Cartilha Online - Memórias Salesianas (3)

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Relatos de vivências de profissionais que carregam consigo a vivência da espiritualidade salesiana.

Citation preview

  • Cartilha Online

    Memrias Salesianas

  • SUMRIO

    APRESENTAO - 3 Diretor de Operaes Anderson Luiz Barbosa

    DOM BOSCO, A FORA DE UM NOME! - 5Prof. Esp. Paulo Henrique de Almeida

    SERVIR: MINHA PAIXO, MINHA VIDA! - 8Prof. Ms. Elizete Helena Rondini Forte

    A DOCNCIA, MEU MINISTRIO - 11Prof. Esp. Edison Roberto Meno

    DOM BOSCO, MINHA HISTRIA, MINHA VIDA! - 15Prof. Ms. Antnio de Jesus Santana

    AQUI SOU FELIZ! - 19Colaboradora Celina Brito Ferreira Matos

    UMA VIDA DEDICADA AOS JOVENS - 22Prof. Ms. Nelson Coutinho da Silva

    MINHA EXPERINCIA COM O UNIVERSO SALESIANO - 25Prof. Dr. Eduardo Jos Sartori

    DE VOLTA AS ORIGENS - 30Prof. Esp. Marcelo Prata Vieira

    EDUCAO SALESIANA NO ENSINO SUPERIOR - 34Um caminho a ser construdo.Prof. Dr. Pe. Dlson Passos Jnior

  • Anderson Luiz Barbosa Diretor de Operaes

    UNISAL Unidade de Ensino de Campinas Campus So Jos

    APRESENTAO

    Viva Dom Bosco, pai e mestre da Juventude!

  • com grande alegria e entusiasmo que apresentamos esta obra. Fruto do trabalho da coletividade do UNISAL Uni-dade de Ensino de Campinas Campus So Jos e da ETEC Escola Tcnica de Campinas e parte integrante da cele-brao dos 200 anos de nosso fundador e inspirador Dom Bosco!

    So relatos de colaboradores docen-tes e tcnico-administrativos sobre sua experincia nesta casa Salesiana, que acolhe, que e duca, local de convivncia e aprendizado. So timos exemplos de educadores Salesianos, que viven-ciam os valores e que partilham dos ideais e dos valores do UNISAL Amorevolezza, Dilogo, tica, Profissionalismo e Solidariedade.

    Fazemos parte das IUS Instituies de Ensino Superior Salesia-nas. Somos mais de 70 instituies presentes nas Amricas, Euro-pa, sia e frica ligadas pelos ideais de Dom Bosco. Desde o final da dcada de 1990 h uma preocupao da Congregao Salesiana em trabalhar as questes da Identidade da Presena Salesiana no Ensi-no Superior (IUS, Identidade das Instituies Salesianas de Educao Superior. Roma, 07.mar.2003) e das polticas para que essa identida-de seja percebida, vivenciada, implantada (IUS, Polticas para a presen-a Salesiana na Educao Superior 2012 - 2016. Roma, 15.mai.2013).

    Agradecemos a toda a coletividade que as palavras e relatos aqui ex-pressos sirvam de inspirao para ampliarmos ainda mais as possibilida-des da Pedagogia Salesiana na educao dos nossos jovens, vivenciada e percebida por eles.

    Com Dom Bosco e com os tempos

  • Prof. Esp. Paulo Henrique de Almeida - Professor

    ETEC - UNISAL; Membro SAE (Servio de Apoio ao Estudante)

    DOM BOSCO, A FORA DE UM NOME!

  • Minha experincia com Dom Bosco muito anti-ga. Foi ele quem me encontrou. Minha vida foi e trilha-da na luz de sua presena e proteo. Nasci no sul de Mi-nas Gerais, em Muzambinho, onde no h presena salesiana. Quando eu tinha cinco anos, meus pais mudaram-se para Americana, em busca de melhores condies de vida e trabalho. Eu estudava na antiga 3 srie (4 ano) do primrio em uma Escola Estadual do bairro Nova Americana quando apareceu no ptio, na hora do recreio, o saudoso salesiano Padre Eduardo Serradel. Fazia mgicas que encantava a todos. Entre uma brincadeira e outra, perguntava quem queria ser como ele, um padre que vivia em constante ale-gria, rodeado pelos jovens.

    No dei muita ateno, naquele momento. Nessa mesma poca, fui morar perto da escola Dom Bosco. Logo, eu e meus irmos comeamos a frequentar o oratrio que, na poca, era animado pelo tambm saudoso Irmo Leonel Mariano dos Santos. Ali fiz a Primeira Comunho e passei a conhecer o ambiente salesiano.

    Minha me conseguiu uma bolsa para eu estudar a 4 srie (atual 5 ano) no Co-lgio Dom Bosco. Nesse ano o Padre Eduardo Serradel despertou em mim o de-sejo de ser como ele. Segui esse caminho por 15 anos. Foi um perodo de grande aprendizagem, conhecimento espiritual e fortes amizades que perduram at hoje.

    Dom Bosco tornou-se um ideal e uma marca indelvel em minha vida. Nesse trajeto conheci pessoas maravilhosas, que mostraram-me o quanto Dom Bos-co continua presente nas obras e aes nas casas salesianas, pelas quais passei, e no foram poucas. Olhando para trs, vejo o quanto devo a Deus por esses anos maravilhosos. A famlia que formei (minha esposa e trs filhos) tambm aprendeu a amar Dom Bosco e a vivenciar a devoo Maria Auxiliadora. No

  • me desliguei do carisma salesiano. Trabalhei em algumas atividades fora da educao, mas sentia sempre a necessidade de estar ligado ao carisma salesiano, trabalhando na pastoral e catequese. Por 20 anos dediquei-me ao Liceu Nossa Senhora Auxiliadora de Campinas e atualmente exero algumas funes no UNISAL/Campus So Jos.

    Dom Bosco faz parte integrante da minha vida h tempos. Tenho plena certeza de que ele esteve presente, conduzindo-me pelos caminhos que trilhei at aqui. Nos momentos de crises percebi sempre a sua presena.

    Espero que nas comemoraes do Bicentenrio de seu nascimento, mais e mais pessoas faam dele um exemplo de vida e dedicao para o bem do prximo. O amor que ele dedicou a todos os que estiveram perto dele ecoa atravs dos tempos e vive em cada gesto de acolhimento que fazemos hoje aos outros.

    Percepes salesianasO relato de experincia revela uma vida marcada pelo entusiasmo da vivncia salesiana iniciado na infncia. importante destacar a can-dura nas palavras ao se referir a Dom Bosco, pai e mestre da juven-tude. Suas palavras so edificantes e motivadoras. No demais dizer que este texto o espelho de uma vida. A vida do nosso amigo PauloHenrique, conhecido tambm como PH.

  • Prof. Ms. Elizete Helena Rondini Forte

    Professora ETEC UNISAL, Membro SAE (Servio de

    Apoio ao Estudante)

    SERVIR: MINHA PAIXO, MINHA VIDA!

  • Cheguei aqui na Escola So Jos em meados de 1990. Tinha 48 anos e ensinava Lngua Portuguesa e Ingls Tcnico para duas classes do Curso de Tecnologia em Instrumentao e Controle e Eletrnica. Na casa de Dom Bosco, desde o incio, senti-me deslumbrada por ele e por toda sua causa, identificando-me com a justia e lealdade que se espalhavam pelo ar. Acreditava que era muita santidade para alcanar e aproximar-me. Queria continuar vivendo experincias que eu achava maravilhosas e que me completavam. Eu tinha o apoio da famlia salesiana que me acolheu com todo o carinho prprio do carisma salesiano. As luzes do Esprito Santo me iluminavam e s faziam ressaltar a beleza que eu j conhecia e respeitava, mas no me en-tregava por inteiro. Resplandeciam aos meus olhos o amor que Dom Bosco sentiu por Jesus, sua entrega total aos jovens pobres, a vida de Madre Maz-zarello, de Domingos Svio, de So Francisco de Sales, tudo aquilo que eu j conhecia e no sabia dar a real importncia, aflorou como um incndio que me consumiu, definitivamente, colaborando para minha converso e desejo de aprimorar comportamentos e modo de viver.

    Em 30 de outubro de 2011, fiz a promessa a Dom Bosco em uma celebrao festiva junto a seis salesianos cooperadores, em Americana, no Colgio Dom Bosco. Assinei os votos do compromisso de Salesiana Cooperadora de Dom Bosco, que significa para mim, minha vida consagrada a sua obra, e como gra-tido a Deus pelo dom de ensinar.

    A vocao de professora sempre foi tudo que mais respeitei nessa vida e agra-deo a Deus todos os dias por esta ddiva.

    As possibilidades de continuar, cotidianamente, aprendendo e de amar as coi-sas de Deus foram crescendo, e consequentemente, meu amor e respeito aos mandamentos do Santo Evangelho, que eu no conhecia. Os milagres de Jesus, explcitos no Evangelho de Matheus, fizeram-me chorar e me fazem chorar at hoje, quando os leio e releio.

  • Em agosto de 2015, fez dois anos que recebi a Investidura para Ministra Ex-traordinria da Eucaristia, (MEC), na Parquia Nossa Senhora Auxiliadora, em Campinas. Para mim, servir o altar de Jesus ainda representa o que de melhor aconteceu em minha vida inteira. O acolhimento do padre Ademar Pereira a quem eu no conhecia, representou desde a formao que nos foi dada por ele, um blsamo da revelao do amor de Deus para com os semelhantes.

    S posso dar Graas ao Senhor, todos os dias, at o final de meus dias por ter proporcionado a mim, seu bondoso perdo e infinita misericrdia, trazendo-me para esta casa acolhedora que tirou as vendas dos meus olhos.

    Apaixonada por Jesus, tenho uma profunda e explcita gratido aos salesianos e pretendo trabalhar pela evangelizao, pela educao salesiana, enquanto existir, fazendo a vontade do Pai, amando, dividindo meu tempo, minha vida e acolhendo os jovens que de mim se aproximam e esperam o modelo do bem.

    No somente para pagar todas as bnos que o Senhor derramou sobre minha vida, nem para cumprir com todas as obrigaes que meus votos de pertena como Salesiana Cooperadora de Dom Bosco exigem de mim, mas tambm busco, conscientemente, meu desenvolvimento espiritual, minha transformao a cada dia, porque desejo ficar perto de Jesus e porque no posso mais viver sem Seu amor.

    Tudo isso agradeo a esta casa salesiana acolhedora que me ofereceu opor-tunidades de aprendizagem e espao para viver de acordo com o Projeto de vida apostlica (PVA).

    Percepes salesianasO relato de experincia mostra-nos a sutileza de um amor vivido em meio a inmeros desafios, descobertas e incompreenses. Somos chamados a servir. A Deus, por meio de Dom Bosco, toda honra e glria. Tenhamos a coragem de amar e correspondermos a Deus, s inmeras graas recebidas ao longo de nossa vida.

  • Prof. Esp. Edison Roberto MenoProfessor ETEC - UNISAL

    A DOCNCIA, MEU MINISTRIO

  • Tanto a educao proposta por Dom Bosco quanto a fundao da Congregao Salesiana, poderiam ser abordadas em diferentes as-pectos, visto que tem uma riqueza educacional marcada pela Razo, Religio e Amorevoleza.Como ex-aluno salesiano e, hoje, como educador salesiano, destaco dois as-pectos que me marcaram muito: a alegria da convivncia em seus diferen-tes momentos, quer sejam festas, confraternizaes ou simplesmente a ami-zade entre amigos; e a transmisso do conhecimento atravs da interao professor x aluno numa dimenso que transcende essa tradicional relao.

    Ao se dedicar aos jovens, Dom Bosco promovia um ambiente que predomina-va a alegria, possibilitando um convvio saudvel, amigvel, despojado de inte-resses e de intriga, capaz de produzir os frutos que ele interiormente almejava.

    Tal ambiente, continua sendo uma marca, no qual todo aluno que passa por uma casa salesiana, seja por um curto ou longo perodo, carrega por toda a sua vida; isto constato por experincia pessoal e por relatos de muitos outros.

    Foram muitos momentos positivos em que vivenciei experincias neste am-biente educativo. Destaco dois grandes momentos: o torneio de futsal nos fes-tejos da inaugurao da quadra da ETEC, em que nosso time derrotou o ar-quirrival - Liceu Nossa Senhora Auxiliadora, na final de um campeonato, e se sagrou campeo para satisfao do ento diretor na poca, padre Juvenal Zonta.

    As comemoraes do dia das mes em que, geralmente aos sbados noite, era realizado um espetculo teatral homenageando-as, com vrios nmeros musicais, humorsticos, poesias, jograis etc. Esse espetculo teatral (expresso muito utilizada pelo querido Irmo. Alcides Venturi) se repetia no encerramento do ano, como uma espcie de ao de graas e com a presena de familiares, premiava os alunos que se sobressaram ao longo do perodo letivo com medalhas e presentes.

  • Inicialmente, esses momentos eram vivenciados intensamen-te com a redao dos nmeros humorsticos, escolha do elen-co, ensaios, confeco de figurinos, criao e montagem do cen-rio etc. Posteriormente, a satisfao de ver a reao das famlias diante dos seus filhos artistas atuando, cantando, declamando, ou simplesmente se divertindo. Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino........Bons tempos!

    Quanto ao aspecto da relao professor x aluno, entendo que a proposta edu-cativa de Dom Bosco transcende o mtodo tradicional de ensino, uma vez que tal prtica gera aproximao entre os sujeitos da aprendizagem.

    Essa nova viso de Dom Bosco prope que a figura do professor no se res-trinja s paredes da sala de aula e sim invada o ptio, lugar de convivncia, proximidade, dilogo, confiana, aconselhamento, capacidade de favorecer no somente o aprendizado como tambm a prpria socializao do aluno.

    Nesse sentido, a figura do professor ultrapassa o simples ato de transmitir conhecimentos, tornando-o um educador que pode ser comparado figura paterna ou materna, estabelecendo uma relao de famlia que acolhe, ouve, aconselha, mostra caminhos.

    O prprio Dom Bosco buscou o auxlio de sua me Margarida, formando um ambien-te familiar, com um pai e uma me, que supriam as carncias afetivas e forneciam as condies necessrias ao desenvolvimento de seus jovens, j que muitos eram rfos devido aos graves problemas histricos e sociais da poca.

    Essa convivncia dentro e fora da sala de aula promove uma educao mais abrangente, alm do conhecimento formal/tcnico o educando conduzido a desenvolver atitudes morais, ticas, religiosas para uma convivncia saudvel na sociedade.

    Estou convicto que, aqui, na escola Salesiana SO JOS/ETEC/UNISAL, esse modelo est enraizado, incutido em boa parte dos professores, pois so ex-alunos que conheceram, vivenciaram e hoje o colocam em prtica.

  • Mesmo os professores que no so ex-alunos salesia-nos, o conhecimento da proposta salesiana, a simples convi-vncia cotidiana, o ambiente diferenciado os contagiam e criam a identidade que faz diferena na educao do jovem.

    Em certa ocasio, ouvi de um mdio empresrio de Campi-nas: notava que, alguns de seus funcionrios, formados na esco-la salesiana, alm do conhecimento tcnico, possuam atitudes e va-lores como tica, respeito, solidariedade dentre outros, que os diferenciavam dos demais. Eram pessoas que sabiam conviver, relacionar-se com os parceiros e, por isso, preferia contrat-los, visto que o ambiente tornava-se mais agradvel, amistoso, saudvel, diferente.

    Fato semelhante ocorreu numa empresa em que eu trabalhava junto com mais trs amigos, ex-alunos salesianos. Numa das reunies que participamos, o gerente de Recursos Humanos nos confidenciou que a equipe de gesto estava muito satisfeita com a postura profissional por ns adotada, pautada na tica.

    Tal relacionamento, dizia ele, tem algo especial que supera a simples amizade, compromisso com o trabalho e conhecimento tcnico. De fato, estudar, tra-balhar ou simplesmente frequentar uma casa salesiana deixa na pessoa uma marca indelvel quer queira ou no, pois o ambiente contagia, educa, forma, cria laos que perduram por toda a vida. Isso tudo devido ao grande esprito revolucionrio e empreendedor de um jovem padre sonhador, com viso mui-to alm de sua poca, chamado Dom Bosco. Percepes salesianasNa casa salesiana importante que todos os seus membros, gesto, pedag-gico e administrativo, reconheam o alinhamento humano, cristo, catlico e salesiano presente nos currculos, aes e forma de conceber a alegria coti-diana. O texto apresenta inmeras ocasies de realizao humana. Um relato digno de ser compartilhado. Validar a histria vivida reconhecer a grandeza de Deus em cada um de ns. Educar e evangelizar como Dom Bosco tornar presente um trabalho eficaz.

  • Prof. Ms. Antnio de Jesus Santana Professor ETEC - UNISAL

    DOM BOSCO, MINHA HISTRIA, MINHA VIDA!

  • Minha histria com Dom Bosco comeou de uma forma pitoresca, marcada de incio por desapontamento e curiosidade.Sou da cidade de lvares Florence, no estado de So Paulo, na dio-cese de So Jos do Rio Preto. Desde minha adolescncia, sempre muito atu-ante nos movimentos paroquiais, era como brao direito do vigrio. Sendo msico, animador juvenil e, com o exerccio de catequista, o padre Mario (no me lembro o sobrenome) me inscreveu num encontro diocesano de cateque-se e anncio vocacional, em Rio Preto. Neste Encontro de Lideranas Paro-quiais refletimos as vrias vocaes e servios abertos juventude na Igreja.

    Feliz e com a certeza do chamado divino, abasteci-me na f e no entusiasmo pelo Reino de Deus. No espao fsico central do encontro, havia uma loja de artigos religiosos e resolvi comprar santinhos para presentear as crianas da catequese, do crisma e tambm para distribuir nos teros em famlia. Comprei vrias cartelas com decalques de santos e santas de nossa igreja que testemu-nharam o amor de Deus no tempo e espao em que viveram.

    Os desenhos decalques eram bem feitos, coloridos e atraentes, no entanto no constava o nome do santo ou da santa na etiqueta, mas agradava a surpre-sa queles que a recebiam e gerava curiosidade sobre quem era o personagem e o que fizera na constituio de sua santidade. Os que recebiam o presente gostavam e um por um dos santinhos iam sendo desvendados por algum do grupo, ou mesmo por mim, pois conhecia a maioria deles por ter tido acesso leitura de um livro da vida dos santos.

    Nos diversos encontros em que distribui os santinhos, um deles era desco-nhecido e ningum nem sequer o tinha visto antes. Cada um que o recebia pedia para troc-lo por no saber quem era e nem o que fizera em sua vida e santidade. Este decalque foi ficando em minhas mos, e por fim, acabaram-se todos os outros e ele ficou comigo, fato que me instigou, mas no consegui descobrir quem era. Nem mesmo o proco o reconhecera. Anos mais tar-de, ao mudar do interior para a capital paulista, visitei o mosteiro So Joo Gualberto, em Pirituba, procurei pelo abade e me coloquei disposio para a catequese ou o canto. Dom Manoel me acolheu com muito carinho e disse

  • que minhas caractersticas pessoais e vocacionais condiziam mais com os sale-sianos do que com os monges beneditinos, e me encaminhou para a Inspetoria, no Liceu Corao de Jesus.

    Pediu-me que procurasse pelo ento padre Irineu Danelon, hoje bispo de Lins. Ao entrar no ptio do Liceu, primeira vista, agigantou-se uma branca esttua e me perturbou, pois era exatamente a do enigmtico e desconhecido santi-nho dos decalques. J a seus ps, envolvi-me com seu olhar e o seu sorriso, ainda que moldados pelo cimento, atravessara minha alma, depositando nela um encantamento mis-to de surpresa e agradvel sensao de acolhimento, daqueles que se cunham apenas, entre velhos amigos! Tendo sido apresentado ao recomendado padre Irineu Danelon, perguntei-lhe quem era o santo do ptio, e ele contou-me deveras que era Dom Bosco, o santo dos jovens. lgico que nem d para tra-duzir e nem descrever aqui, a minha primeira impresso dada apresentao do pai e mestre da juventude!

    O tom de cada palavra e o brilho do olhar do padre Irineu ecoara desde a nos recnditos de minha memria e de meu amor admirativo a este novo amigo, que quis Deus, no auge de minha jovialidade, colocar-me nas trilhas das vere-das salesianas....

    Estabeleceu-se adrede as nossas histrias, o elo que religaria, para sempre, meu amor ao santo. Desde ento, compreendo porque ele considerado o santo do ptio; por ser acolhedor aos que chegam, por ser amigo dos que a se encontram. Tanto por ser presena aos que se interagem, quanto por ser re-ferncia aos que o procuram. Por ser ponto de encontro aos que o buscam, e por ser ddivas aos que se congratulam. Por ser amigo dos que se doam, e por ser preveno aos que se furtam. Assistir, valorizar, inspirar, escutar e educar, mais que verbos de ao, so aes de santidade no Verbo.

    Aquela esttua me lembrar para sempre que o ptio o lugar que pulsa o corao da educao. Que alm do seu grande amor pela juventude, era um apaixonado por Deus e capaz de reconhec-lo nos jovens. Fez sua, a vontade e

  • o sonho de Deus, para tantos outros, nestes duzentos anos. Simbolicamente, a esttua continua comunicando sua intuio e percepo, e que o caminho mais adequado para levar as crianas e os jovens segurana em Deus, o caminho da educao.

    Tornou sua histria uma asa abrigadora de tantas outras histrias semelhantes. Com os rastros dos prprios ps trilhou um caminho de santidade para si, para os salesianos e para os educadores salesianos, ancorando-se na capacida-de de reconhecer Deus presente nos jovens, nos seus sonhos, na sua nsia de felicidade.

    Duzentos anos de Dom Bosco, equivale a duzentos anos de Deus na juventu-de maneira carismtica de Dom Bosco e da Famlia Salesiana. Dois sculos da juventude em Deus sob a gide da educao salesiana. Em Dom Bosco, reside como a essncia de um perfume, minha concepo de acolhimento, amor edu-cativo, presena significativa. Para mim, ver Dom Bosco exige transcendncia no olhar, exige mirar. Exige delongar, enxergar, abstrair cada uma das aes e concepes que moviam suas atitudes.

    Ver Dom Bosco um exerccio de compreenso do significado do carisma, dom de Deus, exclusivo a um ser humano para que deste, muitssimos outros possam reconhec-Lo em suas aes. Deus nele. Em outras palavras, Deus nele para os outros e por meio dele. Ele em tantos outros por meio de Deus. Como pessoa, Dom Bosco foi capaz de se destacar no meio da multido, atraiu ateno e causou boa impresso naturalmente, criando um grande lega-do por meio de sua presena, de seu testemunho e exemplo a ser seguido. Em consequncia disso, tornou-se, e ainda se torna muito querido. Uma realidade que facilmente se l a todo instante, bastando estar atentos s situaes, como a que aconteceu em sala de aula, durante atividades do projeto Bicentenrio:

    - Vamos falar de Dom Bosco. Motivou o educador.- Falar de Dom Bosco, de novo? Esconjurou de m vontade uma aluna. - Falar de Dom Bosco sim, e graas a Deus, pois cada vez mais me apaixono por ele! Retrucou livremente a colega!

  • O carisma resultante das qualidades de sua personalidade, o destacou, e ainda destaca, como uma criatura a exercer, espontaneamente, atitudes de liderana, bondade e exemplo, contagiando a todos os que lhes so prximos e acima de tudo, em todas as formas de proximidades.

    Pouco entendia eu que, nos liames dos primeiros acontecimentos, o santinho do decalque me escolhera, imprimindo para sempre em minha espiritualidade, minha f, meu profissionalismo as razes ltimas e mais profundas de minha vida. Viva Dom Bosco 200 anos!

    Percepes salesianasNossa vida um retrato construdo pela juno de acontecimentos, aes e experincias no pensadas por ns. O relato de experincia demonstra a ale-gria do acaso, o conforto existencial e espiritual, fruto da certeza da manifesta-o de Deus em inmeros momentos. Dom Bosco, pai e mestre da juventude continua a nos encantar com o seu jeito amvel de ser. Como dito no texto: Viva Dom Bosco!

  • Celina Brito Ferreira MatosSecretaria de Relacionamento

    Empresa Escola - UNISAL

    AQUI SOU FELIZ!

  • Tudo comeou em 1984. Um convite inesperado, capaz de transformar a vida de uma menina de um bairro simples de Campinas, convite este, feito pela Ir. Mirian Morotti FMA.Assim comeou a minha histria com os Salesianos da ESSJ, precisamente no ms de outubro do ano de 1984. Iniciei minhas atividades profissionais na Escola, no sabia e muito menos fazia ideia de quantos aprendizados, oportunidades e mudanas aconteceriam em minha vida desde ento.

    No primeiro instante, ao chegar ESSJ, a grandiosidade e a beleza do ambiente chamaram minha ateno. Foi impactante e, depois, o que marcou para sempre e ficar guardado nas boas lembranas, foi a acolhida das pessoas e dos Salesianos que aqui estavam. Era a diferena de sentir-me bem-vinda! Razo pela qual, at hoje, trago comigo, em meu trabalho a importncia de receber bem as pessoas, acolh-las, faz-las sentirem-se importantes. Isso fez e faz toda a diferena, quer seja no ambiente profissional ou pessoal.

    Trazia em minha mochila, sonhos, desejos ainda no conhecidos, medos, insegu-rana, mas tinha presente a boa vontade e um curso de datilografia que meus pais pagaram com muito sacrifcio.

    Iniciei as atividades no CPDB Centro Profissional Dom Bosco, como auxiliar de Servio Social. Um time memorvel envolto de salesianos e leigos que, sem citar nomes para no correr o risco de deixar algum injustamente de fora, tra-balhava por um objetivo comum: Amor ao prximo, no era trabalho e sim, lies de vida.

    Histrias divertidssimas como por ex.: O salesiano irmo Godoy mostrou um projeto no qual ele tinha a inteno de construir uma bicicleta voadora, e eu, atentamente, via, ouvia e ficava admirada com tudo.

    Pe. Jan Dec andava com um pndulo nas mos, e dizia que atravs de um simplesgesto do pndulo sobre as mos do interessado ele descobria quantos filhos te-ria. Quem tinha interesse era s se aproximar. Era divertido e um tanto quanto curioso.

  • Momentos de convivncia no meio dos alunos do CPDB, durante os Bons Dias e Boas tardes, jogos de tamancobol (algum se lembra?). Os retiros espi-rituais com as turmas de alunos e muitos outros momentos de formao, nos quais ouvamos histrias de Dom Bosco, Mame Margarida, Nossa Senhora Auxiliadora traz a cada pessoa que nesta casa entra, So Jos, So Domingos Svio e muitas outras. Foram muito importantes para o fortalecimento da minha F. Convivncia com o salesiano irmo Alcides Venturi, grande mestre; quantas lies de solidariedade, simplicidade, incentivador dos dons artsticos e gestos concretos de Salesianidade.

    Fatos marcantes:

    Mal sabia datilografar (hoje usamos o termo digitar), fazer arquivos e agen-das, primeiro contato profissional e um gesto do Pe. Vicente de Paulo Moretti Guedes, meu primeiro Diretor nesta casa; ficou marcado em minha memria. Tnhamos, aqui na escola, muitas mquinas de datilografar da marca Olivetti manual e, vrias vezes, o Pe. Guedes ensinou-me, como um verdadeiro pai faz com sua filha, na sala dele, elaborar arquivos de correspondncias, como catalogar dados importantes e endere-os de pessoas. Ele explicava, fazia, dava exemplos. Quantos erros e quanta pacincia vindos de um Diretor. Hoje eu sei e compreendo perfeitamente as lies dele. Aprendi que preciso acreditar no jovem, am-lo e dar-lhe opor-tunidades para que nunca desista, e fazer como Dom Bosco ensinou: Basta que sejais jovens para que eu vos ame profundamente. Padre Guedes, como carinhosamente chamado, reside atualmente na Casa Inspetorial. Visita das Relquias de Dom Bosco na Escola Salesiana So Jos, no dia 16 dezembro de 2009, momento sublime.

    Realizaes: A chance de estudar, fazer muitos amigos, conhecer meu amado esposo Reinaldo Matos, aqui nasceu minha famlia. Pude oferecer um excelente e qualificado estudo aos meus filhos, desde o infantil, numa Instituio que tem como filosofia valores imprescindveis para a formao integral do ser huma-no: Formar bons cristos e honestos cidados.

  • Situaes que emocionam:A Coroao de Nossa Senhora Auxiliadora. Passam os anos, mas a emoo toca como se fosse a primeira vez, difcil conter as lgrimas.

    Momento Nostalgia: Sentar nos bancos do corredor do prdio central da ESSJ e admirar a belssima paisagem, formada pelas rvores, capela, imagem de Dom Bosco e apreciar o movimento de pessoas que vo e vm a todo instante.

    Observar a figura de Dom Bosco para quem, desde muito cedo, teve a chance de conhecer e viver a Filosofia Salesiana, de casa que acolhe, que encaminha para a vida, de alegrias, de momentos de convivncia e do despertar para a espiritualidade, torna-se muito prxima e temos a certeza da presena cons-tante deste grande pai. Agradecimentos: A Dom Bosco, pai e mestre da Juventude, fundador da Congregao Salesiana, que, mesmo com as dificuldades da poca, acreditou em seu SONHO, tornan-do possvel o sonho de tantos outros jovens e a famlia Salesiana, presena no Brasil e no mundo.

    Viva o Bicentenrio de Dom Bosco! Percepes salesianasO texto desenvolvido de forma didtica, demonstrando o afeto e gratido pela histria vivida. Este relato de vida e experincias proporciona o nimo e encanto para nos integrarmos cada vez mais espiritualidade salesiana, uma vez que sua medida de servir a Deus amar a juventude sem medida. Ideia presente em inmeros momentos neste texto e em outros depoimentos.

  • Prof. Ms. Nelson Coutinho da Silva

    Professor do UNISAL E ETEC

    UMA VIDA DEDICADA AOS JOVENS

  • Minha caminhada junto aos salesianos comeou h 26 anos, quando fui agraciado com uma bolsa de estudo para cursar mecnica geral no Centro Profissional Dom Bos-co, obra social mantida pela Escola Salesiana So Jos, uma das tantas obras salesianas espalhadas pelo mundo. Desde ento, testemunho as maravilhas que a educao salesiana tem feito na vida de muitas pessoas, inclusive na minha.

    Seu fundador Dom Bosco, um santo que lutou, incansavelmente, pela con-verso dos jovens e pela dignidade de cada um deles perante os desafios do mundo, numa poca dominada pelos avanos da industrializao e, consequen-temente, da explorao, Dom Bosco foi aquele santo que soube transmitir a f catlica sem descontos, falando contra as injustias, mas sem se deixar levar por ideologias materialistas contrrias ao verdadeiro ensinamento de Cristo.

    Entre os diversos salesianos que tive o prazer de conhecer, um se destacou pela semelhana com Dom Bosco na sua forma de lidar com os jovens, e por-que no dizer, pela sua santidade. Falo de um homem cheio de f e do Esprito Santo chamado Irmo Alcides Venture, carinhosamente conhecido por Cido.

    Com as vrias possibilidades que temos de informaes rpidas e a facilidade de cursos, faculdades e universidades, hoje vemos homens cheios de conhecimen-tos humanos, cheios de bens, cheios de diplomas e cheios de compromissos, mas poucos homens vivem na plenitude do Esprito. Poucos conhecem o que significa ser cheios de f. Cada dia que passa, olhamos ao nosso redor e vemos a escassez de homens que tm uma vida cheia de graa e poder. H muitos que esto cheios de mgoas, mas poucos esto cheios de amor e perdo. A vida do Cido constitui-se para ns no apenas um exemplo, mas tambm um desafio. Precisamos de homens que sejam santos em seu proceder. Que sejam firmes e constantes na Palavra do Senhor, mas que ao mesmo tempo tenham coraes quebrantados, a ponto de perdoarem at mesmo os seus algozes (acusadores).

  • A sabedoria expressa nas falas do Cido, alm de seu refinado conhecimento intelectual e sua eloquncia, eram sempre fundamentadas na pedagogia de Dom Bosco e experincias pessoais adquiridas durante dcadas dedicadas formao dos jovens. Isso tornava suas palavras sbias e irresistveis. Seus ensinamentos e conselhos aos jovens eram duros quando necessrios, mas, na maioria das vezes, to oportunos e carinhosos que eram capazes de con-quistar facilmente sua admirao e respeito. Irmo Alcides se fazia presente em meio dos jovens, nas mensagens durante os Bons dias e boas tardes, nos momentos de recreaes, como nos intervalos e sbados esportivos e duran-te as aulas de oficinas, onde estava sempre ocupado com seus projetos cria-tivos e inovadores. Sua partida para a eternidade deixou um vazio irreversvel em nossa escola. Seus costumes, gestos, palavras e sorrisos verdadeiros, ainda vivem em nossas lembranas. A ns, que com ele convivemos, resta a alegria de poder ter compartilhado momentos ao lado de uma pessoa to especial, mas tambm o sentimento de perda, pois sabemos o quanto o mundo est carente de pessoas como ele, nos dias de hoje. Nosso papel no permitir que seu legado seja esquecido e que sua memria seja preservada, seja transmitindo seus ensinamentos ou contando sua histria.

    Percepes SalesianasUma homenagem a um grande salesiano, Cido. Ao Irmo Alcides Venturi, o respeito e todo esforo para manter sua lembrana e histria de zelo, tra-balho e dedicao Escola Salesiana So Jos. Um texto de agradecimento vida. Prova de que estar e pertencer a esta coletividade acadmica, UNISAL e ETEC dar passos para viver salesianamente.

  • Prof. Dr. Eduardo Jos SartoriProfessor do UNISAL

    e coordenador de curso

    MINHA EXPERINCIA COM O UNIVERSO SALESIANO

  • No me chamo Eduardo Jos por simples opo de nome. O Jos de meu nome carrega a fora e glria do nosso amado So Jos, pai de Jesus, em funo de meu complicado histrico de nascimento. No dia 19 de maro de 1969, minha me deu entrada no hospital em trabalho de parto, em situao bastante delicada. Por volta de vinte e uma hora, infor-maram aos meus pais que a criana havia morrido e que fariam a retirada no incio do dia seguinte.

    Minha me, ento, orou fervorosamente a So Jos, principalmente por estar em seu Dia de comemorao, para que no permitisse que a informao pas-sada fosse verdadeira.

    Eis que no dia 20 de maro de 1969, foi confirmada a interveno de nosso querido So Jos e aqui estou eu, aos meus 46 anos de idade. E essa histria no est aqui por acaso...

    Muito cedo, aos seis anos, tive a graa de iniciar os estudos e minha vida crist no colgio salesiano Externato So Joo, onde cursei o pr-primrio e primei-ro ano. A fora da pedagogia e acolhida salesiana extremamente marcante, pois lembro-me detalhadamente de cada ensinamento passado, da alegria das festas, da fora e incentivo dados pelo exemplo de vida de Dom Bosco, do Bom Dia com o Pe. Geraldo, da coroao de Nossa Senhora Auxiliadora, da diverso no ptio, de So Domingo Svio, meu querido intercessor at hoje, mesmo tendo estudado apenas dois anos naquela escola, hoje obra social. Ali-s, carrego comigo (em minha carteira, sim!) at hoje as duas medalhas de prata que recebi no final de cada um dos dois anos que pas-sei no Externato So Joo.

    Por motivos de mudana residencial, acabei no continuando no Externato So Joo, mas Deus sempre nos conduz de forma clara e precisa. Fomos residir prximo ao seminrio da Congregao dos Sagrados Estigmas, do ento beato

  • Gaspar Bertoni, hoje So Gaspar Bertoni. Como sua prpria histria, So Gas-par Bertoni era contemporneo de Dom Bosco (Verona, 1777-1853) e sentiu as mesmas dificuldades em ver seu pais, Itlia, perdida em conflitos, tal qual vivenciou nosso querido e amado Dom Bosco.

    So Gaspar Bertoni era chamado de apstolo dos jovens, em razo das con-dies precrias em que estes se encontravam naquela poca. Passei pratica-mente duas dcadas em contato direto com os Estigmatinos, onde tive grande parte de minha formao espiritual e pessoal. Coincidncia? Mesma poca, mesmos conflitos de preocupao com os jovens. Para Deus no existem coincidncias, apenas caminhos de preparao.

    Hoje entendo toda minha trajetria, tendo retornado desde 2011 para uma instituio salesiana, que essencialmente voltada para os jovens e, no por acaso, chama-se So Jos. Tudo quanto vivenciei e aprendi em minha vida, sempre me remeteu ao trabalho com os jovens, e est gravado em minha alma, o que me faz trabalhar cada dia com mais amor e paixo em tudo o que fao. Eu confesso que j atuei, profissionalmente, em diversas organizaes, mas, do fundo de meu corao, somente vim me realizar plenamente a partir de 2011, quando fui admitido no UNISAL, So Jos. Nunca senti tanto acolhimento e familiaridade com tudo o que minha alma sempre almejou. E, voltando ao in-cio deste texto, s tenho uma expresso: obrigado aos Salesianos, obrigado ao meu querido e amado So Jos. Levo-o no nome, no corao e em minha vida.

    Percepes SalesianasO texto traz luzes de otimismo e esperana no trabalho juvenil, fruto de uma histria vivida no bero salesiano. De forma potica e romanceada, suas pa-lavras ecoam de sua alma a nossos ouvidos. Ler seu texto um motivo a mais para nos convencermos de que o trabalho salesiano acompanhado de perto pelos nossos patronos salesianos, em especial, So Jos, patrono de nossa co-munidade educativa.

  • Prof. Esp. Marcelo Prata VieiraProfessor UNISAL ETEC

    DE VOLTA AS ORIGENS AOS JOVENS

  • Lembro-me como se fosse ontem, as imagens, os sentimentos, as palavras e com apenas cinco anos de idade podia ter umas poucas reflexes da vida entre o certo e o errado, o que era bom pra mim ou simplesmente o comeo de uma vida. (1976)Meu pai construiu na poca um supermercado no Parque Taquaral, Supermer-cado Prata muito conhecido naquela poca. Eu estava l todos os dias, adora-va estar junto com as pessoas, olhar as mercadorias e at ir junto ao CEASA para comprar frutas e verduras.Naquela poca, o meio de locomoo da famlia era uma perua Kombi. Meu pai sempre me levava para dar uma volta; e o trajeto era circular pela Escola Salesiana So Jos (ESSJ) e pela Lagoa do Taquaral.

    A escola me encantava com suas rvores e o prdio imponente que parecia um castelo. Dizia ao meu pai que gostaria de estudar nesta escola. Aos seis anos meu pai me matriculou no pr-primrio, na Escola Salesiana So Jos.

    Lembro-me do primeiro dia de aula. Minha me me levou para a escola bem cedinho e disse que voltaria tarde para me buscar. Nunca tinha ficado sozi-nho em nenhum lugar sem a presena de meu pai ou de minha me. Deu-me vontade de chorar, como todas as crianas pela primeira vez em seu primeiro dia de escola.

    Logo comecei a olhar as crianas ao meu redor, as correrias e as brincadeiras, j esquecia a sensao de tristeza e s sentia a alegria e o prazer de estar na-quele lugar encantado. Naquele ano, aprendi muitas coisas: desenhar, pintar e as primeiras letras do alfabeto.

    Participei da minha primeira pea de teatro. Naquela poca de um lado do corredor azul era a casa dos salesianos e do outro lado havia o teatro que parecia um lugar mgico; o palco e as cadeiras, aquele cheirinho de madeira e um grande piano que ficava no canto.

  • Expressar e atuar naquele palco me fez sentir que poderia ir muito mais alm disso! Foi uma grande experincia! O que mais eu gostava eram as festas, as celebraes, tradio salesiana. Participei do primeiro campeonato de pipas, mas como nunca tinha feito uma, tive que aprender a fazer com os amigos, mas no poderia perder o concurso de maneira alguma. Algumas imagens e acontecimentos nunca mais esqueci.

    No campeonato de pipas teve uma que me surpreendeu e me fez pensar que nossas invenes so limites da nossa imaginao e criao. Uma grande pipa de uns dois metros feito de lona e bambu era empinada por uma corda e sus-pendia um rapaz bem magrinho a uns dois metros do cho, ou seja o rapaz estava literalmente voando, aquilo era incrvel! Nas celebraes festivas e nos ensaios as msicas chegavam ao corao!

    Minha experincia com o futebol fora nestes campos, e como cena de filme de comdia no pode faltar. Lembro-me que aps selecionados os jogadores, pensei em no fazer feio e quando finalmente a bola chegou no meu p sa dri-blando todo mundo e marquei um gol, todos correram e pensei vo me saldar pelo gol feito, mas foi ento que percebi que estavam com raiva de mim pois tinha acabado de fazer um gol contra!

    Tambm colocaram a gente no campo e no explicaram como eram as regras! Bem, pensei comigo gol contra ou no, fiz um gol, pronto e acabou. Convivncia nos ptios

    O padre Antnio Balestero na poca era um bom patiador. Gostava de con-versar com as crianas. Certa vez sentei ao seu lado e percebi que estava com dedos mecnicos no lugar dos originais. Perguntei o que era aquilo e com muito cuidado me explicou o ocorrido. Tivera soltado um rojo segurando-o diretamente e o mesmo explodiu na sua mo perdendo dois dedos. Explicou-me tambm que tudo o que a gente faz na vida sem pensar pode resultar em srias consequncias. Levei isto como uma lio e embora tenha soltado mui-tas bombinhas na minha infncia nunca peguei um rojo na mo, valeu como experincia.

  • Na sala de aula

    Tudo o que o aluno pode ouvir, sentir e captar, ser usado no processo de aprendizagem. Uso muito das minhas experincias, hoje, com os alunos em sala de aula. Lembro-me como se fosse hoje do cheirinho e do perfume da professora que passava no corredor. O cheiro do guache para as pinturas e das massinhas para fazer artes. At a msica pode ser usada como elemento catalizador no processo de aprendizagem em sala de aula.Pensamento futuro

    Nesta poca existia o internato e as oficinas. Sempre que podiam, levavam a gente para conhecer o espao, as mquinas, o trabalho realizado pelos alunos do Centro Profissional Dom Bosco (CPDB) e sempre recepcionado por um senhor que adorava explicar como tudo funcionava - o Irmo Alcides Venturi, que na poca, eu jamais poderia imaginar que um dia estaria ao seu lado, ensi-nando os alunos nesta grande empreitada.Existia tambm uma mquina de sorvete, isso mesmo; talvez quase ningum se lembra deste pedao da histria, mas assim como era a grande fbrica de chocolate no filme: fantstica a sensao de poder tomar um sorvete feito na escola pelas Irms do internato. Aquele gostinho de leite com Nescau que s sentimos quando vamos passear na casa da vov que no lanche da tarde ou no caf da manh nos oferecia.

    Aquilo que nos define no futuro

    No primeiro ano do primrio eu j estava quase alfabetizado. Lembro-me e guardo at hoje o livro que me alfabetizou. Todas os dias a professora passava uma folha do livro de pginas avulsas contando uma histria de uma famlia e um cachorro como era o dia a dia da famlia, os irmos, os feriados, o passeio no zoolgico. Era como uma novela, captulo por captulo que s terminou no final do ano e a cada histria, um trabalho em sala de aula com reflexo e ditado, foi assim que aprendi a ler e escrever.

  • Esta motivao, o desejo e a curiosidade de ver o que ser na prxima hist-ria o que professoras devem deixar nos alunos: o gostinho e a surpresa da pgina seguinte, o que vamos aprender de novidade etc.

    Escolhendo o futuro

    Eu morava algumas quadras da escola e sempre voltvamos sozinhos cami-nhando; no tinha muito movimento, e do porto da Escola Tcnica de Campi-nas (ETEC) at a padaria Bambini no existia nem mesmo rua, na verdade era uma ruazinha de terra que fazia parte da fazenda Santa Elisa.Fazendo o contorno da calada pelo lado de fora, olhando as grades, observava os alunos da ETEC operando os equipamentos eltricos que naquela poca, era o curso de eletrnica. Aquilo me fascinava e tinha quase que por intuio que aquele seria o meu futuro profissional.

    Por problemas financeiros meu pai trancou a minha matricula e acabei estu-dando na escola do estado. Voltei para o colgio So Jos aos doze anos para ser escoteiro e o chefe do grupo era o padre Jan Dec que contava muitas histrias. Aprendi muitas coisas, como montar barracas, acampar, fazer fogo, cozinhar para sobrevivncia, primeiros socorros, entre outras modalidades. As reunies dos escoteiros eram debaixo das grandes rvores de eucalip-tos onde, hoje, est sendo construdo o prdio da Educao Infantil; quantos acampamentos e quantas recordaes guardo deste local.

    Acabei estudando e me formando em Americana no Instituto Dom Bosco como Tcnico Eletrnico trabalhando em algumas empresas da regio, apren-dendo e me especializando nesta profisso. Mais tarde, cursei engenharia neste mesmo local, convivendo e vivenciando minha formao profissional, cvica e religiosa com os salesianos e voltei para o colgio So Jos Campinas para ensinar jovens nos cursos profissionalizantes, tcnicos e nas engenharias, re-alizando, enfim, meu grande sonho naquele mesmo lugar e da maneira como tudo comeou.

  • Nestes quase vinte anos como professor ao lado de pessoas de muita estima como Sr. Alcides Venturi e Padre Joo Dec, tenho muitas histrias para contar com alunos, professores e salesianos nos projetos realizados, no s nos pro-jetos de cincia expostos para a comunidade, mas tambm nas experincias de vida de cada um que fizeram parte da nossa escola. Mas esta seria uma outra histria para ser contada.

    Percepes salesianasO texto do professor Marcelo remonta a sua origem de aluno salesiano. Brin-da o leitor com elementos de sua vivncia nos ambientes salesianos, at o momento como professor na unidade de ensino salesiana, Centro Profissional Dom Bosco (CPDB), Escola Tcnica de Campinas (ETEC) e Centro Univer-sitrio Salesiano de So Paulo (UNISAL). Seu relato de experincia e vivncia um convite para nos tornarmos mais salesianos em nossos trabalhos e na maneira de viver.

  • Prof. Dr. Pe. Dlson Passos JniorUNISAL Unidade de Ensino de

    Campinas Campus So JosETEC Escola Tcnica de Campinas

    EDUCAO SALESIANA NO ENSINO SUPERIORUm caminho a ser construdo

  • A ao salesiana junto ao Ensino Superior no estava contemplada no incio da Congregao. Pretendia-se ento, oferecer assistncia religiosa, moral e so-cial aos jovens nas periferias sociais. As primeiras incurses no Ensino Supe-rior no foram bem vistas por boa parte dos salesianos, entendendo-a alguns como infidelidade aos ideais do fundador. Uns poucos pioneiros tiveram que se confrontar com sistemtica rejeio e at hostilizao por parte de muitos salesianos.

    Outro problema se colocou: boa parte dos que atuaram no Ensino Superior no seu incio fizeram, em muitos casos, uma simples transposio de prticas educacionais salesianas engendradas para adolescentes, promovendo-se uma educao, substanciosamente rica, inadequada porm, para jovens mais amadu-recidos que se sentiam infantilizados.

    O tempo passou. A congregao amadureceu e entendeu que o Ensino Supe-rior era tambm objeto da educao salesiana, entendendo que Dom Bosco sempre respondera aos desafios de cada tempo, quaisquer que fossem. O mote, com Dom Bosco e com os tempos, deu sustentao a este novo espao de educao, entendendo que muitos jovens das classes populares aos poucos iam tendo acesso ao Ensino Superior. Entendeu-se que os princpios educa-cionais praticados por Dom Bosco, no estavam confinados a uma faixa etria restrita.

    Trs elementos fundamentam a Educao Salesiana, enquanto destacam as di-menses pessoal, espiritual e social do educando.

    O sculo XIX marcado por significativas correntes de educadores que pro-curaram repensar a educao tradicional. Os ideais do Iluminismo, do Positi-vismo e da Revoluo Francesa no eram estranhos e to pouco ignorados por tericos duma educao humanista que se desenvolvia ento. Joo Bosco, ao eleger a RAZO como primeiro elemento do seu sistema educativo, re-conhece o primado da autonomia crtica dos educandos que deveriam ser respeitados como capazes de opes. Vislumbra-se ainda no seu pensamento o influxo do pensamento aristotlico que punha na racionalidade o distintivo maior que faz o ser humano chegar plenitude de seu ser.

  • Este sculo no rejeita to pouco a dimenso espiritual do homem. Ainda que as crticas dimenso Institucional da Igreja sejam acirradas, sobretudo na luta contra o papado no movimento poltico denominado de Risorgimento que pretendia a unificao da Pennsula Itlica e que tinha como grande obstculo os territrios papais, os tericos da educao deste perodo, tanto de matriz catlica como protestante, acentuam a importncia da espiritualidade como elemento constitutivo do ser humano. Quando a RELIGIO proposta como segundo elemento deste sistema educativo no uma proposio que soe estranha no seu tempo.

    Finalmente a BONDADE responde pela dimenso social e afetiva do ser huma-no. Muitas escolas de educao esto neste sculo rompendo com o modelo autoritrio e distante dos educadores. A dimenso do afeto entre educadores e educandos comea a ser proposta como contraponto antiga educao que distanciava o docente do discente.

    Razo, Religio e Bondade so os ingredientes da Educao Salesiana, sendo seus agentes no s os educadores, mas tambm os jovens. Bosco concebe um novo modelo de educao. Seus educadores devem conviver ombro a ombro com os educandos, fazendo-se amar e amando tudo o que os jovens amam. Essa interao entre educadores e educandos no tcnica e nem formal. Re-presenta antes um sadio envolvimento afetivo onde o educador que deve ser percebido como pai, amigo, companheiro... A figura do educador salesiano o centro deste processo, personificando em sua vida os princpios e valores des-ta educao. No pensamento de Joo Bosco seu sistema educativo no seria objeto de erudio, mas de vida, atitudes e posturas.

    O segundo agente deste processo o prprio jovem que se autoconstri com a ajuda de seus educadores, tornando-se protagonista, no s da prpria educao, mas tambm de seus pares. O educando no receptculo da edu-cao e nem to pouco ator coadjuvante dela. Dotado de razo, auxiliado por seus educadores, agente da sua prpria construo intelectual e moral como pessoa e cidado.

  • Joo Bosco jamais quis que seu sistema educacional, denominado por ele de Sistema preventivo, fosse institucionalizado ou patrimnio duma Agncia de educao. O educador salesiano no um tcnico que domina procedimen-tos educacionais.

    Nessa pedagogia ele se envolve com o educando fazendo de sua vida o sentido de sua existncia. A educao salesiana passa longe dum processo informativo de princpios e valores. Ela se constri com e na vida. O relacionamento do educador com seus educandos no termina ao final do curso, mas ao contr-rio se prolonga pela vida inteira do educador e do aluno num clima de familia-ridade. Assim como os laos de sangue tornam os membros de um cl respon-sveis por seus consanguneos, Dom Bosco entendia que sua educao gerava entre educadores e educandos uma consanguinidade espiritual. O educador salesiano teria atingido seu escopo educacional quando tivesse associado sua vida vida do educando.

    Esses critrios educacionais se aplicam da mesma forma para os jovens do Ensino Superior, porque transcendem a transmisso do saber, ao atingir o jo-vem universitrio na sua dimenso mais profunda como pessoa. Para o Ensino Superior no existe um catlogo ou frmulas prontas que nos ensinem a agir salesianamente. Os caminhos podem ser os mais variados e o uso de tcnicas serem fruto da criatividade dos educadores. A chave entender que a Educa-o obra do corao e que o educador deve se fazer amar.

    O ambiente do Ensino superior estar iluminado pelos princpios e critrios educacionais de Dom Bosco quando se construir um ambiente de famlia, onde educadores e educandos se queiram bem, cultivando os valores da Razo, se busque no Transcendente o significado de suas vidas, construindo relaciona-mentos permeados pela bondade.

    Esses critrios da Educao Salesiana, se efetivam, deixam de ser apenas enun-ciados para se tornar vida. A educao salesiana , em sntese, um estilo de vida e uma viso de mundo que impactar positivamente a vida do aluno do Ensino Superior. Por toda sua vida...

  • Percepes salesianasO autor apresentou alguns conceitos da educao salesiana relaciona-os ao mbito universitrio com destreza e profundidade. Um texto digno de ser lido, pela quali-dade e relevncia que traz a instituio salesiana como um todo. O Ensino Superior Salesiano um real espao e lugar da espiritualidade salesiana. A educao salesiana, deve, entretanto, ser compreendida em suas caractersticas e peculiaridades acad-micas.

  • Organizao:Equipe Pastoral UNISAL e ETEC

    Prof. Esp. Lenir Moreira ValrioProf. Ms. Rodrigo Tarcha Amaral de Souza

    CrditosReviso textual e ortogrfica:

    Prof. Ms. Elizete Helena Rondini Forte

    Edio e diagramao:Departamento de Comunicao

    e Marketing UNISALSilmara Santana de Frana

    Apoio:Marketing UNISAL e ETEC

    Tatyana Di GiornoJuliana Dalmolin Germano