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P or uma nova gestão que resgate a tradição de luta do CACH pela transformação radical da educação em aliança com os trabalhadores e o povo pobre. O IFCH está agonizando. O trabalho de pelo menos duas décadas [...] está em sério risco de exnguir-se.” - Carta O IFCH EM ESTADO DE EMERGÊNCIA, assinada por 84 professores na greve de 2009 - A carta assinada por 84 professores é a expressão clara da crise pela qual passa o IFCH. Falta de professores, fechamento de linhas de pesquisa, repressão a estudantes e trabalhadores, supressão dos es- paços de vivência e culturais, trabalhadores terceirizados ganhando salários de fome, casos de opressão se reproduzindo por toda univer- sidade; esses são alguns dos reflexos do projeto de Universidade no coração do próprio IFCH. Esse projeto que a Reitoria e o governo Alck- min colocam em curso, que atende às orientações do Banco Mundial e do FMI para a educação, possível graças a uma estrutura de poder andemocráca que oferece plenos poderes aos gestores da univer- sidade para rendê-la aos interesses mercadológicos. Como então é possível se opor a esse projeto que nos é imposto? Qual a endade e que programa devemos construir para que sejamos novamente sujei- tos polícos? Essas e outras questões procuraremos responder nessa carta-programa, querendo dialogar e convencer cada estudante a se incorporar nessa luta. Construir uma endade que se coloque como protagonista na luta por uma educação realmente pública, de qualida- de e presencial para toda a juventude, onde todo conhecimento que for produzido esteja a serviço das necessidades dos trabalhadores, do povo pobre e daqueles que hoje estão fora dela é nosso objevo! CARTA PROGRAMA

Carta Programa - chapa Contra Corrente

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Carta Programa da chapa Contra Corrente para o CACH 2013

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Por uma nova gestão que resgate a tradição de luta do CACH pela transformação radical da educação em aliança com os trabalhadores e o povo pobre.

“ O IFCH está agonizando. O trabalho de pelo menos duas décadas [...] está em sério risco de extinguir-se.” - Carta O IFCH EM ESTADO

DE EMERGÊNCIA, assinada por 84 professores na greve de 2009 -

A carta assinada por 84 professores é a expressão clara da crise pela qual passa o IFCH. Falta de professores, fechamento de linhas de

pesquisa, repressão a estudantes e trabalhadores, supressão dos es-paços de vivência e culturais, trabalhadores terceirizados ganhando salários de fome, casos de opressão se reproduzindo por toda univer-sidade; esses são alguns dos reflexos do projeto de Universidade no coração do próprio IFCH. Esse projeto que a Reitoria e o governo Alck-min colocam em curso, que atende às orientações do Banco Mundial e do FMI para a educação, possível graças a uma estrutura de poder antidemocrática que oferece plenos poderes aos gestores da univer-sidade para rendê-la aos interesses mercadológicos. Como então é possível se opor a esse projeto que nos é imposto? Qual a entidade e que programa devemos construir para que sejamos novamente sujei-tos políticos? Essas e outras questões procuraremos responder nessa carta-programa, querendo dialogar e convencer cada estudante a se incorporar nessa luta. Construir uma entidade que se coloque como protagonista na luta por uma educação realmente pública, de qualida-de e presencial para toda a juventude, onde todo conhecimento que for produzido esteja a serviço das necessidades dos trabalhadores, do povo pobre e daqueles que hoje estão fora dela é nosso objetivo!

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Qual ConCePção de entidade defendemos: “lúdiCa” ou militante?

Defendemos uma concepção de enti-dade militante, ou seja, que enxergue

em nossos debates e organização a única via de fato de buscar transformar essa uni-versidade. Também achamos que isso só é possível extrapolando os muros e gra-des, buscando aliar quem está dentro da universidade com os que estão do lado de fora. A falsa impressão de que basta ape-nas discutir “problemas específicos dos es-tudantes” já mostrou na prática sua inca-pacidade de organizar os estudantes para lutar e debater temas fundamentais. A gestão de 2012, “Intergalácticos, Uni-vos!” - começando o ano com 14 membros, em novembro possuíam 3 - foi insuficiente em oferecer uma entidade para que os estu-dantes pudessem se organizar. Em meio a processos que vão desde a greve dos fun-cionários da Unicamp, a ocupação da PM na USP até o massacre dos índios Guarani--Kaiowá, estivemos órfãos de um Centro Acadêmico no IFCH.

Em meio a esses rumos do CACH, o PSTU (setor majoritário que compões a chapa Lúddica) defendeu em reuniões abertas da gestão que esse debate não fosse leva-do ao conjunto dos estudantes, adotando uma postura burocrática. Após inúmeros debates travados contra essa posição do PSTU, buscando que os estudantes opinas-sem sobre essas questões, o única mem-bro de nossa chapa que fazia parte da cha-pa anterior rompeu contra esse absurdo burocrático. Será que da noite para o dia mudaram de concepção e agora querem um “CACH propositivo”?

Defendemos nos últimos anos que somen-te uma entidade militante e orgânica aos estudantes, que se auto-organize indepen-dentemente da Reitoria e do Governo e contra eles, com um programa claro que entre em choque com o IFCH que agoniza, que defenda por métodos assembleários o direito de todos os estudantes opinarem sobre os rumos políticos do movimento es-tudantil, poderia evitar que os espaços do instituto se esvaziassem e fazer com que o CACH fosse um organizador das lutas e dos debates de ideias no IFCH. O balanço é claro: por trás das “novas formas” auto-nomistas e das “pautas mínimas”, que su-postamente aglutinariam mais estudantes, se desenvolveu uma gestão ausente que foi enterrando a tradição de luta do CACH. A chapa Lúddica não tira reflexões desse processo, e reproduz o mesmo discurso superficial e despolitizado em busca de vo-tos. Só o trabalho cotidiano, sistemático e com clareza de ideias e propostas, é que organizará um CACH combativo e presente para reorganizar junto com os estudantes

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Contra a universidade elitista e Privatista, Queremos PermanênCia estudantil de Qualidade

e aCesso Pleno à universidade!

Hoje a Unicamp figura no topo da lista das dez maiores criadoras de patentes

do Brasil. Sendo central no desenvolvimen-to e na manutenção dos polos tecnológi-cos da Região Metropolitana de Campinas, envolvendo até grandes transnacionais que são atraídas pelo potencial de produ-ção tecnológica e exploração de mão de obra altamente qualificada e barata que

sai desta universidade, como a Bosch, Mo-torola, Medley, Dell, Petrobrás, CPFL, en-tre outras. Esse não é um projeto isolado dos tucanos em SP, mas sim parte do pro-jeto educacional brasileiro levado adiante pelo governo Dilma e o PT, que combina universidades privadas e cursos precários nas públicas, com alguns poucos centros de excelências voltados às necessidades

Propostas:

- Impulsionar junto ao conjunto dos estudantes uma revista de conteudo ideológico, aberta para elaborações e debates teóricos que supere as discussões em sala de aula.

- Impulsionar junto ao conjunto dos estudantes um jornal do CACH ,aberto para debates, expressando distintas opiniões sobre temas de nossa realidade.

- Impulsionar uma calourada junto

ao conjunto dos estudantes, com atividades culturais de recepção e integração, e atividades sobre o genocídio da população negra e o papel da juventude frente a crise economica mundial.

- Incentivar iniciativas artisticas e culturais dentro do IFCH.

- Retomar a discussão política sobre a importância das festas.

- Construir uma semana de arte marginal, agregando expressões artísticas de fora da universidade.

- Resgatar as mesas de bates, assim como o CACHação sobre os princi-pais temas nacionais e internacion-ais.

- Construir junto aos estudantes as semanas de História e de Ciências Sociais.

nosso movimento que lute contra os atu-ais rumos da educação pública brasileira. Sem esconder nossas ideias é que vamos com toda a energia e criatividade buscar reconstruir um movimento estudantil que questione profundamente essa Unicamp e o conhecimento produzido no IFCH.

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dos empresários.

No IFCH, veem-se os impactos disso. Estru-turalmente, essa universidade é tão elitista que um jovem trabalhador que queira ser professor de História não poderá cursá-la, pois inexistem cursos noturnos de História ou Filosofia. E estamos falando de “miga-lhas”, já que os cursos noturnos ainda não colocariam em xeque o regime universitá-rio, pois se continuaria a dar acesso a um setor de alunos de escolas particulares, e não dos mais pobres. Mesmo assim, ela é incapaz de concedê-los, menos ainda uma política efetiva de permanência estudantil que garantisse estudo em período integral para a juventude negra e pobre, sem que esta precise prestar serviços à universida-de no lugar dos técnico-administrativos que se nega a contratar.

É sintomático que somente 4% dos jovens estão cursando universidades públicas, e isso está expresso nas condições da Mo-radia estudantil da Unicamp: sua insufici-ência e precariedade é símbolo da missão desse regime universitário de barrar o acesso da massa que está fora da univer-sidade, e expulsar dela os que passaram pela violação do vestibular. O vestibular é um potente filtro social, cujo objetivo é se-gregar uma ínfima minoria que conseguirá cursar um ensino superior de “qualidade”, daquela imensa maioria impedida de estu-dar e reservada a ser mão-de-obra barata do perverso mercado de trabalho. Aos que com muito custo conseguem pagar uma faculdade privada (75% dos universitários), encontram péssima qualidade no ensino, sendo essa a prática perversa dos grandes monopólios da educação.

Nosso combate não é somente nas lutas e por nossas demandas estudantis! Temos

um combate a ser dado na sala de aula, contra as teorias da ideologia dominante que servem pra perpetuar a exploração e a opressão, mas também contra as teorias que dão subsídio às ideias reformistas, que também servem pra perpetuar a explora-ção só que com uma cara mais “humana”. Da UNICAMP saem empresários e capita-listas diretamente pras multinacionais e fábricas, pra explorar a classe operária, e saem também quadros que vão compor diretamente os postos do governo - como o acessor especial da presidente Dilma, o professor titular do departamento de historia, Marco Aurélio Garcia. Somos os estudantes que querem mostrar que o questionamento da universidade de clas-ses leva diretamente ao questionamento da sociedade de classes e lutar para que esta universidade não coloque seu conhe-cimento para o governo e a classe domi-nante, mas sim a serviço da população e da classe trabalhadora

Construir uma entidade que tenha como princípio lutar pelo acesso radicalizado à universidade e que lute para colocar o co-nhecimento aqui produzido a serviço dos reais interesses da população pobre e dos trabalhadores, para nós é uma tarefa ele-mentar, nos ligando com todos aqueles que hoje estão à margem do atual projeto de universidade.

- Pelo Fim do Vestibular! Por ampliação radical do acesso à Universidade!

- Pela Estatização dos grandes monopó-lios de ensino para que todos possam ter acesso a uma educação realmente públi-ca, gratuita e de qualidade!

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terCeirização: a faCe mais Cruel da universi-dade de “exCelênCia”

A terceirização é a face perversa desse modelo de universidade que subme-

te os trabalhadores a condições ultra pre-cárias de trabalho, joga vultosas cifras de dinheiro público em licitações obscuras e afetam diretamente o ensino dentro da Universidade, com as eternas obras que nunca chegam ao fim dentro da universi-dade.

Temos um exemplo de concreto e tijolo dessa perversidade dentro de nosso insti-tuto: o apêndice do prédio da nossa biblio-teca. Consecutivas empresas faliram sem prestar conta, abandonaram os trabalha-dores sem salários e ainda por cima coloca-ram em risco o acervo de nossa biblioteca. Por conta dessa obra, em um dia de chuva a biblioteca se transformou em catarata de água, e se não fosse pelos estudantes que estavam participando de uma festa (con-siderada proibida pela Reitoria), todos os nossos livros estariam perdidos. As bolsas--trabalho, propagandeadas pela Reitoria com uma forma de assistência estudantil também fazem parte desse processo: a universidade, pelo déficit que possui em seu quadro de trabalhadores efetivos, paga aos alunos para que supram essas lacunas, com salários bem menores do que paga-riam para um trabalhador contratado. Para sermos Contra Corrente à Universidade que precariza o trabalho e as construções, queremos levantar um grande debate por

todo o IFCH, envolvendo trabalhadores e professores lutando para que:

- Que todas as obras públicas voltem a ser feitas pela própria universidade, com fun-cionários efetivos, garantindo assim um serviço de qualidade, que não coloque em risco o patrimônio da universidade!

- Lutamos para que todos esses trabalha-dores sejam incorporados imediatamente ao quadro de trabalhadores para que pos-sam gozar dos mesmos direitos trabalhis-tas e políticos que os efetivos!

- Queremos que toda bolsa trabalho se converta em bolsa estudo, que nenhum aluno seja obrigado a trabalhar para con-tinuar na universidade!

Propostas:

- Construir uma campanha contra terceirização. Pela efetivação ime-diata dos trabalhadores terceiriza-dos sem necessidade de concurso público.

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O lado repressivo dessa universidade é uma condição para o avanço da priva-

tização e da elitização do projeto da Reito-ria e dos governantes. Os órgãos de deci-são da Unicamp dão a esse setor restrito de professores 70% do poder de mando, e aos estudantes e trabalhadores simbólicos 30%. Coroamento disso se mostra na con-sulta à Reitor, onde uma lista tríplice é en-viada ao Governador para que escolha seu representante para chefiar a universidade!

Nosso estatuto é herdado da ditadura, com normas regimentais copiadas diretamente do AI-5. Não a toa é utilizado para repri-mir as vozes dissidentes ao atual projeto de universidade. Só no IFCH tivemos dois estudantes suspensos por lutar por mora-dia! Na USP 73 presos com a instalação de uma base militar dentro de Universidade e com dezenas de outros trabalhadores e es-

Propostas:

- Resgatar a história do Movimento Estudantil e dos trabalhadores e sua importância na luta contra ditadura e seus resquícios.

- Construir uma campanha pela ab-ertura dos arquivos da ditadura e pela punição aos torturadores.

tudantes ameaçados de demissão e expul-são! Para de fato democratizar os espaços de decisão da Universidade precisamos lutar para que cada cabeça represente um voto! No IFCH podemos começar dando esse exemplo para toda a Universidade, com um CACH que encabece essa luta pela derrubada da atual estrutura antidemo-crática da universidade, com a construção de organismos de fato democráticos e que sejam compostos por professores, traba-lhadores, e estudantes, com peso propor-cional ao seu contingente na Universidade.

- Pela reversão imediata das punições aos estudantes e trabalhadores!

- Abaixo a estrutura de poder antidemo-crática e herdeira da ditadura militar! Cada cabeça um voto para as decisões na Universidade!

-Por Assembleias Estatuintes, livres e so-beranas, composta por professores, tra-balhadores e estudantes

estrutura de Poder: os resQuíCios da ditadura nos estatutos e órgãos deCisórios da uniCamP.

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nas ruas do mundo, a juventude volta à Cena!

O caráter mundial que reveste a econo-mia transparece mesmo nos menores

poros, e também dentro da universidade. É justamente por isso que sabemos que o projeto educacional da Unicamp não está desligado de um projeto mercantil para a educação a nível mundial. Não é incomum ler a Reitoria vangloriando-se de que “está entre as 250 melhores universidades do mundo” e Fernando Costa não se cansa de receber representantes internacionais de universidades que vão dos EUA até a Coréia, buscando parcerias privadas de pesquisa, sob a supervisão vigilante de seu “amigo espanhol”, o monopólio ban-cário Santander. Saiu também da Unicamp o assessor da Presidência da República, o petista Marco Aurélio Garcia, a “mente” por trás do plano de ocupação militar das tropas brasileiras no Haiti, onde o Exército brasileiro desde então comete suas atroci-dades “humanitárias”.

Esse aspecto dos “polos de ensino de ex-celência” acaba passando por natural aos olhos dos estudantes: alguma vez já foi motivo de estranheza os programas de

intercâmbio estudantis, financiados por bancos e empresas? Entretanto, para mui-tos chega a ser “estranho” que haja chapas que defendam entidades internacionalis-tas.

Não obstante, o CACH já foi um exemplo de entidade que dava respostas no nível internacional. Em suas gestões de 2006 a 2010, tinha como um dos principais eixos dar respostas também aos grandes pro-blemas de importância histórico-mundial. Realizou uma campanha internacional em solidariedade à luta dos professores mexi-canos durante o processo da “Comuna de Oaxaca” em 2006, em luta contra a repres-são estatal e pela educação pública; fez de-bates públicos no IFCH sobre o golpe mi-litar em Honduras em 2009; realizou uma estrondosa campanha em solidariedade ao povo haitiano após o terremoto na ilha em janeiro de 2010, com atividades públi-cas no IFCH, e um ato no centro de Campi-nas denunciando as bestialidades cometi-das pela “missão de paz” da ONU contra o povo negro.

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Colocadas como frágeis, inferiores, com fim último o cuidado doméstico, e em

ser mãe o real sentido da vida, as mulheres foram historicamente subjugadas e oprimi-das. A Universidade mantém e perpetua

essa opressão, na medida em que ela não está voltada a atender os reais problemas da população, nem das mulheres que mais necessitam. E a atual estrutura de poder busca desvincular a origem da opressão à

Contra toda forma de oPressão! Pelo direito ao aborto livre, legal, seguro e gratuito!

Propostas:

- Promover teleconfêrencias sobre os temas internacionais, com parti-cipantes dos principais processos de luta da juventude e dos trabalhado-res.

Foram todas grandes campanhas, que re-conhecidamente ajudaram a revivescer o debate de ideias no IFCH; e a entidade que as organizou desempenhou um pa-pel chave de educação. Nenhuma delas causava “distanciamento” dos estudan-tes, menos ainda estranheza. Um tipo de internacionalismo que se opunha à in-tervenção da Reitoria, integrava politica-mente os estudantes do IFCH e estendia uma ponte entre a Unicamp e Campinas. O CACH foi destituído desse caráter, con-siderado “supérfluo”, pelas duas últimas gestões do CA. Não à toa, as duas gestões anteriores tiveram importância política nula na vida do instituto.

A chapa Contra Corrente tem orgulho de ter sido parte ativa dessas experiências anteriores, e defende ir muito além com uma entidade militante, viva, que busque aglutinar centenas de estudantes que es-tão em sintonia com os grandes debates mundiais. Não é possível mais uma ges-tão que fique em silêncio frente às lutas que ocorrem por todo mundo, e foi por isso que demonstramos nossa solidarie-dade aos trabalhadores e estudantes que paralisaram o continente europeu no 14N contra a austeridade. Para nós, é impossí-vel o silêncio enquanto milhares de bom-

bas israelenses são jogadas sobre a Pales-tina e esse é um problema que não “pode esperar”! Por isso chamamos o conjunto dos estudantes que se indignam com esse massacre a organizar uma grande campa-nha de solidariedade ao povo palestino.

Queremos que o CACH seja um dos espa-ços de vivência dos estudantes, e não aca-be se dissolvendo – como ocorre desde 2011 – na abstenção do debate de ideias. Para isso, é necessário que a entidade este-ja dotada de um programa (de uma ideia) claro, unificando os estudantes em torno dos grandes debates atuais, que virão com o 6º ano da crise capitalista mundial. Por isso, pensar o IFCH não é contraditório com pensar o mundo!

Se eleitos, realizaremos teleconferências com a juventude espanhola e chilena, que compõem dois dos principais processos de mobilização estudantil internacional!

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Contra o genoCídio da PoPulação negra

As eleições do CACH ocorrem em meio a um novo genocídio da população ne-

gra nas favelas do Estado de São Paulo. No dia 20 de novembro relembramos a morte de Zumbi dos Palmares que organizou por anos a resistência do povo negro contra a escravidão. E enquanto isso o Estado e a polícia relembram a colônia Brasil e revi-vem em seus fuzis as vozes escravocratas repetindo com sangue a escravidão e a opressão do povo negro. Revivem o perí-

estudante mulher daquela da mulher tra-balhadora, tentando impedir que unidas combatam a opressão colocando a uni-versidade a serviço destas, desenvolvendo conhecimento sobre saúde da mulher, res-gatado a história das mulheres lutadoras. Nós da chapa Contra Corrente temos como método a auto-organização das mulheres com independência de classe em relação ao regime universitário, para que estas subvertam a lógica do oprimido e sejam sujeitos das próprias lutas, sem ilusões na burocracia acadêmica. Nem esta, nem sua Guarda Universitária podem dar uma resposta à violência a mulher, pois sua ta-refa é manter a vigilância da universidade que violenta as mulheres. O número de estupros e violações à mulher na Unicamp mostra que esta questão não pode ser re-solvida dentro dos muros da universidade de elite, mas com uma política de acesso de toda a população pobre nela, buscando acabar com a universidade de classes.

A campanha fundamental que queremos levantar no CACH é a questão da legaliza-ção do aborto. Mais de 200 mil mulheres

morrem a cada ano por causa de abortos clandestinos: sabemos que a maioria de-las são as mulheres negras, pobres e tra-balhadoras que não podem pagar por um aborto seguro. É um direito básico que as mulheres possam exercer sua sexualidade livremente sem ser amputada. É tarefa do Estado garantir aborto livre, legal, seguro e gratuito para que as mulheres tenham con-dições de determinar e escolher pelos pró-prios corpos. É impossível lutar contra essa violência sem defender o direito e as con-dições para que a mulher que hoje morre por abortos clandestinos, possa fazê-lo em condições seguras. É um escândalo que a esquerda não levante contundentemente esse direito democrático elementar, pri-meira necessidade para combater a violên-cia à mulher! Se formos eleitos, buscare-mos criar uma Coordenação de Opressões do CACH, que organize debates e uma ampla campanha pelo direito ao aborto livre, legal, seguro e garantido pelo Esta-do, fomentando a auto-organização dos estudantes para se enfrentar contra a vio-lência à mulher!

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w w w. c h a p a c o n t ra c o r r e n te .w o rd p r e s s . c o m

- ditadura militar, a rePressão de ontem e de hoje

- um debate sobre arte e Cultura

odo sangrento da ditadura e matam impu-nemente para calar as vozes dos quilom-bos insurrectos. Ocupam as favelas da São Remo, Paraisópolis, Morro Doce, nos mol-des da ocupação do Complexo do Alemão no RJ, para instalar bases policiais que chi-coteiem os negros como se fazia na senza-la. Para se ter dimensão, a polícia de São Paulo, em menos de um mês, assassinou mais que a atual ofensiva militar do Estado de Israel que vem massacrando o povo pa-lestino em uma artilharia de guerra. Foram mais de 300 mortos nas favelas, em uma média superior a 10 mortes por dia, uma verdadeira guerra que atende pelo nome de “Operação Saturação” (pois o Estado crê que “há jovens negros demais” que podem reviver os quilombos contra si).

Achamos que um debate consequente nas eleições do CACH tem que sim ou sim pas-sar por esse debate como eixo central da campanha. Um centro acadêmico de Ciên-cias Humanas só tem sua razão de ser se for a crítica humana e material desta mi-

séria social e que ecoe as vozes oprimidas negras dentro de uma instituição que cons-pira contra elas. Por isso nós da chapa Con-tra Corrente queremos atuar no CA para organizar os núcleos e movimentos negros da cidade para fazer debates, atividades e atos para denunciar este genocídio im-pune. Queremos expressar nos materiais da gestão a questão negra em nosso país e exigir que os centros de pesquisa do nosso instituto se posicionem a respeito dessa sangrenta realidade.

Integrantes: Angelo H. Peters|CS012, Marie Castañeda|CS012, Tatiane Lopes|CS012, Tatiane Lima|CS012, Murilo Bernardino|CS012, Ian Gabriel|CS012, Daniela Ananda|CS012, Gabriela Morgado|CS012, Vítor Martins|His011, Fabiano Galletti|CS011, Lidia Raizer|CS09, Gabriel (Biro)|CS09, Fernanda Montagner|CS09, André Augusto|CS07, Danilo (Magrão)|CS07, Leonardo Coutinho|His08,

Conheça mais das nossas idéias e elaborações em nosso blog: