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1 UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CARACTERÍSTICAS DA PERSONALIDADE DE PESSOAS IDOSAS AVALIADAS PELO SAT Itatiba 2007

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CARACTERÍSTICAS DA PERSONALIDADE

DE PESSOAS IDOSAS AVALIADAS PELO SAT

Itatiba

2007

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

SANDRA GEROMIN / RA 002200300782

CARACTERÍSTICAS DA PERSONALIDADE

DE PESSOAS IDOSAS AVALIADAS PELO SAT

Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de

Psicologia da Universidade São Francisco, sob a

orientação da Prof. Katya Luciane Oliveira, como

exigência final para a obtenção do título de

Psicóloga.

Itatiba

2007

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Dedico este trabalho aos meus pais que sempre acreditaram

na minha capacidade; com simplicidade e imensa fé,

mostraram-me que com persistência e perseverança,

conseguimos alcançar nossos objetivos;

À vocês meus pais queridos desejo todo o prazer de ter

chegado até aqui;

Muito obrigado, com todo meu amor.

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AGRADECIMENTOS

Infinitamente agradeço à Deus que concedeu-me força no decorrer do curso de

Psicologia,

Aos meus pais e irmãos pelos ensinamentos e por sempre estarem ao meu lado, mesmo

nos momentos mais difíceis da minha vida, apoiando e acreditando na minha capacidade de

superação;

Ao meu irmão querido, com quem compartilhei todas as dificuldades encontradas na

elaboração deste;

À professora Katya Luciane de Oliveira que com sua orientação, sabedoria, motivação e

suporte contribuiu para a elaboração deste trabalho de conclusão;

À meu amado companheiro André, que me ajudou muito com seu amor, cumplicidade, e

muita paciência me acompanhando diariamente no desenvolvimento deste curso;

Aos idosos que puderam colaborar para a realização desta pesquisa;

Às amigas Haryana, Renata e Janine que muito me ajudaram nas dificuldades

encontradas.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS..................................................................................................06

RESUMO......................................................................................................................07

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................08

INTRODUÇÃO............................................................................................................10

O envelhecimento do ser-humano.................................................................................10

A terceira idade e os aspectos psicossociais.................................................................17

A personalidade do idoso..............................................................................................24

OBJETIVO DA PESQUISA.........................................................................................27

MÉTODO.....................................................................................................................28

Local.............................................................................................................................28

Participantes.................................................................................................................28

Instrumentos.................................................................................................................28

Procedimentos..............................................................................................................29

RESULTADOS............................................................................................................30

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO...................................................................................34

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................36

CRONOGRAMA.........................................................................................................37

REFERENCIAS............................................................................................................39

ANEXOS......................................................................................................................43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. - Distribuição das respostas dos sujeitos, no que tange a classificação

do herói.................................................................................................................

30

Tabela 2. – Distribuição das respostas conforme o sujeito classifica Motivos,

Tendências e Necessidades..................................................................................

31

Tabela 3. – Distribuição das categorias de Afetos.............................................. 32

Tabela 4. - Distribuição das categorias do Conflito Funcional.......................... 32

Tabela 5. - Distribuição das categorias do Conflito Estrutural........................... 32

Tabela 6. - Distribuição das categorias da Pressão do Ambiente....................... 33

Tabela 7. Distribuição das respostas do sujeito, no que tange a classificação do

desfecho das estórias............................................................................................

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RESUMO

Geromin, S.R. (2007). Características da personalidade de pessoas idosas avaliadas pelo

SAT. Trabalho de conclusão de curso. Curso de Psicologia, da Universidade São Francisco.

Itatiba, 44 p.

A dinâmica psíquica do idoso é rica e complexa podendo atribuir novos significados a fatos

antigos e afetivos que passam a constituir sua existência. O presente trabalho pretendeu

levantar as características da personalidade de pessoas idosas avaliadas pelo SAT.

Participaram 20 sujeitos, ambos os sexos, os quais estavam inscritos em uma instituição de

caráter privado, sem fins lucrativos, localizada no interior do estado de São Paulo. Foi

utilizado como instrumento o SAT, um instrumento projetivo, que consiste de 16 pranchas nas

quais o sujeito conta uma estória. A participação dos idosos foi voluntária e a aplicação foi

individual. Os dados foram tratados conforme análise de conteúdo, visando levantar as

características da personalidade de pessoas idosas e evidenciaram que na representação do

Herói, 14,38% das respostas foram para Ele/Ela. No que se refere aos motivos, tendências e

necessidades citaram a Nutrição com maior freqüência, sendo 13,74% das respostas. Já nos

Estados Interiores, a categoria que apresentou maior destaque foi Carinho/Amor, que

representou 40,91% das respostas. Nos Conflitos Funcionais, 72,55% apontaram para

Consciente. Na representação de Conflito Estrutural, o Ego apareceu em 41,61% das

respostas. Para as Pressões do Ambiente, 18,14% apontaram a categoria Afiliação.

Finalmente, o Desfecho foi apresentado como Êxito para 59,06% e as respostas Mágicas

tiveram um percentual de 63,13% das respostas. Sugere-se que novos estudos sejam

realizados.

Palavras chave: Envelhecimento; Personalidade; Idoso.

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APRESENTAÇÃO

A pessoa idosa no envelhecimento, sofre alterações de diversas formas e está em

condição de fragilidade, principalmente no que diz respeito à saúde. Para Hoffmann (2006),

tal condição torna o idoso dependente de cuidados de outrem, podendo expô-lo a situações de

risco de violência intrafamiliar quando seus cuidadores forem familiares convivendo em

contexto de relacionamentos disfuncionais.

A negligência e os maus-tratos contra o idoso costumam acontecer quando os fatores de

risco estão presentes no processo de cuidado continuado e duradouro em condições adversas,

vindo a constituir ambiente de violência intrafamiliar. Segundo Almeida e cols (2004), o

distúrbio de personalidade no idoso tem sido relacionado com suicídio e em muitos casos

resultam em depressão. A relação é maior em distúrbio de personalidade do que de depressão

em idosos, o que chama a atenção de pesquisadores.

Para Almeida e cols (2004), o idoso pode enfrentar dificuldades de adaptação, tanto

emocionais quanto fisiológicas, envolvendo sua performance ocupacional e social, o

manuseio de suas próprias atividades. Há também dificuldade para aceitação de novidades, as

alterações na escala de valores e a disposição geral para o relacionamento, todos esses

aspectos podem afetar a sua qualidade de vida.

O envelhecimento é uma característica de todo ser humano e sendo um processo natural

que tem início desde o momento do nascimento. Não é uma questão de ser aceita ou rejeitada,

a velhice é um processo da vida. Para Ballone (2002), não há, porém, limites estabelecidos

para o término de nossa caminhada neste mundo. Importante manter sempre acesa a chama do

entusiasmo, pois a vida tem encantos para aqueles que gostam dela. Para dignificar as pessoas

idosas, o círculo de pessoas que convivem com elas precisam ajudá-las a se sentir

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participantes na comunidade, defendendo sua liberdade, autonomia, bem-estar e garantindo-

lhes o direito à vida.

Ballone (2002) aborda que o contexto social refere-se a várias formas de viver esta fase

da vida, preenchendo significativamente o nosso envelhecer. A dinâmica psíquica do idoso é

rica e complicada, podendo ele atribuir novos significados a fatos antigos e afetivos que

passam a exercer sua existência; alegres ou tristes, culposas ou meritosas, frustrantes ou

gratificantes, satisfatórias ou sofríveis. Para o autor, se os acontecimentos existenciais eram

sentidos com alguma dificuldade ou sofrimento na idade adulta ou jovem, quando a própria

fisiologia era mais favorável e as condições de vida mais satisfatória e atraente, no

envelhecimento, então, quando as circunstâncias concorrem naturalmente para um decréscimo

na qualidade geral de vida, a adaptação será muito mais problemática. Portanto, está correto

dizer que quanto melhor tenha sido a adaptação da pessoa à vida em idades pregressas,

melhor será sua adaptação no envelhecimento. Os sentimentos reprimidos na velhice trazidos

pela vida não encontram mais significado para mantê-las em repressão e surge na consciência

um pensamento de tristeza e lembranças do passado, com suas frustrações, seus pecados, suas

angústias e seus rancores. Assim, tais fatores podem afetar significativamente a dinâmica

psíquica de personalidade.

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INTRODUÇÃO

O envelhecimento do ser-humano

De acordo com Ferreira e Silva (2003), o envelhecimento é o conjunto de mudanças

que surgem após o indivíduo alcançar mais idade. Muitos fatores ajudam no processo de

envelhecimento, como: o meio ambiente, a exposição à produtos tóxicos, presença de lesões

físicas acidentais, nutrição do indivíduo e sua programação genética. Existem mudanças que

não aumentam a vulnerabilidade humana sendo alguns exemplos, o embranquecimento dos

cabelos, o enrugamento da pele, a presbiopia, a perda de cabelos e a redução da memória de

curto prazo, estes estão enquadrados no chamado envelhecimento primário. Já o aumento de

colesterol, os diabetes e a hipertensão são chamadas de envelhecimento secundário, significa

que a manipulação adequada desses tipos de envelhecimento influenciarão em melhor

qualidade de vida. Para se saber sobre as causas do envelhecimento e o correto tratamento de

seus sintomas, deve-se haver uma contribuição do próprio idoso, a fim de que se possam

descrever as possíveis situações em que deva estar contido, pois haverá sempre influências

psicológicas e socioculturais. Na velhice, a percepção diminui, o padrão de sono muda e há

declínio em alguns aspectos da memória.

Para os autores, há muitos pressupostos que acompanham a velhice, se estes forem

negativos podem levar o idoso a um isolamento social e a conseqüente desativação da vida

produtiva. A criatividade vai lentamente diminuindo nessa fase, assim como a obtenção de

informações novas. As deficiências vão desde surdez à perda de equlíbrio, No que se refere a

audição, o envelhecimento afeta os órgãos periféricos da audição de diversas maneiras e se

caracterizam por surdez lentamente progressiva, bilateral e simétrica. O desequilíbrio em

idade avançada é uma queixa comum. Clinicamente, o desequilíbrio se apresenta em fases

crescentes com o envelhecimento, decorrente do declínio da função do sistema vestibular

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periférico, sistema nervoso central, visão e sistema músculo-esquelético. Outros fatores

também influenciam no equilíbrio do idoso, como alterações da pressão arterial, estados

depressivos, distúrbios nutricionais e uso de medicamentos.

De acordo com Ferreira e Silva (2003), o envelhecimento acentua a deteriorização do

reflexo vestíbulo-simpático (ativação do sistema simpático à mudança de posição) e leva a um

comprometimento do controle da pressão arterial aumentando o risco de tontura e queda na

velhice. A massa muscular reduz com o envelhecimento, bem como a mobilidade do sistema

osteo-articular, prejudicando a propriocepção. A respeito da visão, existe uma redução

progressiva do campo visual a partir dos quarenta e seis anos de idade. Além disso, há uma

maior incidência de degeneração macular, catarata e glaucoma, doenças que levam a perda

neuronal.

Para Hoffmann (2006), as alterações moleculares e celulares, resultam em perdas

funcionais progressivas dos órgãos e do organismo como um todo ocasionando com isso o

envelhecimento. Esse declínio se torna perceptível ao final da fase reprodutiva, muito embora

as perdas funcionais do organismo comecem a ocorrer muito antes. Os fatores ligados ao

processo do envelhecimento determinam um limite na duração de vida de todas as espécies

animais. As diversas teorias sobre o envelhecimento indicam mudanças funcionais que

ocorrem com o avanço da idade e são atribuídas a vários fatores, como defeitos genéticos,

fatores ambientais, surgimento de doenças e expressão de genes do envelhecimento, ou

gerontogenes. Embora seja uma fase previsível da vida, o processo de envelhecimento não é

geneticamente programado, como se acreditava antigamente. Não existem genes que

determinam como e quando envelhecer. Há sim, genes variantes cuja expressão favorece a

longevidade ou reduz a duração da vida.

Para Ferreira e Silva (2003), os sintomas relativos ao equilíbrio também podem ter

origem nutricional. Desnutrição, baixa ingestão hídrica, hipovitaminose, anemia e hipotensão

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são comuns no indivíduo idoso e às vezes atuam como coadjuvantes, sendo potencializadores

das alterações sensoriais do paciente geriátrico. A percepção e o declínio fisiológico estão

associados às diferentes ocorrências sofridas pela pessoa no decorrer de sua vida. Doenças,

medicações e problemas dentários, afetam a redução do paladar e com isso, o resultado é um

aumento da vulnerabilidade nutricional, que por sua vez, leva a condição de envelhecimento

patológico. O olfato tem um importante papel na vida do indivíduo, seja na alimentação, na

segurança (detecção de odores perigosos), ou nas relações interpessoais, seja no estado

emocional. Segundo os autores, o efeito da idade no sistema olfatório ocorre após os 65 anos

de idade e possui causa multifatorial. Além das alterações anatômico-funcionais, surgem

através de agressões ambientais que podem se acumular e ser mais agressivas no idoso.

Os autores argumentam que ocorrem várias mudanças no sistema laríngeo e respiratório

da pessoa no decorrer da vida, levam as alterações na produção da voz. Progressivamente, vai

havendo uma ossificação do esqueleto laríngeo, envolvendo a cartilagem hialina na glote

posterior e cartilagem hialina e estruturas fibrosas na comissura anterior. A ossificação

avançada nas áreas de comissura, associado a uma perda crescente de glicosaminoglicanos no

ligamento vocal e a mudanças no tecido elástico, reduzem a elasticidade entre tendão

(ligamento vocal), cartilagem e osso.

Viana (2004) indica que o envelhecimento é uma experiência heterogênea, isto é, que

pode ocorrer de modo diferente para indivíduos que vivem em contextos históricos e sociais

distintos. Essa diferenciação depende da influência de circunstâncias histórico-culturais, de

fatores intelectuais e de personalidade e da incidência de patologias durante o envelhecimento

normal, se caracteriza por uma progressiva interiorização de normas que inclui: a valorização

da percepção visual em detrimento dos demais sentidos, a criação de novas distâncias entre o

mundo adulto e o universo infantil, a emergência de regras de pudor até então inexistentes e

uma privatização intensa e ampla das manifestações corporais e dos sentimentos de cada um.

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Segundo Hoffmann (2006), as alterações geradas pelo envelhecimento têm pouco

impacto em indivíduos saudáveis, entretanto elas podem aumentar a vulnerabilidade em

situações onde há doenças intercorrentes. Neste grupo, encontram-se idosos saudáveis e

aqueles com alguma doença. A deglutição é uma ação complexa às mudanças naturais, que

são parte da senescência, podem predispor a disfagia e aspiração. O correto conhecimento da

fisiologia da deglutição levará a condução satisfatória de cada caso. O risco de efeitos

colaterais e toxicidade são muito maiores no idoso, por isso, muitas queixas de

envelhecimento primário pioram com o uso das medicações habituais. Geralmente o médico

que lida com idosos deve conhecer bem a farmacocinética e farmacodinâmica das medicações

usadas e ter muita cautela na sua prescrição.

Conforme apontam Dias e Schwartz (2005) existe uma classificação de envelhecimento

em várias ordens, criando várias tendências, porém, acima dos 45 anos, o indivíduo está

sujeito a várias limitações negativas, tanto biológicas quanto psicológicas e sociais. Para a

Organização Mundial de Saúde (OMS) o indivíduo idoso classifica-se na faixa etária do

homem mais velho, estando entre sessenta e um e setenta e cinco anos. Durante o

envelhecimento o indivíduo torna-se menos ativo, reduzindo suas capacidades físicas, dando

início ao sentimento da velhice, o qual, por sua vez, pode causar estresse, depressão e levar a

uma diminuição da atividade física e, conseqüentemente, à aparição de doenças crônicas.

Para Dias e Schwartz (2005), ao atingir o envelhecimento biológico, todos os sistemas

do corpo enfraquecem, tanto a nível estrutural quanto funcional, devido a uma faixa

metabólica mais baixa, que torna mais lento o intercâmbio de energia dentro do organismo,

assim, os recursos para auto-expressão comportamental vão sendo gradualmente reduzidos. A

redução da atividade do metabolismo é decorrente de menor capacidade para a divisão

celular. Além das mudanças biológicas e das transformações psicológicas que ocorrem no

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íntimo de cada um, o envelhecimento transforma, também, as relações do indivíduo com o

meio social.

De acordo com Rosa (1983), as funções sociais do homem se tornam menores quer por

escolha pessoal ditada por suas próprias limitações físicas, quer sobre tudo por pressões da

própria sociedade. A pessoa idosa, talvez na maioria dos casos, começa a formar de si mesma

uma imagem negativa, resultante de um conjunto de idéias e atividades vindas da sociedade.

Assim, o indivíduo ao sentir-se velho, significando que ele já não é mais o que

costumava ser e para piorar, juntamente com as várias limitações impostas pelo

envelhecimento, vem paralelamente à aposentadoria, que atrapalha financeira, psicológica e

socialmente a estrutura do idoso. Muitos chegam a pensar que a velhice é indício de doença e

fraqueza, e que tanto o vigor físico como a saúde jamais estará à sua disposição.

Motta (1989) observa que a progressiva diminuição dos contatos sociais, o

distanciamento social, a perda de poder de discussão, o esvaziamento dos papéis sociais, a

gradativa perda de autonomia e independência, alterações nos processos de comunicação,

entre outros, são os possíveis indicadores do envelhecimento social. O equilíbrio psicológico

também se torna mais difícil na velhice, pois a história de vida de cada indivíduo acentua as

diferenças individuais. Quando os idosos possuem ocorrência de isolamento social,

desenvolvem ansiedade, depressão e insônia, que podem levar ao enfarte, além de alterações

de valores e atitudes, aumento do entusiasmo e diminuição da motivação. O lazer aparece

como uma possibilidade de escolha individual de práticas no tempo disponível ou mesmo no

trabalho, proporcionando efeitos, como o descanso, o divertimento e o desenvolvimento da

personalidade e da sociabilidade. As atividades de seu conteúdo são bastante amplas,

abrangendo interesses variados.

Dias e Schwartz (2005) ressaltam que os idosos parecem não aceitar que o lazer possa

vir a ser um aspecto importante em suas vidas e que, quando não vivenciado, é devido à falta

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de condições e oportunidades. Mas, é por meio de atividades espontâneas e naturais junto às

pessoas que podemos perceber a relação entre o lazer e a influência que este exibe na vida dos

homens, em especial, na velhice.

Para Ballone (2002), características como depressão e outros transtornos do humor,

incluem também alterações de ansiedade que são problemas psicológicos e se expressam

através de uma ampla variedade de transtornos físicos e funcionais na velhice. Os próprios

sintomas emocionais depressivos e típicos se constituem numa das principais queixas dos

idosos.

Do ponto de vista vivencial, para Ballone (2005), o idoso está numa situação de perdas

continuadas; há a diminuição do suporte sócio-familiar, há a perda do status ocupacional e

econômico, o declínio físico continuado, a maior freqüência de doenças físicas e a

incapacidade de se expressar ou praticar qualquer coisa exerce perdas suficientes para um

expressivo rebaixamento do humor. Assim, os fatores bio-psico-sociais agravantes podem

estar associados ao rebaixamento do humor na idade avançada, eles podem gerar confusão a

respeito das características clínicas da depressão nessa idade. A Saúde Mental poderia ser

entendida como o equilíbrio psíquico que resulta da interação da pessoa com a realidade. Essa

realidade é o meio circundante que permite à pessoa desenvolver suas potencialidades

humanas e, normalmente, essas potencialidades estão estreitamente associadas à satisfação

das necessidades humanas.

De acordo com Ballone (2002), ao perceber o envelhecimento a pessoa manifesta

subjetivamente as alterações sofridas em nível somático e funcional. Isto se expressa numa

troca da identidade pessoal, a imagem corporal, a autovalorização, etc. Operacionalmente

pode definir-se como a auto-atribuição de traços de personalidade da velhice.

A personalidade é o conjunto de parâmetros fundamentais do indivíduo, parâmetros

esses relativos ao seu modo de ser e à sua relação com o mundo externo. Com respeito à sua

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relação com o mundo externo, refere-se a como o indivíduo apreende os estímulos, quais as

mudanças de estado nessa apreensão e como ele reage a esses estímulos, isto é, como atua no

mundo externo a partir deles. Quanto ao seu modo de ser, a personalidade caracteriza o modo

como o indivíduo incorpora as suas experiências e como constrói o seu mundo interno, com

suas significâncias e hierarquias. Ela é, assim, um aspecto formal do indivíduo (Marques,

2006).

A personalidade do indivíduo deve ser definida, segundo o autor, de tal modo que ela

seja a mesma desde o momento do nascimento até a sua morte ou então não seria um

qualificativo daquela pessoa, independentemente do seu momento histórico. De outra

maneira, a riqueza do conceito se perde, porque o indivíduo teria uma personalidade quando

criança, outra como adolescente, outra como jovem, e assim por diante, porque a

psicodinâmica nessas fases difere entre si. A personalidade é a organização dinâmica dos

traços no interior do eu, formados a partir dos genes particulares que herdamos, das

existências singulares que suportamos e das percepções individuais que temos do mundo,

capazes de tornar cada indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar o seu papel

social. A idéia de buscar fora da pessoa os elementos que expliquem o seu comportamento e

sua desenvoltura de vida teve ênfase com as teorias segundo o qual era a sociedade quem

corrompia o homem. Subestimou-se a possibilidade da sociedade refletir, exatamente, a

totalidade das tendências humanas. Ou seja, trata-se de um demérito tipicamente humano.

Para Ballone (2002), nos idosos a função sexual está comprometida, em primeiro lugar,

pelas mudanças fisiológicas e anatômicas do organismo produzidas pelo envelhecimento. São

mudanças fisiológicas que deve-se distinguir das alterações patológicas na atividade sexual

causadas pelas diferentes doenças e/ou por seus tratamentos. A atividade sexual do ser

humano está em função de suas características físicas, psicológicas e biográficas inclusive

depende também do contexto sócio-cultural onde se insere o idoso.

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Ballone (2002) destaca que existem variáveis que podem comprometer a atividade

sexual na maturidade, alguns fatores como a capacidade e interesse do(a) companheiro(a); o

estado de saúde; problemas de impotência no homem ou de dispareunia na mulher; efeitos

colaterais de medicamentos e perda de privacidade, como por exemplo, viver na casa dos

filhos. A diminuição da atividade sexual na velhice se relaciona tanto com as mudanças

físicas do envelhecimento, como com as influências de atitudes e expectativas impostas pelo

modelo social, assim como com fatores psicológicos próprios do idoso. A sociedade, por sua

vez, não contribui para que as pessoas idosas possam manifestar livremente sua sexualidade,

seja pelo contundente negativismo cultural no que diz respeito ao sexo na velhice, seja no

reflexo de uma simples atitude de rejeição do indivíduo pelo fato de ser idoso.

A terceira idade e os aspectos psicossociais

Segundo Beauvoir (1990), desde os tempos antigos até os dias de hoje, o conceito de

velhice foi retratado de forma pejorativa ou honrosa, dependendo do contexto histórico-social.

Em épocas em que o poder do corpo físico foi priorizado, a pessoa idosa foi alvo de

desvalorização. Opostamente, em épocas e culturas que valorizaram a sabedoria acumulada de

seus cidadãos idosos, estes ocuparam um lugar de prestígio e honra. Portanto, a velhice

enquanto destino biológico é uma realidade inquestionável, embora o destino psicossocial da

pessoa idosa seja uma realidade socialmente construída segundo o contexto sócio-político-

cultural no qual ela se insere.

Scharfstein (1999) aponta que a partir do momento em que se reconhece a velhice como

uma categoria social, pode-se verificar que muitos dos preconceitos atribuídos à pessoa idosa

envolvem o contexto sócio-cultural atual em que ela vive. Essa verificação se faz por meio do

uso da linguagem e da comunicação. A importância de se compreender o idoso é não julgá-lo

como um objeto, mas sim, entendê-lo como fonte de experiências. A experiência de vida que

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o idoso pode estar passando para os mais jovens, apesar de estar velho existe e continua

existindo uma certa contribuição para o crescimento destes. Existe um número grande de

termos que designam as pessoas que já viveram mais tempo, são eles: adulto maduro, idoso,

pessoa idosa, pessoa na meia idade, maturidade, idade madura, maior idade, melhor idade,

idade legal e, o mais comum, terceira idade. Muitas pessoas não gostam de ser chamadas de

velhas ou idosas. Para o autor as pessoas envelhecem de forma diferenciada, dependendo de

como organizam sua vida, das circunstâncias históricas, culturais, econômicas, sociais em que

vivem e viveram, da ocorrência de problemas de saúde durante o processo do envelhecimento

e da interação entre fatores genéticos e ambientais, de forma a facilitar sua adaptação às

mudanças ocorridas em si e no mundo que os cerca. A qualidade de vida na velhice é um

processo difícil de se avaliar, não só por causa da complexidade e subjetividade de cada

pessoa idosa, mas, também, por causa da heterogeneidade da Velhice. A dificuldade é ainda

maior, pois especificamente para a faixa de idade do idoso, nenhum deles é adaptado ao

contexto da modernidade. Ainda muito se pensa que envelhecer é deixar de viver, deixar para

os mais jovens. Na verdade há como o indivíduo continuar vivendo bem e com uma boa

qualidade de vida.

De acordo com Ballone (2005), os aspectos sociais da velhice tratam-se dos

componentes que a vida traz para o indivíduo e que, juntamente com as disposições pessoais,

vistas atrás, resultarão no estado psíquico atual em que se encontra o paciente idoso. O

equilíbrio do idoso, conforme observa o autor, e seu ajustamento ambiental dependem,

principalmente, dos seguintes fatores, contato social suficiente; ocupação cheia de

significado; segurança social e estado de saúde satisfatório. Cada um desses aspectos

necessários ao equilíbrio do idoso. Portanto, pode-se constatar o caráter hipócrita e até

caricato que a sociedade empresta ao velho. Considerar-se o idoso como um ser sofrido pelas

condições atuais do mundo e o que se soma com a vivência e as experiências deste no

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passado. É difícil envelhecer serenamente quando a vida pregressa foi ponteada pelos mais

variados traumatismos, frustrações e dissabores. As vivências traumáticas pregressas são

sempre máculas indeléveis da existência e, com o esvaziamento progressivo da energia vital,

se tornarão feridas emocionais abertas. Em muitas situações da vida do idoso, cabe muito

mais ao destino que ao médico-terapeuta proporcionar a cura ou prevenir doenças, pois na

velhice as ocorrências do dia-a-dia serão as maiores influências no seu estado emocional.

Não se pretende, com isso, colocar os idosos em uma posição de acomodamento. Deve-

se mostrar que não deve haver constrangimento ou vergonha na adaptação sadia à idade

madura. O entusiasmo no idoso deve ser sempre estimulado. Porém, estimulado para

atividades compatíveis com sua real situação e não para atividades extemporâneas forçadas

para o simples atendimento de valores culturais distorcidos. O idoso pode, perfeitamente, ter

uma ocupação cheia de significado sem que, para isso, tenha que voar de asa delta, ou

espatifar-se com a moto, ou fraturar a coluna no surf. Não há razões para se acreditar na

necessidade absoluta dessas inquietações infanto-juvenis para a glória suprema do ser humano

(Ballone 2005).

Para Almeida (2001), conhecer bem essas tendências e suas particularidades, é a melhor

forma de compreender que há enfraquecimentos dos sentidos e das funções superiores do

córtex cerebral. Velhice não é uma doença, mas a fase da vida em que a pessoa está disposta a

uma série de condições e que, além disso, adquire aspectos peculiares. A pessoa é capaz,

digna e tem o direito de traçar seus próprios caminhos a seu modo e na condição que melhor

lhe convier. Nessa fase, a memória diminui para fatos recentes e se conserva para os antigos.

Os aspectos sociais e psicológicos têm importância fundamental, principalmente quando se

sabe que os idosos têm dificuldade para acompanhar as mudanças de maneira geral. A

memória diminui, mas não finda, há significativa redução no índice de perda, quando o idoso

conserva a auto-estima e o poder de mando. Quando estes aspectos não são considerados e

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entendidos, sequer abordados pela modernidade, o idoso refugia-se num conservadorismo

dogmático.

Almeida (2001) aponta que há ocupações plenas de significado e dignidade melhor

desenvolvidas por pessoas mais velhas. Basta à sociedade curar-se desta embriagues que

cultua a juventude tal qual um bezerro de ouro para, depois da ressaca moral, reconhecer o

valor labor ativo e ocupacional dos idosos. Contudo, a insegurança social e a perspectiva de

abandono futuro dos idosos são tanta que, desde há muito, tornou-se hábito em nosso sistema

constituir famílias com muitos filhos como forma de apelo para que, na velhice, algum dos

filhos cuide do destino dos pais.

Pires, Nogueira, Rodrigues, Amorim e Oliveira (2006) abordam que o envelhecimento é

um processo fisiológico e não está necessariamente ligado à idade cronológica. Para Almeida

(2001), antigamente, nas sociedades tradicionais, os velhos eram muito considerados, por

serem sinônimos de lembranças e sabedoria. Atualmente, o descaso e o desprezo os excluem

da sociedade, que os julgam improdutivos. É comum encontrar idosos abandonados e

ignorados dentro da própria família.

Faria Júnior (1992) complementa afirmando que a velhice sempre é vista, como um

período de decadência física e mental. É um conceito equivocado, pois muitos cidadãos que

chegam aos sessenta e cinco anos, já que esta é a idade oficializada pela Organização das

Nações Unidas, ainda são completamente independentes e produtivos.

Pires e cols. (2006) arrematam destacando que a população idosa, no Brasil, cresce a

cada dia e com ela as dificuldades e as necessidades de adequar soluções eficientes, junto aos

órgãos públicos, com o objetivo de tornar digna a vida dos nossos idosos. Essa população

idosa vem aumentando e não é, na maioria das vezes, reconhecida pela sociedade nem mesmo

pela sua família, sendo vítimas de um relacionamento social preconceituoso.

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Segundo os autores, a velhice está ligada às modificações do corpo, com o aparecimento

das rugas e dos cabelos brancos, com o andar mais lento, diminuição das capacidades auditiva

e visual, é o corpo frágil. Essa é a velhice biologicamente normal, que evolui

progressivamente e prevalece sobre o envelhecimento cronológico. Assim, há uma separação

entre a idade cronológica que é a idade numérica, e a idade biológica que é idade vivida.

Tanto o homem quanto a mulher, na terceira idade, depende de aspectos físicos, orgânicos e

biológicos.

Almeida (2001) observa que uma velhice tranqüila é o somatório de tudo quanto

beneficie o organismo, como por exemplo, exercícios físicos, alimentação saudável, espaço

para lazer, bom relacionamento familiar, enfim, é preciso investir numa melhor qualidade de

vida. Ao contrário do que se pensa, os idosos podem e devem manter uma vida ativa. Essa

vitalidade se estende a vida sexual e as suas transformações hormonais, com isso a idade

avançada não deve impedir que um casal tenha uma vida sexual ativa. Sob essa perspectiva,

Pires e cols. (2006) indicam que a busca de uma vida com qualidade e o não aniquilamento da

capacidade de amar devem ser incentivados, compreendendo-se aqui não só o relacionamento

sexual, mas também o preenchimento das carências no que tange à afetividade e às

expectativas de cada um. Este é o grande segredo do bem-estar, da felicidade e,

conseqüentemente, da longevidade.

A elaboração de um programa de atividade física para a terceira idade deve levar

basicamente em consideração o preparo para que o idoso possa cumprir suas necessidades

básicas diárias (necessidades impostas pelo cotidiano), ou seja, tentar impedir que o idoso

perca a sua auto-suficiência, por meio da manutenção de sua saúde física e mental. As

mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que ocorrem com o processo de envelhecimento,

vão influenciar de maneira decisiva no comportamento da pessoa idosa. A diminuição da

aptidão física no idoso com o avanço do envelhecimento e das doenças, tendem a alterar seus

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hábitos de vida e rotinas diárias por atividades e formas de ocupação pouco ativas (Faria

Junior, 1992)

É fundamental que o idoso aprenda a lidar com as transformações de seu corpo e tire

proveito de sua condição, prevenindo e mantendo em bom nível sua plena autonomia.

Segundo Pires e cols. (2006), é necessário que se procure estilos de vida ativos, integrando

atividades físicas a sua vida cotidiana. Com isso é possível se alcançar níveis bastante

satisfatórios de desempenho físico, gerando autoconfiança, satisfação, bem-estar psicológico e

interação social. Deve-se levar em conta que o equilíbrio entre as limitações e as

potencialidades da pessoa idosa ajudam a lidar com as inevitáveis perdas decorrentes do

envelhecimento.

No que se refere a imagem corporal, Leite (2002) aborda que o termo velhice de forma

geral, refere-se à temida degradação do corpo e, não raramente a uma condenação da

subjetividade. Ao se levantar esses aspectos, o autor se vale da estrutura própria deste campo,

que articula o sujeito do inconsciente e a ordem social, para desdobrar a discussão em dois

planos. O primeiro, diz respeito à velhice como categoria discursiva da cultura e da ciência. O

segundo tange a referência central de um esforço no qual destaca-se um sujeito às voltas com

a sustentação de seu desejo, que, por vezes, parece sucumbir no confronto com o corpo

destinado a morrer.

Nessa perspectiva, Lacan (1997) defende que a perspectiva aberta pela psicanálise

permite sublinhar a diversidade da subjetivação frente ao corpo finito a partir da dimensão do

inconsciente. Indica, também, a importância da ética do desejo, tanto na clínica como em uma

discussão que é ainda marcada por um certo silêncio.

Leite (2002) salienta que algumas referências sobre a velhice estão presentes na obra de

Freud e em seus escritos pessoais. Merece destaque a tendência à entropia psíquica, no

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sentido da perda da elasticidade, considerada crescente a medida que se envelhece, mas não é

exclusiva da idade avançada.

Pires e cols. (2006) enfatizam que o corpo, na velhice, é o lugar privilegiado de

desilusão narcísica, prometido à decadência e a morte é palco do adoecer, empurrando o

sujeito a enfrentar o desafio de manter a aposta na vida. Embora, o narcisismo não se afigure

como uma defesa contra a pulsão de morte, o papel da ilusão para lidar com as asperezas da

vida é inegável. Por outro lado, é abrindo mão da completude ilusória, que o desejo encontra

sua possibilidade de movimento.

Segundo Rinaldi (1996), a existência humana, representada como desenvolvimento

vital, é o aval para a divisão do ciclo de vida, no qual a velhice tendo realizado seu potencial

evolutivo, se liga a uma fase de decadência. Já no terreno social, procedeu-se, nos últimos

anos, uma renovação da idéia de velhice, que passou a se apoiar em ideais expressos em se ter

de uma velhice saudável, ativa, feliz e com qualidade.

Assim, segundo Barbosa (2001), as capacidades físicas, as modificações anatomo-

fisiológicas, as alterações psicossociais e cognitivas, são regredidas ao decorrer do processo

de envelhecimento, bem como as capacidades. O autor ressalta, ainda, que a função cognitiva

é expressa pela velocidade de processamento das informações, influenciada pela quantidade

de motivação e estimulação. Com isso, só sofrerá alterações negativas se não for estimulada.

As alterações psicossociais são a diminuição da sociabilidade, a depressão, mudanças no

controle emocional, o isolamento social e a baixa auto-estima, ocasionadas pela

aposentadoria, pela dificuldade auditiva, visual e motora, pela síndrome do ninho vazio (saída

dos filhos, de casa), pela impotência sexual, entre outras. Além do mais, essas alterações

podem ocasionar várias patologias físicas e psíquicas.

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A personalidade do idoso

Papaleo (1996) considera que a velhice deve ser compreendida como uma fase da vida

na qual acontecem transformações que afetam a relação do indivíduo com o meio, dentro de

um determinado tempo. Independente do nível social, a velhice possui um processo contínuo

de perdas e ausência de papéis sociais e nada pode comparar-se a ausência da sua função

familiar. Na velhice existe o sentimento de abandono, a auto-estima diminui, sentem-se

desvalorizados, chegando à perda de sua identidade, chegando, muitas vezes, à depressão.

Entre os idosos, a depressão afeta o lado social e individual, sendo o diagnóstico difícil de

determinar, pois afeta não só o convívio social, o que impossibilita uma vida saudável, como

também pelo risco de morte ou agravamento de alguma doença.

Para o autor existem muitas dificuldades em discernir os fatores psicológicos dos

orgânicos e, em se tratando do paciente geriátrico, estas são ainda maiores, não só

relacionadas à etiologia, mas também ao próprio reconhecimento de sua existência. O idoso

não raramente é portador de uma ou mais doenças crônicas que são relacionadas com

manifestações depressivas. Falar de velho implica em problemas de ordem biológica, social e

psicológica, que podem ser considerados fatores facilitadores da depressão no idoso.

Sob uma perspectiva Jungiana, Fadman e Frager (1980) indicam que dentre todos os

conceitos Junguianos de introversão e extroversão são os mais usados. Argumentam que cada

indivíduo pode ser caracterizado como sendo primeiramente orientado para seu interior ou

para o exterior, sendo que a energia dos introvertidos se dirige em direção a seu mundo

interno, enquanto a energia do extrovertido é mais focalizada no mundo externo. Os

introvertidos concentram-se prioritariamente em seus próprios pensamentos e sentimentos, em

seu mundo interior, tendendo à introspecção. O perigo para tais pessoas é imergir de forma

demasiada em seu mundo interior, perdendo ou tornando tênue o contato com o ambiente

externo. Os extrovertidos, por sua vez, se envolvem com o mundo externo das pessoas e das

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coisas. Eles tendem a ser mais sociais e mais conscientes do que acontece à sua volta.

Identificou quatro funções psicológicas que chamou de fundamentais sendo o pensamento, o

sentimento, a sensação e a intuição. Cada uma dessas funções pode ser desenvolvida tanto de

maneira introvertida quanto extrovertida.

De acordo com Fadman e Frager (1980), Jung via o pensamento e o sentimento como

maneiras alternativas de elaborar julgamentos e tomar decisões. As pessoas nas quais

predomina a função do pensamento são chamadas de reflexivas. Esses tipos reflexivos são

grandes planejadores e tendem a se agarrar a seus planos e teorias, ainda que sejam

confrontados com contraditória evidência. Tipos sentimentais preferem emoções fortes e

intensas, ainda que negativas, a experiências apáticas e mornas. Os julgamentos de valores

próprios são decididos por valores entre o bem ou o mal, do certo ou do errado, do agradável

ou do desagradável, ao invés de julgar em termos de lógica ou eficiência, como faz o

reflexivo.

Segundo os autores, os Junguianos classificam a sensação e a intuição juntas, como as

formas de apreender informações, diferentemente das formas de tomar decisões. A sensação

se refere a um enfoque na experiência direta, na percepção de detalhes, de fatos concretos. A

sensação reporta-se àquilo que uma pessoa pode ver, tocar, cheirar. É a experiência concreta e

tem sempre prioridade sobre a discussão ou a análise da experiência. Quanto mais conscientes

as pessoas se tornam sobre si próprios por meio do autoconhecimento, tanto mais se reduzirá

a camada do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo. Essa consciência

ampliada não é mais aquele novelo egoísta de desejos, temores, esperanças e ambições de

caráter pessoal, que sempre deve ser compensado ou corrigido pelo inconsciente. Tornar-se-á

uma função de relação com o mundo de objetos, colocando o indivíduo numa comunhão

incondicional, obrigatória e indissolúvel com o mundo. Do ponto de vista do ego, crescimento

e desenvolvimento consistem na integração de material novo na consciência, o que inclui a

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aquisição de conhecimento a respeito do mundo e da própria pessoa. O crescimento, para o

ego, é essencialmente a expansão do conhecimento consciente. Com base nessa concepção, o

presente estudo buscará explorar a dinâmica psíquica do idoso, visando entender alguns traços

de personalidade subjacentes, de forma mais latente, à essa fase da vida.

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OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi levantar as características de personalidade de pessoas

idosas avaliadas pelo SAT -Teste de apercepção temática para idosos e adultos.

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MÉTODO

Local

A pesquisa foi realizada em uma instituição de caráter privado, sem fins lucrativos,

localizada no interior de São Paulo de âmbito nacional com aproximadamente 8.000 sócios. A

instituição oferecia diferentes atividades para as pessoas idosas.

Participantes

Participaram 20 pessoas adultas idosas que freqüentavam atividades físicas e recreativas

em uma instituição de caráter privado. A média de idade foi de 65 anos. O gênero masculino

representou 30% (n=8) da amostra e o feminino 70% (n=12). Os participantes foram

escolhidos aleatoriamente de acordo com a disponibilidade para participarem.

Instrumento

Foi utilizado o Teste de apercepção temática para idosos e adultos – SAT de autoria de

Bellak e Bellak (1992), trata-se de uma técnica projetiva, contendo 16 pranchas com gravuras,

nas quais o indivíduo conta estórias. O SAT diz respeito a sua classe de técnicas projetivas,

nas quais um estímulo (prancha) é apresentado ao sujeito e é solicitado que ele conte uma

estória com começo, meio e fim e suas respostas serão minuciosamente anotadas. O tempo de

cada estória é de aproximadamente 5 minutos. Cabe salientar que o instrumento carece de

estudos de validade. Visto que não apresenta aprovação do CRP.

O teste fornece um quadro geral da estrutura e da dinâmica da personalidade, tem por

objetivo ajudar a reduzir a pressão irracional dos fatos inarráveis da existência dos idosos. O

critério utilizado para a correção foi respaldado pelo teste de Apercepção Temática – TAT

(Murray, 1995), é um teste que avalia impulsos, emoções, sentimentos, complexos e conflitos

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marcantes na personalidade. Assim, foram analisados as seguintes categorias: Herói, o

personagem que o contador da estória se mostra mais interessado;

Motivo/Tendências/Necessidades, o que o herói sente, pensa ou faz; Estados Interiores (afetos

e conflitos), como o herói consegue manifestar seus sentimentos interiores; Pressão do

Ambiente, se refere como o sujeito percebe as pressões reais ou fantasiadas do meio em que

está inserido; Desfecho indica a natureza da solução que o herói dá aos conflitos, necessidades

e pressões que enfrenta. Não foi utilizada a categoria Tema, visto que no teste de Apercepção

para Idosos – SAT este item não é solicitado.

Procedimento

A aplicação do instrumento foi realizada individualmente, em horário previamente

agendado, estabelecido com a instituição e ocorreu para aqueles que voluntariamente

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO 1). Cada aplicação durou

aproximadamente 50 minutos. A presente pesquisa está aprovada pelo Comitê de ética em

pesquisa da Universidade São Francisco, parecer número 54/07.

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RESULTADOS

Os dados foram analisados qualitativamente e foram categorizados e transformados em

freqüência e porcentagem de respostas, visando levantar as características da personalidade de

pessoas idosas avaliadas pelo SAT. Para a identificação do Herói, muitas vezes, o sujeito que

narra e estória se parece com o herói descrito e se identifica com ele, não somente em relação

ao sexo e faixa etária, mas também no que se refere aos sentimentos, motivos, dificuldades e

emoções. Nesta pesquisa observou-se que o maior número de citações apresentado pelos

sujeitos como herói foi de Ele e/ou Ela. O total geral de respostas foi 320. A Tabela 1

apresenta os dados.

Tabela 1. Distribuição das respostas dos sujeitos, no que tange a classificação do herói.

Representações do Herói Categorias F %

Ele/Ela 46 14,38 Pai 6 1,88 Mãe 21 6,56 Avós 15 4,69 Neto/Neta 15 4,69 Amigos 13 4,06 Nome próprio 4 1,25 Família 17 5,31 Casal idoso 3 0,94 Casal jovem 3 0,94 Filha/Filho 17 5,31 Marido 11 3,44 Esposa 19 5,94 Irmão(a) 12 3,75 Pessoas 4 1,25 Senhor (a) 20 6,25 Casal 16 5,00 Mulher 42 13,13 Homem 18 5,63 Mocinha 5 1,56 Porteiro 2 0,63 Professores de dança 2 0,63 Grupo da 3º idade 7 2,19 Moradores do asilo 2 0,63

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No que se refere aos Motivos, Tendências e Necessidades, o sujeito coloca a direção ou

o objetivo da conduta manifesta deste herói, que podem ser expressas como impulsos, desejos

ou intenções manifestos na estória. Enfim, como este herói sente e pensa. Observou-se que o

traço Nutrição teve maior representatividade, aparecendo em 290 respostas. O total de

respostas foi 2.111. A Tabela 2 apresenta os dados.

Tabela 2. Distribuição das respostas conforme o sujeito classifica Motivos, Tendências e

Necessidades.

Motivos / Tendências / Necessidades Categorias F %

Aventura 54 2,56 Realização 43 2,04 Curiosidade 30 1,42 Excitação 21 0,99 Afiliação 147 6,96 Autonomia 56 2,65 Oposição 139 6,58 Passividade 170 8,05 Retenção 189 8,95 Conhecimento 46 2,18 Evitação de dano 60 2,84 Aquisição 175 8,29 Construção 49 2,32 Gozo Lúdico 23 1,09 Sensualidade 13 0,62 Nutrição 290 13,74 Agressão 7 0,33 Domínio 19 0,90 Exposição 14 0,66 Proteção 117 5,54 Reconhecimento 91 4,31 Rejeição 110 5,21 Sexo 5 0,24 Socorro 108 5,12 Humilhação 104 4,93 Evitação de culpa 22 1,04 Deferência 5 0,24 Exibicionismo 4 0,19

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No que se refere ao Estado Interior, este aspecto observa o Herói em relação aos

Afetos. As Tabelas 3,4 e 5 apresentaram as respostas do sujeito nesta categoria.

Tabela 3. Distribuição das categorias de Afetos.

Estados Interiores Categoria Afetos F %

Alegria / Felicidade 27 20,45 Saudade / Boas lembranças 51 38,64 Carinho / Amor 54 40,91

Tabela 4. Distribuição das categorias do Conflito Funcional.

Estados Interiores Categoria Conflito Funcional F %

Consciente 37 72,55 Inconsciente 8 15,69 Parte consciente e parte inconsciente 6 11,76

Tabela 5. Distribuição das categorias do Conflito Estrutural

Estados Interiores Categoria Conflito Estrutural F %

ID (impulsos e desejos) 34 24,82 Ego (contato com o real) 57 41,61 Superego (culpa, castigo, censura, policiamento)

46 33,58

Nas Pressões do Ambiente, identifica-se como o Herói percebe as pressões (reais ou

fantasias) do meio em que vive. Observou-se com maior freqüência de citações o traço

afiliação. O total de respostas foi 1.196. A Tabela 6 apresenta os dados.

Tabela 6. Distribuição das categorias da Pressão do Ambiente.

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Pressões do Ambiente Categorias F %

Aquisição 93 7,78 Afiliação 217 18,14 Agressão 12 1,00 Conhecimento 70 5,85 Deferência 5 0,42 Conformismo 86 7,19 Respeito 125 10,45 Domínio 57 4,77 Exemplo 95 7,94 Exposição 13 1,09 Proteção 107 8,95 Rejeição 58 4,85 Retenção 89 7,44 Sexo 8 0,67 Socorro 21 1,76 Carência 121 10,12 Perigo Físico 19 1,59 Ataque Físico 0 0,00

No Desfecho é indicado a natureza da solução que o Herói dá aos conflitos,

necessidades e pressões que enfrenta. O Desfecho foi apresentado com Êxito em 189

(59,06%) casos, e a representação de Fracasso apareceu em 131 (40,94%) casos. Dentro da

distribuição de Desfecho, foram classificadas como situações Mágicas, Realistas ou

Convencionais, conforme apresenta a Tabela 7.

Tabela 7. Distribuição das respostas do sujeito, no que tange a classificação do desfecho das estórias.

Desfecho Categoria F %

Mágica 202 63,13% Realista 97 30,31% Convencional 21 6,56%

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DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

O envelhecimento é uma característica de todo ser humano e um processo natural que

tem início desde o momento do nascimento. De acordo com Beauvoir (1990), é importante

manter acesa a chama do entusiasmo, pois a vida tem encantos para aqueles que gostam dela.

Desse modo, observou-se que a maioria dos participantes relatou ter consciência de suas

limitações, porém o fato de estarem freqüentando uma instituição onde podem praticar

atividades físicas, recreativas e artesanais colabora com sua saúde física-psiquica e emocional.

Nas estórias contatas, a maioria expressou-se com carinho e ternura. Nessa direção, o

traço afiliação foi o traço mais evidente em pressões do ambiente, e seu desfecho também na

maioria das estórias teve êxito, com respostas mágicas, o que corrobora com a afirmação de

Viana (2004) que indica que o envelhecimento é uma experiência heterogenia, que ocorre de

maneira diferente para aqueles que vivem em contextos diferentes. Os resultados desta

pesquisa apontaram que estes participantes procuram manter sua vida ativa, tanto no aspecto

psicológico e físico quanto sociocultural. Fazem questão de se encontrarem pelo menos uma

vez por semana para juntos praticarem as mais diversas atividades.

Segundo Ferreira e Silva (2003), a qualidade de vida e a aceitação do

envelhecimento, vai depender dos pressupostos que acompanham esta velhice, se estes

pressupostos forem negativos, poderão levar o idoso a um isolamento social e a conseqüente

desativação da vida produtiva. Com esta pesquisa, pode-se concluir que as pessoas idosas que

freqüentam qualquer tipo de atividade, estão mantendo o interesse pela vida o que melhora a

auto-estima dessas pessoas. Assim, com a melhor aceitação de suas limitações, sem deixar de

ter alegria e disposição para viver favorece uma saúde mental saudável.

Contudo, faz-se necessário que mais estudos sejam realizados para que a validade do

teste SAT seja efetiva. Esse fato fica ainda mais evidente quando se considera que a terceira

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idade representa uma boa parte da população brasileira e que certamente merece mais

atenção, inclusive no que tange diagnósticos mais eficazes e variados para se avaliar as

características de personalidade dessa população.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o aumento crescente da proporção de idosos na população, não só os

problemas previdenciários como aqueles relacionados com os aspectos socioculturais, da

exclusão ou baixa participação dos idosos nos processos produtivos e decisórios da

sociedade, ampliaram-se enormemente. Há, então, a necessidade urgente de uma revisão

nas Políticas Públicas, que possam atender melhor esta demanda .

No Brasil, não existe uma efetiva política social, nem políticas sociais

diferenciadas e muito menos uma política específica para o idoso. É necessário

estabelecer uma política social que venha suprir as carências socioeconômicas de cada

grupo garantindo-lhes bem-estar, segurança e perspectiva para uma vida digna até seus

últimos dias.

As inúmeras contribuições que a Psicologia tem dado para o desenvolvimento da

sociedade e para uma maior compreensão do ser humano tem sido crucial para que as

pessoas descubram caminhos que os levem a solucionar seus problemas, é também papel

do psicólogo acompanhar esta transformação da sociedade. Não podemos nos omitir e

deixar de contribuir nessas transformações.

O indivíduo é levado a agir segundo novos padrões e novas normas de conduta,

iludindo-se com pesudo-soluções para as crises que enfrenta, o que gera frustrações e

problemas existências que na velhice podem causar o isolamento social e a conseqüente

desativação da vida produtiva. É necessário que a Psicologia estenda seus serviços à toda

a população brasileira, principalmente nesta camada que tem crescido aceleradamente.

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CRONOGRAMA TOTAL DE EXECUÇÃO DA PESQUISA

Etapa I - 8º semestre

ATIVIDADES 2006

AGO SET OUT NOV DEZ 01-15 16-30 01-15 16-31 01-15 16-30 01-15 16-31 01-15 16-30

01

Levantamento Bibliográfico

02 Definição do problema e objetivos

03 Elaboração Método 06 Elaboração termo

consentimento

07

Elaboração plano análise de dados

08 Fechamento projeto 09 Envio ao comitê de

ética

Etapa II - 9º semestre

ATIVIDADES

2007

JAN/FEV MAR ABR MAI JUN/JUL

01-15 16-30 01-15 16-31 01-15 16-30 01-15 16-31 01-15 16-30 01

continua

Levantamento Bibliográfico

10 Retorno provável da avaliação do comitê

11 Contato com o local onde a pesquisa será realizada

12 Coleta dados

13 Tratamento dos dados

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Etapa III - 10º semestre

ATIVIDADES

2006

AGO SET OUT NOV DEZ

01-15 16-30 01-15 16-31 01-15 16-30 01-15 16-31 01-15 16-30 14 Elaboração da

discussão e conclusão

15 Elaboração das considerações finais

16 Feedback ao local de coleta

17 Formação da versão final do projeto

18

Apresentação banca

19 Fechamento

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40

Faria J. R. A. (1992). Atividades Físicas para a Terceira Idade. (21)

Ferreira, D. R. & Silva, A. A., (2003). Envelhecimento e qualidade de vida: A visão

Otorrinolaringológica. Caderno de Debates na Saúde do Idoso, 5(69).

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[citado em 08 de março 2007]. Disponível na Word Wide Web:

http://www.comciencia.br/reportagens/envelhecimento/texto/env10.htm

Lacan, J. (1997). O seminário: a ética da psicanálise (7° ed.). Rio de Janeiro, RJ: Zahar.

Leite, J. C. & Tosto. (2002). O sujeito na velhice: corpo, imagem e desejo. [citado em 11 de

setembro 2006]. Disponível em Word Wide Web: http://congressodeconvergencia.com.htm

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http://www.psiqweb.med.br/persona/personal.html

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Psicólogo

Papaleo, E. (1996). Gerontologia, São Paulo, SP: Atheneu.

Pires, T. S., Nogueira, J. L., Rodrigues, A., Amorim, M. G. & Oliveira, A. F. (2004) A

Recreação na terceira idade. [citado em 10 de setembro 2006]. Disponível em Word Wide

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Rinaldi, D. (1996). A ética da diferença: um debate entre a psicanálise e antropologia. Rio de

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Discurso. Revista Textos Envelhecimento, 2(2).

Viana, H. B. (2004). Corporeidade Do Idoso. Revista Digital,10(71).

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ANEXOS

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ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO (1ª via)

Características da personalidade de pessoas idosas avaliadas pelo SAT

Eu,................................... ................................ ........................ ......................................, RG.........................; idade...............; residente.......................................................................... ................................................................................................................,abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supra-citado, sob a responsabilidade do(s) pesquisador(es) profª Katya Luciane de Oliveira e de Sandra Regina Geromin do curso de Psicologia - Itatiba, da Universidade São Francisco.

Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:

1 - O objetivo da pesquisa é avaliar as características da personalidade de pessoas idosas avaliadas pelo SAT;

2- Durante o estudo será utilizado o SAT, trata-se de um teste projetivo;

3 - Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a minha participação na referida pesquisa;

4- A resposta a este instrumento/ procedimento poderá causar constrangimento;

5 - Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa;

6 – Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada;

7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: 11 - 4534-8040;

8 - Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, Katya Luciane de Oliveira, sempre que julgar necessário pelo telefone (11) 4534 8019;

9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra com o pesquisador responsável.

Itatiba, .....de ..................................... 200..

Assinatura:

............................................................................................................

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TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO (2ª via)

Características da personalidade de pessoas idosas avaliadas pelo SAT

Eu,................................... ................................ ........................ ......................................, RG.........................; idade...............; residente.......................................................................... ................................................................................................................,abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supra-citado, sob a responsabilidade do(s) pesquisador(es) profª Katya Luciane de Oliveira e de Sandra Regina Geromin do curso de Psicologia - Itatiba, da Universidade São Francisco.

Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:

1 - O objetivo da pesquisa é avaliar as características da personalidade de pessoas idosas avaliadas pelo SAT;

2- Durante o estudo será utilizado o SAT, trata-se de um teste projetivo;

3 - Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a minha participação na referida pesquisa;

4- A resposta a este instrumento/ procedimento poderá causar constrangimento;

5 - Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa;

6 – Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada;

7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: 11 - 4534-8040;

8 - Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, Katya Luciane de Oliveira, sempre que julgar necessário pelo telefone (11) 4534 8019;

9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra com o pesquisador responsável.

Itatiba, .....de ..................................... 200..

Assinatura:

............................................................................................................