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Pág. 4 Pág. 5 Pág. 5 Famesp Acordo estabelece critérios de compensação e pagamento de banco de horas para os médicos do HC da Faculdade de Medicina de Botucatu. Regularização foi exigida pelo Simesp OSs e filantrópicas Simesp garante reajuste integral de 9,88% aos médicos. Percentual incidirá retroativamente sobre o salário de setembro de 2015 Legistas Com carência de 370 legistas, governo estadual contrata apenas 35 dos 140 aprovados em concurso. O tema foi discutido com o secretário de Segurança Pública Jornal do Simesp Nº 11 Publicação mensal do SIMESP Sindicato dos Médicos de São Paulo • Abril | 2016 Pág. 3 Mandaqui: faltam médicos, sobram problemas Alta demanda por conta da epidemia de dengue e do surto de H1N1 provoca fechamento de pronto-socorro infantil em horários de pico. Médicos relatam sofrer violência e exigem mudanças estruturais e contratação de pessoal Entrevista Carolina Lázari: “Deve ter muita notificação (H1N1) que ainda não chegou na tabulação final dos dados” Pág. 7

Carolina Lázari: “Deve ter muita notificação (H1N1) que ...simespmais.org.br/wp-content/uploads/2016/05/jornal-simesp-11-web.pdf · Campanha Salarial 2015. Isso nos prova que

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FamespAcordo estabelece critérios

de compensação e pagamento de banco de horas para os médicos do HC da Faculdade de Medicina de Botucatu. Regularização foi exigida pelo Simesp

OSs e filantrópicasSimesp garante

reajuste integral de 9,88%aos médicos. Percentual incidirá retroativamente sobre o salário

de setembro de 2015

LegistasCom carência de 370 legistas,

governo estadual contrata apenas 35 dos 140 aprovados em concurso.

O tema foi discutido com o secretário de Segurança Pública

Jornal do SimespNº 11 • Publicação mensal do SIMESP Sindicato dos Médicos de São Paulo • Abril | 2016

Pág. 3

Mandaqui: faltam médicos, sobram problemasAlta demanda por conta da epidemia de dengue e do surto de H1N1 provoca fechamento de pronto-socorro infantil em horários de pico. Médicos relatam sofrer violência e exigem mudanças estruturais e contratação de pessoal

Entrevista Carolina Lázari: “Deve ter muita notificação (H1N1) que ainda não chegou na tabulação final dos dados” Pág. 7

DIRETORIAPresidente Eder Gatti [email protected]

“O Hygia demitiu esses profissionais, abrindo mão de médicos experientes; descumpriu leis trabalhistas; fechou

serviços do hospital. O instituto fez tudo isso com a conivência do prefeito

e do secretário.”Eder Gatti, presidente do Simesp, sobre quebra de acordo

por parte do Instituto Hygia em relação aos médicos demitidos do Hospital Municipal de Barueri

18 de março – Folha de Alphaville

Tem chegado ao Simesp, com frequência cada vez maior, de-núncias de agressões contra médicos em seus locais de tra-balho. As cenas se repetem: ser-viços superlotados, com escalas de profissionais incompletas e estruturas sucateadas geram um cenário de choque entre usuários e trabalhadores, prin-cipalmente médicos e equipe de enfermagem.

Não é difícil entender a equa-ção perversa: cortes de recursos no financiamento público, falta de incentivo à permanência dos profissionais em seus vínculos públicos, entre as quais as perdas salariais frente à inflação. Neste ano em que temos inflação na casa de dois dígitos, a Prefeitu-ra de São Paulo oferece reajuste de 0,01% aos seus servidores e os médicos da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo acumu-lam perdas de 25% de seus salá-rios nos últimos três anos, sem qualquer reajuste. Essas são prá-ticas recorrentes de desvaloriza-ção dos servidores públicos.

O Simesp solicita que os co-legas que passem por situações de violência e constrangimen-to, como as ocorridas no Hos-pital do Mandaqui — tema da matéria de capa deste jornal —, tragam ao nosso conhecimento para que possamos tomar pro-vidências não só no local de tra-

Diretoria do Simesp

Editorial Clipping

balho, mas também cobrando do poder público que ofereça condições dignas para a prática da medicina.

As dificuldades deverão nos estimular a procurar caminhos comuns para enfrentarmos a crise que estamos vivenciando. Em nome dos médicos não ad-mitiremos retrocessos. A crise política e econômica pela qual o país está passando faz com que diminua o acesso à saúde suple-mentar e que aumente ainda mais a demanda assistencial nos serviços públicos. Nos jun-tamos aos que denunciam as diminuições no orçamento da saúde; as situações de assédio e violência que têm se tornado co-tidianas nas unidades de saúde; a piora nas estruturas dos servi-ços que impactam na qualidade do trabalho do médico.

Mas, ainda bem, não vive-mos somente de notícias nega-tivas. Os médicos do Sindicato das Santas Casas de Misericór-dia, Hospitais Filantrópicos e Organizações Sociais (OSs) do Estado de São Paulo (Sindhos-fil-SP) podem comemorar mais uma vitória: após pressão do Si-mesp, o sindicato patronal acei-tou pagar, sem parcelamento, o reajuste de 9,88% referente à Campanha Salarial 2015. Isso nos prova que a persistência é necessária, sempre.

Equação perversa

SECRETARIASGeralDenize Ornelas P. S. de Oliveira Comunicação e Imprensa Gerson Salvador AdministraçãoEderli M. A. Grimaldi de CarvalhoFinançasJuliana Salles de CarvalhoAssuntos JurídicosGerson MazzucatoFormação Sindical e SindicalizaçãoMarly A. L. Alonso Mazzucato Relações do TrabalhoJosé Erivalder Guimarães de OliveiraRelações Sindicais e AssociativasOtelo Chino Júnior

EQUIPE DO JORNAL DO SIMESPDiretorGerson Salvador Editora-chefe e redaçãoIvone SilvaReportagem e revisãoAdriana CardosoLeonardo Gomes Nogueira Nádia MachadoFotosOsmar Bustos Relações-PúblicasJuliana Carla Ponceano Moreira IlustraçãoCélio LuigiRedação e administraçãoRua Maria Paula, 78, 3° andar

Todas as matérias publicadas terão seus direitos resguardados pelo Jornal do Simesp e só poderão ser publicadas (parcial ou integralmente) com a autorização, por escrito, do Sindicato.

A versão digital desta publicação está disponível no site do Simesp. Caso não queira receber a edição impressa, basta mandar e-mail para [email protected]

2 • Jornal do Simesp

01319-000 – SP – Fone: (11) [email protected]

PROJETO GRÁFICOMed Idea - Design para médicosOscar Freire, 2.189, Pinheiros São Paulo/SP 05409-011 Fone: (11) [email protected] www.medidea.com.brEditor de Arte e diagramaçãoIgor Bittencourt

Tiragem: 14 mil exemplaresCirculação: Estado de São Paulo

“Muitas pessoas dependem do funcionamento da unidade. O fechamento seria péssimo,

trágico para a população.” Eder Gatti, presidente do Simesp, sobre ameaça de

fechamento do Centro de Saúde da Barra Funda12 de março – Notícia Sertaneja

“Somos contra porque, em vez de gratificar o melhor qualificado, acaba apenas punindo aqueles

que não atingem os indicadores. Defendemos uma lógica inversa,

de se estabelecer um incentivo financeiro para quem preenche

esses fatores de qualidade.”Eder Gatti, presidente do Simesp, sobre nova

remuneração implantada pela ANS11 de março – Portal R7

O crescimento da demanda por conta da epidemia de dengue e do surto de H1N1 na capital paulista, associada à falta de pediatras, está forçando a di-reção do Conjunto Hospitalar do Mandaqui, na zona norte de São Paulo, a fechar o pronto- socorro infantil em horários de pico. A situação tem causado muitos transtornos à popula-ção local e aos próprios médi-cos que, em alguns casos, estão sendo vítimas de violência por parte de familiares de pacien-tes, que querem forçar o aten-dimento.

Médicos que trabalham no pronto-socorro infantil do hos-pital estão preocupados com a segurança, pois já foram regis-trados casos de agressões. Se-gundo relatos deles, uma mé-dica pediu demissão após ter sido ameaçada com uma arma de fogo pelo pai de um pacien-te que aguardava atendimen-to. Em outro caso, um homem quebrou o computador da re-cepção. A unidade conta ape-nas com guardas patrimoniais e uma viatura da Polícia Mili-tar faz rondas a cada três horas no local.

“Nós ficamos muito expos-tos. As pessoas, quando chegam, já estão num nível de estres-se muito grande, pois, antes, já buscaram atendimento em outras unidades e foram recu-sadas”, conta uma médica que pediu para não ser identificada.

Por essa razão, os profissio-nais pedem, em caráter de ur-gência, mudanças estruturais no hospital de modo que não fiquem tão vulneráveis, bem como o aumento do efetivo da segurança.

Efeito dominóO problema todo começa na rede pública de atenção básica de saú-de, sob a gestão da prefeitura. Recentemente, o prefeito Fer-nando Haddad admitiu a falta de pediatras nos hospitais mu-nicipais, principalmente na pe-riferia. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, em 28 de março, o prefeito disse que muitos mé-dicos ligados às organizações so-ciais (OSs) acabam se desligando por não serem estatutários, mas afirmou que a prefeitura estava abrindo concursos públicos para repô-los, além de reforçar o pro-grama Mais Médicos.

No próprio Mandaqui, se-gundo os médicos, há um défi-cit de ao menos 18 profissionais da especialidade. Há pouco mais de três anos, a unidade contava com 52 pediatras, mas houve um boom de demissões de uns três anos para cá.

Capa

Jornal do Simesp • 3

Pediatras pedem mais segurançaProfissionais relatam casos de agressões por parte de familiares de crianças que não conseguiram atendimento na rede municipal

Adriana Cardoso

A falta de profissionais, lem-bra o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Si-mesp), Eder Gatti, é decorrente da inexistência de concursos públicos e um plano de carreira decente. “A carreira do Estado tem pouco apelo aos médicos. A maioria sequer se interessa em prestar concurso e os que pres-tam não permanecem muito tempo”, explica.

Em realidade, a maioria dos pacientes levados ao Mandaqui nem deveria estar lá. A unidade é um hospital de alta comple-xidade, ou seja, por tratar-se de uma rede referenciada, só po-deria receber pacientes enca-minhados por outros serviços hospitalares. São ao menos uns 200 casos diários de pessoas que deveriam ter sido atendidas na rede básica, mas acabam indo para lá. E são justamente dos familiares desses pacientes, se-gundo os médicos, que partem as ameaças.

“O aumento da demanda tem gerado uma espera mui-to longa. Como normalmente só há um médico plantonista, este profissional prioriza os casos mais graves, orientando

os demais a buscarem atendi-mento em outras unidades”, diz Gatti.

A violência contra pediatras não deveria, mas é uma notícia bastante corriqueira. Pesquisa feita pelo Datafolha no ano pas-sado, a pedido da Sociedade de Pediatria de São Paulo, apon-tou que sete de cada 10 profis-sionais disseram já ter sofrido algum tipo de violência, seja física ou psicológica. O assunto foi, inclusive, discutido numa reunião ocorrida em 6 de abril entre Eder Gatti e o presidente da sociedade, Mário Roberto Hirschheimer.

Mais problemasNão é de hoje que o Conjunto Hospitalar do Mandaqui sofre com a falta de profissionais. Em janeiro passado, o Simesp de-nunciou ao Ministério Público Estadual a inoperância de mais da metade dos leitos da Unida-de de Terapia Intensiva (UTI), considerada uma referência no atendimento a politraumatiza-dos. Dos 40 leitos existentes, ape-nas 14 estão em funcionamento por não ter médicos em número suficiente.

> Eder Gatti e Mário Roberto Hirschheimer discutem violência sofrida pelos médicos, como as registradas no Mandaqui

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4 • Jornal do Simesp

IML enfrenta falta de pessoal e sucateamento

Legistas

Apenas 35 dos 140 médicos legistas aprovados em con-curso de 2013 tomaram posse no dia 22 de março. Há uma carência de 370 médicos da especialidade no estado, se-gundo a Associação dos Mé-dicos Legistas do Estado de São Paulo (Amelesp). A posse dos legistas atende parte das reivindicações da entidade.

A associação se reuniu, no dia 18 de março, com o secre-tário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, e com seu adjunto, Mágino Alves Barbosa Filho, para levar a pauta da campanha salarial dos médicos do Estado.

“O secretário nos disse que os profissionais serão no-meados aos poucos. A ideia é nomear outros 35 – ou even-tualmente 70 médicos – daqui a três meses. Porém, tudo vai depender da arrecadação”, explica o vice-presidente da Amelesp e diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Si-mesp), Luiz Frederico Hoppe.

O gargalo de legistas pio-rou no ano passado, em con-sequência da Lei 144, de 2014, que diminuiu de 70 para 65 anos a aposentadoria com-pulsória de servidor público policial, categoria na qual os legistas estão inseridos. “De cara, 134 se aposentaram”, re-corda Hoppe.

ReivindicaçõesA situação enfrentada pelos legistas recém-nomeados é crítica, como lembra Eder Gatti, presidente do Simesp, que também participou da reunião. “A falta de concur-sos públicos e a aposentado-ria dos servidores reduziram o número de médicos. Os pro-fissionais estão sobrecarrega-dos e trabalhando em situa-ção precária”, denuncia.

Além da nomeação dos profissionais aprovados no concurso, os representantes dos médicos também pedi-ram reajuste salarial. “O úl-timo foi em 2013, de 6%, e já estava abaixo da inflação. Acumulamos perdas sala-riais de 30%”, diz o vice-pre-sidente da Amelesp. O secre-tário, segundo Hoppe, alegou que, devido à crise econômica e queda na arrecadação, não pode prometer aumento sa-larial este ano. O governo do estado congelou, em janeiro passado, R$ 6,9 bilhões do Or-çamento de 2016.

A categoria também co-brou manutenção do prédio do Instituto Médico Legal (IML) e a construção de no-vas unidades. “Há um suca-teamento estrutural do IML que, somado à falta de pes-soal, inviabiliza o trabalho”, avalia Gatti.

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Prefeitura de São Paulo desvaloriza servidoresO prefeito de São Paulo, Fernan-do Haddad, sancionou, em 1º de abril, a Lei 16.418, que reitera como reajuste anual o percentu-al de 0,01% para os anos de 2014 e 2015 sobre a remuneração de diversas categorias, incluindo as da saúde.

Com a nova lei, a adminis-tração segue com a prática do reajuste fictício, já permitido pela Lei Salarial 13.303, de 2002. De acordo com as entidades sindicais que compõem a mesa do Sistema de Negociação Per-manente da Saúde (Sinp-Saú-de), desde maio de 2013 os ser-vidores sofreram uma perda

no poder de compra entre 20% e 25%, comparando à inflação do mesmo período.

Já a prefeitura defende que a Lei 16.122, de 2015, que estabelece o quadro da saúde, prevê reajus-te na carreira até maio de 2016. Porém, o diretor do Simesp José Erivalder Guimarães de Olivei-ra ressalta que os reajustes não repõem as perdas anteriores. Para ele, é preciso haver me-canismos estabelecidos em lei que garantam ao menos a repo-sição inflacionária. “Reivindi-camos mudanças na lei salarial para acabar com a prática de reajuste mínimo”, defende.

Reajuste salarial

Médicos do Estado reivindicam 25%

Reajuste salarial de 25% e re-púdio ao Projeto de Lei Com-plementar 257/2016. Essas fo-ram algumas das sugestões aprovadas em assembleia no Simesp, no dia 31 de março, por médicos servidores pú-blicos do Governo do Estado de São Paulo.

O índice de 25% represen-ta as perdas salariais acumu-ladas nos últimos anos.

O repúdio ao Projeto de Lei 257/2016, apresentado em 22 de março, também foi visto como uma maneira de unifi-car e atrair os médicos para os debates que virão.

O projeto, de autoria do Governo Federal, estabelece um plano de auxílio aos esta-dos em dificuldades financei-ras, mas exige como contra-partida a adoção de medidas que, na prática, impediriam o aumento real de salários dos servidores e a realização de novos concursos públicos.

Além do reajuste salarial, outras questões serão deli-beradas em nova assembleia como a valorização da carrei-ra médica do estado e a rea-lização de novos concursos (já que a redução do núme-ro de profissionais implica, inclusive, no fechamento de leitos).

Reposição de perdas

> Médicos apresentam reivindicações ao secretário de Segurança Pública

> Campanha exige valorização

Jornal do Simesp • 5

Simesp fecha acordo com Famesp sobre banco de horas

Hora extra

“O acordo firmado é uma garantia do compromisso da Famesp de assegurar que os médicos usufruam ou recebam pelas horas excedentes a que têm direito”, diz o presidente do Simesp, Eder Gatti, que este-ve na reunião juntamente com o presidente da Regional de Bo-tucatu do Simesp, Pedro Bone-quini Júnior; o diretor-adjunto da regional, Thiago Herbst; e o presidente da fundação, Anto-nio Rugolo Júnior.

Um terceiro ponto também foi garantido pelo acordo: os médicos com banco de horas negativo de 1º de julho de 2015 a 30 de junho de 2016 poderão compensá-lo com o excedente anterior a 30 de junho do ano passado, para que não tenham descontos.

“Agora, vamos levar o bom resultado das negociações para assembleia com os médicos”, celebrou o presidente da regio-nal do Simesp.

Sindhosfil-SP

Sindicato garante reajuste de 9,88% Após pressão do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Si-mesp), o Sindicato das Santas Casas de Misericórdia, Hos-pitais Filantrópicos e Orga-nizações Sociais do Estado de São Paulo (Sindhosfil-SP), aceitou pagar, sem parcela-mento, reajuste de 9,88% aos médicos referentes à Cam-panha Salarial 2015. No dia 27 de abril, as duas entidades fecharam acordo de Con-venção Coletiva de Trabalho (CCT), no qual ficou estabe-lecido que o percentual inci-dirá retroativamente sobre o salário de setembro de 2015. Os médicos começam a rece-ber o salário reajustado já na folha de pagamento de maio, pago no mês de junho.

Pelo acordo estabelecido, os valores atrasados, retroa-tivos ao período de setembro de 2015 a abril de 2016, pode-rão ser pagos em cinco parce-las também a partir da folha de pagamento de maio.

O acordo é uma vitória importante. A entidade pa-tronal insistia em fazer o re-

ajuste em duas etapas — 5,5% a partir de 1º de setembro, e 4,38% a partir de 1º de novem-bro — o que não foi aceito pelo Simesp no decorrer das negociações, que se arras-tavam desde o ano passado. Diante da recusa do Sindhos-fil-SP em pagar o reajuste em parcela única, o Sindicato en-trou com dissídio coletivo no fim do ano passado.

O Simesp acabou com a prática de fracionamento do percentual na campanha de 2014. “A conquista do reajuste mostra a importância de con-tarmos com o apoio dos mé-dicos e de nos mantermos fir-mes em não aceitar proposta abaixo da inflação”, destaca Eder Gatti, presidente do Si-mesp. Agora, com a assina-tura da convenção coletiva, a ação será retirada do âmbito da Justiça do Trabalho.

Sindhosfil RibeirãoO Simesp continua na busca por um acordo com o sindica-to dos filantrópicos de Ribei-rão Preto, no interior de SP.

> Categorias apresentam proposta de plano de carreira

Excedente de horas que não for usufruído pelos médicos deverá ser pago com adicional de 100%, previsto na convenção coletiva vigente

O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e a Fundação para o Desenvolvimento Médi-co Hospitalar (Famesp) fecha-ram acordo extrajudicial, em 4 de maio, pelo qual estabelece-ram critérios de compensação e pagamento do banco de horas dos médicos que atuam no Hos-pital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HC-FMB), no interior do estado.

Pelo acordo assinado, ficou estabelecido que: as horas acu-muladas entre 1º de julho de 2015 a 30 de junho de 2016, que não forem gozadas dentro desse pe-ríodo, serão pagas pela fundação ao final desse prazo com adicio-nal de 100%, conforme estipula a convenção coletiva vigente. Com relação às horas acumuladas an-tes de junho de 2015, estabeleceu--se que também serão pagas de acordo com a convenção ao final de 30 de abril de 2017, desde que não tenham sido usufruídas até a data prevista.

Taboão da Serra

Simesp negocia PCCV

Representantes do Sindica-to dos Médicos de São Paulo (Simesp), ao lado de profis-sionais da saúde da cidade de Taboão da Serra, reuni-ram-se com o secretário mu-nicipal de Gestão de Pessoas, Gilmar Leone, em 6 de abril, para discutir a proposta do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV).

Segundo José Erivalder Guimarães de Oliveira, di-

retor do Simesp, o secretário re-cebeu de forma positiva as mu-danças no texto propostas pelo Sindicato, entre elas a inclusão de mecanismos que garantam descanso mínimo de 36 horas para o médico que fez plantão ininterrupto de 12 horas.

Também foi proposto à ad-ministração municipal que as gratificações sejam incorpo-radas aos salários. No entan-to, não houve consenso sobre

esse assunto. Por isso, médicos e trabalhadores da saúde vão se reunir para discutir e apro-fundar esse e outros temas. “Na

próxima reunião com o secre-tário, levaremos uma propos-ta mais elaborada”, explica o diretor do Sindicato.

Os períodos de repouso e os intervalos durante o trabalho são importantes para a preservação da saúde dos profissionais. Esse é o tema abordado pelo advogado do Simesp Gabriel Franco da Rosa Lopes

Plantão Médico

Direito a repouso e intervalos

O médico celetista tem direito a quanto tempo de intervalo para as refeições? A Consolidação das Leis do Tra-balho (CLT) estabelece o inter-valo intrajornada (conhecido como intervalo para refeição) de 15 minutos para trabalha-dores que cumprem jornada entre 4 e 6 horas diárias, bem como de 1 hora para aqueles que têm jornada superior a 6 horas. Além do intervalo para as refeições, os médicos têm di-reito a pausas de 10 minutos a cada 90 minutos trabalhados. A

não concessão desses intervalos gera o direito ao pagamento do período total do intervalo.

Qual o período mínimo de des-canso entre uma jornada e outra?Entre duas jornadas de trabalho (considerada a diferença entre o horário de saída de um dia e o de entrada em outro), a CLT es-tabelece um intervalo mínimo de 11 horas de duração. Também neste caso, a não concessão gera direito ao pagamento.

Por sua vez, entre duas se-manas de trabalho, os trabalha-

6 • Jornal do Simesp

> O que você gostaria de ler na próxima edição? Mande suas sugestões: [email protected] <

Célio

Lui

gi

Leia em nosso portal a íntegra do artigo de Gabriel Franco da Rosa

Lopes, advogado do Simesp http://goo.gl/aoXxuk

Jurídico Responde

dores têm direito a um interva-lo de 24 horas. Lembrando que a legislação prevê que o descanso semanal remunerado deve ser concedido ao menos em uma a cada três semanas no domingo.

Caso as regras não sejam respei-tadas, o que o médico pode fazer?Os intervalos estabelecem limi-tes humanitários ao contrato de trabalho, com o objetivo de resguardar a saúde e a seguran-ça dos trabalhadores. Por isso, vale lembrar que tais normas devem ser sempre fiscalizadas pelo trabalhador, informando imediatamente a entidade sin-dical na hipótese de descum-primento, a fim de que sejam tomadas as medidas judiciais cabíveis para exigir o cumpri-mento da lei.

Médica pede que OSs tenham maior responsabilidade social e concedam licença-maternidade de seis meses

Nádia Machado

Medicina e amamentação

> Ruth consegue fazer a ordenha e estocar leite no local de trabalho

Ao voltar da licença-materni-dade, a médica Ruth Neves dos Santos foi surpreendida com uma boa notícia em seu local de trabalho: ela poderia continuar estocando leite materno, com toda segurança, para a filha Ana Micaela, que à época tinha quase seis meses de vida.

Ruth trabalha há quase qua-tro anos como clínica médica no Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Me-dicina da Universidade de São Paulo, da rede Lucy Montoro, no Morumbi, zona sul da capi-tal paulista, onde foi criado um ambiente chamado Cantinho da Mamãe, para que as trabalha-doras lactantes possam fazer a

ordenha de maneira adequada.Segundo a médica, 80% do

corpo funcional da unidade é composto por mulheres em idade fértil. Antes da sala de or-denha ter sido criada as lactan-tes retiravam e descartavam o leite no banheiro, devido ao risco de contaminação.

Para Ruth, a ampliação da licença-maternidade para 180 dias deveria ser prioridade para os empregadores, princi-palmente para as organizações sociais. Ela teve apenas 120 dias de licença e para poder ama-mentar a filha exclusivamente durante os primeiros seis me-ses teve que conciliar férias e banco de horas. O incentivo ao aleitamento materno é ques-

tão de saúde pública, diz Ruth. “O aleitamento exclusivo até os seis meses tem papel importan-tíssimo na vida da criança, que terá menos chances de desen-volver doenças no começo da vida, bem como doenças crôni-cas na vida adulta. O aleitamen-to é um determinante positivo do processo saúde/doença para

redução das doenças crônicas e promoção de sociedades saudá-veis”, destaca.

A fim de garantir todos os benefícios do leite materno, Ruth pretende amamentar a pe-quena Micaela, hoje com nove meses, até os dois anos, confor-me preconizado pela Organiza-ção Mundial da Saúde (OMS).

Jornal do Simesp • 7

Entrevista

Teria algum problema em re-velar que essa entrevista foi adiada por que a senhora pe-gou H1N1?Pode falar. Um dos grandes problemas que a gente en-frentou em 2009 (ano da pri-meira pandemia provocada pelo H1N1) e agora também está enfrentando é que, numa situação de surto, acaba tendo muitos casos em profissionais de saúde, o que também atra-palha a condução do surto e ofuncionamento dos serviços de saúde. E isso reforça a ne-cessidade de vacinação desses profissionais. Mas existe uma resistência, infelizmente, até entre os trabalhadores do se-tor em se vacinar. Tem gente que não quer tomar. E aí vai estar mais suscetível ainda na ocasião de um surto.

O número de casos de H1N1 no estado, durante os três primei-ros meses de 2016, já é superior ao que foi registrado em todo o país no ano passado. O que ex-plicaria o atual surto?Esse número que está sendo divulgado agora provavelmen-te está subestimado. A gente já vem observando desde o início de março, talvez até um pouco antes, na nossa demanda de exames para Influenza mais ca-sos positivos do que o esperado para esse período. Então, cer-tamente no começo dessa cir-culação, teve muitos casos que não foram confirmados porque as pessoas não estavam ainda pensando nessa possibilidade por causa da época (surtos de gripe são mais comuns no inver-no). Nesse momento deve ter muita notificação que ainda

não chegou na tabulação final dos dados. A matemática ainda não está refletindo a realidade. Tenho visto alguns colegas fa-lando que, provavelmente, isso é trazido por pessoas que via-jaram para o hemisfério norte, voltaram com H1N1 e acabaram introduzindo-o em nosso meio antes da temporada. Agora, é preciso avaliar se o vírus que está circulando sofreu algumamodificação. O Influenza é um vírus que tem um material ge-nético altamente mutável. Mas isso não está confirmado. É uma hipótese.

E quando há a indicação para o uso de medicamentos específi-cos no tratamento do H1N1?Quando existem sinais de sín-drome respiratória aguda gra-ve, isto é, sinais de que a infec-

ção envolveu também as vias aéreas mais baixas e os pul-mões, causando repercussões na capacidade de respirar e de oxigenar o sangue, a exemplo de tosse persistente, descon-forto para respirar, aumento da frequência respiratória, entre outros. O medicamento é indicado ainda para pessoas que, mesmo não apresentan-do sinais de gravidade no mo-mento do atendimento, apre-sentam fatores de risco que aumentam a chance de evolu-ção desfavorável: crianças, ido-sos, gestantes, portadores de doenças crônicas dos pulmões ou coração, portadores de HIV, entre outros.

A avaliação, em meio a um surto do vírus H1N1, é da médica Carolina Lázari, assessora para infectologia do laboratório Fleury e médica assistente da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas. Esta entrevista, inclusive, foi adiada porque ela foi infectada pelo vírus H1N1. Diante da triste ironia, a médica reforça a importância de o profissional de saúde se vacinar

Leonardo Gomes Nogueira

“É preciso avaliar se o vírus sofreu alguma modificação”

Div

ulga

ção

Leia em nosso portal a entrevista completa: http://goo.gl/1HrGYL

Cultura

8 • Jornal do Simesp

Mais cultura

Porta CurtasComo o nome indica, reúne

9.675 filmes de curta duração

dos mais variados gêneros

(de acordo com estatísticas da

própria página: www.porta-

curtas.org.br). As produções,

de 7.705 diretores diferentes,

são ficcionais, documentais,

de animação e experimentais.

O site oferece, por exemplo,

sem a necessidade de down-

load, clássicos como “Ilha

das Flores” (1989), de Jorge

Furtado. Também é possível,

caso haja interesse, enviar um

curta para ser disponibilizado

no site (o que acontecerá so-

mente após avaliação da equi-

pe de curadoria). Na página do

Facebook, ainda há dicas de

filmes e cineastas.

Domínio PúblicoComo o nome aponta, todo o

acervo do site não é mais res-

guardado pelos direitos au-

torais e, portanto, tem o seu

uso livre. No campo missão,

há uma descrição do compro-

misso do site (www.dominio-

publico.gov.br). Lançado em

novembro de 2004 (com um

acervo inicial de 500 obras),

propõe o compartilhamento de

conhecimentos de forma equâ-

nime, colocando à disposição

de todos os usuários da rede

mundial de computadores —

Internet — uma biblioteca vir-

tual que deverá se constituir

em referência para professo-

res, alunos, pesquisadores e

para a população em geral. Na

capa do site, no campo “Pes-

quisa Básica”, na opção “Tipo

de Mídia”, é possível ter aces-

so aos vídeos da página.

Imagens em movimento

> Cinemateca oferece extensa programação de filmes, além de biblioteca com 4.700 livros e coleção de roteiros

A Cinemateca Brasileira pos-sui o maior acervo de imagens em movimento da América Latina. São 200 mil rolos de filmes e 30 mil títulos. “São obras de ficção, documentá-rios, cinejornais, filmes publi-citários e registros familiares, nacionais e estrangeiros, pro-duzidos desde 1895”, diz o site da instituição.

“Também pertence ao acervo a coleção de imagens da extinta TV Tupi – a primei-ra emissora de televisão bra-sileira. Em 1985, a instituição herdou 180 mil rolos de fil-mes 16 mm com reportagens veiculadas nos telejornais da emissora, além de fitas de vídeo com a programação de entretenimento”, acrescenta.

O prédio atual, um anti-go matadouro, começou a ser ocupado no final da década de 1980. Os galpões, antes des-tinados ao abate de animais, hoje são ocupados por salas de cinema e espaços para a pre-servação do acervo já descrito.

Além de serviços como o empréstimo de filmes e a ces-são de imagens do acervo para utilização em pesquisas acadê-micas e até mesmo em novas produções audiovisuais, a Ci-nemateca oferece uma extensa programação de filmes a preços módicos ou mesmo gratuitos. Tudo isso está disponível no site da instituição: www.cine-mateca.gov.br.

A cinemateca também pos-sui uma biblioteca que home-nageia, em seu nome, um dos seus fundadores e dos mais importantes críticos de cinema do país: Paulo Emilio Salles Go-mes (1916-1977), que também se notabilizou, em 1937, por uma cinematográfica fuga da prisão (ele estava preso, desde dezem-bro de 1935, pelas suas posições políticas divergentes do regime em voga).

“O acervo da biblioteca é formado por aproximadamen-te 4.700 livros, 130 pesquisas acadêmicas, 2 mil catálogos, 2 mil folhetos e 1.200 pastas que

reúnem diversos documentos, como certificados de censura, convites, press-releases e pa-pers. Há também uma coleção com cerca de 3 mil roteiros e outra com 8 mil cartazes de filmes e de eventos cinemato-gráficos, dos quais 2.646 rela-cionados ao cinema nacional”, resume o site.

Os edifícios que compõem a Cinemateca são, aliás, tom-bados pelo Conselho de Defe-sa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Tu-rístico do Estado de São Paulo (Condephaat). No entanto, há estudos para a construção de uma nova sede na região da Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista.

A Cinemateca, ligada ao Ministério da Cultura, fica no Largo Senador Raul Cardoso, 207, na zona sul de São Paulo. O local fica próximo das esta-ções Ana Rosa e Vila Mariana do Metrô. Acessando o site, há indicações de como chegar de carro, ônibus e a pé.

Leonardo Gomes Nogueira

A Cinemateca Brasileira, localizada em um antigo matadouro, reúne o maior acervo de filmes da América Latina

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