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RoteiRo da exposição17 de Novembro de 2007 a 17 de Fevereiro 2008Viseu / 2007

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exposiçãoMonumentos de Escrita. 400 Anos de História da Sé e da Cidade de Viseu (1230-1639)

CooRdenação CientífiCaAnísio Miguel de Sousa Saraiva

ConCepção e CooRdenação exeCutivaAna Paula AbrantesAnísio Miguel de Sousa Saraiva

textos e Conteúdos MultiMédiaAnísio Miguel de Sousa SaraivaMaria do Rosário Barbosa Morujão

ConCepção MultiMédiaLUSOLABS / MIPE - Tecnologias de Informação

pRojeCto de aRquiteCtuRaF.Costa - Oicina de Museus, Lda.: João Camacho

design gRáfiCoF.Costa - Oicina de Museus, Lda.: Rita Cruz Neves

ConseRvação e RestauRoSalvArte

doCuMentação fotogRáfiCaMicroilDDF-IMC: José PessoaMGV: Carlos Filipe Alves, Anísio Miguel de Sousa SaraivaFotoletras: Carlos Garcia

moNtagem

F.Costa - Oicina de Museus, Lda.

apoio À pRoduçãoGraça MarcelinoPaula CardosoCarlos Filipe AlvesMaria do Carmo Amaral

apoio téCniCoPedro NovíssimoManuel Ferreira

seRviço eduCativoAldina LoureiroElisa SampaioLuísa TeixeiraPaula Cardoso

seguRosCompanhia de Seguros Lusitânia, S.A.

roteiroMonumentos de Escrita. 400 Anos de História da Sé e da Cidade de Viseu (1230-1639)

CooRdenação CientífiCaAnísio Miguel de Sousa Saraiva

CooRdenação de ediçãoAna Paula AbrantesAnísio Miguel de Sousa Saraiva

textos

Anísio Miguel de Sousa SaraivaMaria do Rosário Barbosa MorujãoAna Paula AbrantesEduardo Carrero Santamaría

apoio téCniCoGraça MarcelinoPaula CardosoCarlos Filipe AlvesMaria do Carmo Amaral

doCuMentação fotogRáfiCaMicroilDDF-IMC: Carlos Monteiro, Delim Ferreira, José PessoaMGV: Carlos Filipe Alves, Anísio Miguel de Sousa SaraivaFotoletras: Carlos Garcia

design gRáfiCoF.Costa - Oicina de Museus, Lda.: Rita Cruz Neves

fotoCoMposição e iMpRessãoInova – Artes Gráicas / Porto

ediçãoInstituto dos Museus e da Conservação /Museu de Grão Vasco

© Instituto dos Museus e da Conservação

tiragem: 500 exemplares

isbN: 978-972-776-353-5

depósito legal: --------------------

oRganiZação:

paRCeiRos instituCionais: meCeNas:

patRoCínadoRes: seguRos:

aPoios:

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agradeCimeNtos

Alberto Correia

(Historiador)

Carlos Garcia

(Fotoletras)

Carlota Maria Lopes de Miranda Urbano

(Instituto de Estudos Clássicos / Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra)

Catarina Mané

(Forum Viseu)

Domingos Araújo

(Fnac Coimbra)

Francisco Peixoto

(Presidente do Conselho de Administração da Fundação Mariana Seixas)

João Inês Vaz

(Professor da Universidade Católica Portuguesa)

João Pocinho

(Técnico do Museu Nacional Machado de Castro)

José Fernandes Vieira, Mons.

(Director do Museu - Tesouro de Arte Sacra da Sé de Viseu)

Liliana Cascais

(Conservadora/Restauradora da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro)

Maria Antónia Lopes

(Presidente do Departamento de Cultura da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra)

Maria de Fátima Eusébio

(Coordenadora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu)

Maria José Azevedo Santos

(Directora do Arquivo da Universidade de Coimbra)

Orlando da Costa Lourenço

(Administrador da Murganheira)

Paulo Machado

(Director da Fnac Coimbra)

Paulo Nabais

(Professor da Escola Proissional Mariana Seixas)

Pedro Redol

(Director do Museu Nacional Machado de Castro)

Rui Pinto dos Santos

(Presidente do Conselho de Administração da Escola Proissional Mariana Seixas)

Sandra Raposo

(Kores, Lda. / Montblanc)

Teresa Almeida

(Câmara Municipal de Viseu, Biblioteca Municipal D. Miguel da Silva)

Teresa Gama

(Museu - Tesouro de Arte Sacra da Sé de Viseu)

autoRes dos textos

a. m. s. s.

Anísio Miguel de Sousa Saraiva / Investigador, Mestre em História da Idade Média

m. r. b. m.

Maria do Rosário Barbosa Morujão / Professora de Paleograia e Diplomática da Universidade de Coimbra

a. P. a.

Ana Paula Abrantes / Directora do Museu de Grão Vasco, Mestre em História da Arte

e. C. s.

Eduardo Carrero Santamaría / Professor de História da Arte da Universidade das Ilhas Baleares (Espanha)

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abReviatuRasADVIS – Arquivo Distrital de Viseu

AMGV – Arquivo do Museu de Grão Vasco

BNP – Biblioteca Nacional de PortugalBPMP – Biblioteca Pública Municipal do Porto

c. – concelhoca. – circa

cf. – confrontar

cm. – centímetros

coord. – coordenação

COR – CorrespondênciaD. – Dom

DA – Documentos Avulsos

DDF/IMC – Divisão de Documentação Fotográica/Instituto dos Museus e da Conservaçãodir. – direcção

Doc(s). – documento

ed. – edição

Ed. – Editora, EditorialEng. – EngenheiroFig(s). – igura(s)

l(s). – fólio(s)fr. – freguesia

FRAG – Fragmentos

gr. – gramas

inv. – inventário

LIV – Livro

m. – maço

MGV – Museu de Grão Vasco

mm. – milímetros

n. – número

O. F. M. – Ordo Fratrum Minorum

org. – organizaçãop. – página(s)

PERG – Pergaminhospubl. – publicação

s. d. – sem data

s. l. – sem lugar

s. n. – sem número

s. v. – sub verbum

SA – Selos Avulsos

séc. – século

T. – Tomo

vid. – vide

vol(s). – volume(s)

Ø – Diâmetro

índiCe

apResentação

intRodução

1. a MeMóRia da esCRita

1.1. os materiais da esCrita

PergaminhoPapelInstrumentosTintas de CorTintas Negras

1.2. as foRMas gRáfiCasEscritas Góticas: Librária e CursivaEscritas Humanísticas: Redonda e ItálicaEscrita CortesãEscrita ProcessadaEscrita EncadeadaEscritas Modernas: Caligráica e Cursiva

1.3. os doCuMentos e os livRosDocumentos Bulas Cartas Régias Cartas dos Bispos Documentos do Cabido Documentos do Concelho Documentos Particulares CorrespondênciaLivros Livros Litúrgicos Livros de Registo Livros de Natureza EconómicaFragmentos

1.4. os pRoCessos de validaçãoCartas PartidasSelos PendentesSelos de ChapaSinais de TabeliãesSinais de Notários ApostólicosAssinaturas

bibliogRafia

2. a esCRita da MeMóRia

2.1. uMa identidade eM ConstRução (1230 a 1500)

a séO Governo da DioceseUm Templo em TransformaçãoA Hierarquia e a Organização do CabidoA Aliança com o TronoOs Protagonistas

a Cidade

O Concelho. A Airmação de um PoderAs Elites e o Espaço UrbanoO Renascer das Cinzas. A Dinastia de Avis

2.2. o iMpéRio e a ContRa-RefoRMa (1500 a 1639)

a séOs Bispos da CoroaD. Miguel da Silva (1526-1547)O Cabido e a Roma do RenascimentoA Igreja de Trento

a Cidade

A Memória do Infante D. HenriqueA Gestão de um Espaço em Expansão

bibliogRafia

episCopológio de viseu (1147-1639)

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apResentação

Mas porque nada escrevendo, ou escrevendo sem arte,não deixa (alguém) de si memória aos pósteros, extinguir-se-á ao mesmo tempo que o corpo. Será como árvore estéril, capaz de dar alguma sombra a quem passeia, mas não frutos.

Cataldo Parísio Sículo, Carta ao 2.º Marquês de Vila Real (Fernando de Meneses),inais de 1499 ou Janeiro/Fevereiro de 1500.

Santo Agostinho, nas suas Conissões (XI, 17, 22), percepciona como as fases do tempo não passam de um artifício, como o agora inito não se identiica com o agora eterno e profundo, mas com um agora distendido, temporal, pelo que passado e futuro são momentos de um presente, contínuos, associados e comprometidos. Com lucidez e pragmatismo, Joaquim Cerqueira Gonçalves (Educar e Filosofar, Discursos Cruzados, 2004) reconhece a acção do passado sobre o futuro, mas igualmente que «não é menos importante acrescentar que essa determinação, a partir do passado, se manifesta com a leitura do presente, a

qual, por sua vez, desvenda e reestrutura constantemente o passado e abre possibilidades de futuro».

A escrita e a imagem foram erigidas como apeadeiros do registo da passada humana, como caminhos do seu valor frutiicador, do seu sentido. Por isso, a guarda dos seus testemunhos constitui um acto de sobrevivência da vida, e a sua conservação um contributo para a construção da sua espessura ôntica, onde se consubstancia simultaneamente a sua temporalidade e a sua valia atemporal.

Os suportes da escrita e da imagem, sejam eles pétreos, animais ou vegetais, ofereceram--se generosamente ao homem, para que neles descarregasse as suas vivências, as suas relexões e emoções, as suas pequenas ou maiores expressões artísticas, constituindo-se, por isso, a heurística e estudos subsequentes como tarefas fundamentais.

Nos museus, a valência arquivística não é, de todo, a predominante. Todavia, porque o valor de um museu se encontra em todas as peças que possui, as colecções dos objectos gráicos não podem mais icar na adjacência da museologia.

Para além das colecções que integram o acervo do Museu de Grão Vasco e que têm sido divulgadas ao longo da sua existência, uma outra mereceu, pela nossa parte, uma particular atenção, pela importância da sua valia como testemunho, pela urgência da sua inventariação deinitiva e conservação: o núcleo documental, que alguém, com critérios bem deinidos, entendeu dever guardar neste museu, contribui genericamente para a ixação da identidade colectiva da comunidade eclesiástica e civil de Viseu, da nacional, da ibérica e mesmo da europeia de Quinhentos.

O investigador Anísio Miguel de Sousa Saraiva, autor de um reconhecido trabalho no domínio da história das elites eclesiásticas e da edição de fontes medievais, conirmou o contexto em que se robusteceu o projecto de uma exposição sobre o conteúdo do Arquivo do Museu de Grão Vasco. Garantiu-se o rigor da investigação e o mais completo enquadramento histórico, aos quais se agregou o substantivo conhecimento de Maria do Rosário Barbosa Morujão, especialista em Paleograia e Diplomática.

O trajecto da investigação pelo arquivo deste museu, constituído por um acervo documental que vai de 1230 aos inícios do século XX, revelou valores cuja importância não devia permanecer mais na sombra das suas estantes. No entanto, o espírito realista

Inicial L decorada com o brasão de armas e as iniciais do bispo D. Miguel de Castro I.Antifonário do século XVI (AMGV / LIV / 14, l. 16)

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teve em conta o corredor temporal em que se movimentavam a investigação e o projecto da exposição, e ixou as balizas entre aquele ano (data do documento mais antigo) e 1639, momento que antecede o restabelecimento da monarquia nacional e que marca o início de um longo período de trinta e um anos de sede vacante, evidentemente entrosado na turbulência e transição políticas.

O arquivo em apreço incorpora essencialmente documentos e livros (em pergaminho e papel), onde se sublinha a crescente importância da sociedade de Viseu na transição da Idade Média para a Época Moderna e se inscrevem nomes de grada importância no contexto nacional, ibérico e europeu. No total, contabilizam-se 90 pergaminhos, cerca de 1200 documentos avulsos, 17 livros manuscritos, 2 fragmentos e 4 selos em cera.

Entre os pergaminhos pontuam os documentos apostólicos e, nestes, a bula Hodie venerabile fratrem de Júlio II, inicialmente validada com o seu selo de chumbo, na qual se conirma ao cabido da Sé de Viseu D. Diogo Ortiz de Vilhegas como bispo da diocese, após a morte de D. Fernando Gonçalves de Miranda, prelado a que icou ligada a encomenda do retábulo-mor da Sé (1501-1506), pintado por Vasco Fernandes, em parceria com o neerlandês Francisco Henriques.

A documentação régia enquadra-se nos reinados de D. Dinis, D. João I, D. Afonso V, D. Manuel, D. João III, D. Filipe I e D. Filipe II. O excerto do processo de oposição à eleição de D. Mateus para bispo de Viseu, de 1256-1258; a carta de apoio do concelho de Viseu a D. Dinis (1320), no contexto da guerra civil com o infante D. Afonso; a doação feita pelos avós de Pedro Álvares Cabral, vizinhos da cidade, de umas casas ao cabido da Sé; o legado das rendas da feira à Catedral pelo infante D. Henrique, em 1460; o primeiro livro de visitações da Sé (1571-1620); dois dos três primeiros livros conhecidos das actas capitulares (1571-1623) são outros tantos entre os documentos cuja importância é inquestionável.

Vasto é o conjunto epistolar de D. Miguel da Silva, constituído por 30 cartas-missivas circunscritas ao período que medeia entre 1526 e 1541. Poderemos ainda referir uma carta do beato D. Frei Bartolomeu dos Mártires (1573), arcebispo de Braga e um dos insignes participantes no Concílio de Trento.

Consistente é igualmente a colecção dos livros manuscritos, a qual abrange diferentes tipologias, desde o Livro Litúrgico, onde pontuam dois interessantes antifonários encomendados por D. Miguel de Castro a João de Escalante (1583-1585), ao Livro de Registo (Visitações, Acórdãos) ou ainda ao Livro de Natureza Económica (Férias e Resíduos, Recebimento dos Prazos, Livro da Tulha).

Como testemunhos de outros manuscritos, entretanto destruídos, restaram dois fragmentos, um deles pertencente a uma cópia ducentista do prólogo do Livro 1 das Historiae Adversus Paganos de Paulo Orósio, conhecido discípulo de Santo Agostinho.

Como memória dos sistemas de validação, conservam-se quatro selos, em cera, e a matriz sigilar de D. Diogo Ortiz de Vilhegas. É peça única, dado o carácter de efemeridade que lhe era inerente, vigorando apenas em vida do prelado, cuja documentação validava.

Tendo a documentação como mote, explorou-se igualmente, na exposição Monumentos de Escrita: 400 Anos da História da Sé e da Cidade de Viseu, 1230-1639, o processo riquíssimo que pressupõe um acto de escrita, desde os instrumentos aos materiais, desde as formas gráicas aos meios incorporados no documento para garantir a sua iabilidade, a sua validação.

intRoduçãoSe queres ler historia antiga e pura,Ou se à moderna, ou prosa hes inclinado,Se a verso heroico grave, delicado,Aqui tudo acharás n’esta escriptura.(…)Leis, reformações, foros, costumes,Altas sentenças, delicados ditos,De perolas e de ouro mil bocados,

Aquí acharás, com rusticos perfumes.Semelhando-se nisto meus escriptosCom a terra, e lavrador, que os desejados

Doces fructos sazonados.Lavra com arado vil, minha pennaViseu, este bom fructo darte ordena.

Manuel Ribeiro Botelho, Diálogos moraes e politicos: fundação da cidade de Viseu (1630)

O Arquivo do Museu de Grão Vasco (AMGV) tem à sua guarda um extenso acervo documental, composto por 90 pergaminhos, cerca de 1200 documentos avulsos, 17 livros manuscritos, dois fragmentos e quatro selos avulsos, que abrangem um período cronológico de 700 anos, entre os inícios dos séculos XIII e XX. São na sua maioria provenientes do antigo cartório do cabido da Sé de Viseu, à excepção da documentação posterior à República, que procede do período de instituição do museu e de criação das suas colecções.

Este espólio arquivístico foi alvo, recentemente, de um criterioso processo por nós encetado de inventariação, acomodação e catalogação de todos os seus documentos e livros (à excepção dos documentos avulsos, ainda só parcialmente tratados), de que resultou a edição de um catálogo digital, pensado de modo a adequar a informação às exigências do nosso tempo e em satisfazer as necessidades dos investigadores, permitindo-lhes o acesso imediato ao documento, preservando ao mesmo tempo o acervo do inevitável desgaste causado pela consulta1.

Cientes do inestimável valor histórico, cultural e cientíico deste património escrito para a história de Viseu e da região beirã, considerámos imperioso dá-lo a conhecer ao público, através da apresentação à direcção do Museu que o alberga de um projecto expositivo que denominámos de Monumentos de Escrita, alicerçado em soluções museográicas diferentes e inovadoras, e circunscrito à história da Sé e da cidade de Viseu, entre os séculos XIII e XVII, mais concretamente entre 1230 (data do documento mais antigo do arquivo) e 1639, ano que correspondeu ao início do primeiro grande período de Sé Vacante que a cidade e a diocese de Viseu conheceram (1639-1670), e que constituiu um importante momento de viragem na história eclesiástica e política viseense ditado pelo inal do domínio ilipino e pela restauração da independência de Portugal.

1 Catálogo do Arquivo do Museu de Grão Vasco: I. Coord. cientíica e técnica Anísio Miguel de Sousa Saraiva,

consultora cientíica Maria do Rosário Barbosa Morujão. Viseu: IMC/Museu de Grão Vasco, 2007 (DVD).

ana paula abRantesdiReCtoRa do Museu de gRão vasCo

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Aceite o desaio, deinido o objecto e a cronologia de trabalho, desenvolvemos dois programas narrativos, distribuídos por dois núcleos distintos, mas complementares. No primeiro, dedicado ao tema A Memória da Escrita, procurámos explicar, de forma abreviada mas rigorosa, como a escrita e os escritos evoluíram ao longo deste período cronológico, recorrendo à exibição de objectos de um scriptorium e a tecnologia

multimédia, convidando o público a interagir com os conteúdos apresentados em quatro unidades temáticas, a saber: os materiais de escrita (o pergaminho, o papel, os instrumentos e as tintas); as formas gráicas (desde as escritas góticas às humanísticas e modernas); os documentos e os livros (abordando diferentes tipologias documentais e ainda os fragmentos que testemunham livros desaparecidos); inalizando com os processos de validação (onde se incluem as cartas partidas, os selos pendentes e de chapa, os sinais de tabeliães e de notários apostólicos e as assinaturas).

No segundo núcleo expositivo, intitulado A Escrita da Memória, pretendemos ilustrar, através de uma cuidada selecção de documentos, livros e selos do AMGV, a história da Sé e da cidade de Viseu, desde a Idade Média até à Época Moderna, repartindo-a em dois momentos, denominados “Uma Identidade em Construção (1230-1500)” e “O Império e a Contra-Reforma (1500-1639)”. Aqui promovendo-se uma outra experiência, a da leitura das peças gráicas em conjunto com algumas peças seleccionadas nas colecções do Museu de Grão Vasco ou do Museu de Arte Sacra da Sé, neste caso com o famoso Evangeliário medieval, cujo conteúdo se apresenta pela primeira vez ao público, em forma virtual.

A narrativa proposta neste núcleo procurou explorar diversos aspectos, como o governo e a deinição do território diocesano, a evolução do espaço arquitectónico da catedral, a hierarquia e a organização funcional do cabido. Demos também especial relevo à ligação dos monarcas à Sé e ao papel preponderante que alguns dos prelados tiveram durante o período medieval, que foi igualmente de airmação para o concelho de Viseu e de renovação para a cidade, tendo para isso sido determinante o apoio da dinastia de Avis, materializado, por exemplo, na presença da corte na cidade, na autorização para a construção da muralha e na dinamização da feira pelo infante D. Henrique, primeiro duque de Viseu. O período áureo de Quinhentos e dos inícios de Seiscentos recebeu igual atenção, mostrando-se a forte inluência da Coroa no governo da diocese, marcado por nomes como os dos bispos D. Diogo Ortiz de Vilhegas e D. Miguel da Silva ou D. Jorge de Ataíde e D. João Manuel, que deixaram de forma ímpar o rasto do Renascimento e da Reforma Católica, não só na diocese e no cabido, mas também na cidade, que neste período atingiu o seu auge.

1. a memória da escrita

Todos vós que tendes sede, vinde à nascente das águas.

(Isaías, 55, 1)

Aceitemos o convite do profeta Isaías para nos aproximarmos, não da nascente da Fé (como seria a intenção do apelo bíblico), mas das fontes que constituem os documentos e os livros do Arquivo do Museu de Grão Vasco, e nelas bebermos a água que nos permitirá chegar à memória do passado de que são guardiãs.

É esta, antes de mais, a memória da própria escrita. A memória de como se escrevia entre os séculos XIII e XVII; das formas que as letras latinas assumiram ao longo desses quatro séculos; dos documentos e livros feitos nesses tempos; dos modos

como a sua autenticidade foi garantida.

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anísio Miguel de sousa saRaivacoordenador CientífiCo

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“Note-se que para escrever são necessárias, pelo menos, três coisas: pergaminho, pena e tinta. O pergaminho são as mãos de Cristo, a pena o cravo, a tinta o sangue”1. Nesta passagem de um dos seus sermões, Santo António refere três elementos essenciais do acto de escrever: os materiais-suporte, de que indica o pergaminho, o mais usado no século XIII em que viveu; os instrumentos, destacando o que era então o principal, a pena; e a tinta, o luido que dá vida à escrita. Esta é a trindade indispensável para, em qualquer tempo e lugar, se poder concretizar o acto de escrever.

O Pergaminho constituiu o suporte por excelência de livros e documentos durante toda a Idade Média. Resistente e com uma

impressionante capacidade de subsistir, inalterado, ao longo dos séculos, é feito da pele de animais (na sua maioria ovinos e caprinos) tratada de forma especial, de modo a dar origem a um material

extraordinariamente adaptado à escrita.

“Sabeis como procede o copista. Primeiro, começa por limpar a gordura do pergaminho com um raspador para retirar as maiores impurezas; depois,

1.1.

1 Santo António, Sermões, II, 932; citado in Santo António em Santa Cruz. Códices do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra no tempo de Santo António. Roteiro da exposição. Porto: BPMP, 1995, p. 21. De forma a não sobrecarregar a leitura, optámos por introduzir apenas as notas necessárias para abonar as citações referidas no texto. Na bibliograia inal, apresentamos o elenco exaustivo das obras utilizadas no desenvolvimento de cada assunto.

2 Hildeberto de Lavardin, início do século XII, citado por PERNOUD, Régine - La plume et le parchemin. Paris: Denöel, 1983, p. 76.

3 Encyclopédie, s.v. “Papier”.

Fig. 1Xilogravura do verso do frontispício da obra de D. Diogo Ortiz de Vilhegas, Cathecismo pequeno… (1504)Viseu, Biblioteca Municipal D. Miguel da Silva.

Fig. 2Pergaminheiro entregando

pergaminhos a um monge (século XIII)Copenhagen, Royal Library.

Ms. 4, 2o l. 183v; in DE HAMEL, Christopher – Medieval Craftsmen…, p. 13.

Disponível em WWW: www.ceu.hu/medstud/manual/MMMit/

os materiais da escrita

com a pedra-pomes, faz desaparecer completamente os pêlos e os ligamentos”2.

Desta forma se descreviam, no início do século XII, os procedimentos necessários para o fabrico deste material. Completando essas indicações, diga-se que a pele, depois de lavada, era depilada através de vários processos, um dos mais comuns consistindo num banho de cal. Voltava então a ser molhada, limpavam-se muito bem, com um raspador, todos os pêlos e impurezas que subsistissem, e esticava- -se a pele em bastidores, onde secava sob tensão. Finalmente, podia ser polvilhada com cal para a tinta aderir melhor e polida com pedra-pomes, de modo a que a sua superfície icasse macia.

A partir do século XV, o pergaminho perde a primazia face à crescente utilização do Papel, “maravilhosa invenção, que é de um tão grande uso na vida, que ixa a memória dos feitos, & imortaliza os homens”3, criado na China há cerca de 2000 anos e introduzido no Ocidente pelos árabes. O mais antigo testemunho europeu da utilização deste suporte de escrita data do século XI, da Península Ibérica, e daí em diante as notícias sobre o seu uso e fabrico vão sendo cada vez mais frequentes. Mais barato e fácil de

produzir do que o pergaminho, foi eleito pela imprensa como suporte preferencial, estatuto que conservou desde os inais de Quatrocentos aos nossos dias.

Até ao século XIX, produzia-se papel a partir de trapos lavados, deixados a apodrecer durante semanas e depois desfeitos, com a ajuda de maços. A polpa obtida era então mergulhada em

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água e moldada em formas próprias, prensada, banhada em cola e estendida a secar, conforme ilustram as gravuras da Encyclopédie de Diderot e D’Alembert4 .

Conhecemos os diversos Instrumentos

usados pelos escribas graças, essencialmente, à sua representação em imagens mostrando copistas a trabalhar ou em composições estilizadas que serviam de frontispício a manuais de caligraia.

Esquadro, régua, compasso e estilete tinham como função marcar as margens e as linhas das folhas. O canivete ou a faca eram essenciais para aparar as penas e raspar a pele quando se cometia um erro, assim como para ajudar a manter imóvel o pergaminho, já que por norma o escriba trabalhava num plano inclinado, sem apoiar o braço.

De entre os outros utensílios representados, expliquemos ainda a presença do io, que servia para coser os cadernos dos livros ou para remendar pequenos rasgões das peles,

Fig. 3Parte do processo de fabrico do papelEncyclopédie, ou Dictionnaire Raisonné des Sciences…, s. v. «Papeterie», Planche X.

Fig. 4Os utensílios do copista (1530)Giovannantonio Tagliente, La vera arte delo excellente scrivere...,1530; in GUMBERT, J. P., 1998.Disponível em WWW: www.palaeographia.org/outils/outils.htm

a. Esquadro b. Réguac. Frasco com tintad. Ampulheta e. Frasco de vernicef. Tesoura g. Penah. Canivetei. Lamparinaj. Velal. Compassom. Fion. Tinteiro com pena

Fig. 5Preparação de tintas de corLondon, British Library. Royal 6 E. VI, l. 329; in ALEXANDER, Jonathan – Medieval Illuminators…, 1992, p. 40.Disponível em WWW: www.ceu.hu/medstud/manual/MMMit/

e do frasco de vernice, que não era verniz, como a palavra pode levar a crer, mas sim, segundo parece, um pó feito com cascas de ovos esmagadas e incenso, cujo efeito era semelhante ao da pedra-pomes sobre a superfície do pergaminho, preparando-o para receber a tinta.

Os instrumentos fundamentais eram, naturalmente, aqueles que serviam para desenhar os caracteres. Durante a Antiguidade e os tempos mais recuados da Idade Média, utilizou-se sobretudo o cálamo, caneta feita de cana ina e oca, talhada na extremidade para com ela se poder escrever. A partir do século IV d.C., porém, começou a preferir-se a pena de ave, que rapidamente se transformou no principal instrumento gráico, usado em todo o mundo ocidental até à invenção, já na Época Contemporânea, dos aparos de metal. Podiam ser usadas as penas de diversas aves, mas as melhores eram as de ganso, e em especial as das asas. A parte mais importante da sua preparação

consistia no talhe do bico, pois a largura da ponta, o biselado do corte e a sua inclinação determinavam a grossura dos

traços.

Existiam diversos tipos de tintas, usados para ins diferenciados. De uma maneira geral, distinguem-se as Tintas de Cor e as

Tintas Negras. As primeiras destinavam--se à decoração dos manuscritos e às letras iniciais e eram obtidas através da

adição de corantes, de origem mineral ou orgânica. Nas iluminuras usava-se também a folha de ouro, aplicada sobre o pergaminho segundo técnicas que exigiam um minucioso trabalho especializado da parte dos iluminadores.

Com as tintas negras, cujo tom, na verdade, variava entre o castanho amarelado e o preto, escreviam-se os textos, tanto dos livros como dos documentos. Eram, na maioria dos casos, tintas metalo-gálicas, denominação que desde logo nos indica

os dois principais elementos que as compunham: um sal metálico e o ácido gálico, obtido a partir das nozes de galha.

Para conhecermos a forma como estas tintas eram feitas, atentemos nas instruções da mais antiga receita portuguesa que chegou até nós, datada do século XV: “Toma de galhas I onça e quebranta as meudas e lança as a ferver em hũua libra

d’auga terçada de vinagre branco e fervam

tamto que mingue as II partes e lança lhe meia onça de goma e toma de azeche IIIIº onças muudo e peneirado e lança lho dentro e mexe com huum paao e folge assy huua noite e huum dia e sera muito booa”5. Os procedimentos básicos aqui indicados são válidos para a generalidade das receitas conhecidas, apesar de se poderem registar variantes, tanto na forma de elaboração como no tempo que a tinta demorava a icar pronta.

As galhas ou bugalhos são excrescências formadas nas folhas ou ramos de certas espécies de carvalhos, como reacção à picada de um insecto que assim aí deposita os seus ovos. São muito ricas em taninos

(sobretudo quando apanhadas antes da saída dos insectos entretanto nascidos), e é delas que se extrai o ácido gálico. As mais

conhecidas provinham de Alepo, na Síria, e da Turquia, e davam origem a tintas de óptima qualidade.

Uma vez moídos, os bugalhos eram fervidos ou deixados a macerar imersos

num líquido. A receita apresentada refere a água terçada de vinagre, mas era também muito frequente o uso de

vinho branco ou de vinagre. A sua acidez ajudava às reacções químicas necessárias para a feitura da tinta.

Ao líquido obtido era adicionado um sal

metálico, em geral sulfato de cobre ou de ferro, conhecidos como vitríolo azul e verde, respectivamente, e denominados azeche ou caparrosa na linguagem das receitas portuguesas antigas. O sal metálico, reagindo com os taninos, dava lugar a um complexo negro, ao qual se acrescentava ainda goma-arábica, designação dada à seiva de certas acácias originárias do Sudão, exportada através dos portos árabes. Esta goma, utilizada ainda hoje para fazer cola, servia como ligante da tinta, mantendo-a homogénea.

5 SANTOS, Maria José Azevedo - Da visigótica à carolina. A escrita em Portugal de 882 a 1172. Lisboa: FCT/JNICT, 1994, p. 303.

4 Gravuras disponíveis na edição electrónica (portail.atilf.fr/encyclopedie) da Encyclopédie, ou Diction-naire Raisonné des Sciences, des Arts et des Métiers.

Fig. 6Nozes de galha.

Fig. 7Sulfato de cobre.

Fig. 8Sulfato de ferro.

Fig. 9Goma-arábica.

a

c d e

bf

g

i

h

j

m

l

n

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20 21

Entre os séculos XIII e XVII, múltiplas formas gráicas coexistiram e se sucederam. Escritas documentais e librárias, traçadas com esmero ou ao correr da pena, para ins estéticos e religiosos ou por simples razões administrativas, que testemunham gostos e tendências próprios de cada época e os perpetuam em signos gráicos, mostrando uma evolução que passa pelas chamadas Escritas Góticas e Humanísticas, pelas Escritas Cortesã, Processada e Encadeada dos séculos XVI e XVII e pelas Escritas Modernas.

O termo Góticas designa as escritas

usadas desde o século XII ao XVI. Muitas

foram as variantes existentes, consoante as regiões, cronologias e inalidades a que se destinavam. Todas elas, porém, apresentavam uma série de aspectos comuns que permitem englobá-las sob a mesma designação genérica, e dos quais o mais conhecido é a alternância dos traços inos e grossos no desenho das letras, que

1.2.

se encostam umas às outras e se ligam entre si através de pequenos traços. As palavras, pelo contrário, costumam estar bem separadas, e utiliza-se com regularidade um vasto código de abreviaturas.

Uma distinção essencial no domínio das

escritas diz respeito à inalidade a que se destinam e que condiciona as suas próprias características, devendo-se diferenciar as graias utilizadas na elaboração dos livros e as usadas nos documentos avulsos.

Esta dicotomia é muito clara no caso das

góticas.

As Góticas Librárias eram caligraias traçadas com esmero, desenhando-se cada letra pausadamente e recorrendo-se com frequência à cor e à ornamentação das letras, sobretudo das iniciais. O seu aspecto variava, de acordo com a importância, a solenidade e as características dos livros

em que eram aplicadas.

Quanto às Góticas Cursivas, que constituem as graias documentais por excelência dos séculos XIII a XV, o próprio nome indica serem escritas rápidas, feitas ao correr da pena. Fruto da velocidade com que se escrevia, as letras ligavam-se umas às outras, as hastes e caudas ganhavam laços, e os sinais gerais de abreviatura podiam transformar-se em traços largos que envolviam os grafemas sobre os

quais eram aplicados. Daqui resultava uma mancha escrita bastante cerrada e de aspecto nem sempre harmonioso.

Contra as escritas góticas, difíceis de ler, reagiram os humanistas italianos do início do século XV. Conceberam, para as substituir, uma graia inspirada na que fora usada pelos monges copistas durante os séculos IX e X, muito legível, com letras claramente desenhadas e separadas umas das outras, recuperando para as maiúsculas as formas elegantes das

inscrições clássicas romanas.

Deste modo nasceu a Escrita Humanís-

tica Redonda, utilizada apenas por uma elite culta em documentos e livros

de grande luxo ou solenidade. Pouco

depois, surgiu a Humanística Cursiva ou

Itálica, facilmente reconhecível pela sua inclinação à direita; mais difundida do que a redonda, e frequente, por exemplo, na correspondência entre letrados, esteve na origem da escrita moderna usada entre os

séculos XVII e XIX e da letra itálica que

ainda hoje subsiste.

Assim se chega ao século XVI, que representa um momento de especial importância no campo da escrita, registando uma intensa difusão do seu

uso na sociedade europeia. O panorama gráico do Portugal de Quinhentos foi já descrito como “uma loresta, de pujança, variedade e complexidade ímpares”1, descrição que é igualmente válida para as primeiras décadas da centúria seguinte. De facto, as escritas destes séculos são

as foRMas gRáfiCas

muito diversiicadas, coexistindo graias cuidadas e letras traçadas a grande

velocidade, que demonstram quer a continuidade gótica, quer a inluência humanística, assim como a maior ou menor familiaridade de quem escreve

com este labor.

A chamada Escrita Cortesã deve a sua

designação às cortes régia e senhoriais onde se desenvolveu, entre meados do século XV e o século XVI. Resulta da

evolução da Gótica Cursiva, notando--se por vezes alguma inluência da Humanística, em especial no tocante às maiúsculas. As letras, arredondadas, possuem caudas e hastes de pequenas dimensões, e numerosos laços e traços de ligação estabelecem a união entre

diferentes grafemas.

As características que acabámos de

enunciar são partilhadas pela Escrita

Processada, que existiu numa cronologia

um pouco mais tardia, do inal do século XV ao século XVII. Esta graia, contudo, é muito mais cursiva e irregular, apresentando letras de formas quase irreconhecíveis, ora como que estendidas, ora praticamente reduzidas a pequenos traços separados. As ligações entre os grafemas ou os vários elementos que os

constituem, por seu turno, não obedecem obrigatoriamente à habitual sucessão dos traços. Não admira, pois, que Cervantes tenha dito a respeito da processada, pela boca de D. Quixote, “que não a entenderá Satanás”2.

1 NUNES, Eduardo Borges – Álbum de Paleograia Portuguesa. Lisboa: Faculdade de Letras, 1969, p. 12.

2 CERVANTES, Miguel – Dom Quixote de La Mancha, parte III, cap. 25, vol. 3, Lisboa: Ed. Expresso, 2005, p. 49.

Fig. 10Escrita Gótica Librária (Século XII)

Viseu, AMGV / FRAG / 01.

Fig. 11Escrita Gótica Cursiva (1287)

Viseu, AMGV / PERG / 12.

Fig.12Escrita Humanística Cursiva (1523)

Viseu, AMGV / DA / COR / 009.

Fig. 13Escrita Cortesã (1527)

Viseu, AMGV / DA / COR / 34.

Fig. 14Escrita Processada (1535)

Viseu, AMGV / DA / 008.

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22 23

3 NUNES, Eduardo Borges – Álbum de Paleograia..., p. 14.

A Escrita Encadeada, inalmente, resulta da prática, muito em voga nas últimas décadas do século XVI e nas primeiras do XVII, de escrever todas as letras de seguida, sem levantar a pena. Assim se obtinha um encadeado muito difícil de decifrar, formado por letras e palavras unidas por caprichosos nexos, ditados pela sucessão contínua dos traços.

Nos inais do século XVI, porém, já outras tendências gráicas começavam a airmar-se, dando origem a novas escritas que podemos designar, genericamente, como Escritas Modernas. Estas graias, mais fáceis de ler do que as anteriores, revelam a inluência uniformizadora dos manuais de caligraia, então muito difundidos através da imprensa. A escrita que ensinavam era inluenciada pela Humanística Cursiva na sua inclinação

para a direita e na depuração das letras, “uniformizadas, alinhadas, monótonas

e más de distinguir. Como soldados em

formatura” 3.

Podemos estabelecer uma distinção

entre escritas modernas Caligráicas

e Cursivas. As primeiras, claramente inclinadas à direita e com letras de desenho uniforme, tornaram-se as graias típicas das chancelarias régias seiscentistas. As segundas apresentam as mesmas características formais, distinguindo-se daquelas pela rapidez com que são traçadas e pelo menor esmero de execução.

Fig. 15Escrita Encadeada (1613)Viseu, AMGV / DA / 030.

Fig. 16Escrita Caligráica Moderna [1620]

Viseu, AMGV / DA / 033.

Fig. 17Escrita Cursiva Moderna (1632)

Viseu, AMGV / DA / 048.

1.3. os documentos e os livros

O acervo do Arquivo do Museu de Grão

Vasco é essencialmente composto por documentos e livros (em pergaminho e papel) que abarcam uma ampla cronologia e revelam uma assinalável multiplicidade tipológica.

No seu valioso espólio documental, encontramos actos de muitas proveniências e conteúdos diversiicados, testemunho da sua crescente importância numa sociedade que, na passagem da Idade Média para a Época Moderna, burocratiza os seus sistemas de organização e, em consequência, concede um valor cada vez maior à palavra escrita.

De entre estes Documentos, e circuns-crevendo-nos à cronologia que aqui nos convoca (dos séculos XIII a XVII), merece desde logo destaque a documentação

papal, representada por uma Bula do

início do século XVI. Esta é a designação

atribuída aos actos pontifícios selados

com um selo de chumbo que, em latim, se chama bulla. Escritas em pergaminho, as bulas iniciam-se sempre pela intitulação do papa (neste caso, Julius servus servorum

Dei), seguida pelo nome do destinatário

(o cabido da Sé de Viseu) e por uma sauda-ção ou fórmula de perpetuidade. Inicia-se depois o texto, cujas primeiras palavras passam a constituir o nome do próprio documento, pelo que a bula apresentada se denomina Hodie venerabilem fratrem.

No inal surge a data, expressa por vários elementos cronológicos sem indicar a Era

cristã, mas apenas o ano do pontiicado do papa outorgante.

Uma outra categoria é constituída pelas Cartas Régias, documentos emanados pelos reis escritos sobre pergaminho, que começam com a intitulação completa do monarca, a qual variou ao longo do tempo, de acordo com as circunstâncias da geograia política portuguesa.

Fig. 18Bula do papa Júlio II (1505)

Viseu, AMGV / PERG / 57.

Fig. 19Carta do rei D. João I (1386)Viseu, AMGV / PERG / 35.

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24 25

As Cartas dos Bispos formam um outro

tipo documental de grande importância, que inclui documentos de cariz variado emanados dos prelados de Viseu. Tratam de assuntos diversos relacionados com o

governo da diocese, como a composição do cabido da catedral, a conirmação de clérigos nomeados para determinados cargos ou sentenças e acordos do foro

eclesiástico, mas também podiam dizer respeito à administração do património da mitra. Normalmente eram escritas por clérigos ao serviço da chancelaria episcopal e autenticadas com o selo dos bispos, as quais, a partir do século XV, quase sempre as assinavam também.

No desempenho da sua missão, os prelados contavam com o auxílio do cabido (do latim capitulum), formado

por um conjunto de cónegos que, enquanto entidade colectiva detentora de

personalidade jurídica, podia outorgar os seus próprios diplomas. Boa parte dos Documentos do Cabido é constituída por prazos, ou seja, contratos de arrendamento através dos quais os cónegos entregavam

os bens capitulares em exploração, sendo também frequentes as apresentações de clérigos para cargos dependentes da escolha do cabido e as procurações que nomeavam os representantes deste em assuntos de natureza variada. Eram, em geral, autenticados com o selo da instituição capitular e, a partir da Época Moderna, passaram a receber as assinaturas dos cónegos presentes aquando da sua elaboração.

Além dos actos pontifícios, régios, episcopais e capitulares, destacamos ainda os Documentos do Concelho.

Por seu intermédio, o município de Viseu consignava por escrito decisões concelhias, sentenças proferidas pelos seus juízes ou assuntos ligados à administração da urbe e do seu termo. Para os elaborar, os oiciais da cidade recorriam por via de regra aos tabeliães, proissionais da escrita encarregados da elaboração de diplomas de valor publicamente reconhecido.

Devemos inalmente assinalar um vasto número de Documentos Particulares, dado que todas as pessoas, fossem elas de estatuto social elevado ou humilde, necessitavam de recorrer à escrita, sobretudo à medida que, com o correr dos séculos, se impunha cada vez mais a obrigatoriedade de comprovar negócios e actos através de documentos. Não sabendo, na sua larga maioria, dominar a técnica da escrita, os particulares viam-se obrigados a contratar o serviço dos tabeliães públicos para obter textos do mais variado teor, nomeadamente testamentos, doações e contratos de compra e venda.

Um lugar à parte é devido à Correspon-

dência, por se tratar de uma categoria

documental que conheceu, por toda a Europa, um extraordinário incremento ao longo do século XVI. A sua importância em Portugal durante essa centúria é bem

ilustrada pela riquíssima série de 90 cartas-missivas, tendo como principal destinatário o cabido da Sé de Viseu. De

entre todas, merecem especial menção, tanto pelo seu número como pela qualidade das informações que contêm, as missivas remetidas aos cónegos pelos seus procuradores em Roma e pelo bispo

Depois da conquista deinitiva do Algarve, D. Afonso III começou a intitular-se rei

de Portugal e do Algarve, designação à qual D. João I acrescentou senhor

de Ceuta, após a tomada desta cidade. D. Afonso V associou à nova formulação o nome das novas praças do Norte de África que colocou sob o seu domínio. Com a

deinição das máximas fronteiras do Impé-rio português, no tempo de D. Manuel I, a intitulação régia passou a ser: rei de

Portugal e do Algarve, daquém e dalém

mar em África, senhor da Guiné e da

conquista, comércio e navegação da

Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia. Estas

cartas eram seladas com o selo pendente dos monarcas e podiam também receber a sua assinatura, ou a de oiciais da sua chancelaria.

Fig. 20Carta do bispo D. João Vicente (1454)Viseu, AMGV / PERG / 49.

Fig. 21Documento do cabido da Sé de Viseu (1544)Viseu, AMGV / PERG / 62.

Fig. 23Documento particular (1308)Viseu, AMGV / PERG / 18.

Fig. 22Documento do concelho de Viseu (1320)Viseu, AMGV / PERG / 22.

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26 27

pergaminho aproveitado para outros ins, como a encadernação de novos livros.

Por esta via, muitos vestígios dessas obras lograram sobreviver, sob a forma de fragmentos, a partir dos quais é possível, num trabalho longo e paciente, identiicar códices perdidos.

1 AMGV / LIV / 09, l. 7v.

D. Miguel da Silva, entre 1526 e 1541. Estas cartas eram escritas em papel e dobradas de modo a esconder o seu conteúdo, sendo o endereço aposto no verso e a sua inviolabilidade garantida através de selos, que as mantinham fechadas até serem abertas pelos destinatários.

No que diz respeito aos Livros, distinguimos neste Arquivo três espécies de manuscritos: os Livros Litúrgicos, os Livros de Registo e os Livros de Natureza Económica.

Sendo o cristianismo uma religião do

Livro, ou seja, assentando a sua fé na Palavra de Deus passada a escrito, os Livros Litúrgicos desempenharam desde sempre um papel fundamental, devendo os templos – e entre eles, em especial, as catedrais – possuir todos aqueles considerados necessários para os ofícios divinos. A esta categoria pertencem os dois belos Antifonários encomendados pelo

bispo D. Miguel de Castro (1578-1586) e executados, entre 1583 e 1585, pelo Mestre João de Escalante, que marcou o seu labor em diversas letras ornamentadas. Estes

livros de canto contêm o intróito e demais antífonas cantadas nas missas, sendo geralmente de grandes dimensões, de modo a permitir que os clérigos seguissem o seu conteúdo a partir dos lugares que ocupavam no coro da igreja.

Os Livros de Registo só se tornaram usuais

a partir dos inais da Idade Média, devido à necessidade crescente de conservar por escrito informações úteis para o bom governo da Sé Catedral. De entre este tipo de manuscritos, merecem especial menção o mais antigo Livro das Visitações da Sé de Viseu que chegou ao presente e dois Livros

dos Acórdãos do Cabido que são também

os primeiros conhecidos. Naquele icaram guardadas as anotações e determinações resultantes das visitas que os prelados efectuaram à catedral entre 1487 e 1620,

inteirando-se do estado das suas capelas e altares, das suas necessidades a nível material e espiritual, dos problemas veriicados na organização do espaço litúrgico que, não raro, resultaram na realização de obras no templo. Igualmente importantes são os Livros dos Acórdãos, onde se conservam as actas das reuniões do cabido dos anos de 1571-1607 e

1608-1623, passadas a escrito na sequência das determinações do Concílio de Trento e das directrizes do bispo D. Jorge de Ataíde que, em Fevereiro de 1571, ordenou a elaboração de um livro numerado onde o

escrivão do cabido registasse as decisões tomadas nessas assembleias (AMGV / LIV /

09, l. 7v.).

Os Livros de Natureza Económica

são todos da Época Moderna e contêm informações sobre receitas, despesas e pagamentos referentes à Sé e aos seus cónegos. Escritos, por via de regra, sem esmero, com letras cursivas nem sempre

fáceis de decifrar, constituem, contudo, fontes de grande importância no domínio da história económica. Assim é o caso de dois Livros das Férias e Resíduos, onde foram inscritos os pagamentos feitos às dignidades, cónegos e restantes beneiciados do cabido de Viseu; de três Livros do Recebimento dos Prazos, que registam a receita conseguida por este através desses contratos; ou de um Livro

da Tulha, com a indicação da receita do centeio, milho e trigo da tulha capitular.

Para além destes manuscritos, restam-nos Fragmentos de outros. Na verdade, os livros que chegaram até nós constituem somente uma pequena parte dos que terão existido: foram inúmeros os que desapareceram, por razões que se prendem não apenas com as circunstâncias próprias do passar dos tempos, mas também com a acção voluntária dos homens. Uma vez tornados inúteis, numerosos manuscritos foram desmembrados e o seu

Fig. 24Carta do bispo D. Miguel da Silva (1531)Viseu, AMGV / DA / COR / 051.

Fig. 25Antifonário [1583-1585]Viseu, AMGV / LIV / 14, l. 121v.

Fig. 26Livro das Visitações da Sé de Viseu

[1571-1620]Viseu, AMGV / LIV / 09, ls. 7v-8.

Fig. 27Livro das Férias e Resíduos do

Cabido da Sé de Viseu [1523-1524]Viseu, AMGV / LIV / 06.

Fig. 28Fragmento das Historiae Adversus Paganos / Paulo Orósio [Século XIII]Viseu, AMGV / FRAG / 01 (frente).

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28 29

1.4. os pRoCessos de validação

Os meios utilizados para validar os do-cumentos e garantir, desse modo, a sua autenticidade variaram ao longo dos

séculos, de acordo com as exigências que cada época colocou a esse respeito. Contam-se entre os principais processos usados do século XIII ao XVII as Cartas

Partidas, os Selos Pendentes e de Chapa, os Sinais de Tabeliães e Notários Apostólicos e as Assinaturas.

A designação de Cartas Partidas, ou

Cartas Partidas por ABC, aplica-se a documentos de que eram lavrados dois ou

mais originais num mesmo pergaminho, separados depois por um corte que dividia ao meio uma legenda, vulgarmente composta pelas letras do alfabeto; quando as várias partes se uniam, os cortes encaixavam e podia-se ler a legenda na íntegra. Este processo de validação, designado por quirograia, foi usado em especial durante os séculos XII e XIII,

para lavrar actos escritos de que as várias partes envolvidas tinham interesse em possuir um original.

As cartas partidas podiam receber outros meios de autenticação, nomeadamente Selos Pendentes, que constituíram o modo de validação por excelência da Idade Média. Os formatos dos selos

podiam variar, sendo os mais comuns os redondos e em forma de dupla ogiva. Eram geralmente feitos de cera; apenas os soberanos e os papas utilizaram o metal, em especial o chumbo. Suspendiam-se dos pergaminhos por liames de materiais variados (tiras de couro ou pergaminho, itas e cordões de cânhamo ou seda), passados por incisões abertas na margem inferior dos documentos, esta quase sempre dobrada para se tornar mais resistente.

A importância dos selos pendentes começou a diminuir no século XIV, devido, por um lado, a uma demasiada vulgarização que lhes retirava valor probatório e, por outro, à difusão das assinaturas como forma de validação. A

utilização crescente do papel apressou essa decadência, visto que o novo suporte não aguentava o peso destes selos. No entanto, o seu uso não foi completamente posto de lado, antes se manteve até ao presente para garantir a autenticidade de certos diplomas e actos solenes.

Em lugar dos selos pendentes, passaram a ser utilizados, preferencialmente a partir do século XV e sobremaneira nos documentos em papel, os chamados

Selos de Chapa. Antepassados directos dos actuais selos brancos, estes selos eram impressos sobre um pedaço de papel, por vezes artisticamente recortado, que se colocava em cima de um pouco de cera, lacre ou massa de farinha aposto directamente no documento. Devido à sua fragilidade, um grande número de selos de chapa desapareceu, o que torna ainda mais valiosos os espécimes que chegaram aos nossos dias.

Muito comuns, como formas de validação, foram também, tanto na Idade Média como na Época Moderna, os Sinais de

Tabeliães. Estes oiciais, antecessores dos actuais notários, eram, como já atrás referimos, proissionais da escrita com capacidade de conferir fé pública aos actos escritos que elaboravam. Instituídos

deinitivamente em Portugal durante o reinado de D. Afonso III, no século XIII,

os tabeliães tinham de prestar provas da sua capacidade para o exercício do cargo na chancelaria régia e aí registavam um sinal próprio, cuja aposição, por si só, garantia a autenticidade dos documentos.

O signum tabellionis, pessoal e intrans-missível, tinha geralmente como base elementos cruciformes e não podia ser modiicado sem autorização prévia.

Também os Notários Apostólicos, responsáveis pela elaboração de vários documentos da segunda metade do

século XVI e do século XVII, usavam sinais de validação próprios. Neles, além de elementos cruciformes, é comum a representação de chaves, atributo de autoridade e poder dos sucessores de S. Pedro, o que constituía um símbolo não só da jurisdição papal da qual estes notários dependiam, mas também uma forma de se distinguirem dos tabeliães públicos laicos.

Fig. 29Carta partida por ABC (1230)Viseu, AMGV / PERG / 01.

Fig. 30Selo pendente da cúria da Sé de Viseu (1386)

Viseu, AMGV / PERG / 36.

Fig. 31Selo de chapa do bispo D. Jorge de Ataíde (1571)Viseu, AMGV / DA / COR / 087.

Fig. 32Sinal do tabelião de Viseu Gonçalo Miguéis (1255)Viseu, AMGV / PERG / 02.

Fig. 33Sinal do notário apostólico Pedro Fernandes (1613)Viseu, AMGV / DA / 030.

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30 31

a familiaridade com a escrita, e até a cultura literária de quem sabe assinar o

seu nome.

Com a breve apresentação dos processos de validação presentes no acervo do Arquivo do Museu de Grão Vasco, concluímos a última etapa do percurso pela memória da escrita nele guardada. Uma memória que de modo algum aqui

se esgota; pelo contrário, apenas se começa a desvendar, convidando a novas incursões pelo passado gráico que estes pergaminhos, papéis e livros nos dão a conhecer.

1 SANTOS, Maria José Azevedo – Assina quem sabe e lê quem pode. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2004, p. 26.

m. r. b. m.

a. m. s. s.

A partir do século XVI, no entanto, a principal garantia de autenticidade dos actos escritos passou a ser, sem dúvida, a Assinatura. Existente desde a Antiguida-

de Clássica, mas preterido relativamente a outros durante o período medieval, este processo validatório conhece, durante a centúria de Quinhentos, uma extraordiná-ria difusão, comprovando a crescente difusão social da escrita que, como vimos, esse século conheceu. “Manifestação pessoal e criação do espírito”, mas também “resultado de condições económicas, sociais, culturais e técnicas”1, podemos acrescentar que a assinatura constitui

uma espécie de “retrato” de quem a traça, demonstrando a perícia caligráica,

Fig. 34Assinatura do bispo D. Miguel da Silva (1527)Viseu, AMGV / DA / COR / 034.

Fig. 35Assinatura do cónego Gaspar Barreiros (1573)Viseu, AMGV / LIV / 10, l. 25.

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STIENNON, Jacques – Paléographie du Moyen Âge. 2ª ed. Paris: Armand Colin, 1991.

1.1. os materiais de esCrita 1.2. as foRMas gRáfiCas

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1.3. os doCuMentos e os livRos 1.4. os pRoCessos de validação

2. a esCRita da MeMóRia

Porque é frágil a memória dos homens e para que, com o tempo,

não caiam no esquecimento os feitos dos mortais,

nasceu o remédio da escrita para que, por meio dele,

os factos passados se conservem como presentes para o futuro.

Quia labilis est hominum memoria ne laberentur cum tempore gesta

mortalium fuit scripture remedium ut per illud facta preterita

tanquam presencia in posterum servarentur.

Arenga de 1260 (Viseu, AMGV / PERG / 08)Tradução para português de Carlota Miranda Urbano

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a séo goverNo da dioCese

Nos inícios da centúria de Duzentos, a diocese de Viseu contava com meio século de autonomia eclesiástica e administrativa, após a restauração da cátedra episcopal, em 1147, que pôs im ao período de governação protagonizado por priores mandatados pela Sé de Coimbra, entre os quais se destacou S. Teotónio, padroeiro da Sé e da Cidade de Viseu.

Os nossos primeiros monarcas sancio-naram a renovada autoridade com doações, liberdades e privilégios, ao mesmo tempo que os bispos e o cabido viseenses

reconirmaram ou estabeleceram os seus direitos e jurisdições sobre as igrejas da diocese, mostrando um forte empenho na deinição e gestão da respectiva rede paroquial. Nesse sentido recorreram ao reordenamento escrito das competências jurisdicionais com os diferentes poderes instalados no território, como demonstra o documento mais antigo do AMGV, datado de 1230, em que o bispo D. Gil (1223-1248?) deine com a Ordem do Templo os direitos eclesiásticos sobre a igreja de Santiago de Trancoso (Doc. 1).

D. Gil foi um prelado do seu tempo, atento à consolidação da autoridade episcopal e interessado no domínio efectivo do território diocesano, em especial da região a nascente – política herdada do seu antecessor D. Bartolomeu (1214-1222†), que iniciou um longo e aceso conlito com o bispado de Idanha pela soberania das igrejas da Guarda, Jarmelo e Castelo Mendo, concluído somente no tempo de D. Pedro Gonçalves (1249-1253†), que em 1258 aceitou, em vez da Guarda, a jurisdição da área fronteiriça de Castelo Mendo (Doc. 2). Dois anos mais tarde, em 1260, foi a vez do bispo D. Mateus Martins (1254-1268) regulamentar os limites e os direitos eclesiásticos das nove paróquias de uma vila estrategicamente tão importante como Pinhel (Doc. 3).

A partir de então, deinidas com rigor as fronteiras do território e constituída a rede jurisdicional da Sé de Viseu, bispos e cabido concentram-se no governo da diocese: na apresentação e conirmação de abades e reitores, na autorização da permuta dos respectivos benefícios paroquiais (Doc. 4) e na gestão dos seus direitos eclesiásticos (Doc. 5).

a. m. s. s.

2.1. uMa identidade eM ConstRução (1230-1500)

Contra-selo do bispo D. Egas [1289-1313](AMGV / SA / 01)

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3O bispo D. Mateus delimita e deine os direitos eclesiásticos das nove paróquias de Pinhel, estabelecendo que as dízimas e os testamentos pertencerão às igrejas, enquanto a terça pontiical icará afecta à mesa do prelado de Viseu.1260, Junho, 2, PinhelPergaminho, 224 x 671 mm., latim, escrita gótica, inicial ornada, regragem com ponta seca.Sinal de João Martins, tabelião de Pinhel.Viseu, AMGV / PERG / 08Fotograia: Microil

A. M. S. S.

5Álvaro Peres, vigário-geral da Sé de Viseu, julga a reclamação do cabido ao direito de lutuosa da igreja de S. Martinho de Pindo (c. Penalva do Castelo).1386, Dezembro, 28, Viseu

Pergaminho, 214 x 491 mm., português, escrita gótica cursiva.Assinatura do escrivão Gil Afonso. Furos e suspensão, em ios castanhos amarelados, do selo da cúria da Sé de Viseu.Selo circular, 28 mm. Ø, em cera castanha assente sobre cocho de cera natural, 37 x 49 mm. O campo apresenta o busto de um bispo mitrado, representado a três quartos, dentro de uma estrutura de arquitectura gótica.Legenda: + S(igillum) : CURIE : ECCLESIE : VISENSIS.Viseu, AMGV / PERG / 36Fotograia: MGV, Anísio Miguel de Sousa Saraiva

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 266-267, doc. 24.VALE, A. de Lucena e – A catedral de Viseu. [Viseu]: Tip. da Beira Alta, 1945, p. 32-33 (reprodução do selo).

Bibliograia ComplementarMORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa – A Sé de Coimbra: a instituição e a chancelaria (1080-1318). Coimbra: FLUC, 2005, p. 773-776.

O selo que autentica esta sentença da audiência episcopal é o mais bem conservado de seis exemplares que ainda hoje se preservam da primeira matriz sigilar utilizada pela cúria da Sé de Viseu, cujo uso se regista pela primeira vez em 1331 (ADVIS, Pergaminhos, m. 28, n. 89). Esta matriz foi entretanto substituída por outras duas, a segunda delas amplamente usada pela cúria entre 1360 e 1372, ou seja, entre os últimos cinco anos do governo de D. João Martins (1349-1365†) e o episcopado do seu sucessor D. Gonçalo de Figueiredo (1365-1373†). A audiência viseense recuperou esta primeira matriz sigilográica a partir de 1376 (ADVIS, Pergaminhos, m. 50, n. 30), mantendo a sua utilização na centúria seguinte, pelo menos até 1456 (ADVIS, Pergaminhos, m. 19, n. 28).

A. M. S. S.

4Os fregueses da igreja de S. Vicente de Moreira pedem ao bispo D. Gonçalo a conirmação da permuta dos respectivos benefícios paroquiais entre os abades de S. Vicente de Moreira de Rei e de Santa Comba de Torre de Terrenho (fr., c. Trancoso).1326, Maio, 25, Moreira (no adro da igreja de Santa Marinha)

Pergaminho, 196 x 230 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de Lourenço Eanes, tabelião de Moreira.Viseu, AMGV / PERG / 23

Bibliograia EspecíicaJOAqUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 242, doc. 11.

A. M. S. S.

1O bispo D. Gil e o cabido de Viseu fazem acordo com a Ordem do Templo sobre os direitos eclesiásticos da igreja de Santiago de Trancoso.1230, Julho, 29

Pergaminho, 230 x 175 mm., latim, escrita gótica cursiva inicial.Partido na margem superior por A B C…, com dobra e furos de suspensão de dois selos, o primeiro de D. Gil, bispo de Viseu, que já não existe, e o segundo do Mestre da Ordem do Templo, de que resta um fragmento.Viseu, AMGV / PERG / 01Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 52.

A. M. S. S.

2Lourenço Eanes, arcediago de Viseu, julga um litígio entre os reitores das igrejas de S. Pedro de Castelo Mendo (fr., c. Almeida) e de Santo André de Telões (c. Almeida), sobre a distribuição das dízimas das igrejas do território de Castelo Mendo.1258, Agosto, 14-15 (na vigília da Assunção de Santa Maria), Pinhel

Pergaminho, 150 x 86 mm., latim, escrita gótica cursiva.Suspensão, em pergaminho, do selo do arcediago Lourenço Eanes, em cera castanha, de que resta um pequeno fragmento.Viseu, AMGV / PERG / 05Fotograia: Microil

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 52-54.

A. M. S. S.

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ACruz ProcessionalPortugalSéculo XV

Cobre e latão gravado52 x 41,5 cm.Viseu, Museu de Grão Vasco (inv. 806)Fotograia: DDF/IMC, Carlos Monteiro

Exposição PermanenteViseu, Museu de Grão Vasco, sala da Liturgia e Devoção, 2004-2007.

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de; BARROCA, Mário – Estilo Gótico. Ourivesaria: cruzes. In História da Arte em Portugal. O Gótico. Lisboa: Presença, 2002, p. 251-257.BARROCA, Mário – Arqueta-Relicário [26 e 27]. In Nos conins da Idade Média: arte portuguesa, séculos XII-XV. Lisboa: IPM, 1992, p. 115-116.COSTA, Avelino de Jesus da – A biblioteca e o tesouro da Sé de Braga nos séculos XV a XVIII. Theologica. 18/1-4 (1983) 1-364.COSTA, Avelino de Jesus da – A biblioteca e o tesouro da Sé de Coimbra nos séculos XI a XVI. Boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra. 38 (1983) 1-220.ESPAÑOL, Francesca – Los esmaltes de Limoges en España. In De Limoges a Silos. [Madrid]: Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior, [2001], p. 87-111.FRANCO, Anísio – Cruzes processionais dos séculos XI a XVI. In Inventário do Museu nacional de Arte Antiga. Colecção de metais: cruzes processionais, séculos XII-XVI. Lisboa: Instituto Português de Museus, 2003, p. 16-21.FRANÇOIS, Geneviève – Répertoire typologique des croix de l’oeuvre de Limoges, 1190-1215. Bulletin de la Société Archéologique et Historique du Limousin. 121 (1993) 83-90.GAUTHIER, Marie-Madeleine – Émaux limousins champlevés des XIIe, XIIIe et XIVe siècles. Paris: Paris Le Prat, 1950.GAUTHIER, Marie-Madeleine; FRANÇOIS, Gene-viève – Émaux Méridionaux. Catalogue International de l’Oeuvre de Limoges. Vol. I, L’Époque Romane. Paris: Éditions du CNRS, 1987.GOMES, Saul António – Livros e alfaias litúrgicas

do tesouro da Sé de Viseu em 1188. Humanitas. 54 (2002) 269-281.RODRIGUES, Jorge – A escultura românica: a ourivesaria. In História da Arte Portuguesa. Dir. Paulo Pereira. Vol. 1, Da Pré-História ao «Modo» Gótico. Lisboa: Círculo de Leitores, 1995, p. 321-323.ROSAS, Lúcia – Cruz Processional [148]. In nos conins da Idade Média: arte portuguesa, séculos XII-XV. Lisboa: IPM, 1992, p. 230-231.SANTOS, Ana Paula Figueira; SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa – O Património da Sé de Viseu: segundo um inventário de 1331. Revista Portuguesa de História. 32 (1997-1998) 95-148.SOALHEIRO, João – Arqueta-relicário [191 e 192]. In Cristo Fonte de Esperança. Porto: Diocese do Porto, 2000, p. 296-297.THOBY, Paul – Les croix limousines de la in du XIIe siècle au début du XIVe siècle. Paris: Éditions A. et J. Picard et Cie., 1953.

Cruz processional composta pela imagem de Cristo cruciicado soldada sobre uma cruz de cobre e latão com a haste e os braços rematados em forma de lor-de-lis. Os dois elementos – a cruz e a igura de Cristo – foram realizados pela mesma oicina, como demonstra a técnica do raiado utilizada para destacar as suas formas, empregue sobre as duas superfícies. Do ponto de vista formal, a imagem do Salvador está claramente ligada aos modelos de ourivesaria esmaltada em produção seriada, procedentes das oicinas de Limoges e exportados para toda a Europa desde o século XII. Neste caso, trata-se de uma cópia tardia, que carece de alguns dos seus elementos mais característicos, como os esmaltes no perizonium, no suppedaneum ou na coroa, assim como de outros cabochões ou pérolas de esmalte champlevé, repetidos nos Cristos limusinos das épocas românica e gótica. Apenas as órbitas dos olhos, hoje vazias, estiveram preparadas para receber esmalte opaco, embora não saibamos se este chegou a ser aplicado.A inluência das oicinas limusinas foi especialmente importante na Península Ibérica, como testemunham os inventários de tesouros das catedrais e mosteiros ibéricos, onde se referem muitas alfaias litúrgicas procedentes de França. Isso mesmo se demonstra pela importante colecção de ornamenta sacra limu-sinas que ainda hoje se conserva, de que as duas arquetas-relicário do Tesouro da Sé de Viseu são um excelente exemplo. Importa ainda sublinhar que – do mesmo modo que ocorreu com outras peças seriadas, como os alabastros de Nottingham ou as Virgens de Trapani –, os esmaltes de Limoges tiveram uma notável inluência sobre artistas locais, que imitavam as obras importadas em manufacturas de produção local. Neste sentido, esta cruz processional de Viseu deve relacionar-se com a cruz processional da Sé de Coimbra, datada dos séculos XIII-XIV (Coimbra, Museu Nacional Machado de Castro, n. 6032) que, realizada por uma oicina conimbricense, também procurou inspiração nas peças francesas, reproduzindo os esquemas dos Cristos de Limoges, ainda que esteja igualmente desprovida de esmaltes.Esta peça apresenta-nos questões ainda mais inte-ressantes. A lâmina da cruz está decorada em toda a sua superfície, anverso e reverso, recorrendo a uma técnica de raiado descontínuo em ziguezague com

motivos vegetalistas e alguns rebites sobre a orla externa. Só apresenta iguração no anverso dos braços da cruz e na zona central do reverso. Na haste dos primeiros representa-se a igura de uma águia e, nos braços laterais, um grifo e um touro, enquanto no reverso, no cruzamento dos braços, se igurou o habitual Agnus Dei. Por conseguinte, esta cruz processional inscreve-se na tradição das peças de ourivesaria esmaltada habituais desde o século XII, tratando-se de um modelo intermédio, situado entre os exemplares mais modestos – decorados com os símbolos do Tetramorfo e o Agnus Dei – e os mais complexos, com maior potencial iconográico, onde podem aparecer a Virgem e S. João sobre os braços laterais e, inclusive, cenas mais elaboradas com passos da Via Sacra, a morte da Virgem ou a imagem de Deus Pai ocupando a zona posterior. Por exemplo, podemos observar algumas destas soluções iconográicas nas cruzes processionais da paróquia de S. Sebastião (Vila Nova de Paiva), de D. Sancho I (Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga, 849 Our), de Frei Afonso Mendes (Igreja de Poiares da Régua), do mosteiro da Vera Cruz de Marmelar (Portel) e em sete exemplares da colecção de metais do Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga, 415, 333, 397, 396, 412, 181, 769 Met). Regressando à cruz de Viseu, o primeiro aspecto a considerar prende-se com a representação de apenas parte do Tetramorfo e com alguns outros desacertos: a Águia de S. João ocupa a haste da cruz, o Touro de S. Lucas está no braço direito e, no esquerdo, em vez do Leão de S. Marcos, foi igurado um estranho grifo, tendo icado por gravar o Anjo de S. Mateus, que se deveria situar abaixo do suppedaneum. Os problemas aumentam quando analisamos a epigraia que ocupa a haste e os braços. O habitual neste tipo de cruzes seria inscrever sobre a haste o título Ihesus nazarenus Rex Iudeorum, dado por Pilatos a Cristo antes da sua cruciicação, segundo o Evangelho de S. João (Jo. 19, 19). Pelo contrário, o artíice que realizou esta cruz distribuiu a epígrafe entre os braços da cruz, colocando na haste as palavras IESU DEU, no braço direito e na vertical as letras AZA(?) e no esquerdo RE REY, lidas agora da esquerda para a direita. O que leva a crer tratar-se de fragmentos da inscrição tradicional dispostos sem ordem nem concerto. Todas estas questões levam-nos a apresentar uma hipótese clara: esta cruz processional foi realizada por um modesto artesão local imitando um modelo de Limoges, possivelmente conservado no tesouro medieval da Sé de Viseu. Esse artesão não entendia o que estava a copiar, como demonstra o facto de ter trocado o Leão de S. Marcos por um grifo e de nem sequer representar o Anjo de S. Mateus. Além disso, dá provas de não saber ler ou escrever, limitando-se a gravar algumas letras desordenadas da mensagem real, letras que tipologicamente nos servem para datar a sua obra do século XV. Talvez estejamos, como aconteceu em muitas outras ocasiões, perante um ensaio de oicina, a obra de um aprendiz que, guardada entre os ornamentos da Sé de Viseu, terminou convertendo-se numa das cruzes utilizadas pelo cabido durante os ofícios.

E. C. S.

a séuM teMplo eM tRansfoRMação

Remonta a 1296 (Doc. 6) a primeira prova documental da existência de um claustro do bispo, “claustro domni episcopi”, incorporado na residência episcopal, no lado norte da Sé (Doc. 6). Aí se situou também o panteão funerário dos prelados de Viseu, onde, pelo menos, sabemos terem recebido sepultu-ra D. João Peres (1179-1192†), D. Mateus Martins (1254-1287†) e D. Egas (1288-1313†), transferidos deste espaço para o interior do templo, para o chão da capela-mor e da capela de S. Pedro, por D. Jorge de Ataíde, entre 1571 e 1574.

A este espaço claustral opunha-se, no lado do sul do templo, o claustro dos cónegos, “claustrum canonicorum”, cujas primeiras referências escritas datam de 1275. Com efeito, desde os inais do episcopado de D. Mateus Martins e em particular durante o governo de D. Egas, a catedral românica conheceu um amplo processo reconstrutivo, que parece ter contemplado, ainda antes do claustro episcopal, a reformulação do claustro dos cónegos, já concluída na década de 70 de Duzentos. Daí em diante são várias as referências ao seu uso para a reunião do cabido e as sessões judiciais da cúria, mas também à sua outra funcionalidade, a de espaço funerário, neste caso destinado à inumação dos clérigos da Sé e da oligarquia urbana da cidade e da região. A mais reveladora e singular destas alusões chega-nos através do testamento do cónego Paio Fernandes, ao manifestar o desejo de ser inumado «no moimento que tenho feyto so os degraoos da porta da See per u saem aa porta da crasta dos coonigos» (SARAIVA, A. – The Viseu and Lamego clergy, p. 143, nota 7), ou seja, junto ao actual portal gótico já então erigido e destinado a fazer a ligação lateral do interior da igreja com o claustro da canónica e deste às dependências adjacentes que constituíam o paço real.

O estaleiro da Sé de Viseu manter-se-á activo durante toda a primeira metade da centúria seguinte, ganhando um novo fôlego em Maio de 1341, com o início da reconstrução do claustro dos cónegos, patrocinada pelo bispo D. João Homem I e sob a direcção do mestre João de Lamego. Os trabalhos prolongaram-se por uma década, e uma vez concluída a nova obra da Sé, o claustro românico dos bispos, ainda funcional, passou a ser denominado de “claustro velho” (Doc. 7), em oposição à “crasta nova” gótica que marcará a gramática arquitectónica da catedral até à construção do inovador claustro renascentista, nos inícios do segundo quartel do século XVI.

a. m. s. s.

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a séa HieRaRquia e a oRganiZação do Cabido

Nos inais do século XII, o bispo D. Nicolau (1192-1213†) efectuou a divisão da base patrimonial da Sé de Viseu, até aí partilhada em comum pelos prelados e cónegos, dando início à constituição de dois corpos funcionais distintos, a mitra e o cabido, sustentados por um conjunto próprio de direitos e rendimentos. Esta autonomia económica levou à criação de um sistema de 30 prebendas, de forma a permitir a repartição dos rendimentos do colégio canonical pelos seus membros, garantindo assim o sustento de toda uma organização capitular

composta por 24 cónegos e três dignidades (deão, chantre e tesoureiro).

A primeira alteração a esta estrutura ocorreu no inal do século XIII, com a criação pelo bispo D. Egas (1288-1313†) de um elenco de dez clérigos menores, chamados porcionários ou raçoeiros, destinados a coadjuvarem ou a substituírem os cónegos nos diversos serviços quotidianos da Sé. Para esse efeito, dividiu cinco prebendas em dez porções, reduzindo a canónica a 19 cónegos prebendados. Este novo esquema organizativo regeu a orgânica da catedral durante toda a centúria de Trezentos (Doc. 8) e até meados do século XV (Doc. 9).

Em 1423, o bispo D. João Homem II (1391-1425†) requereu uma nova redução do cabido para 17 elementos e solicitou ao papa a criação do estatuto de mestre de Gramática na Sé. Esta última pretensão, com evidentes consequências no alargamento da hierarquia do cabido viseense e destinada a dar resposta às exigências de uma estrutura de ensino competente na catedral, apenas teve efeitos práticos a partir de 1458, ano em que o bispo D. João Vicente (1444-1463†), com o acordo dos cónegos, instituiu a dignidade de mestre-escola na Sé de Viseu, de modo a prover a falta de ensino de Cânones e Gramática e a corrigir “o grande deffeyto que em ella ha de letrados” (Doc. 10).

a. m. s. s.

7Reunido no “claustro velho” da Sé de Viseu, o cabido recebe do sacador do rei a conirmação do pagamento da portaria relativa aos anos de 1353 a 1356.1360, Agosto, 17, Viseu, na Sé (no claustro velho, em cabido)

Pergaminho, 311 x 183 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de Gonçalo Domingues, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / PERG / 30

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 247-248, doc. 17.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu: subsídios para a sua história desde ins do século X. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 493-495.CARRERO SANTAMARÍA, Eduardo – El claustro funerario en el medievo o los requisitos de una arquitectura de uso cementerial. Liño. Revista Anual de Historia del Arte. 12 (2006) 31-43.CARRERO SANTAMARÍA, Eduardo – La aparición del claustro catedralicio en Galicia. In Las catedrales de Galicia durante la Edad Media. Claustros y entorno urbano. [A Coruña]: Fundación Pedro Barrié de la Maza, 2005, p. 40-53.GIRÃO, A. de Amorim – Viseu: estudos de uma aglomeração urbana. [Coimbra]: Coimbra Editora, Lda., 1925, p. 40 e 43. LEAL, Augusto Soares de Pinho – Portugal antigo e moderno. diccionário geográphico…, vol. 12. Lisboa: Liv. Editora Tavares Cardoso & Irmão, 1890, p. 1573-1575.MOREIRA, Francisco de Almeida – Imagens de Viseu. Porto: Tip. Porto Médico, 1937, p. 75-79.RUÃO, Carlos – A arquitectura da Sé Catedral de Viseu. Monumentos. 13 (2000) 13-19.VALE, A. de Lucena e – A Catedral de Viseu. [Viseu]: Tip. da Beira Alta, 1945, p. 7 -9.

A. M. S. S.

6Reunido no “claustro do bispo” de Viseu, o cabido recebe de particulares a doação de metade de uma casa.1296, Maio, Viseu (no claustro do bispo)Pergaminho, 118 x 198 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de João Tomé, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / PERG / 13Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaRUÃO, Carlos – A arquitectura da Sé Catedral de Viseu. Monumentos. 13 (2000) 13, nota 4.JOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 240, doc. 5.

Bibliograia ComplementarGIRÃO, A. de Amorim – Viseu: estudos de uma aglo-meração urbana. [Coimbra]: Coimbra Editora, Lda., 1925, p. 40 e 43. LEAL, Augusto Soares de Pinho – Portugal antigo e moderno. diccionário geográphico… Vol. 12. Lisboa: Liv. Editora Tavares Cardoso & Irmão, 1890, p. 1573-1575.CARRERO SANTAMARÍA, Eduardo – El claustro funerario en el medievo o los requisitos de una arquitectura de uso cementerial. Liño. Revista Anual de Historia del Arte. 12 (2006) 31-43.CARRERO SANTAMARÍA, Eduardo – La aparición del claustro catedralicio en Galicia. In Las catedrales de Galicia durante la Edad Media. Claustros y entorno urbano. [A Coruña]: Fundación Pedro Barrié de la Maza, 2005, p. 40-53.SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa – The Viseu and Lamego clergy: clerical wills and social ties. In Carrei- ras Eclesiásticas no Ocidente Cristão (Séc. XII - XIV): Ecclesiastical Careers in Western Christianity (12th-14th C.). Lisboa : CEHR/UCP, 2007, p. 141-149 VALE, A. de Lucena e – A Catedral de Viseu. [Viseu]: Tip. da Beira Alta, 1945, p. 7 -9.

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9Selo do Cabido da Sé de Viseu[Século XV]Selo de dupla ogiva, em cera castanha, 350 x 520 mm., assente sobre um cocho de cera de cor natural, 452 x 600 mm., fragmentado na secção esquerda e na inferior.O campo apresenta a Virgem entronizada com o Menino no colo, dentro de um baldaquino gótico. Legenda: + AVE : MARIA : GRA[TIA : PLENA] : D(omi)N(u)S : TECU(m).Viseu, AMGV / SA / 04Fotograia: MGV, Carlos Alves

Bibliograia ComplementarMORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa – A Sé de Coimbra: a instituição e a chancelaria (1080-1318). Coimbra: FLUC, 2005, p. 761-773.MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa; SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa – Frontières documentaires. Les chartes des chancelleries épiscopales portugaises avant et après le XIIIe siècle (Coimbra et Lamego). In FROnTIERS in the Middle Ages. Louvain-la Neuve: Brepols, 2006, pp. 441-466.

Este raro exemplar sigilográico quatrocentista é o mais completo e bem conservado de um conjunto de sete impressões resultantes desta matriz sigilar do cabido da Sé de Viseu que chegaram aos nossos dias, na sua maioria fragmentadas. Por não se encontrar suspenso ao documento que validou, a identiicação e a datação crítica deste selo foram possíveis através do texto e do escatocolo dos pergaminhos que ainda conservam outros exemplares (por exemplo: ADVIS, Pergaminhos, m. 23, n. 23; m. 18, n. 20 e 28; m. 21, n. 42 e m. 35, n. 27).Tudo leva a crer que este espécime do AMGV corresponda à terceira matriz sigilar utilizada pela canónica viseense durante o período medieval. Da primeira, em forma circular, conhece-se um exemplar de 1226 (TT, Sé de Viseu, D. P., m. 6, n. 36); e da segunda, em dupla ogiva, restam apenas o fragmento de um selo de 1285 (ADVIS, Pergaminhos, m. 25, n. 14) e duas descrições, em públicas-formas, de 1350 e 1352 (ADVIS, Pergaminhos, m. 31, n. 1 e m. 28, n. 7). Estas duas primeiras matrizes também apresentavam no campo a Virgem entronizada com o Menino no colo, mas com a curiosa diferença do seu trono ter a forma de um pano de muralha, numa clara alusão à fortiicação militar dentro da qual foi erigida a Sé de Viseu.

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10O bispo D. João Vicente, reunido com os cónegos, cria a dignidade de mestre-escola no cabido de Viseu e conirma nela o seu vigário e cónego Bartolomeu Fernandes.1458, Maio, 15, Viseu (na sacristia da Sé, em cabido)Pergaminho, 231 x 294 mm., português, escrita gótica cursiva.Assinatura do bispo D. João Vicente. Suspensões, em ita castanha clara, do selo do bispo (que já não existe) e do selo do cabido da Sé de Viseu, em cera vermelha, assente sobre cocho de cera castanha, de que só existe um pequeno fragmento, 30x35 mm.Viseu, AMGV / PERG / 50Fotograia: Microil

Exposições TemporáriasPergaminhos Henriquinos. Viseu, Câmara Municipal, 1960, s. n.

Bibliograia ComplementarALVES, Alexandre – Notícias do tempo de D. João Vicente: os inventários dos bens das igrejas do bispado; o regimento dos tesoureiros da Sé; bens e apréstamos do cabido. Beira Alta. 19-2 (1960) 257-300.ARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 199-207.COSTA, António Domingues de Sousa – Bispos de Lamego e de Viseu: revisão crítica dos autores (1394-1463). Braga: Ed. Franciscana, 1986, p. 331-448.NERY, António de Seixas – O cabido de Viseu nos inícios da Idade Moderna: senhorio e rendas (1400-1500). Porto: FLUP, 1996, p. 36-46.PEREIRA, Manuel Botelho Ribeiro – Diálogos moraes e politicos. Ed. original de 1630. Viseu: Junta Distrital, [1955], p. 449-452.VALE, A. de Lucena e – A Catedral de Viseu. [Viseu]: Tip. da Beira Alta, 1945, p. 15, 35-53.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

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a séa aliança CoM o tRono

No início de cada reinado, os monarcas dirigiam cartas solenes de conirmação dos privilégios, jurisdições, foros e costumes concedidos pelos seus antecessores aos diferentes poderes e instituições do reino, entre os quais os bispos e os cabidos das catedrais. Destas cartas régias, o AMGV conserva duas particularmente importantes, em especial pelo contexto histórico que as envolve. A primeira é a conirmação dada por D. João I ao bispo D. João Peres e à Sé de Viseu em Março de 1386, um ano após a sua aclamação nas Cortes de Coimbra e no preciso momento em que o rei, acompanhado do condestável

D. Nuno Álvares Pereira, montava arraial sobre Chaves, ainda partidária de Castela, que ao im de quatro meses de cerco acabou por ceder às investidas do novo soberano (Doc. 11). A segunda carta, de D. Afonso V, dirigida ao bispo e ao cabido de Viseu em Agosto de 1449, é outorgada três meses após a Batalha de Alfarrobeira, que pôs im à vida do infante D. Pedro, o das Sete Partidas, e marcou a assunção plena do ainda jovem D. Afonso V ao trono português (Doc. 12).

a. m. s. s.

8Afonso Gonçalves, vigário-geral do bispo D. João Eanes, reunido com o cabido, no Fontelo, institui e conirma Afonso Martins, abade de S. Pedro de Aguiar, como cónego prebendado da Sé de Viseu.1378, Outubro, 24, Fontelo (sob o carvalho a par da fonte)

Pergaminho, 504 x 236 mm., português, escrita gótica bastarda, regragem com ponta seca.Assinatura do vigário-geral Afonso Gonçalves.Furos de suspensão do selo da cúria da Sé de Viseu, que já não existe.Viseu, AMGV / PERG / 34

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Mu-seu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 264-265, doc. 22.

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a séos protagonistas

Entre as centúrias de Duzentos e Quatrocentos foram várias as personalidades que se destacaram no episcopado e no cabido da Sé de Viseu. O acervo do AMGV dá-nos notícia de algumas delas.

D. Mateus Martins (1254-1268), capelão do rei D. Afonso III, viu a sua eleição contestada pelo chantre Pedro Peres, num complexo processo jurídico que se prolongou durante cinco anos (Doc. 13). Tendo sido próximo do rei veio a incompatibilizar-se com o monarca, ao ponto de este não aceitar a sua

transferência para Coimbra, considerando as duas sés vagas. D. Mateus retira-se para a corte papal, onde, um mês antes da morte de D. Afonso III, recebe de novo do pontíice a cátedra de Viseu (1279-1287†); porém, não mais regressou à diocese, governando-a a partir da cúria romana (Doc. 14).

D. Egas (1288-1313†) foi um prelado presente e actuante na diocese. Interveio fortemente na organização do cabido, instituiu o corpo de raçoeiros da Sé, patrocinou a redacção de um conjunto de normas estatutárias para o cabido, convocou sínodo diocesano e promoveu a reconstrução gótica da catedral. Ausente do círculo de inluência da corte de D. Dinis, não deixou, porém de ser interveniente, quer através da sua participação na negociação de algumas das concordatas que marcaram as relações entre o rei e a Igreja, quer através da redacção, em 1311, da obra Summa de Libertate Ecclesiastica, onde relectiu as relações entre o poder régio e o episcopado no seu tempo. Instituiu a capela de S. Brás na Sé, para a qual adquiriu numerosos bens, através de uma rede de intermediários em que pontuaram os mercadores de Viseu (Docs. 15 e 16).

D. Lourenço Esteves (1288-1313†), arcediago, chantre de Viseu e cónego de Coimbra, foi igura inluente nos cabidos destas duas catedrais e construiu um avultado património que afectou a capelas que instituiu nas duas igrejas (doc. 17).

D. João Homem II (1391-1425†), natural de Viseu e oriundo de uma linhagem com fortes ligações ao clero da cidade, fez a sua carreira no cabido de Viseu, de onde ascendeu à cátedra da Sé. Foi padrinho do infante D. Henrique e embaixador de D. João I em Roma, tendo estado presente nos Concílios de Pisa e de Constança. Assistiu à reconstrução da cidade de Viseu, saqueada e incendiada pelo condestável castelhano, em 1396, a partir das suas casas de Vila Nova (Cava de Viseu), onde fez residência (Doc. 18) e redigiu o seu testamento (Doc. 19). Foi fundador do mosteiro de S. Francisco de Orgens, no termo de Viseu.

D. João Vicente (1444-1463†), um dos mais notáveis prelados viseenses de Quatrocentos, fundou a Ordem dos Lóios e mandou ediicar a capela do Santo Espírito na Sé para sua capela funerária, que passou a constituir o local por excelência de reunião do cabido até ao terceiro quartel do século XVI. Criou a dignidade de mestre-escola na Sé, em 1458, e mandou pôr em prática, três anos depois, o primeiro processo de inventário sistemático dos bens móveis e imóveis dos estabelecimentos religiosos da diocese de Viseu (Doc. 19).

D. Fernando Gonçalves de Miranda (1487-1505†), capelão-mor do rei D. João II, foi um prelado de corte e um benfeitor da catedral, à qual legou um conjunto de jóias, alfaias e paramentos litúrgicos. Igualmente atento às obras da Sé, interessou-se pela encomenda de um novo retábulo para a capela-mor, obra que destinou ao pintor Vasco Fernandes (Doc. 20).

a. m. s. s.

11O rei D. João I conirma ao bispo D. João Peres e à Sé de Viseu todos os seus privilégios, jurisdições, foros e costumes.1386, Março, 30, Chaves (no arraial)Pergaminho, 232 x 124 mm., português, escrita gótica bastarda.Assinaturas de João Afonso, prior de Santa Maria da Alcáçova de Santarém, e de João Afonso, escolar em Leis, do desembargo régio.Suspensão, em ita vermelha, do selo do rei D. João I, de que restam uns fragmentos, 33 x 40 mm.Viseu, AMGV / PERG / 35Fotograia: MGV, Anísio Miguel de Sousa Saraiva

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 265-266, doc. 23.ARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 186.

Bibliograia ComplementarCOELHO, Maria Helena da Cruz – D. João I: o que re-colheu «Boa Memória». Lisboa: Círculo de Leitores, 2005, p. 91-94.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

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12O rei D. Afonso V conirma ao bispo e ao cabido da Sé de Viseu todos os privilégios, foros, graças, mercês e liberdades outorgadas pelos seus ante-cessores até à morte do seu pai, o rei D. Duarte.1449, Agosto, 11, LisboaPergaminho, 276 x 177 mm., português, escrita gótica cursiva.Assinaturas dos doutores Pedro Lobato e João Beleágua, desembargadores do rei.Suspensão, em ita tecida a io azul e cru, do selo do rei D. Afonso V.Selo bifacial em forma de amêndoa, em cera castanha, 70 x 82 mm., coberto por uma protecção de pergaminho.Viseu, AMGV / PERG / 48Fotograia: Microil

Exposições TemporáriasPergaminhos Henriquinos. Viseu, Câmara Municipal, 1960, n. 32.

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 275, doc. 32.

Bibliograia ComplementarALVES, Alexandre – Notícias do tempo de D. João Vicente: os inventários dos bens das igrejas do bis-pado; o regimento dos tesoureiros da Sé; bens e aprés-tamos do cabido. Beira Alta. 19-2 (1960) 257-300.GOMES, Saul António – D. Afonso V: o Africano. Lisboa: Círculo de Leitores, 2006, p. 64-79.

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13Parte inal do processo de oposição à eleição para bispo de Viseu de D. Mateus Martins, capelão do rei D. Afonso III, movido pelo chantre Pedro Peres.[1258]

Caderno em pergaminho com 9 fólios não numerados, regrados com ponta seca e com piques em todos os fólios, 166 x 251 mm., latim, escrita gótica cursiva.Nas margens, registo de anotações coevas e posteriores. Rascunho de notação musical posterior no verso do último fólio. O oitavo fólio foi cortado, restando apenas um pouco do que seria a sua margem esquerda.Viseu, AMGV / PERG / 06Fotograia: Microil

Bibliograia ComplementarMARQUES, Maria Alegria Fernandes – O Papado e Portugal no tempo de D. Afonso III (1245-1279). Coimbra: FLUC, 1990, p. 239-240, 258-259.MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa – A Sé de Coimbra: a instituição e a chancelaria (1080-1318). Coimbra: FLUC, 2005, p. 127-128.VENTURA, Leontina – A nobreza de corte de Afonso III. Vol. II. Coimbra: FLUC, 1992, p. 1046.

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14O bispo D. Mateus Martins expede, da Cúria Romana, a carta de instituição de Martim Martins no cargo de reitor de S. Pedro de Castelo Mendo (c. Almeida).1285, Maio, 18, Roma

Pergaminho, 180 x 179 mm., latim, escrita gótica cursiva, regragem com ponta seca.Suspensão, em pergaminho, do selo pendente do bispo D. Mateus, que já não existe.Viseu, AMGV / PERG / 11

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 60-63.MARQUES, Maria Alegria Fernandes – O Papado e Portugal no tempo de D. Afonso III (1245-1279). Coimbra: FLUC, 1990, p. 162-171, 258-259.

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15O bispo D. Egas compra, através de um mercador de Viseu, uma herdade em Cavernães (c. Viseu).1296, Julho, 30, Viseu

Pergaminho, 144 x 74 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de Estêvão Moniz, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / PERG / 14

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 239, doc. 3.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 75-87.VILAR, Hermínia – In defence of episcopal power: the case of bishop Egas of Viseu. In CARREIRAS Eclesiásticas no Ocidente Cristão (Séc. XII-XIV): Ecclesiastical Careers in Western Christianity (12th-14th C.). Lisboa: CEHR/UCP, 2007, p. 232-234.

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16Contra-selo do bispo D. Egas.[ca. 1289-1313]

Selo de dupla ogiva, gravado em cera de cor natural, 500 x 700 mm., com o campo e a legenda completa-mente apagados. No reverso, contra-selo circular, 300 mm. Ø.O campo apresenta um busto de bispo mitrado, representado a três quartos e ladeado por dois ceptros.Legenda: + SECRETU : EG(eas) : VISEN(sis) : EP(iscopi).Viseu, AMGV / SA / 01Fotograia: MGV, Carlos Alves; Fotoletras, Carlos Garcia

Bibliograia ComplementarMORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa – A Sé de Coimbra: a instituição e a chancelaria (1080-1318). Coimbra: FLUC, 2005, p. 753-755, 759.MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa – Imagens de selos. Anotações de sigilograia pontifícia e episcopal. In Colecção Esfragística da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Catálogo da Exposição. Coimbra: Reitoria da Universidade, 2003, p. 67-68.SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa – Traditionalisme, régionalisme et innovation dans les chancelleries épiscopales portugaises au Moyen Âge: les cas de Lamego et Viseu. In Actes du XV Colloque du Comité International de Paléographie Latine «Régionalisme et Internationalisme: Problèmes de Paléographie et de Codicologie du Moyen Âge». Wien: Oesterreichische Akademie der Wissenschaften, 2008, p. 302-307.VILAR, Hermínia – In defence of episcopal power: the case of bishop Egas of Viseu. In CARREIRAS Eclesiásticas no Ocidente Cristão (Séc. XII-XIV): Ecclesiastical Careers in Western Christianity (12th-14th C.). Lisboa: CEHR/UCP, 2007, p. 221-241.

Difundido pela Europa a partir de meados do século XII, o uso do contra-selo parece só ter sido introduzido em Portugal no último quartel da centúria seguinte, por inluência francesa e através da chancelaria episcopal de Coimbra. Por regra, como é o caso deste exemplar do bispo D. Egas de Viseu, correspondia ao selo secreto do prelado impresso no verso do selo episcopal, com a função de reforçar a autenticidade dos actos com ele validados.Este notável contra-selo do acervo do AMGV, cuja iguração do campo apresenta um dos motivos mais comuns a esta tipologia sigilográica (o busto de um bispo mitrado representado a três quartos), é o mais completo e bem conservado das quatro impressões que se conhecem referentes a este prelado (ADVIS, Pergaminhos, m. 50, n. 4; m. 28, n. 30; m. 23, n. 99). Para além de D. Egas, só voltamos a registar o uso do contra-selo pelo seu sucessor, o bispo D. Martinho (1313-1322) (ADVIS, Pergaminhos, m. 28, n. 33).

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17Lourenço Esteves, arcediago de Viseu, cumpre a obrigação de um pagamento anual ao cabido da Sé de Coimbra, referente aos bens de Formoselha (fr. Santo Varão, c. Montemor-o-Velho) e aos herdamentos de Santarém que herdara do seu tio.1304, Março, 29, CoimbraPergaminho, 188 x 92 mm., português, escrita gótica cursiva, regragem com ponta seca.Suspensão, em cordão de io vermelho, do selo do cabido da Sé de Coimbra.Selo de dupla ogiva, em cera verde, 33 x 51 mm., assente sobre cocho castanho. O campo apresenta a Virgem entronizada com o Menino no colo.Legenda: + SIGILLU(m) : C[A]PITULI : C[O]LIMBRI[EN(sis)].Viseu, AMGV / PERG / 17Fotograias: Microil; AMGV, Anísio Miguel de Sousa Saraiva

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 241, doc. 7.MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa – A Sé de Coimbra: a instituição e a chancelaria (1080-1318). Coimbra: FLUC, 2005, p. 768 e 849.MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa; SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa – O chantre de Viseu e cónego de Coimbra Lourenço Esteves de Formoselha (…1279-1318): uma abordagem prosopográica. Lusitania Sacra. 13-14 (2001-2002) 106, notas 137 e 187.

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18O bispo D. João Homem II conirma o novo abade da igreja de Santa Maria do Castelo de Pinhel.1420, Outubro, Vila Nova

Pergaminho, 369 x 200 mm., português, escrita gótica cursiva.Sob a dobra, assinatura de D. João Homem II, bispo de Viseu.Suspensão, em ita tecida de ios crus e vermelhos com borda de io azul, do selo do bispo de Viseu.Selo de dupla ogiva, em cera verde, 35 x 50 mm., de que resta o campo central e a parte inal da legenda, assente sobre cocho castanho, 43 x 73 mm.Decorado por um baldaquino gótico, o campo apresenta, na parte superior, a Virgem com o Menino, representados a três quartos sob um arco; na parte central, sob um arco trilobado, as iguras de S. João Baptista (à esquerda) e Santa Catarina de Alexandria (à direita), representada com a palma dos mártires na mão direita e a roda do martírio aos pés; na parte inferior, sob um outro arco, resta um pequeno vestígio da representação em peril do titular com as vestes episcopais, ajoelhado para a esquerda em oração, ladeado por dois escudos que apresentam os seis crescentes das armas dos Homem.Legenda: [S(igillum) : D(om)NI : JOHANIS : DEI : GRACI / A : EPISCOPUS :] VISENSIS.Viseu, AMGV / PERG / 40Fotograia: MGV, Anísio Miguel de Sousa Saraiva

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Mu-seu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 269-270, doc. 27.

19Cópia, em pública-forma, do testamento do bispo D. João Homem II, redigido a 1 de Fevereiro de 1421.1428, Janeiro, 29, Viseu (junto à Praça)Pergaminho, 271 x 556 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de Gonçalo Eanes, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / PERG / 41Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Mu-seu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 270-271, doc. 28.

Bibliograia ComplementarPEREIRA, Manuel Botelho Ribeiro – Dialogos moraes e politicos. Ed. original de 1630. Viseu: Junta Distrital, [1955], p. 418-423.SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa – The Viseu and Lamego clergy: clerical wills and social ties. In Carreiras Eclesiásticas no Ocidente Cristão (Séc. XII-XIV): Ecclesiastical Careers in Western Christianity (12th-14th C.). Lisboa: CEHR/UCP, 2007, p. 141-149.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

A. M. S. S.

Bibliograia ComplementarMORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa – Imagens de selos. Anotações de sigilograia pontifícia e episcopal. In Colecção Esfragística da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Catálogo da Exposição. Coimbra: Reitoria da Universidade, 2003, p. 67-68.PEREIRA, Manuel Botelho Ribeiro – Dialogos moraes e politicos. Ed. original de 1630. Viseu: Junta Distrital, [1955], p. 418-423.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

Juntamente com a assinatura, valida este documento o magníico selo pendente de D. João Homem II (1391-1425†), de tipo gótico devocional, sendo, dos três espécimes sigilares conhecidos deste prelado, o exemplar que melhor preserva a iguração do campo.A reconstituição da leitura da legenda foi possível através das legendas ainda conservadas nos restantes dois selos de D. João Homem II, que se encontram na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP, Pergaminhos, 33V e 38V).

A. M. S. S.

BCalvárioAutor desconhecido / Nottingham[ca. 1390-1430]

Escultura em médio-relevo, em alabastro policromado47 x 30 x 7,5 cm.Viseu, Museu de Grão Vasco (inv. 889)Fotograia: DDF/IMC, José Pessoa

Exposição PermanenteViseu, Museu de Grão Vasco, sala da Liturgia e Devoção, 2004-2007.

Exposições TemporáriasCristo Fonte de Esperança: Exposição do Grande Jubileu do Ano 2000. Porto, Museu dos Transportes e Comunicações, 2000, n. 31.

Bibliograia EspecíicaCARVALHO, Maria João Vilhena de – Calvário. In Colecção da Fundação Abel de Lacerda [Catálogo]. Caramulo: Museu do Caramulo – Fundação Abel de Lacerda, 2003, p. 35-36.CORTEZ, Fernando Russell – Panorama da escultura do Museu de Grão Vasco. Panorama. 4-24 (1967) 6.DIAS, Pedro – Alabastros ingleses medievais em Portugal. Subsídios para a sua inventariação e estudo: região das Beiras. Biblos. 55 (1979) 259-287.DIAS, Pedro – Calvário. In Cristo Fonte de Esperança. Porto: Diocese do Porto, 2000, p. 90.RODRIGUES, Dalila – Liturgia e devoção no inal da Idade Média. In Roteiro do Museu Grão Vasco. Viseu: Instituto Português de Museus – Edições ASA, 2004, p. 28-29.

A placa de alabastro do Museu de Grão Vasco representa um dos muitos Calvários que, entre os séculos XIV e XV, irradiaram das Midlands inglesas

para toda a Europa, saídos, entre outros, dos portos de Southampton e Dartmouth, certamente satisfazendo, por um lado, um gosto que muito se dilatou e, por outro, sendo uma das contrapartidas de grandes movimentações económicas, políticas e consequente estabelecimento de parcerias familiares, com toda a panóplia de alteração e introdução de formas de estar e de novos bens.Como matéria, o alabastro é frágil, mas reservou para si as preferências da escultura elegante e palaciana. Na verdade, a suavidade da sua textura permitia ao artista um trabalho menos esforçado, de textura mais doce, que adquiria, com o tempo, uma patina própria, muito semelhante à do mármore, com o qual era muitas vezes confundido. Ao longo dos séculos XIV e XV, a Inglaterra especializou-se na produção de placas relevadas em alabastro. York, Burton-on- -Trent, Stafford, Derby e Nottingham foram as jazidas de extracção por excelência. Se bem que se tenham produzido túmulos, esculturas de vulto inteiro e placas, o século XV foi marcado pela importação destas últimas, ou como peças por si completas ou em conjuntos retabulares. A facilidade do seu transporte e o culto intimista que propiciavam, em qualquer momento de paz ou de guerra, aliás à semelhança do que acontece com os retábulos portáteis em marim, tornava-as práticas e apetecíveis. Diferentemente do que acontecia com os acabamentos para as esculturas em pedra ou em madeira, o cromatismo e o douramento, no alabastro, só realçam supericialmente, ao mesmo tempo que enriquecem a patina cristalina da matéria.Pedro Dias fez uma análise suportada por um trabalho sistematizado, a que agregou uma série de conclusões trazidas à estampa por diversos estudiosos interessados neste curioso pormenor da irradiação e por um determinado tipo de peças de arte produzido numa particular zona de Inglaterra, presente em inúmeras colecções portuguesas, com especial incidência nas Beiras. Entre as várias características que marcaram esta componente do nosso património, aquele historiador concluiu que os alabastros eram uma mercadoria comum que teria penetrado o território português por via da intensiicação do tráico inglês, estancando a luente circulação com a crise iconoclasta inglesa e gradativamente com a criação de sucedâneos em pedra de Ançã. O material, ainda que confundível com o mármore, apresenta especiicidades que o afastam daquele, desde logo porque é menos cristalino, facilmente destrutível pelo fogo, enrijece posteriormente, mas quando cortado é mole e portanto afável à arte do escultor.A crise portuguesa de 1383-1385 e a entrada de ingleses, entre os quais os Lancaster, que iriam estabelecer as mais próximas relações com o rei português e a descendência que gerou com D. Filipa, terão dado o seu especial contributo. Não sabemos qual o nexo de causalidade entre o Cal-vário, que ora estudamos, e o bispo de Viseu, D. João Homem II (1391-1425†), que foi padrinho do infante D. Henrique e embaixador do rei na cúria romana, mas esta pode constituir uma hipótese de pesquisa.Maria João Vilhena de Carvalho pormenoriza uma série de cargas iscais que se incluíam nestas placas e respectivos preços, muitas das quais rondavam as 20 libras.

Várias são as características que aproximam muitas destas pequenas peças: a reduzida dimensão, o seu médio relevo e uma feição um tanto ingénua. No Calvário do Museu de Grão Vasco, sobressai a ausência de soisticação em favor de uma feição mais linear e rude, nomeadamente expressa na forma como os elementos compositivos se sobrepõem à base – como que apostos sobre a placa de superfície lisa. Repare-se na modelação da trave superior da cruz, polígono grosseiramente triangular, que parece cravar-se no suporte, bem como na sobredimensão dos nimbos e na saliência bolbosa dos olhos que seriam policromados. Aqueles, tanto o da Virgem como o de S. João, são elementos muito alargados quase se identiicando com a coniguração de taças; por outro lado, destaque-se o carácter espacial bem arrumado, com um Cristo de compleição esguia, cujos braços marcam perfeitamente quatro espaços: o superior que recebe a sua cabeça e o inferior, exactamente com a mesma dimensão, que serve de suporte a Maria e a S. João; os laterais distribuídos por cada uma destas iguras.O rosto de Cristo descai sobre a Sua Mãe, como que mostrando a S. João qual a tarefa que lhe conia. Este, por sua vez, mantém a clássica iconograia do santo no Calvário, encostando o rosto à mão, que recorda a simbólica atitude da dor universal, tão universal que a vemos também nas representações de Buda. As formas têm uma feição dulciicada, no entanto marcada pela rigidez das dobras têxteis e pela gestualidade. Manteve-se algum do cromatismo original, mas há vestígios de aposições ulteriores.

A. P. A.

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21Carta do bispo D. Fernando Gonçalves de Miranda ao cabido de Viseu sobre o programa de obras da Sé e a encomenda de um novo retábulo para a capela-mor, colocando à consideração dos cónegos «se ho faremos de prata ou de timtas por que de quallquer maneira que quisermos de Frandes se ha-de trazer milhor e mays barato».1500, Setembro, 22, ÓbidosFolha de papel, 219 x 309 mm., português, escrita processada.Assinatura do bispo D. Fernando Gonçalves de Miranda (no verso).Viseu, AMGV / DA / COR / 001Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 12-14.MARkL, Dagoberto – Francisco Henriques e o mestre do retábulo da Sé de Viseu: fontes comuns. In FRAnCISCO Henriques: um pintor em Évora no tempo de D. Manuel I. Lisboa: CNCDP; Évora: Câmara Municipal, D.L. 1997, p. 53-61.MOUTA, J. Henriques – Pintores de Viseu: escola ou dinastia? Beira Alta. 28-1 (1969) 49-50.RODRIGUES, Dalila – Modos de expressão na pintura portuguesa: o processo criativo de Vasco Fernandes (1500-1542). Vol. 1. Coimbra: [Ed. A.], 2000, p. 187, 213-214.RODRIGUES, Dalila – Vasco Fernandes e a Sé de Viseu: os retábulos ao “modo de Itália” e a troca de predelas originais. Monumentos. 13 (2000) 34.RODRIGUES, Dalila – Vasco Fernandes: revisão crítica de um percurso. Beira Alta. 55-3/4 (1996) 262, 270.

A. M. S. S.

20Inventário dos bens da igreja de Côta (fr., c. Viseu), resultante do primeiro processo de inventariação do património das igrejas e estabelecimentos da diocese, implementado pelo bispo D. João Vicente, em 1461.1462, Abril, 10, Castelo (julgado de Ferreira de Aves)

Caderno em pergaminho com 12 fólios não numerados, ca. 180 x 250 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de João Gonçalves, tabelião no julgado de Ferreira.Viseu, AMGV / PERG / 53

Bibliograia ComplementarALVES, Alexandre – Notícias do tempo de D. João Vicente: os inventários dos bens das igrejas do bispado; o regimento dos tesoureiros da Sé; bens e apréstamos do cabido. Beira Alta. 19-2 (1960) 257-300.ARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 199-207.COSTA, António Domingues de Sousa – Bispos de Lamego e de Viseu: revisão crítica dos autores (1394-1463). Braga: Ed. Franciscana, 1986, p. 331-448.PEREIRA, Manuel Botelho Ribeiro – Diálogos moraes e politicos. Ed. original de 1630. Viseu: Junta Distrital, [1955], p. 449-452.VALE, A. de Lucena e – A Catedral de Viseu. [Viseu]: Tip. da Beira Alta, 1945, p. 15, 35-53.

A. M. S. S.

a Cidadeo ConCelHo. a afiRMação de uM podeR

A criação de jure do concelho de Viseu resultou da determinação de uma mulher, a condessa D. Teresa, que outorgou carta de foral à cidade, em Maio de 1123. Desde então, a estrutura concelhia alicerçou-se e foi entrecruzando as suas competências com os outros poderes que actuavam na cidade e no seu termo: a Igreja e a nobreza senhorial.

Reconirmada a carta de foral por D. Afonso Henriques, D. Sancho I e D. Afonso II, a cidade entra na segunda metade do século XIII reforçada no seu estatuto e

condição municipal, e recebe em deinitivo o tabelionado régio, que então ressurgia em todo o reino. O primeiro tabelião foi Gonçalo Miguéis, de quem o AMGV guarda o mais antigo documento conhecido, de 1255 (Doc. 22).

Findo o reinado de D. Afonso III, chegara o tempo de prosperidade da governança do rei trovador, mas também o tempo das dissidências com o infante D. Afonso. Em plena guerra civil, D. Dinis impeliu os homens de Viseu a tomar posição. Estes renovaram a obediência ao seu rei, mas manifestaram também o desejo de paz (Doc. 23). A mesma paz que permitiu ao concelho reclamar de D. Afonso IV, em 1343, melhores condições para a cidade – a construção de um paço e de uma cadeia, que não existiam, o calcetamento das ruas, a construção de pontes, fontes, chafarizes e rossios, além de um açougue para o pescado e a urgente reconstrução da muralha da cidade (ADVIS, Pergaminhos, m. 30, n. 42). Sabemos que algumas destas reclamações foram atendidas. A partir de 1347, o concelho já tem o seu paço, situado na praça do Soar, junto à Sé (ADVIS, Pergaminhos, m. 38, n. 28). Aí, reúnem-se os vereadores e homens-bons da cidade, e são também lavrados alguns dos actos de gestão da gafaria de S. Lázaro de Viseu, situada acima da Rua do Arco, demonstrando um claro comprometimento do município no provimento da assistência pública (Doc. 24). O paço do concelho simbolizava um poder que se reclamava airmativo e não se coibiu de enviar um procurador às cortes de Évora de 1460, a pedir ao monarca, entre outros assuntos, o afastamento dos contadores e dos oiciais régios das vereações e das posturas do concelho, que queriam ver reservadas apenas aos oiciais do município (Doc. 25).

a. m. s. s.

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22Gonçalo Miguéis, tabelião de Viseu, escreve a carta de venda ao cónego Fernando Miguéis de uma herdade, em Barbeita (fr. Rio de Loba, c. Viseu).1255, Março

Pergaminho, 121 x 117 mm., latim, escrita gótica cursiva.Sinal de Gonçalo Miguéis, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / PERG / 02Fotograia: Microil

Bibliograia ComplementarNOGUEIRA, Bernardo de Sá – Portugaliae tabellionum instrumenta: documentação notarial portuguesa. Vol. I (1214-1234). Lisboa: Centro de História da Universidade, 2005, p. 157-168.NOGUEIRA, Bernardo de Sá – Tabelionado e instrumento público em Portugal: génese e implantação (1212-1279). Vol. II. Lisboa: FLUL, 1996, p. 48.

A. M. S. S.

23O concelho de Viseu manifesta a sua obediência ao rei D. Dinis, no contexto da guerra civil travada entre o monarca e o infante D. Afonso, e queixa-se dos desmandos que este praticava na região.1320, Julho, 13, Viseu (na Regueira, diante das casas de Pedro Pais)

Pergaminho, 210 x 251 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de Afonso Eanes, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / PERG / 22Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 94-96.JOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Mu-seu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 242, doc. 10.

24Reunidos no paço do concelho, os raçoeiros da ga-faria de S. Lázaro de Viseu emprazam uma vinha em Casal Mendo (fr. Alcafache, c. Mangualde).1357, Outubro, 29, Viseu (no paço do concelho)

Pergaminho, 294 x 126 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de Gonçalo Domingues, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / PERG / 28

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 244, doc. 15.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Casa de S. Lázaro. In Viseu: instituições sociais. Lisboa: Seara Nova, 1936, p. 3-15.COELHO, Maria Helena da Cruz – O poder e a sociedade ao tempo de D. Afonso IV. Revista de História. 8 (1988) 35-51.LEAL, Augusto Soares de Pinho – Portugal antigo e moderno. diccionário geográphico… Vol. 12. Lisboa: Liv. Editora Tavares Cardoso & Irmão, 1890, p. 1673.VALE, Alexandre de Lucena e – Viseu antigo: IX. Beira Alta. 9-3 (1950) 151-169.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

A. M. S. S.

25O rei D. Afonso V responde aos capítulos especiais apresentados pelo concelho de Viseu às cortes de Évora de 1460, relativos à administração dos bens dos órfãos e ao pedido de afastamento dos contadores e oiciais régios das vereações e posturas do concelho.1460, Dezembro, 10, ÉvoraPergaminho, 280 x 310 mm., português, escrita gótica cursiva.Assinatura do rei D. Afonso V. Furos de suspensão do selo do rei, que já não existe.Viseu, AMGV / PERG / 51Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaCOELHO, Maria Helena da Cruz – O concelho e senhorio de Viseu em cortes. In ACTAS do Congresso Infante D. Henrique, Viseu e os Descobrimentos. Viseu: Câmara Municipal, 1995, p. 89, 112, doc. 11a (publ. doc.).JOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 280, doc. 36.SOUSA, Armindo – As cortes medievais portuguesas: 1385-1490. vol. 2. Porto: INIC-CHUP, 1990, p. 27, 138.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

A. M. S. S.

Bibliograia ComplementarBARROCA, Mário Jorge – Da Reconquista a D. Dinis. In nova história militar de Portugal. Vol. 1. Dir. Manuel Themudo Barata e Nuno Severiano Teixeira; coord. José Mattoso. Lisboa: Círculo de Leitores, 2003, p. 66-68.MATTOSO, José – A guerra civil de 1319-1324. In Portugal medieval: novas interpretações. Vol. 8 de Obras Completas. Lisboa: Círculo de Leitores, 2002, p. 217-227.PIZARRO, José Augusto de Sotto Mayor – D. Dinis. Lisboa: Círculo de Leitores, 2005, p. 189-200.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

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a Cidadeas elites e o espaço uRbano

Viseu foi, durante grande parte do período medieval, uma cidade dinâmica, não só pela sua condição de sede de bispado, mas também por constituir o centro de atracção de uma região rica e produtiva, animada pelo poder aquisitivo da clerezia da catedral e da diocese, dos mesteirais, dos mercadores e da cavalaria--vilã, distribuídos pela malha urbana de acordo com a natureza dos seus ofícios e do seu estatuto económico-social. As elites reforçavam a sua condição pela escolha de locais privilegiados da cidade e do seu arrabalde para residirem

– assim D. Fruilhe Eanes de Sousa, mulher de Fernão Sanches, bastardo do rei D. Dinis, adquiriu, em 1343, a famosa quinta de Maçorim, onde fez paço e residência (Docs. 26 e 27); o cavaleiro Fernão Álvares Cabral e sua mulher Teresa de Andrade, avós do descobridor Pedro Álvares Cabral, enquanto moradores em Viseu, doaram à Sé, em 1428, as suas casas da Rua da Triparia (Doc. 28); ou o não menos notável Pedro Gomes de Abreu, cónego da Sé e sobrinho do bispo D. João Gomes de Abreu, que, em 1480, adquiriu vários imóveis em locais de prestígio da cidade, como a Rua Direita (Doc. 29).

a. m. s. s.

26D. Fruilhe Eanes de Sousa, mulher do infante Fernão Sanches, compra a particulares parte da quinta de Maçorim (fr. Coração de Jesus, c. Viseu).1343, Agosto, 14, Maçorim

Pergaminho, 332 x 79 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de Gomes Lourenço, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / PERG / 24Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 243, doc. 12.

Bibliograia ComplementarABRANCHES, Silvério – Maçorim. Barros e Machados da Silveira. Beira Alta. 2-3 (1943) 223-242.VALE, Alexandre de Lucena e – O Rossio: da possessão de Maçorim de D. Fruilhe de Sousa à estátua do infante D. Henrique. Beira Alta. 27-1 (1968) 113-129.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

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27O cabido de Viseu toma posse da quinta de Maçorim (fr. Coração de Jesus, c. Viseu), por legado de D. Fruilhe Eanes de Sousa.1357, Janeiro, 4, Maçorim (no paço, jazendo morta D. Fruilhe)

Pergaminho, 236 x174 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de Gonçalo Domingues, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / PERG / 27

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 244, doc. 14.

Bibliograia ComplementarABRANCHES, Silvério – Maçorim. Barros e Machados da Silveira. Beira Alta. 2-3 (1943) 223-242.VALE, Alexandre de Lucena e – O Rossio: da possessão de Maçorim de D. Fruilhe de Sousa à estátua do infante D. Henrique. Beira Alta. 27-1 (1968) 113-129.

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28O cavaleiro Fernão Álvares Cabral e sua mulher, moradores em Viseu, doam ao cabido umas casas na Rua da Triparia (fr. Santa Maria, c. Viseu).1428, Novembro, 16, Viseu (nas pousadas do cavaleiro Fernão Álvares Cabral)Pergaminho, 218 x 323 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de Gil Afonso, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / PERG / 42Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaGOUVEIA, Fernando de – Os ascendentes de Pedro Álvares Cabral nas suas relações com a cidade de Viseu. Beira Alta. 28-3 (1969) 519-520.JOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Mu-seu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 271-272, doc. 29.MOUTA, J. Henriques – Pintores de Viseu: escola ou dinastia? Beira Alta. 28-1 (1969) 51.

Bibliograia ComplementarMOUTA, J. Henriques – Panorâmica e dinâmica de Viseu medieval. I: toponímia. Beira Alta. 27-2 (1968) 281-300.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

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29Pedro Gomes de Abreu compra ao escudeiro Vasco Fernandes umas casas na Rua Direita, ao fundo da Pedra de «Gonçallvinho» (fr. Santa Maria, c. Viseu).1480, Fevereiro, 11, ViseuPergaminho, 273 x 250 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de Afonso Vaz, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / PERG / 56Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 289, doc. 40.

Bibliograia ComplementarGIRÃO, A. de Amorim – Viseu: estudos de uma aglomeração urbana. [Coimbra]: Coimbra Editora, Lda., 1925, p. 62-63.LEAL, Augusto Soares de Pinho – Portugal antigo e moderno. diccionário geográphico… Vol. 12. Lisboa: Liv. Editora Tavares Cardoso & Irmão, 1890, p. 1577.MOREIRA, Francisco de Almeida – Imagens de Viseu. Porto: Tip. Porto Médico, 1937, p. 3-6, 47-51.MOUTA, J. Henriques – Panorâmica e dinâmica de Viseu medieval. I: toponímia. Beira Alta. 27-2 (1968) 281-300.NERY, António de Seixas – O cabido de Viseu nos iní-cios da Idade Moderna: senhorio e rendas (1400-1500). Porto: FLUP, 1996, p. 22-27.PEREIRA, Manuel Botelho Ribeiro – Diálogos moraes e politicos. Ed. original de 1630. Viseu: Junta Distrital, [1955], p. 456-460.RIBEIRO, Orlando – A Rua Direita de Viseu. Geographica. 16 (1968) 49-63.

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a Cidadeo reNasCer das CiNZas. a diNastia de avis

Desde o período marcado pela Peste Negra (1348), a cidade e a região viveram as consequências da morte, do abandono dos campos e da carestia. Contexto agravado pelo período conturbado das guerras fernandinas, durante o qual a cidade sofreu o seu primeiro saque e incêndio, em Dezembro de 1372. Na crise de 1383-85, Viseu foi de novo palco de destruição, o que não a impediu de ser das primeiras cidades a tomar partido pelo Mestre de Avis, ganhando particular atenção por parte do novo monarca. A presença da corte no Outono e no Inverno

de 1391-1392 foi um momento alto desse apoio. Durante quase meio ano, Viseu foi capital do reino: aqui se realizaram cortes (Doc. 30) e nasceu o herdeiro da Coroa, o infante D. Duarte. Porém, em 1396 a cidade sofreu, pela terceira e última vez, o horror do saque e do incêndio.

Viseu renasceu deinitivamente das cinzas no início de Quatrocentos. Enquanto a cidade revitalizava os seus arruamentos, reconstruía os seus pardieiros e os edifícios de prestígio, como o paço episcopal do Fontelo, os procuradores do concelho, determinados a remediar os efeitos de novas investidas castelhanas, reclamaram do seu rei protecção, a tão desejada reconstrução de uma cintura amuralhada, justiicando estar a cidade «devasa e sem cerqua que nom tem outro muro se nom Deus e vossa mercee» (Doc. 31).

Viseu recuperou o dinamismo económico de outrora. Os reis e os príncipes de Avis foram os seus grandes impulsionadores, em particular o infante D. Henrique, duque de Viseu, a quem o irmão e regente D. Pedro entregou, em 1444, a realização da feira anual «na cerca da vala» (Doc. 32). Cinco anos depois, esta concessão foi conirmada por D. Afonso V, que alterou o período de realização para 15 dias, a começar no dia de Santa Iria (ou seja, de 20 de Outubro a 4 de Novembro) (Doc. 33). A data foi de novo alterada pelo rei em 1471 (doc. 35), desta feita a pedido dos cónegos da Sé, a quem o infante D. Henrique deixara em testamento as rendas da feira de Viseu, na condição de, todos os sábados, um capelão sufragar a sua alma na ermida de S. Jorge, na Cava, onde o cabido deveria dizer uma missa cantada no dia deste santo (23 de Abril) por alma do infante e pela Ordem de Cristo (Doc. 34).

a. m. s. s.

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30O rei D. João I responde a um capítulo geral apresentado pelo povo às cortes reunidas em Viseu em Novembro de 1391, referente à reintrodução do regime da almotaçaria.1392, Fevereiro, 4, ViseuPergaminho, 222 x 194 mm., português, escrita gótica cursiva.Assinatura de Rui Lourenço, deão de Coimbra e do desembargo régio.Furos de suspensão do selo do rei D. João I, que já não existe.Viseu, AMGV / PERG / 37Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 267, doc. 25.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 148-173.COELHO, Maria Helena da Cruz – D. João I: o que re-colheu «Boa Memória». Lisboa: Círculo de Leitores, 2005, p. 119-120, 154-169.COELHO, Maria Helena da Cruz – O concelho e senhorio de Viseu em cortes. In ACTAS do Congresso Infante D. Henrique, Viseu e os Descobrimentos. Viseu: Câmara Municipal, 1995, p. 86 (nota 43), 89.SERRÃO, Joaquim Veríssimo – O arranque histórico de Viseu no início do século XV. In ACTAS do Colóquio “600 Anos da Feira Franca de Viseu”. Org. Câmara Municipal de Viseu. Viseu: Câmara Municipal, 1995, p. 27-38.SOUSA, Armindo – As cortes medievais portuguesas: 1385-1490. Vol. 2. Porto: INIC-CHUP, 1990, p. 306-308.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

A. M. S. S.

31O infante D. Pedro, regente, responde a três capítulos especiais apresentados pelo concelho de Viseu às cortes de Lisboa de Dezembro de 1439, entre os quais consta o pedido da construção da muralha, justiicado pela cidade estar «devasa e sem cerqua que nom tem outro muro se nom Deus e vossa mercee».1440, Janeiro, 5, LisboaPergaminho, 261 x 504 mm., português, escrita gótica cursiva.Assinatura do infante D. Pedro. Furos de suspensão do selo do rei D. Afonso V, que já não existe.Viseu, AMGV / PERG / 44Fotograia: Microil

Exposições TemporáriasPergaminhos Henriquinos. Viseu, Câmara Municipal, 1960, n. 31.

Bibliograia EspecíicaALVES, Alexandre – A política militar de D. Fernando e as suas consequências na comarca da Beira espe-cialmente em Viseu. Beira Alta. 44-2 (1985) 306.ARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 132-133.COELHO, José – A Feira Franca de Viseu e o infante D. Henrique. Génese de Viseu. Beira Alta. 19-3 (1960) 337, nota 1.COELHO, Maria Helena da Cruz – O concelho e senhorio de Viseu em cortes. In ACTAS do Congresso Infante D. Henrique, Viseu e os Descobrimentos. Viseu: Câmara Municipal, 1995, p. 89, 93, 97-98, doc. 3 (publ. doc.).JOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 273-274, doc. 31.RIBEIRO, Orlando – Ainda em torno das origens de Viseu. Beira Alta. 30-4 (1971) 440.RUÃO, Carlos – A arquitectura da Sé Catedral de Viseu. Monumentos. 13 (2000) 13, nota 7.SOUSA, Armindo – As cortes medievais portuguesas:

1385-1490. vol. 2. Porto: INIC-CHUP, 1990, p. 20, 67.VALE, Alexandre de Lucena e – O castelo romano de Viseu. Beira Alta. 30-2 (1971) 221.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 119-138.CASTILHO, Liliana Andrade de Matos e – O centro histórico de Viseu. Beira Alta. 63-3/4 (2004) 323-328.GIRÃO, A. de Amorim – Viseu: estudos de uma aglomeração urbana. [Coimbra]: Coimbra Editora, Lda., 1925, p. 28-33, 62-66.MOREIRA, Francisco de Almeida – Imagens de Viseu. Porto: Tip. Porto Médico, 1937, p. 7-15.MOUTA, J. Henriques – Panorâmica e dinâmica de Viseu medieval. I: toponímia. Beira Alta. 27-2 (1968) 281-300.SERRÃO, Joaquim Veríssimo – O arranque histórico de Viseu no início do século XV. In ACTAS do Colóquio “600 Anos da Feira Franca de Viseu”. Org. Câmara Municipal de Viseu. Viseu: Câmara Municipal, 1995, p. 27-38.VALE, Alexandre de Lucena e – Viseu antigo: VIII. Beira Alta. 8-1/2 (1949) 97-108.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

A. M. S. S.

CSenhora do Postigo(Porta do Postigo da Muralha de Viseu)Autor desconhecido / Oicina de CoimbraSéculo XV

Escultura de vulto, em pedra de Ançã53 x 31 x 25 cm.Viseu, Museu de Grão Vasco (inv. 877)Fotograia: DDF/IMC, Delim Ferreira

Exposição PermanenteViseu, Museu de Grão Vasco, sala da Liturgia e Devoção, 2004-2007.

Bibliograia EspecíicaCORTEZ, Fernando Russell – Panorama da escultura do Museu de Grão Vasco. Panorama. 4-24 (1967) 5-30.COUTINHO, A. P. e Almeida – Museu Regional de Grão Vasco: catálogo-guia, 5ª ed. act. Viseu: Tip. Porto Médico, 1951.LACERDA, Aarão de – A Arte Portuguesa: o Museu de Grão Vasco. Coimbra: Tip. da Renascença Portuguesa, 1917, p. 57.MOREIRA, Francisco de Almeida – Museu Regional de Grão Vasco: catálogo, 2ª ed. [S.l.: s.n.], 1934, p. 40.MOREIRA, Francisco de Almeida – Museu Regional de Grão Vasco: catálogo e guia sumário. Viseu: [Ed. A.], 1921, p. 18-19.MOREIRA, Francisco de Almeida; COUTINHO, A. P. e Almeida – Museu Regional de Grão Vasco: catálogo-guia, 3ª ed. [S.l.: s.n.], 1940, p. 6.RODRIGUES, Dalila – Liturgia e devoção no inal da Idade Média. In Roteiro do Museu Grão Vasco. Viseu: Instituto Português de Museus / Edições ASA, 2004, p. 22-23.

O espírito inquieto de coleccionador de obras de arte que é atribuído a Francisco de Almeida Moreira trouxe para as colecções do Museu de Grão Vasco um número considerável de peças, que, de outra forma, se podiam ter perdido pelas veredas de alienação, entre as quais as do negócio. Esta Senhora do Postigo exerceu sobre si própria o «milagre» da guarda

condigna para conservação em território natal e para desfrute de vizinhos e forasteiros.A imagem, anichada numa das portas da cidade, a Porta do Postigo, hoje demolida, tornou-se, de acordo com o costumeiro culto do povo, o orago protector de um dos pontos vulneráveis do burgo que assim estaria sob a virginal protecção. A sua incorporação nas colecções do Museu data de 1916, ano em que Almeida Moreira foi nomeado como seu director- -conservador, a ela se referindo no Catálogo e Guia Sumário que publicou, em edição própria, no ano de 1921, como escultura dos inais do século XII. Nesta fonte bibliográica, refere-se ainda que foi Maria da Assunção David do Amaral, da freguesia de Fail, quem ofertou a peça.Em 1951, esta Pietà aparece no Catálogo-Guia (5ª ed. act.), já durante o exercício de Albano de Almeida Coutinho, ainda designado como Museu Regional de Grão Vasco. Aí se diz que a varanda se encontrava decorada com esculturas primitivas, vendo-se, na 1.ª estampa, a Senhora do Postigo sobre o parapeito (para ser fotografada), ainda que, segundo aquele director, ela se encontrasse exposta, sobre uma mesa, junto à parede daquele espaço; cronologicamente, enquadrou-a nos inais do século XIV.No Roteiro de 1956, a peça estava colocada na sala III, dedicada à Imaginária dos séculos XIV a XVI, na altura encerrada temporariamente. Embora estes catálogos poucas estampas reproduzam, a Senhora do Postigo aparece em todos eles.Fernando Russel Cortez mostra e caracteriza a escultura do museu, no artigo “Panorama da Escultura do Museu de Grão Vasco”, publicado em 1967. Neste artigo, airma a modernidade das suas opções museográicas que contrariavam o aspecto do que ele designou por “museu clínica”, na medida em que as cores envolventes e os equipamentos expositivos provocavam a costumeira atitude amorfa e passiva, criando “um choque imprevisto impeditivo de um relaxamento do interesse.” A colecção de escultura ocupava as quatro salas do piso térreo e, entre as peças mais antigas, contava-se a Senhora do Postigo, que aquele director situava no século XIII. Considerava que respeitavam, em grande parte, “os cânones dos tempos românicos”, evidenciando uma estrutura atarracada, mas com volumes góticos na sua modelação. O século XV europeu recupera o gosto pelo realismo. O ressurgimento da tradição galante e cavalheiresca, que loresce na região borgonhesa, vai ombrear com a deslocação dos escultores das obras catedralícias, praticamente abandonadas, para encomendas privadas, gérmen da proliferação de uma série de oicinas privadas que contrapunham à homogeneidade imposta pelos grandes estaleiros arquitecturais, uma originalidade muito maior.O misticismo de Heinrich Seuse, autor do Horologium Sapientiae, e o realismo difundido pela horda franciscana constituem matizes para uma produção de feição muito própria, que se manterá pelo século XVI com o Spätgotik.As Virgens sedentes, progressivamente desapare-cidas, o esbatimento do carácter ondulante das es- culturas e da feição estereotipada da expressão constituem as marcas da evolução. Pregas e rostos passam a modelar-se de forma mais natural; estes

assumem traços francamente plebeus, ruralizam-se, regionalizam-se mesmo. O apuro realista casa bem com as cenas da dor e da morte e com as possibilidades dramáticas destas cenas, bem como com as qualidades plásticas da composição triangular das Pietàs, ou Quinta Angústia, e geram a sua universal difusão.O vigor da produção coimbrã, que marca a centúria de Quatrocentos, vai pontilhar, por todo o reino, a marca indesmentível da sua típica produção. Assim o notamos nesta Senhora do Postigo, vincada na sua proporção por exigências compositivas próprias da época.Desde logo sobressai, nesta escultura, as ilusórias deformações dos rostos da Virgem e de Cristo, bem com as das mãos de Maria. Se pensarmos que estes são exactamente os centros da tensão dolorosa do amor da Mãe e do sofrimento de Ambos, percebe-se o efeito da anamorfose, aliada naturalmente à colocação elevada da peça no seu local original, permitindo precisamente que apontamentos do clímax emotivo se destacassem.A imagem é plasticamente dominada pela sobriedade e pela pureza escultóricas. Formalmente desenvolve--se numa triangulação contida, marcada pela forma adoçada dos volumes e da patine.O rosto da Virgem, deinido por feições de recorte triangular, traz em si uma ruralidade aparente (des-mentida pela proximidade da peça), a juventude, a tranquilidade da aceitação de um destino que é su-blinhado pelo semblante maduro de Cristo, trecho plas- ticamente mais elaborado, deixando quase sem sig-niicação escultórica o resto do corpo. É exactamente o diálogo entre estes dois rostos e cabeças, plenos de força simbólica, que personaliza tão vincadamente esta peça. A horizontalidade do corpo do Filho interrompe a verticalidade deinida pela composição triangular, introduzindo-lhe uma movimentação de corte – o corte da Vida. As fímbrias da túnica e manto, esculpidos como tecidos pesados, deinindo-se em pregas naturais e fortemente quebra-das, obedecem a um registo ornamental geométrico. As mãos grandes e rústicas da Virgem sustentam, apesar disso com toda a suavidade, o martírio puriicador.Farto, o volume têxtil forma, à volta da cabeça da Virgem, um toucado, que em muito lembra uma armadura própria da guardiã de burgo, que foi, e cai pesadamente, em requebros de angulação espessada até à base, em bolacha, sobre a qual assenta o conjunto. A amplitude do toucado, o encordoado modelador da coroa de espinhos que cinge a cabeleira deinida por vincos e sulcos bem marcados, o amendoado evidente dos olhos evocam a recuada lembrança do trabalho de Mestre Pêro.

A. P. A.

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32Cópia, em pública-forma, da autorização dada pelo regente, o infante D. Pedro, ao infante D. Henrique, em Fevereiro de 1444, para realizar uma feira anual «na cerca da vala» de Viseu, a começar oito dias antes de Santa Iria e a acabar oito dias depois (de 12 a 28 de Outubro), com os mesmos privilégios da feira de Tomar.1445, Junho, 17, Viseu (à porta principal da Sé)Pergaminho, 318 x 362 mm., português, escrita gótica cursiva.Sinal de Diego Álvares, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / PERG / 46

Exposições TemporáriasMemória do Infante. Viseu, Museu de Grão Vasco, 1994, n. 32.Pergaminhos Henriquinos. Viseu, Câmara Municipal, 1960, n. 34.

Bibliograia EspecíicaALVES, Alexandre – A feira franca de Viseu no tempo dos reis de Avis. In ACTAS do Colóquio “600 Anos da Feira Franca de Viseu”. Viseu: Câmara Municipal, 1995, p. 9.DINIS, António Joaquim Dias (O. F. M.) – Estudos Henriquinos. Vol. 1. Coimbra: Biblioteca Geral da Universidade, 1960, p. 422-423, doc. 37 (publ. apenas a carta régia).JOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 276-277, doc. 34.MOnUMEnTA Henricina. Dir. org. e anotação crítica de António Joaquim Dias Dinis (O. F. M.). Vol. 8. Coimbra: Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1967, p. 140-141, doc. 84 (publ. apenas a carta régia).VALE, Alexandre de Lucena e – Efemérides documentadas da Feira de Viseu nos séculos XIV, XV e XVI. Beira Alta. 19-3 (1960) 351-352 (publ. apenas a carta régia).

Bibliograia ComplementarALVES, Alexandre – Viseu e a Beira no tempo do infante Dom Henrique. In ACTAS do Congresso Infante D. Henrique, Viseu e os Descobrimentos. Viseu: Câmara Municipal, 1995, p. 57-66.ARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 175-180.GIRÃO, A. de Amorim – Viseu: estudos de uma aglomeração urbana. [Coimbra]: Coimbra Editora, Lda., 1925, p. 24LEAL, Augusto Soares de Pinho – Portugal antigo e moderno. diccionário geográphico… Vol. 12. Lisboa: Liv. Editora Tavares Cardoso & Irmão, 1890, p. 1690-1699.RAU, Virgínia – Feiras medievais portuguesas: subsídios para o seu estudo. Introd. e índices José Manuel Garcia. 2ª ed. Lisboa: Ed. Presença, 1982, p. 137-138.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

A. M. S. S.

33O rei D. Afonso V conirma ao infante D. Henrique a autorização que este recebera para realizar uma feira anual «na cerca da valla» de Viseu e altera o período da sua realização para quinze dias, a partir do dia de Santa Iria (de 20 de Outubro a 4 de Novembro).1449, Janeiro, 13, LisboaPergaminho, 459 x 240 mm., português, escrita gótica cursiva.Assinatura do rei D. Afonso V. Suspensão, em ita tecida a azul e cru, do selo do rei.Selo bifacial em forma de amêndoa, em cera de cor natural, 61 x 65 mm., bastante daniicado. O campo, no anverso e reverso, apresenta as armas do rei de Portugal.As legendas, em ambos os lados, encontram-se ilegíveis.Viseu, AMGV / PERG / 47Fotograia: Microil

Exposições TemporáriasHenrique, o navegador. Porto, Fundação Eng. António de Almeida, 1994, n. 102.Memória do Infante. Viseu, Museu de Grão Vasco, 1994, n. 33.Pergaminhos Henriquinos. Viseu, Câmara Municipal, 1960, n. 35.

Bibliograia EspecíicaALVES, Alexandre – A feira franca de Viseu no tempo dos reis de Avis. In ACTAS do Colóquio “600 Anos da Feira Franca de Viseu”. Org. Câmara Municipal de Viseu. Viseu: Câmara Municipal, 1995, p. 10.

ARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 178-180 (publ. doc.).CID, Augusto – Viseu: um documento interessante para a história da sua Feira Franca. Beira Alta. 5-4 (1946) 238.COELHO, José – A Feira Franca de Viseu e o infante D. Henrique. Génese de Viseu. Beira Alta. 19-3 (1960) 338.COELHO, José – Origem dos rossios de Viseu: o campo da feira de São Mateus. Beira Alta. 19-4 (1960) 516.DINIS, António Joaquim Dias (O. F. M.) – Estudos Henriquinos. Vol. 1. Coimbra: Biblioteca Geral da Universidade, 1960, p. 426-427, doc. 39.GOMES, Saul António Gomes – D. Afonso V: o Africano. Lisboa: Círculo de Leitores, 2006, p. 308.JOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 277-280, doc. 35.MOnUMEnTA Henricina. Dir. org. e anotação crítica de António Joaquim Dias Dinis (O. F. M.). Vol. 10. Coimbra: Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1969, p. 3-4, doc. 2 (publ. doc.).

A. M. S. S.

34Cópia, em pública-forma, dos actos de doação ao cabido de Viseu pelo infante D. Henrique das rendas da feira de Santa Iria, realizada anualmente na Cava, junto da cidade.1461, Abril, 3, Tomar (no alpendre de S. João)Pergaminho, 285 x 613 mm., rasgado na margem inferior, português, escrita gótica cursiva.Sinal de Mem Lourenço, tabelião de Tomar.Viseu, AMGV / PERG / 52

Exposições TemporáriasPergaminhos Henriquinos. Viseu, Câmara Municipal, 1960, n. 37.

Bibliograia EspecíicaALVES, Alexandre – A desaparecida capela de S. Jorge, da Cava. Beira Alta. 20-2 (1961) 286.ALVES, Alexandre – A feira franca de Viseu no tempo dos reis de Avis. In ACTAS do Colóquio “600 Anos da Feira Franca de Viseu”. Org. Câmara Municipal de Viseu. Viseu: Câmara Municipal, 1995, p. 12-13.CID, Augusto – Viseu: um documento interessante para a história da sua Feira Franca. Beira Alta. 5-4 (1946) 240-241.COELHO, José – A Feira Franca de Viseu e o infante D. Henrique. Génese de Viseu. Beira Alta. 19-3 (1960) 340, nota 1, 347.JOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 281-284, doc. 37.MOnUMEnTA Henricina. Dir. org. e anotação crítica de António Joaquim Dias Dinis (O. F. M.). Vol. 14. Coimbra: Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1973, p. 3-5, 21, 135-139, 183-184, docs. 2, 9, 48-49, 62 (publ. doc.).

Bibliograia ComplementarALVES, Alexandre – A Beira e o infante D. Henrique: do senhorio ao testamento do infante. Beira Alta. 16-1/2 (1957) 3-33.ALVES, Alexandre – Viseu e a Beira no tempo do infante Dom Henrique. In ACTAS do Congresso Infante D. Henrique, Viseu e os Descobrimentos. Viseu: Câmara Municipal, 1995, p. 57-66.LEAL, Augusto Soares de Pinho – Portugal antigo e moderno. diccionário geográphico, estatístico, chorographico, heráldico… Vol. 12. Lisboa: Liv. Editora Tavares Cardoso & Irmão, 1890, p. 1564-1565.RAU, Virgínia – Feiras medievais portuguesas: subsídios para o seu estudo. Introd. e índices José Manuel Garcia. 2ª ed. Lisboa: Ed. Presença, 1982, p. 138.

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

A. M. S. S.

35O rei D. Afonso V, a pedido do cabido de Viseu, altera a data da feira anual da cidade, que se realizava «na cerca d’allcarçova homde esta o oraguo de Sam Jorje», do dia de Santa Iria (20 de Outubro) para o dia de Todos os Santos (1 de Novembro), por naquela altura os mercadores da Beira estarem ausentes na feira de Medina del Campo (Valladolid) e as gentes da região ocupadas nas vindimas.1471, Julho, 16, LisboaPergaminho, 346 x 223 mm., português, escrita gótica cursiva.Assinatura do rei D. Afonso V. Suspensão, em ita de io castanho e cru, do selo do rei.Selo bifacial em forma de amêndoa, em cera de cor natural, 55 x 62 mm., bastante daniicado. O campo, no anverso e no reverso, apresenta as armas do rei de Portugal.A legenda, em ambos os lados, encontra-se ilegível.Viseu, AMGV / PERG / 55Fotograia: Microil

Exposições TemporáriasMemória do Infante. Viseu, Museu de Grão Vasco, 1994, n. 34.Pergaminhos Henriquinos. Viseu, Câmara Municipal, 1960, n. 39.

Bibliograia EspecíicaALVES, Alexandre – A feira franca de Viseu no tempo dos reis de Avis. In Actas do Colóquio “600 Anos da Feira Franca de Viseu”. Viseu: Câmara Municipal, 1995, p. 14.DINIS, António Joaquim Dias (O. F. M.) – Estudos Henriquinos. Vol. 1. Coimbra: Biblioteca Geral da Universidade, 1960, p. 491-492, doc. 72. (publ. doc.).JOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos

dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 286-289, doc. 39.MOnUMEnTA Henricina. Dir. org. e anotação crítica de António Joaquim Dias Dinis (O. F. M.). Vol. 15. Coimbra: Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1974, p. 15-16, doc. 16 (publ. doc.).VALE, Alexandre de Lucena e – Efemérides docu-mentadas da Feira de Viseu nos séculos XIV, XV e XVI. Beira Alta. 19-3 (1960) 354-355 (publ. doc.).

Bibliograia ComplementarALVES, Alexandre – A desaparecida capela de S. Jorge, da Cava. Beira Alta. 20-2 (1961) 285-293.RAU, Virgínia – Feiras medievais portuguesas: subsídios para o seu estudo. Introd. e índices José Manuel Garcia. 2ª ed. Lisboa: Ed. Presença, 1982, p. 138.

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DEvangeliário da Sé de ViseuPortugal[ca. 1179-1213]

Manuscrito em pergaminho, iluminado, com 196 fólios não numerados (25 cadernos, na maioria quadrifólios, tendo o último menos um fólio), 181 x 277 mm., latim, escrita gótica librária.Planos de encadernação recobertos a prata lavrada, com motivos em relevo do século XV e lombada em pele, 188 x 292 x 108 mm.Viseu, Museu-Tesouro de Arte Sacra da CatedralFotograia: DDF/IMC, José Pessoa

Exposição PermanenteViseu, Museu-Tesouro de Arte Sacra da Catedral

Exposições TemporáriasCristo Fonte de Esperança: Exposição do Grande Jubileu do Ano 2000. Porto, Museu dos Transportes e Comunicações, 2000, n. 67.A Iluminura em Portugal: identidade e inluências (do séc. X ao XVI). Lisboa, Biblioteca Nacional, 1999, n. 32.Memória do Infante. Viseu, Museu de Grão Vasco, 1994, n. 47.Exposição da Ourivesaria Portuguesa dos séculos XII a XVII. Coimbra, Museu Nacional de Machado de Castro, 1940, n. 21.Catalogo illustrado da exposição retrospectiva de arte ornamental portuguesa e hespanhola. Lisboa, Museu Nacional de Belas Artes, 1882, Sala E, n. 48.

Bibliograia EspecíicaGOMES, Saul António – Livros e alfaias litúrgicas do tesouro da Sé de Viseu em 1188. Humanitas. 54 (2002) 269-281.NASCIMENTO, Aires Augusto – Evangeliário. In Cristo Fonte de Esperança. Porto: Diocese do Porto, 2000, p. 142-143.NASCIMENTO, Aires Augusto – Evangeliário. In A Iluminura em Portugal: identidade e inluências (do séc. X ao XVI). Lisboa: Biblioteca Nacional, 1999, p. 212-213.

Bibliograia ComplementarCOSTA, Avelino de Jesus da – A biblioteca e o tesouro da Sé de Coimbra nos séculos XI a XVI. Boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra. 38 (1983) 22, 89.LIVRO PRETO: cartulário da Sé de Coimbra: edição crítica: texto integral; dir. e coord. editorial Manuel Augusto Rodrigues. Dir. cientíica Avelino de Jesus da Costa. Coimbra: Arquivo da Universidade, 1999, p. 845-847, doc. 630.MIRANDA, Maria Adelaide – A iluminura de Santa Cruz no tempo de Santo António. Lisboa: Inapa: IPM: ICEP, 1996, p. 37, 62-64, 103.SAnTA CRUz de Coimbra: a cultura portuguesa aberta à Europa na Idade Média: [catálogo da exposição]. Coord. Jorge Costa. Porto: Biblioteca Pública Municipal, 2001.SANTOS, Ana Paula Figueira; SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa – O Património da Sé de Viseu: segundo um inventário de 1331. Revista Portuguesa de História. 32 (1997-1998) 95-148.

Composto pelas leituras do Evangelho, o códice encontra-se organizado em três ciclos litúrgicos: do Advento ao Domingo da Ressurreição (cadernos 1-11), do Domingo da Ressurreição ao Natal (cadernos 11-19), os Santos desde a Vigília de Natal ao Advento (cadernos 19-25).Ao todo, apresenta nove iniciais iluminadas: inicial I ornada com palmetas, caules cordiformes e dragão alado (a azul de fundo, ouro, vermelho, ocre, laranja, azul, verde e branco – l. 2v do 1º ciclo); inicial I com desenho de quadrúpede (ouro de fundo, vermelho, laranja, azul e branco – l. 58 do 1º ciclo); inicial V com igura de dois homens saídos de cornucópias a tocar olifante (a verde e ouro de fundo, vermelho, azul, ocre e branco – l. 87v do 1º ciclo); inicial I historiada com motivos da Ressurreição – as Três Santas Mulheres com perfumes, o Anjo da Ressurreição a abrir o túmulo, e Cristo a libertar Adão e Eva dos infernos (a ouro de fundo, ocre, laranja, verde e azul – l. 2v do 2º ciclo); inicial I ornada com decoração itomórica prolongada na margem (a ouro de fundo, verde, branco, vermelho e azul – l. 15v do 2º ciclo); inicial I com igura de mulher (sibila) segurando um livro na mão esquerda e a mão direita aberta, com

decoração itomórica prolongada pela margem (a ouro de fundo, ocre, laranja, azul, branco e verde – l. 2v do 3º ciclo); inicial I ornada com entrelaçados (a azul de fundo, ouro, vermelho, ocre, laranja, azul, verde e branco – l. 4 do 3º ciclo); inicial C ornada com caules enrolados e palmetas (a azul de fundo, ouro, vermelho, ocre, laranja, verde e branco – l. 8 do 3º ciclo); e inicial I ornada com caules entrelaçados e palmetas (a verde de fundo, ouro, vermelho, ocre, laranja, azul e branco – l. 16 do 3º ciclo). A par deste magníico conjunto de iniciais ilumina-das, mostra ainda inúmeros exemplos de iniciais decoradas com maior sobriedade, cujos exemplos mais expressivos são a inicial I decorada a vermelho, com igura de homem debelando um animal, prolongada pela margem (a ocre, azul e vermelho – l. 31v do 1º ciclo); a inicial I decorada a azul, com igura de homem entrelaçado num dragão alado (a vermelho e ocre – l. 10v do 2º ciclo); e a inicial I decorada a azul com desenho de quadrúpede (a vermelho e branco – l. 49 do 2º ciclo).

A execução deste códice poderá ter sido obra do scriptorium do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Como Aires do Nascimento oportunamente airmou, são fortes as semelhanças, nomeadamente na ornamentação das iniciais, com um Evangeliário (Porto, BPMP, Santa Cruz 72) e um Epistolário provenientes do mosteiro crúzio (Porto, BPMP, Santa Cruz 861), ambos datados do início do século XIII. A estes elementos, importantes para a identiicação da proveniência e cronologia do manuscrito, acresce ainda a documentada reforma empreendida pelo bispo D. João Peres (1179-1192) na Sé de Viseu, de que resultou, em 1188, a constituição de um novo tesouro. Para isso, o prelado adquiriu 18 volumes, entre os quais se contam dois Evangeliários que se juntaram a um outro já arrolado no tesouro “velho” da catedral. Atendendo à cronologia atribuída, é possível que este códice izesse parte desse par, adquirido por D. João Peres no prestigiado scriptorium crúzio de Coimbra. Reforçam mais ainda os argumentos aqui apontados as ligações da Sé de Viseu a este cenóbio e ao seu congénere de S. Vicente de Fora, que se prolongam pelos inícios de Duzentos, nomeadamente através da igura do sucessor de D. João Peres na

à esquerdaPlano anterior.

Inicial I, l. 58 do 1º ciclo.

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nos quatro cantos pelos símbolos do Tetramorfo: o Anjo (S. Mateus), a Águia (S. João), o Leão (S. Marcos) e o Touro (S. Lucas). A igura de Cristo mostra a cabeça circundada em nimbo crucífero, a mão direita erguida, com os dedos elevados, em gesto de poder, e a mão esquerda segurando o livro da Vida. Ao contrário do que se veriica no Calvário, a cercadura apresenta um tipo de decoração vegetal arcaizante, com hastes e folhas torneadas, seguidora de modelos mais antigos. Tudo indica dever-se a realização desta preciosa encadernação a algum ourives, possivelmente activo na zona de Viseu no século XV, que terá assumido o encargo da reparação das coberturas originais dos planos do antigo Evangeliário da Sé que se conserva no seu interior.

A. M. S. S.E. C. S.

cátedra viseense, D. Nicolau, cónego regrante de Santo Agostinho, bispo de Viseu entre 1192 e 1213.A reforçar a inegável importância do Evangeliário da Sé de Viseu no contexto da produção de manuscritos e da ourivesaria medieval nacional, estão os seus planos ricamente ornamentados que, não obstante serem de execução posterior à do códice, constituem o único exemplar identiicado em Portugal que conservou esta decoração preciosa.

Os planos de encadernação recobertos a prata lavrada apresentam motivos em relevo, envolvidos por uma cercadura com cravos nos ângulos, datados do século XV. O modelo seguido é o habitual desde a Alta Idade Média, como testemunham encadernações semelhantes que se conservam no resto da Europa, ou a menção documental a livros com capas de ourivesaria, como as do Evangeliário cooperti tabulis argenteis deauratis oferecido à Sé de Coimbra pelo seu bispo D. Gonçalo, em 1116. Do mesmo modo, o programa iconográico, que apresenta o Calvário na frente e Cristo em Majestade na parte posterior, também se ajusta perfeitamente a este tipo de manuscrito litúrgico desde cronologias mais recuadas,

como se comprova por outros exemplares recolhidos em bibliotecas, arquivos e museus europeus.Na cena do Calvário, Cristo cruciicado está la-deado pela Virgem e por S. João segurando o seu Evangelho na mão, ocupando dois anjos turiferários os ângulos superiores. Como curiosidade, a igura de S. João aparece com barba, em vez da sua habitual representação imberbe, provavelmente por inluência das Deesis bizantinas nas quais se representava S. João Baptista e que podem ter sido conhecidas em Viseu através de ícones ou manuscritos originários do Oriente. Na cercadura inscreve-se uma passagem de S. Lucas, seguida da saudação evangélica, com incorrecções no latim: [I]ESUS AUT(e)N TR[A]NCIENS PER MEDEO(m) ELOROM IBAT / AVE MARIA GRATIA PLENA DOMINUS TECON (Mas, passando pelo meio deles, Jesus seguiu o Seu caminho - Luc 4, 30 / Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo - Luc 1, 28). As formas gráicas, o tipo de decoração vegetal do fundo da cena representada e a cruz lenhosa de Cristo remetem-nos claramente para uma cronologia quatrocentista.O plano posterior apresenta o Pantocrator, sedente num trono com leões envolto em mandorla, ladeado

Fl. 2v do 1º ciclo. Fl. 4 do 3º ciclo. Inicial I, l. 31v do 1º ciclo.

Inicial V, l. 87v do 1º ciclo. Inicial C, l. 8 do 3º ciclo.à direita

Plano posterior.

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a séos bisPos da Coroa

Nos inícios da Época Moderna, encontramos difundido e consolidado pelo mundo cristão um novo modelo de provimento das dioceses. O tradicional sistema eleitoral da escolha dos prelados, até aí controlado pelo papado, e que se diluiu ao longo da centúria de Quatrocentos, deu lugar a um processo de nomeações ditado pelos interesses políticos dos monarcas e príncipes, que passaram a exercer a prerrogativa da escolha dos seus bispos diocesanos, reservando ao papa apenas a sua aprovação.

Esta nova praxis electiva foi plenamente adoptada em Portugal a partir do reinado de D. Manuel I, com a Coroa a chamar a si o provimento e o controlo dos lugares cimeiros da hierarquia eclesiástica de um Império que crescia em dimensão e poder. A este jogo de estratégia e de airmação política não esteve alheia a diocese de Viseu, particularmente requisitada pelos monarcas para a promoção de eclesiásticos próximos do círculo régio, ou mesmo de membros da família real. Assim aconteceu, entre outros exemplos, com a escolha para a cátedra viseense do prestigiado D. Diogo Ortiz de Vilhegas, em 1505 (Doc. 36), e do cardeal infante D. Afonso, ilho do rei D. Manuel I, em 1519 (Doc. 39).

O primeiro chegara a Viseu transferido do bispado de Ceuta pelo Venturoso, uma nomeação que visou premiar uma carreira notável, alicerçada numa sólida formação intelectual e construída em estreita proximidade à Coroa, desde o tempo do reinado de D. Afonso V. Clérigo de origem leonesa e iminente matemático e cosmógrafo, D. Diogo Ortiz viera para Portugal como confessor de D. Joana, A Excelente Senhora, chegando a capelão e confessor de D. João II, de quem recebeu o priorado do mosteiro de S. Vicente de Fora e o bispado de Tânger, assim como a responsabilidade de avaliar os planos de navegação de Cristóvão Colombo. A sua presença na corte manteve-se com D. Manuel I, que o nomeou mestre do infante D. João, futuro D. João III, e mais tarde capelão-mor da infanta D. Isabel. D. Diogo Ortiz governou a diocese de Viseu (Doc. 37) até à morte, em 1519, deixando o seu cunho perpetuado nas pedras da Sé catedral, através da construção da sua magníica abóbada e da realização de uma nova frontaria manuelina, entretanto desaparecida.

Para suceder ao bispo matemático na cátedra viseense, D. Manuel I escolheu o seu ilho, o infante e cardeal D. Afonso, então apenas com nove anos. A nomeação do infante, ainda menino, resultou num controlo maior da diocese por parte da Coroa, que nela actuou pelo punho dos próprios monarcas D. Manuel I e D. João III (Docs. 38 e 40), respaldados por administradores eclesiásticos da sua coniança, entre os quais se destacou a igura de D. Martinho de Portugal, futuro embaixador em Roma e primeiro arcebispo do Funchal (Docs. 40 e 41). Cinco anos após a nomeação para Viseu, o infante foi transferido para a arquidiocese de Lisboa, que acumulou com o bispado de Évora, não deixando, de continuar a intervir junto do cabido viseense (Doc. 42), até à decisão de D. João III de nomear para esta diocese, em inais de 1524, o franciscano D. Frei João de Chaves (Doc. 43). Esta foi uma escolha transitória, que procurou privilegiar a casa ducal de Bragança e ao mesmo tempo contornar as diiculdades em colocar à frente deste bispado o infante D. Henrique, irmão do rei.

a. m. s. s.

2.2. o iMpéRio e a ContRa-RefoRMa (1500-1639)

Matriz sigilar do bispo D. Diogo Ortiz de Vilhegas[1505-1519]MGV (inv. 797)

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37O bispo D. Diogo Ortiz de Vilhegas recebe em escambo do abade de S. Cipriano uma vinha na Portela (fr. S. Cipriano, c. Viseu), onde está Nossa Senhora da Portela.1518, Outubro, 30, ViseuPergaminho, 289 x 435 mm., português, escrita cortesã.Assinatura do bispo D. Diogo Ortiz.Furos de suspensão do selo do bispo, que já não existe.Viseu, AMGV / PERG / 58Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Mu-seu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 289-291, doc. 41.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 21-28.NERY, António de Seixas – O cabido de Viseu nos inícios da Idade Moderna: senhorio e rendas (1400-1500). Porto: FLUP, 1996, p. 65-87.

A. M. S. S.

38O rei D. Manuel I escreve ao cabido de Viseu, sobre a necessidade de elaboração do tombo dos coutos do bispo, para apurar a jurisdição episcopal nesses lugares.1519, Janeiro, 30, AlmeirimFolha de papel, 222 x 320 mm., português, escrita cortesã.Assinatura do rei D. Manuel I.Viseu, AMGV / DA / COR / 002Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 19.

A. M. S. S.

39O cardeal infante D. Afonso responde ao cabido de Viseu, na sequência da obediência que este lhe prestara pela sua nomeação para bispo da diocese.1519, Junho, 10, ÉvoraFolha de papel, 220 x 317 mm., português, escrita cortesã.Assinatura do cardeal infante D. Afonso (aos 10 anos de idade).Viseu, AMGV / DA / COR / 003Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 4.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 28-35.PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Univer-sidade, 2006, p. 121, 200 (nota 103), 299.

A. M. S. S.

EMatriz Sigilar de D. Diogo Ortiz de Vilhegas, bispo de Viseu[1505-1519]

Matriz circular, em bronze e cobre gravado, 45mm. Ø, 67,5 g, com pega lavrada no reverso.O campo apresenta o brasão de armas dos Ortiz, composto por um sol ladeado por duas tiras, a interior carregada de oito rosas, a exterior composta por 26 peças, encimado pelas insígnias episcopais de D. Diogo Ortiz de Vilhegas.Legenda: S(i)G(i)L(l)V(m) DIDACI EP(i)S / SCOPI1 VISENSIS.Viseu, Museu de Grão Vasco (inv. 797)Fotograia: MGV, Carlos Alves; Fotoletras, Carlos Garcia

Exposições TemporáriasMemória do Infante. Viseu, Museu de Grão Vasco, 1994, n. 42.Os Descobrimentos dos Portugueses e a sua Inluência na Arte. Viseu, Museu de Grão Vasco, 1957, s.n.

Bibliograia EspecíicaARAGÃO, Maximiano de – Viseu, província da Beira: subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 27-28.MOREIRA, Francisco de Almeida – Imagens de Viseu. Porto: Tip. Porto Médico, 1937, p. 81-85.VALE, A. de Lucena e – A Catedral de Viseu. [Viseu]: Tip. da Beira Alta, 1945, p. 16-17, 26-27, 32-33.

Bibliograia ComplementarGOMES, Saul António – Percursos antigos e recentes da Sigilograia em Portugal. In Colecção Esfragística da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Catálogo da Exposição. Coimbra: Reitoria da Uni-versidade, 2003, p. 39-59, 91-98.RIBEIRO, A. F. Belarmina – A colecção de cunhos e matrizes do Museu Nacional de Arte Antiga. Boletim do Museu de Arte Antiga. 5-3/4 (1969) 12-16.TÁVORA, Luís Gonzaga de Lancastre e – O estudo da sigilograia medieval portuguesa. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1983, p. 91-138.

A. M. S. S.

36Bula de Júlio II Hodie venerabilem fratrem, a conirmar D. Diogo Ortiz de Vilhegas como bispo da Sé de Viseu, vaga até então por morte de D. Fernando Gonçalves de Miranda.1505, Junho, 27, Roma (S. Pedro)

Pergaminho, 273 x 238 mm., latim, escrita bulática.Regragem com sulco e picotagem em ambas as margens, primeira linha com letras alongadas e ornadas.Assinaturas autógrafas com iniciais ornadas, sob e sobre a dobra do pergaminho.Furos de suspensão do selo do papa Júlio II, que já não existe.Viseu, AMGV / PERG / 57Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 659.LOBO, D. Francisco Alexandre – Obras. Vol. I. Lisboa: Typographia de José Baptista Morando, 1848, p. 228.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 21-28.BEIRÃO, António da Mota – Sé de Viseu: uma legenda, um erro, uma abóbada. Beira Alta. 3-4 (1944) 338-342.ORTIZ, D. Diogo – O cathecismo pequeno de D. Diogo Ortiz. Ed. crítica e introd. de Elsa Maria Branco da Silva. Lisboa: Colibri, 2001.PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2006, p. 117, 201, 279, 290-292.VALE, Alexandre de Lucena e – O bispo de Viseu D. Diogo Ortiz de Vilhegas: o cosmógrafo de D. João II. Gaia: Pátria, 1934, p. 171-217.

A. M. S. S.

36E

38

3739

1 Na palavra «Episcopi» as letras E e C encontram-se trocadas.

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a séd. Miguel da silva, bispo de viseu (1526-1547)

Vaga a diocese após o curto episcopado de D. Frei João de Chaves (1524-1525†), foi uma vez mais a política de escolha de eclesiásticos da coniança régia que ditou a eleição de D. Miguel da Silva para a cátedra de Viseu, nos primeiros dias de 1526 ou ainda nos inais do ano anterior (Doc. 44).

Filho de D. Diogo da Silva, 1º conde de Portalegre, mordomo-mor, vedor da fazenda e escrivão da puridade de D. Manuel I, D. Miguel iniciara a sua formação como bolseiro do rei na Universidade de Paris, tendo ainda frequentado as

universidades italianas de Siena, Bolonha e Roma. Em 1514, tornara-se embaixador do Venturoso na Cidade Eterna, cargo que exerceu com notoriedade durante os pontiicados de Leão X, Adriano VI e Clemente VII, de quem se tornou amigo pessoal. Este período, marcado pelo estreito convívio com poetas, artistas, banqueiros e destacados elementos da nobreza romana e da cúria papal, terminou repentinamente, em 1525, quando D. João III o fez regressar ao reino.

De volta à corte, D. Miguel da Silva integrou o conselho régio, onde ocupou o cargo de escrivão da puridade, enquanto o pontíice o procurou recompensar do afastamento da cúria com a concessão de várias comendas. Fora entretanto escolhido pelo rei para prelado de Viseu; no entanto, mercê das insídias e das oposições que contra si actuavam, viu adiada a sua conirmação (Doc. 45) e, depois, a sua sagração, até inais de 1528 ou mesmo até 1529, razão pela qual assinou como bispo eleito as missivas que então dirigiu ao cabido de Viseu (Docs. 46 e 47). Apesar disso, tomou posse do bispado através do seu provisor João Mendes, nos inícios de 1527 (Doc. 46), fazendo a 24 de Setembro desse ano a sua entrada solene em Viseu, para dias depois dar início aos trabalhos do sínodo que convocara e do qual resultaram as primeiras constituições diocesanas impressas do bispado.

Atento ao governo da diocese, cuja estrutura reformou com a criação da dignidade de arcipreste (Doc. 51), repartiu a sua presença por Viseu, pela corte (Docs. 49 e 50) e pelos mosteiros de que era comendatário, nomeadamente o mosteiro de Santo Tirso e o couto de S. João da Foz (Doc. 47), onde empreendeu a construção da famosa capela renascentista de S. João. Em Viseu, aplicou o seu ambicioso e inovador plano de reformas na ediicação do claustro da Sé, na encomenda de um novo cadeiral para o coro e na ampliação e decoração do paço e da quinta episcopal do Fontelo. Foi um verdadeiro homem do Renascimento, mecenas de nomes maiores das artes e do Humanismo, como o pintor Vasco Fernandes e o arquitecto Francesco de Cremona, ou o jovem cónego Gaspar Barreiros, a quem dedicou especial protecção, garantindo o sustento para os seus estudos em Salamanca (Docs. 47 e 48).

O despeito e a preocupação pelas boas relações que D. Miguel da Silva mantinha com a cúria romana e com o entretanto eleito papa Paulo III, que o nomeou cardeal in petto no consistório secreto de inais de 1539, izeram crescer a intriga palaciana, o ciúme do infante D. Henrique e, por consequência, as tensões entre D. Miguel e D. João III, cujo epílogo seria a fuga do bispo de Viseu para Itália, no Verão de 1540. Proscrito do seu país, privado dos seus rendimentos, perseguido, difamado e vigiado pelos agentes do rei, foi deste longo exílio, que durou até à morte, que D. Miguel da Silva, em Dezembro de 1541, informou o cabido de Viseu da sua efectiva ascensão a Príncipe da Igreja (Doc. 52).

a. m. s. s.

40Por indicação de D. Martinho de Portugal, administrador da diocese, o rei D. João III recomenda ao cabido de Viseu a eleição de mestre Brás Afonso para um canonicato ou uma dignidade na Sé.1523, Julho, 20, TomarBifólio de papel, 220 x 319 mm., português, escrita cortesã.Assinatura do rei D. João III.Viseu, AMGV / DA / COR / 013

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 19.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 30.PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2006, p. 120.

A. M. S. S.

41D. Martinho de Portugal comunica ao cabido de Viseu que o rei D. João III escolhera João Vaz, seu capelão e esmoler do cardeal D. Henrique, para visitador do bispado e da Sé de Viseu.1524, Abril, 16, ÉvoraFolha de papel, 224 x 320 mm., português, escrita cortesã.Assinatura de D. Martinho de Portugal.Viseu, AMGV / DA / COR / 017

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 18.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 30.PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2006, p. 120.

A. M. S. S.

42O cardeal infante D. Afonso recomenda ao cabido a renovação de um emprazamento a João Dias, morador em Viseu e ilho de Gabriel Afonso.1524, Agosto, 3, ÉvoraFolha de papel, 223 x 321 mm., português, escrita cortesã.Assinatura do cardeal infante D. Afonso (aos 15 anos de idade).Viseu, AMGV / DA / COR / 020Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 4.

A. M. S. S.

43Mestre Brás Afonso informa o cabido de Viseu dos assuntos que tratara com o rei D. João III e com D. Martinho de Portugal, e da novidade da escolha de Mestre João de Chaves para bispo da diocese.1524, Dezembro, 12, ÉvoraFolha de papel, 217 x 315 mm., português, escrita cortesã.Assinatura de Mestre Brás Afonso.Viseu, AMGV / DA / COR / 025

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-3 (1955) 27-28.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 35-40.PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Univer-sidade, 2006, p. 304-305.

A. M. S. S.

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44D. Miguel da Silva pede ao cabido de Viseu que o informe das suas necessidades, para delas dar seguimento pelo menos junto do rei D. João III, enquanto não chegam as bulas a conirmar a sua nomeação pelo monarca para bispo da diocese.1526, Janeiro, 8, Almeirim

Bifólio de papel, 219 x 307 mm., português, escrita cortesã.Assinatura de D. Miguel da Silva.Viseu, AMGV / DA / COR / 027Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 24.RODRIGUES, Dalila – Modos de expressão na pintura portuguesa: o processo criativo de Vasco Fernandes (1500-1542). Vol. 1. Coimbra: [Ed. A.], 2000, p. 251-252.RODRIGUES, Dalila – Vasco Fernandes e a Sé de Viseu: os retábulos ao “modo de Itália” e a troca de predelas originais. Monumentos. 13 (2000) 35, nota 11.

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 661-670.ARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 40-52.CASTRO, José de – O cardeal de Viseu. Beira Alta. 4-4 (1945) 267-276.DESWARTE, Sylvie – Il “Perfetto Cortegiano” D. Miguel da Silva. [Roma]: Bulzoni, 1989, p. 66-92.MOREIRA, Rafael – Uma corte beirã: D. Miguel da Silva e o paço de Fontelo. Monumentos. 13 (2000) 83-91.

45D. Miguel da Silva informa o cabido de Viseu das diligências do rei junto do papa para obter a conirmação apostólica da sua provisão no bispado, e da intenção de enviar João Mendes como seu representante para dar seguimento aos assuntos que o cabido achar necessários.1526, Julho, 7, Santarém

Bifólio de papel, 218 x 292 mm., português, escrita cortesã.Assinatura de D. Miguel da Silva.Vestígios de selagem a vermelho na frente e no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 030

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 24.RODRIGUES, Dalila – Modos de expressão na pintura portuguesa: o processo criativo de Vasco Fernandes (1500-1542). Vol. 1. Coimbra: [Ed. A.], 2000, p. 252.RODRIGUES, Dalila – Vasco Fernandes e a Sé de Viseu: os retábulos ao “modo de Itália” e a troca de predelas originais. Monumentos. 13 (2000) 35, nota 13.

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 663.

A. M. S. S.

46O eleito D. Miguel da Silva comunica ao cabido de Viseu o envio do seu procurador João Mendes para, em seu nome, tomar posse do bispado de Viseu, conforme a provisão apostólica de que será portador.1527, Fevereiro, 4, Lisboa

Bifólio de papel, 214 x 287 mm., português, escrita cortesã.Assinatura de D. Miguel da Silva, eleito de Viseu.No verso, selo do bispo eleito. Selo de chapa oval, 23 x 27 mm., impresso sobre papel. O campo apresenta o brasão de armas do prelado. Sem legenda.Viseu, AMGV / DA / COR / 034Fotograia: MGV, Anísio Miguel de Sousa Saraiva

Bibliograia EspecíicaALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1928, p. 663.JOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 24.RODRIGUES, Dalila – Modos de expressão na pintura portuguesa: o processo criativo de Vasco Fernandes (1500-1542). Vol. 1. Coimbra: [Ed. A.], 2000, p. 252.RODRIGUES, Dalila – Vasco Fernandes e a Sé de Viseu: os retábulos ao “modo de Itália” e a troca de predelas originais. Monumentos. 13 (2000) 35, nota 14.

A. M. S. S.

PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Univer-sidade, 2006, p. 187, 305-306.

A. M. S. S.

47O bispo eleito D. Miguel da Silva recomenda ao cabido de Viseu que entregue ao cónego Gaspar Barreiros 15 mil reais anuais da sua prebenda, para o seu mantimento na Universidade de Salamanca, como era costume dar aos cónegos ausentes para estudo nos outros cabidos do reino.1528, Outubro, 2, S. João da FozBifólio de papel, 200 x 281 mm., português, escrita cortesã.Assinatura de D. Miguel da Silva, bispo eleito de Viseu.No verso, selo do bispo eleito. Selo de chapa circular, 24 mm. Ø, impresso sobre papel. O campo parece apre-sentar o brasão de armas do prelado. Sem legenda.Viseu, AMGV / DA / COR / 040

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 24.RODRIGUES, Dalila – Modos de expressão na pintura portuguesa: o processo criativo de Vasco Fernandes (1500-1542). Vol. 1. Coimbra: [Ed. A.], 2000, p. 264.

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 663.ARAGÃO, Maximiano de – Viseu: letras e letrados viseenses. Lisboa: Seara Nova, 1934, p. 60-62.BARROCA, Mário Jorge – A Foz de D. Miguel da Silva. In As fortiicações do litoral portuense. Lisboa: Inapa, 2001, p. 13-55.

A. M. S. S.

48O bispo D. Miguel da Silva autoriza o cabido de Viseu a restabelecer a graça concedida ao cónego Gaspar Barreiros de lhe ser contado o rendimento do seu benefício na Sé para seu sustento na Universidade de Salamanca, em resultado das desculpas que seu pai, Rui Barreiros, apresentara ao prelado.1530, Novembro, 2, LisboaFolha de papel, 198 x 291 mm., português, escrita cortesã.Assinatura de D. Miguel da Silva, bispo de Viseu.Vestígios de selagem na frente e no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 046Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 25.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu: letras e letrados viseenses. Lisboa: Seara Nova, 1934, p. 60-62.

A. M. S. S.

49O bispo D. Miguel da Silva aconselha ao cabido de Viseu o seu pregador, o cónego Luís Vaz, e justiica o atraso da resolução de um assunto pelas mudanças em que anda e pelo «abalo do mundo que qua foy mui grande» (alusão ao terramoto sentido em Lisboa e no Ribatejo, em Janeiro desse ano).1531, Maio, 6, Montemor-o-NovoFolha de papel, 214 x 203 mm., português, escrita cortesã.Assinatura de D. Miguel da Silva, bispo de Viseu.Vestígios de selagem na frente e no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 051

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 25.

Bibliograia ComplementarOSóRIO, Baltasar – O terramoto de Lisboa de 1531. Boletim da Segunda Classe da Academia das Sciências de Lisboa. 12 (1919).

A. M. S. S.

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50O bispo D. Miguel da Silva insiste junto de João Mendes, seu provisor no bispado de Viseu, sobre a necessidade de ter ao seu serviço na corte o cónego Henrique de Lemos, recordando o direito dos prelados trazerem até dois cónegos em sua casa, ao seu serviço.1532, Janeiro, 2, Alvito

Bifólio de papel, 217 x 324 mm., português, escrita processada.Assinatura de D. Miguel da Silva, bispo de Viseu.Vestígios de selagem no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 056

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 26.RODRIGUES, Dalila – Modos de expressão na pintura portuguesa: o processo criativo de Vasco Fernandes (1500-1542). Vol. 1. Coimbra: [Ed. A.], 2000, p. 265.

A. M. S. S.

51O bispo D. Miguel da Silva ajusta com o cabido a criação da dignidade de arcipreste na Sé de Viseu.1535, Janeiro, 18, Évora

Bifólio de papel, 212 x 320 mm., português, escrita processada.Assinatura de D. Miguel da Silva, bispo de Viseu.Vestígios de selagem na frente e no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 064

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 26.

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 663.

A. M. S. S.

52O bispo D. Miguel da Silva escreve de Veneza ao cabido de Viseu, a dar a notícia da publicação pelo papa [Paulo III] da sua promoção a príncipe da Igreja e da recepção das insígnias cardinalícias.1541, Dezembro, 10, Veneza

Bifólio de papel, 219 x 317 mm., português, escrita cortesã com elementos humanísticos.Assinatura de D. Miguel da Silva, cardeal de Viseu.Vestígios do selo no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 078Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Mu-seu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 23 e 27.COUTO, Aires Pereira do – O grande senhor do Fontelo do século XVI: D. Miguel da Silva. Beira Alta. 49-3/4 (1990) 298, 301.

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 664-670.CASTRO, José de – O cardeal de Viseu. Beira Alta. 4-4 (1945) 267-276.DESWARTE, Sylvie – Il “Perfetto Cortegiano” D. Miguel da Silva. [Roma]: Bulzoni, 1989, p. 93-103.PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Univer-sidade, 2006, p. 210 (nota 150).

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a séo Cabido e a roma do reNasCimeNto

A estreita ligação do episcopado de Viseu à Coroa e a forte inluência que esta exerceu na governação da diocese, sobretudo a partir de Quinhentos, também se izeram sentir no cabido da Sé, quer na escolha dos nomes dos seus beneiciados, quer através das mercês com que os monarcas o agraciaram, procurando garantir, pela distinção, a permeabilidade dos cónegos aos interesses da política régia.

Neste contexto devemos entender o privilégio concedido por D. João III, em 1523 (Doc. 54), permitindo aos capitulares de Viseu fazerem-se transportar de mula e não apenas de cavalo. Esta prerrogativa foi transmitida ao cabido por carta de D. Diogo Ortiz, sobrinho e homónimo do antigo bispo de Viseu, deão da capela do rei e futuro bispo da diocese ultramarina de S. Tomé.

A interferência do monarca ou da sua entourage na escolha dos cónegos de Viseu transparece neste outro exemplo: na “recomendação” que, em 1522, D. Martinho de Portugal (então administrador da diocese, em nome do cardeal infante D. Afonso) dirigiu ao cabido para nele fazer ingressar Brás Afonso, homem letrado da sua casa que se formara nas universidades de Salamanca e Paris (Doc. 53). Dois anos depois desta petição, encontramos Brás Afonso a actuar como cónego de Viseu, recebendo os seus proventos da mesa capitular (Doc. 55) e tratando dos negócios do cabido junto da corte e do rei (Doc. 43).

Daqui se infere que factores como a inserção social e a formação universitária dos clérigos constituíam, nestes tempos, requisitos determinantes na construção das carreiras do clero catedralício (Doc. 57). Não é por acaso por casualidade que se regista, em 1524, o nome de Gaspar Barreiros entre os membros do cabido de Viseu (Docs. 55 e 56). O facto de ser ilho de Rui Barreiros, destacado membro da oligarquia urbana da cidade, sobrinho de João de Barros, autor das Décadas da Ásia, e protegido do bispo humanista D. Miguel da Silva (Docs. 47 e 48) concorreu para a admissão de Gaspar Barreiros na canónica e para o subsequente patrocínio da sua formação em Salamanca, onde estudou Retórica, Teologia e Aritmética, acabando por se notabilizar como um dos maiores geógrafos do século XVI e autor de várias obras, entre elas a célebre Chorograia, publicada em 1561.

Mas as questões e os interesses dos cónegos de Viseu não se circunscreviam apenas à corte. Acima de tudo, os negócios eclesiásticos tinham como palco a cidade de Roma, onde o cabido mantinha os seus enviados e procuradores, encarregados da boa condução dos seus assuntos junto da cúria pontifícia. A profícua produção epistolar que estes procuradores mantiveram com a canónica viseense (e de que o AMGV conserva alguns exemplos) constitui um testemunho de enorme importância, não só por as cartas relatarem o andamento dos negócios em agenda, mas sobretudo por incluírem notícias da actualidade religiosa, política e militar da Europa, e em particular de Roma (Docs. 58 a 64). Por estas missivas, enviadas entre 1523 e 1537, o cabido de Viseu foi recebendo informações dos episódios mais relevantes deste período particularmente agitado, marcado pelo receio do avanço do império otomano no Mediterrâneo e nos Balcãs e pela perda de protagonismo dos Estados Pontifícios no xadrez político europeu. Esta perda foi, em larga medida, ditada pelo fracasso da diplomacia papal no prolongado confronto militar entre Carlos V e o rei de França, que resultou no traumático saque de Roma pelas tropas do imperador, em Maio de 1527.

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53D. Martinho de Portugal recomenda ao cabido de Viseu o seu criado [Brás Afonso], mestre em Artes e em Teologia, com quem estivera em Salamanca e Paris, para um meio canonicato que entretanto vagara na Sé.1522, Julho, 30, Lisboa

Folha de papel, 210 x 295 mm., português, escrita cortesã.Assinatura de D. Martinho de Portugal.Vestígios de selagem a vermelho no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 006

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Mu-seu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 17-18.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 30.PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Univer-sidade, 2006, p. 120.

A. M. S. S.

54Diogo Ortiz de Vilhegas, deão da capela real, anuncia ao cabido de Viseu, entre outros assuntos, o privilégio concedido pelo rei aos beneiciados da Sé para se fazerem transportar de mula.1523, Abril, 7, Almeirim

Folha de papel, 213 x 311 mm., português, escrita humanística cursiva.Assinatura de Diogo Ortiz de Vilhegas.Vestígios de selagem a vermelho no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 009

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Mu-seu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 15-16.

Bibliograia ComplementarPAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Univer-sidade, 2006, p. 187-188.VENTURA, Margarida Garcez – Igreja e poder no séc. XV. Dinastia de Avis e liberdades eclesiásticas (1383-1450). Lisboa: Colibri, 1997, p. 455-461.

A. M. S. S.

55Mestre Brás Afonso e Vasco Fernandes, cónegos de Viseu, recebem do cabido os proventos mensais das suas prebendas.[1523-1524]

Livro das Férias e Resíduos do Cabido da Sé de Viseu Manuscrito original em papel com 112 folhas não numeradas, 210 x 310 mm., português, escrita processada.Capas em pergaminho, ca. 250 x 305 x 30 mm.Viseu, AMGV / LIV / 06Fotograia: Microil

Conservação e RestauroSALVARTE (2007)

A. M. S. S.

56Rui Barreiros, morador em Viseu, recebe do cabido os proventos mensais da prebenda do seu ilho, o cónego Gaspar Barreiros.[1524-1525]

Livro das Férias e Resíduos do Cabido da Sé de ViseuManuscrito original em papel com 39 folhas não numeradas, 300 x 435 mm., português, escrita processada.Capas em pergaminho com reforços em pele, ca. 355 x 440 x 20 mm.Viseu, AMGV / LIV / 07Fotograia: Microil

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu: letras e letrados viseenses. Lisboa: Seara Nova, 1934, p. 60-62.

A. M. S. S.

57O cabido de Viseu apresenta o cónego António de Soveral para a vigairaria da igreja de Santa Maria de Torredeita (c. Viseu) e solicita ao bispo D. Miguel da Silva a respectiva conirmação.1530, Abril, 7, Viseu, na Sé (na capela do Santo Espírito, em cabido)

Bifólio de papel, 210 x 309 mm., português, escrita processada.Assinaturas de vários membros do cabido de Viseu, entre as quais as do chantre Fernando Ortiz e dos cónegos Pedro Gomes de Abreu e João de Ceuta.No verso, selo de chapa do cabido da Sé de Viseu. Selo de chapa circular, 37 mm. Ø, impresso sobre papel. O campo apresenta a Virgem sentada com o Menino ao colo representada a três quartos, sob um arco trilobado. A legenda encontra-se ilegível.Viseu, AMGV / DA / 007Fotograia: Microil

A. M. S. S.

58Simão Gonçalves informa o cabido de Viseu dos seus negócios em Roma e da novidade de o infante D. Henrique poder vir ocupar a cátedra de Viseu. Dá ainda notícia da situação política e militar resultante da conquista de Rodes pelos Turcos, da rendição do castelo de Milão e das ofensivas do imperador Carlos V em Itália.1523, Abril, 20, Roma

Bifólio de papel, 216 x 293 mm., português, escrita processada.Assinatura de Simão Gonçalves.Viseu, AMGV / DA / COR / 012

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 8-9.

Bibliograia ComplementarBUESCU, Ana Isabel – D. João III: 1502-1557. Lisboa: Círculo de Leitores, 2005, p. 86-91.POLÓNIA, Amélia – D. Henrique: o cardeal-rei. Lisboa: Círculo de Leitores, 2005, p. 82-87.

A. M. S. S.

59Simão Gonçalves informa o cabido de Viseu dos seus negócios em Roma e da peste que se declarara na cidade. Dá ainda notícia da situação política e militar resultante da ofensiva turca e do conlito entre o imperador Carlos V e o rei de França Francisco I.1524, Março, 28, Roma

Bifólio de papel, 215 x 292 mm., português, escrita processada.Assinatura de Simão Gonçalves.Vestígios de selagem a vermelho no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 016Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 9.

A. M. S. S.

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60O vigário de Cidade Rodrigo reenvia ao cabido de Viseu umas cartas de pagamento que recebera de Roma, da parte de João Machado, cónego de Viseu.1525, Maio, 19, [Cidade Rodrigo]

Folha de papel, 225 x 147 mm., castelhano, escrita processada.Assinatura de António de Manzanedo, vigário de Cidade Rodrigo.Viseu, AMGV / DA / 006

A. M. S. S.

61João Machado informa o cabido de Viseu dos seus negócios em Roma, dos gastos entretanto efectuados e da situação política e militar que aí se vivia.1525, Setembro, 30, Roma

Bifólio de papel, 222 x 299 mm., português, escrita processada.Assinatura de João Machado.Viseu, AMGV / DA / COR / 026

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 10.

A. M. S. S.

62Francisco Rodrigues informa o cabido de Viseu da sua chegada a Barcelona e da sua intenção em continuar viagem para Roma, apesar da grande diiculdade em o conseguir, quer pelas movimentações militares que tomam o litoral e os territórios pontifícios, quer devido à peste que assola os portos de Nápoles e de Gaeta.1527, Março, 6, Barcelona

Bifólio de papel, 218 x 310 mm., português, escrita processada.Assinatura de Francisco Rodrigues.Viseu, AMGV / DA / COR / 035Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 21-22.

A. M. S. S.

63António Ribeiro informa o cabido de Viseu dos seus negócios em Roma e justiica a prolongada ausência de notícias pela doença que o mantivera de cama, de Agosto a Janeiro.1534, Fevereiro, 25, Roma

Folha de papel, 211 x 287 mm., português, escrita processada.Assinatura de António Ribeiro.Vestígios de selagem no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 062

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 20-21.

A. M. S. S.

64João Machado informa o cabido de Viseu dos seus negócios em Roma e adverte que nenhum assunto terá despacho até Outubro, por a cúria papal se encontrar de férias. Dá ainda notícia dos preparativos que se realizavam em Roma para combater o avanço turco, nomeadamente das procissões que o papa mandara fazer na cidade e em todas as dioceses da cristandade, razão pela qual envia aos cónegos a cópia da bula de indulgência, para que essa determinação também seja cumprida em Viseu.1537, Julho, 9, Roma

Bifólio de papel, 218 x 291 mm., português, escrita processada.Assinatura de João Machado.Vestígios de selagem a vermelho no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 067Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 10-11.

A. M. S. S.

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FPíxideAutor desconhecido / Serra Leoa, arte sapi-portuguesa[ca. 1500-1530]

Baixo-relevo em marim8,5 x 14,5 cm.Viseu, Museu de Grão Vasco (inv. 1306)Fotograia: DDF/IMC, Delim Ferreira

Exposição PermanenteViseu, Museu de Grão Vasco, sala da Diáspora, 2004-2007.

Exposições TemporáriasCristo Fonte de Esperança: Exposição do Grande Jubileu do Ano 2000. Porto, Museu dos Transportes e Comunicações, 2000, n. 137.Encounter of Cultures: Eight Centuries of Portuguese Mission Work. Vaticano, Museus do Vaticano, 1996, n. 53.Encontro de Culturas: Oito Séculos de Missionação Portuguesa. Lisboa, Mosteiro de S. Vicente de Fora, 1994, n. 137.Memória do Infante. Viseu, Museu de Grão Vasco, 1994, n. 47.A Expansão Portuguesa e a Arte do Marim. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1991, n. 1.Via Orientalis, Europalia 91. Bruxelas, Galerie de la CGER, 1991.Africa and the Renaissance: Art in Ivory. Nova York, The Center for African Art, 1988; Houston, The Museum of Fine Arts, 1988.100 Obras Maestras del Arte Portugues. Madrid, Centro Cultural del Conde Duque, 1985-1986, n. 81.Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento: XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura. Lisboa, Mosteiro dos Jerónimos, 1983, n. 26.Os Descobrimentos dos Portugueses e a sua Inluência na Arte: 2ª Exposição Temporária. Viseu, Museu de Grão Vasco, 1957.Portuguese Art, 800-1800: winter exhibition. Londres, Royal Academy of Arts, 1955-1956, n. 561.

Bibliograia EspecíicaBASSANO, Ezzio; FAGG, William – Africa and the Renaissance. Art in Ivory. New York: The Center for African Art, 1988, p. 83-84.CORTEZ, F. Russell – O hostiário luso-africano do Museu de Grão Vasco. Panorama. 21 (1967) 69-72.DIAS, Pedro – História da Arte Portuguesa no Mundo: 1415-1822. O Espaço do Atlântico. Lisboa: Círculo de Leitores, 1999, p. 99-105.DIAS, Pedro - Píxide. In Cristo Fonte de Esperança. Porto: Diocese, 2000, p. 231.FIGUEIREDO, José de – O hostiário de marim existente no Museu de Grão Vasco. Boletim da Academia nacional de Belas Artes. 3 (1938) 36-37.RODRIGUES, Dalila – Diáspora. In Roteiro do Museu Grão Vasco. Viseu: Instituto Português de Museus / Edições ASA, 2004, p. 37-39.

São raras as píxides, em marim e de produção africana, que ainda sobrevivem nas colecções europeias, fruto da interpretação autóctone da matriz usada na liturgia portuguesa e das orientações catequéticas difundidas durante a missionação. A lição de uma religião contada em pequenas reservas/vinhetas em baixo- -relevo, qual Bíblia, não dos pobres, mas dos ímpios, é marcada por apontamentos que revelam a zona de execução: narizes largos e achatados, cabelos frisados e indumentária indígena, sublinhada por iadas de perlados que demarcam o gosto africano por barras ondulantes, as quais frequentemente a decoram. Foi esta forma expressiva e muito peculiar de “escrever” a história do encontro e cruzamento de culturas que as tornou alvo de cobiça dos proissionais do mercado e, por isso, “perseguidas” pelo seu carácter único.Em 1959, William Fagg publicou o Afro-Portuguese Ivories e identiicou núcleos diferenciados da arte afro-portuguesa. William Fagg e Ezzio Bassani orga-nizaram uma exposição de arte afro-portuguesa para o Center for African Art, em Nova Iorque, e, nessa altura, a sua análise mais profunda destrinçou os trabalhos em marim das várias regiões africanas, os quais tinham características bem diferenciadas. Os da Serra Leoa, integrando a arte Sherbro formaram o grupo sapi-português e os do Benim, o bini- -português. Ainda distinguiram um terceiro grupo na embocadura do rio Congo. Esta diferenciação tem a ver com os diferentes grupos étnicos que produziram as peças na preciosa matéria. Os Sapi teriam sido os primeiros africanos a esculpir o marim para a Europa e segundo as matrizes europeias. Russell Cortez, em 1967, admite que tenham razão aqueles que localizam a sua factura no Reino de Benim. No entanto, hoje sabemos que os dois tipos são bem distintos não só formalmente, mas igualmente pelo quase horror vacui visível no trabalho bini-português.Raro, precioso e especial são atributos que carac-terizam normalmente um qualquer tesouro. Se a eles agregarmos o exótico, estaremos a descrever as píxides produzidas pela arte sapi-portuguesa, na Serra Leoa. O exemplar que integra o espólio do Museu de Grão Vasco e que nele se encontra em depósito desde 29 de Janeiro de 1918, por solicitação de Francisco de Almeida Moreira ao reitor da Confraria de São Francisco das Chagas (Via Sacra), em Viseu, faz parte do núcleo precioso das obras de arte portuguesas, o dos vulgarmente conhecidos como Tesouros Nacionais.

Sendo raríssimas, as píxides podem facilmente enu-merar-se e localizar-se. Conhece-se esta do Grão Vasco, quase completa e a mais íntegra do património nacional, apenas daniicada na pega da tampa, e uma pertencente a uma colecção privada e outra da Walters Art Gallery, em Baltimore, mas sem tampa e representando cenas da Paixão de Cristo.Na Píxide deste Museu, o recipiente cilíndrico su-portado por quatro leões, em marim duro, prove-niente de elefantes da loresta (já que a matéria é densa e não apresenta as issuras do marim do elefante da savana, mais seco e quebradiço) corresponde à forma das caixas litúrgicas europeias, desse período, para guardar o pão consagrado, e apresenta, em todas as faces e tampa, uma composição densa, em baixo--relevo, com cenas da Vida da Virgem Maria e da sua Santa Parentela (Árvore de Jessé, Anunciação, Visitação, natividade, Adoração dos Pastores com o anjo da Boa nova – nesta identiicação discordamos de Russell Cortez, 1967, p. 69 – Adoração dos Magos, Apresentação no Templo e Fuga para o Egipto), inspiradas em xilogravuras europeias, limitadas por moldura em espiral. Misturando-se com a temática religiosa e com a emblemática manuelina, vêem-se motivos da simbólica africana, relacionados com a lora e com a fauna autóctones. A caixa foi cortada e esculpida a partir da base da presa elefantina, bem dimensionada, nela se distinguindo todos os canais de irrigação que a mantiveram viva até à sua captura.Ainda que a tampa (tronco-cónica) esteja fragmentada, é possível, por cotejo com raríssimos exemplares semelhantes, imaginar o elemento completo, uma vez que, no centro dela, ainda se vê a parte inferior do corpo da Virgem, cujas mãos seguram o Filho, do Qual ainda é visível parte do tronco, da perna e braço esquerdos. Vestida com uma túnica listada com perlados e lisos, Maria encontra-se sentada sobre um cochim que A suporta a toda a largura, ornada com cordão e duas borlas. Os pequenos cones que A ladeiam seriam eventualmente dois anjos. Nela, se esculpiram a inscrição”Ave Grasia P” (Ave Gratia Plena), as armas de Portugal e a Cruz da Ordem de Cristo. A presença dos dois corvos sobre o escudo real, o S e ainda as pequenas iguras que se encontram imediatamente antes dele e em posição simétrica, levam-nos a relectir sobre a tese de Russell Cortez (p 71 e 72) e a remeter a decoração de parte desta tampa para a coniguração de moedas, ainda que nenhum estudo deinitivo o tenha explicado.

A. P. A.

a séa igreja de trento

Em reacção à Revolução Protestante iniciada em 1517, com a publicação por Martinho Lutero das suas teses contra as indulgências, que deu origem a fortes cisões na Europa Cristã, a Igreja Romana empreendeu a denominada Reforma Católica que teve o seu epicentro no Concílio de Trento, realizado entre 1545 e 1563. A legislação emanada desta reunião conciliar pretendeu travar o movimento protestante, reairmando os princípios da Igreja Católica e a autoridade do papa, e ao mesmo tempo promover uma profunda renovação da estrutura interna da Igreja, através de um amplo programa de exigência de

disciplina, moralidade, espiritualidade e formação intelectual aos membros do clero.

O espírito tridentino levou a que os bispos passassem a cumprir mais escrupulosamente a obrigação de residência nas suas dioceses e a dar maior relevo à acção pastoral. Essa presença mais atenta e vigilante quanto à observância dos decretos conciliares suscitou, pontualmente, focos de tensão e de conlito. Em Viseu, podemos apontar como exemplo o litígio ocorrido em 1573 entre o bispo D. Jorge de Ataíde (1568-1578) e o cabido, que resultou na prisão de grande parte dos cónegos por ordem do prelado, exigindo a hábil intervenção do arcebispo de Braga D. Frei Bartolomeu dos Mártires (Docs. 65 e 66).

A vida capitular e o culto na catedral passavam então a ser motivo de maior controlo por parte do episcopado. D. Jorge de Ataíde, executando os decretos conciliares, ordenou, em 1571, a realização do primeiro Livro de Visitações da Sé (Doc. 76), e recomendou, nesse mesmo ano, a criação de livros numerados para registo das actas das reuniões do cabido (AMGV / LIV / 09, l. 7v). Dois dos primeiros livros então realizados, respeitantes ao período entre 1571 e 1623, conservam-se hoje no AMGV, e neles encontramos bem patente a vivência da doutrina da Igreja de Trento (Docs. 67 e 68), através do assento de proissões de fé dos cónegos, das eleições das pautas dos oiciais capitulares ou mesmo da instrução de inquéritos sobre assuntos sensíveis, como aquele que foi protagonizado, em 1614, pelo cónego e poeta Baltazar Estaço (autor de Sonetos, Canções, Éclogas e outras Rimas, 1604), por recusar representar o cabido no sínodo diocesano convocado para esse ano (Doc. 68).

Do controlo das práticas de culto, da gestão e da renovação estética do espaço litúrgico, como a Sé e a importante confraria de S. Pedro nela sedeada (Docs. 69 e 78), aos testemunhos da presença actuante e iscalizadora por parte da maioria dos prelados viseenses desta segunda metade de Quinhentos e inícios de Seiscentos dão-nos conta algumas das cartas do AMGV (Docs. 70 a 78). Destas sobressaem nomes grados da história da diocese, como os dos bispos D. Gonçalo Pinheiro (1552-1567†), D. Jorge de Ataíde (1568-1578), D. Miguel de Castro I (1578-1586), D. Frei António de Sousa (1594-1597†), D. João de Bragança (1599-1609†), D. João Manuel (1609-1625) e D. Frei Bernardino de Sena (1630-1632†). No governo de alguns destes prelados, em particular, no de D. João de Bragança e de D. João Manuel, inscrevem-se ainda personalidades como a do reputado iluminador maneirista Estêvão Gonçalves Neto, abade de Cerejo e mais tarde cónego de Viseu (Doc. 77), e momentos de grande signiicado, como o da escolha de S. Teotónio para patrono da cidade e da igreja de Viseu e o início do culto das suas relíquias na Sé catedral (Docs. 75 e 76).

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65O arcebispo de Braga D. Frei Bartolomeu dos Mártires informa os cónegos de Viseu da sua decisão de enviar Frei João de Leiria para resol-ver um litígio que estes mantinham com o bispo D. Jorge de Ataíde.1573, Julho, 27, Vila do Conde

Bifólio de papel, 213 x 303 mm., português, escrita cortesã.Assinatura do arcebispo primaz D. Frei Bartolomeu dos Mártires.Vestígios de selagem no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 088Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 4.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 68-84.PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Univer-sidade, 2006, p. 140-144, 330-335.ROLO, Raul Almeida – O bispo e a sua missão pastoral: segundo D. Frei Bartolomeu dos Mártires. Porto: Movimento Bartolomeano, 1964.

A. M. S. S.

66Frei João de Leiria, procurador do arcebispo D. Frei Bartolomeu dos Mártires, apresenta ao tesoureiro, ao mestre-escola e aos restantes cónegos de Viseu, presos no aljube eclesiástico da cidade, uma provisão do bispo D. Jorge de Ataíde.1573, Agosto, 11, Viseu

Bifólio de papel, 218 x 310 mm., português, escrita caligráica moderna.Sinal do notário apostólico e escrivão do seminário do arcebispado de Braga, o presbítero Manuel Álvares.Viseu, AMGV / DA / 014Fotograia: Microil

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 68-84.ALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 599-600, 671-672.

A. M. S. S.

67Proissão de fé do mestre-escola Belchior de Figueiredo e do cónego Mateus Dias conforme os cânones do Concílio de Trento.Eleição, em cabido geral, da pauta dos oiciais capitulares para o ano de 1580-1581, assinada, entre outros, pelo bispo D. Miguel de Castro I e pelo cónego Gaspar Barreiros.1579, Junho, 16 e 1580, Maio, 24

Livro 2º dos Acórdãos do Cabido da Sé de Viseu [1571-1607]

Manuscrito original em papel com 141 folhas, numeradas e rubricadas, 245 x 340 mm., português, escritas modernas provenientes de várias mãos.Capas em pergaminho com reforços em pele, 280 x 340 x ca. 32 mm.Viseu, AMGV / LIV / 10, ls. 46v-47Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Nótulas sobre a música na Sé de Viseu. Beira Alta. 3-3 (1944) 221.

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 672.ARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 84-87.PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Univer-sidade, 2006, p. 22-37.

A. M. S. S.

68Subscrições do acórdão em que o cabido desobriga o arcediago João de Almeida do cargo de depositário das rendas da mesa capitularAssento da recusa do cónego Baltasar Estaço em ser procurador do cabido de Viseu ao sínodo diocesano, convocado pelo bispo D. João Manuel.1614, Abril, 12 e 23

Livro 3º dos Acórdãos do Cabido da Sé de Viseu [1608-1623]Manuscrito original em papel com 118 folhas, numeradas e rubricadas, 280 x 420 mm., português, escritas modernas provenientes de várias mãos.Capas em pergaminho com reforços em pele, 275 x 400 x ca. 35 mm.Viseu, AMGV / LIV / 11, ls. 39v-40Fotograia: Microil

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 515, 672.ARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 117.ARAGÃO, Maximiano de – Viseu: letras e letrados viseenses. Lisboa: Seara Nova, 1934, p. 84.CAVALEIRO, Celestina Maria da Costa – nos meandros do Maneirismo…: Baltasar Estaço e a poesia religiosa de Quinhentos. 2 vols. Coimbra: [Ed. A.], 1999.

A. M. S. S.

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69O cónego Luís Ferreira, reitor da confraria de S. Pedro da Sé de Viseu, no ano de 1607, arrola as despesas e obras que efectuara à sua custa nessa capela, e acrescenta, a propósito do retábulo do apóstolo que aí se encontrava: «não mandei pintar de novo por ser feita por mão de Vasco Fernandez, a qual mandei alimpar e retocar algumas cousas (…) que me pareceo ser erro grande mandar fazer outra pintura que os pintores deste tempo confessão que não se fara outra tam boa tam perfeita e bem acabada».1607

Livro da Confraria do Senhor S. Pedro [1565-1625]

Manuscrito original em papel com 83 folhas numeradas, 195 x 275 mm., português, escritas modernas provenientes de várias mãos. Capas em pergaminho com dois reforços em pele, 280 x 220 x ca. 20 mm.Viseu, AMGV / LIV / 12, ls. 63v-64Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaARAGÃO, Maximiano de – Grão Vasco ou Vasco Fernandes, pintor viziense, príncipe dos pintores

70O cabido de Viseu pede ao escrivão da câmara episcopal a cópia, em pública-forma, do auto de aprovação realizado pelos examinadores sinodais (de acordo com o despacho do bispo D. João Manuel e com a apresentação capitular) do padre Gregório de Frias para abade da igreja de Santa Maria de Castelo Mendo (c. Almeida).1623, Agosto, 11, Viseu (no colégio seminário)

Bifólio de papel, 217 x 311 mm., português, escrita caligráica moderna.Viseu, AMGV / DA / 042

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 113-125.

A. M. S. S.

portuguezes: reivindicação da sua personalidade,

authenticidade da sua obra prima, S. Pedro: o que se

disse e escreveu acerca d’elle: originalidade dos seus

quadros, merecimento d’estes, segundo nacionaes

e estrangeiros. Vizeu: Typographia Popular da Liberdade, 1900, p. 107-108.MOUTA, J. Henriques – Pintores de Viseu: escola ou dinastia? Beira Alta. 28-1 (1969) 44, 48.RODRIGUES, Dalila – Modos de expressão na

pintura portuguesa: o processo criativo de Vasco

Fernandes (1500-1542). Vol. 1. Coimbra: [Ed. A.], 2000, p. 45, 181.RODRIGUES, Dalila – Vasco Fernandes: revisão crítica de um percurso. Beira Alta. 55-3/4 (1996)

263, nota 14.

Conservação e Restauro

SALVARTE (2007)

A. M. S. S.

71O bispo D. Gonçalo Pinheiro comunica ao cabido de Viseu o envio do bacharel Pero Marques para exercer as funções de vigário e provisor da diocese.1553, Março, 26, Lisboa

Bifólio de papel, 218 x 313 mm., português, escrita moderna.Assinatura de D. Gonçalo Pinheiro, bispo de Viseu.No verso, selo do bispo. Selo de chapa oval, 13 x 17 mm., impresso sobre papel. O campo apresenta o brasão de armas do prelado. Sem legenda.Viseu, AMGV / DA / COR / 085Fotograias: Microil; MGV, Anísio Miguel de Sousa Saraiva

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Mu-seu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 16-17.

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 670-671.ARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 56-64.COUTO, Aires Pereira do – D. Gonçalo Pinheiro, bispo de Viseu: breve roteiro de uma vida. Beira Alta. 49-1/2 (1990) 135-147.PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Univer-sidade, 2006, p. 319.

A. M. S. S.

72O bispo D. Jorge de Ataíde conirma ao cabido de Viseu a eleição do licenciado Gaspar Maciel para a dignidade de mestre-escola da Sé.1571, Outubro, 28, Santa Eulália

Bifólio de papel, 204 x 272 mm., português, escrita moderna.Assinatura de D. Jorge de Ataíde, bispo de Viseu.No verso, selo do bispo. Selo de chapa oval, 22 x 29 mm., impresso sobre papel. O campo apresenta o brasão de armas do prelado.Legenda: + D : GEORGIUS : DATAIDE : EPISCOPUS : VISENSIS.Viseu, AMGV / DA / COR / 087Fotograias: Microil / MGV, Anísio Miguel de Sousa Saraiva

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 4.

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 671-672.ARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 68-84.PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Univer-sidade, 2006, p. 84, 232.

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78Cópia, em pública-forma, do processo cível interposto pelo bispo Frei Bernardino de Sena contra o cabido da Sé de Viseu, sobre os gastos indevidos e exagerados que o prelado alega terem sido realizados pelos cónegos durante o período de Sé Vacante (de Fevereiro de 1629 a Julho de 1631). Entre esses gastos, enumera a reparação do telhado da Sé, a abertura de duas janelas na capela-mor, a reparação das vidraças da igreja e da casa do cartório, a feitura de um alpendre sobre o claustro, a abertura de uma nova porta da Sé para o claustro, a encomenda de alfaias e paramentos, assim como as despesas da contratação de pregadores de fora de Viseu e da realização de três visitações à cidade, durante esse período.1632, Abril, 20, Viseu

Original, cinco bifólios de papel, com todas as folhas numeradas, 209 x 280 mm., português, escrita cursiva moderna.Assinaturas do licenciado Manuel Tomás, de Miguel do Soveral, e do tabelião Fernando (?) Homem de Matos.Sinal de Fernando (?) Homem de Matos, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / DA / 048

Bibliograia EspecíicaALVES, Alexandre – O frontispício e as torres da catedral de Viseu. Beira Alta. 30-2 (1971) 281.ARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 145-147.

Bibliograia ComplementarALVES, Alexandre – Elementos para um inventário artístico da cidade de Viseu: as grandes obras da Sé, nos séculos XVII e XVIII. Beira Alta. 20-1 (1961) 57-100.

A. M. S. S.

73O licenciado Rodrigo Malafaia, cónego da Sé de Viseu e vigário-geral do bispo D. Miguel de Castro I, faz copiar os autos de posse de um olival situado na Corredoura, além de S. Martinho, a par da cidade de Viseu.1583, Setembro, 23, Viseu

Dois bifólios de papel, 204 x 282 mm., português, escrita encadeada.Assinaturas do cónego Rodrigo Malafaia e do escrivão Pero Gonçalves.Selo do bispo D. Miguel de Castro. Selo de chapa oval, 24 x 30 mm., impresso sobre papel. O campo apresenta o brasão de armas do prelado.Legenda ilegível.Viseu, AMGV / DA / 021

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 672.ARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 84-87.

A. M. S. S.

74O rei D. Filipe I autoriza o bispo D. Frei António de Sousa a nomear e a ter ao seu serviço uma pessoa secular para executar as dívidas dos rendeiros das rendas do bispado de Viseu e dos respectivos iadores.1596, Fevereiro, 29, Lisboa

Pergaminho, 306 x 216 mm., português, escrita caligráica moderna, com diversas anotações coevas e posteriores, na frente e no verso, entre elas, um despacho da mesa capitular de 18 de Abril de 1596. Assinatura do rei D. Filipe I. Suspensão, em ita de tecido de ios castanhos, do selo do rei D. Filipe I, em cera vermelha, de que resta um fragmento sem qualquer gravação, 45 mm.Viseu, AMGV / PERG / 73

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 672.ARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 97-101.PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Univer-sidade, 2006, p. 378-380.

A. M. S. S.

75Cópia, em pública-forma, do breve de Paulo V de 17 de Outubro de 1605, pelo qual o pontíice conirma a eleição de S. Teotónio como santo patrono da igreja e da cidade de Viseu, e concede indulgência plenária e remissão dos pecados, durante dez anos, por ocasião das comemorações solenes a realizar no dia da festa de S. Teotónio na sé catedral, onde se guardava e venerava a relíquia do seu braço.1623, Janeiro, 14, Viseu

Bifólio de papel, 204 x 279 mm., português e latim, escrita caligráica moderna.Assinaturas do arcipreste António Teixeira e dos no-tários apostólicos João Gonçalves e Pedro Fernandes. Sinal do notário apostólico João Gonçalves.Viseu, AMGV / DA / 039Fotograia: Microil

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 105-112.

A. M. S. S.

76Capítulos 5º e 6º da visitação efectuada à Sé pelo bispo D. João Manuel, nos quais o prelado determina, entre outros assuntos, o fecho da porta da sacristia para o seminário e das grades das capelas da Sé, assim como a mudança de todas as relíquias da igreja para junto da de S. Teotónio, no altar-mor da catedral.1610, Julho (em cópia de Outubro, 2, lavrada na quinta e couto do Fontelo)

Livro das Visitações da Sé de Viseu [1571-1620]Manuscrito original em papel com 82 folhas, 205 x 290 mm., composto por 9 cadernos, com 66 folhas numeradas e rubricadas, a que foram apensos no início mais dois cadernos, português, escritas mo-dernas provenientes de várias mãos.Capas em pergaminho com notações musicais, correspondendo provavelmente a um fragmento de um Antifonário do século XVI, 210 x 295 x ca. 19 mm.Viseu, AMGV / LIV / 09, ls. 40v-41Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Mu-seu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 14-16.RODRIGUES, Dalila – Modos de expressão na pintura portuguesa: o processo criativo de Vasco Fernandes (1500-1542). Vol. I. Coimbra: [Ed. A.], 2000, p. 213 (nota 54).

Bibliograia ComplementarALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Vol. III. Nova ed. dir. Damião Peres. Porto: Livraria Civilização, 1968, p. 673-674.ARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 113-125.

A. M. S. S.

77O abade Estêvão Gonçalves Neto pede a cópia, em pública-forma, da conirmação outorgada pelo bispo D. João Manuel da sua apresentação para abade da igreja de Santa Maria Madalena de Cerejo (c. Pinhel), entretanto vaga por morte de Leonardo Rodrigues.1613, Abril, 27, ViseuDois bifólios de papel cosidos, 213 x 293 mm., português, escrita encadeada.Assinaturas do notário apostólico Pedro Fernandes e do escrivão João de Barros do Amaral.Sinal do notário apostólico Pedro Fernandes.Viseu, AMGV / DA / 030Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaALVELOS, Manuel – Estêvão Gonçalves Neto: algumas notas biográicas. Beira Alta. 3-2 (1944) 181.

Bibliograia ComplementarALVES, Alexandre – Estêvão Gonçalves Neto, pintor. Beira Alta. 50-3 (1991) 377-385.GONÇALVES, J. Cardoso – Uma jóia da iluminura portuguesa: o Missal Pontiical de Estêvão Gonçalves neto. Gaia: Ed. Pátria, 1931, p. 45-64.SOBRAL, Luís de Moura – A pintura portuguesa no começo do século XVII e a gravura: o Missal Pontiical de Estêvão Gonçalves Neto. In Do sentido das imagens: ensaios sobre pintura barroca portugue-sa e outros temas ibéricos. Lisboa: Ed. Estampa, 1996, p. 131-144.

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GAntifonários encomendados para o cabido da Sé de Viseu pelo bispo D. Miguel de Castro I (1579-1586) e executados, entre 1583 e 1585, por João de Escalante, mestre de capela da Sé de Viseu, com ferros do bispo D. Frei António de Sousa, O. P. (1594-1597) nas pastas.

G1Antifonário da Sé de Viseu(do Advento à 12ª Semana do Tempo Comum)Portugal [1583-1585]Viseu, AMGV / LIV / 14Fotograias: Microil; MGV, Anísio Miguel de Sousa Saraiva

Manuscrito em pergaminho com 139 fólios nume-rados até ao número 138. Faltam os fólios 1, 2, 3, 4 (estando no seu lugar três fólios, colocados posteriormente com diferente numeração) e o fólio 9 foi igualmente substituído por uma cópia não numerada, 520 x 710 mm. Os últimos três fólios, não numerados, são também posteriores. Latim, gótica librária, iniciais decoradas (em sequência alternada de letra a azul em fundo de-corado a vermelho, com letra a vermelho em fundo decorado a azul), sendo mais exuberantes (a ouro) e de maiores dimensões as iniciais correspondentes às antífonas da festa da Cadeira de S. Pedro (l. 76, com representação na cercadura da inicial de duas mitras e de dois brasões de armas dos Castro) e do dia de S. João Baptista (l. 121v).

A encadernação é inteira, com pastas de madeira revestidas a pele castanha, com lombada de 6 nervos, 525 x 740 x 125 mm., gofrada na frente e nas costas. Dispostos em quina nas duas pastas, quatro cravos, ferros (na pasta superior resta apenas o ferro do canto superior direito e na pasta inferior falta o ferro do canto inferior direito) e brasão de armas ao centro das pastas, com fecho de que só existe o encaixe na pasta inferior.

G2Antifonário da Sé de Viseu(Da 13ª Semana do Tempo Comum ao im da Segunda Parte do Tempo Comum)Portugal [1585]Viseu, AMGV / LIV / 15Fotograias: Microil; MGV, Anísio Miguel de Sousa Saraiva

Manuscrito em pergaminho com 121 fólios numerados até ao número 125 (faltam os fólios 5, 7, 12, 26, 121), 540 x 735 mm., seguidos de dois fólios que receberam posteriormente os números 142 e 144. Latim, gótica librária, fólio de abertura com cercadura e brasão de armas dos Castro, decorados com motivos lorais e animais a várias cores e a ouro, e I inicial (fundo azul e letra a ouro) com motivos lorais e antropomóricos. Restantes iniciais decoradas (em sequência alternada de letra a azul em fundo decorado a vermelho, com letra a vermelho em fundo decorado a azul), sendo mais exuberantes (a ouro) e de maiores dimensões as iniciais correspondentes às antífonas das festas da Assunção de Santa Maria (l. 16v) e da Natividade de Nossa Senhora (l. 67).

A encadernação é inteira, com pastas de madeira revestidas a pele castanha, com lombada de 6 nervos, 550 x 760 x 105 mm., gofrada na frente e nas costas. Dispostos em quina nas duas pastas, quatro cravos, ferros (restam apenas os das margens da goteira) e brasão de armas ao centro das pastas (resta apenas o da pasta inferior), com fecho.

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu (província da Beira): subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições religiosas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 84-87.JOAQUIM, Manuel – Nótulas sobre a música na Sé de Viseu. Beira Alta. 3-3 (1944) 217.LUPER, Albert – Portuguese Polyphony in the Sixteenth and Early Seventeenth Centuries. Journal of the American Musicological Society. 3-2 (1950) 93-112.

A. M. S. S.

à esquerdaG1 (Inicial S decorada na cercadura com duas mitras e dois brasões de armas dos Castro, l. 76).

no topoG1 (l. 121 v).G2 (pasta posterior e pormenor, l. 86 v).

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HCustódiaAutor desconhecido / Oicina Portuguesa[ca. 1600-1640]

Prata dourada, fundida, relevada, incisa e cinzelada66 x 19,5 cm.; 20,3 cm. Ø; 3825 g.Viseu, Museu de Grão Vasco (inv. 636)Fotograia: DDF/IMC, Carlos Monteiro

Exposição PermanenteViseu, Museu de Grão Vasco, sala da Cerâmica e Ourivesaria: da função à ornamentação, 2004-2007.

Bibliograia EspecíicaCORTEZ, Fernando Russell – Panorama da escultura do Museu de Grão Vasco. Panorama. 4-24 (1967) 3-30.LACERDA, Aarão de – A Arte Portuguesa: o Museu de Grão Vasco. Coimbra: Tip. da Renascença Portuguesa, 1917, p. 57.MOREIRA, Francisco de Almeida – Museu Regional de Grão Vasco: catálogo, 2ª ed. [S.l.: s.n.], 1934, p. 40.

MOREIRA, Francisco de Almeida – Museu Regional de Grão Vasco: catálogo e guia sumário. Viseu: [Ed. A.], 1921, p. 18-19.MOREIRA, Francisco de Almeida; COUTINHO, A. P. e Almeida – Museu Regional de Grão Vasco: catálogo-guia, 3ª ed. [S.l.: s.n.], 1940, p. 6.RODRIGUES, Dalila – Cerâmica e ourivesaria: da função à ornamentação. In Roteiro do Museu Grão Vasco. Viseu: Instituto Português de Museus / Edições ASA, 2004, p. 64-65.

Bibliograia ComplementarSOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e – Cálice-custódia. In O Compasso da Terra, A Arte enquanto Caminho para Deus, vol. I. Lamego: Diocese, 2006, p. 196-197.

A ancestralidade da vivência do rito, perdida por entre a amplitude do existir humano, não só de matéria feito, foi criando uma extensa gama de objectos que se recobriram de sucessivas camadas de simbolismo que se montava, se desmontava, se recompunha, se miscigenava e enriquecia, atribuindo a cada momento da ritualidade o colorido, a densidade, a inlamação que tornam único cada momento da vida e alimentam, em profundidade, o hemisfério não matérico do humano.No culto católico, para os ofícios da liturgia, sempre se procuraram, para as respectivas alfaias, os metais mais nobres, aos quais, pela sua raridade e beleza, sempre se associou um vínculo simbólico: a honra de receber o sangue e o corpo de Cristo ou com eles se relacionar. O milagre da Transubstanciação é um momento de clímax no ritual, pelo que a materialização do pequeno “templo” onde Ela vai acontecer foi, na época da airmação da vitalidade e espessura da igreja que se airma a partir de Trento, alvo de um tratamento muito particular e complexo, combinando nele todos os sentidos mais elevados. As diiculdades económicas que atravessaram todo o século XVII, decorrentes da perda e retorno da independência nacional, relectiram-se na diminuição das oicinas de ourives, pela natural exigência económica do exercício da arte. Todavia, a encomenda da ourivesaria religiosa tornou-se uma fonte salutar de trabalho para mestres ourives e prateiros, contextualizada pela disciplinada, persistente e economicamente bem suportada orientação de uma Igreja vinculada a Trento. Contudo, e já Afonso X, o Sábio, o consagrara na 14.ª lei do Título VII da Primeira Partida, que se os cálices não pudessem ser de ouro ou de prata, se poderiam admitir de estanho, sendo que mais nenhum, para além destes três metais, receberia o vinho e a hóstia consagrados.Todavia, apesar da contenção económica imposta, mesmo nas alfaias litúrgicas, num momento em que elas eram fundamentais para contextualizar a marcação territorial e recuperação de almas por parte da Igreja, não foram os réditos menores que determinaram uma tipologia complexa e uma ars combinatória que agrega numa só peça o cálice, a custódia, o relicário, o resplendor e o cenário digniicante de templete, mas sim a necessidade de airmação do dogma da Transubstanciação. Por isso, esta tipologia surge na segunda metade do século XVI e não se expandiu para além dos inais do século seguinte.

A custódia era uma peça fundamental na cerimónia de exposição do Santíssimo Sacramento para aben-çoar ou para sair em procissões. A adaptação da tipologia do relicário tem a ver com o sentido de ve-neração a um “eleito” por Deus, seja, neste caso, a hóstia consagrada, materialização sacramental do Salvador, seja, no caso da hagiograia, um elemento que tenha pertencido a um dos mortais eleitos e que o consubstancia. A adaptação e complexiicação do modelo são perfeitamente visíveis nesta multíplice alfaia do Museu de Grão Vasco, a qual reúne em si o cálice, o relicário, a custódia, a glória radial que a pode acompanhar (caso dos exemplares da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, inv. 501 e Museu Nacional Machado de Castro, inv. 6135 O-79) e o templete.Entre os exemplares com algumas semelhanças, podem referir-se a Custódia-cálice, em prata dourada do século XVII, da Paróquia de Nossa Senhora da Assunção, em Torre de Moncorvo, e o Cálice-hostiário, em prata dourada, igualmente do século XVII, do Mosteiro de Nossa Senhora do Couto, em Nabainhos (Gouveia). A Custódia do Museu de Grão Vasco, datável entre as três primeiras décadas de Seiscentos, é o seu mais interessante exemplar de ourivesaria. Para além da riqueza formal e simbólica, ela integra, por empréstimo, uma série de elementos dos tratados de arquitectura, nomeadamente de Sebastiano Serlio, e da gramática decorativa à lamenga. Veja-se como combina, em abundância, o discurso dilatado da ferronerie, tão usada na arquitectura maneirista, e como a “enrola” com uma decoração mais gorda, própria já do ornamento barroco, visível nos acantos densos e nos serains rechonchudos.A alternância de formas, das redondas às lisas, às quebradas, atribui-lhe uma singularidade muito particular. A base mostra dois registos desnivelados onde a ferragem deixa que se lhe sobreponham os ornatos volumosos, tanto vegetalistas como angelicais. A haste sobe em perfeito equilíbrio com o conjunto, marcada a meio pela urna com decoração à lamenga e pelo jogo de peris. Tintinábulos e elementos curvos e vazados fazem pressupor o cálice que cresce para o templete, aberto este por um dilatado viril, onde se alberga um lúmen simples, e marcado pela glória radial movimentada pela alternância dos raios lisos e ondeados. Os elementos arquitectónicos em que marcam as serlianas, emprestadas dos tratados, como se referiu anteriormente, os pares de colunas de plintos dilatados, os pináculos, a breve arquitrave, a cúpula recoberta por ferronerie, o lanternim, que recebe o Cruciicado, deinem o cenário do milagre em cada acto litúrgico renovado e lembram que o gosto pelos motivos caros ao Maneirismo ainda se mantinha.

A. P. A.

a Cidadea MeMóRia do infante d. HenRique

Após a morte do primeiro duque de Viseu, em 1460, o cabido da Sé assumiu a condição de legatário da memória deste seu benfeitor, tendo para isso recebido os rendimentos e o encargo da feira anual da cidade, na condição de todos os sábados de cada mês um capelão orasse pela alma do infante e, anualmente, os cónegos celebrassem a sua memória e o dia de S. Jorge, na ermida dedicada a este santo e que o próprio D. Henrique mandara erigir no recinto da feira, na Cava de Viseu.

Realizada desde o tempo da concessão régia ao infante, durante quinze dias, por ocasião da festa de Santa Iria, e a partir de 1471 no dia 1 de Novembro, a feira e as obrigações pias em memória de D. Henrique foram sendo cumpridas com maior ou menor dinamismo e zelo até inais do século XV. Nos inícios da centúria seguinte, em 1501, o rei D. Manuel I – em resposta às reclamações sobre as más condições que a Cava oferecia para a realização da feira, e que faziam com que nos últimos quatro anos esta já não tivesse lugar – autorizou a sua transferência para dentro da cidade, determinando que voltasse a ser organizada por ocasião da festa de S. Jorge (23 de Abril), como inicialmente havia sido decidido pelo rei D. João I. Esta nova alteração foi, porém, pouco duradoura, uma vez que em 1510, a propósito da falta de um espaço apropriado intra-muros, o monarca transferiu a feira para o Rossio da Ribeira, ixando deinitivamente a sua data para os últimos quinze dias de Setembro, com o privilégio de ser franca desde a véspera ao dia seguinte à festa de S. Mateus, seu novo padroeiro, comemorado a 21 desse mês.

A feira de Viseu, não obstante as vicissitudes por que passou quanto à data e local de realização, manteve-se afecta ao legado de D. Henrique, que os monarcas cuidaram que fosse perpetuado conforme o desejo do infante. Por esse motivo, pouco depois do início do seu reinado, em Fevereiro de 1522, D. João III recordou ao cabido a sua obrigação em cumprir escrupulosamente os sufrágios de D. Henrique, devendo deles dar conta ao provedor das suas capelas (Docs. 79 e 80). Dois anos depois, o rei renovou a sua preocupação, desta vez recordando aos cónegos o dever de também proverem com os rendimentos da feira à reparação da capela de S. Jorge, onde o infante mandara que a sua alma fosse sufragada (Doc. 81).

A saída da feira do recinto da Cava acabou por ditar a ruína da capela, já registada na década de 1580, motivo que levou o cabido a requerer ao rei D. Filipe II, em 1613, autorização para transferir para a Sé as celebrações por D. Henrique, como aliás vinha fazendo nos últimos vinte anos, por os cónegos não terem recursos para reediicar a ermida arruinada (Doc. 82). Recebido o consentimento régio, o cabido solicitou ao bispo D. João Manuel (1609-1625) a afectação de uma capela ou altar da catedral para esse efeito, tendo o prelado escolhido a capela de S. Sebastião, no claustro, na condição de aí colocarem uma imagem de S. Jorge «de vulto em acabada dourada e pintada» para que assim se conservasse a memória da ermida em tempos erguida na Cava de Viseu (Doc. 83).

a. m. s. s.

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79O rei D. João III recorda ao cabido de Viseu a sua obrigação de celebrar todos os sábados missa de Santa Maria, por alma do infante D. Henrique, recebendo para isso seis onças de prata da renda da feira «que esta dentro na cerqua que esta junto com a dita cidade», e ordena aos cónegos que informem o provedor das capelas do infante, de dois em dois anos, do cumprimento dessas mesmas celebrações.1522, Fevereiro, 26, Lisboa

Folha de papel, 216 x 318 mm., português, escrita cortesã.Assinatura do rei D. João III.Viseu, AMGV / DA / COR / 005

Bibliograia EspecíicaMOnUMEnTA Henricina. Dir. org. e anotação crítica de António Joaquim Dias Dinis (O. F. M.). Vol. 15. Coimbra: Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1974, p. 161-162, doc. 103 (publ. doc.).

Bibliograia ComplementarALVES, Alexandre – A Beira e o infante D. Henrique: do senhorio ao testamento do infante. Beira Alta. 16-1/2 (1957) 3-33.ARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 181-185.CID, Augusto – Viseu: um documento interessante para a história da sua Feira Franca. Beira Alta. 5-4 (1946) 237-241.VALE, Alexandre de Lucena e – Efemérides docu-mentadas da Feira de Viseu nos séculos XIV, XV e XVI. Beira Alta. 19-3 (1960) 349-359.

A. M. S. S.

80Simão de Sousa de Almeida, provedor das capelas do infante D. Henrique, solicita ao cabido de Viseu certidão das missas que celebrara por alma do infante e envia-lhe uma carta do rei D. João III, de 26 de Fevereiro de 1522, da qual pede o respectivo recibo.1523, Abril, 15, Sabacheira (c. Tomar)

Bifólio de papel, 219 x 301 mm., português, escrita processada.Assinatura de Simão de Sousa de Almeida.Viseu, AMGV / DA / COR / 011

Bibliograia EspecíicaMOnUMEnTA Henricina. Dir. org. e anotação crítica de António Joaquim Dias Dinis (O. F. M.). Vol. 15. Coimbra: Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1974, p. 162-163, doc. 104 (publ. doc.).

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Vizeu: apontamentos históricos. T. II. Vizeu: Typographia Popular de Henrique Francisco de Lemos, 1895, p. 181-185.

A. M. S. S.

81O rei D. João III manda o cabido de Viseu entregar no almoxarifado da cidade as oito onças de prata que estavam em falta para a reparação da capela de S. Jorge (situada na Cava), onde se deveriam rezar as missas por alma do infante D. Henrique.1524, Novembro, 21, Évora

Bifólio de papel, 206 x 300 mm., português, escrita cortesã.Assinatura do rei D. João III.Viseu, AMGV / DA / COR / 024Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 19.

Bibliograia ComplementarALVES, Alexandre – A desaparecida capela de S. Jorge, da Cava. Beira Alta. 20-2 (1961) 285-293.VALE, Alexandre de Lucena e – Efemérides docu-mentadas da Feira de Viseu nos séculos XIV, XV e XVI. Beira Alta. 19-3 (1960) 349-359.

A. M. S. S.

82O rei D. Filipe II defere a petição apresentada pelo cabido de Viseu, consentindo que este passe a celebrar em deinitivo, na Sé, as missas de Nossa Senhora que era obrigado a rezar (todos os sábados e no dia de S. Jorge) por alma do infante D. Henrique, e que há vinte anos vinha celebrando na catedral por a ermida de S. Jorge (situada na Cava) se achar caída e sem recursos para se reediicar.1613, Janeiro, 29, Lisboa

Bifólio de papel, 214 x 310 mm., português, escrita caligráica moderna.Várias assinaturas, entre as quais a do rei D. Filipe II.Viseu, AMGV / DA / 029Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaMOnUMEnTA Henricina. Dir. org. e anotação crítica de António Joaquim Dias Dinis (O. F. M.). Vol. 15. Coimbra: Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1974, p. 194-195, doc. 121 (publ. doc.).

Bibliograia ComplementarALVES, Alexandre – A desaparecida capela de S. Jorge, da Cava. Beira Alta. 20-2 (1961) 285-293.PAVIA, João de – Descrição da cidade de Viseu: suas antiguidades e cousas notáveis que contém em si o seu bispado, composta por um natural. Ed. e estudo literário de Sara Augusto. Viseu: Câmara Municipal, 2002, p. 18.

A. M. S. S.

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a Cidadea gestão de uM espaço eM expansão

A partir de meados do século XV e sobretudo durante todo o século XVI, a cidade de Viseu conheceu um período de grande desenvolvimento económico, que se relectiu no gradual alargamento da malha urbana para os arrabaldes da Regueira, Corredoura, S. Martinho e Maçorim, ultrapassando as linhas da tardiamente concluída muralha da cidade. Novas habitações foram surgindo um pouco por todo o espaço; nas artérias mais nobres e de grande circulação, as casas foram alteadas para dois ou mesmo três sobrados (Doc. 87), por força da concentração dos prédios e da sua valorização, que a seu tempo receberam uma

decoração ao “estilo moderno”, bem evidente nas inúmeras janelas manuelinas que ainda hoje pontuam no casario em torno da Sé, da então Praça da Cidade ou do Concelho e da Rua Direita, continuando esta a manter o estatuto de principal eixo viário urbano.

Acompanhando este afã construtivo, apareceram em locais estratégicos da vida citadina novos edifícios de prestígio, de cariz civil ou religioso, como a Casa do Miradouro, os renovados Paços do Concelho ou ainda o Seminário Diocesano, anexo à catedral, que de certo modo surgiram na sequência de outras importantes ediicações que lhes serviram de modelo e de estímulo. Assinalem-se entre os exemplos mais signiicativos a realização do abobadamento e da fachada manuelina da Sé, do seu claustro renascentista e do reordenamento do espaço envolvente do adro, a par do programa de renovação do paço e da quinta do Fontelo.

Viseu apresentou-se durante a centúria de Quinhentos como um espaço rico e dinâmico, com um concelho actuante e reivindicativo junto dos monarcas e da infanta D. Maria, ilha do rei Venturoso, a quem o seu irmão D. João III concedeu o senhorio da cidade, de que foi senhora até à morte, em 1577 (Doc. 86). A urbe constituía então um espaço de poder e de poderes, onde a Sé e o cabido reairmavam o papel determinante que, desde o século XII, exerciam no seu ordenamento e na sua gestão, seja na partilha com o concelho de direitos jurisdicionais, como o da almotaçaria (Doc. 90), seja como principal proprietário dos prédios urbanos. Isso mesmo nos mostram algumas das cartas de emprazamento deste período (Docs. 85, 87, 88), sendo também patente o cuidado que o cabido aplicava no controlo da administração dos seus imóveis, através da elaboração de livros com o cadastro desses prédios e o registo do recebimento, ou não, das respectivas rendas (Doc. 89).

Em locais importantes como a Rua Direita, coninante com as Ruas do Gonçalvilho (Gonçalinho) (Doc. 85) e da Triparia (Doc. 87), ou aquela que ia para a Regueira, perto dos quintais do pintor Gaspar Vaz (Doc. 88), passando pela quinta de Maçorim, no arrabalde da cidade (Doc. 84), o cabido era detentor de várias casas, quintais e cortinhais. Explorava-os em regime de emprazamento, geralmente em três vidas, mediante o pagamento de uma renda mista, deinida em géneros (normalmente capões pagos por dia de S. Martinho) e uma quantia em dinheiro, repartida em três prestações a liquidar pelo Natal, Páscoa e S. João, altura em se reiniciava o ano económico do cabido da Sé mas também da cidade de Viseu.

a. m. s. s.

83O bispo D. João Manuel, no seguimento da autorização dada pelo rei D. Filipe II para que o cabido transferisse deinitivamente para a Sé as missas que devia rezar na ermida de S. Jorge, por alma do infante D. Henrique, e em resposta ao pedido que os cónegos lhe dirigiram para afectar essas missas a uma capela ou altar da ca-tedral, determina que os sufrágios passem a ser celebrados na capela de S. Sebastião, no claustro da Sé de Viseu, na condição de aí ser colocada, no prazo de quatro meses, uma imagem de S. Jorge «de vulto bem acabada dourada e pintada» para que assim se conservasse a memória da ermida em tempos erguida na Cava de Viseu e que ao presente se encontrava em ruínas.1620, Março, 8, Fontelo (nos paços da quinta e do couto)

Bifólio de papel, 210 x 305 mm., português, escrita caligráica moderna.Assinatura e selo do bispo D. João Manuel. Selo de chapa circular, 27 mm. Ø, impresso sobre papel. O campo apresenta o brasão de armas do prelado.

Legenda: D : IOHANNES : EMMANUEL : DEI : GRATIA: EPISCOPUS VISENSIS.Viseu, AMGV / DA / 034Fotograias: Microil; MGV, Anísio Miguel de Sousa Saraiva

Bibliograia EspecíicaMOnUMEnTA Henricina. Dir. org. e anotação crítica de António Joaquim Dias Dinis (O. F. M.). Vol. 15. Coimbra: Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 1974, p. 122, 196-198, doc. 123 (publ. doc.).

Bibliograia ComplementarALVES, Alexandre – A desaparecida capela de S. Jorge, da Cava. Beira Alta. 20-2 (1961) 285-293.PAVIA, João de – Descrição da cidade de Viseu: suas antiguidades e cousas notáveis que contém em si o seu bispado, composta por um natural. Ed. e estudo literário de Sara Augusto. Viseu: Câmara Municipal, 2002, p. 18.

A. M. S. S.

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84Por conselho do cardeal infante D. Afonso, bispo de Viseu, recomenda-se ao cabido que renove a João de Barros, cavaleiro da Ordem de Avis, o emprazamento da quinta de Maçorim (fr., Coração de Jesus, c. Viseu).1522, Novembro, 24, Lisboa

Folha de papel, 193 x 231 mm., português, escrita cortesã.Assinatura de Garcia de (…).Viseu, AMGV / DA / COR / 008

85O cabido de Viseu empraza em três vidas a António Correia, cavaleiro da Ordem de Santiago, e a sua mulher umas casas com cortinhais, em Viseu, na Rua Direita, acima da Pedra de Gonçalvilho, pela renda de 150 reais, pagos às terças do ano (Natal, Páscoa e S. João), e dois capões, pelo dia de S. Martinho.1544, Agosto, 3, Viseu, na Sé (na capela do Santo Espírito, em cabido)

Pergaminho, 281 x 350 mm., português, escrita cortesã.Várias assinaturas de membros do cabido de Viseu, entre as quais as do chantre Fernando Ortiz e do cónego Pedro Gomes de Abreu. Suspensão, em ita tecida de io cru, do selo do cabido da Sé de Viseu.Selo circular, 37 mm. Ø, em cera verde, de que resta um fragmento da secção superior, assente sobre cocho de madeira circular, 46 mm. Ø. O campo apresenta a Virgem sentada com o Menino ao colo representada a três quartos, sob um arco trilobado.Legenda, parcialmente ilegível: SEDIS [+ VISENSIS].Viseu, AMGV / PERG / 62Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 294, doc. 45.

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A. M. S. S.

86A infanta D. Maria (senhora de Viseu) escreve ao cabido a propósito da colaboração que este prestara na averiguação, na cidade de Viseu, de irregularidades denunciadas na recolha e venda do cereal.1546, Abril, 8, Almeirim

Bifólio de papel, 218 x 288 mm., português, escrita cortesã.Assinatura da infanta D. Maria. Vestígios de selagem a vermelho na frente e no verso.Viseu, AMGV / DA / COR / 081Fotograia: Microil

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 15-1 (1956) 11-12.

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A. M. S. S.

87O cabido de Viseu empraza em três vidas a Filipa Lopes umas casas de três sobrados, em Viseu, na Rua da Triparia, pela renda de 400 reais, pagos às terças do ano (Natal, Páscoa e S. João), e dois capões, pelo dia de S. Martinho.1559, Janeiro, 12, Viseu, na Sé (na capela do Santo Espírito, em cabido)

Original, pergaminho, 312 x 340 mm., português, escrita processada, razoável estado de conservação, com uma mancha na dobra.Várias assinaturas de membros do cabido de Viseu, entre as quais as do deão e do chantre Fernando Ortiz. Suspensão, em ita tecida de ios castanhos, do selo do cabido da Sé de Viseu. O selo circular, que já não existe, assentava sobre cocho de madeira também circular, 40 mm. Ø. Viseu, AMGV / PERG / 66

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Museu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 296, doc. 48.

A. M. S. S.

85 86

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88O cabido de Viseu empraza em três vidas a Bárbara de Almeida, irmã do cónego António de Almeida, umas casas com quintal, em Viseu, na rua que vai para a Regueira, abaixo da Pedra de Gonçalvilho (cujo quintal confronta com quintais do pintor Gaspar Vaz), pela renda de 800 reais, pagos às terças do ano (Natal, Páscoa e S. João), e dois capões, pelo dia de S. Martinho.1567, Junho, 4, Viseu, na Sé (na capela do Santo Espírito, em cabido)

Pergaminho, 305 x 572 mm., português, escrita cortesã, escrito com duas tintas, a segunda mais escura do que a primeira.Várias assinaturas de membros do cabido de Viseu. Suspensão, em ita tecida a io azul e branco, do selo do cabido da Sé de Viseu, que já não existe.Viseu, AMGV / PERG / 67

Bibliograia EspecíicaJOAQUIM, Manuel – Notícia de vários documentos dos séculos XIII, XIV, XV e XVI, existentes no Mu-seu de Grão Vasco. Beira Alta. 14-4 (1955) 296-297, doc. 49.

Bibliograia ComplementarCASTILHO, Liliana Andrade de Matos e – O centro histórico de Viseu. Beira Alta. 63-3/4 (2004) 330-352.

A. M. S. S.

89Registo dos pagamentos em atraso («mal parados») das rendas devidas ao cabido pelos bens emprazados em Viseu, na Regueira.Registo das receitas do cabido obtidas dos bens emprazados na cidade de Viseu, das Olarias até à Porta de Santa Cristina e à travessa de S. Miguel. [1598-1599]

Livro do Recebimento dos Prazos do Cabido da Sé de ViseuManuscrito original em papel com 130 folhas numeradas, 240 x 350 mm., português, escrita caligráica moderna, primeira folha com iniciais ornadas a preto e vermelho.Capas em pergaminho com reforços em pele, 241 x 350 x 30 mm.Viseu, AMGV / LIV / 04, ls. 53v-54Fotograia: Microil

Bibliograia ComplementarCASTILHO, Liliana Andrade de Matos e – O centro histórico de Viseu. Beira Alta. 63-3/4 (2004) 323-352.

A. M. S. S.

90Sebastião Dias, escrivão da chancelaria da cidade de Viseu e da sua comarca, faz a pedido do ca-bido a cópia, em pública-forma, da carta do rei D. Fernando (de 21 de Novembro de 1380), em que o monarca atende às queixas dos cónegos sobre o incumprimento da jurisdição da almotaçaria da cidade (partilhada pelo concelho e pelo cabido da Sé) por parte dos carniceiros, almocreves e oiciais do município.1623, Abril, 27, Viseu

Três bifólios de papel, 213 x 296 mm., português, escrita caligráica moderna.Assinaturas do escrivão Sebastião Dias, do tabelião Diogo da Lagoa Ribeiro e do cónego António Dias. Sinal de Diogo da Lagoa Ribeiro, tabelião de Viseu.Viseu, AMGV / DA / 041

Bibliograia ComplementarARAGÃO, Maximiano de – Viseu, província da Beira: subsídios para a sua história desde ins do século XV. Instituições politicas. Porto: Tipograia Sequeira, 1928, p. 31-33.

A. M. S. S.

89

à direitaInicial T decorada com motivos vegetalistas.

Antifonário do século XVI (AMGV / LIV / 14, l. 121v)

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à esquerdaInicial I decorada com motivos vegetalistas.Antifonário do século XVI (AMGV / LIV / 14, l. 14)

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episCopológio de viseu (1147 a 1639)CoRRigido e aCtualiZado

D. Odório (1147-1165)D. Gonçalo (1165-1169)D. Marcos (1170)D. Godinho Soares (1171-1176)D. João Peres (1179-1192†)D. Nicolau (1192-1213†)

D. Fernando Raimundes (1213-1214†)D. Bartolomeu (1214-1222†)D. Gil (1223-1248?) D. Pedro Gonçalves (1249-1253†) D. Mateus Martins (1254-1268; 1279-1287†) D. Egas (1288-1313†)

D. Martinho Peres (1313-1323?) D. Gonçalo (1323-1329†) D. Miguel Vivas (1329-1333) D. João Homem I (1333-1349†)D. João Martins (1349-1365†)D. Gonçalo de Figueiredo (1365-1373†)D. João Eanes (1373-1383)D. Pedro Lourenço Buval (1383-1384) D. João Peres II (1385-1391)D. João Homem II (1391-1425†)

D. Garcia de Magalhães (1426-1429†) D. Luís Gonçalves do Amaral (1430-1439) D. Luís Coutinho (1439-1444) D. João Vicente (1444-1463†) D. João Gomes de Abreu (1464-1482†) D. Fernando Gonçalves de Miranda (1487-1505†)

D. Diogo Ortiz de Vilhegas (1505-1519†) D. Afonso, cardeal infante (1519-1523) D. Frei João de Chaves, O.F.M. (1524-1525†) D. Miguel da Silva (1526-1547) D. Gonçalo Pinheiro (1552-1567†) D. Jorge de Ataíde (1568-1578) D. Miguel de Castro I (1578-1586) D. Nuno de Noronha (1586-1594) D. Frei António de Sousa, O. P. (1594-1597†) D. João de Bragança (1599-1609†)

D. João Manuel (1609-1625)D. Frei João de Portugal (1625-1629†)D. Frei Bernardino de Sena, O.F.M. (1630-1632†)D. Miguel de Castro II (1633-1634†)D. Dinis de Melo e Castro (1636-1639†)

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400 anos da HistóRia da sé e da Cidade de viseu