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131 Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 4, n. 7, jul./dez. 2008. NOTAS SOBRE A DIVERSIDADE DE PLANTAS E FITOFISIONOMIAS EM RORAIMA ATRAVÉS DO BANCO DE DADOS DO HERBÁRIO INPA Reinaldo Imbrozio Barbosa * Christinny Giselly Bacelar-Lima ** RESUMO Bancos de dados sobre a flora amazônica estão sendo trabalhados ordenadamente devido à recente informatização dos herbários da Região. O acesso a estes dados auxilia na construção de estudos fitogeográficos e na seleção de áreas prioritárias para coletas em ecossistemas pouco estudados. Neste trabalho, foram selecionados os dados da coleção botânica depositada no Herbário INPA para o estado de Roraima, no extremo norte amazônico. O objetivo foi o de identificar a diversidade de plantas e as principais fitofisionomias onde os esforços de coleta foram concentrados, fazendo associações entre o número de registros de espécies, gêneros e famílias botânicas. Existem 7906 registros para Roraima até julho de 2004, sendo 7715 (2317 espécies) para plantas fanerógamas/ criptógamas e 191 (92 espécies) para fungos. A espécie arbórea com o maior número de registros no grupo de vegetação das savanas foi Byrsonima crassifolia (L.) Kunth (Malpighiaceae), nas campinas/ campinaranas foi Humiria balsamifera (Aubl.) St. Hill (Humiriaceae) e nos sistemas florestais Protium unifoliatum Spruce ex Engl. (Burseraceae). Os resultados indicaram que as regiões: (1) do extremo sudeste do Estado (ecossistemas de floresta e campina/campinarana), (2) do extremo norte/nordeste (floresta e savana de alta altitude) e (3) do extremo sudoeste de Roraima (florestas), possuem poucas ou nenhuma coleta botânica, refletindo o baixo nível de investigação científica e a necessidade de concentração de esforços nestas regiões. Palavras-chave: Flora Amazônica. Diversidade de plantas. Fitogeografia. Herbário. Amazônia. * Engenheiro Florestal, Doutor em Ecologia, Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/CPEC). Boa Vista-RR. E-mail: [email protected]. ** Bióloga, Doutora em Botânica, INPA/CPBO. Manaus-AM. E-mail: [email protected]

C&D N VII Notas Sobre A Diversidade de Plantasagroeco.inpa.gov.br/reinaldo/RIBarbosa_ProdCient_Usu_Visitantes/... · Manaus-AM. E-mail: [email protected]. Amazônia: Ci. &

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131Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 4, n. 7, jul./dez. 2008.

NOTAS SOBRE A DIVERSIDADE DE PLANTAS E FITOFISIONOMIAS EM RORAIMA ATRAVÉSDO BANCO DE DADOS DO HERBÁRIO INPA

Reinaldo Imbrozio Barbosa*

Christinny Giselly Bacelar-Lima**

RESUMO

Bancos de dados sobre a flora amazônica estão sendo trabalhados ordenadamente devido àrecente informatização dos herbários da Região. O acesso a estes dados auxilia na construção deestudos fitogeográficos e na seleção de áreas prioritárias para coletas em ecossistemas poucoestudados. Neste trabalho, foram selecionados os dados da coleção botânica depositada no HerbárioINPA para o estado de Roraima, no extremo norte amazônico. O objetivo foi o de identificar a diversidadede plantas e as principais fitofisionomias onde os esforços de coleta foram concentrados, fazendoassociações entre o número de registros de espécies, gêneros e famílias botânicas. Existem 7906registros para Roraima até julho de 2004, sendo 7715 (2317 espécies) para plantas fanerógamas/criptógamas e 191 (92 espécies) para fungos. A espécie arbórea com o maior número de registros nogrupo de vegetação das savanas foi Byrsonima crassifolia (L.) Kunth (Malpighiaceae), nas campinas/campinaranas foi Humiria balsamifera (Aubl.) St. Hill (Humiriaceae) e nos sistemas florestais Protiumunifoliatum Spruce ex Engl. (Burseraceae). Os resultados indicaram que as regiões: (1) do extremosudeste do Estado (ecossistemas de floresta e campina/campinarana), (2) do extremo norte/nordeste(floresta e savana de alta altitude) e (3) do extremo sudoeste de Roraima (florestas), possuem poucasou nenhuma coleta botânica, refletindo o baixo nível de investigação científica e a necessidade deconcentração de esforços nestas regiões.

Palavras-chave: Flora Amazônica. Diversidade de plantas. Fitogeografia. Herbário. Amazônia.

* Engenheiro Florestal, Doutor em Ecologia, Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/CPEC).Boa Vista-RR. E-mail: [email protected].

** Bióloga, Doutora em Botânica, INPA/CPBO. Manaus-AM. E-mail: [email protected]

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NOTES ON PLANT DIVERSITY AND PHYTOPHYSIONOMIES IN RORAIMA THROUGHHERBARIUM INPA’S DATABASE

ABSTRACT

Databases on the Amazonian flora are been worked orderly due to the recent use ofcomputational services in the regional herbariums. The data access aid both the construction ofphytogeographical studies and the priority areas selection for collections in ecosystems without scientificsurveys. We selected the botanical collection data deposited in the Herbarium INPA for the Roraima’sState, northernmost of the Brazilian Amazonia. The objective was identifying the plant diversity andthe main vegetation formations where the collection efforts were concentrated to do associationsamong the numbers of records and identified species, genus and botanical families. There are 7906records for Roraima until July-2004, with 7715 (2317 species) for phanerogamic-criptogamic plantsand 191 (92 species) for fungi. The tree species with the largest number of records in the savannaswas Byrsonima crassifolia (L.) Kunth (Malpighiaceae), in the campinas/campinaranas Humiriabalsamifera (Aubl.) St. Hill (Humiriaceae) and in the forest systems Protium unifoliatum Spruce exEngl. (Burseraceae). The results indicated that the areas situated in (1) southeastern of the State(forest and campina/campinarana ecosystems), (2) northernmost (forest and savanna of high altitude)and (3) southwestern of Roraima (forests), have little or no botanical collection, reflecting the lowlevel of scientific investigation and the need of concentration of efforts in those areas.

Keywords: Amazonian Flora. Plant diversity. Phytogeography. Herbarium. Amazon.

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1 INTRODUÇÃO

A compreensão da flora amazônica passa,dentre outros indicativos, pela organização eacessibilidade das informações já obtidas a partirde milhares de coletas botânicas pretéritas, edepositadas na forma de exsicatas em diferentesherbários brasileiros e internacionais. O Herbáriodo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia(INPA), situado em Manaus-AM, é o 5º maiordo país, possuindo uma extensa coleção regional(atualmente > 225 mil registros). Ele foi iniciadoformalmente, em 28 de julho de 1954, pelo Dr.William Rodrigues a partir de coletas realizadasna periferia de Manaus, e de uma excursãoefetivada em companhia de Francis Ruellan aoentão Território Federal do Rio Branco, hojeRoraima (W. A. RODRIGUES, comunicaçãopessoal; CORADIN, 1978; SETTE SILVA, 1997;BARBOSA; MIRANDA, 2005). A informatizaçãodo Herbário INPA vem permitindo aacessibilidade das informações contidas nascoletas realizadas em toda a região Amazônicana forma de um grande banco de dados regional.

Este acesso auxilia na construção de panoramasda diversidade de plantas e fitofisionomias(CLARKE et al., 2001). Além disto, pode resultarem estudos sobre a fitogeografia e emitir umretrato sobre a seleção de áreas prioritárias decoletas em regiões ainda pouco estudadas(SCHIMIDT et al., 2005; NELSON; OLIVEIRA,2001).

Neste trabalho foram selecionados osdados da coleção depositada no Herbário INPA,para a região geograficamente definida peloestado de Roraima. O objetivo básico foi o deidentificar as regiões e as fitofisionomias ondeos esforços de coletas foram mais concentrados,as principais famílias, gêneros e espéciesbotânicas determinadas nestas fisionomias e, aspossíveis regiões onde deve haver priorização decoletas devido ao baixo nível de conhecimentocientífico. O estudo foi complementado com ocruzamento de diferentes informações contidasno banco de dados original.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA GEOGRÁFICA DO ESTUDO

O estado de Roraima está situado noextremo norte da Amazônia brasileira e possuiuma área de 224.299km2 (IBGE, 2002) distribuídaem sistemas florestais (todas as tipologias) e não-florestais (savanas, campinas, etc.) de vegetação(Mapa 1). De forma geral, o relevo desta regiãoevolui em altitude do sul, nas proximidades dacalha do rio Amazonas (± 30-40m), para o norte,até alcançar a Formação Roraima (> 2000m). Ossolos compõem um grande mosaico de estruturasque vão deste os latossolos que abrangem grandeparte das savanas até alcançar os solos litólicos,representados pelas serras e resíduos rochososdo Escudo das Guianas (BRASIL, 1975). A

precipitação pluviométrica aumenta do sentidonordeste (savanas) em direção ao sul e sudoeste(florestas e campinas/campinaranas),acompanhando mais ou menos a direção dosventos alísios que sopram constantemente nestaregião do globo (NIMER, 1989). São encontradostrês grandes sistemas climáticos em Roraima,segundo a classificação de Köppen (BARBOSA,1997): (1) Aw, associado à região das savanas,com precipitações médias anuais de 1100-1700mm; (2) Am, abrangendo a região de contatodas formações florestais com as de savana (1700-2000mm); e (3) Af, cobrindo as formaçõesflorestais do oeste e do extremo sul de Roraima

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(> 2000mm). Nesta configuração, sãoencontradas diversas fitofisionomias, dentro dosgrandes sistemas acima descritos, devido àsobreposição de diferentes gradientes de relevoe solo, associados à história climática eantropogênica local. Alguns exemplos podem ser

dados como ilhas de mata, savanas abertas,florestas densas, buritizais, savanas arborizadas,mata ribeirinha, florestas de altitude, áreasdesmatadas, etc. (BRASIL, 1975). Cada um destesecossistemas possui diversidade vegetalespecífica.

Mapa 1 – Grandes grupos de formações vegetais (naturais) de Roraima.

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2.2 METODOLOGIA

Para a realização do estudo foramresgatados todos os dados provenientes dasexsicatas depositadas no Herbário INPA, com adenominação “Roraima” no campo-variáveldefinido como “Estado” dentro do programaBRHAMS - Botanical Research and HerbariumManagement System (FILER, 1996). Esteprograma é um gerenciador lógico de dadosutilizado pelo Herbário INPA, sendo adotado porquase todos os herbários da Amazônia brasileira(SECCO et al., 2003). O Herbário INPA foiescolhido porque todas as grandes excursões eprojetos científicos que passaram por Roraimanos últimos 50 anos realizaram coletas edepositaram exsicatas do material naqueleherbário. Assim sendo, os dados derivados doHerbário INPA geram ricas informações sobre aflora de Roraima, plenamente satisfatórias parao cumprimento dos objetivos deste trabalho.

Após resgatadas todas as informaçõespara Roraima no banco de dados original doBRHAMS, elas foram transformadas para oformato de planilha eletrônica a fim de facilitaro trabalho de ordenação das informações. Opasso seguinte foi o de exercitar a correção doscampos (p. ex. “família”, “gênero” e “espécie”)devido a erros de digitação constantes no banco.O sistema de classificação botânica foi todoajustado pelo de Cronquist (1981). Além disto,também foram verificados e corrigidos registrosduplicados e demais erros relacionados àlocalidade de coleta ou à nova configuraçãomunicipal de Roraima. Por fim, foram buscadasinformações gerais em cada registro para permitirinserir campos adicionais na planilha como: (1)“formas de vida” (sinusias), para descrever asprincipais formas biológicas (árvore, arbusto etc.)de cada espécie de planta; (2) “vegetação-tipologia” para indicar a especificidade doambiente onde o indivíduo foi coletado, relatado

diretamente pelo coletor (savana antropizada,ilha de mata, floresta ribeirinha etc.); e (3) “grupo-vegetação” criado para indicar a macroestruturageral do grupo de ecossistemas em que asespécies se enquadravam (savana, florestaaluvial, floresta montana etc.), descrevendo-ascomo grandes formações vegetais. Isto foiefetuado a partir das informações derivadas decada coletor, e constantes nos registrosindividuais. O Apêndice A descreve todas asdefinições especificadas para cada novo campogerado no banco de dados.

Para o campo “formas de vida” éimportante reconhecer que aquelas denominadascomo “árvores” em sistemas de savana nãopodiam ser associadas com esta mesma definiçãoem florestas, por causa de diferenças morfo-estruturais e ecológicas que apresentam em cadauma destas grandes formações. Assim sendo,procurou-se manter a fidelidade do que havia sidooriginalmente definido pelos coletores na fichade campo, intervindo apenas em casos onde asdefinições são bem conhecidas pela comunidadecientifica, mas não estavam contempladas nosregistros originais. Nos casos de dúvidas,especificamente para as formas de vida “árvore”e “arbusto”, foram utilizadas as informações doscoletores associadas às definições adotadas porMiranda (1998), Miranda et al. (2003), e Barbosae Miranda (2005), para as savanas de Roraima,e por Rizzini (1971) e Ribeiro et al. (1999), paraas florestas (forma geral). Todos estes estudosutilizaram, em geral, as adaptações das definiçõesdo modelo adotado por Raunkiaer (1934), sendoaplicadas com o intuito de padronizar todo otrabalho. Para generalizações e orientações sobreoutras formas de vida (ervas, epífitas etc.), foramobservadas as definições de Ribeiro et al. (1999)e os capítulos 5 e 6 do livro de Jacobs (1988). Ocampo “grupo-vegetação” foi criado a partir de

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uma adaptação das definições de classes, grupos,subgrupos e formações vegetais estabelecidaspelo IBGE (1992, p.13), aglutinando os ambientesdetectados pelos coletores, dentro de grandesformações vegetais brasileiras. Realizada estaetapa, procedeu-se à construção de gráficos etabelas que cruzaram as diferentes informaçõescontidas no banco de dados para responder asseguintes questões:

1. Quantos registros válidos para Roraimaconstavam na coleção do Herbário INPAaté julho de 2004?

2. Como foi a evolução temporal destascoletas?

3. Quais os principais coletores individuaise sua relação com os projetos sobre a

flora da Amazônia e especificamentecom a de Roraima?

4. Quais as principais formas de vidadeterminadas pelos coletores e comoelas estão distribuídas pelas diferentesformações vegetais?

5. Quais as principais famílias, gêneros eespécies de plantas que estãodepositadas na coleção, pelos grandesgrupos de formação vegetal?

6. Onde estão situados espacialmente osprincipais esforços de coletas?

7. Quais as principais regiões e/ouformações vegetais com baixo esforçode coletas?

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 DISTRIBUIÇÃO DOS REGISTROS

O Herbário INPA apresentou 7906 registrosválidos para o estado de Roraima até julho de2004. Coletas anteriores a 1954 (ano de criaçãodo Herbário INPA) foram devido a doações etrocas com instituições parceiras como, porexemplo, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Para este período estão depositadas relíquias deErnest Ule (1908 e 1910), João Geraldo Kuhlmann(1912-1913) e Adolpho Ducke (1933 e 1937), querealizaram coletas principalmente em localidadessituadas nas savanas de Roraima (BARBOSA;FERREIRA, 1997). Os picos de coleta identificadosno Gráfico 1 representam o esforço concentradode grandes projetos de inventários botânicosregionais que tiveram representação em Roraima

como, por exemplo: (1) Plants of BrazilianAmazonia, articulado por Ghillean Tolmie Prancee Enrico Forero ao final dos anos 1960; (2) Florado Território de Roraima (Projeto IPEAN-RADAM),gerenciado por João Murça Pires ao início dadécada de 1970, dentro do ProjetoRADAMBRASIL; (3) Flora Amazônica e ProjetoMaracá em meados e fins dos anos 1980,respectivamente e; (4) as teses de doutorado deTânia Maria Sanaiotti (SANAIOTTI, 1996) eIzildinha de Souza Miranda (MIRANDA; ABSY,1997; MIRANDA, 1998; MIRANDA et al., 2003)em meados dos anos 1990. Estes projetosaceleraram a curva de registros acumulados aolongo do período analisado (Gráfico 2).

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Gráfico 1 – Picos anuais de registros das coletas botânicas realizadas em Roraima e depositadas noHerbário INPA (até julho 2004).

Gráfico 2 – Curva da evolução das coletas botânicas realizadas em Roraima e depositadas no HerbárioINPA (até julho 2004).

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3.2 PRINCIPAIS COLETORES

Dos 113 coletores individuais registradospara Roraima, os principais foram: (1) G. T. Prance(2231 registros); (2) I. S. Miranda (746); (3) J.Murça Pires (480); (4) William Milliken (407) e(5) Lídio Coradin (373). Embora outros relevantescoletores devam ser citados por sua importânciano contexto histórico local, como William A.Rodrigues (década de 1950), Edileuza LopesSette Silva (meados dos anos 1980 e início dos90) e Carlos Alberto Cid Ferreira (final dos anos1980 até o presente), é visível que as coletasnão foram constantes, mas sazonais e muitodependentes de esforços externos à Roraima.

Em parte porque o processo de estabelecimentode instituições de pesquisa local é recente,iniciado com a criação do Museu Integrado deRoraima (MIRR) em 13.02.1985 e, em seguida,com a efetivação da Universidade Federal deRoraima (UFRR), em 1990. A outra parte doproblema é a falta de pessoal qualificado(curadores, taxonomistas, técnicos,parabotânicos etc.) permanente e vinculado àscoleções destas instituições, e que poderiamestabelecer programas de pesquisa e coleta dedados incorporados às questões científicas deâmbito local e regional.

3.3 GRUPOS DE ORGANISMOS COLETADOS

Do total de registros válidos, 7715 (97,6%)foram relativos a plantas fanerógamas ecriptógamas, sendo sete sem nenhum tipo deidentificação (todas briófitas). Destes, 331 foramclassificados apenas até família, 1610 até gêneroe 5767 possuíam identificação completa (Tabela1). O restante dos registros (191) foi correspondenteaos fungos, uma categoria particular do HerbárioINPA, com 12 registros sem qualquer tipo declassificação, 14 até família, 56 apenas com ogênero e 109 com identificação completa. Destesúltimos, foram observadas 92 espécies situadas em

74 gêneros de 19 famílias (Tabela 2). Cento enoventa registros de fungos foram obtidos a partirde coletas em sistemas florestais por I. Araújo ecolaboradores, em 1977 (ao longo da BR 174), epor M. A. de Jesus, em 1989, na (Estação Ecológicade Maracá). Apenas um foi coletado na cidade deBoa Vista, em 2001, e definido como um indivíduoruderal. Dadas as devidas considerações a estacategoria especial, deste ponto em diante será dadaênfase apenas às plantas fanerógamas ecriptógamas registradas no Herbário INPA, paracontextualizar e cumprir o objetivo deste estudo.

Tabela 1 - Número de registros válidos dos depósitos efetuados no Herbário INPA para o estado de Roraima(até julho 2004).

Fonte: dados da pesquisa.

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Fonte: dados da pesquisa.

3.4 FORMAS DE VIDA

Dos 7715 registros válidos parafanerógamas/criptógamas, foram observadas2317 espécies botânicas, distribuídas por 959gêneros de 165 famílias (ver Tabela 2). Do totalde famílias identificadas, o maior número deregistros foi determinado para Rubiaceae (604registros), Fabaceae (531), Melastomataceae(322), Poaceae (310) e Cyperaceae (304),acumulando 26,8% dos registros (Tabela 3). Ocruzamento das famílias botânicas, com as

formas de vida aqui definidas, indicou que árvores(2856 registros), ervas terrestres (2065), arbustos(1391) e lianas (805) foram as que congregarama maior quantidade de registros de plantas(92,2%). Poaceae e Cyperaceae são tipicamentefamílias de ervas e, sozinhas, somaram cerca de8% do total geral de registros. Rubiaceaedominou as formas arbóreas e arbustivas,enquanto que Fabaceae apresentou o maiornúmero de registros para lianas (cipós).

Tabela 2 - Número de famílias, gêneros e espécies botânicas registradas no Herbário INPA (até julho 2004).

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Tabela 3 - Número de registros de famílias das plantas fanerógamas e criptógamas, por formas de vida,depositadas no Herbário INPA até julho 2004.

Fonte: dados da pesquisa.Notas: (1) Briófitas, liquens e outras formas indeterminadas.

3.5 FORMAÇÕES FITOFISIONÔMICAS

O somatório dos registros das grandesformações vegetais (savanas, florestas ecampinas/campinaranas) representou 80,2% detudo o que foi depositado no Herbário INPA(Tabela 4), refletindo a distribuição destesgrandes grupos de vegetação em Roraima (verMapa 1). As famílias Poaceae e Cyperaceae forammais destacadas no conjunto dos ecossistemasde savanas, por serem ambientes heliófilos. Alémdo motivo ecológico, os fortes investimentos emcoletas efetivadas por L. Coradin e I. S. Miranda,ambos associados a programas de pós-graduação, alavancaram sensivelmente oconhecimento destas famílias nas savanas locais.A família Fabaceae predominou nas formações

de savana e floresta aluvial, enquanto queRubiaceae foi mais importante nas florestas dasterras baixas. Outro destaque foi a forte presençade Orquidaceae nas florestas aluvial e montana,o que seria de se esperar para ambientes comalta umidade e precipitação pluviométrica.Isoladamente, o grande número de registrosverificados para todos os sistemas florestais(48,3%) é explicado pela alta atividade dosProjetos Maracá (ver MILLIKEN; RATTER, 1989),Flora do Território de Roraima (Projeto IPEAN-RADAM, ver BRASIL, 1975), Flora Amazônica ePlants of Brazilian Amazonia. Estes projetostambém coletaram em outros ambientes, mas oforte de seu foco foram os sistemas florestais de

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A distribuição do número de registros pelasformações vegetais associados às formas de vidaestá apresentada na Tabela 5. As florestas (todas)aglutinaram um maior volume de registrossituados nas formas de vida arbórea e,relativamente equitativa para ervas terrestres,arbustos e lianas. Nas savanas, o maior número

de registros foi para ervas terrestres, enquanto quecampinas/campinaranas apresentaram uminvestimento mais equilibrado entre as formasarbóreas e arbustivas. Esta distribuição de registrosde coleta pelas formas de vida definidas nestetrabalho reflete a estrutura vertical de cada umdestes grandes grupos de vegetação de Roraima.

Roraima. As savanas (23,9%) e as campinas/campinaranas (8,0%) são explicados,principalmente, pelos esforços de projetos depesquisa vinculados a sistemas de pós-graduação

ao final de década de 1970 e em meados dosanos 1990 em diante, embora hajam situaçõesisoladas que ajudem na compilação do total deregistros verificados no Herbário INPA.

Tabela 4 - Número de registros de famílias das plantas fanerógamas e criptógamas, por formação vegetal,depositados no Herbário INPA até julho 2004.

Fonte: dados da pesquisa.Notas: (1) Plantas ruderais, ambientes de contato, floresta submontana e outros ambientes indeterminados.

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3.6 ESPACIALIZAÇÃO DOS REGISTROS

Quanto à espacialização, os registrosindicaram que as coletas foram realizadas emtodos os municípios do Estado, seguindo aconfiguração atual da divisão municipal.Amajari aparece como o de maior ocorrênciade registros (2195 coletas), principalmentedevido ao Projeto Maracá, seguido de Boa Vista(1008), por causa da proximidade com a capital(Tabela 6). Os municípios de Caracaraí (590),

Alto Alegre (577), Mucajaí (569) e Cantá (445)também figuraram entre os maiscontemplados. Setecentos e trinta e doisregistros não continham o local de procedênciae, 154, estavam cadastrados como rios e/ouestradas que fazem limites entre doismunicípios, sendo impossível determinar deque lado da atual divisão municipal foirealizada a coleta.

Tabela 5 - Quantidade de registros das formas de vida, por formação vegetal, das plantas fanerogámas ecriptógamas depositados no Herbário INPA até julho 2004.

Fonte: dados da pesquisa.Notas: (1) Plantas ruderais, ambientes de contato, floresta submontana e outros ambientes indeterminados.

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A associação das formações vegetaiscom os municípios representou de formaconsistente a fitogeografia local refletindo otipo de vegetação dominante que cada umpossui. A divisão do número de registros pelosmunicípios também refletiu três grandes eixosdominantes de coletas: (1) as rodovias federais(BRs 174, 210 e 401); (2) as atuais rodoviasestaduais (p. ex. para as regiões do Taiano, Serrada Lua e Cantá) e (3) a rede hidrográfica,principalmente àquela relacionada aos riosBranco, Uraricoera, Tacutu e Mucajaí. Este tipode distribuição é muito comum na Amazôniabrasileira, porque representa a melhor forma

de deslocamento entre os diferentes ambientesou localidades, já tendo sido anteriormenteevidenciado por Nelson et al. (1990).Entretanto, existe uma carga de coletas vindasde projetos específicos que fugiram dos eixosmencionados, e acabaram realizando trabalhosde grande importância étnica (registro doconhecimento tradicional) e fitogeográficacomo, por exemplo, aqueles realizados por: (1)G. T. Prance nas regiões de floresta sob domíniodos Yanomami, Sanumá e Yekuana (1960/70)e (2) W. Milliken, com os Yanomami e Yekuana(1987 e 2002) e, entre os Macuxi, Wapichanae Ingarikó (1994), nas savanas locais.

Tabela 6 - Distribuição do total de registros, por formação vegetal e municípios de Roraima (configuraçãoatual), depositados no Herbário INPA até julho 2004.

Fonte: dados da pesquisa.Notas: (1) 12 divisas (rios e/ou estradas) entre municípios conhecidos.

(2) Plantas ruderais, ambientes de contato, floresta submontana e outros ambientes indeterminados.

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Do ponto de vista fitoespacial, Roraimapossui investigações muito pontuais, mas quemesmo assim representam, de modo geral,todas as formações de vegetação locais. Osgrandes vazios de informação estão situadosnas regiões: (1) do extremo sudeste do Estado(ecossistemas de floresta e formações decampina/campinarana); (2) extremo norte/nordeste (floresta e savana de alta altitude) e;(3) extremo sudoeste de Roraima (florestas ecampinas/campinaranas do interflúvio rioBranco-Negro). Neste último caso, estãoatualmente estabelecidos os municípios de SãoLuiz do Anauá, Caroebe e São João da Balizaque, juntos, somam apenas 0,17% (13) do totalde coletas botânicas registradas para Roraimadentro do Herbário INPA. Isto infere adeficiência de conhecimento dos ecossistemassituados naquela região, preocupandofortemente pela associação com elevadas taxasde desmatamento observadas principalmentea partir do final dos anos 1990. Paraexemplificar a falta de conhecimento destessistemas, Struwe et al. (2008) determinaram umnovo gênero (Roraimaea) da famíliaGentianaceae derivada das campinas desta

região. Isto demonstra o quanto ainda énecessário avançar nestes ecossistemas. Asrazões deste baixo nível investigatório nas trêsregiões acima citadas são o difícil acesso, nocaso dos dois primeiros e, a falta dedirecionamento de pesquisas, no caso doterceiro, este sem problemas de acessorodoviário.

As terras indígenas, principalmenteYanomami, São Marcos e Raposa-Serra do Sol,apesar das restrições legais da atualidadearticuladas pelo governo brasileiro a partir doConselho de Gestão do Patrimônio Genético(CGEN) - www.mma.gov.br/port/cgen/index.cfm,possuem um elevado número de coletas einformações adquiridas antes das restrições, etotalmente dentro de projetos de pesquisa sobobservação do CNPq. Entretanto, em termos donúmero de depósitos efetuados no Herbário INPA,ainda existe carência de informação para as terrasindígenas Wai Wai (extremo sudeste) e Waimiri-Atroari (extremo sul), embora já haja registrodocumental para este último grupo, comdepósitos vinculados ao estado do Amazonas(MILLIKEN et al., 1992).

3.7 PRINCIPAIS GÊNEROS E ESPÉCIES

O cruzamento dos grupos de vegetaçãocom famílias, gêneros, espécies e formas de vidaauferidas para cada um dos registrosdocumentados no Herbário INPA, permitiu acompactação das informações. Das dez famíliascom maior número de registros no HerbárioINPA, as que apresentaram o maior número degêneros foram Rubiaceae (57), Poaceae (55) e

Fabaceae (51), com 17% do total para asplantas fanerógamas/criptógamas (Tabela 7).Da mesma forma que o número de registros,estes gêneros estavam principalmentedistribuídos entre as seguintes formas de vida:árvores (28,1%), ervas terrestres (24,5%),arbustos (18,5%), lianas (12,2%) e demaisforma (14%).

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Os gêneros mais representativos da famíliaRubiaceae foram Psychotria (32 espécies) ePalicorea (9 espécies), da família PoaceaePaspalum e Panicum, ambos com 15 espéciescada e, da família Fabaceae foram Swartzia (11)e Ormosia (7). O gênero com maior número deespécies de Roraima depositadas no HerbárioINPA foi Miconia (Melastomataceae) com 46espécies de plantas distribuídas apenas pelasformas de vida arbórea e arbustiva.Individualmente, as espécies com maiorquantidade de registros foram Byrsonimacrassifolia (L.) Kunth (Malpighiaceae, árvore, 31registros), Siparuna guianensis Aubl.(Monimiaceae, árvore, 22), Xylopia aromatica(Lam.) Mart. (Annonaceae, árvore, 21), Rourea

grousordyana Baill. (Connaraceae, arbusto, 21),Protium unifoliolatum Spruce ex Engl.(Burseraceae, árvore, 19) e Eschweileriapedicellata (Rich.) S.A. Mori (Lecythidaceae,árvore, 19). As demais espécies estavam em suamaioria representadas por: um (1223 espécies -52,8%); dois (404 - 17,4%) ou três (243 - 10,5%)registros de coleta (Gráfico 3), com uma forteconcentração das coletas em poucas espécies,principalmente àquelas pertencentes às formasde vida arbórea. Isto implica que um continuadoesforço de coleta poderia produzir considerávelaumento no conhecimento de novas espécies emRoraima, da mesma forma como observado porClarke et al. (2001) nas florestas de Iwokrama,na Guiana, próximo da fronteira leste de Roraima.

Tabela 7 – Número de gêneros botânicos associados às famílias com o maior número de registros no HerbárioINPA, para Roraima, até julho 2004.

Fonte: dados da pesquisa.Notas: (1) excluidas as indeterminadas (por exemplo: briófitas).

(2) o somatório das linhas não corresponde ao total especificado porque vários gêneros se repetem em diferentesformas de vida.

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Fonte: dados da pesquisa.Notas: (1) excluidas as indeterminadas.

(2) o somatório das linhas referentes às famílias é diferente do total apresentado porque algumas espécies foramdescritas como, por exemplo, árvores por alguns coletores em ambientes de savana e, arbustos, quandoencontradas em ambientes de contato ou florestais.

Tabela 8 – Número de espécies, por família e formas de vida, das plantas de Roraima depositadas no HerbárioINPA até julho 2004.

Gráfico 3 – Número de coletas depositadas no Herbário INPA (julho 2004) representando o número de espéciesencontradas nos diferentes ecossistemas de Roraima.

147Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 4, n. 7, jul./dez. 2008.

Tomando como base a quantidade deregistros das espécies distribuídas nas formaçõesvegetais, foi possível identificar algumas queprovavelmente indiquem os ambientes. Mesmoentendendo que a maior quantidade de registrosde coleta de uma espécie necessariamente nãoexpressa uma relação direta de especificidade como ecossistema, esta foi uma das formas de tentarrefletir a distribuição das espécies pelas grandesformações de vegetação em Roraima. Assim sendo,tomou-se como exercício a forma de vida “arbórea”das principais formações, visto que representa omaior número de registros (38,0%) e de espécies(35,4%) de todas as definidas neste estudo, alémde denotar a estrutura geral do sistema.

As espécies arbóreas com o maior númerode registros foram para as: (1) savanas: Byrsonimacrassifolia (L.) Kunth (Malpighiaceae) e Antoniaovata Pohl. (Loganiaceae); (2) florestas aluviais:

Protium unifoliolatum Spruce ex Engl. (Burseraceae)e Genipa americana L. (Rubiaceae); (3) florestas dasterras baixas: Tetragastris panamensis (Engl.) Kuntze(Burseraceae) e Pradosia surinamensis (Eym.) Penn.(Sapotaceae); (4) florestas montanas: Eschweileraroraimensis Mori (Lecythidaceae) e Virola theiodoraWarb. (Myristicacea); (5) florestas submontanas:Licania discolor Pilger (Chrysobalanaceae) e Protiumunifoliolatum Spruce ex Engl. (Burseraceae) e (6)campinas/campinaranas: Humiria balsamifera(Aubl.) St. Hill (Humiriaceae) e Pagamea coriaceaeSpruce ex Benth. (Euphorbiaceae) (Tabela 9).Embora sem associação de valores quantitativos deabundância de espécies, área basal e/ou biomassapor unidade de área, este resultado apresenta umbom indicativo das espécies arbóreas presentes nasgrandes formações vegetais de Roraima, refletindovários inventários florísticos realizados ao longodestes últimos anos, com um número de depósitosno Herbário INPA que alcança quase 8 mil registros.

Tabela 9 - Principais formações vegetais e as espécies de plantas arbóreas com maior número de registros noHerbário INPA para Roraima, até julho 2004.

Fonte: dados da pesquisa.

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4 CONCLUSÕES

As informações contidas no banco dedados do Herbário INPA até julho de 2004(fanerógamas/criptógamas e fungos), indicamque o estado de Roraima identificou mais de2300 espécies de plantas em todas as grandesfitofisionomias regionais, mas que ainda possuideficiências de conhecimento de sua flora emregiões como: (1) extremo sudeste (ecossistemasde floresta e campina/campinarana); (2) extremo

norte/nordeste (floresta e savana de altaaltitude) e (3) extremo sudoeste (florestas). Acarência de programas específicos para estasregiões, associado à falta de profissionaisqualificados nas instituições de pesquisa locaissugere que estes fatores sejam a causa da poucaquantidade de pesquisas científicas relacionadasao reconhecimento e ao uso dos recursosvegetais regionais.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi apoiado pelo projeto“Ecologia e Manejo dos Recursos Naturaisdas Savanas de Roraima”, vinculado à basede pesquisas do INPA, em Boa Vista, Roraima. ODr. Carlos Henrique Franciscon (curador doHerbário INPA) e a Técnica Márcia Carla Ribeiro

da Silva (INPA/CPBO) deram todo o apoio aodesenvolvimento do trabalho, dando acesso aobanco de dados daquela instituição, e prestandoas informações pertinentes ao bom andamentodeste trabalho. Flavia Pinto construiu o mapa comas macro divisões fitofisionônicas.

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151Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 4, n. 7, jul./dez. 2008.

1. Conceitos adotados nas definições do campo“formas de vida”. Neste item, as definiçõesde árvore e arbusto de savanas foram adotadasa partir dos trabalhos de Miranda (1998),Miranda et al. (2003), Barbosa e Miranda(2005). As mesmas definições para sistemasflorestais foram derivadas de Rizzini (1971) e,as demais formas de vida foram categorizadastomando-se como base o trabalho de Ribeiroet al. (1999) e Jacobs (1988).

a. Árvore – a.1) florestas, vegetal dotado detronco individualizado, exigindo-se queultrapasse os 6-7m de altura quando adulto;a.2) savanas, todo vegetal lenhoso de troncoindividualizado acima de 2m de altura.

b. Arbusto – b.1) florestas, vegetal lenhoso comramificação (não obrigatória) nasproximidades do solo, com altura inferior a dasárvores; b.2) savanas, a mesma definição, ealtura abaixo de 2m.

c. Erva terrestre – plantas terrestres com caulenão lenhoso, sendo geralmente de pequenoporte. As famílias Poaceae e Cyperaceae sãomuito abundantes nesta forma de vida.

d. Erva aquática – plantas que vivem dentrod’água ou em ambientes muito encharcados,com caule não lenhoso.

e. Lianas (Cipós) – plantas lenhosas que nascemno solo e sobem em árvores e arbustos quesão usados como suporte.

f. Epífitas/Hemiepífitas – epífitas são plantasgeralmente herbáceas que usam outras plantaspara sustentá-las e não possuem ligação como solo; as hemiepíficas possuem a mesma

APÊNDICE

(Definições adotadas)

definição, porém possuem alguma ligação como solo. Neste grupo foram incluídas asorquídeas, as bromélias e as aráceas.

g. Palmeiras – é inclusa no grupo das árvores,mas foi separada propositadamente nesteestudo para dar maior visibilidade a estaforma.

h. Briófitas – plantas criptógamas, como musgos,que vivem associadas a ambientes úmidos e/ou a vegetais superiores.

i. Liquens – associação de alga/fungo; inclusa nogrupo das plantas criptógamas.

j. Fungos – indivíduos classificados dentro doReino Fungi, e que não possuem atividadefotossintética.

2. Conceitos adotados nas definições do campo“vegetação”. Este campo foi gerado a partirdas informações provenientes dos próprioscoletores, e inseridas no banco de dadosoriginal. Ele foi ajustado dentro de definiçõesgerais para que pudesse contemplar todas osambientes mencionados.

a. Afloramento rochoso – afloramentos rochosossituados em qualquer ambiente vegetal.

b. Brejo (floresta, savana, campina/campinarana,altitude) – áreas alagadas sazonalmente,independente das formações vegetais.

c. Campo de altitude – campos rupestres, relíquiasou refúgios ecológicos de alta altitude, quasesempre acima de 1000m.

Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 4, n. 7, jul./dez. 2008. 152

d. Campina/campinarana – vegetação arbóreo-arbustiva situada sob solos de areia branca eencharcados no período chuvoso; são ascaatingas amazônicas.

e. Ecossistemas aquáticos – lagos e lagoassituadas em qualquer sistema.

f. Floresta de altitude – vegetação florestalsituada em dois momentos, < 600m(submontana) e acima de 600m (montana).

g. Floresta de ilhas de mata – pequenas manchasde floresta encontradas nas regiões de savana(geralmente são semideciduais).

h. Floresta de terra-firme – qualquer florestaestabelecida em terrenos não-alagáveis.

i. Contato floresta/savana – ecossistema detensão ecológica entre sistemas de floresta deterra-firme e savanas.

j. Contato floresta/vegetação secundária defloresta – ecossistema de tensão ecológicaentre sistemas de floresta de terra-firme evegetação secundária (florestal ou savana).

k. Contato vegetação ribeirinha/floresta de terra-firme – ecossistema de tensão ecológica entresistemas de vegetação ribeirinha (alagáveis)e floresta de terra-firme.

l. Contato savana estépica/vegetaçãoribeirinha – ecossistema de tensãoecológica entre savana estépica (árida dealtitude) e vegetação ribeirinha(alagáveis).

m. Plantas ruderais – plantas associadas ao usohumano e, pelo homem cultivada sob seudomínio.

n. Contato vegetação ribeirinha/savana –ecossistema de tensão ecológica entresistemas de vegetação ribeirinha (alagáveis)e savana.

o. Savana (forma geral) – todos os tipos desavanas não especificados, mas situadosabaixo de 600m.

p. Savana estépica (forma geral) – savanas áridassituadas acima de 600m de altitude, semespecificação da tipologia.

q. Savana antropizada – modificada pela açãohumana.

r. Savana florestada – com tipologia florestada;por definição, deveria possuir 50-90% decobertura de copa.

s. Savana arbórea – com tipologia arborizada;por definição, deveria possuir 20-50% decobertura de copa.

t. Savana parque – com tipologia parqueada;por definição, deveria possuir 5-20% decobertura de copa.

u. Savana gramíneo-lenhosa – com tipologiaassociada aos campos limpo e sujo; pordefinição, deveria possuir < 5% de coberturade copa.

v. Vegetação secundária (não especificada) –ambiente em fase de sucessão secundária,sem formação vegetal original especificadapelo coletor.

w. Vegetação secundária de altitude (nãoespecificada) – ambiente em fase de sucessãovegetal secundária em região de altitude, masnão especificada pelo coletor.

153Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 4, n. 7, jul./dez. 2008.

x. Vegetação secundária de floresta de terra-firme – ambiente em fase de sucessãovegetal secundária em região de floresta deterra-firme.

y. Vegetação secundária de floresta de altitude– ambiente em fase de sucessão vegetalsecundária em região de floresta de altitude.

z. Vegetação secundária de savana (formageral) – ambiente em fase de sucessãovegetal secundária em região de savananão especificada pelo coletor.

aa. Vegetação secundária de savana de altitude(estépica) – ambiente em fase de sucessãovegetal secundária em região de savanaárida e de altitude.

bb. Vegetação ribeirinha (não especificada) –ambiente associado às margens de rios eigarapés, mas não especificado pelo coletor.

cc. Vegetação ribeirinha de floresta dealtitude – ambiente florestal associado àsmargens de rios e igarapés.

3. Conceitos adotados para o campo “grupo-vegetação”. Aqui as definições foramderivadas de IBGE (1992; p. 13), no sentidode padronizar os grandes grupos de formaçãovegetal, visto que havia uma série deambientes específicos que foram definidospelos coletores, mas não se enquadravam emnenhum sistema de classificação ordenado.Assim sendo, vários ambientes definidos noitem 2 deste Apêndice foram aglutinados nasformações vegetais abaixo descritas.

a. Savana – todos os ambientes associadosàs letras o/p/q/r/s/t/u/z/aa dos itens acimamencionados, e pertencentes aos

subgrupos florestais, arborizados,parqueados e gramíneo-lenhosos,definidos pelo IBGE (1992), independenteda altitude ou se a paisagem é estépica(árida) ou não.

b. Floresta aluvial – todos os ambientesassociados às letras n/k/bb/cc, independentedos subgrupos de formações (densa, aberta,semidecidual e decidual), presente nosterraços aluviais dos flúvios (matas de várzea,igapó ou qualquer outro ambiente florestalsituado às margens de rios e igarapés).Também independente da altimetria.

c. Floresta das terras baixas – ambientesdefinidos nas letras h/x, independente dossubgrupos de formações (densa, aberta,semidecidual e decidual). Correspondente àsflorestas de terra-firme situadas abaixo de100m de altitude.

d. Floresta submontana – ambientes de terra-firme definidos nas letras f/y, com altimetriaentre 100-600m, independente dos subgruposde formações (densa, aberta, semidecidual edecidual).

e. Floresta montana – ambientes de terra-firmedefinidos nas letras f/y, com altimetria superiora 600m, independente dos subgrupos deformações (densa, aberta, semidecidual edecidual).

f. Campinas/Campinarana – vegetação arbóreo-arbustiva situada em solos arenosos, comoo podzol hidromórfico ou as areiasquartzozas hidromórficas, com elevação donível do lençol freático no período chuvoso(letra d), independente da inserção nossubgrupos de formações florestada,arborizada e gramíneo-lenhosa, definidospelo IBGE (1992).

Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 4, n. 7, jul./dez. 2008. 154

g. Campo de altitude – campos rupestres, relíquiasou refúgios ecológicos de alta altitude, quasesempre acima de 1000m (letra c).

h. Ambientes de contato – todos aquelesassociados às letras g/i/j/l.

i. Plantas ruderais – definidas na letra m.

j. Brejos e Ecossistemas aquáticos – plantascoletadas em brejos e lâminas d’água de rios,igarapés e lagos, definidos nas letras b/e.

k. Outros – ambientes de pouca expressão decoleta, e presentes nas letras a/v/w, comovegetação secundária e afloramentosrochosos.