Internação Gratuita para Dependente Químico

Guia Prático para Conseguir Tratamento Gratuito

na Rede Pública de Saúde e em Clínica Particular

Sumário

IntroduçãoO que você vai ler neste eBook

Drogas: questão de saúde públicaA situação da dependência química no Brasil

O que diz a Lei?Saiba porque o tratamento é um direito de todos

Etapas para conseguir o tratamento gratuitoAprenda em três simples passos o que fazer

Recorrendo à Justiça Como recorrer para internação em clínica particular

Dicas Importantes O que você pode fazer para simplificar

Anexo: Artigo Jurídico Fundamentos Jurídicos para Internação Custeada

pelo Poder Público

Realização deste eBook Conheça quem está por trás desta iniciativa

Internação Gratuita para Dependente Químico

Como conseguir

em Clínica Particular

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Internação Gratuita para Dependente Químico

Como conseguir

em Clínica Particular

A dependência química pode estar presente em qualquer

família. Nesses momentos, é natural que você se sinta

perdido para quem recorrer, especialmente quando não há

condições financeiras de pagar uma clínica particular.

O Dr. André Tolentino, experiente no assunto e advogado da

Clínica Viva, explica neste eBook passo a passo como a família

pode conseguir internação gratuita para dependente químico em

clínica particular.

IntroduçãoO que você vai ler neste eBook

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A dependência química foi vista durante muito tempo como

um desvio de caráter, contudo, com os avanços da medicina e

das pesquisas acerca desta questão, hoje já é claro ao Estado o

conceito de que o uso de drogas é uma questão de saúde pública e

não mais de mera política criminal.

Determinados a dar efetivação ao tratamento desta doença

epidêmica e que tanto aflige pais, mães e amigos, a União, os

Estados e os Municípios decidiram por bem criar políticas

públicas de prevenção e tratamento dos pacientes.

No Brasil, cerca de 8 milhões de pessoas sofrem com a

dependência de alguma droga psicoativa (álcool, cocaína,

crack, maconha, tabaco, etc.), segundo dados do II

Levantamento Nacional de Álcool e Droga em 2014.

8 milhões Dependentes

Químicos

Drogas: questão de saúde públicaA situação da dependência química no Brasil

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Drogas: questão de saúde públicaA situação da dependência química no Brasil

Internação Gratuita para Dependente Químico

Como conseguir

em Clínica Particular

Leis foram editadas e o executivo passou a criar as condições ideais

para propiciar o tratamento aos pacientes. Contudo, apesar de tamanho

empenho por parte do poder público, este ainda não possui estrutura

suficiente para bem atender a grande demanda de pessoas desesperadas

que, por falta de dinheiro, veem no Estado a última alternativa para salvar

a vida de seus entes queridos.

Desta forma, alguns entes da federação passaram a firmar contratos

com entidades privadas (clínicas e comunidades terapêuticas) para

conseguir atender a grande demanda de pacientes em busca de

tratamento, mas nem assim conseguimos dar conta da demanda

gigantesca que vem sendo apresentada. Levando famílias a aguardar

anos em busca de vagas sociais, dependendo da solidariedade de

entidades religiosas e se submetendo aos mais degradantes tipos de

mercantilização dos dependentes químicos.

Nos últimos anos observamos o crescimento de clínicas e comunidades

terapêuticas oferecendo os seus serviços, basta realizar uma pesquisa no

Google para perceber o quanto este segmento se tornou uma

oportunidade de negócio. Porém, sem a devida fiscalização dos orgãos

competentes, também aumentaram as notícias sobre maus tratos e

fechamento de clínicas de recuperação clandestinas.

Ficou cada vez mais difícil encontrar uma clínica de qualidade.

Dr. André Vinicius TolentinoAdvogado inscrito na OAB/SP sob o n. 302.359

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No Brasil, o direito à saúde é garantido, nada menos, pela Constituição Federal, Constituições Estaduais,

Lei do SUS – Lei Federal nº 8080/90, Lei nº 10.216/01 e, por fim, pelo Pacto Internacional dos Direitos

Econômicos, Culturais e Sociais.

Constitui, ainda, diretriz constitucional concernente aos serviços públicos de saúde o atendimento

integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais.

Ainda, o artigo 12 do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Culturais e Sociais, dispõe que

“1. Os Estados-partes no presente Pacto reconhecem o direito de toda a pessoa de desfrutar o mais elevado nível de

saúde física e mental” e que “2. As medidas que os Estados-partes no presente Pacto deverão adotar, com o fim de

assegurar o pleno exercício desse direito, incluirão as medidas que se façam necessárias de assegurar: d) A criação de

condições que assegurem a todos assistência médica”.

Mas como bem sabemos, não é pelo simples fato das leis nos dar os direitos que realmente conseguimos

efetivá-los. As ações judiciais ainda são bastante demoradas e que uma ação desse tipo pode demorar

alguns meses e até anos de espera.

O que diz a Lei?Saiba porque o tratamento é um direito de todos

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Listamos de forma prática as três etapas básicas para conseguir o tratamento gratuito para dependente

químico. Embora, seja relativamente simples, exigirá da família disponibilidade de tempo para enfrentar filas

dos órgãos públicos, organização com documentos, disposição para o manejo com o paciente e, claro,

persistência e muita paciência.

Como conseguir o tratamento gratuitoAprenda em três simples passos o que fazer

1Antes de recorrer à internação, a família do dependente químico deve buscar assistência

profissional para que seja feita uma avaliação do paciente, isso porque nem todo caso é

necessário internar para a recuperação.

Primeiramente, procure serviços públicos da sua cidade, como o Centro de Atenção

Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), e agende um atendimento. A prioridade é o

atendimento ao paciente e sua família em consultório ou em grupo.

Avaliação do caso

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Internação Gratuita para Dependente Químico

Como conseguir

em Clínica Particular

Como conseguir o tratamento gratuitoAprenda em três simples passos o que fazer

2A internação pode ser solicitada pelo CAPS AD ou outro serviço de saúde público caso

entendam que é necessária. Essa observação é feita através das consultas e

acompanhamento do paciente. Nesses casos, a unidade de saúde irá indicar os

procedimentos para a internação e localizará qual clínica, hospital ou comunidade terapêutica

conveniada ao serviço público do município pode receber o dependente.

Internação

3Às vezes, mesmo com indicação médica, não há vagas disponíveis para a internação de

dependentes químicos na rede pública de atendimento. Nesses casos, o recomendável é

buscar um bom advogado ou a Defensoria Pública, que atende pessoas consideradas de

baixa renda (em regra, famílias que ganham até três salários mínimos por mês), para

conseguir que o Estado pague o tratamento em uma clínica particular.

Internação Particular

Confira a seguir, o que será preciso para recorrer à Justiça nesse caso.

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Para ingressar com ação judicial pedindo o tratamento, serão necessários os seguintes documentos:

Recorrendo à JustiçaComo recorrer para internar em clínica particular

Comprovante do requerimento aos responsáveis pela saúde do Estado e Município, que pode

ser feito tanto pelo requerente (dependente químico ou um familiar, por exemplo) quanto pelo

advogado ou defensor público.

Relatórios de outras clínicas/comunidades terapêuticas, caso já tenha sido internado;

Documentos (RG e CPF) do paciente e do requerente (pai, mãe, filho, etc.)

Comprovante de renda demonstrando não possuir recursos suficientes. São considerados

comprovantes de renda documentos como o holerite, extrato de conta bancária, declaração

de imposto de renda, declaração do trabalho, documento do INSS, etc.;

Comprovante de residência, como conta de energia elétrica e telefone (fixo ou celular);

Orçamentos com preços de clínicas desejadas;

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Internação Gratuita para Dependente Químico

Como conseguir

em Clínica Particular

Recorrendo à JustiçaComo recorrer para internar em clínica particular

Atestados médicos redigidos com letra legível contendo obrigatoriamente:7

O nome completo do paciente;

O nome da afecção com o respectivo Código Internacional de

Doenças (CID). Caso o dependente químico já tenha sido avaliado por

profissional de saúde, ele já terá o diagnóstico da Dependência

Química ou Alcoolismo, por exemplo:

CID 10 - F.14.2 dependência de cocaína ou o crack;

A necessidade da imediata internação em clínica médica

especializada;

A consequência de não se realizar o referido tratamento;

A data do atestado com assinatura e número do CRM;

A provável duração do tratamento.

Com essa documentação, o advogado ou Defensor Público poderá ingressar com a ação

mais apropriada, buscando com que o direito do cidadão seja devidamente

implementado.

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Internação Gratuita para Dependente Químico

Como conseguir

em Clínica Particular

Recorrendo à JustiçaComo recorrer para internar em clínica particular

A indicação pode ser feita se a família requerente ou advogado conseguir justificá-la, com

dados sobre a clínica. Informações que possam atestar sua capacidade de oferecer os

serviços com a qualidade mínima necessária, tais como: equipe profissional, médicos,

psicólogos, metodologia terapêutica, infra-estrutura de internação, enfermagem 24 horas,

certificações e documentos de orgãos como Conselho Regional de Medicina, etc.

No entanto, não é garantido que o dependente químico seja internado na clínica desejada, pois a

escolha é do Poder Público.

Somos um país rico formado por um batalhão de pessoas pobres, por isso,

temos o dever de tornar nossas leis mais que apenas belas palavras,

transformando-as em garantias de saúde, bem-estar e solidariedade.

A família pode indicar a clínica?

ʻ̒ ʻ̒

André Vinicius TolentinoAdvogado OAB/SP 302.359

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Imprima este eBook para apresentar ao seu advogado particular ou Defensores Públicos da

sua cidade. Eles poderão auxiliar nas dúvidas e, sendo experientes nestes casos, orientar sobre

o procedimento mais adotado na sua região.

Também está disponível neste eBook, o documento Anexo com o artigo do Dr. André

Tolentino “Fundamentos Jurídicos para Internação Custeada pelo Poder Público”, que você

pode imprimir e levar para referência do seu advogado.

Lista de Endereços de Defensorias Públicas por Estado

No site da ANADEP (Associação Nacional de Defensores Públicos), você encontra uma lista

com telefones, endereços e link dos sites de cada Estado. Nestes contatos você poderá

verificar onde se localiza a Defensoria Pública mais próxima da sua residência.

Link curto: http://goo.gl/utNfRb

Link completo: https://www.anadep.org.br/wtk/pagina/defensorias_nacionais

Dicas importantesO que você pode fazer para facilitar

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A Clínica Terapêutica Viva é a maior

rede particular dedicada ao tratamento

especializado da dependência química e

outros transtornos da saúde mental.

Com mais de 10 anos de atuação, hoje

possui 13 unidades de atendimento

ambulatorial e uma unidade modelo para

internações, dirigida por médicos e equipe

de profissionais especialistas.

Site: www.ctviva.com.br

Tel.: 0800 701 8482

Realização deste eBookConheça quem está por trás desta iniciativa

O site alcoolismo.com.br é o maior

portal da América Latina de informações

sobre a doença. Idealizado em 1999 pelo

alcoolista em recuperação Luíz Antônio da

Cruz, hoje o site é referência em ajuda

online e atrai centenas de milhares de

visitantes mensalmente.

Encontre notícias, entrevistas, artigos,

depoimentos, curiosidades sobre o álcool

e outras drogas.

Site: www.alcoolismo.com.br

O Guia Clínicas de Recuperação é a

primeira ferramenta gratuita para buscar

instituições de atenção ao dependente

químico e alcoolistas no Brasil.

Com cadastro gratuito, reúne uma lista

com mais de 1.600 clínicas médicas e

comunidades terapêuticas de diversas

cidades do país. O site também oferece

informações úteis sobre formas de

tratamento, drogas e prevenção.

Site: www.alcoolismo.com.br

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Como conseguir

em Clínica Particular

ANEXOArtigo Jurídico para referência

FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA A INTERNAÇÃO CUSTEADA PELO PODER PÚBLICO

Por André Tolentino – OAB/SP n. 302.359

No mundo todo, poucos são os Estados que dispõe tantos direitos sociais à sua população como faz nossa República. Tais direitos são verdadeiras garantias de bem estar social e não devem ser interpretadas apenas como palavras de boas intenções.

Os chamados “Direitos Humanos de Segunda Geração” evoluíram nos ordenamentos jurídicos e hoje o direito à saúde é garantido, nada menos, pela Constituição Federal, Lei do SUS – Lei Federal n º 8080/90, pela Lei n. 10.216/01 e, por fim, pelo Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Culturais e Sociais.

Constitui também diretriz constitucional concernente aos serviços públicos de saúde o atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais.

Neste sentido, norma expressa na Lei n. 10.216/01 que traduz os direitos dos portadores de transtornos mentais:

“Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:

I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;

II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;

III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;

IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;

V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;

VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;

VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;

VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;

IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental”.

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Como conseguir

em Clínica Particular

ANEXOArtigo Jurídico para referência

Ainda, o artigo 12 do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Culturais e Sociais, dispõe que

“1. Os Estados-partes no presente Pacto reconhecem o direito de toda a pessoa de desfrutar o mais elevado nível de saúde física e mental” e que “2. As medidas que os Estados-partes no presente Pacto deverão adotar, com o fim de assegurar o pleno exercício desse direito, incluirão as medidas que se façam necessárias de assegurar: d) A criação de condições que assegurem a todos assistência médica”.

Consignem-se, também, os ensinamentos de Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior, em seu “Curso de Direito Constitucional”, Editora Saraiva, 7ª Edição, 2.003, p.436:

“dentre os princípios informativos do SUS está inscrito o dever de assistência integral, o que pressupõe o dever do Estado, de maneira universal e igualitária, de dispensar atendimento integral à saúde a quantos dele necessitarem. A regra constante do inciso II do art.198 da Constituição Federal tem eficácia plena e aplicabilidade imediata, não dependendo de regulamentação infraconstitucional. De qualquer modo, a questão também já foi objeto da legislação ordinária, em específico pelo artigo 6º, I, d, da Lei n.8.080/90, que declara textualmente estarem incluídas no campo de atuação do SUS a “assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica”.

Além disso, há que rememorar que o direito à saúde está umbilicalmente ligado à dignidade da pessoa humana e ao direito maior do ser humano, a vida.

Assim, é direito do paciente o acesso à internação em clínica que atenda às suas necessidades. Por isso, é dever do Poder Executivo, após o legislativo ter criado tais leis dando garantias à população, a concreção de seu direito constitucional de viver e ter a sua saúde tutelada pelos entes estatais. E, não sendo fornecido o tratamento adequado pela União, Estado ou Município, possui o paciente direito de recorrer ao judiciário para garanti-lo. Neste sentido:

“Agravo de Instrumento- Dependente Químico- Direito à Saúde- Dever do Estado de prestar assistência- Tratamento médico- Risco à integridade física dos familiares e demais pessoas. Necessidade reconhecida- Deferimento. Recurso negado”

(AI n. 990.10.037553-9, 1ª Câmara de Direito Público, Rel. Desembargador Danilo Panizza, j. 13.4.2010).

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Dr. André Tolentino

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