79
CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E DA CARNE DE CORDEIROS SANTA INÊS ALIMENTADOS COM FARELO DE MAMONA LÍVIA SANTOS COSTA 2015

CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E DA CARNE DE … · caracterÍsticas de carcaÇa e da carne de cordeiros santa inÊs alimentados com farelo de mamona lÍvia santos costa 2015

Embed Size (px)

Citation preview

CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E DA CARNE DE CORDEIROS SANTA

INÊS ALIMENTADOS COM FARELO DE MAMONA

LÍVIA SANTOS COSTA

2015

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E DA CARNE DE CORDEROS SANTA

INÊS ALIMENTADOS COM FARELO DE MAMONA

Autora: Lívia Santos Costa

Orientador: D. Sc. Robério Rodrigues Silva

ITAPETINGA

BAHIA – BRASIL

2015

LÍVIA SANTOS COSTA

CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E DA CARNE DE CORDEIROS SANTA

INÊS ALIMENTADOS COM FARELO DE MAMONA

Tese apresentada, como parte das

exigências para obtenção do título

de DOUTOR EM ZOOTECNIA, ao

Programa de Pós-Graduação em

Zootecnia da Universidade Estadual

do Sudoeste da Bahia.

Orientador: Prof. Dr. Robério Rodrigues Silva

Coorientadores: Prof. Dr. Fabiano Ferreira da Silva

Prof. Dr. Gleidson G. P. de Carvalho

ITAPETINGA

BAHIA – BRASIL

2015

Catalogação na Fonte:

Adalice Gustavo da Silva – CRB 535-5ª Região

Bibliotecária – UESB – Campus de Itapetinga-BA

Índice Sistemático para desdobramentos por Assunto:

1. Cordeiros Santa Inês – Farelo de mamona - Dieta

2. Cordeiros Santa Inês – Cortes comerciais

3. Pequenos ruminantes – Alimentação

4. Cordeiros Santa Inês – Farelo de mamona – Qualidade de carne

636.085

C873c

Costa, Lívia Santos.

Características de carcaça e da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com

farelo de mamona. / Lívia Santos Costa. – Itapetinga-BA: UESB, 2015.

78f.

Tese apresentada como parte das exigências para obtenção do título de

DOUTOR EM ZOOTECNIA, no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Sob a orientação do Prof. D.Sc.

Robério Rodrigues Silva e coorientação do Prof. D.Sc. Fabiano Ferreira da Silva

e Prof. D.Sc. Gleidson G. P. de Carvalho.

1. Cordeiros Santa Inês – Farelo de mamona - Dieta. 2. Cordeiros Santa Inês

– Cortes comerciais. 3. Pequenos ruminantes – Alimentação. 4. Cordeiros Santa

Inês – Farelo de mamona – Qualidade de carne. I. Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia - Programa de Pós-Graduação de Doutorado em Zootecnia,

Campus de Itapetinga. II. Silva, Robério Rodrigues. III. Silva, Fabiano Ferreira

da. IV. Carvalho, Gleidson G. P. de. V. Título.

CDD (21): 636.085

ii

Ela, mulher incansável e vitoriosa,

sempre em busca da união e felicidade da

família.

Ele, o homem da minha vida.

Meu velho, meu herói.

Um casal que, baseado no amor, na honestidade e na realidade

do dia a dia, criou e educou duas filhas que lhe serão gratas

eternamente por tudo que até hoje fizeram e que ainda irão

fazer.

Maria de Fátima e Hélio Bremer

DEDICO

iii

À minha irmã, Luciana, que sempre está do meu lado,

apoiando-me em todos os momentos, e veio para completar nossa

linda família.

Àquele que divide o seu dia a dia comigo, as conquistas e

tristezas. Oferecendo sempre o seu amor e incentivo ao longo

dessa caminhada, meu querido e amado marido, Vinícius Lopes.

Às minhas vózinhas, Amália e Dadá, base de toda nossa família.

Aos sogros, Mário e Zeneuda, pelo carinho e orações.

OFEREÇO

iv

AGRADECIMENTOS

A Deus e aos meus Santos protetores, pelo cuidado e por sempre me guiar pelo melhor

caminho a seguir;

À UESB e ao Programa de Pós-graduação em Zootecnia, pela oportunidade de realizar

esta conquista na minha carreira profissional;

Ao Prof. Robério Rodrigues Silva, pela orientação na conquista de mais um sonho;

Aos professores, Fabiano Ferreira da Silva e Gleidson Giordano P. de Carvalho, pela

coorientação;

À Profª. Julliana Simionato, pela colaboração nas análises, carinho, amizade e

dedicação em tudo que faz;

Ao Prof. Jair de Araújo Marques (in memorian), exemplo de ser humano, pessoa

íntegra, amável, um anjo de Deus; e a Carlos Eiras, pela colaboração nas análises no

frigorífico;

Aos professores da pós-graduação, pelos ensinamentos;

Aos membros da banca examinadora, pelas sugestões apresentadas;

À Isis, colega de experimento, obrigada por dividir comigo as preocupações,

responsabilidades e por me proporcionar lindos momentos com sua família: Fábio,

Belle, seus pais e sogros;

Aos funcionários da fazenda experimental da UFBA, em São Gonçalo dos Campos,

Dona Joana, Lú e seu Giovanni;

A Roni e Messias, pela ajuda constante na condução do experimento; e Hellen (Bala)

pelas risadas;

Aos estagiários, mestrandos e doutorandos da UFBA, que tive a oportunidade de

conhecer e conviver no período do experimento, a contribuição de vocês foi essencial;

A André Leão, pela disponibilidade em ajudar nas análises;

À Cristiane Leal e Thiago, pela contribuição na realização da análise sensorial;

Aos integrantes da equipe do Ceacrom, pela ajuda nas análises laboratoriais;

v

Às secretárias da pós-graduação, Raquel e Roberta, sempre dispostas a ajudar;

À Ana Paula Gomes, pela amizade e auxílio na hora das dúvidas;

À Capes e à Fapesb, pelo auxílio com a bolsa de estudo;

Aos meus pais e minha irmã, pela confiança dada a mim ao longo de toda a vida. Todo

amor, respeito, carinho, incentivo e educação foram fundamentais para essa conquista;

Às minhas avós, tios, primos e madrinha (Cléo), que sempre me incentivaram a seguir

em frente, incluindo-me em todas as orações;

À meu cunhadinho Gilleard (Gi), pela amizade, além de ser uma pessoa muito querida;

Ao meu marido, Vinícius Lopes, essencial na conquista desse título;

Ao meu sogro e sogra, Mário e Zeneuda, cunhadinho Léo e minha cucunhada Rú, pelo

amor e confiança;

Aos amigos do coração que, mesmo longe, estiveram sempre me apoiando;

Aos amigos que fiz em Itapetinga, pessoas importantes nessa caminhada e amigos da

pós-graduação, pessoas especiais, que tive a oportunidade de conhecer e conviver;

À Jacqueline, Fabiano, Ícaro e Êmily, pela grande amizade e momentos de descontração

e alegrias;

À Michele Saltz, pela contribuição na estatística;

À Aurinha e Dona Fia, pessoas especiais que convivi;

A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para este trabalho.

Muito obrigada, que Deus abençoe a todos!!!

vi

BIOGRAFIA

LÍVIA SANTOS COSTA, filha de Hélio Bremer Costa e Maria de Fátima

Santos Costa, nasceu em Teixeira de Freitas-BA, no dia 21 de junho de 1982.

Em 2003, iniciou o curso de Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia, finalizando o mesmo em dezembro de 2008.

Em março de 2009, iniciou o Programa de Pós-Graduação em Zootecnia em

nível de Mestrado, área de concentração Produção de Ruminantes, na Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, defendendo a dissertação em 02 de março de

2011.

Em março de 2011, iniciou o Programa de Pós-Graduação em Zootecnia em

nível de Doutorado, área de concentração Produção de Ruminantes, na Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, defendendo a tese em 05 de março de 2015.

vii

SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS.................................................................................................. ix

LISTA DE ABREVIATURAS..................................................................................... xi

LISTA DE SÍMBOLOS................................................................................................ xiii

RESUMO...................................................................................................................... xiv

ABSTRACT.................................................................................................................. xv

1. I - REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 19

1.1 Introdução.................................................................................................... 19

1.2 Farelo de mamona: coproduto do biodiesel...................................................... 20

1.3 Características de carcaça.................................................................................. 21

1.4 Características de qualidade de carne............................................................... 23

1.4.1 Composição centesimal............................................................................ 24

1.4.2 Ácidos graxos na carne............................................................................ 25

1.4.3 Características físico-químicas................................................................. 26

1.4.3.1 Potencial hidrogeniônico................................................................ 27

1.4.3.2 Maciez........................................................................................... 27

1.4.3.3 Perda de peso por cocção............................................................... 28

1.4.3.4 Cor.................................................................................................. 28

1.4.4 Características sensoriais.......................................................................... 29

1.5 Referências......................................................................................................... 30

II - OBJETIVOS GERAIS........................................................................................... 37

3. III - MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 38

3.1 Área experimental.............................................................................................. 38

3.2 Animais, período experimental e tratamentos.................................................... 38

3.3 Abate e características de carcaça...................................................................... 40

3.4 Caracterização nutricional: composição centesimal e ácidos graxos................. 43

3.4.1 Umidade e cinzas..................................................................................... 43

viii

3.4.2 Proteína bruta........................................................................................... 44

3.4.3 Extração de lipídeos totais........................................................................ 45

3.4.4 Extração de matéria graxa dos concentrados e da silagem...................... 45

3.4.5 Trasesterificação dos triacilgliceróis........................................................ 46

3.4.6 Análise dos ésteres metílicos de ácidos graxos por cromatografia.......... 46

3.5 Características físico-químicas........................................................................... 46

3.6 Caracterização microbiológica........................................................................... 48

3.7 Características sensoriais.................................................................................... 49

3.8 Análise estatística............................................................................................... 49

IV - RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 51

V - CONCLUSÃO........................................................................................................ 71

VI - REFERÊNCIAS.................................................................................................... 72

ix

LISTA DE TABELAS

Página

TABELA 1. Composição químico-bromatológica dos ingredientes utilizados nas

dietas experimentais.............................................................................

39

TABELA 2. Composição percentual dos ingredientes e composição químico-

bromatológica das dietas experimentais..............................................

39

TABELA 3. Composição dos ácidos graxos das dietas experimentais (%)............. 41

TABELA 4. Características de peso e rendimento da carcaça de cordeiros Santa

Inês alimentados com dietas contendo níveis crescentes de farelo de

mamona................................................................................................

51

TABELA 5. Mensurações na carcaça de cordeiros Santa Inês alimentados com

dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona......................

53

TABELA 6. Medidas subjetivas da carcaça de cordeiros Santa Inês alimentados

com dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona..............

54

TABELA 7. Cortes comerciais da carcaça de cordeiros Santa Inês alimentados

com dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona..............

54

TABELA 8. Composição centesimal da carne de cordeiros Santa Inês

alimentados com dietas contendo níveis crescentes de farelo de

mamona................................................................................................

55

TABELA 9. Composição de ácidos graxos da carne de cordeiros Santa Inês

alimentados com dietas contendo níveis crescentes de farelo de

mamona................................................................................................

56

TABELA 10. Somatórios e razões dos principais ácidos graxos presentes na carne

de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas contendo níveis

crescentes de farelo de mamona..........................................................

60

TABELA 11. Perda de peso por cocção (PPC), força de cisalhamento (FC) e

atividade de água (AW) da carne de cordeiros Santa Inês

x

alimentados com dietas contendo níveis crescentes de farelo de

mamona...............................................................................................

62

TABELA 12. Cor da carne de carne de cordeiros Santa Inês alimentados com

dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona.....................

63

TABELA 13. Análise microbiológica da carne de cordeiros Santa Inês

alimentados com dietas contendo níveis crescentes de farelo de

mamona...............................................................................................

64

TABELA 14. Análise sensorial da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com

dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona......................

65

TABELA 15. Correlação entre os ácidos graxos saturados da dieta com os ácidos

graxos da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas

contendo níveis crescentes de farelo de mamona...............................

66

TABELA 16. Correlação entre os ácidos graxos monoinsaturados da dieta com os

ácidos graxos da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com

dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona.....................

67

TABELA 17. Correlação entre os ácidos graxos poli-insaturados da dieta com os

ácidos graxos da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com

dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona.....................

68

TABELA 18. Correlação entre o somatório dos AGS e razão entre AGPI:AGS da

dieta com os ácidos graxos da carne de cordeiros Santa Inês

alimentados com dietas contendo níveis crescentes de farelo de

mamona...............................................................................................

69

TABELA 19. Correlação entre os ácidos graxos n-6, n-3 e razão n-6:n-3 da dieta

com os ácidos graxos da carne de cordeiros Santa Inês alimentados

com dietas contendo níveis crescentes de farelo de

mamona...............................................................................................

70

xi

LISTA DE ABREVIATURAS

a* Teor de Vermelho da carne

AGMI Ácidos Graxos Monoinsaturados

AGPI Ácidos Graxos Poli-insaturados

AGS Ácidos Graxos Saturados

AOAC Association of Official Analytical Chemists

AOL Área de Olho de Lombo

AW Atividade de Água

b* Teor de Amarelo da carne

CC Comprimento de Carcaça

CLA Ácido Linoleico Conjugado

CV Coeficiente de Variação

CMS Consumo de Matéria Seca

EGS Espessura de Gordura Subcutânea

EM Energia Metabolizável

FC Força de Cisalhamento

FDA Fibra em Detergente Ácido

FDN Fibra em Detergente Neutro

FDNi Fibra em Detergente Neutro indigestível

HDL Lipoproteína de Alta Densidade

ICC Índice de Compacidade da Carcaça

ISO International Standardization Organization

Kg Quilos

Kgf Quilograma força

L* Luminosidade

LDL Lipoproteína de Baixa Densidade

MS Matéria Seca

xii

NDT Nutrientes Digestíveis Totais

NRC Nutrient Research Council

n-3 Total de ácidos Graxos Poli-insaturados da série Ômega-3

n-6 Total de Ácidos Graxos Poli-insaturados da série Ômega-6

PVA Peso Vivo ao Abate

PCQ Peso Carcaça Quente

PCF Peso Carcaça Fria

pH Potencial Hidrogeniônico

PPC Perda de Peso por Cocção

PPR Perdas de Peso por Resfriamento

RCQ Rendimento de Carcaça Quente

R2 Coeficiente de Determinação

xiii

LISTA DE SÍMBOLOS

C14:0 Ácido Mirístico

C14:1 n-7 Ácido Miristoleico

C15:0 Ácido Pentadecanoico

C15:1 Ácido Pentadecenoico

C16:0 Ácido Palmítico

C16:1 n-7 Ácido Palmitoleico

C17:0 Ácido Margárico

C17:1 n-7 Ácido Heptadecenoico

C18:0 Ácido Esteárico

C18:1 n-9c Ácido Oleico

C18:2 n-6 Ácido Linoleico

C18:2 9c 11t Ácido Linoleico Conjugado (CLA)

C18:3 n-3 Ácido α Linolênico

C18:3 n-6 Ácido γ Linolênico

C20:0 Ácido Eicosanoico

C20:1 Ácido Eicosenoico

C20:2 Ácido Eicosadienoico

C20:3 n-6 Ácido di-homo α linolênico

C20:4 n-6 Ácido Araquidônico

C21:0 Ácido Heneicosanoico

C22:0 Ácido Behênico

C22:1 n-9 Ácido Erúcico

C22:2 n-6 Ácido 13,16 Docosadienoico

xiv

RESUMO

COSTA, L.S. Características de carcaça e da carne de ovinos Santa Inês

alimentados com farelo de mamona. Itapetinga-Ba: UESB, 2015. 78p. Tese.

(Doutorado em Zootecnia, Área de Concentração em Produção de Ruminantes)*.

Objetivou-se estudar as características de carcaça, composição química da carne,

parâmetros físico-químicos, atributos sensoriais e correlação entre os ácidos graxos da

dieta e da carne de ovinos alimentados com dietas contendo níveis de farelo de mamona

em substituição ao farelo de soja. O experimento foi desenvolvido na fazenda

experimental da Universidade Federal da Bahia, São Gonçalo dos Campos-BA. Foram

utilizados 50 cordeiros Santa Inês, confinados, machos não castrados, com peso inicial

de 26,5±4,8 kg e 4 a 6 meses de idade. Os tratamentos consistiram em diferentes níveis

de substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona (0, 25, 50, 75 e 100%) e feno de

Tifton 85 como volumoso. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado.

Amostras das dietas foram coletadas para avaliar a composição de ácidos graxos. O

período experimental foi de 86 dias. Ao final do confinamento os animais foram

submetidos a jejum, sendo abatidos e depois avaliadas as características quantitativas e

qualitativas da carcaça. As amostras do músculo Longissimus foram coletadas e

embaladas a vácuo, para análises laboratoriais Os dados foram submetidos à análise de

variância e regressão a 5% de probabilidade. A correlação foi realizada estimando-se os

coeficientes de correlação linear de Pearson. O peso vivo ao abate, peso de carcaça

quente e fria e a espessura de gordura subcutânea sofreram influência das dietas,

(P<0,05). Entretanto, os rendimentos de carcaça foram semelhantes (P>0,05). As

características qualitativas de acabamento e conformação das carcaças de cordeiros não

foram afetadas (P>0,05) pela substituição proteica. Houve redução na profundidade de

perna e AOL dos cordeiros (P<0,05). Não houve efeito para rendimento dos cortes

comerciais (P>0,05). Não foi observado efeito dos tratamentos sobre a composição

centesimal da carne (P>0,05). Observou-se aumento dos AGS e redução dos AGMI

(P<0,05). Os parâmetros FC, AW e pH não foram influenciados (P>0,05) com os

tratamentos, também não houve efeito para cor da carne e atributos sensoriais.

Verificou-se correlações entre os ácidos graxos consumidos e os ácidos graxos

depositados na carne. A inclusão de farelo de mamona na dieta de cordeiros Santa Inês

afeta as características de carcaça, aumenta a quantidade de ácidos graxos saturados,

reduz ácidos graxos monoinsaturados e eleva a perda de peso por cocção.

Palavras-chave: cortes comerciais, dieta, pequenos ruminantes, qualidade da carne

______________________ *Orientador: Robério Rodrigues Silva, Dr. UESB e Coorientadores: Fabiano Ferreira da

Silva, Dr. UESB e Gleidson Giordano Pinto de Carvalho, Dr. UFBA.

xv

ABSTRACT

COSTA, L.S. Meat and carcass traits of Santa Inês lambs fed with mamona meal.

Itapetinga-Ba: UESB, 2015. 78p. Tese. (Doutorado em Zootecnia, Animal Sciences-

Ruminants Production)*.

The aim was to study the carcass traits, meat chemical composition, physical and

chemical parameters, sensory parameters and correlation between the fatty acids of the

diet and the meat of lamb fed with levels of mamona meal replacing soybean meal.

The trial was developed on the experimental farm of Federal State University of Bahia,

São Gonçalo dos Campos-Ba. Fifty Santa Inês young rams were used, kept in feedlot,

with 26.5±4.8 kg of initial body weight and 4 to 6 months old. The treatments were the

different levels of substitution of soybean meal for mamona meal (0, 25, 50, 75 and

100%) and Tifton 85 hay as roughage. A completely randomized design were aplied.

Diet samples were colected for fatty acid analyses. The experimental period was 86

days. The animals were submitted to fasting, being slaughtered on the end of the feedlot

period and the quantitative and qualitative carcass traits were evaluated. The

Longissimus muscle samples were collected and vacuum packed for laboratory

analyses. The dates were submitted to variance and regression analyses with 5% of

probability. The correlation was performed estimating the Pearson´s linear correlation

coefficients. The live weight on slaughter, hot and cold carcass weight, and the backfat

thickness were influenced by diets (P<0.05). However the carcass yelds were similar

(P>0.05). The lambs qualitative carcass traits of finishing and conformation were not

influenced (P>0.05) by proteic substitution. There was reduction on leg depth and

ribeye area (P<0.05). There were no effect for trade cuts yeld (P>0.05). Was not

observed treatment effect on meat centesimal composition (P>0.05). There was an

increase on SFA, reduction on MUFA (P<0.05). The parameters FC, AW and pH were

not affected (P>0.05) by treatments. There was no effect for meat color and sensory

attributes. Was observed correlations between fatty acids from diet and meat. The

inclusion of mamona meal in the diet of Santa Inês lambs, affect the carcass traits,

increase the saturated fatty acids, decrease monounsaturated fatty acids and increase the

weight loss on coocking.

Key words: trade cuts, diet, small ruminants, meat quality

______________________

*Adviser: Robério Rodrigues Silva, Dr. UESB e Co-advisers: Fabiano Ferreira da Silva,

Dr. UESB and Gleidson Giordano Pinto de Carvalho, Dr. UFBA.

19

I REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 Introdução

A cadeia da ovinocultura vem se destacando como uma atividade em expansão

com crescimento elevado. Na região Nordeste do Brasil, a exploração de ovinos tem

grande importância socioeconômica para a produção de carne, especialmente por ser

fonte de proteína de alto valor biológico. Entretanto, a escassez alimentar nessa região é

o principal fator limitante para se obter um elevado índice de produtividade, fazendo

com que os produtores coloquem no mercado carcaças de qualidade inferior e com

irregularidade de oferta, não suprindo à exigência do mercado atual.

Buscando sanar essas deficiências, setores envolvidos na cadeia tem se

mobilizado para ofertar no mercado animais mais jovens, uma vez que a intensificação

dos sistemas de criação promove aumento nos índices produtivos, além de garantir

produtos de qualidade e a satisfação de um consumidor cada vez mais exigente (Osório

et al., 2009a). O confinamento permite a aplicabilidade dessas melhorias, porém, esse

sistema não é prática usual entre os ovinocultores brasileiros, por ser bastante oneroso.

Todavia, em função das perspectivas de mercado, faz-se necessária a adoção dessa

prática, de forma a garantir a produção de animais com melhor acabamento de carcaças

e carne de qualidade (Carvalho et al., 2007).

A produção de biodiesel com determinadas oleaginosas tem gerado fontes

alternativas de alimentos com potencial para a alimentação animal, dentre esses,

destaca-se o farelo de mamona, com valor da proteína bruta 73% mais barato, quando

comparado ao farelo de soja. Todavia, sabe-se que a sua utilização na alimentação

animal tem sido limitada, devido à presença de elementos tóxicos na sua composição,

por exemplo, a ricina (Efsa, 2008). No entanto, esta proteína é facilmente desativada por

diversos processos de detoxificação, dentre eles, com a utilização de hidróxido de cálcio

(Oliveira et al., 2004).

20

1.2 Farelo de mamona: coproduto do biodiesel

A produção em escala comercial no semiárido brasileiro de culturas de

oleaginosas voltadas à produção de biodiesel gera coprodutos que necessitam de destino

economicamente e ecologicamente correto. Uma das alternativas é a utilização destes na

nutrição animal, principalmente na região semiárida, é fator limitante para a produção

animal. Dentre as culturas exploradas para a produção do biodiesel, a mamona merece

destaque para o Nordeste brasileiro (Meireles, 2003).

A mamona (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa, pertencente à família

Euforbiaceae, de cujas sementes extraem-se um óleo utilizado como matéria prima para

várias aplicações: biodiesel, alimentação, papéis, polímeros, química têxtil, fármaco,

perfumaria, tintas, adesivos, lubrificantes etc. (Cândido et al., 2008). A partir da

extração do óleo da semente, obtém-se como coprodutos: a torta, o farelo (Bonfim;

Silva, Santos, 2009; Silva et al., 2010) e a casca de mamona (Lima et al., 2008; Bonfim

et al., 2009). Para cada tonelada de óleo produzida, são geradas, aproximadamente, 1,2

toneladas de torta, correspondendo a cerca de 55% do peso total das sementes.

O farelo de mamona diferencia-se da torta pelo método de extração, que é feito

por solventes, permitindo, assim, a obtenção de produto com menor teor de óleo (abaixo

de 1,5%) e maior teor de proteína bruta (PB), aproximadamente 40% com base na

matéria seca (Evangelista et. al., 2004), tornando-o atraente para utilização na

alimentação animal.

Apesar do seu potencial na alimentação animal, o farelo de mamona contém

substâncias antinutricionais, como a ricina, a ricinina e o complexo alergênico CB-1

(Hoffman et al., 2007). A ricina é uma proteína solúvel em água, encontrada

exclusivamente no endosperma das sementes, não sendo detectada em outras partes da

planta (Bandeira et al., 2004). As proteínas desse grupo são capazes de entrar nas

células e se ligar a ribossomos, paralisando a síntese proteica, causando a morte da

célula. Durante o processo de extração do óleo, a ricina permanece na torta ou no farelo,

pelo fato de não apresentar solubilidade em lipídeos (Severino, 2005). A ricinina é

encontrada em todas as partes da planta. Não é considerada um fator limitante para

utilização do farelo de mamona, devido à baixa toxidade associada à pequena

concentração nas sementes (Anandan et al., 2005). Entretanto, o complexo alergênico

21

CB-1A tem ação alergênica, causando risco para quem trabalha com esses produtos em

grandes quantidades e pouco ventilados. A exposição contínua a este composto pode

causar: conjuntivite, dermatite urticária, faringite e bronquite asmática (Bandeira et al.,

2004).

Uma alternativa para viabilizar o uso do farelo de mamona na alimentação

animal é a destoxificação, processo pelo qual são eliminados os principais fatores

antinutricionais, tornando-o um alimento propício para ruminantes. Dentre os vários

tratamentos existentes, a utilização de hidróxido de cálcio Ca(OH)2 em solução (1 kg

para 9 L de água), na proporção de 40 g de Ca(OH)2/kg de farelo ou torta, com

permanência do material por 8 horas, sendo posteriormente seco por 5 horas, a 60°C

(Anandan et al., 2005), tem sido bastante eficiente.

O farelo de mamona destoxificado apresenta, em média, 40,64% de proteína

bruta, 48% de fibra em detergente ácido, 1,3% de extrato etéreo, 7,3% de matéria

mineral, 0,7% de cálcio e 0,7% de fósforo, entre outros componentes (Valadares Filho

et al., 2006), podendo esses valores variar com o teor de casca.

1.3 Características de carcaça

A produção de ovinos com o abate de cordeiros jovens proporciona a obtenção

de carcaças com menor deposição de gordura, propiciando melhor aproveitamento da

carne ovina e maior eficiência produtiva, aspecto importante para conquistar

consumidores exigentes (Frescura et al., 2005).

As carcaças dos animais são resultados de um processo biológico individual,

influenciado por fatores de manejo e genéticos, diferenciando entre si por suas

características quantitativas e qualitativas (Osório & Osório, 2001), além disso, são

consideradas os elementos mais importantes do animal, porque nelas está contida a

porção comestível (Pires et al., 1999). Assim, é fundamental a comparação de suas

características para identificar as diferenças existentes entre os animais, buscando

aqueles que produzam melhores carcaças.

O peso corporal é uma característica importante para determinação de produtos

mais homogêneos. Um aumento no peso da carcaça eleva o seu rendimento, entretanto,

rendimentos altos podem significar excesso de gordura ou baixa percentagem de

componentes não constituintes da carcaça.

22

O rendimento de carcaça em ovinos é uma característica diretamente relacionada

à produção de carne e influenciada por fatores relacionados ao animal, relacionados ao

meio, manejo e à carcaça propriamente dita: peso da carcaça, comprimento do corpo e

da perna, área de lombo, conformação e peso da perna etc (Sañudo & Sierra, 1993;

Sierra et al., 1994; Sañudo et al, 1994; Osório et al, 1999; Silva Sobrinho, 2001). O

rendimento comercial, obtido pela relação peso da carcaça fria/peso coporal ao abate, é

um importante indicador da disponibilidade de carne ao consumidor (Silva Sobrinho,

2001).

As medidas realizadas na carcaça, como comprimento, largura, espessura e

profundidade, são maneiras de expressar seu dimensionamento. Elas permitem

comparações entre tipo raciais, idades de abate, peso e sistema de alimentação (Silva &

Pires, 2000). Para realização dessas medidas, é necessário que as carcaças estejam

resfriadas, suspensas pelo tendão, em que são realizadas medidas externas (César &

Sousa, 2007).

Em sistemas de alimentação suplementar, buscando aumentar a velocidade de

crescimento de animais jovens, a conformação e a composição da carcaça devem ser

levadas em consideração, visto que essas características podem influenciar no

rendimento e na qualidade da carne (Barros & Simplício, 2001; Garcia et al., 2003).

O músculo Longíssimus é um músculo de maturidade tardia, por isso representa

o índice mais confiável do desenvolvimento e o tamanho do tecido muscular (Osório &

Osório, 2005). A quantidade de músculo e a maior deposição de tecido e quantidade de

carne comercializável está relacionada com área de olho do lombo (AOL), com o

rendimento da carcaça e, principalmente, com o rendimento dos cortes de alto valor

comercial, que junto à espessura de gordura subcutânea (EGS) se tornam duas medidas

de alto valor em relação ao perfil de qualidade da carcaça, assim como a espessura

máxima de gordura subcutânea (medida GR – grade rule), (Gonzaga Neto et al., 2006;

Amorim et al., 2008).

A quantidade de gordura na carcaça é um fator importante de proteção da carne

a baixas temperaturas de armazenamento, sendo desejável um nível mediano, entre 2 e 5

mm, para minimizar o fenômeno do encurtamento pelo frio (“cold shortening”) e

impedindo a perda excessiva de água pela carne nos frigoríficos (Bonagurio, 2001;

Safari et al., 2001), além de evitar a ocorrência de queimadura pelo frio e diminuição da

23

maciez. Tal parâmetro pode ser avaliado pelo acabamento, da medida GR e da

espessura da gordura subcutânea (EGS).

As características qualitativas da carcaça, determinadas pela conformação, do

marmoreio, cor e textura da carne, são tão importantes quanto às quantitativas. Segundo

Garcia (2003), o consumidor busca mais a qualidade que a quantidade, dependendo do

país, região ou desenvolvimento econômico em que este se encontra.

Conforme Osório et al. (1996), o uso da conformação objetiva medir,

indiretamente, a quantidade de carne da carcaça, permitindo avaliar, principalmente, o

desenvolvimento muscular, enquanto o peso representa a totalidade dos tecidos que a

compõem. Conformação adequada indica desenvolvimento proporcional das distintas

regiões anatômicas que integram a carcaça, de modo que as melhores conformações são

alcançadas, quando as partes de maior valor comercial estão bem pronunciadas

(Oliveira et al., 2002).

As carcaças podem ser comercializadas de duas maneiras, inteiras ou em forma

de cortes. Os cortes variam de acordo com a exigência do consumidor, difere entre

países, ou até mesmo entre regiões de um mesmo país (Osório & Osório, 2005). Na

comercialização desses produtos, os cortes cárneos em peças individualizadas,

associados à apresentação do produto, são muito importantes, pois, além de

proporcionarem a obtenção de preços diferenciados entre diversas partes da carcaça,

permitem melhor aproveitamento (Silva Sobrinho & Silva, 2000).

1.4 Características de qualidade de carne

O termo qualidade de carne pressupõe um conceito amplo e complexo, que

envolve muitos aspectos da cadeia produtiva, variando com as questões culturais,

classes socioeconômicas, geográficas, comerciais, dentre outras. A pesquisa vem

evoluindo no sentido de investigar e melhorar os aspectos qualitativos dos produtos

cárneos, a fim de conquistar consumidores e ampliar a competição no mercado, visto

que o consumidor espera que o produto cárneo seja confiável em relação à segurança e

nutrição, dentre outros fatores (Troy & Kerry, 2010).

A nutrição é um dos fatores preponderantes na definição dos aspectos

qualitativos da carne. Assim, o estudo desse fator é imprescindível à oferta do produto

24

ao mercado consumidor. A carne tem a sua qualidade avaliada, geralmente, por

parâmetros estruturais, físico-químicos e sensoriais.

Um ponto que merece atenção é quanto ao teor de gordura da carne e sua

composição em ácidos graxos, pois o produto cárneo tem sido associado a problemas

cardíacos, obesidade e hipertensão, aliado aos padrões da vida moderna (sedentarismo e

estresse) (Scollan et al., 2006).

1.4.1 Composição centesimal

Na alimentação dos seres humanos, a carne representa fonte de aminoácidos,

minerais, água, vitaminas e gordura. Estudos da composição centesimal da carne

ofertada são fundamentais, pois há cada vez mais uma demanda por produtos de

qualidade (Sañudo et al., 2000).

A carne é constituída por água, minerais, proteínas e gorduras e, à medida que a

idade animal avança, ocorre um incremento no teor de gordura, redução de água e

proteína no corpo. Já em animais jovens, o corpo normalmente é rico em água e

proteínas (Santos et al., 2008).

A água é o constituinte mais importante da carne, do ponto de vista quantitativo,

representa 75% da sua composição e exerce influência na sua qualidade, tanto na

suculência como na textura, sabor e cor (Lawrie, 2005).

Os lipídeos são importantes na alimentação, como fonte de energia e de ácidos

graxos essenciais, por possuírem alto valor energético e estarem associados às

características sensoriais especiais, que se revelam pela sua textura, aroma e sabor

(Batista, 2008).

Trabalhos encontrados na literatura mostram que a carne ovina apresenta baixos

teores de lipídeos totais, que podem variar de 2% a 4%, e elevados teores de proteínas,

variando entre 19% e 22%. Valores confirmados por Prata (1999), que encontrou

valores médios de 75% de umidade, 19% de proteína, 4% de gordura e 1,1% de cinzas,

e ressalta que os principais constituintes minerais das carnes são potássio, fósforo,

sódio, cloro, magnésio, cálcio e ferro, seguidos por quantidades menores de cobre,

manganês, zinco, molibdênio, cobalto, iodo, entre outros.

Todavia, esses valores podem variar com o estado de acabamento do animal,

ocasionando diminuição das porcentagens de proteína e água e elevação do teor de

25

gordura na carne. A variação no teor de lipídeos totais pode estar relacionada ao sexo,

ao peso de abate (Mahgoub et al., 2004), à idade, à alimentação e ao genótipo dos

animais.

1.4.2 Ácidos graxos na carne

Os consumidores nos últimos anos estão mais preocupados com os hábitos

alimentares e, com isso, mais exigentes quanto à qualidade dos produtos consumidos,

optando por carnes com maior quantidade de tecido magro e menor teor de gordura.

Com isso, o perfil dos ácidos graxos da carne vem sendo cada vez mais estudado.

Segundo Mahgoub et al. (2002), a composição dos ácidos graxos presentes nos lipídeos

influencia na qualidade da carne, sendo que um maior grau de saturação induz a uma

menor qualidade. Entretanto, a composição exerce pouca influência no valor comercial

da carcaça, comparado ao teor de gordura, característica que tem despertado no

consumidor a preocupação em consumir carnes saudáveis e com baixo índice de

colesterol (Banskalieva et al., 2000).

A composição em ácidos graxos na carne dos ruminantes tem maior

concentração de ácidos graxos saturados e menor razão poli-insaturados:saturados,

resultado do processo de biohidrogenação dos ácidos graxos insaturados pela ação de

microrganismos ruminais (French et al., 2000), como forma de neutralizar o efeito

tóxico do mesmo aos microrganismos ruminais (Ponnampalam et al., 2001).

Os principais ácidos graxos saturados são o mirístico (C14:0), palmítico (C16:0)

e esteárico (C18:0); os monoinsaturados são palmitoleico (C16:1) e oleico (C18:1) e

pela baixa razão poli-insaturados:saturados, linoleico (C18:2), linolênico (C18:3) e

araquidônico (C20:4) (Cooper et al., 2004). Entretanto, segundo Enser (2001), a carne

ovina é rica em ácido linolênico (C18:3). O C18:1 também foi encontrado em maior

quantidade nos trabalhos conduzidos por Madruga et al. (2008) e Costa et al. (2009).

Os ácidos graxos saturados mais indesejáveis são o palmítico (C16:0) e mirístico

(C14:0), pois aumentam a síntese de colesterol e favorecem o acúmulo de lipoproteínas

de baixa densidade, o que representa um fator de risco para o aparecimento de doenças

cardiovasculares (Moloney et al., 2001), sendo então considerados

hipercolesterolêmicos. Contudo, o ácido esteárico (C18:0) é uma exceção porque ele é

26

transformado rapidamente em ácido oleico (ácido graxo monoinsaturado), não

exercendo efeito de elevação do colesterol.

Assim, os ácidos graxos, mono e poli-insaturados, oleico e linoleico possuem

propriedades hipocolesterolêmicas na presença de colesterol dietético. Comportamento

neutro foi observado para os ácidos graxos saturados de cadeia curta e média (C4:0;

C6:0; C8:0 e C10:0) (Dietschy, 1998), pois não influenciam nos níveis de colesterol.

Estudos indicam que os ácidos graxos, ômega-3 (n-3) e ômega-6 (n-6) atuam em

diversas funções do organismo como controle da pressão sanguínea, frequência

cardíaca, dilatação vascular, coagulação sanguínea e resposta imunológica (Mahan,

1998), sendo considerados essenciais, pois o organismo não os produz, devendo ser

ingeridos pela alimentação diária.

A proporção dos ácidos graxos poli-insaturados das famílias ômega-6 e ômega-3

é um novo parâmetro de valorização nutricional dos alimentos, uma vez que a falta de

n-3 e os excessos de n-6, que caracterizam as dietas ocidentais, são responsáveis por

doenças degenerativas e ocorrência de câncer. Em dietas ricas em n-6, o organismo

produzirá eicosanoides inflamatórios e cancerígenos. Por outro lado, os n-3 são anti-

inflamatórios, reduzem os lipídeos sanguíneos, tendo propriedades vasodilatadoras,

sendo benéficos na prevenção de doenças cardíacas, hipertensão e diabetes (Fagundes,

2002). Em função disso, a razão n-6:n-3 parece ser fundamental para saúde humana,

sendo recomendável dietas com proporção 4:1 ou 5:1 (Holman, 1998; Wood et al.,

2003).

Grande destaque também é dado ao ácido linoleico conjugado (CLA), atribuída

às suas propriedades especiais, que colaboram na diminuição do colesterol, prevenção

do diabetes, diminuição da aterogênese e ativação do sistema imune, principalmente

contra ação de desenvolvimento de tumores (Bauman & Kelly, 1997).

1.4.3 Características físico-químicas

As propriedades físico-químicas da carne mais importantes são o pH, cor,

maciez, perdas de peso por cocção e capacidade de retenção de água, haja vista que, por

meio destas, pode-se predizer sua qualidade para comercialização, aparência e

adaptabilidade aos processamentos industriais (Dabés, 2001; Pelicano e Prata, 2007).

27

1.4.3.1 Potencial hidrogeniônico (pH)

O pH é o principal indicador da qualidade final da carne. Após o abate do

animal, o pH sofre queda de 7,0 (pH do músculo do animal vivo) para os valores ao

redor de 5,4 (pH final), no qual se estabelece o rigor mortis. Nesse processo, o

glicogênio muscular, presente na carne, favorece a formação de ácido lático,

diminuindo o pH e tornando a carne macia e suculenta (Cañeque et al., 1989). A taxa de

acúmulo e quantidade de ácido lático na carne influencia na sua qualidade final,

modificando a cor, sabor, aroma, aparência, textura e a capacidade de retenção de água

(Ramos & Gomide, 2009).

O sistema de produção (pasto ou confinamento) dos ruminantes podem afetar o

pH da carne e parecem ter mais influência do que a dieta propriamente dita

(concentrado ou volumoso). Priolo et al. (2002) observaram que o valor de pH final da

carne de cordeiros terminados em pasto é maior do que o dos confinados (5,62 versus

5,57), provavelmente, em função da atividade física prévia ao abate.

1.4.3.2 Maciez

Diversas pesquisas vêm sendo realizadas com a finalidade de medir a textura da

carne pelos parâmetros físicos, os quais podem ser comparados com análises subjetivas

feitas por juízes treinados e padronizados (Lawrie, 2005). No método objetivo, utiliza-

se um texturômetro, que mede a força necessária para o cisalhamento de uma seção

transversal de carne, expressa em kgf, kgf/cm2 ou kgf/g, sendo que quanto maior for a

força, mais dura será a carne (Alves et al., 2005). A carne ovina que apresenta valor de

força de cisalhamento inferior a 2,3 kgf/cm2, de 2,3 a 3,6 kgf/cm

2, de 3,6 a 5,44 kgf/cm

2

e, acima de 5,4 kgf/cm2, é classificada como macia, de maciez mediana, dura e

extremamente dura, respectivamente (Cezar & Sousa, 2007).

Historicamente, a carne ovina foi classificada como dura, se comparada com a

das raças precoces da atualidade, devido ao fato dos animais serem criados a pasto,

abatidos tardiamente e provenientes de raças laníferas (Silva Sobrinho, 2005).

Vale destacar que a influência da dieta na maciez da carne está associada

principalmente ao acabamento (espessura de gordura subcutânea) da carcaça e com o

teor de gordura intramuscular da carne (Alves et al., 2005), uma vez que alimentação

28

rica em concentrados produz carne com maior grau de cobertura de gordura,

aumentando a suculência e a maciez da mesma.

1.4.3.3 Perda de peso por cocção (PPC)

A perda por cocção constitui em uma medida essencial da qualidade da carne,

pois está associada ao seu rendimento no momento do consumo. Durante o cozimento, o

calor provoca alterações na aparência e nas propriedades físicas da carne. Quando sua

temperatura atinge valores entre 60 e 70°C, ocorre uma forte contração das células

musculares e perda de suco, provocando, consequentemente, uma diminuição

significativa na maciez (Bressan et al., 2004).

A perda durante a cocção varia também em função da quantidade de gordura

presente, visto que esta se derrete por ação do calor e é registrada como perda (Bressan

et al., 2001).

1.4.3.4 Cor

A decisão de compra da carne é influenciada pela cor, mais do que qualquer

outro fator de qualidade, pois os consumidores associam a coloração como um

indicador de frescor e salubridade (Mancini & Hunt, 2005).

De acordo com Dabés (2001), a cor também reflete na quantidade e no estado

químico de seu principal componente, a mioglobina, proteína envolvida nos processos

de oxigenação do músculo, que se caracteriza como principal pigmento responsável

pela cor da carne. A mioglobina tem o papel de armazenar oxigênio no músculo e ela

pode se apresentar em três formas básicas na carne fresca: em condições normais, a

mioglobina reduzida de cor vermelha púrpura encontra-se no interior da carne;

oximioglobina, formada quando a mioglobina entra em contato com o ar, tem uma cor

vermelha brilhante, é a coloração desejável pelo consumidor; metamioglobina, forma-se

por exposição prolongada da anterior ao oxigênio, apresenta cor marrom pardo, sendo

motivo de recusa pelo consumidor (Osório et al., 2009).

A cor pode ser medida por métodos objetivos, utilizando-se colorímetro,

entretanto, por ser considerado padrão internacional e por permitir a comparação entre

diferentes espécies animais, o sistema CIELAB, desenvolvido em 1976 pela CIE

(Comissão Internacional de Iluminação), que utiliza escalas de cores pelas coordenadas

29

L* (luminosidade), a* (teor de vermelho) e b* (teor de amarelo), tem sido o mais

utilizado atualmente (Ramos & Gomide, 2007). Carnes com menor L* e maior a*

apresentam cores mais vermelhas (Simões & Ricardo, 2000). Em ovinos, são descritos

valores médios de L* de 31,4; a* de 12,3 a 18,0 e b* de 3,3 a 5,6 (Bressan et al., 2001).

1.4.4 Características sensoriais

Segundo Ordonéz (2005), os alimentos são avaliados primeiro pela visão (forma,

aspecto e cor), depois pelo olfato (odor) e, em algumas situações, pelo tato. A impressão

causada por essas sensações predispõe ao seu consumo. A sensação agradável ou

desagradável, que provoca a aceitação ou a recusa de um alimento é o resultado da

combinação de todos os estímulos captados pelos cinco sentidos do consumidor e o

conjunto destas características é denominado na Ciência dos Alimentos como atributos

sensoriais.

Os testes sensoriais fazem parte do controle da qualidade de um produto, que

possui como vantagem a possibilidade de determinar a aceitação de um produto pelo

consumidor. Também permite observar pequenas alterações perceptíveis

sensorialmente, as quais, muitas vezes, não são detectadas por outros procedimentos

analíticos (Cocozza, 2003). Esses testes dependem de um conjunto de respostas

psicológicas e sensoriais, únicas de cada indivíduo (Ramos & Gomide, 2007).

Com relação à carne ovina, os gostos e preferências dos consumidores podem

variar ainda em função dos hábitos culinários e regionais (Griffin et al., 1992; Sañudo et

al., 2007; Sañudo et al., 2008), estando também relacionados a fatores ligados ao

animal, como a alimentação (Madruga et al., 2005; Yamamoto, 2006).

30

1.5 Referências

ALVES, D. D. GOES, R. H. T. B.; MANCIO, A. B. Maciez da carne bovina. Ciência

Animal Brasileira, Goiânia, v.6, n.3, p. 135-149, 2005.

AMORIM, G. L.; et al. Substituição do milho por casca de soja: consumo, rendimento e

características da carcaça e rendimento da buchada de caprinos. Acta Scientarium

Animal Science, v. 30, n.1, p. 41-49, 2008.

ANANDAN, S.; ANIL KUMAR, G.K.; GHOSH, J.; RAMACHANDRA, K.S. Effect of

different physical and chemical treatments on detoxification of ricin in castor cake.

Animal Feed Science and Technology, v.120, p.159-168, 2005.

BANDEIRA, D. S.; CARTAXO, W. V.; SEVERINO, L. S.; BELTRÃO, N. E. M.

Resíduo industrial da mamona como fonte alternativa na alimentação animal. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA. Campina Grande - PB, 2004. Anais...

Campina Grande, 2004.

BANSKALIEVA, V.; SAHLU, T.; GOETSCH, A.L. Fatty acid composition of goat

muscles and fat depots: a review. Small Ruminant Research, v.37, p.255-268, 2000.

BARROS, N. N.; SIMPLÍCIO, A. A. Produção intensiva de ovinos de corte:

perspectivas e cruzamentos. In: SIMPÓSIO MINEIRO DE OVINOCULTURA, 1.,

2001, Lavras. Anais... Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2001. p. 21-49.

BAUMAN, D.E.; KELLY, M.L. Conjugated linoleic acid: A potent anticarcinogen

found in milk fat, II Annual Provita Science Symposium, Cornell University, New

York, 1997.

BRESSAN, M. C.; ODA, S. N. I.; CARDOSO, M. G. Efeito dos métodos de abate e

sexo na composição centesimal, perfil de ácidos graxos e colesterol da carne de

capivaras. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.24 n.2, p.236-242, 2004.

BRESSAN, C.; PRADO, O.V.; PÉREZ, J.R.O et al. Efeito do peso ao abate de

cordeiros Santa Inês e Bergamácia sobre as características físico-químicas da carne.

Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.21, n.3, p.293-303, 2001.

BONAGURIO, S. Qualidade da carne de cordeiros Santa Inês puros e mestiços

com Texel abatidos com diferentes pesos. 2001. 150p. Dissertação (Mestrado em

Zootecnia) - Universidade Federal de Lavras – UFLA, Lavras.

BONFIM, M.A.D.; SILVA, M.M.C; SANTOS, S.F. Potencialidades da utilização de

subprodutos da indústria de biodesel alimentação de caprinos e ovinos. Tecnologia &

Ciência Agropecuária, v.3, n.4, p.15-26, 2009.

31

CÂNDIDO, M.J.D.; BONFIM, M.A.D.; SEVERINO, L.S.; OLIVEIRA, S.Z.R.

Utilização de co-produtos da mamona na alimentação animal. II Congresso

Brasileiro de Mamona. Salvador, 2008.

CAÑEQUE, V.; HUILDOBRO, F.R.; DOLZ, J.F. et al. Producción de carne de

cordero. Madrid: Ministerio de Agricultura Pesca y Alimentación, 1989. 520p.

CARVALHO, F. F. R.; XENOFONTE, A. R. B.; BATISTA, A. M. V.; MEDEIROS,

G.R. de; ANDRADE, R.P.X. Desempenho de Ovinos SPRD em Crescimento

Alimentados com Diferentes Níveis de Farelo de Babaçu. In: REUNIÃO ANUAL DA

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 44. 2007. Jaboticabal. Anais...

Jaboticabal. 2007. p.1-3.

CEZAR, M.F.; SOUSA, W.H. Carcaças ovinas e caprinas: obtenção, avaliação e

classificação. Uberaba: Agropecuária Tropical, 2007. 232p.

COCOZZA, Fabio D. M. Maturação e conservação de manga ‘Tommy Atkins’

submetida a aplicação pós-colheita de – metilciclopropeno. Campinas, 2003. 198p.

Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola). Faculdade de Engenharia Agrícola –

Universidade Estadual de Campinas UNICAMP.

COSTA, R. G.; BATISTA, A.S.M; AZEVEDO, P.S. et al. Lipid profile of lamb meat

from different genotypes submitted to diets with different energy levels. Revista

Brasileira de Zootecnia, vol.38, n.3, pp. 532-538, 2009.

COOPER, S. L.; SINCLAIR, L. A.; WILKINSON, R. G. et al. Manipulation of the n–3

polyunsaturated fatty acid content of muscle and adipose tissue in lambs. Journal of

Animal Science, v. 82, p. 1461-1470, 2004.

DABÉS, A. C. Propriedades da carne fresca. Revista Nacional da Carne, São Paulo, v.

25, n. 288, p. 32-40, 2001.

DIETSCHY, J.M. Dietary fatty acids and the regulation of plasma low density

lipoprotein cholesterol. Journal Nutrition, v.128, p.444-448, 1998.

ENSER, M. The role of fats in human nutrition. Surrey: Leatherhead Publishing,

2001.

EUROPEAN FOOD SAFETY AUTHORITY - EFSA. Scientific Opinion of the Panel

on Contaminants in the Food Chain on a request from th e European Commission on

ricin as undesirable substances in animal feed. The EFSA Journal, v. 726, p. 1-38,

2008.

EVANGELISTA, A.R.; ABREU, J.G.; PERON, A.J.; FRAGA, A.C.; NETO, P.C.

Avaliação da composição química de tortas de mamona e amendoim obtidas por

diferentes métodos de extração de óleo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE

MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Anais... Campina Grande, 2004.

32

FRENCH P.; STANTON, C.; LAWLESS, F. et al. Fatty acid composition, including

conjugated linoleic acid, of intramuscular fat from steers offered grazed grass, grass

silage or concentrate based diets. Journal of Animal Science, v.78, n.11, p.2849-2855,

2000.

FRESCURA, R.B.M.; PIRES, C.C.; SILVA, J.H.S.; ; MULLER, L. CARDOSO, A.;

KIPPERT, C.J.; NETO, D. P.; SILVEIRA, C.D.; ALEBRANTE, L.; THOMAS, L.

Avaliação das proporções de cortes de carcaça, características da carne e avaliação dos

componentes do peso vivo de cordeiros. Revista Brasileira de Zootecnia. v.34,

n.1, p.167-174, 2005.

GARCIA, C. A.; MONTEIRO, A. L. G.; COSTA, C. Medidas objetivas e composição

tecidual da carcaça de cordeiros alimentados com diferentes níveis de energia em Creep

Feeding. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 32, n. 6, p. 1380-1390, 2003.

GONZAGA NETO, S.; SILVA SOBRINHO, A. G., ZEOLA, N. M. B. L.; MARQUES,

C. A.T.; SILVA, A. M. A; PEREIRA FILHO, J. M.; FERREIRA, A. C. Características

quantitativas dacarcaça de cordeiros deslanados Morada Nova em função da relação

volumoso: concentrado na dieta. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 4, p. 1487-

1495, 2006.

GRIFFIN, C. L. et al. Evaluation of palatability of lamb, mutton, and chevon by sensory

panels of various cultural backgrounds. Small Ruminant Research, Amsterdam, v. 8, n.

1-2, p. 67-74, 1992.

HOFFMAN�L.V.;�DANTAS�A.C.A.;�MEDEIROS�P.; SEVERINO. L.S. Ricina:

Um Impasse para Utilização da Torta de Mamona e suas Aplicações. Campina

Grande. Embrapa Algodão: Documentos, 174. 2007.

HOLMAN, R. T. The slow discovery of the importance of omega 3 essential fatty acids

in human health. Journal of Nutrition, Bethesda, v. 128, n. 2S, p. 427-433, 1998.

LAWRIE, R.A. Ciência da carne. Tradução de JANE MARIA RUBENSAM. 6.ed.

Porto Alegre: Artmed, 2005. 384p.

LIMA, R.L.S; SEVERINO, L.S.; ALBUQUERQUE, R.C.; BELTRÃO, N.E.M.;

SAMPAIO, L.R. Casca e torta de mamona avaliados em vasos como fertilizantes

orgânicos. Revista Caatinga, v.21, n.5, p.102-1-6, 2008.

MADRUGA, M. S. et al. Qualidade da carne de cordeiros Santa Inês terminados com

diferentes dietas. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 1, p. 309-315, 2005.

MADRUGA, S. M.; VIEIRA, T. R. L.; CUNHA, M. G. G. et al. Efeito de dietas com

níveis crescentes de caroço de algodão integral sobre a composição química e o perfil

de ácidos graxos da carne de cordeiros Santa Inês. Revista Brasileira de Zootecnia, v.

37, n. 8, p.1496-1502, 2008.

33

MAHGOUB, O.; KADIM, I.T.; AL-SAQRY, N.M. et al. Effects of body weight and

sex on carcass tissue distribution in goats. Meat Science, v. 67, n.4, p. 577-585, 2004.

MAHGOUB, O.; KHAN, A.J.; AL-MAQBALY, R.S. et al. Fatty acid composition of

muscle and fat tissues of Omán Jebel Akhdar goats of different sexes and weights. Meat

Science, v.61, p.38-387, 2002.

MAHAN, L.K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 9

ed. São Paulo: Roca, 1998. p.46-62.

MANCINI, R.A.; HUNT, M.C. Current research in meat color. Meat Science, v.71, p.

100-121m 2005.

MEIRELLES, F.S. O Biodiesel e o impulso ao agronegócio (2003). Artigo: Folha de

São Paulo. Disponível: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2007200410.htm.

Acessado em: 12 de janeiro de 2015.

MOLONEY, A.P.; MOONEY, M.T.; KERRY, J.P.; TROY, D.J. Producing tender and

flavoursome beef with enhanced nutritional characteristics. Proceedings of the

Nutrition Society, v.60, p.221-229, 2001.

OLIVEIRA, A.S.; CAMPOS, J.M.S.; VALADARES FILHO, S.C. Consumo,

digestibilidade dos nutrientes e indicadores de função hepática em ovinos alimentados

com dietas contendo farelo ou torta de mamona tratado ou não com hidróxido de cálcio.

In: CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DO BIODIESEL, 1.,

2004. Varginha, Anais... Varginha, 2004.

OLIVEIRA, M.V.M.; PÉREZ, J.R.O.; ALVES. E.L. Avaliação da composição de cortes

comerciais componentes corporais e órgãos internos de cordeiros confinados e

alimentados com dejetos de suínos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.3, p.1459-

1468, 2002.

ORDÓNEZ, J. A. Tecnologia de alimentos de origem animal. Porto Alegre: Artmed,

2005. v. 2, p. 280.

OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M.; ÁVILA, C.J.C.; MENDONÇA, G.; WIEGAND,

M.M.; PEDROSO, C.E.; GONZAGA, S.S. Sistema de Produção de Cordeiros –

Produção Integrada/Herval Premium. PUBVET, v.3, n.20. art 592, 2009a.

OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M.; SANUDO, C. Características sensoriais da carne

ovina. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38, p. 292-300, 2009b (supl. especial).

OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T. M. Produção de carne ovina: técnicas de avaliação

in vivo e na carcaça. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 82p, 2005

OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M. Sistemas de avaliação de carcaças no Brasil. In:

1ºSIMPÓSIO MINEIRO DE OVINOCULTURA. Anais... Lavras, p.157-196, 2001.

34

OSÓRIO, M.T.M.; SIERRA, I.; SAÑUDO, C.; OSÓRIO, J.C.S. Influência da raça,

sexo e peso/idade de abate sobre o rendimento da carcaça em cordeiros. Ciência

Rural, v.29, n.1, p.139-142, 1999.

OSÓRIO, J.C.S.; ALFRANCA, I.S.; SAÑUDO, C. et al. Efeito da procedência sobre o

peso e conformação da carcaça em cordeiros.Revista Brasileira de Zootecnia, v.25,

n.6, p.1187-1194, 1996.

PARDI, M. C.; SANTOS; I. F.; SOUZA, E. R.; PARDI, H. S. Ciência, higiene e

tecnologia da carne. 2ª ed..Goiânia: UFG, 2001. 623p.

PONNAMPALAM, E.N.; SINCLAIR, A.J.; EGAN, A.R.; BLAKELEY, S.J.; LI, D.;

LEURY, B.J. Effect of dietary modification of muscle long chain n-3 fatty acid on

plasma insulin and lipid metabolites, carcass traits, and fat deposition in lambs. Journal

of Animal Science, v.79, p.895-903, 2001.

PELICANO, E. R. L.; PRATA, L. F. Propriedades da carne e medidas instrumentais

de qualidade. Jaboticabal: [s.n.], 2007. 36 p.

PRATA, L.F. Higiene e inspeção de carnes, pescado e derivados. Jaboticabal:

FUNEP, 1999. 217p.

PRIOLO, A.; MICOL, D.; AGABRIEL, J. Effects of grass feeding systems on ruminant

meat colour and flavour. A review. Animal Research, v.50, p.185-200, 2001.

RAMOS, E.M.; GOMIDE, L.A.M. Avaliação da qualidade da carne: fundamentos e

metodologias. Viçosa, MG: UFV, 2007. 599p.

SAFARI, E.; FOGARTY, N. M.; FERRIER, G. R.; et al. Diverse lamb genotypes. 3.

Eating quality and the relationship between its objective measurement and sensory

assessment. Meat Science [on line], v. 57, p. 153-159, 2001. Disponível em:

www.elsevier.com/locate/meatscience. Acesso em 17 de novembro de 2014.

SANTOS, C. L.; PÉREZ, J. R. O.; CRUZ, C. A. C.; MUNIZ, J. A.; SANTOS, I. P. A.;

ALMEIDA, T. R. V. Análise centesimal dos cortes da carcaça de cordeiros Santa Inês e

Bergamácia. Revista Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.28, n.1, p.51-59, 2008.

SAÑUDO, C. et al. Qualidade da carcaça e da carne ovina e seus fatores determinantes.

In: SILVA SOBRINHO, A. G. et al. Produção de carne ovina. Jaboticabal: Funep,

2008. p. 177-228.

SAÑUDO, C.; ALFONSO, M.; SAN JULIÁN, R.; THORKELSSON; G.;

VALDIMARSDOTTIR, T.; ZYGOYIANNIS, D. et al. Regional variation in the

hedonic evaluation of lamb meat from diverse production systems by consumers in six

European countries. Meat Science, v. 75, p. 610-621, 2007.

35

SAÑUDO, C.; ENSER, M.E.; CAMPO, M.M.; NUTE, G.R.; MARIA, G.; SIERRA, I.;

WOOD, J.D. Fatty acid composition and sensory characteristics of lamb carcasses from

Britain and Spain. Meat Science, v.54, n.4, p.339-346, 2000.

SAÑUDO, C.; SIERRA, I.; OLLETA, J. L. et al. Influencia del destete en la calidad de

la canal y de la carne en Ternasco de Aragón. In.: XIXª JORNADAS CIENTIFICAS

DE LA SOCIEDAD ESPAÑOLA DE OVINOTECNIA Y CAPRINOTECNIA.

Anales… Burgos-Espanha, 1994.

SAÑUDO, C.; SIERRA, I. Calidad de la cabal y de la carne en la especie ovina y

caprina. Monografías del Consejo General de Colegios Veterinario. Madrid. España,

p.207-254. 1993.

SANTOS, R.F. dos; BARROS, M.A.L.; MARQUES, F.M.; FIRMINO, P. de T.;

REQUIÃO, L.E.G. In: AZEVEDO, D.M.P. de.; LIMA, E.F. O Agronegócio da

mamona no Brasil: análise econômica. Campina Grande: Embrapa Algodão; Brasília,

DF. Embrapa Informação Tecnológica, 2001. pg. 17-35.

SCOLLAN, N.; HOCQUETTE, J. F.; NUERNBERG, K.; DANNENBERGER D.;

RICHARDSON, R. I.; MOLONEY, A. Innovations in beef production systems that

enhance the nutritional and health value of beef lipids and their relationship with meat

quality. Meat Science, v. 74, n. 1, p. 17-33, 2006.

SECRETARIADO URUGUAYO DE LA LANA - SUL. Disponível em

www.sul.org.uy. Acesso em 10 de dezembro de 2015.

SEVERINO, L.S. O que sabemos sobre a torta de mamona. Campina Grande.

Embrapa Algodão: Documentos, 174. 2007. 31p.

SIERRA, I., SAÑUDO, C.; OLLETA, J. L. et al. Calidad de la canal y de la carne en el

lechazo de Castilla. I. Efecto de la base genética. In.: XIXª JORNADAS

CIENTIFICAS DE LA SOCIEDAD ESPAÑOLA DE OVINOTECNIA Y

CAPRINOTECNIA. Anales… Burgos-Espanha, 1994.

SILVA, L. F.; PIRES C. C. Avaliações quantitativas predição das proporções de osso,

músculos e gordura da carcaça em ovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, n. 4,

p. 1253-1260, 2000.

SILVA SOBRINHO, A. G. Produção de carne ovina com qualidade. In: SIMPÓSIO DE

QUALIDADE DA CARNE, 2, 2005, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: Funep, 2005. 25

p.

SILVA SOBRINHO, A.G. Aspectos quantitativos e qualitativos da produção de carne

ovina. In: MATOS, W.R.S. et al. (Eds.) A produção Animal na Visão dos Brasileiros.

Piracicaba: FEALQ, 2001. p.425-446.

SILVA SOBRINHO, A. G.; SILVA, A. M. A. Produção de carne ovina. Revista

Nacional da Carne, n.285, p.32-44, 2000.

36

SIMÕES, J.A.; RICARDO, R. Avaliação da cor da carne tomando como referência o

músculo rectus abdominis, em carcaças de cordeiros leves. Revista Portuguesa de

Ciências Veterinárias, v.95, n.535, p.124-127, 2000.

TROY, D. J.; KERRY, J. P. Consumer perception and the role of science in the meat

industry. Meat Science, v. 86, p. 214-226, 2010.

VALADARES FILHO, S.C.; MAGALHÃES, K.A.; ROCHA JÚNIOR, V.R.

CAPPELE, E.R. Concentrados protéicos. In: Tabelas Brasileiras de Composição de

Alimentos para Bovinos. 2ed. Visconde do Rio Branco: Suprema Gráfica Ltda, 2006,

329p.

WOOD, J.D. RICHARDSON, G.R.; FISHER, A.V. et al. Effects of fatty acids on meat

quality: A review. Meat Science, v.66, p.21-32, 2003.

YAMAMOTO, S. M. Desempenho e características da carcaça e da carne de

cordeiros terminados em confinamento com dietas contendo silagens de resíduos

de peixes. 2006. 106p. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências

Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal.

37

II OBJETIVOS GERAIS

Objetivou-se estudar o efeito da substituição do farelo de soja pelo farelo de

mamona, nos níveis 0, 25, 50, 75 e 100%, na alimentação de cordeiros Santa Inês.

2.1 Objetivos específicos

Avaliar as características de carcaça;

Avaliar a composição química da carne;

Avaliar os parâmetros físico-químicos;

Avaliar os atributos sensoriais; e

Avaliar a correlação entre os ácidos graxos da dieta e os depositados na carne.

38

III. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área experimental

O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental da Escola de Medicina

Veterinária e Zootecnia, pertencente à Universidade Federal da Bahia, localizada no

município de São Gonçalo dos Campos, Bahia, durante o período de março a junho de

2012.

3.2 Animais, período experimental e tratamentos

Foram utilizados cinquenta cordeiros da raça Santa Inês, não castrados,

vacinados e vermifugados, com quatro a seis meses de idade e peso médio de 26,5 ± 4,8

Kg, os quais foram distribuídos em baias individuais cobertas, com piso ripado e

suspenso, e equipadas com bebedouros e cochos para alimentação, de modo que

houvesse acesso irrestrito à água e às dietas durante todo o período experimental.

Os animais foram mantidos em regime de confinamento durante 85 dias,

precedidos de 13 dias para adaptação às instalações, às dietas e ao manejo diário. Nessa

fase, os animais receberam volumoso (feno de capim-tifton 85) à vontade e as rações

experimentais. A fase experimental foi composta de três períodos consecutivos de 24

dias.

Os animais foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com

cinco tratamentos e dez repetições. Como tratamentos, utilizaram-se cinco níveis (0; 25;

50; 75 e 100%) de farelo de mamona em substituição ao farelo de soja no concentrado.

As dietas foram formuladas para serem isonitrogenadas, de modo a atenderem às

exigências nutricionais de cordeiros com ganhos de peso de 200g/dia, estimadas pelo

NRC (2007). Como fonte de volumoso, utilizou-se o feno de capim tifton 85 (Cynodon

sp.)

A composição químico-bromatológica e percentual dos ingredientes e dos

concentrados das rações experimentais estão apresentados nas Tabelas 1 e 2,

respectivamente.

39

Tabela 1. Composição químico-bromatológica dos ingredientes utilizados nas dietas

experimentais Ingredientes

Composição Feno de capim

tifton 85

Milho

moído

Farelo de

soja

Farelo de

mamona

Matéria seca 87,44 85,95 87,84 88,50

Matéria mineral1 7,48 1,44 6,59 11,76

Proteína bruta1 5,89 7,24 40,01 38,02

Extrato etéreo1 1,23 3,50 2,20 2,00

1Valor expresso em % da matéria seca.

Tabela 2. Composição percentual dos ingredientes e composição químico-

bromatológica das dietas experimentais Farelo de mamona (%)

Ingredientes (%MS)

0% 25% 50% 75% 100%

Grão de milho moído 21,50 21,50 21,50 21,50 21,50

Farelo de soja 27,00 20,25 13,50 6,75 0,00

Farelo de mamona 0,00 6,75 13,50 20,25 27,00

Suplemento minerala 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50

Feno de capim tifton 85 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00

Composição químico-bromatológica

Matéria seca 87,15 87,11 87,66 87,71 87,82

Materia mineral1 6,81 7,17 7,50 8,04 8,45

Proteína bruta1 15,30 15,17 15,03 14,90 14,76

Extrato etéreo1 1,96 1,95 1,94 1,92 1,91

FDNcp1 40,32 42,72 44,88 47,34 49,34

FDNi 13,56 14,82 17,78 19,01 20,15

FDA1 25,64 28,01 30,86 33,28 35,19

aNíveis de garantia (por kg em elementos ativos): cálcio: 120 g; fósforo: 87 g; sódio: 147 g; enxofre:

18 g; cobre: 590 mg; cobalto: 40 mg; cromo: 20 mg; ferro: 1.800 mg; iodo: 80 mg; manganês: 1.300 mg;

selênio: 15 mg; zinco: 3.800 mg; molibdênio: 300 mg; flúor máximo: 870 mg; solubilidade do fósforo (P)

em ácido cítrico a 2%: mínimo de 95%. ¹Valor expresso em % da matéria seca. FDNcp= fibra em

detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; FDNi = fibra em detergente neutro indigestível; FDA=

fibra em detergente ácido.

As análises de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), matéria mineral (MM) e

extrato etéreo (EE) das rações e dos ingredientes foram realizadas conforme as

especificações descritas na AOAC (2005). Em todas as amostras, foram estimados os

teores de fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína (FDNcp), segundo

recomendações de Mertens (2002) e Licitra et al. (1996), para correção da fibra para

40

cinzas e proteína, respectivamente, e os teores de fibra em detergente ácido (FDA),

obtidos conforme descrição de Van Soest et al. (1991). Os saquinhos para análise de

FDNi foram incubados no rúmen de dois animais, fistulados durante 240 horas, de

acordo com técnica descrita por Casali et al. (2008).

A detoxificação do farelo de mamona foi feita com solução de Ca(OH)2,

composta de 1 kg para 9 litros de água e aplicada na proporção de 40 g de Ca(OH)2 para

cada kg de torta, com base na matéria natural, conforme descrito por Anandan et al.

(2005). Em seguida, o material foi mantido coberto por uma noite (12 horas) e, no dia

seguinte, foi espalhado e seco ao sol, sendo revolvido a cada 2 horas, durante 48 horas.

As dietas foram fornecidas diariamente, às 09h00min e 16h00min, na forma de

mistura completa, em uma razão volumoso:concentrado de 50:50, para reduzir a

seletividade pelos animais. As quantidades de ração fornecida e de sobras foram

registradas diariamente, a fim de se determinar o consumo.

Amostras das dietas experimentais para determinação da composição de ácidos

graxos (Tabela 3) foram coletadas ao longo do experimento e armazenadas em sacolas

plásticas previamente identificadas e congeladas à -10ºC. No início das análises

laboratoriais, as amostras foram descongeladas à temperatura ambiente e secas em

estufa ventilada a 65ºC, por 72 horas, e processadas em moinhos do tipo Willey, com

peneira de malha 1 mm.

3.3 Abate e características da carcaça

Ao final do período de confinamento, os animais foram encaminhados ao

Frigorífico Baby Bode, na cidade de Feira de Santana-BA, onde foram mantidos em

descanso sob dieta hídrica por 16 horas, de acordo com as normas de bem-estar animal

(Brasil, 2000). Posteriormente, os animais foram insensibilizados por meio de

eletronarcose, seguido da sangria, esfola e evisceração, toilet e pesagem das carcaças

para a determinação do peso da carcaça quente. Com o peso da carcaça quente (PCQ),

foi calculado seu respectivo rendimento (RCQ), [(RCQ = (PCQ/PCA) x 100)], em que

PCQ = peso da carcaça quente; e PCA = peso corporal ao abate.

Sequencialmente, as carcaças foram transferidas para câmara frigorífica à

temperatura de ± 5°C, onde permaneceram sob refrigeração por 24 horas, e penduradas

com auxílio de ganchos apropriados, de modo que fosse mantido um distanciamento de

41

14 cm entre as articulações tarso-metatarsianas. Ao final desse período, foram

registrados os pesos de carcaça fria (PCF) e calculado o rendimento de carcaça fria

[(RCF = (PCF/PCA) x 100)] e a perda de peso por resfriamento PPR = (PCQ-

PCF)/PCQ x 100.

Tabela 3. Composição dos ácidos graxos das dietas experimentais (%)

Farelo de mamona (%)

Ácidos graxos 0% 25% 50% 75% 100%

C16:0 22,48 22,15 22,53 22,59 22,53

C17:0 2,95 2,94 2,96 2,98 3,07

C18:0 5,68 5,75 6,88 6,81 6,88

C20:0 1,99 1,95 2,34 2,30 2,30

C21:0 4,35 4,35 4,35 4,35 4,35

C22:0 1,94 1,94 1,94 1,94 1,94

C16:1 4,74 4,75 4,73 4,73 4,73

C17:1 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02

C18:1n-9c 23,16 24,31 24,57 23,77 24,31

C22:1n-9 0,28 0,23 0,49 0,24 0,51

C18:2n-6 22,97 23,39 22,30 22,97 23,39

C18:3n-3 1,69 1,74 1,67 1,69 1,67

C18:3n-6 2,06 2,06 2,06 2,06 2,06

C20:2 0,44 0,45 0,65 0,56 0,56

C20:4n-6 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50

C22:2 n-6 15,09 15,09 15,12 15,08 15,09

AGS 39,39 39,08 41,00 39,97 41,07

AGMI 28,20 29,31 29,81 28,76 29,57

AGPI 42,75 43,23 42,30 42,86 43,27

AGPI:AGS 1,09 1,11 1,03 1,07 1,05

n-6 40,62 41,04 39,98 40,61 41,04

n-3 1,69 1,74 1,67 1,69 1,67

n-6:n-3 24,04 23,59 23,94 24,03 24,57

Após esse período, avaliou-se, de acordo com Cézar & Souza (2007), as

seguintes medidas morfológicas das carcaças: comprimento de carcaça (distância

42

máxima entre o bordo anterior da sínfise ísquio pubiana e o bordo anterior da primeira

costela em seu ponto médio); comprimento da perna (distância entre o períneo e o bordo

anterior da superfície articular tarso-metatarsiana); profundidade da perna (maior

distância entre o bordo proximal e distal da perna); largura da perna (distância entre as

bordas internas e externas da parte superior da perna); profundidade do peito (distância

máxima entre o�esterno�e�o�dorso�da�carcaça ao nível da sexta vértebra torácica).

A partir do estabelecimento das razões entre algumas medidas, foram

determinados o Índice de Compacidade da Carcaça (ICC), através da relação entre o

peso da carcaça fria (PCF) e o Comprimento da Carcaça (CC) expresso por (ICC

kg/cm= PCF/CC).

Todas as medidas de comprimento, altura e perímetro foram tomadas utilizando-

se fita métrica, e as de largura e profundidade, com auxílio de compasso, cuja abertura

registrada foi mensurada com régua.

A avaliação da área de olho de lombo e espessura de gordura subcutânea foi

realizada no corte transversal, entre a 13ª vértebra torácica e a 1ª vértebra lombar,

permitindo, assim, a exposição da secção transversal do lombo da meia carcaça direita.

Dessa forma, a aferição da área de olho de lombo foi procedida com auxílio de

transparência, com gabarito padrão transparente quadriculado, em que cada quadrado

representava um centímetro quadrado (Cunha et al., 2001). A espessura da gordura de

cobertura foi obtida por meio de paquímetro a 3/4 de distância, a partir do lado medial

do músculo Longissimus lumborum, para o seu lado lateral da linha dorso lombar.

Na sequência, foram realizadas nas carcaças as avaliações subjetivas, segundo

metodologia descrita por Osório & Osório (2005), sendo: conformação de carcaça,

avaliação visual da carcaça, considerando-a como um todo, e levando-se em

consideração as diferentes regiões anatômicas (perna, garupa, lombo e espádua) e a

espessura de seus planos musculares e adiposos, em relação ao tamanho do esqueleto

que a suporta, em escala de 1 a 5, sendo o valor 1 atribuído à conformação muito pobre

e 5 para a excelente; textura do músculo Longissimus (entre a última vértebra torácica e

a primeira lombar, no corte denominado lombo). Em seguida, foi realizada a retirada do

corte da carcaça para descrição visual em uma escala de 1 a 5, na qual 1 equivale a uma

textura muito grosseira e 5 uma textura muito fina; marmoreio do músculo Longissimus,

utilizando o mesmo corte anterior, com escala para visualização entre 1 a 5, em que 1

43

equivale a um marmoreio inexistente e 5 a um marmoreio de músculo excessivo; cor do

músculo Longissimus, realizado utilizando o mesmo corte das análises anteriores -

lombo, com escala para visualização entre 1 a 5, em que 1 é o valor atribuído à cor rosa

claro e 5 à cor vermelho escuro.

Após a pesagem das carcaças frias, realizou-se a divisão longitudinal das

carcaças, conforme metodologia descrita por Silva Sobrinho et al. (2008), sendo as

meias carcaças esquerdas seccionadas e realizados os seguintes cortes comerciais:

pescoço (separado da carcaça por meio corte obliquo em sua extremidade inferior entre

a última vértebra cervical e primeira torácica, compreendendo, assim, as sete vértebras

cervicais); paleta (obtida pela desarticulação dos tecidos que unem a escápula e o úmero

à região torácica, formada pelas seis primeiras vértebras torácicas e a porção superior

das seis primeiras costelas); costelas (corte comercial, que compreende as 13 vértebras

torácicas, com as costelas correspondentes e o esterno); lombo (obtido

perpendicularmente à coluna, entre a 13ª vértebra dorsal-primeira lombar e última

lombar-primeira sacral); perna (separada da carcaça pela sua extremidade superior entre

a sétima vértebra lombar e a primeira vértebra sacral, por meio da secção do flanco).

À proporção que foram realizados os cortes comerciais e que estes foram

retirados da carcaça, realizou-se a pesagem individual de cada um deles, proposto por

Cézar & Souza (2007).

3.4 Caracterização nutricional: composição centesimal e ácidos graxos

3.4.1 Umidade e cinzas

As análises de umidade e cinzas foram realizadas conforme técnicas da AOAC

(1995). Foram pesadas em balança analítica, aproximadamente 3,0000g (±0,0001g) de

amostra, em cadinhos de porcelana previamente tarados em mufla a 600°C. Esses foram

levados à estufa e mantidos a 105°C por 4 horas. Em seguida, os cadinhos foram

transferidos para um dessecador e resfriados por aproximadamente 30 minutos. Estas

operações de aquecimento e resfriamento se repetiram até peso constante, sendo a

umidade determinada gravimetricamente. Após a determinação da umidade, as amostras

foram colocadas em mufla a 600°C, por aproximadamente 6 horas ou até a obtenção de

uma cinza clara, sinal da ausência de matéria orgânica. Na sequência, os cadinhos com

44

as amostras foram colocados em dessecador por 30 minutos, e fez-se a pesagem.

Determinou-se gravimetricamente o teor de cinzas nas amostras.

3.4.2 Proteína bruta

A análise do teor de proteína bruta na amostra foi baseada no processo

semimicro Kjedahl, conforme técnicas da AOAC (1995). Este método consiste de três

etapas: digestão das amostras, com formação de amônio, dióxido de carbono e água; a

neutralização/destilação, na qual o amônio é separado e recolhido em uma solução

receptora; e a titulação, que é a determinação quantitativa do amônio contida na solução

receptora, dando a quantidade de nitrogênio total.

Foram pesadas 0,10 a 0,30g (±0,01g) de cada amostra e transferidas para tubos

digestores, nos quais foram adicionados cerca de 2g de mistura catalítica (100,0 partes

de Na2SO4 anidro, 1,0 parte de CuSO4.5 H2O e 0,8 partes de selênio metálico em pó) e

10 mL de ácido sulfúrico concentrado. Em seguida, os tubos foram levados ao digestor

Büchi B-412 (Büchi, Suíça), utilizando uma rampa de aquecimento na ordem de 80ºC e

aumentando 30ºC em um intervalo de 1 hora até 180ºC, ficando a amostra por

aproximadamente 5 horas no digestor, até que forme uma solução incolor. Após serem

resfriados à temperatura ambiente, realizou-se a destilação em destilador Büchi B-323

(Büchi, Suíça), onde, através da reação com hidróxido de sódio, 40%, todo nitrogênio

contido na amostra digerida foi convertido em amônia, a qual foi coletada em

erlenmeyer contendo solução de ácido bórico 4% e indicador (mistura de verde de

bromocresol e vermelho de metila). A solução resultante foi titulada com ácido

clorídrico 0,1 mol/L padrão. A quantidade de nitrogênio total da amostra foi obtida

através da seguinte equação:

% N = V x N x f x 14 x 100

m

Em que:

% N = porcentagem de nitrogênio total na amostra;

V = volume de HCl gasto na titulação em mL;

N = normalidade padrão (HCl);

f = fator de correção da solução padrão;

45

m = massa da amostra (mg);

O fator de conversão de nitrogênio total para proteína bruta utilizado foi de 6,25;

sendo o teor de proteína bruta da amostra obtido pela equação abaixo:

%PB = %N × FE

Em que:

% PB = Porcentagem de proteína bruta contida na amostra;

FE = Fator de conversão (6,25)

% N = porcentagem de nitrogênio total na amostra;

3.4.3 Extração de lipídeos totais

A extração da fração lipídica foi extraída com uma mistura de clorofórmio,

metanol e água, respectivamente (2:2:1,8 v/v/v), segundo Bligh & Dyer (1959). Foram

pesadas cerca de 15g (±0,1mg) de amostra em um béquer de 250 mL, sendo a este

adicionado 15mL de clorofórmio e 30mL de metanol, agitados por 5 minutos; após,

adicionou-se mais 15 mL de clorofórmio, novamente agitando a mistura por mais 5

minutos. Em seguida, fez-se a adição de 15ml de água destilada à solução, mantendo

esta em agitação por mais 5 minutos. A solução obtida foi filtrada a vácuo em funil de

Büchner, com papel filtro quantitativo, sendo ao resíduo adicionado mais 15 mL de

clorofórmio, mantendo sob agitação por 5 minutos. Filtrou-se o resíduo fazendo-se uso

do mesmo papel de filtro e o béquer lavado com 10 mL de clorofórmio. O filtrado foi

recolhido em funil de separação; após a separação das fases, a inferior contendo o

clorofórmio e a matéria graxa foi drenada para um balão previamente tarado, sendo a

solução concentrada em rota-vapor (banho-maria a 33°-34°). O resíduo de solvente foi

eliminado com fluxo de nitrogênio. A matéria restante no balão foi pesada e o teor de

lipídeos determinado gravimetricamente.

3.4.4 Extração de matéria graxa dos concentrados e da silagem

Para extração da matéria graxa dos concentrados e da silagem e, para a

determinação do perfil em ácidos graxos, na etapa de extração lipídica por Bligh &

Dyer (1959), foi corrigido o teor de umidade para 80%.

46

3.4.5 Transesterificação dos triacilgliceróis

A transesterificação dos TAG foi realizada conforme o método 5509 da ISO

(1978). Aproximadamente 200 mg da matéria lipídica extraída foi transferida para tubos

de 10mL com tampa rosqueável, adicionados 2 mL de n-heptano e a mistura agitada até

completa dissolução. Em seguida, foram adicionados 2 mL de KOH 2 mol L-1

em

metanol, sendo o frasco hermeticamente fechado e a mistura submetida a uma agitação

vigorosa, até a obtenção de uma solução levemente turva. Após a ocorrência da

separação das fases, a superior (heptano e ésteres metílicos de ácidos graxos) foi

transferida para ependorf de 2 mL de capacidade, fechados hermeticamente e

armazenados em freezer (-18ºC), para posterior análise cromatográfica.

3.4.6 Análise dos ésteres metílicos de ácidos graxos por cromatografia

Os ésteres metílicos foram analisados através cromatógrafo gasoso (Thermo-

Finnigan), equipado com detector de ionização de chama e coluna capilar de sílica

fundida BPX-70 (120m, 0,25mm d.i). A vazão dos gases foi de 6,5mL/min para o gás

de arraste N2, 30mL/min para o gás auxiliar N2 e 30 e 350mL/min para os gases da

chama H2 e ar sintético, respectivamente. A razão de divisão da amostra foi de 90:10.

As temperaturas do injetor e detector foram 250ºC e 280ºC, respectivamente. O tempo

total de análise foi de 40 minutos, programado em quatro rampas, sendo a temperatura

inicial de 140oC e a final de 238

oC. O volume de injeção foi de 1,5μL. As áreas de picos

foram determinadas pelo método da normalização, utilizando um software ChromQuest

4.1. Os valores percentuais dos ácidos graxos foram obtidos após a normalização das

áreas. Os picos foram identificados por comparação dos tempos de retenção de padrões

de ésteres metílicos de ácidos graxos Sigma (EUA) e após verificação do comprimento

equivalente de cadeia.

3.5 Características físico-químicas

Para a análise das características físico-químicas (pH, coloração, capacidade de

retenção da água, perdas por cocção, força de cisalhamento e atividade de água) do

músculo Longissimus, foram coletados os lombos inteiros (com 24 horas de

refrigeração) da meia carcaça esquerda de cada animal, os quais foram identificados

47

individualmente, acondicionados em sacos plásticos e armazenados em freezer a -18°C

até o início das análises.

No preparo das amostras para as análises, os lombos foram descongelados

dentro de sacos plásticos, em geladeira a 10°C; após esse período, foi retirada toda a

gordura de cobertura das amostras.

A avaliação da cor da carne foi realizada com auxílio de um colorímetro Konica

Minolta, modelo Chroma Meter CR410, previamente calibrado em ladrilho branco, pelo

sistema CIELAB, que considera as coordenadas L*, a* e b* responsáveis pela

luminosidade (preto/branco), teor de vermelho e teor de amarelo, respectivamente,

iluminante D65 e observador 10º. Antes da análise, os lombos foram seccionados por

meio de um corte transversal e exposição ao ar atmosférico, durante um período de

trinta minutos (Cañeque & Sañudo, 2000). Este procedimento é importante, pois através

dele ocorre a reação entre a mioglobina do músculo e o oxigênio do ar, de modo que

haja a formação de oximioglobina, principal pigmento responsável pela cor vermelho

brilhante da carne (Renerre, 1990). Decorrido esse tempo, e conforme descrito por

Miltenburg et al. (1992), as coordenadas L*, a* e b* foram mensuradas em três pontos

distintos da superfície interna do músculo, sendo calculada posteriormente a média das

triplicatas de cada coordenada por animal.

A perda de peso por cocção foi determinada utilizando-se amostras isentas de

tecido conectivo visível, que foram previamente descongeladas durante 12 horas, sob

refrigeração a 10°C. Posteriormente, os bifes foram assados em forno elétrico pré-

aquecido à temperatura de 170°C, sendo realizado o monitoramento da temperatura com

auxílio de termômetro digital portátil, tipo espeto, até o momento em que a temperatura

interna da amostra atingisse 71°C no centro geométrico. Depois de assados, os bifes

foram retirados do forno e novamente pesados. A diferença entre peso inicial e peso

final da amostra foi utilizada para a determinação da perda por cocção, sendo os valores

expressos em porcentagem, de acordo com Duckett et al. (1998).

Na sequência, para avaliação da força de cisalhamento, as amostras cozidas

utilizadas na análise das perdas por cocção foram resfriadas em bancada até atingirem a

temperatura ambiente. Assim, com auxílio de sonda vazada, foram retiradas de cada

amostra, em média, seis cilindros, os quais foram cortados no sentido das fibras

musculares para esta avaliação. Em seguida, a força necessária para cortar cada

48

cilindro foi mensurada por meio do aparelho Texture Analyser, acoplado à lâmina de

aço inox tipo Warner-Bratzler, com célula de carga de 25 kgf e velocidade de

20cm/min. (Wheeler et al., 1995).

A atividade de água (Aw) foi medida em duplicata, utilizando aproximadamente

10 gramas de amostra triturada, até que se completasse o cilindro do equipamento

denominado Decagon-Aqualab, aplicando o princípio do ponto de orvalho, no qual a

água é condensada em superfície espelhada e fria, e detectada por sensor infravermelho.

Utilizando-se um pHmetro portátil acoplado a um eletrodo de penetração,

previamente calibrado com soluções tampão de pH 4,0 e 7,0, foram realizadas em

triplicata as leituras de pH em três pontos distintos do músculo.

3.6 Caracterização microbiológica

As análises foram feitas em cada tratamento, visando à identificação das

principais bactérias previstas na Legislação, segundo a RDC nº 12 de 02/01/2001 da

ANVISA, utilizando metodologias para contagem de coliformes totais e coliformes a

45ºC (Escherichia coli) e Staphylococcus aureus.

3.6.1 Contagem de coliformes totais e coliformes à 45ºC (Escherichia coli)

Pesou-se, assepticamente, 25g de cada amostra, em seguida, foram trituradas e

diluídas em 225 ml de solução salina peptonada a 0,1%. A diluição obtida correspondeu

à diluição 10-1

, a partir da qual foram obtidas as demais diluições decimais até 10-3

.

Das diluições 10-3

de cada amostra, foram transferidas alíquotas de 1 ml para a

superfície das Placas Petrifilm TM, para contagem de coliformes a 45°C. As placas

foram incubadas por 48 horas, a 35°C, aprovadas pelo Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento – MAPA (Brasil 2001).

3.6.2 Contagem de Staphylococcus aureus

A contagem foi realizada pelo método de Petrifilm® para contagem rápida de

Staphylococcus aureus. As placas em duplicata de Petrifilm RSA foram inoculadas com

1,0mL das diluições usadas para inoculação do método tradicional e então incubadas a

35-37ºC/24h. Posteriormente, transferidas para uma estufa a 62ºC±2ºC e mantidas por

1-4h. Em seguida, discos reativos de termonuclease foram colocados nas placas e estas

49

foram incubadas a 35-37ºC/1-3h. Após o período de incubação, procedeu-se a

contagem, considerando-se colônias vermelhas ou azuis rodeadas por uma área rosada

como positivas para Staphylococcus, aprovada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária

e Abastecimento – MAPA (Brasil 2001).

3.7 Características sensoriais

A análise sensorial foi realizada após o processamento no laboratório de Análise

Sensorial da UESB, com base em teste afetivo de aceitação, avaliando cinco atributos

sensoriais (aroma, cor, sabor, textura e aceitação total). O teste foi realizado com 110

consumidores não-treinados, selecionados previamente devido a sua preferência por

consumir produtos cárneos, e que tenham disponibilidade e interesse em participar do

teste. Foram empregados questionários, com escala hedônica, estruturada de 7 pontos (7

= gostei muito e 1 = desgostei muito). A amostra de carne foi servida após cocção a

seco, em chapa elétrica. As provas foram realizadas em cabine fechada com iluminação

branca; as amostras foram dispostas em bandejas, codificadas com três dígitos

aleatórios cada, e então oferecidas aos participantes. Na avaliação também foi entregue

a cada provador um copo de água para que bebessem nos intervalos entre uma

degustação e outra, seguindo a metodologia de Dutcosky (1996).

3.8 Análise estatística

Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e regressão a

5% de probabilidade. Para análise dos dados de correlação, foi calculado o coeficiente

de correlação linear de Pearson entre a composição dos ácidos graxos consumidos com

a composição dos ácidos graxos encontrados na carne. Interpretando o valor de r,

obtém-se:

Valores de “r” Interpretação

0,00 a 0,19 Correlação bem fraca

0,20 a 0,39 Correlação fraca

0,40 a 0,69 Correlação moderada

0,70 a 0,89 Correlação forte

0,90 a 1,00 Correlação muito forte

Fonte:http://leg.ufpr.br/~silvia/CE003/node74.html

50

Em que r assume valores entre -1 (associação línea negativa) e 1 (associação

linear positiva). Para análise dos dados, utilizou-se o pacote estatístico SAEG (2001).

51

IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Características de Carcaça

O peso vivo ao abate (PVA), peso de carcaça quente (PCQ) e peso de carcaça

fria (PCF) e a espessura de gordura subcutânea (EGS) diminuíram linearmente

(P<0,05) com o aumento da inclusão do farelo de mamona na dieta. O rendimento de

carcaça quente (RCQ), rendimento de carcaça fria (RCF) e a perda de peso por

resfriamento (PPR) não foram influenciados (P>0,05) pelos tratamentos (Tabela 4).

Tabela 4. Características de peso e rendimento da carcaça de cordeiros Santa Inês

alimentados com dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona

Níveis de substituição

Variáveis 0% 25% 50% 75% 100% CV

(%)

P1

L Q C

CPB (kg)2 0,21 0,19 0,19 0,18 0,18 6,5 0,0002 0,3462 0,4567

CNDT(kg)3

0,76 0,72 0,74 0,63 0,51 5,5 0,0175 0,2652 0843

PVA (kg)4 39,78 36,57 37,76 37,17 34,35 12,74 0,034 0,875 0,171

PCQ (kg)5 18,00 15,84 16,26 15,94 15,02 16,31 0,032 0,5727 0,238

PCF (kg)6 17,49 15,34 15,81 15,42 14,56 16,51 0,031 0,569 0,243

RCQ (%) 45,09 43,20 43,08 42,91 43,93 10,28 0,572 0,287 0,896

RCF (%) 43,79 41,83 41,89 41,49 42,58 10,38 0,541 0,286 0,896

PPR (%) 2,87 3,20 2,76 3,33 3,06 23,50 0,514 0,840 0,974

EGS (mm)7 2,20 2,15 2,05 1,80 1,44 30,6 0,044 0,514 0,949

CPB: consumo de proteína bruta; CNDT: consumo de nutrientes digestíveis totais; PVA: peso vivo ao

abate; PCQ: peso da carcaça quente; PCF: peso da carcaça fria; RCQ: rendimento de carcaça quente;

RCF: rendimento de carcaça fria; PPR: perda de peso por resfriamento; EGS: espessura de gordura

subcutânea. 1 L, Q e C: efeitos linear, quadrático e cúbico para inclusão de farelo de mamona na dieta.

2Ỹ= 0,206115-0,000431440x (r

2=0,84)

3Ỹ= 0,787837-0,00230087x (r

2=0,80)

4Ỹ= 39,1799-0,04456x (r

2=0,69)

5Ỹ= 17,3836-0,0251378x (r

2=0,71)

6Ỹ= 16,8787-0,0247022x (r

2=0,71)

7Ỹ= 2,302-0,0075x (r

2=0,89)

A redução no consumo de proteína bruta (CPB) e NDT (CNDT) para cada

unidade percentual de farelo de mamona adicionado pode explicar o decréscimo

verificado para o PVA, PCQ, e EGS, observados neste trabalho, entretanto, a

52

semelhança dos pesos vivos de abate resultou em similitude nos pesos de carcaça quente

e fria entre os tratamentos. No entanto, o PCF foi influenciado pela redução da

espessura de gordura subcutânea.

O RCQ e RCF apresentaram valores médios de 43,6 e 42,61%, respectivamente.

Segundo Sañudo & Sierra (1993), os rendimentos de carcaça ovina variam de 40 a 50%,

conforme a raça e sistema de criação. Logo, os valores obtidos neste trabalho estão de

acordo com os autores citados. A similaridade no peso vivo, associada à semelhante

idade, pode ter contribuído para que os rendimentos de carcaça não fossem

influenciados pela dieta, visto que esses parâmetros influenciam bastante nos

rendimentos (Cezar & Sousa, 2007).

Vieira et al. (2010), avaliando a substituição do farelo de soja pelo farelo de

mamona nos mesmos níveis apresentado neste estudo, encontraram valores médios de

43,4 para RCQ e 42,8 para RCF em carcaças de cordeiros mestiços Morada Nova,

abatidos próximos aos 30kg.

Os índices de perdas por resfriamento (PPR) variaram em média 3,0%, tais

perdas são superiores às encontradas por Cunha et al. (2008), que relataram valores

entre 1,47 e 2,45% em ovinos Santa Inês, com peso de carcaça quente variando de 14,41

a 16,35kg, entretanto, Sañudo (1981) relata que a faixa aceitável é de 3 a 4%. Essa

porcentagem pode variar em função do grau de gordura de cobertura da carcaça. Apesar

de não ter sido observado, o tratamento com 100% de substituição apresentou em

valores absolutos maiores perdas, devido à menor porcentagem de gordura subcutânea,

visto que a camada de gordura origina um obstáculo que evita a perda de água pela

carcaça, tendo função protetora (Sañudo et al., 2000). Em ovinos, ainda não foram

determinadas espessuras de gordura de cobertura ideais nas carcaças no Brasil, mas

Osório & Osório (2001) sugerem que esta pode variar de 2 a 5 mm, de acordo com o

peso de cada carcaça. Urano et al. (2006) verificaram média de 1,8 mm para espessura

de gordura em cordeiros da raça Santa Inês, com idade média e peso médio ao abate de

170 dias e 37,7 kg, respectivamente.

As características relacionadas à morfometria da carcaça (Tabela 5) não

mostraram diferença (P>0,05) entre os tratamentos testados para as variáveis:

comprimento da carcaça (CC); índice de compacidade da carcaça (ICC); profundidade

de peito (PFP); largura de perna (LPN); e comprimento de perna (CPN).

53

Somente as variáveis profundidade de perna (PFPN) e área de olho de lombo

(AOL) tiveram efeito decrescente, sendo estimado uma queda de 0,011cm e 0,04 cm2

respectivamente, para cada unidade percentual do farelo de mamona adicionado ao

concentrado, provavelmente, devido à diferença do peso vivo de abate dos animais,

indicando que houve redução no volume da porção comestível. A área de olho de lombo

(AOL) é uma medida que reflete a composição cárnea da carcaça e, segundo Cunha et

al. (2000), a área de olho de lombo é positivamente correlacionada com o peso ao abate,

ou seja, animais mais leves tendem a ter uma menor AOL. Urbano et al. (2013) afirmam

que o decréscimo linear da AOL com a utilização da casca de mamona em substituição

ao feno de capim tifton é coerente com a diminuição do peso corporal.

Tabela 5. Mensurações na carcaça de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas

contendo níveis crescentes de farelo de mamona

Níveis de substituição

Variáveis 0% 25% 50% 75% 100% CV

(%)

P1

L Q C

CC (cm) 68,87 66,31 68,00 66,32 66,82 3,92 0,132 0,392 0,418

ICC(cm) 0,25 0,23 0,23 0,23 0,22 5,19 0,691 0,423 0,094

PFP (cm) 26,05 28,70 28,32 27,17 27,60 14,67 0,691 0,275 0,273

PFPN (cm)2 12,05 12,50 11,33 11,30 11,15 11,40 0,031 0,964 0,264

LPN (cm) 8,64 8,39 9,01 8,59 8,42 10,60 0,804 0,416 0,473

CPN (cm) 39,93 39,73 39,20 38,79 39,20 5,83 0,311 0,633 0,629

AOL (cm2)

3 14,10 12,20 12,10 10,39 9,88 14,50 0,001 0,570 0,699

CC: comprimento da carçaca; ICC: índice de compacidade da carcaça; PFP: profundidade de peito;

PFPN: profundidade de perna; LPN: largura de perna; CPN: comprimento de perna; AOL: área de olho

de lombo. 1 L, Q e C: efeitos linear, quadrático e cúbico para inclusão de farelo de mamona na dieta.

2Ỹ= 12,264-0,0112444x (r

2=0,66)

3Ỹ= 13,7822-0,0402667x (r

2=0,94)

Dentre as medidas subjetivas realizadas, as variáveis: conformação, textura,

marmoreio e cor não diferiram entre os tratamentos (P>0,05), apresentando valores

médios de 2,74; 3,72; 3,02 e 2,83, respectivamente (Tabela 6). Segundo a classificação

descrita por Osório et al. (1998), a conformação das carcaças dos cordeiros neste estudo

podem ser classificadas como boas, textura média, marmoreio bom e cor vermelho

claro, típica de animais jovens. A cor e a textura do músculo Longissimus são avaliadas

por afetar a aparência dos cortes e, por conseguinte, a aceitabilidade do consumidor.

54

Tabela 6. Medidas subjetivas da carcaça de cordeiros Santa Inês alimentados com

dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona

Níveis de substituição

Variáveis 0% 25% 50% 75% 100% CV

(%)

P1

L Q C

Conformação 3,00 2,62 2,90 2,78 2,40 21,50 0,064 0,091 0,454

Textura 3,60 3,85 3,65 3,67 3,83 11,39 0,481 0,949 0,184

Marmoreio 3,10 3,5 3,00 2,74 2,77 20,92 0,075 0,738 0,279

Cor 2,85 2,70 3,05 2,55 3,00 19,93 0,745 0,639 0,492

1 L, Q e C: efeitos linear, quadrático e cúbico para inclusão de farelo de mamona na dieta.

Escala: 1 a 5 pontos.

O peso dos cortes comerciais, pescoço, paleta, lombo e perna diminuiu

linearmente (P<0,05) com o aumento de farelo de mamona na ração (Tabela 7), com

exceção da costela.

Tabela 7. Cortes comerciais da carcaça de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas

contendo níveis crescentes de farelo de mamona Níveis de substituição

Cortes

comerciais

0% 25% 50% 75% 100%

CV

(%)

P 1

L Q C

Peso dos cortes (kg)

Pescoço2 1,77 1,52 1,54 1,37 1,45 20,31 0,013 0,201 0,974

Paleta3 1,83 1,65 1,63 1,56 1,52 14,78 0,003 0,379 0,844

Lombo4 1,04 0,93 0,93 0,87 0,83 18,64 0,007 0,782 0,566

Costela 2,27 1,78 2,16 2,21 1,85 33,17 0,337 0,467 0,974

Perna5 2,65 2,50 2,57 2,37 2,29 15,24 0,030 0,785 0,804

Rendimento de cortes (%)

Pescoço 18,03 18,25 17,42 16,52 18,20 10,07 0,438 0,179 0,050

Paleta 18,84 19,98 18,49 18,58 19,16 8,32 0,633 0,809 0,054

Lombo 10,68 11,16 10,60 10,61 10,41 10,95 0,358 0,569 0,477

Costela 25,32 20,25 24,38 25,46 23,29 19,72 0,804 0,625 0,051

Perna 27,10 30,34 29,08 28,79 28,92 8,84 0,420 0,088 0,060

1 L, Q e C: efeitos linear, quadrático e cúbico para inclusão de farelo de mamona na dieta.

2Ỹ= 1,69514-0,00319964x (r

2=0,70)

3Ỹ=1,78492-0,00296418x (r

2=0,81)

4Ỹ= 1,02119-0,00192444x (r

2=0,84)

5Ỹ= 2,65024-0,00337351x (r

2=0,68)

55

A diferença para o peso dos cortes não alterou o rendimento (%) com a dieta

(P>0,05), apresentando médias de: pescoço (11,5%), paleta (18,9%), lombo (10,8%),

costela (23,8%) e perna (28,8%). Esses resultados estão de acordo com a lei da

harmonia anatômica, que diz que, em carcaças de pesos e quantidades de gordura

similares, quase todas as regiões corporais se encontram em proporções semelhantes,

qualquer que seja a conformação dos genótipos considerados (Bocard & Dumont,

1960).

Apesar do decréscimo observado para o peso dos cortes, os resultados

observados neste trabalho, sobretudo os dados de rendimento, são superiores aos

encontrados por Gomes et al. (2010), em experimento com ovinos Morada Nova

alimentados com torta de mamona, que obtiveram rendimentos de 17,3% para paleta,

5,7% para o lombo.

Urbano et al. (2013), trabalhando com ovinos alimentados com casca de

mamona em substituição ao feno de capim tifton, observaram redução linear e de todos

os cortes comercias, entretanto, o rendimento não foi alterado pela dieta, obtendo

resultados semelhantes à esta pesquisa.

4.2 Características nutricionais: composição centesimal e ácidos graxos

Não foi observado efeito (P˃0,05) dos níveis de inclusão do farelo de mamona

na carne dos cordeiros para os teores de lipídeos totais, cinzas, umidade e proteína

(Tabela 8).

Tabela 8. Composição centesimal da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com

dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona

Níveis de substituição

Variavéis (%) 0% 25% 50% 75% 100% CV

(%)

P 1

L Q C

Lipídeos totais 1,69 1,68 1,65 1,79 1,62 30,15 0,2444 0,2459 0,1026

Cinzas 1,04 1,03 1,02 1,03 1,05 4,08 1,000 0,1622 0,5878

Umidade 73,65 73,29 74,21 73,61 73,88 1,63 0,5167 0,8545 0,7360

Proteína 23,07 22,86 23,21 22,19 23,43 9,54 1,000 0,5581 0,4407

1 L, Q e C: efeitos linear, quadrático e cúbico para inclusão de farelo de mamona na dieta.

A percentagem de lipídeos totais encontrada foi baixa (1,8%). De acordo com

alguns estudos, os teores de gordura da carne de ovinos podem variar de 2,0 a 4,0%.

56

Provavelmente, isso ocorreu pelo fato dos animais serem não castrados (Cézar & Souza,

2007), podendo manter uma percentagem de gordura menor, mesmo com pesos

superiores (Sainz, 2000). Essa concentração para o teor de lipídeos pode ser

considerado um ponto positivo, diante da busca dos consumidores por alimentos com

baixos teores de gordura.

Os teores de umidade, cinzas e proteína neste estudo estão em acordo com os

resultados de pesquisa sobre a composição química da carne de caprinos e ovinos

deslanados, encontrados na literatura (Madruga 2009; Costa et al., 2012).

Em relação à composição dos ácidos graxos, foram encontradas diferenças

(P<0,05) para a maioria dos ácidos graxos encontrados na carne dos cordeiros, em

função dos níveis de farelo de mamona utilizada na dieta (Tabela 9).

Tabela 9. Composição de ácidos graxos da carne de cordeiros Santa Inês alimentados

com dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona

Níveis de Substituição

Ácidos

Graxos (%) 0% 25% 50% 75% 100%

CV

(%)

P1

L Q C

Ácidos graxos saturados

C14:02 2,23 2,23 2,25 2,13 1,99 10,17 0,013 0,120 0,882

C15:0 0,23 0,23 0,24 0,23 0,23 11,21 0,227 0,238 0,522

C16:03 26,30 26,29 26,99 27,19 27,00 4,00 0,035 0,517 0,291

C17:04 0,78 0,78 0,88 0,88 0,89 16,48 0,022 0,682 0,510

C18:05 14,96 14,84 15,80 15,76 16,05 6,78 0,005 0,888 0,481

Ácidos graxos monoinsaturados

C14:16 0,078 0,073 0,082 0,076 0,090 14,80 0,024 0,099 0,565

C15:1 0,12 0,12 0,12 0,12 0,13 15,70 0,225 0,462 0,142

C16:17 1,85 1,89 1,97 1,99 2,00 8,98 0,039 0,655 0,838

C17:18 0,92 0,94 1,00 1,01 1,04 11,97 0,015 0,796 0,759

C18:1n-9c9 49,30 49,42 47,29 47,47 47,42 2,89 0,001 0,238 0,151

Ácidos graxos poli-insaturados

C18:2 n-610

2,35 2,33 2,33 2,13 2,09 6,66 0,001 0,400 0,374

C18:3 n-3 0,29 0,29 0,33 0,33 0,35 25,96 0,064 0,929 0,727

CLA11

0,26 0,29 0,32 0,34 0,35 16,52 0,000 0,412 0,822

C20:3 n-6 0,19 0,19 0,19 0,19 0,21 34,11 0,353 0,793 0,844

1 L, Q e C: efeitos linear, quadrático e cúbico para inclusão de farelo de mamona na dieta.

2Ỹ= 2,28446-0,00227789x (r

2=0,71)

57

3Ỹ= 26,2879+0,00927960x (r

2=0,72)

4Ỹ= 0,782632+0,00131831x (r

2= 0,82)

5Ỹ= 14,8714+0,0123048x (r

2= 0,81)

6Ỹ= 0,0748274+0,000110430x (r

2=0,41)

7Ỹ= 1,86615+0,0014764x (r

2= 0,91)

8Ỹ= 0,927310+0,00119106x (r

2= 0,92)

9Ỹ= 49,3238-0,022809x (r

2=0,70)

10Ỹ= 2,3910-0,0029x

(r

2= 0,83)

11Ỹ= 0,270237+0,000891782x (r

2=0,96)

Segundo Pérez et al. (2002), a predominância dos ácidos graxos na carne de

ovinos são: C14:0 (ácido mirístico); C16:0 (ácido palmítico); C18:0 (ácido esteárico);

C16:1(ácido palmitoleico); C18:1n-9c (ácido oleico) e C18:2n-6 (ácido linoleico), o que

pode ser comprovado neste estudo.

A concentração do ácido graxo saturado C14:0 (mirístico) reduziu linearmente

(P<0,05). Esse ácido tende a aumentar a síntese de colesterol e favorecer o acúmulo de

lipoproteínas de baixa densidade, o que representa um fator de risco para o

aparecimento de doenças cardiovasculares, contudo, de acordo com Diehl (2011), ele

não causa grande preocupação em relação à carne, pois sua representação é muito

pequena.

Houve aumento (P<0,05) para os ácidos graxos saturados C16:0 (ácido

palmítico), C17:0 (margárico) e C18:0 (esteárico). Provavelmente, pelo processo de

biohidrogenação que acontece no rúmen pela ação de microrganismos. A

biohidrogenação é obtida pela adição de um íon hidrogênio em uma dupla ligação,

resultando na conversão de ácidos graxos insaturados em seus saturados

correspondentes.

Como exemplo, a maioria dos ácidos insaturados que têm 18 carbonos (18:1,

18:2 e 18:3, respectivamente, oleico, linoleico e linolênico) ou 16 carbonos (16:1, o

palmitoleico) será convertida a ácido esteárico (18:0) e palmítico (16:0),

respectivamente (Holanda et al., 2011). O C16:0 é considerado hipercolesterolêmicos,

em contrapartida, o C18:0 é considerado neutro (Dietschy, 1998), não exercendo

influência nos níveis sanguíneos de colesterol. Mesmo com participação pequena, Díaz

et al. (2002) também verificaram que a carne dos cordeiros terminados em

confinamento apresentaram aumento no teor de C17:0. A flora microbiana presente no

rúmen pode sintetizar seus próprios lipídeos, a partir de pequenos precursores: acetato,

propionato (Sauvant & Bas, 2001), principalmente os ácidos graxos de cadeia ímpar,

58

como o C17:0, que são sintetizados pelas bactérias com a utilização de propionato e

estão presentes nos lipídeos microbianos (Mansbridge & Blake, 1997).

Os ácidos graxos monoinsaturados (AGMI), C14:1 (miristoleico), C16:1

(palmitoleico) e C17:1 (heptadecenoico) também aumentaram linearmente com a

inclusão do farelo de mamona. Esses ácidos podem ser adquiridos pela dieta. No

entanto, alguns ácidos graxos são dessaturados no organismo, tendo como precursores

os ácidos graxos mirístico, que produz o miristoleico; e o palmítico, que produzem o

ácido graxo palmitoleico (C16:1n-7) pela ação da enzima delta-9 dessaturase

(Visentainer et al., 2003).

O ácido oleico (C18:1 n-9c) foi o AGMI que mais contribuiu para o perfil dos

ácidos graxos da carne. Esse fato também foi relatado por outros autores (Santos et al.

(2010); Batista et al. 2010; Madruga et al., 2006; Madruga et al., 2005) em que dietas

ricas em ácido oleico proporcionam redução nos teores de colesterol total plasmático,

no percentual de lipoproteínas de baixa densidade e na razão lipoproteínas de baixa

densidade/ lipoproteína de alta densidade. A alta proporção desse ácido também pode

ser explicada pelo fato das dietas experimentais serem ricas nesse ácido graxo. No

entanto, houve redução do seu teor com a inclusão de farelo de mamona, provavelmente

ocasionado pelo processo de biohidrogenação. Oliveira (2013) observou efeito

quadrático para o oleico na carne de cordeiros alimentados com níveis de farelo de

mamona, apresentando ponto de máxima de 51,0 no nível de 35,4%. Tejeda et al.

(2008) trabalharam com machos e fêmeas da raça Merino, analisaram os músculos

Longissimus e Semimembranosus, e encontraram que o ácido graxo oleico (C18:1) foi o

que apresentou maior porcentagem em relação ao total de ácidos graxos, seguido de

C16:0 e C18:0, resultados semelhantes aos encontrados neste trabalho.

Em relação aos AGPI, foram identificados na carne o ácido linoleico (C18:2 n-

6), o ácido α linolênico (C18:3 n-3), o CLA e o ácido ácido di-homo-γ-linolénico

(C20:3 n-6).

O ácido linoleico teve efeito linear decrescente (P<0,05), sendo estimado uma

redução de 0,0029% para cada 1% de substituição do farelo de soja pelo farelo de

mamona da dieta. Apesar do teor desse ácido ser bem maior na dieta, não foi observado

o mesmo comportamento na carne, pois, segundo Wood et al. (2008), apenas pequena

59

porção de C18:2 n-6 (cerca de 10%) encontra-se disponível para incorporação nos

tecidos.

Não houve efeito (P>0,05) para o C18:3 n-3. Doreau & Ferlay (1994)

verificaram que 85 a 100% dos ácidos C18:3 são biohidrogenados no rúmen e, assim,

muito pouco encontra-se disponível para incorporação nos tecidos. Esses ácidos são

considerados essenciais e importantes por serem precursores dos ácidos da família da

série n-6 e n-3, respectivamente. Os animais não possuem a capacidade de inserir duplas

ligações, além dos carbonos 9 e 10, portanto, são incapazes de produzir endogenamente

os ácidos graxos das famílias n-6 e n-3, não podendo ser sintetizados pelos animais, só

pelos vegetais. A importância destes ácidos graxos está na sua capacidade de se

transformar em substâncias biologicamente mais ativas, com funções especiais no

equilíbrio homeostático, e em componente estrutural das membranas celulares e do

tecido cerebral e nervoso. Por essa razão, os ácidos graxos essenciais devem ser

incluídos na dieta alimentar (Saldanha & Gonzales, 2012). Oliveira (2013) não verificou

influência dos níveis de farelo de mamona sobre o teor do ácido graxo linoleico e

relatou níveis médios de 6,7%, bem superiores ao encontrados neste estudo.

O CLA respondeu linearmente (P˂0,05) aos níveis de substituição do farelo de

soja pelo farelo de mamona. Sugere-se que tenha ocorrido uma incompleta

biohidrogenação do ácido linoleico (C18:2) pela microbiota ruminal, originando então o

ácido linoleico conjugado, sendo então absorvido e depositado no músculo. Esse

resultado é desejável, uma vez que vários estudos mostram que o CLA, além de

anticarcinogênico, antiarterosclerose, antitrombótico, hipocolesterolêmico,

imunoestimulatório, também reduz gordura e previne diabetes (Barbosa & Oliveira,

2013).

A composição de ácidos graxos saturados (AGS), ácidos graxos

monoinsaturados (AGMI), ácidos graxos poli-insaturados (AGPI), razão AGPI/AGS,

ômega 6 (n-6) e razão n6:n-3 sofreu influência (P<0,05) das dietas (Tabela 10). Esses

resultados demonstram que a carne ovina possui maior quantidade de AGS e AGMI,

com menor quantidade de AGPI, o que justifica o processo de biohidrogenação. Leão et

al. (2011) encontraram maior proporção dos ácidos graxos saturados (51,34%) e

monoinsaturados (40,0%) e menor de poli-isaturados (8,7%), fato não comprovado

neste estudo, sendo a proporção maior de monoinsaturados (51,3%).

60

Tabela 10. Somatórios e razões dos principais ácidos graxos presentes na carne de

cordeiros Santa Inês alimentados com dietas contendo níveis crescentes de

farelo de mamona Níveis de Substituição

Ácidos

Graxos 0% 25% 50% 75% 100%

CV

(%)

P1

L Q C

AGS2 44,55 44,37 46,16 46,21 46,18 3,07 0,0006 0,387 0,153

AGMI3 52,27 52,44 50,46 50,67 50,68 2,29 0,0007 0,235 0,155

AGPI4 3,10 3,10 3,17 3,00 3,00 5,46 0,010 0,069 0,527

AGPI:AGS5 0,07 0,07 0,07 0,06 0,06 7,53 0,009 0,194 0,262

n-66 2,54 2,52 2,52 2,32 2,30 6,13 0,001 0,026 0,330

n-3 0,29 0,29 0,33 0,33 0,35 25,95 0,064 0,929 0,727

n6:n37 8,76 8,69 7,63 7,03 6,57 25,87 0,012 0,183 0,657

AGS: ácidos graxos saturados; AGMI: ácidos graxos monoinsaturados; AGPI: ácidos graxos poli-

insaturados; CLA: ácido linoléico conjugado; n-6: ácidos graxos ômega 6; n-3: ácidos graxos ômega

3. 1 L, Q e C: efeitos linear, quadrático e cúbico para inclusão de farelo de mamona na dieta.

2Ỹ= 44,4811+0,0203769x (r

2= 0,73)

3Ỹ=52,3626-0,0192613x (r

2= 0,64)

4Ỹ= 3,134-0,0012x (r

2= 0,41)

5Ỹ= 0,0710733-0,0000556306x (r

2=0,57)

6Ỹ= 2,576-0,0027x

(r

2= 0,81)

7Ỹ= 8,9444-0,024201x (r

2=0,95)

Os AGS da carne sofreram efeito positivo da dieta (P<0,05). Houve redução

linear (P<0,05) para os AGMI e AGPI de 0,0193% e 0,0012% para cada 1% de farelo

de mamona adicionado, respectivamente. Comprovando mais uma vez o processo de

biohidrogenação dos ácidos graxos insaturados com incremento dos saturados.

Neste experimento, a razão AGPI:AGS encontrada (0,07) foi bastante inferior à

recomendada para uma dieta saudável, que deve ser superior a 0,4 (Wood et al., 2003).

Todavia, dados na literatura demonstram que essa razão na carne geralmente é baixa, ao

redor de 0,1 (Scollan et. al., 2001). Rodrigues et al. (2010), ao avaliarem a substituição

do milho por polpa cítrica na composição de ácidos graxos de cordeiras, também não

observaram razão AGPI:AGS ideal, apresentando valor médio de 0,13.

A ingestão elevada de AGPI n-6, associado ao reduzido consumo de AGPI n-3,

resulta em modificações fisiológicas que promovem o estado pró-inflamatório e pró-

trombótico, com aumento de vasoespasmos, vasoconstrição e da viscosidade do

sangue, favorecendo o surgimento dessas doenças (Patterson et al., 2011). Os ácidos

61

graxos das famílias ômega-6 e ômega-3 têm ações diferentes no organismo humano,

enquanto os produtos metabólicos dos ácidos graxos ômega-6 promovem inflamação e

tumores, já os ácidos graxos ômega-3 atuam no sentido contrário. Assim, é

indispensável manter um equilíbrio dietético entre os dois tipos de ácidos graxos, uma

vez que funcionam em conjunto, promovendo a saúde e equilíbrio orgânico (Oliveira et

al., 2013).

Efeito decrescente foi verificado para o n-6 (P˂0,05), justificado pelo mesmo

comportamento do ácido linoleico (C18:2 n-6), precursor da série n-6. O n-3 não teve

efeitos com a dieta testada (P>0,05).

A razão n-6:n-3 reduziu (P˂0,05) 0,024 para cada 1% de substituição. Os

nutricionistas tem salientado a importância de manter uma razão entre n-6:n-3 em níveis

iguais ou inferiores a 4, para diminuição dos riscos de desenvolver um câncer ou

possíveis complicações coronarianas, especialmente, a formação de coágulos no sangue,

levando a ataques do coração (Enser, 2001). Portanto, a inclusão do farelo de mamona,

possibilitou contribuição para essa redução significativa.

4.3 Características físico-químicas, microbiológicas e sensoriais da carne

Houve efeito dos tratamentos (P<0,05) para a variável perda de peso por cocção

(PPC), não sendo verificado mesmo comportamento (P>0,05) para força de

cisalhamento (FC), atividade de água (AW) e pH (Tabela 11).

A PPC apresentou efeito linear crescente com a inclusão do farelo de mamona

da ração. A PPC é uma medida de qualidade, que está associada ao rendimento da carne

no momento do consumo, sendo uma característica influenciada pela capacidade de

retenção de água nas estruturas da carne. O nível de 100% de substituição apresentou

maior valor (26,5%). Pereira (2011), trabalhando com cordeiros Santa Inês, verificou

que a perda de peso por cocção foi afetada pelos níveis de substituição de farelo de

mamona, verificando-se menor valor percentual 24,4% com a substituição de 33% de

farelo de mamona, possivelmente pela resposta do próprio animal, sem, contudo,

apresentar alguma explicação biológica para este evento. Rodrigues et al. (2008)

encontraram para cordeiros Santa Inês alimentados com polpa cítrica média de 20,2%,

inferiores aos observados por Leão et al. (2010) para cordeiros Ile de France (média de

34,0%).

62

Tabela 11. Perda de peso por cocção (PPC), força de cisalhamento (FC) e atividade de

água (AW) da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas

contendo níveis crescentes de farelo de mamona

Níveis de Substituição

Variáveis 0% 25% 50% 75% 100% CV

(%)

P1

L Q C

PPC (%)2 23,45 23,40 24,82 26,25 26,55 15,27 0,021 0,875 0,496

FC (kgf/cm2) 2,09 2,19 2,26 2,43 2,42 22,01 0,079 0,836 0,073

AW 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,20 1,000 0,453 0,626

pH 5,79 5,77 5,76 5,64 5,70 3,65 0,162 0,920 0,413

1 L, Q e C: efeitos linear, quadrático e cúbico para inclusão de farelo de mamona na dieta.

2Ỹ= 23,0881+0,0362516x (r

2= 0,92);

De acordo com Bressan et al. (2001), as variações na obtenção dos valores de

perda de peso por cocção são atribuídas não somente a diferenças no genótipo e

tratamentos estudados, mas também à metodologia empregada, tais como a remoção ou

padronização da capa de gordura externa, temperatura e tipo de forno empregado no

processo de cocção, entre outros.

A força de cisalhamento foi 2,28 kgf e, segundo Boleman et al. (1997), apresenta

valores que correlacionam a maciez por meio da textura da carne, classificando-a em

muito macia (2,3 a 3,6 Kgf), moderadamente macia (4,1 a 5,4 kgf) e pouco macia (5,9 a

7,2 Kgf). Os valores para força de cisalhamento obtidos foram menores que aqueles

descritos por Oliveira et al. (2004), Cañeque & Sañudo (2005), Rota et al. (2005) e

Zeola et al. (2006), que descreveram valores na faixa de 2,5 a 4,3 kgf/cm2 no músculo

Longissimus lumborum.

A textura da carne é, provavelmente, a característica mais estudada, quando a

preocupação é o consumidor (Chambers; Bower, 1993; Borges et al., 2006), podendo

determinar a qualidade e aceitabilidade da mesma pelos consumidores; e a melhor

qualidade da carne é, normalmente, expressa em termos de maior maciez e maior

suculência (Borges et al., 2006).

A atividade de água não sofreu efeitos da dieta (P>0,05). Nas condições deste

estudo, apresentou-se com elevado índice (0,99), o que facilita a multiplicação de

microrganismos deteriorantes e/ou patogênicos na carne in natura e também nos

derivados. Santos-Cruz et al. (2013), ao determinar a atividade de água no Longissimus

lumborum de cordeiros Santa Inês, alimentados com diferentes proporções de casca de

63

maracujá inclusas na silagem de capim elefante, encontraram valores médios de 0,99,

corroborando com este trabalho.

O pH da carne não mostrou diferença (P>0,05) entre os tratamentos. O seu valor

final na carne dos cordeiros ficou, em média, 5,7. O glicogênio muscular presente na

carne favorece a formação do ácido lático, diminuindo o pH e tornando a carne macia e

suculenta, com sabor ligeiramente ácido e odor característico. A carne ovina atinge pH

final entre 5,5 a 5,8, de 12 a 24 horas após o abate (Prates, 2000; Silva Sobrinho, 2005).

Não houve efeito (P>0,05) do nível de inclusão do farelo de mamona na

determinação de cor pelo sistema CEILAB para os músculos Longissimus (Tabela 12).

Foram encontrados valores médios de 37,4 para luminosidade, 20,2 para o parâmetro a*

e 6,4 para o parâmetro b*, podendo ser observado maior tendência para o teor de

vermelho (a*), demostrando que as carnes apresentam uma cor desejável pelo

consumidor na hora da compra.

Tabela 12. Cor da carne de carne de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas

contendo níveis crescentes de farelo de mamona Níveis de Substituição

Variáveis 0% 25% 50% 75% 100% CV

(%)

P1

L Q C

L 37,17 37,28 37,14 37,59 37,65 4,81 0,484 0,812 0,938

a* 20,09 20,11 20,21 20,18 20,41 7,24 0,638 0,870 0,899

b* 6,18 6,43 6,43 6,71 6,65 22,03 0,399 0,842 0,949

L= luminosidade; a*: teor de vermelho; b*: teor de amarelo. 1 L, Q e C: efeitos linear, quadrático e cúbico para inclusão de farelo de mamona na dieta.

Em ovinos, são citadas variações de 30,0 a 49,5 para L*, de 8,2 a 23,5 para a* e

de 3,4 a 11,1 para b* (Sañudo et al., 2000a; Warris, 2003). Os valores apresentados

pelos autores corroboraram este estudo.

Os resultados obtidos nas análises microbiológicas do produto cárneo ovino

estão descritos na Tabela 13. De acordo com os resultados, a carne está dentro dos

padrões aceitáveis para o consumo humano, de acordo com a Resolução RDC n.12 da

Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Brasil, 2001), podendo ser utilizado na

análise sensorial.

As médias de contagem de coliformes totais foram inferiores a 1000 UFC/g,

evidenciando a boa qualidade higiênica e sanitária da carne ovina, pois valores acima de

64

105 são considerados altamente contaminados (Fung et al, 1980; Silva, 1991) (Tabela

13).

Tabela 13. Análise microbiológica da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com

dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona

Níveis de Substituição

Análise

microbiológica Referência 0% 25% 50% 75% 100%

Staphylococus

Aureus 5 x 10

3 (UFG/g)

3 <1 x 10

3 <1 x 10

3 <1 x 10

3 <1 x 10

3 <1 x 10

3

Coliformes

Totais 5 x 10

3 (NMP/g)

3 <1 x 10

3 <1 x 10

3 <1 x 10

3 <1 x 10

3 <1 x 10

3

UFC/g: unidade formadora de colônia

NMP/g: número provável por grama

A contagem total das bactérias mesófilas de um produto pode ser utilizada como

indicativo do histórico da manipulação a que ele foi submetido, com reflexo na

qualidade da matéria-prima empregada, bem como na vida de prateleira do produto final

(Nobrega & Schineider, 1983). A contagem de Staphylococus aureus também foi

inferior a 1000 UFC/g para todos os tratamentos.

Esses valores indicam que as boas práticas de fabricação foram seguidas

rigorosamente, sendo o produto considerado livre do risco de enterotoxina, que pode

desencadear uma intoxicação alimentar (Pearson & Dutson, 1986).

No que diz respeito às propriedades sensoriais da carne ovina, não foi verificada

(P>0,05) pelo teste de aceitação nenhuma influência da substituição do farelo de soja

pelo farelo de mamona, nos atributos aroma, cor, sabor, maciez e aceitação total (Tabela

14).

As médias para as variáveis foram: aroma (5,09), cor (4,94), sabor (4,67),

maciez (5,02) e aceitação total (5,02), avaliadas numa escala de 1 a 7 pontos. Essas

características sensoriais determinam a sensação agradável ou desagradável, que

provoca a aceitação ou recusa pelo consumidor. Os resultados mostraram similaridade

entre os níveis de substituição para maioria dos atributos e também aceitação pelos

provadores.

65

Tabela 14. Análise sensorial da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas

contendo níveis crescentes de farelo de mamona

Níveis de Substituição

Variáveis 0% 25% 50% 75% 100% CV

(%)

P1

L Q C

Aroma 5,16 5,00 5,08 5,14 5,09 18,08 1,000 0,561 0,230

Cor 4,99 4,83 5,04 4,92 4,91 17,14 0,794 0,924 0,332

Sabor 4,69 4,58 4,69 4,73 4,67 23,02 0,746 0,938 0,347

Maciez 5,07 4,97 5,16 4,97 4,91 18,94 0,287 0,399 0,595

Aceitação

Total

4,95 4,70 4,87 5,70 4,87 18,60 0,465 0,702 0,052

1 L, Q e C: efeitos linear, quadrático e cúbico para inclusão de farelo de mamona na dieta.

Escala: 1 - Desgostei muitíssimo; 2 - Desgostei muito; 3 – Desgostei; 4 - Não gostei/Nem desgostei;

5 – Gostei; 6 - Gostei muito; 7 - Gostei muitíssimo.

4.4 Correlação entre os ácidos graxos consumidos e sua composição na carne

Na dieta oferecida aos animais, destacam-se os ácidos graxos poli-insaturados

(Tabela 3). Já na carne, os AGMI são predominantes (Tabela 10). Os dados demonstram

que existiu correlação entre os ácidos graxos saturados da dieta com os ácidos da carne.

O ácido palmítico (C16:0) da dieta apresentou correlação fraca e positiva com o

ácido linoleico (C18:2 n-6) (r=0,28) e n-6 (r=0,29). O C16:0 também é utilizado para

formação de ácidos graxos saturados mais longos ou insaturados, fato que explica a

correlação (Tabela 15).

Para os ácidos graxos margárico (C17:0) e esteárico (C18:0) da dieta, verificou-

se correlação negativa fraca com o ácido oleico (C18:1 n9-c) e linoleico (C18:2 n-6). Já

com o ácido α linolênico (C18:3 n-3c) e com o n-3 apresentou correlação positiva fraca,

favorecendo a deposição da série n-3 no músculo. Para o CLA, a correlação foi positiva

moderada, contribuindo pra sua deposição na carne, uma vez que o ácido linoleico

conjugado, atualmente, é relacionado a efeitos anticarcinogênicos e antiaterogênicos

(Lee et al., 2005).

O ácido esteárico sofre dessaturação pela delta 9 dessaturase, formando o C18:1

n 9-c, no entanto, isso não pode ser verificado, evidenciado pela correlação negativa

entre eles.

Em determinadas situações, as correlações negativas, também, são resultados

favoráveis.

66

Tabela 15. Correlação entre os ácidos graxos saturados da dieta com os ácidos graxos

da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas contendo níveis

crescentes de farelo de mamona

Ácidos graxos

da carne

Ácidos graxos da dieta

C16:0 C17:0 C18:0

r P r P r P

C14:0 - - -0,39 0,0021 - -

C14:1 n-7 - - 0,41 0,0014 0,28 0,021

C15:1 - - 0,26 0,032 0,28 0,023

C17:0 - - 0,24 0,040 0,35 0,005

C17:1 - - 0,28 0,023 0,35 0,005

C18:0 - - 0,32 0,009 0,42 0,010

C18:1 n9-c - - -0,34 0,006 -0,58 0,000

C18:2 n-6 0,28 0,023 -0,51 0,001 -0,29 0,018

C18:3 n-3c - - 0,23 0,047 0,27 0,025

CLA - - 0,40 0,001 0,51 0,001

AGS - - 0,32 0,010 0,53 0,000

AGMI - - -0,30 0,014 -0,55 0,000

n-6 0,29 0,017 -0,47 0,0002 -0,26 0,030

n-3 - - 0,23 0,047 0,27 0,025

n-6:n-3 - - -0,38 0,002 -0,28 0,020

É interessante a redução na razão n-6:n-3, devido a propriedades pró-

inflamatórias do n-6, devendo-se diminuir sua ingestão para auxiliar na prevenção de

doenças (Macrae et al., 2005). Há competição entre os ácidos graxos das famílias n-6 e

n-3 pelas enzimas envolvidas nas reações de dessaturação e alongamento da cadeia,

devendo, assim, existir equilíbrio na ingestão de n-6 e n-3, pois um excesso de n-6

poderá impedir, por efeito de competição, a transformação do ácido graxo da série

ômega-3 em seus derivados de cadeia longa (Martin et. al., 2006).

Os ácidos graxos saturados C17:0 e C18:0 consumidos correlacionaram

negativamente com o n-6 e com a razão n-6:n-3, presente na carne dos cordeiros,

indicando que o ácido margárico e esteárico auxilam na redução dos ácidos citatos.

67

As correlações entre os ácidos graxos monoinsaturados (AGMI), consumidos

com os ácidos graxos depositados na carne (Tabela 16), demonstram que o ácido

palmitoleico (C16:1 n-7) da dieta apresentou correlação negativa com quase todos os

ácidos graxos encontrados na carne. O ácido palmitoleico é responsável pelo

metabolismo dos lipídeos, podendo ajudar no equilíbrio dos níveis de colesterol HDL e

LDL (Wen & Chen, 2000).

Tabela 16. Correlação entre os ácidos graxos monoinsaturados da dieta com os ácidos

graxos da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas contendo

níveis crescentes de farelo de mamona

Ácidos graxos

da carne

Ácidos graxos da dieta

C 16:1n-7 C17:1 C18:1 n-9c

r P r P r P

C14:1 n-7 -0,30 0,015 - - - -

C15:0 - - -0,27 0,028 -0,25 0,036

C15:1 - - 0,35 0,006 0,36 0,005

C16:0 -0,33 0,009 - - - -

C16:1 -0,26 0,031 - - - -

C17:0 -0,33 0,08 - - - -

C17:1 -0,31 0,011 - - - -

C18:0 -0,41 0,001 - - - -

C18:2 n-6 0,27 0,026 - - - -

C18:3 n-3c -0,26 0,031 - - - -

CLA -0,42 0,001 0,26 0,029 0,31 0,013

C20:1 -0,52 0,000 - - - -

AGS -051 0,001 - - - -

n-6 0,24 0,041 - - - -

n-3 -0,26 0,031 - - - -

n-6:n-3 0,30 0,016 - - - -

Correlação positiva moderada foi verificado apenas para o C18:2 n-6 (r=0,27),

n-6 (r=0,24) e razão n6-n3 (r=0,30), contribuindo com o aumentos dos ácidos da série n-

6, o que não é desejado para o perfil de ácido graxos da carne, devido às suas

propriedades pró-inflamatórias, sendo recomendado diminuir sua ingestão para auxiliar

na prevenção de doenças (Macrae et al., 2005).

68

Na tabela 17, estão os valores das correlações dos ácidos graxos poli-insaturados

(AGPI) da dieta com os encontrados na carne. O ácido linoleico (C18:2 n-6) e o α

linolênico (C18:3 n-3) da dieta apresentaram comportamento semelhante,

correlacionaram positivamente com o ácido oleico e com o somatório dos AGMI.

Tabela 17. Correlação entre os ácidos graxos poli-insaturados da dieta com os ácidos

graxos da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas contendo

níveis crescentes de farelo de mamona

Ácidos graxos

da carne

Ácidos graxos da dieta

C18:2 n-6 C18:3 n-3

r P r P

C18:1 n-9c 0,24 0,042 0,29 0,019

C18:2 n-6 -0,40 0,001 -0,39 0,002

AGMI 0,26 0,034 0,29 0,017

AGPI -0,42 0,001 -0,47 0,000

n-6 -0,40 0,002 -0,40 0,001

Correlação negativa pode ser observada para os ácidos linoleico e n-6 na carne. A

presença desses ácidos na dieta pode ter contribuído para redução dos ácidos da série n-

6 no músculo. Segundo Simopoulos et al. (1999), é consenso científico de que é

necessário reduzir a quantidade de ácidos graxos poli-insaturados ômega-6 das dietas e

aumentar a concentração de ácidos ômega-3. Assim, o ácido linoleico (C18:2 n-6)

contribuiu para esse objetivo.

Os AGS da dieta correlacionaram positivamente com a maioria dos AGS da carne

(Tabela 18), inclusive com o CLA (r=0,42) e com os ácidos da família n-3, correlação

moderada e fraca, respectivamente, resultado positivo para a composição lipídica da

carne. A correlação negativa com a razão n-6:n-3 (r=0,28) também vale ser destacada.

Entretanto, a razão AGPI:AGS apresentou correlação negativa com todos os ácidos

graxos presentes na carne, não contribuindo para melhoria da sua composição.

69

Tabela 18. Correlação entre o somatório dos AGS e razão entre AGPI:AGS da dieta

com os ácidos graxos da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com

dietas contendo níveis crescentes de farelo de mamona

Ácidos graxos

da carne

Ácidos graxos da dieta

AGS AGPI:AGS

r P r P

C14:1 n-7 0,40 0,001 -036 0,004

C15:1 0,28 0,021 -0,23 0,049

C16:0 0,27 0,027 -0,27 0,026

C16:1 0,26 0,030 -0,24 0,042

C17:0 0,31 0,012 -0,30 0,015

C17:1 0,31 0,012 -0,29 0,019

C18:0 0,40 0,000 -0,38 0,029

C18:1 n9-c -0,52 0,000 0,52 0,000

C18:3 n-3c 0,26 0032 -0,24 0,042

CLA 0,42 0,001 -0,37 0,003

C20:1 0,30 0,015 - -

AGS 0,46 0,000 - -

AGMI -0,49 0,000 - -

n-3 0,26 0,032 -0,24 0,042

n-6:n-3 -0,28 0,022 0,23 0,074

Os ácidos da família n-6 e n-3, de acordo com a Tabela 19, não favoreceram a

deposição de ácidos graxos importantes para a saúde humana, devido ao elevado

número de correlações negativas.

A razão n-6:n-3 apresentou correlação positiva com o ácido esteárico (r=0,35),

ácido graxo considerado neutro, com o α linolênico (r=0,24), CLA (r=0,33), n-3

(r=0,24), ácidos graxos importantes para saúde humana. A razão n-6:n-3 também

contribuiu na redução dos ácidos graxos da família n-6.

Oliveira et al. (2014), avaliando a carne de novilhos Nelore suplementados em

pastagens, encontraram correlacões fracas, moderadas e fortes, positivas e negativas

entre os ácidos graxos consumidos e depositados no músculo, e concluíram que a dieta

fornecida aos animais modificou o perfil de ácidos graxos, aumentando os n-3,

reduzindo os AGS e a razão n-6:n3 no músculo Longissimus.

70

Tabela 19. Correlação entre os ácidos graxos n-6, n-3 e razão n-6:n-3 da dieta com os

ácidos graxos da carne de cordeiros Santa Inês alimentados com dietas

contendo níveis crescentes de farelo de mamona

Ácidos graxos

da carne

Ácidos graxos da dieta

n-6 n-3 n-6:n-3

r P r P r P

C14:0 - - - - -0,32 0,010

C14:1 n-7 - - -0,38 0,002 0,45 0,000

C16:0 - ´- -0,24 0,043 - -

C17:0 - - -0,27 0,026 0,26 0,033

C17:1 - - -0,25 0,035 0,27 0,028

C18:0 - - -0,35 0,005 0,35 0,006

C18:1 n9-c 0,24 0,044 0,46 0,000 -0,39 0,002

C18:2 n-6 -0,39 0,0020 - - -0,35 0,005

C18:3 n-3c - - - - 0,24 0,042

CLA - - -0,29 0,017 0,33 0,007

C20:1 0,24 0,041 -0,29 0,0193 0,46 0,000

AGS - - -0,41 0,0012 0,37 0,004

AGMI 0,25 0,03 - - -0,36 0,004

AGPI -0,41 0,001 - - - -

AGPI:AGS -0,21 0,063 - - -0,25 0,035

n-6 -0,39 0,002 - - -0,32 0,011

n-3 - - - - 0,24 0,042

n-6:n-3 - - 0,27 0,025 -0,36 0,004

Costa-Lopes et al. (2015), utilizando casca de soja em substituição ao milho para

cordeiros confinados, também confirmaram que a dieta pode melhorar o perfil de ácidos

graxos da carne, com aumento do teor de CLA, dos ácidos da família n-3, e redução da

razão n-6:n-3.

71

V CONCLUSÃO

A inclusão do farelo de mamona na dieta de cordeiros confinados em

substituição ao farelo de soja possibilita nova destinação ao resíduo, evitando seu

descarte no ambiente.

Todavia, o aumento da inclusão de farelo de mamona na dieta de cordeiros Santa

Inês afeta as características de carcaça, aumenta a quantidade de ácidos graxos

saturados, reduz ácidos graxos monoinsaturados, poli-insaturados, eleva a perda de peso

por cocção.

72

VI REFERÊNCIAS

ANANDAN, S.; ANIL KUMAR, G.K.; GHOSH, J.; RAMACHANDRA, K.S. Effect of

different physical and chemical treatments on detoxification of ricin in castor cake.

Animal Feed Science and Technology, v.120, p.159-168, 2005.

AOAC. ASSOCIATION OF OFFICAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods

of analysis, 16 ed. Arlington,1995.

AOAC. ASSOCIATION OF OFFICAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods

of analysis of the Association of official Analyical chemists. 18. ed., Gaithersburg,

2005,658p.

BARBOSA, A.C.O.; OLIVEIRA, R.V. Aspectos positivos relacionados ao consumo

de carne bovina. Monografia de Graduação - Universidade de Brasília / Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária, 2013.

BATISTA, A. S. M.; COSTA, R. G.; GARRUTI, D. S.; MADRUGA, M. S.;

QUEIROGA, R. C. R. E.; ARAÚJO FILHO, J. T. Effect of energy concentration in the

diets on sensorial and chemical parameters of Morada Nova, Santa Inez and Santa Inez

× Dorper lamb meat. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.9, p.2017-2023, 2010

BLIGH, E.G.; DYER, W.J. A rapid method of total lipid extraction and purification.

Canadian Journal Biochemistry and Physiology, v.37, n.8, p.911-917, 1959.

BOCCARD, R.; DUMONT, B.L. Etude de la production de la viande chez les ovins. II

variation de l´importance relative des differents régions corporelles de l´agneau de

boucherie. Ann. Zootechinia., v.9, p.355-365, 1960.

BOLEMAN, S. J.; BOLEMAN, S. L.; MILLER, R. K.; TAYLOR, J. F.; CROSS, H.

R.; WHEELER, T. L.; KOOHMARAIE, M.; SHACKELFORD, S. D.; MILLER, M. F.;

JOHNSON, D. D.; SAVELL, J. W. Consumer evaluation of beef of know categories of

tenderness. Journal of Animal Science, Champaign, v. 75, n. 6, p. 1521-1524, 1997.

BORGES, A. S.; ZAPATA, J. F. F.; GARRUTI, D. S. Medições instrumentais e

sensoriais de dureza e suculência na carne caprina. Ciência e Tecnologia de

Alimentos, v. 26, n. 4, Oct./Dec. 2006.

BRASIL. Resolução RDC n° 12, de 02 de janeiro de 2001. Regulamento Técnico sobre

padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 de

set. 2001.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa

nº3, de 17 de janeiro de 2000. Regulamento técnico de métodos de insensibilzação para

73

abate humanitário de animais de açougue. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 de

jan. 2000.

CAÑEQUE, V.; SAÑUDO,C. Estandarizácion de las metodologias para evaluar la

calidad del produto (animal vivo, canal, carne y grasa) em los ruminantes.

Monografias INIA: SERIE GANADERA, nº 03, 2005. 448p.

CAÑEQUE, V.; SAÑUDO, C. Metodologia para el estúdio de la calidad de la canal

y de la carne en rumiantes. Madrid: Instituto Nacional de Investigación y Tecnologia

y Alimenticia, 2000. 255p.

CAPPELLE, E.R.; VALADARES FILHO, S.C.; SILVA, J.F.C. et al. Estimativas do

Valor energético a partir de características químicas e bromatológicas dos alimentos.

Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, p.1837-1856, 2001.

CASALI, A.O.; DETMANN, E.; VALADARES FILHO, S.C.; PEREIRA, J.C.;

HENRIQUES, L.T.; FREITAS, S.G.; PAULINO, M.F. Influência do tempo de

incubação e do tamanho de partículas sobre os teores de compostos indigestíveis em

alimentos e fezes bovinas obtidos por procedimentos in situ. Revista Brasileira de

Zootecnia, v.37, p.335-342, 2008.

CEZAR, M.F.; SOUSA, W.H. Carcaças ovinas e caprinas: obtenção, avaliação e

classificação. Uberaba: Agropecuária Tropical, 2007. 232p.

CHAMBERS, E. I. V.; BOWERS, J. R. Consumer perception of sensory qualities in

muscle foods. Food Technology, v. 47, n. 11, p. 116-120, 1993.

COSTA, L.S; SILVA, R.R.; SILVA, F.F.; CARVALHO, G.G.P. de; SIMIONATO, J.I.

MARQUES, J.A.; SILVA, V.L; SAMPAIO, C.B. Centesimal composition and fatty

acids of meat from lambs fed diets containing soybean hulls. Revisa Brasileira de

Zootecnia, v.41, n.7, p.1720-1726, 2012.

COSTA-LOPES, L.S; SILVA, R.R.; CARVALHO, G.G.P.; SILVA, F.F.;

SIMIONATO, J.I.; BASTOS, M.P.V.; SILVA, A.P.G; LISBOA, M.M.; PRADO, R.M.;

ABREU FILHO, G. Correlation between intake and composition of fatty acids in meat

from lambs fed diets containing soybean hulls. International Journal of Biochemistry

Research & Review, v.5, p. 162-170, 2015.

CUNHA, E.A.; BUENO, M.S.; SANTOS, L.E.: RODA, D.S.; OTSUK, I.P.

Desempenho e características de carcaça de cordeiros Suffolk alimentados com

diferentes volumosos. Ciência Rural, v. 31, n. 4, p. 671-676, 2001.

DÍAZ, M.T.; VELASCO, S.; CAÑEQUE, V. et al. Use of concentrate or pasture for

fattening lambs and its effect on carcass and meat quality. Small Ruminant Research,

v.43, p.257- 268, 2002.

DIEHL, G. N.; Carne bovina: mitos e verdades. In: Informativo Técnico DPA, 2011.

74

Dísponivelhttp://www.saa.rs.gov.br/uploads/1312836282carne_bovina_mitos_e_verdad

es.pdf. Acesso em : 30 de janeiro 2014.

DIETSCHY, J.M. Dietary fatty acids and the regulation of plasma low density

lipoprotein cholesterol. Journal Nutrition, v.128, p.444-448, 1998.

DOREAU, M. & FERLAY, A. Digestion and utilization of fatty acids by ruminants.

Animal Feed Science and Techonoly, n.45, p.379-396, 1994.

DUCKETT, S.K.; KLEIN, T.A.; LECKIE, R.K. et al. Effect of freezing on calpastatin

activity and tenderness of callipyge lamb. Journal of Animal Science, v.76, n.7, p.1869-

1874, 1998.

DUTCOSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: Champagnat, 1996, 123p.

GOMES, F.H.T.; CÂNDIDO, M.J.D. PEREIRA, E.S. et al. Peso e rendimento de cortes

comerciais em ovinos alimentados com rações contendo torta de mamona. In:

CONGRESSO NACIONAL DE ZOOTECNIA, 20, 2010, Palmas. Anais... Palmas:

Zootec, 2010.

HOLANDA, M. A. C.; HOLANDA, M. C. R.; MENDONÇA JÚNIOR, A. F.

Suplementação dietética de lipídios na concentração de ácido linoleico conjugado na

gordura do leite. Acta Veterinaria Brasilica, v.5, n.3, p.221-229, 2011.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION - ISO. Animal

and vegetable fats and oils preparation of methyl esters of fatty acids. Geneve: ISO.

Method ISO 5509, 1978. p.1-6.

LEÃO, A.G.; SILVA SOBRINHO, A.G.; MORENO, G.M.B. et al. Características

nutricionais da carne de cordeiros terminados com dietas contendo cana-de-açúcar ou

silagem de milho e dois níveis de concentrado. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40,

n.5, p.1072-1079, 2011.

LEE, K.W., LEE, H.J., CHO, H.Y. et al. Role of the conjugated linoleic acid in the

prevention of câncer. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v.45, n.2,

p.135-44, 2005.

LICITRA, G. HERNANDEZ, T.M.; VAN SOEST, P.J. Standardization of procedures

for nitrogen fractionation of ruminant feeds. Animal Feed Science Technology, v.57,

p.347-358, 1996.

MADRUGA, M. S. Qualidade da carne caprina e ovina: Recentes progressos e

mercado. Anais... V Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Carnes, São

Paulo, 2009.

MADRUGA, M.S.; ARAÚJO, W.O.; SOUZA, W.H.S. et al. Efeito do genótipo e do

sexo sobre a composição química e o perfil de ácidos graxos da carne de cordeiros.

Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.4, p.1838-1844, 2006.

75

MADRUGA, M.S.; SOUZA, W.H.; ROSALES, M.D. et al. Quality of Santa Ines lambs

meat terminated with different diets. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 1,

p.309-315, 2005.

MANSO, T.; BODAS, R.; CASTRO, T.; JIMENO, V.; Mantecon, A.R. Animal

performance and fatty acid composition of lambs fed with different vegetable oils. Meat

Science, v.83, p.511-516, 2009.

MARTIN, C.A.; ALMEIDA, V.V.; RUIZ. M.R. et al. Ácidos graxos poli-insaturados

ômega-3 e ômega-6: importância e ocorrência em alimentos. Revista Nutrição,

Campinas, v.19, n.6, p.761-770, 2006.

MCRAE, J.; O’REILLY, L.; MORGAN, P. Desirable characteristics of animal products

from a human health perspective. Livestock Production Science, v.94, p.94-103, 2005.

MERTENS, D.R. Gravimetric determination of amylase-treated neutral detergent fiber

in feeds with refluxing in beaker or crucibles: collaborative study. Journal of AOAC

International, v.85, p.1217-1240, 2002.

MILTENBURG, G. A.; WENSING, T.; SMULDERS, F. J. M. BREUKINK,

H.J.Relationship between blood hemoglobin, plasma and tissue iron, muscle heme

pigment, and carcass color of veal. Journal of Animal Science, v. 70, n. 9, p.

2766−2772, 1992.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requirements of small

ruminants. 1.ed. Washington: National Academy Press, 2007. 362p.

NÓBREGA, D.M.; SCHENEIDER, I.S.; Contribuição ao estudo da carne-de-sol

visando melhorar sua conservação. Higiene Alimentar, v.2, n.3, p.150-154, 1983.

OLIVEIRA, A.C.; SILVA, R.R.; OLIVEIRA, H.C.; ALMEIDA,V.V.S.; GARCIA, R. ;

OLIVEIRA, U.L.C. Influência da dieta, sexo e genótipo sobre o perfil lipídico da carne

de ovinos. Archivos de Zootecnia, v.62, p.57-72, 2013.

OLIVEIRA, A.P.; SILVA, RR.; SOUZA, S.O.; CARVALHO, G.G.P.; SILVA, F.F.;

LISBOA, M.M.; PEREIRA, M.M.S.; CARVALHO, V.M.; MENDES, F.B.L.;

OLIVEIRA, A.C. Fatty Acids Intake and Deposition in the Longissimus of Nellore

Steers Supllemented at Pasture. Archivos de Zootecnia, v.63, p.85-95, 2014.

OLIVEIRA, H.C. Farelo de mamona detoxificado na dieta de cordeiros. 2013. 87p.

Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa – UFV, Viçosa.

OSÓRIO, J. C. S.; OSÓRIO, M. T. M. Produção de carne ovina: técnicas de

avaliação in vivo e na carcaça. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 82p, 2005

OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M. Sistemas de avaliação de carcaças no Brasil. In: 1º

SIMPÓSIO MINEIRO DE OVINOCULTURA. Anais... Lavras, p.157-196, 2001.

76

OSÓRIO, J.C.S., ASTIZ, C.S., OSÓRIO, M.T.M. ALFRANCA, I.S. Produção de

carne ovina: alternativa para o Rio Grande do Sul. Pelotas: UFPEL, 1998. 166p.

PATTERSON, E.; WALL, R. FITZGERALD, G.F.; ROSS, R.P.; STANTON, C. Health

implications of high dietary omega-6 polyunsaturated fatty acids. Journal of Nutrition

and Metabolism, p.1-16, 2011.

PEARSON, A. M., DUTSON, T. R. Advances in meat research. Connecticut: AVI.

1986. 436p.

PEREIRA, M.S.C. Características da carcaça e da carne de cordeiros Santa Inês

alimentados com farelo de mamona destoxificado. 2011. 110p. Dissertação

(Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

PEREZ, J. R. O.; BRESSAN, M. C.; BRAGAGNOLO, N.; PRADO, O. V.; LEMOS A.

C.; BONAGURIO S. Efeito do peso ao abate de cordeiros santa inês e bergamácia

sobre o perfil de ácidos graxos, colesterol e propriedades químicas. Ciência e

Tecnologia de Alimentos. v 22, p. 11-18, 2002.

PRATES, J.A.M. Maturação da carne dos mamíferos: 1. Caracterização geral e

modificações físicas. Revista Portuguesa de Ciências. v. 95, n. 533, p.34-41, 2000.

RENERRE, M. Review: Factors involved in the discoloration of beef meat.

International Journal of Food Science and Technology, v.25, p.613-630, 1990.

RIBEIRO JR., J.I. Análises Estatísticas no SAEG (Sistema para análises

estatísticas). Viçosa, MG: UFV, 2001. 301p.

RODRIGUES, G. H. et al. Perfil de ácidos graxos e composição química do músculo

longissimus dorsi de cordeiros alimentados com dietas contendo polpa cítrica. Revista

Brasileira de Zootecnia, v.39, n.6, p.1346-1352, 2010.

RODRIGUES, G. H.; SUSIN, I.; PIRES, A. V. MENDES,C. Q.; URANO, F. S.;.

CASTILLO,C. J. C. Polpa cítrica em rações para cordeiros em confinamento:

características da carcaça e qualidade da carne. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37,

n.10, p.1869-1875, 2008.

ROTA, E. et al. Efecto de La castracíon y de La edad de sacrifício sobre La calidad de

La carne de corderos de La raza Corriedale. XI Jornadas sobre produccíon animal,

ITEA, 2005, v. extra., n.26, tomo 2, p.825-827, 2005.

SALDANHA, E.S.P.B.; GONZALES E. Enriquecimento de ácidos graxos na

alimentação de poedeiras . Pesquisa & Tecnologia, v. 9, n. 1, 2012.

SAÑUDO, C.; ENSER, M.E.; CAMPO, M.M. et al. Fatty acid composition and sensory

characteristics of lamb carcasses from Britain and Spain. Meat Science, v.54, n.4,

p.339-346, 2000a.

77

SAÑUDO, C.; ALFONSO, M.; SÁNCHEZ, A.; DELFA, R.; TEIXEIRA, A. Carcass

and meat quality in lambs from different fat classes in the EU carcass classification

system. Meat Science, v.56, n.1, p.89-94, 2000.

SAÑUDO, C.; SIERRA, I. Calidad de la cabal y de la carne en la especie ovina y

caprina. Monografías del Consejo General de Colegios Veterinario. Madrid. España,

p.207-254. 1993.

SAÑUDO, C.; PIEDRAFITA, J.; SIERRA, I. Estudio de la calidad de la canal y de la

carne en animales cruzados Romanov por Rasa Aragonesa. 2. Comparación en el tipo

comercial ternasco com Rasa en pureza. In: JORNADAS CIENTÍFICAS DE LA

SOCIEDAD ESPAÑOLA DE OVINOTECNIA, 7., 1981, Talavera de la Reina.

Espanha. Actas...Talavera de la Reina: [s.n.] 1981. p.483-489.

SAINZ, R.D. Avaliação de carcaças e cortes comerciais de carne caprina e ovina. In:

SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE, 1.,

2000, João Pessoa. Anais... João Pessoa: 2000. p.237-250.

SANTOS-CRUZ, C.L.; PÉREZ, J.R.O.; LIMA,T.R.; CRUZ, C.A.C.; CRUZ,B.C.C.;

JUNQUEIRA, R.S. composition and physico-chemical parameters of meat lambs Santa

Inês fed with passion fruit peel. Revista Semina Ciências Agrárias, v. 34, n. 4, 2013.

SANTOS, V. C.; EZEQUIEL, J. M. B.; D ÁUREA, A. P.; FÁVARO, V. R.; HOMEM,

A. C.; SOUSA, S. C. Colesterol e perfil de ácidos graxos da carne de cordeiros

alimentados com subprodutos de oleaginosas., 2010. Anais... Salvador: 47a Reunião

Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2010.

SAUVANT, D.& BAS, P. La digestion des lipids chez ruminant. INRA Productions

Animales. v.14, p.303-310, 2001.

SCOLLAN, N.D.; CHOI, N.J.; KURT, E. et al. Manipulating the fatty acid composition

of muscle and adipose tissue in beef cattle. British Journal of Nutrition, v.85, p.115-

124, 2001.

SILVA SOBRINHO, A.G. & OSÓRIO, J. C. S. Aspectos quantitativos da produção

de carne ovina. 1ª ed. Jaboticabal:Funep, 2008. 228 p.

SIVA SOBRINHO, S.A.G., PURCHAS, R.W.; KADIM, I.T.; YAMAMOTO, S.M.

Características de qualidade da carne de ovinos de diferentes genótipos e idades ao

abate. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.3, p.1070-1078, 2005

TEJEDA, J.F., PEÑA, R.E.; ANDRÉS, A.I. Effect of live weight and sexo on physic-

chemical and sensorial characteristics of Merino Lamb meat. Meat Science, v.80, p.

1061-1067, 2008.

URANO, F.S.; PIRES, A.V.; SUSIN, I. et al. Desempenho e características da carcaça

de cordeiros confinados alimentados com grãos de soja. Pesquisa Agropecuária

Brasileira, v.41, n.10, p.1525-1530, 2006.

78

URBANO, S.A; FERREIRA, M.A.; DUTRA JÚNIOR, W.M; ANDRADE, R.P.X de et

al. Carcass characteristics of sheep fed with castor bean hulls in replacement of tifton 85

hay. Ciência e Agrotecnologia. Lavras , v. 37, n. 1, 2013.

VAN SOEST, P.J.; ROBERTSON, J.B.; LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral

detergent fiber, and nonstarch polyssacharides in relation to animal nutrition. Journal of

Dairy Science, v.74, n.10, p.3583-3597, 1991.

VIEIRA, M.M.M.; CÂNDIDO, M.J.D.; BOMFIM, M.A.D. et al. Características da

carcaça e dos componentes não-carcaça em ovinos alimentados com rações à base de

farelo de mamona. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.11, p.140-149,

2010.

VISENTAINER, J. V.; FRANCO, M. R. B.; VISENTAINER, J. E. L.; Essencialidade

dos ácidos graxos de cadeia longa no homem: uma análise crítica. Revista Nacional da

Carne, São Paulo, v.27, n.315, p.84-88, maio. 2003.

WARRIS, P.D. Ciencia de la carne. Zaragoza:Acribia, 2003. 309p.

WHEELER, T.T.; CUNDIFF, L.V.; KOCK, R.M. Effects of marbling degree on

palatability and caloric contento f beef. Beef Research – Progress Report, v.71, n.4,

p.133, 1005.

WOOD, J.D. ENSER, M., FISHER, A.V. et al. Fat deposition, fatty acid composition

and meat quality: A review. Meat Science, n.78, p.343-358, 2008.

ZEOLA, N. M. B. L; SOUZA, P. A. DE; SOUZA, H. B. A. DE; SILVA SOBRINHO,

A. G. DA; PELICANO, E. R. L. Parâmetros de qualidade da carne de cordeiros

submetida aos processos de maturação e injeção de cloreto de cálcio. Revista Ciência

Rural, v.36, n.5, p.1558-1564, 2006.