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CDU 611.14 A VEIA CAVA INFERIOR E SUA VALVULA Flôr de Maria Pires Mendes* Wilson Felipe Pereira** Ana Nery Borges·Santos~** Anny Karinna Pires Mendes*** Antonio Marcos FelipeRocha*** 1 INTRODUcAo Devida a sua pequena pre~ são,.as veias apresentammenor pulsação, dai necessitarem da aç~o de agentes que. auxiliem o retorno do sangue aosátrios entre os quais destacam-se, pulsação das artérias, contr~ ções musculares, coração veno so do pé, valvas, etc. A veia cava inferior, no homem, drena o sangue da re Anatomia da válvula da veia cava in ferior. Investigou-se, através da dissecação, a desembocadura da veia cava inferior. a nIvel do átrio d.! reito, verificando-se ser esta dota da, freqUentemente, de uma válvula de aspecto semilunar. Palavras-cbave: veia; válvula; cí.r ttilação:. gião abdominal, pélvica e me~ bros inferiores, apresentando próximo à sua desembocadura uma válvula cuja presença e bastante controversa~ Segundo ERHART (1976, p. 190): LLORCA (1967, p.248).; TESTUT& LATARJET (1982 p. 464) a veia cava inferior en carregada da drenagem sangfti nea da metade inferior do cor * Docente do Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Maranhão. ** Docente do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de Uberliindia. *** Bolsistas de Iniciação Ciendfica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Ciendflco .e Iecnológico - CNPq. Cad.E.esq.,são Luís, v. 7, n. 2, p. 89 - 93, ju1./de~.1991. 89

CDU 611 - UFMA 6(3).pdf · Autores como CASIRAGHI (1969), CASTRO (1989), CUNNlc:n\N (1976) e SNELL (1984) I não f~ zem em seus textos, referên cias a essa estrutura. '1 f ' Diante

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CDU 611.14A VEIA CAVA INFERIOR E SUA VALVULA

Flôr de Maria Pires Mendes*Wilson Felipe Pereira**Ana Nery Borges·Santos~**Anny Karinna Pires Mendes***Antonio Marcos FelipeRocha***

1 INTRODUcAo

Devida a sua pequena pre~são,.as veias apresentammenorpulsação, dai necessitarem daaç~o de agentes que. auxiliemo retorno do sangue aosátriosentre os quais destacam-se,pulsação das artérias, contr~ções musculares, coração venoso do pé, valvas, etc.

A veia cava inferior, nohomem, drena o sangue da re

Anatomia da válvula da veia cava inferior. Investigou-se, através dadissecação, a desembocadura da veiacava inferior. a nIvel do átrio d.!reito, verificando-se ser esta dotada, freqUentemente, de uma válvulade aspecto semilunar.

Palavras-cbave: veia; válvula; c í.rttilação:.

gião abdominal, pélvica e me~bros inferiores, apresentandopróximo à sua desembocadurauma válvula cuja presença ebastante controversa~

Segundo ERHART (1976, p.190): LLORCA (1967, p.248).;TESTUT& LATARJET (1982 p.464) a veia cava inferior encarregada da drenagem sangftinea da metade inferior do cor

* Docente do Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Maranhão.** Docente do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de Uberliindia.*** Bolsistas de Iniciação Ciendfica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Ciendflco .eIecnológico - CNPq.

Cad.E.esq.,são Luís, v. 7, n. 2, p. 89 - 93, ju1./de~.1991. 89

po para u ~trio direito, apr~senta na d.esembocadura uma válvula denominada válvula daveia cava inferior ou válvulade Eustáquio. Segundo HAMILTON (1982, p. 290) i CHIARUGI(1936, p , 286) e GRAY ( 1977 I

p. 449), no feto, essa válvuIa apresenta-se bem desenvolvida e orienta o sangue daveia cava inferior para o foramen oval.

De acordo com ERHAm'(1976,p. 190) ( GRAY (1977 I p.449 );CHIARUGI (1936, p. 286), talválvula apresenta, quando noadulto, dimensões bem reduzidab enquanto GARDNER, GRAY &O'HAHILLY (1971, p. 442), porsua vez, negam a ocorrência detal válvula.

Autores como CASIRAGHI(1969), CASTRO (1989), CUNNlc:n\N(1976) e SNELL (1984) I não f~zem em seus textos, referências a essa estrutura. '1 f '

Diante das diferentes opiniões dos autores clinicos deAnatomia e escassez de trabalhos especializados sobre otema, pretendeu-se contribuircom informações referentes afreqüência, nGmero de válvuIas, forma e nivel de inserção de suas válvulas.

2 MATERIAL E MtTODO

Num total de 25 (vinte ecinco) corações humanos, escolhidos aleator~amente, e fixados com solução de folmaldeido a 10%, foram investigadasa freqÜência, a forma e o nivel de inserção da válvula daveia cava inferior(VCI). Estevaso foi seccionado transversalmente, ao nivel de sua desembocadura, a ·fimde permi tira visualização dessa válvulaatravés de sua luz.

Considerando-se o coraçaoem sua posição anatômica fez-se a identificação da forma eextensão da válvula da ver comparando-se a desembocadura dessa veia a um mostruário de relógio.

3 RESULTADOS

Considerando-se os dadosregistrados, observou-se quea válvula da veia cava inferior parece inserir-se na junçãocavoatrial, cujo limite é dificil precisar anatomicamente. Apresentou-se com a formade meia lua em 90% das ocorrências.

Em sua forma de crescente,

gL: Cad. Pesq .• são Luís, v. 7, 11. 2, p. 89 - 93, jul./dez. 1991.

a válvula apresenta uma extr~midade direita, quase sempremais estreita e inserida emnível superior ao da extremidade esquerda. Com uma largura média de 2mm aproximadamegte, apresenta uma borda livree outra aderente.

Das 25(vinte e cinco) p~ças observadas notou-se queem apenas 20% a válvula apresentava dimens6es rudimentares, praticamente ausente. Em14 (quatorze) peças, 56%,a vá Lvu

Ia situava-se na posição compreendida entre os nfimeros 12e o 6 do mostruário do relógio. No restante dos coraçoes(24%)' essa válvula mostrou-semais dirigida para a direitadoóstio da veia, aproximadamente os nfimeros 5 e o 10. Em 1(uma) das peças observadas nQtou-se a presença de uma válvula bem desenvolvida.

4 DrscussAo

A válvula da veia cava inferior, freqüente, na totalidade das peças examinadas,mostrou-se com desenvolvimento considerável em 20 destes.Em apenas 20% dos casos,obseEvou-se dimens6es bastante reduzidas. Os achados desta in

vestigação contrariam assim,afirmaç6es de ERHART 1976,p. 190), GRAY (1977, p. 449)eCHIARUGI (l936, p. 286), paraquem essa válvula, quando pr~sente, mostra dimens6es reduzidas.

A grande ocorrência dessaválvula vem infirmar as colocaç6es de GARDNER (1977, p.449), GRAY & O'HAHILLY( 1971,p. 442) que negam sua existêgcia. O maior desenvolvimentoobservado na válvula ne umadas VCIs parece estar associado à presença naquela, do foramen oval. Este. achado certamente corrobora cem af í.rmaçôe sde HAMILTON (1982, p. 290),CHIARUGI & GRAY (1977 ,p. 449) ,para quem essa válvula estábem desenvolvida no fet~ servindo para orientar o sangueda veia cava inferior para ofOramen oval.

A forma de crescente, apr~sentada por essa válvula, naopermite obliteração total daluz dessa veia, condição damaioria das válvulas, presegtes em outras regi6es e estruturas, o que poderia também e~plicar a associação feita entre essa estrutura e a funçãode direcionamento do sangue,

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no interior do átrio, para oforamen oval.

Por outro lado, é possívelque, a variação na posição de~sa válvu-la, na desembocadurada VeI, seja mais urna decorrência da posição ou forma defixação dos corações observados que propriamente urna variação na sua inserção.

Sugere-se a realização dessa investigação em um maiornúmero de peças, que, inclusive, venham a ser fixadas pelopr6prio pesquisador, assim c~mo o estudo histológico dessaestrutura.

5 CONCLUSÂO

Com base nos dados observados podemos concluir que: aveia cava inferior possui emsua desembocadura uma válvulaque apresenta forma de crescente, e desenvolvimento, qu~se sempre, considerável.

The inferior vein Cava from man wasstudied by dissecation tecnique. Itwas observed that this vein waslócated in the inferior vein cavahole from the right atrium, his formis semilunar and is frequentlyencantered.

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Key Words: vein; valve; circulation.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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El

ERHART, Eros Abrantes. Elementos de anatomia hunama. sãoPaulo: Atheneu, 1976. 367p.

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TESTUT, L., LATARJET, A. Tratado de anatomia humana.9. ed. Barcelona: Salvat,1982. 1237 p ,

ENDEREço DO AUTOR

Flôr de Maria Pires Mendes

Universidade Federal do MaranhãoCentro de Ciências da SaúdeDepartamento de MorfologiaCampus Universitário do BacangaCEPo 65.000 - são Luís - MA.

Cad. Pe aq ,, são Luís, v. 7, n. 2, p. 89 - 93, jul./dez. 1991. 93