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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E PERFIL DOS ÁCIDOS GRAXOS EM SUÍNOS NA FASE DE TERMINAÇÃO, ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO FARELO DE BAGAÇO DE CAJU RAFAEL LEANDRO RAMOS DE OLIVEIRA MACAÍBA- RN/BRASIL FEVEREIRO 2014

AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA …...UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL

AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E

PERFIL DOS ÁCIDOS GRAXOS EM SUÍNOS NA FASE

DE TERMINAÇÃO, ALIMENTADOS COM DIETAS

CONTENDO FARELO DE BAGAÇO DE CAJU

RAFAEL LEANDRO RAMOS DE OLIVEIRA

MACAÍBA- RN/BRASIL

FEVEREIRO 2014

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RAFAEL LEANDRO RAMOS DE OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E

PERFIL DOS ÁCIDOS GRAXOS EM SUÍNOS NA FASE

DE TERMINAÇÃO, ALIMENTADOS COM DIETAS

CONTENDO FARELO DE BAGAÇO DE CAJU

Professor orientador: Dr. José Aparecido Moreira

MACAÍBA-RN/BRASIL

FEVEREIRO 2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em

Produção Animal da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte como parte das exigências para obtenção do título

de Mestre em Produção Animal.

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RAFAEL LEANDRO RAMOS DE OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E PERFIL

DOS ÁCIDOS GRAXOS EM SUÍNOS NA FASE DE TERMINAÇÃO,

ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO FARELO DE

BAGAÇO DE CAJU

APROVADA EM: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________

Prof. Dr. José Aparecido Moreira (UFRN)

Orientador

____________________________________________

Prof. Dr. Faviano Ricelli da Costa e Moreira (IFRN)

____________________________________________

Prof. Dr. Luciano Pato Novaes (UFRN)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em

Produção Animal da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte como parte das exigências para obtenção do título

de Mestre em Produção Animal.

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Dedico este trabalho carinhosamente aos meus pais, Edson

Leandro de Oliveira e Helena Ramos de Oliveira, e aos meus

irmãos Jefferson Leandro Ramos de Oliveira e Beatriz Leandro

Ramos de Oliveira, pelo amor, paciência, carinho, amizade,

compreensão e principalmente pelo apoio em todos os momentos da

minha vida.

A minha esposa, Ana Caroline Coutinho Iglessias, pelo

amor, companheirismo, paciência, incentivo, dedicação... E por me

fazer muito feliz!

...Amo todos vocês!

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“Mas pra quem tem pensamento forte o

impossível é só questão de opinião.”

Charlie Brown jr

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AGRADECIMENTOS

A Papai do céu, por me dá saúde e força pra superar todas as dificuldades e alcançar

todos meus objetivos.

Aos meus familiares e amigos que sempre me incentivaram e apoiaram em todos os

momentos da minha vida.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao Programa de Pós Graduação em

Produção Animal por me dar todas as ferramentas necessárias para que eu pudesse

desenvolver e aperfeiçoar meus conhecimentos.

Ao meu orientador, professor Dr. José Aparecido Moreira pelo carinho, apoio,

paciência, amizade e toda a confiança depositada em mim para que eu pudesse

concluir mais uma etapa da minha vida acadêmica.

Ao professor Emerson Moreira Aguiar por entender a importância do nosso trabalho e

ceder os serviços do Laboratório de Nutrição Animal da UFRN.

A Bruna que se prontificou a me ajudar integralmente no laboratório de nutrição

animal, analisando as melhores metodologias para o meu trabalho, além de muita

paciência e carinho pra me ensinar todos os processo nas análises laboratoriais.

A “Seu” Luiz e Chico (Francisco) pelo carinho e pela grande ajuda para a realização

das análises para minha pesquisa.

Ao seu Bira, pela amizade e por todo o apoio dado que foi fundamental para que

pudéssemos concluir a nossa pesquisa.

Aos amigos e colegas Apauliana, Lorena, Alane, Ernesto, Rômulo e Joelma pela

amizade e pela grande ajuda dada em todos os momentos dentro e fora dos

experimentos.

A todos meus colegas e amigos do curso de zootecnia da UFRN.

A todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para que esse trabalho fosse

realizado.

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AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E PERFIL DOS

ÁCIDOS GRAXOS EM SUÍNOS NA FASE DE TERMINAÇÃO,

ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO FARELO DE BAGAÇO DE

CAJU

Oliveira, R.L.R. AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E PERFIL

DOS ÁCIDOS GRAXOS EM SUÍNOS NA FASE DE TERMINAÇÃO,

ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO FARELO DE BAGAÇO DE CAJU.

2014. 51f. Dissertação (Mestrado em Produção Animal: Sub área: Nutrição de

Monogástricos. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Macaíba- RN 2014.

RESUMO

Fornecer carnes mais saudáveis aos consumidores tem exigido dos suinocultores uma

adequação da nutrição e do manejo alimentar. A nutrição é um dos fatores primordiais

na definição dos aspectos qualitativos da carne suína, pois através dela podemos

modificar o perfil dos ácidos graxos. O objetivo do trabalho foi analisar os efeitos da

inclusão do farelo do bagaço do caju (FBC) nas dietas de suínos em terminação, sobre

as características das carcaças e qualidade da carne. Foram utilizados 20 suínos

mestiços, machos castrados com peso médio inicial de 57,93 ± 3,67 kg/PV As dietas

foram formuladas a base de milho e farelo de soja, contendo óleo vegetal, núcleo

comercial e diferentes níveis de inclusão do farelo do bagaço do caju (0,0; 7,5%; 15,0%;

22,5% e 30,0%). O delineamento experimental foi de blocos casualizados, sendo 5

tratamentos e 4 repetições. Foram avaliados os parâmetros quantitativos, qualitativos,

perfil de ácidos graxos no músculo Longissimus dorsi e na área de gordura. Observou-

se que com a inclusão do FBC, os parâmetros de rendimento de carcaça, espessura de

toucinho, área de gordura tiveram efeito linear negativo e a relação carne/gordura efeito

positivo. Em relação ao perfil de ácidos graxos na área de gordura, o teor do ácido graxo

linoleico no nível de 30% de FBC foi 18,2% superior (P<0,05) ao nível de 0,0% e no

araquidônico o nível de 22,5% foi superior 33,3% e 37,5% aos níveis 0,0% e 15,0%

(FBC) respectivamente. Conclui-se que os suínos em terminação podem ser alimentos

com dietas contendo até 30% de FBC, melhorando a qualidade da carcaça pela menor

deposição de gordura e modificação no perfil de ácidos graxos.

Palavras-chave: alimento alternativo, Anacardium occidentale, monogástrico, nutrição

animal, Nordeste, suinocultura

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EVALUATION OF HOUSING CHARACTERISTICS AND FATTY ACID

PROFILE OF FINISHING PIGS, FED DIETS CONTAINING CASHEW

BAGASSE BRAN

Oliveira, R.L.R. EVALUATION OF HOUSING CHARACTERISTICS AND FATTY

ACID PROFILE OF PIGS IN PHASE END, FED DIETS CONTAINING CASHEW

BAGASSE BRAN. 2014. 51f. Dissertation in Animal Production. Area of

Concentration: Nutrition of monogastric. Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Macaíba RN- 2014.

ABSTRACT

Provide healthier meat to consumers of pig farmers has required an adjustment of

nutrition and feed management. Nutrition is a primary factor in defining the qualitative

aspects of pork, because through it we can modify the fatty acid profile. The objective

of this study was to analyze the effects of adding bran bagasse cashew (FBC) in diets

for finishing pigs, on carcass traits and meat quality. 20 crossbred barrows with an

average initial weight of 57.93 ± 3.67 kg / BW were used Diets were formulated based

on corn and soybean meal containing vegetable oil, commercial core and different

levels of inclusion of the bran bagasse cashew ( 0.0, 7.5 % , 15.0 % , 22.5 % and 30.0 %

) . The experimental design was a randomized block with 5 treatments and 4

replications. Quantitative, qualitative, fatty acid profile of the longissimus muscle and

fat area parameters were evaluated. It was observed that with the inclusion of FBC, the

parameters of carcass yield, backfat thickness, fat area had a negative linear effect

relationship and meat / fat positive effect. Regarding the profile of fatty acids in fat area,

the content of linoleic fatty acid level of 30 % of FBC was 18.2 % higher ( P < 0.05 ) at

the level of 0.0 % and the arachidonic level of 22.5 % was higher than 33.3 % and 37.5

% at levels of 0.0 % and 15.0 % ( FBC ) respectively. It is concluded that finishing pigs

may be food diets containing up to 30 % of FBC, improving the quality of housing for

lower fat deposition and modification in the fatty acid profile.

Keywords: alternative food, Anacardium occidentale, monogastric, animal nutrition,

Northeast, swine production

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição das rações experimentais fornecidas aos suínos na fase de terminação

..................................................................................................................................... 22

Tabela 2 - Efeitos dos diferentes níveis de inclusão do farelo do bagaço de caju (FBC) sobre

as características de carcaça de machos castrados em fase de terminação ............ 25

Tabela 3 - Perfil dos ácidos graxos da área de gordura subcutânea e do músculo longissimus

dorsi, de suínos machos castrados em terminação, alimentados com diferentes

níveis de farelo do bagaço de caju ........................................................................ 27

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SUMÁRIO

1. REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 11

2. AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E PERFIL DOS

ÁCIDOS GRAXOS EM SUÍNOS NA FASE DE TERMINAÇÃO,

ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO FARELO DE BAGAÇO DE

CAJU .......................................................................................................................... 18

3 ANEXOS.................................................................................................................... 36

1.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE O CAJU .................................................................. 11

1.2 BENEFÍCIOS DO USO DO FARELO DE CAJU EM DIETAS DE SUÍNOS .... 11

1.3 ASPECTOS GERAIS SOBRE A QUALIDADE DA CARNE SUÍNA................ 12

1.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 15

2.1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 21

2.2. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 22

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 25

2.4 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 29

2.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 30

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1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE O CAJU

O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é uma planta típica de origem brasileira,

encontrada em todos os estados do Brasil, principalmente no litoral da região nordeste,

participando da vegetação das praias, dunas e restingas em regiões semiáridas

(BARROS, 2002). Segundo Dantas Filho et al. (2007), a safra de caju na Região

Nordeste ocorre na estação seca do ano, no período de julho a janeiro, com algumas

variações, dependendo do Estado.

No Brasil, a cultura do caju se destaca principalmente na Região Nordeste com

uma produção de 76.824 mil toneladas em 2012. Os Estados mais importantes na

produção dessa cultura são Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, com 38.574 t, 18.003 t

e 8.923 t de castanha de caju, respectivamente, o que caracteriza, assim, a vasta

distribuição dessa cultura nessa região (IBGE, 2012).

O farelo do pseudofruto do caju pode ser obtido tanto através do bagaço (resíduo

da extração do suco de caju), como através do pseudofruto descartado pela indústria ou

não aproveitado durante a colheita da castanha. O processo realizado para transformar o

bagaço em farelo é muito simples, consiste basicamente em colocar a matéria prima

para secar ao sol, em fornos ou em estufa para posterior moagem e peneiramento

(LIMA, 1988).

De acordo com Farias et al. (2008), a composição química do bagaço do caju

desidratado contém 90,43% MS, 15,76% PB, 11,04% FB, 2,48% Matéria Mineral, 0,6%

lisina, 0,20% metionina, 0,08% cálcio, 0,22% fósforo disponível.

1.2 BENEFÍCIOS DO USO DO FARELO DE CAJU EM DIETAS DE SUÍNOS

A nutrição animal vem sendo bastante estudada, principalmente, na busca por

alimentos alternativos que consigam suprir as necessidades dos animais sem afetar a

qualidade da carne, já que as exigências nutricionais dos animais são por nutrientes

(aminoácidos, cálcio, fósforo, etc.) e não por determinados alimentos.

Os suínos possuem grande capacidade de se adaptar a diversos regimes

alimentares sem que, necessariamente, o seu peso final seja afetado, o que possibilita

definirem-se programas de alimentação mais adaptados a cada região. Nesse contexto o

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pseudofruto do caju torna-se importante em dietas animais na região Nordeste. A

inclusão de extratos vegetais e resíduos de frutas na alimentação animal vem ganhado

destaque, por melhorar a qualidade de produção sem causar nenhum tipo de prejuízo

(HAUPTLI e LOVATTO, 2006; NAVARRO et al., 2008; WINDISCH et al., 2008).

O pseudofruto do caju é rico em açúcares (8%), cálcio, fósforo, ferro e vitamina

C, e taninos (0,35%) (SOARES, 1986; ALMEIDA e ARAÚJO, 1992; PAIVA, 1996).

O ácido ascórbico (vitamina C) pode trazer melhorias para a qualidade da carne

(MASON et al., 2005; LEHNEN et al., 2012), por realizar importantes funções atuando

como co-fator enzimático nos processos de oxirredução, aumentando a absorção de

ferro e a inativação de radicais livres (PADAYATTY et al., 2003; MAHAN et al.,

2004).

Os benefícios da utilização de alimentos que possuem em sua composição o ácido

ascórbico, em estudos com suínos, incluem melhora no desempenho animal, diminuição

do estresse pré-abate, melhora na qualidade da carne (PION et al., 2004), longa vida de

prateleira da carne, reduções da oxidação e perda por exsudação da carne (NAVARRO

et al., 2008).

Na composição seca do pseudofruto do caju desidratado, existem mais de 30% de

açúcares que podem ser metabolizados como fonte de energia para reações de

biossíntese. As propriedades individuais e ação sinérgica de seus princípios ativos

podem melhorar as características organolépticas e qualidade de carne (ROSSI et al.,

2010a).

A energia tem ocupado lugar de destaque, por regular o consumo de alimento,

para a maioria das espécies de animais domésticos (KOLLING et al., 2001). Por meio

de um experimento contendo rações isoenergéticas, Barbosa et al. (2003) relataram que,

devido os animais consumirem alimentos buscando, prioritariamente, satisfazer às suas

necessidades energéticas, o consumo de ração, provavelmente, não será afetado.

1.3 ASPECTOS GERAIS SOBRE A QUALIDADE DA CARNE SUÍNA

A produção de suínos se fundamenta na criação racional desses animais com o

objetivo de fornecer carne de qualidade para o mercado. Em 2012, foram abatidos em

torno de 32.262.355 milhões de suínos com SIF (Serviço de Inspeção Federal) no

Brasil. De 2008 a 2012 ocorreu um aumento em torno de 24% de suínos abatidos com

SIF (ABIPECS, 2012).

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Devido a grande exigência do mercado por carnes de melhor qualidade

principalmente em relação ao teor de gordura e de colesterol, os produtores

conseguiram através do melhoramento genético com linhagens mais magras e dietas

adequadas, carcaças de suínos com mais carne e menos gordura. No entanto é

importante ressaltar, que os animais, mesmo de ótimas linhagens, necessitam de manejo

alimentar adequado para maximizar o rendimento de carne, com restrição de energia na

fase de terminação (BERTOL et al., 2001; ROSSI et al., 2010b). Portanto, conhecer a

disponibilidade metabólica dos nutrientes da dieta e a correta determinação das

exigências nutricionais são fatores fundamentais para melhorar a eficiência de produção

(POMAR et al., 2009).

As características de qualidade da carne apresentam variações que estão

diretamente relacionadas a diversos fatores: Abate, espécie, idade de abate, peso de

abate, sexo, manejo nutricional, manejo sanitário, manejo pré-abate, manejo

postmortem, visão técnico-cientifica do produtor, classe social do consumidor, hábitos

alimentares e questões culturais (ODA et al., 2004).

A composição do músculo muda drasticamente com o sexo, aumento da

idade/peso dos suínos (LATORRE et al., 2004; RÍOS-UTRERA et al., 2006). Os suínos

na fase de terminação tendem a mudar a composição da carcaça, principalmente no

aumento da deposição lipídica. Os teores de lipídio e de matéria seca são os

componentes mais afetados e geralmente são altamente correlacionados um com o

outro. O teor de lipídios do músculo sem gordura intramuscular e subcutânea inclui a

gordura depositada dentro do músculo (marmoreio) e os fosfolipídios associados com as

membranas celulares. Alterações nos teores de lipídio e da matéria seca muscular

podem provocar efeitos importantes sobre a palatabilidade e sabor da carne, pois a

suculência está diretamente relacionada à umidade e ao teor de gordura intramuscular

(KUSS et al., 2005).

Os lipídeos estão diretamente associados com a qualidade da carne e a saúde

humana, dessa forma é imprescindível melhorar o perfil lipídico da carne e da gordura

subcutânea ao invés de retira-lá, já que a gordura tem um papel fundamental nos

parâmetros organolépticos (cor, sabor, textura, odor) e os animais chegaram a um limite

de gordura com a ajuda principalmente da genética e da alimentação.

As linhagens mais modernas de suínos apresentaram melhorias significativas em

relação ao tecido magro obtidos na carcaça, com a redução no teor lipídico muscular,

com aproximadamente 0,5% de lipídio em músculos como o longissimus dorsi em

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comparação a níveis de 5% ou mais nas raças de linhagens tradicionais. Porém isto

gerou grandes preocupações, em relação ao maior teor de tecido magro na carcaça com

a palatabilidade da carne (BERTOL et al., 2001).

Além da palatabilidade outro fator importante que preocupa bastante nas carnes

em geral, é o aumento dos níveis de LDL (lipoproteínas de baixa densidade). Os teores

de colesterol, ácidos graxos saturados e trans, presentes na dieta, podem afetar o nível

do colesterol sanguíneo e, provocar o desenvolvimento de algumas doenças como a

aterosclerose (KWITEROVICH, 1997). Os ácidos graxos trans são considerados mais

prejudiciais que os saturados porque, além de aumentarem o nível de lipoproteínas de

baixa densidade (LDL), diminuem o nível de lipoproteínas de alta densidade (HDL)

(LAMBERTSON, 1992).

A alimentação é um fator determinante para manter os níveis de LDL e HDL

dentro dos limites para uma pessoa saudável. Os altos níveis de HDL (lipoproteínas de

alta densidade) reduzem os riscos de cardiopatia coronária, ainda que os níveis de HDL

possam estar condicionados a genética. As partículas de HDL facilitam o transporte de

colesterol dos tecidos periféricos ao fígado para a sua excreção. Os ácidos saturados não

reduzem os níveis de HDL, mas elevam notavelmente a concentração de LDL

(FUENTES, 1998).

Para baixar os níveis de colesterol sanguíneo total dos indivíduos que se

encontram na faixa de risco (acima de 200/mg/dL), o National Cholesterol Education

Program dos EUA (1989) recomenda a diminuição da ingestão de gordura saturada e

colesterol. A dieta também deve ser pobre em lipídios totais.

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1.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIPECS – Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne

Suína. 2012.

BARBOSA, H.C.A.; VIEIRA, A.A.; ALMEIDA, F.Q.; TEIXEIRA, Z.S.; SOUZA,

R.M.; CAMPOS, J.F. Qualidade da carcaça de suínos em terminação alimentados com

diferentes níveis de restrição alimentar e de energia na dieta. Arq. Bras. Med. Vet.

Zootec., v.55, n. 5, Belo Horizonte, 2003.

BARROS, L.M. Caju Produção: aspectos técnicos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria

(Embrapa Agroindústria Tropical. Frutas do Brasil, 30). Tropical, 148p, 2002.

BERTOL, T.M.; LUDKE, J.V.; BELLAVER, C. Efeito do peso do suíno em

terminação ao início da restrição alimentar sobre o desempenho e a qualidade da

carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.2, p.417-424, 2001.

DANTAS FILHO, L. A.; LOPES, J. B.; VASCONCELOS, V. R.; OLIVEIRA, M. E.;

ALVES, A. A.; ARAÚJO, D. L. C.; CONCEIÇÃO, W. L. F. Inclusão da polpa de caju

desidratada na alimentação de ovinos: desempenho, digestibilidade e balanço de

nitrogênio. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 1, p. 147-154, 2007.

FARIAS, L. A.; LOPES, J. B.; FIGUEIRÊDO, A. V.; ALBUQUERQUE, D. M. N.;

NETO, A. A. A.; RAMOS, L. S. N. Pseudofruto do cajueiro (Anacardium occidentale

L.) para suínos em crescimento: metabolismo de nutrientes e desempenho. Ciência

Animal Brasileira, v. 9, n. 1, p. 100-109, 2008.

FUENTES, J. A. G. Que alimentos convêm ao coração? Hig. Aliment. São Paulo, v.

12, p. 7-11, 1998.

HAUPTLI, L. E LOVATTO, P.A. Alimentação de porcas gestantes e lactantes com

dietas contendo saponinas. Ciência Rural, 36: 610-616, 2006.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICAS, Lavoura

permanente. 2012. Disponível em: <

http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=rn&tema=lavourapermanente2011>.

Acesso em: 14 novembro 2013.

KUSS, F.; RESTLE, J.; BRONDANI, I. L.; FILHO, D. C. A.; PEROTTONI, J.;

MISSIO, R. L.; AMARAL, G. A. Composição física da carcaça e qualidade da carne de

vacas de descarte de diferentes grupos genéticos terminadas em confinamento com

distintos pesos. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 4, p. 1285-1296, 2005

KWITEROVICH, P. O. The effect of dietary fat, antioxidants, and pro-oxidants on

blood lipids, lipoproteins, and atherosclerosis. J Am Diet Assoc, 97(7): 31-43, 1997.

LAMBERTSON, G. Trans fatty acids topic for Lipidforum. Am Oil Chem Soc, v. 3:

196-207, 1992.

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LATORRE, M. A.; LAZARO, R.; VALENCIA, D. G.; MENDEL, P.; MATEOS, G. G.

The effects of gender and slaughter weight on the growth performance, carcass traits,

and meat quality characteristics of heavy pigs. Journal of Animal Science, v. 82, n. 2,

p. 526-533, 2004.

LEHNEN, C.R.; LOVATTO, P.A.; ANDRETTA, I.; ROSSI, C.A.; HAUSCHILD, L.;

CAVAZINI, N.C.; FRAGA, B.N. Alimentação de leitões em creche com

dietascontendo ácido ascórbico e bioflavonóides. Archivos de Zootecnia, vol. 61, núm.

233, pp. 103-109, 2012.

LIMA, V.P.M.S. A cultura do cajueiro no Nordeste do Brasil. Fortaleza, Banco do

Nordeste do Brasil, ETENE, 458p, 1988.

MAHAN, D.C.; CHING, S.; DABROWSKI, K. Developmental aspects and factors

influencing the synthesis and status of ascorbic acid in the pig. Annu Rev Nutr, 24, p

79-103, 2004.

MASON, L. M.; HOGAN, S. A.; LYNCH, A.; O'SULLIVAN, K.; LAWLOR, P. G.;

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2. AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E

PERFIL DOS ÁCIDOS GRAXOS EM SUÍNOS NA FASE DE

TERMINAÇÃO, ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO

FARELO DE BAGAÇO DE CAJU

Trabalho submetido à revista:

Arquivo Brasileiro de Medicina

Veterinária e Zootecnia

Página eletrônica:

www.abmvz.org.br

ISSN: 0102-0935

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AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E PERFIL DOS

ÁCIDOS GRAXOS EM SUÍNOS NA FASE DE TERMINAÇÃO,

ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO FARELO DE BAGAÇO DE

CAJU

RESUMO

O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos da inclusão do farelo do bagaço do caju

(FBC) nas dietas de suínos em terminação, sobre as características das carcaças e

qualidade da carne. Foram utilizados 20 suínos mestiços machos castrados com peso

médio inicial de 57,93 ± 3,67 kg/PV. As dietas foram formuladas a base de milho e

farelo de soja, contendo óleo vegetal, núcleo comercial e níveis crescentes de inclusão

do farelo do bagaço do caju (0,0; 7,5%; 15,0%; 22,5% e 30,0%). O delineamento

experimental foi de blocos casualizados contendo 5 tratamentos e 4 repetições. Foram

avaliados os parâmetros quantitativos (comprimento da carcaça; espessura de gordura

subcutânea; profundidade do músculo longissimus dorsi e espessura de toucinho; área

do músculo longissimus dorsi e área de gordura; relação carne/gordura), qualitativos

(medida de pH; cor do músculo; classificação da carne) e perfil de ácidos graxos no

músculo longissimus dorsi e na área de gordura subcutânea. Observou-se que com a

inclusão do FBC, os parâmetros de rendimento de carcaça, espessura de toucinho, área

de gordura tiveram efeito linear negativo e a relação carne/gordura efeito positivo. Em

relação ao perfil de ácidos graxos na área de gordura, o teor do ácido graxo linoleico no

nível de 30% de FBC foi 18,2% superior (P<0,05) ao nível de 0,0% e no araquidônico o

nível de 22,5% foi superior 33,3% e 37,5% aos níveis 0,0% e 15,0% (FBC)

respectivamente. Conclui-se que os suínos em terminação podem ser alimentos com

dietas contendo até 30% de FBC, melhorando a qualidade da carcaça pela menor

deposição de gordura e modificação no perfil de ácidos graxos.

Palavras – chave: alimento alternativo, Anacardium occidentale, monogástrico,

nutrição animal, Nordeste, suinocultura

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EVALUATION OF HOUSING CHARACTERISTICS AND FATTY ACID

PROFILE OF FINISHING PIGS, FED DIETS CONTAINING CASHEW

BAGASSE BRAN

ABSTRACT

Increase the amount of meat in the carcass of pigs and decrease fat percentage has

been one of the major goals of industries and pig farmers. Provide healthier meat to

consumers of pig farmers has required an adjustment of nutrition and feed management.

Nutrition is a primary factor in defining the qualitative aspects of pork, because through

it we can modify the fatty acid profile. The objective of this study was to analyze the

effects of adding bran bagasse cashew (FBC) in diets for finishing pigs, on carcass traits

and meat quality. 20 crossbred barrows with an average initial weight of 57.93 ± 3.67

kg / BW were used. Diets were formulated based on corn and soybean meal containing

vegetable oil, commercial core and different levels of inclusion of the bran bagasse

cashew (0.0, 7.5 % , 15.0 % , 22.5 % and 30.0 %). The experimental design was a

randomized block with 5 treatments and 4 replications. Quantitative, qualitative, fatty

acid profile of the longissimus muscle and fat area parameters were evaluated. It was

observed that with the inclusion of FBC, the parameters of carcass yield, backfat

thickness, fat area had a negative linear effect relationship and meat / fat positive effect.

Regarding the profile of fatty acids in fat area , the content of linoleic fatty acid level of

30 % of FBC was 18.2 % higher ( P < 0.05 ) at the level of 0.0 % and the arachidonic

level of 22.5 % was higher than 33.3 % and 37.5 % at levels of 0.0 % and 15.0 % (FBC)

respectively. It is concluded that finishing pigs may be food diets containing up to 30 %

of FBC, improving the quality of housing for lower fat deposition and modification in

the fatty acid profile.

Keywords: alternative food, Anacardium occidentale, monogastric, animal nutrition,

Northeast, swine production

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2.1. INTRODUÇÃO

A população brasileira aumentou o consumo de carne suína em 35%, entre 2003 e

2011 (ABIPECS, 2011), isso se deu principalmente pelo grande investimento em

campanhas de informação e esclarecimento ao público, sobretudo em relação às

questões da saúde do consumidor. Outro passo importante foi colocar no mercado um

produto cárneo de melhor qualidade, com cortes especiais, alimentos semipreparados e

lançamento de novos produtos industrializados, atendendo ao interesse do consumidor e

das indústrias (FREITAS et al., 2004; ROSSI et al., 2010).

Aumentar a quantidade de carne na carcaça de suínos e diminuir o percentual de

gordura tem sido um dos grandes objetivos das indústrias e dos produtores de suínos,

pois melhora a rentabilidade e diminui os custos de produção (ROSSI et al., 2010).

Fornecer carnes mais saudáveis aos consumidores tem exigido dos suinocultores

uma adequação da nutrição e do manejo alimentar, já que na fase de terminação os

suínos tendem a mudar a composição da carcaça, principalmente no aumento da

deposição lipídica (LATORRE et al., 2004; RÍOS-UTRERA et al., 2006). A nutrição é

um dos fatores primordiais na definição dos aspectos qualitativos da carne suína, pois

através dela pode-se modificar o perfil de ácidos graxos (SANTOS et al., 2005).

O fato dos teores de lipídeos de origem animal ingeridos na alimentação dos seres

humanos se apresentarem associados com doenças cardiovasculares (ODA et al., 2004),

está promovendo uma procura por fontes de proteína animal que apresentem menores

teores de lipídeos e um excelente equilíbrio em ácidos graxos insaturados e saturados.

Os ácidos graxos saturados e monoinsaturados são os constituintes mais importantes dos

triglicerídeos da fração lipídica da carne. Os principais ácidos graxos saturados da carne

são palmítico (C16:0), esteárico (C18:0) e mirístico (C14:0). O ácido oleico (C18:1) é o

monoinsaturado mais abundante, seguido do palmitoléico (C16:1). Os ácidos linoleico

(C18:2), linolênico (C18:3) e araquidônico (C20:4) são os principais ácidos graxos poli-

insaturados (RHEE et al., 1988).

Por tanto uma alternativa seria reduzir a quantidade de gordura na carcaça, o que

pode ser feito através do melhoramento genética e da restrição alimentar. A inclusão de

ingredientes fibrosos e resíduos do processamento de alimentos, como cascas e bagaços,

estão entre os principais produtos a serem utilizados na restrição qualitativa da energia

das rações (KYRIAZAKIS, 1998). Neste contexto, o uso de rações formuladas como

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alimentos alternativos, torna-se importante em períodos críticos ou mesmo durante todo

o ano, quando há alimentos disponíveis por baixos custos (FARIAS et al., 2008).

O Rio Grande do Norte tem destaque na cultura do caju, como sendo o segundo

maior produtor de castanha de caju do Brasil (IBGE, 2012). Geralmente o bagaço do

caju, subproduto da indústria de suco do caju é um ingrediente desperdiçado, entretanto

ele pode ser desidratado e utilizado principalmente na alimentação de suínos (FARIAS

et al., 2008). A utilização do farelo bagaço do caju surge como uma opção interessante

no nordeste do Brasil, para a alimentação de suínos, principalmente na entressafra dos

alimentos tradicionais (milho e soja). Objetivou-se neste trabalho analisar os efeitos da

inclusão do farelo do bagaço do caju (FBC) na dieta de suínos em terminação, sobre as

características das carcaças e qualidade da carne.

2.2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido no setor de pesquisa em suinocultura da Unidade

Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias - Campus de Macaíba – Escola

Agrícola de Jundiaí/Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EAJ/UFRN).

Foram utilizados 20 suínos mestiços, machos castrados com peso médio inicial de

57,93 ± 3,67 kg/PV. Os animais foram alojados em baias com comedouros simples e

bebedouros do tipo chupeta.

As rações foram formuladas tendo como referência as recomendações de Rostagno et

al (2005), sendo ajustada apenas a proteína nas dietas suplementadas com farelo de

bagaço de caju (Tab 1.).

Tabela 1 - Composição das rações experimentais fornecidas aos suínos na fase de

terminação

Ingredientes Níveis de Farelo de Bagaço de Caju (FBC)

0,0% 7,5% 15,0% 22,5% 30,0%

Milho 74,86 68,86 62,86 56,86 50,87

Farelo de soja 22,14 20,64 19,14 17,63 16,13

Núcleo comercial 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50

Óleo de soja 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50

Composição química 100 100 100 100 100

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Energia digestível (Kcal/kg

de ração) 3.400 3.268 3.134 3.000 2.866

Proteína Bruta (%) 16,50 16,50 16,50 16,50 16,50

Lisina Digestível (%) 0,69 0,67 0,64 0,61 0,59

Metionina Digestível (%) 0,25 0,25 0,24 0,24 0,24

Triptofano Digestível (%) 0,16 0,15 0,14 0,13 0,12

Cálcio (%) 0,69 0,69 0,69 0,69 0,69

Fósforo total (%) 0,31 0,31 0,31 0,30 0,31

Fósforo Disponível (%) 0,14 0,13 0,14 0,13 0,14

Sódio (%) 0,17 0,17 0,17 0,16 0,17

FDN (%) 11,68 15,89 20,11 24,32 28,53

FDA (%) 4,28 7,05 9,81 12,58 15,34

Níveis de Garantia por kg do produto: cálcio (min) 240 g; cálcio (máx) 245 g; fósforo (min) 25 g; sódio (min) 55 g;

ferro (min) 3.200 mg; cobre (min) 5.000 mg; Manganês (min) 1.280 mg; zinco (min) 2.400 mg; iodo (min) 25,50 mg;

cobalto (min) 12,80 mg; selênio (min) 9,60 mg; vitamina A (min) 180 UI; vitamina D3 (min) 32.000 UI; vitamina E (min) 720 UI; vitamina K3 (min) 36 mg; vitamina B1 (min) 27 mg; vitamina B2 (min) 108 mg; niacina (min) 638

mg; ácido patotênico (min) 362 mg; vitamina B6 (min) 36 mg; ácido fólico (min) 18 mg; Biotina (min) 1,80 mg;

vitamina B12 (min) 580 mg; colistina 200 mg; fitase U/g.

Os animais foram preparados para o abate quando atingiram em média 95±7,42

kgPV, sendo submetidos a jejum alimentar de 12h e então transportados ao frigorífico,

localizado em São Paulo do Potengi/RN a 51km de distância do local do experimento,

onde permaneceram consumindo apenas água 12h antes do abate. Antes do abate os

animais foram insensibilizados por choque elétrico atrás das orelhas (fossas temporais)

efetuado por 6 a 10 segundos. Após o abate, as carcaças foram identificadas e divididas

ao meio, no sentido longitudinal e mantidas na câmara fria por 24 horas a 2±1 ºC.

Para avaliar o efeito dos tratamentos sobre as características da carcaça e qualidade

da carne foram avaliados os pesos e rendimento de carcaça e os parâmetros

quantitativos (comprimento da carcaça; espessura de gordura subcutânea (toucinho);

profundidade do músculo Longissimus dorsi, espessura de toucinho; área do músculo

Longissimus dorsi, área de gordura e relação carne/gordura) e qualitativos (medida de

pH; cor do músculo e classificação da carne) de acordo com o Método Brasileiro de

Classificação de Carcaça (ABCS, 1973; BRIDI E SILVA, 2009).

As medidas de pH foram realizadas no músculo Longissimus dorsi (na altura da

última costela), sendo feito uma medida 45 minutos após o abate e a outra após 24

horas, com o auxílio de um pHmetro portátil, com eletrodo de inserção (ABCS, 1973).

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A cor da carne foi medida subjetivamente utilizando-se um painel de cores com

escala de 1 a 6 (BRIDI E SILVA, 2009), 24 horas após o abate.

Com os dados de pH inicial e final e a cor do músculo, a carne foi classificada em

normal (pH inicial igual ou superior a 5,8 e pH final inferior a 6,0), PSE (pH inicial

inferior a 5,8 e final igual ou menor que 5,6) e DFD (pH final superior a 6,0).

(SARCINELLI et al, 2007).

As meias-carcaças esquerdas foram seccionadas, retirando-se amostras do músculo

Longissimus dorsi e da área de gordura subcutânea, na altura da última costela (na

região de inserção da última vértebra torácica com a primeira lombar). As amostras do

músculo e gordura foram identificadas, acondicionadas e armazenadas no freezer a -19

°C para análises posteriores.

A extração dos ácidos graxos do músculo Longissimus dorsi e do tecido adiposo foi

realizado de acordo com a metodologia de Bligh e Dyer (1959).

Os ácidos graxos foram extraídos a partir da carne úmida triturada em uma solução

de clorofórmio, metano e água. Apos a separação das fases, o extrato foi filtrado em

solução de sulfato de sodio 2%, armazenado em frasco ambar e congelados a -20 C até

o momento da esterificação. Os ácidos graxos extraídos do músculo Longissimus dorsi e

do tecido adiposo foram esterificados de acordo com a metodologia de Hartman e Lago

(1973).

A determinação dos ácidos graxos foi obtida por cromatografia gasosa

(Thermo Scientific - CG/FID – FOCUS) com detector de ionização de chama (FID) e

coluna capilar Supelco SPTM SPTM

-2560 (100 m × 0,25 mm × 0,2 µm). As

temperaturas do detector e do injetor foram de 270 e 230ºC, respectivamente. A

programação de aquecimento da coluna foi iniciada com 40ºC por 3 minutos, em

seguida: 180°C por 5 min a uma taxa de 10°C/min, 180°C a 220°C por 3 min a uma

taxa de 10°C/min, 220°C a 240°C por 25 min a uma taxa de 20°C/min. O volume de

injeção foi 1 µl com razão de split de 1:10. O gás de arraste utilizado foi o nitrogênio. A

identificação e a quantificação dos picos foram feitas por comparação do tempo de

retenção e da área dos picos das amostras com as de padrões de ésteres metílicos de

ácidos graxos (Supelco 37 components FAMEs Mix, ref. 47885-U).

Os dados coletados foram submetidos à análise de regressão por polinômios

ortogonais e teste “T” de acordo com os procedimentos do SAS Institute (2003).

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2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os parâmetros peso de abate, comprimento da carcaça, peso do pernil, rendimento de

pernil, área de olho de lombo, pH e cor do músculo não foram afetados (P>0,05) pela

inclusão dos níveis do farelo do bagaço do caju (FBC), de acordo com as análises de

regressão (Tab 2). Esse resultado é condizente com alguns estudos envolvendo déficit

de energia em dietas de suínos. Segundo Watanabe et al. (2010), devido à padronização

do peso de abate, o mesmo não foi influenciado pelos níveis de polpa cítrica nas dietas

de suínos, bem como o comprimento de carcaça. Em outra pesquisa, Briganó et al.

(2008), observaram que as características de carcaça (comprimento e rendimento de

carcaça, espessura de toucinho e área de olho de lombo) não foram influenciadas

(P>0,05) pelos níveis de restrição alimentar para suínos em terminação.

Tabela 2 - Efeitos dos diferentes níveis de inclusão do farelo do bagaço de caju (FBC)

sobre as características de carcaça de machos castrados em fase de terminação.

Parâmetros Estudados Níveis de bagaço do caju

0,0% 7,5% 15,0% 22,5% 30,0% **CV%

Peso de Abate 96,35 101,70 99,70 97,45 96,10 8,14

*Rendimento de carcaça (%) 76,01 74,99 75,36 75,15 73,03 1,53

Comprimento de carcaça (cm) 96,50 99,50 99,75 98,75 98,25 3,22

*Espessura de toucinho 1 (mm) 36,05 36,97 34,50 34,77 32,15 7,73

*Espessura de toucinho 2 (mm) 25,90 29,07 19,62 23,35 17,92 24,18

*Espessura de toucinho 3 (mm) 29,12 24,52 20,45 23,10 18,55 23,46

Peso do pernil (kg) 11,27 11,80 11,55 11,35 11,00 8,39

Rendimento do pernil (%) 30,95 30,91 31,20 31,34 31,63 2,85

Área de olho do lombo (cm2) 32,21 37,24 29,00 34,35 30,87 14,59

*Área de gordura (cm2) 19,31 17,23 17,72 13,94 12,85 23,89

*Relação Carne/Gordura (%) 1,67 2,19 1,72 2,75 2,45 27,28

PH Inicial 6,23 5,97 6,32 5,69 6,18 6,95

PH Final 6,00 5,92 6,12 5,87 5,89 2,76

Cor do músculo 2,50 2,75 2,50 2,50 2,75 20,03

*Efeito linear (P<0,05)

** Coeficiente de variação

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Avaliando o parâmetro rendimento de carcaça foi observado um efeito linear

negativo (P<0,05). Esse resultado está em consonância com os resultados encontrados

por Watanabe et al. (2010), que observaram reduções lineares (P<0,05) para o

rendimento de carcaça, em função dos níveis de polpa cítrica. Os autores relacionaram o

menor rendimento de carcaça aos maiores pesos dos órgãos do sistema digestório dos

animais que receberam maiores níveis de polpa cítrica na dieta, visto que, a maior

quantidade de polissacarídeos não-amiláceos (PNAs) promove o aumento de secreções,

acarretando em maior volume do quimo e consequentemente em distensão e hipertrofia

da musculatura do estômago (LOW, 1989), além de promover maior desenvolvimento

das células da mucosa (PLUSKE et al., 1998) e hipertrofia do intestino grosso

(WYATT et al., 1989), levando ao maior peso destas porções do trato digestório,

entretanto neste experimento não se observou efeitos sobre o peso relativo do baço,

intestinos, pulmões, coração e fígado, mas observou-se um efeito linear positivo

(P<0,05) sobre o peso do estômago.

Estes dados corroboram com os resultados obtidos por Braz (2008), que estudando

diferentes níveis bagaço de cevada nas dietas de suínos, observaram que o peso do

estômago aumentou gradativamente com o aumento do nível de bagaço de cevada na

dieta, como reflexo do crescente volume do bagaço de cevada nas rações. Em dados

obtidos por Gomes (1996), utilizando feno de coast cross (Cynodon dactylon) como

fonte de fibra (FDN) nas dietas experimentais, foram detectados aumentos lineares

(P<0,01) nos pesos do estômago vazio e do coração, expressos em percentual de peso

vivo.

Analisando os efeitos dos níveis crescentes do FBC sobre as espessuras de toucinho

e área de gordura, observaram-se um efeito linear negativo (P<0,05). Este efeito pode

ser explicado pelas características das dietas oferecidas aos animais que continham

déficit de energia (Tab. 1), em função do bagaço de caju possuir teor reduzido de

energia metabolizável. A redução da taxa de deposição de gordura na carcaça

caracteriza-se como um fenômeno de grande importância, pois traz benefícios para a

nutrição humana. Este resultado corrobora com os resultados obtidos por Barbosa et al.

(2003), que observaram redução linear na espessura de toucinho (P<0,05) através de

níveis crescentes de restrição alimentar (0%, 5%, 10% e 15%) na dieta de suínos em

terminação.

O uso de níveis crescentes de inclusão do FBC afetou linearmente a relação

gordura/carne na carcaça (P<0,05), corroborando com Pinheiro et al. (2013) que

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encontraram resultados semelhantes ao analisarem suínos mestiços comerciais.

Entretanto esse resultado foi diferente do encontrado por Barbosa et al. (2003) que

submetendo os suínos a diferentes níveis de restrição alimentar, não observaram efeitos

significativos (P<0,05) para esse parâmetro.

Quanto à avaliação do perfil de ácidos graxos na área de gordura subcutânea e no

músculo Longissimus dorsi dos suínos, os dados são encontrados na Tab 3.

As concentrações de ácidos graxos mirístico, palmitoléico, oleico e linolênico, na

área da gordura subcutânea, não apresentaram variações (P>0,05) entre os níveis de

inclusão do FBC.

Em relação aos teores do ácido graxo linoleico, o nível de 30% de FBC foi 18,2%

superior (P<0,05) quando comparado ao nível de 0,0%. O ácido graxo linoleico é

considerado essencial agindo como precursor dos demais ácidos graxos poli-insaturados

da série n-6. Esses ácidos graxos das famílias n-6 e n-3 são obtidos por meio da dieta ou

produzidos pelo organismo a partir dos ácidos linoleico e α-linolênico, pela ação de

enzimas alongase e dessaturase (MARTIN et al., 2006).

Tabela 3 - Perfil dos ácidos graxos da área de gordura subcutânea e do músculo

longissimus dorsi, de suínos machos castrados em terminação, alimentados com

diferentes níveis de farelo do bagaço de caju

Ácidos Graxos na área de

gordura subcutânea

Níveis de bagaço do caju

0,0% 7,5% 15,0% 22,5% 30,0% CV**

Mirístico (C 14:0) 1,57 1,55 1,54 1,51 1,55 12,47

Palmitoléico (C 16:1) 0,60 0,64 0,75 0,60 0,67 23,26

Oleico (C18:1) 38,04 37,23 37,61 39,30 38,14 3,91

*Linoleico (C18:2) 13,66a 15,40ab 15,42ab 15,83ab 16,70b 12,58

Linolênico (C18:3) 0,72 0,62 0,68 0,73 0,61 20,09

*Araquidônico (C20:4) 0,16a 0,22ab 0,15a 0,24b 0,22ab 27,00

Ácidos Graxos no músculo

Longuissimus dorsi

Níveis de bagaço do caju

0,0% 7,5% 15,0% 22,5% 30,0% CV**

Mirístico (C 14:0) 1,24 1,55 1,16 1,67 1,50 58,29

Palmitoléico (C 16:1) 1,91 1,54 2,11 1,85 1,64 55,00

Oléico (C18:1) 26,11 30,01 24,50 30,24 23,46 23,11

Linoléico (C18:2) 22,23 18,65 23,53 18,62 21,47 27,27

Linolênico (C18:3) 0,35 0,34 0,40 0,41 0,48 72,48

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Araquidônico (C20:4) 4,54 4,31 5,40 5,96 4,00 58,10

*Médias seguidas por letras minúsculas na horizontal diferem entre si (P<0,05) pelo teste “t”

**Coeficiente de variação (CV)

Alguns autores destacam a relação entre isômeros do ácido linoleico e a deposição

de gordura, principalmente em relação à aparente ação anti-lipogénica daqueles que

contribui para carcaças mais magras (PETTIGREW E ESNAOLA, 2001). Entretanto

outros autores relatam que o teor de gordura da carcaça depende do aumento do teor de

gordura na dieta e do grau de insaturação (LEBRET E MOUROT, 1998).

Nos resultados obtidos neste experimento, observaram-se uma relação significativa

entre a porcentagem de ácido linoleico na gordura subcutânea e a quantidade de gordura

na carcaça, onde os animais que receberam FBC apresentaram menor quantidade de

gordura na carcaça e maior teor de ácido linoleico, na gordura subcutânea. Esses

resultados estão em consonância com os resultados encontrados por Santos et al.

(2005), observando que os animais que receberam o alimento “mistura” apresentaram

menor quantidade de gordura na carcaça e maior teor em ácido linoleico, tanto no

músculo Longissimus dorsi como na gordura subcutânea dorsal.

Segundo Lebret e Mourot (1998), esses resultados ocorreram por que o grau de

insaturação dos lipídeos é mais baixo em animais com mais gordura do que em animais

com menos gordura, em resposta da maior ou menor diluição de ácidos graxos poli-

insaturados (origem alimentar) no seio de uma massa de lipídeos de origem endógena e

exógena.

O ácido graxo araquidônico (C20:4) também apresentou diferenças (P<0,05) entre os

níveis de FBC, na área de gordura subcutânea, onde o nível de 22,5% foi superior

33,3% e 37,5% aos níveis 0,0% e 15,0% (FBC) respectivamente. Segundo Gonzalez e

da Silva (2006), um menor consumo do ácido linoleico pode ocasionar uma diminuição

da formação do ácido araquidônico.

O ácido linoleico (n-6) e o ácido linolênico ou α-linolênico (n-3) podem ser

metabolizados em ácidos γ-linolênico, dihomo-γ-linolênico e araquidônico e ácidos

eicosapentaenóico, docosahexaenóico e docosapentaenóico, respectivamente

(LEHNINGER et al., 2007). Este processo metabólico é mediado pelas enzimas

alongases e dessaturases, que participam na formação dos ácidos graxos poli-

insaturados, n-6 e n-3, o que resulta em uma competição metabólica entre os dois

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grupos. O excesso de ácido linoleico prejudica a transformação do α-linolênico em seus

derivados (GONZÁLEZ e TEJEDA, 2007).

As concentrações de ácidos graxos mirístico (C 14:0), palmitoléico (C 16:1), oleico

(C18:1), Linoleico (C18:2), linolênico (C18:3) e Araquidônico (C20:4), no músculo

longissimus dorsi, não sofreram variações (P>0,05) entre os níveis de inclusão do farelo

do bagaço de caju (FBC).

Segundo Gonzalez e da Silva (2006), o maior consumo do ácido linoléico, pode ter

acarretado no aumento da formação do ácido araquidônico. Os teores do ácido linoléico

também podem ter contribuído para os níveis mais baixos do ácido linolênico.

2.4 CONCLUSÃO

A inclusão de FBC nas dietas interferiu de forma positiva nas carcaças dos suínos,

principalmente em relação à diminuição do teor de gordura.

Em relação ao perfil de ácidos graxos o FBC afetou de forma positiva a gordura

subcutânea e o músculo longissimus dorsi. Neste contexto, recomenda-se o uso de até

30% de FBC em dietas para suínos em terminação.

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3 ANEXOS

ANEXO 1

Carcaça sendo serrada ao meio Carcaças serradas ao meio

Suíno sendo insensibilizado por

choque elétrico

Marca dos eletrodos atrás das

orelhas (fossas temporais)

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ANEXO 2

Comprimento da carcaça (medida

na sínfise pubiana

Espessura de gordura subcutânea

Localização da primeira medida da

espessura de toucinho

Localização da segunda medida da

espessura de toucinho

Localização da terceira medida da

espessura de toucinho

Corte na altura da última costela

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Contorno do músculo Longissimus

dorsi em papel vegetal

Contorno do músculo Longissimus dorsi

em papel vegetal

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ANEXO 3

Medição do pH inicial e final

Classificação da cor através da

cartela de cores

pHmetro

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ANEXO 4

Amostra retirada do músculo e da gordura

Amostras identificadas e acondicionadas Amostras identificadas e acondicionadas

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ANEXO 5

Amostra do músculo triturada Amostra do músculo pesada

Filtração do material macerado, em

papel-filtro do tipo Whatman n° 1, para

funil de separação

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ANEXO 6

Amostra em banho maria Evaporação do solvente com

nitrogênio

Amostra em vortex Formação de duas fases depois

de homogeneizado em vortex

Vails de 1,5 mL