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CASO CLÍNICO
RELATO DE CASOData da internação: 05/06/06
Identificação: G.V.S., masculino, 45 anos, solteiro (vive matrimonialmente), natural do Rio de Janeiro – RJ, religião espírita
QP: “Pus em bolsa escrotal”
HDA: Paciente com queixa de dor empontada em região escrotal associada com hiperabdução das coxas há 6 dias. Há 3 dias, edema de bolsa escrotal com hiperemia local, evoluindo para coloração vinhosa. Procurou atendimento médico, sendo prescrito Cefalexina VO, porém não obteve melhora. Deu entrada no PS do HGJ no dia 05/06/06 com quadro de febre e dor perineal; apresentando coloração de pele compatível com necrose de bolsa escrotal, períneo e região perianal.
Leucograma: 34200 leucócitos
SEGUIMENTO:Foi submetido a desbridamento
cirúrgico de emergência no mesmo dia (enviado material para cultura) e iniciado antibioticoterapia venosa (Ampicilina + Gentamicina + Metronidazol). Após dois dias, foi trocado esquema antibiótico para Piperacilina/Sulbactam + Vancomicina, fazendo uso deste durante 18 dias.
Retornou ao Centro Cirúrgico para novo desbridamento no dia 07/06.
Leucograma: 40700 leucócitos
07/06/06 → Segundo desbridamento cirúrgico
07/06/06 → Pós-desbridamento
►09/06/06 → Não apresentava mais necrose, porém ainda com secreção exsudativa em canais inguinais. Curativo cirúrgico.►12/06/06 → Ferida sem necrose ou secreção purulenta. Curativo cirúrgico.►14/06/06 → Curativo cirúrgico. Solicitado Fisioterapia Motora.►16/06/06 → Grande quantidade de exsudato. Curativo cirúrgico.►19/06/06 → Normalização de exames laboratoriais.►23/06/06 → Curativo cirúrgico. Extração de fecaloma.
23/06/06
►30/06/06 → Curativo cirúrgico.
►06/07/06 → Início de Fisioterapia Motora. Retirada de Cateter vesical.
►10/07/06 → Leucograma: 12400 leuc →0/5/0/0/1/64/28/2
10/07/06 10/07/06
23/07/06
23/07/06
Durante o período de internação, opaciente apresentou alguns picos febris esporádicos, recebeu dieta de absorção alta; permaneceu restrito ao leito, com intensa dor local (controlada com Tramadol IV); estável hemodinamicamente. Eram feitos curativos diários com Alginato de Cálcio e Sódio.
►25/07/06 → Alta hospitalar
GANGRENA DE FOURNIER
Alberto FelipeBruno
GEMECS 2015
GANGRENA DE FOURNIER
Sinônimos:• Gangrena idiopática do pênis e do escroto• Gangrena espontânea fulminante do escroto• Fasciíte necrotizante do escroto• Fasciíte necrotizante da genitália masculina• Gangrena infecciosa do pênis e do escroto• Gangrena escrotal• Erisipela gangrenosa do escroto• Gangrena estreptocócica do escroto• Fasciíte necrotizante
HISTÓRICO1764 ► Baurienne descreveu uma gangrena rápida e
progresivamente necrotizante de tecidos moles da genitália masculina
1871 ► Joseph Jones, cirurgião do exército da Guerra Civil Norte-americana, publicou o primeiro relato científico em análise de 2642 soldados afetados por infecções de tecidos moles.
1883 ► Publicação de Jean-Alfred Fournier relatando gangrena perineal em homem jovem sadio
1924 ► Meleney descreve gangrena estreptocócica1951 ► Wilson introduziu o termo Gangrena de Fournier
para descrever infecção de tecidos moles e fáscia superficial e profunda da região perineal
Jean-Alfred FournierDermatologista francês (venereologista) entre 1860 e 1902, nascido em 12 de março de 1832; falecido em fevereiro de 1914, em Paris.
DEFINIÇÃOInfecção polimicrobiana, sinérgica,
necrotizante, de início agudo, envolvendo a fáscia superficial e freqüentemente a fáscia profunda
da região genital e perineal, cursando com graves mutilações e
elevado índice de mortalidade
Infecções anorretais– Infecção de glândulas perianais– Complicações de tumores colorretais– Diverticulite colônica– Apendicite
Infecções do trato urogenital– Infecção de glândulas bulbo-uretrais– Fimose– Infecção do trato urinário baixo– Doença de Crohn
FATORES PREDISPONENTES
Lesões da pele da região perineal– Hidradenite supurativa– Úlcera de pressão de bolsa escrotal– Trauma intencional (Piercing)
Estados de imunodepressão– Leucemias– LES– HIV
FATORES PREDISPONENTES
• Streptococcus spp.• Staphylococcus spp.• Enterobacteriaceae spp. Organismos anaeróbios Fungos
ETIOLOGIA
Diabetes mellitus (mais frequentemente) Obesidade mórbida Cirrose Doença vascular da pelve Malignidade Uso crônico de corticosteróides
COMORBIDADES ASSOCIADAS
FISIOPATOLOGIA
Resposta Imune
Porta de entrada
Virulência dos MO
Imunodepressão
Comorbidades
EVOLUÇÃO CLÍNICAPródromos de febre e astenia (2 a 7 dias)
Dor genital intensa com edema local
Surgimento de eritema
Escurecimento da pele e crepitação subcutânea
Gangrena da genitália e drenagem purulenta
Efeitos sistêmicos
Gangrena
Celulite com pontos de necrose
HISTOPATOLOGIA• Necrose dos planos
fasciais superficiais e profundos
• Coagulação fibrinóide da arteríola nutridora
• Infiltração de polimorfonucleares
• Identificação de microorganismos