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Caso 1 – Tema: Aplicabilidades das normas constitucionais Numa audiência no Juizado Especial Cível, em cujo processo o autor pleiteava uma indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), o advogado da empresa demandada, com amparo no art. 133 da Constituição da República, pleiteou a extinção do processo sem apreciação de mérito (CPC, art. 267, IV), sob o fundamento de que o advogado é essencial à administração da justiça. O autor, mesmo não tendo formação jurídica, ofereceu defesa alegando que a Lei n.º 9.099/95 lhe garantia a possibilidade de postular em juízo sem assistência de defensor técnico. Diante de tal hipótese, considerando a aplicabilidade do art. 133, CRFB, seria correto afirmar que a Lei n.º 9.099/95 padece de vício de inconstitucionalidade? O art. 133 da CRFB diz que: O advogado é indispensável à administração da justiça..., a Lei n.º 9.099/95 no seu art. 9 Nas causas de valor ate vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogados; nas de valor superior, a assistência é obrigatória. Por meio dessas afirmações, consta-se que a Lei n.º 9.099/95 torna-se inconstitucional, pois está ferindo aquilo que esta escrita na Constituição sendo ela a lei maior de um ordenamento. Caso 2 – Tema: Recepção A Emenda Constitucional nº 1/69 permitia a criação, em sede de Lei infraconstitucional, de monopólios estatais. Com o advento da Constituição da República de 1988, a possibilidade de criação de monopólios por lei não foi mais contemplada. À luz da teoria da recepção, é possível sustentar a manutenção de monopólios estatais criados em sede infraconstitucional pelo ordenamento pretérito e não reproduzidos pela Constituição de 1988? Sim, a norma jurídica infraconstitucional criada na vigência do ordenamento constitucional anterior que é interpretada como compatível com a nova constituição, Trata-se pois de um principio de segurança jurídica, mas que também é de economia legislativa, porque não há razão alguma para a retirada das normas em perfeita congruência com o ordenamento constitucional vigente.

Caso concreto de direito Constitucional - Aula 02

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Page 1: Caso concreto de direito Constitucional - Aula 02

Caso 1 – Tema: Aplicabilidades das normas constitucionais

Numa audiência no Juizado Especial Cível, em cujo processo o autor pleiteava uma

indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), o advogado da

empresa demandada,  com amparo no art. 133 da Constituição da República, pleiteou a

extinção do processo sem apreciação de mérito (CPC, art. 267, IV), sob o fundamento de

que o advogado é essencial à administração da justiça. O autor, mesmo não tendo

formação jurídica, ofereceu defesa alegando que a Lei n.º 9.099/95 lhe garantia a

possibilidade de postular em juízo sem assistência de defensor técnico. Diante de tal

hipótese,  considerando a aplicabilidade do art. 133, CRFB, seria correto afirmar que a

Lei n.º 9.099/95 padece de vício de inconstitucionalidade?

O art. 133 da CRFB diz que: O advogado é indispensável à administração da justiça..., a

Lei n.º 9.099/95 no seu art. 9 Nas causas de valor ate vinte salários mínimos, as partes

comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogados; nas de valor

superior, a assistência é obrigatória. Por meio dessas afirmações, consta-se que a Lei

n.º 9.099/95 torna-se inconstitucional, pois está ferindo aquilo que esta escrita na

Constituição sendo ela a lei maior de um ordenamento. Caso 2 – Tema: Recepção

A Emenda Constitucional nº 1/69 permitia a criação, em sede de Lei infraconstitucional,

de monopólios estatais. Com o advento da Constituição da República de 1988, a

possibilidade de criação de monopólios por lei não foi mais contemplada.

À luz da teoria da recepção, é possível sustentar a manutenção de monopólios estatais

criados em sede infraconstitucional pelo ordenamento pretérito e não reproduzidos pela

Constituição de 1988?

Sim, a norma jurídica infraconstitucional criada na vigência do ordenamento

constitucional anterior que é interpretada como compatível com a nova constituição,

Trata-se pois de um principio de segurança jurídica, mas que também é de economia 

legislativa, porque não há razão alguma para a retirada das normas em perfeita

congruência com o ordenamento constitucional vigente.