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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2 GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola CARACTERIZAÇÃO DA ZONA DE ALQUEVA Elaborado em 2004 Revisto em 2005

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GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola

CARACTERIZAÇÃO DA ZONA DE ALQUEVA

Elaborado em 2004Revisto em 2005

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ÍNDICE

1. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL 2

2. SISTEMA GLOBAL DE REGA DE ALQUEVA 5

1.1 Descrição sumária 5

1.2 Calendário da obra 7

1.3 Qualidade da água 9

1.4 Preço da água 10

3. CARACTERIZAÇÃO EDAFO-CLIMÁTICA 123.1 Clima 12

3.2 Solos 14

4. MORFOLOGIA DO TERRENO 16

5. ESTRUTURA FUNDIÁRIA 17

6. EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS E USO ACTUAL DO SOLO 26

7. PLANOS DE ORDENAMENTO E CONDICIONANTES DE NATUREZA

AMBIENTAL 37

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1. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL

O presente plano tem por objectivo a transformação do sequeiro em regadio nas

áreas abrangidas pelos perímetros do Sistema Global de Rega de Alqueva (incluindo os

perímetros de Odivelas e Roxo), correspondendo a uma superfície total de 131 438 ha.

Estas áreas inserem-se num território mais amplo, influenciado pelos mesmos

agentes sócio-económicos e por condicionalismos ambientais comuns, que, para efeitos

do presente Plano, se considerou ser a Zona de Intervenção de Alqueva1 (ZIA)

correspondente à área de influência do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva,

a qual se desenvolve entre Elvas e Aljustrel, ocupando cerca de 900 000 ha distribuídos

por 19 concelhos (Carta com as áreas beneficiadas pelo regadio de Alqueva).

Em termos gerais, as características da ZIA coincidem com as da região

alentejana. O clima mediterrâneo e os suaves relevos são responsáveis pela ausência de

chuvas na estação quente, o que limita de forma determinante o desenvolvimento do

coberto vegetal natural, bem como a actividade agrícola. Estas condições contribuíram

para o facto de, ao longo da história, toda a região se caracterizasse por ser

escassamente povoada, com a população aglomerada em núcleos urbanos mais ou

menos afastados entre si.

Assim, o território abrangido pela ZIA apresenta uma densidade populacional de

cerca de 22 habitantes por km2 (face aos 19,6 no Alentejo e aos 114 hab/km2-2004- no

Continente), tendo-se registado uma evolução positiva da população residente de 19,1%

entre 1991 e 2001. Este facto deve-se quase exclusivamente ao crescimento do concelho

de Évora, leia-se cidade de Évora, que relativamente a 1991 aumentou a sua população

cerca de duas vezes e meia, enquanto que os restantes concelhos da ZIA sofreram

perdas de população no mesmo intervalo de tempo. Aliás, se se considerar o universo

1 ZIA (912 522ha): Todas as freguesias dos concelhos de Alandroal, Aljustrel, Alvito, Barrancos, Beja,Cuba, Ferreira do Alentejo, Mourão, Portel, Reguengos de Monsaraz, Serpa, Viana do Alentejo eVidigueira, assim como as freguesias de Torrão, do concelho de Álcacer do Sal, de Ajuda, Salvador eSanto Ildefonso, do concelho de Elvas, de Bacelo, Canaviais, Évora (Santo Antão), Évora (São Mamade),Horta das Figueiras, Malagueira, Nossa Senhora da Torega, Nossa Senhora de Machede, São Manços,São Vicente do Pigeiro, Sé e São Pedro, Senhora da Saúde e Torre de Coelheiros, do concelho de Évora,de Azinheira dos Barros e São Mamede do Sádão, do concelho de Grândola, de Amareleja, Moura(Santo Agostinho), Moura (São João Baptista), Póvoa de São Miguel, Safara, Santo Amador e Sobral daAdiça, do concelho de Moura, e de Alvalade e Ermidas-Sado, do concelho de Santiago do Cacém.

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composto apenas pelas freguesias abrangidas pelo regadio de Alqueva2, verifica-se ter

ocorrido um decréscimo de 4,4% da população residente.

Tradicionalmente, a agricultura do Alentejo era desenvolvida de forma extensiva,

em sistemas de sequeiro, apresentando baixos rendimentos por hectare e assente na

grande propriedade e na grande exploração. Predominavam as áreas de cereal, pecuária

de manadio, pousio, olival e montado, a par de pequenas hortas e campos destinados a

auto-consumo em volta das povoações. A situação tem vindo a modificar-se em

algumas zonas, com a emergência de uma agricultura de regadio, decorrente de

iniciativa pública ou particular, que permitiu a reconversão dos sistemas agrícolas pela

viabilização de algumas culturas de sequeiro e pela introdução de novas culturas

regadas.

A utilização do território na ZIA é predominantemente agrícola, reflectindo-se

num peso da população agrícola familiar de cerca de 16% relativamente à população

total. O peso da agricultura profissional nesta zona é de 18,5%, representando 31,0% da

superfície agrícola utilizada. Já nas freguesias do regadio a percentagem de agricultura

profissional sobe para 22,8% e representa 35,5% da SAU.

No conjunto dos produtores agrícolas (dirigentes de exploração) da ZIA, 12,5%

têm um grau de instrução correspondente ao ensino secundário ou superior e 11,1% têm

idade inferior a 40 anos. Estes parâmetros assumem os valores de, respectivamente,

13,2% e 12,1% nas freguesias abrangidas pelo regadio.

O investimento apoiado no sector agrícola no período de 1994-99 foi estimado, na

ZIA, em 197,00 euros/ha de SAU; nas freguesias do regadio, em 206,00 euros/ha de

SAU. Em qualquer dos casos é considerado um nível baixo (64,5% e 67,3%)

relativamente à média do Continente (100%).

O índice do Produto Interno Bruto real per capita na ZIA – e também nas

freguesias do regadio – é de 0,44 (tomando como referência o concelho de Lisboa com

um índice igual à unidade) e o índice per capita do poder de compra é de 0,71 nas

2 Freguesias abrangidas pelo regadio (566 902 ha): Todas as freguesias dos concelhos de Aljustrel,Alvito, Beja e Ferreira do Alentejo, assim como as freguesias de Torrão, do concelho de Álcacer doSal, de Cuba e Faro do Alentejo, do concelho de Cuba, de Nossa Senhora de Machede, São Manços, SãoVicente do Pigeiro e Torre de Coelheiros, do concelho de Évora, de Azinheira dos Barros e São Mamededo Sádão, do concelho de Grândola, de Moura (Santo Agostinho) e Moura (São João Baptista), doconcelho de Moura, de Luz, do concelho de Mourão, de Monte do Trigo, Oriola, Portel e de Santana, doconcelho de Portel e de Alvalade e Ermidas-Sado, do concelho de Santiago do Cacém, Brinches, Pias,Serpa (Salvador), Serpa (Santa Maria) e Vale de Vargo, do concelho de Serpa e Pedrógão, Selmes eVidigueira, do concelho da Vidigueira.

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freguesias abrangidas pelo regadio, enquanto que, na ZIA, este índice atinge o valor de

0,76, reflectindo a influência da zona urbana de Évora3.

3 GPPAA, 2002 – Portugal Rural: Territórios e dinâmicas, MADRP, Lisboa.

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2. SISTEMA GLOBAL DE REGA DE ALQUEVA

2.1 Descrição sumária

O Sistema Global de Rega de Alqueva (SGRA) faz parte do conjunto das

infra-estruturas do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA). Este

empreendimento teve a sua génese na década de 50 do século XX, quando nas propostas

do Plano de Valorização do Alentejo foi incluída a rega de uma extensa área do

Alentejo a partir de uma barragem a construir no rio Guadiana.

Os objectivos apontados para a obra visavam o desenvolvimento da região, através

do fomento da actividade agrícola, que seria responsável pela criação de emprego local

e pela consequente fixação de mão-de-obra, ao mesmo tempo que se contribuiria para o

auto-aprovisionamento de produtos alimentares no País.

Actualmente, o EFMA é considerado um instrumento estratégico para o

desenvolvimento de uma área importante do Alentejo. Os seus objectivos decorrem do

interesse em aproveitar os recursos aplicados pelo Estado na região, explorando duas

oportunidades aí criadas: uma é, evidentemente, o grande lago de Alqueva; a outra é a

concentração de conhecimentos, tecnologias e experiência que ocorreu na região, em

resultado do esforço de implantação das infra-estruturas.

Surgem pois, os fins múltiplos do empreendimento, de carácter económico, social,

cultural e ambiental e que serão prosseguidos desenvolvendo diversas vertentes, como

sejam, a agricultura, a energia, o abastecimento público de água, o turismo e o

ambiente.

Com o objectivo de assegurar o abastecimento de água para fins agrícolas foi

concebido o Sistema Global de Rega de Alqueva. Este consiste num conjunto de

infra-estruturas que permitem conduzir a água armazenada nas albufeiras das barragens

de Alqueva e de Pedrógão até diversas barragens intermédias e, daí em diante, até aos

diferentes perímetros de rega, desenvolvendo-se numa área total de 131 400 ha, se se

considerar os perímetros já em exploração que serão reforçados pelo SGRA.

É constituído por uma rede adutora com uma extensão de, aproximadamente,

300 km de rede primária e 2 200 km de rede secundária1. O funcionamento do sistema é

1 Valores indicativos da ordem de grandeza.

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apoiado por um conjunto de estações elevatórias, barragens, reservatórios e outras infra-

estruturas hidráulicas.

O SGRA encontra-se organizado em três subsistemas independentes: Alqueva e

Pedrógão, na margem direita do Guadiana, e Ardila, na margem esquerda (ver

Quadro 2.1-1).

O subsistema de Alqueva obtém a água a partir da albufeira de Alqueva, no braço

do rio Degebe. Após um patamar de bombagem nos Álamos e vencido o sistema de

barragens Álamos-Loureiro, a água é encaminhada, na direcção Norte, para o perímetro

de Monte Novo e, na direcção Sul, para a barragem do Alvito, altura em que é

transposta a delimitação entre as bacias do Guadiana e Sado. A partir daí, são

abastecidos os restantes perímetros do subsistema de Alqueva: a Oeste, os perímetros

entre Alvito e Vale de Gaio, apoiados pelas barragens de Barras e de Vale de Gaio; na

zona do perímetro de Alvito-Barras, a água é derivada para reforçar a barragem de

Odivelas que alimenta os perímetros de Odivelas [1ª fase e 2ª fase-Infra-estrutura 12

(I.12)]; a Sul, a água é conduzida até à albufeira do Pisão, servindo os perímetros da

Vidigueira, de Cuba e de Beja. Neste ponto (albufeira do Pisão), a água é repartida, na

direcção Sudoeste, para os perímetros de Ferreira do Alentejo e de Aljustrel (Roxo),

reforçando a barragem do Roxo; na direcção contrária, são servidos perímetros do

concelho de Beja, com o apoio de uma barragem nessa zona.

Ao subsistema de Alqueva pertence também o perímetro da Luz/Mourão, que é

alimentado por uma tomada de água própria, instalada na albufeira de Alqueva.

Quadro 2.1-1 – Sistema Global de Rega de Alqueva (ha)

Odivelas 2ªfase (I.12) 6.252

Odivelas 1ªfase 6.564

Roxo 1ªfase 4.963

Luz 601

12.12818.380Subsistema

Alqueva

Outros perímetros 52.535

70.914

Subsistema Pedrógão 30.790

Sistema

Global de

Rega de

Alqueva

Subsistema Ardila 29.734

131.438

Fonte: EDIA, Abril 2004.

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O subsistema de Pedrógão é alimentado a partir da albufeira de Pedrógão e serve

áreas da Vidigueira e de Beja, utilizando como reservatório intermédio a albufeira de

São Pedro.

O subsistema do Ardila é alimentado a partir de uma tomada de água na albufeira

de Pedrógão (e, eventualmente, outra a instalar mais a Sul) e serve os perímetros dos

concelhos de Moura e de Serpa. Apoia-se num conjunto de pequenas barragens

dispersas pelas áreas a regar.

O objectivo de concepção e construção do SGRA é atingir o máximo de eficácia

na disponibilização da água para a agricultura, ou seja, proporcionar uma garantia do

abastecimento de água aos perímetros idêntica à proporcionada pela barragem de

Alqueva e que é de 95%.

2.2 Calendário da obra

Em 1997, por resolução do Conselho de Ministros, estabeleceu-se que a

construção do Sistema Global de Rega de Alqueva seria iniciada a partir dos

subsistemas de Alqueva e de Ardila.

Desde então, nestes subsistemas foi dada prioridade à 2ª fase do aproveitamento

de Odivelas (I. 12), ao perímetro da freguesia da Luz, à ligação ao Bloco de Monte

Novo, à construção de três barragens na margem esquerda (Amoreira, Brinches e

Serpa), à ligação do sistema até à albufeira do Pisão e construção da respectiva

barragem e à instalação de alguns perímetros de rega associados a estas infra-estruturas.

No Quadro 2.2-1 apresenta-se a calendarização prevista (no ano de 2004) para a

implementação do Sistema Global de Rega até 2007.

Como se pode verificar, até ao fim de 2007, no que respeita ao subsistema de

Alqueva, pretende-se desenvolver as obras até à barragem do Pisão e ao Bloco de

Monte Novo e ter equipados os perímetros de rega de Odivelas (1ª e 2ª fases), Roxo

(1ª fase), Luz, Monte Novo e Pisão. No que respeita ao subsistema de Ardila, até àquela

data, pretende-se equipar três perímetros de rega e construir as infra-estruturas

necessárias para conduzir a água até estes.

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Quadro 2.2-1 – Execução prevista para o Sistema Global de Rega de AlquevaExecução prevista (*) Investº (Meuros) Área (ha)Infra-estrutura Existente

2005 2006 2007 2008SUBSISTEMA ALQUEVABARRAGENS1. Monte Novo2. Alvito3. Odivelas4. Vale de Gaio5. Roxo6. Marmelo7. Lagoa Vermelha8. Monte Branco9. Álamos I, II e III 20,510. Loureiro 7,711. Pisão 11,0TOMADAS DE ÁGUA1. ÁlamosESTAÇÕES ELEVATÓRIAS1. ÁlamosREDE DE ADUÇÃO1. Canal de Odivelas e I.122. Canal do Roxo3. Ligação Álamos-Loureiro 36,54. Ligação Loureiro-Monte Novo 25,75. Ligação Loureiro-Alvito 40,66. Ligação Alvito-Pisão 75,2PERÍMETROS1. Odivelas – 1ª fase2. Odivelas – 2ª fase (I.12)3. Roxo – 1ª fase4. Luz5. Bloco Monte Novo 67,0 7.7006. Bloco Pisão 18,5 2.300Total SUBSISTEMA ALQUEVA 302,7 10.000SUBSISTEMA ARDILABARRAGENS1. Amoreira 8,12. Brinches 8,83. Serpa (**) 11,64. EnxoéTOMADAS DE ÁGUA(1. Horta da Vargem) ( ) (***) (4,7)2. Orada 3,4REDE DE ADUÇÃO1. Conduta Principal de Serpa (****)

PERÍMETROS1. Orada-Amoreira 13,2 19002. Brinches-Sul 7,7 10003. Serpa 8,0 700Total SUBSISTEMA ARDILA 65,5 3600TOTAL (ALQUEVA+ARDILA) 368,2 13600

* Previsão em 2004.

** Inclui conduta principal de Serpa.

*** Alternativa em estudo.

**** Montante incluído no valor de investimento da barragem de Serpa.

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2.3 Qualidade da água

A albufeira de Alqueva é uma massa de água de grandes dimensões que, devido às

variações térmicas sazonais, se caracteriza por uma periodicidade anual da mistura

vertical dos estratos que se formam de acordo com a variação da densidade em

profundidade. Este fenómeno provoca o afloramento de nutrientes e de matéria

orgânica, o qual tem um efeito indutor da actividade biológica na albufeira.

A qualidade da água deteriora-se ao longo do semestre da Primavera-Verão, época

em que se acentua a estratificação da massa de água2. Esta situação agrava-se no fim do

Verão quando ocorre pluviosidade intensa e concentrada que origina um aumento das

cargas poluentes e dos níveis de sedimentos na albufeira.

O maior problema que este tipo de albufeiras pode apresentar é o risco de

eutrofização. Já as cargas poluentes de natureza pontual (residuais urbanas, industriais,

agro-pecuárias ou agro-industriais) ou de natureza difusa, ricas em matéria orgânica,

não têm impacte determinante face ao volume de água em causa, devendo todavia ser

reduzidas e monitorizadas.

Até ao enchimento da albufeira de Alqueva (2002), a qualidade da água verificada

em onze estações de monitorização da bacia do Guadiana classificava-se nos termos

apresentados no Quadro 2.3-1.

Quadro 2.3-1 – Classificação para usos múltiplos da qualidade da água da baciado rio Guadiana (2002)

A Águas com qualidade equivalente às condições naturais, aptas a satisfazer potencialmenteas utilizações mais exigentes em termos de qualidade.

0%

B Águas com qualidade ligeiramente inferior à classe A, mas podendo também satisfazerpotencialmente todas as utilizações.

10%

CÁguas com qualidade aceitável, suficiente para irrigação, para usos industriais e produçãode água potável após tratamento rigoroso. Permite a existência de vida piscícola (espéciesmenos exigentes) mas com reprodução aleatória; apta para recreio sem contacto directo.

40%

D Águas com qualidade medíocre, apenas potencialmente aptas para irrigação, arrefecimentoe navegação. A vida piscícola pode subsistir, mas de forma aleatória.

30%

E Águas extremamente poluídas e inadequadas para a maioria dos usos. 20%Fonte: INAG, SNIRH, 2005.

2 Formam-se, teoricamente, três camadas: uma em profundidade, mais densa, fria e calma, comdificuldade de renovação dos teores de oxigénio e com tendência para a anaerobiose; uma intermédia; euma à superfície, menos densa, quente e agitada. No fim do Verão, esta última camada arrefece e dá-se amistura vertical das camadas, mantendo-se, durante o Inverno, a temperatura constante em profundidade(TRINDADE, I.; OLIVEIRA, R. P.; MONTEIRO, A.G., 2002 – Modelação da qualidade da água duranteo enchimento da albufeira de Alqueva).

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Como se pode observar, a maior parte das estações (80%) apresentava qualidade

satisfatória, aceitável/suficiente ou potencialmente apta para irrigação.

De igual modo, no Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana (1.ª Fase-

Dezembro de 1998, Ministério do Ambiente) é referido que a qualidade da água desta

bacia é inadequada aos usos mais comuns, actuais ou pretendidos, exceptuando a

utilização da água para rega, que parece ser um dos usos menos limitados pela má

qualidade da água. Não obstante, é também referido que a situação das albufeiras é

preocupante, pela vulnerabilidade aos fenómenos associados ao processo de

eutrofização.

Actualmente, é expectável uma qualidade da água na albufeira de Alqueva que

permitirá a utilização para fins agrícolas, nomeadamente para regadio. A qualidade será

tanto melhor, quanto maior for o respeito pelas afluências acordadas entre Portugal e

Espanha e se, na totalidade da área da bacia, forem respeitados procedimentos de

qualidade na emissão de efluentes e se forem seguidas condutas correctas nas práticas

agrícolas.

As dificuldades que poderão surgir para a agricultura decorrem dos níveis de

eutrofização da albufeira, podendo ocorrer surtos de fitoplancton ou o desenvolvimento

anómalo de infestantes aquáticas. Neste último caso, os efeitos podem ser atenuados por

acção dos equipamentos dos sistemas de rega.

2.4 Preço da água

Considerando o interesse do regadio, foi estabelecido um regime tarifário

aplicável ao abastecimento de água para uso agrícola no âmbito do Empreendimento de

Fins Múltiplos de Alqueva (Resolução do Conselho de Ministros n.º 69/2002, de 3 de

Setembro de 2001, publicada no D.R. n.º 83 – I Série-B, de 9 de Abril de 2002).

Assim, foram fixados os seguintes montantes, aplicáveis à saída da rede

secundária de rega, isto é, à entrada das explorações agrícolas integrantes dos

perímetros de rega do empreendimento:

a) 11$00/m3 (0,054868 euro/m3), a vigorar durante o ano de 2002;

b) 16$50/m3 (0,082302 euro/m3), a vigorar durante os anos de 2008 e seguintes

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c) O montante estabelecido na alínea a) é anualmente ajustado até atingir o

montante de referência estabelecido na alínea b), nos termos definidos na

referida Resolução.

Este tarifário já inclui as taxas de utilização, bem como as taxas de beneficiação,

de conservação e de exploração previstas na lei.

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3. CARACTERIZAÇÃO EDAFO-CLIMÁTICA

3.1 Clima

O território abrangido pela ZIA situa-se a uma latitude aproximada entre 37º e

38º 50' N e, segundo a classificação de Köppen , o clima é mesotérmico húmido com

estação seca e quente no Verão (Csa). Segundo a classificação climática simples, a ZIA

apresenta um clima temperado, quanto à temperatura média anual; moderado, quanto à

amplitude média da variação anual; predominantemente húmido nas áreas mais

próximas do litoral e predominantemente seco nas restantes, no que respeita à humidade

relativa do ar; moderadamente chuvoso, com algumas zonas semiáridas, no que respeita

à precipitação. Predominam duas estações no ano, uma fria e chuvosa e outra quente e

seca1. A variação da influência atlântica para a influência continental, que normalmente

ocorre do litoral para o interior, é perturbada pelo vale do Guadiana que apresenta

características mais próximas das mediterrâneas.

Para seleccionar as culturas com melhor desempenho na região, em condições de

regadio, procedeu-se à identificação dos parâmetros climáticos que se considerou

limitarem a expressão plena do respectivo potencial agronómico. Em consequência,

efectuou-se uma análise climática do território, dirigida às culturas e incidente apenas

nos parâmetros que efectivamente as condicionam. O planeamento foi efectuado a uma

escala sub-regional, pelo que não foram considerados os efeitos micro-climáticos, que

terão obrigatoriamente de ser ponderados num planeamento à escala da exploração.

Assim, foram três os parâmetros climáticos que se considerou terem um efeito

limitativo sobre o potencial de produção de algumas das culturas estudadas: a geada, a

temperatura e a precipitação.

No que respeita à geada, foi estudada a sua ocorrência durante o início da

actividade vegetativa. Construiu-se a carta da Probabilidade de ocorrência de geada,

tendo-se utilizado a curva da ocorrência de temperatura mínima do ar inferior a 2ºC,

com uma probabilidade de 40% na 3ª década de Fevereiro e na 3ª década de Março e

com uma probabilidade de 20% na 1ª de Abril. Como foi referido, nota-se o efeito

1 REIS, R.M.M.; GONÇALVES, M.Z. 1987. Caracterização Climática da Região doAlentejo. O Clima de Portugal.Fascículo XXXIV. INMG. Lisboa.

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

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amenizador do vale do Guadiana, de Sul para Norte, e da proximidade do Atlântico, nas

áreas localizadas a Oeste.

Elaborou-se, ainda, a carta da Data média da última geada, tendo-se utilizado as

curvas das datas de 10 de Março, 20 de Março, 1 de Abril e 10 de Abril. A distribuição

destas curvas reflecte, igualmente, o efeito do litoral e do vale do Guadiana e evidencia

as características mais frias da zona de Évora, separada da zona mais quente, a Sul,

pelas serras do Mendro e de Portel.

Por último, elaborou-se a carta do Número médio de dias com ocorrência de

geada, com vista a delimitar as zonas em que ocorre geada, em média, em menos de 20

dias por época (curva de 10-20 dias) e aquelas em que ocorre a geada entre 20 e 30 dias

(curva de 20-30 dias). Da análise desta carta, verifica-se existir uma zona com menor

incidência de geadas, localizada entre Beja e Cuba, que se prolonga, a Nordeste, pelo

vale do Guadiana.

Quanto à temperatura, verificou-se que este parâmetro pode condicionar

fortemente o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade de algumas culturas.

Tem influência determinante a ocorrência de elevadas temperaturas no período estival,

em particular, a ocorrência de Temperaturas máximas superiores a 30ºC, a 36ºC ou a

40ºC2.

No que respeita a outras culturas, a temperatura também é determinante para o seu

desenvolvimento mas, agora, pela disponibilidade térmica efectiva que cada zona

apresenta, ou seja, pelo somatório das temperaturas médias diárias que excedem a

temperatura de início da actividade vegetativa, calculado em determinada zona e

durante um determinado período. Foi, pois, elaborada a carta da Disponibilidade

térmica efectiva, em que se utilizaram as curvas correspondentes a temperaturas

acumuladas de 850ºC, no período que decorre entre 1 de Março e 30 de Junho, e de

1100ºC, no período que decorre entre 1 de Março e 31 de Julho, considerando, para

ambas as curvas, um zero vegetativo de 10ºC. A análise desta carta permite concluir

que, no interior, são atingidos mais cedo determinados níveis de temperaturas

acumuladas.

Uma vez que se pretendem identificar as áreas potenciais de produção das culturas

em condições de regadio, a escassez de água na estação quente não é limitativa. Assim,

a precipitação apenas se pode tornar limitativa por excesso quando ocorre numa altura

2 Ainda não foi possível dispor de dados meteorológicos que possibilitem considerar este parâmetro.

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola14

em que impede as operações culturais de instalação da cultura, ou quando é prejudicial

ao seu desenvolvimento ou aos resultados da cultura. Analisadas as exigências das

culturas, constatou-se que apenas uma delas era limitada pela ocorrência de precipitação

no início e no fim do respectivo ciclo vegetativo. Por essa razão, construiu-se a carta da

Precipitação, recorrendo à quantidade total de precipitação (mm) que ocorre nos meses

de Março (curva de 100 mm), de Setembro (curva de 25 mm) e de Outubro (curva de 50

mm). As zonas mais chuvosas concentram-se na zona de Évora e de Viana do Alentejo

e as zonas mais secas localizam-se na parte Sul da ZIA e no vale do Guadiana.

3.2 Solos

Os solos das áreas abrangidas pelos perímetros de rega de Alqueva foram

estudados com o objectivo de identificar culturas bem adaptadas às zona, em termos

edáficos e de determinar, depois de considerados os parâmetros climáticos, a respectiva

área potencial de produção.

O estudo desenvolveu-se a partir da determinação das exigências de um conjunto

de alargado de culturas, no que respeita a seis características físicas e químicas do solo :

espessura efectiva, textura, compacidade – resistência à penetração de raízas, pH,

drenagem interna e salinidade.3 Com base neste estudo, foram propostos os solos mais

recomendáveis ou adaptados para as culturas em análise, de acordo com "A

classificação dos solos de Portugal – nova versão"4, ao nível da Ordem, Subordem ou

Grupo de Solos.

Para a determinar as áreas potenciais de produção foi utilizada como informação

de base a Carta de Solos de Portugal5, em formato digital. Uma vez que, nesta carta, a

informação pedológica é apresentada ao nível da Família e da Série de Solos,

procedeu-se a uma agregação das classes, equivalente à utilizada na identificação das

exigências das culturas.

Foi assim, elaborada a carta de Solos da ZIA, onde se pode observar a distribuição

territorial das áreas em que predominam as ordens e subordens: litossolos, regossolos,

3 MARTINS, J.C.; PIRES, F.P.; RAMOS, T.B. 2003. Solos Mais Adaptados a Algumas Culturas aPraticar na Área do Empreendimento de Alqueva. Departamento de Ciência do Solo. EstaçãoAgronómica Nacional, INIAP. Oeiras. (dactilografado).4 CARDOSO, J.C. 1974. A Classificação dos Solos de Portugal - nova versão. Boletim de Solos, 17:14-46. SROA, Secretaria de Estado da Agricultura. Lisboa.5 SROA, 1966. Carta de Solos de Portugal. Direcção-Geral das Florestas. Lisboa.

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola15

aluviossolos, coluviossolos, solos litólicos, solos calcários, barros, solos mediterrâneos,

pódzois, solos halomórficos, hidromórficos e orgânicos hidromórficos. As

características calcárias, de textura pesada ou de hidromorfismo que os solos

apresentam foram tidas em consideração na elaboração desta carta.

De acordo com uma caracterização ecológica efectuada para as áreas abrangidas

pelos perímetros de rega6, os solos foram analisados de acordo com o seu potencial para

a utilização agrícola. Assim, foram identificados:

- solos sem limitações específicas, com uma representatividade de 43,6 %, que

agrupam, em termos gerais, barros, coluviossolos, aluviossolos e solos

mediterrâneos;

- solos com limitações específicas, com uma representatividade de 56,1 %, que

agrupam, em termos gerais, solos calcários, barros, coluviossolos e

aluviossolos com características calcárias, solos hidromóficos, outros solos

com características de hidromorfismo, solos litólicos, regossolos e pódzois;

- solos sem potencial de uso agrícola com uma representatividade de 0,1 %,

que agrupam os litossolos e afloramentos rochosos;

- área social, com uma representatividade de 0,2 %.

Como pode observar-se, existe uma percentagem significativa de solos sem

qualquer limitação, podendo as limitações dos restantes solos ser ultrapassadas, em

muitos casos, com o recurso a tecnologias ou à escolha de culturas ou variedades mais

adaptadas.

A capacidade de uso dos solos das áreas abrangidas pelos perímetros de rega de

Alqueva foi, de igual modo, estudada com o objectivo de identificar o potencial de

produção de trigo e cevada de sequeiro, como culturas para produção de

biocombustíveis. Para este efeito, foi utilizada como informação de base a Carta de

Capacidade de Uso do Solo7, em formato digital. A área analisada foi a totalidade da

Zona de Intervenção de Alqueva, exceptuando as áreas regadas, bem como as áreas

florestais, rios, lagoas e albufeiras.

Efectuou-se uma agregação das classes, tendo-se rejeitado aquelas que não

oferecem condições de produtividade satisfatória para estes cereais. Foram consideradas

duas zonas de aptidão: uma de potencial elevado e outra de potencial mediano. 6 AGRO GES; AGRICIÊNCIA, 2003. Estudo de Avaliação do impacte sócio-económico da componentehidroagrícola do Alqueva – 1º Relatório de Progresso, Lisboa.

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4. MORFOLOGIA DO TERRENO

A ZIA desenvolve-se ao longo das bacias hidrográficas do Guadiana e do Sado.

Apresenta um relevo em geral pouco acentuado, característico da peneplanície

alentejana, não obstante a ocorrência de zonas de relevo mais irregular, localizadas,

principalmente, na parte sul da margem esquerda do Guadiana e na área envolvente do

rio Degebe. As zonas próximas do curso do rio Sado são bastante planas,

proporcionando condições de hidromorfismo nos solos.

As grandes quebras morfológicas, que têm consequências climáticas de nível

sub-regional, consistem no vale encaixado do Guadiana e no conjunto de serras de

Portel e Mendro, prolongadas, na margem esquerda do Guadiana, pela serra de

Barrancos.

As áreas abrangidas pelos perímetros de rega de Alqueva apresentam, em geral,

relevos pouco acentuados.

7 SROA, 1980. Carta de Capacidade de Uso do Solo (III.3), Portugal. Atlas do Ambiente, ComissãoNacional de Ambiente. SEA. Lisboa.

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5. ESTRUTURA FUNDIÁRIA

Neste ponto faz-se referência à dimensão das explorações, à dispersão dos

respectivos blocos1 e evidencia-se algumas particularidades da estrutura da propriedade

e da ocupação cultural na zona.

A estrutura fundiária foi caracterizada tendo por base informação proveniente de

diversas origens, nomeadamente, informação do parcelário INGA e informação

estatística do INE. Em alguns casos, recorreu-se ao cadastro da propriedade rústica.

Apesar dos universos abrangidos e das finalidades das bases de dados serem diferentes,

estas permitem, contudo, desenhar um panorama da estrutura fundiária na ZIA e do

Regadio de Alqueva.

Feitas estas considerações iniciais, é possível, desde já, constatar que todas as

fontes apontam para um facto: no Regadio de Alqueva, existem zonas de prédios de

grande dimensão, com um grau de dispersão da propriedade variável, mas

aparentemente sem limitações ao nível da estrutura fundiária; e zonas mais

problemáticas, muito fragmentadas, com maior ou menor dispersão predial e com

prédios de pequena dimensão que frequentemente integram grandes propriedades.

De acordo com os dados do INE, no Alentejo, a área média de SAU por

exploração é de 53,6 ha2. No território abrangido pela ZIA, o valor deste parâmetro é

ligeiramente superior, 59,7 ha, atingindo 70,5 ha nas freguesias abrangidas pelo

Regadio de Alqueva3.

Na divisão das explorações-INGA por classes de área (Quadro 5.1) verifica-se que

cerca de 90% da área a regar é ocupada com explorações com dimensão apreciável –

mais de 50 hectares.

No entanto, consultados os dados relativos às explorações-INE4, verifica-se que,

para a região agrária do Alentejo, as explorações com SAU superior a 50 ha

representam menos de 20% no número total de explorações. Aliás, de acordo com a

1 Bloco: a parte da exploração inteiramente rodeada de terras, águas, etc. não pertencentes à exploração(conceito INE).2 INE, 1999. Recenseamento Geral da População – 1999. Instituto Nacional de Estatística, Lisboa.3 GPPAA, 2002 – Portugal Rural: Territórios e dinâmicas, MADRP, Lisboa.4 AGRO GES; AGRICIÊNCIA, 2004. Estudo de Avaliação do impacte sócio-económico da componentehidro-agrícola do Alqueva – Relatório Final, Lisboa.

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GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola18

mesma fonte, mais de 70% do número total de explorações desta região (Alentejo) tem

menos de 20 ha e mais de 40% delas tem dimensão (SAU) inferior a 5 ha.

Quadro 5.1 – Repartição das explorações-INGA por sub-sistema e por classe de área

Estes dados confirmam, desde já, a existência de dois tipos de situações na zona:

por um lado existe a grande exploração (assente também, por certo, na grande

propriedade) associada a um número pouco expressivo de produtores; por outro lado,

existe um número bastante representativo de explorações de pequena dimensão, o que

poderá significar que as correspondentes propriedades são, também, de pequena

dimensão.

Da análise do Quadro 5.2, realça-se que a área média por exploração-INGA

abrangida pelo Regadio de Alqueva é de 92,1 ha. Esta área subdivide-se entre 34,1 ha

de regadio e 58,0 ha de sequeiro. Estes valores reflectem um factor positivo que o

Empreendimento de Alqueva apresenta à partida. Em termos de subsistemas, o

comportamento dos valores médios da dimensão da exploração é semelhante: o Ardila

apresenta uma elevada área média por exploração (61,5 ha), mesmo assim inferior à dos

outros subsistemas, que pouco divergem entre si, com áreas médias de 107,5 ha e

108,9 ha.

No que respeita aos blocos das explorações agrícolas, em termos relativos, a sua

dimensão é menor nas áreas abrangidas pelo regadio do que nas áreas de sequeiro.

O número de blocos por exploração pouco varia nos diversos subsistemas,

situando-se entre, aproximadamente, 9 e 12. Estes valores são elevados e evidenciam

uma grande dispersão da exploração. A dispersão predial será, eventualmente, maior,

uma vez que o bloco pode conter mais do que um prédio rústico.

<=2 ha

2 a 5 ha

5 a 10 ha

10 a 20 ha

20 a 50 ha

50 a 100 ha

100 a 200 ha

200 a 500 ha

500 a 1000 ha

>1000 ha Total

Alqueva 0,1 0,4 0,8 1,7 4,0 6,0 11,8 28,4 25,5 21,3 100,0

Pedrogao 0,1 0,4 0,8 1,9 4,3 6,4 14,1 30,7 22,2 19,1 100,0

Ardila 0,2 0,8 1,5 2,7 8,6 8,1 13,9 26,3 30,0 7,9 100,0

Regadio existente 0,0 0,2 0,8 3,2 9,0 8,2 9,6 33,1 23,2 12,7 100,0

Fora do regadio 0,2 0,6 1,2 2,0 5,2 7,7 13,7 30,0 22,6 16,8 100,0

Total do Regadio 0,1 0,5 1,0 2,1 5,7 6,8 12,4 29,0 25,5 16,9 100,0

Sub-sistema

Dimensão da exploração (em % da área total do respectivo sub-sistema)

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola19

��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

<=2 ha 2 a5 ha

5 a10 ha

10 a20 ha

20 a50 ha

50 a100 ha

>100 ha

Dimensão do bloco

Perc

enta

gem

do

tota

l da

área

do

sub-

sist

ema

Roxo

Ardila

Infraestrutura 12

Alqueva

Odivelas

Pedrogao

Quadro 5.2 – Estrutura das explorações-INGA(área média por produtor e por bloco e número de blocos do produtor)

Analisando a distribuição das áreas dos diferentes sub-sistemas pelas diferentes

classes de bloco (Gráfico 5.1) verifica-se a existência de situações bastante diferenciadas.

Gráfico 5.1 – Repartição das área dos diferentes subsistemas segundo as diferentes dimensões de bloco

Dentro do regadio

Fora do regadio

Total da exploração

Dentro do regadio

Fora do regadio

Total da exploração

Dentro do regadio

Fora do regadio

Total da exploração

ZIA - - 90,7 - - 9,0 - - 10,0

Sub-sistemas 34,1 58,0 92,1 6,1 11,0 8,5 5,6 5,3 10,8

Ardila 19,4 42,1 61,5 4,2 9,8 6,9 4,6 4,3 8,9Pedrogão 43,4 64,1 107,5 7,7 12,6 10,0 5,6 5,1 10,7Alqueva 39,0 69,9 108,9 6,4 11,0 8,8 6,1 6,4 12,4Regadios Exist. 39,7 50,3 90,0 6,5 11,0 8,4 6,1 4,6 10,7Fora dos sub--sistemas - - 89,9 - - 9,4 - - 9,6

Área média por produtor (ha) Área média por bloco (ha) Nº de blocos por produtor

ZonaGeográfica

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GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola20

No Roxo e no Ardila encontram-se as situações mais desfavoráveis, estando,

aproximadamente, 30% da área em blocos com menos de 5 ha e entre 50% a 60% da

área em blocos com menos de 10 ha.

Odivelas e Pedrogão apresentam, pelo contrário, cerca de 60% da sua área em

blocos com mais de 10 ha.

No entanto, mesmo nestes subsistemas, cerca de 20% da área encontra-se em

blocos com menos de 5 ha.

Verifica-se assim que, à dispersão da exploração por um número significativo de

blocos (9 a 12), está associada a existência de uma área apreciável em blocos de

dimensão relativamente pequena (menos de 10 ha).

A carta da estrutura fundiária (TOMO 5), elaborada com base no cadastro

geométrico da propriedade, permite constatar que as estruturas fundiárias mais

desfavoráveis encontram-se concentradas em regiões particulares dos diferentes

subsistemas, muitas das vezes dispondo-se na zona envolvente dos núcleos urbanos.

Veja-se, por exemplo, os casos das zonas envolventes das localidades de Cuba, Ferreira

do Alentejo, Beja, Moura e Serpa.

Foram, ainda, estudados os casos de alguns perímetros de rega, tendo por base a

situação do cadastro geométrico da propriedade (Quadro 5.3).

Quadro 5.3 – Estrutura da propriedade de quatro perímetros do Regadio de AlquevaÁrea em ha

Perímetro Área média/

Proprietário

Área média/

Prédio

Nº prédios/

Proprietário

% Proprietários

com 3 e + Prédios

% Área de Proprietários

com 3 e + Prédios

Roxo 12,7 7,1 1,8 23,8 53,2

Infra-estrutura 12 18,8 9,0 2,1 68,4 97,7

Monte Novo 34,3 19,9 1,7 15,0 75,5

Pisão-Alvito 12,9 5,6 2,3 26,0 65,1

Exceptuando o caso do perímetro de Monte Novo, a área média por proprietário é

relativamente baixa (12,7 ha no perímetro do Roxo, 18,8 ha na Infra-estrutura 12 e

12,9 ha no Pisão Alvito) face aos valores acima apresentados para o subsistema

Alqueva (108,9 ha no total da exploração e 39,0 ha na parte da exploração abrangida

pelo regadio).

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola21

1:75000

Quanto à área média dos prédios, os valores apontados para o perímetro do Roxo e

para a Infra-estrutura 12 (7,1 ha e 9,0 ha) não se afastam muito da área média por bloco

apresentada para o subsistema Alqueva (8,8 ha). Mais uma vez, nota-se alguma

disparidade de situações ao considerar os valores de Monte Novo e do Pisão-Alvito. O

primeiro apresenta uma área média por prédio bastante acima da média de 8,8 ha do

subsistema Alqueva; o segundo situa-se abaixo deste valor médio.

Quanto à dispersão da propriedade, os proprietários têm, em média, entre 1,8

prédios no perímetro do Roxo e 2,3 no perímetro do Pisão-Alvito, o que já é

considerado significativo para o equilíbrio da estrutura predial em áreas de regadio.

Aparentemente, estes valores de dispersão correspondem a uma situação mais favorável

do que a da estrutura da exploração agrícola, que como se viu, apresentava um grau de

dispersão bastante elevado. Porém, retirados os proprietários com apenas um ou dois

prédios, torna-se mais evidente a dispersão da propriedade. Assim, nos perímetros do

Roxo e Pisão-Alvito, aproximadamente a quarta parte dos proprietários tem três ou mais

prédios, representando mais de metade da área total dos perímetros; Monte Novo tem

apenas 15% de proprietários com três ou mais prédios, que, no entanto, representam três

quartos da área total; a Infra-estrutura 12 representa a situação mais desfavorável dos

exemplos citados por ter 68,4% dos proprietários com três ou mais prédios, que

abrangem a quase totalidade da área do perímetro.

Fig. 5.1 – Estrutura fundiária do Perímetro do Roxo

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola22

Na Fig. 5.1, em que é apresentada a estrutura fundiária do perímetro do Roxo,

pode visualizar-se a coexistência das duas situações referidas no que respeita à dimensão

dos prédios (zonas com prédios de maior dimensão a par de outras com prédios de

menor dimensão), que se reflectirá, por sua vez e entre outros aspectos, numa rede

viária pouco coerente.

As implicações da estrutura predial nas redes de caminhos, de enxugo e de rega

são bem evidentes no caso do perímetro da freguesia da Luz. Neste local está a ser

executado um projecto de emparcelamento integral, que permitiu corrigir uma situação

predial deficiente (neste caso, ainda agravada pela albufeira da Alqueva), rectificar as

redes viária e de enxugo e introduzir a rede de rega (Fig.as 5.2 e 5.3).

Fig. 5.2 – Rede viária do Perímetro da Luz–Situação “antes”

Cota 153Albufeira

Caminhos agrícolasRede viáriacom cotas inferiores a 153 m

Vias municipais

# Poços

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GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola23

Fig. 5.3 – Rede viária do Perímetro da Luz–Situação “depois”

Da análise do Quadro 5.4, sobre a ocupação cultural do regadio de Alqueva,

ressaltam alguns dados interessantes indicativos de que os produtores de determinadas

culturas, não sendo em número significativo relativamente ao universo dos produtores, e

igualmente na sua relatividade com a área global, apresentam porém áreas médias

nessas culturas com valores apreciáveis.

Por exemplo:

- na beterraba sacarina, a área média por exploração é de 21,4 ha, embora

apenas seja cultivada por 2,4% dos agricultores e represente 1,2% da área do

futuro regadio de Alqueva;

Cota153AlbufeiraValas a construir

Vias municipaisCaminhosagrícolas

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GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola24

- no tomate de indústria, a área média por produtor é de 7,0 ha, nas

horto-industriais é de 13,9 ha, nas hortícolas 2,5 ha e nas hortícolas em regime

intensivo é de 4,6 ha. No entanto, o somatório de todo este conjunto apenas

representa 1,7% da área total;

Quadro 5.4 – Estrutura das explorações-INGA por cultura no Regadio de Alqueva

(áreas médias por produtor e por bloco e número de blocos por produtor)

- na vinha, a área média por produtor é de 21 ha, enquanto que na uva de mesa

sobe para 28,3 ha (explorados por dois produtores). Contudo, no seu conjunto

apenas representam 1,3% da área total e 2,7% dos produtores;

- na noz, embora existam apenas dois produtores, a respectiva área média é de

17,4 ha e, na amêndoa, a área média por produtor é de 11,6 ha, existindo

apenas quatro produtores, num universo de 3 095.

Nº % do total ha

% do total Nº

% do total

Olival 1 225 39,6 13 140 10,3 3 975 20,9 10,7 3,3 3,2 Amêndoa 4 0,1 47 0,0 5 0,0 11,6 9,3 1,3 Citrinos 21 0,7 52 0,0 25 0,1 2,5 2,1 1,2 Uva de mesa 2 0,1 57 0,0 3 0,0 28,3 18,9 1,5 Grão-de-bico 120 3,9 382 0,3 184 1,0 3,2 2,1 1,5 Milho 210 6,8 3 575 2,8 496 2,6 16,0 7,1 2,3 Trigo 321 10,4 7 964 6,2 895 4,7 20,2 6,7 3,0 Cevada 19 0,6 435 0,3 37 0,2 18,4 10,5 1,8 Girassol 277 8,9 4 340 3,4 588 3,1 15,0 7,2 2,1 Retirada Terras 984 31,8 13 778 10,8 2 163 11,4 14,0 6,4 2,2 Forragens e Pastagens 514 16,6 15 534 12,2 1 770 9,3 30,2 8,8 3,4 Beterraba Sacarina 73 2,4 1 562 1,2 165 0,9 21,4 9,5 2,3 Tomate Indústria 65 2,1 458 0,4 129 0,7 7,0 3,5 2,0 Tabaco 0 0,0 0 0,0 0 0,0 - - - Horto-industrial 39 1,3 542 0,4 89 0,5 13,9 6,1 2,3 Horticola 241 7,8 602 0,5 299 1,6 2,5 2,0 1,2 Horticola regime intensivo 112 3,6 512 0,4 157 0,8 4,6 3,3 1,4 Fruto Fresco 18 0,6 92 0,1 21 0,1 5,1 4,4 1,2 Noz 2 0,1 35 0,0 2 0,0 17,4 17,4 1,0 Vinha 79 2,6 1 661 1,3 168 0,9 21,0 9,9 2,1 Outra 1 506 48,7 9 458 7,4 3 657 19,2 6,3 2,6 2,4 Floresta 66 2,1 896 0,7 114 0,6 13,6 7,9 1,7 Total 3 095 100,0 127 594 100,0 19 027 100,0 41,2 6,7 6,1

Área média por produtor

(ha) Área média

por bloco (ha) Nº blocos por

produtor Ocupação Cultural

Blocos Produtores Área

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola25

Os números denotam que existe uma dimensão razoável da exploração agrícola e

pressupõem algum grau de especialização por parte dos produtores, embora esses

valores sejam ínfimos quando integrados na área global. Estes números podem indiciar

que a "semente" para a reconversão já existe.

Contrasta com as situações apresentadas, a realidade existente no olival, cultura

com uma área relevante na ZIA e no Regadio de Alqueva.

Na ZIA, existem plantados cerca de 44.600 ha de olival para azeite e cerca de

210 ha para azeitona de mesa (dados de 2003). No Regadio de Alqueva, a área média

por produtor é de 3,3 ha e o número médio de blocos é de 3,2.

Na margem esquerda do Guadiana encontra-se 64 % do olival de toda a ZIA.

Dentro dos futuros blocos de rega do sub-sistema Ardila, que abrangem cerca de

27.000 ha de regadio, encontram-se localizados 10.000 ha de olival, o que corresponde

a mais de uma terça parte da área deste subsistema (37%).

Nos concelhos de Moura e Serpa, onde se localiza cerca de 60 % de todo o olival

da ZIA, existem mais de 2.000 produtores com aproximadamente 5.400 blocos de olival

cujas áreas médias por bloco não chegam aos 3 ha.

Esta estrutura fragmentada de olival, aliás generalizada na restante área de regadio

da ZIA, reflecte as deficiências de estrutura fundiária existentes.

Em resumo, pode concluir-se desta análise que os valores médios da dimensão da

exploração agrícola escondem a existência de duas realidades: zonas com boa estrutura

fundiária (principalmente, no que respeita à dimensão da propriedade) e zonas com

propriedade excessivamente fragmentada, com sérias limitações a este nível.

Por último, torna-se evidente que, em áreas significativas dos diferentes

subsistemas do Regadio de Alqueva, a dispersão e a fragmentação da propriedade

acarretarão custos elevados de investimento e de manutenção da rede secundária de rega

e custos de produção substanciais para o produtor.

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola26

6. EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS E USO ACTUAL DO SOLO

Para melhor ilustrar o uso actual do solo foram definidos os seguintes sete

cenários, caracterizadores das explorações agrícolas:

1. Sistema Arvense - se 100% da área dedicada a culturas arvenses

2. Sistema Permanente - se 100% da área dedicada a culturas permanentes

3. Sistema Arvense/Permanente - se 100% da área dedicada a culturas arvenses e

permanentes em acumulação

4. Sistema Arvense/Hortícola - se 100% da área dedicada a culturas arvenses e

hortícolas em acumulação

5. Sistema Agro-silvo-pastoril - se mais de 25% de culturas arvenses e

permanentes

6. Sistema Silvo-pastoril – se mais de 75% de pastagens, forragens ou floresta

7. Outros – ocupação em que basicamente os incultos são dominantes

O Quadro 6.1 dá-nos um retrato da ZIA actual em que apenas 15% da área é

utilizada de modo mais intensivo, 35% são silvo-pastoris e 50% são agro-silvo pastoris,

o que os torna mais dependentes da conjuntura.

Quadro 6.1 – Área total, nº de produtores e nº de blocos

dos sistemas agrícolas da ZIA

(ha) % do total Nº% do total Nº % do total

Arvense 55 827 7,1 1 589 18,2 8 148 9,3Permanente 10 440 1,3 1 742 19,9 5 532 6,3Arvense/Permanente 44 831 5,7 1 360 15,6 11 861 13,6Arvense/Hortícola 7 998 1,0 227 2,6 1 717 2,0Agro-silvo-pastoril 381 465 48,2 2 188 25,1 38 566 44,1Silvo-pastoril 280 666 35,4 1 498 17,2 20 537 23,5Outros 10 637 1,3 129 1,5 1 155 1,3Total 791 865 100,0 8 733 100,0 87 516 100,0

ProdutoresBlocos daexploração

Sistemas agrícolas

Área total das explorações

agrícolas

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola27

O Quadro 6.2 apresenta-nos a ZIA, já dividida em dois grandes grupos de

explorações.

a) Explorações que integram os subsistemas abrangidos pelo regadio de

Alqueva e que totalizam 307.502 ha

b) Explorações que ficam totalmente fora dos subsistemas de rega, e que

totalizam os restantes 484.363 ha

Quadro 6.2 – Repartição dos produtores, blocos e áreas das explorações pelos

diferentes sub-sistemas e pelas áreas não abrangidas pelo regadio

Os Quadros 6.3, 6.4, 6.5 e 6.6 mostram-nos como as futuras explorações e áreas

regadas se encaixam actualmente nos diferentes sistemas, e como já hoje divergem de

subsistema para subsistema de rega.

No caso dos Sistemas de culturas Permanentes ou culturas Arvenses e

Permanentes que nas explorações das actuais áreas regadas do Roxo, Odivelas e

Infraestrutura 12 (ver Quadro 6.6) quase não têm significado, o conjunto representa

apenas 3,7% da área do subsistema, enquanto que para o subsistema do Ardila (Quadro

6.3) o Sistema de culturas Permanentes ou culturas Arvenses e Permanentes já

representa 31% da futura área de rega, ficando os subsistemas do Alqueva e de

Pedrógão por valores intermédios.

Já no que respeita aos Sistemas Arvenses Hortícolas, embora com percentagens

baixas (9%) nos actuais regadios (Quadro 6.6) têm nestes já uma representatividade,

Nº %Dentro do regadio

Fora do regadio

Total da exploração

% do Total

Dentro do regadio

Fora do regadio

Total da exploração

% do Total

ZIA 8 733 100,0 - - 87 516 100,0 - - 791 865 100,0

Sub-sistemas 3 095 35,4 19 027 16 359 35 386 40,4 127 593 179 908 307 502 38,8

Ardila 916 10,5 5 153 3 933 9 086 10,4 27 225 38 554 65 779 8,3Pedrogão 564 6,5 3 277 2 876 6 153 7,0 26 540 36 161 62 701 7,9Alqueva 1 201 13,8 7 491 7 652 15 143 17,3 50 236 83 997 134 233 17,0Regadios Exist. 414 4,7 3 106 1 899 5 005 5,7 23 592 21 196 44 788Fora dos sub--sistemas 5 638 64,6 - - 52 130 59,6 - - 484 363 61,2

8 733 100 18 668 87 516 100,0 202 023 791 865 100,0

Produtores Área total das explorações agrícolas (ha)Blocos (nº)

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GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola28

Quadro 6.3 – Área total, nº de produtores e nº de blocos

dos sistemas agrícolas do sub-sistema de Ardila

Quadro 6.4 – Área total, nº de produtores e nº de blocos

dos sistemas agrícolas do sub-sistema do Pedrogão

(ha)(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total)

Arvense 48 5,2 1 972 7,2 892 2,3 2 865 4,4 203 65,0 109 35,0 312 3,4Permanente 338 36,9 2 507 9,2 324 0,8 2 831 4,3 1 092 85,4 186 14,6 1 278 21,2Arvense/Permanente 266 29,1 5 958 21,9 4 223 11,0 10 181 15,5 1 630 63,3 946 36,7 2 576 31,6Arvense/Hortícola 7 0,8 250 0,9 77 0,2 328 0,5 40 78,4 11 21,6 51 0,8Agro-silvo-pastoril 207 22,6 15 521 57,0 28 650 74,3 44 171 67,1 1 970 46,4 2 273 53,6 4 243 38,2

Silvo-pastoril 44 4,8 980 3,6 4 367 11,3 5 347 8,1 190 32,1 401 67,9 591 3,7

Outros 6 0,7 37 0,1 22 0,1 58 0,1 28 80,0 7 20,0 35 0,5Total 916 100,0 27 225 100,0 38 554 100,0 65 779 100,0 5 153 56,7 3 933 43,3 9 086 100,0

Total da exploração

Sistemas agrícolas

Fora do regadioTotal da

exploraçãoDentro do regadio

Fora do regadio

ProdutoresÁrea total das

explorações agrícolasBlocos daexploração

Nº% do total

Dentro do regadio

(ha)(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total)

Arvense 274 48,5 9 234 34,8 3 628 10,0 12 862 20,5 1 330 75,6 429 24,4 1 759 28,6Permanente 7 1,2 89 0,3 18 0,0 108 0,2 18 81,8 4 18,2 22 0,5Arvense/Permanente 96 17,0 4 225 15,9 2 516 7,0 6 741 10,8 610 61,2 388 38,8 998 18,6Arvense/Hortícola 35 6,2 827 3,1 527 1,5 1 354 2,2 154 60,2 102 39,8 256 4,7Agro-silvo-pastoril 118 21,0 10 482 39,5 24 538 67,9 35 020 55,9 992 38,0 1 619 62,0 2 611 30,3Silvo-pastoril 24 4,2 795 3,0 3 571 9,9 4 367 7,0 80 24,9 241 75,1 321 2,4Outros 11 1,9 887 3,3 1 364 3,8 2 251 3,6 93 49,9 93 50,1 186 2,8Total 564 100,0 26 540 100,0 36 161 100,0 62 701 100,0 3 277 53,3 2 876 46,7 6 153 100,0

Fora do regadioTotal da

exploraçãoDentro do regadio Fora do regadioTotal da

exploraçãoDentro do regadio

ProdutoresÁrea total das

explorações agrícolasBlocos daexploração

Sistemas agrícolas Nº% do total

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GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola29

Quadro 6.5 – Área total, nº de produtores e nº de blocos

dos sistemas agrícolas do sub-sistema de Alqueva

Quadro 6.6 – Área total, nº de produtores e nº de blocos dos sistemas agrícolas dos

regadios existentes (Odivelas, Roxo e Infraestrutura 12)

diferente dos 0.9% de área do Ardila ou dos 3,1% do Pedrógão. (Quadros 6.3 e 6.4)

Mas da análise dos quadros, o maior realce, vai para o conjunto das explorações

do Sistema Agro Silvo Pastoril, que ocupam actualmente uma área que oscila entre

39,5% das futuras áreas regadas do subsistema do Pedrógão (Quadro 6.4), até aos 57%

do subsistema do Ardila (Quadro 6.3) passando pelos 50,2% dos actuais regadios e

infraestrutura 12.

Os Quadros 6.7 a 6.12, dão-nos uma informação complementar e desagregada

por culturas do referido atrás.

(ha)(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total)

Arvense 520 43,3 10 500 20,9 6 473 7,7 16 974 20,9 2 241 70,7 927 29,3 3 168 29,9Permanente 17 1,4 93 0,2 68 0,1 161 0,2 41 56,2 32 43,8 73 0,5Arvense/Permanente 222 18,5 6 331 12,6 3 835 4,6 10 165 12,6 1 434 64,6 786 35,4 2 220 19,1Arvense/Hortícola 65 5,4 2 029 4,0 813 1,0 2 842 4,0 473 72,7 178 27,3 651 6,3Agro-silvo-pastoril 302 25,1 25 555 50,9 56 120 66,8 81 675 50,9 2 772 37,3 4 655 62,7 7 427 37,0Silvo-pastoril 56 4,7 3 262 6,5 15 075 17,9 18 337 6,5 326 26,1 924 73,9 1 250 4,4Outros 20 1,6 2 466 4,9 1 614 1,9 4 080 4,9 204 57,7 150 42,3 354 2,7Total 1 201 100,0 50 236 100,0 83 997 100,0 134 234 100,0 7 491 49,5 7 652 50,5 15 143 100,0

Fora do regadio

Total da exploração

Dentro do regadio Fora do regadio

Total da exploração

Dentro do regadio

ProdutoresÁrea total das

explorações agrícolasBlocos daexploração

Sistemas agrícolas Nº% do total

(ha)(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total) (ha)

(% do total)

Arvense 143 34,6 4 198 17,8 969 4,6 5 167 11,5 581 78,9 155 21,1 736 14,7Permanente 1 0,2 2 0,0 0 0,0 2 0,0 1 100,0 0 0,0 1 0,0Arvense/Permanente 24 5,8 862 3,7 247 1,2 1 109 2,5 163 77,9 46 22,1 209 5,2Arvense/Hortícola 71 17,1 2 114 9,0 332 1,6 2 447 5,5 485 84,7 88 15,3 573 15,6Agro-silvo-pastoril 117 28,4 11 839 50,2 10726 50,6 22 565 50,4 1 442 58,4 1 028 41,6 2 470 46,4Silvo-pastoril 44 10,7 4 218 17,9 8871 41,9 13 089 29,2 367 39,3 566 60,7 933 11,8Outros 14 3,3 359 1,5 49,77 0,2 408 0,9 67 80,7 16 19,3 83 2,2Total 414 100,0 23 592 100,0 21 196 100,0 44 788 100,0 3 106 62,1 1 899 37,9 5 005 100,0

Fora do regadio

Total da exploração

Dentro do regadio Fora do regadio

Total da exploração

Dentro do regadio

ProdutoresÁrea total das

explorações agrícolasBlocos daexploração

Sistemas agrícolas Nº% do total

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola30

Conclusão

Comparando os sistemas culturais projectados no Tomo I e a caracterização

actual, verificamos que:

- mais de 70% da ocupação cultural das área a abranger pelo regadio de

Alqueva está ocupada com culturas não competitivas;

- na área do futuro regadio de Alqueva cerca de 16% da área está actualmente

ocupada com culturas de regadio;

- no que se refere às culturas permanentes, apenas o subsistema do Ardila

apresenta alguma aproximação à ocupação cultural mais interessante no

futuro. É, no entanto, de realçar que muita desta área é Olival de sequeiro,

necessitando por isso de reconversão;

- nos outros subsistemas, incluindo os actuais perímetros regados e

infra-estrutura 12, em que como atrás se referia, 50,2% são ainda Sistema

Agro-silvo-pastoris, as metas preconizadas no Plano, implicam uma

alteração quase total nos sistemas culturais das explorações agrícolas

actuais.

Podemos assim concluir que o regadio constitui uma realidade pouco expressiva na

ZIA e as culturas mais interessantes no futuro têm pouca expressão nas explorações

abrangidas pelo regadio de Alqueva, com excepção do sub-sistema de Ardila.

Verifica-se assim que a reconversão das explorações agrícolas ao regadio e às

culturas prioritárias exigirá um enorme esforço por parte dos produtores agrícolas e

um forte investimento nas explorações agrícolas.

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola31

Quadro 6.7 – Ocupação cultural da ZIA

Nº% do total Nº

% do total Nº

% do total

Olival 5 099 58,4 44 884 5,7 16 876 19,3 8,8 2,7 3,3Grão-de-bico 245 2,8 1 071 0,1 408 0,5 4,4 2,6 1,7Citrinos 131 1,5 254 0,0 153 0,2 1,9 1,7 1,2Amêndoa 10 0,1 71 0,0 11 0,0 7,1 6,4 1,1Uva de mesa 10 0,1 76 0,0 12 0,0 7,6 6,3 1,2Milho 619 7,1 12 332 1,6 1 586 1,8 19,9 7,8 2,6Trigo 4 764 54,6 122 572 15,5 15 017 17,2 25,7 8,2 3,2Cevada 603 6,9 5 634 0,7 1 058 1,2 9,3 5,3 1,8Girassol 2 188 25,1 33 718 4,3 5 069 5,8 15,4 6,7 2,3Retirada Terras 2 792 32,0 58 270 7,4 7 072 8,1 20,9 8,2 2,5Forragens e Pastagens 3 825 43,8 394 888 49,9 30 811 35,2 103,2 12,8 8,1

Beterraba Sacarina 111 1,3 2 312 0,3 258 0,3 20,8 9,0 2,3

Tomate Indústria 124 1,4 930 0,1 227 0,3 7,5 4,1 1,8Tabaco 3 0,0 52 0,0 6 0,0 17,4 8,7 2,0Horto-industrial 97 1,1 1 319 0,2 186 0,2 13,6 7,1 1,9Horticola 672 7,7 1 235 0,2 822 0,9 1,8 1,5 1,2Horticola regime intensivo 229 2,6 911 0,1 308 0,4 4,0 3,0 1,3

Fruto Fresco 242 2,8 720 0,1 297 0,3 3,0 2,4 1,2Noz 8 0,1 63 0,0 13 0,0 7,8 4,8 1,6Vinha 672 7,7 6 692 0,8 1 692 1,9 10,0 4,0 2,5Outra 6 737 77,1 77 481 9,8 20 927 23,9 11,5 3,7 3,1Floresta 609 7,0 26 381 3,3 2 077 2,4 43,3 12,7 3,4Total 8 733 791 865 100,0 87 516 90,7 9,0 10,0

Ocupação Cultural

BlocosProdutores Área

Área média

por produtor

(ha)

Área média

por bloco (ha)

Nº parcelas

por produtor

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola32

Quadro 6.8 – Ocupação cultural do sub-sistema Ardila

Nº% do total ha

% do total Nº

% do total

Olival 781 85,3 10 118 37,2 3 150 61,1 13,0 3,2 4,0Amêndoa 2 0,2 3 0,0 2 0,0 1,5 1,5 1,0Citrinos 9 1,0 20 0,1 10 0,2 2,3 2,0 1,1Grão-de-bico 20 2,2 62 0,2 30 0,6 3,1 2,1 1,5Milho 7 0,8 123 0,5 8 0,2 17,6 15,4 1,1Trigo 281 30,7 6 416 23,6 735 14,3 22,8 8,7 2,6Cevada 45 4,9 396 1,5 67 1,3 8,8 5,9 1,5Girassol 140 15,3 2 536 9,3 304 5,9 18,1 8,3 2,2Retirada Terras 126 13,8 2 248 8,3 254 4,9 17,8 8,9 2,0Forragens e Pastagens 130 14,2 2 598 9,5 398 7,7 20,0 6,5 3,1

Beterraba Sacarina 12 1,3 272 1,0 24 0,5 22,7 11,3 2,0Tomate Indústria 3 0,3 34 0,1 7 0,1 11,5 4,9 2,3Horto-industrial 6 0,7 51 0,2 11 0,2 8,5 4,6 1,8Horticola 33 3,6 91 0,3 45 0,9 2,8 2,0 1,4Horticola regime intensivo 24 2,6 113 0,4 35 0,7 4,7 3,2 1,5

Fruto Fresco 5 0,5 7 0,0 5 0,1 1,5 1,5 1,0Vinha 13 1,4 533 2,0 37 0,7 41,0 14,4 2,8Outra 276 30,1 1 530 5,6 640 12,4 5,5 2,4 2,3Floresta 8 0,9 71 0,3 14 0,3 8,8 5,1 1,8Total 916 27 225 100,0 5 153 29,7 5,3 5,6

Área média

por produtor

(ha)

Área média

por bloco (ha)

Nº blocos

por produtor

Ocupação Cultural

BlocosProdutores Área

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola33

Quadro 6.9 – Ocupação cultural do sub-sistema Pedrogão

Nº% do total ha

% do total Nº

% do total

Olival 100 17,7 1 098 4,1 186 5,7 11,0 5,9 1,9Amêndoa 1 0,2 18 0,1 1 0,0 17,9 17,9 1,0Citrinos 4 0,7 4 0,0 4 0,1 1,1 1,1 1,0Grão-de-bico 21 3,7 85 0,3 29 0,9 4,0 2,9 1,4Milho 12 2,1 208 0,8 25 0,8 17,3 8,3 2,1Trigo 479 84,9 11 427 43,1 1 517 46,3 23,9 7,5 3,2Cevada 96 17,0 954 3,6 190 5,8 9,9 5,0 2,0Girassol 331 58,7 5 855 22,1 796 24,3 17,7 7,4 2,4Retirada Terras 191 33,9 3 341 12,6 408 12,5 17,5 8,2 2,1Forragens e Pastagens 60 10,6 834 3,1 139 4,2 13,9 6,0 2,3Beterraba Sacarina 25 4,4 356 1,3 47 1,4 14,3 7,6 1,9Horto-industrial 29 5,1 473 1,8 73 2,2 16,3 6,5 2,5Horticola 57 10,1 207 0,8 75 2,3 3,6 2,8 1,3Horticola regime intensivo 7 1,2 81 0,3 11 0,3 11,5 7,3 1,6Fruto Fresco 2 0,4 2 0,0 2 0,1 0,8 0,8 1,0Vinha 22 3,9 380 1,4 45 1,4 17,3 8,5 2,0Outra 266 47,2 1 194 4,5 649 19,8 4,5 1,8 2,4Floresta 4 0,7 24 0,1 5 0,2 6,0 4,8 1,3Total 564 100,0 26 540 100,0 3 277 100,0 47,1 8,1 5,8

Área média

por produtor

(ha)

Área média

por bloco (ha)

Nº blocos por

produtorOcupação Cultural

BlocosProdutores Área

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola34

Quadro 6.10 – Ocupação cultural do sub-sistema Alqueva

Nº% do total ha

% do total Nº

% do total

Olival 277 23,1 1 740 3,5 532 7,1 6,3 3,3 1,9Amêndoa 1 0,1 26 0,1 2 0,0 25,7 12,8 2,0Citrinos 7 0,6 26 0,1 10 0,1 3,7 2,6 1,4Uva de mesa 2 0,2 57 0,1 3 0,0 28,3 18,9 1,5Grão-de-bico 71 5,9 219 0,4 114 1,5 3,1 1,9 1,6Milho 60 5,0 856 1,7 110 1,5 14,3 7,8 1,8Trigo 934 77,8 18 006 35,8 2 973 39,7 19,3 6,1 3,2Cevada 135 11,2 1 297 2,6 240 3,2 9,6 5,4 1,8Girassol 651 54,2 9 515 18,9 1 691 22,6 14,6 5,6 2,6Retirada Terras 470 39,1 6 267 12,5 1 089 14,5 13,3 5,8 2,3

Forragens e Pastagens 196 16,3 5 859 11,7 656 8,8 29,9 8,9 3,3

Beterraba Sacarina 22 1,8 588 1,2 60 0,8 26,7 9,8 2,7Tomate Indústria 11 0,9 46 0,1 17 0,2 4,2 2,7 1,5Horto-industrial 1 0,1 16 0,0 2 0,0 15,8 7,9 2,0Horticola 74 6,2 197 0,4 87 1,2 2,7 2,3 1,2Horticola regime intensivo 30 2,5 114 0,2 44 0,6 3,8 2,6 1,5

Fruto Fresco 10 0,8 82 0,2 13 0,2 8,2 6,3 1,3Noz 2 0,2 35 0,1 2 0,0 17,4 17,4 1,0Vinha 39 3,2 726 1,4 80 1,1 18,6 9,1 2,1Outra 633 52,7 4 097 8,2 1 488 19,9 6,5 2,8 2,4Floresta 27 2,2 469 0,9 52 0,7 17,4 9,0 1,9

Total 1 201 50 236 100,0 7 491 41,8 6,7 6,2

Área média por produtor

(ha)

Área média

por bloco (ha)

Nº blocos por

produtorOcupação Cultural

BlocosProdutores Área

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola35

Quadro 6.11 – Ocupação cultural dos regadios existentes

(Odivelas, Roxo e Infraestutura 12)

Nº% do total ha

% do total Nº

% do total

Olival 67 16,2 185 0,8 107 3,4 2,8 1,7 1,6Citrinos 1 0,2 1 0,0 1 0,0 1,2 1,2 1,0Grão-de-bico 8 1,9 16 0,1 11 0,4 2,0 1,4 1,4Milho 150 36,2 2 481 10,5 374 12,0 16,5 6,6 2,5Trigo 368 88,9 5 712 24,2 995 32,0 15,5 5,7 2,7Cevada 30 7,2 202 0,9 58 1,9 6,7 3,5 1,9Girassol 261 63,0 2 805 11,9 544 17,5 10,7 5,2 2,1Retirada Terras 197 47,6 1 922 8,1 412 13,3 9,8 4,7 2,1Forragens e Pastagens 128 30,9 6 243 26,5 577 18,6 48,8 10,8 4,5

Beterraba Sacarina 14 3,4 346 1,5 34 1,1 24,7 10,2 2,4Tomate Indústria 51 12,3 377 1,6 105 3,4 7,4 3,6 2,1Horto-industrial 3 0,7 2 0,0 3 0,1 0,7 0,7 1,0Horticola 77 18,6 107 0,5 92 3,0 1,4 1,2 1,2Horticola regime intensivo 51 12,3 204 0,9 67 2,2 4,0 3,0 1,3

Fruto Fresco 1 0,2 1 0,0 1 0,0 0,5 0,5 1,0Vinha 5 1,2 23 0,1 6 0,2 4,5 3,8 1,2Outra 331 80,0 2 636 11,2 880 28,3 8,0 3,0 2,7Floresta 27 6,5 332 1,4 43 1,4 12,3 7,7 1,6Total 414 23 592 100,0 3 106 57,0 7,6 7,5

Área média

por produtor

(ha)

Área média

por bloco (ha)

Nº blocos

por produtor

Ocupação Cultural

BlocosProdutores Área

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola36

Quadro 6.12 – Ocupação cultural das áreas que serão abrangidas

pelo regadio de Alqueva

Nº% do total Nº

% do total Nº

% do total

Olival 1 225 39,6 13 140 10,3 3 975 20,9 10,7 3,3 3,2Amêndoa 4 0,1 47 0,0 5 0,0 11,6 9,3 1,3Citrinos 21 0,7 52 0,0 25 0,1 2,5 2,1 1,2Uva de mesa 2 0,1 57 0,0 3 0,0 28,3 18,9 1,5Grão-de-bico 120 3,9 382 0,3 184 1,0 3,2 2,1 1,5Milho 210 6,8 3 575 2,8 496 2,6 16,0 7,1 2,3Trigo 321 10,4 7 964 6,2 895 4,7 20,2 6,7 3,0Cevada 19 0,6 435 0,3 37 0,2 18,4 10,5 1,8Girassol 277 8,9 4 340 3,4 588 3,1 15,0 7,2 2,1Retirada Terras 984 31,8 13 778 10,8 2 163 11,4 14,0 6,4 2,2Forragens e Pastagens 514 16,6 15 534 12,2 1 770 9,3 30,2 8,8 3,4

Beterraba Sacarina 73 2,4 1 562 1,2 165 0,9 21,4 9,5 2,3Tomate Indústria 65 2,1 458 0,4 129 0,7 7,0 3,5 2,0Tabaco 0 0,0 0 0,0 0 0,0 - - -Horto-industrial 39 1,3 542 0,4 89 0,5 13,9 6,1 2,3Horticola 241 7,8 602 0,5 299 1,6 2,5 2,0 1,2Horticola regime intensivo 112 3,6 512 0,4 157 0,8 4,6 3,3 1,4

Fruto Fresco 18 0,6 92 0,1 21 0,1 5,1 4,4 1,2Noz 2 0,1 35 0,0 2 0,0 17,4 17,4 1,0Vinha 79 2,6 1 661 1,3 168 0,9 21,0 9,9 2,1Outra 1 506 48,7 9 458 7,4 3 657 19,2 6,3 2,6 2,4Floresta 66 2,1 896 0,7 114 0,6 13,6 7,9 1,7Total 3 095 100,0 127 594 100,0 19 027 100,0 41,2 6,7 6,1

Área média por produtor

(ha)Área média

por bloco (ha)

Nº parcelas por produtor

Ocupação Cultural

BlocosProdutores Área

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola37

7. PLANOS DE ORDENAMENTO E CONDICIONANTES DENATUREZA AMBIENTAL

7.1. Planos de Ordenamento na ZIA

Os instrumentos de gestão territorial que incidem na ZIA são os seguintes:

- POAAP – Plano de Ordenamento das Albufeiras de Alqueva e

Pedrógão (RCM nº 70/2002, de 9 de Abril)

Trata-se de um plano especial de ordenamento do território que visa

"estabelecer as regras de utilização do plano de água e da zona de protecção,

definindo os usos e o regime de gestão que salvaguarde a qualidade da água,

garanta a defesa, valorização e reposição de valores naturais e regule a ocorrência e

o desenvolvimento das actividades humanas numa perspectiva de diversificação da

actividade económica e de melhoria da qualidade de vida das populações".

O POAAP tem incidência sobre o plano de água das albufeiras de Alqueva e

Pedrógão e sobre uma faixa terrestre com uma largura de, no máximo, 500 metros

medidos na horizontal a partir do NPA (152 m em Alqueva e 84,5 m no Pedrógão).

INSTRUMENTOS DE GESTÃOTERRITORIAL

POAAP – Plano de Ordenamento das Albufeiras deAlqueva e Pedrógão

PROZEA – Plano Regional de Ordenamento do Territórioda Zona Envolvente da Albufeira de Alqueva

Plano Específico de Ordenamento Florestal para o Alentejo

Planos de Bacia Hidrográfica dos Rios Guadiana e Sado

Plano Sectorial relativo à implementação da RN 2000

Planos Directores Municipais

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola38

Abrange dez concelhos: Alandroal, Elvas, Portel, Reguengos de Monsaraz,

Moura, Mourão, Évora, Vidigueira, Vila Viçosa e Serpa. Todos estes concelhos

pertencem à ZIA, à excepção de Vila Viçosa.

Do Regadio de Alqueva, apenas o perímetro da Luz/Mourão é afectado por

este plano de ordenamento (cerca de 600 ha). É um perímetro criado em

consequência da necessidade de relocalização do espaço da antiga aldeia, bem

como as actividades com ela relacionadas. Sendo uma situação especial, a parte da

freguesia da Luz mereceu, por parte do POAAP, a definição de uma unidade

operativa de planeamento e gestão (UOPG2 – LUZ), que prevê que os usos do solo

não urbano sejam os definidos no projecto de emparcelamento rural, elaborado

como medida de compensação da reinstalação da Aldeia da Luz e do impacto da

albufeira na freguesia. Para além de um plano de uso do solo, o perímetro em causa

foi alvo de um planeamento cultural, que teve em conta as limitações decorrentes

da proximidade de uma albufeira desta natureza.

- PROZEA – Plano Regional de Ordenamento do Território da Zona

Envolvente da Albufeira de Alqueva (RCM n.º 70/2000, de 9 de Abril)

O PROZEA foi elaborado tendo por objectivo definir uma estratégia

orientadora do planeamento municipal e das intervenções sectoriais da

Administração, que "numa perspectiva supramunicipal salvaguardasse a

sustentabilidade ambiental e o ordenamento do território, estabelecendo a estrutura

da rede urbana e de infra-estruturas e garantindo a compatibilização e

diversificação de usos e actividades, e ponderasse as necessidades e interesses de

diversos âmbitos e naturezas, tendo em vista a promoção do desenvolvimento

económico e social equilibrado".

A área de intervenção deste Plano é constituída por seis concelhos envolventes

da albufeira que totalizam uma área de 300 270 ha e são, nomeadamente, o

Alandroal, Reguengos de Monsaraz, Portel, Moura, Mourão e Barrancos. No que

respeita ao Regadio de Alqueva, são abrangidos, designadamente, o perímetro da

Luz/Mourão, um perímetro em Portel, uma parte de um perímetro do Bloco de

Monte Novo e diversas áreas de perímetros de Moura, correspondendo a uma

superfície total de cerca de 8500 ha.

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola39

O PROZEA define um sistema agrícola e de desenvolvimento rural que assenta

em dois tipos de modelos agrícolas: zonas de agricultura com objectivos

económicos (vinha, olival, pomares e outras culturas intensivas) e zonas de

agricultura de base territorial (montados, olival pouco ou medianamente intensivos

e os sistemas de pastagens degradadas e matos).

O Plano privilegia a conservação dos sistemas existentes, mais do que a sua

intensificação, salvo para os casos das áreas do Regadio de Alqueva.

Assim, o plano prevê:

- Espaços de agricultura de base económica onde actualmente existem e com

possibilidade de alargamento a solos com produtividade mediana;

- Montados;

- Áreas de regadio com um uso específico para culturas intensivas, quando

não condicionadas por sobreposição com os sítios da Rede Natura 2000;

- Espaços rurais de usos múltiplos a reconverter para usos de maior valor

económico ou a valorizar através de medidas de política agro-ambiental e

usos complementares.

- Plano Específico de Ordenamento Florestal para o Alentejo

É um plano que incide nas áreas florestais, pelo que não tem implicações nas

áreas agrícolas destinadas ao Regadio de Alqueva. No território da ZIA, poderá ter

implicações nos casos em que se proceda à florestação de terras agrícolas . Este

plano contém o levantamento, o diagnóstico da ocupação agro-florestal actual e o

desenvolvimento de cenários evolutivos, constituindo a base para a elaboração dos

planos regionais de ordenamento florestal do Alentejo.

- Planos de Bacia Hidrográfica dos Rios Guadiana e Sado

Estes planos foram elaborados sob responsabilidade do INAG no caso do Rio

Guadiana, e sob responsabilidade da Direcção Regional de Ambiente do Alentejo

no caso do Rio Sado. Resultam do cumprimento das disposições do DL n.º 45/94,

de 22 de Fevereiro, segundo o qual "deve ser efectuado o planeamento de recursos

hídricos, que tem por objectivos gerais a valorização, a protecção e a gestão

equilibrada dos recursos hídricos nacionais, assegurando a sua harmonização com o

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola40

desenvolvimento regional e sectorial". Incluem medidas e acções que têm

implicações na actividade agrícola, no âmbito da recuperação e prevenção da

qualidade da água e do abastecimento de água à agricultura. Apontam-se, como

exemplo, os seguintes objectivos: assegurar a quantidade de água na origem,

reduzir perdas nos sistemas de rega, assegurar ou elevar os níveis de qualidade da

água, proteger áreas de interesse ambiental e paisagístico, monitorizar e inventariar

os recursos hídricos superficiais e subterrâneos.

- Plano Sectorial relativo à implementação da RN 2000

Em preparação, incluirá as orientações de gestão dos sítios da Rede Natura 2000.

- Planos Directores Municipais

No que respeita ao Regadio de Alqueva, os planos referidos não contêm

disposições que comprometam a transformação do sequeiro em regadio, tanto mais

que alguns deles não coincidem com a área a regar. Todavia, as opções culturais e

tecnológicas aplicadas terão de estar enquadradas nas disposições dos planos das

bacias hidrográficas, do plano sectorial da Rede Natura 2000 e do PROZEA (nas

áreas abrangidas).

7.2. Áreas condicionadas por legislação nacional e comunitária emmatéria de ambiente

7.2.1 Directiva das Aves e Directiva Habitats

A Rede Natura 2000 consiste numa rede europeia de sítios a proteger com

objectivos de conservação da natureza e da diversidade biológica.

A identificação destes sítios decorre da transposição para o direito interno dos

estados-membros de duas directivas comunitárias:

- A Directiva das Aves (Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho), que visa

contribuir para assegurar a conservação dos habitats de determinadas

espécies de aves, está transposta para a legislação nacional, através do DL

140/99, de 24 de Abril, ao abrigo do qual se criou um conjunto de Zonas de

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PLANO DE INTERVENÇÃO PARA A ZONA DE ALQUEVA TOMO 2

GPAa – Grupo de Projecto Alqueva Agrícola41

Protecção Especial, DL 280/94, de 5 de Novembro e 384-B/99, de 23 de

Setembro, que integram desde já a Rede Natura 2000.

- A Directiva Habitats (Directiva nº 92/43/CEE, do Conselho), que visa

contribuir para assegurar a conservação de determinados habitats naturais e

habitats de espécies da flora e da fauna, considerados ameaçados ou

significativos no espaço da União Europeia. Esta Directiva está transposta

para a legislação nacional através do DL 140/99, de 24 de Abril, o mesmo

diploma em que é feita a transposição da Directiva das Aves.

No âmbito desta directiva foram identificadas Zonas Especiais de Conservação,

das quais resultaram duas listas de sítios, aprovadas através das RCM nº 142/97, de 28

de Agosto e nº 76/2000, de 5 de Julho e já propostas à Comissão para integrarem a lista

de sítios de Importância Comunitária, que resulta na Rede Natura 2000.

Na ZIA, estão aprovados sete sítios (Alvito, Cuba, Cabrela, Caia, Guadiana,

Guadiana/Juromenha, Monfurado e Moura/Barrancos) e três zonas de Protecção

Especial (Castro Verde, Mourão/Moura/Barrancos e Vale do Guadiana).

Na zona do Regadio de Alqueva, apenas ocorre o sítio Alvito/Cuba, cuja

particularidade é a ocorrência da espécie florística Linaria ricardoi (carta dos sítios e

das zonas protegidas). Devido a este facto, esta área não foi inserida no regadio.

Encontra-se, actualmente, em preparação um Plano Sectorial relativo à

implementação da Rede Natura 2000, que incluirá as orientações de gestão dos sítios.

O Plano Sectorial de Implementação da Rede Natura 2000 abrange todos os

concelhos da ZIA, exceptuando Reguengos de Monsaraz, Portel, Vidigueira e ferreira

do Alentejo.

7.2.2 Directiva Nitratos

A Directiva Nitratos (Directiva n.º 91/676/CEE, do Conselho) visa a protecção

das águas contra a poluição causada por nitratos de origem agrícola. Foi transposta para

o direito português através do Decreto-Lei n.º 235/97, de 3 de Setembro, alterado pelo

Decreto-Lei n.º 68/99, de 11 de Março, na sequência do qual foram identificadas zonas

vulneráveis a este tipo de poluição.

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Na ZIA, através da Portaria conjunta do MADRP e MCOTA n.º 1100/2004, de 3

de Setembro, foi aprovada a Zona Vulnerável de Beja com o objectivo de proteger o

aquífero dos Gabros de Beja.

A Zona Vulnerável de Beja ocupa 32 860 ha, dos quais 21 222 ha coincidem com

áreas do Regadio de Alqueva, sendo afectados todos os subsistemas.

O Programa de Acção para esta zona vulnerável permitirá a prossecução dos

objectivos de redução da poluição das águas causada ou induzida por nitratos de origem

agrícola e impedir a propagação desta poluição.

Nesta zona, a produção em regadio, se exercida adequadamente, pode ser mais

favorável em termos ambientais do que a produção em sequeiro, por permitir

disponibilizar gradualmente pequenas quantidades de azoto no solo, através de dotações

controladas de água, sem depender da ocorrência de precipitação. Esta vantagem

ambiental é suportada também por razões económicas, uma vez que, por um lado, o

custo da água de rega obriga à sua gestão racional, diminuindo os excessos de água no

solo responsáveis pela lixiviação dos nitratos, e, por outro lado, a resposta da planta à

adubação azotada tem um valor óptimo, acima do qual não há interesse económico em

aplicar azoto face à fraca resposta em produção de matéria seca por parte da planta. Em

resumo, não existindo excesso de água e de azoto no solo, reduz-se o risco de lixiviação

e contaminação do aquífero com nitratos.

No âmbito das medidas agro-ambientais, está previsto o apoio dos agricultores

que se comprometam nos termos previstos, a reduzir a lixiviação de agro-químicos para

os aquíferos, com condições particulares para os agricultores cujas explorações se

localizem em zonas vulneráveis.

7.3. Reserva Agrícola Nacional e Reserva Ecológica Nacional

A RAN, cujo regime foi estabelecido no D.L. 196/89, de 14 de Junho, alterado

pelo D.L. 274/92, de 12 de Dezembro, visa proteger as áreas com maior aptidão

agrícola e contribuir para o desenvolvimento da agricultura e para o correcto

ordenamento do território português.

No Alentejo, a RAN integra os solos das classes A e B, com capacidade de uso,

respectivamente muito elevada a elevada. Verifica-se que, na área total da ZIA,

apenas 22% dos solos estão integrados na RAN.

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Já nas áreas do Regadio de Alqueva, os solos classificados como RAN

representam 67% da totalidade dessas áreas (perímetros de Alqueva) e

correspondem a 44% dos solos qualificados como RAN na totalidade da ZIA, o que

traduz uma afectação de uma parte significativa dos melhores solos da zona ao

regadio de Alqueva.(ver carta da RAN)

A REN, criada pelo D.L. 321/83, de 5 de Julho, com um regime transitório

estabelecido no D.L. 93/90, de 19 de Março, constitui "uma estrutura biofísica

básica e diversificada que, através do condicionamento à utilização de áreas com

características ecológicas específicas, garante a protecção de ecossistemas e a

permanência e intensificação dos processos biológicos indispensáveis ao

enquadramento equilibrado das actividades humanas".

As áreas condicionadas pelo regime da REN que, eventualmente, podem

ocorrer na ZIA, com mais ou menos expressão, são:

- Leitos dos cursos de água e zonas ameaçadas pelas cheias

- Lagoas (zonas alagadas naturais)

- Albufeiras (zonas alagadas artificiais)

- Áreas de máxima infiltração que, por diversas razões biofísicas, a

infiltração das águas apresenta condições favoráveis, contribuindo para a

alimentação dos lençóis freáticos

- Áreas com risco de erosão.

Algumas destas situações são acauteladas através dos planos ou zonas de

protecção acima apresentados.

Não foi possível obter cartografia digital da REN.

De acordo com o PBH do Guadiana, todos os concelhos da ZIA que fazem

parte da Bacia do Guadiana contemplam áreas afectas à REN, com excepção dos

concelhos de Évora e de Cuba.