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A intensa trajetória de um competidor nato Gualter Salles, O SENHOR SOU EU, UM CONTO DE PEDRO NOGUEIRA RUMO À FORA PROMETIDA GRANDES CRAVADAS DEMORAM, MAS CHEGAM WSOP, BEN LAMB E A BARBADA DO ANO

Card Player Brasil Digital - 8

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Revsita Card Player Brasil Digital #8 - www.cardplayer.com.br

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A intensa trajetória de um competidor nato

Gualter Salles,

O SENHOR SOU EU, UM CONTO DE PEDRO NOGUEIRA

RUMO À FORA PROMETIDAGRANDES CRAVADAS

DEMORAM, MAS CHEGAM

WSOP, BEN LAMB E A BARBADA

DO ANO

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Somos comprometidos com uma política de atitude responsável. Somente para maiores de 18 (ou a idade legal de seu país de origem). *Sujeito aos termos e condições. Acesse www.partypoker.com/terms para mais informações. PartyPoker.com é uma marca pertencente ao grupo bwin.party. bwin.party digital entertainment plc é uma empresa listada publicamente na Bolsa de Valores de Londres.

Todos os direitos reservados. © bwin.party 2012. †“World Series of Poker” e “WSOP” são marcas registradas pertencentes ao Caesars Interactive Entertainment, Inc. Seu uso aqui não implica nenhum tipo de licença, afiliação, patrocínio ou endosso. Não somos licenciados ou afiliados de modo algum ao Caesars Interactive Entertainment, Inc. ou ao World Series of Poker. Para mais informações, favor ligar para 00 800 0000 8282 (ligação gratuita). 04318

Garanta seu lugar no maior torneio de pôquer do mundo

Fature um pacote de US$ 14.000,00 e sagre-se campeão mundial de pôquer no WSOP®† 2012.

A etapa qualificatória vai até 17 de junho, então você tem inúmeras chances de ganhar um pacote e mostrar ao mundo do que é capaz. Comece com nossos irresistíveis freerolls diários e,

quem sabe, você vá parar no evento principal de Las Vegas sem gastar nenhum tostão?!

É no WSOP que as lendas no pôquer se reúnem. Alguém vai ter que sair de lá campeão – por que não você? Inscreva-se nos qualificadores hoje mesmo. E, de quebra, ganhe um bônus de depósito

de 100% (até US$ 500,00) ao fazer seu primeiro depósito. Use o código WSOP2012

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Somos comprometidos com uma política de atitude responsável. Somente para maiores de 18 (ou a idade legal de seu país de origem). *Sujeito aos termos e condições. Acesse www.partypoker.com/terms para mais informações. PartyPoker.com é uma marca pertencente ao grupo bwin.party. bwin.party digital entertainment plc é uma empresa listada publicamente na Bolsa de Valores de Londres.

Todos os direitos reservados. © bwin.party 2012. †“World Series of Poker” e “WSOP” são marcas registradas pertencentes ao Caesars Interactive Entertainment, Inc. Seu uso aqui não implica nenhum tipo de licença, afiliação, patrocínio ou endosso. Não somos licenciados ou afiliados de modo algum ao Caesars Interactive Entertainment, Inc. ou ao World Series of Poker. Para mais informações, favor ligar para 00 800 0000 8282 (ligação gratuita). 04318

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abra sua conta

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10. ANDRÉ AKKARIRUMO À FORRA PROMETIDAAkkari comenta uma grande vitória online e discute as habi-lidades mais importantes para se dar bem no poker: o amor pelo jogo e a disposição para estudá-lo.

18. RIO POKER TOURGRAND FINALETorneio mais famoso do Rio de Janeiro encerra sua primeira temporada com vitória de Vini Marques e coroação de Alex Riveiro como campeão do ano.

74. BSOP 2012ETAPA SÃO PAULOEm meio a controvérsias sobre tarifação, etapa de abertura do campeonato brasileiro reúne 558 jogadores e distribui quase um milhão de reais no seu evento principal.

28. PEDRO NOGUEIRAO SENHOR SOU EUNeste conto de Pedro Nogueira, conheça as desventuras de Cara de Cavalo, um parceiro “sem nervo”, que resolve entrar na mesa mais cara do clube de poker.

36. A BARBADA DO ANO Ben Lamb é o Jogador do Ano

da CardPlayer Magazine

60. DAS PISTAS AOS FELTROSEntrevista com Gualter Salles

10. FICHAS NA TELARounders - Cartas na Mesa (1998)

52. DUSTY SCHIMIDTCARNE VERMELHA PARA UM LEÃO FAMINTODusty Schimidt mostra o que apenas uma ficha pode fazer para extrair valor ou conseguir informações do adversário.

SUM

ÁR

IO ESPECIAIS

E MAIS

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Estou pronto Café

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14582 We Are Poker Man in Pants SP - Card Player Mag PTBR.indd 1 14/02/2012 11:01

abra sua conta

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Ao longo da revista, você encontrará vários símbolos como esse. São “QR Codes”, uma espécie de código de barras que contém um link para internet.

Na CardPlayer Brasil, os QR Codes direcionarão você, por exemplo, aos sites ou blogs dos nossos colunistas e a arquivos em PDF contendo trechos de livros publicados pela Raise Editora.

Esses códigos podem ser escaneados em dispositivos móveis, como smartphones e tablets com acesso à internet. Basta instalar um leitor compatível com o sistema operacional de seu aparelho (iOS, Android, Symbian).

Se o seu leitor estiver funcionando corretamente, o código acima direcionará você ao nosso portal: www.cardplayer.com.br.

APROVEITE OS CÓDIGOS QR

Diretor ExecutivoRenato Lins

Diretor de RedaçãoBruno Nóbrega de Sousa

TraduçãoKaren Dias

Diretor de Arte Diego Bittencourt

Diagramador Davi Panzera

WebmasterBernardo Benevides

Conteúdo WebKaren Dias

Editor Marcelo Souza

Jornalista Diego Scorvo

FotógrafoBruno Mooca

Colunistas NacionaisAndré “Dexx”, Christian

Kruel, Diógenes Malaquias, Felipe Mojave, Pedro Nogueira

Colunistas InternacionaisAlan Schoonmaker, David Apostolico,

Dusty Schmidt,Ed Miller, Jeff Hwang, John Vorhaus

Suporte / SACHeliana de Souza

Endereço

Raise Editora Ltda

Rua Conde de Santa Marinha, 400, Cachoeirinha

CEP 31130-080 - Belo Horizonte - MG

Tel.: (31) 32252123

Impressão

Alicerce Editora

Distribuição

Dinap

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Marcelo Souza - Editor

@MarceloCPBR

IMAGEM E SEMELHANÇA

OCARTA AO LEITORO ano novo chegou, e com ele, uma nova revista. O clichê é antigo, mas serve bem. Mudamos novamente. A CardPlayer modelo 2012 está ainda mais leve, mais gostosa de ler. Criamos novas seções, alteramos outras.

Tudo elaborado com base nas sugestões, críticas e comentários que você, leitor, generosamente nos fez. A nova Card foi pensada à sua imagem e semelhança. Do papel da capa aos artigos publicados.

Também para o poker, o ano é novinho em folha, e as expectativas, as melhores possíveis. O BSOP já anunciou seu calendário e promete trazer ainda mais jogadores aos feltros. O PokerStars, como de costume, chegou de forma arrebatadora ao anunciar as etapas de encerramento do BPT e do LAPT para a semana de carnaval. A AW8, que acaba de nascer, já chega com um batalhão de primeira linha e cheia de ideias inovadoras.

Fora dos feltros, a maior novidade é a nossa parceria com o Terra. Junto com a TVPokerPro, empresa-irmã da CardPlayer, vamos encarar o tremendo desafio de produzir o conteúdo de poker do principal portal multimídia da América Latina. Finalmente, nosso esporte deverá ter o destaque que merece. Nós, CardPlayer e TVPokerPro, chamamos a responsabilidade de apresentar o nosso esporte mental a um público totalmente novo. Deixaremos de ser um nicho? Vamos trabalhar duro para isso.

Mais do que fidelizar clientes, buscamos respeitar pessoas. Mais do que produzir conteúdo de qualidade, nossa missão é levar até você o brilho nos olhos e o orgulho incontido de ser jogador de poker – do amador mais desajeitado ao profissional mais exigente. É assim que pensamos. É assim que agimos.

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A cena

Mike McDermott (Matt Damon) precisa de

dinheiro para saldar uma dívida de jogo do seu

amigo “Worm” (Edward Norton). Para tanto, ele

recorre, mais uma vez, a Joey Knish (John Turturro),

que já lhe ajudou antes quando perdera todo o

seu dinheiro para o mafioso Teddy “KGB” (John

Malkovich). Depois de escutar um sermão de Knish,

Mike abre o jogo e revela porque arriscou tudo

contra “KGB”.

fichas na tela Momentos marcantes dos filmes de poker

Mike McDermott: Eu nunca contei isso a ninguém, mas há oito ou nove meses eu

estava no Taj Mahal e vi Johnny Chan entrando. Ele se sentou nas mesas de $300-

$600. Todos os olhares se voltaram para ele. Pouco tempo depois, não havia mais

nenhuma mesa, porque todos os jogadores tinham ido assisti-lo. Alguns até jogaram

com ele, perdendo dinheiro apenas para dizer: “Eu joguei com o campeão mundial”.

E sabe o que eu fiz? Sentei com ele.

Joey Knish: Você precisa de 50 ou 60 mil dólares para jogar bem naquelas mesas.

Mike McDermott: Eu tinha seis mil, mas precisava saber.

Joey Knish: E o que aconteceu?

Mike McDermott: Eu joguei tight por uma hora, largando quase todas as mãos, e

então fiz minha jogada.

8 CardPlayer.com.br

Page 11: Card Player Brasil Digital - 8

9@cardplayerbr

Rounders - Cartas na Mesa (1998)Matt Damon, Edward Norton, John Turturro, John Malkovich e Gretchen Mol.

Produtora: Miramax FilmsDireção: John Dahl

Joey Knish: O que você tinha? Ases ou reis?

Mike McDermott: Nada. Lixo. Ele aumentou, e eu decidi que não me importava

com o dinheiro, apenas em tirá-lo da mão. E reaumentei.

Joey Knish: Você “voltou” nele?

Mike McDermott: Sim, e ele pegou as fichas e aumentou ainda mais, tentando me

ameaçar, como se eu fosse um maldito turista. Hesitei por dois segundos, mas reau-

mentei novamente. Ele fez um movimento em direção ao seu stack e depois olhou

para mim. Olhou para as cartas e para mim de novo, e desistiu. E eu puxei o pote.

Mike McDermott: “Você tinha mesmo?”, ele perguntou. “Me desculpe, John, eu

não me lembro”. Então, me levantei e fui ao caixa. Eu me sentei com o melhor do

mundo. E ganhei. ♠

Johnny Chan

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A

PROMETIDAÀ FORRARUMO

10 CardPlayer.com.br

pesar disso, o que me levou a escrever sobre este domingo, na verda-

de, foram os domingos anteriores. Incrivelmente, no Sunday Millions eu fiquei entre os 45 mais bem colo-cados há um mês, entre os 35 no domingo seguinte, entre os 30 há duas semanas e, na edição da sema-na passada, acabei caindo em 25º.

Antes que você pense “caraca, que animal! Quantos resultados bons!”, é preciso dizer que a parada não é bem assim, muito pelo contrá-rio. Quem está acostumado a jogar,

GRANDES CRAVADAS DEMORAM,

MAS CHEGAM

Escrevo esta coluna logo após uma cravada maravilhosa. Acabei de vencer o Sunday Warm-Up do PokerStars, em uma noite na qual eu tive uma das minhas melhores sessões nos últimos dois anos. Além do primeiro lugar em um Warm-Up com 3.500 jogado-res, consegui ficar entre os trinta melhores no Sunday 500, entre os dezoito no major de US$162, e em quinto lugar no 6-max de US$162 – que por sinal é bem casca. Foi uma reta online da qual eu vou me lembrar para o resto da carreira.

sabe a raiva que dá chegar tão perto de uma mesa final tão importante, de um prêmio tão alto, e acabar sendo eliminado. Ainda mais como na vez em que faltavam três mesas e eu perdi um all-in pré-flop de K-K para 10-10. Dei adeus a um pote enorme quando um dez bateu no turn. Aquilo me tirou parte do fígado.ANdRé AkkARI

@aakkari

André Akkari conquistou um bracelete de ouro na WSOP e é o único brasileiro no time de profissionais do PokerStars

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11@cardplayerbr

Assim é a vida do jogador pro-fissional de torneios. O que nos resta é jogar, jogar e jogar. Tomar bad beats, cair por cima, cair por baixo e por aí vai. Não é nada sim-ples atrelar tudo isso a um plane-jamento financeiro e psicológico, de modo que você não enlouqueça e ainda colha os resultados nos famosos médio e longo prazos.

Sinto informar, mas eu não trou-xe uma solução mágica para este problema. Só me resta dizer: “é assim mesmo”. Vida de jogador pro-fissional é dura, e muito pouca gente consegue viver sob tamanha pres-são. Porém, aqueles que conseguem cedo ou tarde colhem frutos magní-ficos como os que eu tive ontem.

Não existe dor causada por uma bad beat ou por uma eliminação na reta final que se compare ao pra-zer de uma bela cravada. É somen-te nisso que o profissional deve se concentrar, no pote de ouro no fim do arco-íris. Tente visualizar as gar-galhadas e a feliz gritaria que estão por vir quando o melhor aconte-cer. Foque naquele telefonema que você vai fazer para sua mãe, sua namorada ou seus amigos, dizendo: “Cravamooos”!

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12 CardPlayer.com.br

Para que isso aconteça, duas coisas são muito importantes. A primeira delas é gostar do jogo. É preciso amar o poker, independentemente da recom-pensa. Você deve ter prazer em apostar, dar raises, reraises e ganhar potes enormes. É necessário até mesmo adorar os coin flips. Esse amor pelo esporte, sem se preocupar com o valor da premiação, é o que gera os vencedores. São estes que acabam arrumando uma nota.

O outro fator é gostar de estudar o jogo. É funda-mental sentir-se bem ao estudar o poker. E isso quer dizer discutir mãos com os seus amigos todos os dias, sejam eles jogadores melhores ou piores do que você. É entender o que falta para o seu jogo chegar ao ponto de lucratividade imediata. É ter brilho nos olhos ao bus-car o melhor caminho para jogar uma mão, e imaginar o que os grandes jogadores fariam naquela situação. Enfim, é tentar enxergar o lado técnico do jogo sem se deixar influenciar pela emoção.

Depois de tudo isso, mesmo que você esteja em harmonia com esses dois aspectos, ainda será preciso aceitar que o jogo tem um fator aleatório importante, e também entender que seus movimentos não serão

recompensados imediatamente. E como isso dói.

É doloroso ver o river trazer uma daquelas duas cartas que não pode-riam ter batido, tirando de você a chan-ce de ganhar uma bolada, quando res-tavam meia dúzia de jogadores dentre os milhares que entraram no torneio. No final das contas, se você estiver entre os que sobreviveram ao esquema BOPE dos primeiros fatores, este últi-mo aspecto tem grandes chances de fazer você “pedir para sair”.

Page 15: Card Player Brasil Digital - 8

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Onde houver

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Page 16: Card Player Brasil Digital - 8

14 CardPlayer.com.br

A boa notícia é que, se você passar por todas estas provas de vida, de amor e de dedicação ao poker, ele vai lhe tratar bem e fazer de você um sujeito muito feliz. Depois da cravada de ontem, é exatamente assim que eu me sinto enquanto escrevo este artigo.

Antes que eu me esqueça, quero declarar a minha enorme satisfação por estar voltando a escrever para a CardPlayer, maior revista de poker do mundo. Depois de muitas conversas com o meu amigo Bruno Nóbrega, diretor de redação da casa, finalmente consegui me organizar para retornar a esta maravilhosa fonte de informações sobre o nosso esporte.

Agora que estou com a rotina de jogo e a vida empresarial devidamente planejadas, eu volto com tudo para a Card. ♠

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18 CardPlayer.com.br

RIO POKER TOURGRAN FINALE

Com a autoridade dos grandes torneios, o RPT teve sua grande final disputada em dezembro. Como dissemos ainda no início de 2011, a série que virou parada obrigatória no poker live foi uma grata surpresa. Crescendo a olhos vistos, o RPT ficou cada vez melhor e encerrou com chave de ouro sua primeira temporada

Apesar do buy-in mais caro em relação às etapas anteriores, as

expectativas para o RPT Grand Finale eram muito boas. A premia-

ção garantida de R$ 200.000 e a transmissão ao vivo da TV Poker

Pro eram atrativos a mais para que os jogadores fossem ao hotel

Royal Tulip, no São Conrado.

O primeiro dia de torneio reuniu 118 jogadores. Superar o re-

corde de 229 inscritos da 4ª etapa era questão de tempo. No field,

nomes como Marco “Salsicha”, André Doblas e Carlos Mavca eram

alguns dos que prometiam brigar pelo título até o final. Na mesa da

TV, Marco Cheida, o “M_Chacal”, fazia com que os telespectadores

não desgrudassem os olhos da tela por um segundo. Implacável, ele

se envolvia em sucessivos potes. E não levou mais que um nível de

blind até que ele eliminasse três jogadores e acumulasse um stack

considerável.

Outro que estava afiado era Vini Marques.

Com 80 big blinds, o irmão do genial apre-

sentador Vitão era o sexto em fichas quando

a organização anunciou o fim do Dia 1 A. A

liderança ficou com o carioca André “Boizão”,

que puxava a fila dos 43 sobreviventes com

impressionantes 115 big blinds.

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19@cardplayerbr

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20 CardPlayer.com.br

O Dia 1B confirmou o óbvio: recorde de público

e de premiação. Com 119 inscritos, o campeão teria

que superar outros 236 jogadores para levantar o

caneco da etapa e embolsar 55 mil reais. Os profis-

sionais Marcos Sketch, Stetson Fraiha e o “noseble-

eder” Gabril Goffi eram três dos responsáveis por

tornar o field ainda mais difícil.

Complementando o sucesso do evento, o

próprio Vini, junto com Vitão, André Akkari e os in-

tegrantes do Akkari Team comandavam a transmis-

são ao vivo da TV Poker Pro. Pelo salão, esbanjando

beleza e simpatia, circulava a nova apresentadora,

Juliana Kelling. Ela comandava as entrevistas ao

vivo, expondo curiosidades e fatos interessantes do

torneio.

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21@cardplayerbr

No domingo, dentre os 89 jogadores

que continuavam na disputa, 26 seriam

premiados. O bolha receberia como

prêmio de consolação um tablet – que

acabou indo para uma figura ilustre:

Nicolau Villa-Lobos, filho do guitarrista

Dado Villa-Lobos, da inesquecível Legião

Urbana. Com a queda de Nicolau, apenas

um jogador ainda tinha chances de tirar

o título da temporada do líder do ranking

Alexandre Rivero.

Na terceira etapa, Cláudio Jomary

havia conquistado o vice-campeonato.

Agora, para superar Rivero, ele precisaria

ficar entre os três primeiros. Missão nada

impossível, já que Jomary esteve sempre

entre os líderes desde os primeiros níveis

de blinds. Infelizmente para ele, o sonho

terminou de maneira dramática. Na

bolha da mesa final, o carioca foi elimi-

nado juntamente com “Salsicha”. Seu

carrasco foi ninguém menos do que Vini

Marques, que faria uma mesa final impe-

cável no dia seguinte.

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R$ 8.0009. Fernando Ferreira (sp)

7. André “Boizão” (RJ)

3. Marco Silva (RJ)

5. Fernando Stiebler (RJ) 4. Tiago Dutra (RS)

2. Myro Garcia (RJ)

6. Roberto Duek (RJ)

8. Jorge Pereira (AM)

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23@cardplayerbr

Em um ano de “justiça” para o poker

brasileiro, vimos jogadores como André

Akkari, Felipe Nunes, Flávio Reis e outros

tantos profissionais qualificados conquis-

tarem títulos de grandes torneios. Ponto

para a habilidade. Na etapa de encerra-

mento do RPT não poderia ser diferente.

Vini Marques mostrou por que seu

nome tornou-se tão conhecido Brasil

afora. Em um momento crucial da

FT, ele deu um belo fold com um par

de valetes, num flop em que a maior

carta era um oito. Aquilo foi um divisor

de águas, já que seu oponente, Myro

Garcia, tinha par de ases. Ali, com um

nível de confiança estratosférico, seria

difícil alguém lhe tirar o título. E não

tiraram. No heads-up, contra o próprio

Myro, levou apenas uma mão para Vini

conquistar o troféu com louvor. Festa

paulistana na cidade maravilhosa.

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24 CardPlayer.com.br

O empresário carioca Alex Rivero teve

um ano fantástico, coroado com o título da

primeira temporada do Rio Poker Tour. No

início de 2011, ele já havia ganhado 100 mil

dólares ao eliminar Phil Ivey em um torneio

comemorativo de aniversário da “Ivey Room”

– sala de cash game high stakes do cassino

Aria, em Las Vegas.

No RPT, Rivero conseguiu o incrível feito

de chegar entre os primeiros colocados em

três etapas consecutivas, aumentando em

mais R$ 60.000 seus ganhos no ano.

Por fim, o BSOP Million. Em um field

recheado de estrelas do online e do live,

ele cravou o evento High Roller, embolsou

R$ 101.000 e ainda garantiu a vaga do Main

Event da World Series of Poker 2012.

Um ano perfeito para o carioca, que

comemorou o título juntamente com o cam-

peão da etapa, Vini Marques, e toda a galera

da TV Poker Pro em uma pizzaria. E tem gente

que ainda diz que poker é sorte...

Campeão do Rio Poker Tour 2011Alexandre Rivero

FICHA TÉCNICARio Poker Tour Grand Finale – 200K GarantidosLocal: Hotel Royal Tulip (Rio de Janeiro - RJ)Data: 15 a 19 de dezembroBuy-in: R$ 1.050Field: 237 jogadoresPrize Pool: R$ 213.300Transmissão: tvpokerpro.com

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27@cardplayerbrpoker pics - rpt gran finale

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28 CardPlayer.com.br

arece que, num domingo desses, um parceiro que chamam de Diego Cara de

Cavalo, porque ele tem o rosto com-prido como o de um cavalo, forrou uma nota no poker online e decidiu dar um tirinho na mesa cara do Paradiso. E todo mundo sabe que precisa ter nervo e bala para dar um tirinho ali.

Bom, talvez o Cara de Cavalo tenha bala agora, mas já joguei várias vezes com ele para saber que nervo ele não tem. Esse não é o tipo de coisa que você desenvolve de um dia para o outro. Ou talvez nem dê para desenvolver. Quem tem nervo já nasce com ele.

A parceirada então gosta quan-do o Cara de Cavalo senta no jogo caro e pede 10 mil, afinal, não é sempre que um parceiro sem nervo engata ali. Mesmo quanto aparece rico que não sabe jogar direito, o sujeito sempre tem nervo, porque ninguém fica rico sem nervo. É um grande perigo sentar no jogo caro sem ter.

P

sou EU

@pedronogueira87

PEdRO NOgUEIRA

Pedro Nogueira é jornalista, já disputou torneios internacionais de poker, como a WSOP Europe, e é blogueiro da revista Alfa, da Editora Abril.

O SENHOR

Quando o Cara de Cavalo chega, há um cochicho entre a parceirada – não a do jogo caro, mas a das mesas pequenas – sobre a forra do Cara de Cavalo na internet. Um dealer diz para mim que ele cravou um torneio de 45 mil dólares, o que certamente não é nada mal, ainda mais para um parceiro limitado como ele. Mas todo mundo sabe que ele vai queimar essa grana mais rápido do que cigarro em boca de ex-fumante.

Se a parceirada da mesa peque-na já está sabendo da cravada do Cara de Cavalo, a da mesa cara tam-bém está, é claro. Eles vivem de ganhar dinheiro dos outros, e para fazer isso você precisa saber quem é que está forrado.

um conto de Pedro Nogueira

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Então, a parceirada decide aper-tar o Cara de Cavalo e acelera o jogo. Ninguém quer só 10 mil reais. Quer os 45 mil dólares. O “General” pede mais 50 mil de frente. Daí “Paulinho Cego”, que de cego não tem nada – ele ganhou esse apelido porque joga com um óculos de grau sem lente – pede outros 50 mil, e toda a mesa faz igual. É claro que o Cara de Cavalo faz a mesma coisa, porque ele sabe contar dois mais dois: se todo mundo tiver 50 mil na mesa e só ele tiver 10 mil, vai ser prensado.

Ali, da mesa pequena, estou olhando o jogo caro e vejo o Cara de Cavalo ficar amarelo quando assina o vale de 50 mil, o que é compreen-sível. Um parceiro que está acos-tumado a jogar na mesa pequena e engata no jogo caro sempre vai se sentir assim.

Estou tão concentrado no jogo caro e no Cara de Cavalo que fico des-ligado da minha mesa, e acabo per-dendo todas minhas fichas quando um parceiro quebra a minha trinca de damas com uma seguida no river. Mas eu não posso ficar nervoso, a culpa é minha. Se eu tivesse prestado atenção, nunca ia bater aquele nove no river. Todo mundo sabe que as cartas gostam de castigar parceiro distraído.

Já que quebro, deixo a mesa pequena do Paradiso e visito a minha prima, que tem um flat ali perto. Dá para ir a pé. A Prima não cobra barato, mas ela gosta de mim. Então, fico até as três da manhã no flat – e poderia ter dormido lá. Mas estou realmente curioso para saber se o Cara de Cavalo já perdeu tudo no jogo caro. Deixo a Prima dormindo e volto ao Paradiso.

E quem imagina que o Cara de Cavalo está numa forra daquelas, com quase 200 mil para frente? Sento na mesa pequena, e o dealer diz que o Cara de Cavalo está matan-do mais parceiro do que catapora, por isso só sobram cinco jogadores no jogo caro.

Bom, o General é ganhador e todo mundo sabe, então não é sur-presa que ele tenha 200 mil tam-bém. O resto da parceirada está short, mas ninguém quer largar o osso, porque enquanto há ficha na mesa, dá para forrar. E ficha tem demais. Cara de Cavalo e General, juntos, têm quase meio milhão. Não é sempre que você vê esse tanto de dinheiro, nem mesmo no jogo caro do Paradiso.

Com parceiro para trás e só cinco na mesa, a parceirada decide capar o baralho. Quando deixa só do sete para cima sai mais jogo e os potes ficam maiores. O dealer faz o que mandaram. É um golpe perigoso para todo mundo, porque você pode quebrar de vez ou enterrar todo o lucro da noite rapidinho.

30 CardPlayer.com.br

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32 CardPlayer.com.br

Logo na primeira mão, o General quebra um parceiro. Full contra full. E o sujeito vai embora com um vale de 120 mil nas costas. Agora, com 300 mil de frente, o General, que é nego véio, começa a apertar todo mundo e não dá descanso para nin-guém.

O dealer vira o sete de ouros, o nove de espadas e a dama de espadas no flop. O General sai atirando o pote e todo mundo foge, menos o Cara de Cavalo, que aumenta para 10 mil. O General paga e o dealer vira um oito de espadas no turn. É uma carta bem perigosa, porque no Omaha capado sempre bate straight flush.

O General aposta o pote de 30 mil e o Cara de Cavalo paga. Um parceiro me cutuca e vou lá assistir o pote. Todo mundo no Paradiso vai também. A dama de ouros bate no river, dando quadra. De novo,

o General sai atirando o pote de 90 mil. O Cara de Cavalo, sem pen-sar, aposta tudo, 235 mil. O General paga. Eu tô achando que o General fez flush e o Cara de Cavalo quadrou de dama no river.

O Cara de Cavalo abre a quadra de dama, como eu estava imaginan-do, e o General diz assim:

“O senhor ganhou”. O Cara de Cavalo dá um sorriso de cabide e vai metendo a mão naquele pote mara-vilhoso. Está todo mundo besta de ver um parceiro sem nervo como o Cara de Cavalo metendo a mão num pote de meio milhão. Só que aí o General fala:

“O senhor sou eu”. E abre o dez e o valete de espadas para um straight flush. O Cara de Cavalo parece um ovo de codorna de tão branco que fica. Desesperado, ele pega as cartas para encontrar um valete preto, o de

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33@cardplayerbr

paus. E todo mundo percebe que o Cara de Cavalo confundiu sua carta; achou que tinha o valete de espadas, que cortava o straight flush.

Depois que o Cara de Cavalo percebe a besteira que fez, fica ver-melho feito um pimentão. Não por causa da besteira, mas por causa do comentário do General. “O senhor ganhou” e “o senhor sou eu” é pior do que tapa na cara. Cara de Cavalo voa por cima da mesa no General, que até cai da cadeira. A parceirada precisa segurar o homem para aquele golpe não virar tragédia.

Um parceiro da mesa pequena, amigo do Cara de Cavalo, agarra o infeliz e o leva embora. O General levanta do chão e começa a juntar aquele Kilimanjaro de fichas. Mesmo

quando o Cara de Cavalo já está fora do Paradiso, ainda dá para ouvi--lo xingando o General, que de fato foi brutal no comentário. Mas todo mundo sabe que parceiro sem nervo em jogo caro dá nisto: forra para a parceirada. Só o Cara de Cavalo parecia não saber. ♠

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abra sua conta

Jogu

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Jogu

e po

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14929 We Are Poker Liv DPS - Card Player Mag PTBR.indd 1 14/03/2012 17:24

nós somos poker

Eu sou todos que alguma vez duvidaram de mimCada jovem tolo e babão

Cada velho desprezível

Eu estou aqui

Sua semelhante

Eu sou forte

14929 We Are Poker Liv DPS - Card Player Mag PTBR.indd 2 14/03/2012 17:24

Page 38: Card Player Brasil Digital - 8
Page 39: Card Player Brasil Digital - 8

a WSOP 2011, Lamb cravou um bracelete, conquistou

um vice-campeonato, chegou à mesa final no evento

de US$ 50.000 e ficou na terceira colocação no Main

Event. Ao todo, ele faturou mais de quatro milhões de

dólares apenas no verão de Las Vegas.

Aos 25 anos, o jogador de Tulsa, Oklahoma, atribui sua

fantástica ascensão na temporada passada à sua nova men-

talidade para o jogo: “Se eu tivesse ganhado um bracelete

antes, passaria três dias festejando com meus amigos. Nem

voltaria para os outros eventos”, afirma. “Ter concentração

total no jogo me ajudou demais. Eu estava jogando o meu

melhor, e ainda tive alguma sorte na hora em que foi preciso”.

DO ANOA BARBADA

N

BEN LAMB CONQUISTA O TÍTULO DE JOGADOR DO ANO DA CARDPLAYER MAGAZINE

Monstro nas mesas de cash games, e autor de um desempenho antológico na World Series do ano passado. Com uma bola tão cheia, o título de Jogador do Ano de 2011 da CardPlayer americana ir parar nas mãos de Ben Lamb acabou sendo uma barbada.

37@cardplayerbr

Page 40: Card Player Brasil Digital - 8

Sujeito pacato, Lamb foi apresentado

ao poker na adolescência. Curiosamente,

em um salão de sinuca. “Já na primeira

vez que joguei cartas com os meus ami-

gos, aquilo se tornou uma ‘guerra’ para

ver quem se dava melhor em diferentes

jogos que ninguém havia visto antes”.

No segundo semestre da faculda-

de, ele tomou a contestável decisão de

tentar viver de poker em tempo integral.

Largou tudo para trabalhar como dealer

em um cassino local. “Obviamente, foi

uma péssima escolha. Tive sorte de me

dar bem no poker. Milhares de pessoas

abandonam a faculdade para jogar; se

meia dúzia se dá bem, é muito. Não é

algo que vale a pena fazer se você joga

em limites baixos”, pondera Lamb.

Enquanto trabalhava como dealer,

ele guardava alguns trocados para o

bankroll online. E sempre quebrava.

Durante uma boa fase nos cash games de

pot-limit Omaha e no-limit hold’em na

internet, ele transformou 100 dólares em

90 mil. Mas a brincadeira acabou no dia

em que deu de cara com o temido Phil

Galfond.

Certa vez, os dois se enfrentaram

numa mesa de $25-$50 de no-limit

hold’em. Ao final, Lamb havia perdido

quase todo o seu bankroll. “Sempre

achei que tive influência na carreira de

38 CardPlayer.com.br

Page 41: Card Player Brasil Digital - 8

Phil Galfond. Talvez aquela minha noite insa-

na, do alto dos meus 19 anos, tenha criado

esse monstro. Ele deve tudo isso a mim”, diz

Lamb, com um sorriso de quem sabe que deu

a volta por cima.

Após retornar à estaca zero, Ben Lamb

conseguiu se reerguer. “Eu não era um bom

jogador, reconheço. Os jogos é que eram

fáceis o bastante para eu vencer de forma

consistente”. Apesar da recuperação rápida,

a fatiada sofrida para Galfond o fez agir de

maneira mais conservadora dali por diante.

Em 2006, ele ganhou quatro vagas para o

Main Event da WSOP, mas decidiu não jogar

porque achava o buy-in de dez mil dólares

caro demais.

EU NÃO ERA UM BOM JOGADOR, RECONHEÇO. OS JOGOS É QUE ERAM FÁCEIS O BASTANTE PARA EU VENCER DE FORMA CONSISTENTE”

Nos anos seguintes, Lamb foi um lobo solitário. Só depois

ele encontrou um grupo de amigos no poker, e a matilha o

apresentaria a novos conceitos do jogo. A confiança que a

experiência traz lhe rendeu um lugar entre os 200 melhores

do Main Event 2007. Dois anos depois, ele chegaria à mesa se-

mifinal do mesmo torneio, ficando em 14° lugar, sua primeira

aparição na reta final de um evento desse porte.

Lamb diz que não é lá muito bom em mixed games. Nada

mal para alguém que chegou à mesa final do Players Cham-pionship, principal torneio da modalidade, cuja entrada custa

50 mil dólares. Atualmente, Lamb mora em Las Vegas. E com

o estado de Nevada caminhando rapidamente para o resta-

belecimento do poker online, ele em breve terá a chance de

voltar a batalhar nos feltros virtuais. Seria também a chance

de vê-lo estampando um patrocínio no peito. “Quem sabe eu

não viro jogador do site de poker do Aria”, brinca.

Page 42: Card Player Brasil Digital - 8

40 CardPlayer.com.br

“ANTES DA WSOP, MUITOS DOS MEUS AMIGOS NÃO ENTENDIAM O QUE EU ESTAVA FAZENDO AQUI EM VEGAS. ACHAVAM QUE EU ERA UM DEGENERADO [...] QUANDO ME VIRAM NA TV, ENTENDERAM O QUE ESTAVA ACONTECENDO”

Lamb acredita que o poker online provavelmen-

te retornará mais rápido do que as pessoas pensam,

embora em grau mais limitado. Segundo ele, se um

projeto de lei federal for aprovado, o poker poderá

ficar melhor do que nunca. Isso, em termos de

popularidade, mas não de facilidade para vencer os

jogos.

Apesar de ter sido coroado Jogador do Ano, não

espere vê-lo passeando pelos torneios mundo afora.

Lamb pretende jogar apenas uns 15 eventos este

ano. “O retorno dos torneios não é lá essas coisas”.

Ele disse que ficou surpreso com o próprio de-

sempenho na temporada passada. “Ganhar o título

de Jogador do Ano da CardPlayer é espetacular,

pena que seja tão concorrido. Acho que não terei a

menor chance em 2012”, brinca Lamb.

Ainda no clima de descontração, ele confessa

que também se aventura no baccarat. “Jogo barati-

nho, só para me divertir. E sou o melhor do mundo.

Pergunte a qualquer um dos meus amigos”.

Apesar de viver à custa do tempo que passa

dentro de um cassino, alguns de seus amigos de

fora dos feltros não entendem a vida de um profis-

sional de poker. Foi necessário chegar à mesa final

do Main Event para colocar alguns pingos nos is.

“Antes da WSOP, muitos dos meus

amigos não entendiam o que eu estava

fazendo aqui em Vegas. Achavam que

eu era um degenerado”, disse Lamb.

“Quando me viram na TV, entenderam o

que estava acontecendo”.

O humilde e introspectivo Lamb

reconhece que há o elemento sorte no

poker. Porém, sendo uma das mentes

mais afiadas do jogo na atualidade, ele

logo compreendeu que alguns resultados

simplesmente devem ficar na gaveta do

acaso. Entretanto, ao se recusar a con-

sumir uma única gota de álcool durante

a WSOP, sua disciplina franciscana o fez

aprimorar sua ética de trabalho e o levou

a novos patamares na carreira.

Entre o garoto que irresponsavel-

mente largou a faculdade e o homem

que recebeu o título de Jogador do Ano,

o caminho que Ben Lamb percorreu aca-

bou levando-o ao lugar com que muitos

sonham, mas poucos alcançam: o topo. E

ao legítimo vencedor, todos os aplausos

são justos. ♠

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42 CardPlayer.com.br

26 anos

Reino Unido

Títulos: 0

Mesas Finais: 4

Dinheiro Ganho: US$ 2.289.194

Em 2011, Chris Moorman foi o cara

que mais ganhou dinheiro sem ter

cravado um título. Ele puxou mais

de dois milhões de dólares apenas

em eventos de Jogador do Ano, e

fez quatro mesas finais em grandes

torneios.

Principais resultados em 2011

2° lugar no Main Event da WSOPE

(US$ 1.101.520)

2º lugar no NL 6-Max

Championship da WSOP

(US$ 716.282)

TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011

CHRIS MOORMAN

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43@cardplayerbr

CARD PLAYER

OLEKSII KOVALCHUK

3º21 anos

Ucrânia

Títulos: 3

Mesas Finais: 5

Dinheiro Ganho: US$ 1.555.344

Kovalchuk teve um ano brilhante no

circuito de torneios, com três im-

pressionantes títulos. Ele venceu os

main events do Russian Poker Tour

Kiev e do Italian Poker Tour Nova

Gorica, ficou em terceiro no

Partouche Poker Tour e ainda cra-

vou seu primeiro bracelete

da WSOP.

Principais resultados em 2011

Campeão do NL 6-Max de US$ 2.500

da WSOP (US$ 689.739)

3º lugar no Partouche Poker Tour

(US$ 518.246)

Page 46: Card Player Brasil Digital - 8

44 CardPlayer.com.br

TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011

MARVIN RETTENMAIER21 anos

Alemanha

Títulos: 2

Mesas Finais: 13

Dinheiro Ganho: US$ 700.917

O jovem alemão chegou a nada

menos do que treze mesas finais

em 2011, o maior número do

circuito no ano passado. Essa

incrível consistência o deixou bem

colocado no ranking, apesar de ele

ter ganhado menos do que alguns

de seus colegas de lista.

Principais resultados em 2011

Campeão da France Poker Series

Paris Finale (US$ 332.470)

Campeão da Grand Poker Series

(US$ 54.713)

Page 47: Card Player Brasil Digital - 8

45@cardplayerbr

CARD PLAYER

SAM STEIN24 anos

EUA

Títulos: 2

Mesas Finais: 5

Dinheiro Ganho: US$ 2.028.637

Sam Stein teve o melhor ano de sua

carreira no circuito live, ultrapas-

sando seus ganhos e sua colocação

de 2010. Ele novamente chegou a

cinco mesas finais, mas desta vez

conquistou o seu primeiro grande

título, em um evento de pot-limit

Omaha da WSOP.

Principais resultados em 2011

4º lugar no Main Event do PCA

(US$ 1.000.000)

Campeão do Pot-Limit Omaha da

WSOP (US$ 420.802)

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46 CardPlayer.com.br

TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011

JASON MERCIER25 anos

EUA

Títulos: 3

Mesas Finais: 9

Dinheiro Ganho: US$ 2.241.726

Jason Mercier continua a provar

porque é um dos jogadores de

torneio mais respeitados do mun-

do. Ele teve mais uma temporada

impressionante, acumulando mais

de US$2 milhões ao conquistar

três títulos e chegar a nove mesas

finais.

Principais resultados em 2011

Campeão do PLO 6-Max da WSOP

(US$ 619.575)

Campeão do Five Diamond High

Roller (US$ 683.000)

Page 49: Card Player Brasil Digital - 8

47@cardplayerbr

CARD PLAYER

ELIO FOX25 anos

EUA

Títulos: 3

Mesas Finais: 3

Dinheiro Ganho: US$ 2.656.884

Elio Fox conseguiu a proeza de

chegar a três grandes mesas finais

e vencer todas, incluindo a do

Main Event da WSOP Europe. De

quebra, cravou a Bellagio Cup VII.

Definitivamente, esse nova-iorqui-

no teve um natal para lá de gordo.

Principais resultados em 2011

Campeão do Main Event da

WSOPE (US$ 1.900.000)

Campeão da Bellagio Cup VII

(US$ 669.692)

Page 50: Card Player Brasil Digital - 8

48 CardPlayer.com.br

TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011

GALEN HALL25 anos

EUA

Títulos: 1

Mesas Finais: 3

Dinheiro Ganho: US$ 3.004.198

Hall destacou-se no pelotão de

elite logo no começo da corrida.

Ao final, mostrou que não era um

cavalo paraguaio, e permaneceu

no Top 10 até o final da disputa.

Sua maior conquista em 2011 foi

o título do PokerStars Caribbean

Adventure. “Apenas” isso.

Principais resultados em 2011

Campeão do Main Event do PCA

(US$ 2.300.000)

3º lugar no WPT Championship

(US$ 589.355)

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CARD PLAYER

EUGENE KATCHALOV30 anos

UCRÂNIA

Títulos: 2

Mesas Finais: 7

Dinheiro Ganho: US$ 2.500.457

Em 2011, Katchalov quase con-

quistou a prestigiada “Tríplice

Coroa do Poker” em 2011, por

ter vencido dois eventos em três

grandes circuitos diferentes, e che-

gado bem perto do último com um

terceiro lugar no EPT Barcelona.

Ele ainda fez sete mesas finais. Em

uma delas, faturou US$1,5 milhão.

Como se não bastasse, cravou seu

primeiro bracelete da WSOP.

Principais resultados em 2011

Campeão do High Roller do PCA

(US$ 1.500.000)

3º lugar no EPT Barcelona

(US$ 453.812)

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50 CardPlayer.com.br

TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011

PIUS HEINZ22 anos

Alemanha

Títulos: 2

Mesas Finais: 3

Dinheiro Ganho: US$ 8.820.382

Pius Heinz ganhou o Main Event

da World Series of Poker 2011, o

torneio de poker mais importante

do universo. Precisa dizer mais

alguma coisa?

Principais resultados em 2011

Campeão do Main Event da WSOP

(US$ 8.711.956)

3º lugar de um evento de

US$ 1.500 da WSOP (US$ 83.286)

10º

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texto base: Dusty Schmidt

A

CARNE VERMELHAPARA UM LEÃO FAMINTO Dando Check Com Uma Ficha

ideia é bem direta. Em no-limit hold’em, quando o pote for mediano ou relativa-mente grande, você estiver fora de posição

e pedir mesa for a jogada padrão, às vezes vale a pena fazer uma aposta fraca (geralmente, o valor mínimo) em vez de dar um check óbvio. Contanto que o pote seja razoavelmente grande em relação ao tamanho da apos-ta, quase não há risco adicional. Sem falar que você terá algumas vantagens:

Seu oponente pode dar fold diante da aposta míni-ma. Se, digamos, você tiver uma queda que não bateu, mas seu oponente tiver uma queda que não bateu ligeiramente melhor, fazê-lo desistir com uma aposta mínima é uma grande vitória.

Ele pode dar apenas call com uma mão que teria apos-tado pelo valor se você tivesse dado check. Neste caso, sua aposta mínima funciona como uma blocking bet.

Você já ouviu falar em dar check usando uma ficha? Isso não acontece com muita frequência, mas é uma das minhas jogadas favoritas. E pode ser uma forma interessante de chegar ao showdown ou de con-seguir muita informação gastando pouco.

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Talvez ele entenda que a sua aposta mínima seja uma demonstra-ção de fraqueza e dê raise blefando. Contra alguns jogadores, uma apos-ta leve induz um blefe com mais frequência do que um check. Se você quiser que seu oponente blefe, esse pode ser um caminho.

Dê uma olhada neste exemplo de “check com uma ficha”:

Vamos supor uma mesa de $5-$10 de no-limit. Você recebe A♣J♦ no big blind, seu oponente dá raise do button para $40. Todos dão fold, e você paga do big blind.

O pote é de US$85 e vocês veem o flop em heads-up, cada um com um stack de 100 big blinds. O flop vem 6♦J♠Q♦. Você sai apostando US$60, seu oponente paga. Com US$205 no pote, o turn traz um 2♥ e você aposta de novo, US$150, e ele dá call.

O river traz um 3♥, e você agora está em uma situação muito traiço-eira. Seu oponente pode ter várias mãos, e as suas opções naturais não

parecem muito boas. Se você dis-parar dois terços do pote no river, essa aposta pelo valor pode se voltar contra você, já que existe uma real possibilidade de o oponente ter uma mão melhor.

Se você der check no river, e seu oponente apostar, você não faz ideia se ele tem uma queda que não bateu, como K-T, T-9, ou uma queda para flush. Ele também pode estar apos-tando pelo valor com uma mão do tipo top pair, que derrota, por pouco, seu segundo par com top kicker. Você pode até tomar a decisão certa ao dar ou call ou fold, mas certamen-te não será uma escolha feita com muita confiança.

Usar uma ficha para extrair valor ou conseguir informação é uma das minhas jogadas favoritas”

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Mas e se você simplesmente apostar US$10 no river? Se uma mão como K-Q lhe pagar, você só perde um big blind. Se ele der call com uma mão pronta pior, provavelmente teria dado check no river se você tivesse feito isso também, ou fold diante de uma aposta de dois terços do pote. Nesses casos, você acaba ganhando US$10.

Levando em conta a ação na mão até agora, é muito pouco provável que seu oponente esteja fazendo slowplay com um monstro. Com um bordo tão cheio de quedas, os jogadores raramente fazem isso. A parte forte da gama dele ser algo como K-Q ou Q-T. É pouco provável que mãos assim deem raise pelo valor. Portanto, se você tomar raise depois de apostar uma ficha no river, é quase certo que ele tem uma dessas quedas que não bateu. Neste caso, você deve estar ganhando. Dê call, ainda que seja em um all-in.

Há quem argumente o seguinte: con-tra uma aposta de uma ficha no river, alguns jogadores muito bons das mesas mais caras darão raise pelo valor com uma mão como K-Q. Mas é bem provável que, se você tivesse dado check no river, ele apostasse pelo valor com algo como K-Q do mesmo jeito.

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Considerando o grande número de quedas que não bateram com as quais ele pode estar blefando no river, seria dificílimo conseguir um fold. Além disso, poucos jogadores são capazes de dar esse raise. Ao se deparar com um deles, você pode tomar iniciativa com mãos como trincas e dois pares, e esperar como resposta um raise light pelo valor.

Como eu disse, usar uma ficha para extrair valor ou conseguir informação é uma das minhas joga-das favoritas. Por acontecer no river, ela se torna muito mais valiosa do que outras nas quais o pote é menor. Quando a ação terminar, o pote estará entre médio e grande. A menos que você esteja enfrentando os melhores do mundo, essa é uma jogada vantajosa.

Você quase nunca pagará uma aposta alta no river quando estiver perdendo. E ainda terá a chance de ganhar um pote bem grande, pois a maioria dos oponentes sim-plesmente não consegue se ren-

der diante de uma ficha apenas. É como carne vermelha para um leão faminto. Ele avançará com raises, talvez até um all-in, usando a maior parte da sua gama, com exceção das mãos que você derrota. E o pote só cresce se você quiser. Esta é a beleza da jogada. ♠

Você quase nunca pagará uma aposta alta no river quando estiver perdendo. E ainda terá a chance de ganhar um pote bem grande, pois a maioria dos oponentes simplesmente não consegue se render diante de uma ficha apenas”

dUsTy sCHMIdT

Dusty “Leatherass” Schmidt é instrutor no DragTheBar.com. Ele já disputou cerca de 7 milhões de mãos online e ganhou mais de $3 milhões de dólares.

dusty.schmidt

@dustyschmidt

56 CardPlayer.com.br

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DAS PISTAS

AOS FELTROS

60 CardPlayer.com.br

paixonado por velocidade, flamenguista fanático e já vestiu as cores do time de profissionais

do PokerStars. É fácil identificar o sorriso largo de Gualter Salles em meio às pequenas multidões que frequentam os eventos dos quais ele participa, sejam de automobilismo, de futebol ou de poker.

Aos 41 anos, sendo mais da metade dedicados ao automobilismo, “Gualti-nho” é casado e tem um casal de filhos. Competidor nato, sua imagem fortalece a legitimação do poker como esporte, que é algo inerente à sua carreira e à sua vida.

Conversamos com Gualter Salles durante sua estadia nas Bahamas, no PCA, logo após sua decisão de manter o foco profissional apenas na Stock Car. Conheça algumas das histórias desse atleta de alta combustão.

Gualtinho, você é um sujeito que

claramente se preocupa com seu condi-

cionamento físico e mental, algo típico

de atletas profissionais. Quando come-

çou sua história como esportista?

Sempre fui apaixonado por automo-

bilismo. Aos sete anos, eu já assistia a

todas as provas da Fórmula 1. Quando

completei dezesseis, pintou a oportuni-

dade de correr de kart. Logo na minha

primeira corrida, cheguei em 5º lugar. Na

terceira, eu ganhei. Então, meu pai ficou

bem empolgado, e eu também.

A

por Marcelo Souza

Page 63: Card Player Brasil Digital - 8

DAS PISTAS

AOS FELTROS

61@cardplayerbr

Aí começou a luta para conseguir

patrocinadores e ir subindo de categoria.

Fui do kart para a Fórmula Ford, depois

para a Fórmula Open europeia, em que

eu fui vice-campeão europeu, venci o

grande prêmio da Inglaterra na Fórmula

3 inglesa. Depois disso, eu me tornei pro-

fissional e me mudei para os EUA, onde

comecei a correr na Indy Lights [catego-

ria de acesso para a Fórmula Indy]. Venci

três provas logo no meu primeiro ano e

já fui contratado pela Fórmula Indy, na

qual disputei seis temporadas.

Page 64: Card Player Brasil Digital - 8

Depois voltei ao Brasil, à Stock Car.

Comprei uma equipe e comecei a com-

petir. Naquela época eu já vislumbrava

que, quando eu me aposentasse, conti-

nuaria no automobilismo. Atualmente,

comando umas das principais equipes

do campeonato, a Vogel Motorsport,

e estou sempre presente em todas as

provas da categoria. Quando você não

me encontrar na Stock, é porque estou

em um evento de poker. (Risos)

Você utilizava o número 99 quando

corria pela Stock Car, tanto que seu nick

no PokerStars já foi “stockcar99”. Existe

alguma mística por trás desse número?

Eu tive um amigo canadense, Greg

Moore, que era piloto da Formula Indy.

Ele faleceu em um acidente. No instante

daquela tragédia, o pai dele estava ao

meu lado. Quando entrei para a Stock

Car, escolhi o 99 para o meu carro em

homenagem a ele. Curioso é que,

quando sofri aquele acidente em Buenos

Aires, corria com esse número. Esse tam-

bém era meu nick no PS até o momento

em que me tornei Team Pro. Mudei por

força de contrato.

Page 65: Card Player Brasil Digital - 8

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Aquele acidente impressionante

aconteceu no final de 2006. Um ano de-

pois, você anunciava sua aposentadoria

como piloto profissional. O ocorrido na

prova de Buenos Aires influenciou sua

decisão de alguma forma?

Foi um acidente muito sério. Real-

mente me marcou. Tive outros acidentes

durante a minha carreira, mas graças a

Deus, nunca quebrei um dedo. Aquele foi

diferente. Eu já tinha 36 anos, imaginava

que ainda correria por mais seis ou sete.

Na época, eu já estava no poker e tinha

minha própria equipe na Stock. Decidi

parar e me dedicar à carreira nos feltros.

Hoje, continuo no automobilismo, mas

como dono de equipe.

Sempre fui apaixonado por automobilismo.

Aos sete anos, eu já assistia a todas

as provas da Fórmula 1”

Page 66: Card Player Brasil Digital - 8

64 CardPlayer.com.br

“Foi um acidente muito sério. Realmente me marcou [...] Graças a Deus, nunca quebrei um dedo”.

Sabemos que pilotos profissionais normal-

mente adoram jogar poker, caso do Thiago

Camillo e do Rubens Barichello. No seu caso,

como você conheceu o jogo?

O poker que eu conheci era aquele antigo,

de cinco cartas [Five Card Draw]. Comecei a jogar

quando tinha uns 10 anos. Meu pai tinha uma

roda de amigos que jogavam na nossa casa uma

vez por semana. Eu ficava olhando, mas meu pai

não me deixava participar, falava que não era coi-

sa de criança (risos). Então comecei a jogar com

os meus amigos, usando feijões e moedas. Desde

então, não parei mais.

Quando eu morava na Inglaterra, jogava com

outros pilotos. Se não fosse poker, era truco ou

buraco. Na minha vida, sempre tive contato com

as cartas. O poker competitivo, o Texas Hold’em,

no caso, comecei primeiro assistindo na ESPN, em

2004 ou 2005. O interesse começou a aumentar e

eu comprei a trilogia do Dan Harrington [publi-

cada no Brasil pela Raise Editora] para aprender

mais sobre o jogo.

Em 2006, abri minha primeira conta no

PokerStar. No ano seguinte vim direto para as

Bahamas, jogar o PCA. Eu não sabia jogar direito,

mas tinha um apartamento em Miami, que é

praticamente do lado. Lá, joguei um satélite e

consegui a vaga para o Main Event. No mesmo

ano, fui jogar minha primeira WSOP, o evento

principal. Fazia sete ou oito meses que eu jogava,

mesmo assim consegui minha primeira premia-

ção. Terminei em 447º e ganhei 30 mil dólares.

Dali em diante, tudo que aparecia eu jogava –

EPT, WPT etc. E o poker passou a fazer parte da

minha vida.

E o PokerStars, quando entra nessa história?

Em 2008, quando eu era piloto profissional

e comentarista do SporTV. Eu tinha apelo na

mídia. Então, eu estava jogando em uma mesa,

e o manager do Stars no Brasil à época se

apresentou e me perguntou se eu gostaria de

jogar patrocinado pelo site. Mesmo sendo como

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65@cardplayerbr

“Friends of PokerStars”, para mim foi

ótimo. Só depois eu me tornei “Team Pro”.

Como eu nunca me senti um profissional

do poker, pedi para mudar de categoria

quando chegou a hora de renovar o

contrato. Preferi ser “Team Sport Stars”,

algo intermediário entre os dois anteriores.

E assim permaneci por dois anos.

Sendo alguém que respira esporte,

imagino que você tenha alguns ídolos.

Quem são as pessoas que lhe inspiram

como competidor?

Ídolo mesmo, o único que tive foi o

Zico. Tive não, porque ainda sou fã do

“Galinho”. No poker, existem grandes

jogadores que eu admiro.

Tem o André Akkari, que inclusive é

meu sócio na TV Poker Pro. Sem falar em

Caio Pimenta, Thiago Decano, Mojave. Lá

fora, o Jason Mercier, o Bertrand “Elky”

Grospellier e o Daniel Negreanu. Tem

outro que eu também admiro muito.

Inclusive, é alguém com quem eu me

identifico bastante, tanto no estilo de

jogo quando no comportamento: John

Juanda. É um cara discreto, na dele, e

dificilmente tem uma explosão de alegria

ou de raiva.

Page 68: Card Player Brasil Digital - 8

CardPlayer.com.br 66

No automobilismo, sempre fui

torcedor do Nelson Piquet. Na época que

eu acompanhava, ele já era campeão, e

sempre torci muito para ele. Depois veio

o Ayrton Senna. Para mim, o maior de

todos.

Quanto ao Piquet, eu me decepcionei

um pouco depois que vi algumas decla-

rações dele. Ele desrespeitou pessoas

como o Rubinho, dizendo que ele era

mais lento do que os pilotos de ponta da

categoria, e o Nigel Mansell, falando que

a mulher do cara era feia e não sei mais o

quê. Até o Senna ele cutucou, insinuando

coisas sobre sua sexualidade. Apesar de

eu não ser torcedor do Ayrton Senna na

época, hoje eu admiro mais as atitudes e

a história dele.

Atualmente, meu piloto favorito na

F1 é o Lewis Hamilton. O Rubinho é meu

irmão, fui padrinho de casamento dele,

mas, hoje, quem eu mais admiro na F1 é

o Hamilton.

No poker, o primeiro nome que você

citou foi o de André Akkari. Quando ele

conquistou o bracelete em Las Vegas, no

ano passado, um dos mais emocionados

era você. Como foi que começou essa

amizade?

A gente se conheceu no clube Paradi-

se de São Paulo. Não éramos do time do

PokerStars naquele tempo. Depois que

fomos contratados pelo site, acabamos

nos tornando grandes amigos. Mesmo

com a minha saída do PS, essa é uma

amizade que eu vou levar para o resto da

minha vida.

Você disse que não se considerava

um estudioso do poker. Mesmo assim,

seus resultados têm sido significativos,

com boas premiações online, e também

ao vivo, na WSOP, no EPT e por aí vai. A

que você atribui isso?

É uma série de fatores. Joguei muito

poker online. Durante uns três anos,

entrava em pelo menos 40 torneios por

semana. Não sou daqueles que abrem

15 mesas ao mesmo tempo, no máximo

quatro, mas durante 10 ou 12 horas.

Neste tempo, passei da casa de

US$ 1.000.000 em premiações.

Acho que a melhor maneira de se

desenvolver é jogando. Se você é uma

pessoa inteligente, vai aprendendo com

seus erros, vai aprendendo coisas novas.

E foi assim, na prática, tanto online como

ao vivo. Conversar com outros jogadores

também é importante, discutir mãos,

isso ajuda bastante.

Page 70: Card Player Brasil Digital - 8

68 CardPlayer.com.br

Esta semana você tomou uma deci-

são que pegou muita gente de surpresa,

quando anunciou sua saída do Poker

Stars. Qual o porquê dessa decisão e qual

o balanço você faz da sua trajetória no

site ao longo desses cinco anos?

Na verdade, foi algo que eu já vinha

planejando. Sempre dividi meu tempo

entre a Stock Car e o poker. Eu estava no

site fazia cinco anos, e achei que não era

hora de assumir compromissos de datas

e metas com o PS. Minha fonte de renda

principal nunca foi o poker. Então, resolvi

me dedicar à minha equipe da Stock Car

neste ano e no futuro próximo.

E só tenho coisas boas para falar

de todas as pessoas que eu conheci no

PS. Aprendi muito, tive muitas opor-

tunidades de jogar grandes torneios e

consegui bons resultados em todos eles.

Fiz muitos amigos mundo afora e vou

continuar a jogar poker online e ao vivo.

Só não quero ter isso como um compro-

misso profissional. Minha saída do PS foi

bastante tranquila, de comum acordo. É

provável que eu ainda participe de even-

tos do site, mas sem compromisso.

Agora que você está voltando seu

foco apenas para o automobilismo,

quais lições acredita que levará do feltro

para o asfalto? E quais você trouxe do

poker para as corridas?

Existem certas coisas que eu trouxe

para o poker que se deve ter no auto-

mobilismo o tempo todo: paciência,

disciplina e concentração. Se você toma

uma ultrapassagem ou erra uma curva e

perde o controle emocional, já era. Fa-

talmente, vai ser ultrapassado. É preciso

aprender a controlar as emoções, e eu

acho que consigo fazer isso muito bem.

No poker, você deve ter frieza para não se deixar abalar por uma

bad beat. Se você perder o controle, acabará entregando todas as suas

fichas. Isso é difícil mesmo, principalmente na internet. Se você pega

uma sessão em que apanha do baralho o tempo todo, acaba tiltando. A

minha experiência no automobilismo me ensinou a ter esse controle. Eu

não deixo minhas decisões serem influenciadas pela emoção.

O poker lhe ensina a usar bem a matemática e a constantemente

analisar todos os fatores antes tomar decisões. Como dirigente de

equipe, isso me ajuda nas estratégias de corrida, para saber o que pode

dar certo ou errado. E essas escolhas têm de que ser feitas rapidamen-

te. O poker deixa a sua mente mais rápida, isso é muito útil na hora de

acertar o carro ou de definir uma tática de pit stop, por exemplo.

Page 71: Card Player Brasil Digital - 8

69@cardplayerbr

Fique a vontade para deixar sua men-

sagem a todos os jogadores do Brasil.

Bem, fico muito feliz de ser um

dos pioneiros do nosso esporte. Eu me

lembro de quando comecei, no tempo

dos torneios baratinhos em São Paulo,

da época em que conheci o Akkari. Eram

30 ou 40 jogadores. Hoje, a gente vê os

resultados sendo colhidos, online e ao

vivo. Fico muito feliz de ter participado

ativamente disso. De ver o quanto se

transformou o cenário brasileiro, com

BPT, LAPT, BSOP. De ver os torneios

regionais crescendo.

Como uma pessoa do esporte, é

extremamente gratificante poder mos-

trar que o poker é um esporte saudável,

disputado por pessoas saudáveis. Fico

feliz por poder ter ajudado a acabar com

aquela impressão errada que muitos

tinham do nosso esporte. Ter contribuído

com tudo isso é realmente gratificante. ♠

Page 72: Card Player Brasil Digital - 8

CardPlayer.com.br 70

Jack “Treetop” Straus ganhou o Main

Event da WSOP 1982 depois de ter ficado

com apenas uma ficha, daí aquela máxima

de que “para jogar poker, basta uma ficha e

uma cadeira”. Você passou por uma situação

bem parecida. Como foi essa história?

Foram mais ou menos 7.000 inscritos

naquele torneio. Já estávamos In The Money,

restando uns 500 jogadores. Eu tinha pouco

mais de 220.000 fichas, e os blinds e antes

estavam em 4.000-8.000/1.000.

Eu tinha J♠J♣ e meu oponente, 8♠9♥. O

bordo mostrava K♣9♦9♣4♦. Ele perguntou

quantas fichas eu ainda tinha. Eu contei e

falei 106.000, mas me esqueci da ficha de

1.000 que eu estava usando como protetor

de cartas. Ele então anunciou uma aposta de

106.000.

Eu já tinha colocado mais da metade do

meu stack na mesa, e dei call. Todos pensa-

ram que tinha sido all-in e mostramos as car-

tas. Depois que a crupiê, uma senhora para

lá dos seus 70 anos, virou um 5♦ no river, eu

já estava com minha mochila nas costas. Mas

ela me chamou e disse: “Olha, sobrou uma

ficha aqui, porque ele falou 106 e você tinha

107”. Fiquei com apenas um ante.

Coloquei o ante, sentei e nem olhei

as cartas. Um cara deu raise, outro voltou

reraise e apresentou A-J. Eu tinha A-2, e veio

o dois. Fiquei com 9.000 fichas, olhei minhas

cartas e vi 8-2. Fold. Caí para 8.000, que era

apenas um blind.

GUALTER SALLES, UMA FICHA E UMA CADEIRAA história da incrível reação na WSOP 2010,

contada pelo próprio autor do feito.

Na jogada seguinte, eu era o UTG e

sai com um par pequeno. De quatro ou

de seis, não me lembro. Foi tudo para

o pano e o parzinho segurou! Fui para

24.000 fichas.

Logo em seguida, A-K no big blind.

Raise de um, call de outro, e eu fui all-in.

O cara que abriu raise foi all-in por cima

e mostrou 7-7. Ganhei o flip e fui para

mais de 70 mil.

Na mão seguinte, A-K de novo. Dobrei

novamente. Fui para quase 200 mil. Uma

hora depois, eu tinha A-A versus A-Q de

Gregory Gokey. Subi para 405.000, elimi-

nei o Gokey e voltei para o jogo. Acabei

passando para o Dia 6 do Main Event com

939.000 fichas, consegui chegar na 117ª

colocação e ganhar US$ 57.102. ♠

Page 73: Card Player Brasil Digital - 8

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Page 76: Card Player Brasil Digital - 8

CardPlayer.com.br 74

BSOPBrazilian Series of Poker

Como na última etapa do ano passado, o

hotel Holiday Inn Anhembi foi o palco do BSOP

São Paulo. Depois de vários profissionais terem

declarado publicamente que não jogariam o

torneio por causa da nova legislação sobre

recebimento de prêmios, a expectativa era de

que o field fosse menor do que de costume

para os padrões da capital paulista -- e

realmente foi. Ainda assim, 248 jogadores

compareceram ao primeiro dia da parada mais

tradicional da série. Entre os participantes, Tito

Feltrin, Alex Rivero e Gabriel Otranto.

No sábado, Dia 1B, nomes como André

Akkari, Felipe Mojave e o casal Alessandra e

Sérgio Braga estavam entre os 309 inscritos.

Com um field total de 558 jogadores e uma

prize pool de quase 850 mil reais, os temores

sobre um possível fracasso do torneio logo

caíram por terra.

Mesmo diante da polêmica em torno das novas regras tributárias, a etapa de abertura do campeonato brasileiro de

poker mantém o tradicional brilho e distribui quase um milhão de reais no evento principal

Com 67 classificados na sexta e 90 no

sábado, 157 jogadores seguiram na busca

pelo título. Puxando a fila, Larissa Metran

(128 big blinds) e Emerson Baroni (102 big

blinds). E, em razão da nova estrutura, com

mais níveis de blinds e um stack inicial 25%

maior, o domingo terminou com treze sobrevi-

ventes em vez dos tradicionais nove.

Contrariando as expectativas, a mesa

final foi formada rapidamente na segunda-

feira. Depois de duas eliminações, Marcelo

Jensen e Emerson Baroni também não

demoraram a cair, praticamente ao mesmo

tempo. Menos de uma hora depois, os final-

istas estavam definidos. Entre eles, Larissa

Metran, em sua terceira mesa final da série,

e Rafael Caiaffa, buscando o feito inédito de

conquistar duas etapas do BSOP.

Etapa São Paulo

Page 77: Card Player Brasil Digital - 8

Imprevisível e estranha: assim seria

a primeira mesa final do ano. Logo no

início da disputa, Rafael Caiaffa acertou

um full house contra Jhon Rua e Alex

Kim. Jhon me disse, depois, que tinha

par de reis e ficou bastante aliviado ao

ver as cartas de Caiaffa. O paulistano

Kim não teve tanta sorte. Com uma

trinca, ele não deu crédito ao all-in do

mineiro no river e viu seu gigantesco

stack ser reduzido a apenas um pu-

nhado de big blinds. Sem conseguir se

recuperar do golpe, ele acabou sendo o

primeiro eliminado.

Mesa Final

A próxima eliminação veio num verda-

deiro cooler. Em uma guerra de blinds, Victor

Dermendjian não acreditou quando o oponente

pagou seu all-in e mostrou K-K. Segurando

Q-Q, ele apenas lamentou a eliminação.

Mais um cooler. Desta vez, o protagonista

da situação inescapável foi Paulo Novaes, que

viu seu A-Q bater de frente com o par de ases

do amazonense Odaly. Resultado? Mais um

jogador da casa eliminado.

As próximas eliminações foram doloro-

sas. A profissional do Steal Team, Larissa

Metran, entrou short-stacked na mesa final,

mas chegou a dobrar. Infelizmente para a

goiana, o próximo all-in em que se envolveu

foi contra Jhon Rua, e aquela era a noite do

colombiano. Com A-Q, ela viu dois cincos

aparecerem no flop, dando uma trinca para

o A-5 do seu adversário.

Page 78: Card Player Brasil Digital - 8

Rodrigo Alemão

Vitor Torres

Odaly dos Santos

Paulo Novaes

Larissa Metran

Page 79: Card Player Brasil Digital - 8

@cardplayerbr 77

Mas o baralho não parou de aprontar. Buscando o inédito

bicampeonato do BSOP, Rafael Caiaffa colocou todo seu stack

no pano contra Rodrigo “Alemão”. Ambos apresentaram A-Q,

mas três cartas de ouro no bordo deram o flush e o pote para

Rodrigo. Fim da linha para o mineiro. E com a eliminação de

Odaly para Jhon, restavam apenas três competidores, e muita

água para rolar.

A partir dali, confesso que poucas vezes presenciei tantas

bizarrices no poker – do baralho, não dos jogadores. Um show

de bad beats e coin flips ganhos de um lado e de outro fizeram

com que o torneio se prolongasse madrugada adentro. Final-

mente, depois da eliminação de Rodrigo “Alemão” na terceira

colocação, estava formado o heads-up.

O duelo final não foi muito diferente da batalha a três.

Confesso que perdi as contas lá pelo quinto all-in/call. Flop, turn

e river faziam mãos favoritas se tornarem lixos, e stacks de três

big blinds se multiplicarem exponencialmente. No fim, depois

do heads-up com mais “all-ins” da história do BSOP, Jhon Rua

conquistou o título de maneira dramática.

Segurando A♠K♦ contra 10♥10♠ de Vitor Torres, ele

já lamentava mais uma indefinição com o bordo mostrando

J♠Q♣6♠Q♦. Então, um J♣ apareceu no river, e demorou alguns

segundos para que ele percebesse que o par do seu adversário

havia “sumido”. Fim do duelo. E, a exemplo do ano passado,

quando Marcelo Jensen cravou a etapa do Rio Janeiro, o pri-

meiro troféu do ano do BSOP foi levantado por mãos gringas. ♠

Resultado Final

1. Jhon Rua (Colômbia) - R$ 185.8002. Vitor Torres (SP) - R$ 114.500

3. Rodrigo “Alemão” (SP) - R$ 81.0004. Odaly dos Santos (AM) - R$ 59.700

5. Rafael Caiaffa (MG) - R$ 45.0006. Larissa Metran (GO) - R$ 32.700

7. Paulo Novaes (SP) - R$ 24.5508. Victor Dermendjian (SP) - R$ 19.450

9. Alex Kim (SP) - R$ 14.700

Rafael Caiaffa

Alex Kim

Victor Dermendjian

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Ficha Técnica1ª Etapa do Brazilian Series of PokerData: 26 a 30 de janeiroLocal: Hotel Holiday Inn Anhembi (São Paulo – SP)Buy-in: R$ 1.800Field: 558 jogadoresPrize Pool: R$ 848.160

Eventos Paralelos

1. Paulo César Figueiredo (PA)2. Tony (AM)3. Caio Mendes (GO)

1. Abílio Monteiro (GO)2. Hiran Bass (Al)3. Antônio Isidro (SP)

1. Alverto Santana (AM)2. Signei Bandiera (MS)3. César Macedônia (SP)

1. Roberto Motta (SP)2. Rafael Rodrigues (SP)3. Marcos Maveryque (SP)

Pot-Limit Omaha

Second Chance

High Holler

Last Chance

81 Jogadores

112 Jogadores

34 Jogadores

96 Jogadores

Page 81: Card Player Brasil Digital - 8

REBUY

PARA QUEM VIVE O POKER

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Poker Pics

80 CardPlayer.com.br

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BSOP - SÃO PAULO