Upload
elaise-de-mello
View
217
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Atividade do OErS
Citation preview
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 1
Carta de Amor
OErS
2010
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 2
Retrato Em Preto E Branco
(A.c. Jobim/c. Buarque)
Já conheço os passos dessa estrada Sei que não vai dar em nada Seus segredos sei de cor Já conheço as pedras do caminho E sei também que ali, sozinho, Vou ficar, tanto pior O que é que eu faço contra o encanto Desse amor que eu nego tanto, evito tanto E que no entanto volta sempre a enfeitiçar Com seus mesmos tristes velhos fatos Que num álbum de retratos, eu teimo em colecionar Lá vou eu de novo como um tolo Procurar o desconsolo Que eu cansei de conhecer Novos dias tristes, noites claras Versos, cartas, minha cara, ainda volto a lhe escrever Pra lhe dizer que isto é pecado Eu trago o peito tão marcado De lembranças do passado e você sabe a razão Vou colecionar mais um soneto Outro retrato em branco e preto A maltratar meu coração
Você não me ensinou a te esquecer
(Fernando Mendes / José Wilson / Lucas)
Não vejo mais você faz tanto tempo Que vontade que eu sinto De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços É verdade, eu não minto E nesse desespero em que me vejo Já cheguei a tal ponto De me trocar diversas vezes por você Só pra ver se te encontro Você bem que podia perdoar E só mais uma vez me aceitar Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la Agora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer Você só me ensinou a te querer E te querendo eu vou tentando te encontrar Vou me perdendo Buscando em outros braços seus abraços Perdido no vazio de outros passos Do abismo em que você se retirou E me atirou e me deixou aqui sozinho Agora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer Você só me ensinou a te querer e te querendo eu vou tentando me encontrar E nesse desespero em que me vejo já cheguei a tal ponto de me trocar diversas vezes por você só pra ver se te encontro Você bem que podia perdoar E só mais uma vez me aceitar Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la Agora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer Você só me ensinou a te querer E te querendo eu vou tentando te encontrar Vou me perdendo Buscando em outros braços seus abraços Perdido no vazio de outros passos Do abismo em que você se retirou E me atirou e me deixou aqui sozinho Agora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer Você só me ensinou a te querer e te querendo eu vou tentando te encontrar Vou me perdendo Buscando em outros braços seus abraços Perdido no vazio de outros passos Do abismo em que você se retirou E me atirou e me deixou aqui sozinho Agora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer Você só me ensinou a te querer e te querendo eu vou tentando me encontrar
E.C.T.
(Nando Reis, Marisa Monte, Carlinhos Brown -
Cássia Eller)
Tava com cara que carimba postais
Que por descuido abriu uma carta que voltou
Levou um susto que lhe abriu a boca
Esse recado veio pra mim, não pro senhor
Recebo craque colante, dinheiro parco
embrulhado
Em papel carbono e barbante
E até cabelo cortado, retrato de 3x4
Pra batizado distante
Mas, isso aqui, meu senhor,
É uma carta de amor
Levo o mundo e não vou lá
Levo o mundo e não vou lá
Levo o mundo e não vou lá
Levo o mundo e não vou...
Mas esse cara tem a língua solta
A minha carta ele musicou
Tava em casa, a vitamina pronta
Ouvi no rádio a minha carta de amor
Dizendo: eu caso contente, papel passado e
presente
Desembrulhado o vestido
Eu volto logo, me espera
Não brigue nunca comigo
Eu quero ver nossos filhos
O professor me ensinou fazer uma carta de amor
Leve o mundo que eu vou já
Leve o mundo que eu vou já
Leve o mundo que eu vou já
Leve o mundo que eu vou...
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 3
ÍNDICE
1. Carta 1 ....................................................... 4
2. Carta 1 digitada .......................................... 5
3. Carta 2 ......................................................... 6
4. Carta 2 digitada ........................................... 7
5. Carta 3 ........................................................ 8
6. Carta 4 ......................................................... 9
7. Carta 5 Digitada ........................................ 11
8. Carta 6 ....................................................... 12
9. Carta 6 digitada ......................................... 13
10. Carta 7 digitada ......................................... 14
11. Carta 8 digitada ......................................... 15
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 4
CARTA 1
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 5
CARTA 1 - DIGITADA
Minha querida Matilde Escrevo-te de um lugar de guerra Um lugar sem nome Escrevo-te num dia da semana entre dois domingos – será hoje dia
santo?! E nem sei se é Janeiro, ou se será Dezembro, ou um outro mês que
fique de permeio Mas o ano em que escrevo, esse, sei: mil novecentos e sessenta e oito Eu já fiz vinte anos e tu farás dezoito. Matilde bem amada Consolação da minha alma triste. Canção que me cantam os anjos
quando ando de arma em punho a catar sei lá eu bem que inimigo. Tão calmos que eram os teus abraços. Neles me aninho em sonhos
doces, como doce é o teu regaço onde irei deitar-me todos os dias que me restarem depois deste degredo.
No teu colo macio é onde durmo quando tenho a bênção de um recolhimento. E revivo-te.
Meu querubim, minha alfazema, meu tesouro ignoto de preciosas pedras. Minha abelha rainha, imensamente nua daquele pano.
Tu a unires as sobrancelhas, a franzir os teus olhos mais verdes do que os muitos verdes por onde me caminho.
Tu a dizer-me: a capulana, deixa estar, Tiago, que ela há-de soltar-se. E rias-te, desengonçavas o teu corpo muito virgem para rires do meu
desassossego, das minhas mãos tremendo por não saberem como desatar os nós dos teus vestidos, não terem o mister de retirar os panos com que tapavas os segredos do teu corpo.
Naquela tarde, a tua capulana estava atada com um nó corrido. Quando o nó se desfez, assim num por acaso, surgiu o teu corpo livre de mais atavios. Sublime.
Tu, minha Matilde, a mostrares-te nua, e eu de olhos piscos como se os entontecessem luzes de meio-dia em Agosto.
Ai Matilde, minha doce Matilde, que naquela tarde cheiravas a sargaço e a limos. Ou seria de estarmos na maré vaza e o cheiro vinha dos caranguejos que por ali se passeavam, e das lapas, curiosas, a soltarem-se das rochas?
Seria o cheiro que tu tinhas, ou seria a maresia, minha doce amante, minha querida?
Mas que importa saber a que cheiravas, se eu sei que o teu perfume é o dos lírios no altar de todas as Nossas Senhoras que há por esse mundo?!
Minha adorada Matilde! Deste lugar de sangue e ódio, deste local tão longe, envio-te mãos
cheias, cordões e mais cordões de letras a dizerem: Amo-te. Que a palavra se repita, que reverbere dela o ar dos locais onde respires.
Este que será teu para toda a eternidade
Tiago
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 6
CARTA 2
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 7
CARTA 2 - DIGITADA
Meu amor,
Ainda sonho com você. Pronto. Está dito. Há quanto tempo não sabemos um do outro...
Sei que você se casou, que teve filhos, bem antes que eu.
Fui eu quem não quis, fui eu que terminei nosso quase noivado por telefone, por falta de
coragem de falar olhos nos olhos, fui eu que rasguei nossas fotos, fui eu.
Aos 18 anos eu me deslumbrei com a vida, com a liberdade, com conhecer novas
pessoas, com viajar, estudar, trabalhar. E não quis deixar nenhuma esperança, eu decidi
mesmo ser fria, distante. E me arrependo hoje. Lembro de que você ainda me alertou.
“Ninguém nunca vai te amar como eu te amo”. Eu recebi essas palavras como se fossem
uma maldição, de alguém que não podia me amar de verdade. E eu pensei que eu amaria
outro muito mais do que amava você, sem hesitação.
Lembro da noite em que você me pediu em namoro e que eu tímida, em minha festa de
15 anos, somente sorri, e, então você me beijou. Meu primeiro beijo de amor. Como eu
poderia me esquecer? Dos braços, dos abraços, do desejo, do carinho, da presença, dos
cinemas, da nossa música. Do riso e de suas lágrimas no final. Lágrimas que abalaram
minha decisão de indiferença, mesmo que por telefone.
Porque escrevo esta carta? Nossos caminhos não têm volta, eu nem ousaria pensar
nisso. Quero você tranqüilo, quero você feliz. Quero saber que você pode amar outra
mais do que me amou. Mas eu ainda sonho com você. Em sonho podemos tudo. Em
meu sonho você ainda me ama. Muito. Mais do que qualquer outro me amou nesta vida.
No meu sonho você me perdoou.
Porque escrevo esta carta? Porque preciso que alguém me ame mais que tudo, porque
preciso de você. Seu amor me fortalece, me alimenta. Vem de você a generosidade que
eu aprendi a ter. Minha felicidade vem de você, vem do seu amor infinito. Em meus
sonhos esse amor me ilumina, me transcende. Sou melhor porque você me ama. Eu
quero que você saiba que é você quem me faz feliz.
Pessoas que deixam sentimentos tão profundos em outras são pessoas abençoadas, que
carregam em si o poder de mudar o mundo, o poder de alcançar as estrelas e de ir além.
O poder de atingir o destino que as almas devem ter: de se sublimar.
Não ouso enviar esta carta. Contudo, o poder das palavras e de meu sentimento é
tamanho que você vai saber o que eu sinto, e, vai saber que ninguém te amou como eu.
Da sua,
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 8
CARTA 3
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 9
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 10
CARTA 4
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 11
CARTA 5
Volta
Há meses espero uma palavra tua, mas nada me chega, salvo a presença
concreta de tua ausência. Costumávamos estar tão perto um do outro que
a nossa respiração era uma só. Tanto que o barulho dos nossos estômagos
famintos reverberava na cama, produzindo uma sinfonia de estrondos.
Tão próximos estávamos. Tão próximos éramos...
Lembro-me dos filmes que assistíamos na biblioteca da cidade. Fazíamos
cara de entendidos, e depois, no motel, discutíamos as principais cenas.
Você, sempre mais sensível, percebia melhor o enredo, ou preferia o
ponto mais polêmico, e eu me deixava vencer por seus argumentos,
porque depois de vencido, meu troféu eram seus beijos. Na faculdade,
você era a mais destacada. Eu gostava de provocá-la com perguntas mais
elaboradas, só para tornar a sua inteligência mais visível.
E quando me descobri apaixonado?
– Deixa disso! – Você desconversava. – Assim está bom demais.
E aquilo tudo era mesmo bom demais para deixar estragar...
Mas estragou. Acordei num desses dias abafados. Muito calor, muitas
nuvens. Nem o sol, nem a chuva definia a contenda. O tempo e eu
tínhamos a mesma aparência cinzenta. Sem cor, sem vida. E tudo ao meu
redor foi ficando assim.
Voltei a percorrer o mesmo caminho que fazíamos todos os dias, para ver
se me encontravas. Mas nenhuma das mulheres, nas quais eu procurava o
teu rosto, parecia me conhecer. Parecia mesmo que eu não existia.
Faltava você.
E tudo isso ainda me consome, pois não te encontro. E o meu desejo não
se presta a outra coisa senão encontra-te, pois desaprendeu a procurar
por outrem.
Volta.
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 12
Carta 6
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 13
CARTA 6 - DIGITADA
Meu amor,
As lembranças da nossa vida em comum, de todos os problemas, de todos
os momentos felizes ou dolorosos, tudo isso está marcado em mim.
Coleciono lembranças como quem guarda fotos, lembranças gravadas a
ferro e fogo na minha mente e no meu coração...
Cada canto me traz uma imagem, fotografada não por uma máquina, mas
pela memória afetiva.
Máquinas não registram emoções nem as marcas deixadas em nossas
almas...
Eu devia esquecer tudo mas insisto, não consigo por mais que tente, parece
que quanto mais se tenta esquecer mais fortes voltam à tona os sentimentos
que pensamos estarem para sempre enterrados.
Escrevo tanto, coloco meus pensamentos no papel, de diversas formas, em
prosa e verso, cada palavra dedicada ao nosso amor que me machuca tanto
relembrar...
Sozinha, como sempre, desde que tudo acabou, sem conseguir pensar em
outra coisa que não seja nós dois.
Sempre tua...
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 14
CARTA 7 - DIGITADA
À minha amada.
Escrevo, mulher, esta carta, pois fala mais alto o desespero e o desespero domina a alma
dos amantes solitários.
Escrevo, sim, pois sou fraco e não pude evitar a saudade ou mesmo viver sem olhar em
seus olhos, ganhar seus abraços, encontrar-me em ti.
Escrevo porque me vejo no desespero solitário dos amantes apaixonados, perdido em um
labirinto cruel cuja única saída possível são seus braços.
Escrevo, não por simples necessidade de dizer que te amo, é muito mais que isso. Mas não
há no vocabulário mortal palavras para expressar o que sinto ou mesmo para dizer que
simplesmente não sei o que faço de minha vida sem você. Sinto-me perdido, mesmo encontrando
outros braços, sinto-me sozinho, mesmo rodeado de tantos outros falsos amores, sinto-me vazio,
mesmo repleto pelas juras que não são suas.
Escrevo porque vivo você a cada segundo e te vivo com tanta certeza que te encontro em
cada canto do mundo. É que habitas os meus pensamentos com tal pureza, encanto e beleza que
não viver-te, confesso, chega a ser impossível.
Escrevo-te, enfim, porque sou fraco e não consigo te esquecer. Tal fraqueza ridiculariza os
amantes transformando-os para meramente expressar o que sentem.
E assim, ridiculamente confesso que EU TE AMO.
Do seu...
Eduardo
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 15
CARTA 8 – DIGITADA
Meu Querido,
Quero que você vá à merda! Como você teve coragem? Quem você pensa que é? E eu
que briguei com a Carla porque ela veio me dizer que viu você no show da Cecília &
Rodolfo com uma loira. Justo você que não quis ir comigo porque achava o show deles
muito brega e que me deixou cedo em casa porque estava super cansado. E eu
achando que ela estava querendo envenenar nosso romance. Agora eu acredito nela e
eu perdi a amiga e o namorado.
Estou com raiva de mim mesma. Como eu pude gostar tanto de você? Você nem tem
idéia de quanto eu chorei a semana passada depois que você me disse que não
merecia o meu amor, que eu era muito melhor que você, que você estava deprimido e
que precisava de um tempo. Deprimido o raio que o parta! EU SOU MESMO MUITO
MELHOR QUE VOCÊ. Que raiva! Como você teve coragem de sair no jornal de domingo
abraçando a Raíssa?
Dois anos nessa enrolação. Como você pode ser tão mentiroso?” Você é tão linda, você
é a mais gostosa, eu não consigo viver sem você, nós vamos ficar juntos até ficarmos
velhinhos...”
Mas deixe estar. Aqui se faz aqui se paga. Eu vou parar de chorar e vou dar o troco.
Essa foi a última vez que você me enganou. O que foi que eu vi em você? Um cara
baixinho, sem graça, e ainda por cima ruim de cama. É isso mesmo. Você foi o pior.
Nota 3.
E nem precisa ficar me ligando no celular, pedindo perdão, me implorando e fazendo
juras de amor. Não volto, não quero.
Estou escrevendo para dizer que EU TE ODEIO!
Me esqueça,
Lindinha
OErS - Oficina dos Escritores da Revista Samizdat Página 16
OErSOErSOErSOErS
2010201020102010
Organização: Elaíse de Mello
Ai Que Saudade De Ocê
(Vital Farias)
Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei um beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade d´ocê
Ai que saudade d´ocê
Ai que saudade d´ocê
Se uma dia "ocê" se lembrar
Escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio
Com frases dizendo assim
Faz tempo que eu não te vejo
Quero matar meu desejo
Te mando um monte de beijo
Ai que saudade sem fim
Ai que saudade sem fim
Ai que saudade sem fim
E se quiser recordar
Aquele nosso namoro
Quando eu ia viajar
Você caia no choro
E eu chorando pela estrada
Mas o que posso fazer?
Trabalhar é minha sina
E eu gosto mesmo é d´ocê
E eu gosto mesmo é d´ocê
E eu gosto mesmo é d´ocê