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CRÔNICAS DA LEI DA REPATRIAÇÃO E OS SEGREDOS PARA INVESTIMENTOS SEGUROS E RENTÁVEIS NO EXTERIOR

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CRÔNICAS DA LEI DA REPATRIAÇÃOE OS SEGREDOS PARA INVESTIMENTOS SEGUROS E RENTÁVEIS NO EXTERIOR

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NEREU DOMINGUES

CRÔNICAS DA LEI DA REPATRIAÇÃOE OS SEGREDOS PARA INVESTIMENTOS SEGUROS E RENTÁVEIS NO EXTERIOR

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A todos os clientes que me confiam os seus dramas e conflitos familiares mais íntimos, proporcionando uma troca plena de experiências e soluções.

À minha esposa, pela forma como recebe tantas outras famílias dentro da nossa própria família, compartilhando o meu tempo e mente com muita compreensão e sensibilidade.

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SUMÁRIO

Abreviaturas, siglas e expressões utilizadas no livro ........................ 9Prefácio .......................................................................................... 13Nota do autor ................................................................................ 15Parte I - Crônicas

A busca por um novo porto seguro ........................................... 19Herança indesejada ................................................................... 27Salvos pela secretária ................................................................ 33Uma placa de táxi em Nova Iorque .......................................... 37De mudança para o exterior...................................................... 43Impedimentos .......................................................................... 49Meu avô é criminoso? ............................................................... 55Foto ou filme? ........................................................................... 61Reencontro indesejado.............................................................. 67Marido tem de unir esposa e ex-mulher ................................... 73O dinheiro sumiu, e agora? ....................................................... 79Segunda Guerra Mundial ......................................................... 85Gastou tudo, e agora? ............................................................... 89Dinheiro em espécie ................................................................. 95Banco não fechou o câmbio ...................................................... 101Cliente que desistiu da adesão .................................................. 105Uma regularização fora do ambiente do RERCT .................... 109Empresa estrangeira é dona de imóveis no Brasil ..................... 113

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Parte II - Os segredos para investimentos seguros e rentáveis no exterior

Introdução ................................................................................ 121Da tributação dos rendimentos obtidos de fontes no exterior por residente brasileiro pessoa física ............................................... 122Da tributação do patrimônio no exterior de propriedade de residente brasileiro pessoa física ............................................... 136Das obrigações acessórias dos residentes brasileiros, pessoa física, que têm investimentos no exterior ............................................ 142Resumo ..................................................................................... 144

Parte III - A nova Lei da RepatriaçãoIntrodução ................................................................................ 151Quem pode aderir ao novo RERCT ........................................ 152Requisitos para a admissibilidade da adesão ............................. 152Valor de mercado dos bens e direitos na data de 30 de junho de 2016 .......................................................................................... 154Anistia proporcionada pelo RERCT ........................................ 155Recomendações para o processo de adesão ao novo RERCT ... 156

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ABREVIATURAS, SIGLAS E EXPRESSÕES UTILIZADAS NO LIVRO

BACEN: Banco Central do Brasil.

BANKER: do inglês, banqueiro. Aquele que administra a conta bancá-ria do cliente.

CARNÊ LEÃO: recolhimento mensal obrigatório do IRPF (Imposto de Renda de Pessoa Física) a que está sujeito o contribuinte, pessoa física, residente no Brasil, que recebe rendimentos do exterior, de pes-soa física e de alguns tipos de pessoa jurídica. O demonstrativo carnê leão é estabelecido pela Receita Federal do Brasil através de programa disponível para download no website da Secretaria da Receita Federal do Brasil. O pagamento do imposto proveniente do carnê leão deve ser efetuado até o último dia útil do mês subsequente ao recebimento do rendimento.

COMPLIANCE: políticas e diretrizes estabelecidas para evitar e de-tectar preventivamente qualquer desvio ou inconformidade. Em outras palavras, é uma verificação prévia de regularidade.

DAA: Declaração de Ajuste Anual, também chamada de Declaração de Imposto de Renda, entregue anualmente à SRFA (Secretaria da Receita Federal do Brasil).

DARF: Documento de Arrecadação de Receitas Federais.

DCBE: Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior entregue para o BACEN (Banco Central do Brasil).

DERCAT: Declaração de Regularização Cambial e Tributária, do-cumento instituído pela Secretaria da Receita Federal do Brasil na

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regulamentação do RERCT. Tem por objetivo a informação dos ativos a serem regularizados e a declaração de inexistência de impedimento para a adesão ao RERCT.

ESPÓLIO: conjunto de bens, direitos, rendimentos e obrigações da pessoa falecida.

GCME: o Ganho de Capital em Moeda Estrangeira deve ser utiliza-do para determinar a existência ou não de ganho de capital em moeda estrangeira a ser tributado no Brasil. O demonstrativo GCME é ela-borado pela Receita Federal do Brasil e disponibilizado para download no website da Secretaria da Receita Federal do Brasil. O pagamento do imposto proveniente do GCME deve ser efetuado até o último dia útil do mês subsequente ao ganho de capital.

IRS: Internal Revenue Service é, nos Estados Unidos da América, o equivalente à Secretaria da Receita Federal do Brasil.

JTWROS: ou JTWRS, tem origem no inglês joint tenancy with the right of survivorship, cláusula de uso frequente no registro de contas bancárias ou participações societárias no exterior. Sem regulamentação específica no Brasil, o uso dessa cláusula proporciona, no exterior, que duas ou mais pessoas sejam cotitulares de 100% do respectivo ativo e, no caso de falecimento de qualquer uma delas, o ativo é partilhado au-tomaticamente entre os demais cotitulares. Dispensa a apresentação de formal de partilha (inventário).

LEI DA REPATRIAÇÃO: expressão comumente utilizada para designar o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT) instituído pela Lei n.° 13.254/2016. Em que pese a expressão Lei da Repatriação, o RERCT não exige que os recursos regularizados sejam trazidos para o Brasil.

LLC: do inglês Limited Liability Company, é um tipo societário utiliza-do nos Estados Unidos da América, com algumas características simila-res a nossa sociedade do tipo Ltda.

OFFSHORE: literalmente “no mar” ou “longe da costa”, as companhias

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offshore são constituídas com o objetivo de gerir investimentos ou a pro-priedade de quaisquer tipos de bens no exterior (leia também o conceito descrito para a sigla PIC).

PGFN: Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.

PIC: a Private Investment Company é uma empresa constituída no ex-terior para a manutenção dos ativos estrangeiros (bens imóveis, bens móveis, participações societárias ou aplicações financeiras), muitas vezes também chamada de veículo offshore. A PIC normalmente é constituída num país de tributação mais favorecida (paraíso fiscal) e, em que pese o preconceito dominante sobre essas estruturas, se os bens lá registrados têm origem lícita e tudo está declarado às autoridades brasileiras, a es-trutura é legal.

POD: do inglês Payable on Death Account. Disposição que pode ser con-tratada na abertura de uma conta bancária no exterior de maneira a manter a conta com um único titular, mas com o estabelecimento prévio de quem é o beneficiário daqueles recursos no caso de falecimento do titular da conta. A depender da instituição financeira e país, podemos encontrar outras nomenclaturas, tais como Transfer on Death (TOD) ou simplesmente Survivor Clause. Trata-se de importante instrumento que poupa a necessidade de levar o inventário (formal de partilha) do Brasil para o exterior. Com a contratação dessa cláusula, a transferência dos recursos é efetuada com a simples apresentação do atestado de óbito do titular da conta.

PROVEDOR: do inglês service provider, é um agente autorizado no país escolhido para a constituição da Private Investment Company (PIC). Esses provedores fazem a constituição e a manutenção dos registros da PIC no seu país sede (leia também o conceito de PIC).

RERCT: Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária ins-tituído pela Lei n.° 13.254/2016 e alterado pela Lei n.° 13.428/2017.

RFB (ou SRFB): Receita Federal do Brasil (ou Secretaria da Receita Federal do Brasil).

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SWIFT: sigla para Society for Worldwide Interbank Financial Tele-communication, é um ambiente de troca de informações internacionais entre instituições financeiras. No âmbito do RERCT, a regularização de ativos financeiros não repatriados de valor global superior a US$ 100.000,00 estará sujeita a troca de informações no ambiente SWIFT. O declarante deve solicitar e autorizar a instituição financeira no exte-rior, responsável pela custódia da sua conta bancária ou de investimen-tos, a enviar informação sobre o saldo de cada ativo para instituição financeira autorizada a funcionar no país, tudo via SWIFT.

TOD: do inglês Transfer on Death (leia o conceito no item POD).

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O dia a dia de um ilegalAinda me pergunto onde é que eu estava com a cabeça quando resolvi não declarar os recursos que enviei para aplicação no exterior. Se arre-pendimento matasse, eu já estaria morto.

Instabilidade do Brasil, conselho de amigos, recomendação do banco ou uma poupança forçada para mim mesmo. Com o dinheiro fora do país, eu teria mais dificuldade de usá-lo e assim a poupança ficava preservada. Enfim, qualquer que tenha sido o motivo, essa prática realmente não compensa.

Foram mais de 20 anos de uma vida secreta e proibida. Conversas em código com o banker, encontros raros e reservados, dificuldade de acesso aos dados financeiros, senhas que expiravam em poucas horas, gestão praticamente inexistente. E os resultados dos investimentos? Quando eu sofria uma perda em determinado papel, a depressão era solitária. Não podia dividir a angústia nem com a própria família. De outro lado, quando o papel gerava um ganho excepcional, eu também não podia comemorar com ninguém.

Era essa a minha vida até a repatriação. A que ponto cheguei? Sempre honrei todos os meus compromissos, paguei todos os meus im-postos e, ao mesmo tempo, tinha uma vida paralela de crime e sonegação.

Lendo esse depoimento, você pode imaginar que a minha decisão pela adesão ao RERCT foi simples e rápida. Engano seu. Antes do en-vio dos recursos eu havia pago todos os impostos sobre ele. Deixar 30% com esse governo era inaceitável. E a declaração para a Receita Federal, então, outra dificuldade. Eu “escondi” esse dinheiro em 1992, ano do impeachment do Collor, e agora sou forçado a revelar o esconderijo no ano do impeachment da Dilma? Mais de duas décadas se passaram e as

PREFÁCIO

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manchetes continuam as mesmas: insegurança, crise, carga tributária, corrupção e perseguição ao empresariado. Parece que é proibido ter su-cesso neste país!

Somado a isso tinha outra dificuldade: nunca havia revelado a existência desses recursos para a minha família. O que pensariam de mim? Além de não ter confiado na discrição deles, nesses 25 anos eu os privei de muitas coisas com o discurso reiterado de falta de dinheiro, enquanto mantinha uma gorda poupança no exterior.

Foi nesse contexto que eu conheci o Dr. Nereu Domingues, apre-sentado pelo meu banker na Suíça, como advogado e contador especia-lizado na gestão de grandes fortunas. Mas ele também se revelou um verdadeiro terapeuta, organizou e respondeu a cada uma das minhas an-gústias – muitas vezes irracionais, eu sei, mas precisavam ser resolvidas para que eu reencontrasse a paz interior e com a minha família. Além disso, me vestiu com uma couraça jurídica para o enfrentamento do que quer que venha dessas “autoridades” brasileiras.

Fico feliz de ver a iniciativa de publicar este livro. O conteúdo aqui descrito vai ajudar muitas pessoas que, como eu, viveram ou vivem com o fantasma da regularização ou não de bens mantidos no exterior. Agradeço o convite que recebi para escrever esse prefácio e também a minha família, que, ao final, foi compreensiva e entendeu as minhas antigas decisões e aflições.

Um cliente em paz

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O RERCTHá muitos anos assessorando pessoas no exercício da gestão jurídica de seus patrimônios, com razoável frequência eu recebia consultas de clientes que mantinham bens no exterior, adquiridos de maneira lícita, mas à margem de registro no Banco Central e na Receita Federal. Todos queriam encontrar uma forma de regularizar a situação. Mas, ainda que pudéssemos encontrar alternativas no plano tributário, sempre restava a exposição criminal, o que por vezes desmotivava a aplicação das nossas recomendações.

Finalmente, a exemplo de muitos outros países, o Brasil resolveu oportunizar a regularização dessas situações. Foi instituído, com esse objetivo, o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária, o RERCT, também chamado de Lei da Repatriação, tratando dessa ques-tão não apenas no âmbito tributário, mas também no campo criminal.

O atendimento aos clientes interessados no RERCT, no entanto, me reservou uma surpresa muito agradável: eu não estava diante ape-nas do exercício do Direito ou da Contabilidade, mas tinha também de conciliar questões familiares, conflitos existenciais, emoções e anseios. Acabei por conhecer muitas pessoas e situações interessantes, o que foi uma grata fonte de realização pessoal e profissional.

É nesse contexto que apresento as Crônicas da Lei da Repatriação. Naturalmente, preservo no anonimato a identidade real dos persona-gens, mas retrato a realidade vivenciada nas centenas de casos atendidos. Pretendo, dessa forma, contribuir para consolidar as decisões já tomadas e, ao mesmo tempo, auxiliar aqueles que ainda estão indecisos diante do novo período do RERCT. Apresento, ainda, algumas recomendações jurídicas para toda e qualquer pessoa que pretenda realizar investimento no exterior, com origem ou não no RERCT.

NOTA DO AUTOR

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Nunca é demais ressaltar que as recomendações jurídicas aqui descritas são apresentadas em tese e, portanto, devem ser adaptadas à situação concreta, especialmente porque esse tema envolve jurisdições e custódias diversas, bem como questões jurídicas complexas. A aplicação de quaisquer das recomendações deste livro deve ser acompanhada por um advogado de sua confiança.

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PARTE ICRÔNICAS

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A BUSCA POR UM NOVO PORTO SEGURO

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FICHA TÉCNICA

PERSONAGENS:Um cliente que possui recursos financei-ros não declarados no exterior e que apre-senta o quadro mais frequente em relação aos atendimentos na área do RERCT: noites solitárias de insônia, fundadas nos sentimentos de impotência, insegurança e raiva.

CONTEXTO:Empresário brasileiro que fez uma pou-pança no exterior nas décadas de 1980 e 1990 e credita a essa iniciativa sua força para o enfrentamento diário da insegu-rança econômica, pessoal e jurídica do Brasil.

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Esse era o caso de um cliente que procurou o escritório num conflito pessoal que é muito frequente entre os aderentes ao RERCT. Na nossa primeira conversa, ele me contou que nas décadas de 1980 e 1990 fez algumas economias e aplicou recursos num banco no exterior. Disse que, afinal, todo mundo sempre o aconselhou que era importante ter uma reserva de recursos longe dos olhos das autoridades brasileiras.

– Realmente nunca declarei nada, mas paguei todos os impostos sobre a origem desses recursos e hoje faço deles o meu porto seguro nes-ta instabilidade financeira, política e econômica que vivemos no Brasil

– foi como ele resumiu seu caso.Esse porto seguro, no entanto, vinha desmoronando. O que acon-

teceu é que os convênios firmados pelo Brasil para a troca de informa-ções com outros países colocaram esses montantes mantidos no exterior em evidência. O país começou a questionar os bancos, que por sua vez questionaram os clientes brasileiros. Caso os ativos ainda não estives-sem regularizados, havia o risco de serem perdidos em discussões jurídi-cas infindáveis e, o pior, também poderiam trazer implicações criminais para todas as pessoas envolvidas.

Em seguida o cliente ficou inquieto e tirou da sua pasta um re-corte de jornal. A nota informava que a Receita Federal tinha identifi-cado milhares de brasileiros mantenedores de ativos no exterior e que esperava o término do prazo do RERCT para iniciar uma fiscalização sobre aqueles que não aderissem à regularização. Logo que eu confirmei a informação, ele arrematou, soturno:

A BUSCA POR UM NOVO PORTO SEGURO

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– Pois é, Nereu. Eu já recebi uma carta do meu banco dizendo que se eu não comprovar que tudo está declarado no Brasil eles vão encerrar a minha conta. Ainda vejo muita insegurança no nosso país e a minha dúvida é se eu mudo de banco ou se eu faço essa regularização. Será que você tem alguma alternativa para que eu possa corrigir essa situação sem a declaração e pagamento desse imposto todo?

– Eu vou responder a você com uma frase recorrente em tempos de RERCT: não existe maneira certa de fazer coisa errada. Estou há muitos anos na assessoria de casos desse tipo e digo que, infelizmente, vi muita gente implementando “soluções” que só aumentaram o problema. Muitos, inclusive, se envolveram em crimes mais graves ou com pessoas que trouxeram novos riscos ainda mais severos. É possível que terceiros lhe ofereçam algumas dessas “soluções alternativas”. Analise o conteúdo e muito possivelmente você mesmo vai atestar o crime de lavagem de dinheiro e associação criminosa com desconhecidos.

Continuei:– Sei que era comum as pessoas transferirem parte das suas reser-

vas para o exterior adquiridas licitamente e até tributadas no Brasil. Em outras palavras: a falta de confiança no país era tão grande que dinheiro lícito e tributado era “esfriado” e enviado de maneira irregular para fora daqui.

– E essa falta de confiança – expliquei – ainda permanece. Vejo que os meus clientes leem e releem o texto da lei, consultam vários advogados, trazem opiniões publicadas de diversos jornais, buscam o assunto no Google e ainda assim não se sentem seguros. Estarei sempre à disposição para discutir o assunto a qualquer momento, pois sei que fora daqui a reflexão é quase sempre solitária. Não é um tema de que se pode falar abertamente no clube ou com amigos. Muitos dos meus clientes, inclusive, não podem falar sobre o assunto nem dentro de casa, pois sempre pouparam os familiares do conhecimento dessas contas não declaradas.

Terminamos a conversa e, como ele precisava de mais tempo, re-comendei que refletisse até a semana seguinte. Tive um pressentimento de que ele voltaria – atendendo tantos casos, já era possível antecipar os