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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE FARMÁCIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS
CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE
BIOATIVOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTES DE Genipa
americana L DESIDRATADO
LINDANOR GOMES SANTANA NETA
Salvador – BA
2014
LINDANOR GOMES SANTANA NETA
CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE
BIOATIVOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTES DE Genipa
americana L DESIDRATADO
Orientadora: Profa Dra Maria Spínola Miranda
Co-orientação: Prof. Dr. Sérgio Eduardo Soares
Dissertação apresentada à banca avaliadora do Programa
de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos da
Faculdade de Farmácia na Universidade Federal da
Bahia, como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Ciência de Alimentos.
Área de Concentração: Ciência de alimentos
Salvador – BA
2014
Sistema de Bibliotecas - UFBA
Santana Neta, Lindonor Gomes.
Caracterização e avaliação do potencial de bioativos e atividades antioxidantes de genipa americana l desidratado. / Lindonor Gomes Santana Neta, - 2014.
77 f. Orientador: Profa. Dra. Maria Spínola Miranda Co-orintador: Prof. Dr. Sérgio Eduardo Soares Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal da Bahia. Escola de Farmácia, Salvador, 2014. 1. Genipa americana. 2. Genipapo. 3. Fruta desitratada. 4.
Atividade enzimatica. II. Miranda, Maria Spínola. II. Universidade Federal da Bahia. III. Escola de Farmácia. IV. Título.
CDD – 581.464 CDU – 582.972
“Compreendi que viver é ser livre… Que ter
amigos é necessário… Que lutar é manter-se
vivo… Que pra ser feliz basta querer… Aprendi
que o tempo cura… Que magoa passa… Que
decepção não mata… Que hoje é reflexo de
ontem… Que dor fortalece… Que vencer
engrandece… Aprendi que sonhar não é
fantasiar… Que pra sorrir tem que fazer alguém
sorrir… Que a beleza não está no que vemos, e
sim no que sentimos… Que o valor está na força
da conquista… Compreendi que as palavras tem
força… Que fazer é melhor que falar… Que o
olhar não mente… Que viver é aprender com os
erros… Aprendi que tudo depende da vontade…
Que o melhor é ser nós mesmos… Que o
SEGREDO da vida é VIVER !!!”
Clarice Lispector
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e pela graça de concluir esta etapa da vida em que muito
conhecimento foi adquirido e compartilhado com novas e verdadeiras amizades.
Pela acolhida, paciência, atenção e sabedoria a mim dispensadas pela minha
orientadora – Profa Maria S. Miranda. Muito me honrou fazer parte deste grupo de
pesquisa e contar com sua alegria, altivez, sobriedade e simplicidade diariamente.
Aos familiares e amigos, pelo apoio e paciência a cada instante, principalmente
pelos momentos ausentes, em que não foi possível o congraçamento, em detrimento
da dedicação aos estudos e pesquisas. Em especial ao meu esposo, companheiro e
cúmplice, Marcos, pelo incentivo nos momentos difíceis, paciência e compreensão
quando os estudos/pesquisas foram priorizados.
Aos novos amigos conquistados nesta jornada, sem os quais os dias nebulosos não
seriam tão leves e sutis. Vocês foram muito importantes neste trajeto: Adrielle Leão,
Candice Negreiros, Jaff Ribeiro, Ícaro Cazumbá, Márcia Filgueiras, Margareth
Ribeiro e Tácila Alcântara! Dri, Candi, Jaff e Margot, vocês foram braço forte e amigo
me ensinando a ser resiliente e são co-autores nesta parte da minha história
profissional e pessoal. Obrigada!!!
À colega Roseane Oliveira, ao Prof. Sérgio Soares, ao Professor Paulo Jorge e
membros do Laboratório de Pescados e Cromatografia Aplicada (Profa Janice
Druzian, Andréa Miranda, Carolina Oliveira, Gleice Gomes, Lídia Moura, Luciane
Sousa), Laboratório de Bromatologia (Profa Rosemary Carvalho, Sandra, Julianne,
Maria de Fátima e Ícaro), Laboratório de Pesquisa em Matéria Médica (Railda) e às
alunas de PIBIC: Mariana e Fátima. Obrigada pelo apoio nas análises!
À CAPES e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), pelo
suporte financeiro na fase final.
E a todos que, direta ou indiretamente, me ajudaram nesta caminhada.
SUMÁRIO Lista de figuras ......................................................................................................................VIII
Lista de tabelas ......................................................................................................................... X
Lista de siglas .......................................................................................................................... XI
Introdução geral ..................................................................................................................... 14
Objetivos ................................................................................................................................. 16
Geral ............................................................................................................................. 16
Especifico ...................................................................................................................... 16
Capítulo I – Revisão bibliográfica......................................................................................... 17
Genipa americana L. (Jenipapo) .................................................................................... 18
Importância do consumo de frutas e de compostos bioativos ................................ 21
Produção e perecibilidade de frutas ............................................................................ 26
Técnicas de desidratação ............................................................................................. 27
Secagem adiabática ..................................................................................................... 30
Secagem por atomização ............................................................................................. 31
Liofilização .................................................................................................................... 31
Capítulo II – Artigo 1 –Prospecção: Patented manufacturing technology for tropical
fruits dehydrated (Publicado na Revista GEINTEC - D.O.I.:
10.7198/S22370722201300050028) ....................................................................................... 33
Resumo ............................................................................................................................. 35
Introdução ........................................................................................................................ 36
Descrição da tecnologia ................................................................................................. 37
Metodologia e escopo .................................................................................................... 40
Resultados e discussões ............................................................................................... 41
Conclusões ou comentários finais ............................................................................... 48
Perspectivas .................................................................................................................... 49
Referências bibliográficas ............................................................................................. 49
Capítulo III – Caracterização das amostras ........................................................................ 53
Local de coleta ................................................................................................................. 54
Critérios de seleção dos frutos ..................................................................................... 54
Preparação das amostras do jenipapo para desidratação ...................................... 55
Critérios para preparação dos extratos do jenipapo em pó ..................................... 56
Capítulo IV – Artigo 2 - Effects of drying methods on Genipa americana L (genipap)
compounds and functional bioactive properties .............................................................. 57
Resumo ............................................................................................................................. 58
Introdução ........................................................................................................................ 59
Material e métodos ......................................................................................................... 62
Coleta e preparação das amostras do jenipapo em pó em diferentes processos ..... 62
Preparo de extratos de jenipapo .................................................................................. 62
Determinação de compostos fenólicos totais .............................................................. 63
Determinação de flavonoides totais ............................................................................ 63
Determinação de atividade antioxidante por captura de DPPH ............................... 63
Determinação de atividade antioxidante no sistema -caroteno-ácido linoléico ....... 64
Determinação de atividade enzimática da Catalase (CAT) e Ascorbato peroxidase
(APX) ............................................................................................................................ 64
Análise estatística ........................................................................................................ 65
Resultados e discussões ............................................................................................... 65
Efeito dos processos de desidratação na atividade enzimática da Catalase (CAT) e
Ascorbato peroxidase (APX) ....................................................................................... 65
Efeito dos processos de desidratação nos compostos fenólicos e flavonoides totais 66
Efeito dos processos de desidratação na atividade antioxidante.............................. 69
Conclusões ...................................................................................................................... 71
Referências bibliográficas ............................................................................................. 72
Conclusões gerais .................................................................................................................. 76
Perspectivas ............................................................................................................................ 76
Referências bibliográficas..................................................................................................... 77
VIII
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1 – Introdução Geral
Figura 1 Distribuição geográfica do jenipapo (G. americana L)...................................... 19
CAPÍTULO 2 - Artigo 1 - Patented manufacturing technology for tropical fruits
dehydrated (Publicado na Revista GEINTEC - D.O.I.: 10.7198/S2237-
0722201300050028)
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Evolução anual no depósito de patentes de frutas desidratadas e
tecnologias correlatas depositadas na base
Espacenet………………………………………….........................................
Evolução anual no depósito de patentes de frutas desidratadas e
tecnologias correlatas depositadas na base INPI
.............................................................................................................
Distribuição de patentes relacionadas a frutas desidratadas por códigos de
classificação internacional na Espacenet ……………………………………….
Patentes de frutas desidratadas e tecnologias correlatas depositadas na
Espacenet classificadas por países no período estudado (1961-2009)….
Distribuição dos documentos de patentes relacionados a frutas
desidratadas e tecnologias correlatas depositadas nas bases Espacenet e
INPI por tipo de depositante (titularidade)
...............................…........................................………………………….
Distribuição das patentes de produtos desidratados por destinação e/ou
aplicação.........................................................................................................
Distribuição das patentes de produtos desidratados por destinação e/ou
aplicação.........................................................................................................
Distribuição das patentes de produtos desidratados por destinação e/ou
aplicação.........................................................................................................
42
42
43
44
45
46
47
47
CAPÍTULO 3 – Caracterização das amostras
Figura 1 Jenipapeiros do Campus de Ondina ..............................................................
54
IX
Figura 2
Figura 3
Jenipapos selecionados para análise ........………………………....................
Corte dos frutos para processamento ............................................................
55
55
CAPÍTULO 4 - Artigo 2 - Effects of drying methods on Genipa americana L (genipap)
compounds and functional bioactive properties
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Atividade das enzimas CAT e APX em jenipapo fresco, em pó/grânulos
obtidos nos tratamentos P1 e P2 .....................…………………………………
Composição geral de compostos fenólicos totais em fresco jenipapo e
jenipapo pó e os grânulos obtidos a partir da P1 e P2 processos de
secagem .....................………………………………………............................
Composição geral de flavonoides totais em jenipapo fresco , pó e grânulos
obtidos a partir dos processos de secagem por P1 e P2 ………………….
Capacidade antioxidante de jenipapo fresco e jenipapo secos (P1 e P2) de
acordo com a captura DPPH………………………………………………….
Protection capacity of fresh and drying genipap processes (P1 and P2) on-
carotene system…………………………………………………………………….
67
68
69
70
71
X
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1 – Revisão bibliográfica
Tabela 1 Tabela 2
Dados botânicos da espécie Genipa americana L .........................................
Valor médio do Kg de fruta desidratada por processo....................................
20 33
CAPÍTULO 2 - Artigo 1 - Patented manufacturing technology for tropical fruits
dehydrated (Publicado na Revista GEINTEC - D.O.I.: 10.7198/S2237-
0722201300050028)
Tabela 1 Pesquisa por classificação internacional e palavras.......................................
CAPÍTULO 3 - Artigo 2 - Effects of drying methods Genipa americana L (genipap)
compounds and functional bioactive properties
Tabela 1 Valor médio do Kg de fruta desidratada por processo 62
XI
LISTA DE SIGLAS
A23L3/00, A23B7, A23L2 e A23L3 – códigos internacionais de classificação de
patentes para alimentos desidratados e subitens)
APX – Ascorbato peroxidase
BHT – Butylatodhidroxitolueno
CAT – Catalase
LDL-C – Colesterol de lipoproteína de baixa densidade
CF – Compostos fenólicos
DCNT – Doenças crônicas não transmissíveis
DPPH• – 1,1-difenil-2-picrilidrazil)
DR - Taxa de degradação (degradation rate)
EC 50 – redução do radical a 50% da concentração inicial
ECE – Epicatequina
SDF – Fibra dietética solúvel
IDF – Fibra insolúvel
GAE – Ácido gálico
IAL – Instituto Adolfo Lutz
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPI – Instituto Nacional de Propriedade intelectual
IDR – Recomendação de ingestão diária (Intake Diary Recommendation)
LOSAN – Lei orgânica de segurança alimentar e nutricional
POD – Peroxidase
POF – Pesquisa de Orçamento Familiar
PPO – Polifenoloxidase
UV – Ultravioleta
RESUMO
O Brasil é o um dos maiores produtores de frutas do mundo, mas ainda existe em seu
bioma espécies pouco valorizadas, quer seja pela baixa disponibilidade ou por falta de
conhecimentos sobre suas características funcionais. A Genipa americana L (jenipapo)
é umas destas. Embora esses frutos sejam utilizados na região Nordeste do Brasil,
especialmente na produção artesanal de licor, a sua elevada perecibilidade reduz a
valorização e ampliação da sua comercialização. Neste contexto, o objetivo deste
trabalho foi avaliar características físico-químicas e bioativos dos frutos de jenipapo
submetidos a diferentes processos de desidratação P1 (desidratação adiabática) e P2
(liofilização), comparando coma fruta in natura. Após desidratação, com porcentual
médio de 73,22% (±0,70) de eliminação da umidade, os pós de jenipapo apresentaram
atividade de água (aw) baixa e significativamente diferente ( ̅̅̅̅ 0,425 ± 0,003 e ̅̅̅̅ 0,331
± 0,002). Os produtos avaliados, através de estudos de solubilidade e molhabilidade,
revelaram que o processo P1 foi mais eficiente ao ser comparado com P2. As atividades
enzimáticas de Catalase (CAT) e Ascorbato Peroxidase (APX) não apresentaram
modificações entre os tratamentos (p = 0.051) em nível de significância 5%. Para os
teores de compostos fenólicos e flavonoides totais quantificados, observou-se interação
significativa (p <0.001) entre os tratamento (in natura, P1 e P2) e nos extratos alcoólicos
(40 e 70%) e aquosos, respectivamente. Com menor concentração de flavonoides no
extrato etanólico 70%. Quanto à atividade antioxidante, pelo método DPPH EC 50 mgL-
1os resultados obtidos para os extratos alcoólico (40 e 70%) e aquoso, não houve
diferença significativa entre tratamentos in natura e P2 (p = 0,936), contudo observou-se
interação significativa entre tratamentos e diluição (p <0,001). No sistema β-caroteno-
linoléico, nos extratos etanol 40% e aquoso, no processo de desidratação P1
apresentou proteção de aproximadamente 60%, sendo melhor que P2. Conclui-se que
as amostras de Genipa americana L avaliadas são fonte importante de bioativos, além
de apresentarem significativa atividade antioxidante in vitro. A desidratação do jenipapo
realizada no estudo foi eficiente na preservação dos compostos bioativos demonstrando,
portanto, agregação de valor a esta fruta ainda negligenciada e aponta novas
possibilidades para sua comercialização.
Palavras-chave: desidratação, frutas negligenciadas, atividade enzimática, saúde.
ABSTRACT
The Brazil is a major producer of fruits in the world, but still exists in your biome
undervalued species , either by low availability or lack of knowledge about their
functional characteristics. The Genipa americana L (genipap) is one of these. Although
these fruits are used in northeastern Brazil, especially in the artisanal production of
liquor, its high perishability reduces the recovery and expansion of their marketing. In this
context, the aim of this study was to evaluate physicochemical and bioactive
characteristics of fruits genipap subjected to different dehydration processes P1
(adiabatic dehydration) and P2 (lyophilization), comparing fresh fruit. After dehydration,
with an average percentage of 73.22 % (± 0.70) to eliminate moisture, post genipap had
water activity (aw) low and significantly different ( ̅̅̅̅ 0,425 ± 0,003 and ̅̅̅̅ 0,331 ± 0,002).
Products evaluated through studies of solubility and wettability, P1 revealed that the
process was more efficient when compared with P2. The enzymatic activities of catalase
(CAT) and ascorbate peroxidase (APX) showed no change between treatments (p =
0.051) at 5 % significance level. For the contents of phenolic compounds and total
flavonoids quantified , we observed a significant interaction (p < 0.001) between the
treatment (in natura, P1 and P2) and dilution of the alcoholic extracts ( 40 and 70 % )
and aqueous , respectively. With lower concentrations of flavonoids in 70 % ethanol
extract . For antioxidant activity by the DPPH • method EC 50 mg L-1
st results for the
alcoholic extracts (40 and 70 %) and watery, there was no significant difference between
treatments in nature and P2 (p = 0.936), however there was interaction significant
difference between treatments and dilution (p < 0.001). In the system linoleic β -carotene
in ethanol and aqueous extracts 40 %, the dehydration process P1 showed about 60 %
protection, better than P2. It was concluded that the samples of G. americana L
evaluated are important bioactive source, besides having significant antioxidant activity
in vitro. Dehydration genipap performed in the study was efficient in preserving bioactive
compounds, thus demonstrating additional value to this fruit still neglected and points to
new possibilities for marketing.
Keywords: dehydration, neglected fruit, enzyme activity, health
14
1. INTRODUÇÃO GERAL
As frutas são alimentos que oferecem grande variedade de sabores e aromas,
sendo compostas basicamente de água, açúcares (sacarose, glicose e frutose, entre
outros), vitaminas, minerais e compostos bioativos que atuam beneficamente na
saúde humana. De acordo com Shahidi et al (1992), os compostos fenólicos
representam a principal classe de metabólitos secundários de plantas, cujos três
maiores grupos são os flavonóis, os ácidos fenólicos e os polifenóis (taninos). A
valorosa atividade antioxidante dos flavonoides é devido à sua capacidade de
sequestrar radicais livres, atuando como doadores de hidrogênio, quelando metais e
reduzindo o potencial de ocorrência de doenças crônico-degenerativas.
As pesquisas, para identificar fontes naturais de alimentos com propriedades
funcionais, têm sido cada vez mais crescente em todo o mundo, isso se deve ao
interesse da população e de empresas de alimentos na busca de alimentos
benéficos à saúde. Este fato está relacionado aos resultados de pesquisas e
levantamentos epidemiológicos realizados em todo mundo, que têm demonstrado
uma relação direta entre a ingestão de alimentos com propriedades funcionais,
antioxidantes, com o aumento da longevidade e com a melhoria da qualidade de
vida de populações.
No entanto, de acordo com IBGE 2011, menos de 10% da população atinge as
recomendações de consumo de frutas, verduras, legumes, leite e derivados,
resultando em elevadas prevalências de inadequação de consumo de vitaminas e
cálcio.
Pensando nisto, o jenipapo foi selecionado como objeto deste estudo por se
caracterizar como importante alimento com possibilidade para uma exitosa fonte de
micronutrientes e compostos fenólicos, bem como por respeito e valorização aos
produtos regionais negligenciados. Isto porque, de acordo com BRASIL (2006) na
Lei n0 11.346 (Lei orgânica de segurança alimentar e nutricional – LOSAN), o aporte
nutricional deve ser garantido, de forma segura, apenas se for preservado o direito
de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade
suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo
15
como base práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade
cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis
O jenipapo (Genipa americana L.) é uma frutífera originária da América Central,
disseminada pelas diversas regiões tropicais úmidas das Américas, Ásia e África. No
Brasil, ocorre de forma espontânea desde São Paulo até o Amazonas,
principalmente na região litorânea.
A sua comercialização está restrita a sua sazonalidade, e a sua perecibilidade é alta,
evidenciando-se a necessidade para o desenvolvimento de técnicas robustas de
processamento que possam alimentar as indústrias fora do período de safra, pois, a
exemplo da maioria das frutas tropicais, o jenipapo é altamente perecível,
deteriorando em poucos dias, fato que dificulta a sua comercialização, aumentando
as perdas (ANDRADE et al, 2003)
A deficiência de tecnologias de produção de frutíferas tropicais é o principal
obstáculo à exploração comercial, tanto para o mercado interno quanto ao mercado
externo (PINTO, 2009). Desse modo, o escasso conhecimento acerca das
características físico-químicas e o rendimento industrial de frutas negligenciadas,
como o jenipapo, após submetido a diferentes processos de desidratação para
posterior reconstituição em diferentes tipos de solventes, motivaram a escolha deste
fruto.
16
2. OBJETIVOS
2.1. GERAL
Caracterizar e avaliar o potencial de bioativos e atividade antioxidantes de Genipa
americana L submetido aos processos de desidratação por desidratação adiabática
e liofilização.
2.2. ESPECÍFICOS
Realizar caracterização físico-química do jenipapo in natura submetido à
desidratação em diferentes condições;
Determinar compostos fenólicos e teor de açúcares do jenipapo in natura e
submetido à desidratação em diferentes condições;
Determinar o teor de fibras do jenipapo submetido à desidratação em diferentes
condições;
Determinar a atividade antioxidante DPPH e sistema β-caroteno-linoléico e a
atividade enzimática do jenipapo in natura e submetido à desidratação em
diferentes condições;
Determinar os teores de Fe e K do jenipapo submetido à desidratação em
diferentes condições;
Avaliar a as características de solubilidade e molhabilidade do jenipapo
submetido à desidratação em diferentes condições;
18
1. Genipa americana L. (Jenipapo)
É um fruto da família das Rubiaceae, nativo da América tropical, cuja planta é
classificada como neotropical, tendo o uso das suas partes aéreas para fins
alimentares, preparo de sumos, corantes, medicamentos, resinas, construção,
arborização urbana, paisagismo e fauna. (CORREA, 1931; ENGEL et al ,1984;
BARBOSA et al, 2007, DA CONCEICAO et al, 2011).
A família Rubiaceae é a maior da ordem Gentianales, com cerca de 650 gêneros e
13.000 espécies, que corresponde a 66% do total das Gentianales e possui espécies
de grande importância econômica, que são exploradas como alimentícia, a exemplo
da Coffea arabica L. e Genipa americana L. (STRUWE, 1994). Entretanto, são
categorizadas distintivamente de autor para autor. Sua distribuição geográfica no
Brasil abrange desde a Guiana e Marajó até São Paulo e Mato Grosso. Fora do
Brasil, sua distribuição também é vasta, estendendo-se do México às Antilhas
(GOMES, 1982)
A casca e os frutos, quando verdes, contêm substância que, combinada com a
proteína epidérmica, desenvolvem corante violeta ou azul-escuro, denominado
genipina, isolada pela 1a vez em 1960. Existem relatos na literatura de que esta
substância corante era usada pelos índios para se pintarem de negro e continua
sendo empregada na marcação de peças de roupas, pintura de tecidos de palha e
outros utensílios domésticos (LORENZI, 1992; ALMEIDA, 1993; GUIAR et al, 1993,
RENHE et al, 2009).
Embora exista a possibilidade de se consumir fresco, o jenipapo in natura não é
apreciado, sendo mais consumidos na forma de conservas, geleias, doces
cristalizados, polpas de frutas ou em bebidas alcoólicas como vinhos e licores, após
naturalmente fermentados. Porque, na medicina popular, são considerados ricos em
ferro (Fe), os frutos maduros são utilizados como um tratamento para a anemia,
asma e diarreia (GOMES, 1982; MIELKE et al, 2003).
Os principais dados e características da Genipa americana L. podem ser observados
na tabela 1.
19
Tabela A-1 –Dados botânicos da espécie Genipa americana L.
Especificações gerais
Hierarquia taxonômica
Flora Angiospermas Rubiaceae Juss. GenipaL. Genipa americana L.
Nomes comuns
Jenipapo, jenipapeiro, jenipá, jenipapinho, janipaba, janapabeiro, janipapo, cabaçu, janipapeiro, jenipapo branco, jenipapo manso, jenipapo bravo, jenipava, guaitil, huito, caruto, jagua
Crescimento/ forma de vida
Arbusto, árvore
Substrato
Terrícola
Grupo ecológico
Oportunista
Origem e endemismo
Nativa e não endêmica no Brasil
Ocorrência
Em floresta estacional semidecidual e decidual, floresta estacional perenifólia, floresta de igapó, floresta ombrófila densa, mata ciliar
Distribuição geográfica
Domínios fitogeográficos
Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal
Dispersão
Zoocoria
Polinização
Melitofilia
Floração
Outubro a janeiro
Frutificação
Novembro a fevereiro, por vezes até abril, com maturação dos frutos de maio a agosto e pico de maturação no mês de junho.
Dados do caule
Copa globosa com madeira de densidade 0,68
Dados da flor
Forma de câmpula com 5 pétalas, de cor amarela. Estrutura cimeira do tipo inflorescência. São muito perfumadas e reunidas em inflorescências terminais e subterminais de 5 a 10 cm de comprimento.
Dados da folha
É simples e de forma oblonga, medindo 3 a10cm (largura) x 10 a 50 cm (comprimento). Possui inserção espiralada, superfície e margens lisas, consistência coriácea, com espículas e nervação. Apresentam-se agrupadas no extremo dos ramos. O pecíolo é curto, com 2 estípulas interpeciolares. A árvore apresenta caducifólia nos meses de novembro e dezembro (época em que os frutos estão verdes)
Dados do fruto
Tipo baga subglobosa, com estrutura carnosa de 8 a 10cm de comprimento, 6 a 7cm de diâmetro, podendo chegar a 8,5cm, com casca (epicarpo) mole, cor marrom parda ou pardacento-amarelada, membranosa, fina e enrugada, polpa (mesocarpo) adocicada. Pesa entre 200 a 400 g é fortemente aromático quando maduro com flavor característico e pronunciado.
Dados da semente
São numerosas (até 40und),compridas (±1cm), de cor marrom a cinzento-escuras. A dispersão pode ser autocórica (aves, mamíferos, morcegos e peixes) e hidrocórica (rios), devido a sua ocorrência frequente junto aos cursos d’água. Existe uma variedade de jenipapo que não apresenta sementes.
Fonte: CORREA (1931); CORREA et al, 1969; POPENOE et al, 1974; PRANCE, 1975; ENGEL, et al
(1984); FIGUEIREDO et al, 1986; LORENZI (1992); GUIAR et al (1993), ZAPPI (2014)
20
Em seus estudos sobre a caracterização de germoplasmas frutíferas no Nordeste,
Carvalho et al (2002) e Souza (2007) sinalizaram a insuficiência de dados relativos a
características agronômicas para cultivo comercial, principalmente das espécies com
extração extrativista (umbu, jaca, cajá, jabuticaba, cagaita, siriguela etc.). A mesma
limitação foi identificada para os jenipapeiros, cujo estudo de Souza (2007) buscou
identifica-los com vistas a qualifica-los, quanto ao rendimento e qualidade dos frutos
de interesse agroindustrial. Esse estudo possibilitou caracteriza-los quanto a
firmeza, identificando diferença entre os frutos de três espécies distintas em Ilhéus-
BA (540 und extraídas de 4 plantas/espécie), sendo estes dados associados como
característica física de importância e diretamente relacionada com a perecibilidade,
os quais apresentaram padrões desejáveis para agroindustrialização com porcentual
médio de rendimento em polpa de 67,21%.
Dentre a variabilidade identificada por Souza (2007), os parâmetro descritores se
basearam nas características físicas de firmeza e suculência da polpa sendo Tipo 1
(mole) de 0,0-3,0Kgf, Tipo 2 (firme) 3,1-6,0kgf e Tipo 3 (muito firme) >6,0 Kgf.
Ainda na década de 60, Tallent et al (1964) identificaram, em jenipapo coletado de
Porto Rico, a presença de compostos caracterizados como antibióticos. A suspeita
foi por causa do uso por nativos e sua resistência ao apodrecimento, sendo estes
benefícios confirmados experimentalmente por pesquisadores da Universidade de
Porto Rico. Os dois antibióticos que foram isolados a partir do fruto desidratado
apresentaram rendimentos de 0-14%, e de 0-8%, respectivamente, e para então
denominados ácido genípico e ácido genipínico. Estes compostos se mostraram
eficientes para ação em bactérias gram-positivas, no fungo
(Trichophytonmenrugruphytes), alga (Chlorellavulgaris) e um protozoário
(Tetruhymenagelleii). Àquela época, avaliou-se que, quantitativamente, a dose do
ácido genípico corresponde a cerca de um centésimo da dose do ácido genipínico, a
qual era tão ativo quanto a penicilina em Bacillussubtilisin vitro.
Além de seu sabor e aroma característicos, estes frutos podem ofertar vitaminas e
minerais importantes, bem como outros compostos bioativos para a dieta humana
(VASCO et al, 2008). Souza et al (2012), encontraram em polpa congelada de
jenipapo valores de carboidratos de 4,46% (±0,36), proteínas 0,21% (±0,01), lipídios
21
0,34% (±0,01), fibras dietéticas 1,15% (±0,09). Destaca-se também a presença de
minerais como o Potássio (K) 92,55 mg/100g, Cálcio (Ca) 13,23mg/100g, Magnésio
(Mg) 8,17 mg/100g e Ferro (Fe) 0,22mg/100g. Estas concentrações representam um
porcentual de 1,97, 1,32, 2,04 e 2,75, respectivamente, da IDR, demonstrando-se
uma importante fonte de nutrientes.
Em estudos sobre o meio ambiente, foi evidenciado que a Genipa americana L. é
uma árvore que tolera a inundação do solo e os níveis elevados de Cr+3, tornando-a
importante para a recomposição de matas ciliares em bacias hidrográficas cromo-
poluídas, permitindo a bioconversão do cromo em níveis atóxicos para consumo
humano, já que o mineral cromo é um importante elemento no metabolismo de
carboidratos (MIELKE et al, 2003; SANTANA, et al, 2012)
2. Importância do consumo de frutas e de compostos bioativos
Para atender às recomendações nutricionais estabelecidas para a população
brasileira, através do Guia alimentar da população brasileira do Ministério da Saúde
(BRASIL, 2006), pesquisas buscam identificar técnicas e mecanismos para
assegurar, à população o acesso a alimentos fontes destes nutrientes. Parte deste
problema seria sanada com o emprego de técnicas adequadas para sua
conservação. Estas viabilizariam o aporte de vitaminas e minerais contidos
originalmente em frutas in natura, possibilitando o aumento do seu consumo,
associando à praticidade da vida moderna.
Tal preocupação é oriunda de informações da Pesquisa de Orçamento Familiar
(POF) do IBGE (2011), evidenciando que menos de 10% da população atinge as
recomendações de consumo de frutas, verduras, legumes, leite e derivados,
resultando em elevadas prevalências de inadequação de consumo de vitaminas e
cálcio.
Outra evidência do desequilíbrio da alimentação brasileira é o excessivo consumo
de açúcar, referido por 61% da população, bem como a prevalência de elevado
consumo de gordura saturada (maior do que 7% do consumo de energia) em 82%
22
na população. Também se observa significativo porcentual (68%) da população com
consumo de fibras abaixo do recomendado, associado ao fato de que mais de 70%
da população consome quantidades superiores ao valor máximo de ingestão
tolerável para o sódio (IBGE, 2011).
De acordo com Cozzolino (2007), a deficiência de micronutrientes, mesmo sendo de
fácil solução, em 2007 era um problema para cerca de dois milhões de indivíduos,
principalmente a anemia por deficiência de ferro (ferropriva) com prevalência na
ordem de 50%, mas, mesmo com indícios de doenças carências, antes associadas à
falta de alimentos, passou a ser associada a pessoas superalimentadas. À época,
cerca de 250 milhões de adultos eram categorizados com sobrepeso e a obesidade,
isto é, super alimentadas, e esse número é crescente.
Segundo IBGE (2011), a prevalência de inadequação na ingestão de micronutrientes
foi alta em todas as grandes regiões metropolitanas do país e refletem a baixa
qualidade da dieta do brasileiro. Isto porque o consumo alimentar no Brasil é
principalmente constituído de alimentos de alto teor energético e baixo teor de
nutrientes, configurando uma dieta de risco para déficits em importantes nutrientes,
obesidade e para muitas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Desta
maneira, correções na dieta permitiriam atingir as recomendações diárias de
ingestão (Intake Diary Recommendation = IDR) para a maioria dos micronutrientes e
melhorar o perfil nutricional da população, com consequente diminuição de agravos
de DCNT.
De acordo com Philippi et al (1999), as frutas e hortaliças são alimentos comuns à
dieta e de fácil acesso para a população brasileira, tendo estabelecido na pirâmide
de alimentos adaptada, por sua relevância na saúde humana, um aumento no
número de porções para 3 a 5 no grupo das frutas e para 4 a 5 porções no grupo
das hortaliças. Esta adaptação do guia alimentar norte-americano para o Brasil teve
como finalidade garantir que o aporte nutricional atinja as IDR destes nutrientes,
preconizadas pelo Ministério da saúde no Guia alimentar da população brasileira de
2006.
23
Ademais, estudos epidemiológicos evidenciam a existência de uma correlação
positiva entre o consumo de frutas e redução do risco de doenças crônicas (BRAT,
et al, 2006). A combinação de suas vitaminas, minerais, compostos bioativos e fibras
parecem ser responsáveis para estes efeitos terapêuticos (RUXTON et al, 2006),
cuja presença se mostra mais pronunciada nas frutas in natura.
Os bioativos são compostos provenientes do metabolismo secundário de plantas e,
dentre eles, os compostos fenólicos merecem destaque, em razão da sua atividade
antioxidante. A capacidade de inativação dos radicais livres pelos compostos
fenólicos vem sendo atribuída à presença de grupamentos hidroxilas (OH–) que
possuem capacidade de se ligar a radicais livres presentes no organismo, impedindo
sua ação, a qual pode causar danos e/ou oxidação de componentes de células
(SEVERO et al., 2009).
O efeito protetor exercido por estes alimentos tem sido atribuído à presença de
compostos antioxidantes, dentre os quais se destacam os compostos fenólicos, além
dos mais conhecidos β-caroteno, vitamina C e vitamina E. Estas substâncias por
possuírem propriedade antioxidante, atuam retardando a velocidade da reação de
oxidação, por ação sinérgica ou não, protegendo o organismo, contra as espécies
reativas de oxigênio e nitrogênio (MELO et al., 2009).
As hortaliças e frutas são consideradas como fontes importantes desses diversos
compostos antioxidantes, sendo esta uma das razões para o incentivo do consumo
continuado desses tipos de alimentos. Isto porque, extrato de frutas, legumes,
cereais, nozes e outros materiais vegetais ricos em fenóis têm despertado o
interesse da indústria de alimentos pelos níveis elevados de ácido ascórbico e
fenólicos, levando, por correspondência, à popularidade crescente destes produtos,
em especial dos orgânicos, já que são associados à maior concentração destes
compostos (BOURN e PRESCOTT, 2002, ASAMI et al, 2003; MACIEL et al, 2011).
Os compostos fenólicos (CF) também são considerados de grande importância
fisiológica e morfológica para as plantas, podendo atuar como fitoalexinas,
antioxidantes, atrativos para os polinizadores, agentes de proteção contra raios UV e
ainda contribuem para a pigmentação da planta (SHAHIDI, 2006). Essas
24
propriedades bioativas desempenham papel importante no crescimento e
reprodução das plantas, proporcionando uma proteção eficaz contra patógenos e
predadores.
A busca por antioxidantes naturais para o emprego em produtos alimentícios ou uso
farmacêutico tem aumentado consideravelmente desde o início dos anos 80. O
interesse nesses antioxidantes naturais tem aumentado devido aos seus efeitos
benéficos na prevenção e redução do risco de várias doenças. A importância dos
componentes antioxidantes de materiais vegetais para a manutenção da saúde e
proteção contra doenças cardíacas e câncer também está aumentando o interesse
dos cientistas e consumidores (ARRÁEZ-ROMÁN et al., 2010).
Os CF possuem várias atividades biológicas, como antioxidantes, antimutagênico,
antibacteriano, estando, por isto, são fortemente associados à prevenção de
aterosclerose, doença cardíaca coronária e/ou câncer. Estudos científicos
evidenciam que os antioxidantes nutricionais, principalmente os CF, podem impedir
a peroxidação lipídica de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) que
aumenta a sua aterogenicidade e facilita a penetração de lipídeos na parede arterial,
fazendo com que a oclusão das artérias e, em geral, artérias coronárias. Por isto, um
baixo nível plasmático de antioxidantes conduz a uma elevada taxa de mortalidade
por aterosclerose coronária. Como consequência, recomenda-se a ingestão de
alimentos ricos em polifenóis, introduzindo diariamente os alimentos fonte destes
compostos bioativos na dieta ou através de suplementos alimentares que os
contenha (CHUNG et al., 2011; JIN, et al, 2011; MORENO et al., 2011).
Também como os CF, a ingestão do composto bioativos denominado como fibra
alimentar, largamente encontrada em algumas oleaginosas, farinha e grãos
integrais, frutas, legumes e verduras, está associado a uma diminuição da presença
sérica de LDL-C, colesterol, e a outros atributos como menor demanda de insulina,
aumento no volume das fezes, a ação prebiótica e/ou laxativa, bem como associado
com o controle do peso corporal por aumentar a saciedade ou liberação gradativa de
carboidratos simples disponíveis na dieta (SAURA-CALIXTO et al, 2000; GUTKOSKI
et al, 2007, MONTELLA et al, 2013).
25
A fibra dietética pode ser dividida em duas categorias: insolúveis e solúveis. Fibra
insolúvel (IDF) é encontrada principalmente na parede celular vegetal (celulose,
parte da hemicelulose e lignina), não sendo digerida no intestino delgado, nem por
bactérias da microbiota intestinal. Em contraste, os compostos pentosanas, pectinas,
gomas e mucilagens, fibra dietética solúvel (SDF) são facilmente digeridos pela
microbiota intestinal com ação potencialmente prebióticas atuando beneficamente
por estimular seletivamente a multiplicação e/ou atividade de uma ou um número
limitado de bactérias no cólon. A fibra dietética de plantas são carboidratos
resistentes à digestão e absorção no intestino delgado humano, com fermentação
completa ou parcial no intestino grosso (FRANKEL el al, 1993, GIBSON &
ROBERTFROID, 1995, CRITTENDEN, 1996, GORINSTEIN et al, 1999, SLOAN,
2000; MONTELLA et al, 2013).
Vários estudos científicos há muito demonstram que a associação de compostos
antioxidantes à fibra insolúvel pode ter uma relevância fisiológica na manutenção de
um ambiente redutor no lúmen intestinal, pois, além dos benefícios intrínsecos
destas, podem promover uma reação de superfície ao longo do trato gastrointestinal,
impedindo o dano causado pelos radicais livres sobre as células intestinais. O
complexo entre os compostos fenólicos e polissacáridos da parede celular constitui a
chamada "fibra dietética antioxidante" que pode ter consequências fisiológicas e
tecnológicas relevantes (BABBS, 1990; HOWARTH et al, 2001; MONTELLA et al,
2013).
Somado a estes fatores, deve-se considerar outros aspectos positivos atribuídos aos
CF que exibem diversas propriedades organolépticas, dentre elas a adstringência do
vinho (resveratrol, quercetina, epicatequina entre outros) e olfativa nos alimentos
defumados (guaiacol, eugenol, siringol, cresol e fenol presentes na fumaça de
madeira). Os CF também podem promover aumento da vida de prateleira de
alimentos processados, inibindo o ranço oxidativo e por desempenhar papel
importante no desenvolvimento da cor do vinho e muitos outros produtos alimentares
(O’CONNELL e FOX, 2001).
26
3. Produção e perecibilidade de frutas
O Brasil é um dos maiores produtores de frutas do mundo. Sua produção superou
43 milhões de toneladas em 2008, o que representa 5% da produção mundial. Com
esse saldo, o país fica atrás apenas da China e da Índia. Em função disto, 47%
produção brasileira é destinada ao mercado de frutas frescas e apenas cerca de 3%
ao mercado de frutas processadas. Isto porque existe hoje um mercado externo
potencialmente acessível à fruticultura brasileira de 28,3 milhões de toneladas
(FERNANDES, 1998; FERNANDES, 2009).
As exportações do agronegócio alcançaram a cifra de US$ 99,97 bilhões em 2013,
subindo 4,3% em relação aos US$ 95,81 exportados em 2012, segundo dados da
Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (SRI/Mapa). As importações cresceram 4%, atingindo US$ 17,06
bilhões. O saldo do comércio exterior do agronegócio foi positivo em US$ 82,91
bilhões. Laranja, banana e abacaxi respondem por 67,0% da produção obtida pela
fruticultura brasileira, enquanto melancia, coco, mamão, uva, maçã, manga e limão
completam a dezena das principais frutas produzidas que, somadas, às três
primeiras contabilizam 92,0% das colheitas nos pomares brasileiros em 2011. Das
frutas, melão, uva, manga, maçã, limão e banana são as mais representativas nas
exportações, sendo destinado aos blocos Asiático, União Europeia e África. Em
2012 a exportação teve cifras de U$ 909.628 bilhões enquanto que em 2013 foi de
U$ 877.606 bilhões com variação de -3,5%. (BRASIL, 2013)
No entanto, embora exista grande produção, o consumo de frutas in natura pela
população brasileira não acontece de forma adequada pela pouca disponibilidade e
qualidade destes ao longo do ano. De maneira geral, devido às condições climáticas
de algumas regiões do Brasil e por inúmeros problemas que ocorrem desde a etapa
da colheita até a comercialização ao consumidor final, os frutos se demonstram
muito perecíveis. A grande maioria dos frutos apresenta apenas três meses de safra,
não sendo possível encontrá-los em épocas entressafras. Nestes termos, a
industrialização se apresenta como uma maneira prática e simples de aproveitar o
excesso de frutas produzidas na safra e tornar a matéria-prima disponível pelo
restante do ano. São exatamente esses dois fatores que delimitam o consumo de
27
um fruto in natura: sua sazonalidade e a sua perecibilidade. (MATTIETTO, 2005;
PINTO, 2009)
Nos países em desenvolvimento, as perdas pós-colheita de frutas ultrapassam 20%
da produção. No caso do Brasil, este valor chega até a 40% em algumas regiões do
Nordeste, o que leva a uma procura constante de métodos alternativos para
minimizar essas perdas. Provavelmente esta seja a maior motivação para obtenção
e/ou otimização de métodos, que comparados aos processos convencionais de
conservação de alimentos, proporcionem produtos com poucas alterações em suas
características sensoriais e nutricionais associados a processos tecnológicos de
baixo custo combinados a fatores antimicrobianos, acarretando em produtos muito
similares aos alimentos frescos (ALZAMORA et al., 1997 e SANJINEZ et al., 2005).
Como a maioria das frutas tropicais, a perecibilidade do jenipapo é muito grande,
dificultando a sua comercialização, impactando perdas pós-colheitas entre 15 e 50%
(CHITARRA & CHITARRA,1990; ANDRADE et al, 2003).
A imensa biodiversidade brasileira é, ainda hoje, negligenciada, seja sob o ponto de
vista de conservação ambiental ou potencialidades de uso sustentável, com
predileções, hábitos culturais e estratégias de políticas públicas que promovem o
cultivo, muitas vezes monocultivo, do exótico em detrimento do nativo. Embora
existam estratégias públicas de incentivo à agricultura familiar, o estímulo de cultivo
para frutos nativos não acontece, o que poderia representar um incremento real de
renda, não somente pelo fruto in natura, mas também pelo uso potencial na
elaboração de produtos derivados, p. ex., bebidas, geleias, doces, sorvetes, picolés.
Soma-se a este fator que, apesar da riqueza de frutos nativos brasileiros, há
carência de estudos das espécies e seu potencial de uso tanto comercial quanto
nutricional e sua biodisponibilidade (CORRÊA et al, 2011).
4. Técnicas de desidratação
Tecnologias para disponibilizar o acesso a alimentos, embora modernas, cumulam o
mesmo sentido da idade antiga, quando a salga e o uso do açúcar, conservantes
28
disponíveis à época, tinham a finalidade de conservar os alimentos com uma vida
útil maior, mantendo seus atributos sensoriais. (FLANDRIN, 1998). Ainda hoje, para
minimizar as perdas de frutas e garantir a sua longa disponibilidade, processos
milenares com a acidificação, desidratação com sal e açúcar, bem como a
defumação são utilizados para conservação de alimentos (IAL, 2005). Estas
técnicas, associadas a coadjuvantes de tecnologias, impedem ou retardam as
alterações dos alimentos provocadas por microrganismos ou enzimas.
Segundo Franco (2004), a maioria das técnicas de conservação é atualmente
empregada para prevenir ou retardar a multiplicação de microrganismos
deteriorantes ou patogênicos em produtos alimentícios considerados perecíveis.
Dentre elas estão a aplicação de calor associados, ou não, à redução de
temperatura, a redução do pH e o controle da atividade de água.
A diminuição da atividade de água (aw), uma das propriedades mais importantes nos
alimentos, pode ser obtida com a desidratação de grande diversidade de alimentos
(incluso frutas e hortaliças) durante o processamento, conservação e
armazenamento de alimentos contribuindo para a conservação e uso prolongado
destas. Ela quantifica o grau de ligação da água contida no produto e,
consequentemente, a sua disponibilidade para agir como solvente e participar das
transformações químicas, bioquímicas e microbiológicas (LABUZA, 1977; ANDRADE
et al, 2003; FRANCO, 2004).
A água é um dos fatores que mais influem na alteração dos alimentos, por outro
lado, está perfeitamente demonstrado que os alimentos com o mesmo teor em água
se alteram de forma distinta, do que se deduz claramente que a quantidade de água
não é, por si só, um indício fiel da deterioração dos alimentos. Assim, surgiu o
conceito de aw que indica a intensidade das forças que a unem a outros
componentes e, consequentemente, à água disponível para o crescimento de
microrganismos, podendo ocorrer diferentes reações químicas e bioquímicas
(ORDOÑEZ, 2005).
Além da aw, a ação de enzimas presentes naturalmente nas frutas, uma vez
expostas ao oxigênio, pode oxidar e complexar importantes compostos fenólicos
benéficos nelas presentes. Tais agentes são as polifenoloxidases (PPO) e enzimas
29
peroxidases (POD). A POD induz alterações negativas de sabor durante a
estocagem, por ser capaz de catalisar um grande número de reações oxidativas,
usando peróxido de hidrogênio como substrato ou, em alguns casos, oxigênio como
aceptor de hidrogênio, enquanto que a PPO promove a oxidação enzimática de
compostos fenólicos, produzindo, inicialmente, quinona, que rapidamente se
condensa, formando pigmentos insolúveis e escuros, denominados melanina, ou
reagem não enzimaticamente com aminoácidos, proteínas ou outros compostos
(MENOLLI et al., 2008; PADILHA et al, 2009)
É constante a busca de tecnologias inovadoras e diversificadas com vistas ao
aumento da vida útil do produto e melhorando significativamente a produção,
estocagem e distribuição, comercialização de produtos de qualidade, preservando
atributos de cor, aroma, frescor dos alimentos, bem como seus nutrientes e
compostos bioativos, possibilitando maior margem de lucro, visto que agrega valor
ao produto. Estas podem propiciar, consequentemente, a diminuição de perdas na
distribuição e comercialização, redução de custos de produção e armazenamento,
através de melhor utilização da mão de obra, equipamentos e espaço físico
(GIMENO et al,1995; SARANTÓPOULOS, 1996; SILVA, 2004).
A secagem ou desidratação é uma técnica aplicada desde a antiguidade para
conservação de alimentos por um longo período. É um processo utilizado em vários
países, objetivando preservar e/ou inibir a atividade enzimática. Segundo Corrêa
(2007), esse processo consiste na remoção de água e substâncias voláteis de um
produto sólido, diminuindo assim sua aw.
Neste sentido, a secagem ou desidratação, segundo Singh & Heldman (2014), é um
processo em que a água é removida para reduzir ou eliminar o crescimento de
microrganismos deteriorantes, bem como as reações químicas mediadas pela água.
Constitui-se uma importante ferramenta de conservação caracterizada pela remoção
térmica de substâncias voláteis (umidade) para obtenção de um sólido seco.
Os fenômenos envolvidos no processo de secagem são complexos, uma vez que
envolvem vários fatores de natureza física e química inter-relacionados como o
calor, as transferências de massa, quantidade de massa e área de superfície para
30
evaporação da água. Desta maneira, a ação e a eficiência do processo de secagem
são regidas por vários indicadores e taxas de secagem, sendo distribuídas e
monitoradas por etapas. A taxa de secagem varia de acordo com a temperatura do
ar, umidade relativa, velocidade do ar, características físico-químicas (estruturais e
geométricas) e composição do produto (SINGH & HELDMAN, 2014). Tais critérios
influenciarão significativamente na seleção de técnicas mais eficientes para a
secagem dos mesmos.
4.1. Secagem adiabática
Existem trabalhos que descrevem tipos de secadores e os principais processos
empregados na secagem de alimentos. Os mais comuns são os de desidratação
adiabática cujos equipamentos podem ter, ou não, contato direto com o alimento.
Cabe ressaltar que os secadores de contato direto sendo, há muito, utilizados na
indústria alimentícia (MUJUMDAR, 1995).
Estes secadores podem ser classificados como de leito fixo (batelada) e móvel
(contínuo) e câmara de armazenamento, cujo princípio de retirada da umidade é
baseado na passagem de ar aquecido e seco através do produto. Também são
utilizados sistemas de forno cujo ar é aquecido pela combustão de gás. No sistema
de bandejas perfuradas, o ar é aquecido na entrada do secador com o uso de
trocadores de calor ou, também, por gases de combustão. Já no sistema de
esteiras, há passagem e circulação do ar aquecido (constantemente renovado), em
esteiras perfuradas, pelo fluxo contínuo (MUJUMDAR, 1995; SINGH & HELDMAN,
2014).
De acordo com Singh & Heldman (2014), utiliza-se, também, a secagem de leito
fluidizado pelo mecanismo de passagem de ar seco através do leito de produtos
previamente fragmentados (tamanho máximo de 10mm).
Dos sistemas de secagem, a modalidade convectiva habitualmente está combinada
à desidratação osmótica, cujos conceitos técnicos se baseiam em mecanismos
transporte e difusão entre sólido e solvente podendo ocorrer por difusão líquida,
difusão de vapor e fluxo de líquido e de vapor. O conhecimento do conteúdo inicial e
31
final (equilíbrio) de umidade do material, da relação da água com a estrutura sólida e
do transporte da água do interior do material até a sua superfície possibilitam
fundamentar o fenômeno da secagem (COHEN e YANG, 1995).
Os produtos obtidos através destas técnicas devem preencher os pré-requisitos
determinados por lei, para que sejam enquadrados como desidratados. Segundo
Brasil (2007) na RDC n0 272/2007, o Regulamento técnico para produtos de
vegetais, produtos de frutas e cogumelos comestíveis, determina que as frutas
secas devam possuir umidade mínima de 12% e máxima 25 % (g/100 g), exceto
produtos embalados a vácuo ou em atmosfera modificada e as frutas tenras.
4.1.1. Secagem por atomização
De acordo Mata et al (2005), têm-se empregado tecnologias que permitem
processar a fruta na forma de pó, fazendo com que o fruto, que antes era consumido
só em sua época de safra, seja consumido em qualquer período do ano.
Este mecanismo de secagem também é conhecido como Spray Dryer que ocorre
através da pulverização do conteúdo no interior do equipamento, com pressão, fluxo,
volume e temperatura monitorados com recuperação das partículas secas
resultantes, após a remoção da água, aplicada a produtos líquidos com presença de
partículas sólidas (MUJUMDAR, 1995).
4.2. Secagem por liofilização
É um processo cuja retirada da água, previamente congelada e cristalizada, ocorre a
baixas temperaturas e alta pressão, sublimando-a, sendo recomendada para
secagem de produtos com características e compostos termolábeis. Desta maneira,
a desidratação ocorre sem causar danos estruturais e significativas alterações
químicas ao alimento, sendo esta uma vantagem (SINGH & HELDMAN, 2014)
32
Uma das vantagens desta técnica consiste em, congelar o produto rapidamente, não
formando os grandes cristais de gelo os quais podem causar danos às paredes
celulares dos produtos, permitindo que as características de flavor e constituintes
químicos, sejam preservados (ANSELMO et al, 2006).
Na etapa subsequente, o material congelado é submetido a um vácuo parcial,
ocasionando a secagem do produto para aproximadamente 2% em base úmida. O
material sólido e desidratado é submetido a uma moagem para atingir tamanhos de
partículas desejáveis à industrialização. Este produto em pó pode ser utilizado para
fazer suco, doces, pães e biscoitos entre outros produtos na indústria alimentícia
(MATA et al, 2005).
Entretanto o elevado custo de produção de alimentos liofilizados desencoraja o uso
desta tecnologia para preservar frutas, como mostrado na Tabela 2, que compara o
custo / por fruto desidratado
Tabela 2: Valor médio do Kg de fruta desidratada por processo
Fruta Liofilizada Empresa / Origem Pedido mínimo
Valor/Kg (U$)
Valor/Kg (R$)
Manga Xi'an Sost Biological Science & Technology Co. Ltd./China
1.0 Kg 100.00 232.00
Maçã banana, groselha, morango pêssego, uva, lichia, manga, mamão, abacaxi.
Changsha Huakang Biotechnology development Co. Ltd.
200.0 Kg 65.00 150.80
média 82.50 191.40
24.75 57.42
Frutas desidratadas por secagem adiabática
Empresa / Origem Pedido mínimo
Valor/Kg (U$)
Valor/Kg (R$)
Goiaba, maçã, banana, manga
Company's development of the Valley of the São Francisco and Paraíba – CODEVASF
1000.0 Kg 0.26 0.60
Ameixa, uva banana, mamão, maçã, pera
Emprego e Renda 900.0 kg 2.76 6.40
média 1.51 3.50
1.77 4.10
CODEVASF (2008), Alibala (2014)a; Alibaba (2014)b, Employment and income (2014). Obs: dotação do dolar de R$2,32 (24/03/14)
33
CAPÍTULO II
Artigo 2
Publicado nos Anais SIMTEC – ISSN: 2318-3403.
D.O.I.: 10.7198/S2318-34032013001039
Publicado na Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722
D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300050028
34
Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 5/ p.348-361
D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300050028
TECNOLOGIAS PATENTEADAS PARA PRODUÇÃO E FRUTAS TROPICAIS
DESIDRATADAS
PATENTED MANUFACTURING TECHNOLOGY FOR TROPICAL FRUITS
DEHYDRATED
Lindanor Gomes Santana Neta1; Maria da P. Spínola Miranda2; Candice Vieira Braga Negreiros³; Ícaro Ribeiro Cazumbá da Silva4
1,Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia, Campus de Ondina, Salvador-BA-Brasil, CEP 40170-290. [email protected]
2,Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia, Campus de Ondina, Salvador-BA-Brasil, CEP 40170-290. [email protected]
3,Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia, Campus de Ondina, Salvador-BA-Brasil, CEP 40170-290. [email protected]
4,Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia, Campus de Ondina, Salvador-BA-Brasil, CEP 40170-290. [email protected]
35
Revista GEINTEC – ISSN: 2237-0722. São Cristóvão/SE – 2013. Vol. 3/n. 5/ p.348-361
D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201300050028
Resumo
Embora exista grande produção, o consumo de frutos in natura pela população
brasileira não acontece de forma adequada pela pouca disponibilidade e qualidade
destes ao longo do ano. De maneira geral, devido às condições climáticas de
algumas regiões do Brasil e por inúmeros problemas que ocorrem desde a etapa da
colheita até a comercialização ao consumidor final, os frutos apresentam elevada
perecibilidade. A maioria dos frutos possui apenas três meses de safra, não sendo
possível encontrá-los em épocas entressafras. Por isto, a industrialização se
apresenta como uma maneira prática e simples de aproveitar o excesso de frutas
produzidas na safra e tornar a matéria-prima disponível pelo restante do ano. Neste
contexto, esta prospecção buscou identificar potencialidades, características e
evolução das competências tecnológicas sobre métodos, equipamentos e aplicações
industriais de desidratação de frutas e vegetais no período de 1943-2010. Esta
pesquisa foi realizada a partir de palavras-chave e códigos da classificação
internacional de patentes nas bases Espacenet e INPI. A primeira patente
identificada foi de 1943, nos Estados Unidos, que até 2010 apresentou o maior
número de patentes depositadas. O Brasil possui poucas patentes nesta área,
evidenciando pouca transferência de tecnologia para indústrias, sendo de
fundamental relevância fomento para melhorar o cenário inovador.
Palavras-chave: frutos regionais; compostos bioativos; minerais; desidratação,
transferência de tecnologia.
Abstract
Although there is great production, consumption of raw fruits by the Brazilian
population does not happen properly the low availability and quality of these
throughout the year. In general, due to climatic conditions in some regions of Brazil
and numerous problems that occur from the stage of harvesting to marketing to the
final consumer, the fruits have high perishability. Most fruits possess only three
months of harvest, it is not possible to find them in times between harvests.
Therefore, industrialization presents itself as a practical and simple way to enjoy the
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fruits produced in excess harvest and make available raw material for the remainder
of the year. In this context, this exploration was to identify strengths, characteristics
and evolution of technological skills about methods, equipment, and industrial
applications dehydration of fruits and vegetables in the period 1943-2010. This
survey was conducted from keywords and codes of international patent classification
bases Espacenet and INPI. The first patent was identified in 1943 in the United
States, which by 2010 had the highest number of patents. Brazil has few patents in
this area, showing little technology transfer to industry, and promotion of fundamental
importance to improve the innovative scenario.
Keywords: regional fruits; bioactive compounds; minerals; dehydration, technology
transfer.
1. Introdução
O Brasil é um dos três maiores produtores de frutas do mundo. Sua produção
superou 43 milhões de toneladas em 2008, o que representa 5% da produção
mundial. Com esse saldo, o país fica atrás apenas da China e da Índia. Em função
disto, 47% produção brasileira é destinada ao mercado de frutas frescas e apenas
cerca de 3% ao mercado de frutas processadas. Ito porque existe hoje um mercado
externo potencialmente acessível à fruticultura brasileira de 28,3 milhões de
toneladas (FERNANDES, 1998; FERNANDES, 2009).
No entanto, embora exista grande produção, o consumo de frutas in natura pela
população brasileira não acontece de forma adequada pela pouca disponibilidade e
qualidade destes ao longo do ano. De maneira geral, devido às condições climáticas
de algumas regiões do Brasil e por inúmeros problemas que ocorrem desde a etapa
da colheita até a comercialização ao consumidor final, os frutos se demonstram
muito perecíveis.
Nos países em desenvolvimento, as perdas pós-colheita de frutas ultrapassam 20%
da produção. No caso do Brasil, este valor chega até a 40% em algumas regiões do
Nordeste, o que leva a uma procura constante de métodos alternativos para
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minimizar essas perdas. Provavelmente esta seja a maior motivação para obtenção
e/ou otimização de métodos, que comparados aos processos convencionais de
conservação de alimentos, proporcionem produtos com poucas alterações em suas
características sensoriais e nutricionais associados a processos tecnológicos de
baixo custo combinados a fatores antimicrobianos, acarretando em produtos muito
similares aos alimentos frescos (ALZAMORA et al., 1997 e SANJINEZ et al., 2005)
Há evidências em estudos epidemiológicos de uma significativa correlação entre o
consumo de frutas e redução do risco de doenças crônicas de acordo com Vasco et
al (2008) apud Block, Patterson, e Subar, (1992); Chun & Kim, (2004); Ele et al,
(2007); Kuskoski et al, (2005); Van't Veer et al, (2000); Wu et al, (2004). Isto porque
a combinação de vitaminas, minerais, antioxidantes fenólicos e de fibras parece ser
responsável para estes efeitos (RUXTON et al, 2006).
Neste sentido técnicas de desidratação de frutas tropicais e demais frutas do bioma
brasileiro estão sendo estudadas para identificar quais preservam os maiores teores
de minerais e compostos funcionais (fenólicos) nos seus extratos.
Esta prospecção tecnológica tem por objetivo identificar quais as técnicas de
desidratação mais utilizadas para frutas e vegetais, mais especificamente do bioma
brasileiro, preservando seus compostos funcionais (fenólicos) e minerais.
2. Descrição da Tecnologia
As frutas são alimentos que oferecem grande variedade de sabores e aromas,
sendo compostas basicamente de água, açúcares (sacarose, glicose e frutose, entre
outros), vitaminas, minerais e compostos bioativos que atuam beneficamente na
saúde humana. De acordo com Shahidi et al (1992), os compostos fenólicos
representam a principal classe de metabólitos secundários de plantas, cujos três
maiores grupos são os flavonóis, os ácidos fenólicos e os polifenóis (taninos). A
valorosa atividade antioxidante dos flavonoides é devido a sua capacidade de
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sequestrar radicais livres, atuando como doadores de hidrogênio, quelando metais e
reduzindo o potencial de ocorrência de doenças crônico-degenerativas.
Atualmente, estudos epidemiológicos têm evidenciado a existência de uma
correlação entre o consumo de frutas e redução do risco de doenças crônicas
(BRAT, et al, 2006). A combinação de suas vitaminas, minerais, compostos fenólicos
e fibras parecem ser responsáveis para estes efeitos terapêuticos (RUXTON et al,
2006). Porque são conhecidos popularmente como fontes de ferro (Fe), os frutos
maduros são utilizados como um tratamento para a anemia, asma e diarreia.
(GOMES, 1982; MIELKE et al, 2003).
De acordo com PHILIPPI et al (1999), as frutas e hortaliças são alimentos comuns à
dieta e de fácil acesso para a população brasileira, tendo estabelecido na pirâmide
de alimentos adaptada, por sua relevância na saúde humana, um aumento no
número de porções para 3 a 5 no grupo das frutas e para 4 a 5 porções no grupo
das hortaliças. Entretanto, de acordo com IBGE 2011, menos de 10% da população
atinge as recomendações de consumo de frutas, verduras, legumes, leite e
derivados, resultando em elevadas prevalências de inadequação de consumo de
vitaminas e cálcio.
Pensando nisto, as frutas tropicais foram selecionadas como objeto deste estudo por
se caracterizar como importante alimento com possibilidade para uma exitosa fonte
de micronutrientes e compostos fenólicos, bem como por respeito e valorização aos
produtos regionais. Isto porque, de acordo com BRASIL (2006) na Lei n0 11.346 (Lei
orgânica de segurança alimentar e nutricional - LOSAN), o aporte nutricional deve
ser garantido de forma segura apenas se for preservado o direito de todos ao
acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente,
sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base
práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e
que seja ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.
Como a maioria das frutas tropicais, as frutas do bioma brasileiro apresentam
poucos meses de safra, não sendo possível encontrá-los, em sua maioria, em
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épocas entressafras, além da sua perecibilidade que é muito grande, dificultando a
sua comercialização (ANDRADE et al, 2003) e impactando perdas pós-colheitas
entre 15 e 50% (CHITARRA & CHITARRA, 1990).
Nestes termos, a industrialização se apresenta como uma maneira prática e simples
de aproveitar o excesso de frutas produzidas na safra e tornar a matéria-prima
disponível pelo restante do ano. São exatamente esses dois fatores que delimitam o
consumo de um fruto in natura: sua sazonalidade e a sua perecibilidade.
(MATTIETTO, 2005; PINTO, 2009).
Para frutas, a desidratação osmótica com uso de sacarose constitui a técnica mais
utilizada, mas não assegura a preservação de todos os nutrientes encontrados nos
frutos in natura. Essa tecnologia foi desenvolvida com vistas ao aumento da vida útil
do produto melhorando significativamente a produção, estocagem e distribuição,
comercialização de produtos de qualidade possibilitando maior margem de lucro,
visto que agrega valor ao produto (GIMENO et al, 1995), entretanto novas técnicas
precisam ser desenvolvidas para preservar atributos como cor, aroma e o frescor
dos alimentos, bem como seus nutrientes e compostos funcionais.
A deficiência de tecnologias de produção de frutíferas tropicais é o principal
obstáculo à exploração comercial, tanto para o mercado interno quanto ao mercado
externo (PINTO, 2009). Desse modo, o escasso conhecimento acerca das
características físico-químicas e o rendimento industrial de frutos regionais depois de
submetidos a diferentes processos de desidratação.
Processos diferenciados podem propiciar, consequentemente, a diminuição de
perdas na distribuição e comercialização, redução de custos de produção e
armazenamento, bem como assegurar esta oferta de nutrientes obtidos
naturalmente.
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3. Metodologia ou escopo
Para a pesquisa nos bancos de dados foram utilizados termos em relação ao uso e
técnica de preparo (fruta desidratada), o método de busca, com as palavras em
inglês (Espacenet) e português (INPI), foi com os termos frutas desidratadas,
dehydrated fruit e fruit*.
Os focos das pesquisas foram: cuidados com a pele, técnicas e processo para
desidratação de frutas, compostos naturais em frutas desidratadas e obtenção de
produtos.
Inicialmente, a pesquisa encontrou 141 documentos patentes na base europeia
Espacenet e 10 na base brasileira INPI, totalizando 151 patentes selecionadas em
novembro de 2012. Utilizando-se a pesquisa por palavras-chave, os números
encontrados foram satisfatórios (foi estipulado em torno de 100 patentes para
pesquisa).
Foi realizada a pesquisa por classificação internacional na base de dados
Espacenet, restringindo a pesquisa à palavra-chave dehydrated fruit* e os códigos
A23L3/00, A23B7, A23L2 e A23L3 obtiveram-se patentes evidenciada na tabela 1,
porém, o sistema do banco de dados recuperou apenas 137 patentes. Foram
utilizadas as 10 patentes na base INPI contendo o termo “frutas and desidratadas”,
também patentes Espacenet contendo dehydrated fruit* no título, sendo retiradas as
patentes repetidas.
Para os documentos selecionados no portal Espacenet, realizou-se exclusão de
sessenta patentes cujo resumo evidenciado não possuía estudo de interesse e com
o propósito desta prospecção, acontecendo o mesmo com patentes do INPI,
resultando apenas em sete. Dentre as excluídas na Espacenet, três patentes
possuíam documentos originais em japonês, inviabilizando sua tradução.
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Tabela 1: Pesquisa por classificação internacional e palavras
Dehydrated fruit
Fruit* A23L3/00 A23B7 A23L2 A23L3 Total
+ 341
+ + 490
+ + 1
+ + 87
+ + + 147
+ + + 32
+ + + 2
+ + + 48
Fonte: Autoria própria, 2012
O estudo prospectivo foi elaborado por meio de coleta, tratamento e análise das
informações extraídas dos documentos de patentes recuperados e selecionados. A
seleção de documentos se baseou na obtenção de informações descritas nos
resumos disponíveis, tendo sido escolhidos aqueles alusivos a referências de
tecnologia protegida (produtos e métodos), bem como tecnologias correlatas
(equipamentos).
A interpretação de dados, a partir das informações obtidas da tecnologia patenteada
sobre a desidratação de frutas, foi selecionada e analisada para obtenção de
informações relevantes às quais descrevessem a invenção, gerando gráficos
elaborados no Microsoft Excel (2010) que mostram os resultados da evolução anual
de depósitos, a quantidade de patentes depositadas por códigos, as principais áreas
de aplicação dos documentos de patentes e o perfil de depositantes.
4. Resultados e discussão
A evolução anual no depósito de patentes na Espacenet na figura 01 evidencia que
o primeiro depósito ocorreu em 1947, ficando nove anos sem novos depósitos e nos
anos posteriores com menos de cinco depósitos de patentes por ano, podendo
indicar pouco incentivo à pesquisa para aplicação e melhorias desta tecnologia,
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tendo observado novos depósitos com um importante aumento a partir da década de
60.
Entre os anos de 1997 e 2000, foram depositadas mais de vinte patentes de
produtos e tecnologias aplicáveis à desidratação de frutas, provavelmente pelo
incentivo recebido para pesquisadores das áreas.
Figura 1. Evolução anual no depósito de patentes de frutas desidratadas e tecnologias correlatas
depositadas na base Espacenet. Fonte: Autoria própria, 2012.
Figura 2. Evolução anual no depósito de patentes de frutas desidratadas e tecnologias correlatas depositadas na base INPI Fonte: Autoria própria, 2012
0
5
10
15
20
25
0
1
2
3
4
5
43
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Já no portal INPI, a evolução ilustrada na figura 2 evidencia que o primeiro depósito
ocorreu em 1991, tendo o maior número de depósito em 1995, acompanhando a
evolução mundial de transferências de tecnologia evidenciada na figura 1, com o
registro mais atual em 2010.
Cabe salientar que, embora existam lapsos temporais culminados na ausência de
depósitos de patentes, tal fato não significa a efetiva inexistência de patentes, mas
que as mesmas depois de submetidas aos escritórios passam por tempo de análise
e de sigilo, para posterior publicação.
Na figura 3, observa-se que a maior presença de patentes apresentam o código
A23B7, os quais são alusivos à preservação ou química de amadurecimento de
frutas ou vegetais, A23B7/02 sobre desidratação e subsequente reconstituição como
o maior número de patentes depositadas, A23B7/022 sobre a liofilização e a A23L1
sobre alimentos ou gêneros alimentícios; sua preparação ou tratamento (sua
preservação em geral), sendo as demais patentes subdivisões dos referidos
códigos.
Figura 3. Distribuição de patentes relacionadas a frutas desidratadas por códigos de classificação internacional na Espacenet Fonte: Autoria própria, 2012
0 10 20 30 40 50 60 70
A23B7/02;
A23L1/212
A23B7/022;
A23L1/212
A23B7/02
A23B7/02
A23B7/12;
A23B7/022
A23L1/212;
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Conforme evidenciado na figura 4, os países que mais possuem depósito de
patentes na Espacenet são os que historicamente valorizam e investem em
pesquisa e tecnologia, sendo o principal destaque para os Estados Unidos, pelo
número de documentos depositados, seguidos de Japão, Rússia e China.
O Brasil, com apenas dez patentes depositadas no INPI no período pesquisado,
sinaliza fragilidade e pouca transferência de tecnologia oriunda de pesquisas
realizadas no país. Este pode ser um indicador da necessidade de maior articulação
entre os centros de pesquisas (universidades), as instituições governamentais de
fomento à pesquisa e propriedade intelectual e as empresas, para efetiva
aplicabilidade e transferência de tecnologias para benefício das coletividades, um
dos objetivos principais da Lei de Inovação (10.973/2004). Os países categorizados
como outros são a África do Sul, Alemanha, Austrália, Chile, México, Romênia,
Taiwan.
Figura 4. Patentes de frutas desidratadas e tecnologias correlatas depositadas naEspacenet classificadas por países no período estudado (1961-2009) WO* = WORLD INTELECTUAL PROG. ORG Fonte: Autoria própria, 2012
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
ITÁLIA
WO*
FRANÇA
CORÉIA DO SUL
GRÃ-BRETANHA
OUTROS
CHINA
RÚSSIA
JAPÃO
ESTADOS UNIDOS
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Para perfil de inventores, dentre as patentes depositadas, pode-se observar na
figura 5, que o maior porcentual de detentores de tecnologia da produção,
caracterização e aplicação é inventores independentes, seguidos de empresas, que,
em sua maioria estão nos países que mais depositam patentes – Estados Unidos,
Japão, Rússia e China.
Figura 5. Distribuição dos documentos de patentes relacionados a frutas desidratadas e tecnologias correlatas depositadas nas bases Espacenet e INPI por tipo de depositante (titularidade) Fonte: Autoria própria, 2012
A empresa americana F E BOOTH COMPANY INC, nos Estados Unidos, foi a
primeira detentora de patentes de frutas desidratadas (cítricas). Tais resultados
sinalizam que as pesquisas científicas e tecnologias desenvolvidas acontecem de
forma independente, sem a chancela e/ou proteção de universidades e empresas de
fomento, evidenciando que grande parte destas instituições de formação técnico-
científicas não produz invenções com a finalidade de suas tecnologias serem
transferidas e patenteadas para benefício coletivo ou estas invenções não têm
aplicabilidade para a indústria.
Do total de patentes depositadas pesquisadas neste estudo, 92% têm como campo
de aplicação a indústria de alimentos, conforme ilustra a figura 6. Isto porque essa
tecnologia foi desenvolvida com vistas ao aumento da vida útil de alimentos com
intuito de melhorar a produção, estocagem, distribuição e comercialização de
51%
4%
42%
1% 2%
Independentes Universidades
Empresas Parcerias Empresas/Universidades
Instituições governamentais
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diferentes tipos de frutas e vegetais, agregando qualidade e possibilitando maior
margem de lucro.
Figura 6. Distribuição das patentes de produtos desidratados por destinação e/ou aplicação. Fonte: Autoria própria, 2012
A despeito dos tipos de patentes depositadas nas bases europeia e brasileira,
observa-se que 70% se destinam ao registro de métodos de desidratação de frutas
e/ou vegetas e outros 15% para a associação do método com um produto pré-
determinado, cujos dados estão dispostos na figura 7.
Figura -7. Distribuição das patentes de produtos desidratados por destinação e/ou aplicação. Fonte: Autoria própria, 2012
8%
70%
6%
15%
1%
Equipamento
Método
Método e equipamento
Método e produto
Produto
92%
6% 1% 1%
Indústria de alimentos Indústrias de alimentos e farmacêutica
Indústrias de alimentos e veterinária Indústrias farmacêutica e de cosméticos
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No entanto, de todas patentes depositadas deste tipo de produto, a maior incidência
de frutas foram maçã e banana, por ordem de importância, não havendo nenhuma
invenção específica para outras frutas consideradas tropicais, muito menos as
abundantes no bioma brasileiro.
Em se tratando do destino e do público de interesse para os produtos desenvolvidos
pelas patentes, na figura 8, observa-se que 97% dos documentos depositados nas
bases brasileira e europeia são de produtos desidratados destinados para consumo
humano, tendo sido observadas também invenções para indústria farmacêutica e
veterinária.
Provavelmente este tipo de produtos/invenção tem patentes depositadas apenas
para assegurar maior shelflife deste tipo de alimentos, desconsiderando o potencial
efeito funcional das frutas e vegetais desidratados, ao se considerar a possível
preservação de compostos fenólicos e minerais contidos nestes alimentos.
in natura.
Figura 8. Distribuição das patentes de produtos desidratados por destinação e/ou aplicação. Fonte: Autoria própria, 2012
97%
2% 1%
Consumo humano
Consumo humanos e/ou animais
Humanos com dificuldades demastigação - crianças, idosos ehospitalizados
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5. Conclusão ou Comentários Finais
O mercado que evidencia maior interesse para proteção da tecnologia pesquisada
parece ser Os Estados Unidos, isto porque o maior número de patentes depositadas
relacionadas a métodos e equipamentos para desidratação de frutas e vegetais,
seguido do Japão e Rússia, conforme confirmado através da pesquisa da origem
dos países de depositantes de patentes registradas na base europeia. Um inventor
independente da empresa F. E. BOOTH COMPANY INC, nos Estados Unidos, foi o
primeiro detentor de patentes de frutas desidratadas (cítricas). Esta empresa ainda é
detentora da primeira patente relacionada a este tipo de desidratação.
Cerca de 90% dos pedidos têm como campo de aplicação a indústria de alimentos,
dos quais 70% se destinam ao registro de métodos de desidratação de frutas e/ou
vegetas e outros 15% para a associação do método com um produto pré-
determinado.
A grande maioria das patentes depositadas tem como objetivo principal, métodos de
produção e alimentos destinados ao consumo humano, sendo pouco explorada para
fins farmacêuticos e cosméticos, provavelmente por atrelar este tipo de produtos a
uma maior shelflife dos alimentos, desconsiderando o potencial efeito funcional dos
alimentos desidratados, ao se considerar a possível preservação de compostos
fenólicos e minerais contidos nestes alimentos in natura, de interesse da indústria
farmacêutica.
Dentre os alimentos pesquisados, os que apresentam maior destaque são a maçã e
a banana, sem qualquer registro nas bases europeia e brasileira para processo de
desidratação de frutas do bioma brasileiro.
Apesar da notória diversidade dos frutos, passíveis de desidratação para largo
consumo, no bioma semiárido brasileiro e existirem diversas técnicas difundidas
sobre desidratação de frutas, ainda são poucas patentes depositadas no Brasil.
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Observa-se, ainda, que o perfil de inventores é, na sua maioria, independentes
(51%), evidenciando a pouca articulação entre empresas e centros de pesquisa. Tal
fato pode sinalizar pouca cultura local no depósito de patentes, bem como a falta de
interesse pelo mercado brasileiro e falta de pesquisas científicas na área, entre
outros aspectos, sendo de fundamental relevância fomento para aumentar e/ou
melhorar o cenário inovador do país.
6. Perspectivas
Espera-se com a contribuição desta prospecção que sejam realizadas ações
integradas para estímulo entre instituições governamentais de fomento às
pesquisas, centros de formação e pesquisa científicas e instituições empresariais
privadas ou públicas, a fim de viabilizar este ambiente propício à geração de
inovações, como acontece em alguns países e regiões, a exemplo dos Estados
Unidos, Japão, China e Rússia. Estas ações permitiriam, dentre outros fatos
elencados nesta prospecção, a relevante a perspectiva de promoção da saúde para
a coletividade por esta transferência de tecnologia viabilizar a oferta de nutrientes
em frutos nativos do semiárido brasileiro.
7. Referências bibliográficas
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54
1. Local de coleta
Os frutos de Genipa americana L foram coletados no Campus da Universidade
Federal da Bahia (UFBA), localizado em Salvador, Bahia, Brasil (latitude: S
12° 59' e longitude W 38.30°) no período de março a maio de 2013.
Figura 1. Jenipapeiros do Campus de Ondina
2. Critérios de seleção dos frutos
Foram coletados 50,0 Kg de frutos cujo critério de seleção foi realizado pelo grau de
maturação através da medida do teor de sólidos solúveis (SS) em refratômetro
(Quimis Q767-1). Foram escolhidas para o estudo frutos com ºBrix na faixa 15-20,
somando um total de 11381,17 g. Nas frutas selecionadas (figura 2) foi realizada a
biometria e posteriormente as essas foram armazenadas a -18 °C até a realização
das análises.
55
Dos 46 jenipapos selecionados, o peso médio aferido em balança (Marte Slim M 2K)
foi de 247,4 g ± 51,3 com diâmetro longitudinal médio de 80,0 ± 6,9 e diâmetro
transversal médio de 75,2 ± 5,5 aferido com paquímetro (VERNIER 0-150mm).
Figura 2. Jenipapos selecionados para análise.
3. Preparação das amostras do jenipapo para desidratação
Os frutos integrais (11381.17 g) foram sanitizados com hipoclorito de sódio (200
mg.L-1) e cortados (polpa, pele e sementes) com faca inox em pedaços de ± 10 mm
(figura 3).
Figura 3. Corte dos frutos para processamento.
Posteriormente os frutos picados foram moídos em multiprocessador (Black &
Decker HC32), homogeneizados e então desidratados em diferentes processos: P1
– desidratação a frio (liofilização – Liobrás L101) e P2 – desidratação adiabática
56
(estufa de ventilação forçada - Nova Ética 400ND 3m3s-1) com temperatura (50ºC) e
tempo controlado. As frutas desidratadas foram novamente processadas no mesmo
processador resultando pós (partículas 18 mesh - BERTEL) que foram utilizadas
nas análises descritas no capítulo IV.
Os processos de desidratação eliminaram em média 73,22 ± 0,7% de umidade
(Estufa Nova Ética - HX 400/3ND). Na medida de atividade de água (Decagon
Aqualab LITE) os pós de jenipapo obtidos dos tratamentos P1 e P2, apresentaram
atividade de água (aw) 0,425 e 0,331, respectivamente.
4. Critérios para preparação dos extratos do jenipapo em pó
Para extração de compostos bioativos foram feiras extrações sequenciais em éter,
álcool e água, a fim de identificar qual solvente mais apropriado.
.
58
EFFECTS OF DRYING METHODS Genipa americana L (GENIPAP)
COMPOUNDS AND FUNCTIONAL BIOACTIVE PROPERTIES
LINDANOR GOMES SANTANA NETA a*, MARIA P. SPÍNOLA MIRANDA a, SERGIO
EDUARDO SOARES a, ADRIELLE SOUZA LEÃO MACÊDO a AND PAULO CANAS
RODRIGUES b
a Department of Bromatological Analyses, School of Pharmacy, Federal University of Bahia.
b Statistic Departament. Mathematics Institute, Federal University of Bahia.
*Corresponding author. Address: Department of Bromatological Analyses, School of Pharmacy of Federal University of Bahia, Brazil. Rua Barão de Jeremoabo s/n. ZIP CODE: 40170-115. PHONE: 55 (71) 3283- 6920; 55 (71) 8139-8589Tel./fax: +351 22 551 36 24. E-mail address: [email protected]
Resumo
O Brasil é um dos grande produtores de frutas do mundo, mas há várias espécies
desvalorizadas devido à baixa disponibilidade e desconhecimento sobre suas
características funcionais. O jenipapo é um destes frutos. O objetivo deste estudo foi
avaliar os compostos bioativos de jenipapo submetido a diferentes processos de
desidratação como: P1 – desidratação adiabática e P2 – liofilização. A concentração
de compostos fenólicos totais e flavonoides totais apresentaram diferença
significativa entre os tratamentos (p < 0,001). A atividade enzimática da catalase e
ascorbato peroxidase não apresentaram diferença entre P1 e P2. Para a atividade
antioxidante do DPPH•, houve interação significativa entre tratamento e extratos (p <
0,001) e não significativa entre os tratamentos in natura, P1 e P2 (p = 0,936). O
tratamento P1 alcança proteção de aproximadamente 60% no sistema de β-
caroteno/linoleico. Os métodos de desidratação foram eficientes e preservaram os
compostos bioativos, acrescentado valor a este fruto negligenciado possibilitando
novos usos potenciais.
Palavras-chave: desidratação, frutas negligenciadas, antioxidante, atividade
enzimática
Abreviações: SOD , superóxido dismutase ; CAT , catalase ; APX , ascorbato
peroxidase , GR , glutationa redutase ; POD , peroxidase ; P1, secagem adiabática;
P2, liofilização, aw, atividade de água; LDL-C, colesterol lipoproteína de baixa
densidade; TP, fenólicos totais; TF, flavonoides totais; GAE, ácido gálico
equivalente; ECE, epicatequina equivalente; DPPH •, 1,1-difenil-2-picrilidrazil; DR,
taxa de degradação.
59
1. Introdução
As frutas são alimentos que oferecem uma variedade de sabores e compostos
nutricionais. São compostas de água, açúcares (sacarose, glicose e frutose),
vitaminas, minerais e compostos bioativos que agem beneficamente sobre a saúde
humana. Os compostos fenólicos representam a principal classe de metabólitos
secundários de plantas constituídos de flavonas, ácidos fenólicos e polifenóis
(taninos) como os três maiores grupos. A maior parte destes compostos apresenta
atividade antioxidante. Os flavonoides são também valiosos devido à sua
capacidade para sequestrar radicais livres, que atuam como doadores de hidrogénio
e agentes quelantes de metais, reduzindo assim a ocorrência de doenças crônicas
degenerativas humanas.
O jenipapo (Genipa americana L.) é um fruto da família Rubiaceae originado da
América Central que se espalhou para várias regiões tropicais úmidas das Américas,
Ásia e África. No Brasil, o jenipapo ocorre espontaneamente de São Paulo a
Amazônia, especialmente na região costeira, mas possui um mercado restrito
devido à sua sazonalidade e perecibilidade. Este fato aponte a necessidade de
desenvolver técnicas de processamento robustas que podem fornecer essa fruta
para as indústrias fora do período de colheita (ANDRADE et al, 2003).
Em geral, devido às condições climáticas de algumas regiões do Brasil, vários
problemas relacionados com a distribuição, armazenamento (da fase de colheita
para comercialização ao consumidor final) e alta perecibilidade, uma grande
quantidade de frutas é perdida, chegando a 30 a 35 % nas regiões do nordeste do
Brasil.
Com o número crescente de pessoas em diferentes partes do mundo, adotando
bons hábitos que levam a um estilo de vida mais saudável, qualidades sensoriais,
como cor aparência e compostos bioativos são importantes para a tomada de
decisão do consumidor processos. A utilização de alguns compostos bioativos tem
aumentado uma vez que eles são responsáveis pelo combate muitos radicais livres
os quais induzem quimicamente a quebra oxidativa de ligações duplas nos ácidos
graxos de lipídios de membrana.
60
Várias enzimas estão envolvidas na produção e na eliminação de radicais livres em
sistemas vegetais. As enzimas antioxidantes em plantas desempenham um papel
importante na inibição do estresse oxidativo. Estudos recentes também associaram
esta função na saúde humana. Superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT),
ascorbato peroxidase (APX) e glutationa redutase (GR) são enzimas importantes
que protegem as plantas contra danos oxidativos. SOD catalisa a dismutação do
radical superóxido a O2 e H2O2. O H2O2 é então desintoxicado por CAT (CE 1.11.1.6
) , peroxidase (POD , EC 1.11.1.7 ) e APX ( EC 1.11.1.11 ) ( Foyer & Noctor , 2003).
CAT reduz H2O2 em H2O e O2, e POD decompõe H2O2 pela oxidação do co-
substratos , tais como os compostos fenólicos . Portanto, CAT, APX e GR catalisam
a conversão de H2O2 a H2O e O2, limitando assim o potencial de uma maior
produção de radicais livres a partir de H2O2 (Mittler , 2002; SUN et al , 2012).
No que diz respeito à saúde humana, estes compostos podem também promover a
proteção dos tecidos dos danos oxidativos e tem a capacidade de prevenir a
agregação de plaquetas e de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL - C)
( SIKORA et al , 2008; ALU'DATT et al , 2013; MIRNAGHIA et al , 2013). Além disso,
Costa et al (2010) encontraram outros compostos importantes na polpa e sementes
de jenipapo fresco. Os fitosteróis são responsáveis por concentrações significativas
de compostos bioativos. Os fitosteróis têm várias atividades biológicas, como
atividades antioxidantes, antimutagênica e antibacterianas, tornando-os importantes
para a prevenção da aterosclerose, doenças coronárias e câncer. Como resultado, é
recomendado consumir alimentos ricos em polifenóis através da introdução diária de
alimento fonte destes compostos bioativos na dieta ou através de suplementos
dietéticos que os contenha (CHUNG et al , 2011 ; JIN et al, 2011 ; MORENO et al,
2011) .
Assim como ocorre com os compostos fenólicos, a ingestão de fibras dietéticas
(encontradas em alguns óleos, sementes, farinhas, cereais integrais, frutas e
vegetais) está associada com uma diminuição no soro de LDL-C e colesterol, assim
como de outros atributos, tais como menor demanda de insulina, aumento do
volume das fezes, aumento prebióticos e aumento da ação laxante. Além disso, a
fibra dietética está relacionada com o controlo corporal de peso, aumentando a
61
saciedade ou a libertação gradual de carboidratos simples disponíveis na dieta
(SAURA - CALIXTO et al, 2000; GUTKOSKI et al, 2007; MONTELLA et al, 2013).
O alto custo de produção de alimentos liofilizados desencoraja o uso desta
tecnologia para preservar frutas, demonstrado na tabela 1 que compara o custo por
frutas desidratadas semelhante ao P1 e P2 métodos descritos neste artigo.
Tabela 1: Valor médio do Kg de fruta desidratada por processo
Fruta Liofilizada Empresa / Origem Pedido mínimo
Valor/Kg (U$)
Valor/Kg (R$)
Manga Xi'an Sost Biological Science & Technology Co. Ltd./China
1.0 Kg 100.00 232.00
Maçã banana, groselha, morango pêssego, uva, lichia, manga, mamão, abacaxi.
Changsha Huakang Biotechnology development Co. Ltd.
200.0 Kg 65.00 150.80
média 82.50 191.40
24.75 57.42
Frutas desidratadas por secagem adiabática
Empresa / Origem Pedido mínimo
Valor/Kg (U$)
Valor/Kg (R$)
Goiaba, maçã, banana, manga
Company's development of the Valley of the São Francisco and Paraíba – CODEVASF
1000.0 Kg 0.26 0.60
Ameixa, uva banana, mamão, maçã, pera
Emprego e Renda 900.0 kg 2.76 6.40
média 1.51 3.50
1.77 4.10
CODEVASF (2008), Alibala (2014)a; Alibaba (2014)b, Employment and income (2014). Obs: dotação do dolar de R$2,32 (24/03/14)
O objetivo deste trabalho é estudar e comparar possíveis processos de desidratação
em jenipapo – uma fruta que tem sido negligenciada devido à sua alta
perecibilidade, mas é uma boa fonte de micronutrientes e compostos fenólicos – a
fim de retardar a sua deterioração, bem como manter o seu nutricional e valor
funcional..
62
2. Material e métodos
2.1. Preparação das amostras de jenipapo em pó e grânulos
Frutos de Genipa americana L foram coletados no Campus Universidade Federal da
Bahia (UFBA), localizado em Salvador, Bahia, Brasil (latitude: S 12° 59' e longitude
W 38.30°), de março a maio de 2013. Os critérios de seleção grau de maturação
através da medida do teor de sólidos solúveis (SS) em refratômetro (Quimis Q767-
1). Foram escolhidas para o estudo frutos com ºBrix na faixa 15-20, somando um
total de 11381,17 g. Os frutos foram armazenados a -18 ° C antes da preparação da
amostra.
Os frutos integrais foram higienizados com hipoclorito de sódio (200 mg L-1) e
cortados (polpa, casca e sementes) com uma faca de aço inoxidável em pedaços de
± 10mm. Após moagem, em multiprocessador Black & Decker HC32, os frutos foram
homogeneizados e, em seguida, desidratados com dois processos diferentes como
se segue: a liofilização (liofilização – Liobrás L101), como técnica padrão, e
desidratação adiabática (estufa de ventilação forçada - Nova Ética 400ND 3m3s-1)
com a temperatura (50ºC) e tempo controlado. Os processos de desidratação
eliminaram 73,22 ± 0,7% da umidade e este jenipapo desidratado resultou em
produto com atividade de água (aw) média 0,425 e 0,331 em P1 e P2,
respectivamente. As amostras de frutos desidratados foram novamente moído em
mesmo multiprocessador para obtenção de pó (partículas 18), em seguida,
utilizados nas análises abaixo descritas. Todas as experiências foram realizadas em
triplicata.
2.2. Análise de compostos fenólicos totais, flavonoides totais, atividade
antioxidante e atividade enzimática.
Para analisar a atividade antioxidante e compostos fenólicos totais, amostras
desidratadas jenipapo (P1 - desidratação adiabática e P2 - liofilização) foram feitas
usando 10 % de pó e os grânulos e três solventes: etanol (40% e 70%) e água
destilada. Para comparação, amostras com a quantidade correspondente de
jenipapo in natura foram preparados em todos os solventes.
63
Os extratos foram homogeneizados num agitador de tubo vórtex (TECNAL Phoenix
AP56) e ultracentrifugado (HITACHI, CR22GIII) a 5000rpm durante 15 min a 4°C.
Para a análise da atividade enzimática, as amostras de jenipapo desidratados (P1
ou P2) foram reconstituídas a partir de grânulos e pó em tampão de fosfato de
potássio 10 % (20 M, pH 7,0 ) e ultracentrifugado (HITACHI, CR22GIII) a 12.000 g
durante 10 min a 4°C. O sobrenadante foi utilizado para o teste. Para comparação,
as amostras foram preparadas com uma quantidade correspondente de jenipapo
fresco.
2.3. Conteúdo total de fenólicos
A análise de fenólicos totais (TP) dos extratos foi determinada como descrito por
Waterhouse (2002), usando um UV/Vis (Biochrom Libra S60, UK) a uma
absorbância de 765nm. A água foi utilizada como a referência de branco. Para a
quantificação do conteúdo fenólicos totais, o mesmo procedimento foi realizado
utilizando uma curva padrão com soluções de ácido gálico (GAE) (R2 = 0,9998), e os
resultados foram expressos em mg GAE.100 g-1.
2.4. Conteúdo total de flavonoides
O conteúdo total de flavonoides (TF) dos extratos de jenipapo foi determinada de
acordo com o método descrito por Zhishen et al (1999). Um extrato diluído (1ml) foi
misturado com 4ml de água destilada. A mistura foi, em seguida, agitada
vigorosamente, e a absorbância da mistura foi lido a 510nm usando um UV/Vis
(Biochrom Libra S60, UK). Uma curva de calibração foi preparado usando uma
solução padrão de epicatequina (ECE), e os resultados foram expressos numa base
de peso fresco como ECE.100 g-1 (R2= 0.9999).
2.5. Ensaio para a atividade sequestradora do radical DPPH
A atividade antioxidante dos extratos foi determinada utilizando o teste de 1,1- difenil
-2- picrilidrazil (DPPH•). A atividade de captura de radical DPPH• nos extrato da
amostra foi estimada utilizando um espectrofotômetro (Femton 800XI) a uma
64
absorbância a 517nm seguindo os métodos de Rufino et al. (2010) e Bekhit et al
(2011) com algumas modificações . A redução do radical DPPH• foi medida através
da monitorização contínua durante 30min na ausência de luz. A diminuição da
absorbância foi apresentado como a porcentagem de atividade antioxidante. A
atividade antioxidante de cada amostra foi expressa como a concentração final do
extrato (em mg.mL-1) necessária para reduzir em 50% (IC50) a concentração inicial
de DPPH•. Os valores foram calculados por regressão linear, e os resultados foram
apresentados como médias.
2.6. Método de branqueamento do antioxidante -caroteno
A atividade antioxidante das amostras de jenipapo foi determinada de acordo com o
método de branqueamento do sistema β-caroteno/ácido linoleico (Marco, 1968) com
algumas modificações como descrito por Miller (1971). Amostras (100μl) foram
misturados com 5ml de solução de emulsão. Um controle sem antioxidante que
consiste em 100μl de cada solvente e 5ml de uma solução de emulsão foi preparada
com etanol (100μL) com 5ml de solução de emulsão também foi usado como um
controle. Leituras de todas as amostras foram (t = 0) feita imediatamente e em
intervalos de 60 min durante 120 min utilizando um UV/Vis (Biochrom Libra S60, UK)
a 470nm. Solução de BHT (100μL), a 100ppm foi utilizado como um controle
comparativo positivo. As amostras foram mantidos a 50°C entre as medições. Os
percentuais de proteção e inibição foram calculados utilizando as seguintes
equações, respectivamente:
Taxa de degradação do β-caroteno (DR) = Ln (Abs inicial – Abs amostra) / 120
antioxidante
Atividade % de inibição = {(DR controle – amostra DR) / DR controle} * 100.
2.7. Ensaio para a atividade enzimática antioxidante da CAT e APX
A actividade da catalase foi determinada através da medição da taxa de diminuição
na absorbância a 240 nm de 12.5 mM H202 em tampão fosfato de potássio 50 µM
(pH 7,0) a 30°C (Havir & McHale, 1990). A decomposição de H202 foi medida pela
diminuição na absorbância a 240nm como medido por um espectrofotômetro
65
(Biochrom Libra S60, UK). A atividade específica foi expressa em unidades por mg
de proteína em que uma unidade de catalase converte 1 µM de H202 por minuto. A
concentração de proteínas foi determinada de acordo com o método de Lowry et al
(1951 ) e adaptada por Hartree (1972).
A atividade da APX foi determinada usando o método descrito por Nakano e Asada
(1989). A mistura de reação para a peroxidase continha solução a 50 µM tampão
fosfato de potássio (pH 7,0), 0,5 µM ascorbato, 0,1 µM H202 e EDTA 0,1 µM num
volume total de 1 ml. A reação foi iniciada pela adição da enzima ou H202, e a
diminuição na absorbância foi registada 10 ou 30 segundos após a adição. Uma
unidade de APX foi definida como a quantidade de enzima que oxida um ascorbato
µM por minuto.
2.8. Statistical analyses
A análise de duas vias da variância (ANOVA) foi utilizada para testar as diferenças
entre os níveis dos dois fatores (tratamento e enzima/diluição), em cada uma das
variáveis de resposta (flavonoides, compostos fenólicos, a atividade de DPPH e do
sistema β-caroteno). A normalidade foi verificada com o teste não-paramétrico de
Kolmogorov-Smirnov. Quando diferenças significativas foram encontradas, foram
utilizados os testes post hoc múltiplas de comparação de Scheffé, Tukey, diferença
mínima significativa de Fisher (LSD) e de Bonferroni para comparações pareadas.
Em todos os testes, o valor de p <0,05 foi considerado significativo.
3. Resultados e discussões
3.1. Efeitos dos processos de desidratação nas atividades de CAT e APX no
pó e grânulos de jenipapo
A Figura 1 mostra a atividade das enzimas CAT e APX. Usando a análise de
variância, a um nível de significância de 5%, nenhum efeito do tratamento foi
encontrado (p = 0,051), quando comparados os diferentes processos de secagem.
No entanto, o tratamento P2 preservou concentrações enzimáticas superiores
porque não havia desidratação calor. A atividade APX foi menor nos tratamentos
66
frescos e P1, mas a atividade de CAT foi maior no tratamento P1 demonstrando
menos degradação de proteínas enzimáticas por temperatura e uma maior
estabilidade. Uma diferença significativa entre as enzimas (p <0,001) foi encontrada,
mas não houve interação significativa entre os tratamentos e enzimas (p = 0,152).
Figura 1. Atividade das enzimas CAT e APX em jenipapo fresco, em pó/grânulos obtidos
nos tratamentos P1 e P2.
Altos níveis de enzimas antioxidantes estão envolvidos em atenuar os danos
oxidativos e retardar o processo de senescência em plantas e podem se comportar
da mesma maneira sobre a saúde humana. Estes radicais livres são altamente
fitotóxicos e desempenham um papel importante no aumento da produção de
radicais superóxido relacionados com a lesão induzida pelo armazenamento a frio
ou a ação microbiológica (LACAN & BACCOU, 1998; CAO et al , 2011). Assim, a
CAT preservada em P1 também pode atuar como antioxidante importante na saúde
humana.
3.2. Efeito dos processos de desidratação de compostos fenólicos totais e
flavonoides totais em jenipapo pó e grânulos
A Figura 2 mostra a concentração mais baixa de compostos fenólicos no
extrato de fresco em comparação com os tratamentos de P1 e P2.
Fresh P1 P2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Co
nce
ntr
açã
o e
nzim
ática
(µ
Mo
l/m
in/m
g p
rote
ina
)
Tratamento
Ca
tala
se
Activity (
CA
T)
Asco
rba
te P
ero
xid
ase
Activity (
AP
X)
Tratamento CAT (médio) APX (médio)
Fresco 0.860 ( 0.158) 0.110 ( 0.031)
P1 1.115 ( 0.354) 0.088 ( 0.033)
P2 1.271 ( 0.394) 0.230 ( 0.148)
67
Figura 2. Composição geral de compostos fenólicos totais em fresco jenipapo e jenipapo pó e os grânulos obtidos a partir da P1 e P2 processos de secagem
À medida que o processo de secagem elimina 73,22 ± 0,7 % da umidade, uma
concentração mais elevada de compostos era esperado no tratamento P2, devido à
preservação composto. Em contraste, o tratamento P1 não preservou uma alta
proporção de compostos fenólicos, devido à sua degradação pelo aquecimento,
mas, mesmo assim foi maior que no jenipapo in natura. No tratamento P1, a maior
concentração de compostos fenólicos foi no extrato aquoso, seguido pelo de etanol
de 40%. No tratamento P2, foi observada uma recuperação mais uniforme de entre
extratos aquoso, etanol a 40 % e etanol a 70 %.
Observou-se a existência de interação significativa entre tratamento e fatores de
diluição (p < 0,001). Usando os métodos de comparação múltipla, verificou-se que
houve diferenças significativas entre os tratamentos (p <0,001 para todos os pares)
e entre todos os níveis de extrato (p < 0,001 para todos os pares). No entanto, o
extrato etanólico 70% apresentou menores concentrações de compostos, devido à
menor eficiência da extração de flavonoides. No tratamento P1, uma concentração
significativa destes compostos foi encontrada com uma semelhança entre os
extratos etanol a 40 % e aquoso.
Ethanol 40% (mean) Ethanol 70% (mean) Aqueous (mean)
0
15
30
45
60
75
90
105
120
135
150
165
180
mg
GA
E.1
00
g-1
Solventes
Fresh
P1
P2
Tratamento Etanol 40% (média) Etanol 70% (média) Aquoso (média)
Fresh 54.507 ( 6.343) 38.258 ( 3.203) 106.401 ( 5.389)
P1 122.575 ( 8.969) 80.644 ( 20.318) 139.204 ( 13.294)
P2 169.848 ( 11.740) 178.068 ( 10.309) 155.114 ( 6.696)
Compostos fenólicos totais em jenipapo
68
Tal como esperado e observado o composto fenólico total de análises, a Figura 3
mostra que o tratamento P2 tinha uma maior preservação de flavonoides. Isso
aconteceu devido à desidratação em temperaturas frias não causar danos nos
compostos quando se considera os extratos etanol 40% ou aquoso.
Os resultados do tratamento P1 na degradação de compostos flavonoides, quando
comparado com P2, porque P1 é uma técnica de aquecimento, mas têm uma boa
conservação em comparação com o fruto fresco.
Ethanol 40% Ethanol 70% Aqueous
0
40
80
120
160
200
240
280
320Flavonoides totais em jenipapo
mg
Ep
ica
teq
uin
a E
qu
iva
len
te (
EC
E)1
00
g-1
Extrato (média)
Fresh
P1
P2
Tratament Etanol 40% (média) Etanol 70% (média) Aquoso (média)
Fresco 36.100 (±5.132) 19.100 (± 2.646) 118.100 (± 11.590)
P1 232.100 (±43.313) 102.600 (± 16.623) 249.100 (± 12.166)
P2 296.600 (± 29.263) 179.600 (± 5.132) 338.100 (± 21.385)
Figure 3. Composição geral de flavonoides totais em jenipapo fresco , pó e grânulos obtidos a partir dos processos de secagem por P1 e P2.
O uso de vários testes de comparação, observou-se que houve diferenças
significativas entre os tratamentos (in natura, P1 e P2 ) e entre todos os solventes de
extração (etanol 40%, etanol 70% e aquoso) (p <0,001 ), com uma interação
significativa entre fatores tratamento e extratos ( p = 0,002).
69
3.3. Efeito dos processos de secagem sobre a atividade antioxidante em
jenipapo pó e grânulos
A análise comparativa antioxidante do DPPH• atividade e sistema de proteção para
-caroteno em ambos os tratamentos mostraram que o extrato aquoso teve altas
concentrações de compostos com potencial antioxidante. No que diz respeito à
porcentagem de proteção no sistema -caroteno, existia uma semelhança entre a
extratos aquoso e de etanol 40% de jenipapo sugerindo, assim, que os extratos com
maiores concentrações de água (isto é, mais polares) tiveram extrações mais
eficientes de compostos antioxidantes.
De acordo com o modelo de análise de variância (ANOVA), e visível na Figura 4,
uma interação significativa entre o tratamento e os fatores de extrato está presente
quando se analisam separadamente a capacidade antioxidante do DPPH• (p <
0,001).
Figura 4. Capacidade antioxidante de jenipapo fresco e jenipapo secos (P1 e P2) de acordo com a captura DPPH.
Usando os métodos de comparação múltipla, verificou-se que houve diferenças
significativas entre os tratamentos fresco e P1 (p = 0,001) e entre os tratamentos P1
e P2 (p = 0,002). Os melhores resultados para a elevada atividade antioxidante em
ETHANOL 40% ETHANOL 70% AQUEOUS0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
% C
ap
tura
de
DP
PH
(5
0%
)
Extrato
Tre
atm
en
t F
resh
(m
ea
n)
Tre
atm
en
te P
1 (
me
an
)
Tre
atm
en
t P
2 (
me
an
)
Tratamento Etanol 40% (média) Etanol 70% (média) Aquoso (média)
Fresco 39.420 ( 2.169) 41.449 ( 2.688) 60.289 ( 2.282)
P1 47.536 ( 1.478) 70.000 ( 1.304) 51.304 ( 1.420)
P2 49.130 ( 1.304) 49.130 ( 0.972) 38.550 ( 0.820)
Atividade antioxidante em jenipapo pela captura de DPPH
70
P1 eram no etanol a 70% e os extratos aquosos, mas os melhores resultados em P2
foram apenas no extrato de etanol de 40%.
Não houve diferenças significativas de captura do DPPH• entre os tratamentos
frescos e P2 (p = 0,936) nem entre os extratos de etanol 40 e 70% (p < 0,001), mas
houve diferenças significativas entre o etanol 70% e extratos aquosos (p = 0,041,
Tukey HSD, p = 0,016, LSD, p = 0,048, Bonferroni). Não foram encontradas
diferenças significativas entre o etanol 40% e extratos aquosos (p = 0,070, Tukey
HSD, p = 0,087, Bonferroni), que pode ter sido devido à alta concentração de água
que afeta a reconstituição do jenipapo desidratado.
Enquanto o tratamento P2 é a técnica padrão de desidratação, com menos
degradação, a maior concentração de compostos fenólicos total de ou compostos
flavonoides e percentagem de proteção pelo sistema -caroteno resultou do
processo de secagem P1 com o processo mais eficiente foi encontrado no extracto
de etanol de 40 % como mostrado na Figura 5.
Figure 5. A capacidade de proteção de jenipapo fresco e seco (P1 e P2) no sistema -
caroteno.
Ethanol 40% Ethanol 70% Aqueous0
10
20
30
40
50
60
70
80
% P
rote
çã
o
Extratos (média)
Fresh
P1
P2
Tratamento Etanol 40% (média) Etanol 70% (média) Aquoso (média)
Fresco 24.080 (±16.292) 44,262 (± 4.466) 40,323 (± 2.609)
P1 60.451 (±5.265) 47,028 (± 4.150) 58,444 (± 4.148)
P2 55.747 (± 4.951) 71,679 (± 1.140) 47,976 (± 3.004)
Atividade antioxidante em jenipapo pelo sistema -caroteno-linoleico
71
O processo de desidratação P1 alcançou proteção de aproximadamente 60% no
sistema de β-caroteno para extratos etanol a 40% e aquoso, mostrando assim um
efeito de conservação e extração significativa de diferentes antioxidantes nestes
solventes. Assim, estes compostos têm uma maior eficiência e a solubilidade em
sistemas de maior polaridade. O uso de vários métodos de comparação, as
diferenças significativas (p<0,001) foram encontrados entre todas as diluições (in
natura, P1 e P2 ) de atividade antioxidante pelo sistema β-caroteno.
Foram observadas diferenças significativas entre os extratos de etanol 70% e
aquosos (p = 0,017, Tukey HSD), mas não houve diferenças significativas entre os
extratos de etanol 40 e 70% (p = 0,087, Tukey HSD), nem entre o etanol 40% e
extratos aquosos (p = 0,687, Tukey HSD). No entanto, houve uma interação
significativa entre o tratamento e extratos (p < 0,001).
Os estudos sobre a influência da desidratação em compostos fenólicos em produtos
jenipapo são raros. Este estudo revela que P1 preserva concentrações de
compostos funcionais (antioxidantes e fenólicos), com comportamento semelhante à
técnica P2 padrão e permite uma exploração completa deste fruto subvalorizado.
Ser P1 cerca de 55 vezes mais barato (valor/kg) do que P2, representa uma
alternativa barata para preservar compostos benéficos de jenipapo fresco (Tabela 1)
..
4. Conclusões
Usando diferentes métodos de desidratação Genipa americana L., este estudo
revelou os seguintes resultados:
1) A atividade enzimática da peroxidase foi elevada em jenipapo fresco e
significativamente reduzida pelos processos de desidratação P1 e P2, por
outro lado a atividade da enzima catalase aumentou significativamente nos
processos P1 e P2;
2) O valor médio de extratos aquosos fresco e secos do jenipapo mostrou a
mesma capacidade antioxidante no sistema β-caroteno em relação aos
extratos etanol (40 e 70 %);
72
3) O processo de desidratação P1 apresentou proteção de 60% na ação
antioxidante no sistema β-caroteno para extratos etanol 40% e aquoso;
4) O teor de fenólico total no processo de desidratação P1 foi maior do que em
jenipapo fresco (in natura) e menor do que tratamento P2.
5) No estudo P1 houve preservação de compostos funcionais (antioxidantes
e fenólicos) com comportamento semelhante à técnica P2 (liofilização)
demonstrando assim uma alternativa accessível e econômica para
preservar compostos benéficos de jenipapo fresco.
5. Agradecimentos
Este trabalho foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES).
6. Referências
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75
CONCLUSÕES GERAIS
1) Os teores de compostos bioativos foram maiores nos extratos obtidos por
desidratação (P2 e P1) do que em extratos das amostras de jenipapo fresco.
2) O teor de compostos fenólicos totais foi menor no jenipapo in natura que nos
obtidos das amostras desidratadas nos tratamentos P1 e P2.
3) A extração dos compostos fenólicos totais se mostrou mais eficiente em água e
etanol a 40%;
4) Os extratos aquosos de P1 e P2 apresentaram maiores teores de flavonoides
que os demais extratos.
5) No sistema β-caroteno-ácido linoléico, os extratos etanol a 40% e aquoso no
processo de desidratação P1 apresentou proteção significativamente maior que o
processo P2.
6) A atividade enzimática da Ascorbato peroxidase (APX) elevada em jenipapo
fresco e foi significativamente reduzida pelos diferentes processos de
desidratação P1 e P2, enquanto a atividade da catalase (CAT) aumentou
significativamente com o processo de desidratação P1 e P2.
7) Os estudos sobre solubilidade e molhabilidade, revelaram que o processo P1 foi
significativamente mais eficiente que P2.
8) O processo de desidratação utilizado P1 revelou-se um sistema, devido à alta
preservação de compostos fenólicos e atividade antioxidantes, além da
acessibilidade e baixo custo, quando comparado com o processo de liofilização,
portanto, agregando valor ao produto obtido.
PERSPECTIVAS
1) Possibilitar, através do consumo de jenipapo desidratado, o acesso a alimentos
de forma prática e saudável, para a população.
2) Proporcionar maior viabilidade para industrialização e logística pela menor
utilização de espaço pelo jenipapo desidratado;
3) Contribuir para a agregação de valor de frutos negligenciados do bioma brasileiro
para consumo humano e ampliando a sua da comercialização
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