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Carta Aos Irmaos_Santa Casa Da Misericordia de Esposende 2011

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Carta aos irmãos da Santa Casa da Misericórdia de Esposende

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5/11/2018 Carta Aos Irmaos_Santa Casa Da Misericordia de Esposende 2011 - slidepdf.com

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Caras lrmaos,

Como e do conhec imento da lrmandade exerci as f u n ~ o e s de Administrador-Delegado do Ho spital da Santa Ca sa

da Misericordia de Esposende durante os ultimos se te anos. No pa ssa do dia 28 de Novembro demiti-me dessas

f u n ~ o e s por considerar que t udo tem um limite e que o abuso que algumas pe ssoa s fazem das l n t i t u i ~ o e s temco nduzido o Pafs para o momen ta dramatico em que vivemos. Apresentei a minha demissa o por imperative de

consciencia e porque tenho a absoluta c o n v i c ~ a o de que a equipa liderada pela D r . ~ Emilia Vilarinho conduzira a

l n s t i t u i ~ a o ao caos organizacional e ao colapso financeiro.

Em Setembro de 2004 fui convidado pela D r . ~ Emilia Vilar inho, na qualidade de Provedora, a ocupar as f u n ~ o e s de

Administrador-Delegado do Hospital Valentim Rib eiro. Conhecia bem a l n t i t u i ~ a o , os se us problema s e desafios

porque apo iei du rante um ano (2003 e 2004) a Mesa Admini strativa, em l i g a ~ a o com a Universi dade onde me

licenciei. Nesse ano trabalhei sem qualquer m u n r a ~ a o paga pela l n s t i t u i ~ a o e isso nunca constituiu qualquer

problema, tendo envidado todos os e s f o r ~ o s para apoiar a e s o l u ~ a o do drama institucional que se vivia naquela

altura. Em Setembro de 2004 preparava-me para rumar a Lisboa onde iria ocupar f u n ~ o e s de elevada

responsabilidade quando a D r . ~ Emilia Vilarinho me contactou, convidando-me" a ass umir as f u n ~ o e s de

Administrador do Ho spi tal. Num primeiro momenta recusei o convite porque a minha vida se direccionava , a

grande velocidade, para outros desafios. Aconse lhei que contactassem alguem que poss ufsse determinada s

caracterfsticas e que re sumo em tres pressupostos: se ri edade, rigor e competencia de gestao. Estando a

Misericordia num esta do af litivo, a Provedora insistiu pessoalmente que reconsiderasse a minha p o i ~ o de rec usa

e deu-me conta que a s i t u a ~ a o , naquele momenta, nao permitiria a a t r i b u i ~ a o de um a m u n e r a ~ a o a altura do

cargo e da responsabilidade das f u n ~ o e s que ir ia ocupar e, cl ara es ta , nao se ria poss fvel t entar sequer cobrir a

minha proposta de Lisboa. A conve rsa se nsibilizou-me e uma vez que dete sto ver i n t i t u i ~ o e s ligada s a lgreja em

dificuldades compareci ao trabalho sem sa ber o valor de r e m u n e r a ~ a o que me tinha sido atribufdo. Adata, um

valor proximo de um t ec nico de RX no meio da tabela. Sabendo que a l n t i t u i ~ o nao poderia pagar mais, isso nao

constituiu qualquer problema para mim. Fica entao clara que, des de a primeira hora, foi a Mesa Administr ativaque atribu iu e ac tualizou as minhas r e m u n e r a ~ o e s . Durante anos trabalh ei com uma equipa que se fo i

estruturando e inca nsavelmente deu corpo a uma rea lidade que se es pe lh a no dia de hoj e, se m olhar a ferias,

horas extraordinarias, f ins-de-semana ou feriados. Prejudicaram-se a si proprios e as suas famflias, se m pedir nada

em troca e somente pelo amor e e d i c a ~ a o a M isericordia de Esposend e. A todos eles aq ui ex presso a minha

homenagem.

E porque neste momenta eleitoral se ouvem as mais diversas hist orias, repletas de disparates, import a aq ui

traduzir os dados oficiais, cons iderando que era chega do o tempo de nao pactuar com um discurso oficial de

maravilhas e uma realidade factual que, em meu entender, coloca em perigo uma Mi sericordia com sec ulos de

existencia, a qual estao ligadas centenas de famf lias , que e responsavel por ~ a e n t o s anuais superiores a quatro

milhoes de euros e por uma activida de com assina lavel impacto no tecido soc ial e economico de Esposende .

lnscrevo na pagina seguinte um grafico com dados sabre a realidade econom ica da San t a Casa da Misericordia de

Esposende. Dados oficiais, registados na S e g u r a n ~ a Social e na Arquidiocese da Braga.

Estes dados demonstram que desde o ano de 2003 ate ao ano de 2006 a Mi se ricordia de Esposende conseguiu

inverter a tendencia de declfnio e recuperar a diffcil s i t a ~ a o em que se encontrava. Passou ass im de um a

l n s t i t u i ~ a o moribunda para uma l n s t i t u i ~ a o que des ignar ia da "c lasse med ia alta". 0 Ho spital, valencia que

consegue representar mais de 87 % da actividade economica de toda Santa Casa rompe com um quotidiano

dramatico de fornecedores que insultavam os funcionarios por falta de paga mento, de familiares de do entes que

traziam aquecedores para o Ho spital e de contas bancarias que apresentavam milhares de euros a descoberto. E

esta a l t e r a ~ a o beneficiou naturalmente outras importantes valencias sociais da Mi se ricordia de Espose nde.

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1 200 000.00 c:

1.000 000.00 €

600.000.00 €

0 0 000.00 (

200000.00 f

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-200 000.00 (

Santa Casa da M isericOrdia de Espose nd e . v o l u ~ o dos Resultados Uq uidos

2oo&2007 810 5• 0. 4So €

732 4J1.78 €

200<2003 275 ~ . 2 1 €

182 03 3 44{

2002

I118&57.81 1

- -•Ano20 11 : C o r r ~ s p o n d ~ aovalor con tab ilist ico apurado pllri!l o p n ~ o s ~ ~ s r e : civ il de: 2011

DAOOS OFICIAIS

"""·4.B OIS0.79C

2010.

DAOOS APU RADOS

CONTABILISTICAMENTE

290 051,19€!

: 2011•

~ 2 8 0 0 0 . 2 2 c

i -No entanto, estes anos aureos da Santa Casa, em contra-ciclo com a i t u a ~ a o do pais (a Mi sericordia melhorava

enquanto o Pais piorava) reve laram uma outra realidade. A Me sa Administrativa iniciou uma conduta de gestao

sem considerar devidamente os se rios avisos traduzidos pelo Administrador e sua Equipa. E desde 2009 que estai t u a ~ a o se agudizou, uma vez que a Provedoria chegou a tomar decis6es de gestao contrarias as decis6es

tomadas formalmente pelo Administrador, devidamente reduzida s a esc rito e que envolviam milhares e milhares

de euros. E digo Provedoria porque quanto ao s restantes elementos da Mesa Adm inistr ativa nunca so ube o que

e les pensava m sobre determinados assuntos . Ao contrario do que acont ece com outras M isericordias que t em

Ho spitais, es ta Mesa Admini strativa nunca trabalhou de perto como Admini strador e ao contra rio do que se ria de

esperar, nem sequer me receberam quando formalmente solicitei um a reuniao para expor materias da mais alta

relevancia. E tambem me es pantou a atitude demonstrada, desde 2009, pela S r ~ Provedora e pelo Sr . Vice

Provedor, tendo como nota dominante a falta de decis6es atempadas, deixando assuntos " pendurados" durante

anos. Como exemplo, no ano passado, um alegado Con se lho de A d m i n i s t r a ~ a o do Hospital de que f a ~ o parte

esteve se m re unir formalmente desde Abril a Novembro, t endo tido somente 6 reuni6es na totalidade de um ano

ECOMO CONTRA FACTOS NAO HA ARGUMENTOS , IMPORTA DESTACAROS SEGUINTES :

· A Misericordia de Espose nde apresenta uma tendencia de quebra de re sultados fora do comum, pois mantem o

volume de negocios, ou se ja, continua a te r uma act ividade que apresenta valores altos mas gasta cada vez mais

recursos fin anceiro s para conseg uir manter essa mesma actividade.

• Um exemplo perceptive! e o de uma loja que mantem os se us clientes e as suas vendas mas tem cada vez mais

des pesas para conseguir vender a mesma quantidade de produtos. Uma dessas despesas pode sera c o n t r a t a ~ a o de ca da vez mais colabo ra dores, para a mesma loja, como mesmo numero de clientes e com as mesmas vendas.

Em resumo, a loja nao cresce, ate diminui as ven das (porque estamos em crise), mas aumenta os seus custo s e

chegara a altura em qu e a despesa e maior que a receita.

• Podemos dizer que os resultados ap urados sobre a act ividade dos pr imeiros seis meses de 2011 ja revelam um

prejuizo, ou se ja, a receita gerada ja nao cobre a des pesa .

• M as a loja ainda continua abert a, a pagar as suas contas, a pagar as facturas dos se us fornecedores e as

r e m u n e r a ~ 6 e s dos se us colaboradores. Se ja da prejuizo, como e que conseg ue pagar tudo isso? A resposta e

simples: Con seg ue pagar porque teve alguns anos anteriore s com receitas bem aci ma da s despesas . Como a loja

teve muitos lucros nos a nos anteriores pode usar esse dinheiro para pagar as actuais despesas . Por isso e que ha

prejuizo ma s nao ha "buraco fin anceiro". 0 "buraco" e tapado como dinheiro dos lucros dos anos anter iores.

• Entao podemos fazer mais algumas perguntas:

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P: Durante quan to tempo e que e poss fvel tapar o buraco? R: Durante o tempo em qu e ti vermos dinheiro dos a nos

an ter iores. I P: E quando acabar o dinheiro dos anos anteriores? R: Entao aparecem os buracos e nao sao tapados.

P: E quando aparecerem esses burac os que nao sa o tapados? R: Acontece o que temos visto por esse Portugal

inteiro : Empresas a fechar, familias a chorar e os centros de emprego a abarrotar ..

• Tem si de afi rma do que como o Est ado nao paga atempadamente as Mi sericordia s, es t as t em prejufzo. Tal

s i t a ~ a o nao e necessar ia mente verdade. Exist em muitas Mi se ricordi as com atr as os no rec ebimento e nao

aprese ntam qualquer prejufzo dec orrente desses mes mos atras os.

• Quando uma o r g n i z a ~ a o t em mais des pesas do que receitas , chega se mpre um dia em que alguem Ihe bat e a

porta para pagar. Nessa altura o mais ce rt o e ent rar em colapso f inance iro , um a vez que aca ba o dinheiro e ja nao

consegue responder aos seus co mpromi ssos. No cas e da loja, pede o m r por arrasta r o se u pagamento aos

fo rnecedores, depois deixar de pagar at empadamente aos se us colaboradores e por fim deixar de t er produtos

para vender. Sem vendas nao ha receita. Sem receita nao se paga despesa. Sem pagar despesa nao e possfvel

continuar a viver. Entramos pois em colapso financeiro e nao conseguiremos assegurar a nossa actividade.

Como Administr ador e perante es t e ce nari o so posse ass umir t ecnicamente o seguinte: Ou a loja inverte es t a

tendencia ou em breve es ta ra a pa ssar as dificuldades des critas, podendo entrar em colapso. E a seguir a historia

seguira o se u curse. Tambem foi assim com o Pals: Um Governo a dizer que tude ia bem, um conjunto de

economistas a dize r que tude ia mal e um Prof. Medin a Carreira a .anunciar o colapso financeiro de Portuga l ha

mais de 10 anos. Ataca do inumero vezes no papel odios o do "profet a da e s g r a " . E agora, quem e que o ataca?

Como Admin istrador t ambem nao me preocupa ser at aca do por diversos sectores, represe ntatives de inumeros

interesses. Sao os chamados "o ssos do offcio" . No entanto, nao ace ito que ess es at aques sejam motivados na

tentativa de descredibil izar o que des de ha longa dat a afirme i. Em meu entender, a Mi se ricordi a de Espose nde

esta em complete declfnio, fruto de uma crise que vem de "dentro para fo ra" , provocada por inumeras atitud es,

designadamente concretiz adas ou com o beneplac ito dos se us dirige ntes. Est a "Crise", que vem de dentro da

Santa Casa ira encontrar-se com a " Cr ise " que es t aca

fo ra. Com a Cr ise do Pais. Qu ando isso acontecer se ra ocolapso total. E a l n s t i t u i ~ a o volta ra a viver te mpos dramat icos.

Poderia relatar inumeros cas es ma s deixo aqui apenas alguns exemplos que me choca ram como Administr ador e

como lrmao desta Sa nta Casa . Como e poss ivel ce lebrar som ente quando convem (nomea damente em anos

eleitorais) os aniversa rios da Misericordia, com tod a a pompa e circunst ancia , com a in feliz inclusa o de uma

r e f e i ~ a o no Hote l Suave Mar (n a qual se mpre me recu se i a participar), paga in teg ralmente pela l n t i t u i ~ a o com

dinheiro que faz fa lta para praticar as Obras de Mise ricordia . Nunca tinha ass ist ido a se melhante des propos ito e

nao me espanta que um benemerito possa te r rese rvas em f azer o a ~ o e s a quem gas t a o dinheiro com jantaradas

de aniversario rea li za das em hoteis. Como e possive l rec ru tar colaboradores se m processes de e c ~ a o crit eri osos

e de acordo com conven iencias familiares e pessoa is e, por ultimo, com o foi poss ivel que pessoas que chega ram a

anunciar que nao se recan didat avam tivessem pro movido o indigno es pec t aculo na Asse mbl eia Geral do dia 27 de

Novembro de 20 11. 0 ac t o eleitoral a que assis ti envergonhou-me enquanto lrmao da Santa Casa , enquanto

profissional mas, fund amentalmente, envergonhou-me como Portugues . Talvez a Democrac ia ainda nao tenha

chegado compl et amente a Espose nde. Espero que os lrmaos da Santa Casa possa m provar o contrario nas e i ~ o e s do dia 11 de Deze mbro. Tal como demonstrei publica ment e, ja remeti as autoridades tu telares e aos tribunais a

competente i n f o r a ~ a o para apu ra mento de res ponsa bilidades. Quante a mim so posse lembrar qu e "quem faz o

que pede, fez o que deve" e se nti o Dever de avisa r todos os lrmaos sobre o que penso da ac tu al realidade da

Santa Casada Mi sericordia de Esposen de.

Bem Hajam pelo t empo que Vos tomei,

0 lrmao da Santa Casa da Misericordia de Esposende, Joao Am aral.