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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SO PAULO CONSELHO DE PS-GRADUAO E PESQUISA
MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMCIA
CAROLINA MONTOVAM MONTEIRO
DESENVOLVIMENTO FARMACOTCNICO E ESTUDO DE ESTABILIDADE DE UMA PREPARAO DE GEL DENTAL INFANTIL CONTENDO EXTRATO
DE PRPOLIS VERDE TIPIFICADA
So Paulo 2012
UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SO PAULO CONSELHO DE PS-GRADUAO E PESQUISA
MESTRADO PROFISSIONAL EM FARMCIA
CAROLINA MONTOVAM MONTEIRO
DESENVOLVIMENTO FARMACOTCNICO E ESTUDO DE ESTABILIDADE DE UMA PREPARAO DE GEL DENTAL INFANTIL CONTENDO EXTRATO
DE PRPOLIS VERDE TIPIFICADA
Dissertao apresentada, como exigncia parcial Banca Examinadora da Universidade Bandeirante de So Paulo UNIBAN, para obteno do ttulo de Mestre em Farmcia, sob orientao do Prof. Dr. Niraldo Paulino.
So Paulo 2012
CAROLINA MONTOVAM MONTEIRO
DESENVOLVIMENTO FARMACOTCNICO E ESTUDO DE ESTABILIDADE
DE UMA PREPARAO DE GEL DENTAL INFANTIL CONTENDO EXTRATO
DE PRPOLIS VERDE TIPIFICADA
Dissertao apresentada, como exigncia parcial, para obteno do ttulo de
Mestre em Farmcia.
APROVADA EM 09 DE AGOSTO DE 2012.
So Paulo 2012
Dedico este trabalho e a minha vida ao Pedro Monteiro Beraldo, meu
filho, pois ele a pessoa que me permite realizar minhas conquistas com foco,
dedicao e principalmente amor.
Ao meu marido Ricardo Paulichi Beraldo por sempre me apoiar em
minhas escolhas e ser um grande companheiro que soube me ouvir, enxugar
minhas lgrimas e me confortar nos momentos difceis. Obrigada por no ter
desistido de mim e mais que isso, suprir com amor e carinho minhas ausncias
do convvio familiar, representando por muitas vezes, o papel de me, pai e at
mesmo dono de casa.
Aos meus pais por serem os maiores e melhores exemplos que me
espelho desde criana. minha me, Maria Cleusa Montovam Monteiro, pela
sua amizade, amor, carinho; uma mulher que no descansa nunca, sempre
disposta a ajudar, ensinar e aconselhar, uma grande profissional que eu
sempre quis ser igual quando crescesse, e quem sabe eu chego l. Ao meu
pai, Reinaldo Monteiro, batalhador, smbolo de honestidade, profissionalismo e
equilbrio, sua conduta inspiradora e sempre me faz querer ser melhor, tal
como ele. para mim um orgulho e uma grande alegria ser filha de vocs e v-
los, com o mesmo amor e carinho, me auxiliando a educar o Pedro, o que
fazem com maestria, no s com meu filho mas com os outros netos tambm.
Obrigada por fazerem de mim o que eu sou, sem jamais fazer nenhuma
exigncia e mostrarem continuamente o caminho a seguir.
Aos meus avs maternos, Verginia Neri Montovam e Renato Montovam,
que pela enorme simplicidade demonstram que no devemos reclamar e sim
lutar, sendo suas histrias vitoriosas vindas da roa um estmulo de vida.
Aos meus avs paternos, em memria, Maria Madalena Monteiro e
Domcio Monteiro, que mostraram muito mais da vida que podemos enxergar.
Aos meus sogros Mirian Paulichi Beraldo e Miguel Beraldo Filho, que
so como meus pais: atenciosos, carinhosos e amigos. Obrigada por
compartilharem todos nossos momentos juntos e serem excelentes avs.
Aos meus sobrinhos Reinaldo Netto, Natally, Luciana, Guilherme, Rafael
e querida Talita; que sejam estimulados a desvendar os mistrios da vida.
Dedico ainda este trabalho aos meus alunos das Faculdades Integradas
Torricelli de Guarulhos, cujo aprimoramento profissional faz com que eu
busque cada vez mais e constantemente, a investigao da cincia.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof Dr. Niraldo Paulino pelo apoio, confiana e incentivo durante a
orientao, desde a elaborao, conduo e finalizao deste trabalho,
tornando possvel a realizao do mesmo.
Prof Dr Maria Cristina Marcucci, que sempre me recebeu com
entusiasmo e um grande sorriso inspirador, ensinando com brilho nos olhos as
maravilhas sobre a prpolis.
Ao Prof Dr. Camillo Anauate Netto por se disponibilizar em me auxiliar
desde o incio do projeto e sempre demonstrar solicitude em suas
colaboraes.
Prof Dr Cristina Eunice Okuyama, pelas excelentes sugestes e
disposio por diversas vezes em me ouvir, apoiar e orientar, sempre com uma
palavra amiga e elogios incentivadores.
Prof Dr Claudete Justina Valduga e ao Prof Dr. Sergio de
Mendona, que cederam seus laboratrios, materiais e conhecimentos para o
desenvolvimento do trabalho. Agradeo, em especial ao Prof Sergio pelas
valiosas orientaes e sugestes para o desenvolvimento da parte
microbiolgica deste trabalho, que contriburam sobremaneira para a execuo
do mesmo.
A todos os professores do Programa de Mestrado pelas elucidativas e
enriquecedoras aulas ministradas, que contriburam para meu crescimento
intelectual e profissional.
Prof Dr Marcia Regina dos Santos, coordenadora do Programa de
Mestrado, por saber orientar e conduzir as diversas dificuldades encontradas
no decorrer desta jornada e principalmente, por oferecer um ensino no qual a
relao docente-discente baseada na humanizao.
Aos tcnicos de laboratrio Oseraldo, Diogo, Rubens e Ivair por
auxiliarem em diversas fases do trabalho. Agradeo em especial, a primordial
contribuio do Issamu e o grande apoio e incentivo da Cristina dos Santos.
Ms. Cristina Freitas Nunes Tina, por preparar o extrato mole de
prpolis utilizado nas formulaes.
valiosa ajuda da amiga Andria Marques no desenvolvimento dos
testes de densidade, com a qual alm de dividirmos laboratrio, equipamentos
e materiais, compartilhamos angstias e conquistas.
Ao colega Cristiano Ricardo pelos ensinamentos, com sua vasta
experincia, no manuseio do equipamento viscosmetro e dicas diversas, em
torno do desenvolvimento do produto.
Aos colegas de turma Alessandra Fagioli, Sandra Scarano, Denilton
Costa, Tiago Endrigue, Virginia Barbeitos, Maria Aparecida, Mali Civa,
Janaina Romeiro, Letcia Casagrande, Alessandra Cappelaro, Daniel Freitas,
Fernando Scremin, Rosa Andra, Christian, Rafael, Cristine, Marcelo, Ana,
Rossi Van e todos os demais no citados, que de uma forma ou de outra
fizeram parte desse momento, dividindo aprendizados, dvidas, alegrias e
aflies.
farmacutica e amiga Carolina Uchyia pelo fornecimento de matrias-
primas e por disponibilizar o laboratrio de sua farmcia.
Aos farmacuticos da Pharmacea Frmulas e Cosmticos: Dr ngela
Keiko Gomi, Dr Irene, Dr. Rogrio, pelo fornecimento de matrias-primas; em
especial, minha querida amiga Dr Thais Machado Caetano que, em nossos
almoos me ouviu, apoiou, orientou e sempre me incentivou.
Aos farmacuticos da Farmcia Violeta: Dr Mrcia Feroldi Baakilini, Dr.
Leandro Bezerra e Dr Patrcia Mumme, pelo fornecimento de matrias-primas.
distribuidora de insumos farmacuticos e cosmticos Chemyunion,
representada por Thiago e Andria Souza, pelo envio da amostra do produto
Proteol OAT.
A todos que, direta ou indiretamente, contriburam para execuo deste
trabalho.
"Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.
O poder da causa inteligente est na razo da grandeza do efeito."
Allan Kardec
RESUMO
A crie um problema de sade pblica que pode ser controlada a partir
da criao de hbitos de higiene oral desde o surgimento do primeiro dente. A
utilizao de dentifrcios fluoretados, principalmente em crianas menores de
cinco anos, pode levar a uma intoxicao crnica denominada fluorose, devido
ingesto do produto. A proposta desta pesquisa desenvolver e avaliar a
estabilidade fsico-qumica e microbiolgica de um gel dental infantil contendo
prpolis verde tipificada. Este componente ativo uma resina de origem natural
produzida pelas abelhas que demonstra, por diversas evidncias cientficas, ter
potencial teraputico a partir de suas propriedades biolgicas antibacteriana,
antifngica, anti-inflamatria, analgsica, cicatrizante e vrias outras. O objetivo
do desenvolvimento de uma formulao destinada ao pblico infantil foi de
oferecer um produto composto por ingredientes naturais, seguro e eficaz, sem
corante nem conservante, uma vez que a prpria prpolis assegura a
preservao da preparao. Para comprovar a qualidade do produto
desenvolvido, o mesmo passou por ensaios de estabilidade nos quais foram
avaliadas suas caractersticas organolpticas, precipitao, potencial
hidrogeninico, densidade, viscosidade e contagem microbiana. A formulao
desenvolvida e avaliada demonstrou ser capaz de manter-se estvel em todos
os parmetros avaliados, fsico-qumicos e microbiolgicos, durante os estudos
de estabilidade preliminar e acelerado, devendo ser submetida patente e
produzida industrialmente, contribuindo desta forma com a sade pblica,
atravs do controle de crie infantil sem riscos de intoxicao por flor.
Palavras-chave: Prpolis Verde Tipificada. Gel Dental Infantil. Estabilidade.
ABSTRACT
Caries is a public health problem that can be controlled from the creation
of oral hygiene habits from the emergence of the first tooth. The use of fluoride
toothpastes, especially in children under five years can lead to chronic
poisoning called fluorosis, due to the ingestion of the product. The purpose of
this research is to develop and evaluate the physico-chemical and
microbiological stability of a dental gel containing green propolis typed for
children. This active ingredient is a natural resin produced by bees that
demonstrates several scientific evidence, have therapeutic potential from their
biological properties, antibacterial, antifungal, anti-inflammatory, analgesic,
healing and many others. The goal of the development of a formulation
intended to children is to provide a product composed of natural ingredients,
safe and effective, colorless and preservative free, since the own propolis
ensures the preservation of the preparation. To prove the quality of the product
developed, the same passed stability tests which were evaluated in their
organoleptic characteristics, precipitation, hydrogen potential, density, viscosity
and microbial counts. The formulation developed and evaluated has been
shown to be stable in all parameters, physico-chemical and microbiological,
during the stability studies preliminary and stability studies fast, and should be
submitted to the patent and produced industrially, thus contributing to public
health by controlling caries child without risk of fluoride poisoning.
Key-words: Green Propolis Typed. Children's Tooth Gel. Stability.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos avaliados de
acordo com a frequncia das anlises nas condies de
temperatura e luminosidade empregadas no estudo de
estabilidade preliminar ........................................................... 45
Quadro 2 Parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos avaliados de
acordo com a frequncia das anlises nas condies de
temperatura e luminosidade empregadas no estudo de
estabilidade acelerado ......................................................... 46
Quadro 3 Critrios de classificao da amostra quanto s
caractersticas organolpticas aps comparao com a
especificao referencial ........................................................ 47
Quadro 4 Quantidade de placas microbiolgicas empregadas de cada
meio de cultura em cada fase do estudo para cada
concentrao da amostra ....................................................... 54
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Manifestao de fluorose em diferentes graus ...................... 25
Figura 2 Solubilidade de 10% do EMPV em Solventes
Hidroalcolicos de diversos teores ........................................ 55
Figura 3 Miscibilidade do EMPV em leo de casca de laranja, etanol
e LSS ..................................................................................... 56
Figura 4 Aparncia da F1 ..................................................................... 56
Figura 5 Placa contendo a bactria Fusobacterium nucleatum ........... 60
Figura 6 Placa contendo a bactria Porphyromonas gingivalis ........... 61
Figura 7 Placa contendo a bactria Actinomyces israelli ..................... 61
Figura 8 Placa contendo a bactria H. actinomycetemcomitans ......... 61
Figura 9 Comparao da S3 EEPV e da D1 EMPV ............................. 62
Figura 10 Aparncia da F12 ................................................................... 63
Figura 11 Equipamento utilizado na Centrifugao das amostras ......... 63
Figura 12 Aspecto da F12 aps a centrifugao, detalhando
sobrenadante e precipitado .................................................... 64
Figura 13 Aspecto da F13 aps a centrifugao, comparativamente
F12 ......................................................................................... 64
Figura 14 Peagmetro do Laboratrio de Ps Graduao em
Farmcia da Uniban ............................................................... 65
Figura 15 Aparncia da F25 imediatamente aps o preparo ................. 66
Figura 16 Aparelho de Ultrassom do Laboratrio de Ps Graduao
em Farmcia da Uniban ......................................................... 67
Figura 17 Aparncia da F25 aps 30 minutos no banho de Ultrassom ... 68
Figura 18 Estabilidade da amostra inicial da F25, selecionada para os
Testes de Estabilidade ........................................................... 68
Figura 19 Viscosmetro de Brookfield utilizado no estudo ..................... 70
Figura 20 Aparncia da formulao aps 15 dias do preparo, mantida
em Temperatura Ambiente Protegida da Luz ........................ 70
Figura 21 Colorao padro da formulao selecionada ....................... 71
Figura 22 Material de acondicionamento das amostras submetidas s
diferentes condies de temperatura durante o perodo de
90 dias do Teste de Estabilidade ...........................................
71
Figura 23 Amostras estveis aps serem submetidas centrifugao
ao trmino do Teste Preliminar ..............................................
73
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Valores de pH da mdia da triplicata das amostras
armazenadas em diferentes temperaturas durante o Teste
de Estabilidade Preliminar ..................................................... 73
Grfico 2 Valores de densidade das amostras armazenadas em
diferentes temperaturas durante o Teste de Estabilidade
Preliminar ............................................................................... 74
Grfico 3 Valores de viscosidade das amostras armazenadas em
diferentes temperaturas durante o Teste de Estabilidade
Preliminar ............................................................................... 74
Grfico 4 Valores de pH das amostras armazenadas em diferentes
temperaturas durante 30 dias do Teste de Estabilidade
Acelerada ............................................................................... 80
Grfico 5 Valores de densidade das amostras armazenadas em
diferentes temperaturas durante 30 dias do Teste de
Estabilidade Acelerada .......................................................... 80
Grfico 6 Valores de viscosidade das amostras armazenadas em
diferentes temperaturas durante 30 dias do Teste de
Estabilidade Acelerada .......................................................... 81
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Teste de Solubilidade do EMPV em solues
hidroalcolicas de diferentes teor etanlico ........................... 55
Tabela 2 Soluo N 01 do EEPV a 25% (S1 EEPV) ........................... 56
Tabela 3 Soluo N 02 do EEPV a 25% (S2 EEPV) ........................... 57
Tabela 4 Soluo N 03 do EEPV a 25% (S3 EEPV) ........................... 57
Tabela 5 Componentes e concentraes utilizados no
desenvolvimento das Formulaes F1 a F13 ........................ 58
Tabela 6 Componentes e concentraes utilizados no
desenvolvimento das Formulaes F14 a F25 ...................... 59
Tabela 7 Disperso N 01 do EMPV no tensoativo (D1 EMPV) ........... 62
Tabela 8 Disperso N 02 do EMPV no tensoativo com etanol (D2
EMPV) .................................................................................... 63
Tabela 9 Anlise de pH de matrias-primas que compe a F15 do gel
dental ..................................................................................... 66
Tabela 10 Componentes e Concentraes da Formulao Selecionada
(F25) ....................................................................................... 67
Tabela 11 Especificaes do Gel Dental Infantil de Prpolis Verde
Tipificada ................................................................................ 69
Tabela 12 Resultado das Anlises Fsico-Qumicas do Teste de
Estabilidade Preliminar das amostras submetidas s
diversas condies de temperatura durante 15 dias ............. 72
Tabela 13 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio
de cultura PCA, durante o Estudo Preliminar de
Estabilidade, aps 24h e 48h de incubao em estufa a
37C ....................................................................................... 75
Tabela 14 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio
de cultura MacConkey durante o Estudo Preliminar de
Estabilidade, aps 24h e 48h de incubao em estufa a
37C ....................................................................................... 75
Tabela 15 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio
de cultura Sabouraud durante o Estudo Preliminar de
Estabilidade, aps 24h e 48h de incubao em estufa a
30C .......................................................................................
76
Tabela 16 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio
de cultura Sabouraud durante o Estudo Preliminar de
Estabilidade, aps 96h de incubao em estufa a 30C........ 76
Tabela 17 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio
de cultura Sabouraud durante o Estudo Preliminar de
Estabilidade, aps 7 dias de incubao em estufa a 30C .... 78
Tabela 18 Resultado das Anlises Fsico-Qumicas do Teste de
Estabilidade Acelerada das amostras submetidas s vrias
condies de temperatura por 30 dias ................................... 79
Tabela 19 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio
de cultura PCA, referente ao 30 dia do Estudo de
Estabilidade Acelerada, aps 24h e 48h de incubao em
estufa a 37C ......................................................................... 81
Tabela 20 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio
de cultura MacConkey, referente ao 30 dia do Estudo de
Estabilidade Acelerada, aps 24h e 48h de incubao em
estufa a 37C ......................................................................... 82
Tabela 21 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio
de cultura Sabouraud, referente ao 30 dia do Estudo de
Estabilidade Acelerada, aps 24h, 48h e 72h de incubao
em estufa a 30C ................................................................... 82
Tabela 22 Mdia das triplicatas das Anlises Microbiolgicas do meio
de cultura Sabouraud, referente ao 30 dia do Estudo de
Estabilidade Acelerada, aps 7 dias de incubao em estufa
a 30C .................................................................................... 83
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABO Associao Brasileira de Odontologia
ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria
BHI Infuso de Corao e Crebro
CIC Ciclos de 24 horas de aquecimento em estufa a 45C 2C e
resfriamento em freezer a -5C 2C
CMC Carboxi Metil Celulose
CPO-D Dentes Cariados, Dentes Perdidos e Dentes Obturados
cPs Centipoise
D1 EMPV Disperso N 01 do Extrato Mole de Prpolis Verde
D2 EMPV Disperso N 02 do Extrato Mole de Prpolis Verde
EEPV Extrato Etanlico de Prpolis Verde
EMPV Extrato Mole de Prpolis Verde
EST Estufa a 45C 2C
F1 a F25 Formulao N 01 a N 25 do Gel Dental
FRE Freezer a -5C 2C
g Gramas
gt Gota
h Horas
L Litro
LSS Lauril Sulfato de Sdio
M molar
M0 massa do picnmetro vazio (g)
M1 massa do picnmetro com gua purificada (g)
M2 massa do picnmetro com a amostra (g)
mL Mililitros
L Microlitros
mm Milimetros
N Nmero
OMS Organizao Mundial de Sade
OPAS Organizao Pan-Americana da Sade
P.A. Puro para Anlise
PCA gar de Contagem de Placas
pH potencial hidrogeninico
p/p Peso/peso
ppm Partes por milho
qs Quantidade suficiente
qsp Quantidade suficiente para
RDC Resoluo da Diretoria Colegiada
rpm Rotaes por minuto
S1 EEPV Soluo N 01 do Extrato Etanlico de Prpolis Verde
S2 EEPV Soluo N 02 do Extrato Etanlico de Prpolis Verde
S3 EEPV Soluo N 03 do Extrato Etanlico de Prpolis Verde
SUS Sistema nico de Sade
TAE Temperatura Ambiente Exposta Luz
TAP Temperatura Ambiente Protegida da Luz
UFC Unidades Formadoras de Colnias
LISTA DE SMBOLOS
% Porcento
C Grau Celsius
Mais ou menos
+ Positivo
- Negativo
SUMRIO
1 INTRODUO ....................................................................... 18
2 REVISO DA LITERATURA ................................................. 21
2.1 CRIE .................................................................................... 21
2.2 FLOR ................................................................................... 24
2.3 PRPOLIS ............................................................................. 28
2.3.1 Prpolis Verde Tipificada ....................................................... 31
2.4 XILITOL .................................................................................. 34
2.5 ESTUDOS DE ESTABILIDADE ............................................. 35
3 JUSTIFICATIVA .................................................................... 37
4 OBJETIVOS ........................................................................... 38
4.1 OBJETIVO GERAL ................................................................ 38
4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS .................................................. 38
5 MATERIAIS E MTODOS ..................................................... 39
5.1 MATERIAIS ............................................................................ 39
5.1.1 Matrias-primas e Embalagens ............................................. 39
5.1.2 Produtos Industrializados de Referncia ............................... 41
5.1.3 Materiais de Laboratrio e Equipamentos ............................. 41
5.2 MTODOS ............................................................................ 42
5.2.1 Desenvolvimento Farmacotcnico das Formulaes ............ 42
5.2.2 Avaliao dos Parmetros de Qualidade da Formulao
Selecionada ........................................................................... 43
5.2.3 Estudo de Estabilidade Preliminar ......................................... 44
5.2.4 Estudo de Estabilidade Acelerada ......................................... 45
5.2.5 Anlises fsico-qumicas ......................................................... 46
5.2.5.1 Caractersticas Organolpticas: aspecto, cor, odor e sabor ... 46
5.2.5.2 Avaliao do aspecto aps Centrifugao ............................. 47
5.2.5.3 Determinao potenciomtrica do pH .................................... 48
5.2.5.4 Determinao da Densidade .................................................. 48
5.2.5.5 Determinao da Viscosidade ............................................... 49
5.2.6 Anlises Microbiolgicas ........................................................ 50
5.2.6.1 Preparo do meio de cultura PCA ........................................... 51
5.2.6.2 Preparo do meio de cultura gar MacConkey ....................... 52
5.2.6.3 Preparo do meio de cultura gar Sabouraud ......................... 53
5.2.6.4 Semeadura das amostras nos meios de cultura .................... 53
6 RESULTADOS E DISCUSSES .......................................... 55
6.1 DESENVOLVIMENTO DA FORMULAO ........................... 55
6.2 ESPECIFICAES DA FORMULAO SELECIONADA ..... 69
6.3 ESTUDO DE ESTABILIDADE PRELIMINAR ........................ 71
6.4 ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADA ......................... 78
7 CONCLUSES ...................................................................... 84
8 PERSPECTIVAS ................................................................... 85
REFERNCIAS ............................................................................................ 86
18
1 INTRODUO
O hbito de higiene oral na infncia possibilita que a criana tenha menor
incidncia de crie na adolescncia e fase adulta (PERES et al., 2003). O dente que
est em processo de erupo fornece condies mais favorveis para o acmulo
bacteriano, o que acentuado pela falta de escovao deste dente pela criana,
devido erupo ser acompanhada de sangramento gengival. Desde o incio da
erupo at a erupo completa parece ser o perodo mais importante para qualquer
dente, sendo considerado crtico para o desenvolvimento da crie o tempo desde o
estabelecimento da dentio decdua at a transio para a dentio permanente
(THYLSTRUP e FEJERSKOV, 1994).
Os dentifrcios so associaes de substncias que, usadas na escovao
diria, limpam ou removem depsitos exgenos aderidos aos dentes, tornando-os
mais resistentes ao ataque das bactrias. Alm disso, reduzem a microbiota bucal
anormal, eliminam manchas dos dentes e auxiliam na remoo da placa dental e do
trtaro, controlando os odores bucais (APPEL e RUS, 2005).
A fluoretao de cremes dentais uma das medidas preventivas de crie
disseminadas pela Organizao Mundial de Sade (OMS). Entretanto, para a faixa
etria infantil, at em torno dos 6 anos de idade, pode ocorrer a ingesto do creme
dental com consequente absoro sistmica de flor.
O flor ingerido absorvido principalmente pela mucosa gstrica e distribudo
por todo o organismo se fixando nos tecidos em mineralizao - ossos e dentes. A
toxicidade crnica desenvolvida denominada fluorose e manifesta-se nos dentes
que esto em processo de formao do esmalte, tornando-o opaco em diferentes
graus (CURY e TENUTA, 2010).
O aumento na incidncia de fluorose dentria tem sido constatado em vrias
cidades do mundo e a ingesto de dentifrcios contendo flor por crianas tem sido
apontada como uma das causas desta alterao.
Dentre as opes de creme dental infantil disponveis no mercado foram
encontradas, basicamente, variaes com flor, xilitol, xilitol associado ao flor e,
ainda uma opo natural indicada para proteo do dente de leite contendo
Calndula. Embora haja excees, de um modo geral, os cremes dentais contendo
flor, apresentam uma concentrao de 1.100 ppm, e so indicadas para crianas
acima dos 6 anos de idade; aqueles contendo xilitol so indicados para bebs e
19
crianas de at 5 anos de idade; e, nas associaes de xilitol e flor, este ltimo
apresenta-se em menor concentrao (500 ppm ou 750 ppm), sendo sinrgica a
unio dos dois ativos e indicada para crianas, com a recomendao de que as
menores de 6 anos de idade sejam supervisionadas por um adulto durante a
escovao e usem quantidade pequena.
H uma real necessidade de implementao de outras estratgias para
minimizar os ndices de crie em crianas abaixo de 6 anos de idade, objetivando
inclusive melhores ndices no decorrer de sua vida. Alm de evitar a intoxicao por
flor, que pode ocorrer por ingesto a cada escovao, mesmo quando utilizado
um dentifrcio de baixa concentrao de flor (CURY e TENUTA, 2010).
A ingesto de flor deve ser rigorosamente controlada, principalmente em
crianas menores de 5 anos. Desta forma, torna-se necessria a busca por agentes
com atividade bactericida eficiente contra micro-organismos cariognicos e que no
acarretem efeitos indesejveis (NOGUEIRA et al., 2007).
Uma alternativa importante para eliminar os riscos da toxicidade crnica pelo
flor o desenvolvimento de formulaes dentifrcias com componentes eficazes
contra a crie, preferencialmente de origem natural, destinadas s crianas com
dentes decduos.
Um componente natural com potencial antibacteriano contra micro-
organismos causadores da crie a prpolis, que agrega valor por no oferecer
risco de toxicidade por ingesto do produto, fato muito comum para faixa etria
estabelecida no estudo.
A proposta da formulao reduzir a concentrao da prpolis de modo a
facilitar o mascaramento do sabor e odor, porm mantendo sua eficcia. Para tanto,
sugere-se a adio do xilitol, com dupla funo: melhorar o sabor da preparao por
ser um edulcorante e atuar como co-ativo, em sinergia com a prpolis visando
diminuir a populao de Streptococcus mutans na cavidade bucal. O delineamento
da formulao foi realizado com a inteno de usar excipientes biocompatveis e que
no oferecem riscos, mesmo se ingeridos pela criana, classe alvo do estudo. O uso
de corantes foi desconsiderado, devido possibilidades de reaes de
hipersensibilidade, que so indesejadas. Optou-se, portanto, o emprego de
flavorizantes harmnicos com a colorao natural da formulao obtida. Ainda com o
objetivo de idealizar um produto seguro para o pblico infantil, no foi utilizado
nenhum tipo de preservante; sendo investigado o potencial da prpria prpolis,
20
utilizada como princpio ativo, em atuar paralelamente como conservante
antimicrobiano durante a estabilidade da formulao.
A estabilidade da formulao foi avaliada atravs da submisso do produto s
condies extremas de temperatura com anlises frequentes de suas caractersticas
organolpticas, precipitao, potencial hidrogeninico, densidade, viscosidade e
contagem microbiana.
21
2 REVISO DA LITERATURA
2.1 CRIE
A crie dental uma das doenas mais antigas e de maior prevalncia
(RODRIGUES et al., 2008), sendo considerada um problema de sade pblica
(OLIVEIRA et al., 2008) comum em todo o mundo, ocorrendo entre 50% e 99% das
pessoas na maioria das comunidades (FERRO et al., 2011).
Caracteriza-se por ser uma doena crnica, complexa e multifatorial (BRETZ
et al., 2005), que se inicia pela infeco por bactrias que fermentam carboidratos e
produzem cidos no biofilme dentrio, alterando o equilbrio entre a superfcie dental
e o fluido do biofilme, levando como consequncia, perda de mineral e da matriz
orgnica dentinria (RODRIGUES et al., 2008).
Para o desenvolvimento da leso de crie necessrio que o hospedeiro seja
susceptvel e, apresente dieta e microbiota cariognicas, segundo postulado por
Keyes em 1968. Porm, outros fatores tais como a qualidade e a quantidade de
saliva, a virulncia dos micro-organismos, a higiene bucal do indivduo e seu
conhecimento e comportamento frente doena, podem influenciar diretamente a
progresso do desenvolvimento dessa doena (RODRIGUES et al., 2008).
A cavidade oral possui uma microbiota natural e harmnica, porm em
condies desfavorveis, um desequilbrio pode ocorrer e a doena prevalecer
(RODRIGUES et al., 2008), sendo os micro-organismos encontrados nesta regio de
maior interesse: Enterococcus faecalis, Streptococcus salivarius, Streptococcus
sanguinis, Streptococcus mitis, Streptococcus mutans, Streptococcus sobrinus,
Candida albicans, Lactobacillus casei (BRUSCHI et al., 2006), Actinomyces sp,
Streptococcus oralis, Streptococcus gordonii, Fusobacterium nucleatum e
Capnocytophaga ochraceae (RODRIGUES et al., 2008).
O principal fator etiolgico local da crie o biofilme com caracterstica de
acidogenicidade, onde esto presentes bactrias, principalmente Streptococcus sp e
Lactobacillus sp, correlacionando estes micro-organismos ao desenvolvimento da
doena (ZANELA et al., 2002 apud GONDIM, 2011).
Atualmente, existem considerveis evidncias de que os estreptococos do
grupo mutans desempenham um papel preponderante na crie em humanos
(JAWETZ et al., 1998; RODRIGUES et al., 2008). So altamente acidognicos e
22
acidricos e o seu potencial cariognico bem estabelecido em animais (APPEL e
RUS, 2005).
A presena constante de carboidratos fermentveis, especialmente a
sacarose, contribui para o desenvolvimento da placa cariognica, com caracterstica
cida devido grande quantidade de cido lctico produzidos pela fermentao da
sacarose. Essa acidez responsvel pelo desequilbrio da microbiota oral,
contribuindo para a manifestao da crie, atravs do aumento de espcies
intensamente acidognicas e acidricas, como Streptococcus mutans,
Streptococcus sobrinus e Lactobacilus, e da reduo severa do nmero de
Streptococcus sanguinis e de outras espcies indicadoras do estado de sade da
regio (RODRIGUES et al., 2008).
Os estreptococos do grupo mutans colonizam preferencialmente os dentes,
sendo encontrados em altas propores nos sulcos, nas fissuras, reas de contato e
outras zonas retentivas, de maneira que o seu padro de colonizao ocorre
paralelamente com as reas susceptveis crie (APPEL e RUS, 2005).
O perodo aps a erupo dos primeiros dentes considerada a fase de
maior risco para desenvolvimento da doena (RODRIGUES et al., 2008). Em
pesquisa realizada com crianas de 8 a 60 meses em Joinville, no estado de Santa
Catarina, foi encontrada prevalncia de 99,25% de estreptococos do grupo mutans
na placa dentria dos dentes decduos ntero-superiores (PERES et al., 2003).
Para medir a incidncia dessa doena no planeta foi criado um mtodo de
avaliao que aceito por toda a comunidade internacional como indicador do perfil
da sade bucal: o ndice de Dentes Cariados, Dentes Perdidos e Dentes Obturados
(CPO-D). Esse ndice CPO-D descrito por um valor que representa numericamente
a prevalncia de crie dental no indivduo, sendo calculada a partir da quantidade de
dentes em cada uma das situaes, ou seja, cariados, perdidos ou obturados; sendo
que a apresentao de menores nmeros de CPO-D reflete em melhores nveis da
doena (Organizao Pan-Americana da Sade OPAS/OMS - Brasil -
http://www.opas.org.br/sistema/fotos/bucal.pdf).
Embora os levantamentos epidemiolgicos venham demonstrando reduo
significativa, ainda possvel observar, entre a populao infantil, alta prevalncia
da doena crie, a qual responsvel pelo desenvolvimento de morbidades alm do
comprometimento da sade sistmica da criana (FERRO et al., 2011).
http://www.opas.org.br/sistema/fotos/bucal.pdf
23
Detalhada anlise da situao dessa doena em muitos pases mostram que
h uma distribuio assimtrica da prevalncia de crie - o que significa que aos 12
anos de idade ainda tem altos valores de CPO-D, embora uma parte seja totalmente
livre de crie. O valor mdio de CPO-D nem sempre reflete com preciso essa
distribuio assimtrica que leva errada concluso de que a situao da crie para
toda a populao controlada, quando na realidade, muitas pessoas ainda tm crie
(Who Oral Health Country/ Area Profile Programme http://www.whocollab.od.mah.
se/sicdata.html).
Em uma pesquisa com a populao do distrito de Mosqueiro em Belm do
Par, a prevalncia de crie aos 18-36 meses de idade foi de 31,68%, progredindo
com o aumento da idade, chegando a acometer 63,69% das crianas de 12 anos. O
ndice de CPO-D em dentes decduos aos cinco anos foi de 3,57 e o ndice CPO-D
em dentes permanentes aos 12 anos foi de 1,80 (PINHEIRO et al. 2006).
Para o ano de 2010 foi estabelecida pela OMS uma meta para sade bucal,
supondo que se tenha 90% de pessoas sem crie na idade de 5 a 6 anos e que o
ndice CPO-D seja menor que 1 aos 12 anos de idade (Organizao Pan-Americana
da Sade OPAS/OMS - Brasil - http://www.opas.org.br/sistema/fotos/bucal.pdf).
Sobre este estudo epidemiolgico aplicado em base nacional e realizado em
177 municpios brasileiros, constatou-se para o grupo de crianas de 5 anos,
reduo de 17% de crie em dentes decduos, entre os anos de 2003 e 2010. Os
ndices encontrados em 2003 foi de 2,8 e em 2010 foi de 2,3. Neste mesmo estudo
para a faixa etria de 12 anos obteve-se uma reduo de 26% no ndice CPO-D,
obtendo os valores de 2,8 em 2003 e 2,1 em 2010 (Pesquisa Nacional de Sade
Bucal Brasil Sorridente Sistema nico de Sade (SUS) 2010 -
http://189.28.128.100/dab/docs/geral/ apresentacao_ SB2010.pdf). Ou seja, apesar
de obter diminuio nos ndices de CPO-D em ambos os grupos, ainda no foi
possvel atingir a meta proposta pela OMS para aquele ano de 2010.
Diversos estudos demonstram que o risco de crie nos dentes decduos pode
ser reduzido se for evitada a colonizao por estreptococos do grupo mutans desde
o incio at a completa erupo de todos os dentes decduos. Esse controle nesta
fase imprescindvel, uma vez que a variedade de espcies da cavidade bucal da
criana ainda pequena e instvel, o que facilita a colonizao dos micro-
organismos (RODRIGUES et al., 2008).
http://www.opas.org.br/sistema/fotos/bucal.pdfhttp://189.28.128.100/dab/docs/geral/%20apresentacao_%20SB2010.pdf
24
Uma das medidas preventivas disseminadas pela OMS a fluoretao de
cremes dentais. A aplicao de flor em crianas pode reduzir, significativamente, o
risco de crie (OLIVEIRA et al., 2008). No entanto, sabe-se que para a faixa etria
em questo, o ndice de ingesto de creme dental e consequente absoro
sistmica de flor alta e possui riscos de intoxicao.
2.2 FLOR
Os efeitos colaterais da ingesto do on flor dependem da dose absorvida e
do tipo de exposio. Ao ser ingerido, em 30 a 45 minutos, 90% cai na corrente
sangunea, pois sua absoro ocorre principalmente no estmago devido o pH cido
facilitar o transporte do fluoreto, na forma de cido fluordrico, atravs das clulas da
mucosa gstrica. O flor solvel cai no sangue, distribudo por todo o organismo
se fixando nos tecidos em mineralizao - ossos e dentes (CURY e TENUTA, 2010).
Se este aumento excessivo de flor na corrente sangunea ocorrer no perodo
de odontognese, pode ocasionar a fluorose dental (OLIVEIRA et al., 2008). A
fluorose dental um efeito sistmico e ocorre pela toxicidade crnica. Apenas os
dentes em processo de formao do esmalte dental esto sujeitos a fluorose (CURY
e TENUTA, 2010). Esta doena afeta um grande nmero de crianas, principalmente
as menores de cinco anos de idade pela ingesto de produtos fluoretados, seja no
processo de escovao, dieta ou gua fluoretada de abastecimento pblico
(OLIVEIRA et al., 2008).
Em estudo retrospectivo, Buzalaf et al. (2002) observaram que a relao entre
fluorose e o consumo de suplementos infantis ou de leite em p no foi
estatisticamente significante. J, a utilizao de dentifrcio fluoretado apresentou
uma correlao positiva com a prevalncia de fluorose dentria. Em outro estudo,
concluiu-se que, dentre as formas pesquisadas de acesso ao flor, inclusive a
utilizao de gua de abastecimento pblico fluoretada para consumo e preparo de
alimentos, a escovao dentria com dentifrcio fluoretado foi o fator mais relevante
e altamente frequente nas crianas portadoras de fluorose dentria, principalmente
pelo fato delas engolirem o dentifrcio durante a escovao (MARTINS et al., 2002).
Tefilo et al. (2004) estimaram que 50% das crianas ingerem flor alm da
dose limite de segurana, levando concluso que o dentifrcio fluoretado pode
25
contribuir sozinho para uma ingesto excessiva de flor e determinar um maior risco
de fluorose nos dentes permanentes.
O esmalte no fluortico translcido e a fluorose se manifesta atravs de
diferentes graus de aumento de opacidade do esmalte, caracterizados atravs de
linhas brancas transversais (Figura 1-A) que podem se fundir tornando o dente todo
branco (CURY e TENUTA, 2010). Nos casos mais graves, o dente adquire uma
colorao acastanhada ou marrom (Figura 1-B), com perda de estruturas dentais
(OLIVEIRA et al., 2008).
Figura 1 Manifestao de fluorose em diferentes graus.
Legenda: (A) Esmalte opaco com linhas brancas transversais. (B) Dente com esmalte fluortico apresentando colorao acastanhada.
Fonte: http://odontobloggers.blogspot.com.br/2011/02/fluorose-dentaria.html.
O principal problema quanto ao uso de flor est na incorporao deste em
formulaes de gel dentifrcio infantil, pois nestas formulaes esto presentes
essncias que promovem sabor e odor agradvel fazendo com que as crianas
menores de cinco anos que no possuem total controle dos msculos da deglutio
ingiram em mdia 50% de gel dentifrcio por escovao (OLIVEIRA et al., 2008).
Aps estudo clnico, Lima (2007) recomenda reduo do teor de flor dos
dentifrcios infantis e a remoo do seu sabor agradvel para no favorecer a maior
ingesto pela criana. Anzai (2003) sugere, para reduzir o risco de fluorose, que o
uso de dentifrcios com as maiores concentraes de flor por crianas pr-
escolares seja evitado. Somente pequenas quantidades devem ser colocadas na
escova pelos pais ou com a superviso deles. O desenvolvimento e a avaliao de
dentifrcios com menores concentraes de flor uma alternativa para crianas
pequenas que esto sob risco de desenvolver fluorose. As embalagens dos
dentifrcios podem apresentar um pequeno orifcio que dispensem pequenas
quantidades, evitando a ingesto inadequada. necessrio cautela quando aromas
A B
26
especiais ou estratgias de marketing so utilizadas, de modo que possam encorajar
a ingesto de dentifrcios fluoretados.
O aumento na incidncia de fluorose dentria tem sido constatado em vrias
cidades do mundo e a ingesto de dentifrcios com flor por crianas tem sido
apontada como uma das causas desta alterao. Em anlise comparativa de
dentifrcios destinados s crianas, disponveis no mercado brasileiro, observou-se
que o tamanho do orifcio dos tubos no padronizado, com motivos infantis e com
sabores agradveis s crianas. Foi observado que no so todos os dentifrcios
que apresentam a indicao de idade sendo evidente a falta de padronizao na
apresentao dos produtos, concluindo-se que as mudanas so necessrias no
sentido de aumentar os esclarecimentos fornecidos aos consumidores, por
profissionais e fabricantes, sobre as caractersticas e utilizao dos dentifrcios
(SANGLARD-PEIXOT et al., 2004).
Recentemente, foi publicada a Resoluo da Diretoria Colegiada (RDC) N 16
(BRASIL, 2011), de 12 de abril de 2011, que traz as seguintes condies de uso e
advertncias que devem constar no rtulo para cremes dentais contendo de 0,1% a
0,15% de flor, exceto se j constar que contra-indicado para crianas (por
exemplo "Somente para uso adulto"), deve constar obrigatoriamente a seguinte
advertncia: "Crianas at 6 anos: use uma quantidade do tamanho de uma ervilha,
com superviso de um adulto durante a escovao para minimizar a deglutio. Se
estiver ingerindo flor proveniente de outras fontes, consulte seu mdico ou
dentista".
A Resoluo que trata sobre a categorizao de cosmticos a RDC 79
(BRASIL, 2000), de 28 de agosto de 2000 atualizada pela RDC 211 (BRASIL, 2005),
de 14 de julho de 2005, que revoga os Anexos I, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV,
XVII, XVIII, XIX, XX e XXI da Resoluo n 79/00. A lista de substncias que os
produtos de higiene pessoal, cosmticos e perfumes no devem conter, exceto nas
condies e com as restries estabelecidas, consta na RDC 16/11.
A legislao em vigor autoriza a concentrao mxima no produto final de
0,15% de flor, correspondente a 1.500 ppm.
Para garantir o fornecimento de flor pelo dentifrcio necessrio que esteja
na forma solvel (inica como fluoreto de sdio ou ionizvel como monofluorfosfato
de sdio). Mas a legislao no inclui o termo solvel na especificao, permitindo
que exista o risco de um dentifrcio ser completamente ineficaz para interferir na
27
progresso da crie dentria. Quando o abrasivo dos dentifrcios a slica, pode ser
usado na forma inica de fluoreto de sdio, porm quando contm clcio, o flor
deve estar necessariamente na forma ionizvel de monofluorfosfato de sdio para
garantir uma compatibilidade qumica (COSTA, 2009).
No se recomenda o uso de creme dental fluoretado em crianas de at 2
anos de idade. Entre 3 e 6 anos de idade, indica-se o creme dental com
concentrao reduzida de flor 500 ppm. A quantidade de creme dental utilizada
deve ser pequena (FERELLE et al., 2008).
Em um estudo in vitro avaliando dentifrcios contendo 500 e 1.100 ppm de
flor concluiu-se que apresentaram concentraes inibitrias mnimas similares e
atividade antimicrobiana para todos os micro-organismos, independente da
concentrao de flor (VIEIRA et al., 2008).
Crianas que ingerem uma grande quantidade de dentifrcio a cada
escovao continuam sob risco aumentado de desenvolver fluorose, mesmo
utilizando um dentifrcio de baixa concentrao de flor (CURY e TENUTA, 2010).
H necessidade que a normatizao seja mais especfica para o grupo de
produtos destinados higiene dental e bucal da classe infantil, iniciando pela
classificao, restrio de dosagem e publicidade, com o objetivo de garantir o
acesso ao produto mais apropriado para a faixa etria em questo e minimizar
agravos sade, seja pela falta de um componente ativo, seja pelo excesso de dose
do ativo que pode vir a causar toxicidade.
Como na RDC 79 (BRASIL, 2000) cita uma categoria especfica denominada
Produto de uso Infantil, todos os produtos destinados a esta faixa etria devem ser
enquadrados em tal categoria, ou ainda, se enquadrar na classificao proposta pela
RDC 211 (BRASIL, 2005): Dentifrcio Infantil, classificada como grau de risco 2, ou
seja possui indicaes especficas, cujas caractersticas exigem comprovao de
segurana e/ou eficcia, bem como informaes e cuidados, modo e restries de
uso (BRASIL, 2005, p. 4).
O que no ocorre na prtica, pois h dentifrcios destinados para crianas
notificados como Grau de risco 1, que no tem necessidade de comprovar
segurana e/ou eficcia e no apresentam informaes detalhadas quanto ao seu
modo de usar nem mesmo restries de uso (BRASIL, 2005). Um exemplo,
disponvel para consulta no banco de dados da ANVISA o Creme Dental U Smile
para Crianas (apresentaes Tiens e Morango), fabricado por Tiens do Brasil e
28
com vencimento do registro apenas em 14/09/2014
(http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/Notificado/ Rnotificado.asp).
H dentifrcios infantis registrados como dentifrcio anticrie como, por
exemplo Tandy Sabor Morangostoso e Gel Dental Colgate Jnior Bob Esponja,
ambos fabricados por Colgate-Palmolive Indstria e Comrcio Ltda.
(http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/Rconsulta_produto_detalhe_
cosmtico.asp?NU_PROCESSO=2), inclusive com nomenclaturas e propagandas
que estimulam o interesse da criana favorecendo a possibilidade de ingesto do
produto contendo flor.
E ainda h dentifrcios registrado como infantil, como o caso do Baby
Colgate Barney, fabricados por Colgate-Palmolive Indstria e Comrcio Ltda.
(http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/Rconsulta_produto_detalhe_
cosmtico.asp?NU_PROCESSO=2), porm contm flor e indicado para crianas
menores de 2 anos.
H a possibilidade de estar sendo comercializados dentifrcios contendo flor
de acordo com as especificaes, porm na forma insolvel e, portanto, ineficazes
no controle da crie, como por exemplo, as formas fluoreto de alumnio, fluoreto de
magnsio e fluoreto de clcio, conforme consta nas listas de substncias que os
produtos de higiene pessoal, cosmticos e perfumes no devem conter, exceto nas
condies e com as restries estabelecidas constantes do anexo da RDC 16,
recentemente publicada em 12 de abril de 2011.
2.3 PRPOLIS
A prpolis um produto resinoso produzido pelas abelhas, quimicamente
complexo, contendo material coletado a partir de gemas ou exsudatos de plantas,
substncias volteis e cera de abelha (TEIXEIRA et al., 2005; DOTA, 2011). Essa
complexa mistura de substncias usada na colmia para revestir as paredes
internas, protegendo a entrada contra invasores, e tambm para inibir o crescimento
de fungos e bactrias (GHISALBERTI, 1979; BURDOCK, 1998 apud ARAUJO et al.,
2012).
prpolis so atribudas diversas atividades biolgicas, sendo a mesma
utilizada na terapia de vrias doenas infecciosas (DOTA, 2011).
http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/Notificado/%20Rnotificado.asphttp://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/Rconsulta_produto_detalhe_%20cosmtico.asp?NU_PROCESSO=2http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/Rconsulta_produto_detalhe_%20cosmtico.asp?NU_PROCESSO=2http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/Rconsulta_produto_detalhe_%20cosmtico.asp?NU_PROCESSO=2http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/Rconsulta_produto_detalhe_%20cosmtico.asp?NU_PROCESSO=2
29
A composio e anlise para determinao qumica da prpolis muito
dificultada por se tratar de uma mistura de produtos que varia de acordo com a flora
caracterstica de cada regio e pode sofrer mudanas sazonalmente em uma
mesma localidade (MENEZES, 2005; NASCIMENTO et al., 2008). Alm desses
fatores, h ainda influncia pelas caractersticas genticas das abelhas (SOUSA et
al, 2007).
A composio qumica das prpolis europeias bastante similar, devido
seletividade das abelhas na coleta das resinas, principalmente das espcies de
Populus. J a composio qumica das prpolis produzidas na Amrica do Sul, onde
rara a ocorrncia de Populus, observada diferena na composio de compostos
fenlicos de prpolis de mesma origem floral de algumas regies brasileiras
(AGUIAR et al. 2003).
Quatro compostos foram isolados da prpolis brasileira. Eles so identificados
como: cido 3-prenil-4-hidroxicinmico, 2,2-dimetil-6-carboxietenil-2H-1 benzopirano,
3,5-diprenil-4-hidroxicinmico e 2,2-dimetil-6-carboxietenil-8-prenil-2H-1-benzopirano
(MARCUCCI et al., 2001).
O Brasil o segundo maior produtor de prpolis, estando atrs apenas da
China (LUSTOSA et al., 2008 apud CAMPOS et al., 2011) sendo que os apicultores
no nosso pas utilizam para produo da prpolis, quase que exclusivamente a
abelha da espcie Apis mellifera, trazida ao Brasil pelos europeus, mesmo tendo
mais de 400 espcies de abelhas nativas identificadas (KERR et al., 1996.;
MENEZES et al., 2007 apud CAMPOS et al., 2011).
As prpolis de origem brasileira, bem como de outros pases so estudadas
paralelamente aos compostos de interesse farmacolgico isolados a partir delas, tais
como o Artepilin C, o cido cafico fenetil ster, o cido p-cumrico, o cido cafico,
a quercetina, a crisina e a naringenina, demostrando uma reduo de tumores em
animais e efeitos citotxicos em cultura de clulas de tumor humano (DORNELAS et
al., 2012).
Em recente investigao, Mouse et al. (2012) avaliaram o potencial
antitumoral de um extrato de prpolis marroquina in vitro, verificando atividade
citotxica dose-dependente.
A prpolis brasileira uma rica fonte de substncias fenlicas, sendo estes
compostos identificados como responsveis pelas aes anti-inflamatria,
antimicrobiana e antifngica (DOTA, 2011). A presena de flavonides e derivados
http://lattes.cnpq.br/1101846438208893
30
de cido p-cumrico est relacionada com a atividade antioxidante (DORNELAS et
al., 2012).
A maioria das amostras de prpolis de abelhas nativas brasileiras no
demonstram inibio do crescimento bacteriano, no entanto naquelas produzidas por
Frieseomelitta varia (CAMPOS et al., 2011), foi identificado o cido 3,5-diprenil-4-
hidroxicinmico, cido tambm conhecido como Artepillin C. Neste estudo, os
pesquisadores reconheceram o Artepilin C como componente antibacteriano na
prpolis produzida por esta abelha, e comprovaram sua eficcia antibacteriana in
vitro contra as bactrias Aeromonas hydrophila, Pseudomonas aeruginosa, Bacillus
subtilis e Staphylococcus aureus.
Para produzir a prpolis, as abelhas adicionam suas enzimas salivares
resina coletada da planta e este material em seguida, parcialmente digerido,
seguido pela adio de cera tambm produzido pelas abelhas (ARAUJO et al.,
2012).
Um passo adicional observado no grupo de abelhas sem ferro da
subfamlia Meliponinae, no qual resina, saliva e cera so misturados com solo, para
formar a chamada geoprpolis, armazenada em grandes quantidades dentro das
colmias e empregada como as demais (LIBERIO et al., 2011). Essas espcies so
nativas da Amrica do Sul (BANKOVA et al., 1998 apud ARAUJO et al., 2012).
Liberio et al. (2011) investigaram a atividade antimicrobiana contra patgenos
orais deste tipo distinto de prpolis chamado geoprpolis, produzida por abelhas
nativas Melipona fasciculata. No estudo observaram ao antimicrobiana contra S.
Mutans e C. albicans, com atividade inibitria significativa contra biofilmes de S.
mutans. A maior atividade antimicrobiana foi verificada no extrato contendo maior
concentrao de flavonide e, o teste num modelo animal da preparao do gel
contendo o geoprpolis demonstrou efeito anti-inflamatrio e ausncia de toxicidade.
Estudos recentes com prpolis demonstram resultados promissores, os quais
podem facilitar a aplicao profiltica (URUSHISAKI, 2011), alm da maioria dos
resultados obtidos com a aplicao da prpolis produzida por Apis mellifera
demonstram que sua utilizao relativamente segura, pelo fato de apresentar
baixa toxicidade (BURDOCK, 1998; MORENO et al., 2005 apud LIBERIO et al.,
2011).
Esse ativo de origem natural adicionado aos cremes dentais como um
componente de profilaxia para as doenas periodontais. O creme dental mostra
31
muito boa limpeza e efeito inibidor da placa, alm de efeito anti-inflamatrio
pronunciado (BOTUSHANOV, GRIGOROV et al., 2001).
Num estudo com pacientes com periodontite crnica tratados com prpolis
observou-se uma diminuio na contagem de bactrias anaerbicas viveis totais,
um aumento na proporo de stios com nveis baixos de Porphyromonas gingivalis,
e uma diminuio no nmero de locais com presena de leveduras detectvel
(GEBARAA, 2003).
Em experincia realizada na Hungria considerou-se bem aplicvel o uso de
um creme dental funcional contendo prpolis aps a cirurgia na cavidade oral, pois
promove a cicatrizao de feridas, em casos que envolvam processos na cavidade
oral que cicatrizam com dificuldade, e durante a cicatrizao de queimaduras (por
exemplo, aps a cirurgia a laser). Ela protege a gengiva, e seu uso recomendado
em casos de doenas da mucosa oral (SZABO E NEMETH, 2010).
Muitas propriedades biolgicas tm sido atribudas a vrios tipos de
prpolis, dentre elas: anti-inflamatria, antioxidante, antimicrobiana, antitumoral,
cicatrizante, atividades imunomoduladoras (ARAUJO et al., 2012) e antiviral
(URUSHISAKI, 2011).
A atividade anti-inflamatria da prpolis foi associada aos compostos
polifenis tais como flavonides, cidos fenlicos e seus steres, terpenides,
esterides e aminocidos (ARAUJO et al., 2012).
A especificao do tipo e origem da prpolis, bem como o gnero das
espcies de abelhas produtoras, fundamental na pesquisa deste complexo produto
natural, uma vez que os vrios tipos de prpolis podem ter composies qumicas
diversas e aes variadas de acordo com esses fatores (ARAUJO et al., 2012).
2.3.1 Prpolis Verde Tipificada
A tipificao da prpolis classifica de forma quantitativa os marcadores de
acordo com suas concentraes, favorecendo a industrializao de medicamentos,
cosmticos e produtos de higiene oral utilizando um tipo conhecido de prpolis, com
quantidades estabelecidas de componentes bioativos e, passvel de serem
realizados controles de qualidade (MARCUCCI, 2006).
32
Os pices da popularmente conhecida como alecrim-do-campo, cuja espcie
cientfica Baccharis dracunculifolia (famlia Asteraceae) tm sido apontados como
fontes da resina para a prpolis verde (TEIXEIRA et al., 2005).
Ao se comparar a prpolis com a composio de extratos dos pices
vegetativos da Baccharis dracunculifolia, observa-se grande concordncia, sendo
confirmado por Marcucci et al. (2008) atravs de espectrometria de massa e por
Nascimento et al. (2008) atravs de cromatografia a gs que o alecrim-do-campo a
fonte vegetal mais importante para a preparao da prpolis verde e que as abelhas
so muito seletivas na busca deste vegetal.
Em localidades onde h predominncia de mata nativa caracterstica de
cerrado e, em havendo a presena dessa espcie, a abelha da espcie Apis
mellifera, produz principalmente a prpolis verde, seja em qualquer poca e estgio
de crescimento da planta (SOUSA et al, 2007).
A prpolis verde do sudeste do Brasil muitas vezes referida como "Prpolis
brasileira", mas existem vrios outros tipos de prpolis brasileira, sendo identificados
por Marcucci et al. (2008) a prpolis vermelha proveniente do nordeste do Brasil, a
prpolis marrom do sul e a prpolis verde da regio Sudeste.
A composio de cada tipo de prpolis, assim como sua cor, diretamente
relacionada regio geogrfica e a vegetao predominante. A tipificao tem por
finalidade definir os principais compostos marcadores para cada uma das prpolis,
bem como mostrar as especficas concentraes de cada um dos marcadores para,
finalmente, estabelecer padres de qualidade para prpolis, direcionando a
aplicao teraputica de maneira apropriada (MARCUCCI et al., 2008).
A prpolis verde proveniente dos estados de So Paulo e Minas Gerais
pertence ao tipo chamado BRP/SP/MG. Os principais compostos que foram
considerados marcadores e quantificados neste tipo de prpolis so: cido cafico,
cido p-cumrico, cido 3-prenil-4-hidroxicinmico, cido 3,5-diprenil-4-
hidroxicinmico e cido 2,2-dimetil-8-prenil-2H-1-benzopirano-6-propenico
(MARCUCCI et al., 2008).
A prpolis verde brasileira, coletada em Minas Gerais contm principalmente
compostos polifenlicos, tais como flavonas, flavanonas, cidos fenlicos, e steres
de cidos fenlicos; composio da qual permanece relativamente constante
(URUSHISAKI, 2011).
33
O tipo BRP/PR a prpolis verde do Paran que apresenta muitos compostos
em comum com BRP/SP/MG, sendo seus marcadores: cido cafico, cido 3,5-
diprenil-4-hidroxicinmico, cido 2,2-dimetil-8-prenil-2H-1-benzopirano-6-propenico,
cido 2,2-dimetil-8-prenil-2H-1-benzopirano-6-propenico, cido 3-prenil-4-
hidroxicinmico, cido p-cumrico e cido 2,2-dimetil-2H-1-benzopirano-6-
propenico (MARCUCCI et al., 2008).
Devido ampla variao na concentrao dos marcadores e sua importncia
econmica, a prpolis BRP/SP/MG foi ainda classificada em quatro subtipos de
composio qualitativa semelhante, no qual BRPX tem a mais alta concentrao de
compostos bioativos, seguido por BRP1, BRP2 e por fim BRP3 (MARCUCCI et al.,
2008).
Conforme Marcucci (2006) props ANVISA atravs de Nota Tcnica de 14
de setembro de 2005, a prpolis do tipo BRP1 deve apresentar para cada marcador
as seguintes concentraes: cidos 3-prenil-4-hidroxicinmico (mnimo de 1,0%),
3,5-diprenil-4-hidroxicinmico (mnimo de 2,7%), 2,2-dimetil-8-prenil-2H-1-
benzopirano-6-propenico (mnimo de 2,3%), cafico (mnimo de 1,8%) e p-cumrico
(mnimo de 1,6%). As indicaes teraputicas antibacteriana, anti-inflamatria,
analgsica, antialrgica, cicatrizante e antioxidante para esta tipificao, j foram
comprovadas atravs de estudos cientficos. Sugere-se ainda que se, a sub-tipagem
da prpolis apresentar quantidades menores dos marcadores, a concentrao da
mesma, empregada na formulao, dever ser maior, a fim de se obter uma
proporcionalidade.
O cido 3,5-diprenil-4-hidroxicinmico, denominado de Artepilin C o principal
marcador da prpolis brasileira (MARCUCCI, 2006), sendo identificado como
caracterstico da prpolis verde (NASCIMENTO et al., 2008) e apresenta-se como
um composto majoritrio que demonstrou efeito anti-inflamatrio (PAULINO et al.,
2008) e empregado na forma de p pelos japoneses para tratamento de tumores
(MARCUCCI, 2006).
Dota (2011) avaliou in vitro a atividade antifngica do extrato etanlico de
prpolis contra Candida albicans, constatando que o extrato de prpolis estudado foi
capaz de inibir todas as leveduras testadas. A amostra de prpolis analisada
classificada como tipo BRP e foi coletada de colmias localizadas dentro de uma
reserva de eucaliptos cercada por mata nativa com predominncia de Baccharis
dracunculifolia.
34
Os efeitos da prpolis verde extrada em LLisina foram recentemente
determinados por Dornelas et al. (2012) como sendo quimiopreventiva contra a
carcinognese de bexiga se administrada 30 dias antes do incio da induo por N-
Butil-N-[4-hidroxibutil] nitrosamina.
A anlise da atividade do extrato aquoso de prpolis verde brasileira
demonstrou fortes indcios que possui um efeito anti-influenza e a avaliao de seus
componentes demonstrou que os cidos cafeoilqunicos so os ativos anti-viral,
sugerindo que no tem impacto direto sobre o vrus da gripe, mas pode ter uma
atividade citoprotetora afetando o processo celular interno. No entanto, os
componentes cido p-cumrico, Artepillin C, baccharin, drupanin, e kemferide no
apresentam atividade anti-influenza (URUSHISAKI, 2011).
A prpolis produzida por Apis mellifera demonstra propriedades
antibacterianas contra bactrias Gram negativas (Aeromonas hydrophila e
Pseudomonas aeruginosa) e Gram positivas (Bacillus subtilis e Staphylococcus
aureus), no entanto o potencial de atividade varia de acordo com a localizao
geogrfica da colmia (CAMPOS et al., 2011).
indicada como adjuvante no controle ou profilaxia da crie dentria e outras
doenas infecciosas da cavidade oral, devido seus efeitos inibidores sobre micro-
organismos cariognicos, tais como Streptococcus mutans e Lactobacillus sp, e
ainda sobre as glucosiltransferases, ou seja, enzimas bacterianas envolvidas no
processo cariognico (IKENO et al., 1991; SAWAYA, et al., 2004 apud LIBERIO et
al., 2011). Inibe ainda o crescimento de outras bactrias de interesse odontolgico
tais como: Streptococcus salivarius, Streptococcus mitis e Lactobacillus casei
(GONDIM, 2011).
2.4 XILITOL
O xilitol, encontrado em vrios vegetais, um edulcorante com poder
adoante semelhante sacarose, tendo o grande diferencial de ser no cariognico.
Ele reduz o ndice de crie devido ao seu poder estimulante de salivao, o que
contribui para o aumento do pH da placa e promove a remineralizao (APPEL e
RUS, 2005).
Bastos et al. (2005) tambm descreveram essas e outras propriedades
anticariognicas do xilitol que esto relacionadas reduo na adeso de placa,
35
comprometimento do crescimento de bactrias cariognicas, sendo especfico para
Streptococcus mutans (GONALVES et al., 2001) e remineralizao, com a
observao desta ocorrer em leses iniciais da crie.
Em um estudo com meninos de 8 a 16 anos, foi constatado que solues de
fluoreto de sdio a 0,05% contendo 2,5% ou 12,5% de xilitol apresentaram melhores
resultados em relao diminuio do nmero de estreptococos do grupo mutans
presentes na saliva quando comparadas soluo de fluoreto de sdio a 0,05%. A
associao de flor e xilitol promove um efeito adicional na reduo do nmero de
estreptococos do grupo mutans, embora esse efeito no apresente alteraes com o
aumento da concentrao de xilitol (GONALVES et al., 2001).
Uma alternativa para explicar como o xilitol age impedindo o crescimento de
bactrias cariognicas, que ele no fermentado pelo S. mutans e S. sobrinus
(ROBERTS et al., 2002). Tambm no fermentado pela maioria dos micro-
organismos bucais e, portanto, considerado no cariognico, por no promover a
formao de produtos finais cidos pelas bactrias da placa dental (GONALVES et
al., 2001).
2.5 ESTUDOS DE ESTABILIDADE
O estudo da estabilidade, segundo o Guia de Estabilidade de Produtos
Cosmticos (ANVISA, 2004a) tem por objetivo indicar o grau de estabilidade relativa
do produto em anlise, submetendo-o a vrias condies que possa estar sujeito
desde sua fabricao at o fim de sua validade. Essa estabilidade relativa, pois
varia com o tempo e em funo de fatores que aceleram ou retardam alteraes nos
parmetros do produto, tais como temperatura, umidade, luminosidade, presena de
oxignio, incompatibilidades fsico-qumica entre os componentes da formulao ou
entre a formulao e o material de acondicionamento.
As vrias condies impostas nos ensaios de estabilidade, tais como:
temperatura, presena de luz e tipo de material de acondicionamento; so
essenciais para assegurar a estabilidade da preparao (ALLEN JR. et al., 2007).
Os produtos que no so estreis, devem ser submetidos aos controles da
contaminao microbiana, pois esta pode levar no somente sua deteriorao,
com mudanas fsicas e qumicas associadas, mas tambm, ao risco de infeco
para o usurio (BRASIL, 2010).
36
Antes de submeter a formulao aos ensaios de estabilidade, necessrio
realizar o teste de centrifugao, cujo objetivo apontar possvel instabilidade na
preparao, demonstrando a necessidade de reformulao. Apenas o produto que
permanece estvel poder ser submetido aos testes de estabilidade (ANVISA,
2004a).
As amostras devem ser armazenadas em quantidade suficiente para as
anlises necessrias, nunca completando o volume total da embalagem, permitindo
possveis trocas gasosas num espao de um tero da capacidade do frasco
(ANVISA, 2004a).
No teste de estabilidade preliminar, a amostra ser submetida a condies
extremas de temperatura e diversos parmetros sero analisados (ISAAC et al.,
2008), consistindo na fase inicial do desenvolvimento do produto (ANVISA, 2004a).
J o teste de estabilidade acelerada, emprega condies no extremas (ISAAC et
al., 2008) e pode ser usado para estimar o prazo de validade da formulao, sendo
considerado um estudo preditivo, pois alm da vida til do produto, prev a
estabilidade e compatibilidade da formulao com o material de embalagem
(ANVISA, 2004a).
37
3 JUSTIFICATIVA
Proporcionar criana o hbito de higiene oral possibilita uma menor
incidncia de crie na adolescncia e na fase adulta. O uso de dentifrcios contendo
flor a oferta mais comum para preveno desta doena. No entanto, a ingesto
desses produtos por crianas com idade inferior a 6 anos favorecida pelo fato de
no possurem total controle dos msculos da deglutio, aliada apresentao dos
dentifrcios ser colorida e com temas infantis, alm de possurem aroma e sabor
agradveis.
Essa ingesto de dentifrcios com flor tem sido apontada, em todo o mundo
como a responsvel pelo aumento da incidncia de fluorose dentria.
Torna-se, portanto, necessria a implementao de outras estratgias para
minimizar os ndices de crie em crianas com idade inferior a 6 anos, com a
utilizao de uma opo eficaz e segura, evitando a intoxicao por flor.
Como alternativa sugere-se o desenvolvimento de dentifrcios com
componentes seguros e eficazes contra a crie, preferencialmente de origem
natural, destinadas s crianas com dentes decduos.
Dessa forma, o emprego da prpolis verde, cujas evidncias cientficas
apontam grandes benefcios sade bucal, dar origem a um gel dental associado a
outros excipientes, entre eles o xilitol, objetivando oferecer uma opo de higiene
oral palatvel para o pblico infantil, sem corante nem preservante, eficaz na
preveno contra crie e segura, no oferecendo risco de desenvolvimento de
fluorose.
38
4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
- Desenvolver e avaliar a estabilidade de uma formulao de gel dental
contendo prpolis verde tipificada para uso infantil.
4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
- Desenvolver farmacotecnicamente a formulao de acordo com a
compatibilidade entre os insumos.
- Determinar as especificaes do produto formulado atravs de anlises para
verificao das caractersticas organolpticas, pH, densidade, viscosidade e
contagem microbiana.
- Avaliar a estabilidade fsico-qumica e microbiolgica do produto atravs de
estudos preliminares e testes de estabilidade acelerada.
39
5 MATERIAIS E MTODOS
5.1 MATERIAIS
5.1.1 Matrias-primas e Embalagens
Foram utilizadas matrias-primas e embalagens fabricadas por empresas
qualificadas dos ramos farmacutico e cosmtico, adquiridas mediante laudo de
anlise. Segue abaixo listagem contendo o nome do material, fabricante, origem,
procedncia, nmero de lote, datas de fabricao e validade, conforme a
disponibilidade das informaes.
- gar MacConkey Fabricado por: Himedia Laboratories PVT Ltda. Origem:
ndia Lote: 110500 Data de Fabricao: 06/2011 Data de Validade:
30/03/2016.
- gua Destilada Produzida por: Laboratrio da Uniban.
- lcool Etlico Absoluto P.A. Fabricado p: Synth Lote: 148224 Data de
Fabricao: 24/10/2011 Validade: 24/10/2014.
- Aroma de Banana em P Fabricado por: Aromax Procedncia: Brasil Lote:
100103511 Data de Fabricao: 02/2010 Data de Validade: 02/2012.
- Aroma de Baunilha Extrato Natural em P Fabricado por: Aromax
Procedncia: Brasil Lote: 111036966 Data de Fabricao: 10/2011 Data de
Validade: 10/2013.
- Aroma de Chocolate em P Fabricado por: Aromax Procedncia: Brasil
Lote: 110932367 Data de Fabricao: 09/2011 Data de Validade: 09/2013.
- Aroma de Morango em P Fabricado por: Aromax Procedncia: Brasil Lote:
111141449 Data de Fabricao: 11/2011 Data de Validade: 11/2013.
- Bisnagas de Alumnio de 15g Distribudo por: Vip Embalagens Lote: 465
Data de Fabricao: 31/12/2009.
- Bisnagas de Alumnio de 120g Distribudo por: Vip Embalagens Lote: 68
Data de Fabricao: 25/04/2010.
- Carboxi Metil Celulose (CMC) Distribudo por: Deg Origem: Nacional
Procedncia: Nacional Lote: 0000104569 Data de Fabricao: 05/01/2011
Data de Validade: 05/01/2012.
40
- Cloreto de Sdio P.A. Fabricado por: Chemco Lote: 24855 Data de
Fabricao: 07/2011 Data de Validade: 07/2013.
- Dixido de Silcio Coloidal (Tixosil 333) Fabricado por: Rhodia Distribudo por:
Via Farma Origem: Brasil Procedncia: Brasil Lote: 081010 Data de
Fabricao: 08/2010 Data de Validade: 08/2011.
- Extrato Mole de Prpolis Verde Tipificada (EMPV) sub-tipo BRPX Data de
Fabricao: 10/06/2010; cedido gentilmente pela Prof Dr Maria Cristina
Marcucci Ribeiro, coordenadora do Laboratrio de Qumica de Produtos Naturais
da Universidade Bandeirante de So Paulo.
- Glicerina Distribudo por: Casa Americana Lote: GF000111 Data de
Fabricao: 15/08/2011 Data de Validade: 15/08/2014.
- Hidrxido de Sdio 4M Produzido por: Laboratrio da Uniban
- Lauril Sulfato de Sdio (LSS) - Distribudo por: Pharma Nostra Origem: China
Procedncia: Hong Kong Lote: IF-LA-100723 Data de Fabricao: 07/2010
Data de Validade: 07/2013.
- Meio de Cultura BHI Sangue Produzido por: Laboratrio da Uniban Data de
Validade: 03/03/2012.
- Meio de Cultura Miller Hinton Produzido por: Laboratrio da Uniban Data de
Validade: 03/03/2012.
- leo de Casca de Laranja (Citrol) Produzido por: Biodinmica Qumica e
Farmacutica Ltda. Lote: 322/11 Data de Validade: 05/2014.
- leo Essencial de Menta Piperita Produzido por: WNF Ind. Com. Ltda. Lote:
074/11 Data de Fabricao: 09/2011 Data de Validade: 09/2014.
- Plate Count gar (PCA) Fabricado por: Himedia Laboratories PVT Ltda.
Origem ndia Lote: 97816 Data de Fabricao: 02/2011 Data de Validade:
01/10/2015.
- Proteol OAT (Lauroato de sdio e aminocidos de aveia) Distribudo por:
Chemyunion Origem: Frana Lote: 1008500011 - Da ta de Fabricao:
26/03/2010 Data de Validade: 25/03/2013.
- Sabouraud Dextrose gar Fabricado por: Himedia Laboratories PVT Ltda.
Origem ndia Lote: 112111 Data de Fabricao: 06/2011 Data de Validade:
30/04/2014.
- Sach de Alumnio Tamanho 70x100mm Distribudo por: Ely Martins Lote:
031611 Data de Validade: 31/03/2014.
41
- Sach de anaerobiose Data de Validade: 09/2012.
- Soluo Tampo pH 4,01 Produzido por: Laboratrio da Uniban Data de
Fabricao: 22/06/2011.
- Soluo Tampo pH 6,86 Produzido por: Laboratrio da Uniban Data de
Fabricao: 22/06/2011.
- Tampo Fosfato pH 7,0 Produzido por: Laboratrio da Uniban.
- Xilitol Fabricado p: Zhejinag Huakang Distribudo por: Via Farma Origem:
China Procedncia: Brasil Lote: XC10120801 Data de Fabricao: 12/2010
Data de Validade: 12/2013.
5.1.2 Produtos Industrializados de Referncia
Como critrio de referncia, algumas anlises fsico-qumicas e
microbiolgicas foram baseadas nos seguintes produtos comercializados:
- Gel Dental Cocoric Bitufo Sabor Tutti-Frutti Fabricado por: IPH&C Lote:
067970 Validade: 05/08/2014.
- Gel Dental Prophyto Formulado e Distribudo por: Pharmacosmtica
Fabricado por: Yakult S.A. Lote: PHYPE001 Validade: 05/2011.
5.1.3 Materiais de Laboratrio e Equipamentos
Para o desenvolvimento do presente estudo foi necessria a utilizao dos
seguintes materiais de laboratrio e equipamentos:
Ala de Drigalski, Barbante, Basto de vidro, Bquer de vidro, Erlenmeyer, Esptula
de silicone, Esptula metlica, Estante para tubo de ensaio, Jarra de anaerobiose,
Pipeta graduada, Pipetador automtico, Pisseta, Ponteiras para micropipeta, Placa
de petri estril 90mmx15mm lisa Lote: 101028/1-2 Data de Fabricao:
28/10/2010, Proveta de vidro, Tampo de gaze para erlenmeyer, Termmetro, Tubo
de ensaio, Tubo Falcon, Vidro de relgio, Agitador magntico com aquecimento
Fisatom modelo 752A n srie 0935678, Autoclave vertical modelo 415 Fanem,
Balana analtica Shimadzu modelo AY220 n srie D452203375, Balana semi-
analtica Marte Modelo AS 1000 C (n Srie 282618), Banho de Ultrassom Maxiclean
42
1600 A Unique, Bico de bunsen, Centrfuga Excelsa II modelo 206 MP Fanem,
Estufa Quimis modelo 142 n de srie 704.074, Estufa de cultura Orion modelo
502A Fanem (002CB), Estufa de cultura Revco modelo RCO3000TVBB, Fluxo
Laminar Vertical Pachane, Freezer do refrigerador Continental modelo Elegance RC
26, Palitos de fsforo, Papel absorvente descartvel, Peagmetro digital Alpax
modelo APA200 n de srie 6041/307, Picnmetro metlico de alumnio Universal
capacidade de 25 mL, Ultrapurificador de gua Master System Gehaka n srie
05072703001001, Seladora Barbi modelo TC-260, Viscosmetro rotacional
Brookfield RVT (n Srie 107625).
5.2 MTODOS
5.2.1 Desenvolvimento Farmacotcnico das Formulaes
O desenvolvimento das formulaes envolveu a elaborao de diversas
preparaes, sempre veiculadas em gel, utilizando como princpio ativo a prpolis
verde tipificada e como excipientes insumos com ao edulcorante, flavorizante,
espumante, espessante e umectante. Essas funes farmacotcnicas foram
selecionadas com a finalidade de se obter a formulao mais apropriada de Gel
Dental Infantil contendo Prpolis Verde Tipificada.
Antes do desenvolvimento da formulao necessrio avaliar e considerar as
caractersticas qumicas e fsicas particulares de cada substncia, afim de preparar
da melhor forma o produto final que ser aprovado para comercializao (ALLEN
JR. et al., 2007).
Para o preparo das diferentes formulaes desenvolvidas foi requerida
inicialmente a compatibilidade do ativo e excipientes. Isso fundamental para
obteno de um produto estvel, eficaz, atrativo, fcil de administrar e seguro
(ALLEN JR. et al., 2007).
A prpolis verde do tipo BRPX utilizada neste estudo foi fornecida pela
empresa Novo Mel e utilizada na forma de Extrato Mole, com resduo slido de
93,5%, preparado pela pesquisadora Ms. Cristina Freitas Nunes e cedido
gentilmente pela Prof Dr Maria Cristina Marcucci Ribeiro, coordenadora do
Laboratrio de Qumica de Produtos Naturais da Universidade Bandeirante de So
Paulo. As concentraes apresentadas de seus principais marcadores foram de:
43
cidos 3-prenil-4-hidroxicinmico (mnimo de 1,3%), 3,5-diprenil-4-hidroxicinmico
(mnimo de 3,6%), 2,2-dimetil-8-prenil-2H-1-benzopirano-6-propenico (mnimo de
3,5%), cafico (mnimo de 2,6%) e p-cumrico (mnimo de 2,2%), conforme
especificao de tipificao proposta por Marcucci et al. (2008).
A incorporao deste ativo foi feita atravs de testes de solubilidade e
compatibilidade com os excipientes das formulaes.
Os excipientes utilizados foram selecionados inicialmente pela sua
biocompatibilidade. Tiveram suas concentraes de uso adaptadas de acordo com o
desejado. Eventualmente foram substitudos, seja por incompatibilidade na
formulao, ou ainda por no atender s necessidades do produto.
Para cada formulao desenvolvida foram feitas observaes e traadas
medidas corretivas para as prximas formulaes. As caractersticas organolpticas
foram avaliadas a cada desenvolvimento sendo o fator inicial para a tomada de
decises para futuras preparaes.
A escolha da embalagem para armazenamento da formulao foi feita com
base na avaliao de seu aspecto, funcionalidade, compatibilidade e interao com
a frmula, proteo ao vapor dgua e luminosidade (ANVISA, 2004a).
5.2.2 Avaliao dos Parmetros de Qualidade da Formulao Selecionada
Segundo o Guia de Controle de Qualidade de Produtos Cosmticos (BRASIL,
2008), os ensaios de Controle de Qualidade cujos objetivos so avaliar as
caractersticas fsicas, qumicas e microbiolgicas das matrias-primas, embalagens,
produtos em processo e produtos acabados, so uma exigncia regulatria, ou seja,
esses dados obtidos nos ensaios, atravs de mtodos pr-determinados, so
caracterizados como especificaes no ato da regularizao do produto. A
verificao da conformidade dessas especificaes um requisito necessrio para
garantir a qualidade, a segurana e a eficcia do produto.
A formulao selecionada foi preparada e mantida em repouso por 24h para
atingir a consistncia final (ISAAC et al., 2008), aps este tempo foram analisados e
definidos os parmetros de qualidade para servirem de especificao durante todas
as etapas do estudo. Os critrios avaliados foram: caractersticas organolpticas,
centrifugao, pH, densidade, viscosidade e contagem microbiana.
44
A compatibilidade com o material de acondicionamento foi verificada ao longo
do estudo, considerando sua integridade e da formulao, avaliando-se a vedao,
funcionalidade (ANVISA, 2004a), compatibilidade e preservao do produto.
5.2.3 Estudo de Estabilidade Preliminar
A formulao selecionada ser submetida s condies de estresse com o
objetivo de acelerar o surgimento de possveis sinais de instabilidade (ANVISA,
2004a).
As amostras sero armazenadas na embalagem primria dimensionada como
material de acondicionamento final (bisnagas de alumnio) ou semelhante a ela
(sachs de alumnio), de forma a ocupar no mximo dois teros de sua capacidade.
As condies extremas que as amostras sero submetidas so: temperaturas
de 45C 2C, -5C 2C e a ciclos de 24 horas alternados de aquecimento e
resfriamento. Paralelamente, tambm sero avaliadas amostras armazenadas
temperatura ambiente em duas situaes de luminosidade diferentes, ou seja,
protegida da luz e exposta luz.
O Guia de Estabilidade de produtos Cosmticos sugere que o estudo de
estabilidade preliminar tenha durao de 15 dias, exceto o ciclo de aquecimento a
45C 2C e resfriamento a -5C 2C, que deve durar 12 dias, equivalentes 6
ciclos (ANVISA, 2004a). No entanto, foi optado por realizar 7 ciclos durante 14 dias
nestas temperaturas.
A tomada de amostra do gel embalado em bisnaga de alumnio foi feita
descartando-se a primeira alquota do produto. No caso das amostras embaladas
em sachs de alumnio, a camada superficial foi eliminada e o restante foi
homogeneizado para ento tomar a amostra para ensaio (BRASIL, 2008).
Os parmetros fsico-qumicos avaliados neste estudo foram: caractersticas
organolpticas (aspecto, cor, odor e sabor), precipitao, valor de pH, densidade e
viscosidade, cujos detalhes esto descritos no item 5.2.5.
Os produtos classificados como cosmticos no precisam ser estreis, mas
devem ser adequadamente protegidos da contaminao microbiana (GEIS, 2006),
por isso a necessidade de realizar anlises microbiolgicas. Os detalhes da
contagem microbiana esto esclarecidos no item 5.2.6.
45
O resumo das condies empregadas e a frequncia das anlises est
exposto no Quadro 1.
Quadro 1 Parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos avaliados de acordo com a
frequncia das anlises nas condies de temperatura e luminosidade empregadas
no estudo de estabilidade preliminar.
Anlises Frequncia das Anlises
Caractersticas Organolpticas Diria
Precipitao 15 dia
pH 7 e 15 dias
Densidade 15 dia
Viscosidade 15 dia
Contagem Microbiana 15 dia
Fonte: Acervo pessoal.
5.2.4 Estudo de Estabilidade Acelerada
Neste caso a formulao selecionada ser submetida s condies menos
extremas que o teste anterior, com o objetivo de prever a estabilidade do produto,
estimar o prazo de validade e avaliar a compatibilidade com o material de
acondicionamento (ANVISA, 2004a). Portanto, as amostras sero armazenadas na
embalagem primria dimensionada como material de acondicionamento final
(bisnagas de alumnio) ou semelhante a ela (sachs de alumnio), de forma a ocupar
no mximo dois teros de sua capacidade.
As condies que as amostras sero submetidas durante 30 dias so:
aquecimento em estufa a 45C 2C, resfriamento em freezer a -5C 2C e
exposio temperatura ambiente protegida da luz.
Da mesma forma que no estudo de estabilidade preliminar, a amostragem do
gel embalado em bisnaga de alumnio foi feita descartando-se a primeira alquota do
produto e, no caso das amostras embaladas em sachs de alumnio, a camada
superficial foi eliminada e o restante foi homogeneizado para ento tomar a amostra
para ensaio (BRASIL, 2008).
Os mesmos parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos avaliados no estudo
de estabilidade preliminar sero verificados neste estudo, estando o resumo das
condies empregadas e a frequncia das anlises exposto no Quadro 2.
46
Quadro 2 Parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos avaliados de acordo com a
frequncia das anlises nas condies de temperatura e luminosidade empregadas
no estudo de estabilidade acelerado.
Anlises Frequncia das Anlises
Caractersticas Organolpticas 1, 7, 15 e 30 dias
Precipitao 1, 15 e 30 dias
pH 1, 7, 15 e 30 dias
Densidade 1, 15 e 30 dias
Viscosidade 1, 15 e 30 dias
Contagem Microbiana 1, 15 e 30 dias
Fonte: Acervo pessoal.
5.2.5 Anlises fsico-qumicas
As anlises abordadas nesta parte do estudo foram os ensaios organolpticos
e fsico-qumicos da forma cosmtica preparada, com a finalidade de obter um
produto dentro dos padres de qualidade, verificando desta forma se a formulao
desenvolvida apresenta-se em conformidade s especificaes estabelecidas.
Conforme sugesto do Guia de Controle de Qualidade de Produtos
Cosmticos (BRASIL, 2008) os ensaios organolpticos e fsico-qumicos para
dentifrcios so: aspecto, cor, odor, sabor, pH, densidade e viscosidade.
A centrifugao tambm um parmetro de anlise fsico-qumica (Brasil,
2010) aplicado para avaliar a estabilidade da formulao.
5.2.5.1 Caractersticas Organolpticas: aspecto, cor, odor e sabor
Essa anlise detectvel pelos rgos dos sentidos (BRASIL, 2008) foi
realizada ao longo do desenvolvimento das formulaes, servindo como aspecto
base para seleo de formulaes a serem submetidas aos testes posteriores.