18

Click here to load reader

Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

CEEP NEWTON SUCUPIRA HISTÓRIA ENSINO MÉDIO 2ª. Série PROFESSOR: ANDRÉ CARLOS RESUMO PARA ESTUDO A FORMAÇÃO DO FEUDALISMO

A partir do final do século III, com o enfraquecimento do poderio de Roma, alguns povos que habitavam nas fronteira do Império começaram a se instalar pacificamente no território como colonos e, sobretudo, como soldados. No final do século IV, os Hunos, praticamente empurram os povos germânicos para dentro do Império Romano, invadindo e pilhando as cidades do Império. O processo de desagregação do Império durou cerca de duzentos anos, vários reinos bárbaros surgiram a partir de 410, e o golpe definitivo foi quando Odoacro, chefe dos Hérulos, destronou o último imperador romano em 476.

As cidades se despovoaram, enquanto o comércio e a produção artesanal entrava em declínio. Sem dinheiro o império não dava para manter o seu exército e a integridade do território. A população abandonava as cidades, os latifúndios que tinham base escravista, perderam importância. Surge as Vilas, propriedades que se tornam gradativamente auto-suficientes, tendo como mão-de-obra principal os colonos, que trocavam parte da produção e trabalho nas terras do Senhor (latifundiário) por segurança e o uso da terra. Com o passar do tempo os pequenos proprietários de terras entregariam suas propriedades para os latifundiários em troca de proteção. Essas Vilas e as relações nelas estabelecidas contribuíram para a formação do Feudalismo.

A intensificação das invasões germânicas na Europa Ocidental acrescentou novos elementos e acentuou mudanças na sociedade que se formava. Os Germanos tinham um padrão de justiça, baseado na tradição e noções de honra e lealdade, que fundamentavam as relações entre o chefe guerreiro e seus comandados. A prática de conceder terras como recompensa aos homens que se destacavam nos combates, tornavam os guerreiros em senhores de terra à medida que avançavam em território romano. A união entre os guerreiros e seus comandantes baseava-se na lealdade e na palavra, levando a independência dos guerreiros nos seus domínios, que viriam a ser os senhores feudais, tendo uma administração descentralizada.

A Igreja Católica representou papel fundamentou na formação e na consolidação do feudalismo. O Cristianismo era o que unia os povos da Europa, a igreja era a instituição sólida e que controlava a fé e influenciava nas vidas das pessoas. A religião era o mais importante na vida das pessoas, grande parte da sociedade acreditava que os acontecimentos diários eram uma vontade divina. A Igreja Católica se fazia sentir na política legitimando o poder dos senhores feudais e contribuindo para a conversão dos bárbaros ao cristianismo.

Diversos reinos bárbaros foram formados dentro do antigo território romano, dentre eles, o que mais se destacou foi o dos Francos. Com Clóvis (481-511), os francos se converteram ao cristianismo, estabelecendo uma aliança com a Igreja Católica. Com

Page 2: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

isso a população romanizada e cristianizada passa a aceitar os Francos. Com a morte de Clóvis, lutas internas e o afastamento de suas funções, levaram os reis a perderem gradativamente o seu poder (639). O poder passou a ser exercido pelos “administradores do palácio”, líder dos nobres, destacando-se Carlos Martel, vencendo os árabes, em 732, interrompendo o seu avanço pela Europa.

O filho de Carlos, Pepino, O Breve, fortaleceu sua aliança com a Igreja Católica, afastando os Lombardos da Península Itálica e cedendo o território central, formando os Estados Pontifícios, sob o controle do Papa até o século XIX. O papa consagra Pepino, O Breve, rei dos Francos. O seu filho Carlos Magno empreendeu batalhas com a intenção de obter terras e doar aos nobres, garantindo o seu domínio através das regras da suserania e vassalagem. A força militar de Carlos Magno atraiu a atenção do Papa que precisava proteger os territórios da Igreja Católica e disseminar a fé cristã entre os povos conquistados pelos Francos. Assim, em 800,Carlos Magno foi aclamado Imperador pelo Papa Leão III, representante de Deus, cabendo a ele defender a igreja, manter a paz e a ordem. Carlos Magno governou utilizando a divisão do território em províncias (Condados), governados por nobres (Condes) que recebiam as funções de administrador, juiz e chefe militar. Fiscalizados pelos missi dominici. O governo de Carlos Magno incentivou à cultura, ensino, conhecimento e artes.

A centralização do poder alcançada por Carlos Magno dependia, em grande parte, de sua autoridade pessoal e não sobreviveu após a sua morte (814). Seu filho, Luís, O Piedoso, governou até 840, morto, seus três filhos entraram em guerra pelo controle do Império. Através do Tratado de Verdun (843) a paz foi selada e o império dividido em três partes, levando a Dinastia Carolíngia a um processo contínuo de enfraquecimento, em conseqüência das disputas pelo poder, das invasões vikings,eslavas e húngaras. Esse processo coincidiu com o fortalecimento do poder dos Senhores Feudais, contribuindo para a descentralização do poder.

As mudanças ocorridas durante os séculos IV e IX, formaram e consolidaram o sistema feudal que tinha como características:

1. Na sociedade feudal, a palavra e a honra eram fundamentais, desse modo, os

senhores feudais ligavam-se entre si por meio de um sistema de obrigações e tradições, a vassalagem.

2. Com o processo de ruralização as cidades perderam importância, portanto as vilas, futuros feudos, deveriam produzir até mesmo o que antes era feito nas cidades. Ou seja, eram auto-suficientes, produziam quase tudo que seus moradores precisavam. A terra era a principal riqueza, a economia era de base agrária e tinha a agricultura de subsistência como principal atividade econômica. Como as técnicas utilizadas eram simples e os principais instrumentos eram de madeira, a produção era limitada, acentuando a retração das atividades comerciais e artesanais.

3. O feudo era o núcleo da sociedade e a terra a principal fonte de sobrevivência e

poder. As terras eram distribuídas em Manso Senhorial, Manso Servil e Terras

Page 3: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

Comunais. Os servos deviam obrigações aos senhores feudais, como: a talha, a corvéia, a banalidade, o censo, a capitação e a mão-morta.

4. A sociedade feudal tinha rígidas tradições e vínculos jurídicos que determinavam a posição social de cada indivíduo a partir do nascimento. A mobilidade social praticamente não existia, era uma sociedade estamental, composta por três ordens: o clero, que cuidava da fé cristã; os nobres, responsáveis pela segurança e os servos, que trabalhavam para sustentar toda a população.

5. O poder político fragmentado entre os reis e os senhores feudais, todos

subordinados as obrigações do sistema de suserania e vassalagem. O poder do rei era reconhecido e legitimado pela Igreja: ele era “rei pela graça de Deus”. Mas, não tinha poderes para interferir nas terras de seus vassalos (Senhores Feudais).

6. A cultura feudal sofria influência da Igreja Católica, que era intermediária entre

os Homens e Deus, detendo o monopólio da salvação. Não se limitando a vida espiritual, a igreja tornou-se a grande proprietária de terras e riquezas do período, graças as doações feitas por aqueles que queriam a salvação. Controlavam o saber erudito e condenavam todos aqueles que questionassem os dogmas da Igreja Católica.

A CRISE FEUDAL A partir do século X, a diminuição das invasões e o número menor de epidemias, fez

com que a população crescesse. O aumento populacional não foi acompanhado pelo crescimento da produção agrícola, gerando a necessidade de se ocupar mais terras para a produção de alimentos (pântanos e florestas) e a introdução de algumas inovações tecnológicas (rotação de culturas, charrua, arado de ferro e ferradura). Em alguns feudos, isto gerou, o aumento da produção agrícola, ocorrendo o surgimento do excedente de produção (sobra). Entretanto, a população continuava a crescer, muitos senhores feudais começavam a expulsar o excedente populacional e muitos saiam por conta própria (fuga). Muitos servos procuravam as cidades, alguns não obtendo sucesso, voltavam para os feudos, outros tornavam-se mendigos e saqueadores nas estradas. Até os senhores feudais para garantir suas posses instituíram a primogenitura, levando a um clima de disputas entre os nobres. Esse ambiente favoreceu o movimento das Cruzadas.

O domínio dos Turcos na Palestina, somado a interesses materiais e culturais dos cristãos europeus, incentivou o movimento cruzadista. O discurso do Papa Urbano II aos cristãos europeus, apelando para libertação da Terra Santa, deu inicio a primeira cruzada. Os nobres viam nas cruzadas a possibilidade de enriquecimento, a igreja riqueza e prestígio e os mais pobres a possibilidade de fortuna “fácil”. As Cruzadas levaram a vitórias cristãs, mas o domínio da região permanecia nas mãos dos Turcos. Apesar disso, como conseqüência tivemos a reabertura do Mar Mediterrâneo, contatos culturais e comerciais entre oriente e ocidente, o aumento populacional das cidades e o fortalecimento do comércio.

Page 4: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

Somado as conseqüências das Cruzadas, o excedente da produção, levou ao renascimento comercial e urbano. As feiras que eram incipientes, tornam-se periódicas e logo depois, permanentes, permitindo o aparecimento de núcleos urbanos (burgos). As cidades atraíam servos, camponeses, homens livres e artesãos, que passavam a realizar seus ofícios. As relações comerciais restabelecem o uso da moeda, diferentes em cada região ou feudo, essa variedade cria o câmbio (troca de moedas). No inicio os cambistas só trocavam moedas, passaram com o tempo a emprestar dinheiro, surgindo futuramente os Bancos. As cidades estavam vinculadas aos senhores feudais que cobravam pesados impostos (taxas). Com o aumento do comércio e fortalecimento da burguesia, alguns burgos conseguiram deixar de pagar tributos, outros tiveram que lutar, unindo-se aos Reis.

Com o aumento da produção artesanal e comercial, muitos que se dedicavam a

essas atividades passaram a se organizar em associações que regulavam suas atividades (Corporações de Ofício e Guildas). A Igreja Católica pregava a noção de justo preço, condenavam a usura considerando-a pecado. As mudanças em curso permitem ao aparecimento de um novo sistema econômico: o capitalismo.

A dissolução do feudalismo foi apressada por uma sucessão de acontecimentos que

geraram a chamada “crise do século XIV”. A produção de alimentos sempre deficiente no sistema feudal se agravou e provocou surtos de fome por vários pontos da Europa. Associada a fome, a falta de estrutura das cidades, provocou uma série de epidemias a pior delas, a Peste Negra (1348 a 1350). Inúmeras guerras também contribuíram para aumentar a mortandade e a crise européia, entre elas, a Guerra dos Cem Anos (1337 -1453). A população diminuía e a mão-de-obra se tornava escassa, levando os senhores feudais a aumentar a exploração sobre os camponeses. Em conseqüência, houve inúmeras revoltas camponesas contra os senhores feudais, destruindo propriedades e assassinando nobres. Além de motins e desordens nas cidades. O poder descentralizado não conseguia resolver os problemas que surgiam em uma sociedade que ganhava complexidade. Essas mudanças passam a fortalecer o poder dos reis.

FORMAÇÂO DAS MONARQUIAS NACIONAIS Na Europa medieval, o poder político estava fragmentado, tendo cada feudo suas

próprias leis, impostos e moedas. Além de estradas ruins e inseguras, pedágios e territórios não definidos. Essa situação trazia enormes entraves às atividades mercantis. Um poder forte e centralizado poderia resolver esses problemas. Interessados nessas mudanças, comerciantes e banqueiros forneceram ao rei apoio financeiro para derrotar os Senhores Feudais. Gradativamente se formava o Estado, com uma burocracia profissional e exército permanente.

Aos poucos, o rei impôs sua autoridade, estabelecendo fronteiras, ganhando sentido político, fiscal e militar, mesmo com a resistência inicial da Igreja Católica. Surgiam as Monarquias Nacionais, Estados Nacionais ou Estados Modernos, com características próprias, de forma diversa em cada região da Europa, com longos e sangrentos conflitos (Portugal, Espanha, França e Inglaterra).

Page 5: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

ESTADO NACIONAL MODERNO ↓ ↓ ↓ Instituição que NAÇÃO Novo deve manter a ↓ infraestrutura da Cultura sociedade. Costumes Tradição Na Europa Medieval, o poder fragmentado era um obstáculo para o desenvolvimento

das atividades econômicas (diversas moedas, impostos e leis não definidas, cobrança de pedágios, insegurança, território não definido).

Características do Estado Moderno:

. Definição dos limites territoriais; . Moeda única; . Leis e impostos definidos; . Exército Nacional; . Idioma nacional. Formação do Estado Moderno na Inglaterra Em 1066, com a conquista da atual Inglaterra pelo normando Guilherme, o

Conquistador, à atual Inglaterra viveu uma espécie de “feudalismo centralizado”. Até 1215 as relações foram tensas entre nobres e reis, com João “Sem Terra” e suas imposições autoritárias. Os nobres após a derrota de João na França se reuniram e aprovaram um documento que limitava o poder do rei, determinando que aumentar impostos só com a aceitação do Grande Conselho, formado pela nobreza e clero. Este documento também estabelecia outros pontos favoráveis não só a nobreza como também ao povo em geral (MAGNA CARTA). Em 1265, os nobres, com o apoio popular, cria uma assembléia (PARLAMENTO), contendo os representantes do Clero, Nobreza e Burguesia, incorporado às instituições do Estado inglês em 1295. No século XV, com a Guerra das Duas Rosas (1455 – 1485), entre os YORK e LANCASTER, levou a ascensão da família Tudor. Henrique VII chega ao poder (1485) e restaura e amplia o poder do rei, unificando o país e as bases do Estado Moderno na Inglaterra.

Formação do Estado Moderno na França

A partir do século XII com o crescimento comercial e urbano, o poder real começou a

controlar a cobrança de impostos e a fortalecer os tribunais de leis reais. Com Filipe IV, o Belo (1285 - 1314), o atrito com a Igreja Católica e Ordens Religiosas foi inevitável com a cobrança de impostos a estes. A Guerra de Cem Anos (XIV) foi decisiva para a centralização do poder nas mãos dos reis, com a criação de um exército permanente, a criação de um imposto fixo, um idioma nacional e a unificação econômica. No início do século XVI, Francisco I (1515 – 1547) tornou a Monarquia Francesa absoluta.

Page 6: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

Formação do Estado Moderno na Espanha A luta contra os árabes (GUERRA DE RECONQUISTA) foi inicialmente travada pelos

reinos cristãos de Astúrias e Leão, logo depois, os reinos de Aragão e Castela, passam também a lutar. No século XI, o rei, Afonso VI, dos reinos unificados de Leão e Castela, teve o apoio de Henrique de Borgonha (vassalo francês). Para recompensar Henrique, Afonso VI, ofereceu-lhe o Condado Portucalense como feudo. Em 1212, o domínio muçulmano, ficou restrito à região de Granada. Em 1469, com o casamento de Fernando, rei de Aragão, e, Isabel, rainha de Castela, os “reis católicos” venceram os senhores feudais impondo a autoridade real e consolidando a Monarquia Espanhola derrotando os árabes em Granada.

Formação do Estado Moderno em Portugal O Condado Portucalense em 1139, rompeu vínculo com o reino de Leão e Castela e

Afonso Henriques (filho de Henrique de Borgonha) se proclamou rei de Portugal, iniciando a dinastia de Borgonha e a história de Portugal como reino independente. A consolidação da Monarquia Portuguesa se deu com a Revolução de Avis (1383 – 1385), aclamando dom João (mestre de Avis), como rei português. A Revolução de Avis fortaleceu a burguesia que apoiou o rei na luta contra os castelhanos. Graças a essas mudanças, Portugal se tornou o primeiro Estado Nacional Europeu.

EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL Até o século XV, os povos da terra viveram isolados uns dos outros. Viviam com suas

práticas, modelos ou tradições culturais sem sofrer nenhuma influência externa. A mentalidade do período.

A partir do século XV os europeus foram impelidos a empreender as Grandes

Navegações. Misto de espírito aventureiro, necessidades econômicas, fervor religioso e ambições pessoais.

Duas razões econômicas levaram os europeus a expansão marítima e comercial:

1. A expansão do comércio: a necessidade de mercador consumidor e matéria-prima barata. Desde o tempo das Cruzadas os europeus eram fascinados pelos produtos orientais: especiarias (temperos), seda, perfumes, tapetes, etc. Essas mercadorias eram trazidas por terra pelos árabes até a costa do Mar Mediterrâneo, vendidas para comerciantes italianos e depois, revendidas em toda Europa. Para acabar com o monopólio dos italianos e árabes era necessário encontrar um novo caminho para as índias (contornar a África e atingir as Índias por mar). 2.Obter grandes quantidades de metais preciosos

A expansão do comércio acarretava uma necessidade crescente desses metais para cunhagem de moedas. As minas européias estavam esgotadas forçando a procura por novas fontes fora da Europa.

Page 7: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

Além das razões econômicas, a Igreja Católica, buscava propagar a fé cristã pelo mundo, fortalecendo o seu poder. A classe burguesa ambicionava aumentar os seus lucros com o aumento da circulação de mercadorias e à aquisição de novos produtos. Não esquecendo o interesse do Estado de aumentar suas rendas e fortalecer o seu poder.

As conquistas marítimas foram possibilitadas pelos avanços efetuados nas técnicas

de navegação em alto-mar. O uso da bússola, do astrolábio, das cartas náuticas, da caravela e da carraca, permitiram as expedições marítimas. O uso dos canhões e da pólvora, por sua vez, possibilitou a conquista das terras.

Por que um país tão pequeno foi o primeiro a se lançar no processo das Grandes

Navegações?

1. Com a guerra dos Cem Anos (1337-1453) as rotas comerciais terrestres foram perdendo importância. Os progressos na arte de navegar permitiram a utilização de rotas marítimas entre o mar do Norte e o mar Mediterrâneo, fortalecendo as regiões costeiras do oceano atlântico, como por exemplo, Lisboa e Porto (cidades portuguesas), que se tornaram prósperas. 2. A atividade pesqueira contribuiu para que os pescadores que buscavam bacalhau em alto-mar aprendessem a enfrentar o mar aberto. 3. A Escola de Sagres reunia inúmeros cartógrafos, navegadores e astrônomos para desenvolver estudos e discutir suas experiências náuticas. 4. A formação do Estado Moderno Português constituindo apoio fundamental para as Grandes Navegações.

A expansão portuguesa começou em 1415 com a tomada de Ceuta, importante centro comercial dominado pelos muçulmanos, no norte da áfrica. Os lusitanos tomaram e saquearam Ceuta, mostrando que a mentalidade econômica portuguesa ainda tinha influência medieval (enriquecer pela guerra) em vez de aplicar o modo capitalista de produzir (investir capital).

A expansão continuou nas ilhas de Madeira, Açores e Cabo Verde, no Oceano

Atlântico. Implantando o cultivo de cana-de-açúcar como forma de ocupar as terras. A expansão estendeu-se ao longo do continente africano, sempre percorrendo a costa africana, reconhecendo o território, criando novos mapas e relatórios, logo depois enviando outra expedição. Os portugueses iam conquistando novas terras, obtendo mercados consumidores e matérias-primas, ocupando entrepostos comerciais e escravizando os africanos.

Em 1487 Bartolomeu Dias contornou o Cabo das Tormentas permitindo a Vasco da

Gama chegar a Calicute (Índias), dez anos depois, em 1497. Depois de setenta anos após a conquista de Ceuta, os portugueses atingiram o objetivo de alcançar a Índia. Na primeira viagem, Vasco da Gama, levou para a Europa muitas mercadorias, atingindo um lucro de 6000%. As viagens portuguesas permitiram a intensificação do

Page 8: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

comércio de especiarias, o enfraquecimento das cidades mercantis italianas e colocou Portugal entre os Estados mais poderosos da Europa.

A espanhola foi comandada pelo genovês Cristovão Colombo, que acreditava atingir

o Oriente navegando em direção ao Ocidente. Ele acreditava que a terra era redonda. Com o apoio dos reis de Espanha ele chegou em 1492 em um novo continente: a América. O feito de Colombo criou um problema com Portugal. Supõe-se que os portugueses já desconfiassem da existência desse território. Para tentar solucionar foram feitos tratados de limites: a bula intercoetera e logo depois o tratado de Tordesilhas.

Em 1500, o rei dom Manuel, organizou uma nova expedição que tinha o objetivo de

dominar o comércio dos produtos orientais. Comandada por Pedro Álvares Cabral ela tomou o rumo direto para as Índias. Seguiu ao mar aberto e chegou em 22 de abril ás terras que viriam a se chamar Brasil. Após tomar posse da terra seguiu viagem para as Índias. A chegada de Cabral a Índia garantiu á Portugal o comércio das especiarias. Ocorria assim o processo de Acumulação Primitiva do Capital.

Encontrando o mundo dividido entre Espanha e Portugal pelo Tratado de Tordesilhas, Inglaterra, Holanda e França, desconheceram o acordo e procuraram atuar contra as colônias e os navios ibéricos.

ABSOLUTISMO Os interesses dos grupos envolvidos (BURGUESIA e NOBREZA) contribuíram para

tornar o poder do rei absoluto. 1. Nobreza – acabar com as revoltas camponesas que ameaçavam a vida, as

propriedades e o poder dos nobres; 2. Nobreza – garantir seus privilégios através de leis; 3. Burguesia – acabar com a concorrência desleal através de leis. A visão do poder absoluto dos reis encontrava sua legitimidade teórica nas obras de

diversos pensadores e filósofos. Entre eles:

Jean Bodin (1530-1596) – o rei detinha o poder absoluto (SOBERANIA) de criar ou revogar leis, tendo o poder supremo sobre seus súditos. Agindo a partir de sua consciência.

Thomas Hobbes (1588-1679) – autor de Leviatã, no qual o poder conferido ao rei pela sociedade é em troca de segurança, ordem, paz, crescimento econômico. A idéia do Contrato Social.

Jacques Bossuet (1627-1704) – bispo, autor da obra Política Tirada da Sagrada Escritura; defendia a Teoria da Origem Divina do Poder Real. Logo o rei só devia satisfação de seus atos apenas ao Criador (DEUS).

Page 9: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

Com a concentração do poder nas mãos dos reis, os privilégios do Clero e da Nobreza forma mantidos, permanecendo a sociedade estamental. O Terceiro Estado permanecia explorado e desprovido de privilégios.

O maior analista do Estado Moderno foi o italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527),

que a partir de intensa investigação concluiu que a unidade nacional era fundamental para a grandeza de um povo. Ele defendia que os Homens não agem a todo o momento baseados de uma moral cristã, “não vivemos no Céu ideal, mas, na Terra real”.

Um crítico do poder absoluto dos reis foi o inglês Thomas Morus (1478-1535), que em

seu livro A Utopia (1516), questionou a pobreza dos camponeses e as guerras provocadas pela ambição. Então, concluiu, que “onde a propriedade for um direito individual, onde as coisas se medem pelo dinheiro, não será possível organizar a justiça”. Ele descreveu uma sociedade ideal, não existiriam classes sociais diferentes e nem a propriedade privada. A Utopia de Thomas Morus despertou homens e mulheres que buscaram, sonharam e lutaram por uma sociedade mais justa e digna.

MERCANTILISMO A economia neste período reunia aspectos feudais e capitalistas. 1. Feudais:

o sistema de Corporações de Ofício;

as formas de trabalho servil no campo, mantendo a corvéia, talha, dízimo. 2. Capitalistas:

produção realizada segundo o sistema doméstico, depois de algum tempo, surgiriam as manufaturas;

difusão do trabalho assalariado;

surgimento de novas formas de organização econômica (sociedade anônima, bancos, documentos de crédito).

Neste período desenvolveu-se o capitalismo comercial realizando a acumulação

primitiva do capital. O Estado nacional estabeleceu princípios e orientações para fortalecer os governos e

as atividades econômicas. O Estado precisava de dinheiro para manter a infra-estrutura das cidades, pagar funcionários públicos, manter os privilégios e o luxo do Clero e da Nobreza.

O Estado passou a determinar o que as pessoas podiam e o que não podiam fazer

no comércio, na agricultura, no artesanato e em outras atividades. As normas e os regulamentos do Estado absolutistas para a vida econômica da nação são chamados de mercantilismo, a partir do século XIX.

Os reis e ministros governavam de acordo com as idéias mercantilistas, entre elas, se

destacam:

Page 10: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

o metalismo - a riqueza de um país é medida pela quantidade de metal precioso (ouro e prata) por ele armazenada;

a balança comercial favorável, ou seja, fazer com que o valor das exportações

fosse sempre maior do que as importações; o protecionismo alfandegário buscava garantir a balança comercial favorável

através da cobrança de taxas (impostos) sobre os produtos importados; o monopólio, buscava ampliar as exportações, favorecendo as manufaturas,

através de concessões “vendidas” pelo estado aos burgueses.

Houve inúmeras variações no modo de aplicar o mercantilismo, resultando diferentes tipos: 1. Metalismo – países como a Espanha adotavam o acúmulo de metais preciosos

como fonte de renda; 2. Comercialismo – forma de mercantilismo adotada nos Países Baixos, onde o

comércio marítimo e a intermediação nas relações comerciais entre diversos Estados constituíram a formação de grandes companhias de comércio, protegidas pelos privilégios concedidos pelo Estado;

3. Colbertismo – criado na França, valorizava a criação de manufaturas reais, onde o

Estado passava a agir como empresário;

4. A Inglaterra praticou um tipo de mercantilismo que combinava o incentivo à produção de bens manufaturados e a atividade comercial;

5. Em Portugal o tipo de mercantilismo adotado variou de acordo aos

acontecimentos. Com o comércio de especiarias se adotou o fortalecimento do comércio marítimo; com a produção de açúcar no Brasil se adotou a prática de monopólios; com a descoberta de metais preciosos no Brasil, a prática metalista.

Beneficiada com o protecionismo concedido pelo ESTADO, a burguesia aceitou a

intervenção do ESTADO na economia, apoiando os reis e garantindo a lucratividade de seus negócios.

No século XVIII, setores da burguesia européia, afastada dos monopólios, passaram a se opor à política mercantilista e ao absolutismo dos reis. Surge uma nova doutrina política e econômica: o LIBERALISMO.

RENASCIMENTO CULTURAL Nos séculos XV e XVI, os europeus começaram a viver experiências novas e

excitantes. O desenvolvimento das atividades comerciais, a ascensão da burguesia, as descobertas geográficas e o contato com outros povos, permitiram uma mudança no modo de ver o mundo.

Page 11: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

O movimento renascentista influenciado pelos valores da cultura greco-romana buscava uma nova maneira de pensar, ver a política, a ciência e a religião. O Homem passa a ser o centro das atenções (ANTROPOCENTRISMO), representando oposição ao Teocentrismo. O Homem passa a ser o centro das preocupações e indagações (HUMANISMO).

Nas cidades surgiam inúmeras profissões (comerciantes, banqueiros, alfaiates,

ferreiros) que enfrentavam a concorrência e para sobreviver só contavam com os seus próprios esforços. Uma nova sociedade, em que o dinheiro se tornava importante, se formava, cheia de competição, estimulando o INDIVIDUALISMO.

Uma sociedade que buscava superar a idéia de pecado e buscava o prazer nas coisas da vida (HEDONISMO).

As Grandes Navegações despertaram a curiosidade e o espírito de aventura no Homem, permitindo uma nova maneira de ver a verdade. A verdade no período medieval estava na tradição, na Igreja Católica. O Homem de mentalidade renascentista acreditava que a verdade era encontrada por meio da EXPERIÊNCIA e da OBSERVAÇÃO.

Através da Razão (RACIONALISMO) pode-se compreender o universo e a natureza.

Conhecer a natureza era a melhor maneira de conhecer o Homem, dominá-la e obter lucros.

A razão deve ser separada da fé, cada pessoa deveria ter sua própria maneira de se

aproximar de Deus, de interpretar a Bíblia. O Renascimento Cultural surgiu na Península Itálica e foi nela que se alcançou sua

maior expressão devido às atividades comerciais que se desenvolveu na região, aos homens enriquecidos que financiavam e apoiavam os sábios e artistas (os MECENAS), aos sábios bizantinos que fugiram para a Península Itálica levando conhecimento greco-romanos e a presença das obras do Antigo Império Romano.

O movimento renascentista permitia novas descobertas na Álgebra e na Geometria. A

matemática com a sociedade moderna ganhava força prática para a vida das pessoas. Surge a teoria Heliocêntrica superando o Geocentrismo. Os médicos renascentistas passavam a utilizar a experiência e a observação (ANATOMIA) do corpo humano.

Os principais representantes do renascimento: Pintores – Giotto di Bondone (1266-1337), pintor e arquiteto italiano. Um dos precursores do

Renascimento. Obras principais: O Beijo de Judas, A Lamentação e Julgamento Final.

Michelangelo Buonarroti (1475-1564) - destacou-se em arquitetura, pintura e escultura. Obras principais: Davi, Pietá, Moisés, pinturas da Capela Sistina, Juízo Final é a mais conhecida).

Page 12: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

Rafael Sanzio (1483-1520) - pintou várias madonas (representações da Virgem Maria com o menino Jesus).

Leonardo da Vinci (1452-1519) - pintor, escultor, cientista, engenheiro, físico, escritor, etc. Obras principais: Mona Lisa, Última Ceia.

Sandro Botticelli (1445 - 1510) - pintor italiano, abordou temas mitológicos e religiosos. Obras principais: O nascimento de Vênus e Primavera.

Escritores – Dante Alighieri (1265-1321) em sua obra A Divina Comédia trata de tema religioso

com características renascentistas. Boccaccio (1313-1375) na sua obra Decamerone ele valoriza o hedonismo. Giordano Bruno (1548-1600) acreditava que o Universo é infinito, que Deus é a

alma universal do mundo e que todas as coisas materiais são manifestações deste principio infinito.

Rabelais (1483-1553) em sua principal obra foi Gargântua e Pantagruel, o tema

central da obra é a vida dos gigantes comilões e exagerados, mas de coração bondoso. Concomitantemente aos ácidos ataques à elite dominante francesa.

Michel de Montaigne (1533-1592) em sua única obra Os Ensaios analisou as

instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objeto de estudo. É considerado um cético e humanista.

Miguel de Cervantes (1547-1616) parodiou os romances de cavalaria em sua grande

obra, (Dom Quixote de La Mancha: 1605 - Parte1 e 1615 - Parte 2), que gozaram de imensa popularidade no período medieval e, naquela altura, já se encontravam em declínio. A história é apresentada sob a forma de novela realista.

William Skakespeare (1564-1616) fala em suas obras sobre a natureza humana em

toda a sua complexidade (amor, ódio, ciúme, dor, dúvida,...). Autor de obras como: Romeu e Julieta, Hamlet, Rei Lear, Macbeth, entre outras.

Erasmo de Roterdã (1466-1536), sua obra O Elogio da Loucura é considerado um

dos mais influentes livros da civilização ocidental e um dos catalisadores da Reforma Religiosa. É a Loucura quem fala, sendo assim, faz apelos incessantes ao homem para que este faça sua definitiva preferência à liberdade, ao prazer, à flexibilidade, à fuga dos valores tradicionais impostos por um sistema moral religiosamente rígido e complicado.

REFORMAS RELIGIOSAS Num período de tantas transformações era previsível que ocorressem mudanças na

esfera espiritual. Uma sociedade cada vez mais humanista buscava valorizar a consciência individual.

Page 13: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

A partir do século XV as críticas aos abusos cometidos pela Igreja Católica e a corrupção de seus membros ficou mais freqüente. A venda de indulgências e de relíquias sagradas, o comportamento imoral do clero e a intervenção política em problemas internos dos reinos, contribuíam para reforçar tais críticas. Embora os motivos religiosos tenham sido os mais evidentes, houve outras motivações para as REFORMAS. Por exemplo, a Igreja Católica condenava o lucro, o objetivo central do capitalismo, era preciso uma visão mais tolerante em relação a isso.

Para muitos a Igreja Católica deveria assumir uma posição mais humilde e desvinculada da vida material, conforme os ensinamentos dos Evangelhos.

A primeira reforma a ser bem sucedida ocorreu na atual Alemanha, liderada pelo

monge católico Martinho Lutero (1486-1546), que discordava da postura da Igreja Católica. Escreveu panfletos denunciando esses abusos. Foi expulso da Igreja pelo Papa. Sua proposta consistia em:

- a fé salva; - a livre interpretação da Bíblia; - a relação direta com Deus; - abolição do celibato para os sacerdotes; - a rejeição da hierarquia do clero católico; - a substituição do latim pelas línguas nacionais nas cerimônias religiosas; - a eliminação dos sacramentos, exceto, batismo e eucaristia.

Com suas propostas reformistas divulgadas, Lutero conquistou a adesão de grande parte da população da atual Alemanha, camponeses, nobres e burgueses. Muitos burgueses esperavam mais apoio às atividades comerciais. Muitos príncipes germânicos passaram a confiscar terras da Igreja católica e a reivindicar autonomia religiosa.

A pregação de Lutero foi interpretada equivocadamente pelos camponeses

germânicos como uma luta contra a nobreza e por melhores condições de vida. Liderados por Thomas Muntzer, incendiaram castelos e mosteiros. Forma reprimidos com extrema violência pelos nobres, com o apoio de Lutero.

Diante dos conflitos, Carlos V, imperador católico, convocou uma assembléia que

manteve a hegemonia da Igreja Católica na maior parte do território germânico. Revoltados nobres e burgueses protestaram violentamente. O conflito se prolongou até 1555, quando foi celebrada a Paz de Augsburgo, concedendo a cada príncipe o direito de escolher a religião de seu principado. Não significando o respeito a uma liberdade religiosa.

Com a sua obra Instituição da Religião Cristã (1536), João Calvino, estabelecido em

Genebra, Suíça, levou ainda mais longe as propostas de Lutero, conquistando um número maior de adeptos. De modo sintético, o Calvinismo, apresenta os seguintes aspectos:

aceitação exclusiva das Sagradas Escrituras como instrumento para conhecer a verdade divina;

Page 14: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

predestinação, as pessoas estão destinadas por Deus à salvação ou a condenação eterna, independentemente de suas obras no mundo material;

eliminação das imagens de santos e das cerimônias pomposas no culto, que deveria se limitar à leitura e discussão de trechos da Bíblia.

Com a teoria da predestinação, Calvino, passa a ser admirado pelos burgueses, que eram vistos pela igreja católica, como pecadores por buscar o lucro e emprestar a juro. Para Calvino aqueles que são protegidos por Deus serão salvos. São aqueles que trabalham duro, poupam dinheiro que recebem e estão sempre preocupados com o crescimento dos seus negócios.

O Calvinismo propagou-se rapidamente, principalmente, por aquelas regiões em que

as atividades mercantis se desenvolviam. Foi o incentivo ideológico ao desenvolvimento capitalista.

Na Inglaterra, o rei Henrique VIII, agindo por razões políticas e pessoais, rompeu com

o Papa Clemente VII em 1534 e publicou o Ato de supremacia, estabelecendo as bases da Igreja Anglicana. O rei buscava afastar a Igreja Católica das questões políticas e romper com a Espanha, fortalecendo o absolutismo inglês.

O Anglicanismo tinha vestígios do catolicismo, levando muitos protestantes ingleses

(PURITANOS), a lutar pela “purificação” do anglicanismo. Como, isso não ocorreu, o reino sofreu violentas lutas de caráter político-religioso, levando as Revoluções Inglesas do século XVII e a fuga para a América de muitos puritanos, formando colônias na América do Norte, futuro Estados Unidos da América do Norte.

A reação da Igreja Católica, após o Concílio de Trento (1545-1563), ficou conhecida

como Contra-reforma, coordenando e orientando o movimento. Buscou moralizar o clero e fortalecer a autoridade da hierarquia católica. Algumas medidas foram tomadas:

a criação de Seminários;

a criação do Tribunal de Santo Ofício, a Santa Inquisição;

a publicação do INDEX - Index Librorvm Prohibithorvm (lista dos livros proibidos);

o reconhecimento da Companhia de Jesus. Como conseqüência das Reformas Religiosas temos:

o fim do monopólio espiritual da Igreja Católica;

o estímulo ao desenvolvimento capitalista;

impulso a alfabetização;

a intolerância religiosa por parte de católicos e protestantes.

Page 15: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

BRASIL COLONIAL De 1500 a 1532, os portugueses demonstraram desinteresse pelo território

brasileiro, devido à ausência de metais preciosos, a falta de atividade comercial e os lucros obtidos com o comércio de especiarias. Durante este período a exploração do pau-brasil, através do uso do trabalho indígena e da prática do escambo, foi a única atividade econômica. A exploração da madeira era monopólio da Coroa Portuguesa. Sem uma ocupação mais efetiva, as novas terras sofreram à ação de piratas e negociantes de outros países. Portugal realizou expedições guarda-costas e de reconhecimento do litoral.

A partir de 1532 com medo de perder a posse das terras e a diminuição dos lucros com o comércio de especiarias, Portugal decidiu implementar a colonização do Brasil. Para colonizar o Brasil. Portugal escolheu realizar o plantio da cana-de-açúcar. A escolha do açúcar como produto a ser explorado foi devido ao seu alto preço de venda, a existência de um mercado consumidor, ao clima e ao solo propício e as experiências anteriores portuguesas. A ocupação e as primeiras mudas de cana chegaram com Martim Afonso de Sousa, que fundou em 1532 a vila de São Vicente. A relação entre portugueses e indígenas, que era amistosa iria mudar, afinal as terras indígenas eram invadidas, e, havia a imposição do trabalho compulsório.

O êxito da expedição de Martim Afonso de Sousa estimulou a Coroa Portuguesa a promover a ocupação do território. Portugal não tinha dinheiro para ocupar as terras do atual Brasil, sendo assim, transferiu a responsabilidade para particulares através das Capitanias Hereditárias. O donatário tinha apenas a posse e o usufruto da capitania, devendo ocupar, defender, e administrar. Eles poderiam ainda doar terras, conhecidas como, sesmarias.O resultado das capitanias não surtiu efeito desejado, muitas não foram ocupadas pela ausência de capital necessário, a falta de colonos, a distância com a metrópole e os conflitos com os indígenas. Com o objetivo de auxiliar as capitanias a cumprir o seu papel, foi criado em 1548, os Governos-Gerais. Foi construída a cidade de Salvador para ser a sede do Governo-Geral, o governador era auxiliado pelo Provedor-Mor, Capitão-Mor e pelo Ouvidor-Mor.

Com o primeiro governador, Tomé de Sousa, chegou ao território funcionários públicos civis e militares, religiosos e colonos. Implementou a pecuária e a lavoura açucareira na Bahia, distribuiu terras e mandou vir africanos escravos. Em 1551, instituiu-se o primeiro bispado no Brasil e os primeiros jesuítas se dedicavam á catequese. O segundo governador, Duarte da Costa (1553), enfrentou conflitos entre jesuítas, colonos e ele próprio, além da invasão ao Rio de Janeiro pelos franceses. (França Antártica). O sucessor de Duarte da Costa, Men de Sá (1558-1572), impulsionou a colonização, combateu os indígenas, expulsou os franceses.

A partir de 1534, muitas vilas surgiram, tendo como principal instituição (Órgão), a

Câmara Municipal, que tinha os membros escolhidos entre os grandes proprietários locais, os homens bons.

Page 16: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

A ECONOMIA DO AÇÚCAR

A estrutura da exploração econômica na colônia portuguesa foi claramente mercantilista. O açúcar chegou a Europa pelos árabes, passou a ser apreciado e as primeiras mudas foram plantadas nas ilhas do Atlântico pelos portugueses. No Brasil ele terá como principais zonas produtoras, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Vicente. Algumas circunstâncias econômicas, históricas, geográficas e ecológicas se combinaram para que isso se tornasse possível. Entre elas: 1. a experiência portuguesa; 2. as condições do clima tropical e o solo propício; 3. a obtenção de créditos de banqueiros holandeses dispostos a financiar a produção e o transporte do açúcar até os portos europeus; 4. o interesse de capitalistas holandeses em refinar o açúcar na Holanda.

O destino de uma colônia não tem nada haver com o povo que a colonizou. Tem haver com o tipo de colonização. A colonização do Brasil estava inserida no contexto mercantilista. É possível verificar como: 1. o fornecimento de metais preciosos pelas colônias americanas (metalismo); 2. as colônias forneciam gêneros tropicais que mantinham a balança comercial favorável; 3. a prática do monopólio comercial; 4. os impostos cobrados aos colonos iam direto para a metrópole. A colonização do Brasil, do Caribe e da América Espanhola foi baseada na grande propriedade rural (latifúndio), produção de gêneros tropicais de exportação (monocultura) e a utilização do trabalho escravo.

A escravidão foi à saída que os colonizadores encontraram para resolver a falta

de mão-de-obra para colonizar as atuais terras do Brasil. No inicio se utilizou o indígena como trabalhador escravo. A partir do século XVII, os portugueses passaram a utilizar escravos africanos no lugar dos indígenas. Tal mudança era de forma preconceituosa justificada pela fraqueza e do indígena para o trabalho pesado e pela sua preguiça. Na verdade era um grande preconceito tais afirmativas, o real interesse da substituição do índio pelo negro foi os lucros obtidos com o tráfico negreiro.

Desde o século XV, os comerciantes portugueses obtinham escravos na costa africana. Os lucros do tráfico negreiro ajudaram a enriquecer a burguesia européia. Tudo isso em nome da fé, do sentimento religioso. Mais da metade de todo o tráfico de escravos da África para o atual Brasil era realizada por traficantes brasileiros.

A Igreja Católica defendia a escravização negra, como castigo pelas suas crenças. Viam nos indígenas a possibilidade de torná-los católicos, por isso, eram contra a sua escravidão. Mesmo assim, os colonos pobres continuavam a utilizar o indígena, cujo preço chegava a ser cinco vezes menor que a de um escravo negro. Gerando constantes conflitos com os jesuítas, contrários a escravidão indígena.

Os escravos eram originários de várias partes da África, com manifestações culturais, organização social e etnias diferentes. Povos que conheciam agropecuária, o comércio, o trabalho com metais, o artesanato. A escravidão já existia na África antes da chegada dos europeus, embora só a guerra levasse um

Page 17: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

povo escravizar outro. A exploração européia levou povos africanos a se especializar em escravizar outros.

No inicio, o comércio de escravos africanos era feito por meio de escambo nas feitorias construídas em diversos pontos do litoral africano. A partir do século XVI, o tráfico se tornou mais complexo, mobilizando chefes locais, que trocavam seus prisioneiros de guerra por diversas mercadorias, como aguardente e o fumo produzido na América. Os escravos eram transportados em navios negreiros ou tumbeiros, com até 400 pessoas, 15% do total não chegavam.

Ao chegar a América, o escravo africano se deparava com um mundo que em tudo lhe era estranho e hostil. Nada restava da sua comunidade de origem. Os homens enfrentavam os canaviais, os engenhos, o trabalho de ganho, braçal, as mulheres cabia fazer o serviço doméstico, atender as necessidades das esposas e filhos do senhor e satisfazer sexualmente os seus donos brancos. O referencial da sociedade açucareira era o escravo, o número de escravos definia o status de um branco. Sem escravo, nenhum homem era realmente livre. Mesmo os mais pobres tinham seu escravo, que muitas vezes garantiam seu sustento.

Os escravos africanos reagiram à escravidão tão quanto os escravos indígenas. Planejavam fugas, assassinavam os capatazes, incendiava as casa do senhor. Nunca se rendiam. Os quilombos foram uma das formas de resistência negra. Neles se encontravam a maioria de escravos fugitivos, mas, também, outras minorias perseguidas na colônia (judeus, índios, mestiços pobres, outros). O mais importante quilombo foi o de Palmares, tendo como líder Ganga Zumba e Zumbi.

Os escravos sofriam inúmeros castigos, aqueles que tinham “melhor comportamento” recebiam algumas vantagens. Muitos recebiam ou compravam sua liberdade, eram libertos ou forros. Continuavam trabalhando até conquistar a liberdade definitiva. A maior parte dos escravos estava nas lavouras dos grandes proprietários, alguns escravos podiam até receber uma parte da terra para plantar, melhorando sua alimentação e podendo até vender sua produção. Havia escravos que auxiliavam ferreiros, alfaiates, açougueiros e o trabalho doméstico. Uma das figuras mais interessantes eram os escravos de ganho. Com autorização do dono, ele saía em busca de um emprego. A escravidão marcou a sociedade brasileira. Os sentimentos racistas e a discriminação contra a população negra continuam existindo no Brasil.

A unidade de produção do açúcar era o engenho, no início apenas o maquinário que moía a cana-de-açúcar era assim chamado, com o tempo, passou a incluir também o canavial, as pastagens e as edificações (a casa-grande, a capela, a senzala). A produção do açúcar era uma operação complexa que passava por várias fases: o corte, a moagem, o caldo fervido na caldeira, o melaço depois de frio na casa de purgar (drenagem e secagem do açúcar) era depositado em fôrmas de barro por dois meses, depois de seco o açúcar era separado de acordo a qualidade, colocado em caixas de madeira e embarcado para a Europa.

O ritmo do trabalho no período da safra (08 a 12 meses) era exaustivo (das 04 horas da tarde até 10 horas da manhã), levando á morte muitos escravos. Muitos

Page 18: Ceep resumo2ªfeudal brasilcolônia2011

trabalhadores livres ganhavam salário para exercer funções especializadas, como as de feitor, mestre-de-açúcar, marceneiro e outros, muitos europeus, mestiços e índios.

Havia dois tipos de engenho, o trapiche movido por animais e raramente força humana e o Real, maior e movido por força d’ água. Como subprodutos da cana se extraíam a aguardente, a rapadura, o vinagre. O bagaço da cana servia para combustível nas caldeiras ou ração animal. Aqueles que não tinham dinheiro para construir um engenho, apenas plantavam a cana e depois vendiam a um dono de engenho, ou pagavam para moê-la.

Dada a necessidade de alimentar a população colonial, era preciso produzir alguns gêneros de primeira necessidade, como a mandioca, o arroz, o milho e o feijão. Entretanto, a produção para subsistência era problemática, muitos latifundiários não queriam diminuir seus lucros cedendo parte de suas terras para plantar produtos para subsistência. A conseqüência disso foram crises de fome que ocorreram na Bahia (1638 e 1750) e no Rio de Janeiro (1660, 1666, 1680 a 1682). A Coroa Portuguesa teve de estabelecer normas obrigando os colonos a plantar gêneros alimentícios.

Entre o século XVII até a metade do século XVIII, a produção de açúcar cresceu, seu consumo e preço. O açúcar era exportado para Portugal e de lá seguia para a Holanda, onde era refinado e distribuído pela Europa.

Os senhores de engenho gozavam de prestígio, mas, viviam constantemente endividados, pois compravam quase tudo que precisavam da metrópole e os custos para manter o engenho e obter mão-de-obra escrava eram altos. Os comerciantes coloniais e metropolitanos eram aqueles que mais lucravam com o sistema colonial, junto com os traficantes de escravos.

Ao lado da produção de açúcar, outras atividades de importância secundária foram desenvolvidas na colônia. O fumo passou a ser produzido para exportação, principalmente, no recôncavo baiano, utilizado também como escambo, na troca por escravos. O algodão passou a ser cultivado como matéria-prima na produção de panos rústicos para vestir os escravos. A pecuária até o século XVI era praticada nos próprios engenhos, o gado movimentava a moenda, transportava a cana e o próprio açúcar e servia como alimento nos engenhos. Com o crescimento da lavoura da cana, faltava espaço para a pastagem, a criação de gado se deslocou para o interior do continente. Através dos rios São Francisco, Jaguaribe e Parnaíba, garantiram a ocupação de vasto território. A sociedade que se formou com a pecuária era mais flexível e teve sua ampliação e importância reconhecida com a descoberta de ouro na região das Gerais.