reduzidas despesas com mão-de-obra em R$ 5.000,00 em cada ano. Verificar a taxa interna de retorno do projeto para: a. b. c.

a.

Uma vida contábil de 4 anos. Uma vida contábil de 6 anos. Uma vida contábil de 7 anos.

Solução Vida contábil de 4 anos

Como se pode observar, este caso corresponde ao de uma vida contábil menor que a vida econômica do ativo. O quadro tabulado a seguir permite melhor visualização da solução do problema: Ano Fluxo de

Caixa Depreciação Anual

Lucro Tributável

Imposto de Renda

Fluxo de Caixa após o

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 75

antes do Imposto de Renda

a

b c = a + b d = 0,35xc Imposto de Renda e = a + d

0 -16.000 -16.000 1 + 5.000 -4.000 +1.000 - 350 + 4.650 2 + 5.000 -4.000 +1.000 - 350 + 4.650 3 + 5.000 -4.000 +1.000 - 350 + 4.650 4 + 5.000 -4.000 +1.000 - 350 + 4.650 5 + 5.000 +5.000 -1.750 + 3.250 6 + 5.000 +5.000 -1.750 + 3.250 Arbitrando taxas, tem-se: Para i = 15% .................PV = + 297 Para i = 16% .................PV = - 107 Interpolando, temos i = 15,7% b. Vida contábil de 6 anos. Este caso corresponde a uma vida contábil igual à vida econômica do ativo. São as seguintes as tabulações de fluxos de caixa: Ano Fluxo de

Caixa antes do Imposto de Renda

a

Depreciação Anual

b

Lucro Tributável c = a + b

Imposto de Renda d = 0,35xc

Fluxo de Caixa após o Imposto de Renda e = a + d

0 -16.000 -16.000 1 + 5.000 -2.667 +2.333 -817 + 4.183 2 + 5.000 -2.667 +2.333 -817 + 4.183 3 + 5.000 -2.667 +2.333 -817 + 4.183 4 + 5.000 -2.667 +2.333 -817 + 4.183 5 + 5.000 -2.667 +2.333 -817 + 4.183 6 + 5.000 -2.667 +2.333 -817 + 4.183 Para i = 14% ............. PV = + 266 Para i = 15% ............. PV = - 169 Interpolando, tem-se i = 14,6% a.a. c. Vida contábil de 7 anos.

Este caso corresponde a uma vida contábil maior que a vida econômica do ativo. São as seguintes as tabulações de fluxos de caixa: Ano Fluxo de

Caixa antes do Imposto de Renda

a

Depreciação Anual

b

Lucro ou Perda Contábil

c

Lucro Tributável c = a+b

Imposto de Renda d = 0,35xc

Fluxo de Caixa após o Imposto de Renda e = a + d

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 76

0 -16.000 -16.000 1 + 5.000 -2.286 +2.714 -950 + 4.050 2 + 5.000 -2.286 +2.714 -950 + 4.050 3 + 5.000 -2.286 +2.714 -950 + 4.050 4 + 5.000 -2.286 +2.714 -950 + 4.050 5 + 5.000 -2.286 +2.714 -950 + 4.050 6 + 5.000 -2.286 -2.286 + 428 -150 + 4.850 Para i = 14% ............. PV = + 114 Para i = 15% ............. PV = - 327 Interpolando, tem-se i = 14,3% a.a. Resumindo, tem-se: Vida Contábil

Anos Taxa de Retorno

% 4 15,7 6 14,6 7 14,3

Como facilmente pode ser verificado, quanto menor a vida contábil ou, equivalentemente, quanto mais rapidamente for realizada a depreciação, melhor será a taxa de retorno, dado que o pagamento de maiores valores de impostos é postergado para períodos mais remotos, melhorando a rentabilidade do projeto.

EXEMPLO 12 Resolver o exemplo anterior, admitindo-se que o projeto apresentará um valor residual de R$ 3.000,00.

Solução

5.5 SUBSTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS A substituição de equipamentos e, de modo geral, a renovação ou modernização de instalações constituem um dos campos em que os métodos da Engenharia Econômica têm sido aplicados com maior sucesso.

Aplicação da Engenharia Econômica

Em síntese, o problema consiste em determinar se a redução de custos decorrente da substituição, compensa o investimento que se faz necessário. O que se procura é comparar os fluxos de caixa com e sem a substituição proposta, a fim de escolher a melhor solução.

O Procedimento

Conforme a natureza dos equipamentos ou das unidades envolvidas, os problemas de substituição podem ser classificados em dois tipos; substituiçào de unidade que se destroem e substituição de unidades que se desgastam. O caso de unidades que se destroem pode ser exemplificado considerando-se um equipamento dotado de componentes eletrônicos que cessam repentinamente de funcionar após certo tempo de uso. A vida de cada componente obedece a uma lei probabilística, de modo que não se pode prever com exatidão a hora em que irá falhar. Por outro lado, o custo de uma falha engloba não só a substituição do componente, como também perdas devidas ao não funcionamento do equipamento. Nestas condições, a decisão jaz entre

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 77

efetuar a substituição apenas dos componentes que falham, na ocasião em que as falhas ocorrem, ou substituir todo o grupo a intervalos regulares diminuindo assim a probabilidade de ocorrência de falhas e paradas não programadas. Em muitos casos, a paralisação súbita do equipamento acarreta perdas tão grandes que a substituição em grupo dos componentes, antes mesmo da sua vida média ter sido atingida, torna-se plenamente justificável. Entretanto, o tratamento quantitativo deste tipo de problema depende do conhecimento de Teoria de Probabilidade e foge ao escopo deste curso. O caso de unidades que se desgastam é típico dos equipamentos cuja eficiência decresce gradativamente com o tempo, provocando aumento nos custos de operação e manutenção, além de prejudicar a qualidade do serviço proporcionado. Nestes casos, torna-se necessário decidir sobre a conveniência de manter o equipamento em uso por mais tempo ou efetuar a substituição. Alguns exemplos de problemas desta classe serão examinados a seguir. 5.5.1 - Vida Econômica de Equipamentos Em se tratando de unidades que se desgastam, frequentemente ocorre que o equipamento será substituido por outro com características idênticas, diferenciando-se apenas pelo fato de ser novo. Após certo tempo, o equipamento novo terá sofrido desgaste e será, por sua vez, substituído por outro idêntico e assim por diante. O problema, consiste em determinar o intervalo ótimo entre duas substituições, denominado vida econômica do equipamento. Conforme foi dito, o modelo supõe que o equipamento novo apresenta as características idênticas ao antigo e raliza as mesmas funções. Supõe-se, ainda, que a decisão de substituir não afeta a receita da empresa, contribuindo apenas para a redução de custos. (Observe-se que uma diminuição na receita pode ser sempre encarada como um custo). A determinação da vida econômica é feita pela comparação dos custos que decorrem da utilização do equipamento durante diferentes períodos de tempo. Para fins de análise, o custo de se manter um dado equipamento em uso durante “n” anos pode ser decomposto em custo de capital e custo de operação e manutenção. O custo de capital deve-se ao fato do valor de revenda, em termos reais, ser sempre inferior ao preço do equipamento novo. Representando-se por “P” o preço e por “L” o valor de revenda após “n”anos, tem-se o seguinte fluxo de caixa: L 0 1 2 n P Fluxo de Caixa do Custo de Capital

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 78

O custo anual equivalente é dado por RC = P x ani

-1 - L x sni-1 ,

o qual pode ser escrito como RC = (P - L) ani

-1 + L x i Observa-se que esta parcela decresce quando “n” aumenta.

As despesas anuais de operação e manutenção, por sua vez, tendem a crescer à medida que o equipamento envelhece. De modo geral, tem-se para estas despesas um fluxo do tipo

0 1 2 n

C1 Fluxo de Caixa do Custo de Operação e Manutenção C2 Cn onde C1 ≤ C2 < Cn . O custo de operação e manutenção (R0) é obtido transformando-se este fluxo numa série uniforme equivalente11. Assim, o custo anual do equipamento para uma vida de “n” anos é dado pela soma RC + R0, onde o custo de capital (RC) decresce com “n”, ao passo que o custo de operação (R0) varia em sentido inverso. A vida econômica corresponde ao valor de “n” para o qual a soma RC + R0 é mínima.

EXEMPLO 6 Uma empresa transportadora utiliza caminhões de determinado tipo, cujo preço é de R$ 24.000,00. São conhecidos os seguintes elementos de custo, expressos em reais constantes: Idade do Caminhão em anos 1 2 3 4 5 6 7 8 Despesas de operação em R$ 4.000 5.600 7.200 8.800 10.400 12.000 13.600 15.200 Valor de Revenda em R$ 12.000 6.000 3.000 1.500 800 800 800 800 Considerando juros reais de 10% ao ano, pede-se a vida econômica dos caminhões e o custo anual correspondente.

Solução Em geral, a maneira mais simples de se resolver este tipo de problema é proceder por tentativas, arbitrando valores para a vida econômica e calculando o custo anual correspondente, até que o valor mínimo seja encontrado. Tentativa # 1... Para uma vida de 5 anos, tem-se o seguinte fluxo de caixa: L = 800 4.000 5.600 7.200

11 Calcula-se o Valor Presente deste fluxo de caixa e após transforma-se o Valor Presente numa série uniforme equivalente.

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 79

P = 24.000 8.800 10.400 O custo de capital é dado por: RC = (P - L) x ani

-1 + L x i = (24.000 - 800) a510-1 + 800 x 0,10 = = 23.200 x 0,2637 + 80 = 6.200 O custo de operação, supondo que as despesas anuais ocorrem no fim dos períodos, conforme ilustra o diagrama, é: R0=4.000 (1.1)

-1 a510-1 +5.600 (1.1)-2 a510

-1 +7.200(1.1)-3 a510-1 +

8.800(1.1)-4 a5 10 5 10R

-1 + 10.400(1.1)-5 a

-1 0 = [4.000 (1.1)

-1 + 5.600 (1.1)-2 + 7.200 (1.1)-3 + 8.800 (1.1)-4 + 10.400 (1.1)-5] a5 10 = = [4.000x0.91 + 5.600x0.83 + 7.200x0.75 + 8.800x0.68 + 10.400x0.62]x0.26

-1

= [3.640 + 4.648 + 5.400 + 5.984 + 6.448]x0.26 = = [26.120 x 0.26] = 6.791,20 O custo anual para a vida de 5 anos é, pois, (6.200 + 6.791,20) = 12.991,20. Tentativa # 2......Para uma vida de 6 anos, um cálculo semelhante conduz aos seguintes valores: custo de capital = R$ 5.400,00 custo de operação = R$ 7.552,00 custo anual = R$ 12.952,00 Tentativa # 3........Para uma vida de 7 anos, os valores são: custo de capital = R$ 4.828,00 custo de operação = R$ 8.192,00 custo anual = R$ 13.020,00 A vida econômica dos caminhões é, portanto, de 6 anos, após os quais a empresa deve renovar a frota. Mantida esta política, cada caminhão custará à empresa o equivalente a R$ 12.952,00 por ano. (Em termos práticos, entretanto, a pequena diferença entre os valores encontrados para os custos anuais torna indiferente efetuar a substituição de 5 em 5, 6 em 6 ou 7 em 7 anos. Outras considerações, como, por exemplo, disponibilidade de fundos norteariam a decisão).

EXEMPLO 7

Determinada empresa possui a frota de caminhões especificada no exemplo anterior, com 2 anos de idade. Surge no mercado um caminhão similar, cuja vida econômica é de 5 anos e cujo custo anual, a juros de 10% ao ano, é de R$ 9.440,00. Convém efetuar a troca? Caso afirmativo, quando?

Solução O problema envolve uma decisão a longo prazo (trocar!!) e outra a curto prazo (quando????). Na primeira, o fator a ser considerado é o custo anual. Assim, convém a troca, pois esta produzirá economias anuais de R$ 12.952,00 - R$ 9.440,00 = R$ 3.512,00 por caminhão. Entretanto, isto não significa que a troca deve ser feita imediatamente. Na decisão a curto prazo, é preciso comparar o custo

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anual de caminhão novo com o custo de se manter o modelo atual por mais um ano, mais dois anos, etc. Assim, trocar significa incorrer em custos de R$ 9.440,00 no próximo ano e nos anos seguintes. Manter o modelo atual por mais um ano significa investir R$ 6.000,00 (deixar de ganhar o valor de revenda correspondente a dois anos de idade), gastar R$ 5.600,00 em despesas de operação e efetuar a venda do caminhão daqui a um ano por R$ 3.000,00. Esta alternativa envolve um custo de R$ [1.600,00 x (1 + 0,10) + 5.600,00 - 3.000,00] = R$ 9.200,00. A comparação mostra que a troca imediata não é conveniente, pois o custo no próximo ano será menor se os caminhões atuais forem mantidos. O mesmo estudo será repetido daqui a um ano. Nesta ocasião, o caminhão atual terá 3 anos de idade e operá-lo por mais um ano envolverá custos de R$ [3.000,00 (1 + 0.10) + 7.200,00 - 1.500,00] = R$ 9.000,00 Ainda não convém a troca. Daqui a dois anos, a operação do caminhão atual custará R$ [1.500,00 (1 + 0.10) + 8.800,00 - 800,00] = R$ 9.650,00. Não é mais vantagem manter o caminhão atual, pois o custo incremental é maior que o custo anual do caminhão novo. Portanto, a troca deve ser feita daqui a dois anos, quando os caminhões atuais tiverem 4 anos de idade.

5.5.2 Substituição Vista como Alternativa de Investimento Alguns problemas de substituição nada mais são do que problemas de seleção de alternativas de investimento e podem ser tratados pelo método de avaliação já vistos. O exemplo que se segue ilustra este fato.

EXEMPLO 8 Há dez anos uma fábrica adotou um processo que necessitava de 12 milhões de galões de água por dia. Instalou-se, então, uma canalização de aço com 30 polegadas de diâmetro cujo custo inicial foi de R$ 80.000,00. Bombear a água tem custado R$ 6.900,00 por ano. A depreciação da canalização foi calculada considerando-se uma vida de 20 anos. Agora a fábrica modificou o processo e passará a necessitar o dobro da quantidade de água; isto provocará um aumento no custo de bombeamento. Os engenheiros da fábrica verificaram que as seguintes alternativas são tecnicamente viáveis. PLANO A . Manter a instalação atual. O aumento de vazão provocará maiores perdas por atrito e o custo de bombeamento será R$ 50.100,00 PLANO B. Instalar outra canalização d e30 polegadas. Cada linha transportará 12 milhões de galões por dia e envolverá um custo de R$ 6.900,00 por ano. A nova linha custará R$ 150.000,00. PLANO C. Vender a canalização atual por R$ 40.000,00 e instalar outra de 42 polegadas, cujo custo é de R$ 240.000,00. As despesas de bombeamento serão de R$ 9.700,00 por ano PLANO D. Vender a canalização atual e instalar uma de 48 polegadas. O custo inicial é de R$ 300.000,00 e as despesas anuais serão de R$ 5.100,00. Espera-se que a fábrica altere o processo daqui a algum tempo, de modo que o estudo deve ser feito considerando-se um período de 10 anos. Nesta ocasião a canalização atual terá valor de revenda nulo; supõe-se que as canalizações novas tenham valor de revenda igual a 50% do seu custo inicial.

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 81

Para questões de impostos e contabilidade, as instalações novas serão depreciadas à razão de 5% ao ano. Existe um imposto municipal de 1% ao ano, calculado sobre o custo inicial das canalizações. O imposto de renda é de 30%. A empresa usa taxa de juros de 6% ao ano nos seus estudos econômicos. Qual a melhor alternativa ?

Solução Qualquer dos métodos de avaliação de alternativas de investimento pode ser empregado, porém o método do custo anual é especialmente aconselhável. Além dos custos mencionados, é preciso levar em conta a influência do imposto de renda. Os valores correspondentes à depreciação, imposto municipal e custo do bombeamento são considerados despesas do poonto de vista contábil; a existência destas despesas diminui o lucro tributável, contribuindo, portanto, para a redução do imposto de renda pago pela empresa. Na avaliação das alternativas, esta redução deve ser encarada como uma receita adicional. (Se ocorre em ganhos e perdas de capital, que não existem neste exemplo, o imposto sobre tais valores também deveria ser incluído na análise). Isto posto, pode-se avaliar o efeito do imposto de renda: Plano A Plano B Plano C Plano D Despesas(em Reais constantes) Depreciação

4.000 11.500 12.000 15.000

Imposto Municipal 800 2.300 2.400 3.000 Bombeamento 50.100 13.800 9.700 5.100 TOTAL 54.900 27.600 24.100 23.100 Redução do Imposto de Renda (30% das despesas totais)

16.470 8.280 7.230 6.930

O custo anual dos diferentes planos, expressos em reais constantes será: PLANO A Custo de capital = 40.000 x a10 6Imposto Municipal = ..................................R$ 800,00

-1 = ..................R$ 5.430,00

Custo de bombeamento = ...............................R$ 50.100,00 ______________ Subtotal = ...........................................R$ 56.330,00 Redução do Imposto de Renda = ........................R$ 16.470,00 _____________ TOTAL = ..............................................R$ 39.860,00 PLANO B Custo de capital canalização atual = 40.000 x a106

-1 = .......................R$ 5.430,00 canalização nova=(15.000 - 75.000) x a106

-1 + 75.000 x 0,06 =R$ 14.700,00 Imposto Municipal = 800 + 1.500 = ........................R$ 2.300,00 Custo de bombeamento = 2 x 6.900,00........................R$ 13.800,00 ______________ Subtotal = .................................................R$ 36.230,00 Redução do Imposto de Renda = ..............................R$ 8.280,00 _____________ TOTAL = ....................................................R$ 39.860,00 PLANO C

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 82

Custo de capital = (240.000 - 120.000)a10 6Imposto Municipal = ........................................R$ 2.400,00

-1 + 120.000x0,06= R$ 23.520,00

Custo de bombeamento = ......................................R$ 9.700,00 ______________ Subtotal = .................................................R$ 35.620,00 Redução do Imposto de Renda = ..............................R$ 7.230,00 _____________ TOTAL = ....................................................R$ 28.390,00 PLANO D Custo de capital = (300.000 - 150.000)a10 6Imposto Municipal = ........................................R$ 3.000,00

-1 + 150.000x0,06= R$ 29.400,00

Custo de bombeamento = ......................................R$ 5.100,00 ______________ Subtotal = .................................................R$ 37.500,00 Redução do Imposto de Renda = ..............................R$ 6.930,00 _____________ TOTAL = ....................................................R$ 30.570,00 Conclui-se que o “Plano B” é mais econômico. A decisão é manter a canalização atual e acrescentar outra de 30 polegadas. Isto custará à empresa o equivalente a R$ 27.950,00 anuais.

5.5.3 O Problema do Lote Ótimo de Produção Ehrlich pg 104 5.6 FINANCIAMENTO A Engenharia Econômica é uma das muitas áreas de Finanças. Ela se preocupa com o emprego eficiente dos fundos. Acontece que CAPITAL é um fator de produção escasso. Até o momento, o estudo das alternativas foi feito sem levar em conta a origem dos fundos. Em geral há três fontes básicas de fundos: • o capital próprio - é fornecido pelos iniciadores de um empreendimento, sócios atuais,

lucros das operações normais da empresa retidos para reinvestimento, diversas reservas existentes, incluindo depreciação; ou ainda, os recursos de propriedade de novos sócios.

• empréstimos a curto prazo - na sua maioria empregados para financiar o capital de giro das empresas, vêm de bancos, fornecedores, etc. Comumente são pagos em prazo inferior a 1 ano. Alguns são renováveis contendo cláusulas que obrigam a liquidação total da dívida antes da renovação.

• financiamento a longo prazo - São concedidos pelas financeiras, bancos de desenvolvimento, investimento, certos bancos, etc Têm duração superior a 1 ano. Os aluguéis financeiros estão incluídos nesta categoria.

A decisão de como financiar depende essencialmente do custo do capital proveniente de cada uma dessas fontes. Essa afirmativa é axiomática, pois, obviamente, se

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 83

um dado projeto pode ser integralmente financiado com recursos próprios, somente será compensador utilizar parcial ou totalmente outras fontes de capital se este puder ser captado a um custo inferior ao dos recursos próprios. Existem vários modos de se saldar uma dívida: • Pagamento dos juros e devolução do principal no final. • Pagamento periódico dos juros e devolução do principal no final. • Pagamento periódico dos juros e do principal (amortização). Segundo a teoria tradicional, todas as alternativas são estudadas independentemente de seu financiamento, para ver se satisfazem. Em seguida tentam-se analisar as possibilidades de obtenção de recursos de terceiros. De um modo geral, os empréstimos tendem a melhorar os bons empreendimentos e a piorar os maus. Este raciocínio baseia-se no fato de a taxa de juros cobrada ser inferior à taxa de retorno de um investimento de qualidade. Se um indivíduo consegue uma quantia de 3% ao mês e a empresa a 5% ... Pode acontecer que a melhor alternativa não seja financiável e que uma outra, considerada boa, por razões políticas consiga um empréstimo que tenda a torná-la melhor que a primeira. Isto acontece, também, quando da compra de certos equipamentos financiados pelo fornecedor. Nestes casos a última é escolhida, porém antes tenta-se obter crédito para a outra. É errado comparar uma alternativa financiada com outra não financiada, sem procurar ver se é possível igualá-las quanto à obtenção de recursos. Além de ver se um empreendimento satisfaz à taxa mínima de retorno é preciso ver se o empréstimo pode ser pago conforme as cláusulas contratuais. Muitas vezes tais cláusulas englobam certas restrições feitas ao investidor como proibição de novos empréstimos, estoques mínimos, etc. Faz-se necessária uma análise objetiva das mesmas.

EXEMPLO 9 Para um certo empreendimento, o seguinte fluxo de caixa, para o lucro bruto, antes do imposto de renda, é estimado

Necessita-se de R$ 20.000,00 para realizá-lo e, como os donos só possuem a metade, fez-se um contrato com uma companhia de investimentos, que ficou de emprestar o resto a juros de 8% a.a.,

sobre o saldo devedor; amortização em 8 anos. A taxa de imposto de renda foi calculada em 30% e a taxa mínima de atratividade após o

imposto em 10% a.a.. Examinar o empreendimento ignorando a inflação.

Ano Fluxo de Caixa emR$ 1 +8.000 2 +7.400 3 +6.800 4 +6.200 5 +5.600 6 +5.000 7 +4.400 8 +3.800

Solução

Fluxo de Caixa após o Imposto de Renda - Financiamento de 50% do capital necessário a juros antecipados de 8% a.a. (em R$) A

Anos B

Fluxo de Caixa antes do imposto

e do pagamento

C Amortização

R$ 10.000,00

D Juros

sobre o saldo

devedor

E Fluxo de Caixa após o

pagamento da

F Deprecia

ção R$

20.000

G Renda

Tributável

B-(D+F)

H Imposto

de Renda

(30% de G)

I Fluxo de Caixa após o imposto (E - H)

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da dívida dívida B-(C+D)

0 -20.000 +10.000

-10.000

1 +8.000 -1.250 -800 +5.950 -2.500 +4.700 1.410 4.540 2 +7.400 -1.250 -700 +5.450 -2.500 +4.200 1.260 4.190 3 +6.800 -1.250 -600 +4.950 -2.500 +3.700 1.110 3.840 4 +6.200 -1.250 -500 +4.450 -2.500 +3.200 960 3.490 5 +5.600 -1.250 -400 +3.950 -2.500 +2.700 810 3.140 6 +5.000 -1.250 -300 +3.450 -2.500 +2.200 660 2.790 7 +4.400 -1.250 -200 +2.950 -2.500 +1.700 510 2.440 8 +3.800 -1.250 -100 +2.450 -2.500 +1.200 360 2.090

Avaliando o fluxo de caixa da coluna I verifica-se que a taxa de retorno situa-se na ordem dos 35%12 o que é bem maior que o mínimo exigido de 10%.

10.000/8

Além de ser atraente, o investimento apresenta retornos suficientes para saldar o compromisso assumido.

O importante aqui é dizer que o imposto de renda permite a dedução dos juros pagos pelo empréstimo como despesa. Note-se que a amortização do principal não é dedutível. O cálculo da taxa de retorno é feito somente sobre o capital empregado pelos iniciadores. O financiamento é saldado pela amortização mais os juros. Assim, no mesmo estudo, depreciação e amortização não podem aparecer como “custos”.

5.6.1 - Financiamentos com Recursos Próprios

5.6.2 - Financiamentos com Composição Mista de Recursos 5.6.3 - Financiamentos com Recursos de Terceiros

5.6.4 - Operações de “Leasing” Em muitos casos, em vez de comprar um bem, este é arrendado. Há dois tipos de aluguel: • Aluguel Financeiro - no qual o contrato especifica uma série de pagamentos que no

total excedem o preço do bem. Os pagamentos são em geral espalhados sobre um período aproximadamente igual à maior parte da vida média útil do mesmo. Os contratos na sua maioria não são canceláveis. A posse do bem permanece com o fornecedor.

• Aluguéis Operacionais - são canceláveis dando-se aviso prévio, e geralmente não têm prazo longo fixado.

As características básicas dos arrendamentos são: - Quem fornece o bem sob aluguel operacional assume parte dos riscos de que este se torne obsoleto, pois não há prazo contratual. - São tipos de financiamentos pois evitam que o cliente tenha de pagar o preço integral do bem na data de aquisição.

12 Na HP-12C temos f FIN 10000 CHS g CF0 4540 g CFj 4190 g CFj ...... 2090 CFj f IRR mostra 34,61%

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Quando se estuda uma alternativa de alugar, esta não é comparada com a aquisição à vista e sim com um tipo de financiamento. A dúvida inicial é: “Vale a pena ter o bem, isto é, será melhor comprá-lo ou deixar tudo permanecer como antes?”. Em seguida, estuda-se seu método de compra: alugar ou obter financiamento levantando-se o mesmo capital por empréstimo de terceiros. Note-se que o arrendamento é um serviço cujo pagamento é um juro cobrado pelos riscos assumidos e pelo custo de oportunidade do financiador. A vantagem do aluguel é que o imposto de renda permite sua dedução integral para efeitos de cálculo da renda tributável. As parcelas de aluguel financeiro são semelhantes à soma da amortização mais os juros de um financiamento, exceto que são totalmente dedutíveis do imposto de renda. 5.7 Estrutura de Capital e o Valor da Empresa De um modo geral, é aceito que o principal objetivo de uma firma consiste em maximizar a riqueza dos seus proprietários. Evidentemente, há muitas exceções a esta regra e não são poucos os que acreditam que grande parte das organizações procuram atingir lucro satisfatório sem a preocupação de otimização. Em todo caso não há necessidade de alongar a discussão a respeito deste tema. No caso de uma Sociedade Anônima de capital aberto, tal maximização de riqueza se traduz por um aumento no preço das ações ordinárias da empresa. O valor da ação reflete justamente a avaliação da firma, visto pelo investidor marginal, isto é, pelo último interessado na sua compra. É óbvio que flutuações ocasionais não importam, pois a meta é a longo prazo. Resta dizer que maximizar lucros não implica necessariamente em maximização de riqueza. Os acionistas se dividem quanto a sua preferência entre dividendos no período corrente e ganhos de capital no futuro. Todos estes fatores influem no preço da ação. O problema proposto aqui é examinar se a estrutura de capital também tem influência na avaliação da empresa. Todo o estudo será dirigido para Sociedades Anônimas, podendo se aplicar o mesmo raciocínio a outros tipos de organizações. Como toda teoria moderna que se preza, há duas correntes opostas. A primeira (teoria tradicional) parte do princípio que a existência de dívida com juros inferiores ao retorno do capital deixa um “resíduo” para os acionistas ordinários, que por sua vez passam a se beneficiar dos rendimentos de um capital total bem maior. ( Istoé válido também para ações preferenciais sem participação integral, em substituição a debêntures ou outro tipo qualquer de dívida). É claro que à medida que a firma fosse aumentando sua dívida, esta se tornaria mais cara e o resíduo mencionado deixaria de existir. Um exemplo servirá para aclarar as idéias.

EXEMPLO 10 Sejam duas firmas idênticas cuja estimativa para a Conta de Lucros e Perdas é a seguinte: LUCROS E PERDAS DAS COMPANHIAS A E B Vendas R$ 80.000,00

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Custo dos Bens Vendidos R$ 60.000,00 Lucro Operacional R$ 20.000,00 Despesas de Administração R$ 10.000,00 Lucro Líquido antes do Imposto de Renda R$ 10.000,00 A estrutura de capital das duas Companhias é: A B Nº de ações (valor nominal R$ 1,00) 100.000 50.000 Montante da dívida a 6% a.a. de juros ----------- 50.000 Valor do Livro da Firma 100.000 100.000 Segundo a teoria tradicional, o lucro por ação das duas firmas seria diferente. Para firma A o lucro por ação seria R$ 10.000,00 ( 100.000 ações = 0,10 cada). Para a firma B, ter-se-ia antes de descontar os juros da dívida (6% de R$ 50.000,00 = R$ 3.000,00) sobrando R$ 7.000,00 para dividir entre 50.000 acionistas o que levaria a um lucro por ação de R$ 0,14. Concluem os defensores desta teoria que se ambas firmas estivessem numa mesma categoria quanto ao risco, possibilidades de crescimento, tratamento ao acionista, etc., o valor da ação de B forçosamente teria que ser superior ao de A. (A firma B estaria pagando 6% sobre seu empréstimo e aplicando o montante a 10% de modo a beneficiar o acionista). Desta forma, a estrutura de capital se inclui no valor do mercado da firma... A segunda teoria, inicialmente formulada por Franco Modigliani e Merton Miller (Teoria MM), procura demonstrar exatamente o opsto. Seu raciocínio segue as seguintes diretrizes: Admita-se, inicialmente, que o valor de mercado da firma B seja superior ao de A. Seja o valor de B igual a R$ 110.000,00. Deduzindo-se R$ 50.000,00 da dívida, sobram R$ 60.000,00 para 50.000 ações, donde o valor de cada ação no mercado teria de ser igual a R$ 1,20. Um investidor que tivesse 1.000 ações de B, caso esta distribuisse todo o lucro, obteria R$ 140,00 de dividendos. Como alternativa ele poderia vender suas 1.000 ações por R$ 1.200,00, pedir mais R$ 800,00 emprestados a juros de 6% ao ano e depois comprar 2.000 ações da empresa A. Sua renda anual, caso esta empresa distribuísse todo o lucro seria algo maior: Dividendos R$ 0,10 x 2.000 = R$ 200,00 Menos: Juros de 6% s/ o empréstimo de R$ 800,00 = R$ 48,00 TOTAL: R$ 152,00 Assim, enquanto o valor da firma B fosse maior que A, compensaria vender suas ações e fazer a transação antes descrita. Isto tenderia a baixar o preço de B e levantar o de A. Se o Valor de B fosse inferior ao de A, R$ 90.000,00 por exemplo, a ação de B custaria R$ 0,80. Quem tivesse 1.000 ações de A trataria de vendê-las por R$ 1.000,00. Poderia assim comprar 500 ações de B e aplicar R$ 600,00 a 6%. Em vez de receber R$ 100,00 de dividendos, sua receita seria: Dividendos R$ 0,14 x 500 = R$ 70,00 Mais 6% de Juros s/ R$ 600,00 = R$ 36,00 TOTAL R$ 106,00 Da mesma forma, a venda das ações A baixaria seu preço e elevaria o de B. Conclusão de Modigliani-Miller - o valor de mercado da firma independe de sua estrutura de capital CUSTO DE CAPITAL Custo de Capital Próprio Custo de Capital para a firma

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Custo da dívida Proporção entre Dívidas e o Capital Próprio VALOR DE MERCADO DA FIRMA Valor da Firma Valor do Capital Próprio Valor da Dívida As premissas mais importantes desta teoria são as seguintes: a. O mercado é perfeitamente competitivo. b. Ausência de impostos. Na prática, há bitributação de dividendos, juros são dedutíveis

para efeitos de imposto de renda, existem certos incentivos fiscais, etc. c. É possível definir firmas de mesma classe de riscos, etc. d. O acionista e a empresa têm a mesma capacidade de levantar empréstimo, obtendo

taxas idênticas. Note-se que quase todo o argumento se baseia neste fato. e. A política de dividendos não influi no valor de mercado das ações e no seu custo de

capital. É óbvio que estas hipóteses não ocorrem na prática. Daí a maioria dos estudiosos tender a preferir a teoria tradicional. Por que então preocupar-se com a outra? Simplesmente porque há um fundo de verdade nela. À medida que uma firma incorre em quantidades maiores de dívida, o custo do capital das ações ordinárias tende a subir, dedvido ao aumento de risco. Este maior custo das ações neutraliza em parte os benefícios de uma dívida a juros baixos, fazendo com que o acionista modifique a avaliação da empresa. O quociente preço/lucro diminui. Acredita-se que, para quantidades moderadas de dívida, tal não ocorra, existindo uma estrutura ótima de capital.

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Bertolo ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 88

5.8 Racionamento de Capital