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Catálogo Gustavo Maia e Manuel Carvalho

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Apresentação do catálogo de Gustavo Maia e Manuel Carvalho - exposição no Centro Cultural da V&M do BRASIL

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Espaço Cultural V & M do BRASILAgosto / Setembro de 2012

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“...pinto porque só consigo participar do mundo real quando nele interfiro e o modifico.”Miguel Gontijo

Manuel Carvalho e Gustavo Maia consolidam nesta exposição um encontro iniciado em 2009.

Tendo em vista a afinidade existente entre estes dois artistas, os trabalhos apresentados irão de encontro a um pensamento circundante no momento atual em diversos setores: seja nas artes, na política, na vida do homem urbano como um todo. A idéia de que estamos todos interconectados em uma rede infinita de possibilidades virtuais e reais. E neste crescimento e a ampliação das redes globais, se torna cada vez mais importante o indivíduo desenvolver uma enorme força própria para poder se afirmar nesse processo.

Neste contexto que se apresenta este trabalho. Dialogando as linguagens, cada artista apresenta a seu modo os argumentos propícios para proporem esta reflexão. Gustavo Maia cria o fundo da tela ou cenário, utilizando imagens do excesso de informações com as quais somos bombardeados todos os dias (mídias virtuais, propagandas, spams); Manuel

Carvalho insere figuras que transitam e interagem nesse meio ao mesmo tempo em que se encontram centradas nelas mesmas.

A série Spam é um exemplo claro disso: pretende refletir sobre este excesso de informações, a esse emaranhado de visões que somos submetidos nas redes virtuais, ocorrendo assim um contraste entre o excesso ordinário e individual. Quem somos nós em meio esse turbilhão de imagens disparadas em nossas mentes todos os dias?

“Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? A emoção da memória pessoal não só na arte como na vida contemporânea de um modo geral são bandeiras de resistência, demarcações de individualidade. Impressões digitais que se contrapõem teimosamente, a um panorama de comunicação à distância e tecnologia virtual, que tende a anular, gradualmente, noções de privacidade.” 1

Caspar David Friedrich (1774-1840) foi um dos principais representantes do Romantismo alemão, movimento que fazia referencia ao homem diante do sublime, este entendido como beleza e fascínio;

Paisagem (da série SPAM)Acrílica, óleo, cola PVA e inkjet sobre tela.

150 x 150 cm, 2012

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o humano diante da grandiosidade da natureza a ser descoberta, o desafio do desconhecido. As paisagens pintadas por este artista, que nessa época eram comumente a natureza, remetiam ao sentimento de inferioridade do ser humano diante de tamanha grandiosidade. Neste momento, nos primórdios do século XXI, esta paisagem aparece em outro contexto: o que nos afronta, o que nos parece ameaçador, o que nos é desconhecido agora tem outra forma. E esta é a principal referencia destes artistas.Como em Argan2:

“A poética do ‘sublime’ exalta na arte clássica a expressão total da existência; o individuo que paga com a angústia e o pavor da solidão a soberba do seu próprio isolamento... a existência tem de encontrar seu significado no mundo: ou se vive da relação com os outros e o eu se dissolve numa relatividade sem fim, e é a vida, ou o eu se absolutiza e corta qualquer relação com o outro, e é a morte.”

Afirma-se com isso, a autonomia da arte, de ter como proposições e questionamentos o cenário atual em que nos encontramos e que caminhos podemos ainda chegar. Também o artista assumindo a responsabilidade do seu agir e não se abstraindo da realidade histórica: “declara explicitamente, pelo contrário, ser e querer ser do seu próprio tempo, e muitas vezes aborda, como artista temáticas e problemáticas atuais.”

Ainda como nos sugere Argan, “o sublime é visionário, angustiado”: desenhos de traços fortemente marcados, gestos excessivos, e a figura sempre fechada num emaranhado esquema geométrico que aprisiona e anula seus esforços.

A arte, e neste caso, o trabalho destes artistas, se mostra também como procura, entre individuo e coletividade, de uma solução que não anule o uno no múltiplo, nem a liberdade na necessidade.

Ana Luiza Neves

1 - GONTIJO, Miguel. Miguel Gontijo: pintura contaminada. Belo Horizonte. Vallourec&Mannesmann do Brasil, 2009.

2- ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

Paisagem (da série SPAM)Acrílica, óleo, cola PVA e inkjet sobre tela. 150 x 150 cm, 2012

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Paisagem (da série SPAM)Acrílica, óleo, cola PVA e inkjet sobre tela. 130 x 190 cm, 2012

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Paisagem (da série SPAM)Acrílica, óleo, cola PVA e inkjet sobre tela. 100 x 150 cm, 2012

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Paisagem (da série SPAM)Acrílica, óleo, cola PVA e inkjet sobre tela. 130 x 190 cm, 2012

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Paisagem (da série SPAM)Acrílica, óleo, cola PVA e inkjet sobre tela. 60 x 70 cm, 2012

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Paisagem (da série SPAM) Acrílica, óleo, cola PVA e inkjet sobre tela. 100 x 150 cm, 2011

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Acrílica e óleo sobre tela, 100 x 150 cm, 2010

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Paisagem (da série SPAM) Acrílica e óleo sobre tela,150 x 300 cm, 2012

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Acrílica, óleo, cola PVA e inkjet sobre tela,100 x 150 cm, 2012

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Acrílica e óleo sobre tela, 100 x 150 cm, 2010

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Acrílica e óleo sobre tela, 120 x 100 cm, 2010

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Acrílica e óleo sobre tela, 100 x 150 cm, 2010

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Paisagem (da série SPAM)Acrílica, óleo, cola PVA e inkjet sobre tela, 90 x 140 cm - 2012

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Paisagem (da série SPAM)Acrílica, óleo, cola PVA e inkjet sobre tela, 100 x 130 cm - 2012

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Acrílica e óleo sobre tela,80 x 150 cm, 2012

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f-51d mustang (série Kit)Acrílica e óleo sobre tela, díptico, 50 x 60 cm (cada) - 2011

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ah-64d apache longbow (série Kit) Acrílica e óleo sobre tela, díptico, 50 x 50 cm (cada) - 2011

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beetle (série Kit) Acrílica e óleo sobre tela, 40 x 80 cm, 2011

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UNíSSONO

Gustavo Maia e Manuel Carvalho vem produzindo pinturas “a quatro mãos” desde 2009.

São artistas que além de total imersão no mundo das artes e o interesse pelas mais diversas manifestações artísticas, compartilham o gosto por cores, por excessos e por assuntos extraordinários.

A parceria se iniciou quando decidiram “emprestar” suas telas um ao outro para que fossem feitas interferências. Apartir do momento em que o trabalho conjunto se tornou fluído, decidiram passar também a elaborar projetos, nos quais definiam de antemão seus papéis na execução da obra.

Esses dois métodos de produção geram resultados onde, no primeiro, fica aparente o diálogo entre as formas e cores produzidas por um e pelo outro, e no segundo, um discurso em uníssono em que impera a harmonia e a concordância.

Gustavo geralmente é quem cobre o primeiro pedaço da tela, em que vai superpondo técnicas exclusivas que elabora e aprimora dentro de seu estúdio. Dentre elas, produz formas geometrizadas, que se distinguem umas

das outras por suas cores, configurações e posições, e que apesar da inicial aparência de semelhança, são quase únicas apresentando-se espaçadas e com poucas repetições de forma que nunca chegam inteiramente a formar padrões. Criando uma tensão entre o único e o duplicado. Esta questão é levada adiante com a pintura gestual que começa a inserir em seus trabalhos posteriormente, quando começa a acrescentar pinceladas carregadas e escorridas. Em sua produção mais recente, são adicionadas imagens técnicas, que são transferidas através de uma técnica própria, que ele criou utilizando impressão a jato de tinta, cola e fixadores. Todas estas maneiras são utilizadas como ferramentas expressivas e composicionais para criar um all-over nas telas, cobrindo-as inteiramente com cores contrastantes e um grande excesso de formas antes de passá-las a Manuel para que ele inicie sua parte do processo.

Utilizar imagens que encontram na internet é uma possibilidade que os artistas de hoje em dia exploram com frequência. Gustavo e Manuel criam em seus computadores bancos de imagens que utilizam para sua produção.

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Manuel mantém um repertório de imagens fotográficas, escolhidas da internet ou sacadas de, ou por, seus amigos e familiares. Pintando mais de uma vez a mesma imagem, busca o constante aperfeiçoamento de sua técnica, ao mesmo tempo: fotorrealista, de pinceladas expressivas, e resoluções surpreendentes. Os resultados que consegue são de imagens que parecem colagens fotográficas, porém com uma qualidade, graças a sua perícia com a tinta a óleo, que supera a das fotografia utilizadas, sejam elas impressas ou exibidas no monitor. Sua execução faz com que as imagens sejam muito mais vibrantes, pois ele trabalha sobre a relação entre as cores que Gustavo insere no quadro e as da fotografia que tem em mãos, não se mantendo preso a um ou ao outro. É um ávido estudante das pinturas de outros artistas, antigos ou contemporâneos dos quais mantém bancos de imagens e vários livros impressos, pelos quais tem predileção. Aplica seus conhecimentos nas séries que trabalha com Gustavo e também nas de sua produção independemente, que é bastante diversificada e sempre tratada como pintura.

A última série que produziram apresentam telas saturadas de informação e de pintura, onde conseguem criar uma dialética entre imagens potentes e estáticas e outras que sugerem a interrupção de movimentos de seres vivos.

Aqui, suas matérias primas, mais que pigmentos e aglutinantes, são fotografias e outras imagens autorais de seus arquivos, que deixam de ser trabalhos terminados, para tornarem-se densos fragmentos de pintura sobre tela.

Estes trabalhos que utilizam, são, a princípio, de anônimos, mas que tem uma ligação com as artes plásticas, que é no mínimo, histórica. Pois antigamente o ato de fazer imagens era uma tarefa quase exclusiva do artista, independetemente de ser com o objetivo de vender um produto, de documentar um acontecimento, de ilustrar um texto, ou de criar arte. A quantidade de categorias de profissionais que se dedicam a estas atividades, e de programas e ferramentas que as tornam possíveis faz com que a produção destes trabalhos seja cada vez mais acessível. Graças a sua natureza digital, e por tanto imateral e reproduzível, estas imagens

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são impressas ou projetadas nos mais diversos suportes. E assim nos vemos cercados por estas imagens, que são criadas, modificadas e reproduzidas por todos. Elas são vistas por todos os lados das cidades. Populam o espaço e a mente. E disputam com agressividade nossos olhares, estimulando sensações e atingindo o consciente e o inconsciente dos (in)voluntários observadores.

Nestas obras, os artistas conseguem inverter a maioria dos valores das imagens técnicas. Elas deixam de ser digitais para tornar-se pintura, com isso deixam de ser múltiplas para tornarem-se únicas; Não apenas como uma impressão entre outras, mas como produto de um trabalho de criação, de reordenação manual, de um processo consciente de suas etapas. Enquanto imagens técnicas são produzidas ao apertar-se botões, os pintores lidam diretamente com as camadas de tinta. A primeira vista, várias imagens nestas telas de Manuel e Gustavo tem aparência de colagem. Logo demonstram se tratar de imagens elaboradas por técnicas que os artistas desenvolveram e aprimoram a cada novo trabalho.

A malha de imagens técnicas transferidas por Gustavo, cumprem a função do pincel. Mas que persistem em suas mensagem originais e individuais. Não é só devido aos seus limites retângulares que estas imagens deixam de formar uma sintaxe com as outras, mas por sua afirmação de unidade, conseguida por seu criador.

A presença de imagens fotográficas não limitadas por retângulos, as quais representam seres vivos, criam em nós uma empatia que os coloca como os protagonistas da tela.

Nos identificamos com essas figuras que poderiam ter mais liberdade de existir que as outras imagens técnicas apresentadas, as quais parecem representar uma ideia, uma empresa.

Bruno Duque

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GuStAVo MAiA é graduado em Publicidade pela uNi-BH (2001) e bacharel em artes plásticas pela escola Guignard (2008). Em 2010, participou do Piesp - Programa independente da Escola São Paulo (programa para formação de artistas). Expôs individualmente no Palácio das Artes (BH, 2008) e no Museu Histórico de Santa Catarina (2009). Desde 2006, tem participado em diversas exposições coletivas e salões como, por exemplo,“Art 2.1” na Galeria da Cemig, “7° Salão de Arte do Sesc Amapá” (2008) e “Xi Bienal do Recôncavo” (2012).

MANuEl CARVAlHo concluiu bacharelado em artes plásticas pela Escola Guignard (BH, 2006). Atuou como assistente de Adriana Varejão de julho de 2007 a fevereiro de 2008, durante execução das obras para seu pavilhão no Museu inhotim (Brumadinho). Participou de diversas exposições coletivas, como Fundação de Arte de ouro Preto - FAoP, Galeria leo Bahia, Belizário Galeria de Arte Carminha Macedo (Belo Horizonte), Foundry Gallery (inglaterra). também participou de feiras internacionais, como Scope Art Fair (Nova York), Art Ba (Buenos Aires).

os dois artistas vêm realizando trabalhos em parceria desde 2009. Juntos, participaram da exposição “Atropelamentos” no Centro Cultural da uFMG e “Volume 1” na Galeria Carminha Macedo. Em 2011, foram f inalistas na categoria pintura do “i Concurso itamaraty de Arte Contemporânea”.

ConversaAcrílica e óleo sobre tela, 120 x 156 cm, 2011

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Esta exposição é resultado de um esforço cooperativo entre os que idealizaram, patrocinaram, organizaram e executaram tarefas que com amor só enriquecem a cultura. Agradecemos a Ana luiza Neves, Angelo issa, Bruno Duque, Clara Gontijo, Manfred leyerer, Miguel Gontijo, Robson Soares e a V & M do BRASil.

Curadoria: Robson Soares

Fotos: Bruno Duque

Cristiano Quintino (páginas 15 a 17)Gustavo Maia (página 11)

Design: Clara Gontijo

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