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CAPACITAÇÃO INICIAL Partilhar os saberes e ampliar os caminhos para conquistar a terra e o desenvolvimento sustentável, justo e solidário Partilhar os saberes e ampliar os caminhos para conquistar a terra e o desenvolvimento sustentável, justo e solidário

Cartilha Credito Fundiário - CAPACITADOR1 · terra, além da desapropriação, da regularização fundiária e do reconhecimento dos territórios quilombolas e de povos e populações

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CAPACITAÇÃO

INICIALPartilhar os saberes e ampliar os caminhos para conquistar a terra e o desenvolvimento sustentável, justo e solidário

Partilhar os saberes e ampliar os caminhos para conquistar a terra e o desenvolvimento sustentável, justo e solidário

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SUMÁRIOMensagem inicial ............................................................................................................ 4Apresentação .................................................................................................................. 5 O Crédito Fundiário como ação complementar de reforma agrária ............................6O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) ..................................................... 7O porquê da Capacitação Inicial ................................................................................... 8O papel do MSTTR na mobilização e na Capacitação Inicial ..................................... 10Objetivos da Capacitação Inicial ................................................................................... 11Proposta Metodológica para a Capacitação Inicial...................................................... 12Etapas que antecedem a realização da Capacitação Inicial ....................................... 15

1) Divulgação do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) ........................................ 152) Mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras rurais ......................................................... 153) Qualificação da demanda do PNCF .......................................................................................... 16

Competência dos atores envolvidos com a capacitação inicial .................................. 17a) Principais atribuições do MSTTR ................................................................................................ 17b) Atribuições da Unidade Técnica Estadual (UTE) .................................................................... 19c) Atribuições da Secretaria de Reordenamento Agrário (SRA) ..............................................20

Passo a passo para a operacionalização da Capacitação Inicial ............................... 21a) Dialogar sobre história, identidade e o significado da terra para os sujeitos e o significa-

do da terra para os trabalhadores e trabalhadoras rurais, assim como sobre as lutas do MSTTR por este direito. ................................................................................................................ 21

b) Apresentar os objetivos, características e regras do PNCF .................................................. 21c) Relacionar a documentação necessária ................................................................................. 21d) Explicar sobre a contratação da Assistência Técnica (Ater) no PNCF ............................... 21e) Tratar do processo de organização da produção e a gestão da propriedade ................ 22f) Destacar relação harmoniosa e equilibrada com o meio ambiente ................................. 23g) Identificar as principais políticas públicas destinadas ao campo, destacando a importân-

cia de lutar pela integração e procedimentos de disponibilização que sejam articulados entre os governos federal, estaduais e municipais .............................................................. 23

Planejamentos iniciais para o desenvolvimento das Unidades Produtivas ................ 24Contratação e remuneração da Capacitação Inicial .................................................. 25

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Pa r t i l h a r o s s a b e r e s e a m p l i a r o s c a m i n h o s p a r a c o n q u i s ta r a t e r r a e o d e s e n v o l v i m e n t o s u s t e n t á v e l , j u s t o e s o l i d á r i o C A PA C I TA Ç Ã O I N I C I A L

Companheiros e Companheiras de luta

Quero começar a nossa conversa afirmando que, para nós, que fazemos o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR), a democratização da ter-

ra é uma medida essencial para consolidar o desenvolvimento ru-ral sustentável e solidário. A realização da reforma agrária ampla e massiva garante o fortalecimento da agricultura familiar e permite redirecionar as formas de desenvolvimento do campo brasileiro, as-segurando a inclusão social e produtiva do povo que vive da terra.

Por isso, lembramos que dentre as principais lutas do MSTTR, estão as que buscam conquistar políticas públicas, que garantam o direito de acesso à terra para os povos do campo, da floresta e

das águas. Neste processo, no ano de 2003, conquistamos o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), uma ação complementar de reforma agrária voltada à obtenção de áreas que não podem ser desapropriadas por interesse social.

Ao longo dos anos, nossas lutas vêm garantindo avanços importantes nas regras do PNCF, aumentando as condições de acesso e de sustentabilidade do programa. Dentre as conquis-tas asseguradas às famílias beneficiárias, destaca-se o direito à capacitação inicial sobre as condições operacionais e organizacionais do programa, ampliando as possibilidades de su-cesso no desenvolvimento das unidades produtivas.

Para nós, que compreendemos a formação e a organização sindical como estratégicas para a construção do desenvolvimento sustentável e solidário, a capacitação inicial significa uma etapa importante do processo. Ela possibilita maior qualidade na formalização de propostas para obtenção das terras e na realização de projetos sociais e produtivos, permitindo mais ren-da e autonomia para as famílias beneficiadas. Por isso, decidimos produzir esta cartilha como um instrumento de apoio ao trabalho de dirigentes, lideranças, técnicos e técnicas que atuam na formação de trabalhadores e trabalhadoras rurais que buscam ter acesso ao PNCF.

Reafirmamos que o Crédito Fundiário é uma conquista de nossas lutas e não podemos abrir mão de continuar valorizando esta política pública, para que ela, de fato, permita trans-formar a vida de milhares de famílias que lutam pelo direito de viver e trabalhar na terra. Nesse sentido, vamos continuar mobilizados, organizando os trabalhadores e trabalhadoras rurais, realizando o monitoramento e o controle social do programa e pressionando os governos para que fortaleçam as políticas e as ações públicas no campo.

Companheiros e companheiras, devemos lembrar que pertencemos a uma grande orga-nização sindical que está presente em todo o País. Precisamos fortalecer os processos de formação sindical e continuar as nossas lutas pelo direito a terra, ao trabalho e por condições de produzir e viver com dignidade, igualdade e justiça.

Boa leitura e boas lutas a todos e todas.Zenildo Xavier - Secretário de Política Agrária da CONTAG

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Apresentação

Esta cartilha aborda as informações mais relevantes que devem ser trata-

das nos processos de mobilização e capacitação inicial dos trabalhadores e

trabalhadoras rurais que buscam ter acesso ao PNCF. É importante destacar

que a capacitação inicial tornou-se obrigatória para todos os beneficiários e

beneficiárias do programa, como forma de assegurar maior qualidade às de-

mandas e melhora na estruturação das unidades produtivas conquistadas.

As entidades que compõem o MSTTR – Sindicatos, Federações Estaduais

de Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura e a CONTAG, são algumas

das organizações responsáveis por realizar a capacitação inicial. Para apoiar

este trabalho foi elaborada esta cartilha, que pretende subsidiar dirigentes, li-

deranças, técnicos e técnicas que atuam na formação de trabalhadores e tra-

balhadoras rurais para o acesso ao PNCF.

Lembramos que, além desta, foi produzida outra cartilha voltada especial-

mente para os trabalhadores e trabalhadoras rurais, com informações mais

detalhadas e simplificadas do Programa, que complementam as orientações

aqui contidas e reúnem o principal conteúdo que será tratado na capacitação

inicial. Recomendamos, pois, a utilização dos dois materiais nos processos de

formação da base sindical.

Esperamos que este material seja um importante subsídio para dar mais

qualidade aos processos de formação e organização, e para fortalecer a ação

sindical cotidiana que se pauta na luta pelo direito a terra e pelo desenvolvi-

mento rural sustentável e solidário.

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Pa r t i l h a r o s s a b e r e s e a m p l i a r o s c a m i n h o s p a r a c o n q u i s ta r a t e r r a e o d e s e n v o l v i m e n t o s u s t e n t á v e l , j u s t o e s o l i d á r i o C A PA C I TA Ç Ã O I N I C I A L

O Crédito Fundiário como ação complementar de reforma agrária

Para fazer a formação sindical destinada aos trabalhado-res e trabalhadoras rurais que buscam o PNCF, é muito im-portante entender como este programa se insere no contexto das lutas pelo direito a terra coordenadas pelo Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR).

Destaca-se que, nos mais de 50 anos de história da CONTAG, a luta pela terra sempre esteve no centro da agen-da política do MSTTR. A democratização da terra nunca se viabilizou em nosso País, em razão dos limites políticos e le-gais que foram impostos pelas opções de desenvolvimento rural, que sempre privilegiaram os modelos produtivos basea-dos nas monoculturas em grandes extensões de terra. Esta opção de desenvolvimento, aliada a não realização da refor-ma agrária ampla e massiva, faz com que o Brasil seja um dos países com maior concentração de terras no mundo, como mostra o quadro abaixo:

Ou seja, 3% das propriedades respondem por 62% da área total.

8%3%

89%

62%20%

18%

Total de propriedades segundoa Classificação Fundiária

Fonte: IBGE

QUADRO AGRÁRIO NO BRASILDISTRIBUIÇÃO DAS PROPRIEDADES POR CLASSIFICAÇÃO FUNDIÁRIA

Área total de Propriedades(ha)Segundo a Classificação Fundiária

DE 4 MF A 15 MF ACIMA DE 15 MFAté 4 MF DE 4 MF A 15 MF ACIMA DE 15 MFAté 4 MF

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No contexto da luta pela terra, uma das revindicações his-tóricas do MSTTR foi a criação e a implementação de um pro-grama de crédito fundiário que permitisse aos minifundistas ampliarem suas áreas e para que arrendatários, meeiros e par-ceiros, dentre outros trabalhadores e trabalhadoras rurais pu-dessem ter acesso às terras que não fossem passíveis de de-sapropriação por interesse social para fins de reforma agrária.

Fruto destas lutas, o II Plano Nacional de Reforma Agrária reconheceu e contemplou o Crédito Fundiário como um dos instrumentos de políticas públicas que permitem o acesso a terra, além da desapropriação, da regularização fundiária e do reconhecimento dos territórios quilombolas e de povos e populações tradicionais. Instrumentos que têm sido essen-ciais para assegurar o processo de ampliação e fortaleci-mento da agricultura familiar.

O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) No ano de 1998, após a aprovação da Lei Complemen-

tar nº 93, foi finalmente criado um programa de crédito para compra de terras: o Banco da Terra. No entanto, a CONTAG e os demais movimentos sociais do campo reagiram contra o programa, que foi implantado pelo governo sem a participa-ção dos trabalhadores e trabalhadoras e para se contrapor às desapropriações de latifúndios e áreas improdutivas, visando enfraquecer a luta do MSTTR pelo direito a terra.

Mesmo com estas reações contrárias, o Banco da Terra permaneceu em vigor até 2003. Só a partir daí, fruto da pres-são exercida pela CONTAG para que fosse criado um novo instrumento de crédito fundiário que atendesse às reais de-mandas dos trabalhadores e trabalhadoras rurais e fosse complementar à reforma agrária, que foi criado o PNCF.

Neste contexto, o PNCF foi concebido como uma política pública do Governo Federal, inclusiva e descentralizada, que contempla a participação dos movimentos sociais em todas

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as suas etapas e que possibilita aos trabalhadores e traba-lhadoras rurais, sem terra ou com pouca terra, adquirirem imóveis rurais por meio de financiamentos para produzirem em regime de economia familiar.

O PNCF vem sendo melhorado ao longo dos anos pela luta incansável dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, especialmente daquelas protagonizadas pelo MSTTR, como os Gritos da Terra Brasil, Marchas das Margaridas e Festivais da Juventude. Apesar dos avanços, ainda há o que melhorar no programa para que se torne uma opção ainda mais viável para muitas famílias que lutam pelo direito de viver, produzir, obter renda e autonomia a partir do trabalho na terra.

A tabela abaixo traz as principais linhas e condições de fi-nanciamento do PNCF em vigor.

Linhas de Crédito

Renda anual Patrimônio

Experiência na Agricul-

turaForma de

acesso Financiamento

Recursos in-fraestrutura

básica e produ-tiva

Combate àPobreza Rural

AtéR$ 9 mil Até 30 mil 5 anos Coletivo e

individual Individual SIB1 – reembol-

sávelSIC2 – não reem-

bolsávelNossa Primei-

ra Terra Até

R$ 30 milAté

R$ 60 mil* 5 anos Individual Individual Reembolsável

Consolidação da Agricultura

Familiar Até

R$ 30 milAté

R$ 60 mil* 5 anos Individual Individual Reembolsável

*Esse valor pode chegar a R$ 100 mil, quando a área a ser adquirida for proveniente de herança e o comprador for um dos herdeiros. 1 - SIB - Subprojeto de Investimento Básico2- SIC - Subprojeto de Investimento Comunitário

O porquê da Capacitação inicial Visando a qualificação da demanda, o aprimoramento dos

projetos e a melhoria nos processos organizativos dos traba-lhadores e trabalhadoras que buscam o PNCF, foi aprovada a norma que torna obrigatória a realização da capacitação inicial para este público. Esta capacitação tem como objeti-vo principal informar sobre as características e condições do programa, critérios de acesso, normas e regras para paga-

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mento, políticas públicas disponibilizadas, dentre as ques-tões que potencializam a capacidade de desenvolvimento e de autonomia dos beneficiários e beneficiárias.

A capacitação inicial propicia, também, o fortalecimento das ações das organizações sociais no processo de controle social do programa, assegurando que os recursos e as políti-cas públicas aplicadas resultem, efetivamente, em melhorias na qualidade de vida das famílias beneficiadas.

Esta atividade está prevista na Norma de Execução de Capacitação e Ater nº 01/2013, de 16 de julho de 2013, sendo realizada pelas entidades do MSTTR e demais organizações que compõem a Rede de Apoio do PNCF. A capacitação inicial deve ser comprovada por meio de certificado ou de declara-ção de participação para ser incluída no check-list da propos-ta, já que se trata de uma das condições obrigatórias para o acesso ao programa.

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O papel do MSTTR na mobilização e na Capacitação InicialUm dos principais destaques do PNCF está na garantia

da ampla participação social em todas as suas etapas, es-pecialmente nos processos de mobilização e capacitação inicial dos beneficiários, o que potencializa o diálogo com a base sindical e o fortalecimento dos processos organizativos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

As entidades que fazem parte do MSTTR devem se empe-nhar em promover a formação dos beneficiários e beneficiá-rias do PNCF, considerando, principalmente, que os Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs) são espa-ços de referência e apoio para milhares de trabalhadores e tra-balhadoras que vivem no campo. É no Sindicato que a maioria vai buscar informações sobre os direitos e sobre as garantias de acesso às diferentes políticas públicas, disponíveis para a agricultura familiar e para o desenvolvimento rural sustentável.

Nesse sentido, a participação efetiva de dirigentes, lide-ranças, técnicos e técnicas do MSTTR no processo de Capa-citação Inicial do PNCF propicia melhor interação com as de-mandas e mais qualidade ao apoio devido aos trabalhadores e trabalhadoras rurais, especialmente quanto à elaboração das propostas de financiamento e dos projetos sociais e pro-dutivos para o desenvolvimento das áreas.

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Objetivos da Capacitação Inicial A capacitação deve assegurar que os potenciais benefi-

ciários e beneficiárias do PNCF compreendam e se apropriem dos critérios e instrumentos do Programa, reunindo condi-ções para decidirem, autonomamente, sobre suas propostas e projetos. Dentre os principais objetivos estão os seguintes:

Qualificar as demandas com o aperfeiçoamento das propostas e projetos, fortalecendo o processo de or-ganização dos trabalhadores e trabalhadoras;

Aperfeiçoar o processo de seleção dos potenciais be-neficiários(as) e aprimorar o conhecimento sobre as normas do Programa;

Favorecer a articulação dos(as) beneficiários(as) do PNCF com os demais atores locais, visando a imple-mentação e integração de políticas públicas que asse-gurem o desenvolvimento produtivo e a inclusão social;

Estabelecer condições para o exercício da autonomia dos beneficiários(as) na elaboração, implantação e gestão dos projetos sociais e produtivos;

Fomentar o debate sobre a importância de construir os processos produtivos e organizativos baseados nos princípios da Agroecologia;

Tratar de questões ambientais, a exemplo da recu-peração de áreas degradadas, destinação de resí-duos sólidos, lixo doméstico e de embalagens vazias de agrotóxicos;

Compreender como são feitos os cálculos do valor das prestações referentes ao financiamento da terra;

Aprofundar os debates sobre gênero e geração, refletin-do sobre as situações de discriminação e as desigual-dades observadas nas relações sociais e na família;

Qualificar as propostas de financiamento; Assegurar a redução dos prazos de tramitação das

propostas de financiamento; Discutir a escolha e os processos de contratação da Ater.

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Proposta Metodológica para a Capacitação InicialA formação sindical protagonizada pelas entidades que

compõem o MSTTR é orientada pela Política Nacional de Formação da CONTAG (PNF)*, que tem como referencial po-lítico pedagógico a implementação do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS). Ela está pautada em processos metodológicos participativos, na construção coletiva do conhecimento, articulação entre teo-ria e prática e no respeito e valorização dos saberes, visando a transformação da realidade dos sujeitos e a busca de alter-nativas para fazer avançar os processos organizativos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

A partir desta orientação, as entidades capacitadoras deci-dem sobre a forma e as abordagens nos processos de Capa-citação Inicial para o PNCF, respeitando a realidade e o público atendido. Entendemos ser essencial observar os fundamentos e orientações previstos na Política Nacional de Formação da CONTAG, como forma de articular tal capacitação aos demais processos formativos realizados pelas entidades do MSTTR.

* Para saber mais sobre a Política Nacional de Formação da CONTAG (PNF), con-sulte o site: www.contag.org.br/enfoc/biblioteca

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Desta forma, sugerimos que as atividades de capacitação se pautem em místicas e vivências que estimulem a integração entre os participantes e a compreensão sobre suas identidades e histórias de lutas, promovendo reflexões sobre o valor e o significado da ter-ra para os sujeitos do campo e para a humanidade. Nesse contexto, cabe destacar as lutas do MSTTR pela terra, as ações de Reforma Agrária e a função complementar do PNCF.

Nesta cartilha, disponibilizamos um roteiro orientador para subsi-diar as atividades de capacitação que podem se dar no formato de reuniões, encontros, dias de campo, seminários, oficinas de contação de histórias, intercâmbios, e outros. Como ferramentas para apresen-tação das informações e fomento dos debates, sugerimos a utilização de: cartilhas; desenhos; cartazes; flip-chart; datashow; notebook; ví-deos; mostra de fotografias; dentre outros meios de trabalho.

É fundamental que os trabalhadores e trabalhadoras sejam esti-mulados a falar, contando suas histórias, revelando os motivos por-que buscam o Programa e apresentando suas dúvidas, que devem ser respondidas em todos os detalhes que sejam necessários.

O objetivo e a missão do PNCF devem ser abordados na capa-citação e, também, detalhadas as condições do financiamento,

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com diálogos sobre as linhas, os componentes, formas de contrato, os valores, prazo para pagamento, carência, juros e bônus, etc.

É muito importante realizar exercícios e vivências que per-mitam identificar e visualizar os projetos produtivos pretendi-dos pelos trabalhadores e trabalhadoras. Para tanto, há uma proposta metodológica que tem sido bastante utilizada por alguns educadores e educadoras para trabalhar com plane-jamento, individual e coletivo, que propõe a construção de imagens da “propriedade sonhada” ou da “comunidade so-nhada”, onde os beneficiários e beneficiárias são convidados (as) a desenhar, pintar ou dar visibilidade, de alguma outra forma, sobre como desejam ver suas áreas em um tempo fu-turo (dois anos, por exemplo). Neste processo, é importante que dialoguem com a realidade local e do grupo, consideran-do os aspectos sociais, culturais, produtivos, ambientais, po-líticos e organizativos, destacando, em especial, as relações de gênero e geração, além de outras questões.

A partir da identificação dos objetivos sonhados, é funda-mental fazer a relação destes com o projeto a ser executado

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na área pretendida, considerando o potencial da região, a capacidade técnica e a viabilidade de pagamento. Da mesma forma, é essencial iden-tificar as características do imóvel, dialogando sobre as possibilidades que o mesmo assegura para atender aos parâmetros de sustentabilidade exigidos pelo PNCF, como: garantia de abastecimento; disponibilidade e a qualidade da água; o fornecimento de energia elétrica; a existência de infraestrutura habitacional; condições das vias de acesso e canais de co-mercialização; avaliação do preço da terra e a relação com o valor do teto regional, considerando os bônus da negociação do imóvel abaixo do valor do preço, estabelecido no mercado de terras da região ou pelo Sistema de Monitoramento de Mercado de Terra (SMMT).

É importante que o processo de Capacitação Inicial resulte na organiza-ção de grupos, constituídos a partir da identidade dos sujeitos, que se dis-ponham a formular propostas voltadas à obtenção das áreas, por meio de contratos individuais ou coletivos, de acordo com seus projetos.

Etapas que antecedem a realização da Capacitação Inicial

1 - Divulgação do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF)O PNCF é uma política pública conquistada pelo MSTTR e deve ser am-

plamente divulgada, para que todos os trabalhadores e trabalhadoras rurais que desejarem possam pleitear o direito de ter acesso a terra pelo progra-ma. Por isso, é importante que as entidades vinculadas ao MSTTR e demais parceiros façam a sua divulgação por meio de programas de rádio, vídeos, cartilhas, cartazes, folders, boletins informativos, jornais, entre outros.

2 - Mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras ruraisUma das principais ações que as entidades que compõem o MSTTR as-

sumem diz respeito ao processo de mobilização dos trabalhadores e tra-balhadoras, para que estes tenham acesso às políticas públicas, dentre elas o PNCF. Um dos espaços importantes para realizar o diálogo são as reuniões nos sindicatos, onde é possível não só apresentar e analisar as políticas de acesso a terra e de desenvolvimento rural, mas também reunir as pessoas que desejam ter acesso ao PNCF, para que compreendam o funcionamento do programa.

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É importante que as entidades que fazem parte do MSTTR se articulem com outros movimentos sociais e com as instituições locais como: prefeitura, câmara dos vereado-res, igrejas, escolas, entre outros, ampliando os processos articulados de mobilização social e as parcerias que asse-gurem a implantação de programas e políticas públicas vol-tados aos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

3 - Qualificação da demanda ao PNCFQualificar a demanda significa fortalecer a capacitação

dos trabalhadores e trabalhadoras rurais para que com-preendam todas as etapas de execução do PNCF e possam decidir, de forma consciente e autônoma, sobre a adesão ao programa. É também o momento de analisar o projeto e fazer as complementações, correções e adequações nos documentos ou procedimentos necessários ao encaminha-mento das propostas de financiamento, visando, principal-mente, dar mais agilidade na tramitação e conclusão das operações contratuais.

Neste sentido, é essencial que as entidades que com-põem o MSTTR atuem no apoio aos potenciais beneficiá-rios e beneficiárias em todas as etapas. Iniciando com o processo de organização dos grupos, e seguindo na elaboração do estatuto, atas e regimentos das associa-ções; na identificação do imóvel rural; na negociação do preço; na junção da documentação necessária; na elaboração e encaminhamento da proposta ao Con-selho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentá-vel (CMDRS) e no cadastramento da mesma no Siste-ma de Informações Gerenciais (SIG-CF). Cabe ainda ao MSTTR fazer o acompanhamento da tramitação da mesma até o momento da contratação, considerando as etapas seguintes à aquisição da terra, como a implantação dos projetos de desenvolvimento produtivos e sociais.

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Competência dos atores envolvidos com a Capacitação InicialO PNCF é um programa que tem competências descentralizadas entre os vá-

rios atores envolvidos no processo. Parte das atividades compete aos movimen-tos sociais e parte aos governos estaduais e federal, conforme discriminado:

Principais atribuições do MSTTR: Divulgar o programa e mobilizar os trabalhadores e trabalhadoras

rurais para terem acesso ao mesmo e às demais políticas públicas; Apoiar os trabalhadores e trabalhadoras rurais interessados em

acessar o PNCF no processo de organização dos grupos e na elabo-ração, formalização e aprovação de propostas e projetos;

Realizar a capacitação inicial dos potenciais beneficiários(as), obser-vando os princípios metodológicos da PNF;

Apresentar à Unidade Técnica Estadual (UTE) uma proposta metodoló-gica para divulgação, mobilização e qualificação da demanda dos po-tenciais beneficiários(as) do PNCF, bem como para a realização da ca-pacitação inicial dessas pessoas, considerando a previsão dos prazos para análises e vistorias (realizados pela UTE) e que culminarão com a contratação das propostas de financiamento que forem aprovadas;

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Assegurar a participação de mulheres e jovens em todas as atividades formativas, assim como nos processos de elabo-rações e implementação das propostas e projetos relativos à área adquirida;

Estimular o debate sobre a adoção de propostas que visem a produção de alimentos saudáveis e a incorporação dos prin-cípios agroecológicos nas unidades produtivas do PNCF;

Propor meios de verificação e monitoramento dos planos de divulgação e mobilização apresentados;

Manter a UTE informada sobre o cronograma das capacitações; Apresentar à UTE os relatórios, registro visual fotográfico, lis-

tas de presença das capacitações realizadas e o certificado emitido para todos(as) os(as) participantes;

Observar as normas e diretrizes do PNCF, em particular o princípio da autonomia da Unidade Produtiva e seus poten-ciais beneficiários(as), definidas pelo Regulamento Operati-vo e Manuais de Operações do PNCF.

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Atribuições da Unidade Técnica Estadual (UTE): Capacitar os potenciais beneficiários(as), quando necessário; Acompanhar o processo de divulgação do PNCF junto às entida-

des representantes dos trabalhadores(as) rurais e comunidades beneficiárias potenciais;

Divulgar junto aos beneficiários(as) do PNCF as demais políticas de apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar, de inserção de jo-vens ou outros, bem como identificar as condições para garantir o acesso a esses programas;

Contribuir na mobilização e capacitação das entidades que atuam no PNCF na Fase 1 (difusão, mobilização e capacitação inicial) e na Fase 2 (contratação de Ater);

Subsidiar as decisões do CEDRS sobre todos os assuntos relativos à implementação do PNCF, até mesmo solicitar o descredenciamen-to no Sistema de Rede de Apoio-SREDE das entidades nos casos de constatação de irregularidades;

Garantir a efetiva participação dos movimentos sociais no processo, assegurando-lhes, principalmente, o acesso a todas as informações relativas ao PNCF, bem como a participação na divulgação dos nor-mativos do Programa e nos estudos de avaliação;

Propor as interfaces e interações do PNCF com as ações de gênero, geração, raça e etnia para a agricultura familiar desenvolvidas pelos governos, ampliando o direito de participação e acesso dos benefi-ciários e beneficiárias às políticas públicas;

Apoiar a articulação do PNCF junto às escolas agrotécnicas e escolas de alternância, bem como com as organizações da juventude rural existentes no estado;

Acompanhar e avaliar a Capacitação Inicial, para que esta seja reali-zada com qualidade e de acordo com a proposta metodológica;

Receber e analisar os relatórios das capacitações realizadas, arqui-vos fotográficos, listas de presença e o certificado emitido para os po-tenciais beneficiários(as), de modo a verificar o atendimento do plano de difusão aprovado e seus posteriores resultados/impactos;

Orientar as entidades parceiras na juntada da documentação ne-cessária para o cadastramento e habilitá-las no Sistema de Rede de Apoio (SREDE), conforme as fases do PNCF que irão atuar;

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Pa r t i l h a r o s s a b e r e s e a m p l i a r o s c a m i n h o s p a r a c o n q u i s ta r a t e r r a e o d e s e n v o l v i m e n t o s u s t e n t á v e l , j u s t o e s o l i d á r i o C A PA C I TA Ç Ã O I N I C I A L

Assegurar que as ações de difusão e mobilização do Programa estejam apoiadas em meios de comunicação, tais como: folhe-tos, cartilhas, difusão dos manuais, realização de reuniões e cursos, rádio, televisão, entre outros; e

Respeitar a autonomia das organizações sociais sobre suas op-ções metodológicas e formas de conduzir os processos forma-tivos e organizativos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

Atribuições da Secretaria de Reordenamento Agrário (SRA) Analisar e aprovar o Plano de Difusão encaminhado pelas Uni-

dades Técnicas Estaduais (UTEs); Monitorar e avaliar os processos encaminhados pela UTE e

solicitar esclarecimento e/ou documen-tações complementares, como também, quando for o caso, para a proposta meto-dológica da Capacitação Inicial;

Acompanhar o processo de qualificação da demanda realizada pelas entidades jun-to aos representantes dos trabalhadores e trabalhadoras rurais e comunidades bene-ficiárias por meio dos Sistemas de Informa-ções Gerenciais;

Acompanhar e orientar as ações da Ca-pacitação Inicial, tendo como referencial

as propostas metodológicas; Adotar as medidas necessárias para o descredenciamento no

SREDE das entidades quando solicitado pela UTE, devidamente acompanhado do parecer do CEDRS;

Promover, anualmente, em conjunto com a UTE, uma avaliação de desempenho das instituições em relação às ações executa-das no âmbito do PNCF, no que diz respeito ao Plano de difusão, mobilização, qualificação da demanda e Capacitação Inicial;

Apoiar as Unidades Técnicas Estaduais nas ações de capacita-ção das entidades habilitadas; e

Apoiar a ação das organizações sociais em todas as etapas de implantação do PNCF.

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Passo a passo para a operacionalização da Capacitação Inicial É importante lembrar que, para orientar a Capacitação Inicial realiza-

da pelo MSTTR, foi elaborado, junto com esta cartilha, outro material que traz os detalhes do Programa (PNCF – um jeito de conquistar a terra para viver e produzir com liberdade e dignidade) e deve ser usado pelos educa-dores e educadoras encarregados da mobilização e Capacitação Inicial.

Abaixo, apresentamos o roteiro para as atividades de formação:

a) Dialogar sobre história, identidade e o significado da terra para os su-jeitos e o significado da terra para os trabalhadores e trabalhadoras ru-rais, assim como sobre as lutas do MSTTR por este direito.

Iniciar a capacitação com o debate sobre a história, a identidade dos sujeitos e o significado da terra para os trabalhadores e trabalhado-ras rurais, assim como sobre as lutas do MSTTR por este direito.

b) Apresentar os objetivos, características e regras do PNCF: O que é o Programa Nacional de Crédito Fundiário; Quem pode acessar o Programa; Linhas e condições de financiamento; Elegibilidade do beneficiário e beneficiária; Que imóveis podem ser adquiridos; Prazo de pagamento; Bônus; Simulador de cálculo das prestações; Etapas da tramitação de uma proposta; Subtetos de financiamento; Investimentos comunitários e básicos (SIC/SIB); Prestação de Contas; Selos temáticos: PNCF-Mulher, Juventude e Terra Negra Brasil; Adicionais Ambientais: Convivência com o Semiárido e Meio Ambiente.

c) Relacionar a documentação necessária: Apresentar a relação de documentos necessários, previstos no

check-list.

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Pa r t i l h a r o s s a b e r e s e a m p l i a r o s c a m i n h o s p a r a c o n q u i s ta r a t e r r a e o d e s e n v o l v i m e n t o s u s t e n t á v e l , j u s t o e s o l i d á r i o C A PA C I TA Ç Ã O I N I C I A L

d) Explicar sobre a contratação da Assistência Técnica (Ater) no PNCF: Apresentação de equipes que possam ser contratadas; Formas de remuneração do serviço de Ater; Critérios para contratação e avaliação do serviço de Ater.

e) Tratar do processo de organização da produção e da gestão da propriedade:

Fortalecimento da organização social, da autonomia do(a) beneficiário(a) e do processo organizativo em associação ou cooperativa;

Importância do planejamento da Unidade Produtiva; Responsabilidades, direitos e deveres dos(as) beneficiá-

rios(as) e da associação; Produção para a segurança alimentar e garantia de

desenvolvimento de atividades produtivas que gerem rendas complementares;

Identificação e reconhecimento das atividades e das fontes de renda obtidos pelo trabalho de todos os membros da família;

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Inovações tecnológicas, com destaque para aquelas baseadas nos princípios da agroecologia;

Agregação de valor aos produtos.

f) Destacar a relação harmoniosa e equilibrada com o meio ambiente: Principais princípios da agroecologia e da sustentabilidade

ambiental; O novo Código Florestal; Área de Preservação Permanente (APP); Reserva Legal; Manejo dos recursos hídricos e florestais; Cadastro Ambiental Rural (CAR); Destinação do lixo doméstico; Destinação dos resíduos sólidos; Descarte de embalagens de agrotóxicos.

g) Identificar as principais políticas públicas voltadas para o desenvol-vimento rural sustentável, destacando a importância de lutar pela inte-gração e articulação das mesmas:

Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf);

Programa Nacional para Redução do Uso de Agrotóxicos (Pronara); Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo); Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR); Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae); Programa de Aquisição de Alimentos (PAA); Programa de Convivência com o Semiárido; Luz para Todos; Água para Todos; Programas regionais e estaduais; Políticas Territoriais.

É importante reforçar a necessidade de assegurar a integração de políticas públicas federais, estaduais e municipais nas áreas do PNCF.

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Planejamentos iniciais para o desenvolvimento das Unida-des Produtivas

Como etapa final da capacitação e com a definição da entidade de Ater que prestará assessoria para as famílias, é importante res-gatar o trabalho inicial que identificou os sonhos e demandas dos trabalhadores e trabalhadoras, para construir o Plano de Investi-mento Comunitário (PIC), constituído pela previsão de subprojetos voltados à promoção da viabilidade econômica, observando a ca-pacidade de pagamento do financiamento e sustentabilidade das famílias na área a ser adquirida. Para elaboração de tais subproje-tos, é importante ampliar o diálogo, identificando as aptidões, e ca-pacidades das pessoas da família e as potencialidades das áreas, observando, ainda, as possibilidades de mercado e as condições de financiamento do PNCF, dentre outros elementos essenciais neste processo.

Os intercâmbios de experiências são formas de trabalho bas-tante positivas para realização desta etapa, pois possibilita que os potenciais beneficiários(as) conheçam Unidades Produtivas já im-plantadas e consolidadas, no município e/ou região, trocando expe-riências, saberes e sonhos.

Neste momento, também é importante explicar aos trabalha-dores e trabalhadoras que acessarão o PNCF de forma coletiva como são os procedimentos para obtenção e uso dos recursos dos Subprojetos de Investimentos Comunitários (SIC). E para os que acessarão individualmente, como elaborar os Subprojetos de Inves-timentos Básicos (SIB), considerando a elaboração em formulários padrões do programa.

Juntamente com o Plano de Investimento Comunitário (PIC), é elaborado o Plano de Assistência Técnica (PAT), onde é debatido e definido com o grupo qual a instituição prestadora dos serviços de Ater será contratada, qual o período, atividades a serem realizadas, forma de remuneração e avaliação da entidade escolhida, dentre outras questões. Também serão indicados os possíveis técnicos e técnicas que poderão assessorar a Unidade Produtiva, de acordo com as especificidades de cada SIC ou SIB.

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Contratação e remuneração da Capacitação InicialA realização da Capacitação Inicial poderá ser remunera-

da, caso a entidade que a realizar assim desejar. Para tanto, será efetivado um contrato entre a entidade capacitadora e o órgão do governo federal responsável pela ação, para que este efetue o pagamento pelo trabalho, que será feito em par-cela única com recursos reembolsáveis ou não reembolsá-veis, dependendo de como se enquadra a linha de financia-mento da área a qual os beneficiários e beneficiárias estejam vinculados. Em qualquer um dos casos, a remuneração está condicionada aos seguintes critérios:

A remuneração somente poderá ser realizada após, e se houver, a assinatura do Subprojeto de Aquisição de Terra (SAT);

O seu valor será incluído no contrato do subprojeto de investimento, mas não será considerado para o cál-culo do teto microrregional de recursos disponíveis por família, respeitando o limite de financiamento;

Somente poderão ser remuneradas as instituições habilitadas no SREDE, que preencham os critérios de-finidos na Norma;

Os valores aplicáveis à Capacitação Inicial são defini-dos pelo Comitê Permanente do Fundo de Terras e do Reordenamento Agrário, órgão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf), ob-servando-se os seguintes valores máximos por pro-posta de financiamento da linha CPR-SIC:

R$ 1.200,00 para grupamentos com menos de 15 beneficiários(as);

R$ 2.000,00 para grupamentos de 15 até 25 beneficiários(as);

R$ 3.000,00 para grupamentos com mais de 25 beneficiários(as).

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Pa r t i l h a r o s s a b e r e s e a m p l i a r o s c a m i n h o s p a r a c o n q u i s ta r a t e r r a e o d e s e n v o l v i m e n t o s u s t e n t á v e l , j u s t o e s o l i d á r i o C A PA C I TA Ç Ã O I N I C I A L

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No caso da linha CAF, NPT e CPR-Individual (CPR/SIB), o valor da remuneração será de R$ 300,00 (trezentos reais) por família, reem-bolsáveis e incorporados no cálculo do financiamento.

A autorização do pagamento será feita pela UTE, após a contra-tação do SIC na linha CPR-Coletivo (CPR/SIC) ou após a contrata-ção da terra nas linhas CAF, NPT e CPR-SIB.

A autorização do pagamento ficará condicionada ainda à apre-ciação da UTE do relatório contendo o detalhamento dos temas e a metodologia utilizada na Capacitação Inicial, os registros do evento, bem como a lista de presença e o acervo fotográfico, além dos Cer-tificados ou declaração de participação na Capacitação Inicial.

No caso da linha CPR-SIC, além dos documentos relaciona-dos na Norma de Execução de Capacitação Inicial e Ater, será exigida também a ata que aprovou a contratação do MSTTR para realizar a formação.

A entidade que realizar a capacitação será responsável pelas despesas necessárias à prestação dos serviços ou dela decorren-tes, a qualquer título, inclusive por todos os encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução da capacitação, de-vendo assegurar os meios de locomoção e recursos para operacio-nalização das atividades previstas.

Cabe à entidade que realizou a Capacitação Inicial a expedição de certificado individual para cada participante.

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Leis, Decretos, Resoluções, Normas, Manuais e Regulamento para a operacionalização do PNCF, atualmente em vigor

Lei Complementar nº 93, de 04 de fevereiro de 1998 - Institui o Fundo de Terras e da Reforma Agrária;

Decreto nº 4.892/2003, de 25 de novembro de 2003 - Regulamenta a Lei Complementar nº 93, de 04 de fevereiro de 1998, que criou o Fundo de Terras e da Reforma Agrária, e dá outras providências;

Decreto nº 6.672, de 02 de dezembro de 2008 - Regulamenta o art. 6º da Medida Provisória nº 2.183-56, de 24 de agosto de 2001, que trata do Subprograma de Combate à Pobreza Rural, instituído no âmbito do Programa Nacional de Reforma Agrária, e dá outras providências;

Resolução nº 4.177, de 07 de janeiro de 2013 - Altera as normas para contratação das operações de Crédito Fundiário ao amparo do Fundo de Terras e da Reforma Agrária, de que trata a Seção 1 do Capítulo 12 do Manual de Crédito Rural (MCR 12-1), e revoga as Resoluções nos. 3.861, de 27 de maio de 2010, e 4.038, de 15 de dezembro de 2011;

Norma de Execução de Capacitação e ATER nº 01/2013, de 16 de julho de 2013 - estabelece normas e procedimentos técnicos e administrativos para a realização de capacitação e prestação de serviços de ATER, no âmbito do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF);

Manual de Operações da linha de Combate à Pobreza Rural, com Subprojeto de Investimento Comunitário – CPR-SIC;

Manual de Operações, com Subprojeto de Investimento Básico (CPR-SIB), das linhas de Consolidação da Agricultura Familiar (CAF) e Nossa Primeira Terra (NPT);

Regulamento Operativo do Fundo de Terras e da Reforma Agrária (FTRA) e do Subprograma de Combate à Pobreza Rural.

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C A PA C I TA Ç Ã O I N I C I A L

O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do seu município é a entidade que pode ajudá-lo a acessar o Crédito Fundiário. Para localizá-lo, entre em contato com a Federação do seu estado.

Alagoas - FETAG-ALFone: (82) 3223-4649 / Fax: (82) [email protected]

Paraná - FETAEPFone: (41) 3322-8711 / Fax: (41) [email protected]

Bahia - FETAG-BA Fone: (71) 3878-6850 / Fax: (71) [email protected], [email protected]

Pernambuco - FETAPEFone: (81) 3421-1222 / Fax: (81) [email protected]

Ceará - FETRAECE Fone: (85) 3231-5887 / Fax: (85) 3231-7584 [email protected]

Piauí - FETAG-PIFone: (86) 3230-9850 / Fax: (86) [email protected]

Distrito Federal - FETADFEFone/Fax: (61) 3346-1803 / [email protected]

Rio Grande do Norte - FETARNFone: (84) 3211-4316 / Fax: (84) 3211- [email protected]

Espírito Santo - FETAESFone: (27) 3223-3677 [email protected]

Rio Grande do Sul - FETAG-RSFone: (51) 3393-4866 / Fax: (51) [email protected]

Goiás - FETAEGFone: (62) 3225-1466 | Fax: (62) [email protected],

Rondônia - FETAGROFone/Fax: (69) 3421-5985 [email protected]

Maranhão - FETAEMAFone: (98) 3219-8700 / 3219-8707 / [email protected]

Santa Catarina - FETAESCFone: (48) 3246-8011 [email protected]

Mato Grosso - FETAGRI-MTFone: (65) 3623-4722 / Fax: (65) 3324-0423 [email protected] | [email protected]

Sergipe - FETASEFone/Fax: (79) 3215-1801 / (79) [email protected]

Mato Grosso do Sul - FETAGRI-MSFone: (67) 3324-3091 / Fax: (67) [email protected]

São Paulo - FETAESPFone: (14) 2106-2800 / Fax: (14) [email protected]

Minas Gerais - FETAEMGFone: (31) 3073-0000 / Fax: (31) [email protected]

Tocantins - FETAETFone/Fax: (63) [email protected]

Paraíba - FETAG-PBFone/Fax: (83) [email protected]

*O acesso ao Programa Nacional de Crédito Fundiário só está disponível nos 21 estados acima.

Secretário: Zenildo Pereira Xavier - [email protected]: Cleia Anice da Mota Porto - [email protected] Técnica: Maria José Costa Arruda - [email protected] do PNCF: Christien Marcel Christé Pereira - [email protected] Assistente de Secretaria: José Erandir da Rocha - [email protected]

SECRETARIA DE POLÍTICA AGRÁRIA DA CONTAG

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EXPEDIENTE

DIRETORIA Alberto Ercílio Broch

Presidente

Willian Clementino da S. MatiasVice-presidente e secretário de Relações Internacionais

Dorenice Flor da CruzSecretária Geral

Aristides Veras dos SantosSecretário de Finanças e Administração

Zenildo Pereira XavierSecretário de Política Agrária

David Wylkerson R. de SouzaSecretário de Política Agrícola

Elias D’Angelo BorgesSecretário de Assalariados(as) Rurais

Antoninho RovarisSecretário de Meio Ambiente

José Wilson Sousa GonçalvesSecretário de Políticas Sociais

Juraci Moreira SoutoSecretário de Formação e Organização Sindical

Alessandra da Costa LunasSecretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais

Maria José Morais da CostaSecretária de Jovens Trabalhadores(as) Rurais

Maria Lúcia Santos de MouraSecretária de Trabalhadores(as) Rurais da Terceira Idade

Produção EditorialCoordenação Geral: Zenildo Pereira Xavier

Coordenação Técnica: Cleia Anice de M. PortoChristien Marcel Christé Pereira

Soraya Brandão

Edição: Soraya Brandão Fotos: FETAPE, FETAESC, César Ramos, Soraya Brandão, Secretaria de Política Agrária

Projeto Gráfico: Fabrício MartinsRevisão: Verônica Tozzi

CONVÊNIO MDA 032/2008 (SICONV 700678/2008)

Esta publicação estará disponível no site www.contag.org.br

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