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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO CONSELHO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMÁCIA CAROLINA MONTOVAM MONTEIRO DESENVOLVIMENTO FARMACOTÉCNICO E ESTUDO DE ESTABILIDADE DE UMA PREPARAÇÃO DE GEL DENTAL INFANTIL CONTENDO EXTRATO DE PRÓPOLIS VERDE TIPIFICADA São Paulo 2012

CAROLINA MONTOVAM MONTEIRO DESENVOLVIMENTO … · disposição por diversas vezes em me ouvir, apoiar e orientar, sempre com uma ... devendo ser submetida à patente e produzida industrialmente,

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  • UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SO PAULO CONSELHO DE PS-GRADUAO E PESQUISA

    MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMCIA

    CAROLINA MONTOVAM MONTEIRO

    DESENVOLVIMENTO FARMACOTCNICO E ESTUDO DE ESTABILIDADE DE UMA PREPARAO DE GEL DENTAL INFANTIL CONTENDO EXTRATO

    DE PRPOLIS VERDE TIPIFICADA

    So Paulo 2012

  • UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SO PAULO CONSELHO DE PS-GRADUAO E PESQUISA

    MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMCIA

    CAROLINA MONTOVAM MONTEIRO

    DESENVOLVIMENTO FARMACOTCNICO E ESTUDO DE ESTABILIDADE DE UMA PREPARAO DE GEL DENTAL INFANTIL CONTENDO EXTRATO

    DE PRPOLIS VERDE TIPIFICADA

    Dissertao apresentada, como exigncia parcial Banca Examinadora da Universidade Bandeirante de So Paulo UNIBAN, para obteno do ttulo de Mestre em Farmcia, sob orientao do Prof. Dr. Niraldo Paulino.

    So Paulo 2012

  • CAROLINA MONTOVAM MONTEIRO

    DESENVOLVIMENTO FARMACOTCNICO E ESTUDO DE ESTABILIDADE

    DE UMA PREPARAO DE GEL DENTAL INFANTIL CONTENDO EXTRATO

    DE PRPOLIS VERDE TIPIFICADA

    Dissertao apresentada, como exigncia parcial, para obteno do ttulo de

    Mestre em Farmcia.

    APROVADA EM 09 DE AGOSTO DE 2012.

    So Paulo 2012

  • Dedico este trabalho e a minha vida ao Pedro Monteiro Beraldo, meu

    filho, pois ele a pessoa que me permite realizar minhas conquistas com foco,

    dedicao e principalmente amor.

    Ao meu marido Ricardo Paulichi Beraldo por sempre me apoiar em

    minhas escolhas e ser um grande companheiro que soube me ouvir, enxugar

    minhas lgrimas e me confortar nos momentos difceis. Obrigada por no ter

    desistido de mim e mais que isso, suprir com amor e carinho minhas ausncias

    do convvio familiar, representando por muitas vezes, o papel de me, pai e at

    mesmo dono de casa.

    Aos meus pais por serem os maiores e melhores exemplos que me

    espelho desde criana. minha me, Maria Cleusa Montovam Monteiro, pela

    sua amizade, amor, carinho; uma mulher que no descansa nunca, sempre

    disposta a ajudar, ensinar e aconselhar, uma grande profissional que eu

    sempre quis ser igual quando crescesse, e quem sabe eu chego l. Ao meu

    pai, Reinaldo Monteiro, batalhador, smbolo de honestidade, profissionalismo e

    equilbrio, sua conduta inspiradora e sempre me faz querer ser melhor, tal

    como ele. para mim um orgulho e uma grande alegria ser filha de vocs e v-

    los, com o mesmo amor e carinho, me auxiliando a educar o Pedro, o que

    fazem com maestria, no s com meu filho mas com os outros netos tambm.

    Obrigada por fazerem de mim o que eu sou, sem jamais fazer nenhuma

    exigncia e mostrarem continuamente o caminho a seguir.

    Aos meus avs maternos, Verginia Neri Montovam e Renato Montovam,

    que pela enorme simplicidade demonstram que no devemos reclamar e sim

    lutar, sendo suas histrias vitoriosas vindas da roa um estmulo de vida.

    Aos meus avs paternos, em memria, Maria Madalena Monteiro e

    Domcio Monteiro, que mostraram muito mais da vida que podemos enxergar.

    Aos meus sogros Mirian Paulichi Beraldo e Miguel Beraldo Filho, que

    so como meus pais: atenciosos, carinhosos e amigos. Obrigada por

    compartilharem todos nossos momentos juntos e serem excelentes avs.

    Aos meus sobrinhos Reinaldo Netto, Natally, Luciana, Guilherme, Rafael

    e querida Talita; que sejam estimulados a desvendar os mistrios da vida.

    Dedico ainda este trabalho aos meus alunos das Faculdades Integradas

    Torricelli de Guarulhos, cujo aprimoramento profissional faz com que eu

    busque cada vez mais e constantemente, a investigao da cincia.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Prof Dr. Niraldo Paulino pelo apoio, confiana e incentivo durante a

    orientao, desde a elaborao, conduo e finalizao deste trabalho,

    tornando possvel a realizao do mesmo.

    Prof Dr Maria Cristina Marcucci, que sempre me recebeu com

    entusiasmo e um grande sorriso inspirador, ensinando com brilho nos olhos as

    maravilhas sobre a prpolis.

    Ao Prof Dr. Camillo Anauate Netto por se disponibilizar em me auxiliar

    desde o incio do projeto e sempre demonstrar solicitude em suas

    colaboraes.

    Prof Dr Cristina Eunice Okuyama, pelas excelentes sugestes e

    disposio por diversas vezes em me ouvir, apoiar e orientar, sempre com uma

    palavra amiga e elogios incentivadores.

    Prof Dr Claudete Justina Valduga e ao Prof Dr. Sergio de

    Mendona, que cederam seus laboratrios, materiais e conhecimentos para o

    desenvolvimento do trabalho. Agradeo, em especial ao Prof Sergio pelas

    valiosas orientaes e sugestes para o desenvolvimento da parte

    microbiolgica deste trabalho, que contriburam sobremaneira para a execuo

    do mesmo.

    A todos os professores do Programa de Mestrado pelas elucidativas e

    enriquecedoras aulas ministradas, que contriburam para meu crescimento

    intelectual e profissional.

    Prof Dr Marcia Regina dos Santos, coordenadora do Programa de

    Mestrado, por saber orientar e conduzir as diversas dificuldades encontradas

    no decorrer desta jornada e principalmente, por oferecer um ensino no qual a

    relao docente-discente baseada na humanizao.

    Aos tcnicos de laboratrio Oseraldo, Diogo, Rubens e Ivair por

    auxiliarem em diversas fases do trabalho. Agradeo em especial, a primordial

    contribuio do Issamu e o grande apoio e incentivo da Cristina dos Santos.

    Ms. Cristina Freitas Nunes Tina, por preparar o extrato mole de

    prpolis utilizado nas formulaes.

  • valiosa ajuda da amiga Andria Marques no desenvolvimento dos

    testes de densidade, com a qual alm de dividirmos laboratrio, equipamentos

    e materiais, compartilhamos angstias e conquistas.

    Ao colega Cristiano Ricardo pelos ensinamentos, com sua vasta

    experincia, no manuseio do equipamento viscosmetro e dicas diversas, em

    torno do desenvolvimento do produto.

    Aos colegas de turma Alessandra Fagioli, Sandra Scarano, Denilton

    Costa, Tiago Endrigue, Virginia Barbeitos, Maria Aparecida, Mali Civa,

    Janaina Romeiro, Letcia Casagrande, Alessandra Cappelaro, Daniel Freitas,

    Fernando Scremin, Rosa Andra, Christian, Rafael, Cristine, Marcelo, Ana,

    Rossi Van e todos os demais no citados, que de uma forma ou de outra

    fizeram parte desse momento, dividindo aprendizados, dvidas, alegrias e

    aflies.

    farmacutica e amiga Carolina Uchyia pelo fornecimento de matrias-

    primas e por disponibilizar o laboratrio de sua farmcia.

    Aos farmacuticos da Pharmacea Frmulas e Cosmticos: Dr ngela

    Keiko Gomi, Dr Irene, Dr. Rogrio, pelo fornecimento de matrias-primas; em

    especial, minha querida amiga Dr Thais Machado Caetano que, em nossos

    almoos me ouviu, apoiou, orientou e sempre me incentivou.

    Aos farmacuticos da Farmcia Violeta: Dr Mrcia Feroldi Baakilini, Dr.

    Leandro Bezerra e Dr Patrcia Mumme, pelo fornecimento de matrias-primas.

    distribuidora de insumos farmacuticos e cosmticos Chemyunion,

    representada por Thiago e Andria Souza, pelo envio da amostra do produto

    Proteol OAT.

    A todos que, direta ou indiretamente, contriburam para execuo deste

    trabalho.

    "Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.

    O poder da causa inteligente est na razo da grandeza do efeito."

    Allan Kardec

  • RESUMO

    A crie um problema de sade pblica que pode ser controlada a partir

    da criao de hbitos de higiene oral desde o surgimento do primeiro dente. A

    utilizao de dentifrcios fluoretados, principalmente em crianas menores de

    cinco anos, pode levar a uma intoxicao crnica denominada fluorose, devido

    ingesto do produto. A proposta desta pesquisa desenvolver e avaliar a

    estabilidade fsico-qumica e microbiolgica de um gel dental infantil contendo

    prpolis verde tipificada. Este componente ativo uma resina de origem natural

    produzida pelas abelhas que demonstra, por diversas evidncias cientficas, ter

    potencial teraputico a partir de suas propriedades biolgicas antibacteriana,

    antifngica, anti-inflamatria, analgsica, cicatrizante e vrias outras. O objetivo

    do desenvolvimento de uma formulao destinada ao pblico infantil foi de

    oferecer um produto composto por ingredientes naturais, seguro e eficaz, sem

    corante nem conservante, uma vez que a prpria prpolis assegura a

    preservao da preparao. Para comprovar a qualidade do produto

    desenvolvido, o mesmo passou por ensaios de estabilidade nos quais foram

    avaliadas suas caractersticas organolpticas, precipitao, potencial

    hidrogeninico, densidade, viscosidade e contagem microbiana. A formulao

    desenvolvida e avaliada demonstrou ser capaz de manter-se estvel em todos

    os parmetros avaliados, fsico-qumicos e microbiolgicos, durante os estudos

    de estabilidade preliminar e acelerado, devendo ser submetida patente e

    produzida industrialmente, contribuindo desta forma com a sade pblica,

    atravs do controle de crie infantil sem riscos de intoxicao por flor.

    Palavras-chave: Prpolis Verde Tipificada. Gel Dental Infantil. Estabilidade.

  • ABSTRACT

    Caries is a public health problem that can be controlled from the creation

    of oral hygiene habits from the emergence of the first tooth. The use of fluoride

    toothpastes, especially in children under five years can lead to chronic

    poisoning called fluorosis, due to the ingestion of the product. The purpose of

    this research is to develop and evaluate the physico-chemical and

    microbiological stability of a dental gel containing green propolis typed for

    children. This active ingredient is a natural resin produced by bees that

    demonstrates several scientific evidence, have therapeutic potential from their

    biological properties, antibacterial, antifungal, anti-inflammatory, analgesic,

    healing and many others. The goal of the development of a formulation

    intended to children is to provide a product composed of natural ingredients,

    safe and effective, colorless and preservative free, since the own propolis

    ensures the preservation of the preparation. To prove the quality of the product

    developed, the same passed stability tests which were evaluated in their

    organoleptic characteristics, precipitation, hydrogen potential, density, viscosity

    and microbial counts. The formulation developed and evaluated has been

    shown to be stable in all parameters, physico-chemical and microbiological,

    during the stability studies preliminary and stability studies fast, and should be

    submitted to the patent and produced industrially, thus contributing to public

    health by controlling caries child without risk of fluoride poisoning.

    Key-words: Green Propolis Typed. Children's Tooth Gel. Stability.

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos avaliados de

    acordo com a frequncia das anlises nas condies de

    temperatura e luminosidade empregadas no estudo de

    estabilidade preliminar ........................................................... 45

    Quadro 2 Parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos avaliados de

    acordo com a frequncia das anlises nas condies de

    temperatura e luminosidade empregadas no estudo de

    estabilidade acelerado ......................................................... 46

    Quadro 3 Critrios de classificao da amostra quanto s

    caractersticas organolpticas aps comparao com a

    especificao referencial ........................................................ 47

    Quadro 4 Quantidade de placas microbiolgicas empregadas de cada

    meio de cultura em cada fase do estudo para cada

    concentrao da amostra ....................................................... 54

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Manifestao de fluorose em diferentes graus ...................... 25

    Figura 2 Solubilidade de 10% do EMPV em Solventes

    Hidroalcolicos de diversos teores ........................................ 55

    Figura 3 Miscibilidade do EMPV em leo de casca de laranja, etanol

    e LSS ..................................................................................... 56

    Figura 4 Aparncia da F1 ..................................................................... 56

    Figura 5 Placa contendo a bactria Fusobacterium nucleatum ........... 60

    Figura 6 Placa contendo a bactria Porphyromonas gingivalis ........... 61

    Figura 7 Placa contendo a bactria Actinomyces israelli ..................... 61

    Figura 8 Placa contendo a bactria H. actinomycetemcomitans ......... 61

    Figura 9 Comparao da S3 EEPV e da D1 EMPV ............................. 62

    Figura 10 Aparncia da F12 ................................................................... 63

    Figura 11 Equipamento utilizado na Centrifugao das amostras ......... 63

    Figura 12 Aspecto da F12 aps a centrifugao, detalhando

    sobrenadante e precipitado .................................................... 64

    Figura 13 Aspecto da F13 aps a centrifugao, comparativamente

    F12 ......................................................................................... 64

    Figura 14 Peagmetro do Laboratrio de Ps Graduao em

    Farmcia da Uniban ............................................................... 65

    Figura 15 Aparncia da F25 imediatamente aps o preparo ................. 66

    Figura 16 Aparelho de Ultrassom do Laboratrio de Ps Graduao

    em Farmcia da Uniban ......................................................... 67

    Figura 17 Aparncia da F25 aps 30 minutos no banho de Ultrassom ... 68

    Figura 18 Estabilidade da amostra inicial da F25, selecionada para os

    Testes de Estabilidade ........................................................... 68

    Figura 19 Viscosmetro de Brookfield utilizado no estudo ..................... 70

    Figura 20 Aparncia da formulao aps 15 dias do preparo, mantida

    em Temperatura Ambiente Protegida da Luz ........................ 70

    Figura 21 Colorao padro da formulao selecionada ....................... 71

  • Figura 22 Material de acondicionamento das amostras submetidas s

    diferentes condies de temperatura durante o perodo de

    90 dias do Teste de Estabilidade ...........................................

    71

    Figura 23 Amostras estveis aps serem submetidas centrifugao

    ao trmino do Teste Preliminar ..............................................

    73

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 Valores de pH da mdia da triplicata das amostras

    armazenadas em diferentes temperaturas durante o Teste

    de Estabilidade Preliminar ..................................................... 73

    Grfico 2 Valores de densidade das amostras armazenadas em

    diferentes temperaturas durante o Teste de Estabilidade

    Preliminar ............................................................................... 74

    Grfico 3 Valores de viscosidade das amostras armazenadas em

    diferentes temperaturas durante o Teste de Estabilidade

    Preliminar ............................................................................... 74

    Grfico 4 Valores de pH das amostras armazenadas em diferentes

    temperaturas durante 30 dias do Teste de Estabilidade

    Acelerada ............................................................................... 80

    Grfico 5 Valores de densidade das amostras armazenadas em

    diferentes temperaturas durante 30 dias do Teste de

    Estabilidade Acelerada .......................................................... 80

    Grfico 6 Valores de viscosidade das amostras armazenadas em

    diferentes temperaturas durante 30 dias do Teste de

    Estabilidade Acelerada .......................................................... 81

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Teste de Solubilidade do EMPV em solues

    hidroalcolicas de diferentes teor etanlico ........................... 55

    Tabela 2 Soluo N 01 do EEPV a 25% (S1 EEPV) ........................... 56

    Tabela 3 Soluo N 02 do EEPV a 25% (S2 EEPV) ........................... 57

    Tabela 4 Soluo N 03 do EEPV a 25% (S3 EEPV) ........................... 57

    Tabela 5 Componentes e concentraes utilizados no

    desenvolvimento das Formulaes F1 a F13 ........................ 58

    Tabela 6 Componentes e concentraes utilizados no

    desenvolvimento das Formulaes F14 a F25 ...................... 59

    Tabela 7 Disperso N 01 do EMPV no tensoativo (D1 EMPV) ........... 62

    Tabela 8 Disperso N 02 do EMPV no tensoativo com etanol (D2

    EMPV) .................................................................................... 63

    Tabela 9 Anlise de pH de matrias-primas que compe a F15 do gel

    dental ..................................................................................... 66

    Tabela 10 Componentes e Concentraes da Formulao Selecionada

    (F25) ....................................................................................... 67

    Tabela 11 Especificaes do Gel Dental Infantil de Prpolis Verde

    Tipificada ................................................................................ 69

    Tabela 12 Resultado das Anlises Fsico-Qumicas do Teste de

    Estabilidade Preliminar das amostras submetidas s

    diversas condies de temperatura durante 15 dias ............. 72

    Tabela 13 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio

    de cultura PCA, durante o Estudo Preliminar de

    Estabilidade, aps 24h e 48h de incubao em estufa a

    37C ....................................................................................... 75

    Tabela 14 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio

    de cultura MacConkey durante o Estudo Preliminar de

    Estabilidade, aps 24h e 48h de incubao em estufa a

    37C ....................................................................................... 75

  • Tabela 15 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio

    de cultura Sabouraud durante o Estudo Preliminar de

    Estabilidade, aps 24h e 48h de incubao em estufa a

    30C .......................................................................................

    76

    Tabela 16 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio

    de cultura Sabouraud durante o Estudo Preliminar de

    Estabilidade, aps 96h de incubao em estufa a 30C........ 76

    Tabela 17 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio

    de cultura Sabouraud durante o Estudo Preliminar de

    Estabilidade, aps 7 dias de incubao em estufa a 30C .... 78

    Tabela 18 Resultado das Anlises Fsico-Qumicas do Teste de

    Estabilidade Acelerada das amostras submetidas s vrias

    condies de temperatura por 30 dias ................................... 79

    Tabela 19 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio

    de cultura PCA, referente ao 30 dia do Estudo de

    Estabilidade Acelerada, aps 24h e 48h de incubao em

    estufa a 37C ......................................................................... 81

    Tabela 20 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio

    de cultura MacConkey, referente ao 30 dia do Estudo de

    Estabilidade Acelerada, aps 24h e 48h de incubao em

    estufa a 37C ......................................................................... 82

    Tabela 21 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio

    de cultura Sabouraud, referente ao 30 dia do Estudo de

    Estabilidade Acelerada, aps 24h, 48h e 72h de incubao

    em estufa a 30C ................................................................... 82

    Tabela 22 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio

    de cultura Sabouraud, referente ao 30 dia do Estudo de

    Estabilidade Acelerada, aps 7 dias de incubao em estufa

    a 30C .................................................................................... 83

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABO Associao Brasileira de Odontologia

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    BHI Infuso de Corao e Crebro

    CIC Ciclos de 24 horas de aquecimento em estufa a 45C 2C e

    resfriamento em freezer a -5C 2C

    CMC Carboxi Metil Celulose

    CPO-D Dentes Cariados, Dentes Perdidos e Dentes Obturados

    cPs Centipoise

    D1 EMPV Disperso N 01 do Extrato Mole de Prpolis Verde

    D2 EMPV Disperso N 02 do Extrato Mole de Prpolis Verde

    EEPV Extrato Etanlico de Prpolis Verde

    EMPV Extrato Mole de Prpolis Verde

    EST Estufa a 45C 2C

    F1 a F25 Formulao N 01 a N 25 do Gel Dental

    FRE Freezer a -5C 2C

    g Gramas

    gt Gota

    h Horas

    L Litro

    LSS Lauril Sulfato de Sdio

    M molar

    M0 massa do picnmetro vazio (g)

    M1 massa do picnmetro com gua purificada (g)

    M2 massa do picnmetro com a amostra (g)

    mL Mililitros

    L Microlitros

    mm Milimetros

    N Nmero

    OMS Organizao Mundial de Sade

    OPAS Organizao Pan-Americana da Sade

    P.A. Puro para Anlise

  • PCA gar de Contagem de Placas

    pH potencial hidrogeninico

    p/p Peso/peso

    ppm Partes por milho

    qs Quantidade suficiente

    qsp Quantidade suficiente para

    RDC Resoluo da Diretoria Colegiada

    rpm Rotaes por minuto

    S1 EEPV Soluo N 01 do Extrato Etanlico de Prpolis Verde

    S2 EEPV Soluo N 02 do Extrato Etanlico de Prpolis Verde

    S3 EEPV Soluo N 03 do Extrato Etanlico de Prpolis Verde

    SUS Sistema nico de Sade

    TAE Temperatura Ambiente Exposta Luz

    TAP Temperatura Ambiente Protegida da Luz

    UFC Unidades Formadoras de Colnias

  • LISTA DE SMBOLOS

    % Porcento

    C Grau Celsius

    Mais ou menos

    + Positivo

    - Negativo

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ....................................................................... 18

    2 REVISO DA LITERATURA ................................................. 21

    2.1 CRIE .................................................................................... 21

    2.2 FLOR ................................................................................... 24

    2.3 PRPOLIS ............................................................................. 28

    2.3.1 Prpolis Verde Tipificada ....................................................... 31

    2.4 XILITOL .................................................................................. 34

    2.5 ESTUDOS DE ESTABILIDADE ............................................. 35

    3 JUSTIFICATIVA .................................................................... 37

    4 OBJETIVOS ........................................................................... 38

    4.1 OBJETIVO GERAL ................................................................ 38

    4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS .................................................. 38

    5 MATERIAIS E MTODOS ..................................................... 39

    5.1 MATERIAIS ............................................................................ 39

    5.1.1 Matrias-primas e Embalagens ............................................. 39

    5.1.2 Produtos Industrializados de Referncia ............................... 41

    5.1.3 Materiais de Laboratrio e Equipamentos ............................. 41

    5.2 MTODOS ............................................................................ 42

    5.2.1 Desenvolvimento Farmacotcnico das Formulaes ............ 42

    5.2.2 Avaliao dos Parmetros de Qualidade da Formulao

    Selecionada ........................................................................... 43

    5.2.3 Estudo de Estabilidade Preliminar ......................................... 44

    5.2.4 Estudo de Estabilidade Acelerada ......................................... 45

    5.2.5 Anlises fsico-qumicas ......................................................... 46

    5.2.5.1 Caractersticas Organolpticas: aspecto, cor, odor e sabor ... 46

    5.2.5.2 Avaliao do aspecto aps Centrifugao ............................. 47

    5.2.5.3 Determinao potenciomtrica do pH .................................... 48

    5.2.5.4 Determinao da Densidade .................................................. 48

    5.2.5.5 Determinao da Viscosidade ............................................... 49

    5.2.6 Anlises Microbiolgicas ........................................................ 50

  • 5.2.6.1 Preparo do meio de cultura PCA ........................................... 51

    5.2.6.2 Preparo do meio de cultura gar MacConkey ....................... 52

    5.2.6.3 Preparo do meio de cultura gar Sabouraud ......................... 53

    5.2.6.4 Semeadura das amostras nos meios de cultura .................... 53

    6 RESULTADOS E DISCUSSES .......................................... 55

    6.1 DESENVOLVIMENTO DA FORMULAO ........................... 55

    6.2 ESPECIFICAES DA FORMULAO SELECIONADA ..... 69

    6.3 ESTUDO DE ESTABILIDADE PRELIMINAR ........................ 71

    6.4 ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADA ......................... 78

    7 CONCLUSES ...................................................................... 84

    8 PERSPECTIVAS ................................................................... 85

    REFERNCIAS ............................................................................................ 86

  • 18

    1 INTRODUO

    O hbito de higiene oral na infncia possibilita que a criana tenha menor

    incidncia de crie na adolescncia e fase adulta (PERES et al., 2003). O dente que

    est em processo de erupo fornece condies mais favorveis para o acmulo

    bacteriano, o que acentuado pela falta de escovao deste dente pela criana,

    devido erupo ser acompanhada de sangramento gengival. Desde o incio da

    erupo at a erupo completa parece ser o perodo mais importante para qualquer

    dente, sendo considerado crtico para o desenvolvimento da crie o tempo desde o

    estabelecimento da dentio decdua at a transio para a dentio permanente

    (THYLSTRUP e FEJERSKOV, 1994).

    Os dentifrcios so associaes de substncias que, usadas na escovao

    diria, limpam ou removem depsitos exgenos aderidos aos dentes, tornando-os

    mais resistentes ao ataque das bactrias. Alm disso, reduzem a microbiota bucal

    anormal, eliminam manchas dos dentes e auxiliam na remoo da placa dental e do

    trtaro, controlando os odores bucais (APPEL e RUS, 2005).

    A fluoretao de cremes dentais uma das medidas preventivas de crie

    disseminadas pela Organizao Mundial de Sade (OMS). Entretanto, para a faixa

    etria infantil, at em torno dos 6 anos de idade, pode ocorrer a ingesto do creme

    dental com consequente absoro sistmica de flor.

    O flor ingerido absorvido principalmente pela mucosa gstrica e distribudo

    por todo o organismo se fixando nos tecidos em mineralizao - ossos e dentes. A

    toxicidade crnica desenvolvida denominada fluorose e manifesta-se nos dentes

    que esto em processo de formao do esmalte, tornando-o opaco em diferentes

    graus (CURY e TENUTA, 2010).

    O aumento na incidncia de fluorose dentria tem sido constatado em vrias

    cidades do mundo e a ingesto de dentifrcios contendo flor por crianas tem sido

    apontada como uma das causas desta alterao.

    Dentre as opes de creme dental infantil disponveis no mercado foram

    encontradas, basicamente, variaes com flor, xilitol, xilitol associado ao flor e,

    ainda uma opo natural indicada para proteo do dente de leite contendo

    Calndula. Embora haja excees, de um modo geral, os cremes dentais contendo

    flor, apresentam uma concentrao de 1.100 ppm, e so indicadas para crianas

    acima dos 6 anos de idade; aqueles contendo xilitol so indicados para bebs e

  • 19

    crianas de at 5 anos de idade; e, nas associaes de xilitol e flor, este ltimo

    apresenta-se em menor concentrao (500 ppm ou 750 ppm), sendo sinrgica a

    unio dos dois ativos e indicada para crianas, com a recomendao de que as

    menores de 6 anos de idade sejam supervisionadas por um adulto durante a

    escovao e usem quantidade pequena.

    H uma real necessidade de implementao de outras estratgias para

    minimizar os ndices de crie em crianas abaixo de 6 anos de idade, objetivando

    inclusive melhores ndices no decorrer de sua vida. Alm de evitar a intoxicao por

    flor, que pode ocorrer por ingesto a cada escovao, mesmo quando utilizado

    um dentifrcio de baixa concentrao de flor (CURY e TENUTA, 2010).

    A ingesto de flor deve ser rigorosamente controlada, principalmente em

    crianas menores de 5 anos. Desta forma, torna-se necessria a busca por agentes

    com atividade bactericida eficiente contra micro-organismos cariognicos e que no

    acarretem efeitos indesejveis (NOGUEIRA et al., 2007).

    Uma alternativa importante para eliminar os riscos da toxicidade crnica pelo

    flor o desenvolvimento de formulaes dentifrcias com componentes eficazes

    contra a crie, preferencialmente de origem natural, destinadas s crianas com

    dentes decduos.

    Um componente natural com potencial antibacteriano contra micro-

    organismos causadores da crie a prpolis, que agrega valor por no oferecer

    risco de toxicidade por ingesto do produto, fato muito comum para faixa etria

    estabelecida no estudo.

    A proposta da formulao reduzir a concentrao da prpolis de modo a

    facilitar o mascaramento do sabor e odor, porm mantendo sua eficcia. Para tanto,

    sugere-se a adio do xilitol, com dupla funo: melhorar o sabor da preparao por

    ser um edulcorante e atuar como co-ativo, em sinergia com a prpolis visando

    diminuir a populao de Streptococcus mutans na cavidade bucal. O delineamento

    da formulao foi realizado com a inteno de usar excipientes biocompatveis e que

    no oferecem riscos, mesmo se ingeridos pela criana, classe alvo do estudo. O uso

    de corantes foi desconsiderado, devido possibilidades de reaes de

    hipersensibilidade, que so indesejadas. Optou-se, portanto, o emprego de

    flavorizantes harmnicos com a colorao natural da formulao obtida. Ainda com o

    objetivo de idealizar um produto seguro para o pblico infantil, no foi utilizado

    nenhum tipo de preservante; sendo investigado o potencial da prpria prpolis,

  • 20

    utilizada como princpio ativo, em atuar paralelamente como conservante

    antimicrobiano durante a estabilidade da formulao.

    A estabilidade da formulao foi avaliada atravs da submisso do produto s

    condies extremas de temperatura com anlises frequentes de suas caractersticas

    organolpticas, precipitao, potencial hidrogeninico, densidade, viscosidade e

    contagem microbiana.

  • 21

    2 REVISO DA LITERATURA

    2.1 CRIE

    A crie dental uma das doenas mais antigas e de maior prevalncia

    (RODRIGUES et al., 2008), sendo considerada um problema de sade pblica

    (OLIVEIRA et al., 2008) comum em todo o mundo, ocorrendo entre 50% e 99% das

    pessoas na maioria das comunidades (FERRO et al., 2011).

    Caracteriza-se por ser uma doena crnica, complexa e multifatorial (BRETZ

    et al., 2005), que se inicia pela infeco por bactrias que fermentam carboidratos e

    produzem cidos no biofilme dentrio, alterando o equilbrio entre a superfcie dental

    e o fluido do biofilme, levando como consequncia, perda de mineral e da matriz

    orgnica dentinria (RODRIGUES et al., 2008).

    Para o desenvolvimento da leso de crie necessrio que o hospedeiro seja

    susceptvel e, apresente dieta e microbiota cariognicas, segundo postulado por

    Keyes em 1968. Porm, outros fatores tais como a qualidade e a quantidade de

    saliva, a virulncia dos micro-organismos, a higiene bucal do indivduo e seu

    conhecimento e comportamento frente doena, podem influenciar diretamente a

    progresso do desenvolvimento dessa doena (RODRIGUES et al., 2008).

    A cavidade oral possui uma microbiota natural e harmnica, porm em

    condies desfavorveis, um desequilbrio pode ocorrer e a doena prevalecer

    (RODRIGUES et al., 2008), sendo os micro-organismos encontrados nesta regio de

    maior interesse: Enterococcus faecalis, Streptococcus salivarius, Streptococcus

    sanguinis, Streptococcus mitis, Streptococcus mutans, Streptococcus sobrinus,

    Candida albicans, Lactobacillus casei (BRUSCHI et al., 2006), Actinomyces sp,

    Streptococcus oralis, Streptococcus gordonii, Fusobacterium nucleatum e

    Capnocytophaga ochraceae (RODRIGUES et al., 2008).

    O principal fator etiolgico local da crie o biofilme com caracterstica de

    acidogenicidade, onde esto presentes bactrias, principalmente Streptococcus sp e

    Lactobacillus sp, correlacionando estes micro-organismos ao desenvolvimento da

    doena (ZANELA et al., 2002 apud GONDIM, 2011).

    Atualmente, existem considerveis evidncias de que os estreptococos do

    grupo mutans desempenham um papel preponderante na crie em humanos

    (JAWETZ et al., 1998; RODRIGUES et al., 2008). So altamente acidognicos e

  • 22

    acidricos e o seu potencial cariognico bem estabelecido em animais (APPEL e

    RUS, 2005).

    A presena constante de carboidratos fermentveis, especialmente a

    sacarose, contribui para o desenvolvimento da placa cariognica, com caracterstica

    cida devido grande quantidade de cido lctico produzidos pela fermentao da

    sacarose. Essa acidez responsvel pelo desequilbrio da microbiota oral,

    contribuindo para a manifestao da crie, atravs do aumento de espcies

    intensamente acidognicas e acidricas, como Streptococcus mutans,

    Streptococcus sobrinus e Lactobacilus, e da reduo severa do nmero de

    Streptococcus sanguinis e de outras espcies indicadoras do estado de sade da

    regio (RODRIGUES et al., 2008).

    Os estreptococos do grupo mutans colonizam preferencialmente os dentes,

    sendo encontrados em altas propores nos sulcos, nas fissuras, reas de contato e

    outras zonas retentivas, de maneira que o seu padro de colonizao ocorre

    paralelamente com as reas susceptveis crie (APPEL e RUS, 2005).

    O perodo aps a erupo dos primeiros dentes considerada a fase de

    maior risco para desenvolvimento da doena (RODRIGUES et al., 2008). Em

    pesquisa realizada com crianas de 8 a 60 meses em Joinville, no estado de Santa

    Catarina, foi encontrada prevalncia de 99,25% de estreptococos do grupo mutans

    na placa dentria dos dentes decduos ntero-superiores (PERES et al., 2003).

    Para medir a incidncia dessa doena no planeta foi criado um mtodo de

    avaliao que aceito por toda a comunidade internacional como indicador do perfil

    da sade bucal: o ndice de Dentes Cariados, Dentes Perdidos e Dentes Obturados

    (CPO-D). Esse ndice CPO-D descrito por um valor que representa numericamente

    a prevalncia de crie dental no indivduo, sendo calculada a partir da quantidade de

    dentes em cada uma das situaes, ou seja, cariados, perdidos ou obturados; sendo

    que a apresentao de menores nmeros de CPO-D reflete em melhores nveis da

    doena (Organizao Pan-Americana da Sade OPAS/OMS - Brasil -

    http://www.opas.org.br/sistema/fotos/bucal.pdf).

    Embora os levantamentos epidemiolgicos venham demonstrando reduo

    significativa, ainda possvel observar, entre a populao infantil, alta prevalncia

    da doena crie, a qual responsvel pelo desenvolvimento de morbidades alm do

    comprometimento da sade sistmica da criana (FERRO et al., 2011).

    http://www.opas.org.br/sistema/fotos/bucal.pdf

  • 23

    Detalhada anlise da situao dessa doena em muitos pases mostram que

    h uma distribuio assimtrica da prevalncia de crie - o que significa que aos 12

    anos de idade ainda tem altos valores de CPO-D, embora uma parte seja totalmente

    livre de crie. O valor mdio de CPO-D nem sempre reflete com preciso essa

    distribuio assimtrica que leva errada concluso de que a situao da crie para

    toda a populao controlada, quando na realidade, muitas pessoas ainda tm crie

    (Who Oral Health Country/ Area Profile Programme http://www.whocollab.od.mah.

    se/sicdata.html).

    Em uma pesquisa com a populao do distrito de Mosqueiro em Belm do

    Par, a prevalncia de crie aos 18-36 meses de idade foi de 31,68%, progredindo

    com o aumento da idade, chegando a acometer 63,69% das crianas de 12 anos. O

    ndice de CPO-D em dentes decduos aos cinco anos foi de 3,57 e o ndice CPO-D

    em dentes permanentes aos 12 anos foi de 1,80 (PINHEIRO et al. 2006).

    Para o ano de 2010 foi estabelecida pela OMS uma meta para sade bucal,

    supondo que se tenha 90% de pessoas sem crie na idade de 5 a 6 anos e que o

    ndice CPO-D seja menor que 1 aos 12 anos de idade (Organizao Pan-Americana

    da Sade OPAS/OMS - Brasil - http://www.opas.org.br/sistema/fotos/bucal.pdf).

    Sobre este estudo epidemiolgico aplicado em base nacional e realizado em

    177 municpios brasileiros, constatou-se para o grupo de crianas de 5 anos,

    reduo de 17% de crie em dentes decduos, entre os anos de 2003 e 2010. Os

    ndices encontrados em 2003 foi de 2,8 e em 2010 foi de 2,3. Neste mesmo estudo

    para a faixa etria de 12 anos obteve-se uma reduo de 26% no ndice CPO-D,

    obtendo os valores de 2,8 em 2003 e 2,1 em 2010 (Pesquisa Nacional de Sade

    Bucal Brasil Sorridente Sistema nico de Sade (SUS) 2010 -

    http://189.28.128.100/dab/docs/geral/ apresentacao_ SB2010.pdf). Ou seja, apesar

    de obter diminuio nos ndices de CPO-D em ambos os grupos, ainda no foi

    possvel atingir a meta proposta pela OMS para aquele ano de 2010.

    Diversos estudos demonstram que o risco de crie nos dentes decduos pode

    ser reduzido se for evitada a colonizao por estreptococos do grupo mutans desde

    o incio at a completa erupo de todos os dentes decduos. Esse controle nesta

    fase imprescindvel, uma vez que a variedade de espcies da cavidade bucal da

    criana ainda pequena e instvel, o que facilita a colonizao dos micro-

    organismos (RODRIGUES et al., 2008).

    http://www.opas.org.br/sistema/fotos/bucal.pdfhttp://189.28.128.100/dab/docs/geral/%20apresentacao_%20SB2010.pdf

  • 24

    Uma das medidas preventivas disseminadas pela OMS a fluoretao de

    cremes dentais. A aplicao de flor em crianas pode reduzir, significativamente, o

    risco de crie (OLIVEIRA et al., 2008). No entanto, sabe-se que para a faixa etria

    em questo, o ndice de ingesto de creme dental e consequente absoro

    sistmica de flor alta e possui riscos de intoxicao.

    2.2 FLOR

    Os efeitos colaterais da ingesto do on flor dependem da dose absorvida e

    do tipo de exposio. Ao ser ingerido, em 30 a 45 minutos, 90% cai na corrente

    sangunea, pois sua absoro ocorre principalmente no estmago devido o pH cido

    facilitar o transporte do fluoreto, na forma de cido fluordrico, atravs das clulas da

    mucosa gstrica. O flor solvel cai no sangue, distribudo por todo o organismo

    se fixando nos tecidos em mineralizao - ossos e dentes (CURY e TENUTA, 2010).

    Se este aumento excessivo de flor na corrente sangunea ocorrer no perodo

    de odontognese, pode ocasionar a fluorose dental (OLIVEIRA et al., 2008). A

    fluorose dental um efeito sistmico e ocorre pela toxicidade crnica. Apenas os

    dentes em processo de formao do esmalte dental esto sujeitos a fluorose (CURY

    e TENUTA, 2010). Esta doena afeta um grande nmero de crianas, principalmente

    as menores de cinco anos de idade pela ingesto de produtos fluoretados, seja no

    processo de escovao, dieta ou gua fluoretada de abastecimento pblico

    (OLIVEIRA et al., 2008).

    Em estudo retrospectivo, Buzalaf et al. (2002) observaram que a relao entre

    fluorose e o consumo de suplementos infantis ou de leite em p no foi

    estatisticamente significante. J, a utilizao de dentifrcio fluoretado apresentou

    uma correlao positiva com a prevalncia de fluorose dentria. Em outro estudo,

    concluiu-se que, dentre as formas pesquisadas de acesso ao flor, inclusive a

    utilizao de gua de abastecimento pblico fluoretada para consumo e preparo de

    alimentos, a escovao dentria com dentifrcio fluoretado foi o fator mais relevante

    e altamente frequente nas crianas portadoras de fluorose dentria, principalmente

    pelo fato delas engolirem o dentifrcio durante a escovao (MARTINS et al., 2002).

    Tefilo et al. (2004) estimaram que 50% das crianas ingerem flor alm da

    dose limite de segurana, levando concluso que o dentifrcio fluoretado pode

  • 25

    contribuir sozinho para uma ingesto excessiva de flor e determinar um maior risco

    de fluorose nos dentes permanentes.

    O esmalte no fluortico translcido e a fluorose se manifesta atravs de

    diferentes graus de aumento de opacidade do esmalte, caracterizados atravs de

    linhas brancas transversais (Figura 1-A) que podem se fundir tornando o dente todo

    branco (CURY e TENUTA, 2010). Nos casos mais graves, o dente adquire uma

    colorao acastanhada ou marrom (Figura 1-B), com perda de estruturas dentais

    (OLIVEIRA et al., 2008).

    Figura 1 Manifestao de fluorose em diferentes graus.

    Legenda: (A) Esmalte opaco com linhas brancas transversais. (B) Dente com esmalte fluortico apresentando colorao acastanhada.

    Fonte: http://odontobloggers.blogspot.com.br/2011/02/fluorose-dentaria.html.

    O principal problema quanto ao uso de flor est na incorporao deste em

    formulaes de gel dentifrcio infantil, pois nestas formulaes esto presentes

    essncias que promovem sabor e odor agradvel fazendo com que as crianas

    menores de cinco anos que no possuem total controle dos msculos da deglutio

    ingiram em mdia 50% de gel dentifrcio por escovao (OLIVEIRA et al., 2008).

    Aps estudo clnico, Lima (2007) recomenda reduo do teor de flor dos

    dentifrcios infantis e a remoo do seu sabor agradvel para no favorecer a maior

    ingesto pela criana. Anzai (2003) sugere, para reduzir o risco de fluorose, que o

    uso de dentifrcios com as maiores concentraes de flor por crianas pr-

    escolares seja evitado. Somente pequenas quantidades devem ser colocadas na

    escova pelos pais ou com a superviso deles. O desenvolvimento e a avaliao de

    dentifrcios com menores concentraes de flor uma alternativa para crianas

    pequenas que esto sob risco de desenvolver fluorose. As embalagens dos

    dentifrcios podem apresentar um pequeno orifcio que dispensem pequenas

    quantidades, evitando a ingesto inadequada. necessrio cautela quando aromas

    A B

  • 26

    especiais ou estratgias de marketing so utilizadas, de modo que possam encorajar

    a ingesto de dentifrcios fluoretados.

    O aumento na incidncia de fluorose dentria tem sido constatado em vrias

    cidades do mundo e a ingesto de dentifrcios com flor por crianas tem sido

    apontada como uma das causas desta alterao. Em anlise comparativa de

    dentifrcios destinados s crianas, disponveis no mercado brasileiro, observou-se

    que o tamanho do orifcio dos tubos no padronizado, com motivos infantis e com

    sabores agradveis s crianas. Foi observado que no so todos os dentifrcios

    que apresentam a indicao de idade sendo evidente a falta de padronizao na

    apresentao dos produtos, concluindo-se que as mudanas so necessrias no

    sentido de aumentar os esclarecimentos fornecidos aos consumidores, por

    profissionais e fabricantes, sobre as caractersticas e utilizao dos dentifrcios

    (SANGLARD-PEIXOT et al., 2004).

    Recentemente, foi publicada a Resoluo da Diretoria Colegiada (RDC) N 16

    (BRASIL, 2011), de 12 de abril de 2011, que traz as seguintes condies de uso e

    advertncias que devem constar no rtulo para cremes dentais contendo de 0,1% a

    0,15% de flor, exceto se j constar que contra-indicado para crianas (por

    exemplo "Somente para uso adulto"), deve constar obrigatoriamente a seguinte

    advertncia: "Crianas at 6 anos: use uma quantidade do tamanho de uma ervilha,

    com superviso de um adulto durante a escovao para minimizar a deglutio. Se

    estiver ingerindo flor proveniente de outras fontes, consulte seu mdico ou

    dentista".

    A Resoluo que trata sobre a categorizao de cosmticos a RDC 79

    (BRASIL, 2000), de 28 de agosto de 2000 atualizada pela RDC 211 (BRASIL, 2005),

    de 14 de julho de 2005, que revoga os Anexos I, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV,

    XVII, XVIII, XIX, XX e XXI da Resoluo n 79/00. A lista de substncias que os

    produtos de higiene pessoal, cosmticos e perfumes no devem conter, exceto nas

    condies e com as restries estabelecidas, consta na RDC 16/11.

    A legislao em vigor autoriza a concentrao mxima no produto final de

    0,15% de flor, correspondente a 1.500 ppm.

    Para garantir o fornecimento de flor pelo dentifrcio necessrio que esteja

    na forma solvel (inica como fluoreto de sdio ou ionizvel como monofluorfosfato

    de sdio). Mas a legislao no inclui o termo solvel na especificao, permitindo

    que exista o risco de um dentifrcio ser completamente ineficaz para interferir na

  • 27

    progresso da crie dentria. Quando o abrasivo dos dentifrcios a slica, pode ser

    usado na forma inica de fluoreto de sdio, porm quando contm clcio, o flor

    deve estar necessariamente na forma ionizvel de monofluorfosfato de sdio para

    garantir uma compatibilidade qumica (COSTA, 2009).

    No se recomenda o uso de creme dental fluoretado em crianas de at 2

    anos de idade. Entre 3 e 6 anos de idade, indica-se o creme dental com

    concentrao reduzida de flor 500 ppm. A quantidade de creme dental utilizada

    deve ser pequena (FERELLE et al., 2008).

    Em um estudo in vitro avaliando dentifrcios contendo 500 e 1.100 ppm de

    flor concluiu-se que apresentaram concentraes inibitrias mnimas similares e

    atividade antimicrobiana para todos os micro-organismos, independente da

    concentrao de flor (VIEIRA et al., 2008).

    Crianas que ingerem uma grande quantidade de dentifrcio a cada

    escovao continuam sob risco aumentado de desenvolver fluorose, mesmo

    utilizando um dentifrcio de baixa concentrao de flor (CURY e TENUTA, 2010).

    H necessidade que a normatizao seja mais especfica para o grupo de

    produtos destinados higiene dental e bucal da classe infantil, iniciando pela

    classificao, restrio de dosagem e publicidade, com o objetivo de garantir o

    acesso ao produto mais apropriado para a faixa etria em questo e minimizar

    agravos sade, seja pela falta de um componente ativo, seja pelo excesso de dose

    do ativo que pode vir a causar toxicidade.

    Como na RDC 79 (BRASIL, 2000) cita uma categoria especfica denominada

    Produto de uso Infantil, todos os produtos destinados a esta faixa etria devem ser

    enquadrados em tal categoria, ou ainda, se enquadrar na classificao proposta pela

    RDC 211 (BRASIL, 2005): Dentifrcio Infantil, classificada como grau de risco 2, ou

    seja possui indicaes especficas, cujas caractersticas exigem comprovao de

    segurana e/ou eficcia, bem como informaes e cuidados, modo e restries de

    uso (BRASIL, 2005, p. 4).

    O que no ocorre na prtica, pois h dentifrcios destinados para crianas

    notificados como Grau de risco 1, que no tem necessidade de comprovar

    segurana e/ou eficcia e no apresentam informaes detalhadas quanto ao seu

    modo de usar nem mesmo restries de uso (BRASIL, 2005). Um exemplo,

    disponvel para consulta no banco de dados da ANVISA o Creme Dental U Smile

    para Crianas (apresentaes Tiens e Morango), fabricado por Tiens do Brasil e

  • 28

    com vencimento do registro apenas em 14/09/2014

    (http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/Notificado/ Rnotificado.asp).

    H dentifrcios infantis registrados como dentifrcio anticrie como, por

    exemplo Tandy Sabor Morangostoso e Gel Dental Colgate Jnior Bob Esponja,

    ambos fabricados por Colgate-Palmolive Indstria e Comrcio Ltda.

    (http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/Rconsulta_produto_detalhe_

    cosmtico.asp?NU_PROCESSO=2), inclusive com nomenclaturas e propagandas

    que estimulam o interesse da criana favorecendo a possibilidade de ingesto do

    produto contendo flor.

    E ainda h dentifrcios registrado como infantil, como o caso do Baby

    Colgate Barney, fabricados por Colgate-Palmolive Indstria e Comrcio Ltda.

    (http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/Rconsulta_produto_detalhe_

    cosmtico.asp?NU_PROCESSO=2), porm contm flor e indicado para crianas

    menores de 2 anos.

    H a possibilidade de estar sendo comercializados dentifrcios contendo flor

    de acordo com as especificaes, porm na forma insolvel e, portanto, ineficazes

    no controle da crie, como por exemplo, as formas fluoreto de alumnio, fluoreto de

    magnsio e fluoreto de clcio, conforme consta nas listas de substncias que os

    produtos de higiene pessoal, cosmticos e perfumes no devem conter, exceto nas

    condies e com as restries estabelecidas constantes do anexo da RDC 16,

    recentemente publicada em 12 de abril de 2011.

    2.3 PRPOLIS

    A prpolis um produto resinoso produzido pelas abelhas, quimicamente

    complexo, contendo material coletado a partir de gemas ou exsudatos de plantas,

    substncias volteis e cera de abelha (TEIXEIRA et al., 2005; DOTA, 2011). Essa

    complexa mistura de substncias usada na colmia para revestir as paredes

    internas, protegendo a entrada contra invasores, e tambm para inibir o crescimento

    de fungos e bactrias (GHISALBERTI, 1979; BURDOCK, 1998 apud ARAUJO et al.,

    2012).

    prpolis so atribudas diversas atividades biolgicas, sendo a mesma

    utilizada na terapia de vrias doenas infecciosas (DOTA, 2011).

    http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/Notificado/%20Rnotificado.asphttp://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/Rconsulta_produto_detalhe_%20cosmtico.asp?NU_PROCESSO=2http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/Rconsulta_produto_detalhe_%20cosmtico.asp?NU_PROCESSO=2http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/Rconsulta_produto_detalhe_%20cosmtico.asp?NU_PROCESSO=2http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/Rconsulta_produto_detalhe_%20cosmtico.asp?NU_PROCESSO=2

  • 29

    A composio e anlise para determinao qumica da prpolis muito

    dificultada por se tratar de uma mistura de produtos que varia de acordo com a flora

    caracterstica de cada regio e pode sofrer mudanas sazonalmente em uma

    mesma localidade (MENEZES, 2005; NASCIMENTO et al., 2008). Alm desses

    fatores, h ainda influncia pelas caractersticas genticas das abelhas (SOUSA et

    al, 2007).

    A composio qumica das prpolis europeias bastante similar, devido

    seletividade das abelhas na coleta das resinas, principalmente das espcies de

    Populus. J a composio qumica das prpolis produzidas na Amrica do Sul, onde

    rara a ocorrncia de Populus, observada diferena na composio de compostos

    fenlicos de prpolis de mesma origem floral de algumas regies brasileiras

    (AGUIAR et al. 2003).

    Quatro compostos foram isolados da prpolis brasileira. Eles so identificados

    como: cido 3-prenil-4-hidroxicinmico, 2,2-dimetil-6-carboxietenil-2H-1 benzopirano,

    3,5-diprenil-4-hidroxicinmico e 2,2-dimetil-6-carboxietenil-8-prenil-2H-1-benzopirano

    (MARCUCCI et al., 2001).

    O Brasil o segundo maior produtor de prpolis, estando atrs apenas da

    China (LUSTOSA et al., 2008 apud CAMPOS et al., 2011) sendo que os apicultores

    no nosso pas utilizam para produo da prpolis, quase que exclusivamente a

    abelha da espcie Apis mellifera, trazida ao Brasil pelos europeus, mesmo tendo

    mais de 400 espcies de abelhas nativas identificadas (KERR et al., 1996.;

    MENEZES et al., 2007 apud CAMPOS et al., 2011).

    As prpolis de origem brasileira, bem como de outros pases so estudadas

    paralelamente aos compostos de interesse farmacolgico isolados a partir delas, tais

    como o Artepilin C, o cido cafico fenetil ster, o cido p-cumrico, o cido cafico,

    a quercetina, a crisina e a naringenina, demostrando uma reduo de tumores em

    animais e efeitos citotxicos em cultura de clulas de tumor humano (DORNELAS et

    al., 2012).

    Em recente investigao, Mouse et al. (2012) avaliaram o potencial

    antitumoral de um extrato de prpolis marroquina in vitro, verificando atividade

    citotxica dose-dependente.

    A prpolis brasileira uma rica fonte de substncias fenlicas, sendo estes

    compostos identificados como responsveis pelas aes anti-inflamatria,

    antimicrobiana e antifngica (DOTA, 2011). A presena de flavonides e derivados

    http://lattes.cnpq.br/1101846438208893

  • 30

    de cido p-cumrico est relacionada com a atividade antioxidante (DORNELAS et

    al., 2012).

    A maioria das amostras de prpolis de abelhas nativas brasileiras no

    demonstram inibio do crescimento bacteriano, no entanto naquelas produzidas por

    Frieseomelitta varia (CAMPOS et al., 2011), foi identificado o cido 3,5-diprenil-4-

    hidroxicinmico, cido tambm conhecido como Artepillin C. Neste estudo, os

    pesquisadores reconheceram o Artepilin C como componente antibacteriano na

    prpolis produzida por esta abelha, e comprovaram sua eficcia antibacteriana in

    vitro contra as bactrias Aeromonas hydrophila, Pseudomonas aeruginosa, Bacillus

    subtilis e Staphylococcus aureus.

    Para produzir a prpolis, as abelhas adicionam suas enzimas salivares

    resina coletada da planta e este material em seguida, parcialmente digerido,

    seguido pela adio de cera tambm produzido pelas abelhas (ARAUJO et al.,

    2012).

    Um passo adicional observado no grupo de abelhas sem ferro da

    subfamlia Meliponinae, no qual resina, saliva e cera so misturados com solo, para

    formar a chamada geoprpolis, armazenada em grandes quantidades dentro das

    colmias e empregada como as demais (LIBERIO et al., 2011). Essas espcies so

    nativas da Amrica do Sul (BANKOVA et al., 1998 apud ARAUJO et al., 2012).

    Liberio et al. (2011) investigaram a atividade antimicrobiana contra patgenos

    orais deste tipo distinto de prpolis chamado geoprpolis, produzida por abelhas

    nativas Melipona fasciculata. No estudo observaram ao antimicrobiana contra S.

    Mutans e C. albicans, com atividade inibitria significativa contra biofilmes de S.

    mutans. A maior atividade antimicrobiana foi verificada no extrato contendo maior

    concentrao de flavonide e, o teste num modelo animal da preparao do gel

    contendo o geoprpolis demonstrou efeito anti-inflamatrio e ausncia de toxicidade.

    Estudos recentes com prpolis demonstram resultados promissores, os quais

    podem facilitar a aplicao profiltica (URUSHISAKI, 2011), alm da maioria dos

    resultados obtidos com a aplicao da prpolis produzida por Apis mellifera

    demonstram que sua utilizao relativamente segura, pelo fato de apresentar

    baixa toxicidade (BURDOCK, 1998; MORENO et al., 2005 apud LIBERIO et al.,

    2011).

    Esse ativo de origem natural adicionado aos cremes dentais como um

    componente de profilaxia para as doenas periodontais. O creme dental mostra

  • 31

    muito boa limpeza e efeito inibidor da placa, alm de efeito anti-inflamatrio

    pronunciado (BOTUSHANOV, GRIGOROV et al., 2001).

    Num estudo com pacientes com periodontite crnica tratados com prpolis

    observou-se uma diminuio na contagem de bactrias anaerbicas viveis totais,

    um aumento na proporo de stios com nveis baixos de Porphyromonas gingivalis,

    e uma diminuio no nmero de locais com presena de leveduras detectvel

    (GEBARAA, 2003).

    Em experincia realizada na Hungria considerou-se bem aplicvel o uso de

    um creme dental funcional contendo prpolis aps a cirurgia na cavidade oral, pois

    promove a cicatrizao de feridas, em casos que envolvam processos na cavidade

    oral que cicatrizam com dificuldade, e durante a cicatrizao de queimaduras (por

    exemplo, aps a cirurgia a laser). Ela protege a gengiva, e seu uso recomendado

    em casos de doenas da mucosa oral (SZABO E NEMETH, 2010).

    Muitas propriedades biolgicas tm sido atribudas a vrios tipos de

    prpolis, dentre elas: anti-inflamatria, antioxidante, antimicrobiana, antitumoral,

    cicatrizante, atividades imunomoduladoras (ARAUJO et al., 2012) e antiviral

    (URUSHISAKI, 2011).

    A atividade anti-inflamatria da prpolis foi associada aos compostos

    polifenis tais como flavonides, cidos fenlicos e seus steres, terpenides,

    esterides e aminocidos (ARAUJO et al., 2012).

    A especificao do tipo e origem da prpolis, bem como o gnero das

    espcies de abelhas produtoras, fundamental na pesquisa deste complexo produto

    natural, uma vez que os vrios tipos de prpolis podem ter composies qumicas

    diversas e aes variadas de acordo com esses fatores (ARAUJO et al., 2012).

    2.3.1 Prpolis Verde Tipificada

    A tipificao da prpolis classifica de forma quantitativa os marcadores de

    acordo com suas concentraes, favorecendo a industrializao de medicamentos,

    cosmticos e produtos de higiene oral utilizando um tipo conhecido de prpolis, com

    quantidades estabelecidas de componentes bioativos e, passvel de serem

    realizados controles de qualidade (MARCUCCI, 2006).

  • 32

    Os pices da popularmente conhecida como alecrim-do-campo, cuja espcie

    cientfica Baccharis dracunculifolia (famlia Asteraceae) tm sido apontados como

    fontes da resina para a prpolis verde (TEIXEIRA et al., 2005).

    Ao se comparar a prpolis com a composio de extratos dos pices

    vegetativos da Baccharis dracunculifolia, observa-se grande concordncia, sendo

    confirmado por Marcucci et al. (2008) atravs de espectrometria de massa e por

    Nascimento et al. (2008) atravs de cromatografia a gs que o alecrim-do-campo a

    fonte vegetal mais importante para a preparao da prpolis verde e que as abelhas

    so muito seletivas na busca deste vegetal.

    Em localidades onde h predominncia de mata nativa caracterstica de

    cerrado e, em havendo a presena dessa espcie, a abelha da espcie Apis

    mellifera, produz principalmente a prpolis verde, seja em qualquer poca e estgio

    de crescimento da planta (SOUSA et al, 2007).

    A prpolis verde do sudeste do Brasil muitas vezes referida como "Prpolis

    brasileira", mas existem vrios outros tipos de prpolis brasileira, sendo identificados

    por Marcucci et al. (2008) a prpolis vermelha proveniente do nordeste do Brasil, a

    prpolis marrom do sul e a prpolis verde da regio Sudeste.

    A composio de cada tipo de prpolis, assim como sua cor, diretamente

    relacionada regio geogrfica e a vegetao predominante. A tipificao tem por

    finalidade definir os principais compostos marcadores para cada uma das prpolis,

    bem como mostrar as especficas concentraes de cada um dos marcadores para,

    finalmente, estabelecer padres de qualidade para prpolis, direcionando a

    aplicao teraputica de maneira apropriada (MARCUCCI et al., 2008).

    A prpolis verde proveniente dos estados de So Paulo e Minas Gerais

    pertence ao tipo chamado BRP/SP/MG. Os principais compostos que foram

    considerados marcadores e quantificados neste tipo de prpolis so: cido cafico,

    cido p-cumrico, cido 3-prenil-4-hidroxicinmico, cido 3,5-diprenil-4-

    hidroxicinmico e cido 2,2-dimetil-8-prenil-2H-1-benzopirano-6-propenico

    (MARCUCCI et al., 2008).

    A prpolis verde brasileira, coletada em Minas Gerais contm principalmente

    compostos polifenlicos, tais como flavonas, flavanonas, cidos fenlicos, e steres

    de cidos fenlicos; composio da qual permanece relativamente constante

    (URUSHISAKI, 2011).

  • 33

    O tipo BRP/PR a prpolis verde do Paran que apresenta muitos compostos

    em comum com BRP/SP/MG, sendo seus marcadores: cido cafico, cido 3,5-

    diprenil-4-hidroxicinmico, cido 2,2-dimetil-8-prenil-2H-1-benzopirano-6-propenico,

    cido 2,2-dimetil-8-prenil-2H-1-benzopirano-6-propenico, cido 3-prenil-4-

    hidroxicinmico, cido p-cumrico e cido 2,2-dimetil-2H-1-benzopirano-6-

    propenico (MARCUCCI et al., 2008).

    Devido ampla variao na concentrao dos marcadores e sua importncia

    econmica, a prpolis BRP/SP/MG foi ainda classificada em quatro subtipos de

    composio qualitativa semelhante, no qual BRPX tem a mais alta concentrao de

    compostos bioativos, seguido por BRP1, BRP2 e por fim BRP3 (MARCUCCI et al.,

    2008).

    Conforme Marcucci (2006) props ANVISA atravs de Nota Tcnica de 14

    de setembro de 2005, a prpolis do tipo BRP1 deve apresentar para cada marcador

    as seguintes concentraes: cidos 3-prenil-4-hidroxicinmico (mnimo de 1,0%),

    3,5-diprenil-4-hidroxicinmico (mnimo de 2,7%), 2,2-dimetil-8-prenil-2H-1-

    benzopirano-6-propenico (mnimo de 2,3%), cafico (mnimo de 1,8%) e p-cumrico

    (mnimo de 1,6%). As indicaes teraputicas antibacteriana, anti-inflamatria,

    analgsica, antialrgica, cicatrizante e antioxidante para esta tipificao, j foram

    comprovadas atravs de estudos cientficos. Sugere-se ainda que se, a sub-tipagem

    da prpolis apresentar quantidades menores dos marcadores, a concentrao da

    mesma, empregada na formulao, dever ser maior, a fim de se obter uma

    proporcionalidade.

    O cido 3,5-diprenil-4-hidroxicinmico, denominado de Artepilin C o principal

    marcador da prpolis brasileira (MARCUCCI, 2006), sendo identificado como

    caracterstico da prpolis verde (NASCIMENTO et al., 2008) e apresenta-se como

    um composto majoritrio que demonstrou efeito anti-inflamatrio (PAULINO et al.,

    2008) e empregado na forma de p pelos japoneses para tratamento de tumores

    (MARCUCCI, 2006).

    Dota (2011) avaliou in vitro a atividade antifngica do extrato etanlico de

    prpolis contra Candida albicans, constatando que o extrato de prpolis estudado foi

    capaz de inibir todas as leveduras testadas. A amostra de prpolis analisada

    classificada como tipo BRP e foi coletada de colmias localizadas dentro de uma

    reserva de eucaliptos cercada por mata nativa com predominncia de Baccharis

    dracunculifolia.

  • 34

    Os efeitos da prpolis verde extrada em LLisina foram recentemente

    determinados por Dornelas et al. (2012) como sendo quimiopreventiva contra a

    carcinognese de bexiga se administrada 30 dias antes do incio da induo por N-

    Butil-N-[4-hidroxibutil] nitrosamina.

    A anlise da atividade do extrato aquoso de prpolis verde brasileira

    demonstrou fortes indcios que possui um efeito anti-influenza e a avaliao de seus

    componentes demonstrou que os cidos cafeoilqunicos so os ativos anti-viral,

    sugerindo que no tem impacto direto sobre o vrus da gripe, mas pode ter uma

    atividade citoprotetora afetando o processo celular interno. No entanto, os

    componentes cido p-cumrico, Artepillin C, baccharin, drupanin, e kemferide no

    apresentam atividade anti-influenza (URUSHISAKI, 2011).

    A prpolis produzida por Apis mellifera demonstra propriedades

    antibacterianas contra bactrias Gram negativas (Aeromonas hydrophila e

    Pseudomonas aeruginosa) e Gram positivas (Bacillus subtilis e Staphylococcus

    aureus), no entanto o potencial de atividade varia de acordo com a localizao

    geogrfica da colmia (CAMPOS et al., 2011).

    indicada como adjuvante no controle ou profilaxia da crie dentria e outras

    doenas infecciosas da cavidade oral, devido seus efeitos inibidores sobre micro-

    organismos cariognicos, tais como Streptococcus mutans e Lactobacillus sp, e

    ainda sobre as glucosiltransferases, ou seja, enzimas bacterianas envolvidas no

    processo cariognico (IKENO et al., 1991; SAWAYA, et al., 2004 apud LIBERIO et

    al., 2011). Inibe ainda o crescimento de outras bactrias de interesse odontolgico

    tais como: Streptococcus salivarius, Streptococcus mitis e Lactobacillus casei

    (GONDIM, 2011).

    2.4 XILITOL

    O xilitol, encontrado em vrios vegetais, um edulcorante com poder

    adoante semelhante sacarose, tendo o grande diferencial de ser no cariognico.

    Ele reduz o ndice de crie devido ao seu poder estimulante de salivao, o que

    contribui para o aumento do pH da placa e promove a remineralizao (APPEL e

    RUS, 2005).

    Bastos et al. (2005) tambm descreveram essas e outras propriedades

    anticariognicas do xilitol que esto relacionadas reduo na adeso de placa,

  • 35

    comprometimento do crescimento de bactrias cariognicas, sendo especfico para

    Streptococcus mutans (GONALVES et al., 2001) e remineralizao, com a

    observao desta ocorrer em leses iniciais da crie.

    Em um estudo com meninos de 8 a 16 anos, foi constatado que solues de

    fluoreto de sdio a 0,05% contendo 2,5% ou 12,5% de xilitol apresentaram melhores

    resultados em relao diminuio do nmero de estreptococos do grupo mutans

    presentes na saliva quando comparadas soluo de fluoreto de sdio a 0,05%. A

    associao de flor e xilitol promove um efeito adicional na reduo do nmero de

    estreptococos do grupo mutans, embora esse efeito no apresente alteraes com o

    aumento da concentrao de xilitol (GONALVES et al., 2001).

    Uma alternativa para explicar como o xilitol age impedindo o crescimento de

    bactrias cariognicas, que ele no fermentado pelo S. mutans e S. sobrinus

    (ROBERTS et al., 2002). Tambm no fermentado pela maioria dos micro-

    organismos bucais e, portanto, considerado no cariognico, por no promover a

    formao de produtos finais cidos pelas bactrias da placa dental (GONALVES et

    al., 2001).

    2.5 ESTUDOS DE ESTABILIDADE

    O estudo da estabilidade, segundo o Guia de Estabilidade de Produtos

    Cosmticos (ANVISA, 2004a) tem por objetivo indicar o grau de estabilidade relativa

    do produto em anlise, submetendo-o a vrias condies que possa estar sujeito

    desde sua fabricao at o fim de sua validade. Essa estabilidade relativa, pois

    varia com o tempo e em funo de fatores que aceleram ou retardam alteraes nos

    parmetros do produto, tais como temperatura, umidade, luminosidade, presena de

    oxignio, incompatibilidades fsico-qumica entre os componentes da formulao ou

    entre a formulao e o material de acondicionamento.

    As vrias condies impostas nos ensaios de estabilidade, tais como:

    temperatura, presena de luz e tipo de material de acondicionamento; so

    essenciais para assegurar a estabilidade da preparao (ALLEN JR. et al., 2007).

    Os produtos que no so estreis, devem ser submetidos aos controles da

    contaminao microbiana, pois esta pode levar no somente sua deteriorao,

    com mudanas fsicas e qumicas associadas, mas tambm, ao risco de infeco

    para o usurio (BRASIL, 2010).

  • 36

    Antes de submeter a formulao aos ensaios de estabilidade, necessrio

    realizar o teste de centrifugao, cujo objetivo apontar possvel instabilidade na

    preparao, demonstrando a necessidade de reformulao. Apenas o produto que

    permanece estvel poder ser submetido aos testes de estabilidade (ANVISA,

    2004a).

    As amostras devem ser armazenadas em quantidade suficiente para as

    anlises necessrias, nunca completando o volume total da embalagem, permitindo

    possveis trocas gasosas num espao de um tero da capacidade do frasco

    (ANVISA, 2004a).

    No teste de estabilidade preliminar, a amostra ser submetida a condies

    extremas de temperatura e diversos parmetros sero analisados (ISAAC et al.,

    2008), consistindo na fase inicial do desenvolvimento do produto (ANVISA, 2004a).

    J o teste de estabilidade acelerada, emprega condies no extremas (ISAAC et

    al., 2008) e pode ser usado para estimar o prazo de validade da formulao, sendo

    considerado um estudo preditivo, pois alm da vida til do produto, prev a

    estabilidade e compatibilidade da formulao com o material de embalagem

    (ANVISA, 2004a).

  • 37

    3 JUSTIFICATIVA

    Proporcionar criana o hbito de higiene oral possibilita uma menor

    incidncia de crie na adolescncia e na fase adulta. O uso de dentifrcios contendo

    flor a oferta mais comum para preveno desta doena. No entanto, a ingesto

    desses produtos por crianas com idade inferior a 6 anos favorecida pelo fato de

    no possurem total controle dos msculos da deglutio, aliada apresentao dos

    dentifrcios ser colorida e com temas infantis, alm de possurem aroma e sabor

    agradveis.

    Essa ingesto de dentifrcios com flor tem sido apontada, em todo o mundo

    como a responsvel pelo aumento da incidncia de fluorose dentria.

    Torna-se, portanto, necessria a implementao de outras estratgias para

    minimizar os ndices de crie em crianas com idade inferior a 6 anos, com a

    utilizao de uma opo eficaz e segura, evitando a intoxicao por flor.

    Como alternativa sugere-se o desenvolvimento de dentifrcios com

    componentes seguros e eficazes contra a crie, preferencialmente de origem

    natural, destinadas s crianas com dentes decduos.

    Dessa forma, o emprego da prpolis verde, cujas evidncias cientficas

    apontam grandes benefcios sade bucal, dar origem a um gel dental associado a

    outros excipientes, entre eles o xilitol, objetivando oferecer uma opo de higiene

    oral palatvel para o pblico infantil, sem corante nem preservante, eficaz na

    preveno contra crie e segura, no oferecendo risco de desenvolvimento de

    fluorose.

  • 38

    4 OBJETIVOS

    4.1 OBJETIVO GERAL

    - Desenvolver e avaliar a estabilidade de uma formulao de gel dental

    contendo prpolis verde tipificada para uso infantil.

    4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    - Desenvolver farmacotecnicamente a formulao de acordo com a

    compatibilidade entre os insumos.

    - Determinar as especificaes do produto formulado atravs de anlises para

    verificao das caractersticas organolpticas, pH, densidade, viscosidade e

    contagem microbiana.

    - Avaliar a estabilidade fsico-qumica e microbiolgica do produto atravs de

    estudos preliminares e testes de estabilidade acelerada.

  • 39

    5 MATERIAIS E MTODOS

    5.1 MATERIAIS

    5.1.1 Matrias-primas e Embalagens

    Foram utilizadas matrias-primas e embalagens fabricadas por empresas

    qualificadas dos ramos farmacutico e cosmtico, adquiridas mediante laudo de

    anlise. Segue abaixo listagem contendo o nome do material, fabricante, origem,

    procedncia, nmero de lote, datas de fabricao e validade, conforme a

    disponibilidade das informaes.

    - gar MacConkey Fabricado por: Himedia Laboratories PVT Ltda. Origem:

    ndia Lote: 110500 Data de Fabricao: 06/2011 Data de Validade:

    30/03/2016.

    - gua Destilada Produzida por: Laboratrio da Uniban.

    - lcool Etlico Absoluto P.A. Fabricado p: Synth Lote: 148224 Data de

    Fabricao: 24/10/2011 Validade: 24/10/2014.

    - Aroma de Banana em P Fabricado por: Aromax Procedncia: Brasil Lote:

    100103511 Data de Fabricao: 02/2010 Data de Validade: 02/2012.

    - Aroma de Baunilha Extrato Natural em P Fabricado por: Aromax

    Procedncia: Brasil Lote: 111036966 Data de Fabricao: 10/2011 Data de

    Validade: 10/2013.

    - Aroma de Chocolate em P Fabricado por: Aromax Procedncia: Brasil

    Lote: 110932367 Data de Fabricao: 09/2011 Data de Validade: 09/2013.

    - Aroma de Morango em P Fabricado por: Aromax Procedncia: Brasil Lote:

    111141449 Data de Fabricao: 11/2011 Data de Validade: 11/2013.

    - Bisnagas de Alumnio de 15g Distribudo por: Vip Embalagens Lote: 465

    Data de Fabricao: 31/12/2009.

    - Bisnagas de Alumnio de 120g Distribudo por: Vip Embalagens Lote: 68

    Data de Fabricao: 25/04/2010.

    - Carboxi Metil Celulose (CMC) Distribudo por: Deg Origem: Nacional

    Procedncia: Nacional Lote: 0000104569 Data de Fabricao: 05/01/2011

    Data de Validade: 05/01/2012.

  • 40

    - Cloreto de Sdio P.A. Fabricado por: Chemco Lote: 24855 Data de

    Fabricao: 07/2011 Data de Validade: 07/2013.

    - Dixido de Silcio Coloidal (Tixosil 333) Fabricado por: Rhodia Distribudo por:

    Via Farma Origem: Brasil Procedncia: Brasil Lote: 081010 Data de

    Fabricao: 08/2010 Data de Validade: 08/2011.

    - Extrato Mole de Prpolis Verde Tipificada (EMPV) sub-tipo BRPX Data de

    Fabricao: 10/06/2010; cedido gentilmente pela Prof Dr Maria Cristina

    Marcucci Ribeiro, coordenadora do Laboratrio de Qumica de Produtos Naturais

    da Universidade Bandeirante de So Paulo.

    - Glicerina Distribudo por: Casa Americana Lote: GF000111 Data de

    Fabricao: 15/08/2011 Data de Validade: 15/08/2014.

    - Hidrxido de Sdio 4M Produzido por: Laboratrio da Uniban

    - Lauril Sulfato de Sdio (LSS) - Distribudo por: Pharma Nostra Origem: China

    Procedncia: Hong Kong Lote: IF-LA-100723 Data de Fabricao: 07/2010

    Data de Validade: 07/2013.

    - Meio de Cultura BHI Sangue Produzido por: Laboratrio da Uniban Data de

    Validade: 03/03/2012.

    - Meio de Cultura Miller Hinton Produzido por: Laboratrio da Uniban Data de

    Validade: 03/03/2012.

    - leo de Casca de Laranja (Citrol) Produzido por: Biodinmica Qumica e

    Farmacutica Ltda. Lote: 322/11 Data de Validade: 05/2014.

    - leo Essencial de Menta Piperita Produzido por: WNF Ind. Com. Ltda. Lote:

    074/11 Data de Fabricao: 09/2011 Data de Validade: 09/2014.

    - Plate Count gar (PCA) Fabricado por: Himedia Laboratories PVT Ltda.

    Origem ndia Lote: 97816 Data de Fabricao: 02/2011 Data de Validade:

    01/10/2015.

    - Proteol OAT (Lauroato de sdio e aminocidos de aveia) Distribudo por:

    Chemyunion Origem: Frana Lote: 1008500011 - Da ta de Fabricao:

    26/03/2010 Data de Validade: 25/03/2013.

    - Sabouraud Dextrose gar Fabricado por: Himedia Laboratories PVT Ltda.

    Origem ndia Lote: 112111 Data de Fabricao: 06/2011 Data de Validade:

    30/04/2014.

    - Sach de Alumnio Tamanho 70x100mm Distribudo por: Ely Martins Lote:

    031611 Data de Validade: 31/03/2014.

  • 41

    - Sach de anaerobiose Data de Validade: 09/2012.

    - Soluo Tampo pH 4,01 Produzido por: Laboratrio da Uniban Data de

    Fabricao: 22/06/2011.

    - Soluo Tampo pH 6,86 Produzido por: Laboratrio da Uniban Data de

    Fabricao: 22/06/2011.

    - Tampo Fosfato pH 7,0 Produzido por: Laboratrio da Uniban.

    - Xilitol Fabricado p: Zhejinag Huakang Distribudo por: Via Farma Origem:

    China Procedncia: Brasil Lote: XC10120801 Data de Fabricao: 12/2010

    Data de Validade: 12/2013.

    5.1.2 Produtos Industrializados de Referncia

    Como critrio de referncia, algumas anlises fsico-qumicas e

    microbiolgicas foram baseadas nos seguintes produtos comercializados:

    - Gel Dental Cocoric Bitufo Sabor Tutti-Frutti Fabricado por: IPH&C Lote:

    067970 Validade: 05/08/2014.

    - Gel Dental Prophyto Formulado e Distribudo por: Pharmacosmtica

    Fabricado por: Yakult S.A. Lote: PHYPE001 Validade: 05/2011.

    5.1.3 Materiais de Laboratrio e Equipamentos

    Para o desenvolvimento do presente estudo foi necessria a utilizao dos

    seguintes materiais de laboratrio e equipamentos:

    Ala de Drigalski, Barbante, Basto de vidro, Bquer de vidro, Erlenmeyer, Esptula

    de silicone, Esptula metlica, Estante para tubo de ensaio, Jarra de anaerobiose,

    Pipeta graduada, Pipetador automtico, Pisseta, Ponteiras para micropipeta, Placa

    de petri estril 90mmx15mm lisa Lote: 101028/1-2 Data de Fabricao:

    28/10/2010, Proveta de vidro, Tampo de gaze para erlenmeyer, Termmetro, Tubo

    de ensaio, Tubo Falcon, Vidro de relgio, Agitador magntico com aquecimento

    Fisatom modelo 752A n srie 0935678, Autoclave vertical modelo 415 Fanem,

    Balana analtica Shimadzu modelo AY220 n srie D452203375, Balana semi-

    analtica Marte Modelo AS 1000 C (n Srie 282618), Banho de Ultrassom Maxiclean

  • 42

    1600 A Unique, Bico de bunsen, Centrfuga Excelsa II modelo 206 MP Fanem,

    Estufa Quimis modelo 142 n de srie 704.074, Estufa de cultura Orion modelo

    502A Fanem (002CB), Estufa de cultura Revco modelo RCO3000TVBB, Fluxo

    Laminar Vertical Pachane, Freezer do refrigerador Continental modelo Elegance RC

    26, Palitos de fsforo, Papel absorvente descartvel, Peagmetro digital Alpax

    modelo APA200 n de srie 6041/307, Picnmetro metlico de alumnio Universal

    capacidade de 25 mL, Ultrapurificador de gua Master System Gehaka n srie

    05072703001001, Seladora Barbi modelo TC-260, Viscosmetro rotacional

    Brookfield RVT (n Srie 107625).

    5.2 MTODOS

    5.2.1 Desenvolvimento Farmacotcnico das Formulaes

    O desenvolvimento das formulaes envolveu a elaborao de diversas

    preparaes, sempre veiculadas em gel, utilizando como princpio ativo a prpolis

    verde tipificada e como excipientes insumos com ao edulcorante, flavorizante,

    espumante, espessante e umectante. Essas funes farmacotcnicas foram

    selecionadas com a finalidade de se obter a formulao mais apropriada de Gel

    Dental Infantil contendo Prpolis Verde Tipificada.

    Antes do desenvolvimento da formulao necessrio avaliar e considerar as

    caractersticas qumicas e fsicas particulares de cada substncia, afim de preparar

    da melhor forma o produto final que ser aprovado para comercializao (ALLEN

    JR. et al., 2007).

    Para o preparo das diferentes formulaes desenvolvidas foi requerida

    inicialmente a compatibilidade do ativo e excipientes. Isso fundamental para

    obteno de um produto estvel, eficaz, atrativo, fcil de administrar e seguro

    (ALLEN JR. et al., 2007).

    A prpolis verde do tipo BRPX utilizada neste estudo foi fornecida pela

    empresa Novo Mel e utilizada na forma de Extrato Mole, com resduo slido de

    93,5%, preparado pela pesquisadora Ms. Cristina Freitas Nunes e cedido

    gentilmente pela Prof Dr Maria Cristina Marcucci Ribeiro, coordenadora do

    Laboratrio de Qumica de Produtos Naturais da Universidade Bandeirante de So

    Paulo. As concentraes apresentadas de seus principais marcadores foram de:

  • 43

    cidos 3-prenil-4-hidroxicinmico (mnimo de 1,3%), 3,5-diprenil-4-hidroxicinmico

    (mnimo de 3,6%), 2,2-dimetil-8-prenil-2H-1-benzopirano-6-propenico (mnimo de

    3,5%), cafico (mnimo de 2,6%) e p-cumrico (mnimo de 2,2%), conforme

    especificao de tipificao proposta por Marcucci et al. (2008).

    A incorporao deste ativo foi feita atravs de testes de solubilidade e

    compatibilidade com os excipientes das formulaes.

    Os excipientes utilizados foram selecionados inicialmente pela sua

    biocompatibilidade. Tiveram suas concentraes de uso adaptadas de acordo com o

    desejado. Eventualmente foram substitudos, seja por incompatibilidade na

    formulao, ou ainda por no atender s necessidades do produto.

    Para cada formulao desenvolvida foram feitas observaes e traadas

    medidas corretivas para as prximas formulaes. As caractersticas organolpticas

    foram avaliadas a cada desenvolvimento sendo o fator inicial para a tomada de

    decises para futuras preparaes.

    A escolha da embalagem para armazenamento da formulao foi feita com

    base na avaliao de seu aspecto, funcionalidade, compatibilidade e interao com

    a frmula, proteo ao vapor dgua e luminosidade (ANVISA, 2004a).

    5.2.2 Avaliao dos Parmetros de Qualidade da Formulao Selecionada

    Segundo o Guia de Controle de Qualidade de Produtos Cosmticos (BRASIL,

    2008), os ensaios de Controle de Qualidade cujos objetivos so avaliar as

    caractersticas fsicas, qumicas e microbiolgicas das matrias-primas, embalagens,

    produtos em processo e produtos acabados, so uma exigncia regulatria, ou seja,

    esses dados obtidos nos ensaios, atravs de mtodos pr-determinados, so

    caracterizados como especificaes no ato da regularizao do produto. A

    verificao da conformidade dessas especificaes um requisito necessrio para

    garantir a qualidade, a segurana e a eficcia do produto.

    A formulao selecionada foi preparada e mantida em repouso por 24h para

    atingir a consistncia final (ISAAC et al., 2008), aps este tempo foram analisados e

    definidos os parmetros de qualidade para servirem de especificao durante todas

    as etapas do estudo. Os critrios avaliados foram: caractersticas organolpticas,

    centrifugao, pH, densidade, viscosidade e contagem microbiana.

  • 44

    A compatibilidade com o material de acondicionamento foi verificada ao longo

    do estudo, considerando sua integridade e da formulao, avaliando-se a vedao,

    funcionalidade (ANVISA, 2004a), compatibilidade e preservao do produto.

    5.2.3 Estudo de Estabilidade Preliminar

    A formulao selecionada ser submetida s condies de estresse com o

    objetivo de acelerar o surgimento de possveis sinais de instabilidade (ANVISA,

    2004a).

    As amostras sero armazenadas na embalagem primria dimensionada como

    material de acondicionamento final (bisnagas de alumnio) ou semelhante a ela

    (sachs de alumnio), de forma a ocupar no mximo dois teros de sua capacidade.

    As condies extremas que as amostras sero submetidas so: temperaturas

    de 45C 2C, -5C 2C e a ciclos de 24 horas alternados de aquecimento e

    resfriamento. Paralelamente, tambm sero avaliadas amostras armazenadas

    temperatura ambiente em duas situaes de luminosidade diferentes, ou seja,

    protegida da luz e exposta luz.

    O Guia de Estabilidade de produtos Cosmticos sugere que o estudo de

    estabilidade preliminar tenha durao de 15 dias, exceto o ciclo de aquecimento a

    45C 2C e resfriamento a -5C 2C, que deve durar 12 dias, equivalentes 6

    ciclos (ANVISA, 2004a). No entanto, foi optado por realizar 7 ciclos durante 14 dias

    nestas temperaturas.

    A tomada de amostra do gel embalado em bisnaga de alumnio foi feita

    descartando-se a primeira alquota do produto. No caso das amostras embaladas

    em sachs de alumnio, a camada superficial foi eliminada e o restante foi

    homogeneizado para ento tomar a amostra para ensaio (BRASIL, 2008).

    Os parmetros fsico-qumicos avaliados neste estudo foram: caractersticas

    organolpticas (aspecto, cor, odor e sabor), precipitao, valor de pH, densidade e

    viscosidade, cujos detalhes esto descritos no item 5.2.5.

    Os produtos classificados como cosmticos no precisam ser estreis, mas

    devem ser adequadamente protegidos da contaminao microbiana (GEIS, 2006),

    por isso a necessidade de realizar anlises microbiolgicas. Os detalhes da

    contagem microbiana esto esclarecidos no item 5.2.6.

  • 45

    O resumo das condies empregadas e a frequncia das anlises est

    exposto no Quadro 1.

    Quadro 1 Parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos avaliados de acordo com a

    frequncia das anlises nas condies de temperatura e luminosidade empregadas

    no estudo de estabilidade preliminar.

    Anlises Frequncia das Anlises

    Caractersticas Organolpticas Diria

    Precipitao 15 dia

    pH 7 e 15 dias

    Densidade 15 dia

    Viscosidade 15 dia

    Contagem Microbiana 15 dia

    Fonte: Acervo pessoal.

    5.2.4 Estudo de Estabilidade Acelerada

    Neste caso a formulao selecionada ser submetida s condies menos

    extremas que o teste anterior, com o objetivo de prever a estabilidade do produto,

    estimar o prazo de validade e avaliar a compatibilidade com o material de

    acondicionamento (ANVISA, 2004a). Portanto, as amostras sero armazenadas na

    embalagem primria dimensionada como material de acondicionamento final

    (bisnagas de alumnio) ou semelhante a ela (sachs de alumnio), de forma a ocupar

    no mximo dois teros de sua capacidade.

    As condies que as amostras sero submetidas durante 30 dias so:

    aquecimento em estufa a 45C 2C, resfriamento em freezer a -5C 2C e

    exposio temperatura ambiente protegida da luz.

    Da mesma forma que no estudo de estabilidade preliminar, a amostragem do

    gel embalado em bisnaga de alumnio foi feita descartando-se a primeira alquota do

    produto e, no caso das amostras embaladas em sachs de alumnio, a camada

    superficial foi eliminada e o restante foi homogeneizado para ento tomar a amostra

    para ensaio (BRASIL, 2008).

    Os mesmos parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos avaliados no estudo

    de estabilidade preliminar sero verificados neste estudo, estando o resumo das

    condies empregadas e a frequncia das anlises exposto no Quadro 2.

  • 46

    Quadro 2 Parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos avaliados de acordo com a

    frequncia das anlises nas condies de temperatura e luminosidade empregadas

    no estudo de estabilidade acelerado.

    Anlises Frequncia das Anlises

    Caractersticas Organolpticas 1, 7, 15 e 30 dias

    Precipitao 1, 15 e 30 dias

    pH 1, 7, 15 e 30 dias

    Densidade 1, 15 e 30 dias

    Viscosidade 1, 15 e 30 dias

    Contagem Microbiana 1, 15 e 30 dias

    Fonte: Acervo pessoal.

    5.2.5 Anlises fsico-qumicas

    As anlises abordadas nesta parte do estudo foram os ensaios organolpticos

    e fsico-qumicos da forma cosmtica preparada, com a finalidade de obter um

    produto dentro dos padres de qualidade, verificando desta forma se a formulao

    desenvolvida apresenta-se em conformidade s especificaes estabelecidas.

    Conforme sugesto do Guia de Controle de Qualidade de Produtos

    Cosmticos (BRASIL, 2008) os ensaios organolpticos e fsico-qumicos para

    dentifrcios so: aspecto, cor, odor, sabor, pH, densidade e viscosidade.

    A centrifugao tambm um parmetro de anlise fsico-qumica (Brasil,

    2010) aplicado para avaliar a estabilidade da formulao.

    5.2.5.1 Caractersticas Organolpticas: aspecto, cor, odor e sabor

    Essa anlise detectvel pelos rgos dos sentidos (BRASIL, 2008) foi

    realizada ao longo do desenvolvimento das formulaes, servindo como aspecto

    base para seleo de formulaes a serem submetidas aos testes posteriores.