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COMBATENDO PSORÍASE COM INFORMAÇÕES 4ª Edição

CARTILHA COMPLETA _2010

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Combatendo Psoríase com informações

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combatendoPsoríasecom informações

4ª edição

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Presidente: Walber Santos RochaVice-Presidente: Glauto Wolfgang da Silva

Secretária: Viviane Alves Carmo AguiarTesoureira: Terezinha do Carmo Araújo Gondim

Diretor Técnico: Dr. Joel Nunes BarbosaDiretora Social: Maria Aparecida Gomes

Diretora de Comuniação: Dra. Gladys Aires Martins

Colaboração Especial: Natalia Melo de AlmeidaMaria Aparecida Gomes

Combatendo Psoríase com Informação, 4ª ediçãoBrasília-DF, outubro de 2010Tiragem: 10.000 exemplares.

Edições Anteriores:1ª tiragem, junho de 2005, 4.000 exemplares

2ª tiragem, setembro de 2005, 10.000 exemplares3ª tiragem, outubro de 2008, 10.000 exemplares

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SUMÁRIOSUMÁRIO

Conheça a ABRAPSE.....................................................................................2Apresentação...................................................................................................3Mensagem da ABRAPSE..............................................................................4

Informações técnicas................................................................................5O que é psoríase?...........................................................................................5Como surge a psoríase?...............................................................................6

Existe cura para a psoríase?........................................................7O que acontece quando surgem as primeiras lesões?.... 7As lesões de psoríase provocam dor?..................................7Os tipos de psoríase....................................................................8Qual tratamento utilizar?..........................................................9Quais os tratamentos disponíveis?.................................... 10Enfrentando os efeitos colaterais dos tratamentos.... 13Sucesso no combate à psoríase........................................... 14Como obter um bom controle da psoríase?................... 14Novas pesquisas científicas.................................................. 16

Diante de um portador........................................................ 17Como a psoríase afeta as outras pessoas?...................... 17Palavra Amiga............................................................................. 18

Psoríase e as reações emocionais................................. 22Relatos de Pacientes ...........................................................27Pontos-chaves da Psoríase ..............................................36Os direitos dos portadores de psoríase..................... 38Atendimento no SUS.............................................................. 40

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A Associação Brasiliense de Psoríase – ABRAPSE é uma en-tidade sem fins lucrativos, fundada em setembro de 2003, que procura congregar os portadores de psoríase com o intuito de promover a troca de experiências e a mútua cooperação, com o objetivo de proporcionar melhorias na qualidade de vida dos portadores. A ABRAPSE atua junto aos meios de comunicação, divulgando informações sobre a doença para a população em ge-ral, e promove encontros periódicos, onde diferentes assuntos relacionados à psoríase são debatidos.

A informação é um dos elementos-chaves no combate à doença. Prestigie a ABRAPSE! Somos um caminho para novas e sinceras amizades.

Somos muitos enfrentando os mesmos problemas e de-safios. Ninguém melhor do que outro portador de psoríase

para ajudar na superação dos desafios que a doença impõe a milhares de pessoas. Cabe essencialmen-te a nós mesmos, portadores de psoríase, a árdua tarefa de diminuir o preconceito. Se nós não falar-mos de psoríase, quem poderá fazê-lo?

Pautada por um trabalho sério e transparente, a ABRAPSE rapidamente tornou-se uma referência quando o assunto é psoríase, alcançando o reconhe-cimento nacional, inclusive dos médicos dermatolo-gistas. Mas o mais importante é o reconhecimento dos próprios portadores de psoríase, como diz nos-sa amiga Y.S.Y., de 43 anos, de Brasília: “apesar do sufoco, depressão, angústia e tristeza, uma coisa boa foi ter conhecido a ABRAPSE. Ela me levan-ta o astral. Lá, senti que não estava sozinha nem abandonada no mundo”.

CONHEÇA A ABRAPSE

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APRESENTAÇÃO

A cartilha Combatendo Psoríase com Informações, com o mais moderno visual, que agora chega à sua quarta edição, é fruto do trabalho e da dedicação dos membros da Associação Brasiliense de Psoríase – ABRAPSE.

A partir das mais diversas fontes, sobretudo palestras de re-nomados especialistas, a equipe da Abrapse produziu um excelente trabalho, que serve como uma fonte segura de informações sobre psoríase de leigo para leigo, de paciente para paciente.

A cartilha destina-se aos pacientes portadores de psoríase, seus familiares e demais pessoas que lidam freqüentemente com a doença.

Com uma redação clara e um bom acaba-mento gráfico, a cartilha apresenta um texto de caráter geral sobre os mais diversos aspectos da doença mas que não substitui as informações precisas e específicas para cada paciente indi-vidualmente. Somente uma consulta médica, na presença de um especialista, pode fornecer in-formações nesse nível.

Recomendamos plenamente a leitura des-sa cartilha. As informações aqui apresentadas podem efetivamente contribuir para ajudar o paciente a alcançar o controle de sua doença.

Dra..Gladys.Aires.Martins (Brasília)Dra. Luna Azulay Abulafia (Rio de Janeiro)

Dra..Lucia.Helena.Fávaro.Arruda (São Paulo)

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Gostaríamos de trabalhar em parceria com todos, a exem-plo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD e os médicos, pois acreditamos que os pacientes e seus familiares necessitam de informações de qualidade, diagnósticos e trata-mentos adequados.

Queremos participar das discussões e das políticas públi-cas, pois entendemos a voz do paciente e os cuidados nas suas necessidades pessoais.

Entendemos também que a educação pública é essencial para a melhoria da qualidade de vida do paciente. E essa educa-ção pública deve ser levada a todos, incluindo os profissionais na área da saúde.

A qualificação técnica deve ser de alta qualidade, e entedemos que a SBD e os pro-fissionais de saúde devem cobrar dos gover-nos e universidades, mais políticas públicas e programas com foco em psoríase.

Walber.Santos.RochaPresidente da ABRAPSE

MENSAGEM DA ABRAPSE

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INFORMAÇÕES TÉCNICAS

O QUE É PSORÍASE ?

PSORÍASE é uma doença de pele, não contagiosa, que afe-ta mais de 125 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, são mais de 5 milhões de portadores de psoríase.

A Psoríase é uma doença crônica, mas a grande maioria dos portadores consegue levar uma vida perfeitamente normal, sem maiores transtornos provocados pela doença.

A psoríase se manifesta pelo surgimento de manchas e placas avermelhadas na pele, geralmente com escamação es-branquiçada.

É uma doença que surge quando o sistema imunológico do corpo humano desencadeia um processo acelerado de reprodução das células da pele. Normalmente, a pele se renova em um ciclo de 28 dias. Quando a pele sofre uma lesão qual-quer, como uma pancada ou um corte, esse ci-clo é acelerado para que as células lesionadas sejam substituídas. Nos portadores de psoría-se, sem que a pele tenha sofrido qualquer le-são, esse ciclo também é acelerado, podendo alcançar 3 a 4 dias. As novas células não estão suficientemente amadurecidas e se acumulam na superfície, formando as escamas.

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COMO SURGE A PSORÍASE ?

Ninguém transmite psoríase, portanto, ninguém contrai psoríase. Psoríase não é uma doença contagiosa.

Qualquer pessoa pode desenvolver psoríase ao longo de sua vida, em qualquer idade, embora seja mais comum que a doença surja entre os 20 e 40 anos.

Não há nada que se possa fazer para prevenir o surgimen-to da psoríase e também não existe uma forma de prever se a doença irá se manifestar em alguém.

A Psoríase é considerada uma doença multifatorial, pois vários fatores estão relacionados ao seu surgimento, des-tacando-se a existência de um componente genético.

A pessoa nasce com uma informação gravada no seu DNA que pode significar a possibilidade de desenvolvimen-to da doença. Muitas outras características do corpo humano também são gravadas no DNA, como a cor dos olhos e a altura da pessoa.

Mesmo havendo o componente genético, isso não signi-fica que a psoríase seja necessariamente hereditária. Cerca de 50 a 60% dos pacientes não possuem registro da psoríase em sua família. Isso significa que mesmo que os pais não tenham psoríase, a doença pode manifestar-se. Da mesma forma, não necessariamente os filhos de um portador de psoríase irão de-senvolvê-la.

Existindo o componente genético da psoríase, vários fato-res podem desencadear o surgimento das lesões, como a reação a alguns medicamentos, uma infecção prolongada, ferimentos na pele e principalmente o estresse. É comum o surgimento da psoríase estar associado a crises emocionais enfrentadas pelo paciente. Porém, a eliminação de um ou de todos esses fatores não significa que as lesões de psoríase desaparecerão.

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INFORMAÇÕES TÉCNICAS

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EXISTE CURA PARA A PSORÍASE ?

Pode-se controlar a doença, mas não exis-te cura para a Psoríase. As lesões podem desa-parecer e não reaparecer durante muitos anos e, algumas vezes, nunca mais voltar. Porém, para a maioria dos pacientes, a psoríase é uma doença crônica com períodos de erupções (surgimento das lesões) e períodos sem sintomas visíveis, ou seja, períodos de remissão da doença.

A psoríase muitas vezes se desenvolve por meio de crises periódicas, mas ela também pode desaparecer por completo.

O QUE ACONTECE QUANDO SURGEM AS PRIMEIRAS LESÕES ?

A Psoríase é completamente imprevisível, variando muito de paciente para paciente. Cada caso deve ser analisa-do de forma individual, por um dermatologista. Muitas pessoas experimentam apenas erupções moderadas, concentradas em uma região da pele. Mesmo que permanentes, as lesões não se espalham por outras áreas do corpo. Infelizmente, porém, existem casos em que as lesões se generalizam pelo corpo, de forma aguda.

AS LESÕES DE PSORÍASE PROVOCAM DOR ?

A psoríase não provoca dor e também não provoca ne-nhuma agressão a órgãos vitais. Por essa razão, na maioria dos casos, excetuando-se as formas mais graves (eritordermia e pustulosa generalizada) em que podem ocorrer complicações como infecções secundárias e até septicenia, em geral não existe risco de vida ao paciente com Psoríase. Entretanto, a

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INFORMAÇÕES TÉCNICAS

doença provoca grandes prejuízos à qualidade de vida dos portadores, pois atinge a aparência das pessoas, comprometendo a interação social e a auto-estima.

Se a psoríase não provoca dor física, mui-tas vezes ela provoca uma dor psicológica agu-da, que é tão cruel quanto qualquer outro tipo de sofrimento.

OS TIPOS DE PSORÍASE

Os tipos principais de psoríase são: ► PSORÍASE EM PLACAS: tipo mais comum, com lesões

róseas ou avermelhadas recobertas por escamas de cor branca.

► PSORÍASE INVERTIDA: lesões vermelhas leves que surgem normalmente em regiões de dobra, como axi-las e virilhas.

► PSORÍASE EM GOTAS: segundo tipo mais comum, com lesões pequenas que se assemelham a gotas.

► PSORÍASE PALMO-PLANTAR: lesões localizadas na palma das mãos ou na planta dos pés.

► PSORÍASE ERITRODÉRMICA: a forma mais grave e menos comum, com inflamações e manchas vermelhas em grandes áreas da pele.

► PSORÍASE UNGUEAL: quando as lesões de psoríase atacam as unhas, podendo fazer com que elas endure-çam e se descolem da pele que está por baixo.

► ARTRITE PSORIÁSICA: uma pequena porcentagem de portadores de psoríase pode apresentar inflamações

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nas cartilagens e articulações, desenvolvendo dor físi-ca e dificuldade de movimentação.

► PSORÍASE PUSTULOSA: forma aguda, com pústulas amicrobianas (embora haja aparência de “pus” as lesões não contém bactérias). As lesões de psoríase normalmente se desenvolvem também no couro cabe-ludo, como se fosse uma caspa intensa.

QUAL TRATAMENTO UTILIZAR?

A Psoríase desenvolve-se de forma diferente em cada paciente, portanto, cada pessoa também irá reagir de manei-ra diferente a um mesmo tratamento. Os tratamentos também costumam apresentar resultados diferentes para um mesmo paciente, quando aplicados novamente em uma segunda ou terceira ocasião. Isso tudo pode ser frustrante para o paciente e também para o médico que o acompanha. O importante é não desistir nunca, até encontrar a forma mais adequada de tratar a doença.

É fácil sentir-se desanimado em relação a um tratamen-to de psoríase, mas deve-se evitar que isso aconteça. Novas terapias poderão adaptar-se melhor a cada caso.

Normalmente os tratamentos devem ser utilizados de forma sistemática, seguindo todo um protocolo previamente estabelecido. Nenhum tratamento deve ser iniciado ou in-terrompido sem a orientação de um dermatologista.

Algumas terapias podem não se ajustar ao estilo de vida do paciente: por exemplo, algumas podem requerer visitas semanais ao hospital. A solução é encontrar uma terapia que faça desaparecer a psoríase sem alterar a vida do paciente.

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ASPECTOS POSITIVOS DOS TRATAMENTOS

Embora possa parecer que seja difícil encontrar o tra-tamento mais adequado, uma vez que se encontra a terapia correta, em geral, obtém-se o controle da psoríase.

ASPECTOS NEGATIVOS DOS TRATAMENTOS DA PSORÍASE

De forma semelhante a praticamente todos os trata-mentos médicos, as terapias para psoríase podem provocar o surgimento de efeitos colaterais em alguns pacientes. Se um tratamento está provocando efeitos colaterais difíceis de su-portar, existem outros tratamentos que podem ser utilizados.

Muitas vezes a melhor opção para um paciente consiste na combinação de dois ou mais tratamentos.

QUAIS OS TRATAMENTOS DISPONÍVEIS?

Os principais tipos de tratamento são:

►TRATAMENTOS TÓPICOS

Utilização de cremes e pomadas diretamente nas regiões afetadas da pele. Entre os principais tipos, encontram-se cremes à base de Antralina, Coaltar, Tazaroteno, derivados da vitamina D3 (cal-cipotriol e calcitriol), Corticóides, Pimecrolimus e Tacrolimus.

Geralmente, os tratamentos tópicos são utili-zados nos casos leve e moderado, quando o grau de

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comprometimento é de até 5% da superfície da pele. Esses tratamento são eficientes, mas em casos mais graves, a apli-cação de pomadas pode tomar muito tempo, tornando-se in-cômoda.

Os tratamentos tópicos muitas vezes são utilizados em combinação com outros tipos de tratamento.

►FOTOTERAPIA

Utilização de ondas de luz artificial sobre a pele em ca-bines especiais.

Há três tipos de fototerapia: UVB (banda larga ou banda estreita – narrow band), PUVA e LASER

A UVB utiliza a luz ultravioleta B que é mais intensa do que a luz ultravioleta A, mas não penetra tão profundamente. O PUVA utiliza a luz ultravioleta A e um composto de psora-leno, que faz com que a pele seja mais sensível à onda de luz. Após uma sessão de fototerapia, deve-se usar óculos de sol pelo restante do dia e utilizar protetor solar e hidratantes.

A fototerapia requer várias visitas semanais a um hospi-tal ou centro especializado.

O laser é a forma de fototerapia mais moder-na, porém restrita a pequenas placas resistentes e que requer várias sessões para que seja efetiva. A quantidade e freqüência exatas dependem do tipo de laser. Tem o inconveniente de ser de alto custo, sendo raros os hospitais ou consultórios que dispo-nibilizam essa modalidade terapêutica.

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►TERAPIA SISTÊMICA

A terapia sistêmica consiste na utilização de um medi-camento por um período de tempo, seja por via oral ou em forma de injeção.

Os exemplos de medicamentos com terapias sistêmicas são: Metotrexato, Ciclosporina, Retinóides orais e os medica-mentos biológicos.

A psoríase se produz quando o sistema imunológico en-via sinais incorretos às células da pele acelerando seu ciclo de crescimento. Estes compostos tratam a psoríase inibindo todo o sistema imunológico. Eles são muito eficazes em fa-zer desaparecer a psoríase, mas possuem efeitos colaterais graves. Portanto, devem ser utilizados unicamente em casos graves, onde a psoríase é muito extensa ou se o paciente não responde a outras terapias.

A maioria das terapias sistêmicas são teratogênicas, isto é, podem causar sérios danos na formação do feto. Logo, não podem ser aplicadas em mulheres grávidas ou com grande potencial de engravidar durante o tratamento ou em até três anos após seu término.

Os efeitos colaterais mais comuns incluem náuseas, do-res estomacais e dores de cabeça. Com o tempo, os efeitos co-laterais geralmente diminuem. Para um melhor controle dos efeitos colaterais, o paciente deve ser submetido a exames pe-riódicos durante o tratamento.

As terapias sistêmicas devem ser prescritas e acompa-nhadas por um especialista. Nunca se deve tomar um remédio por conta própria, sem orientação médica.

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Os medicamentos biológicos utilizam moléculas de pro-teínas, produzidas por células vivas, que seriam digeridas pelo estômago se tomadas por via oral, portanto, elas devem ser injetadas no organismo.

Os medicamentos biológicos se dirigem a uma área es-pecífica da resposta imunológica, diferentemente das terapias sistêmicas, que inibem todo o sistema imunológico. Por este motivo, em teoria, os biológicos deveriam ter menos efeitos colaterais do que os demais medicamentos sistêmicos. No en-tanto, ainda não se tem pesquisas suficientes de longo prazo que demonstrem isso.

Os medicamentos biológicos são os tratamentos mais modernos para psoríase, mas, infelizmente, são muito caros.

Independente do tratamento utilizado, deve-se utilizar sempre um creme hidratante na pele como forma de mantê-la hidratada e com boa aparência, porém a utilização de hidratan-tes, mesmo que diária, não se constitui em um tratamento.

ENFRENTANDO OS EFEITOS COLATERAIS DOS TRATAMENTOS

Muitas pessoas acreditam que a melhor maneira de en-frentar os efeitos colaterais é através da informação, para que não sejam surpreendidas. Outras pesso-as, porém, se assustam ao ler a bula dos remédios e nem chegam a tentar o trata-mento.

Os riscos de efeitos colaterais exis-tem em praticamente todos os trata-mentos médicos, para qualquer doença.

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Em geral, as terapias demoram a apre-sentar resultados, portanto não se deve aban-donar de imediato um tratamento logo nos primeiros contratempos.

SUCESSO NO COMBATE À PSORÍASE

A psoríase não possui cura. Por essa ra-zão, para a maioria das pessoas que sofrem de psoríase, o sucesso consiste em conseguir controlar a doença, aceitando-a de forma a levar uma vida plenamente normal.

O controle da psoríase não significa que a doença desa-parecerá por completo, mas permite ver o futuro com mais otimismo.

COMO OBTER UM BOM CONTROLE DA PSORÍASE ?

Em primeiro lugar, deve-se estabelecer uma relação de confiança com um dermatologista.

Deve-se guardar registros de todas as fases da doença e das terapias já utilizadas, para o caso de eventuais recaídas. A informação é um dos principais componentes no combate a qualquer doença e o paciente deve ser a principal fonte de informação do seu próprio histórico.

Durante os períodos de remissão, deve-se manter os mesmos cuidados das fases de crises, procurando manter a pele sempre saudável, evitando excessos e, principalmente, o estresse.

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A interação com outras pessoas que sofrem de psoríase é muito importante na busca da mútua-cooperação. Às vezes, o mero fato de saber que outra pessoa compreende nossos problemas pode ser muito útil. Estudos científicos compro-vam que os pacientes que participam de associações res-pondem melhor aos tratamentos.

O estresse é um grande aliado da psoríase. Procure de-senvolver hábitos saudáveis que ajudam a combater o estres-se. Ter um hobby, desenvolver uma prática esportiva e ali-mentar-se adequadamente são fundamentais para uma boa qualidade de vida, independentemente de ser portador de psoríase ou não.

Mantenha sua família e amigos informados sobre a pso-ríase. Não esconda a doença, pois isso significa esconder-se a si próprio, isolando-se de pessoas amadas que podem ajudar bastante.

A experiência é um dos melhores mestres, portanto o portador da doença deve observar a si próprio e descobrir o que pode estar contribuindo para obter melhoras e pioras da psoríase. Procure trocar experiências com outros portadores, mas lembre-se sempre de que cada caso é único e particular.

A psoríase exige muitos cuidados e atenções, mas não se deve entregar toda uma vida ao com-bate à doença. Deve-se seguir uma vida plenamente normal e somente dispor de poucos minutos para cuidar da psoríase. O objetivo é controlar a Psoríase, im-pedindo que a doença controle a vida do paciente.

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NOVAS PESQUISAS CIENTÍFICAS

A Psoríase é uma das doenças que a humanidade co-nhece há mais tempo. Existem relatos escritos sobre a doen-ça datados de antes do início da era cristã. Muito já se inves-tigou a respeito da doença, mas ela ainda é um dos grandes mistérios do corpo humano. Milhões e milhões são investidos a cada ano no estudo da psoríase.

Os cientistas já sabem como a doença se manifesta, mas não sabem o porquê. Essa pesquisa científica é um dos gran-des desafios do mundo moderno.

Os resultados das investigações permitirão o desenvol-vimento de novos tratamentos, que serão mais fáceis de admi-nistrar, terão menos efeitos colaterais e conseguirão períodos de remissão mais prolongados. Atualmente estão em processo de pesquisa mais de 40 novas terapias, mas ainda é cedo para se falar na cura definitiva da psoríase.

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DIANTE DE UM PORTADOR

COMO A PSORÍASE AFETA AS OUTRAS PESSOAS ?

Psoríase não é uma doença contagiosa e por isso não exis-te a menor possibilidade de provocar algum mal a alguém que não seja portador.

Infelizmente, a psoríase muitas vezes expõe o portador a situações embaraçosas e constrangedoras diante de outras pessoas. Essas situações causam mais males do que a própria doença.

Por falta de informações algumas pessoas pensam que psoríase é uma doença contagiosa, e podem assumir uma ati-tude negativa diante de um portador ou tentar indicar alguma receita mágica para tratamento da psoríase. Mas a grande maioria das pesso-as simplesmente sente-se curiosa porque não sabe do que se trata. Evite se aborrecer diante dessas situações e, se estiver disposto, expli-que, em termos simples, que tipo de patologia é a psoríase.

A informação é a chave para combater o preconceito e a discriminação.

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“Sou dermatologista há 19 anos. Já convivi e convivo com muitos pacientes e familiares de portadores de psoríase. Po-rém, meus sentimentos mais marcantes em relação à doença remetem à minha adolescência.

Minha melhor amiga, aquela que convive mesmo com você, tinha psoríase gutata. Era extensa. Escamas ficavam ao redor de sua carteira escolar. Naquela época eu realmente não tinha consciência de que pessoas poderiam ter preconceito em relação a minha amiga. Mas depois eu vi que isto acontecia. Tra-tamentos tópicos, PUVAterapia, homeopatia, sol de praia (esta era a parte boa, pois até eu ia para veranear com sua família, e muitas lembranças maravilhosas nos sobraram), quantas ex-pectativas de cura!

Bom, para mim ela só era amiga. O resto eu nem consi-derava. Contrair a doença? Nunca nem pensei. Acho que isto fez diferença para ela, e também para mim. E claro que a única hepatite medicamentosa que tive na minha vida dermatológica foi quando usei DDS para ela! Lei da implicância dos fatos!

Bem, psoríase tem gosto de amigo que sofre.E isto faz a diferença também. Hoje, com os imunomodu-

ladores, o LASER, o melhor entendimento dos mecanismos fi-siopatológicos, e todo o progresso, nos faz ser otimistas quanto á um controle maior, ou quem sabe cura mesmo da doença. Po-rém, eu já comecei a tratar psoríase sabendo que amor e apoio são os melhores remédios.

Dra. Mary.Lane.Alves.Nemer,

Vitória – ES”

PALAVRA AMIGA

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QUALIDADE DE VIDA E TRATAMENTO DA PSORÍASE

A qualidade de vida como um conceito global faz pensar que enfoques distintos estão sempre em inter-relação, tais como: as emo-ções, os sentimentos, as atividades de vida di-ária, a prática de esporte e lazer, a escola e o trabalho, os relacionamentos pessoais, sociais e o tratamento. Alcançar a qualidade de vida está em buscar o bem-estar em cada uma des-sas instâncias, cada sujeito irá desenvolver o seu estilo de vida pessoal visando alternativas para superar os impactos psicológicos, físicos e sociais gerados pela psoríase.

O aspecto das lesões de psoríase pode desencadear nos portadores desconforto fí-sico e psíquico, acarretando numa série de restrições adaptativas, ou seja, a pessoa irá mediante suas estratégias individuais se “adaptar” às mudan-ças geradas pelo tratamento. Diante dos prejuízos na adap-tação psicológica e social e na busca da qualidade de vida, o psicólogo irá auxiliar o portador de psoríase a encontrar suas próprias estratégias e recursos de enfrentamento para a si-tuação, buscando sempre a qualidade de vida e saúde, enten-dendo-a como o bem estar biopsicossocial.

Para auxiliar no tratamento, existem diversas Associações de Portadores de Psoríase que promovem reuniões entre os pa-cientes, seus familiares e profissionais convidados. Os grupos de apoio, como são chamados, têm o objetivo de auxiliá-los na compreensão da sua doença, nos aspectos psicológicos e nas

PALAVRA AMIGA

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alterações de origem emocional decorrentes da vivência com a psoríase, contribuindo assim para que o portador tenha me-lhor adesão ao tratamento médico e psicológico.

Durante esses encontros, os participantes podem trocar experiências, compartilhar dúvidas relacionadas à psoríase e debater com os colegas de grupo temas relacionados à saúde, auto-estima, imagem-corporal, discriminação, preconceito, bem-estar e qualidade de vida num espaço de confiabilidade, não-julgamento, interação e participação que, por meio do sigi-lo, comprometimento e respeito mútuo, o participante discutirá aspectos pertinentes às suas emoções e sentimentos, possibili-tando que temas que não são possíveis de serem discutidos e/ou falados nas consultas médicas sejam trabalhados de forma acolhedora sob a coordenação de profissionais qualificados.

Natalia.Melo.de.AlmeidaPsicóloga

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O CONTEXTO FAMILIAR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE COM PSORÍASE

Na infância a psoríase atinge as relações familiares por se tratar de doença crônica que exige dos pais uma maior dedicação aos cuidados do filho acometido pela psoríase, sendo necessário que eles tenham equilíbrio emocional que transpareça confian-ça no controle da psoríase. Manter esse equilíbrio emocional não é tarefa fácil, pois eles enfrentam situações estressantes cau-sadas pela busca da cura para a doença do filho. Nesse momento é importante que eles recebam o apoio de profissionais que lhes ajudem a conviver com a psoríase, buscando no seu contexto fa-miliar o fortalecimento de atitudes de enfrentamento do precon-ceito e a discriminação que a doença promove.

Assim, o tratamento deve ser permeado por informações seguras que garantam aos envolvidos a efetividade na promo-ção da saúde da criança. Por isso, os pais de-vem seguir alguns passos importantes para garantirem o sucesso do tratamento de seus filhos, tais como: Garantir atendimento em rede pública ou privada de saúde, mantendo um vínculo de confiança entre profissional de saúde , paciente e familiares. Outro passo importante a ser seguido é: Buscar a aproxi-mação com a rede social da criança, levando informações sobre o que é psoríase para dimi-nuição das possíveis formas discriminatórias.

Maria.Aparecida.GomesAssistente Social

PALAVRA AMIGA

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PSORÍASE E AS REAÇÕES EMOCIONAIS

Ao longo da vivência da psoríase ou do tratamento, a ajuda psicológica é um auxílio profissional especializado, o qual o paciente e sua família devem utilizar no combate à doença. Trata-se de um espaço de fala e de escuta, sem res-trições ou censura, onde não há o risco de julgamento quan-to a mitos e crenças, sendo um momento onde o portador pode promover um entendimento sobre si mesmo e estabe-lecer uma maneira mais adequada de viver.

A importância do acompanhamento psicológico nos casos de psoríase se deve ao fato de ser uma doen-ça crônica, com impacto social e psicológico. O impacto emocional da doença está relacionado com o aumento de preocupações e ansiedades à piora das lesões, como tam-bém a presença de conflitos familiares e de indicadores de

instabilidade emocional e insegurança. Assim, é importante resgatar nos porta-dores de psoríase a qualidade de vida, incentivando a realização das atividades diárias, o lazer e interação com a família, permitindo a manutenção das interações sociais.

O acompanhamento psicológico leva a uma vivência mais fácil da doença e do tratamento necessário. Isso implica

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renúncia de algumas idéias pré-concebidas, como a de que só os loucos precisam de um psicólogo. Estudos demonstram que atra-vés das atividades de saúde-mental os pacientes que tiveram a possibilidade de expressar suas vivências emocionais e angústias apresentaram menor número de prescrições médicas, indicando menor necessidade de diversas medicações com o objetivo da melhoria do quadro clinico. A psoríase pode causar no paciente descon-forto físico, como também sintomas psico-lógicos devido às restrições no processo de adaptação à doença, sendo necessário reco-nhecer que a psoríase pode ser um evento traumático, uma experiência em excesso.

Pode haver, por parte do paciente e da família, uma exigência de que todos sejam fortes e mante-nham o controle da situação. Em alguns casos, o próprio pa-ciente vai se cobrar ser uma fortaleza e não fraquejar, pelo menos não na frente da família. Portanto, não se autorizará a buscar uma ajuda.

Escutamos falar que o desencadeamento da psoríase está associado ao estresse ou a uma crise emocional dando origem à doença. É preciso dar uma nova dimensão ao en-tendimento desta questão: ► Tornou-se popular escutar que devemos eliminar o

estresse e que toda a família deve cuidar para que

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Psoríase e as reações emocionais

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o paciente não se estresse. Se isso é possível, será, com certeza, apenas por certo tempo. O fato é que, desta forma, estamos agindo superficialmente. Por-tanto, não se trata de eliminar o estresse, mas de entender primeiro o que nos estressa, e o que pode-mos fazer para mudar isso, atuando na causa, e não no sintoma. O mal chamado estresse nada mais é do que a conseqüência do medo de tomar decisões, que provoca o impedimento de se dar opções, novas saídas.

► Ao considerar a importância desse entendimento sobre si mesmo nesse processo da doença, a impor tância de sua subjetividade, suas escolhas, felici-dades e padecimentos, é preciso abrir mão do ime-diatismo e das soluções milagrosas e esforçar-se na busca de novas saídas. É preciso querer saber sobre o particular de sua vida e questionar-se a respeito da alienação. Sair da queixa e voltar a apostar na vida. Toda queixa começa com a desistência de vi-ver, com o abandono do esforço para viver melhor. A queixa é um fechamento sobre si mesmo, uma re-cusa da realidade e um desconhecimento da dor real.

► O caminho de uma terapia ou de uma aná-lise pessoal serve a esse fim, pois a pessoa descobrirá que não dá mais para se quei-xar. Não que as dificuldades tenham desa-parecido por encanto, mas encontrando

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novamente o entusiasmo pela vida irá ajustar a pa-lavra à própria vida, irá fazer da palavra a própria pele até alcançar o almejado sentir-se “bem na pró-pria pele”. A pessoa abre outra via, que não o corpo, para entender seu sofrimento. Ela vai falar para não adoecer.

Como tratar da doença sem considerar o ser hu-mano na sua relação com seu sofrimento, sem ajudá-lo a entender-se melhor nesse processo?

Uma vez desencadeada uma crise de psoríase, é pre-ciso tomar providências médicas, porém é importante não deixar que todas as ações exigidas pelo tratamento médico inviabilizem momentos de reflexão pessoal.

Na crise, pode surgir um sofrimento intenso, a pessoa sente-se desamparada, desprotegida. É preciso saber que o sofrimento não se reduz à sua expressão, ou seja, à ansie-dade ou à depressão, pois ele é mais do que a experiência biológica da dor e vem revelar algo de particular da pessoa, que pode até saber gerir seu sofrimento no cotidiano, mas que no momento mais crítico, essa gestão pode tornar-se mais difícil, pois há um transbordamento da capacidade

psíquica.Ao falar a um psicólogo ou psicanalista

sobre esse evento de vida, a pessoa reconhece-rá seu desejo de retomar sua vida nas próprias mãos. Aquilo que, à primeira vista, parece tão destrutivo, pode ser um despertar para a vida e o início da construção de um jeito novo de viver.

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Psoríase e as reações emocionais

O resgate da qualidade de vida nos portadores de pso-ríase perpassa este conceito intensamente marcado pela subjetividade, abarcando todos os componentes essenciais da condição humana, quer seja físico, psicológico, social, cultural ou espiritual.

O acompanhamento psicológico voltado para o porta-dor de psoríase dependerá, entre outros fatores, da percep-ção que ele e seu grupo familiar têm da doença e do signifi-cado que a experiência tem para eles.

A trajetória do tratamento pode ser um segundo nasci-mento, uma elaboração da maturidade, onde o paciente vai privatizar-se, priorizar-se, estabelecer uma existência pró-pria.

O apoio da família é importante, mas não deve anular a capacidade de decisão do paciente, sua autonomia e inicia-tiva, o que o faria perder sua posição de sujeito da própria vida, escritor da sua própria história.

Se você tem dúvidas a respeito deste assunto, mar-que uma consulta psicológica.

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RELATOS DE PACIENTES

MEU RELATO SOBRE A “CHATINHA”R.C.B., 48 anos, Guarulhos – SP

Gostaria de deixar aqui o meu relato sobre essa doença que chamo sempre de “chatinha”, pois é necessário em primeiro lu-gar que tenhamos muito bom humor e uma mente aberta para levar a vida mais leve.

Em 2005 próximo ao meu aniversário ganhei de presente pe-los meus 47 anos muitas manchas vermelhas em toda a perna e nádegas o que me causou grandes transtornos. Fui praticamente expulsa da academia onde fazia hidroginástica por apresentar le-sões que visualmente eram horríveis. Fiquei deprimida, pois até o meu namorado ficou com medo de me tocar e as pessoas sempre me perguntavam o que era aquilo.

Começou a penitência de vários médicos: biópsia, remédios e principalmente descobrir a causa depois de tantos anos sem nunca ter manifestado nada.

Descobri que após um grave estresse de muito trabalho (qua-se 12 horas por dia) e a mudança de local de trabalho de um estado para outro desencadearam a doença.

Hoje, quase um ano depois, as manchas estão mais leves, não tenho mais vergonha de mostrar as pernas, informo às pessoas tudo que descobri sobre essa doença, que não é contagiosa, e que qualquer pessoa está sujeita a isso.

Aprendi a não trabalhar muito, a dizer NÃO quando é neces-sário, a fazer aquilo que gosto, cuidar da mente, e principalmente ter bom humor e pensar que a vida é maravilhosa de ser vivida, ter fé em Deus, e quando aparece os primeiros sinais sempre digo a mim mesma “você não estava aí no meu corpo e você não irá permanecer nele”.

Enfim somente eu é quem deverá cuidar da minha mente e continuar levando a vida normalmente e com alegria.

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UM DIA ME DISSERAM

P.S.C., 17 anos, Belo Horizonte – MG

Um dia me disseram que a adolescência é uma fase es-pecial, onde muitas transformações aconteceriam. Hoje me encontro nessa fase e posso realmente dizer que é um perío-do mágico. Mas, em mim, começaram a surgir detalhes que me tornaram diferente dos outros jovens. Com o tempo, esses de-talhes se tornaram marcas profundas, no corpo e na alma.

Um dia me disseram que a vida constrói barreiras para nos fortalecer, mas não disseram que na prática o pulo desses obstáculos tem que ser muito mais alto, com tombos dolorosos e melhoras demoradas.

Um dia me disseram que a perseverança é um sentimento sublime, mas esqueceram de dizer que ela pode ser sentida com tanto ardor e convicção, e que nos dá sustento para um sonho.

Um dia me disseram que ser forte é essencial, mas fui além disso, e percebi que não chorar, não desabafar, não significa ter força. Ser forte, é enxergar a realidade com uma visão ampla e otimista, é acreditar em você mesmo e acima de tudo em um ser supremo. É dar valor a vida e vivê-la, com os olhos abertos e ao mesmo tempo sonhadores.

Um dia me disseram que somos todos iguais, mas hoje não concordo com isso. Olho ao meu redor e me sinto diferente dos outros. Nem melhor nem pior, apenas diferente. De certa ma-neira especial, pois tenho em mim algo a mais, algo que machu-ca, que dói, mas que ao mesmo tempo me incentiva a crescer, a querer sempre ir mais além, a andar de cabeça erguida, sem me preocupar com o julgamento alheio. A ser eu, mesmo quando

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minha realidade me propõe ser manipulada ou controlada por uma força que não sei de onde surge e porque me escolheu.

Um dia me disseram que a fé move montanhas, e hoje vejo que isso é realmente verdade. Essas grandes montanhas despertam uma enorme fé, uma vontade de mudar, de crescer. Essa fé nada mais é do que acreditar em você mesmo e em Deus, é crer na vitória e na magia da vida, é acreditar que no final da corrida a faixa da che-gada e da vitória será rompida.

Um dia me disseram que muitas pesso-as passam por nossas vidas, mas que poucas deixam fortes pegadas. Hoje posso dizer que, aqueles que fizeram grandes e boas marcas no meu viver são verdadeiros anjos para mim, pois sempre me iluminaram com um sorriso, me levantaram dos tombos, enxugaram mi-nhas lágrimas e sofreram o meu sofrimento. São pessoas que abriram mão da própria felicida-de para lutar ao meu lado, para me dar forças, para me mostrar qual o caminho a seguir e me ensinar que depois de uma longa e escura noite, o sol nasce, refletindo luz para todos os lados. A essas pessoas não tenho o que dizer, apenas mostrar meu gran-de amor, gratidão e agradecer por não me deixarem ver apenas duas pegadas na areia.

Um dia me disseram, que o sonho é o alimento da alma. Hoje eu concordo com isso. Sonhar é ter fé, é viver, é enxergar a luz no meio da escuridão, é transformar uma ferida em uma flor, as lágrimas em sorriso, o ódio em amor. Sonhar é combater o mal, é mostrar que você não tem medo de ser feliz e que acima

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de tudo tem vontade de viver. Sonhar é fazer deste uma vida, porque nem sempre temos a vida que sonhamos, mas sempre teremos um sonho para viver.

Um dia me disseram que “lá em cima” Deus olha por to-dos nós. Hoje acredito nisso mais do que nunca. Sei que Deus é um ser iluminado que reflete em nós todo seu esplendor. Sei que ele olha por mim e me dá muita força para superar as di-ficuldades, colocando obstáculos em minha vida para ver bem de pertinho, o quanto esses me amadurecem, dão um sentido maior a minha vida e ao meu crescimento enquanto pessoa. Sei que ele me considera sua filha, que me ama e zela por minha existência. E é com sua ajuda que cada dia que passa me apro-ximo da glória.

Um dia me disseram que a vitória é quase impossível, mas agora vejo que não é verdade. A vitória está em minhas mãos, basta eu desejar o progresso, não só com a cabeça, mas tam-bém com o coração.

Sinto-me vitoriosa, pois hoje vi o sol nascer, simbolizando mais um dia de convivência com esse “algo a mais” na minha vida.

Sinto-me vitoriosa por me amar, por me respeitar, e por não ver meu inimigo como uma doença.

Sinto-me vitoriosa por ter psoríase e mesmo assim me olhar no espelho, sair, ir a praia, sorrir, ser feliz, agradecer pela minha vida, ter orgulho de mim mesma, afinal, SIM, eu tenho psoríase, mas ela não me tem!

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A INFORMAÇÃO É A MINHA DEFESA

P.L.F. 21 anos, Quirinópolis – GO

O que tenho pra falar é que sou portadora de psoriase desde os meus 5-6 anos de idade e desenvolvi também a artri-te psoriásica.

Sofri muito devido ao preconceito, que ainda sofro, mas sei lidar bem melhor que antes. Hoje sou bem mais informa-da sobre a psoriase. Procurei me informar mais para que eu pudesse me defender mais.

Meus pais sofrem muito por eu ter essa doença. Antes eu ligava para os comentários, mas hoje nem dou bola, porque sei que se eu der bola vou sofrer.

Já passei por vários médicos. Já tomei vários medica-mentos. Já passei e usei vários medicamentos na pele.. Tudo para aliviar as lesões, as dores, ardores, sangramento. Porque a psoriase , além da pele, lesionou minha alma e razão. Já fiz tratamento psicológico.

Tudo começou a dar certo quando comecei fazer um tratamento em Goiânia com um Doutor muito gente boa que me explicou muitas coisas que eu ainda tinha que aprender. Hoje me sinto mais confiante de que vou vencer. Já uso roupas curtas, já não tenho vergonha do meu corpo dos meus “do-dois”. Já tenho paciência de explicar a quem me pergunta: o que e isso?...

Tento viver minha vida normalmente sem me esconder... sem ter que me impor a burca.

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A GENTE VAI LEVANDO...

D.B.S., 77 anos, Brasília-DF

Sou portador de psoríase há 53 anos, e o negócio é re-laxar e fazer tudo que tem que ser feito. Psoríase não é desculpa pra deixar de viver.

Aos 25 anos, percebi que estava com alguma coisa es-tranha. Eu me preparava para um baile, quando passei a mão pelo cabelo e vi que tinha uma crosta – que caía como se fosse uma casca. Depois percebi lesões nos cotovelos. Pela primeira vez fui ao médico. Diagnóstico: psoríase.

Naquela época não havia um remédio especifico para a doença, a não ser que fosse manipulado. Esse médico receitou-me uma manipulação para passar nas lesões, e um remédio pra malária – que eles estavam usando pra combater a psorí-ase. Não adiantou muito. Depois procurei ajuda homeopática,

mas também sem maiores êxitos.Ao longo desses 53 anos, tomei

vários remédios, fiz vários tratamen-tos. Posso dizer que de lá pra cá tive momentos mais limpos e menos lim-pos. Nos períodos em que vivi uma tensão maior eu piorava. Há uns 5 anos atrás, entre melhoras e pioras, procurei o ambulatório de psoríase do HUB. Faço tratamento no HUB há 5 anos, onde cheguei a fazer a PUVA e tomar medicamentos. O remédio que tomo atualmente está mantendo a doença sob controle.

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Não como muito, mas também não faço dieta. Não tomo nenhum gole de bebida alcóolica por causa da medicação. Normalmente tomo meu cafezinho e fumo.

Com toda sinceridade, nunca fiquei muito preocupado com esse negócio. Em casa, nunca houve separação de toalha ou qualquer tipo de discriminação porque todo mundo sabe que não é contagioso.

Nunca deixei de fazer nada por causa da psoríase. Quan-do estava pior, evitava botar calção – mas isso não me causava nenhum problema maior. Quando me apareceram lesões no queixo, adotei uma “barbicha terapêutica”, que uso até hoje.

Você, portador da doença, não fique afobado ou impres-sionado. Psoríase não mata e não é contagiosa – só chateia. Você não precisa ficar tenso e deixar de fazer as coisas porque tem psoríase. Procure acompanhamento médico e conviva com ela da melhor maneira possível. Leve uma vida normal, porque a psoríase não te impede de fazer nada.

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O POEMA DA PSORÍASELuciana.Andrade,

Brasília-DF,setembro de 2003

Você surgiu na calada sem rastros...Aproveitou-se da ingenuidade e fragilidadeE aos poucos, acariciou e deleitou-seSobre a pele, sobre os cabelos....

Foi assim que esbarrei contigo, em plena adolescência.Época em que descobria as emoçõesE tentava desvendar os mistérios da vida.

Bela ávida e inteligente,Uma vida pela frente.A vaidade imperava,O mundo era meu...

Encontrei a paixão, tentei ser feliz,Ousar, fazer e acontecerPorque não poder?Porque você se fazia mais e mais presente.

Aos poucos me isolou,distanciou os amigos,levou meus sonhos, me constrangeu.Vergonha, constrangimento...Tentar amar e não poder,sentir o sangue ferver, a pele arder

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Possessiva, ditou regras,impôs a burca.Tomou conta, apoderou-se,Até um anjo me roubou,Criou abismos, destruiu paixões...

Secular e temporal, porém não a conheço,Com que direito me tomou só para si?

Sou humana, tenho vidaHá sangue em minhas veias.Você me limita, me irrita....É disto que te alimenta?

Leste, oeste, norte, sul,O universo se cala.Nem o cosmo soube de tiNem a Luz foi capaz de exterminá-la.

Porém existe algo mais forteque até a própria galáxia desconhece

Algo que só os humanos conhecem:A ESPERANÇA...

Esperança que renasce aqui entre nós,Que criará elos de convivência pacífica em nosso coração,De leveza no caminhar e riqueza no compartilharE Juntos nos conduzirá em busca de respostas.

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► A psoríase é uma doença muito comum.

► No mundo, mais de 125 milhões de pessoas sofrem da doença.

► No Brasil, são mais de 5 milhões de portadores.

► Psoríase não é doença contagiosa.

► Psoríase não afeta os órgãos vitais, mas é muito desa-gradável.

► A psoríase não possui cura, é considerada uma doença crônica, como a hipertensão, o diabetes, etc.

► É possível controlar a doença e levar uma vida perfei-tamente normal.

► Cada tratamento pode provocar resultados diferentes em diferentes pacientes e até mesmos resultados dis-tintos no mesmo paciente, em épocas diferentes.

► A descoberta do melhor tratamento para cada pacien-te pode levar algum tempo e exigir testes e investiga-ções.

► Os problemas emocionais podem piorar significativa-mente a doença.

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Pontos-chaves da Psoríase

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► Não se sinta envergonhado ou culpado. Psoríase é uma doença que qualquer pessoa pode ter.

► O objetivo principal é controlar a psoríase, não de-vendo nunca permitir que a psoríase controle a nossa vida.

► Use roupas adequadas que o façam sentir-se confortá-vel. Evite os tecidos ásperos.

► Incremente o uso de cremes e pomadas hidratantes, aplicando várias camadas em sua pele. Faça da apli-cação de cremes e hidratantes um hábito tão comum quanto escovar os dentes ou pentear os cabelos.

► Utilize sabonetes e artigos de banho apropriados para a sua pele.

► Lembre-se sempre que se a “beleza” é fundamental, a pele é muito mais do que aparência. A pele é o tato, contato e o carinho. E o ser humano é muito mais que sua pele.

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A Constituição Federal de 1988 define que “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido median-te políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

Em tese esse princípio significa que todo cidadão brasi-leiro tem direito a atendimento médico, com ordem, qualida-de e de fácil acesso. Também significa que todos têm o direito de receber os medicamentos para aliviar a dor e o sofrimento quando for necessário e que os governos federal, estadual e municipal devem se empenhar para garantir esses direitos.

Na prática, infelizmente, por diversas razões, ainda esta-mos longe de termos o atendimento pleno desses direitos. Po-rém, se o sistema público de saúde não está no nível de quali-dade a que temos direito, não devemos desanimar. Apesar da precariedade geral, tente vislumbrar a rede pública como uma aliada, tanto no atendimento médico como na obtenção de me-dicamentos de alto custo.

Grandes instituições, públicas ou privadas, possuem nor-mas e procedimentos próprios que devem ser seguidos para que possam funcionar. Mesmo que tais normas e procedimen-tos possam parecer meros entraves burocráticos para dificul-tar nosso atendimento, temos que segui-los, pois eles não irão se moldar à nossa vontade.

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OS DIREITOS DO PORTADOR

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Se um determinado órgão exigir algum formulário ou qualquer outro procedimento específico para determinada fi-nalidade, procure não se aborrecer, e trate de obter tal formu-lário ou cumprir o procedimento. Lembre-se que o seu objetivo é controlar a sua doença. Se você se estressar com a burocracia da máquina pública, além de dificultar o alcance de seu objeti-vo, o seu quadro de psoríase só tende a piorar. Se nós somos capazes de controlar a psoríase, então seremos capazes de satisfazer qualquer exigência burocrática de qualquer ór-gão público de qualquer lugar.

Se depois de esgotadas todas as exigências dos órgãos públicos, ainda não tivermos nossos direitos atendidos, resta ainda a opção de procurarmos o Poder Judiciário, por meio de uma ação judicial, que não deve nunca ser descartada.

A ABRAPSE coloca-se sempre como uma incentivadora de todos os portadores de psoríase na luta pela garantia de seus direitos, inclusive na promoção de ações judiciais, quando ne-cessário.

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ATENDIMENTO NO SUS

COMO OBTER ATENDIMENTO NO SUS – BRASÍLIA-DF

01. A primeira etapa é marcar uma consulta no posto de saúde mais próximo de sua casa.

02. Após a primeira consulta, aguardar o encaminha-mento para o atendimento com dermatologistas nos hospitais da rede pública. Os casos mais graves serão encaminhados diretamente para o Hospital HRAN ou o Hospital HUB, onde encontram-se os ambulatórios especializados em Psoríase.

ATENÇÃO: Não é possível marcar o atendimento direto no HRAN ou HUB; somente se recebe atendimento nesses hospitais, após a consulta no posto de saúde mais próximo de sua casa.

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ASSOCIAÇÕES LATINOAMERICANAS DE PSORÍASE

Argentina AEPSO, Asociación Civil para el Enfermo de Psoriasis • www.aepso.org

Brasil: AmazonasAPAM, Associação de Psoríase de Amazônia • [email protected]

Brasil: BrasíliaABRAPSE, Associação Brasiliense de Psoríase • www.abrapse.com • [email protected]

Brasil: Ceará ACEPP, Associação Cearense de Portadores de Psoríase • www.acepp.org.br

Brasil: Rio de Janeiro PSORIEJ, Associação dos Amigos e Portadores de Psoríase de Rio Janeiro • www.psorierj.org.br

Brasil: Rio Grande do Sul PSORISUL, Associação de Rio Grande do Sul • www.psorisul.org.br

Brasil: Bahia ABAPP, Associação Bahiana dos Portadores de Psoríase • [email protected]

Brasil: São Paulo AAPP, Associação de Apoio aos Portadores de Psoríase • www.aapp.org.br

BrasilMAPP, Movimento de Apoio aos Portadores de Psoríase • www.psoriase.org.br

ChileCORPSO, Corporación Psoriasis Chile • www.psoriasischile.cl

ColombiaFUNDAPSO, Fundación de Ayuda al Paciente de Psoriasis • [email protected]

EcuadorFEPSO, Fundación Ecuatoriana de Psoriais • www.fepso.org.ec

El SalvadorPSONUVES, Psoriasis Nueva Vida • [email protected]

MéxicoAMCPSO, Asociación Mexicana contra la Psoriasis • www.asociacionpsoriasis.com.mx

PanamáFPP, Fundación Psoriasis Panamá • www.psoriasispanama.org

Puerto RicoAPAPP, Asociación Puertorriqueña de Apoyo al Paciente de Psoriasis • [email protected]

VenezuelaAVEPSO, Asociación Venezolana de Psoriasis • [email protected]

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APOIO: