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CARLOS EDUARDO DE ANDRADE MARCHI AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA COLEÇÃO “HISTÓRIA, SOCIEDADE & CIDADANIA” (PNLD 2017). Linha de Pesquisa Linguagens e Narrativas Históricas: Produção e Difusão UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE GEOGRAFIA, HISTÓRIA E DOCUMENTAÇÃO CUIABÁ-MT Março de 2020

CARLOS EDUARDO DE ANDRADE MARCHI AS TECNOLOGIAS DE … · 2021. 7. 21. · realizamos uma análise da proposta “Blog da Turma” presente na coleção e ainda apresentamos um tutorial

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CARLOS EDUARDO DE ANDRADE MARCHI

AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA COLEÇÃO

“HISTÓRIA, SOCIEDADE & CIDADANIA” (PNLD 2017).

Linha de Pesquisa

Linguagens e Narrativas Históricas: Produção e Difusão

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE GEOGRAFIA, HISTÓRIA E DOCUMENTAÇÃO

CUIABÁ-MT

Março de 2020

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CARLOS EDUARDO DE ANDRADE MARCHI

As Tecnologias de Informação e Comunicação na Coleção “História, Sociedade &

Cidadania” (PNLD 2017).

Dissertação apresentada à Banca Examinadora de Mestrado

Profissional em Ensino de História em Rede Nacional –

núcleo Universidade Federal de Mato Grosso – como

requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ensino

de História.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Vilas-Bôas Trovão

CUIABÁ-MT

Março de 2020

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RESUMO

Procuramos compreender neste trabalho a temática envolvendo a questão das Tecnologias

de Informação e Comunicação (TICs) e o Ensino de História. Para isso analisamos a

maneira como ocorreu a inserção de sites e blog na Coleção didática “História, Sociedade

& Cidadania” de Alfredo Boulos Júnior, 2015, 3ª edição, publicada pela Editora FTD,

destinada aos anos finais do Ensino Fundamental e presente no catálogo do Programa

Nacional do Livro Didático (PNLD) do ano de 2017. Utilizamos como fonte de pesquisa,

o livro identificado como Manual do Professor, dos quatro anos/fases do ensino

fundamental II, devido esse apresentar, em um único volume, os componentes

direcionados aos estudantes e os materiais de apoio aos docentes. No primeiro capítulo,

partimos do referencial teórico/metodológico de historiadores da Nova História como

Robert Darnton para problematizar a questão das tecnologias de informação e

comunicação e Roger Chartier para a problemática dos livros e de sua leitura ao longo da

História. Ainda nessa parte, as pesquisas no campo do ensino de História e as referentes

aos materiais didáticos de História tiveram como base principal os trabalhos de Alain

Choppin e Circe Bittencourt. No segundo capítulo procuramos apresentar uma

caracterização mais detalhada da coleção, analisando alguns de seus aspectos formais e

as primeiras páginas dos livros, focamos também na atuação da Editora FTD, produtora

do material e de seu autor Alfredo Boulos Júnior no mercado editorial. No terceiro

capítulo, efetuamos uma abordagem sobre a maneira como ocorreu a proposição de sites

para o desenvolvimento de atividades de aprendizagem para os estudantes e consulta a

novas informações no Manual do Professor impresso. No quarto e último capítulo

realizamos uma análise da proposta “Blog da Turma” presente na coleção e ainda

apresentamos um tutorial para elaboração e utilização desse instrumento como proposição

de um material didático.

Palavras-chave: Ensino de História; Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs);

Livro Didático.

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ABSTRACT

We seek to understand in this work the theme involving the issue of Information and

Communication Technologies (ICTs) and History Teaching. For this, we analyzed the

way in which the insertion of websites and blogs took place in the didactic Collection

“História, Sociedade & Cidadania” by Alfredo Boulos Júnior, 2015, 3rd edition,

published by Editora FTD, for the final years of Elementary Education and present in the

catalog of National Textbook Program (PNLD) of the year 2017. We used as a research

source, the book identified as the Teacher's Manual, of the four years / phases of

elementary school II, because it presents, in a single volume, the components aimed at

students and support materials for teachers. In the first chapter, we start from the

theoretical / methodological framework of New History historians like Robert Darnton to

problematize the question of information and communication technologies and Roger

Chartier to the problems of books and their reading throughout history. Still in this part,

research in the field of History teaching and those related to History teaching materials

were based mainly on the works of Alain Choppin and Circe Bittencourt. In the second

chapter we try to present a more detailed characterization of the collection, analyzing

some of its formal aspects and the first pages of the books, we also focus on the

performance of Editora FTD, producer of the material and its author Alfredo Boulos

Júnior in the publishing market. In the third chapter, we approach the way in which the

proposition of sites for the development of learning activities for students occurred and

consult new information in the printed Teacher Manual. In the fourth and last chapter we

carried out an analysis of the proposal “Blog da Turma” present in the collection and we

also presented a tutorial for the elaboration and use of this instrument as a proposal for

didactic material.

Keywords: History teaching; Information and Communication Technologies (ICTs);

Didactic Book.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, fonte de inspiração e sabedoria, por ter me

proporcionado expandir meus conhecimentos e construir novas amizades ao longo desses

dois anos de estudos.

Aos meus familiares, que sempre incentivaram a estudar e a alcançar os objetivos

e em especial aos meus pais Leucir e Sebastiana e as minhas primas Cassia e Selma por

terem me recebido em sua residência no decorrer de todo o mestrado.

A Professora Iracy e sua filha Isadora, grandes amigas, por terem incentivado e

colaborado na construção da dissertação.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Flávio Vilas-Bôas Trovão, pessoa extraordinária,

sempre atencioso em suas orientações possibilitou o desenvolvimento da pesquisa e da

dissertação.

Aos colegas de curso, pela amizade surgida durante as aulas, apresentações de

trabalhos e pelas importantes contribuições para o aprimoramento da pesquisa.

Aos professores e professoras, Dr. Osvaldo Rodrigues, Dr. Bruno Rodrigues, Dra.

Thaís Leão, Dra. Ana Maria, Dra. Jaqueline Zarbato, Dra. Beatriz Feitosa, Dra. Ana Paula

Squinelo por terem oferecidos distintos diálogos nas disciplinas ministradas no curso.

À coordenação do ProfHistória no núcleo da UFMT/Cuiabá, representada pela

Professora Dra. Ana Maria Marques, dedicada em atender solicitações e sanar dúvidas

durante o desenvolvimento do Mestrado Profissional em Ensino de História.

À Banca Examinadora, Dra. Ana Paula Squinelo e Dra. Elaine Lourenço, que

também participaram do Exame de Qualificação contribuindo de maneira excepcional

para o desenvolvimento da pesquisa e dissertação.

À Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso (SEDUC-MT) pela liberação

da Licença para Qualificação Profissional, fundamental para o desenvolvimento do

mestrado.

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LISTA DE IMAGENS

Imagem 1: Lista de obras publicadas Alfredo Boulos Júnior, disponível em <

http://lattes.cnpq.br/1421259871718064 >/ dados fornecidos pelo próprio autor. Acesso

em 15/02/2019. ............................................................................................................... 53

Imagem 2: - Coleção “História, Sociedade & Cidadania”, 2ª edição, 2018, para os anos

iniciais do Ensino Fundamental I de Alfredo Boulos Júnior. Disponível em <

https://boulos.ftd.com.br/> Acesso em 14/07/2019. ....................................................... 54

Imagem 3: Coleção “360° - História, Sociedade & Cidadania”, 1ª edição, 2017 de Alfredo

Boulos Júnior - Ensino Médio – Volume Único e em três Volumes. Disponível <

https://boulos.ftd.com.br/colecoes/ensino-medio> Acesso em 15/07/2019. .................. 54

Imagem 4: Coleção “História, Sociedade & Cidadania” edição de 2018 para os anos

finais do Ensino Fundamental II de Alfredo Boulos Júnior. Disponível em <

https://boulos.ftd.com.br/> Acesso em 14/07/2019. ....................................................... 55

Imagem 5: Capa dos livros da Coleção: “História, Sociedade & Cidadania” de Alfredo

Boulos Júnior, 2015, 3ª edição, Editora: FTD, São Paulo. Código PNLD: 0126P17042,

Coleção - TIPO1 ............................................................................................................. 60

Imagem 6: captura de tela da página inicial do site Blogger. ....................................... 112

Imagem 7: captura de tela da página inicial de criação de conta no Google para acessar o

Blogger.. ........................................................................................................................ 112

Imagem 8: captura de tela da página de criação de conta no Google para acessar o Blogger

(continuação). ............................................................................................................... 113

Imagem 9: captura de tela da página de criação de conta no Google para acessar o Blogger

(finalização). ................................................................................................................. 114

Imagem 10: captura de tela da página de criação de nome de perfil no Blogger. ........ 115

Imagem 11: captura de tela da página de criação de um Blog no Blogger (início). ..... 116

Imagem 12: captura de tela da página de criação do blog no Blogger (finalização). ... 117

Imagem 13: captura de tela da página inicial do blog criado. ...................................... 118

Imagem 14: captura de tela da página de exclusão do blog. ......................................... 120

Imagem 15: captura de tela da página inicial do navegador Firefox da internet, destacando

a barra de pesquisa com o endereço do site do Blogger. .............................................. 121

Imagem 16: captura de tela da página inicial do site Blogger, indicando o botão de fazer

login de acesso ao blog. ................................................................................................ 121

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Imagem 17: captura de tela da página de criação de mensagem no blog. .................... 122

Imagem 18: apresentação da função de cada botão da barra de ferramentas de edição de

mensagem no blog. ....................................................................................................... 122

Imagem 19: captura de tela da página do blog mostrando uma mensagem antes de ser

publicada. ...................................................................................................................... 123

Imagem 20: captura de tela da página do blog indicando que a mensagem foi publicada.

...................................................................................................................................... 124

Imagem 21: captura de tela da página do blog, apresentando um post com a inserção de

link de acesso a um site da Web. .................................................................................. 124

Imagem 22: captura de tela da página do blog mostrando o processo para a adição de um

endereço da web. ........................................................................................................... 125

Imagem 23: captura de tela da página do blog exibindo a mensagem com link publicada

na internet. .................................................................................................................... 125

Imagem 24: captura de tela da página do blog destacando que já foram postadas duas

mensagens. .................................................................................................................... 126

Imagem 25: captura de tela da página do blog exemplificando a inserção de imagem de

sites da internet. ............................................................................................................ 127

Imagem 26: captura de tela da página do blog com post contendo imagens e em destaque

o menu com as opções de formatação da mesma. ........................................................ 128

Imagem 27: captura de tela da página do blog exibindo as opções para adicionar um vídeo

à postagem. ................................................................................................................... 129

Imagem 28 captura de tela da página do blog exemplificando a pesquisa e a inserção de

um vídeo do You Tube. ................................................................................................ 130

Imagem 29: captura de tela da página do blog com uma postagem contendo um vídeo

inserido a partir do You Tube. ...................................................................................... 131

Imagem 30: atividade de aprendizagem acompanhada da indicação de websites para

consulta pelos estudantes. Fonte: BOULOS JÚNIOR, Livro do 7º Ano, p. 135. ........... 79

Imagem 31: atividade de aprendizagem acompanhada de uma fotografia do leito seco de

uma represa e da indicação de websites para consulta pelos estudantes. Fonte: BOULOS

JÚNIOR, Livro do 6º Ano, p. 128. ................................................................................. 80

Imagem 32: captura de tela apresentando o resultado da pesquisa do link encurtado

“http://eba.im/vxk5ea” em que não se tem acesso ao site do IPHAN. ........................... 89

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: formato em que foi realizado a maioria das prescrições de sites na Coleção

“História: Sociedade e Cidadania”. ................................................................................ 84

Gráfico 2: disponibilidade de links encurtados na Coleção “História: Sociedade e

Cidadania” em agosto de 2019. ...................................................................................... 88

Gráfico 3: quantidade de Sites disponíveis presentes na Coleção “História: Sociedade e

Cidadania”. ..................................................................................................................... 91

Gráfico 4: tipos de linguagens constitutivas dos sites na Coleção “História: Sociedade e

Cidadania” em referência a agosto de 2019. ................................................................... 96

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: sistematização dos diferentes tipos de recursos das TICs encontrados nos livros

da coleção. ...................................................................................................................... 20

Tabela 2: quantidade de sites referenciados em cada livro da coleção, separado por Livros

dos Estudantes e respectivos Manuais dos Professores. ................................................. 76

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

FTD - Frère Théophane Durand

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

INPR - Institut National de Recherche Pédagogique

MEC - Ministério da Educação

NTICs. - Novas Tecnologias de Informação e Comunicação

PNLD - Programa Nacional do Livro Didático

TICs - Tecnologias de Informação e Comunicação

USP – Universidade de São Paulo

URL - Uniform Resource Locator

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13

CAPÍTULO I – SOBRE LIVROS, LIVROS DIDÁTICOS E MEIOS DE

COMUNICAÇÃO ......................................................................................................... 22

CAPÍTULO II — A COLEÇÃO DIDÁTICA “HISTÓRIA, SOCIEDADE &

CIDADANIA” ............................................................................................................... 47

2.1 Coleção, autor e editora ............................................................................................ 47

2.2 Aspectos formais da coleção e a presença das TICs: impressões ............................. 57

CAPÍTULO III – DO PAPEL AO VIRTUAL: A PRESENÇA DE SITES EM

COLEÇÕES DIDÁTICAS ........................................................................................... 65

3.1 O contexto de produção da coleção “História, Sociedade & Cidadania” ................. 65

3.2 Análise dos sites na coleção ...................................................................................... 74

CAPÍTULO IV – “O BLOG DA TURMA”: UMA PROPOSTA POSSÍVEL? .... 101

4.1 Proposição de material didático: tutorial para criação e utilização de blogs...............................106

4.2 Postando mensagens no blog..........................................................................................................118

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 132

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 135

ANEXOS ...................................................................................................................... 139

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INTRODUÇÃO

A minha experiência de mais de uma década de professor de História nos anos

finais do ensino fundamental na rede estadual de Mato Grosso, atuando a maior parte

desse período na mesma escola localizada na periferia de uma cidade de médio porte,

além de contribuir para um amadurecimento profissional, também me fortaleceu como

defensor da educação pública livre e de qualidade. Via de regra, aqui no estado, para todas

as disciplinas do currículo escolar, temos uma jornada de trinta horas semanais de

trabalho, divididas em vinte em sala de aula e dez destinadas às atividades pedagógicas,

como planejamento e preenchimento de diário eletrônico de frequência dos estudantes,

devendo ser cumpridas nos períodos matutino, vespertino e noturno, na escola onde

possuir vínculo.

A disciplina de História normalmente possui de duas a três horas/aula semanais

nos anos finais do ensino fundamental, de acordo com a organização curricular de cada

instituição, pois possuem autonomia para atuar nesse quesito.1 No início de cada ano

letivo, ocorre a atribuição de aulas conforme as turmas disponíveis na escola, e, para

preencher minha jornada, preciso alocar seis turmas com três horas/aula, somando dezoito

aulas e uma com duas, totalizando sete turmas e vinte horas semanais, mais as dez que

são destinadas à hora atividade acima descritas que não tem turmas atribuídas. Com essa

jornada, o trabalho com livros didáticos2 esteve presente como um dos principais, senão

em determinados momentos como o único instrumento de trabalho.

1 Essa distribuição pode variar de acordo com a organização de cada escola, pois é comum encontrar

unidades educacionais com duas horas/aula em uma das quatro etapas/anos que compõem o ensino

fundamental. 2 De acordo com Alain Choppin, “hoje, ainda, os termos aos quais recorrem as diversas línguas para

designar o conceito de livro escolar são múltiplos, e sua acepção não é nem precisa, nem estável.

Percorrendo a abundância bibliográfica científica consagrada no mundo do livro e da edição escolar,

constata-se que são utilizadas conjuntamente hoje várias expressões que, na maioria das vezes, é difícil, até

impossível, de determinar o que as diferenciam. Tudo parece ser uma questão de contexto, de uso, até de

estilo. Os franceses utilizam assim indiferentemente, entre outros termos, manuels scolaires, livres

scolaires ou livres de classe; os italianos recorrem especialmente à libri scolastici, libri per la scuola ou

libri di testo; os espanhóis hesitam muitas vezes entre libros escolares, libros de texto ou textos escolares,

apesar que os lusófonos optem por livros didáticos, manuais escolares ou textos didáticos. Nos países

anglo-saxões, textbook, schoolbook e por vezes school textbook parecem ser empregados indistintamente,

o mesmo que Schulbuch e Lehrbuch nos países de língua germânica, schoolboek e leerboek nas regiões que

falam holandês; na Suécia se utiliza skolbok e lärebok, skolebok e laerebok na Noruega, skolebog e laerebog

na Dinamarca, ou ainda scholica enchreiridia, scholica biblia ou anagnostika biblia na Grécia; etc.”. Cf.

CHOPPIN, Alain. O Manual Escolar: uma falsa evidência histórica. História da Educação,

ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, v. 13, n. 27 p. 9-75, Jan/Abr 2009. p. 19-20. Disponível em:

<http//fae.ufpel.edu.br/asphe>. Acesso em 16/09/2019.

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Meu primeiro contanto com a coleção “História: Sociedade & Cidadania”,

analisada nesta pesquisa, ocorreu no PNLD do ano de 2014, renovado no ano de 2017 e

em vigor até 2019. Nesse sentido, o ingresso, em 2018, no Mestrado Profissional em

Ensino de História (ProfHistória) no núcleo da Universidade Federal de Mato Grosso

(UFMT), além de colaborar na reflexão sobre minha prática docente, também

oportunizou desenvolver uma investigação sobre a inserção de sites e blogs, recursos das

Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na referido material.

As análises evidenciaram a utilização desses novos suportes desconectada com

uma prática pedagógica comprometida com o ensino de História. A partir dessa

constatação, construímos uma espécie de “guia” para a elaboração de blogs, para

colaborar com outros(as) professores(as) e também com estudantes para o

desenvolvimento e utilização de um blog, independentemente da coleção que se utiliza.

Dessa forma, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) referem-se a

diversos recursos destinados a produzir, armazenar e transmitir informações, divididos

em analógicos e digitais. No primeiro grupo, enquadram-se o cinema, a fotografia, o

aparelho de som, a televisão e o vídeo. Já no segundo, temos o CD, DVD, computadores,

smartphones, tablets, estes últimos, em sua maioria, conectados com a internet e em

conjunto, também são conhecidos como as Novas Tecnologias de Informação e

Comunicação (NTICs).

Ana Maria A. dos Santos e Nélia A. de A. Rocha (2004), no entanto, empregam o

termo TICs referindo-se às tecnologias tanto digitais quanto não digitais como recursos

utilizados para a informação e comunicação. Para as autoras, abrangem aqueles que se

apresentam como os que não têm conexão com a internet, ou seja, elas não fazem

nenhuma distinção em relação aos termos TICs e NTICs, empregando ambos para

designar o mesmo agrupamento de recursos. Compreendem que:

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) referem-se a toda

forma de gerar, armazenar, transmitir, processar e reproduzir

informação aliada as técnicas mais modernas surgidas nesta área, como:

telecomunicações via satélite, processamento de som e de imagens,

videocassete, TV a cabo, TV digital, robótica, Internet, correio

eletrônico (e-mail), CD Rom, multimídia e todas as formas eletrônicas

de comunicação.3

3 SANTOS, Ana Maria A. dos; ROCHA, Nélia A. de A. Os impactos das Novas Tecnologias da

Comunicação nos Serviços de Informação. In: MERCADO, Luís P. L. (Org.). Tendências na utilização

das Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação. Maceió: Edufal, 2004. Cap. 7. p. 210-

234. p. 211

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Ainda pontuam que estão presentes em diversos setores da sociedade e da vida

cotidiana, como no entretenimento, relacionamentos interpessoais, economia, produção

industrial, bancos e em empresas. Seus recursos integram a esfera educacional, utilizados

diariamente de maneiras diferentes por profissionais da educação e por estudantes em

diferentes escolas do país, sejam elas públicas ou privadas.4

Segundo Juana María Sancho (2006), os recursos das TICs possuem diferentes

características, mas um, em especial, é bastante significativo devido ao seu caráter

transformador, como é o caso do computador quando associado à internet.5 Por esse

motivo, exercem um certo fascínio sobre os educadores, que passaram a considerá-lo

como um instrumento capaz de resolver diversos problemas no campo educacional. No

entanto, adverte a autora, nem tudo é positivo quando se trata de novas tecnologias.

Lembra-nos, ainda, que seu uso na educação precisa ser problematizado, ao invés de

ignorado, com o objetivo de entender sua influência no processo de ensino e

aprendizagem dos estudantes, usuários de seus recursos na escola.

Para Adriana Soares Ralejo (2015), atualmente, autores e editoras de livros

didáticos, usando o termo empregado para designar esse objeto em países de língua

portuguesa, vêm promovendo a inserção de recursos das novas tecnologias digitais de

informação e comunicação em seus materiais. Dentre esses, a internet se faz notar pela

indicação de páginas eletrônicas ou de blogs dispostos ao longo do texto principal ou para

o desenvolvimento de determinadas atividades de aprendizagem ao final dos capítulos ou

das unidades temáticas. São indicados também como fontes complementares de pesquisa

ao conteúdo abordado tanto para docentes quanto para estudantes.6

Na fonte de nosso estudo — a coleção “História, Sociedade & Cidadania”, de

Alfredo Boulos Júnior7, 2015, 3ª edição, produzida pela Editora FTD —, destinada aos

anos finais do ensino fundamental, a prescrição de sites é semelhante com a descrita acima

pela autora. Já a proposta de utilizar blogs encontra-se nas primeiras páginas dos livros,

cuja construção desse instrumento pela turma serviria para publicar o resultado de tarefas

4 SANTOS; ROCHA, Ibidem, 2004, p. 211. 5 SANCHO, Juana María. De Tecnologias da Informação e Comunicação a Recursos Educativos.

In:___________ (Org.). Tecnologias para transformar a educação. Tradução Valério Campos. Porto

Alegre: Artmed, 2006. 200p. 6 RALEJO, Adriana Soares. Livro Didático e Novas Tecnologias: impactos na produção do conhecimento

histórico escolar. EBR – Educação Básica Revista. Florianópolis, v.1, n. 2, 2015. p. 5-26. 7 Abordaremos, com maiores detalhes, seu currículo e trajetória de produção no segundo capítulo deste

trabalho.

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por eles realizadas e a atuação dos(as) professores(as) seria a de coordenar seu processo

de criação.

De acordo com Luyse Moraes Moura e Dilton Cândido Santos Maynard (2016)8,

o formato das coleções atende às exigências do Programa Nacional do Livro Didático

(PNLD), uma política de governo que tem por objetivo fornecer às escolas públicas de

ensino fundamental e médio livros didáticos, acervos de obras literárias, obras

complementares e dicionários.9 Atualmente, o PNLD do Brasil é o segundo maior

programa de aquisição e distribuição de livros didáticos do mundo, superado apenas pelo

programa chinês neste assunto.

Conforme Circe Bittencourt (2010), o livro didático tem sido o principal

instrumento de trabalho de docentes e estudantes nas escolas do país, desde o século XIX,

em disciplinas escolares, em diferentes salas de aula e nas mais diversas condições de

ensino e aprendizagem.10 Kazumi Munakata (2007) corrobora essa ideia ao considerar

esse suporte como um “dispositivo” fundamental da educação escolar.11 Dessa maneira,

para os autores, devido à sua importância para o ensino, os diversos aspectos desse objeto

passaram a figurar em temas de diversas pesquisas acadêmicas, nacionais e estrangeiras,

nos últimos anos.

Célia C. de Figueiredo Cassiano (2017) assinala que, por causa da sua ampla

utilização, a produção e comercialização de livros didáticos representam parte

significativa do mercado editorial do Brasil. Em grande parte, é impulsionado por

políticas públicas de Estado, como o PNLD, para aquisição e distribuição do material

destinado aos estudantes da Educação Básica em escolas públicas, nas redes estaduais e

municipais.12 A autora apresenta, a partir do estudo “Produção e vendas do setor editorial

brasileiro, ano base 2015 (Fipe, 2016)”, que, no Brasil, em 2015, aproximadamente 50%

8 MOURA, Luyse Moraes; MAYNARD, Dilton Cândido Santos. Apontamentos sobre História Digital: a

internet nos livros didáticos do PNLD 2015. Revista Labirinto, Porto Velho, v. 2, n. 24, 2016, p.175-194.

Jan/Jun. p. 187. 9 Ao longo deste trabalho, abordaremos essa política do Estado brasileiro com maiores detalhes. 10 BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Livros didáticos entre textos e imagens. In: __________. O

saber histórico na sala de aula. 11ª. ed. São Paulo: Contexto, 2010. Cap. 5. p. 69-90. 11 MUNAKATA, Kazumi. O livro didático e o professor: entre a ortodoxia e a apropriação. In:

MONTEIRO, Ana Maria et al. (Org.). Ensino de História: sujeitos, saberes e práticas. Rio de Janeiro:

Mauad X: Faperj, 2007. Cap. 9. p. 137-148. 12 CASSIANO, Célia Cristina de Figueiredo. Política e economia do mercado do livro didático no século

XXI: globalização, tecnologia e capitalismo na educação básica nacional. In: ROCHA, Helenice; REZNIK,

Luís; MAGALHÃES, Marcelo de Souza. Livros didáticos de história: entre políticas e narrativas. Rio

de Janeiro: FGV Editora, 2017, p. 83-100.

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dos livros vendidos que circularam foram didáticos; 19%, científicos, técnicos e

profissionais; 11%, religiosos e 20% são obras gerais.

Nesse sentido, esse comércio acabou se tornando um campo de disputas entre as

grandes empresas editoriais atuantes nesse segmento. Isso em virtude das altas somas de

capital investidas pelo governo brasileiro para avaliação, aquisição e distribuição desse

objeto. Assim, em nossa pesquisa, buscaremos analisar as características desse negócio a

partir da inserção de nossa fonte no setor, visto que ela foi a coleção mais vendida na

disciplina de História para aquela edição do PNLD.

Para Luciana M. A. Geraldi e José Luís Bizelli (2016), atualmente, muitos dos

recursos das TICs estão presentes na vida das pessoas. De acordo com eles, sua utilização

em atividades do cotidiano tem gerado importantes mudanças nas práticas sociais, como

na cultura, no lazer e nos estudos.13 E, para um grupo em especial, crianças e jovens em

idade escolar, a maneira de compreender o conhecimento ocorre principalmente pela

oralidade e pelo audiovisual (sons e imagens). Dessa forma, seu constante uso tem

impactado o modo de como proceder com a escolarização dessa geração, que passam

várias horas conectados a diversos recursos tecnológicos.

Para os autores, nesse cenário, torna-se necessário perceber que existe uma relação

entre as tecnologias e educação a ser problematizada ao invés de ser simplesmente

ignorada, precisando de profunda reflexão com base em princípios e métodos de prática

educativa, visando a gerar produtos pedagógicos que levem a resolução ou

encaminhamento de problemas educacionais. Pontuam ainda que a utilização das TICs

nesse campo deve apresentar objetivos de reforçar o aproveitamento dos recursos

tecnológicos já empregados por docentes em sala de aula durante suas atividades.

Nesse sentido, seu uso deve ser pensado para torná-la uma ferramenta de apoio ao

ensino e aprendizagem. Conforme afirmam, não no sentido de que o(a) professor(a) seja

apenas o mero transmissor de conhecimentos prontos, como normalmente ocorre em

algumas situações, mas de forma que o aprendizado resulte de um processo de construção

do estudante ou de sua participação intelectual.

Geraldi e Bizelli (2016) afirmam ainda que a aplicação das TICs na educação não

visa a diminuir a atuação dos docentes, pois seus recursos, por si só, não produzem uma

13 GERALDI, Luciana Maura Aquaroni; BIZELLI, José Luís. Tecnologias da informação e comunicação

na educação: conceitos e definições. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, SP,

Brasil. N. 18, 2015, p. 115-136. Disponível em https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/9379.

Acesso em 20/04/2019.

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aprendizagem. Para eles, o fundamental é entender que os educadores poderão assumir

novos papéis no processo educativo, deixando de serem simples transmissores de

conteúdo, para integrar um conjunto formado com os estudantes nas atividades

educacionais de construção do conhecimento.

De acordo com os autores supracitados, ao se introduzir novas tecnologias na

esfera educacional, necessita-se antes entender o(a) professor(a) como um importante

elemento nesse novo processo educativo, o(a) qual assume a função de mediar a reflexão,

orientação e integração entre elas, portanto, a presença dos educadores é quesito essencial

nessa iniciativa. Frisam também serem necessários grandes investimentos na preparação

dos mesmos em relação à prática pedagógica, bem como capacitá-los quanto ao seu uso,

visando a um ensino em que passem de apenas telespectadores para sujeitos atuantes na

iniciativa.

Diante do exposto acima, devemos perceber que as TICs já são uma realidade em

muitas escolas e devendo ser entendidas que não são nem boas nem más e, dependendo

de sua utilização, também não são neutras, pois podem ser restritivas e excludentes em

determinados contextos sociais, culturais e financeiros, em que seus usuários se situam.

Assim, não devem ser entendidas como “inimigas” da educação, mas a utilização de seus

recursos e conteúdos devem partir de uma profunda crítica para atingir aos objetos

educativos.

Para Bittencourt (2009), quanto ao uso de tecnologias no processo educativo, o

mais importante para o(a) professor(a) é o tratamento metodológico ao se deparar com o

material no livro didático. Deve-se proceder uma reflexão sobre os meios de comunicação

e do emprego da informática, de modo a realizar uma crítica das informações e dos

suportes em que são veiculados. Assim, assumir esse compromisso é importante devido

ao uso do computador, internet, sites, blogs, programas televisivos e filmes serem uma

realidade em que vivem muitas crianças e jovens atualmente.14

Diante do contexto apresentado, esta pesquisa tem como temática a questão das

Tecnologias da Educação e o Ensino de História, tendo como objeto a presença de

recursos das TICs nos livros da coleção didática de História apresentada anteriormente,

destinada ao ensino fundamental (anos finais), constante no catálogo do Programa

Nacional do Livro Didático (PNLD) do ano de 2017.

14 BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Idem, 2009, p. 296.

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O objetivo geral da pesquisa é analisar como se dá a inserção de sites e blogs,

recursos das TICs, na Coleção “História, Sociedade & Cidadania”, de Alfredo Boulos

Júnior, 2015, pela FTD, e destinada aos anos finais do ensino fundamental, presente no

PNLD 2017. Buscaremos identificar como esses recursos estão presentes nos livros da

coleção, verificar quais são as orientações destinadas aos discentes e docentes para o uso

dos mesmos, encontradas, respectivamente, no Livro do Estudante e no Manual do

Professor.

A coleção elencada é composta de quatro volumes, que abrange do 6º ano do 2º

ciclo ao 9° ano do 3º ciclo do ensino fundamental. Ela foi avaliada e distribuída pelo

PNLD do ano de 2017. De acordo com o documento, é uma coleção do Tipo 1, ou seja,

composta por doze volumes, com quatro Livros do Estudante impressos, quatro Manuais

do Professor impressos e quatro DVDs dos Manuais do Professor Multimídia.

Selecionamos, como fonte de pesquisa, os livros intitulados Manual do Professor,

de cada ano, em sua forma impressa. Isso porque, em um único volume, ele apresenta

tanto a parte destinada aos estudantes quanto os materiais de apoio direcionados aos(à)

professores(as).

A opção por essa coleção como objeto de pesquisa vem do fato de ela ter

alcançado enorme distribuição no PNLD de 2017. Conforme dados disponibilizados pelo

Ministério da Educação (MEC), a mesma teve a tiragem de 3.387.161 exemplares entre

Livros do Estudante e Manual do Professor, sendo a primeira entre as quatorze coleções

distribuídas pelo Programa do ano de 2017.15 Tais dados demonstram o quanto a mesma

é utilizada por estudantes e professores(as) de História de escolas públicas por todo o

país.

Como dissemos no início desse texto, os recursos das TICs são vários e, por esse

motivo, podemos encontrar muitos deles na fonte em que estamos investigando. Também,

em virtude de o nosso foco ser a inserção de sites e blogs nos livros em questão,

consideramos apresentar, na tabela abaixo, uma síntese com os demais suportes

tecnológicos presentes na mesma. Optamos por organizar os dados levantados por livro

analisado.

Recurso das TICs 6º Ano 7º Ano 8º Ano 9º Ano

Blogs * * * *

15 Cf. EDUCAÇÃO, Ministério da. Coleções mais distribuídas por componente curricular: Séries finais

Ensino Fundamental. 2017. Disponível em: <https://www.fnde.gov.br/programas/programas-do-

livro/pnld/dados-estatisticos>. Acesso em: 18 fev. 2019.

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Fotografias * * * *

Charges/caricaturas * - * *

Ilustrações * * * *

Esculturas * * * *

Estátuas * * * *

Pinturas * * * *

Sites * * * *

Quadrinhos * * - *

Mapas * * * *

Vídeos16 * * * *

Tabela 1: sistematização dos diferentes tipos de recursos das TICs encontrados nos livros

da coleção. Fonte: o autor

A pesquisa desenvolvida teve como referencial teórico/metodológico os

apontamentos de historiadores da Nova História. Nesse sentido, Robert Darnton

contribuirá para problematizar a questão das Tecnologias de Informação e Comunicação

e Roger Chartier, para a problemática dos livros e de sua leitura ao longo da história. Os

trabalhos de Alain Choppin e Circe Bittencourt serão utilizados para problematizar as

questões referentes ao ensino de História e aos livros didáticos de História. Para analisar

a inserção dos sites, será feito um diálogo com base nos apontamentos de Dilton C. S

Maynard e, para a questão do blog, com os de Ramon Barlam e Lígia Silva Leite.

No primeiro capítulo intitulado “Sobre Livros, Livros Didáticos e Meios de

Comunicação”, apresentamos uma abordagem sobre a história dos livros, suporte nos

quais veiculam um texto escrito, suas práticas de leitura, apropriações e função do autor

e do editor em seu processo de produção. Com isso, visamos estabelecer um debate em

torno desses mesmos aspectos para os livros didáticos de História. Em relação a estes

últimos, também discutimos os avanços alcançados nas pesquisas sobre a temática nas

décadas finais do século passado e nas primeiras do século XXI tanto no Brasil quanto no

exterior.

Já no segundo capítulo “A Coleção Didática História, Sociedade & Cidadania”,

procuramos realizar um estudo sobre os aspectos formais de nossa fonte pesquisa, como

a capa e as primeiras páginas dos livros, etc. Além disso, abordamos sobre a atuação de

Alfredo Boulos Júnior como autor de livros didáticos de História, bem como

16 A autoria da coleção faz, no Manual do Professor, a indicação de filmes tanto para os docentes quanto

para os discentes. Coloca em um mesmo grupo: documentários, minisséries de televisão, produções

cinematográficas de caráter ficcional e animações sem fazer qualquer distinção entre elas.

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contextualizamos a participação da Editora FTD no importante mercado de venda desse

objeto.

E, no terceiro capítulo “Do papel ao virtual: a presença de sites em coleções

didáticas”, inicialmente, abordamos o contexto de produção da coleção “História,

Sociedade & Cidadania” em relação ao uso da internet por professores(as) e estudantes

nas escolas públicas brasileiras. Em seguida, refletimos sobre a maneira como ocorreu as

prescrições de websites nas páginas dos Livros do Estudante e nos materiais de apoio aos

docentes em sua forma impressa.

No quarto capítulo denominado “O Blog da Turma”: uma proposta possível?",

analisamos a maneira como foi inserida a referida sugestão de se utilizar esse novo

suporte para desenvolvimento de atividades com os discentes e, ao final, construímos o

“tutorial para criação e utilização de blogs” como proposição de material didático.

Ao final desse percurso, percebemos que a simples indicação de recursos das

novas tecnologias em livros didáticos de História não significa afirmar que os mesmos

são atualizados. Isso devido ao fato de as orientações oferecidas pela autoria não

contribuir de maneira efetiva para a sua adequada implementação. Outra constatação foi

o pouco zelo em relação à oferta de sites, pois, ao chegar no terceiro ano de utilização da

coleção, a grande maioria dos links encurtados das páginas eletrônicas não estava em

funcionamento.

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CAPÍTULO I – SOBRE LIVROS, LIVROS DIDÁTICOS E MEIOS DE

COMUNICAÇÃO

Em relação aos livros impressos, Roger Chartier (1999) pontua que, em sua forma

material, eles se constituem como um dos suportes mais importantes. Os variados tipos

de texto são registrados, sejam eles manuscritos ou impressos, desde o fim da Idade Média

até o século XVIII.17 Outra proposta de abordagem feita pelo autor, a partir da invenção

de tipos móveis e da impressão na Idade Moderna, sugere a definição do termo “livro”,

que, para ele, está associada a três constituintes indissociáveis na sua composição: um

objeto, um texto e um autor.

Para Chartier (1999), esses elementos acarretam transformações nas relações dos

textos com seus leitores. Isso devido ao acreditar do autor, do livreiro-editor, do

comentador e do censor, que podem controlar, na leitura, a produção de sentidos sem

alterar a forma como havia sido previamente determinado. No entanto, pontua Chartier

(1999): “a leitura é, por definição, rebelde e vadia”18 e os leitores são capazes de elaborar

diferentes artifícios para não se submeterem às regras que lhe são impostas durante o ato

de ler os escritos de um texto em um livro ou em outro suporte que o vincule.

Conforme o autor acima citado, existem diferentes “comunidades de leitores”,

com regras e práticas de leituras variadas, bem como, entre elas, são distintos os modos

de decifrar o escrito, variando conforme as capacidades mentais de cada um. A recepção,

a leitura, a interpretação, os usos e a experiência para um mesmo livro podem se modificar

para cada grupo de leitores, além disso, o mesmo texto não será entendido e utilizado de

uma única maneira.

Chartier (1999) menciona o fato de o livro sempre tentar estabelecer uma ordem:

a “ordem de sua decifração”, a qual determina como o mesmo deve ser apreendido pelo

leitor e outra seria aquela visada pela autoridade de seu produtor. No entanto, para o autor,

essa ordem não se mostrou capaz de suprimir a autonomia dos leitores, pois eles

conseguem burlar e reformular as convenções que os tentam controlar. Já a relação de

embate “entre imposição e apropriação” nem sempre é a mesma para todos os indivíduos,

17 CHARTIER, Roger. A ordem dos livros. Leitores, Autores e Bibliotecas na Europa entre os séculos

XIV e XVIII. 2. Ed. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1999. 18 Ibidem, p. 7.

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em toda parte e para sempre, podendo haver variações entre eles e em suas práticas de

leitura.

De acordo com o autor, os livros impressos ou manuscritos possuem uma segunda

ordem: a de sua forma material determinar a produção de sentido ao texto nele escrito e

também motivar os usos e as apropriações que podem sofrer. Para Chartier (1999),

compreender essa materialidade ajuda a entender outros processos, como o de produção,

comunicação e recepção dos livros por seus leitores. Ainda nos levam a pensar nos

aspectos técnicos, físicos e visuais que participam do processo de decodificação de um

texto escrito no momento em que se transforma em um livro. Dessa maneira, podemos

considerar que os autores, ao conceberem, as editoras, que produzem, e as autoridades

governamentais, compradoras de livros didáticos, visam também a instaurar uma ordem

nesse segmento.

Assim, devemos então refletir que, se a forma agrega sentido, logo, sofre

alterações, novas significações, usos e práticas de leitura, tendo espaço para surgir novos

leitores. Nesse sentido, Chartier (1998) traz, como resultado desse processo de

modificações, a influência que a passagem do livro em rolo para o caderno e, nos últimos

anos, o aparecimento do texto em formato eletrônico empreendeu sobre o ato de ler.

Pensando na temática de abordagem deste trabalho, livros didáticos de História,

notamos que sua forma afeta seus usos. A coleção fonte de nossa pesquisa apresenta, tanto

nos volumes destinados a estudantes quanto aos docentes, o formato de caderno com

tamanho de 27,5 x 20,5 cm em brochura, o corpo dos capítulos integra escritos e imagens

em diferentes suportes, o texto principal é impresso em cor preta sobre o papel branco e

a iconografia impressa é colorida.

Observando os quatro volumes dos Livros do Estudante, notamos a existência de

diferentes entrelinhamentos e tamanhos de letras no seu texto principal. Sua hierarquia

segue do maior para o menor, em que, nos dos 6º anos, encontram-se em máxima

dimensão e seguem diminuindo nos demais livros, até chegar às menores medidas nos

dos 9º anos. Segundo os apontamentos acima sobre a prática da leitura, essas

características podem levar a diferentes formas de como proceder o seu uso.

Conforme o autor, a leitura de livros em formatos diferentes ocorre de maneira

diversa. Dessa forma, o texto em rolo exige a utilização das duas mãos para desdobrá-lo

horizontalmente e, nesse caso, o leitor apenas lê e não consegue realizar interferências no

texto escrito. Já a leitura de um livro em cadernos, da era Moderna e atual, apoiado sobre

uma mesa, possibilitou maior liberdade das mãos, permitindo ao leitor mudar a página,

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consultar outros volumes e fazer anotações durante essa atividade, pelo menos nos

espaços deixados em branco da página.

Chartier (1998) ainda faz observações sobre a leitura de textos em formato

eletrônico. Segundo ele, o escrito colocado em uma tela de computador e, atualmente, na

de um aparelho de celular ou tablet, apresenta um fluxo sequencial na vertical que lhe dá

uma nova distribuição, organização e estruturação, que afeta a prática de leitura sobre ele.

Para o autor, nesse formato, a tela em que o texto é lido não permite ao leitor manejá-lo

diretamente, tornando o ato de ler mais distanciado, menos corporal. No entanto, esse

formato permite ao leitor fazer intervenções profundas no texto e não mais apenas nas

margens ou nos pequenos espaços da página deixados em branco.

Situação semelhante à citada acima também pode ser percebida em livros

didáticos. Isso porque, atualmente, muitas coleções — a fonte de nossa pesquisa também

entra nesse grupo — oferecem o Manual do Professor em dois formatos, um na forma

impressa e outro digital, em DVD-ROM. Este segundo, chamado de Manual do Professor

Multimídia, apresenta a reprodução do conteúdo impresso em formato digitalizado, além

de ferramentas para navegação, numeração de páginas e outros recursos que permitem a

ampliação do material. Recursos esses que afetam o procedimento da leitura, seja em tela

de um computador, seja em outro suporte.

Outro elemento constitutivo do universo do livro é o autor. Segundo Chartier

(1998), para que esse exista, “são necessários critérios, noções, conceitos particulares”19,

ou seja, o texto deve expressar as características singulares de sua capacidade de criação,

de seu talento, de sua produção intelectual e, assim, determinar que o “nome próprio dá

identidade e autoridade ao texto”20, para que seja aceito quando impresso.

Para Michel Foucault (2006), além dessas características, o texto ainda deve

oferecer, a partir de sua discursividade, “a possibilidade e a regra de formação de outros

textos”21. Ele cita, como exemplo, Marx, que, com seus textos, abriu caminho para a

chance de criar muitos outros discursos.

No intuito de entender o contexto histórico em que surge a figura do autor,

Chartier (1998) dialoga com Michel Foucault. Para este último, a identificação do autor

de livros, textos e discursos, nos séculos XV e XVI, esteve ligada à censura e à circulação

19 CHARTIER, 1998, op. cit., p. 32. 20 CHARTIER, 1998, ibidem, p. 32. 21 FOUCAULT, Michel. Estética: literatura e pintura, música e cinema. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense

Universitária, 2006. xlvii, 432 p. (Coleção ditos & escritos; 3). ISBN 9788521803904. p. 280.

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proibida de textos considerados perturbadores, de ordem dada por autoridades religiosas

e, depois, pelos governos, que ele definia como a “apropriação penal” do discurso, ou

seja, à medida que os autores poderiam ser punidos.

Assim, de acordo com o Chartier (1998), o autor, antes de possuir autoridade e

direitos sobre seu texto, enfrenta primeiramente os perigos que ele carrega em si. Nos

séculos seguintes, a continuidade da censura e da perseguição para identificação dos

autores de textos “heterodoxos” levou à formação de normas jurídicas para garantir os

direitos individuais e de propriedade dos autores sobre as suas obras.

Conforme Chartier (1999), “a função-autor é constituída como uma arma

essencial na luta levada a termo contra a difusão de textos tidos por heterodoxos”22. A

identificação do autor do texto torna-se importante nesse contexto e o livro passa a trazer,

na capa, a representação física de seu autor, com o seu nome e retrato. Para o autor

mencionado acima, a identificação singular do escritor acaba sendo mais importante do

que a da obra em si que está em circulação, pelo menos entre os séculos XV e XVIII.

Chartier (1999) cita que, na tradicional história francesa do livro, o autor foi

esquecido e os livros têm leitores, porém não têm autores ou “estes não entram no

domínio da competência do historiador”23 e estão inseridos apenas no controle das obras

literárias e de seus especialistas. Comenta ainda que, nas últimas décadas do século XX,

tem-se a volta do autor em uma abordagem que visa a sua articulação com seu texto, o

controle sobre as formas materiais que transmitem suas intenções de produtor de sentido,

de recepção e interpretação de um livro pelo leitor.

No entanto, segundo Chartier (1999), no momento em que se retomava o debate

sobre a função do autor na produção de uma obra, este não é mais o controlador dos

significados atribuídos ao suporte que veicula seu texto, assim como os seus propósitos

não se impõem aos produtores do livro, nem àqueles que o buscam para realizar a leitura.

Em relação ao objeto de nossa pesquisa, uma coleção didática de autoria

reconhecida, ainda podemos perceber, em seus aspectos formais, como em capas, no

projeto gráfico, entre outros, a influência de uma equipe editorial sobre essas

características. Isso fica evidente não só porque, em suas primeiras páginas, está a

descrição da função de cada setor no seu processo de produção, mas também pela

apresentação visual da obra que transcende a atuação do autor.

22 CHARTIER, 1999, op. cit. p. 51. 23 CHARTIER, 1999, ibidem, p. 51.

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Em outro componente do material em questão — o texto principal —, nota-se

ainda a interferência externa atuando em sua elaboração, visto que sua narrativa histórica

é construída a partir de um conhecimento acadêmico, mas pensando nos docentes da

Educação Básica — os primeiros a serem convencidos de que a obra possui qualidade

para ser empregada em sala de aula —, caso contrário, a mesma não venderia nem geraria

lucro para a editora que produziu.

Nesse sentido, Chartier (1999) explica que os autores não escrevem livros. Para

ele, no medievo, eles eram fabricados por copistas; na Europa, a partir do século XV,

eram impressos por “livreiros-editor” em uma oficina tipográfica e, se pensarmos na

atualidade, são produzidos por máquinas operadas por funcionários na gráfica de uma

editora.

Para o historiador francês (Chartier), os autores realizam a operação inicial de

“[...] escrevem textos que se tornam objetos escritos, manuscritos, gravados, impressos e,

hoje, informatizados”24, a partir do trabalho de uma equipe editorial, permitindo efetuar

sua decodificação. Portanto, sem seu suporte, o texto não existe.

De acordo com o autor, dessa forma, temos duas constatações: a primeira é a de

que a compreensão de um texto está ligada ao meio que o transmite aos indivíduos. Outra

seria o fato de que os artifícios e intenções criados pelo autor, para tentar controlar a

leitura, são confrontadas com as que se originam das decisões dos editores para certos

aspectos, como a construção de sentido, a recepção e a interpretação dos leitores do livro

que esteja veiculando seu escrito.

Chartier (1998) também pontua que, entre os séculos XVI e XVIII, a atividade de

editor não possuía grande autonomia no mercado do impresso como na atualidade.

Segundo o autor, “primeiro se é livreiro, primeiro se é impressor e, porque se é livreiro

ou gráfico, se assume uma função editorial”25 e a colocação de “livreiro-editor” fixava-

se na sociedade pela sua atividade comercial em uma livraria.

O autor ainda comenta que a figura do editor, parecida com a qual se conhece

hoje, surgiu por volta de 1830 e “trata-se de uma profissão de natureza intelectual e

comercial que visa buscar textos, encontrar autores, ligá-los ao editor, controlar o

processo que vai da impressão da obra até a sua distribuição”26. Dessa forma, não é

preciso possuir uma gráfica ou livraria para que seja possível o sucesso em sua atividade,

24 CHARTIER, 1999, op. cit. p. 17. 25 CHARTIER, 1998, Idem, p. 53. 26 CHARTIER, 1998, op. cit. p. 50.

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mesmo com as transformações do capitalismo editorial, que criou grandes empresas de

mídia, dependendo mais da capacidade de seu intelecto.

Segundo Chartier (1998), comumente, as relações entre editor e autor se tornam

complexas e inquietantes. Isso devido ao editor se ver como um “intelectual” e, assim,

desenvolver sua atividade em paridade com quem elaborou o texto. A fonte de nossa

pesquisa traz, nas capas, o nome de seu ‘autor’ e, nas primeiras páginas, a identificação e

a função de outras pessoas envolvidas em sua produção e comercialização, assim,

podemos considerar que a obra pronta e encaminhada para professores(as) é fruto da

mente de vários indivíduos e não somente de quem produziu os escritos iniciais.

Nesse caso, Alfredo Boulos Júnior, o próprio autor da coleção, confirma essa

afirmação. Isso porque ele comenta, ainda nas folhas de abertura, em uma espécie de

“apresentação” dos livros, o fato de apenas ter produzido os textos conhecidos por

“originais”. Além disso, frisa que o projeto gráfico foi desenvolvido somente pela equipe

editorial contratada pela FTD.

Dessa forma, podemos dizer que são os editores quem organizam desde a

produção até a comercialização de livros gerais e didáticos. Ao receber os escritos do

autor, eles introduzem alterações no texto visando a dar legibilidade, deixando-o pronto

para o momento em que for impresso ao público.

Para Munakata (1997), no caso dos livros didáticos, todas as operações sobre o

texto original do autor são importantes para atender seu público-leitor de professores(as)

e, em especial, de estudantes. Os escritos, antes de serem impressos no suporte que o

transmite, devem passar por adequações, para se evitar eventuais deficiências,

imperfeições, erros e apresentar “legibilidade” para seu público final. Nesse processo,

podemos questionar até onde o autor tem autonomia sobre sua produção, pois “à medida

que reduz a margem de autonomia do autor em relação a seu texto, aumenta,

inversamente, a do editor”27, ou seja, o autor está ocupando um espaço cada vez menor

na produção do livro didático.

Para Chartier (1999), as modificações realizadas pela mente do editor também

levam à mutação dos estilos de sua interpretação por parte de seus leitores. De acordo

com o autor, esses profissionais ainda operam mudanças nos escritos recebidos, visando

aos consumidores em potencial, pois “as próprias estruturas do livro são dirigidas pelo

27 MUNAKATA, Kazumi. Como se faz livro, inclusive didático e paradidático. In: ________. Produzindo

livros didáticos e paradidáticos. Tese (Doutorado em Educação). PUC/SP, 1997, pp. 79-104. P. 96.

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modo de leitura que os editores pensam ser o da clientela almejada”28. Contudo, ele ainda

ressalta que, para buscar novos grupos de leitores ou um novo público, as obras precisam

escapar dos esquemas preexistentes e introduzir novas formas editoriais que permitam

uma leitura acessível. Tal ideia pode ser notada na finalidade dos livros didáticos da

Educação Básica, à medida que são concebidos para docentes e estudantes do ensino

fundamental ou médio, “comunidades de leitores” específicas.

No caso do Brasil, o Ministério da Educação (MEC) é o responsável pela seleção

e avaliação das coleções produzidas pelas editoras, as quais desejam vê-las no catálogo

do PNLD que chega às escolas. Por meio de editais, o MEC define os critérios para a

elaboração dos livros didáticos, bem como as equipes profissionais de cada área do saber

para realizar a avaliação das mesmas. Seguem abaixo os critérios para as coleções do

PNLD 2017, conforme o Guia do Livro Didático:

1. Respeito à legislação, às diretrizes e às normas oficiais relativas ao ensino

fundamental.

2. Observância de princípios éticos necessários à construção da cidadania e ao convívio

social republicano.

3. Coerência e adequação da abordagem teórico-metodológica assumida pela coleção,

no que diz respeito à proposta didático-pedagógica explicitada e aos objetivos

visados.

4. Correção e atualização de conceitos, de informações e de procedimentos.

5. Observância das características e das finalidades específicas do Manual do Professor

e adequação da coleção à linha pedagógica nele apresentada.

6. Adequação da estrutura editorial e do projeto gráfico aos objetivos didático-

pedagógicos da coleção.29

Ao analisar as características da coleção, mesmo que preliminarmente,

percebemos que a Editora FTD, aparentemente, buscou produzi-la para cumprir os

critérios determinados acima, objetivando sua venda no lucrativo mercado de livros

didáticos do país. Esse comércio no Brasil movimenta grandes valores econômicos,

impulsionado pelas aquisições do governo federal. Os dados relacionados ao PNLD de

2017, somente para os anos finais do ensino fundamental, são vultuosos. Foram

28 CHARTIER, 1999, op. cit., p. 20. 29 GUIA de Livros Didáticos: PNLD 2017. História: ensino fundamental: anos finais. Brasília: Ministério

da Educação/Secretaria de Educação Básica, 2016. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/pnld-2017/>.

Acesso em: 22 fev. 2019. p. 19-20.

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investidos R$ 639.501.256,49 para a aquisição de 79.216.538 exemplares (incluindo uma

reserva técnica) e, assim, beneficiar um coletivo de 10.238.539 estudantes, distribuídos

em 49.702 mil escolas públicas localizadas nos diferentes estados brasileiros.30

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em seu site, ainda

informa dados estatísticos por disciplina escolar e de cada coleção adquirida. Os números

relacionados à nossa fonte, “História, Sociedade & Cidadania” pela Editora FTD, revelam

que o MEC adquiriu a quantidade de 3.313.449 exemplares de Livros do Estudante e de

73.712 Manuais do Professor, totalizando o expressivo 3.387.161 unidades. Todo esse

montante fez com que a mesma fosse a primeira com a maior tiragem entre as quatorze

coleções avaliadas para esse componente curricular no PNLD 2017.31

As informações acima sobre a referida coleção mostram o quanto esse é um

segmento lucrativo no mercado editorial brasileiro. Dessa forma, a Editora FTD faturou

alto no ano de 2017, com a venda de apenas uma obra, mesmo considerando os custos

com a produção do material. O elevado investimento no programa leva editoras a

adequarem seus produtos conforme os critérios estabelecidos pelo MEC, para serem

aprovados, visando o lucro. Importante lembrar que, mesmo as coleções buscando

cumprir tais normas, não significa serem totalmente isentas de restrições em um ou mais

critérios, como vêm demonstrando as pesquisas sobre a temática.

Em relação às pesquisas sobre a história dos livros e das coleções didáticas, Alain

Choppin (2004) afirma que, nos últimos trinta anos, eles passaram a ser objetos de

análises sob vários aspectos e em diferentes países.32 Para o autor, o crescente volume de

investigações se deve ao fato de sua presença em uma grande quantidade de nações,

impactando o mercado editorial do século XIX até o XX. Outra razão é o interesse de

historiadores em estudar o tema, principalmente a partir de 1960. Os mesmos estão

ocorrendo em diferentes países, como os de língua hispânica (Argentina, Chile,

Colômbia, Espanha e México) e os de língua portuguesa (Portugal e Brasil).

Choppin (2004) enumera diferentes fatores conjunturais que levaram

pesquisadores a aventurar nesse campo: o crescente interesse de estudiosos distintos e

30 Cf. EDUCAÇÃO, Ministério da. PNLD 2017 - Valores de aquisição por editora: Ensino Fundamental

e Médio. 2017. Disponível em: <https://www.fnde.gov.br/programas/programas-do-livro/pnld/dados-

estatisticos>. Acesso em: 18 nov. 2019. 31 Cf. EDUCAÇÃO, Ministério da. Coleções mais distribuídas por componente curricular: Séries finais

Ensino Fundamental. 2017. Disponível em: <https://www.fnde.gov.br/programas/programas-do-

livro/pnld/dados-estatisticos>. Acesso em: 18 fev. 2019. 32 CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. Educação e

Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 3, p.549-566, set. 2004.

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historiadores sobre questões voltadas para o campo educacional; a curiosidade de vários

povos em criar ou recuperar uma identidade cultural33; os avanços ocorridos na produção

de obras que contemplem a história do livro a partir de 1980; o desenvolvimento de

técnicas de armazenamento, tratamento e difusão de informações eficazes para gerir o

aumento de trabalhos acadêmicos na área; a formação de grupos e centros de investigação

sobre o referido objeto e as incertezas sobre o futuro do livro impresso frente às novas

tecnologias educativas.

Elenca ainda as razões estruturais, como “a complexidade do objeto ‘livro

didático’, a multiplicidade de suas funções, a coexistência de outros suportes educativos

e a diversidade de agentes que ele envolve”34. Explica que textos impressos podem estar

sendo veiculados em diferentes meios como enciclopédias, mapas, gráficos e outros ou

apresentados em formatos diversificados, como audiovisuais, softwares didáticos, CD-

Rom, internet, etc.35

Para Choppin (2004), as diversas pesquisas sobre a referida temática podem ser

agrupadas em duas grandes categorias: as que consideram o livro didático apenas como

uma fonte histórica e estudam seus conteúdos à procura de divergências com a

historiografia e legislações ou as focadas nos assuntos ensinados. Para o autor, são

investigações marcadas pela crítica ideológica e cultural trazidas por eles a partir da

análise de temas encontrados em obras mais antigas.

Em outra categoria, estão os exames, buscando estudá-lo somente como um

suporte material e toda a problemática que o contempla, desde sua produção até seus usos,

em um determinado período. Nesse sentido, este trabalho, cuja temática é analisar a

questão das tecnologias na educação e no ensino de História, tendo como objeto a inserção

de recursos das TICs — blogs e sites — nos livros didáticos de História do ensino

fundamental (anos finais), presentes na avaliação do PNLD de 2017, pode contribuir para

o campo de estudos sobre o tema.

De acordo com o autor citado acima, a partir da década de 1970, os estudos que

investigam os conteúdos passaram por uma renovação. As pesquisas deslocaram-se para

um viés epistemológico e didático, em que são questionados os métodos e temas

ensinados, e as finalidades do ensino devido às crises enfrentadas pelos sistemas

33 Choppin (2004) explica que isso ocorre “devido a acontecimentos recentes como a descolonização, o

desmantelamento do bloco comunista ou, ainda, ao recrudescimento de aspirações regionalistas e ao

desenvolvimento de reivindicações provenientes de grupos minoritários”. p. 552. 34 CHOPPIN, 2004, op. cit. p. 552. 35 CHOPPIN, 2004, ibidem, p. 553.

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educativos em países ocidentais. Esses trabalhos também passam a dialogar com os

avanços vividos pela Linguística e com a abrangência de investigações para outras

disciplinas escolares e níveis de ensino, como a Geografia e a Matemática em nível

secundário.

A partir do decênio seguinte, para o autor, as análises passaram a considerar a

iconografia didática nos seus diferentes suportes presentes no texto principal e em

conexão com a semântica como temas de investigação. Já nos anos de 1990, as críticas

buscaram refletir sobre o livro como um suporte material, investigando diversas

características, como capas e contracapas, notas de rodapé, títulos e subtítulos, sua divisão

em partes, diferenças tipográficas, disposição espacial de seus elementos na página, cores,

paginação, entre outros elementos.

Conforme Choppin (2004), até a década de 1970, muitas pesquisas analisavam a

temática dos livros didáticos de forma segmentada. O próprio autor, no início dos anos

de 1980, empreendeu um esforço para romper com essa “fragmentação” ao propor

possibilidades de exames que considerassem, de forma organizada, os princípios que

influenciavam a história do objeto em questão. Essa iniciativa foi mostrada na

composição de importantes instrumentos de pesquisa, catalogação, coleta e compilação

de fontes.

Primeiramente, foram realizados trabalhos que tratavam da regulamentação sobre

a produção dos mesmos em suas fases prefaciais. Partindo, desde a elaboração,

concepção, produção e aprovação, até os processos de financiamento, distribuição e usos.

Choppin (2004) pontua: “o estudo sistemático do contexto legislativo e regulador, que

condiciona não somente a existência e a estrutura, mas também a produção do livro

didático, é condição preliminar indispensável a qualquer estudo sobre a edição escolar”36.

Assim, fazer um estudo sobre esses objetos necessita analisar o contexto histórico e as

políticas públicas regulatórias nas quais ocorreram sua produção.

Conforme o autor, a partir de 1980, vários países empreenderam investigações

sistemáticas, embasadas na metodologia histórica, para reunir o maior número de

documentos de diversos arquivos, com o intuito de recuperar, de forma parcial ou total, a

história da produção dos livros didáticos. Esses trabalhos foram prósperos por

empregarem:

36 CHOPPIN, 2004, ibidem, p. 561.

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em primeiro lugar, o recurso a técnicas informatizadas para a coleta,

tratamento e difusão de informações; em seguida, a constituição de

programas de pesquisa coletiva, interuniversitárias, nacionais ou

internacionais e, enfim, a acumulação e formas de compartilhar

experiências e habilidades em congressos internacionais ou, mais

diretamente, pelas trocas de correspondência entre pesquisadores.37

Como exemplo dessa iniciativa, cita o programa Emmanuelle, criado no

Departamento de História da Educação do Institut National de Recherche Pédagogique

(INPR), na França. Nessa época, utilizando técnicas informatizadas, tornou-se referência

para posteriores iniciativas em diversos países pelo mundo. No Brasil, o Centro de

Memória da Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP)

segue a mesma linha, apresentado o Banco de Dados de Livros Escolares Brasileiros

(LIVRES) que busca referenciar e encontrar livros didáticos brasileiros para auxiliar

pesquisas sobre o tema.38 Como também, existem núcleos de pesquisas em outros países

acerca da temática.

De acordo com o autor, os trabalhos de levantamento de fontes são importantes

por contribuírem para o desenvolvimento das pesquisas sobre o tema. Isso porque “uma

vez que, quer se atenham ao conjunto da produção nacional ou à determinada faixa

cronológica ou disciplina ou nível escolar determinado, têm um caráter exaustivo e não

se inscrevem em uma problemática particular”39 no assunto.

Nesse sentido, as informações fornecidas pelos bancos de dados colaboram para

analisar diversos aspectos concernentes à história da produção desse objeto. Para Circe

Bittencourt (2011), a troca de relatos entre o maior número de pesquisadores, nacionais e

internacionais, é importante para verificar o conhecimento já produzido sobre o tema e,

conforme a autora destaca, são estudos realizados nas diversas disciplinas escolares, não

focando somente nos livros didáticos de História.40

Para Choppin (2004), as diferentes fases que demarcam a existência desse suporte

vêm despertando o interesse de historiadores. A sua elaboração, produção e distribuição

são temas de pesquisas devido ao peso econômico que o setor editorial escolar tem

representando nos últimos anos, principalmente em países onde os mesmos são

produzidos pela iniciativa privada e depois vendidos a governos, como é o caso do Brasil.

37 CHOPPIN, 2004, ibidem, p. 562. 38 A homepage do LIVRES pode ser acessada em <http://www2.fe.usp.br:8080/livres/#>. 39 CHOPPIN, 2004, ibidem, p. 563. 40 BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Produção Didática de História: trajetórias de pesquisas.

Revista de História. São Paulo, n° 164, pp. 87-516, jan./jun. 2011.

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Ao investigar a produção desses produtos, é importante analisar também a própria

editora, sua estrutura e seu modo de funcionamento, bem como averiguar, conforme

Choppin (2004) pontua:

A história particular da empresa, de sua produção, de suas estratégias

financeiras ou comerciais, de suas filiais ou sucursais, de suas relações

com os poderes políticos e religiosos, com o meio científico e

profissional, etc. se constitui, certamente, como percurso obrigatório.41

Ainda para o autor, é relevante observar os critérios que condicionam sua

existência e seu desenvolvimento, pois sua produção no mercado “é tributário de um

contexto político, demográfico, regulador, científico, financeiro, econômico, tecnológico,

pedagógico, etc.”42 Portanto, para entender a “evolução” de uma editora, necessita-se

proceder uma abordagem sistemática e criteriosa dos fatores condicionantes de sua

atuação e da fabricação de seus produtos.

Sobre essa temática no Brasil, Circe Bittencourt (2011) apresenta um balanço

sobre as pesquisas envolvendo o livro didático de História no período de 1980 a 2010 e,

para ela, estudos acadêmicos sobre o tema aumentaram a partir da década de 1980. O

livro didático tornou-se objeto de análise em diversas áreas e de várias disciplinas

escolares. Um levantamento realizado por professores da Universidade Estadual de

Campinas (UNICAMP), em 1989, mostrou a realização de dissertações e teses sobre

livros didáticos de História em cursos de pós-graduação e produção de eventos

relacionados a temática em encontros de pesquisadores sobre o Ensino de História e dos

Grupos de Trabalho de Livros Didáticos.

Bittencourt (2011) selecionou 121 trabalhos entre dissertações e teses sobre

investigações realizadas a respeito do livro didático de História no período compreendido

entre 1980 e 2009. Constatou que as produções concentram na região sudeste e em

universidades públicas federais e estaduais. Por exemplo, em São Paulo, a USP43 era a

responsável pelo maior número de estudos, com 24 publicações.

Além disso, verificou que, na década de 1980, as pesquisas se concentraram em

um grupo de quatro instituições.44 Já no primeiro decênio do século XXI, ocorreu um

41 CHOPPIN, 2004, op. cit., p. 564. 42 CHOPPIN, 2004, ibidem, p. 564. 43 Universidade de São Paulo. 44 São: “Faculdade de Educação da Unicamp; Faculdade de Filosofia, Ciências, Letras e Ciências Humanas

da USP; Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Centro de Filosofia e Ciências Humanas da

Universidade Federal de Pernambuco”. BITTENCOURT, 2011, idem, p. 494.

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incremento em centros de estudos e o tema em questão passou também a ser pesquisado

por áreas como a Linguística e a Antropologia. Atualmente, já podemos contar com os

trabalhos envolvendo a temática em programas de pós-graduação em Ensino de História,

como a nossa, sendo desenvolvida no Mestrado Profissional em Ensino de História

(ProfHistória) no núcleo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Ainda nesse período e no início dos anos 90, os ensaios envolvendo livros

didáticos de História procuravam mostrar o caráter ideológico que apresentava na

literatura educacional escolar. Visavam identificar ou “denunciar” o sistema de ideias

burguesas presentes nos meios de comunicação, que se estendia aos manuais escolares.

Tais trabalhos desenvolveram-se no mesmo momento de lutas políticas, na busca por

reformas curriculares durante o processo de democratização do país. Dessa forma, as

análises denunciavam a presença de uma ideologia dominante que se encontrava nesses

produtos e que representava os valores de grupos dominantes presentes em diversos

órgãos diretivos do Estado.

No caso do objeto em questão, aponta Bittencourt (2011), a denúncia se pautava

pela presença das disciplinas de Estudos Sociais, Educação Moral e Cívica e Organização

Social e Política do Brasil (OSPB) que não apenas concorriam, mas chegaram em

determinado momento a substituir a História. Também se baseava na presença dos

mesmos personagens históricos e na ausência de grupos sociais nos livros didáticos, no

momento em que se alargavam as lutas de movimentos sociais por reconhecimento social

no início da década de 1980.

Como Bittencourt (2011) explica, pesquisadores também analisavam os

conteúdos embasando-se no distanciamento entre o conhecimento histórico acadêmico e

o escolar e, por isso, diziam haver um caráter ideológico nos mesmos. Pontua ainda que

era atribuído aos autores dos livros o papel de verificar as publicações historiográficas

para que esses pudessem apresentar um padrão de qualidade.

Para a autora, esses estudos partem da ideia de que tal objeto produz um

conhecimento procedente apenas das universidades, bem como seria esse o princípio com

o qual se organizava a apresentação dos conteúdos, passando a ser o “suporte de

transposição do conhecimento acadêmico para o didático e este se encarrega de

transformar a história acadêmica em uma história ensinável”45. Assim, a crítica incidia na

forma como o conhecimento acadêmico era transposto para o livro didático, ou seja, de

45 BITTENCOURT, 2011, idem, p. 498.

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que maneira um saber oriundo de pesquisas científicas se transformava em um tal saber

“pronto e acabado” para explicar a História expressa nos manuais escolares.

Conforme Bittencourt (2011), essas concepções, ao serem difundidas, “fez ou

ainda faz” com que esse objeto seja considerado o problema da História ensinada nas

escolas e seus autores sejam vistos como os responsáveis por um ensino ideologicamente

comprometido e preocupado apenas com o retorno financeiro oriundo das editoras que

publicam o material.

Segundo os dados apresentados no estudo citado, na primeira década deste século,

ocorreu a expansão das pesquisas sobre o tema em todas as áreas do currículo escolar.

Isso devido à atuação de políticas de Estado no Brasil, como o PNLD, instituído a partir

de 1997 para fornecer livros didáticos para todos os estudantes das escolas públicas do

país. As investigações questionavam se as avaliações do material feitas por profissionais

de instituições universitárias e selecionadas por meio de edital do MEC têm promovido

melhorias no mesmo e ainda discutiam as relações entre editoras, Estado e seus

consumidores, em especial, com os professores(as) da Educação Básica.

De acordo com a autora, outro aspecto recorrente entre os pesquisadores dessa

temática no período era o de analisar se os livros didáticos da disciplina de História

estavam de acordo com as Leis n.º 10.649/2003 e n.º 11.645/2008, que define a

obrigatoriedade do ensino de história da África e da cultura dos afrodescendentes e do

ensino de História indígena na Educação Básica. Buscavam averiguar as concepções das

representações desses grupos não só no texto escrito, como também na iconografia

presente no livro.

Por fim, os estudos sobre os manuais escolares propõem verificar os usos que

alunos e professores(as) faziam do material durante as aulas. Observavam diversas

nuances dessa apropriação, tais como as disparidades entre o que está escrito no texto e o

modo como ele é utilizado pelo público, o processo de seleção dos manuais pelos docentes

e de que maneira esses materiais chegavam às escolas.

Conforme exposto acima, as pesquisas sobre o tema aumentaram muito nos

últimos anos, buscando analisar diversos aspectos desse objeto tão importante para o

ensino da disciplina. Assim, nossa pesquisa em desenvolvimento tem como problemática

principal refletir sobre a inserção das novas Tecnologias de Informação e Comunicação

nos livros didáticos de História, a partir da investigação da maneira de como é empregado

dois de seus recursos — sites e blog — tanto nos livros destinados aos estudantes quanto

no Manual do Professor da coleção “História, Sociedade & Cidadania”.

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Dessa forma, passaremos a abordar sobre alguns dos recursos que podem ser

encontrados em nossa fonte de pesquisa, tendo como base os apontamentos de Robert

Darnton (2010 e 2014). No entanto, é importante frisar que o foco principal deste trabalho

é a inserção de sites e blog com fins pedagógicos em nosso objeto de análise e não todos

os recursos das TICs nele presentes.

Darnton (2010) afirma que os sistemas de comunicação possuem a capacidade de

moldar os fatos do cotidiano à medida que são apresentados à sociedade pela mídia e é

uma história ainda pouco estudada por historiadores. Para refletir sobre essas questões, o

autor desenvolve sua análise sobre diferentes meios de comunicação, tais como o filme,

a TV, o jornal impresso e a publicação de livros acadêmicos.46

De acordo com Bittencourt (2009), os materiais produzidos pelos meios de

comunicação são destinados para um público mais amplo e diferenciado e só depois

passam a ser utilizados como objetivo pedagógico nas disciplinas escolares. Conforme a

autora, filmes de ficção ou documentários televisivos, artigos de jornais e revistas, leis,

entre outros, transformam-se em materiais educativos por mediação de docentes e sua

metodologia, passando a serem indicados nos livros didáticos de História como recursos

auxiliares no processo de ensino e aprendizagem da disciplina.47

Darnton (2010), ao analisar um filme com tema histórico, procura demonstrar os

vários sentidos que ele pode produzir nos seus espectadores, sejam eles crianças, jovens

ou adultos. Para o autor, ao se deparar com um conteúdo cinematográfico, a plateia pode

entendê-lo como uma verdade e não como uma interpretação, uma versão do diretor sobre

os fatos, que, muitas vezes, passou por cortes e adaptações para “caber” em um filme, não

reproduzindo a versão acadêmica do fato.

O autor toma o caso da obra “Danton”, lançado em 1983, na França, realizada

pelo diretor polonês Andrzej Wajda. O filme apresenta uma interpretação da rixa entre

Danton e Robespierre, líderes da Revolução Francesa, em meio à Fase do Terror, durante

o processo revolucionário. A produção não agradou ao presidente da França, na época,

nem políticos de esquerda, por apresentar uma visão dos acontecimentos com a qual não

concordavam. Segundo Darnton (2010), é possível perceber em seu conteúdo críticas à

46 DARNTON, Robert. Cinema: Danton e o duplo sentido. In: ___________. O beijo de Lamourette:

mídia, cultura e revolução. Tradução Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. Cap. 3. p.

54-68. 47 BITTENCOURT, 2009, op. cit., p. 327.

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repressão soviética ao sindicato Solidariedade em Varsóvia, na Polônia, mesmo

abordando outro tema.

Para Darnton (2010), ao trabalhar com um filme, deve-se observar se este não se

afasta dos registros históricos, da versão ensinada nos livros de História. O diretor pode,

em sua leitura, criar ou simplesmente excluir eventos do contexto histórico retratado,

levando os espectadores a terem outro entendimento da História a partir do que assistem.

Como filmes são materiais relacionados em livros didáticos de História para trabalho

pedagógico, é importante que nós, docentes, analisemos se sua versão não está em

contradição com o que é ensinado em sala de aula.

Em relação ao uso de filmes nas escolas, Bittencourt (2010) comenta que sua

utilização como material didático no ensino de História já ocorria nas primeiras décadas

do século XX, quando docentes do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, eram incentivados

pelo professor e autor de livros didáticos, Jonathas Serrano, a adotarem filmes de ficção

ou documentários, para facilitar o aprendizado.48 Segundo a autora, algumas publicações

sobre o tema mencionado indicam que os filmes podem ser usados como complementares

aos conteúdos abordados em sala de aula.

Para Bittencourt (2010), depois de décadas de aperfeiçoamento na produção

cinematográfica, os filmes estão cada vez mais presentes no cotidiano dos estudantes,

veiculados pela televisão e em vídeo. Além disso, assinala Vitória Azevedo da Fonseca

(2016), com as mudanças curriculares ocorridas na década de 1980, novas propostas

foram surgindo e diversas obras cinematográficas passaram a ser indicados nos livros

didáticos de História, atendendo às regras de um mercado editorial crescente e às normas

do MEC.49

Fonseca (2016), analisando as orientações — de sete coleções de História para os

anos finais do ensino fundamental listadas no PNLD 2014 — voltadas aos docentes sobre

a utilização desse objeto em sala de aula, observa a tentativa de estabelecer diálogos com

as produções acadêmicas sobre o tema nas orientações dos livros.50 Ao mesmo tempo,

identificou, nas instruções, a reprodução de discursos sem a devida reflexão por parte de

48 BITTENCOURT, 2010, Idem, p. 69-90. 49 FONSECA, Vitória Azevedo Da. Filmes no Ensino de História na visão dos Livros Didáticos: “Use Com

Moderação”. Revista Labirinto, Ano XVI, vol.24, n. 2 (Jan-Jun), 2016, p. 57-70. p. 59. 50 As coleções analisadas pela autora foram: Saber e Fazer História (COTRIM & RODRIGUES 2012); Para

entender a História (DIVALTE, VARGAS, 2012); Projeto Araribá (APOLINÁRIO, 2010); Encontros com

a História (ANASTÁCIA; RIBEIRO, 2012); História, Sociedade & Cidadania (BOULOS JÚNIOR, 2012);

Perspectiva Histórica (MOCELLIN, CAMARGO, 2012); Estudar História, das origens do homem à era

digital (BRAICK, 2011).

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autores das obras. Notou também a ocorrência do uso de termos de advertência como

“cuidado”, “preocupação”, “inadequado”, “atenção” e “limites”, em relação ao uso de

filmes em sala de aula.

Segundo a autora, em algumas obras, é notado, nas orientações aos docentes, o

diálogo com a produção acadêmica, como na coleção “Perspectiva Histórica”, de 2012,

trazendo uma abordagem “ampla e diferenciada”, podendo ser atribuída a um

conhecimento oriundo dos debates acadêmicos sobre o tema. Já na coleção “História,

Sociedade & Cidadania”, de 2012, não observou orientações sistematizadas e, em suas

referências, não constam especialistas sobre o tema, podendo significar que o autor não

buscou se aprofundar nos debates sobre o assunto.

De acordo com Darnton (2010), o destaque a certas passagens de um filme pode

influenciar o entendimento dos espectadores. Para o autor, as produções podem

apresentar um enfoque “exagerado” a determinados elementos do ambiente ou a

personagens que, muitas vezes, não se referem ou contradizem o foco principal da cena.

Nesse sentido, ao exibir um filme em sala de aula, indicado ou não no livro didático de

História, deve-se problematizar com os educandos as intenções do diretor em ressaltar

um aspecto ou um personagem da produção cinematográfica.

Darnton (2010) pontua ainda que a visão do diretor sobre os fatos históricos pode

apresentar anacronismos em relação àquela dos livros. Esse é um elemento importante a

se analisar por demonstrar as imprecisões da produção sobre o conteúdo que os estudantes

têm acesso nos livros didáticos da disciplina. Por essa perspectiva, o material pode não

auxiliar o trabalho dos docentes, nem contribuir para o ensino de História como se

esperava alcançar.

Por fim, Darnton (2010) assinala que um filme pode ser visto de formas diferentes,

em locais distintos, e causar impressões diversas nos espectadores, como ocorreu com

franceses e poloneses ao se depararem com a versão dos fatos apresentada em “Danton”.

Para o autor, a capacidade desse objeto em produzir duplo sentido na plateia “sugere que

o próprio significado é modelado pelo contexto”51 histórico que está sendo abordado.

Darnton (2010) também analisa a televisão como meio de comunicação, a partir

do roteiro de uma dramatização histórica para exibição nos Estados Unidos sobre

Napoleão e Josefina.52 Caracteriza a TV como um recurso que transmite diversas

51 Darnton, 2010, op. cit., p. 68. 52 Darnton, 2010, ibidem, p. 69.

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informações ao mesmo tempo, para um público variado de milhões de espectadores. Por

essa particularidade, seu conteúdo tende a “modelar a cultura” disseminada para o público

em geral, independentemente se é para o dos Estados Unidos ou o de qualquer outro país.

Para o autor, devemos, inicialmente, observar a qualidade da história, ou melhor,

a qual história que as pessoas assistem nos materiais produzidos para a TV. Assinala que,

nos conteúdos televisivos, podemos encontrar a existência de palavras, episódios, grupos

sociais e personagens, sejam eles os principais ou secundários inventados pelo diretor,

como outros que de fato existiram, mas não são nem lembrados pelos produtores.

Pontua também a importância de se observar as características culturais exibidas

no material. Segundo Darnton (2010), nota-se um foco exagerado, como se fossem as

únicas do período abordado e outras a serem atribuídas como padrão, de maneira a

entender que todos os grupos sociais viviam da mesma forma em uma época. Porém,

lembra-nos de algumas que podem ser esquecidas ou simplesmente retiradas de uma obra

quando aborda um determinado período histórico.

Para Darnton (2010), a versão da história apresentada na TV para os

telespectadores é diferente da acadêmica ou daquela encontrada nos livros didáticos.

Segundo o autor, a televisão passa a difundir a ideia de que costumes e modos de viver

são iguais, padronizado entre os indivíduos, como se não houvesse diferenças sociais,

econômicas, políticas e culturais entre as pessoas de épocas e locais diferentes.

Explica ainda que, quando informações e fatos históricos são abordados

equivocadamente nos conteúdos produzidos para a televisão, transmitem ao público geral

uma versão que se aproxima muito de uma “história fatual” distante da acadêmica. Acaba

sendo entendida como “qualquer coisa” sem sentido, sem nada a contribuir para o

conhecimento da história pela sociedade.

Acrescenta também que os telespectadores de qualquer país merecem uma

explicação mais “precisa” da história que lhes é transmitida. Pois, segundo o autor, “sem

uma certa consideração pela precisão, a história perde suas amarras [...]”53 e torna algo

repleto de contradições, de estereótipos, de falsas ideias, mesmo não sendo a intenção de

uma obra televisiva oferecer uma aula a quem a assiste.

Darnton (2010) sustenta seus argumentos na ideia de que a história tem que ser

“como uma construção imaginativa, algo que precisa ser pensado e retrabalhado

53 Darnton, 2010, ibidem, p. 73.

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interminavelmente”54, defende que ela não pode ser transformada em qualquer coisa

inventada, a ponto de ignorar os estudos históricos, ao ser adaptada para a TV e vista por

milhões de espectadores. Para o autor, sem uma pesquisa cuidadosa sobre os fatos, “a

história pode ser piorada em vez de melhorada”55, quando exibida nesse meio de

comunicação.

As observações do autor são importantes para o momento em que nos deparamos

com a indicação desse tipo de material na coleção analisada ou, em outra, como recursos

pedagógicos auxiliares de docentes para o ensino de História. No livro do 8º ano,

destinado aos docentes, no Material de Apoio ao Professor, o autor indica a minissérie de

televisão “A casa das sete mulheres”56, como um material a ser exibido aos estudantes

para ajudá-los a formar uma ideia sobre a Revolução Farroupilha.57

Sobre a indicação da referida minissérie no livro, cabe algumas considerações. A

Revolução Farroupilha é abordada entre as páginas 219 a 221, no capítulo 11 intitulado

de “Regências: a unidade ameaçada”, no qual se trabalha as rebeliões regenciais. Já a

referência à produção televisiva só é feita na página 240, na legenda de uma fotografia,

na qual notamos, em primeiro plano, a metade da estátua de uma mulher e, ao fundo, uma

enorme casa em uma fazenda produtora de charque no Rio Grande do Sul do século XIX.

No entanto, isso é feito no capítulo 12 denominado “O reinado de D. Pedro II:

modernização e imigração”, em um conteúdo no qual se aborda a questão econômica do

período imperial e não propriamente a Revolução Farroupilha.

A coleção não traz nenhuma explicação sobre o conteúdo da minissérie no livro

do estudante, nem orientações ao(à) professor(a) sobre como utilizar um conteúdo

televisivo em sala de aula. Mesmo que os docentes se mobilizassem para usá-la em suas

aulas, demandaria fazer um bom planejamento no intuito de analisar seu conteúdo, a

versão dos fatos históricos, aspectos políticos, econômicos e sociais, bem como possíveis

contradições em relação ao conteúdo do livro didático e de estudos acadêmicos. Ainda

assim, provavelmente, não conseguiria exibir toda a minissérie, em virtude de sua longa

duração e, assim, teria que fazer seleções de cenas, uma vez que a carga horária de aulas

da disciplina é reduzida.

54 Darnton, 2010, ibidem, p. 75. 55 Darnton, 2010, ibidem, p. 75. 56 A CASA das sete mulheres. Direção de Jaime Monjardin. [S. I.]: Rede Globo, 2003. (1084 min.), son.,

color. A minissérie é baseada no livro homônimo da escritora gaúcha Leticia Wierzchowski. 57 BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História: Sociedade & Cidadania. 3. ed. São Paulo: FTD, 2015. p. 404.

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Considerando os apontamentos do autor, os conteúdos adaptados para a TV

precisam ser analisados pelos(as) professores(as), de forma a refletir se a intenção é

promover o ensino de História aos estudantes a partir de um produto dos meios de

comunicação, devido ao fato de ser produzido para um público amplo e geral, sem

intenções didáticas. Portanto, como afirma Darnton (2010), a finalidade dos produtores

de conteúdos midiáticos não é apresentar uma aula de História, mesmo assim, não se pode

exibir qualquer coisa aos telespectadores.

Outro meio de comunicação presente em livros didáticos de História são os

fragmentos de jornais impressos. Para Darnton (2010), os fatos do cotidiano são

convertidos em notícias por jornalistas, os quais não considera ser apenas um simples

“repositório de fatos em si”, para ele, as matérias difundidas nos jornais são como

“coletâneas de relatos”, produzidas por alguém sobre o acontecido, em um passado

imediato, considerando práticas jornalísticas.58

Segundo o autor, existem diferentes fatores que influenciam no processo de

produção de notícias. Inicialmente, as reportagens são elaboradas pensando, em primeiro

lugar, nos jornalistas da sala de redação e nos colegas de profissão, que são os primeiros

a lerem seus textos e de quem precisam conquistar seu status diariamente, não pensando

em “imagem de pessoas” que irão ler.

Conforme Darnton (2010), o sistema hierárquico do jornal também influi na

maneira como são redigidas as matérias. Composto por um editor-chefe, editores

assistentes e repórteres, ele atua diretamente na forma dos jornalistas produzirem a

notícia, à medida que os editores distribuem as tarefas entre os profissionais para a

cobertura dos fatos, determinando, de acordo com suas ideias, quais acontecimentos

devem se transformar em notícias.

De acordo com o autor, a atuação dos preparadores de texto é outro fator de

influência na redação das matérias. São profissionais cujo trabalho consiste em ajustar o

texto da notícia antes de seguir para a publicação, com correções gramaticais necessárias,

como cortes ou inversões de parágrafos que podem alterar o sentido que o jornalista deu

ao seu texto e até criar outros nas notícias.

Para Darnton (2010), a relação dos jornalistas com seus colegas de seção também

implica na forma de redigirem uma notícia. Sendo os primeiros leitores da matéria, suas

opiniões são observadas. De acordo com o autor, a concepção do que viria a ser a notícia

58 DARNTON, 2010, op. cit., Cap. 5. p. 76-109.

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surge primeiro do contato do repórter com seu grupo de seção e seus editores do que com

o público de leitores em geral.

Darnton (2010) pontua que as importantes alterações na estrutura administrativa

do jornal determinam a maneira de escrever a matéria. Basta apenas a mudança do editor

de uma seção para que a forma dos repórteres elaborarem as notícias também seja

modificada para se adequar às concepções de seu novo chefe. Para o autor, a forma dos

meios de comunicação de apresentar os acontecimentos do cotidiano à sociedade é mais

influenciada pelas ideias de editores e jornalistas do que pelo leitor final da notícia.

Segundo Darnton (2010), os leitores de um jornal não são formados por uma

massa única e homogênea de pessoas. É um público composto por diferentes grupos e

indivíduos que se interessa por determinadas partes do jornal. São esses grupos que levam

repórteres a se especializarem em escrever sobre certos objetos para um público

específico. Assim, é essa referência que os influencia na redação da notícia mais do que

qualquer imagem de um público geral, até porque este não existe.

Para o autor, jornalistas tendem inevitavelmente a adotar o ponto de vista das

pessoas sobre as quais escrevem, em detrimento de outras. Dessa forma, a maneira de

redigirem a notícia é influenciada por leitores específicos e “o noticiário corre em

circuitos fechados: é escrito sobre e para as mesmas pessoas, e às vezes em código

privado”59, entendido somente por membros específicos, mesmo que a mensagem da

matéria se destine ao público geral.

A forma de apresentar a notícia segue uma padronização, um formato já pensado

pelo jornalista do que deve ser a estrutura da matéria sobre qualquer assunto. Para o autor,

esses “padrões” são oriundos de outros períodos e podem ter variações devido ao tempo,

lugar e jornal. No entanto, tem-se a clara possibilidade de encontrar semelhanças na forma

de apresentar a notícia no decorrer dos três últimos séculos.

Conforme Darnton (2010), a forma de escrever as matérias também é influenciada

pela existência de estereótipos, modelos que jornalistas buscam seguir no momento de

redigir a notícia. Para o autor, a estereotipagem acaba indicando quais acontecimentos

são importantes, a ponto de serem transformados em relatos, em uma boa matéria ou em

outros, que não serão nem mencionados na edição do jornal, conforme interesse de

editores e repórteres.

59 DARNTON, 2010, ibidem, p. 92.

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De acordo com Darnton (2010), os editores de livros têm importante atuação no

processo de publicação de obras de autores acadêmicos por editoras universitárias.60 Para

o autor, à medida que aumentou a quantidade de textos enviados anualmente às editoras,

também cresceu o número de livros por elas lançados. No entanto, menciona que segue

alto o montante de títulos rejeitados todos os anos pelas mesmas, numa proporção de nove

ou dez para um apenas, em relação ao total de textos recebidos para aos que são

publicados.

Darnton (2010), ao sugerir alguns “estratagemas simples” para o autor

universitário ver seu texto impresso no segmento, mostra o quanto é forte a atuação das

editoras em moldar a cultura, de torná-la de fácil consumo no momento em que

determinam o que deve e o que não deve ser publicado para o público, mesmo que seja o

acadêmico. É uma ideia que pode ser estendida ao processo de publicação de livros

didáticos, pois as editoras concebem um produto visando ao público específico de

discentes da Educação Básica.

Em relação à coleção elencada na pesquisa, notamos, em seu processo de

produção, a interferência de diferentes profissionais da indústria editorial. São editores,

revisores de texto, diagramadores, entre outros, atuando na elaboração do material até

chegar a um produto que atenda às necessidades do mercado editorial, que, em grande

parte, também é determinado pelos critérios estabelecidos pelo MEC para a elaboração

de livros didáticos para a Educação Básica e já abordados anteriormente neste texto.

Na obra analisada, a Editora FTD é a responsável pela sua produção. Sua

intervenção pode ser percebida quando, observando as primeiras páginas dos livros,

encontramos a lista da equipe editorial responsável por sua elaboração. A atuação de um

profissional da indústria editorial pode ser verificada desde a preparação das capas até a

seleção, disposição e reprodução da iconografia vista no texto principal, visando a

“seduzir” docentes a escolherem seus produtos.

Para Bittencourt (2010), o livro didático é um objeto cultural, uma mercadoria,

um produto das editoras que acompanha o desenvolvimento das técnicas de produção e

comercialização dentro de um mercado de consumo. Afirma, ao longo de seu processo de

fabricação, dentro da indústria cultural, que é alvo da intervenção de uma equipe que, ao

concebê-lo como produto, estabelece diferentes formas de leitura de seu texto.

60 DARNTON, 2010, ibidem, cap. 5. p. 76-109.

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Nesse sentido, as editoras buscam se adequar aos critérios de produção dos livros

didáticos estabelecidos pelo MEC, já que este é o maior comprador de materiais didáticos

das mesmas. Portanto, são elas que acabam por determinar o formato das coleções

didáticas utilizadas por professores(as) e estudantes de escolas públicas do país.

Os apontamentos de Darnton (2010) sobre o jornal, filme, TV e publicação de

livros são importantes quando se propõe a analisar esses diferentes meios de

comunicação. Demonstra que são produtos da indústria cultural dotados de sentidos e

intenções de editores de jornais, diretores de cinema, produtores de TV e editores de

livros, não sendo um material isento de qualquer significado. Mostra o quanto os sistemas

de comunicação são capazes de modelar a cultura e deixá-la mais acessível à medida que

apresentam fatos do cotidiano à sociedade pelos diferentes meios de comunicação

abordados.

De acordo com Darnton (2014), atualmente, as pessoas dedicam muito tempo para

a troca de informações utilizando recursos das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs). Usam os computadores, smartphones, redes sociais, TV, e-mails,

Internet, entre outros, tanto para o trabalho quanto para o entretenimento, de modo que a

comunicação passou a ser a mais importante atividade da vida moderna.61

No caso da coleção em questão, os recursos das TICs que buscamos analisar são

sites e blogs. O primeiro (sites) é indicado para o desenvolvimento de atividades de

aprendizagens específicas ou para pesquisa de novas informações, sempre ao final de um

determinado capítulo ou unidade temática. Já o segundo (blog) parte da proposta “Blog

da Turma”, que se encontra já nas primeiras páginas do Livro do Estudante, cujo objetivo

é o de compartilhar os resultados de pesquisas realizadas pelos discentes durante as aulas.

Desse modo, o fundamental é analisar se a maneira como estão inseridos contribuem ou

não para o ensino de História. Em uma análise preliminar sobre as proposições,

percebemos a existência de indícios que não favorecem a implementação das mesmas.

Para o autor, os recursos das TICs estão profundamente difundidos na atual

sociedade, a ponto de produzirem uma enganosa ideia sobre o passado: a de que a

comunicação não tem historicidade antes da popularização da internet ou da TV.

Conforme Darnton (2014), as facilidades que eles proporcionam levam a sensação de

vivermos em um “mundo novo” nunca antes visto, denominado “sociedade da

informação”.

61 DARNTON, idem, 2014.

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Nesse contexto, muitos indivíduos chegam a considerar que sociedades de

períodos anteriores não se importavam com a comunicação e a informação. No entanto,

o autor assinala que isso não passa de uma ilusão propiciada por benefícios das TICs, já

que “a informação permeou toda a ordem social desde que os seres humanos aprenderam

a trocar sinais”62. Para demonstrar sua proposição, o autor analisou a existência de um

sistema de comunicação oral e escrita, na capital francesa (Paris) de meados do século

XVIII, usado para difundir informações, mesmo existindo muitos parisienses sem saber

ler e escrever.

Darnton (2014) aponta que as redes de comunicação de Paris divulgavam sobre

vários acontecimentos do cotidiano da sociedade da época, desde intrigas da corte, em

especial, a vida da família real, passando por questões da política do governo, chegando

à insatisfação popular contra os impostos. As informações circulavam de forma oral e

escrita por diferentes espaços, indo do Palácio de Versailles até os bairros habitados por

moradores pobres na capital.

Os envolvidos nessas redes de divulgação utilizavam diferentes maneiras para

fazer a circulação dos assuntos entre a população. Os poemas eram escritos em pequenas

tiras de papel, fácil de se passar à frente, de mão em mão ou de bolso em bolso; eram

memorizados; ditados a copistas; reescritos; declamados por professores universitários a

jovens estudantes; impressos em panfletos clandestinos e cartazes, bem como cantados,

em diversos pontos da cidade, por tipos diferentes de pessoas, que acrescentavam novos

elementos à mesma canção.

Eram formas eficientes de difundir informações entre as pequenas redes de

comunicação da cidade. Elas, na verdade, formavam um sistema maior que abrangia a

capital francesa, numa época em que não existiam os atuais recursos tecnológicos para a

troca de mensagens. Conforme Darnton (2014), a existência desse sistema indica que “a

sociedade da informação existia muito antes do uso da internet”63 e não que a

popularização da internet levou ao surgimento da sociedade da informação, como muitos

pensam hoje.

O autor demonstra que os processos de troca de informações nas sociedades

anteriores até a invenção das TICs possuem uma história a ser estudada. Isso fica evidente

quando Darnton (2014) analisa a trajetória de seis poemas “sediciosos”, disseminados em

62 DARNTON, 2014, ibidem, p. 07. 63 DARNTON, 2014, ibidem, p. 134.

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Paris por diferentes grupos sociais, de cortesãos a estudantes, em uma rede de

comunicação oral e escrita, desaparecida no século XVIII, com várias linhas de

transmissão e ramificações que se cruzavam para formar um sistema maior de divulgação

de fatos, envolvendo questões políticas a assuntos de foro pessoal.

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CAPÍTULO II — A COLEÇÃO DIDÁTICA “HISTÓRIA, SOCIEDADE &

CIDADANIA”

O presente texto tem por objetivo apresentar uma caracterização mais detalhada

da coleção, focando na atuação da Editora FTD, produtora do material e de seu autor

Alfredo Boulos Júnior no mercado editorial. Em nosso estudo, utilizaremos, como fonte

de pesquisa, o livro identificado como Manual do Professor, dos quatro anos/fases do

ensino fundamental II, devido esse apresentar, em um único volume, os componentes

direcionados aos estudantes e os materiais de apoio aos docentes.

2.1 Coleção, autor e editora

A Coleção “História, Sociedade & Cidadania” é de autoria de Alfredo Boulos

Júnior, produzida pela Editora FTD, foi publicada no ano de 2015, está em sua 3ª edição

e é destinada aos anos finais do ensino fundamental II. É composta por quatro volumes,

do 6º ano do 2º Ciclo ao 9° ano do 3º Ciclo. Foi avaliada e distribuída pelo PNLD para

os anos de 2017, 2018 e 2019, com o Código 0126P17042. De acordo com o Guia do

Livro Didático, é uma coleção do Tipo 1, ou seja, composta por doze volumes, com quatro

Livros do Estudante impressos, quatro Manuais dos Professores impressos e quatro DVDs

dos Manuais do Professor Multimídia. Selecionamos, como fonte de pesquisa, este

último, em sua forma escrita, para cada ano da coleção, em razão de oferecer as

orientações aos docentes e a parte direcionada aos estudantes.

Os Livros do Estudante destinados ao 6º ano do 2º Ciclo e ao 7º e 8º anos do 3º

Ciclo possuem 320 páginas. Já os do 9º ano possuem 336 páginas e exibem as mesmas

características. O formato de cada um é de 27,5 x 20,5 cm; o corpo dos capítulos integra

textos e imagens em diferentes suportes; o texto principal é impresso em cor preta sobre

papel branco e a iconografia impressa é colorida. O conteúdo está dividido em unidades

temáticas e em capítulos, iniciados com páginas que contêm diferentes fontes históricas

e um escrito com questões que buscam problematizar os conhecimentos prévios dos

educandos, relacionando-os aos assuntos a serem abordados na unidade.

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Conforme dados apresentados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação (FNDE), a referida coleção, produzida pela Editora FTD, foi a mais distribuída

pelo Ministério da Educação (MEC) no PNLD do ano de 2017. Os números são

expressivos, foram adquiridos a quantia de 3.313.449 exemplares de Livros do Estudante

e de 73.712 Manuais dos Professores, totalizando o expressivo montante de 3.387.161

livros comprados e distribuídos, fazendo com que essa obra fosse a primeira com a maior

tiragem entre as quatorze coleções avaliadas para a disciplina de História listadas na

edição daquele ano.64

Para fins comparativos, o mesmo documento apresenta os dados das demais

coleções, tomando como exemplo o “Projeto Araribá – História”, 4ª edição de 2014, obra

coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna, tendo com editora

responsável Maria Raquel Apolinário. Os números indicam que a mesma obteve pouco

mais da metade do que a primeira, cerca de 52,6%, apresentando um total de 1.781.362

exemplares entre Livros do Estudante e Manuais dos Professores, para o mesmo nível de

ensino e disciplina. Ficando a referida obra na ordem de segundo lugar em tiragem.

As informações sobre a distribuição da coleção “História, Sociedade &

Cidadania”, para o período mencionado, nos apontam para algumas considerações. As

informações revelam que a Editora FTD teve faturamento financeiro expressivo devido à

aquisição da coleção pelo órgão do governo. De acordo com Cassiano (2017), no PNLD

2017, o ministério responsável investiu R$ 1.230.800.000 (um bilhão, duzentos e trinta

milhões e oitocentos mil reais) para a avaliação, compra e distribuição de 144.700.000

(cento e quarenta e quatro milhões e setecentos mil) de livros didáticos destinados aos

estudantes matriculados no ensino fundamental da Educação Básica pública de todo o

país.65 Nesse cenário, o governo brasileiro figura como o maior freguês de livros didáticos

do país, além de ser um grande cliente das editoras que atuam nesse mercado editorial.

Os dados indicam que o referido segmento representa, no país, um negócio certo

e altamente lucrativo para as empresas do setor, pois, com algumas ressalvas, a maioria

dos estudantes matriculados na rede pública de ensino utilizam o livro didático em quase

todas as disciplinas escolares e, como afirma Cassiano (2017), configura em um

64 Cf. EDUCAÇÃO, Ministério da. Coleções mais distribuídas por componente curricular - Séries

finais Ensino Fundamental. 2017. Disponível em: <https://www.fnde.gov.br/programas/programas-do-

livro/pnld/dados-estatisticos>. Acesso em: 18 fev. 2019. 65 CASSIANO, op. cit., 2017, p. 83-100.

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privilegiado campo de disputa entre as maiores editoras do país, entre elas, marca

presença a FTD.

Assim, com o objetivo de realizar um estudo da coleção didática “História,

Sociedade & Cidadania”, visando a abordá-la de maneira não fragmentária, diante dos

números apresentados, analisar a história da editora que a produziu torna-se

imprescindível. Conforme Choppin (2004) explica, observar o funcionamento da

empresa, de sua produção, da estratégia de venda e suas relações com os poderes políticos

e religiosos tornam-se fundamental para entender a problemática relativa aos materiais

didáticos produzidos sob sua responsabilidade. Assim, abordaremos um pouco mais sobre

a formação da FTD.

Para Cassiano (2007), a Editora FTD é uma das mais antigas no mercado editorial

brasileiro e não se enquadra em um grupo de editoras nacionais com gestão familiar. Foi

fundada em 1817, na França, pelo padre Marcelino Champagnat, membro da ordem

religiosa dos Irmãos Maristas. O irmão Isidoro Dumont é considerado o fundador da

editora marista no Brasil, sendo que a primeira publicação do grupo no país foi em 1902,

mas a presença da congregação marista no Brasil data de 1897, com a fundação de várias

instituições educacionais. De acordo com a autora, os Irmãos Maristas eram contrários à

ideia de suas publicações apresentarem sua autoria, por esse motivo, apenas o logotipo

da Congregação com a sigla FTD aparecia nas capas.66

Ainda segunda a autora, a sigla FTD corresponde às iniciais de Frère Théophane

Durand, que, em 1883, ao assumir a direção da Congregação dos Irmãos Maristas,

estimulou a produção de obras didáticas que recebeu o nome de “Coleção FTD”. Porém,

a editora surgiu quando a marca foi registrada comercialmente, possibilitando a criação

da empresa editorial. Até a década de 1930, os livros da FTD usados no Brasil eram

produzidos na França, mas, gradativamente, passaram a ser impressos pela Gráfica

Siqueira, em São Paulo, e distribuídos pelos irmãos maristas e, em seguida, pela Livraria

Francisco Alves.

De 1956 a 1963, a impressão e a distribuição eram realizadas pela Editora do

Brasil e, em 1963, a “Coleção FTD” tornou-se Editora FTD, passando a produzir e

difundir seus livros didáticos no país. Em 1997, ela comprou a Editora Quinteto; em 2002,

lançou seu catálogo com cerca de 4.000 títulos, possuindo mais de 1.200 funcionários e

um enorme parque gráfico. Cassiano (2017) aponta que o Grupo Marista, no Brasil,

66 CASSIANO, idem, 2007, p. 158

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possui, na área educacional, a Editora FTD, FTD Sistema de Ensino e Integra – Serviços

Educacionais Integrados, como também inúmeras unidades escolares.67

Esse breve histórico demonstra que a Editora FTD foi se transformando, ao longo

dos anos, em um grande e importante grupo empresarial, atuando no setor educacional do

Brasil. Dessa forma, podemos perceber que seus materiais estão presentes tanto em

escolas públicas, por meio de livros didáticos, quanto em instituições privadas mediante

a comercialização de sistemas de ensino. No caso supracitado e de outras, como a

Moderna, responsável pelo “Projeto Araribá – História”, o governo brasileiro é o maior

cliente na aquisição de suas coleções didáticas por meio dos recursos destinados ao

PNLD.

Conforme Cassiano (2007) pontua, a FTD mantém-se no rol de editoras que

fornecem livros didáticos para o MEC desde a década de 1990 e, ao que parece, prevalece

uma parceria duradoura e altamente rentável para a empresa. Em uma breve consulta aos

catálogos das coleções didáticas, buscando pela coleção “História, Sociedade &

Cidadania” de Alfredo Boulos Júnior com o grupo, ela já constava na lista do PNLD

desde o ano de 2008.

Os dados nos permitem ainda apontar que a coleção possui boa aceitação entre

professores(as) de História, sendo utilizada em escolas públicas de todas as regiões do

país. Após uma análise nos livros da coleção, observamos que seu aspecto visual pode ter

favorecido a sua indicação por docentes para aquisição do governo pelo PNLD de 2017,

visto que muitos docentes preferem ter em mãos a coleção física enviada antecipadamente

do que ler a resenha de sua avaliação no Guia do Livro Didático.

De acordo com Caimi (2017), é comum as editoras encaminharem com

antecedência e gratuitamente exemplares de suas coleções às escolas, para que

educadores(as) possam fazer o exame físico dos livros para a escolha. Para a autora, dessa

forma, a consulta ao Guia do Livro Didático pelos(as) professores(as) no processo de

escolha da coleção é pouco recorrente, preferindo ter o livro em mãos. Pontua que essas

condições acabam conferindo vantagem para as grandes editoras, como a FTD, que

possuem condições financeiras para realizar essa logística em virtude da enorme

quantidade de escolas atendidas pelo PNLD.68

67 CASSIANO, ibidem, 2007, p. 89. 68 CAIMI, Flávia Eloisa. O livro didático de história e suas imperfeições: repercussões do PNLD após 20

anos. In: ROCHA, Helenice; REZNIK, Luis; MAGALHÃES, Marcelo de Souza. Livros didáticos de

história: entre políticas e narrativas. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017, pp. 33-54. p. 47.

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Nesse caso, posso dizer, com experiência, que, nas escolhas do livro didático em

que participei, enquanto professor de História na escola onde lecionava, a indicação da

referida coleção era feita entre os docentes da disciplina pela observação física do material

enviado antecipada e gratuitamente à escola pelas editoras do que pela leitura da resenha

de sua avaliação disponibilizada no Guia do Livro Didático. Não tínhamos em mãos todas

as quatorze coleções do PNLD de 2017, no entanto, o material das grandes editoras, como

a Moderna, FTD, Ática e Saraiva Educação, estava sempre disponível para consulta.

Em relação ao aspecto visual da coleção, este é marcado pela presença de uma

iconografia variada e numerosa. Observando apenas um dos volumes da coleção — o

Livro do Estudante do 6º ano —, notamos quantitativamente a presença de 493 imagens

em diferentes suportes como fotografias, pinturas, charges, quadrinhos e outros,

distribuídos junto ao seu texto principal, na abertura das unidades temáticas e dos

capítulos e nas atividades propostas.

De acordo com Squinelo (2015), a inserção de diferentes imagens mostra que os

aspectos “visuais” estão conquistando espaço na elaboração dos manuais didáticos.69

Pontua ainda que a inserção de imagens em diferentes suportes aponta para o

cumprimento de requisitos atuais dos editais do PNLD e para a incorporação de diversas

fontes no ensino de História. Para a autora, nota-se que autores e editoras de livros

didáticos acabam por adequar seus materiais, pelo menos em tese, com a ampliação do

conceito de fontes históricas observadas na historiografia.

Dessa forma, tais requisitos estabelecidos pelo governo levam as empresas desse

segmento a conceberem suas coleções com um projeto gráfico, no mínimo, ousado, para

não ficarem de fora do rol de coleções do PNLD, visando, em grande parte, ao retorno

financeiro a seus cofres, oriundos de investimentos públicos para aquisição de livros no

programa.

Sendo a Editora FTD uma grande companhia capitalista, ela exige um bom

planejamento tanto na fase de produção quanto na de divulgação de suas coleções, pois o

mercado de venda de livros didáticos, mesmo representando alta lucratividade, mostra-se

competitivo no Brasil, visto que, para o PNLD do ano de 2017, foram aprovadas quatorze

coleções.

69 SQUINELO, Ana Paula. Concepções Historiográficas e Ensino de História: a Guerra do Paraguai nas

Coleções Didáticas Projeto Radix: História e História, Sociedade & Cidadania (PNLD 2014). Diálogos

(Maringá. Online), v. 19, n.3, p. 1121-1139, set.-dez. 2015. p.1129.

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52

A Coleção “História, Sociedade & Cidadania” é de autoria de Alfredo Boulos

Júnior, reconhecido como autor de livros didáticos, principalmente pela concepção da

referida coleção, bastante utilizada por professores(as) e estudantes em escolas públicas

de todo o país. Conforme consta em seu Currículo Lattes, não atualizado a alguns anos,

já que o mesmo não tem ligação com nenhum órgão público de fomento à pesquisa apenas

com o setor privado, o autor possui também publicações de vários livros paradidáticos

pela Editora FTD desde o ano de 1998.70 Já a coleção em análise figurava nas listas de

didáticos do PNLD desde o ano de 2008, pela editora, como dito anteriormente, atuando

a bastante tempo no mercado editorial de livros didáticos e paradidáticos em parceria com

a FTD.

Ainda conforme o documento mencionado, o autor descreve que tem interesse por

temas como representação, imagens, africanos, afrodescendentes, livro didático e África.

Também frisa que é autor de coleções paradidáticas, a maioria delas produzidas pela FTD

no final da década de 1990 e início do século XXI. Pelos títulos de suas obras listadas e

mostradas na imagem abaixo, podemos observar que é um autor capaz de abordar sobre

vários temas históricos, como os que envolvem os africanos e os afrodescendentes, a

colonização portuguesa, a economia colonial, a imigração estrangeira, os povos indígenas

do Brasil e a questão republicana.

70 Cf. BOULOS JÚNIOR, Alfredo. Currículo do sistema currículo Lattes. [Brasília], 17 set. 2004.

Disponível em <http://lattes.cnpq.br/1421259871718064>. Acesso em 16 fev. 2019.

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Imagem 1: Lista de obras publicadas Alfredo Boulos Júnior, disponível em <

http://lattes.cnpq.br/1421259871718064 >/ dados fornecidos pelo próprio autor. Acesso em: 15

fev. 2019.

O autor ainda demonstra certa versatilidade em conceber materiais didáticos ao

escrever uma versão da coleção “História, Sociedade & Cidadania” destinada aos anos

iniciais do ensino fundamental I (1º, 2º, 3º, 4º e 5º anos) pela mesma editora. No site do

referido, o argumento apresentado para a concepção da coleção é a ideia de a disciplina

de História também contribuir para a alfabetização e, ao lado da imagem dos livros,

aparece a seguinte mensagem “Ensinar a ler e escrever também é um compromisso da

História”71.

71 Cf. FTD. Alfredo Boulos Júnior. 2018. Disponível em: <https://boulos.ftd.com.br/#about>. Acesso em:

14 jul. 2019.

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Imagem 2: - Coleção “História, Sociedade & Cidadania”, 2ª edição, 2018, para os anos

iniciais do Ensino Fundamental I de Alfredo Boulos Júnior. Disponível em <

https://boulos.ftd.com.br/> Acesso em: 14 jul. 2019.

Na página virtual da Editora FTD, ainda encontramos outras produções didáticas

do autor. Apresenta a coleção “360° – História, Sociedade & Cidadania” para o ensino

médio, uma na versão de volume único e outra dividida em três volumes. Sua divulgação

no site é feita com uma imagem contendo os dois volumes e a seguinte mensagem escrita:

“História integrada, formação cidadã e valorização da diversidade cultural brasileira”72,

em que entendemos que a coleção está adequada aos critérios estabelecidos pelo MEC

para constar no PNLD.

Imagem 3: Coleção “360° - História, Sociedade & Cidadania”, 1ª edição, 2017 de Alfredo

Boulos Júnior - Ensino Médio – Volume Único e em três Volumes. Disponível <

https://boulos.ftd.com.br/colecoes/ensino-medio> Acesso em: 15 jul. 2019.

72 Cf. FTD, idem, 2018.

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No site da Editora FTD ainda consta a divulgação da coleção “História, Sociedade

& Cidadania” do autor para os anos finais do ensino fundamental II. A 3ª edição de 2015,

a mesma analisada nesta pesquisa, não se encontra mais disponível para visualização na

página eletrônica consultada, sendo possível visualizar apenas a nova edição de 2018. A

apresentação da nova edição vem acompanhada de uma imagem da capa dos quatro

volumes e a seguinte mensagem: “História do Brasil e do mundo, desde as primeiras

comunidades aos dias atuais”73, o que podemos entender que apresenta o conteúdo da

História do Brasil intercalado ao da América, Europa, África e Ásia de maneira linear.

Imagem 4: Coleção “História, Sociedade & Cidadania” edição de 2018 para os anos finais

do Ensino Fundamental II de Alfredo Boulos Júnior. Disponível em <

https://boulos.ftd.com.br/> Acesso em: 14 jul. 2019.

A edição da coleção analisada nesta pesquisa apresenta, pelo menos visualmente,

duas diferenças em relação à nova edição, já que não disponho do atual material para

observação. A primeira diferença está nas capas dos livros, visto que as imagens que

estampam a nova publicação são completamente diferentes da anterior. As imagens

parecem remeter ao conteúdo abordado em cada livro, em visão cronológica linear,

iniciando da História Antiga, no livro do 6º ano, até a Contemporânea, no livro do 9º ano.

Outro detalhe que a nova coleção apresenta é o fato de estar organizada de acordo com

as novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino

fundamental.

73 Cf. FTD. Alfredo Boulos Júnior. 2018. Disponível em: <https://boulos.ftd.com.br/colecao/ensino-

fundamental-2/historia-sociedade-e-cidadania>. Acesso em: 14 jul. 2019.

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Na folha de rosto de todos os volumes da coleção analisada, consta uma breve

apresentação do autor:

Doutor em Educação (área de concentração: História da Educação) pela

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre em Ciências

(área de concentração: História Social) pela Universidade de São Paulo.

Lecionou na rede pública e particular e em cursinhos pré-vestibulares.

É autor de coleções paradidáticas. Assessorou a Diretoria Técnica da

Fundação para o Desenvolvimento da Educação – São Paulo.74

A partir das informações acima, podemos ter uma noção de sua trajetória

profissional, a qual indica que iniciou sua carreira de docente na Educação Básica,

atuando nas duas redes de ensino (pública e privada) e com experiência em cursos

pré-vestibular, embora não mencione o período que desempenhou tais atividades.

Ressaltam, em sua formação acadêmica, os títulos de Mestre em Ciências e Doutor em

Educação por universidades renomadas no meio acadêmico do país.

Nesse caso, notamos que destacar tais aspectos da carreira profissional como

professor tem a intenção de frisar que ele tem competência para conceber uma coleção

didática de qualidade, com os requisitos necessários para desenvolver o ensino de História

em sala de aula. Tudo indica que esse argumento se baseia na ideia de que sua experiência

de docente, formada durante sua atuação na Educação Básica, favorece para desenvolver

um material didático. Assim como não deixa de ser um bom fundamento de divulgação

da Editora FTD para defender a escolha da coleção dentre as outras constantes no PNLD

do ano de 2017.

A apresentação do autor Alfredo Boulos Júnior feita no site da empresa acrescenta

algumas informações em relação às que estão nos livros didáticos da coleção, além de

exibir sua fotografia. Na página eletrônica, lê-se “Alfredo Boulos Júnior é um experiente

autor de livros de História. Suas obras são adotadas em escolas de todo o país e

reconhecidas pelo rigor conceitual, pela atualização historiográfica e pela comunicação

real com os estudantes [...]”75. O que chama atenção nos dados é o fato de incentivarem

a adoção de suas coleções ressaltando que elas possuem elevada qualidade técnica e por

ele ser um autor experiente na Educação Básica, atualizado com os avanços da

historiografia e pela capacidade de manter a comunicação com os estudantes.

74 BOULOS JÚNIOR, op. cit., n. p. 75 FTD. Alfredo Boulos Júnior. 2018. Disponível em: <https://boulos.ftd.com.br/#about>. Acesso em: 17

fev. 2019. As demais informações são as mesmas que constam na folha de rosto dos livros didáticos.

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A Editora FTD busca convencer professores(a)s a utilizar o seu material didático,

pontuando a sua boa qualidade, a partir da capacidade do autor em produzir livros

didáticos oriundos de seus estudos acadêmicos e de sua experiência de ter lecionado em

diferentes redes de ensino. No entanto, não apresenta no site os resultados da avaliação

da coleção realizada pelo MEC, disponibilizada no Guia do Livro Didático, para consulta

dos docentes antes da escolha da coleção. Nessas informações apresentadas pela editora,

nota-se o livro didático sendo tratado como uma mercadoria, um produto da indústria

editorial que precisa ser divulgado para ser conhecido e consumido pelo público

específico a que se destina.

Ainda a partir dos dados apontados acima, notamos que o autor Alfredo Boulos

Júnior tem tanto a publicação de livros paradidáticos quanto didáticos embasados em sua

experiência de docente em sala de aula, o qual se profissionalizou como escritor de livros

didáticos. Percebemos também que há uma parceira da Editora FTD com o autor para a

produção de suas obras, em que a mesma adota diferentes estratégias de divulgação

visando ao lucro com a venda da coleção para o MEC, e o autor, aos direitos autorais

sobre o livro que leva seu nome na capa.

2.2 Aspectos formais da coleção e a presença das TICs: impressões

Como mencionamos anteriormente, a coleção em análise se destaca por seu

aspecto visual, apresentando um projeto gráfico editorial em que o texto principal é

composto de uma variada iconografia em diferentes suportes. Além disso, a capa de cada

livro chama atenção pela fotografia nela impressa. As primeiras páginas são elementos

importantes do livro por apresentarem importantes informações sobre a proposta

pedagógica e sua produção, que precisam ser analisados na pesquisa com os manuais

didáticos.

Nesse sentido, Bittencourt (2009) lembra que, nas pesquisas com livros didáticos,

deve-se considerar os aspectos formais da capa, qualidade do papel e das reproduções,

quantidade de ilustrações nas páginas e o projeto gráfico da obra. Logo, relacionam-se

com seu aspecto mercadológico e com os mecanismos de “sedução” criados pelas editoras

para convencer os(as) professores(as) a escolherem seu material, para posterior aquisição

e distribuição pelo governo. Ainda, de acordo com a autora, deve-se analisar as primeiras

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páginas do livro, para a possibilidade de se ter uma noção de seu processo de produção e

dos profissionais que participaram de sua elaboração como editores, ilustradores,

revisores de texto, copidesques etc., e como cada um influencia na leitura do texto.

Os Livros do Estudante da coleção são no formato de caderno em brochura, com

acabamento com cola e no tamanho de 27,5 x 20,5 cm. Os volumes do 6º ao 8º ano

possuem 320 páginas e o do 9º ano apresenta-se com 336 páginas. Os volumes destinados

aos docentes ainda trazem o Manual do Professor, acrescentando mais 128 páginas de

orientações de uso aos livros, o que totaliza 448 páginas aos três primeiros volumes e

464, ao do 9º ano.

O corpo dos capítulos integra textos e imagens em diferentes suportes, o texto

principal é impresso em cor preta sobre papel branco e a iconografia impressa é colorida.

Aspecto que chama atenção na impressão do texto principal e iconografia é a qualidade

com que foi produzido, seja na tinta preta ou na colorida, apresentando boa leitura do

texto e visualização das imagens. Em relação ao papel utilizado nas folhas, na capa e

contracapa, também demonstra ter bom acabamento.

Em relação à qualidade das reproduções, notamos que a maioria da iconografia

apresenta boa resolução, com impressão adequada, o que permite uma satisfatória

visualização para proceder a sua leitura por parte de seus usuários. O que se vê é um

repertório de imagens visualmente bonita em sua maioria. Percebemos que a Editora FTD

apresenta livros organizados, pelo menos quando são apenas folheados, com a intenção

de convencer, induzir os docentes a optarem pela coleção e, ao mesmo tempo, conquistar

mais espaço no mercado editorial de didáticos no país, aumentando seu faturamento.

Em relação ao projeto gráfico editorial da obra, além de atender a um dos

requisitos para aprovação na avaliação do MEC, após a observação das páginas dos livros,

notamos que o tamanho da fonte e o entrelinhamento do corpo do texto principal nos

capítulos diminui de tamanho do 9º para o 6º ano. Nesse caso, entendemos que o maior

tamanho é direcionado para os estudantes com menor idade (do 6º ano) e pouca

maturidade para proceder a leitura de textos e da iconografia. Visualmente, a iconografia

se apresenta distribuída de modo a não deixar a leitura pesada ou cansativa. No entanto,

resta verificar como estudantes e docentes procedem a leitura desses textos espalhados

entre tantas imagens, já que o processo é diferente entre os membros de uma mesma

comunidade de leitores.

Outro aspecto a ser analisado, de acordo com Bittencourt (2009), são as capas dos

livros das coleções didáticas. A imagem estampada na capa de cada volume, além de fazer

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uma boa apresentação da coleção, traz também um certo embelezamento externo ao livro,

que possui a capacidade de seduzir os docentes para optarem pela indicação da coleção

como primeira opção entre as demais disponíveis. As editoras já perceberam que essa

estratégia influencia professores(as) e, assim, apresentam suas coleções com capas bem

elaboradas nos catálogos do PNLD, que favorecem sua divulgação.

O livro do 6º ano da coleção traz, em sua capa, a fotografia de uma criança

indígena adornada com colares de penas de pássaro e uma pintura no rosto que pode

representar os povos indígenas do Brasil.

Essa capa pode transmitir diversas mensagens, tanto para os docentes quanto para

os estudantes. Aos professores(as), ela pode remeter ao conteúdo abordado no livro, à

formação do povo brasileiro, a partir da presença dos povos indígenas, como também à

proposta pedagógica de se trabalhar com os alunos o respeito e a diversidade de povos

que formam a nação brasileira.

Aos educandos, pode ser a ideia de que se estudarem com o livro passarão a

conhecer como os povos indígenas vivem, suas tradições e costumes. No entanto, só

saberemos qual ideia tiveram ao ver a capa, se realizarmos uma pesquisa com um grupo

de estudantes.

A capa do livro do 7º ano é a fotografia de uma criança negra sorrindo com colar

típico no pescoço, que pode representar os povos do continente africano. Temos a

impressão de que a mensagem principal seria a importância de se estudar os povos do

continente africano. Muitos estudantes poderiam ainda perceber a ideia de que nem todas

as pessoas que vivem no continente estão em situação de pobreza ou de doença, como os

meios de comunicação costumam divulgar, já que a reprodução na capa não deixa essa

concepção transparecer.

Aos/Às professores(as) seria a mensagem de que a coleção está de acordo com as

Leis n.º 10.649/2003 e n.º 11.645/2008, que definem a obrigatoriedade do ensino de

história da África e da cultura dos afrodescendentes e do ensino de história indígena na

Educação Básica, já que a capa do livro do 6º ano traz a imagem de uma criança que pode

ser representante dos povos indígenas do Brasil e, a seguinte, do continente africano.

Já a fotografia que estampa a capa do livro do 8º ano é a de um menino de cor

branca, cabelos loiros e vestindo uma camiseta de cor vermelha, aparentando estar

segurando nos braços um pedaço de madeira. Nesse caso, a mensagem pode se referir ao

conteúdo da imigração europeia ao Brasil abordado no livro. Muitos docentes poderão

perceber a ideia de que a coleção traz a proposta pedagógica de se trabalhar a valorização

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e o respeito à diversidade de povos que formam a nação brasileira, se buscarem conectar

às mensagens das outras duas capas até agora apresentadas.

Caso os três livros forem colocados lado a lado para observação ao mesmo tempo,

possibilitará perceber outras mensagens. Nesse sentido, muitos educandos poderiam

questionar o fato de apenas o menino de cor branca estar usando roupas convencionais e,

nas outras duas capas, com uma criança de cor parda e a outra com uma de cor negra,

estarem com peças características da cultura de seus povos.

A capa do livro do 9º ano é uma fotografia, em um fundo azul, que aparenta ser

de mãos de crianças segurando uma pomba branca, símbolo mundial que faz referência à

paz entre os povos. A imagem da capa do livro pode transmitir a mensagem de que a

coleção apresenta a proposta pedagógica de se trabalhar com os estudantes a resolução de

conflitos a partir do diálogo, em vez da prática da guerra, que traz enormes prejuízos

humanos e materiais aos envolvidos.

As capas dos livros da coleção “História, Sociedade & Cidadania”, analisadas

acima, podem ser observadas lado a lado na imagem abaixo. Notamos que elas não fazem

nenhuma referência ao problema da pesquisa — a inserção dos recursos das Tecnologias

de Informação e Comunicação (TICs) em livros didáticos de História —, que tem como

objeto a referida coleção. Todavia, podem nos indicar informações alusivas ao mercado

de livros didáticos no Brasil.

Imagem 5: Capa dos livros da Coleção: “História, Sociedade & Cidadania” de Alfredo Boulos

Júnior, 2015, 3ª edição, Editora: FTD, São Paulo. Código PNLD: 0126P17042, Coleção - TIPO1

O que nos chama atenção é o fato de que são capas que agregam um

embelezamento aos livros da coleção. Os mais desprevenidos podem até pensar que esse

recurso é gratuito, apenas para reforçar o aspecto visual externo do livro. No entanto, não

devemos esquecer que o livro didático é mercadoria, um produto bastante consumido e

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sua divulgação é fundamental para se manter no mercado editorial. Nesse caso, as capas

dos livros colaboram para esse processo, visto que a Editora FTD apresenta livros bonitos

e coloridos capazes de atrair a atenção de professores(as), que os recebem gratuitamente

e, de certo modo, são os responsáveis pela sua indicação para a aquisição e distribuição

pelo governo, embora não seja apenas o aspecto visual o responsável pela escolha de uma

coleção didática.

Como podemos notar, a partir dos dados que apresentamos sobre a distribuição da

coleção “História, Sociedade & Cidadania”, de Alfredo Boulos Júnior, as estratégias de

divulgação adotadas pela Editora FTD têm funcionado bem no que diz respeito ao

material didático. No caso, isso fica evidente devido ao fato de que ela foi a mais

adquirida e distribuída pelo governo entre as quatorze coleções da disciplina de História

que constavam na relação do PNLD do ano de 2017, disponíveis para a escolha dos

docentes.

Como dito anteriormente, Bittencourt (2009) salienta que a análise das primeiras

páginas de um livro didático é importante por possibilitarem obter uma noção de seu

processo de produção e dos profissionais envolvidos, além, é claro, do autor. Na folha de

rosto dos livros da coleção analisada, consta em que nível de ensino (anos finais do ensino

fundamental) e o componente curricular a que se destina (História).

Logo abaixo e centralizado vem o título e a qual ano do ensino fundamental a

coleção é destinada. A grafia da palavra “história” vem com todas as letras maiúsculas,

juntamente com o numeral ordinal 9º, escritos em tamanho grande, de forma a se destacar

em relação ao das palavras que compõem o subtítulo da obra. Ao analisar seu título,

notamos que é de fácil assimilação para seus usuários, ao mesmo tempo que faz alusão à

disciplina. Além disso, as palavras do subtítulo “Sociedade & Cidadania” remetem à

proposta de se trabalhar a diversidade de povos e culturas, a luta dos movimentos sociais

para reconhecimento de seus direitos e a prática do exercício da cidadania entre os

estudantes.

Na sequência dessa página, verifica-se, em destaque, o nome do autor da coleção,

seguido da apresentação de seus títulos acadêmicos (doutor e mestre), de sua experiência

profissional e das assessorias as quais prestou, já analisado no item anterior deste texto,

quando abordamos sobre o autor e a editora da coleção. Diferentemente do Livro do

Estudante, acrescenta apenas que esse livro é o Manual do Professor e, ao final da página,

o logotipo da Editora FTD.

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No verso dessa página, podemos observar algumas informações referentes ao seu

processo de produção, como os diferentes sujeitos envolvidos, a ficha catalográfica e o

local onde os livros foram produzidos. Primeiramente, tem a indicação de propriedade

dos direitos autorais com o símbolo copyrigth ©, acompanhado do nome do autor e o ano

da edição. Na sequência, consta a indicação da equipe editorial técnica, com a lista dos

nomes e respectivas funções desempenhadas na produção dos livros da coleção.

Notamos, dessa forma, que, do texto original elaborado pelo autor até o

surgimento do livro didático que chega às mãos de professores(as) e estudantes, há a

interferência de diferentes profissionais da indústria editorial, como editores, ilustradores,

revisores de texto, diagramadores, iconográficos, etc. Assim, fica evidente que o autor

não escreveu o livro em sua totalidade, mas apenas o texto inicial, que passou pela

intervenção de diferentes profissionais do mercado editorial, ao longo de seu processo de

produção, para se transformar em um livro didático com características específicas.

A próxima página do livro é intitulada de “Apresentação”, cujo autor, Alfredo

Boulos Júnior, se dirige aos estudantes. Nela, há uma breve descrição do que cada

profissional desempenhou no processo de produção do livro, inclusive a do autor. Em um

trecho do texto, encontramos a seguinte descrição referente à sua função: “Sua tarefa é

pesquisar e escrever o texto e as atividades, além de sugerir as imagens que ele gostaria

que entrassem no livro. A essas páginas produzidas pelo autor damos o nome de

originais.”76

O trecho transcrito reforça a ideia de que a função do autor foi apenas a de escrever

os “originais” e que o restante da produção do livro não é só de sua responsabilidade,

mas, sim, dos demais “profissionais do mundo do livro”. Nesse sentido, os apontamentos

de Chartier (1998) sobre a figura do autor — explica que este escreve apenas o texto, que

será transformado em livro por editores e gráficos —, parece apontar que a autoria da

coleção pesquisada pode ser considerada mais coletiva do que individual.

Assim, ao proceder a análise das primeiras páginas dos livros da coleção,

percebemos o quanto estes são um produto do mundo editorial, uma mercadoria que, no

decorrer de seu processo de produção, sofre a interferência de uma equipe composta de

diversos sujeitos. Além disso, tal análise possibilita entender, de acordo com Bittencourt

(2009), como essa influência afeta o processo de leitura de seu texto e demais organização

76 BOULOS JÚNIOR, op. cit., n.p.

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de boxes, disposição e tamanho de imagens, já que essa organização não é construída pelo

autor Alfredo Boulos Júnior, mas, sim, por diagramadores, ilustradores, desenhistas, etc.

Nas páginas seguintes do livro, encontra-se uma explicação de como está

organizado o texto do livro que chega aos estudantes. Ao analisar o conteúdo dessas

páginas, fica evidente que sua organização é o resultado da intervenção de diversos

sujeitos ao longo de seu processo de produção. Tal característica é percebida no modo

como é feita a distribuição da iconografia, textos, títulos e subtítulos, inserção de

informações extras sobre os temas e como são apresentadas as propostas de atividades no

decorrer e ao final de cada capítulo.

Ademais, é possível perceber algumas das propostas pedagógicas que se

desenvolvem na coleção, como a que se dirige para a leitura de diferentes imagens, que,

segundo o autor, faz relação com o conteúdo estudado no capítulo. Assim, de acordo

Squinelo (2015), o trabalho com diversas fontes históricas indica que a coleção está

atualizada com avanços da historiografia, sobretudo no que diz respeito à concepção de

fontes históricas.

Outra propositura seria a que objetiva realizar um trabalho interdisciplinar da

História com outras disciplinas e áreas do conhecimento, como a Geografia ou o campo

da Linguagem, exemplos que são encontrados ao longo dos livros. Ainda se nota que tem

a finalidade de debater com os estudantes as questões voltadas para a ética e o exercício

da cidadania. Assim, nessas propostas, percebemos que a editora e autoria da coleção

também visa a demonstrar aos(às) professores(as) que sua elaboração segue critérios

estabelecidos pelo MEC, para constar na lista do PNLD para escolha.

Na sequência dessas páginas iniciais, há uma na qual o autor faz um

agradecimento a vários professores “pelos momentos de reflexão e debates que tivemos

sobre historiografia e ensino de História [...]”77, que contribuíram para a concepção da

obra. Desse modo, percebemos a intenção do autor em reforçar a ideia de que o material

apresentado por ele está atualizado com os avanços obtidos na historiografia e nos debates

sobre o ensino de História, além de reforçar que foi observada a opinião de quem fará o

uso dos livros nas escolas — os(as) professores(as) do ensino fundamental.

Portanto, esses dados revelam as intenções de divulgar que a mesma foi elaborada

para atender às necessidades de seu público específico e que se apresenta como uma

coleção de boa qualidade. Além disso, tais aspectos evidenciam que é produto da indústria

77 BOULOS JÚNIOR, ibidem, n.p.

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editorial para ser vendido para um mercado consumidor composto por docentes e

discentes da Educação Básica.

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CAPÍTULO III – DO PAPEL AO VIRTUAL: A PRESENÇA DE SITES EM

COLEÇÕES DIDÁTICAS

3.1 O contexto de produção da coleção “História, Sociedade & Cidadania”

De acordo com Dilton C. S. Maynard (2016), “a Internet se tornou comercial por

volta de setembro de 1993 (março de 1994 para outros)”78 e, já no início do século XXI,

ocorreu a popularização de seu uso. Desde então, passou a ser utilizada por diferentes

agentes sociais, tais como alunos, docentes e profissionais de diversas áreas do

conhecimento, bem como adentrou em atividades econômicas, no entretenimento, nas

relações pessoais, na política e na educação. A geração de crianças e jovens, em sua

maioria, estudantes, também conhecidos por nativos digitais, está acostumada a lidar

diariamente com os recursos das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), na

medida que respondem a dezenas de mensagens de texto via celular, atualizam perfis em

redes sociais e compartilham informações por meio da rede mundial de computadores.

Para o autor, por outro lado, uma parte significativa de professores(as) e

historiadores(as), nascidos antes da popularização da internet, os chamados de imigrantes

digitais, precisam se adaptar às novas tecnologias em seu cotidiano. Dessa forma, ensinar

a esse grupo formado pelos nativos digitais é um grande desafio para docentes não

familiarizados com esse novo universo da ‘era digital’ que chegou às escolas públicas e

privadas. Segundo Maynard (2016), isso ocorre, pois muitos “docentes não costumam se

envolver com reflexões sobre recursos digitais”79, o que também não incita estudantes a

pensarem sobre a aplicação das tecnologias na sua atividade educacional. No entanto, o

mesmo afirma que, ainda não havendo a crítica necessária por parte de muitos docentes

e discentes sobre a utilização das TICs na educação, muitos deles, tanto educadores

quanto educandos, utilizam diariamente a internet e os recursos tecnológicos em suas

atividades escolares, sejam elas de pesquisa, de fim burocrático ou entretenimento.

Diante dessas ideias, torna-se interessante abordar como educadores e educandos

se relacionam com as novas tecnologias na atualidade. A observação dos dados do

78 MAYNARD, Dilton C. S. Passado eletrônico: notas sobre história digital. Acervo, Rio de Janeiro, v. 29,

n. 2, p. 103-116, jul./dez. 2016. p. 105 79 MAYNARD, Ibidem, 20216, p. 106.

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relatório “TIC Educação: pesquisa obre o uso das Tecnologias de Informação e

Comunicação nas escolas brasileiras”, de 2017, desenvolvido pelo Comitê Gestor da

Internet (CGI), pode nos apresentar uma visão sobre essa realidade. O resultado indica

que 99% dos docentes de escolas públicas e privadas eram usuários da internet naquele

período, evidenciando a presença de um acesso universalizado às TICs, bem como a

conexão com a rede era realizada por meio de aparelho de telefone celular por 97% dos

professores(as) pesquisados(as).80

Em relação às atividades pessoais, os dados do relatório apontam que a utilização

das TICs era uma atividade altamente difundida entre os docentes. O que mais buscavam

realizar navegando na web seguia aquilo que já era observado na população em geral:

como mandar mensagens por meio de aplicativos (98%); enviar e receber e-mails (97%);

ler jornais, revistas ou notícias na internet (94%); compartilhar conteúdos (91%); assistir

a vídeos, programas, filmes e séries (91%) e usar redes sociais (89%).

O relatório também aponta dados no campo profissional de atuação. A pesquisa

revelou que a operação mais realizada pelos(as) professores(as) (82%) foi a busca de

exemplos de planos de aula disponíveis na rede mundial de computadores, porcentagem

menor se comparada com aqueles que utilizavam aplicativos de compartilhamento

instantâneo de mensagens. O documento também descreve que uma pequena parte dos

educadores, apenas 36%, buscava realizar projetos com outros colegas de profissão;

pesquisar na internet colaboradores para resolver problemas da escola (40%) e procurar

cooperações para desenvolver projetos educativos (43%).81

Em contrapartida, o documento aponta para um aspecto favorável sobre o uso das

novas tecnologias entre os docentes pesquisados: “a quantidade de professores que

buscaram formas de desenvolver ou aprimorar os conhecimentos sobre o uso de

tecnologias para o ensino e a aprendizagem”82 foi de 75% entre os docentes que atuavam

em escolas públicas, o que evidencia que o interesse dos educadores pelo assunto vem

aumentando, mesmo esse percentual sendo um pouco maior entre os profissionais de

instituições particulares, que chegava a 84% dos entrevistados na pesquisa.

Outro dado coletado pela pesquisa “TIC Educação 2017” diz respeito sobre o

emprego ou não de computador e/ou internet em atividades pedagógicas realizadas pelos

80 COMITÊ GESTOR DA INTERNET (CGI). Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e

comunicação nas escolas brasileiras: TIC educação 2017 [Livro eletrônico]. Núcleo de Informação e

Coordenação do Ponto - BR, [editor]. São Paulo. 2018. p. 135. 81 CGI, Ibidem, 2018, p. 136. 82 CGI, Ibidem, 2018, p. 136.

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docentes com os estudantes. A média obtida foi de 30,5% entre os(as) professores(as) de

escolas públicas e de 53% entre os profissionais de instituições particulares de ensino.83

De imediato, podemos perceber que esses números demonstram que há uma desigualdade

em relação à utilização de recursos das TICs entre os docentes das diferentes redes de

ensino no Brasil.

Nesse contexto, destacamos também as informações do relatório “TIC Kids

Online Brasil” sobre o uso da internet por crianças e adolescentes no país para o ano de

2017 e também organizado pelo Comitê Gestor da Internet (CGI). Segundo o documento,

ocorreu um aumento na quantidade de meninos e meninas bem como de adolescente entre

9 e 17 anos que utilizam a internet. Em percentual, estima-se que 85% são usuários da

rede mundial de computadores, o que em números corresponde a 24,7 milhões de

indivíduos conectados dentro da faixa etária a qual a pesquisa se propunha a investigar.

No entanto, no mesmo texto encontramos dados que revelam ainda algumas

desigualdades sobre o tema no país. Em relação à distribuição dos que utilizam a internet

pelo território brasileiro nota-se que 90% concentraram-se nas áreas urbanas e 63% nas

rurais. Outra desproporcionalidade verifica-se entre as regiões do país: Sudeste (93%),

Centro-Oeste (93%), Sul (92%), Norte (68%) e no Nordeste (77%).84

Nesse sentido e tomando os dados acima, observamos que há um maior acesso à

rede pelos integrantes do grupo pesquisado nas regiões que tradicionalmente eram tidas

como as mais ricas e desenvolvidas do Brasil, exceção do Centro-Oeste. Também indica

que o acesso à internet ainda não está universalizado em todos os espaços e nem para

todos os seus usuários, indicado pelo fato de o Norte e Nordeste serem locais que

apresentam os menores índices de conexão com a rede, tal fato ainda acaba por colaborar

com a difusão de concepções historicamente construídas de que são territórios pobres e

atrasados em relação às demais localidades do país.

Outro dado interessante a se notar no relatório diz respeito ao principal

instrumento que se utiliza para fazer a conexão com a rede. O destaque primordial foi

para o aparelho de telefone celular figurar como sendo o dispositivo de acesso para cerca

83 O relatório indica que os docentes pesquisados realizavam diversas tarefas de aprendizagem com os

estudantes independentemente se agregavam ou não recursos tecnológicos para o seu desenvolvimento. A

tabela com todas as atividades pedagógicas pesquisadas pode ser visualizada na página 137 do relatório. A

média apresentada acima foi realizada por nós, apenas para se ter dados comparativos entre os profissionais

do setor público e privado em relação ao item pesquisado, já que o documenta traz dados para cada atividade

em separado. 84 COMITÊ GESTOR DA INTERNET (CGI). Pesquisa sobre o uso da internet por crianças e

adolescentes no Brasil: TIC kids online Brasil 2017. [Livro eletrônico]. Núcleo de Informação e

Coordenação do Ponto - BR, [editor]. São Paulo. 2018. p. 123.

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de 93% dos integrantes desse grupo, o equivalente a 23 milhões de indivíduos.85 Segundo

o texto do documento, a utilização do celular impactou a frequência de acesso à internet,

de maneira que 88% das crianças e adolescente declararam que acessam à rede todos os

dias ou pelo menos quase todos os dias da semana.86

Ainda há a se destacar do relatório “TIC Kids Online Brasil” o local onde é feito

o acesso à internet. Os dados indicam que, para 89% das crianças e adolescentes, a própria

residência foi o ambiente mais comum de conexão com a rede naquele período.87 Já nas

escolas, notamos um certo retrocesso, pois a proporção de usuários cai para

aproximadamente 30%, como sendo o local mais comum para os participantes

pesquisados se conectarem à web. Para o CGI, nas unidades de ensino, isso ocorre pelo

fato de que nem sempre o acesso à internet esteja liberado em todos os seus espaços e a

todos os seus membros, mesmo que o próprio comitê aponte que a maioria das escolas

urbanas possui conexão com a rede mundial de computadores.88

Tal constatação também pode estar associada ao fato de muitas escolas possuírem

baixa qualidade de conexão, que não suportaria vários aparelhos conectados ao mesmo

tempo em uma única rede de wi-fi disponível, bem como pelo motivo de muitos de nós,

professores, não incluirmos com regularidade em nossos planejamentos atividades que

abarquem a utilização pedagógica do celular em nossas aulas, o que acaba levando a

muitas escolas não adotarem a livre conexão, fazendo com que o acesso à internet seja

restrito a espaços da instituição de ensino como a sala da direção/administração, da

coordenação pedagógica e sala dos professores.

O relatório ainda aponta quais são as atividades mais realizadas por crianças e

adolescentes quando estão conectados à rede. Essas podem ser agrupadas em duas

categorias principais: 1) de comunicação e 2) de educação e à procura por informações.

Na primeira, os destaques foram a emissão de mensagens instantâneas com 79% e o uso

de redes sociais com 73%. Já na segunda, a evidência foi para a busca/pesquisa na internet

de informações para a realização de atividades escolares para 76% dos entrevistados.

Também é mostrado no estudo que as atividades multimídia e de entretenimento, como

assistir a vídeos, programas, filmes, séries on-line e ouvir músicas, são de interesse de

77% dos indivíduos do grupo pesquisado.89

85 CGI, Ibidem, 2018, p. 125. 86 CGI, 2018, ibidem, p. 130. 87 CGI, 2018, ibidem, p. 131. 88 CGI, 2018, ibidem, p. 133. 89 CGI, 2018, ibidem, p. 134.

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Os dados apontados pelas duas pesquisas sobre a relação da sociedade com as

Tecnologias de Informação e Comunicação e seus recursos indicam para a relevância que

elas possuem na vida cotidiana tanto de docentes quanto de estudantes na atualidade. Sua

utilização parece vital para o desenvolvimento de suas atividades diárias, sejam elas

voltadas para a prática pedagógica e educativa de professores(as) e estudantes ou para o

entretenimento, visto que enviar mensagens por aplicativos e assistir a filmes e séries on-

line na tela de um computador ou de um aparelho de celular são comuns para ambos.

Assim, conforme Anita Lucchesi e Maynard (2013), as TICs e a web apresentam

potencial para serem utilizadas no processo de ensino de História, num momento em que

a maioria de nossos estudantes e muitos de nós, professores(as) já estamos fazendo uso

de aparelhos tecnológicos de maneira recorrente, como demonstrado pelas informações

acima apresentadas. Para os autores, enquanto docentes, devemos refletir sobre as atuais

tecnologias “como ferramentas instrucionais”90, de forma a poder lidar com o novo ritmo

de aprendizagem da geração dos “nascidos digitais”. Nessa perspectiva, os autores

também argumentam que “é preciso ter em mente que a popularização da internet nos

últimos anos e o contato cada vez mais precoce de nossos alunos com essas tecnologias

estão transformando seu modo de ver o mundo e lidar com o conhecimento, e a escola

não pode seguir ignorando isso”.91

Por esse viés, nossa atuação como professores(as) se torna imprescindível numa

tentativa de inserir em nossos planejamentos tais recursos, a partir de uma perspectiva

crítica, já que não se trata da simples atividade de listar dezenas de sites como se tem

observado em muitas coleções didáticas avaliadas e distribuídas pelo PNLD, mas da

proposição de uso de dispositivos digitais e de endereços eletrônicos de forma a poder

oportunizar práticas pedagógicas inovadoras no ensino de História.

Para Maynard e Silva (2013), ao observarem o uso da internet em coleções

didáticas de História, notaram uma utilização ainda tímida, mesmo considerando o livro

didático como um grande parceiro de muitos docentes no desenvolvimento de suas

atividades pedagógicas. Os autores analisaram também a maneira como estas têm sido

feitas e destacaram que:

Em sua maioria, os livros didáticos apenas indicam o site, mas sem

oferecer aos professores e aos alunos orientações que permitam uma

90 LUCCHESI, Anita; MAYNARD, Dilton C. S. E-storia. Revista Eletrônica História Hoje, v. 2, nº 4,

2013, jul-dez, p. 307-312. p. 307. 91 LUCCHESI; MAYNARD, ibidem, 2013, p. 307.

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correta abordagem dos conteúdos constantes em tais páginas. [...] Por

isso, chama a nossa atenção o pouco zelo conferido ao modo como as

páginas eletrônicas têm sido exploradas enquanto suportes didáticos

para o ensino da História.92

De acordo com Maynard e Silva (2013), nota-se a presença da internet em

coleções didáticas a partir da indicação de páginas eletrônicas por seus autores e/ou

editoras, como fonte complementar de pesquisa para um determinado conteúdo abordado,

tanto para estudantes quanto para docentes. Explicam ainda que a disseminação do uso

da web na vida cotidiana da atual sociedade contribuiu para o surgimento desse interesse

sobre os sites com uma visão pedagógica. Afirmam que:

Afinal de contas, a popularização da internet nas primeiras décadas do

século XXI praticamente obrigou as editoras e os autores a

considerarem o potencial da rede mundial de computadores no processo

de ensino-aprendizagem. Por conta disso, a inserção de endereços

eletrônicos em livros didáticos e em seus respectivos Manuais do

Professor tornou-se frequente.93

Dessa forma, o movimento de inserir sites partindo de autores e de editoras

configura-se numa clara tentativa de adequar suas obras para atender às demandas de seus

consumidores, docentes e estudantes, que utilizam a internet diariamente, seja em

atividades de educação ou de entretenimento e, assim, conseguem se manter ativos na alta

concorrência presente nesse segmento.

O entendimento acima apresentado pelos autores nos remete a um importante

aspecto inerente aos livros didáticos apresentado por Kazumi Munakata (2012), o de que

estes são um produto, uma mercadoria da indústria cultural destinada a um mercado

consumidor específico, a escola. Munakata (2012) ainda complementa que “não se pode

abstrair do livro – e do livro didático – a determinação de que ele é, antes de tudo,

produzido para o mercado”94, estando, assim, sujeito a sofrer as intervenções exigidas

para se manter nesse segmento muito disputado por autores e grandes empresas do ramo

editorial.

Nesse sentido, para Delgado e Maynard (2015), ao se investigar a inserção de

páginas eletrônicas, em livros didáticos de História, revestidas de contornos pedagógicos,

92 MAYNARD, Dilton C. S; SILVA, Marcos. O passado em bytes: notas sobre os usos da internet nos livros

didáticos de História. Revista Eletrônica História Hoje, v. 2, nº 3, 2013, jan-jun, p. 305-311. p. 305. 93 MAYNARD; SILVA, ibidem, 2013, p. 305. 94 MUNAKATA, idem, 2012, p. 184.

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devemos considerar o contexto histórico no qual as coleções foram produzidas. Pois, de

acordo com os autores, está claro que tal iniciativa não se originou de uma determinação

de órgãos governamentais que gerenciam sua avaliação, aquisição e distribuição para as

escolas públicas por todo o país, mas, ao contrário, foi uma propositura engendrada pelos

responsáveis por sua autoria e/ou editora e, por isso, devemos entender que:

[...] não resultou de uma prescrição, pois nada consta a esse respeito nos

critérios de avaliação presentes nos Editais do PNLD. Conclui-se,

portanto, que a inserção de páginas eletrônicas como recurso didático

foi uma iniciativa das editoras e/ou dos autores, provavelmente para

atender demanda dos consumidores – professores e alunos.95

Para os autores, em virtude dessa iniciativa dos responsáveis pela sua concepção

e produção, houve a necessidade de se realizar uma avaliação específica dos sites

referenciados em coleções didáticas de História inscritas nos editais do PLND. Esse

processo avaliativo foi iniciado no programa de 2011 para os anos finais do ensino

fundamental, sob a tutela da Universidade Federal de Juiz de Fora, selecionada por meio

de edital, com a coordenação da professora Dra. Sônia Regina Miranda.96

A equipe avaliadora dessa edição notou que “especificamente no caso das

coleções de História, é evidente um manejo ainda descuidado das inúmeras páginas

eletrônicas”97 por parte de autores e/ou editoras ao indicarem esse novo suporte como

fonte complementar de pesquisa a estudantes e professores(as). Os dados apurados nesse

parecer mostraram que, dos cerca de 3.000 mil endereços de internet listados no conjunto

das coleções analisadas, apenas o percentual de 70% funcionava corretamente, sendo que

os demais eram compostos por links quebrados, sem acesso no momento da avaliação.98

Na sequência, na edição do PNLD de 2014, direcionada aos anos finais do ensino

fundamental, a avaliação de endereços eletrônicos indicados em coleções didáticas de

História foi novamente realizada. Conforme edital do MEC, a instituição responsável

dessa vez foi a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), tendo como

coordenadora de área a professora Dra. Maria Inês Sucupira Stamatto.

95 DELGADO, Andréa Ferreira; MAYNARD, Dilton C. S. O elefante na sala de aula: usos de sites nos

livros didáticos de História do PNLD 2012. Revista Perspectiva. Florianópolis – SC, v. 32, n. 2, p. 581-

613, maio/ago. 2015. p. 592. 96 DELGADO; MAYNARD, ibidem, 2015, p. 592. 97 BRASIL Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Guia de Livros Didáticos: PNLD

2011 – História. Brasília, DF: MEC/SEB, 2010b. p. 22. 98 BRASIL, ibidem, 2010, p. 22.

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Nesse processo de exame, utilizaram como instrumento avaliador a “ficha de

análise de sites eletrônicos”99, para considerarem uma série de critérios que as páginas

eletrônicas deveriam atingir. No relatório gerado do processo avaliativo, explicaram que,

“observamos que a confusão entre a capacidade e a qualidade ainda permaneceu em parte

das obras. A frágil ideia de que uma imensidão de links resolve o problema pode ser

observada em algumas coleções”100. Por esse fragmento extraído do Guia de Livros

Didáticos do PNLD de 2014, podemos observar que houve, ainda, como nas coleções

avaliadas da edição anterior, pouco cuidado por parte de autores e/ou editoras na

prescrição de sites como fontes complementares de pesquisa.

A equipe avaliadora dessa edição também destacou a existência de um total de

6.800 sites referenciados nas coleções didáticas inscritas no programa. Desse montante,

encontraram um percentual de 92% de sítios da internet disponíveis para acesso no

momento em que foram consultados, ou seja, no ano de 2013. No entanto, o documento

aponta que somente uma obra manteve o percentual de 100% das páginas eletrônicas em

funcionamento. Ao passo que o menor índice registrado para os websites não acessíveis

entre as coleções avaliadas foi de 77% naquela edição.101

No PNLD do ano de 2017, a instituição selecionada e responsável pela avaliação

das coleções didáticas de História para os anos finais do ensino fundamental foi a

Universidade Estadual de Londrina (UEL), tendo como coordenadora a professora Dra.

Sandra Regina Ferreira de Oliveira. Nessa edição, não foi realizada a análise de sites, o

que acabou por interromper a sequência de análises que vinham ocorrendo a partir da

edição de 2011 até a de 2014, embora muitas das coleções aprovadas em 2017 terem

apresentado referências a páginas eletrônicas como fontes complementares para a

pesquisa, como a “História, Sociedade & Cidadania”, objeto de nossa pesquisa.

Tal processo não ocorreu, mesmo os membros da equipe responsável pela

elaboração do Guia do Livro Didático daquele ano entender que “[...] vivemos em uma

sociedade marcada pela generalização do acesso à internet por meio, sobretudo, de

telefones celulares [...]”.102 Assim, entendemos que havia a necessidade de se realizar um

processo avaliativo específico de sites agenciados nas coleções didáticas daquela edição,

99 O instrumento pode ser visto em sua integra nas páginas 151 e 152 do guia. 100 BRASIL, idem, 2013. p. 14. 101 BRASIL, ibidem, 2013, p. 14. 102 BRASIL, idem, 2016. p. 10.

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com intuito de fomentar condições, visando aos discentes da Educação Básica terem

acesso às obras com um alto nível de qualidade.

A avaliação das obras que entrariam no catálogo do PNLD de 2017 fora realizada

em 2016, um ano bastante conturbado na área política do país. Foi nesse período que,

especificamente, no mês de abril, teve início o impeachment contra a presidente Dilma

Rousseff e, já no mês de agosto desse mesmo ano, ao final do julgamento desse processo,

ocorreu sua deposição da presidência e o cargo passou a ser ocupado pelo até então

vice-presidente Michel Temer.

De acordo com Flávia Eloisa Caimi (2018), a partir desse momento, os novos

dirigentes da nação passaram a praticar uma série de medidas políticas que vão na

contramão do projeto que a maioria da população havia elegido anteriormente. Segundo

a autora, são ações que resultaram em um declínio de direitos em diversos setores, como

na educação, e que, de alguma forma, recaem sobre a vida das pessoas.103 Assim,

entendemos que os reflexos desse novo programa de governo que começou a ser

implementado em 2016 podem ter alcançado o PNLD de 2017, impactando

negativamente a organização do processo avaliativo e também a qualidade das coleções

didáticas que chegaram às escolas públicas de todo o país.

Nesse sentido, nosso propósito é analisar, neste capítulo, a maneira como estão

inseridos os endereços eletrônicos nos livros da coleção didática “História: Sociedade &

Cidadania”, do autor Alfredo Boulos Júnior, 3ª edição de 2015, produzida Editora FTD,

destinada aos anos finais do ensino fundamental e distribuída às escolas públicas por todo

o país na edição PNLD do ano de 2017. A escolha se justifica, pois ela foi produzida em

um contexto no qual existe uma generalização do acesso à internet entre docentes e

estudantes, conforme dados do CGI expostos aqui anteriormente, e também por ser a mais

distribuída entre as quatorze coleções que constavam no PNLD daquele ano.

Analisaremos o modo como os sites estão inseridos nos Livros do Estudante do 6º

ao 9º anos e também no Manual do Professor, que, nessa coleção, é intitulado de Materiais

de Apoio ao Professor. Para investigar as páginas eletrônicas no tocante aos aspectos

qualitativos como acessibilidade, interatividade, tipologia e sintonia com os conteúdos

aos quais são indicados, utilizaremos como suporte teórico e metodológico os

apontamentos de Delgado e Maynard (2012), Maynard e Silva (2012 e 2013), Lucchesi e

Maynard (2013) e Moura e Maynard (2016).

103 CAIMI, idem, 2018, p 25.

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3.2 Análise dos sites na coleção

A análise dos sites presentes na coleção “História: Sociedade & Cidadania” será

desenvolvida, inicialmente, nos Livros do Estudante. Em um segundo momento,

abordaremos o assunto no Manual do Professor, mesmo entendendo que é quase

impossível separá-las, por isso é importante lembrar que nem uma nem outra abordagem

ocorreram de forma isolada, mas sim de maneira que se possa relacionar uma com outra.

Antes de iniciar a análise dos endereços eletrônicos nos Livros do Estudante da

coleção, seria importante trazer uma rápida definição dos mesmos. De acordo com Leite

et al. (2014), eles podem ser entendidos como “[...] constituídos por um conjunto de

páginas eletrônicas, que, por sua vez, apresenta informações organizadas sob a forma de

textos, imagens gráficas, vídeo e som [...]”.104 Assim, devido ao fato de possuir uma

variedade de suportes diferentes dos já conhecidos livros didáticos, acabam sendo

agenciados com fins educativos.

Para começar nossa investigação, primeiramente, devemos entender como estão

organizadas as tarefas de aprendizagem na Seção “Atividades”, inseridas ao final de cada

capítulo. Esta foi dividida da seguinte maneira: “Retomando”; “Leitura e escrita em

História”; “Cruzando Fontes”; “Integrando com....” e “Você Cidadão!”. A seção

“Retomando” é em grupo, com o maior número de atividades sobre o estudo do tema

abordado, e pode trazer até dez questões, com respostas que variam da múltipla escolha

à produção de texto e elaboração de quadros comparativos, sínteses e etc.

Já o bloco “Leitura e escrita em História” está subdividido em “Leitura de

imagem”, que visa a estimular a escrita a partir da leitura de uma iconografia, e “Leitura

e escrita de textos”, que objetiva ao exame de diversos gêneros textuais, o qual está

organizado em duas abordagens: “Vozes do passado”, que apresenta a experiência de

sujeitos históricos que viveram em outros períodos e espaços, e “Vozes do presente”, que

traz um texto sobre um dos assuntos relacionados ao tema estudado.

A seção “Cruzando Fontes” apresenta questões que se destinam ao trabalho com

diferentes tipos de fontes históricas, objetivando introduzir os estudantes no ofício do

historiador. No grupo “Integrando com...”, propõe tarefas numa perspectiva

interdisciplinar com outras disciplinas do currículo escolar. Na última subdivisão

104 LEITE, Lígia Silva (coord.) et al. Tecnologia Educacional: descubra suas possibilidades em sala. 8.

ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. p. 101.

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denominada de “Você Cidadão!”, busca integrar o passado e presente, levando os

estudantes a debaterem e a se posicionarem diante de uma questão social com o propósito

de colaborar e prepará-los para o exercício da cidadania.

A apresentação da seção supracitada da coleção em questão é relevante, pois a

indicação de sites somente foi feita junto a uma ou duas atividades de aprendizagem

específicas em um dos blocos acima explicitados. Tal proposta ocorre ao final de cada

assunto ou de uma unidade temática, portanto as prescrições não foram sendo dispostas

no decorrer do texto principal.

As páginas eletrônicas são oferecidas como uma fonte de pesquisa complementar

e/ou alternativa aos dados que estão presentes no livro, de modo que, a partir de suas

informações, os estudantes possam desenvolver a questão proposta pela autoria. A

quantidade de sites sugerida para consulta não é fixa, podendo variar de acordo com a

pergunta, de modo que é possível encontrar nos livros a indicação de um até cinco ou

mais sítios da internet como subsídio por atividade de aprendizagem.

Outro aspecto importante a esclarecer sobre o agenciamento de websites nessa

coleção para os estudantes refere-se ao fato de que estes não foram referenciados em uma

lista única para a resolução de todos os exercícios da Seção “Atividades” de um capítulo

ou de uma unidade temática, mas apenas, como dito anteriormente, para uma ou duas

tarefas específicas. Nesse sentido, existem várias questões para serem desenvolvidas

apenas com a consulta ao conteúdo abordado no livro, sem a indicação de pesquisa a uma

página da web.

Após minuciosa análise da coleção, observando todas as páginas dos quatro Livros

do Estudante e dos Manuais do Professor, identificamos prescrição pela autoria de um

total de 260 sites, tanto para o desenvolvimento de atividades de aprendizagem quanto

para se buscar novas informações sobre diferentes temáticas abordadas nos livros. Para

melhor compreensão dessa distribuição, organizamos os dados na tabela apresentada

abaixo.

6º ano 7º ano 8º ano 9º ano Temática Afro-

brasileira

Temática

Indígena

Livro do Estudante

– sites

23 34 24 16 - -

Manual do

Professor – sites

33 43 49 26 07 05

Somatório 56 77 73 42 07 05

Parcial 248 12

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Total 260

Tabela 2: quantidade de sites referenciados em cada livro da coleção, separado por Livros do

Estudante e respectivos Manuais do Professor. Fonte: o autor.

Conforme os números acima exibidos, notamos que existe uma certa disparidade

na indicação de endereços eletrônicos entre os Livros do Estudante e os Manuais do

Professor, também cognominados nessa coleção de “Materiais de Apoio ao Professor”.

A primeira diferença que se destaca é o agenciamento de sítios específicos sobre a

temática referente à história e cultura afro-brasileira e indígena somente aos docentes, já

que estão inseridos apenas na parte destinada a estes, repetindo-se nos quatro livros da

coleção.

Outro aspecto a ser frisado é a presença de um número maior de prescrições

direcionadas aos(às) professores(as), conforme visto na terceira linha da tabela. Isso

ocorre em virtude de a autoria trazer aos docentes a indicação de uma lista de websites

que abordam temas referentes ao conteúdo que se é trabalhado em cada uma das quatro

unidades temáticas do livro.

Outro fator contribuinte para aumentar essa diferença refere-se às sugestões de

sites oferecidos pela autoria aos docentes para o desenvolvimento da chamada “Atividade

de estudo do meio”. Tal proposta e as prescrições das páginas eletrônicas estão inseridas

ao final das orientações sobre a unidade temática IV nos Manuais do Professor de cada

ano da coleção. No livro do 6º ano, é sugerida uma visita técnica a um museu de

arqueologia, ressaltando que sua organização deve ser planejada cuidadosamente em cada

etapa e, ao final, traz uma lista de seis museus nacionais de arqueologia e seus respectivos

sítios da internet.105

Cabe lembrar que a sugestão de websites de instituições museológicas no livro

não são para que se realize uma “viagem virtual” por sua página eletrônica, sendo a

proposta da autoria fazer com que os(as) professores(as) as consultem para irem se

ambientando ao espaço do museu escolhido, para o caso de conseguirem realizar a

atividade in loco com os estudantes, o que também é uma prática muito rica, mas que

demanda recursos financeiros, que, em muitas escolas públicas, na maioria das vezes, são

limitados, tornando bem complexa a realização da proposta para vários docentes que

utilizam a coleção.

105 BOULOS JÚNIOR, op. cit., 2015, livro do 6º Ano, p. 419.

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Segundo Maynard e Silva (2012), as “viagens virtuais podem ser uma das

maneiras mais interessantes de levantar informações sobre países e regiões”106, devido à

necessidade de localizar as crianças no tempo e espaço que se busca conhecer. Para os

autores, essa atividade é viável por não demandar de grandes recursos monetários de seus

proponentes para acessar um ambiente virtual, de forma que se possa realizar a atividade.

Proporcionar tal experiência para docentes e discentes seria muito interessante se

considerarmos que a coleção está sendo utilizada em diversas cidades do país e, em muitas

delas, não existe um museu de arqueologia instalado.

No entanto, antes de empreender tal atividade entendemos ser necessário observar

alguns aspectos que consideramos essenciais para que o ambiente visitado ofereça uma

experiência pedagógica inovadora aos estudantes. Elencamos verificar se: há

equipamentos e conexão com a internet de boa qualidade para realizar o acesso, o

ambiente possui apresentação em Língua Portuguesa de seu conteúdo - no caso de se

optar por uma instituição internacional -, o material a ser visualizado possui relação com

os assuntos estudados em sala de aula, não é requerido um cadastro complexo ou

pagamento de taxas dos usuários para acessar o ambiente, entre outros.

Em relação ao 7º ano, na “Atividade de estudo do meio”, a sugestão é levar os

estudantes a conhecerem uma ONG que trabalha em defesa dos diretos dos indígenas, dos

negros ou das mulheres, por meio de uma entrevista com algum membro da organização

escolhida. Traz um pequeno roteiro de perguntas a serem respondidas pelos entrevistados

e, em seguida, a indicação dos sites de duas ONGs: a Geledés — Instituto da Mulher

Negra — e a CEPIA — Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação —, sendo que

ambas dedicam seus trabalhos à defesa dos direitos das mulheres.107

No livro do 8º ano, a sugestão para o desenvolvimento da “Atividade de estudo

do meio” é uma visita técnica guiada a um zoológico, a um jardim botânico ou a um

parque nacional. Segundo o autor, tem como objetivo desenvolver nos estudantes o amor

e o respeito ao meio ambiente, bem como atitudes de preservação da fauna e/ou flora e

belezas naturais. Ainda recomenda a navegação pelo site da ONG brasileira SOS Mata

Atlântica e da organização internacional Greenpeace, em seguida, propõe que os

discentes façam uma comparação entre as ações desenvolvidas por cada uma.108

106 MAYNARD; SILVA, idem, 2012, p. 308. 107 BOULOS JÚNIOR, idem, 2015, livro do 7º Ano, p. 419. 108 BOULOS JÚNIOR, idem, 2015, livro do 8º Ano, p. 414.

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Para as turmas de 9º ano, essa atividade é sugerida como uma visita técnica a um

museu de arte e, conforme salienta o autor, espera-se que os estudantes, ao entrarem em

contato com novas estéticas, desenvolvam sua percepção e o respeito pelo outro. Nessa

tarefa, são recomendados cinco museus nacionais de arte, bem como seus respectivos

endereços eletrônicos, no entanto, assim como na proposição do trabalho com as turmas

de 6º ano, é recomendada a visita presencial e não uma pesquisa à página virtual do

museu, o que acaba por limitar o desenvolvimento da tarefa.109

Ao analisarmos as propostas dessas atividades, notamos que em todas há

prescrição de websites de diferentes museus nacionais, bem como de ONGs tanto

brasileiras quanto estrangeiras. No entanto, o que chama atenção é o fato de, no

desenvolvimento das tarefas, estas serem apenas coadjuvantes, visto que objetivam a

visita presencial ao espaço de uma instituição com estudantes. Assim, nos casos acima

explicitados e levando em conta a ampla distribuição que a coleção alcançou pelo Brasil,

seria interessante e/ou mais ‘atraente’ aos(às) professores(as) e estudantes se o autor

também propusesse a observação virtual de tais ambientes, em virtude das possibilidades

que essa pode apresentar, conforme apontado acima por Maynard e Silva (2012).

Para contribuir com o maior número de páginas eletrônicas nos Manuais do

Professor, existe ainda a prescrição na seção de respostas das atividades de aprendizagem,

em que somente os docentes podem consultar. No caso, são indicações voltadas para a

sondagem dos estudantes, a fim de obterem novas informações sobre um tema e/ou

desenvolverem tarefas pontuais ao final de um capítulo. Com exceção do livro do 9º ano,

nos outros três, são encontrados sites para consulta nessa seção.

Nos Livros do Estudante, a identificação da presença de um endereço eletrônico

foi feita de modo a atrair a atenção dos alunos. É precedida por um símbolo de uma mão

na posição horizontal, com o dedo indicador apontando para “Indicações de sites para a

pesquisa”, impresso em cor azul, onde, logo abaixo, consta o site indicado pelo seguinte

marcador na mesma cor: •. Dessa forma, torna-se diferente da escrita do texto principal,

preto em papel branco. Logo após, segue uma pequena descrição, o que não é regra para

todas as prescrições, já que, em sua maioria, está ausente. Em seguida, aparece a indicação

da instituição a qual pertence, como de museus, universidades, bibliotecas, páginas

governamentais, ONGs e portais. Por fim, o link encurtado, com a data de acesso (dia,

mês e ano), realizado pelo autor ou equipe editorial antes de fazer a indicação no livro.

109 BOULOS JÚNIOR, idem, 2015, livro do 9º Ano, p. 440.

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Imagem 6: atividade de aprendizagem acompanhada da indicação de websites para consulta pelos

estudantes. Fonte: BOULOS JÚNIOR, Livro do 7º Ano, p. 135.

Acima temos a imagem trazendo a maneira como foi realizada a indicação de sites

como fonte de pesquisa para o desenvolvimento de uma atividade de aprendizagem ao

final do capítulo 6, nomeado de “Mudanças na Europa feudal”, da Unidade Temática 2,

intitulada “Arte e Religião”, nos Livros do Estudante do 7º ano. O trabalho sugerido é

para ser realizado pelos discentes em grupo e versa em buscar dados sobre universidades

brasileiras e estrangeiras situadas no continente europeu. Nesse recorte, vemos um

exemplo típico da prescrição de páginas eletrônicas oferecidas pela autoria aos estudantes

e que é recorrente para a maioria das sugestões apresentadas nos livros da coleção,

independentemente se para o 6º, 7º, 8º ou 9º ano.

Ainda podemos verificar que é registrado apenas o nome da instituição a que

pertence o website e percebe-se a ausência de uma descrição do seu respectivo conteúdo

e também qualquer orientação que possa auxiliar os estudantes e/ou professores(as) a

navegarem por ele ou a conhecerem os recursos disponíveis na página prescrita. Outro

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aspecto a destacar é que não existe nenhuma explicação que vise a estabelecer a

comunicação entre os links sugeridos e os temas abordados no capítulo, embora, nesse

caso, um dos assuntos trabalhados, mesmo que de forma breve, foi o surgimento das

primeiras universidades na Europa.

Imagem 7: atividade de aprendizagem acompanhada de uma fotografia do leito seco de uma

represa e da indicação de websites para consulta pelos estudantes. Fonte: BOULOS JÚNIOR,

Livro do 6º Ano, p. 128.

Já na imagem acima, temos agora outro modo de como foi efetivada a

recomendação pela autoria de sites como fonte de pesquisa, para o desenvolvimento de

uma atividade de aprendizagem encontrada na página 128, ao final do capítulo 6,

intitulado de “Mesopotâmia”, da Unidade Temática 3, chamada de “Vida urbana: Oriente

e África”, nos Livros do Estudante do 6º ano. A tarefa proposta é para ser realizada em

grupo e consiste em elaborar uma campanha publicitária em que o foco é a preservação e

o uso consciente da água. Nesse caso, além de indicar páginas da web, traz também a

fotografia do leito seco de uma represa pertencente ao sistema de abastecimento hídrico

da cidade de São Paulo, depois de um longo período de estiagem.

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O que a diferencia da prescrição anteriormente apresentada é o fato de que existe

uma pequena descrição das informações que podem ser encontradas nos respectivos

endereços eletrônicos listados para o desenvolvimento da atividade. No entanto, em nosso

entendimento, por se tratar de algo muito simples e superficial, em nada contribui com os

estudantes no momento em que forem realizar a proposição da pesquisa sugerida pela

autoria. Assim sendo, da forma como foi indicada, a utilização das páginas da web pode

ser pouco satisfatória, como também nem chegar a ser realizada pelos estudantes.

Nesse sentido, tanto na primeira quanto na segunda maneira de prescrever a

pesquisa em sites, exibidas acima, percebemos que não houve nenhuma preocupação ou

intenção por parte da autoria da coleção em trazer uma adequada orientação aos

estudantes para a realização da consulta ao sítio da internet, de modo que esse suporte

pudesse auxiliar o trabalho pedagógico dos docentes ou, então, contribuir para o ensino

de História. Sendo assim, na coleção em questão, a forma como ocorre a indicação de

páginas eletrônicas pela autoria acaba se configurando em mais uma tarefa aos docentes,

na medida em que estes passaram a orientar todo o processo dos estudantes de acesso às

páginas ao decidirem realizar a proposta encontrada no livro.

O que ainda percebemos é um tratamento descuidado por parte dos prescritores

no que diz respeito ao uso desse novo recurso nos livros da coleção, visto que, do modo

como são oferecidos, não auxiliará nem os(as) professores(as), nem os educandos no

processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma, o posicionamento dos autores Maynard

e Silva (2013), ressaltando a pouca dedicação de autores e editoras sobre esse tema, é

pertinente, se o objetivo da utilização desses recursos em livros didáticos é contribuir para

o ensino de História.

Também o que se pode notar, no material analisado, é uma inserção de websites

sem uma crítica de caráter pedagógico por parte de autor e editora, mas apenas com uma

visão mercadológica, voltada a atender às necessidades do mercado consumidor em que

se insere, visando a “seduzir” docentes a indicarem a coleção no PNLD para posterior

aquisição desta pelo governo e, assim, obter elevados lucros com a venda da coleção por

diversas regiões do Brasil.

Ao examinar a indicação de sites para os docentes nos Manuais do Professor,

percebemos diferenças e semelhanças na maneira como são apresentados em relação aos

Livros do Estudante. Um primeiro ponto a se destacar é a existência de uma breve e

resumida descrição dos endereços eletrônicos nas páginas de orientações para uso da

coleção destinadas aos(às) professores(as). Isso pode ser visto tanto para as indicações

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voltadas a temas sobre a história e cultura afro-brasileira e indígena quanto para aquelas

que são direcionadas aos conteúdos abordados em cada uma das quatro unidades

temáticas que compõe cada livro.

No entanto, ao observarmos o texto que acompanha uma das prescrições de sites

sobre o estudo da história e cultura afro-brasileira, percebemos que ele não se configura

em um instrumento prático que possa auxiliar professores(as) no momento que optarem

por acessar os websites agenciados. Em um deles, encontramos os seguintes dizeres: “Site

do Afroreggae, grupo que luta pela valorização e da identidade negra entre jovens

cariocas que cultivam o reggae, o soul e o hip-hop.”110

A partir do descritivo que acompanha a indicação, entendemos que não há uma

orientação que contribua para um bom aproveitamento das informações contidas no site,

dessa forma, notamos também um tratamento despreocupado pela autoria em relação à

utilização de endereços eletrônicos, com fins pedagógicos, nos Manuais do Professor,

assim como foi observado nos Livros do Estudante anteriormente.

Uma segunda diferença que chama atenção, vista na maneira como são prescritos

os sítios da internet nos materiais de apoio aos docentes da coleção, é a ausência da data

de acesso (dia, mês e ano) em que se realizou a consulta. Assim, não temos como saber

se a visita ao site ocorreu muito tempo antes de sua indicação ou se realizou-se

contemporaneamente ao período em que o mesmo foi referenciado na coleção.

Tal aspecto é pertinente, visto que as informações na rede mundial de

computadores circulam com grande rapidez e também porque estamos analisando a 3ª

edição do material, avaliada para o PNLD em 2016, e que só chegaria às mãos de

estudantes e docentes de diferentes regiões do país no ano seguinte, para um ciclo de três

anos de uso compreendido entre 2017 e 2019, mas que, no entanto, foi produzida pela

editora no ano de 2015.

Nesse sentido, no ínterim de sua confecção e utilização, muitos dos endereços

eletrônicos indicados poderiam ter sido excluídos, tornando-se inacessíveis, como

também poderiam estar acessíveis, mas com dados atualizados que podem não coincidir

com os que o autor visualizou antes de sua inserção na coleção. Tal aspecto poderia

comprometer o desenvolvimento de uma atividade de aprendizagem, visto que foi

elaborada a partir de certos dados que não corresponderiam com os que os estudantes

encontrariam no momento em que acessassem o website sugerido anteriormente.

110 BOULOS JÚNIOR, op. cit., 2015, livro do 9º Ano, p. 372.

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Um aspecto comum às prescrições na coleção, tanto nas oferecidas a docentes

quanto nas que seguem para os discentes, é a não escritura do endereço institucional do

site indicado para acesso. Entendemos que por decisão da equipe editorial responsável

por sua produção, a grande maioria das páginas virtuais foram referenciadas nos quatro

livros utilizando um link encurtado do endereço oficial e, em apenas uma sugestão, foi

preterido o original em vez de um atalho.

Essa exceção ocorreu nos Livros do Estudante do 6º ano, na página 107, ao final

do capítulo 5, intitulado de “Os indígenas: diferenças e semelhanças”, dentro da Unidade

Temática II, denominada de “O legado de nossos antepassados”, na seção de atividades

“Integrando com... Língua Portuguesa”, sendo apresentado o endereço

<http://projetos.unioeste.br/projetos/cidadania/images/stories/ArquivosPDF/biblioteca/d

icionario-de-tupi.pdf>, em vez de um link reduzido, que, quando acessado, deveria levar

a uma página virtual que exibe um dicionário de Tupi-Guarani, no qual os estudantes

poderiam pesquisar o significado de palavras de origem tupi que aparecem em um poema

da tarefa anterior.

De acordo com o gráfico 1, o formato preferido pelos responsáveis por produzir a

coleção, seja o autor ou a equipe editorial, para apresentar a grande maioria das indicações

dos sítios da internet referenciadas ao longo dos livros, foi o link curto, que, via de regra,

exibe um número muito reduzido de caracteres em sua composição, diferentemente do

oficial, que pode conter, muitas vezes, até dezenas de letras em sua forma oficial,

visualizado no exemplo acima apresentado.

Pedro Paulo S. Freitas (2012), que analisou os principais servidores de

encurtadores disponíveis atualmente, explica que endereços muito longos são comuns de

se encontrar em inúmeras notícias de jornais, de portais e revistas on-line ou, ainda, em

sistema de posicionamento geográfico.111

111 FREITAS, Pedro P. S. BeShort: um algoritmo para encurtamento de URLs. 2012. xx, 53 f.

Dissertação (mestrado): Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto de Ciências Exatas e Biológicas.

Departamento de Computação. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Computação. Disponível em:

<http://www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/3022/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O_BeShort

AlgoritmoEncurtamento.PDF>. Acesso em: 25 out. 2019. p. 4.

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Gráfico 1: formato em que foi realizado a maioria das prescrições de sites na Coleção “História:

Sociedade e Cidadania”. Fonte: o autor.

Freitas (2012) salienta que a prática de encurtar os Uniform Resource Locator

(URL) ou, traduzido para o português: “Localizador Padrão de Recursos”, se originou das

redes sociais, devido à limitação do número de caracteres que cada mensagem a ser

compartilhada pode conter, por isso, esse serviço vem se configurando atualmente em

uma das mais importantes formas de disseminação e compartilhamento de páginas

eletrônicas.

O autor explica que “[...] os encurtadores de URLs traduzem uma URL (que pode

consistir de centenas de caracteres) em uma nova URL, tipicamente com poucos

caracteres que retorna os códigos HTTP 301 ou 302 de redirecionamento para à URL

longa original. [...]’’.112 Em nossa fonte de pesquisa, já caracterizada anteriormente, foi

utilizado o encurtador de URL “Eba.im” e, ao que parece, atualmente esse não está mais

em funcionamento, pois não é possível encontrá-lo disponível na rede para acesso de seus

112 FREITAS, ibidem, 2012, p. 4.

259

10

50

100

150

200

250

300

Links Encurtados Endereço Institucional

Formato de prescrição de sites na coleção

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serviços e, consequentemente, os links diminutos criados por ele também se encontram

desativados.

Para exemplificar, o atalho <http://eba.im/rbgnfx> é indicado em uma atividade

de aprendizagem, na página 102, nos Livros do Estudante do 6º ano, no capítulo 6,

denominado de “Mesopotâmia”, presente na Unidade Temática 3, chamada de “Vida

urbana: Oriente e África”, como fonte de pesquisa sobre os povos indígenas que vivem

no território brasileiro nos dias atuais. Ao ser acionado no desenvolver da tarefa, o atalho

deveria direcionar os discentes para o sítio da web do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), que apresenta uma URL <https://indigenas.ibge.gov.br/graficos-e-

tabelas-2.html> com o dobro de caracteres, no entanto, esse atalho disponibilizado na

obra está desativado e não se consegue visualizar a referida página e, por consequência,

os estudantes não realizaram a atividade proposta.

Dessa forma, podemos perceber que esse recurso pode ter sido empregado na

coleção com o intuito de agilizar e/ou “facilitar” a busca de sites na rede, pois, no

momento em que os estudantes ou professores(as) fossem realizar a pesquisa à página do

IBGE, eles teriam que digitar bem menos caracteres na barra de endereços do buscador

da internet. Seu emprego também pode estar associado ao fato de que links encurtados

ocupam menos espaço na diagramação das páginas impressas, resultando também em

custos menores de produção para a editora da coleção, no caso a FTD.

Freitas (2012), no entanto, adverte que embora sejam úteis, os encurtadores de

URLs trazem problemas para os usuários da rede mundial de computadores. De acordo

com o autor, um deles é o fato de que esse serviço vem sendo empregado como forma de

camuflar phishing e difundir spam. Este último termo é usado para se referir “aos e-mails

não solicitados, que geralmente são enviados para um grande número de pessoas”113,

principalmente de conteúdo comercial. Já phishing é uma página falsa aparentando ser

verdadeira e, em alguns casos, pode estar encoberta por um link mínimo que, quando

acionado, redireciona o usuário para um site muito semelhante ao original e solicita a

inserção de dados confidenciais dos indivíduos, como senhas de contas e cartões

bancários ou de redes sociais, que acabam sendo obtidos de maneira ilícita.114

Ainda conforme Freitas (2012), outro inconveniente enfrentado ao se utilizar um

link pequeno é o atraso que pode acontecer para o redirecionamento à URL original do

113 BRASIL. COMITÊ GESTOR DA INTERNET. O que é spam? Disponível em:

<https://www.antispam.br/conceito/>. Acesso em: 03 nov. 2019.. 114 FREITAS, op. cit., p. 5.

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site indicado. Segundo o autor, isso ocorre devido ao fato dos servidores de redutores

mais utilizados estarem hospedados fora do Brasil, fazendo a busca sofrer atraso na

resposta a ser recebida e a página demorar muito tempo para ser totalmente visualizada.

Pontua ainda que, por se tratar de serviços gratuitos, muitos encurtadores de URL não

apresentam uma boa qualidade na prestação da função a que se destinam e podem não

atender à solicitação dos usuários em uma situação de muitos acessos simultâneos,

resultando na não visualização da página da web que esteja buscando a partir do atalho

oferecido, fazendo com que o usuário desista de continuar a pesquisa na referida home

page.115

Em relação à primeira problemática apontada por Freitas (2012), envolvendo a

utilização de links diminuídos, percebemos que os encarregados pela elaboração da

coleção deveriam ter tomado conhecimento sobre suas implicações ao propor e inserir

seu emprego em um produto que se destina a um público bastante específico, o de crianças

e adolescentes na faixa etária entre 9 e 14 anos de idade, como é o caso de livros didáticos

para o ensino fundamental. Nos livros analisados, não encontramos nenhuma orientação

quanto a essa possível situação aparecer em alguma indicação de websites, assim,

podemos observar como ato falho de sua autoria, pois, atualmente, temos nos deparado,

por meio de noticiários, de várias atividades ilícitas envolvendo usuários da internet.

Entendemos que tal abordagem se torna pertinente na medida em que são

indivíduos que passam muitas horas do dia conectados ao mundo virtual, por meio de

smartphones, computadores ou tablets, acessando inúmeras páginas, em contato com

diversos conteúdos, interagindo com diferentes indivíduos, realizando diversas atividades

e, mesmo considerando que a coleção passou por um processo de avaliação antes de

chegar às mãos dos alunos, percebemos que muitos desses jovens ainda não possuem

habilidades para transformar milhares de informações em conhecimentos ou ainda

perceber que está em situação de insegurança.

Conforme Freitas (2012) pontuou, outro aspecto que deve ser ponderado ao se

empregar links pequenos é a possibilidade de se ter uma lentidão para a total visualização

ou, ainda, não obter nenhuma resposta da página solicitada. Essas questões comprometem

veementemente a utilização da internet com fim pedagógico, principalmente referindo-se

a indicações de sites em livros didáticos para o desenvolvimento de atividades de

aprendizagem por estudantes ou para consulta de docentes. Isso ocorre devido ao fato de

115 FREITAS, ibidem, p. 5.

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que muitos(as) professores(as) e também discentes, ao se depararem com essas situações,

encerram a pesquisa ou mudam o foco de interesse para páginas não indicadas e partem

para a busca de outros sítios da internet sem relação com o conteúdo.

Nesse sentido e, a partir da análise realizada em nosso objeto, pontuamos que os

recursos tecnológicos ali empregados, sites, blogs ou outro suporte da internet precisam

estar em funcionamento e à disposição de maneira adequada e integral aos usuários da

coleção. Isso deve ocorrer não só no momento de sua avaliação (2016) e no seu primeiro

ano de uso (2017), mas em qualquer momento que eles forem requeridos pelo período

mínimo três anos (2017, 2018 e 2019), tempo necessário até que se ocorra um novo PNLD

e a edição em uso seja substituída por uma outra versão considerada mais “atualizada”,

com tais possíveis falhas corrigidas e superadas pela editora responsável, de maneira que

se possa evitar que problemas como esses ocorram novamente.

No caso da coleção “História: Sociedade & Cidadania”, na 3ª edição de 2015,

percebemos que o uso da internet não se efetivou com características didáticas, devido ao

fato de todos os links encurtados dos endereços institucionais de sítios da web oferecidos

pela autoria encontrarem-se praticamente inacessíveis. Tal constatação ocorreu no mês

de agosto do ano de 2019, momento de nossa pesquisa no qual os sites foram consultados

para verificar sua disponibilidade, critério fundamental para que professores(as) e

estudantes possam ter acesso ao seu conteúdo. Sobre a funcionalidade desses atalhos em

2017 e 2018 — os dois primeiros anos de utilização da mesma —, não temos nenhuma

informação que possa ser apresentada com alguma acurácia.

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Gráfico 2: Disponibilidade de links encurtados na Coleção “História: Sociedade e Cidadania” em

agosto de 2019. Fonte: o autor.

Em nosso processo de verificação, todos os links encurtados presentes nos livros

do 6º, 7º, 8º e 9º anos da coleção foram testados individualmente em relação à sua

disponibilidade. O resultado obtido, em que todos se mostraram indisponíveis, está

exposto no gráfico acima. Os atalhos a serem pesquisados invariavelmente iniciavam com

as mesmas letras: “http://eba.im/”, os que se modificava eram as que vinham depois, mas

sempre com a mesma quantidade de seis caracteres, que podiam ser formados somente

por letras ou por letras e números. Não apresentavam símbolos ou caracteres especiais e

as letras sempre eram grafadas em sua forma minúscula. O equipamento utilizado para

consulta foi o mesmo, um computador portátil de uso pessoal com acesso à rede mundial

de computadores, sempre por conexão sem fio. O navegador de internet utilizado foi o

“Mozilla Firefox”, na versão 71.0, para todos os atalhos pesquisados, do início ao fim da

pesquisa.

Incialmente, os links encurtados eram digitados na barra de endereços do

navegador da internet acima indicado, em seguida, era executado o comando para que

fosse redirecionado ao respectivo endereço institucional do site. No entanto, em virtude

desse atalho não mais estar em funcionamento, o que se via sempre era uma tela com

0

259

0

50

100

150

200

250

300

Disponíveis em 2019 Indisponíveis em 2019

Disponibilidade dos links encurtados na coleção

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informações sem qualquer relação com a da página da internet prescrita que se buscava.

A imagem abaixo, uma captura de tela da consulta do atalho “http://eba.im/vxk5ea”,

presente na página 47 do Livro do Estudante do 6º ano, deveria mostrar o website do

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que está disponível para

acesso a qualquer momento.

Imagem 8: captura de tela apresentando o resultado da pesquisa do link encurtado

“http://eba.im/vxk5ea” em que não se tem acesso ao site do IPHAN.

No entanto, como pôde ser visto na imagem acima, a página solicitada não foi

exibida conforme o esperado. Esse resultado se repetiu em todos os links encurtados

indicados na coleção e que foram testados aqui por nós. Dessa forma, tanto estudantes

quanto docentes ficaram prejudicados, os primeiros porque não conseguiriam

desenvolver a atividade de aprendizagem que necessita das informações do site para ser

concluída e os professores(as) porque tiveram que recorrer a outro suporte para auxiliar

os discentes na tarefa.

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Tais apontamentos observados a partir da coleção analisada, uma das que compôs

o rol do PNLD em 2017 e foi a mais distribuída entre as quatorze daquela edição,

evidenciam que a utilização de recursos tecnológicos em materiais didáticos reveste-se,

em muitos casos, de características mercadológicas e não educativas. Maynard e Silva

(2013) apontam que:

Através da menção a sites, blogs e outros suportes eletrônicos, a

pretensão parece ser conferir aos livros didáticos um caráter atualizado.

Todavia, é sempre conveniente lembrar que a internet oferece

vantagens, mas também perigos, problemas a serem atentamente

observados.116

Em nossa investigação sobre a referida coleção, podemos detectar tais situações

apontadas acima nas indicações propostas por sua autoria. Nesse sentido, pontuamos que

faltou de seus elaboradores e produtores certa atenção a essa problemática, que é inerente

à internet. Isso aponta para um direcionamento que visa ao lucro no mercado editorial de

didáticos e no emprego desses suportes apenas como artifício capaz de “seduzir” docentes

a escolherem a obra para posterior aquisição pelo governo.

No decorrer da pesquisa e durante averiguação da disponibilidade dos atalhos dos

respectivos endereços eletrônicos oferecidos pela autoria, foi também possível verificar

um dado interessante referente ao uso da internet em livros didáticos. No caso, notamos

que muitos dos sites recomendados para consulta continuavam em funcionamento à época

da verificação e disponíveis na rede mundial de computadores para acesso, embora todos

os links encurtados de seus respectivos endereços institucionais listados na obra

estivessem, no atual momento, desativados, ao que tudo indica, devido ao servidor que o

originou não estar mais em atividade.

No gráfico 3, apresentamos os dados referentes à quantidade de sites com

disponibilidade de acesso, que podem ser encontrados na coleção em 2019. Percebemos

que a quantidade de páginas da web indicada indisponíveis é consideravelmente superior

às que estão disponíveis. Notamos ainda que essa proporção é maior no Manual do

Professor do que no Livro do Estudante da coleção. No entanto e independentemente se

é em um ou em outro, cabe ressaltar que, no cômputo geral, o que fica prejudicado é o

uso pedagógico da internet, o qual docentes quanto discentes poderiam desenvolver a

partir das sugestões oferecidas pela autoria da coleção.

116 MAYNARD; SILVA, op. cit., 2013, p. 307.

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91

Gráfico 3: quantidade de sites disponíveis, presentes na Coleção “História: Sociedade e

Cidadania”. Fonte: o autor.

Para obter a informação acima descrita, no momento em que era consultada a

disponibilidade dos atalhos, também se observava a da página da web sugerida. Tal exame

foi realizado no mês de agosto do ano de 2019, enquanto a autoria procedeu a visita aos

endereços eletrônicos entre os meses de janeiro e junho do ano de 2015, para fazer a

indicação nos Livros do Estudante na coleção.

Com o objetivo de obter os dados supracitados, utilizamos o mesmo equipamento

e navegador de internet mencionados anteriormente. No entanto, nessa etapa, utilizamos

o serviço de pesquisa na internet conhecido como “Google Busca”, da empresa Google™.

No caso, cada um dos atalhos era digitado no buscador mencionado, que retornava um

resultado apontando que o mesmo era um link encurtado produzido no servidor

“EBA.IM”, bem como o site a que esse pertencia. Em seguida, o endereço do site era

digitado na barra de endereços do navegador, que direcionava até a página oficial ou

apresentava a mensagem alegando que o website não está mais disponível na rede para

acesso. Todo esse processo foi executado para todos os atalhos encontrados na coleção,

tanto nos Manuais do Professor quanto nos Livros do Estudante.

61

113

36 38

0

20

40

60

80

100

120

Livros dos Estudantes Manuais dos Professores

Quantidade de sites disponíveis na coleção

Indisponíveis Disponíveis

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Nessa etapa da pesquisa, o mesmo dado pôde ser observado para as prescrições

de sites sobre o ensino de História e cultura africana, afro-brasileira e dos povos indígenas

presentes somente nos Manuais do Professor dos quatro livros da coleção. Nesse caso e

como mencionado anteriormente, são elencados pela autoria da obra um total de doze

sítios da internet sobre a referida temática, por meio de links encurtados e que, na época

da verificação pelo pesquisador, onze páginas da web estavam em funcionamento, ou

seja, a maioria estava disponível para consulta dos(as) professores(as) e apenas 1

indisponível.

Dessa forma, percebemos um certo cuidado do autor e da equipe editorial ao lidar

com as prescrições de sites sobre um tema de suma importância na atual sociedade e que

precisa de atenção especial de todos nós, profissionais da educação. No entanto, resta

averiguar se os(as) professores(as) se mobilizariam para consultar as indicações

disponibilizadas a partir de seu endereço institucional, não se afastando da proposta

apresentada pela autoria no momento em que encontrassem primeiro o link desativado

impresso nas páginas dos Manuais do Professor.

Dessa forma, transcorridos aproximadamente quatro anos desde os primeiros

acessos realizados pela autoria, em 2015, e ainda em seu último ano de utilização, o de

2019, por professores(as) e estudantes nas salas de aula espalhadas em diferentes regiões

do país, e prestes a conhecermos uma nova edição para o PNLD de 2020, notamos que

uma quantidade relevante de sítios da internet recomendados como fontes de pesquisa

para desenvolver atividades de aprendizagem ou para se ter conhecimento de novas

informações encontram-se desativados, tanto nos Livros do Estudante quanto nos

Materiais de Apoio ao Professor.

Nesse sentido, entendemos que a autoria, ao planejar o emprego da internet com

fins pedagógicos em livros didáticos, precisa dispensar atenção às diferentes condições

de uso da mesma, principalmente em relação à sua acessibilidade, a fim de evitar

obstáculos que comprometam o acesso ao conteúdo proposto inicialmente. Tal ideia não

foi integralmente observada na produção da coleção “História: Sociedade & Cidadania”,

à medida que várias dessas situações foram identificadas durante a realização de nossa

pesquisa.

Os apontamentos acima citados são pertinentes e precisam ser considerados para

a adequada utilização da internet em livros didáticos de História. Em condições

contrárias, possivelmente, teremos de muitos docentes e discentes uma negativa em fazer

uso desse novo suporte em sala de aula. Para Maynard e Silva (2013), a observância do

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aspecto disponibilidade é importante nessa temática e afirmam que “[...] ora, dificuldades

como essas podem afastar alunos e professores de um uso pedagógico da internet, numa

lamentável confusão provocada pelo uso descuidado da rede mundial de

computadores.”117

Para os autores, esses impedimentos ainda podem gerar uma outra situação

desfavorável ao uso da internet com fins educativos, a partir de prescrições de sites em

livros didáticos de História. Esses pontuam que, diante de empecilhos ao acesso do

conteúdo de um website recomendado em uma coleção, muitos estudantes e docentes

tendem a direcionar sua atenção e se aventurar por outras páginas da internet que

oferecem facilidades de acesso, mesmo que a origem das informações ali apresentadas

seja questionável quanto à sua veracidade.118

De acordo com Maynard e Silva (2013), ao se sugerir o uso de websites e blogs

em livros didáticos, seus prescritores ainda devem estar atentos a um conjunto de

obstáculos que podem impactar negativamente na utilização desse novo suporte, como os

que seguem abaixo:

[...] Páginas que oferecem restrições à navegação, exigindo cadastros

complexos ou mesmo pagamento dos usuários, podem servir de

exemplo entre os espaços que dificultam o acesso. Há outros problemas

a serem considerados, tais como: a confusão de conteúdos, que ocorre

quando a obra indica determinado assunto, mas o endereço por ela

oferecido não corresponde ao tema indicado; a existência de endereços

que não funcionam mais; a indicação de endereços incorretamente

impressos nos livros; a demasiada oferta de páginas em idiomas

estrangeiros; a demora da página para que todo o seu conteúdo possa

ser visualizado; o uso de imagens em baixa resolução, que não podem

ser ampliadas, bem como a predominância de fontes em tamanho único.

São muitos os obstáculos.119

Como assinalado acima, são vários os impedimentos que podem estar presentes

na utilização da internet com objetivos pedagógicos. Em nossa análise da coleção didática

“História, Sociedade & Cidadania”, abordando a temática em questão, notamos a

incidência de certas limitações para desenvolver a proposta, como os mencionados pelos

autores acima. Nesse caso, estamos nos referindo aos sites que atualmente ainda se

encontram em funcionamento nos livros, apesar de uma quantidade muito grande de

117 MAYNARD; SILVA, ibidem, 2013, p. 308. 118 MAYNARD; SILVA, ibidem, 2013, p. 308. 119 MAYNARD; SILVA, ibidem, 2013, p. 307.

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prescrições já terem sido desativadas desde o ano de 2017 até o de 2019, período este

estipulado de uso da obra.

Dentro do seguimento acima explicitado, o mais impactante para nosso trabalho

de professores(as), bem como para a realização das atividades de aprendizagem dos

estudantes em sala de aula, sem dúvidas, é o fato de não estarem mais em funcionamento

a maioria das indicações propostas nos livros em questão, conforme apresentado

anteriormente no gráfico 3. Assim sendo, estamos nos referindo à quantia de 175 sítios

da internet inativos, o que corresponde a 67,3% das 260 recomendações encontradas na

coleção. Restando apenas 85 sugestões disponíveis, quando realizamos a pesquisa no ano

de 2019.

Analisando as sugestões oferecidas pela autoria, ainda encontramos cinco

proposições de páginas eletrônicas em idiomas estrangeiros (inglês, francês e italiano)

dentre as indicações disponíveis, quantia que corresponde a cerca de 5,88% das

prescrições em funcionamento. A quantidade pode até ser considerada pequena, mas pode

afetar o desenvolvimento da tarefa para a qual foram indicadas, pois quatro dessas estão

sugeridas na mesma atividade.

Em nossa pesquisa sobre as páginas da internet recomendadas na referida coleção,

observamos também a presença de endereços eletrônicos em que sua total visualização

apresentou certa morosidade para se completar. Notamos ainda que muitos dos sites

continham textos escritos com fontes de tamanho diminuto e sem variações, poucas

páginas eletrônicas se apresentaram ampliadas, um exemplo é o Museu de Arte de São

Paulo – Assis Chateaubriand (MASP). Além do mais, foi possível notar websites que

expunham reproduções de baixa qualidade, sem fazer a devida alusão à sua autoria. Assim

sendo, foram muitos os obstáculos encontrados que poderiam afetar a utilização da

internet com fins educativos tanto por docentes quanto discentes, a partir das indicações

encontradas nos livros analisados.

Por outro lado, nem todos os impedimentos listados acima pelos autores foram

identificados em nosso exame sobre a temática na coleção. Por exemplo, dentre os

ambientes que ainda estavam disponíveis em 2019, não encontramos nenhum com

limitações de navegação ou que solicitassem a inserção de dados pessoais para fins de

cadastro ou, ainda, que requisitasse qualquer tipo de pagamento para ter acesso às suas

informações. Além disso, todos os links encurtados dos endereços em funcionamento

correspondiam às páginas da web indicadas e também apresentavam relação com o

conteúdo que se abordava no livro impresso.

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De acordo com Delgado e Maynard (2015), ainda devemos analisar outros

aspectos dos endereços eletrônicos, tais como os tipos de linguagens constitutivas e a

interatividade que cada um oferece, características importantes que devem ser analisadas

pela autoria no momento em que esta resolve inserir sites em sua coleção didática. Em

relação ao primeiro atributo mencionado, os autores elucidam que as mais encontradas

são a textual, a textual com imagens, a hipertextual120 e a multimodal.121

Os textuais e os textuais com imagens são páginas eletrônicas que se apresentam

de modo mais simples e com poucos recursos a oferecer aos usuários. Já os sítios da

internet que exibem as duas últimas tipologias de linguagens em sua constituição são

também considerados como mais elaborados. Os autores acima referenciados conceituam

a terceira e quarta categoria da seguinte maneira:

Os sites hipertextuais, [...] são aqueles em que os recursos de hipertexto

constituem o principal atrativo, permitindo que o visitante se desloque

entre as diversas páginas. Os sites do tipo multimodal, além de conter

as possibilidades de navegação fornecida pelo hipertexto, ainda

agregam a oferta vídeos, arquivos musicais, conexões com blogs,

portais ou com redes sociais (Facebook, Twitter e Orkut, por exemplo)

[...].122

Nesse sentido, podemos perceber que os tipos explicitados acima mostram uma

interatividade maior com quem acessá-los, sejam docentes, discentes ou qualquer outro

indivíduo, pois possibilitam uma navegação mais ampla e menos restritiva, à medida que

proporcionam o contato com diferentes websites e também por ofertarem conteúdos em

diferentes suportes, como os supracitados pelos autores no excerto acima.

Na coleção “História, Sociedade & Cidadania” do PNLD de 2017, objeto de nossa

pesquisa, encontramos as quatro tipologias de linguagens nos 85 endereços eletrônicos

que ainda estavam acessíveis em 2019, momento em que verificamos esse aspecto das

prescrições. No gráfico 4, são apresentadas as quantidades de cada uma, visualizada tanto

nos Livros do Estudante, quanto nos Manuais do Professor. Importante salientar que, nos

dados a serem exibidos, incluem onze indicações sugeridas sobre o estudo da História

120 Hipertexto “[...] designa um processo de escrita/leitura não-linear e não hierarquizada e que permite o

acesso ilimitado a outros textos de forma instantânea. Possibilita ainda que se realize uma trama, ou rede,

de acessos sem seguir, necessariamente, sequências ou regras.” Ver: FACHINETTO, Eliane Arbusti. O

Hipertexto e as práticas de leitura. Revista Letra Magna, Revista Eletrônica de Divulgação Científica em

Língua Portuguesa, Linguística e Literatura - Ano 02- n.03 - 2º Semestre de 2005. ISSN1807-5193. p. 3. 121 DELGADO; MAYNARD, op. cit., 2015, p. 596 et seq. 122 DELGADO; MAYNARD, ibidem, p. 597.

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africana e culturas afro-brasileiras e indígenas, que foram disponibilizadas apenas nos

materiais de apoio aos docentes.

Gráfico 4: Tipos de linguagens constitutivas dos sites na Coleção “História: Sociedade e

Cidadania” em referência a agosto de 2019. Fonte: o autor.

A leitura do gráfico acima atesta para a predominância das tipologias de sites

multimodais, com 45,8%, e textuais com imagens, com 25,8%, entre os sítios da internet

indicados. Os textuais representavam 21,1% e os hipertextuais constituindo apenas 7,05%

do total de prescrições ainda disponíveis na coleção analisada no período já mencionado.

É válido frisar que não estamos analisando todas as 260 indicações da coleção, em virtude

de apenas 85 estarem disponíveis até o momento da pesquisa. Também não foi possível

informar qual modalidade de site sobrelevaria caso todas as sugestões estivessem à

disposição para acesso.

Ao observamos esses dados, notamos que a maior parte dos endereços eletrônicos

com acessibilidade, quatro anos após seu agenciamento realizado pela autoria,

proporcionaria aos internautas um elevado nível de interatividade, na medida em que eles

permitiriam aos navegadores ter contato com vários dos recursos disponibilizados pela

internet na atualidade, como imagens em alta resolução, vídeos, músicas, entre outros.

10

88

14

1

5

18

21

0

5

10

15

20

25

Livros dos Estudantes Manuais dos Professores

Tipos de linguagens constitutivas dos sites

Textual Textual + imagem Hipertextual Multimodal

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Além de propiciar aos usuários a oportunidade de buscar novas informações por

diferentes páginas da web, já que as páginas eletrônicas do tipo multimodal também

apresentam o recurso do hipertexto.

Ainda em relação a essa modalidade de sítios da internet, podemos dizer que

apresentam outro aspecto em comum: pertencem a instituições que, de alguma maneira,

desempenham atividades que têm ligação com a educação. Nesse grupo de sites

agenciado na coleção analisada, temos páginas da internet que pertencem a universidades

públicas brasileiras e estrangeiras, museus com diferentes características, órgãos

governamentais, Organizações Não Governamentais (ONGs) nacionais e estrangeiras,

atuando em defesa dos direitos humanos de minorias e também da natureza, grupos de

atuação em torno da história e culturas africanas, afro-brasileiras e indígenas.

Outra questão importante remete ao fato de serem páginas da internet que trazem

milhares de informações e em diferentes suportes a seus internautas. No entanto, como

aponta Maynard e Silva (2013), isso não é essencial aos estudantes se as prescrições não

apresentarem conexão com o conteúdo estudado em sala de aula ou se os discentes não

saberem por onde navegarem nesse mar de dados disponíveis à sua frente, em uma tela

de computador ou de um telefone celular. Para os autores, nada disso é fundamental, pois

o que os educandos carecem são de prescrições que colaborem de maneira satisfatória

para seu desenvolvimento intelectual.123

Nesse sentido, entendemos que a atuação de professores(as) é primordial ao

encontrarem sugestões de sítios da internet em livros didáticos. Segundo os autores

referenciados, “o professor deve, sempre que encontrar indicações de sites ou sugestões

de atividades através deles, ter o cuidado de conhecer primeiro o ambiente proposto.

Alguns cuidados básicos podem ajudar a evitar maiores problemas no uso das páginas.”124

Dessa maneira, sendo ele um primeiro usuário das páginas virtuais, poderá verificar as

suas possibilidades de uso que favoreçam o ensino da História, a partir de uma análise

minuciosa de suas informações e das fontes usadas por aquela prescrição.

No caso de nosso objeto de pesquisa, essa atribuição a ser desempenhada pelos

docentes, além das muitas outras que já realizam, acaba se tornando essencial, visando a

alcançar o objetivo de uma utilização educativa das prescrições presentes na coleção. Isso

fica evidente, ao observamos a maneira como as indicações de sites foram oferecidas por

123 MAYNARD; SILVA, op. cit., 2013, p. 309. 124 MAYNARD; SILVA, ibidem, 2013, p. 309.

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sua autoria, na medida em que não se encontram orientações adequadas para desenvolver

a proposta de modo satisfatório nem nos Livros do Estudante, nem nos respectivos

Manuais do Professor, sendo que este último deveria ser apresentado como o principal

instrumento de suporte metodológico em favor dos(as) professores(as) que trabalharem

com a coleção.

Ainda observamos no gráfico 4 outras informações sobre o aspecto até então

analisado. Nele notamos também o agenciamento de muitos endereços eletrônicos

compostos somente por textos ou por imagens entre os que ainda estavam disponíveis na

coleção. De acordo com Delgado e Maynard (2015), são sites que favorecem um pequeno

nível de interatividade, em virtude de não oportunizar que docentes e estudantes tenham

contato com os diferentes recursos oferecidos pela internet nos dias de hoje.125 Isso leva,

segundo os autores, à tendência de reforçar a vertente informativa do ensino de História,

que, infelizmente, ainda pode ser encontrada em determinadas coleções.

Diante dos vários dados apresentados até o momento, podemos notar que houve

um certo cuidado da autoria em evitar que poucos aspectos não comprometessem o uso

didático da internet por ela proposto. No entanto, se olharmos de modo mais abrangente

para as situações desfavoráveis que impactam negativamente o emprego da internet, a

partir das indicações encontradas na coleção, veremos que são suficientes para levar

estudantes e/ou professores(as) a se afastarem de sites sugeridos, nos quais são vistos tais

obstáculos, para se aventurarem em outros que lhes proporcionem um acesso imediato,

livre e com seus conteúdos menos desburocratizado.

Dessa forma, os apontamentos acima mencionados são competentes o bastante

para reforçar a hipótese que buscamos defender em nosso trabalho, a de que uma simples

indicação de uso de recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), no

caso, sites e blogs da internet, em livros didáticos de História, não se efetiva em sua

adequada utilização por professores(as) e estudantes com fins pedagógicos. Isso porque,

ao longo de nossas análises, não encontramos nos Livros do Estudante nem nos Manuais

do Professore da coleção as devidas orientações que pudessem proporcionar o profícuo

desenvolvimento da proposta oferecida pela autoria da obra.

De acordo com Maynard e Silva (2013), a autoria, ao conceber uma coleção

didática com a utilização de endereços eletrônicos, também precisa trazer apoio técnico

aos seus usuários, para que se possa trabalhar com tal proposta. Os autores ainda

125 DELGADO; MAYNARD, op. cit., 2015. p. 596 et. seq.

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complementam que esse suporte deve estar presente e bem claro nos materiais de apoio

aos docentes e, ainda, seguem afirmando que:

Se o livro didático resolver investir em recomendar e explorar sites, o

suporte metodológico para lidar com as páginas da internet deve ser

oferecido pelo Manual do Professor, já que este é concebido para ser

uma ferramenta de suporte impresso diferenciada, em seu conteúdo e

objetivos, do livro didático do aluno. Para cumprir esse papel no

planejamento das melhores estratégias de ensino-aprendizagem, o

Manual do Professor deve se apresentar como uma obra detalhada em

suas sugestões e sintonizada com as dificuldades de implementação de

determinadas experiências em sala de aula. O Manual deve nortear o

professor sobre os caminhos que ele pode tomar ao explorar

determinado endereço eletrônico, orientando o docente sobre as

vantagens e percalços que a página indicada oferece. As páginas devem

oferecer possibilidades de exploração de fontes históricas, devem atuar

como complementos do material impresso.126

Em nosso objeto de pesquisa, encontramos, no Manual do Professor, em sua parte

comum, na página 386, a Seção “Orientações para o uso da internet”, que corresponderia

ao referido suporte metodológico na coleção didática “História, Sociedade & Cidadania”,

apontado acima pelos autores. Em seu conteúdo, encontramos uma listagem de

procedimentos que os docentes deveriam seguir para realizar o trabalho com as indicações

de sites junto aos estudantes. Explica, ainda, que, dessa maneira, os discentes

conseguiriam desenvolver, com o apoio da internet, as “competências e habilidades” que

lhes ajudariam na aprendizagem dos diferentes processos históricos que permeiam as

sociedades humanas ao longo do tempo.127

No entanto, na seção supracitada, o que podemos visualizar não é possível de se

identificar como um suporte metodológico, pensado minuciosamente para auxiliar

satisfatoriamente docentes na proposta de utilização de websites que já estão indicados

na coleção “História, Sociedade & Sociedade”. Na verdade, o que notamos é que não são

orientações que ajudam o professores(as) no trabalho com os sites que acompanham as

atividades de aprendizagem nos livros dos estudantes ou com os indicados sobre as

temáticas de estudo da história e culturas africanas, afro-brasileiras e indígenas nos

materiais de apoio da obra.

Por outro lado, percebemos que é um texto que traz instruções genéricas sobre o

uso da internet em sala de aula. São apontados “procedimentos” que poderiam apoiar o

126 MAYNARD; SILVA, op. cit., 2013, p.308. 127 BOULOS JÚNIOR, op. cit., 2015, livro do 9º Ano, p. 386.

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trabalho de docentes caso estes resolvessem utilizar em suas aulas endereços eletrônicos,

mas diferentes dos que foram prescritos pela autoria. Isso fica evidente, pois, no texto

indicado como suporte metodológico sobre o uso de páginas eletrônicas na coleção, não

apresenta um detalhamento sobre os possíveis benefícios e obstáculos que essa utilização

pode oferecer ou, ainda, como suas informações se relacionam com os conteúdos

abordados no livro.

Nesse sentido, da forma como as referidas “Orientações para o uso da internet”

estão colocadas na coleção, em quase nada podem contribuir com o trabalho dos docentes

na utilização das prescrições encontradas no material analisado. Isso porque não

apresentam um direcionamento para as especificidades que cada uma das indicações pode

apresentar no momento em que forem acessadas, o que seria o esperado de um “guia”

elaborado para auxiliar a utilização de sites. No entanto, temos a percepção de que são

muito gerais e, dessa maneira, não apoiariam o trabalho de professores(as) com a internet

para fins educacionais, pois não oferece bases teóricas competentes para se pensar de

forma crítica sobre a mesma, como um instrumento didático que colabore para o

fortalecimento do ensino da História.

Ainda podemos observar um outro aspecto no texto que é apresentado como

suporte metodológico para a utilização de sítios da internet com fins educativos. No caso

analisado, notamos que desconsidera a existência de diferentes tipologias dos websites

presentes na rede mundial de computadores, como já discutimos anteriormente. Dessa

forma, os websites foram tratados como se formassem um único e grande grupo,

ignorando peculiaridades como as características do conteúdo que exibem, das

proposições de princípios e valores que carregam e que necessitam de certa atenção no

momento em que forem trabalhadas em sala de aula.

Assim, notamos que existem diversos impedimentos que comprometem a

utilização dos endereços eletrônicos encontrados na coleção. Além dos já anteriormente

abordados, temos também aquele que seria o principal instrumento de apoio aos(às)

professores(as), que a coleção deveria trazer para implementação da proposta, mas que

não passa de um dispositivo que pouco pode contribuir para o trabalho com os sites

indicados na obra. Dessa maneira, entendemos que a maneira como esses foram

oferecidos nas páginas dos Livros do Estudante se transformou em mais uma atribuição,

dentre as muitas a serem desempenhadas pelos docentes em sala de aula.

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CAPÍTULO IV – “O BLOG DA TURMA”: UMA PROPOSTA POSSÍVEL?

Nas páginas iniciais analisadas anteriormente, assim como nas capas dos livros

que já abordamos, não notamos qualquer referência que possa levar à ideia de que a

coleção apresenta o emprego de recursos das TICs em sua proposta pedagógica. Por outro

lado, entendemos que as características examinadas até o momento podem se relacionar

às estratégias de vendas adotadas pela Editora FTD, objetivando atingir aos educadores

que atuam no nível do ensino fundamental, principais responsáveis pela indicação da

coleção para posterior aquisição pelo governo por meio do PNLD.

Como já dito antes, em nossa análise, utilizamos, como de fonte de pesquisa, o

livro identificado como Manual do Professor, já que este apresenta em um único volume

os componentes direcionados aos estudantes, bem como os materiais de apoio aos

docentes.

Dessa maneira, na página 7, em uma contagem numerada manualmente, na parte

direcionada aos estudantes, o autor oferece a indicação e as orientações para que seja

desenvolvido com os discentes o “Blog da Turma”, uma página eletrônica, ou seja, um

novo suporte para apresentarem os resultados de suas atividades e pesquisas realizadas

ao longo do ano letivo. A partir da identificação da referida proposta, percebemos a

intenção da autoria, que é inserir a coleção em questão no contexto das TICs, a partir da

sugestão do uso do blog, um de seus recursos muito comum nos dias atuais entre

internautas de diferentes idades, como crianças e jovens em idade escolar.

De acordo com Leite et al. (2014), “um weblog, blog ou blogue é uma página da

Web cujas atualizações (chamadas posts) são organizadas cronologicamente como um

diário”128. É um recurso de comunicação assíncrona, ou seja, os leitores e os autores das

postagens podem realizá-las em momentos completamente diferentes. As publicações

podem abordar uma infinidade de assuntos, tais como notícia, música, poesia, fotografia,

etc. Para o ‘diário virtual’, ainda existe a possibilidade de pertencer a uma mesma pessoa

ou a um grupo de indivíduos, como também existe a situação de a página ser de

responsabilidade de um coletivo de professores ou de estudantes, que é o caso da sugestão

apresentada na obra em que estamos examinando neste trabalho.

128 LEITE, et al, op. cit., 2014. p. 69.

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Para as autoras, hoje em dia, já se fala em blogs educativos, caracterizados pela

facilidade de criação, publicação e atualização dos posts. Podem ser utilizados por

docentes para desenvolverem projetos escolares interdisciplinares, integrados às

atividades pedagógicas, de modo a atender às necessidades de toda uma turma ou de um

determinado estudante. Ainda tem a possibilidade de ser utilizado por discentes para

apresentar resumos e atividades das disciplinas escolares e contribuir para uma

aprendizagem colaborativa, como a proposta encontrada em nossa fonte de pesquisa.129

Claro que, em se tratando de um conteúdo de cunho educativo, produzido por

estudantes e divulgado em uma página pessoal, que pode apresentar acesso livre ou

limitado, tais materiais precisam passar por uma crítica por parte de seus autores ou dos

professore(a)s que os acompanham nessa empreitada antes de serem postados, para se

evitar a propagação de estereótipos e qualquer desinformação, como as famosas fake

news.

No caso analisado da coleção “História, Sociedade & Cidadania”, o autor propõe

a criação de um ‘diário virtual’, com o intuito de desafiar a turma a produzir e apresentar

os resultados de suas pesquisas e atividades produzidas em sala de aula de modo mais

“atraente”, devido à facilidade que possuem em lidar com as novas tecnologias. A

propositura apresentada traz um aspecto muito interessante: o de proporcionar a liberdade

de criação intelectual nos estudantes. Isso a torna pouco restritiva por não trazer a

indicação de algo pronto para ser utilizado. No entanto, como abordaremos adiante, a

maneira como a proposta foi inserida nos livros oferece algumas dificuldades, tanto aos

docentes quanto aos discentes, tornando quase inviável sua adequada implementação e,

assim, pouco contribui com o ensino da História.

Como forma de atrair a atenção dos estudantes e mobilizá-los para o

desenvolvimento da proposta, a página do livro recebeu uma diagramação diferenciada

da equipe técnica editorial da coleção. O trunfo da editora foi investir em seu aspecto

visual, de maneira a remeter ao emprego das novas tecnologias digitais de informação e

comunicação. Essa constatação pode ter relação com o fato de que, atualmente, é muito

comum encontrar educandos em fase escolar que passam várias horas conectados à

internet, acessando redes sociais, endereços eletrônicos de diferentes conteúdos, por meio

de smartphones, tablets ou computadores.

129 LEITE, et al, ibidem, 2014. p. 69 et. seq.

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103

A apresentação do título “Blog da Turma” foi feita em uma caixa de texto rodeado,

de um lado, pelo desenho de uma lupa e, pelo outro, de um cursor típico de programas de

editor de textos. O primeiro é um símbolo que tem relação com o ato de

investigar/pesquisar. Já o segundo, remete à atividade de escrita e editoração de trabalhos

de diferentes naturezas, como os acadêmicos, e que também são materiais passíveis de

serem publicados no blog.

Logo abaixo, consta o texto com as orientações para o desenvolvimento da

proposta. Em sua maior parte, ele foi impresso em cor preta e fundo branco, mas também

apresenta alguns escritos coloridos, como a numeração de “algumas regras” e das funções

que cada grupo de estudantes dentro da turma deve seguir. Tais indicações, segundo o

autor da coleção, são necessárias para que os mesmos “aprendam mais e melhor” ao pôr

a proposta em prática.

A página inteira traz uma diagramação que se assemelha muito com a tela de um

tablet ou de um leitor de livros digitais, com um contorno em cor cinza. Na margem

inferior direita, aparece um ícone que consiste em uma mão na posição vertical, na qual

o dedo indicador está tocando na página, como se esta fosse a tela touch screen de

aparelhos eletrônicos digitais.

Analisando o texto que acompanha as orientações para o desenvolvimento do blog

nos Livros do Estudante, observamos que um aspecto a se destacar é a ideia que esse

recurso será um fator desafiador e/ou motivador aos educandos ao apresentar os

resultados de suas pesquisas de maneira mais “atraente”, ou seja, em um formato

inovador, já que, segundo o autor, crianças, adolescentes e jovens em idade escolar, pelo

menos às nascidas nas primeiras décadas deste século, “tem familiaridade com as

tecnologias e as redes sociais”130, mas precisam de orientação no tocante ao seu uso para

fim pedagógico.

Outro ponto a ser abordado nessas diretrizes é a ideia que as mesmas se

configuram na apresentação de uma série de regras estabelecidas pela autoria da coleção

do que um instrumento capaz de indicar os passos a serem seguidos pelos estudantes e

docentes para a elaboração da proposta. Versa como o blog deverá se apresentar, como

os discentes deverão se organizar em equipes para inserir os conteúdos a serem

publicados, como pensar nos seus aspectos visuais, da forma de organizar os materiais a

serem postados e selecionar a iconografia, bem como a manutenção e cobertura de

130 BOULOS JÚNIOR, op. cit., 2015, n.p.

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assuntos dentro e fora do ambiente escolar. Ao final, ainda é recomendado que o(a)

professor(a) também participe do cuidado do recurso, desempenhando a função de um

editor para organizar os posts, analisar comentários e, até mesmo, deletá-los quando

necessário para o seu bom funcionamento.

Observamos ainda, nas instruções, a ausência de um guia, algo que consideramos

essencial para desenvolver a proposta na coleção, devido ao fato de ser fundamental para

nortear a implementação de qualquer nova sugestão de atividade. Para os estudantes,

percebemos que não há qualquer explicação sobre a definição de blog ou como este é

desenvolvido como uma página eletrônica da web, ou seja, não se enxerga a orientação

do passo a passo para iniciar e finalizar seu processo de criação. O que pode ser visto são

apenas as normas de como ele deverá ser utilizado quando estiver pronto.

Dessa maneira, o que se nota em nossa análise é que a autoria da coleção não

apresentou um cuidado em sua concepção, pois entendemos que essa parte do pressuposto

de que os educandos de todas as turmas em que o material foi adotado possuem o

conhecimento imprescindível para elaborar com facilidade um diário eletrônico ou de que

em todas as escolas existam equipamentos necessários com conexão à internet e que, até

mesmo, os próprios estudantes disponham de tais recursos tecnológicos para serem

utilizados para desenvolver a proposta, não ocorre em nossa sociedade de forma

generalizada.

Nesse sentido, sabemos que a realidade de cada escola é diferente, pois muitas

estão inseridas em realidades econômicas desfavoráveis, visto que não possuem uma

estrutura adequada com equipamentos conectados à rede em funcionamento, sejam

computadores, smartphones, tablets ou, ainda, apresentam uma proposta pedagógica que

estimule a utilização de recursos das TICs. Assim sendo, no formato em que foi

apresentada na coleção, tal sugestão enfrentará dificuldades para sua concretização,

mesmo ocorrendo a mobilização de professores(as) com os estudantes.

Ao inserir a sugestão de utilizar o blog, um dos recursos das TICs, com fins

educativos e de auxílio aos(às) professores(as) no ensino de História, a coleção deveria

trazer também um instrumento capaz de subsidiar os docentes em seu processo de

implementação. No Manual do Professor, encontra-se a seção “Orientações para uso da

Internet”, com o objetivo de assessorar o adequado emprego da mesma, bem como a

utilização de um blog na educação. Em relação às explicações contidas na referida seção,

salientamos que foram analisadas no capítulo anterior do trabalho, no momento,

trataremos das elucidações sobre o tema que estamos abordando.

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No referido texto sobre o uso de um blog, encontramos diversas informações

interessantes. Primeiro, ele apresenta uma definição do objeto em questão, elucida que é

uma ferramenta de comunicação bastante comum nos dias atuais e explica que possui

possibilidades de uso na educação devido ao fato de compartilhar assuntos variados de

forma ampla e restrita com diferentes grupos de pessoas. No entanto, não traz o essencial

para os docentes desenvolverem a proposta em sala de aula com os estudantes, as

instruções e/ou etapas de como é elaborado como página da internet.131

Dessa maneira, no formato em que foi apresentado na coleção, esse instrumento

de orientação pouco colabora com a proposta sugerida pela autoria da coleção. Isso fica

evidente, pois não engloba os passos básicos para a concepção do blog, que, via de regra,

por ser um suporte diferente do que se está acostumado a ver, deveria estar presente nos

livros da obra que chegaram às mãos de docentes e discentes de escolas públicas de todo

o país.

Outro ponto a se destacar sobre esse tema tem relação com a resenha da avaliação

da coleção presente no Guia do Livro Didático de 2017. No documento, encontramos

comentários positivos sobre as orientações direcionadas aos(às) professores(as) sobre o

uso da internet e do suporte à elaboração do “Blog da Turma” nas aulas de História. Foram

assinaladas da seguinte forma pelos avaliadores da coleção:

há boas orientações para o professor quanto ao desenvolvimento de

estratégias e de recursos de ensino a serem empregados durante as

aulas, principalmente quanto ao uso da internet. Essas orientações,

entre outras questões, visam dar suporte à criação de um blog da

turma.132

Em um entendimento diferente do que foi exposto no fragmento acima, não vemos

como satisfatórias nem como favoráveis aos docentes na empreitada as explicações

apresentadas no Manual do Professor. O que fica evidente, após nossa análise, é a ideia

de ambas não serem suficientemente adequadas para proporcionarem uma efetiva

implementação da proposta em sala de aula, a partir da maneira como foram inseridas nos

livros didáticos da coleção.

Assim, ao examinar o modo como a indicação do uso de um blog está nos livros

da obra, percebemos que apenas indicar a utilização de recursos das TICs no livro didático

131 BOULOS JÚNIOR, op. cit., p. 370. 132 GUIA de Livros Didáticos, op. cit., 2016, p. 105.

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não significa afirmar que o material está sendo inovador. Além disso, não adianta apenas

sua indicação para supor que docentes e estudantes estão fazendo o uso adequado das

novas Tecnologias de Informação e Comunicação como instrumento auxiliar no ensino

de História. Em nossa pesquisa, da forma como está posta, entendemos que a proposta se

configura apenas em mais um dos artifícios empregados pela editora para convencer

docentes a indicarem a coleção para sua aquisição pelo MEC.

Nesse sentido, ainda podemos tecer outros comentários em relação às diretrizes

sobre o uso de blog presentes na coleção. Um seria que ele pode ser considerado relevante

para a esfera educacional, observando-se de um ponto de vista teórico, pois aponta para

a importância de se utilizar recursos tecnológicos em atividades da vida cotidiana na

educação. Entretanto, para uma aplicação prática desse recurso em sala de aula, esta não

favorece nem aos(às) professores(as), nem aos estudantes.

Outro apontamento seria direcionado para as orientações presentes nos Livros do

Estudante. Ao investigá-las, entendemos que são explicações padronizadas, presumindo

que a maioria dos docentes e educandos tenham familiaridade em lidar com os recursos

necessários para a criação do blog. Nesse sentido, notamos que a autoria da coleção não

considerou a diversidade cultural e social inerente à população de um país de tamanho

continental como é nosso, evidenciando que houve pouco zelo em lidar com a propositura

da temática.

Partindo do pressuposto acima, tal proposta corre o risco de ficar apenas como

sugestão das páginas impressas do livro e não alcançar às eletrônicas da web, pois, como

afirma Sancho (2006), “a maioria das pessoas que vive no mundo tecnologicamente

desenvolvido tem um acesso sem precedentes à informação; isso não significa que

disponha de habilidade e do saber necessários para convertê-los em conhecimento”133.

Entre esses indivíduos, enquadram-se muitos docentes que atuam na Educação Básica e

muitos estudantes dessa nova geração que chega às escolas já acostumados a lidar

diariamente com redes sociais e outros recursos tecnológicos.

Além disso, temos que pensar em outros aspectos de ordem profissional que

podem implicar na aplicação da proposta com os educandos e permeiam a carreira de um

grande número de docentes da Educação Básica de escolas públicas por todo o país. Nesse

caso, para argumentar, parto da minha experiência de mais de uma década de professor

de História nos anos finais do ensino fundamental, aprovado em concurso público para a

133 SANCHO, op. cit., 2006. p. 18.

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rede estadual de Mato Grosso, com uma jornada de trinta horas semanais de trabalho,

divididas em vinte em sala de aula e dez de atividades destinadas ao

desenvolvimento/planejamento de atividades pedagógicas.

A disciplina de História normalmente possui de duas a três horas/aula semanais

nos anos finais do ensino fundamental, de acordo com a organização curricular de cada

instituição, pois possuem autonomia para atuar nesse quesito. No início de cada ano

letivo, ocorre a atribuição de aulas, conforme as turmas disponíveis na escola, e, para

preencher minha jornada, preciso alocar sete turmas para completar o total de vinte horas

semanais.

O trabalho em sala de aula com a com a coleção “História: Sociedade &

Cidadania”, analisada nesta pesquisa, ocorreu no PNLD do ano de 2014, renovado no ano

de 2017 e em vigor até 2019. Nesse sentido, tomando a propositura da autoria da obra em

desenvolver um blog em cada turma e conseguindo realizá-la, teria que cuidar de sete

“Blogs da Turma”, pois, conforme se preconiza nas orientações dos livros em questão, os

docentes têm de participar da elaboração e de sua manutenção, analisar o conteúdo dos

posts, a fim de se evitar a proliferação de informações erradas, de estereótipos e

preconceitos.

Isso ocorreria em virtude de a proposta ser a de elaborar um diário virtual em cada

turma de estudantes, pois entendemos que uma classe é diferente da outra, mesmo sendo

do mesmo ano/nível de ensino. Nesse caso, também seria mais interessante por

proporcionar uma produção maior e mais rica de atividades entre as turmas do que limitar

um blog para todas as turmas em que se tem atribuição. Dessa forma, evita-se desenvolver

uma proposta de trabalho que não contribuiria com a aprendizagem dos discentes por

restringir sua criatividade.

Dentro da minha situação de trabalho acima apresentada, toda essa tarefa deveria

ser desenvolvida dentro das dez horas semanais destinadas ao planejamento pedagógico.

No entanto, nessa mesma carga horária, ainda tinha uma formação continuada obrigatória

de quatro horas semanais, todo o trabalho burocrático de preenchimento de diários e

avaliações, enfim, uma série de atribuições que nos sobrecarregam em um curto período

de tempo. Assim, em um determinado momento, parte dessas atividades não seria

realizada a contento e, provavelmente, teria de privilegiar umas em detrimento de outras.

Ao fazer tais apontamentos sobre possíveis obstáculos que se pode encontrar pela

frente quando nos aventuramos a desenvolver a proposta o “Blog da Turma”, não

queremos afirmar que é uma propositura inexequível. Pelo contrário, acreditamos que é

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possível sim realizá-la, mesmo que as orientações apresentadas no Livro do Estudante e

no Manual do Professor sejam pouco favoráveis. O que pretendemos apontar é que a

maneira como está organizada faz com que a torne apenas uma tarefa a mais a nós

docentes, que optamos por adotar a coleção.

Nesse sentido, o ingresso, em 2018, no Mestrado Profissional em Ensino de

História (ProfHistória) no núcleo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), além

de colaborar na reflexão sobre minha prática docente, ainda oportunizará desenvolver

uma espécie de “guia”, que colabore com outros(as) professores(as) e também com

estudantes para o desenvolvimento e utilização de um blog, independentemente da

coleção que se utiliza.

4.1 Proposição de material didático: tutorial para criação e utilização de blogs

Nossa propositura de material didático equivale a produzir um tutorial sobre o

processo de criação e publicação de postagens em um blog. Entendemos esse

procedimento como uma das primeiras etapas a se operar no emprego desse recurso com

fins educativos, assim, visamos a auxiliar aos docentes e também estudantes a obter um

bom aproveitamento dessa ferramenta.

A citada proposta surge a partir dos resultados encontrados em nossas análises

sobre a maneira como a propositura “Blog da Turma” foi inserida na coleção didática

“História, Sociedade & Cidadania”, do autor Alfredo Boulos Júnior. A sugestão

supracitada consiste em utilizar um dos recursos das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs), com viés educativo, no caso, o blog, um diário eletrônico utilizado

para o compartilhamento de informações tanto da esfera particular quanto da pública. E

ainda se baseia no fato de o formato em que se apresentaram as orientações pouco

colaboraram para o desenvolvimento satisfatório do recurso.

O material a que propomos desenvolver terá como público-alvo os(as)

professores(as) de História, como também os de outras disciplinas do currículo escolar,

que atuam em qualquer nível da Educação Básica. Além disso, espera-se que possa

contribuir com os estudantes dos ensinos fundamental II e médio. Nosso objetivo é que

seja capaz de subsidiar as orientações sobre o tema que já constam em nosso objeto de

estudo, bem como as que forem identificadas em outras coleções didáticas. Assim,

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esperamos que nosso “guia” auxilie docentes e discentes, de modo satisfatório, no

momento em que se aventurarem a realizar a criação de um blog com contornos

educativos, a partir de sugestões como a que encontramos na fonte de nossa pesquisa.

Antes de apresentar nosso tutorial, acreditamos ser importante tecer alguns

comentários sobre esse recurso das novas tecnologias, para quem realmente deseja utilizar

esse diferente suporte em sala de aula.

De acordo com Ramon Barlam (2012), os primeiros blogs aparecem em 1994 nos

Estados Unidos da América e têm sua expansão somente na abertura da primeira década

do século XXI, momento em que se iniciava a popularização da internet. Dessa forma, o

autor afirma que, logo, não se trata de uma invenção recente, nova, mas já possuem alguns

anos de existência dentro da rede mundial de computadores.134

Para Barlan (2012), diante da proliferação de diários virtuais nos últimos tempos,

surgiram aqueles que são bons e outros considerados ruins ou, nas suas palavras, “existem

blogs que têm alma, mas existem outros que não têm”.135 Nesse sentido, pontua que, no

campo da educação, os weblogs com maior relevância seriam justamente os que

“possuem alma”, ou seja, “aqueles nos quais, ao ler seus posts, vemos uma pessoa com

um ofício, mas que também demonstram energia e vocação. Estes são os autênticos blogs

educativos, os realmente interessantes”.136

Conforme os apontamentos do autor, entendemos que, ao desenvolver a proposta

de elaborar um blog com fins pedagógicos, este deve proporcionar avanços no

aprendizado, trazendo atividades educativas seguramente colaborativas. Nesse sentido,

em se tratando de nossa disciplina, sua utilização deve contribuir para a construção do

conhecimento histórico e do efetivo ensino de História em sala de aula. Assim, para obter

esse resultado, o docente, utilizando um diário virtual com o fim citado acima, não precisa

publicar postagens que tratam de uma gama de assuntos, mas, sim, focar nas relacionadas

à temática principal elencada.

Desse modo, como afirma Barlan (2012), o que é difícil e árduo não é elaborá-lo,

mas, sim, conseguir dar a ele “um verdadeiro sentido educativo”137, capaz de

efetivamente colaborar com o desenvolvimento intelectual dos estudantes.

134 BARLAM, Ramon. “To blog or not to blog”, eis a questão. In: BARBA, Carme; CAPELLA, Sebastià.

(org.). Computadores em sala de aula: métodos e usos. Tradução: Alexandre Salvaterra. Porto Alegre:

Penso, 2012. p. 230-31. 135 BARLAM, ibidem, 2012, p. 231. 136 BARLAM, ibidem, 2012, p. 231. 137 BARLAM, ibidem, 2012, p. 233.

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Outro ponto apontado por Barlan (2012) refere-se a um aspecto comum a qualquer

recurso das novas tecnologias empregado com fins didáticos, “por si só não é uma

ferramenta inovadora”, por isso se engana quem tem esse entendimento sobre o tema.

Para o autor, é necessário que docentes realizem algumas operações objetivando superar

tais situações. Explica que é importante publicar assuntos interessantes dentro da temática

definida e dar-lhes um valor educativo, contextualizar seu emprego em sala de aula e

adotar novas posturas metodológicas em relação à sua prática, para se alcançar um bom

resultado na educação dos estudantes.138

O autor ainda salienta que, na segunda década desse século, têm surgido blogs

educativos com diferentes finalidades. Pontua os mais comuns como aqueles voltados

para a atuação profissional, com trabalhos juntos aos estudantes, os que se destinam a

cursos de formação de docentes e os que visam a oferecer assistência educativa para os

pais.139 Assim, podemos observar como esse recurso apresenta proeminentes

possibilidades de utilização para a área pedagógica. No entanto, é preciso lembrar aos

docentes a necessidade de optar por uma temática e apresentar postagens com assuntos

relacionados a ela, sem se aventurar a falar de muitos temas.

No entanto, o autor salienta que temos muito a avançar nesse tema e frisa que “um

dos maiores desafios da escola do século XXI é, com base na análise das características

e das necessidades de formação de nossos [estudantes], obter o maior rendimento das

novas ferramentas que têm aparecido nas últimas décadas”.140

Por fim, o autor defende mais um aspecto a ser considerado nessa temática, que o

mais relevante não é a tecnologia utilizada, mas a metodologia que se adota ao se

empregar na educação. Pontua também que, para haver sua adequada aplicação com os

estudantes, necessariamente, precisa ocorrer sua contextualização de maneira cautelosa,

mas, ao mesmo tempo, crítica aos diferentes elementos que participam dos processos

educativos dos educandos, de forma que a tecnologia ocupe sua respectiva função em um

ambiente educativo.141

Com essa breve fundamentação teórica abordando sobre o uso de blogs como uma

ferramenta didática, esperamos ter contribuído para a compreensão dos docentes em

relação a aspectos a serem considerados na prática com esse novo instrumento em uma

138 BARLAM, ibidem, 2012, p. 234. 139 BARLAM, ibidem, 2012, p. 235. 140 BARLAM, ibidem, 2012, p. 237. 141 BARLAM, ibidem, 2012, p. 239.

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sala de aula. Entendemos que o oferecido até aqui é mínimo, mas, nem por isso, deixa de

ser fundamental e já pode ser considerado como uma das primeiras etapas do seu processo

de elaboração.

Daqui em diante, passaremos para a produção do tutorial, contendo as demais

fases de seu processo de criação e de seu uso, trazendo recortes desse passo a passo,

capturados direto da tela do computador.

Leite et al. (2012) apresentam, de modo resumido, as principais etapas do

processo de criação de um blog: primeiro, define-se o provedor que irá hospedá-lo e onde

será construído, escolhe e formata sua aparência de apresentação, menciona e inscreve o

responsável (ou responsáveis) e os participantes, em seguida, nomeia-os e determina os

objetivos a que se destina. Conforme as autoras, tais etapas podem ser elaboradas

individualmente como coletivamente.142

Optamos pelo servidor Blogger, uma companhia que é de propriedade da gigante

da internet, Google, e também por ser um dos sites mais utilizados para a criação e

manutenção de blogs. Além disso corroborou para a escolha desse caminho o fato de ser

um serviço oferecido gratuitamente e on-line pelo referido grupo, por não estar em idioma

estrangeiro, por de ser de fácil utilização e não solicitar dos usuários conhecimentos

avançados na maioria dos seus recursos.

Para dar início ao processo de elaboração de um blog, primeiramente, o

interessado deve possuir uma conta no Google para iniciar o processo no Blogger, se não

tiver, é preciso criar seu cadastro. Em seguida, utilizando um navegador de internet de

sua preferência ou afinidade, optamos aqui pelo Mozilla Firefox (versão 72.0.1), deve-se

acessar o seguinte endereço eletrônico: <http://www.blogger.com> para continuar. A

página a ser visualizada é apresentada na imagem abaixo:

142 LEITE, et al, op. cit., 2014, p.70.

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Imagem 9: captura de tela da página inicial do site Blogger.

Observe a tela com atenção. Perceba que, na parte superior direita, está

disponibilizado o botão . Ao clicar nele, você será direcionado para fazer

o acesso à página do Blogger. Se já possuir uma conta no Google, basta digitá-la no

espaço marcado com (a), na imagem abaixo e, em seguida, clicar no botão e

seguir para o preenchimento de sua senha pessoal de acesso. Caso contrário, você deverá

criar uma conta, clicando no botão marcado com (b) na mesma imagem.

Imagem 10: captura de tela da página inicial de criação de conta no Google para acessar o Blogger.

(a)

(b)

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Na sequência, surgirá uma nova tela contendo um formulário em branco, preencha

os dados solicitados, anote e guarde seu nome de usuário e senha criados, pois serão

requeridos em outros momentos. A seguir, clique no botão marcado com (c) para passar

para a próxima tela, conforme a imagem a seguir nos mostra.

Imagem 11: captura de tela da página de criação de conta no Google para acessar o Blogger

(continuação).

A página seguinte exibirá, na parte superior, novamente seu nome de usuário e

ainda vai exigir novas informações, sendo algumas opcionais, como um número de

telefone, e outras não. Preencha as que são obrigatórias para continuar e as demais ficam

a seu critério em fornecer. A imagem abaixo é da captura de tela com os dados solicitados.

Para prosseguir, clique no botão marcado com (d).

(c)

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Imagem 12: captura de tela da página de criação de conta no Google para acessar o Blogger

(finalização).

Ao realizar a operação acima solicitada, você será encaminhado para a página com

a Política de Privacidade, leia com atenção e, em seguida, clique em concordar para

aceitá-las e assim finalizar a criação de sua conta. Feito esse processo, você será

direcionado para a página do Blogger.

Na tela exibida, será solicitado a você criar um nome de perfil e digitar no espaço

correspondente marcado com (e). Este corresponde à designação de como você será visto

por seus leitores ao final de cada postagem. Sendo assim, use um nome relacionado ao

tema que será abordado em seu diário virtual, pois, como mencionamos anteriormente,

em um blog com perfil educativo o ideal é focar em uma temática. Ao clicar no botão

destacado (f) ao final da imagem abaixo, você completa seu acesso no Blogger e, assim,

continua o processo de criação do seu blog.

(d)

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Imagem 13: captura de tela da página de criação de nome de perfil no Blogger.

Ao realizar a última operação solicitada, seu nome de “Perfil do Blogger” fica

registrado e avança à próxima tela. Nela, encontra-se um aviso sobre o uso de cookies,

uma ferramenta usada para coletar e armazenar as preferências dos usuários nos sites. Por

exemplo, no momento em que um internauta procura algum produto em determinada

página da web e ele volta a aparecer em sua tela quando navega por outros endereços

eletrônicos, foi um cookie quem informou isso ao sistema. Nesse caso, leia a mensagem

e perceba que o aviso sobre esse recurso já vai estar inserido em seu blog. Assim sendo,

você deve clicar no botão destacado na imagem e continuar o processo.

(e)

(f)

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Imagem 14: captura de tela da página de criação de um blog no Blogger (início).

Na próxima tela (imagem 15), é o momento de nomear seu blog, então digite um

título atraente, alusivo aos conteúdos que serão postados, que tenha relação com você,

com sua escola, sua atividade pedagógica, algum projeto educativo que esteja

desenvolvendo, enfim, que, de alguma forma, tenha afinidade com os temas que pretende

abordar. Para exemplificar, vamos usar o título “Ensino de História, Livros Didáticos e

Tecnologias”, bastante sugestivo à temática de nossa pesquisa. Nesse caso, futuras

postagens deverão focar em trazer abordagens voltadas para esse tema, de modo que se

possa construir um perfil ao blog.

Nessa tela, ainda tem o campo para determinar o endereço do blog, este deve ser

criado com uma atenção especial, sendo também interessante anotá-lo e guardar com

segurança. Isso porque é dele que você terá que lembrar para acessar o blog, seja digitando

diretamente o endereço ou pesquisando em sites de busca. O endereço de (URL) de seu

diário virtual também deve ter ligação com o conteúdo disponibilizado. À medida que ele

for sendo digitando no espaço correspondente, o próprio site informa se está disponível

ou se precisará criar outro.

Também na mesma tela deverá escolher um tema inicial para seu blog. São

disponibilizados onze ao todo, escolha aquele lhe for mais conveniente, bem como mais

favorável aos usuários de seu blog. É importante frisar que construímos um diário on-line

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com o objetivo de compartilhar nosso conhecimento e nossas experiências com outros

indivíduos. Ao selecionar um tema, este fica destacado com uma borda azul; para mudar,

é só clicar sobre a imagem de outro. Ao final da página, clique no botão para

concluir a criação de seu blog.

Imagem 15: captura de tela da página de criação do blog no Blogger (finalização).

Se aparecer a tela a seguir (imagem 16), parabéns, seu blog já existe na rede e, a

partir de agora, é só começar a usar.

Percebeu que chegar até aqui não foi difícil, pois agora é que começa a parte árdua,

onde terá que compartilhar seus textos, imagens, vídeos, trabalhos, experiências e tudo

aquilo que for de seu interesse e de seus leitores.

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Imagem 16: captura de tela da página inicial do blog criado.

Mas, antes de iniciar essa nova etapa, é interessante observar atentamente a página

inicial de seu blog, encontrar, entender e explorar os recursos disponibilizados, bem como

configurá-lo conforme suas preferências.

Note que, na parte superior esquerda, encontra-se o título de seu blog e o botão

. Ao clicar neste último, abre-se uma nova janela do browser (navegador) e

você verá uma visualização geral de seu diário virtual.

Na lateral esquerda da página, existe um menu com vários botões, marcado com

um contorno vermelho na imagem, os quais você deve conhecer atentamente, com o

intuito de entender o funcionamento de seu blog.

O primeiro é , apresenta o número de posts já realizados e também a

opção de criar uma nova publicação. Abordaremos mais adiante detalhadamente sobre

essa operação.

O botão a seguir é , que apresenta dados sobre a quantidade de

visualizações, número de seguidores, postagens e de comentários do seu blog. No caso

desse exemplo, as estatísticas estariam zeradas, porque ainda não foi realizada postagem

alguma.

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Já o seguinte é , este mostra os comentários deixados pelos leitores

de seus posts, no caso do blog desse tutorial, não existem menções, em virtude de ainda

não ter publicações.

Na sequência, é o botão , caso você resolva liberar anúncios e cobrar por

eles, aqui mostraria o quanto já recebeu. Nessa situação, é bom ter muito cuidado com o

que você permite de propagandas, pois podem afastar seus leitores e também destoar dos

objetivos que seu blog pretende desenvolver. Nosso escopo aqui é abordar a construção

de um diário virtual com perfil educativo, então não é prudente permitir que este traga

diversos anúncios publicitários em meio às postagens.

O próximo botão do menu é o , nele, apresenta as páginas que você já

criou e a opção de produzir uma nova em seu blog.

Ainda se encontra o , ao clicar nele, abrem-se novas janelas do navegador

com a possibilidade de configurar vários itens de seu blog, deixando-o de acordo com

suas preferências. Você consegue alterar vários aspectos, tais como o formato do menu

lateral superior e inferior, bem como ajustar a caixa de pesquisa superior, o cabeçalho,

sua assinatura, sua lista de páginas a serem exibidas na parte superior, os anúncios,

organizar como o corpo da página deverá ser apresentado e as informações de rodapé. O

interessante é você explorar com calma todas as opções de configurações disponibilizadas

pelo servidor de seu blog.

Outro botão à sua disposição é o , que apresenta vários modelos de temas

para sua escolha. Para alterar o atual de seu blog, basta clicar sobre o de seu interesse e,

logo abaixo, encontram-se os botões .

O primeiro lhe oferece em uma nova janela, uma visão de como ficaria com o

novo tema. Já o segundo disponibiliza a opção de alterar inúmeros itens, como cor,

largura, entre outros. Por fim, o terceiro e último efetivamente altera para o seu tema

selecionado, em seguida, é só clicar no botão , para visualizá-lo em uma

nova janela do navegador.

Ademais, temos o botão , nele também é possível alterar diversos

aspectos de seu blog. Dentro desse, o primeiro que se apresenta é o “Básico”, no qual

você pode editar, inserir ou excluir informações em itens como: Título, Descrição,

Endereço do Blog, Privacidade, entre outras características. Também é possível alterar as

configurações de postagens, comentários, compartilhamentos, de e-mail, de idioma e

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formatação, de preferências de pesquisa e perfil de usuário. Faça as modificações,

conforme seu interesse, pensando nos objetivos que o motivou a criar seu blog.

Caso deseje excluí-lo, você deve clicar no botão citado acima e procurar a opção

. Ao acioná-lo, você encontra o comando e, ao pressioná-lo, abre uma

nova janela do browser para confirmação, leia as instruções com atenção e, então, execute

ou cancele a operação, conforme é indicado na imagem abaixo. Se você optar por excluir,

mas brevemente se arrepender e desejar continuar com ele, em até noventa dias, é possível

recuperá-lo, no entanto, transcorrido esse período, ele será eliminado em definitivo, não

podendo mais ser restaurado.

Imagem 17: captura de tela da página de exclusão do blog.

4.2 Postando mensagens no blog

Agora que você já entrou em contato com as configurações de seu blog e o deixou

de acordo com as suas preferências, é hora de realizar seus primeiros posts. Sendo assim,

daqui em diante, disponibilizaremos informações acerca de como postar mensagens de

diferentes formatos como aquelas somente de texto, com imagens e textos e com vídeos

(do YouTube). Mas lembre-se, o conteúdo desses diferentes suportes devem estar

relacionados ao tema que seu blog abordará e não sobre qualquer temática.

Então, vamos iniciar. Primeiro, digite na barra de endereços de seu navegador

<https://www.blogger.com> e pressione a tecla enter do teclado de seu computador para

acessar a página do Blogger, conforme destacado em vermelho na imagem abaixo.

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Imagem 18: captura de tela da página inicial do navegador Firefox da internet, destacando a barra

de pesquisa com o endereço do site do Blogger.

Na próxima tela, clique em e digite sua conta do Google e senha

cadastradas para entrar em seu blog. Conforme destacado em vermelho na imagem

abaixo.

Imagem 19: captura de tela da página inicial do site Blogger, indicando o botão de fazer login de

acesso ao blog.

Com isso, você se conecta a seu blog. Na sequência, clique em para

abrir a janela em que você irá realizar a produção de seu post. Observe-a na imagem

abaixo.

Na parte superior da tela, você encontra o espaço para definir qual o título para a

mensagem, o perfil de quem está publicando e as opções de “Publicar”, “Salvar”,

“Visualizar” e “Fechar”, conforme destacado em (g). Logo abaixo, está o espaço em que

você deve digitar o texto de sua mensagem.

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No campo indicado, digite o título de sua postagem. Na caixa de texto logo abaixo,

marcado em (h), digite a mensagem que irá estar disponível no blog para seus leitores.

Imagem 20: captura de tela da página de criação de mensagem no blog.

Na próxima página (imagem 19), é possível observar, destacado em (i), o título de

sua postagem, quem é o responsável por sua publicação e os seguintes botões

. O primeiro deles serve para compartilhar a mensagem na

rede no momento em que estiver formatada conforme suas preferências. O segundo salva

automaticamente as alterações que são feitas no post. O terceiro apresenta uma prévia de

como ficará o conteúdo antes de ser publicado e o último fecha a tela em que você estava,

formatando e salvando sua publicação como um tipo de “rascunho”, para ser finalizado

posteriormente. Por fim, ainda temos o conteúdo da postagem a ser compartilhada,

indicado por (j) na imagem 22.

Depois desses passos, é hora de você formatar seu post, apontar os destaques,

inserir cores, imagens e fontes, para deixá-lo harmonioso, e, quando for publicado,

despertar nos internautas o desejo de ler e pesquisar em seu blog. Utilize os botões do

menu, acima do texto de sua mensagem, para formatá-la conforme suas preferências.

Antes, veja a função de cada um, conforme apresentado na imagem abaixo.

(g)

(h)

Desfazer

Refazer

Fonte

Tamanho da fonte

Formato do texto

Negrito

Itálico Sublinhar

Tachado Cor

Cor de plano de fundo

texto Adicionar ou remover link

Inserir imagem

Inserir vídeo

Inserir

caracteres

especiais

Inserir

expansão

de

postagem

Alinhamento

Lista numerada

Lista com

marcadores

Citação

Remover

formatação

Verificar

ortografia

Imagem 21: apresentação da função de cada botão da barra de ferramentas de edição de mensagem no

blog.

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Imagem 22: captura de tela da página do blog, mostrando uma mensagem antes de ser publicada.

Após ser concluída a produção do post, é importante fazer uma pequena revisão

na sua formatação, a fim de observar se não existe situações a serem corrigidas antes de

ser compartilhada. Pode-se visualizar como a mesma se apresentará após divulgada.

Feito isso, chega o momento de sua publicação, assim, basta clicar no botão

para disponibilizar sua postagem na internet. Note que o conteúdo da postagem

se relaciona ao perfil do blog, que é abordar sobre tecnologias, livros didáticos e ensino

de História, por isso, é importante definir um tema para nortear seus posts. Em seguida,

na tela principal de seu blog, será informado que você tem uma postagem publicada e, ao

clicar em seu título, indicado em (k), aparecem outras opções, como as de editar,

visualizar ou excluir a mensagem divulgada. Observe estas informações na imagem

abaixo.

(i)

(j)

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Imagem 23: captura de tela da página do blog, indicando que a mensagem foi publicada.

Em sua próxima postagem, você também pode inserir links de acesso a outros

sites da web. Primeiro, você deve pressionar em e, em seguida, digite o texto

da mensagem; depois selecione a palavra ou a frase que deseja ser ligada a uma página

da internet. Com o texto marcado, procure na barra de ferramentas e clique em .

Veja na imagem abaixo os itens destacados em vermelho.

Imagem 24: captura de tela da página do blog, apresentando um post com a inserção de link de

acesso a um site da web.

Após executar os passos acima, você será direcionado a uma nova janela de seu

navegador para finalizar o processo. Antes de continuar, você deve encontrar e copiar o

endereço para o qual está criando o link e, em seguida, digitá-lo neste espaço

, também pode indicar para o site abrir em uma nova

janela ou não, pois é opcional, e clicar em “OK” para voltar a tela principal de seu blog.

Observe a próxima captura de tela.

(k)

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Imagem 25: captura de tela da página do blog, mostrando o processo para a adição de um endereço

da web.

Na tela de seu blog, pressione para compartilhar a nova mensagem.

Logo, em seguida, clique em , presente na parte superior esquerda para

observar a atual postagem. Nela você deve pressionar o texto anteriormente selecionado,

identificado em azul e destacado em outra cor na mensagem, sendo, então, aberta uma

nova janela de navegação para o site cujo link foi inserido no post. Novamente aqui

chamo atenção para a publicação estar em sintonia com o perfil de seu blog, pois, como

já dissemos anteriormente, não é viável abordar temas diferentes daquele que norteia seu

diário virtual. Observe na imagem abaixo.

Imagem 26: captura de tela da página do blog, exibindo a mensagem com link publicada na

internet.

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Nas duas postagens anteriores, a primeira apresentava somente textos e, a

segunda, foi com a inserção de um link da internet. A seguir, apresentaremos as etapas

para elaborar mensagens que contenham imagens armazenadas em diferentes locais.

Depois passaremos para o post com vídeos.

Antes de prosseguir à nova página, na tela inicial de seu blog, observe que as duas

publicações anteriores aparecem listadas conforme sua ordem de criação. Se você

entender que existe a necessidade de alterá-las novamente, basta ir com a seta do mouse

sobre elas para lhe ser oferecidas as possibilidades de realizar uma nova edição,

visualização ou exclusão das mesmas.

Observe, na imagem abaixo, as informações mencionadas acima, destacadas em

azul.

Imagem 27: captura de tela da página do blog, destacando que já foram postadas duas mensagens.

Para iniciar um novo post em qualquer formato na imagem acima, que exibe parte

da tela de seu diário virtual, encontre e clique no botão , para continuar o

processo de criação de sua nova mensagem. Primeiro, escreva o título no seguinte espaço:

e, em seguida, clique no botão

presente na barra de ferramentas. Ao pressioná-lo, abrirá uma nova janela de seu

navegador para inserir as imagens dos tipos JPG, GIF ou PNG em diferentes locais.

Observe-a na próxima imagem.

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Você pode inserir imagens de diversas formas, uma delas é pressionando

e, em seguida, clicar no botão para fazer o upload das que

estão armazenadas em seu computador e selecionar as que desejar e, à medida que são

inseridas, passam a aparecer na tela em que se está trabalhando, depois disso, basta marcá-

las e clicar em para que sejam incorporadas à sua mensagem. Esse

processo deve ser repetido nas demais reproduções. Pressionando , você pode

adicionar imagens de seu blog que já tenha inserida, mas não postada de acordo com a

sua preferência. Ainda pode inserir , ,

e de um da internet, nesse caso, você deve colar o endereço

eletrônico da imagem no espaço indicado e, em seguida, efetuar a operação acima

descrita, para que sejam inseridas em sua mensagem. Observe a inserção de uma imagem

da internet na captura abaixo.

Imagem 28: captura de tela da página do blog, exemplificando a inserção de imagem de sites da

internet.

Após a inserção das imagens e antes de sua publicação, você ainda pode fazer

ajustes. Para exibir o menu com as opções, marcado em vermelho, deve-se clicar sobre a

que deseja formatar, conforme a ilustração apresentada abaixo.

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Imagem 29: captura de tela da página do blog com post contendo imagens e, em destaque, o menu

com as opções de formatação da mesma.

Note que são várias as alternativas, então, é possível alterar o tamanho, o

posicionamento, inserir informações de autoria em “propriedades” e, ainda, excluir a

imagem da sua postagem. Realizado os devidos ajustes, faça uma visualização de como

ficará, estando do seu agrado, o próximo passo é só clicar em para

compartilhar sua nova mensagem. Em seguida, clique em para ver essa e

as demais postagens.

Agora vamos realizar a publicação de um post com vídeos. Primeiro, na tela

principal de seu blog, clique em para iniciar o processo de criação.

Depois, atribua um título à sua postagem. Na sequência, clique em e surgirá a tela de

diálogo com três opções para se inserir vídeos. Observe a imagem abaixo.

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Imagem 30: captura de tela da página do blog, exibindo as opções para adicionar um vídeo à

postagem.

O campo permite que você inclua vídeos armazenados e

disponíveis em seu computador. O processo é semelhante ao de inserir imagem, no

entanto, o tempo de envio ao servidor irá mudar, de acordo com o tamanho de seu vídeo

e velocidade de sua conexão com a internet.

Na opção , abre-se uma caixa de pesquisa na referida plataforma para

buscar o vídeo de seu interesse. Para exemplificar, vou pesquisar por “Livros Didáticos

de História” para inserir um sobre a temática. Ao encontrar aquele que deseja, clique

sobre ele e depois em para inserir o vídeo em sua postagem. Observe a imagem

abaixo mostrando essa operação.

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Imagem 31: captura de tela da página do blog, exemplificando a pesquisa e a inserção de um

vídeo do YouTube.

Em , caso você tenha produzido e postado vídeos no

YouTube com a sua conta de usuário que está sendo utilizada para o desenvolvimento de

seu blog, eles serão listados nessa opção e podem ser inseridos na postagem.

Na próxima imagem, observe o exemplo da mensagem contendo o vídeo

selecionado. Depois é só clicar em para compartilhar o post em diário virtual.

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Imagem 32: captura de tela da página do blog, com uma postagem contendo um vídeo inserido a

partir do YouTube.

O Blogspot possui outras inúmeras ferramentas para você melhorar cada vez mais

seu blog, para que o mesmo fique cada dia mais atraente. Nesse sentido, é interessante

visitar outros diários virtuais, observar como são elaborados, efetuar pesquisas na rede

em busca de dicas e informações que contribuam para seu crescimento como um

“blogueiro”. No entanto, não será isso o verdadeiro motivo do sucesso do seu blog, mas

sim o conteúdo, as suas experiências, sua contribuição prática e os assuntos relevantes

nele publicados relacionados à temática que seu blog propõe discutir.

Assim, esperamos que esse pequeno ‘guia’ possa contribuir de modo satisfatório

na sua empreitada, professores, professoras e estudantes, de criar e utilizar esse novo

instrumento com fins educativos em sala de aula. Almejamos que ajude a proporcionar

um uso prazeroso e colaborativo e não apenas mais uma tarefa enfadonha a ser cumprida

impositivamente em suas atividades diárias.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em nossa pesquisa, procuramos entender como ocorreu a inserção de recursos das

Tecnologias de Informação e Comunicação, a partir da análise da proposta “Blog da

Turma” e da indicação de sites na coleção didática de História mais distribuída no PNLD

do ano de 2017, “História, Sociedade & Cidadania”, de Alfredo Boulos Júnior.

Sobre o desenvolvimento e utilização de blog com fins pedagógicos, temos a

destacar aspectos positivos como negativos. Na primeira situação, apontamos que a ideia

de se criar esse instrumento coletivamente entre docentes e estudantes é bastante

relevante, à medida que os instiga a elaborá-lo, em vez trazer algo pronto e acabado como

sugestão.

No entanto, ao observamos as orientações oferecidas na coleção, tanto para

discentes quanto para os(as) professores(as), respectivamente nos Livros do Estudante e

no Manual do Professor impresso, percebemos que as mesmas não colaboram de maneira

adequada para a efetiva implementação da proposta com fins educativos.

Dessa forma, a maneira como foi inserida pela autoria da coleção revelou pouco

cuidado ao lidar com esse tema e a mesma se transformou em mais uma tarefa a ser

desempenhada pelos docentes. Ao investigá-las, percebemos que são explicações

padronizadas, entendendo que a maioria dos docentes e educandos tenha familiaridade

em lidar com os recursos necessários para a criação do blog. Nesse sentido, notamos que

a autoria da coleção não considerou a diversidade cultural e social inerentes à população

de um país de tamanho continental como é nosso, evidenciando que houve pouco zelo em

lidar com a propositura da temática.

Também entendemos que as mesmas não forneceram o essencial para os docentes

desenvolverem a proposta em sala de aula com os estudantes, as instruções e/ou as etapas

de como o blog é elaborado como página da internet, bem como não apresentou nenhuma

explicação de como se realiza as publicações no mesmo.

Assim, o formato apresentado na coleção, como instrumento de orientações,

pouco colabora para seguir com a proposta sugerida pela autoria da coleção. Isso porque

não engloba os passos básicos para concepção do mesmo, que, via de regra, por ser um

suporte diferente do que se está acostumado a ver, deveria estar presente nos livros da

obra que chegaram às mãos de docentes e discentes de escolas públicas de todo o país.

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Dessa maneira, nossa propositura de material didático de produzir um tutorial

sobre o processo de criação e publicação de postagens em um blog acaba se justificando,

pois surge a partir dos resultados encontrados em nossas análises sobre a maneira como

a propositura “Blog da Turma” foi inserida na coleção didática “História, Sociedade &

Cidadania”, do autor Alfredo Boulos Júnior.

A indicação de sites na coleção foi feita junto a uma ou duas atividades de

aprendizagem específicas em um dos blocos constantes ao final de determinados

capítulos. A proposta ocorre ao final de cada assunto ou de uma unidade temática,

portanto, as prescrições não foram sendo dispostas no decorrer do texto principal.

As páginas eletrônicas são oferecidas como uma fonte de pesquisa complementar

e/ou alternativa aos dados que estão presentes no livro, de modo que, a partir de suas

informações, os estudantes possam desenvolver a questão proposta pela autoria.

Outro aspecto a esclarecer sobre a proposta nessa coleção para os estudantes é o

fato de que os sites não foram referenciados em uma lista única para a resolução de todos

os exercícios da Seção “Atividades” de um capítulo ou de uma unidade temática, mas

apenas, como dito anteriormente, para uma ou duas tarefas específicas.

Identificamos um total de 260 sites, tanto para o desenvolvimento de atividades

de aprendizagem quanto para se buscar novas informações sobre diferentes temáticas

abordadas nos livros.

Percebemos a ausência de uma descrição do respectivo conteúdo e também

qualquer orientação que possam auxiliar os estudantes e/ou professores(as) a navegarem

por ele ou a conhecerem os recursos disponíveis na página prescrita. Também destacamos

que não existe nenhuma explicação que vise a estabelecer a comunicação entre os links

sugeridos e os temas abordados no capítulo.

Na coleção, a grande maioria das páginas virtuais foi referenciada nos quatro

livros utilizando um link encurtado do endereço oficial e, em apenas uma sugestão, foi

preterido o original em vez de um atalho. O que de mais grave encontramos é o fato de

todos os links encurtados dos endereços institucionais de sítios da web, oferecidos pela

autoria, encontrarem-se praticamente inacessíveis, no ano de 2019, momento em que

realizamos a consulta a cada um deles.

Ao final de nossa análise, notamos a existência de diversos impedimentos que

comprometem a utilização dos endereços eletrônicos encontrados na coleção.

Entendemos que o principal seria o fato de o instrumento de apoio aos(às) professores(as),

que a coleção traz para implementação da proposta, não passa de um dispositivo que

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pouco pode contribuir para o trabalho com os sites indicados na obra. Dessa maneira,

entendemos que a maneira como esses foram oferecidos nas páginas dos Livros do

Estudante se transformou em mais atribuição dentre as muitas a serem desempenhadas

pelos docentes em sala de aula.

Dessa forma, a hipótese que buscamos defender em nosso trabalho é a de que uma

simples indicação de uso dos recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação

(TICs), no caso de sites e blogs da internet, em livros didáticos de História, não se efetiva

em sua adequada utilização por professores(as) e estudantes com fins pedagógicos. Isso

ocorreu porque, ao longo de nossas análises, não encontramos nos Livros do Estudante,

nem nos Manuais do Professor da coleção as devidas orientações que pudessem

proporcionar o profícuo desenvolvimento da proposta oferecida pela autoria da obra.

Por fim, gostaríamos de frisar que as pesquisas tendo como objeto de estudo livros

didáticos de História avançaram muito nas últimas décadas, conforme apontou Choppin

(2004) e Bittencourt (2011). Assim, entendemos que a temática desenvolvida em nossa

investigação também corrobora para o fortalecimento desse campo de estudo.

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https://www.fnde.gov.br/programas/programas-do-livro/pnld/guia-do-livro-

didatico/item/5940-guia-pnld-2015>. Acesso em: 22 maio/ 2019.

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138

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2015.

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139

ANEXOS

Tabelas com os sites prescritos na Coleção didática “História, Sociedade &

Cidadania” (PNLD 2017).

Para acessar o site deve-se digitar o link encurtado no mecanismo de pesquisa na

internet conhecido como “Google Busca”, da empresa Google™, ou em outro de sua

preferência. Ao realizar esta operação, o buscador deverá retornar um resultado

apontando a qual site este pertencia. Em seguida, o endereço deve ser digitado na barra

de endereços do navegador utilizado que direcionará até a página oficial.

O caractere especial (*) no final de algumas descrições indica que são informações

contidas junto às indicações de sites trazidas nos livros, ou seja, apenas foram

reproduzidas aqui.

A mensagem “Página da web não encontrada” significa que a pesquisa com o site

correspondente que está indicado no livro não estava mais acessível no momento em que

se realizou a consulta em agosto do ano de 2019.

6º Ano

Livro do Estudante

Link encurtado Site Página http://eba.im/vxk5ea IPHAN- Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional.

47

http://eba.im/7id9mc UNESCO- Organização das Nações Unidas para a Educação,

a Ciência e a Cultura.

47

http://eba.im/kujcgf EMBRAPA-Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. 67

http://eba.im/rbgnfx IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 102

http://eba.im/gqi8za FUNAI-Fundação Nacional do Índio 104

http://eba.im/8gepf3 Aborda a História e regras do cabo de guerra. 106

http://projetos.unioes

te.br/projetos/cidada

nia/images/stories/Ar

quivosPDF/bibliotec

a/dicionario-de-

tupi.pdf

Apresenta um Dicionário de tupi-guarani. 107

http://eba.im/k87nie Direciona para o site da Revista Galileu. 107

http://eba.im/kyqob9 Site da Revista Ciência Hoje. 107

http://eba.im/ccgdb8 Site do Programa Mata Ciliar da Secretaria do Meio

Ambiente e Recursos Hídricos.

128

http://eba.im/kwwvy

m

Traz informações sobre o incentivo financeiro e prevenção a

nascentes em Extrema/MG.

128

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140

http://eba.im/qt5ydb Página da web não encontrada 146

http://eba.im/sgx8to Página da web não encontrada 146

http://eba.im/ibbdtf Página da web não encontrada 146

http://eba.im/5dkynj Página da web não encontrada 180

http://eba.im/6qyi4t Página da web não encontrada 180

http://eba.im/coyoyx Página da web não encontrada 180

http://eba.im/dh9fmt Página da web não encontrada 184

http://eba.im/e766wt Página da web não encontrada 184

http://eba.im/s2ayho CASTELO, José. Da biblioteca para a fogueira. 14 de junho

de 2006. No Site é possível encontrar informações sobre

literatura política e sociedade.

201

http://eba.im/4mcx3g MARCULINO, Eduardo. Queima de livros. História Viva.

30 abr. 2010. Página da web não encontrada.

201

http://eba.im/j283fw AGENDA Brasil China. Parte II - comércio bilateral Brasil-

China. Site traz informações sobre diversas atividades

comerciais.

203

http://eba.im/h2qg8a CÂMARA chinesa de comércio do Brasil. Aborda dados

sobre importações de soja brasileira pela China.

203

6º Ano

Manual do Professor

Link encurtado Site Página http://eba.im/sqey5w Site do Afroreggae, grupo que luta pela valorização e da

identidade negra entre jovens cariocas que cultivam o reggae,

o soul e o hip-hop.*

356

http://eba.im/8fgqmx O site é da Casa das Áfricas, centro de pesquisa e promoção

de atividades culturais relacionadas ao continente africano.*

356

http://eba.im/cjwxka Site com trechos das histórias de mulheres negras e textos

sobre a violência contra a mulher e sobre a saúde feminina.*

356

http://eba.im/q6myci Site com artigos, reportagens, notícias sobre a temática afro.

*

357

http://eba.im/a3fru6 Site do Geledés, uma importante organização não

governamental de mulheres negras.*

357

http://eba.im/wg4hhg Site com artigos e sugestões de palestras e cursos sobre a

temática afro.*

357

http://eba.im/2amxe3 Site da Fundação Cultural Palmares com artigos sobre a

temática afro escritos por intelectuais e ativistas negros,

como Zulu Araújo, Ubiratan de Araújo e Castro, Gilberto

Gil, entre outros.*

357

http://eba.im/4e2u8m Site da Fundação Nacional do Índio (Funai) com texto sobre

diferentes povos indígenas, dados estatísticos e a proteção e

valorização da cultura de diferentes povos.*

364

http://eba.im/sjgp2j Site do Instituto Socioambiental (ISA) com dados

detalhados sobre diferentes povos indígenas e textos sobre

Políticas Indígenas, Direitos, Terras Indígenas etc.*

364

http://eba.im/7vi3qs Site do Centro de Trabalho Indigenista (CTI), organização

não governamental, fundada por antropólogos e indigenistas,

que atua orientando os indigenistas sobre os direitos que a

Constituição lhes garante.*

364

http://eba.im/9pd7fh Site da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí).

Contém pesquisas e informações sobre os povos indígenas

no Nordeste brasileiro.*

364

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141

http://eba.im/u3voou Nesse site, estão disponíveis vários acervos fotográficos,

com fotos antigas de algumas regiões do Brasil. *

384

http://eba.im/zrokef Nesse site, encontram-se diversas publicações recentes

voltadas a alunos, professores e pesquisadores no campo da

História e da Educação.* Página da web não encontrada

384

http://eba.im/qceb3p Nesse site, é possível conhecer variadas histórias de vida de

pessoas anônimas. *

384

http://eba.im/qceb3p Nesse site, você encontra informações sobre as diversas

teorias a respeito da origem do ser humano. * Página da web

não encontrada

392

http://eba.im/hs6022 O site traz informações sobre a política indígena, línguas,

costumes, etc.

392

http://eba.im/in82mg Nesse site, você pode conhecer objetos da cultura indígena e

da antiguidade africana e do Oriente Médio. * Página da web

não encontrada

392

http://eba.im/4e2u8m Site que apresenta a origem dos povos americanos, a

chegada dos portugueses e o choque cultural, o deslocamento

da população nativa, as línguas indígenas e os índios

isolados. *

392

http://eba.im/hs6014 Site da fundação Museu do Homem Americano

(FUMDHAM), localizada no Piauí, Brasil.* Página da web

não encontrada.

392

http://eba.im/kvcygp O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) focaliza os

sistemas socioculturais da Amazônia e possui em seu acervo

documentos que podem ser utilizados para compreender a

arqueologia do Norte do Brasil.* Página da web não

encontrada.

392

http://eba.im/uyw253 Página da web não encontrada. 396

http://eba.im/fgv92j Página da web não encontrada. 396

http://eba.im/xn8ns4 Página da web não encontrada. 396

http://eba.im/2fnuxh O site possui um acervo de livros e outros materiais

produzidos por mulheres negras e voltados à luta contra a

violência doméstica e pelos direitos da mulher.* Página da

web não encontrada.

402

http://eba.im/t3qhhw Site que apresenta informações sobre a famosa Muralha da

China.* Página da web não encontrada.

402

http://eba.im/hs6028 Site que disponibiliza muitos tópicos relacionados ao Egito.*

Página da web não encontrada.

402

http://eba.im/74msx6 Site que trata da importância do Rio Nilo para a agricultura

realizada pela civilização egípcia.* Página da web não

encontrada.

402

http://eba.im/hs6025 Esse site aborda a arte da Mesopotâmia com base em objetos

encontrados em escavações arqueológicas na região do

Iraque.* Página da web não encontrada.

402

http://eba.im/jrbmra Página da web não encontrada. 405

http://eba.im/23cvkh Portal com informações sobre história, arte, filosofia,

mitologia da Grécia Antiga.* Página da web não encontrada.

411

http://eba.im/hs6050 O site aborda as ciências naturais durante o helenismo. *

Página da web não encontrada.

411

http://eba.im/hs6053 O site traz informações interessantes sobre a arte grega em

suas distintas fases.* Página da web não encontrada.

411

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142

http://eba.im/uo5dch O site aborda a música na Roma antiga.* Página da web não

encontrada.

411

http://eba.im/6m3bn6 São Paulo – Site do Museu de Arqueologia e Etnologia da

USP.

419

http://eba.im/a6jbf4 Sergipe – Site do Museu de Arqueologia de Xingó. 419

http://eba.im/9h2xi7 Rio de Janeiro – Site do Museu Nacional/UFRJ. 419

http://eba.im/m7vxax Paraná – Site do Museu Paranaense. 419

http://eba.im/fxtb24 Mato Grosso do Sul – Site do Museu das Culturas Dom

Bosco.

419

http://eba.im/8e6z2w Goiás – Site do Museu Antropológico da Universidade

Federal de Goiás.

419

http://eba.im/dndshz Página da web não encontrada. 422

http://eba.im/gjzonq Página da web não encontrada. 432

http://eba.im/dkuzye Página da web não encontrada. 432

http://eba.im/rqjkde Página da web não encontrada. 432

http://eba.im/s7mjo4 Página da web não encontrada. 433

7º Ano

Livro do Estudante

Link encurtado Site Página

http://eba.im/vh5jjo Página da web não encontrada. 29

http://eba.im/qtm2m9 Página da web não encontrada. 29

http://eba.im/re9xsv Página da web não encontrada. 29

http://eba.im/gmwra7 Página da web não encontrada. 29

http://eba.im/duquxu Site aborda informações sobre a cultura árabe. 61

http://eba.im/trs9bs Página da web não encontrada. 61

http://eba.im/4v9fg2 Página da web não encontrada. 61

http://eba.im/t24n9e Página da web não encontrada. 61

http://eba.im/as9yxd Página da web não encontrada. 111

http://eba.im/2dpbww Site traz informações sobre a Universidade de Bolonha. 135

http://eba.im/wp73n9 Site traz informações sobre a Universidade de Oxford. 135

http://eba.im/xvsuht Site apresenta informações sobre a Universidade de Paris. 135

http://eba.im/fmggm4 Site apresenta informações sobre a Universidade de

Coimbra.

135

http://eba.im/5djubw Site da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco. 135

http://eba.im/mhs3t9 Site da UFRS - Universidade Federal do Rio Grande do

Sul.

135

http://eba.im/ignizc Site da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais. 135

http://eba.im/e2d8uk Site da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas. 135

http://eba.im/gio88e Página da web não encontrada 138

http://eba.im/xzgtz2 Página da web não encontrada 138

http://eba.im/ijgrv5 Página da web não encontrada 200

http://eba.im/bvgcbb Site exibe informações sobre a prática de pirataria no país. 200

http://eba.im/ycy7un Página da web não encontrada 221

http://eba.im/wrm3nq Página da web não encontrada 221

http://eba.im/c7ejwd Página da web não encontrada 221

http://eba.im/7wetdo Página da web não encontrada 244

http://eba.im/86vgc9 Sobre o guaraná.* Página da web não encontrada. 246

http://eba.im/jy6rnv Sobre a erva-mate.* Página da web não encontrada. 246

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143

http://eba.im/i8guhx Sobre a erva-mate.* Página da web não encontrada. 246

http://eba.im/sqw2cp Página da web não encontrada 288

http://eba.im/7idsiw Página da web não encontrada 288

http://eba.im/zamn29 Página da web não encontrada 291

http://eba.im/gh5zg4 Página da web não encontrada 291

http://eba.im/hruado Página da web não encontrada 315

http://eba.im/57iqo6 Página da web não encontrada 315

7º Ano

Manual do Professor

Link encurtado Site Página

http://eba.im/sqey5w Site do Afroreggae, grupo que luta pela valorização e da

identidade negra entre jovens cariocas que cultivam o reggae,

o soul e o hip-hop.*

356

http://eba.im/8fgqmx O site é da Casa das Áfricas, centro de pesquisa e promoção

de atividades culturais relacionadas ao continente africano.*

356

http://eba.im/cjwxka Site com trechos das histórias de mulheres negras e textos

sobre a violência contra a mulher e sobre a saúde feminina.*

Página da web não encontrada

356

http://eba.im/q6myci Site com artigos, reportagens, notícias sobre a temática afro.

*

357

http://eba.im/a3fru6 Site do Geledés, uma importante organização não

governamental de mulheres negras.*

357

http://eba.im/wg4hhg Site com artigos e sugestões de palestras e cursos sobre a

temática afro.*

357

http://eba.im/2amxe3 Site da Fundação Cultural Palmares com artigos sobre a

temática afro escritos por intelectuais e ativistas negros,

como Zulu Araújo, Ubiratan de Araújo e Castro, Gilberto

Gil, entre outros.*

357

http://eba.im/4e2u8m Site da Fundação Nacional do Índio (Funai) com texto sobre

diferentes povos indígenas, dados estatísticos e a proteção e

valorização da cultura de diferentes povos.*

364

http://eba.im/sjgp2j Site do Instituto Socioambiental (ISA) com dados

detalhados sobre diferentes povos indígenas e textos sobre

Políticas Indígenas, Direitos, Terras Indígenas etc.*

364

http://eba.im/7vi3qs Site do Centro de Trabalho Indigenista (CTI), organização

não governamental, fundada por antropólogos e indigenistas,

que atua orientando os indigenistas sobre os direitos que a

Constituição lhes garante.*

364

http://eba.im/9pd7fh Site da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí).

Contém pesquisas e informações sobre os povos indígenas

no Nordeste brasileiro.*

364

http://eba.im/hs7009 O site apresenta a arte islâmica no campo da pintura,

arquitetura e tapeçaria. *

385

http://eba.im/hs7007 O site disponibiliza estudos recentes sobre a Idade Média,

além de uma biblioteca virtual.* Página da web não

encontrada

385

http://eba.im/hs7004 O site disponibiliza um glossário de termos relacionados à

mitologia nórdica e germânica.* Página da web não

encontrada

385

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144

http://eba.im/hs7016 O artigo trata dos reinos chineses no período medieval e da

heterogeneidade de culturas, etnias e línguas no passado e no

presente da China. * Página da web não encontrada

385

http://eba.im/hs7011 O site que nos transmite um pouco mais sobre as culturas e

tradições árabes. * Página da web não encontrada

385

http://eba.im/hs7006 O site disponibiliza artigos, imagens e publicações referentes

à Idade Média. * Página da web não encontrada

385

http://eba.im/hs7010 Artigo sobre o domínio dos muçulmanos no Mar

Mediterrâneo durante a Idade Média e o conflito entre eles e

os católicos. * Página da web não encontrada

385

http://eba.im/hs7014 Site do Museu Afro Brasil contém imagens, textos e

informações de exposições de africanos e afro-brasileiros.*

Página da web não encontrada.

385

http://eba.im/qnsiif Página da web não encontrada. 390

http://eba.im/hs7023 O site disponibiliza informações sobre o revigoramento do

comércio, a importância das Cruzadas, as principais rotas

comerciais e as feiras medievais. * Página da web não

encontrada

395

http://eba.im/hs7031 O site sobre os filósofos do Renascimento e suas ideias,

tratando de maneira didática de questões centrais desse

movimento, por exemplo, o Humanismo.* Página da web não

encontrada.

395

http://eba.im/hs7034 Site com informações sobre a história e o desenvolvimento

das doutrinas protestantes e suas diferentes vertentes.*

Página da web não encontrada.

395

http://eba.im/hs7033 Site com informações específicas sobre a cultura no

Renascimento, as novas ideias e os conceitos criados por

seus pensadores, cujo legado influencia os dias atuais.*

Página da web não encontrada.

395

http://eba.im/izcuzt Site sobre a Carta de Pero Vaz de Caminha e uma versão

transcrita a partir do original.* Página da web não

encontrada.

404

http://eba.im/h4oipk Site sobre a formação do Estado Nacional francês com

destaque para a figura de Luís XIV.* Página da web não

encontrada.

404

http://eba.im/hs7038 Site com informações sobre o planejamento, os objetivos e

os achados das navegações portuguesas e espanholas dos

séculos XV e XVI.* Página da web não encontrada.

404

http://eba.im/nmw45

n

Site voltado às navegações europeias dos séculos XV em

diante.* Página da web não encontrada.

404

http://eba.im/hs7028 Site com informações sobre as práticas mercantilistas

adotadas pelo Estado Absolutistas. * Página da web não

encontrada.

404

http://eba.im/i5b67o Site que ajuda o aluno a conhecer melhor a economia

canavieira no Brasil colonial.* Página da web não

encontrada.

410

http://eba.im/hs7056 A partir de um mapa do período colonial, o site aborda as

características de cada capitania hereditária. * Página da web

não encontrada.

410

http://eba.im/hs7058 Site com mapas que podem ajudar o aluno a conhecer melhor

a economia colonial. * Página da web não encontrada.

410

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145

http://eba.im/baqe72 Site com uma série de mapas com estudos relevantes para o

estudo da História da América.* Página da web não

encontrada.

410

http://eba.im/p7ra35 Site com diversos mapas sobre o Brasil colonial. * Página da

web não encontrada.

410

http://eba.im/yn2to5 O site aborda as primeiras organizações políticas do Brasil

em uma perspectiva histórica. Relaciona também passado e

presente. * Página da web não encontrada.

410

http://eba.im/9h2xi7 Site com informações aprofundadas sobre a administração

colonial. * Página da web não encontrada.

410

http://eba.im/a3fru6 Gelédes - Instituto da Mulher Negra. Esta organização não

governamental trabalha em favor da mulher negra.*

419

http://eba.im/5gs4wc CEPIA - Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação.

Esta organização não governamental trabalha em defesa dos

Direitos e do fortalecimento da cidadania; dá especial

atenção à luta das mulheres por direitos.*

419

http://eba.im/vh5jjo Página da web não encontrada. 422

ttp://eba.im/qtm2m9 Página da web não encontrada. 422

http://eba.im/fmqdej Site apresenta dados sobre o Islamismo. 424

http://eba.im/pag6fs Site da embaixada do Japão no Brasil. Além de notícias,

apresenta dados culturais do país. * Página da web não

encontrada.

429

http://eba.im/f6c9oj Neste site o aluno encontrará informações culturais sobre o

Japão (artes visuais, dança, esportes, gastronomia, literatura,

música etc.). * Página da web não encontrada.

429

http://eba.im/as9yxd O site do Banco Central do Brasil apresenta informações

sobre o uso do dinheiro.

433

http://eba.im/237z7i Portal luterano com artigos, informativos e notícias sobre as

comunidades luteranas no Brasil. * Página da web não

encontrada.

437

http://eba.im/ijgrv5 Página da web não encontrada. 439

http://eba.im/bvgcbb Site aborda sobre a violação dos direitos autorais. 439

http://eba.im/8zhb75 Página da web não encontrada. 440

http://eba.im/a4gg64 Página da web não encontrada. 440

http://eba.im/c87uun Página da web não encontrada. 441

http://eba.im/i7hhf4 Página da web não encontrada. 441

ttp://eba.im/x6uwzy Página da web não encontrada. 441

http://eba.im/4aghhx Página da web não encontrada. 447

http://eba.im/4vxs5k Página da web não encontrada. 447

8º Ano

Livro do Estudante

Link encurtado Site Página http://eba.im/u6iqgh Site traz informações sobre povos indígenas brasileiros. 50

http://eba.im/rdwjru Página da web não encontrada. 52

http://eba.im/5owrub Página da web não encontrada. 52

http://eba.im/wyacn7 Página da web não encontrada. 52

http://eba.im/v23rm3 Página da web não encontrada. 94

http://eba.im/jtp6vp Página da web não encontrada. 94

http://eba.im/hgifyj Página da web não encontrada. 94

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146

http://eba.im/753yor Página da web não encontrada. 95

http://eba.im/r8huzw Site traz uma biografia de John Locke. 111

http://eba.im/3sosg6 Locke.* Página da web não encontrada. 111

http://eba.im/y8pw8v Site apresenta uma biografia de Voltaire. 111

http://eba.im/ra9qum Voltaire.*Página da web não encontrada. 111

http://eba.im/jy3qzo Site apresenta informações sobre pensadores do

Iluminismo.

111

http://eba.im/drkait Site apresenta uma biografia de Montesquieu. 111

http://eba.im/myvvmm

Site apresenta uma biografia de Rousseau. 111

http://eba.im/8gmfgd Página da web não encontrada 148

http://eba.im/3caprt Página da web não encontrada 148

http://eba.im/czcw9r Página da web não encontrada 170

http://eba.im/ma5aqb Página da web não encontrada 170

http://eba.im/9moypq Página da web não encontrada 170

http://eba.im/zua4p2 Página da web não encontrada 171

http://eba.im/zi2x5o Página da web não encontrada 171

http://eba.im/kahy3k Página da web não encontrada 308

http://eba.im/3o9ge3 Página da web não encontrada 308

8º Ano

Manual do Professor

Link encurtado Site Página http://eba.im/sqey5w Site do Afroreggae, grupo que luta pela valorização e da

identidade negra entre jovens cariocas que cultivam o reggae,

o soul e o hip-hop.*

356

http://eba.im/8fgqmx O site é da Casa das Áfricas, centro de pesquisa e promoção

de atividades culturais relacionadas ao continente africano.*

356

http://eba.im/cjwxka Site com trechos das histórias de mulheres negras e textos

sobre a violência contra a mulher e sobre a saúde feminina.*

Página da web não encontrada

356

http://eba.im/q6myci Site com artigos, reportagens, notícias sobre a temática afro.

*

357

http://eba.im/a3fru6 Site do Geledés, uma importante organização não

governamental de mulheres negras.*

357

http://eba.im/wg4hhg Site com artigos e sugestões de palestras e cursos sobre a

temática afro.*

357

http://eba.im/2amxe3 Site da Fundação Cultural Palmares com artigos sobre a

temática afro escritos por intelectuais e ativistas negros,

como Zulu Araújo, Ubiratan de Araújo e Castro, Gilberto

Gil, entre outros.*

357

http://eba.im/4e2u8m Site da Fundação Nacional do Índio (Funai) com texto sobre

diferentes povos indígenas, dados estatísticos e a proteção e

valorização da cultura de diferentes povos.*

364

http://eba.im/sjgp2j Site do Instituto Socioambiental (ISA) com dados

detalhados sobre diferentes povos indígenas e textos sobre

Políticas Indígenas, Direitos, Terras Indígenas etc.*

364

http://eba.im/7vi3qs Site do Centro de Trabalho Indigenista (CTI), organização

não governamental, fundada por antropólogos e indigenistas,

que atua orientando os indigenistas sobre os direitos que a

Constituição lhes garante.*

364

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147

http://eba.im/9pd7fh Site da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí).

Contém pesquisas e informações sobre os povos indígenas

no Nordeste brasileiro.*

364

http://eba.im/hs8008 Site com informações sobre a expansão territorial na

América portuguesa.* Página da web não encontrada

385

http://eba.im/2amxe3

Site da Fundação Palmares, vinculado ao Ministério da

Cultura. Apresenta programas e ações voltados para a

valorização da cultura afro-brasileira.*

385

http://eba.im/hs8003 Site sobre os africanos e seus descendentes no Brasil.* Página

da web não encontrada 385

http://eba.im/hs8004 Site sobre a escravidão no Brasil. Apresenta, também, uma

reflexão sobre a dominação e resistência durante o período

da escravidão no Brasil. *

385

http://eba.im/hs8011 Site sobre a sociedade e a cultura na região mineradora

durante o setecentos. * Página da web não encontrada

385

http://eba.im/hs8012 Site que apresenta diversas informações sobre Ouro Preto. O

tour virtual nos leva a visualizar a arquitetura das principais

igrejas da cidade. * Página da web não encontrada

385

http://eba.im/p8q6o4 Página da web não encontrada 388

http://eba.im/jmqyya Site com mapas, imagens e textos sobre a Independência dos

Estados Unidos, e a Guerra Civil norte-americana.* Página

da web não encontrada.

392

http://eba.im/hs8014 Texto do historiador Claudio B. Reco, contemplando de

forma didática o século XVIII e a Revolução Industrial.*

Página da web não encontrada.

392

http://eba.im/hs8019 O artigo trata de uma das figuras mais importantes da

Independência dos Estados Unidos: Thomas Jefferson,

redator da Constituição dos Estados Unidos.* Página da web

não encontrada

392

http://eba.im/eisk3h Artigo que trata de um dos mais interessantes episódios da

história militar: a travessia dos Alpes pelas tropas de

Napoleão Bonaparte.* Página da web não encontrada.

392

http://eba.im/4ny6ep Site sobre a campanha de Bonaparte na Itália, incluindo

política e cultura.* Página da web não encontrada.

392

http://eba.im/hs8028 Artigo que trata especificamente do interesse de Napoleão

pela civilização egípcia e de sua expedição àquele país. *

Página da web não encontrada.

392

http://eba.im/hs8013 Site com imagens e textos que auxiliam o aluno a

compreender a Revolução Industrial ainda no século XVIII.*

Página da web não encontrada.

392

http://eba.im/626jep O site é voltado para o público infanto-juvenil e fornece, de

forma lúdica, dados sobre política, economia e direitos

sociais.* Página da web não encontrada.

392

http://eba.im/hs8024 Site sobre a queda da Bastilha, evento que marca a eclosão

da Revolução Francesa.* Página da web não encontrada.

392

http://eba.im/hs8023 Site reúne importantes textos sobre a Revolução Francesa e

suas repercussões.* Página da web não encontrada.

392

http://eba.im/4fy6jq Site com imagens, textos e um glossário sobre a Revolução

Industrial e seus principais personagens. * Página da web não

encontrada.

392

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148

http://eba.im/hs8038 O site reúne informações sobre a Confederação do Equador;

seus ideais e sua abrangência territorial.* Página da web não

encontrada.

403

http://eba.im/hs8042 O site trabalha a história político-partidária das Regências e

as disputas entre os grupos políticos da época. * Página da

web não encontrada.

403

http://eba.im/q4cxky Biografia do primeiro imperador do Brasil, o português D.

Pedro I. * Página da web não encontrada.

403

http://eba.im/hs8050 Site com informações sobre a expansão para o Oeste e a

teoria do Destino Manifesto.* Página da web não encontrada.

403

http://eba.im/ezka9b Site com informações significativas sobre a Guerra da

Cisplatina, ocorrida entre 1825 e 1828.* Página da web não

encontrada.

403

http://eba.im/hs8049 Site com informações sobre a Guerra de Secessão, e seus

reflexos na história dos Estados Unidos. * Página da web não

encontrada.

403

http://eba.im/5cq8cs Site voltado à imigração italiana no Brasil, desde seu início

até os dias de hoje, contendo mapas e estatísticas relativas a

esse processo. * Página da web não encontrada.

403

http://eba.im/hs8032 Site com imagens e textos sobre a independência do Haiti e

suas relações com o processo da Revolução Francesa. *

Página da web não encontrada.

403

http://eba.im/k7399e Site com textos relativos ao Segundo Reinado, sua economia

e relações de trabalho vigentes na época. * Página da web não

encontrada.

403

http://eba.im/hs8045 Site do Museu do Imigrante, Instituição paulista voltada à

guarda da memória e da cultura material dos imigrados. *

Página da web não encontrada.

403

http://eba.im/hs8035 O site aborda a emancipação política do Brasil, a

Constituição de 1824 e outros assuntos relativos ao reinado

de D. Pedro I. * Página da web não encontrada.

403

http://eba.im/hs8048 Site contendo várias manchetes de jornais da época em que

o Brasil se tornou uma República. Como isso foi noticiado à

população? Confira! * Página da web não encontrada.

403

http://eba.im/hs8041 Aborda a história política brasileira da abdicação de D. Pedro

I à ascensão de Pedro II ao trono do Império. * Página da web

não encontrada.

403

http://eba.im/hs8032 O site aborda o processo de independência do Haiti

conhecido também como Revolução Haitiana. * Página da

web não encontrada.

403

http://eba.im/7b2xha Site da ONG brasileira SOS Mata Atlântica. 414

http://eba.im/43wcdg Site da ONG internacional Greenpeace. 414

http://eba.im/8y8a7i Página da web não encontrada. 424

http://eba.im/m7au89

Página da web não encontrada. 424

http://eba.im/wqw9a

z

Página da web não encontrada. 424

http://eba.im/hs8031 Página da web não encontrada. 433

http://eba.im/3nzyff Página da web não encontrada. 433

http://eba.im/tbx9ck Página da web não encontrada. 433

http://eba.im/yajszt Página da web não encontrada. 433

http://eba.im/swhtmn

Página da web não encontrada. 439

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149

http://eba.im/psnxut Página da web não encontrada. 439

http://eba.im/82qg6n Página da web não encontrada. 439

http://eba.im/pfidhh Página da web não encontrada. 439

http://eba.im/zt5w53 Página da web não encontrada. 439

http://eba.im/h8dftp Página da web não encontrada. 439

http://eba.im/7xhknf Página da web não encontrada. 439

9º Ano

Livro do Estudante

Link encurtado Site Página http://eba.im/z9i9p6 Site traz informações sobre povos indígenas brasileiros. 120

http://eba.im/q6dzgc Página da web não encontrada. 120

http://eba.im/xedg7c Página da web não encontrada. 135

http://eba.im/vb8ej7 Página da web não encontrada. 135

http://eba.im/9pb45u Página da web não encontrada. 188

http://eba.im/jf52j4 Página da web não encontrada. 206

http://eba.im/jvp68g Página da web não encontrada. 206

http://eba.im/jinf7k Página da web não encontrada. 206

http://eba.im/tzcwsq Página da web não encontrada. 206

http://eba.im/kegzbs Página da web não encontrada. 250

http://eba.im/hjtopf Página da web não encontrada. 256

http://eba.im/p2dwme Página da web não encontrada. 256

http://eba.im/8nqrky Página da web não encontrada. 327

http://eba.im/4e2u8m Apresenta informações sobre os povos indígenas do Brasil

no site do IBGE.

327

http://eba.im/y7evyt Página da web não encontrada. 329

http://eba.im/gv9fuu Página da web não encontrada 329

9º Ano

Manual do Professor

Link encurtado Site Página

http://eba.im/sqey5w Site do Afroreggae, grupo que luta pela valorização e da

identidade negra entre jovens cariocas que cultivam o

reggae, o soul e o hip-hop.*

372

http://eba.im/8fgqmx O site é da Casa das Áfricas, centro de pesquisa e promoção

de atividades culturais relacionadas ao continente

africano.*

372

http://eba.im/cjwxka Site com trechos das histórias de mulheres negras e textos

sobre a violência contra a mulher e sobre a saúde feminina.*

Página da web não encontrada

372

http://eba.im/q6myci Site com artigos, reportagens, notícias sobre a temática

afro. *

373

http://eba.im/a3fru6 Site do Geledés, uma importante organização não

governamental de mulheres negras.*

373

http://eba.im/wg4hhg Site com artigos e sugestões de palestras e cursos sobre a

temática afro.*

373

http://eba.im/2amxe3 Site da Fundação Cultural Palmares com artigos sobre a

temática afro escritos por intelectuais e ativistas negros,

373

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150

como Zulu Araújo, Ubiratan de Araújo e Castro, Gilberto

Gil, entre outros.*

http://eba.im/4e2u8m Site da Fundação Nacional do Índio (Funai) com texto

sobre diferentes povos indígenas, dados estatísticos e a

proteção e valorização da cultura de diferentes povos.*

380

http://eba.im/sjgp2j Site do Instituto Socioambiental (ISA) com dados

detalhados sobre diferentes povos indígenas e textos sobre

Políticas Indígenas, Direitos, Terras Indígenas etc.*

380

http://eba.im/7vi3qs Site do Centro de Trabalho Indigenista (CTI), organização

não governamental, fundada por antropólogos e

indigenistas, que atua orientando os indigenistas sobre os

direitos que a Constituição lhes garante.*

380

http://eba.im/9pd7fh Site da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí).

Contém pesquisas e informações sobre os povos indígenas

no Nordeste brasileiro.*

380

http://eba.im/d8ipyj Site da Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP),

organização não governamental que atua em defesa dos

direitos territoriais, culturais e políticos de indígenas e

quilombolas. O site apresenta textos sobre povos indígenas

e comunidades quilombolas no Brasil.*

380

http://eba.im/hs9005 Site sobre as razões e os primeiros movimentos do Primeira

Guerra Mundial. * Página da web não encontrada

401

http://eba.im/hs9007 O site apresenta o desenvolvimento e o desenrolar da

Revolução Russa, bem como o nascimento da União

Soviética.* Página da web não encontrada

401

http://eba.im/hs9012 O site traz a biografia de Antônio Conselheiro,

personagem-símbolo da resistência sertaneja aos

desmandos da República.* Página da web não encontrada

401

http://eba.im/sxjtw8 O artigo explica o coronelismo e suas práticas.* Página da

web não encontrada

401

http://eba.im/hs9008 O site apresenta a gestação do stalinismo e as estratégias

usadas por seu idealizador para conquistar e conservar o

poder. * Página da web não encontrada

401

http://eba.im/hs9013 Site sobre a Guerra do Contestado, um episódio

emblemático da luta pela terra na história do Brasil.* Página

da web não encontrada

401

http://eba.im/hs9001 Artigo que trata da resistência ao neocolonialismo na Ásia,

com destaque para a Guerra do Ópio.* Página da web não

encontrada.

401

http://eba.im/hs9014 Site com imagens e textos sobre o líder cangaceiro,

Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.* Página da web não

encontrada.

401

http://eba.im/5zcdd5 Artigo sobre o Fantasma, personagem apresentado ao

público em tiras de jornal dos anos 1930. O texto pode ser

útil para alargar a compreensão do etnocentrismo praticado

pelos europeus no século XIX.* Página da web não

encontrada

401

http://eba.im/om5reu Site sobre a ascensão e o governo do marechal Deodoro da

Fonseca.* Página da web não encontrada.

401

http://eba.im/8eqwwb Site no qual um grupo de professores e estudantes debate

diferentes temas da História, inclusive a Grande

Depressão.* Página da web não encontrada.

409

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151

http://eba.im/rq8v8a Site sobre o final da Segunda Guerra Mundial, a vitória dos

aliados e a rendição do Japão.* Página da web não

encontrada.

409

http://eba.im/jnn5vj Acervo organizado pelo CPDOC, com documentos

digitalizados sobre o período do Estado Novo.* Página da

web não encontrada.

409

http://eba.im/d7md6t Artigo sobre o governo JK e a sua proposta de fazer o

crescer "50 anos em 5".* Página da web não encontrada.

420

http://eba.im/a89vo8 Site sobre o desempenho dos governos militares (1964-

1985).* Página da web não encontrada.

420

http://eba.im/hs9025 Site sobre o período da Guerra Fria, com foco no bloco

capitalista.* Página da web não encontrada.

420

http://eba.im/hs9036 Artigo que trata de questões econômicas no governo José

Sarney. * Página da web não encontrada.

420

http://eba.im/hs9031 Artigo sobre a implantação, a vigência e a resistência ao

Regime Militar no Brasil.* Página da web não encontrada.

420

http://eba.im/hs9038 Site sobre a história do Muro de Berlim, da construção, em

1961, à queda, em 1969. * Página da web não encontrada.

432

http://eba.im/xbt2u9 Site sobre as raízes do conflito entre árabes e israelenses. *

Página da web não encontrada.

432

http://eba.im/hs9041 Site com mapas e textos sobre os intermináveis conflitos no

Oriente Médio.* Página da web não encontrada.

432

http://eba.im/sctkcr São Paulo – Site do Museu de Arte de São Paulo Assis

Chateaubriand.*

440

http://eba.im/puc2rp Bahia – site do Museu Afro-Brasileiro (MAFRO).* 440

http://eba.im/79ysx4 Rio de Janeiro – site do Museu de Arte Moderna do Rio de

Janeiro.*

440

http://eba.im/wn6gm5 Rio de Janeiro – site da Fundação Museu da Imagem e do

Som.*

440

http://eba.im/k36gzb Paraná – site de Museu de Arte Contemporânea do Paraná.* 440