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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE VETERINÁRIA Colegiado dos Cursos de Pós-Graduação CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS DE CÃES ASSOCIADAS OU NÃO À VIDRO BIOATIVO, DIFERENCIAÇÃO OSTEOGÊNICA IN VITRO E TRATAMENTO DE DEFEITO ÓSSEO CRÍTICO ENDRIGO GABELLINI LEONEL ALVES BELO HORIZONTE ESCOLA DE VETERINÁRIA – UFMG 2013

CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS DE CÃES … colegas de pós graduação Ana Cláudia Chagas de Paula, Alessandra Arcoverde Cavalcanti Zonar e Juliana Lott Carvalho pelo auxílio na caracterização

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE VETERINÁRIA

Colegiado dos Cursos de Pós-Graduação

CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS DE CÃES ASSOCIADAS OU NÃO À VIDRO BIOATIVO, DIFERENCIAÇÃO OSTEOGÊNICA IN VITRO

E TRATAMENTO DE DEFEITO ÓSSEO CRÍTICO

ENDRIGO GABELLINI LEONEL ALVES

BELO HORIZONTE ESCOLA DE VETERINÁRIA – UFMG

2013

2

ENDRIGO GABELLINI LEONEL ALVES

CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS DE CÃES

ASSOCIADAS OU NÃO À VIDRO BIOATIVO,

DIFERENCIAÇÃO OSTEOGÊNICA IN VITRO

E TRATAMENTO DE DEFEITO ÓSSEO CRÍTICO

Belo Horizonte

Escola de Veterinária da UFMG

2013

Tese apresentada à Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Ciência Animal Área de concentração: Medicina e Cirurgia Veterinárias Orientadora:

Profª Dra. Cleuza Maria de Faria Rezende Co-orientadores: Profa. Dra. Rogéria Serakides

Prof. Dr. Humberto Pereira Oliveira

3

Alves, Endrigo Gabellini Leonel, 1980- A474c Células tronco mesenquimais de cães associadas ou não à vidro bioativo, Diferenciação osteogenica in vitro e tratamento de defeitos ósseos críticos / Endrigo Gabellini Leonel Alves. – 2013. 108 p. : il. Orientadora: Cleuza Maria de Faria Rezende Co-orientadores: Rogéria Serakides, Humberto Pereira Oliveira Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária. Inclui bibliografia.

1. Cão – Doenças – Teses. 2. Células-tronco – Teses. 3. Ossos – Regeneração Teses. 4. Ortopedia veterinária – Teses. I. Rezende, Cleuza Maria de Faria. II. Serakides, Rogéria. III. Oliveira, Humberto Pereira. IV. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Veterinária. V. Título.

CDD- 636.708 973

4

Tese defendida e aprovada em 27 de maio de 2013, pela Comissão Examinadora constituída

por:

5

6

Por todo apoio, carinho e amizade, dedico esse trabalho a minha família

Especialmente

À minha esposa Isabel

Aos meus pais José Walter e Beatriz

Aos meus avos Wilson e Aparecida

Ao meu irmão Enzo

E ao meu afilhado Gabriel

7

Agradecimentos

Agradeço a Deus força maior que rege o equilíbrio de nossas vidas. Obrigado pela paciência e

perseverança.

À minha orientadora profa. Cleuza Maria de Faria Rezende por sua dedicação, amizade e pelo

inestimável conhecimento transmitido.

À minha coorientadora profa. Rogéria Serakides pela oportunidade de trabalhar com células

tronco e por sua orientação e participação ativa nesse trabalho durante todas as fases, da

elaboração do projeto às correções finais da tese.

Ao meu coorientador prof. Humberto Pereira Oliveira pela ajuda nesse estudo, pelos

ensinamentos e pelas correções sempre pertinentes.

À professora Marivalda de Magalhães Pereira e ao Professor Alfredo Miranda de Goes pela boa

vontade e prontidão em ajudar sempre que solicitado. Considero esses dois professores meus

coorientadores extraoficiais, sem a ajuda deles não seria possível desenvolver esse trabalho.

Aos professores Duvaldo Eurides, Betânia Souza Monteiro, Natália de Melo Ocarino por

aceitarem participar da banca de defesa desta tese.

À minha esposa Isabel Rodrigues Rosado pela participação ativa durante todos os experimentos,

pelo carinho, paciência e companheirismo.

À amiga profa. Jankerle Neves Boeloni, pessoa que me ensinou tudo que sei sobre cultura

celular e técnicas de biologia molecular, sempre com boa vontade e disposição para trabalhar.

Aos amigos e colegas de pós graduação prof. Omar Leonardo Aristizabal Paez, Jéssica

Alejandra Castro Varón, Felipe Nemer Machado e prof. Rau Fernando Silva Molano, pela

participação ativa nas cirurgias. Sem vocês não seria possível realizar esse trabalho.

A amiga e colega de pós graduação profa. Fabíola Bono Fukushima pelas anestesias dos cães e

por planejar brilhantemente o estudo anestésico.

À profa. Eliane Gonçalves de Melo pela disposição em ajuda na solução dos problemas

referentes ao hospital veterinário e ao centro de experimentação de pequenos animais. Também

por conseguir todos os exames de Leishimaniose para os cães do experimento.

A profa. Natália de Melo Ocarino por ajudar sempre que solicitado.

Ao prof. Roberto Baracat de Araújo por doar matérias para a realização do experimento.

À aluna de iniciação científica Natália Oliveira Freire pelo apoio no experimento e pelos

cuidados com os cães.

Aos colegas de pós graduação Rodrigo dos Santos Horta e Mariana da Silva Figueiredo, pelos

cuidados analgésicos pós operatórios dos cães.

Ao Professor Mario Jefferson Quirino Louzada pela orientação quanto às análises

densitométrica e por disponibilizar o Laboratório de Biofísica da UNESP Aracatuba, para

realização dessas análises.

8

Aos amigos e colegas de pós-graduação Júneo de Freitas Silva e Pablo Herthel de Carvalho por

ajudar sempre que solicitado.

Às doutoras Alexandra Rodrigues Pereira da Silva e Agda Aline Rocha de Oliveira pela grande

ajuda com a produção do biomaterial utilizado no experimento.

As colegas de pós graduação Ana Cláudia Chagas de Paula, Alessandra Arcoverde Cavalcanti

Zonar e Juliana Lott Carvalho pelo auxílio na caracterização fenotípica das células estudadas

nessa tese.

A todos os demais professores da pós-graduação que com certeza me ajudaram de alguma forma

para minha formação.

Aos meus pais José Walter Leonel Alves e Beatriz Gabellini Alves pelo amor incondicional e

grande incentivo aos estudos. Também por cuidarem dos cães até que eles atingissem a idade

para entrar no experimento.

Aos meus avós Wilson Gabellini e Apparecida Straiotto Gabellini pela amizade, amor e pelos

sábios ensinamentos. Também por cuidarem dos cães até que eles atingissem a idade para entrar

no experimento.

Aos meus sogros Sebastião Carlo da Silva Rosado e Ivonilde Rodrigues Rosado por cuidarem

dos cães até que eles atingissem a idade para entrar no experimento.

Ao grande amigo e colega de profissão Marcus Vinícius Caetano de Souza por conseguir os

cães do experimento e por acompanha-los durante todo o período pré experimental cuidando e

medicando sempre que necessário.

Aos funcionários do hospital veterinário Carlos, Tamires, Terezinha, Ronaldo, Creide, Liu e

Cleiton, que sempre estiveram prontos para ajudar.

Às Enfermeiras do Hospital Veterinário Ana e Sílvia pela colaboração na execução deste

trabalho junto ao bloco cirúrgico e setor de esterilização.

Aos funcionários do setor de patologia Leimar e Adão que sempre ajudaram quando solicitado.

Às funcionárias da secretaria Eliane, Rosangela, Lurdes, que muito me ajudaram com as tarefas

burocráticas.

Aos técnicos em radiologia Elias, Eduardo e Eli pela cooperação na realização dos exames

radiográficos.

À empresa OUROFINO AGRONEGÓCIOS, em especial, à Lídia Marinho Silva Lima

supervisora de registro de produtos pela doação de medicamentos e produtos veterinários para a

utilização nesse estudo.

À empresa PIONEIRA, em especial, à Germano Jeycic pela doação de medicamentos e

produtos medico hospitalares para utilização no experimento.

À empresa CENTRALVET TERAPEÊUTICA INTELIGENTE, em especial, a Ronald

Glanzmann, pela doação de todo o propofol utilizado no presente estudo.

À empresa ROYAL CANNIN, em especial, a Luciana Domingues de Oliveira promotora de

vendas dessa empresa, pela doação de 2420 kg de ração para os animais do presente estudo.

9

À empresa KOWALSKI ALIMENTOS, em especial, a Cristino Motta supervisor de vendas

dessa empresa, pela doação de 600 Kg de ração para os animais do presente estudo.

À empresa LUPUS ALIMENTOS, em especial, a Vivian Aro técnica dessa empresa, pela

doação de 1000 Kg de ração para os animais do presente estudo.

À empresa DB, em especial, a Reinaldo Bispo executivo de vendas dessa empresa, pela doação

de seringas e agulhas para serem utilizadas nesse estudo.

À empresa CRISTÁLIA, pela doação de todo o isofluorano utilizado no presente estudo.

À empresa BIOCONECTVET, em especial Vanderlei A. Pimenta pela doação dos preparadores

de rosca utilizados no presente estudo.

À empresa HERTAPE CALIER, pela doação de 160 doses da vacina MULTI-DOG para a

imunização dos cães desse estudo.

À FAPMIG pelo financiamento do estudo.

Ao CNPq pela concessão da bolsa de estudos.

Aos animais utilizados neste experimento pela doçura mesmo em momentos desconfortáveis.

Ao meu irmão Enzo Gabellini Leonel Alves por ser meu melhor amigo e companheiro de todas

as horas, me apoiando sempre que preciso.

10

Lista de abreviações

BCIP - 5-bromo-4-chloro-3’-indolylphosphate p-toluidine salt

BMP – Proteína ósseas morfogênicas

BSA – Albumina sérica bovina

BSP – Sialoproteina óssea

CaSR - Calcium sensing receptor

CTM- Células tronco mesenquimais

CTM-AD – Células tronco mesenquimais derivadas do tecido adipose

CTM-MO – Células tronco mesenquimais derivadas da medula óssea

DMEM – Dulbecco’s modiffed eagle medium ou meio basal

DMEM PI – Meio basal suplementado como produto iônico

FA – Fosfatase alcalina

FACS - Fluorescence-activated cell sorting

FoxO - Forkhead homeobox tipo O

GAPDH - Gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase

HA - Hidroxiapatita

MAPK - Proteína quinase ativada por mitógeno

MOD – Matriz óssea desmineralizada

MTT - Brometo de [3-(4,5-dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil tetrazolium]

NBT - Nitro-blue tetrazolium chloride

NCC – Número de células por campo

NM – Nódulos de mineralização

OC – Osteocalcina

ON- Osteonectina

OST – Meio de diferenciação osteogênica

OST PI – Meio de diferenciação osteogênica suplementado com o produto iônico

OSX- Osterix

PBS - Solução tampão de fosfato padrão

PRP – Plasma rico em plaquetas

RT-PCR – Reação em cadeia da polimerase em tempo real

SDS - Dodecil sulfato de sódio

SFB – Soro fetal bovino

TEOS- Tetraetilortosilicato

TEP - Trietilfosfato

11

Sumário

Lista de abreviações............................................................................................................... 9

Lista de tabelas....................................................................................................................... 11

Lista de figuras....................................................................................................................... 12

Resumo................................................................................................................................... 18

Abstract................................................................................................................................... 19

Introdução............................................................................................................................... 20

Objetivos................................................................................................................................. 20

Capítulo 1: Revisão de literatura........................................................................................ 21

Defeitos ósseos e alternativas para o seu tratamento............................................................. 18

Células tronco e sua aplicação na ortopedia........................................................................... 25

Potencial proliferativo e de diferenciação osteogênicadas CTM......................................... 31

Capítulo 2: Estudo comparativo da diferenciação osteogênica de células tronco

mesenquimais da medula óssea e de tecido adiposo de cães adultos

35

Introdução............................................................................................................................... 35

Material e métodos................................................................................................................. 35

Resultados............................................................................................................................... 42

Discussão................................................................................................................................ 51

Conclusão............................................................................................................................... 53

Capítulo 3: Efeito do produto iônico do biovidro 60S na diferenciação osteogênica de

células tronco mesenquimais do tecido adiposo de cães

54

Introdução............................................................................................................................... 54

Material e métodos................................................................................................................. 54

Resultados............................................................................................................................... 61

Discussão................................................................................................................................ 65

Conclusão............................................................................................................................... 68

Capítulo 4: Tratamento de defeitos ósseos críticos em rádios de cães com matriz

porosa do biovidro 60S associada ou não a células tronco mesenquimais do tecido

adiposo

69

Introdução............................................................................................................................... 69

Material e Métodos................................................................................................................. 70

Resultados............................................................................................................................... 76

Discussão................................................................................................................................ 86

Conclusão............................................................................................................................... 91

Referências Bibliográficas...................................................................................................... 91

Anexos ................................................................................................................................... 108

Protocolo de aprovação pelo comitê de ética ........................................................................ 108

12

Lista de tabelas

Capítulo 2. Estudo comparativo da diferenciação osteogênica de células tronco

mesenquimais da medula óssea e de tecido adiposo de cães adultos

35

Tabela 1. Lista de genes e sequência de nucleotídeos dos iniciadores para RT-PCR

em tempo real

42

Capítulo 3. Efeito do produto iônico do biovidro 60S na diferenciação osteogênica

de células tronco mesenquimais do tecido adiposo de cães

54

Tabela 1. Lista de genes e sequência de nucleotídeos dos iniciadores para RT-PCR

em tempo real

60

Tabela 2. Concentração média dos íons Si e Ca nas amostras dos meios de cultivo

celular basal (DMEM), meio osteogênico (OST), produto iônico do

biovidro 60S em meio basal (DMEM PI) e em osteogênico (OST PI)

61

Capítulo 4. Tratamento de defeitos ósseos críticos em rádios de cães com matriz

porosa do biovidro 60S associada ou não a células tronco

mesenquimais do tecido adiposo

69

Tabela 1. Frequências de ocorrência de reação periosteal, calos periosteal, medular e

intercortical e de continuidade cortical e medular em defeitos ósseos

críticos em rádios de cães tratados com osso autógeno, observadas aos 0,

15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias de pós operatório

80

13

Lista de figuras

Capítulo 2. Estudo comparativo da diferenciação osteogênica de células tronco

mesenquimais da medula óssea e de tecido adiposo de cães adultos

36

Figura 1. Fotomicroscopia de contraste de fase das células tronco mesenquimais

extraídas de medula óssea (A) e do tecido adiposo de cães (B). Observar a

morfologia alongada e fusiforme das células. Barra = 70 µm

43

Figura 2. Histogramas da expressão de CD45, CD34, CD90 e CD29 por citometria

de fluxo em células tronco mesenquimais da medula óssea de cães,

mantidas em meio basal (DMEM) após o terceiro repique e confluência de

80 a 90%. Os histogramas mostram a escala de fluorescência no eixo x

considerada positiva quando o pico de células está acima de 101 ou seja,

toda a área do gráfico que se encontra no intervalo da barra M1 é positiva

43

Figura 3. Histogramas da expressão de CD45, CD34, CD90 e CD29 por citometria

de fluxo em células tronco mesenquimais do tecido adiposo de cães,

mantidas em meio basal (DMEM) após o terceiro repique e confluência de

80 a 90%. Os histogramas mostram a escala de fluorescência no eixo x

considerada positiva quando o pico de células está acima de 101 ou seja,

toda a área do gráfico que se encontra no intervalo da barra M1 é positiva

44

Figura 4. Cultura de células tronco mesenquimais extraídas da medula (1) e do

tecido adiposo (2) de cães submetida à diferenciação osteogênica (A),

adipogênica (B) e condrogênica (C) por 21 dias. Observar nas imagens 1A

e 2A os nódulos de mineralização corados em vermelho pela técnica de

Von Kossa; nas imagens 1B e 2B as vesículas lipídicas com aspecto

birrefringente e coloração avermelhada no interior das células coradas

pela técnica Oil Red e nas imagens 1C e 2C os proteoglicanos corados em

violeta vivo pela técnica de PAS. Barras das imagens 1A e 2A = 350 µm e

das imagens 1B, 2B, 1C e 2C = 8,75 µm.

45

Figura 5. Média e desvio padrão da conversão do MTT em cristais de formazan em

culturas de CTM-MO e CTM-AD de cães, mantidas em meio basal

(DMEM) e meio osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias.

45

Figura 6. Porcentagem média e desvio padrão da área celular por campo em culturas

de CTM-MO e CTM-AD de cães, mantidas em meio basal (DMEM) e

meio osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias.

46

Figura 7. Média e desvio padrão da atividade da fosfatase alcalina em culturas de

CTM-MO e CTM-AD de cães, mantidas em meio basal (DMEM) e meio

osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias.

46

Figura 8. Média e desvio padrão do colágeno em culturas de CTM-MO e CTM-AD

de cães, mantidas em meio basal (DMEM) e meio osteogênico (OST) por

sete, 14 e 21 dias.

47

14

Figura 9. Cultura de células tronco mesenquimais extraídas da medula (1) e do

tecido adiposo (2) de cães submetida à diferenciação osteogênica por sete

(A), 14 (B) e 21 (C) dias. Observar aumento crescente da área

mineralizada durante o cultivo. Os nódulos de mineralização foram

corados pela técnica de Von Kossa. O grupo células tronco extraídas do

tecido adiposo (2) apresentou maior área mineralizada quando comparado

com o grupo células tronco extraídas da medula óssea (1) durante todos os

tempos estudados. Barra = 350 µm

48

Figura 10. Média e desvio padrão da área mineralizada por campo em culturas de

CTM-MO e CTM-AD de cães, mantidas em meio basal (DMEM) e meio

osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias.

48

Figura 11. Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para

osterix pela técnica de RT-PCR em tempo real em culturas de CTM-MO e

CTM-AD de cães, mantidas em meio basal (DMEM) e meio osteogênico

(OST) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão expressos em relação ao

osteoblasto canino mantido em meio basal (DMEM). (linha tracejada).

49

Figura 12. Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para

sioloproteína óssea (BSP) pela técnica de RT-PCR em tempo real em

culturas de CTM-MO e CTM-AD de cães, mantidas em meio basal

(DMEM) e meio osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão

expressos em relação ao osteoblasto canino mantido em meio basal

(DMEM), o valor de expressão do osteoblasto foi considerado igual a um.

49

Figura 13. Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para

osteonectina (ON) pela técnica de RT-PCR em tempo real em culturas de

CTM-MO e CTM-AD de cães, mantidas em meio basal (DMEM) e meio

osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão expressos em

relação ao osteoblasto canino mantido em meio basal (DMEM). (linha

tracejada).

50

Figura 14. Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para

osteocalcina (OC) pela técnica de RT-PCR em tempo real em culturas de

CTM-MO e CTM-AD de cães, mantidas em meio basal (DMEM) e meio

osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão expressos em

relação ao osteoblasto canino normal mantido em meio basal (DMEM).

(linha tracejada).

50

Capítulo 3 Efeito do produto iônico do biovidro 60S na diferenciação osteogênica

de células tronco mesenquimais do tecido adiposo de cães

54

Figura 1. Redução do MTT em cristais de formazan (média e desvio padrão) em

culturas de CTM-AD caninas mantidas em meio osteogênico (OST) e em

produto iônico em meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias.

60

15

Figura 2. Atividade da fosfatase alcalina (média ± desvio padrão) em culturas de

CTM-AD caninas mantidas em meio osteogênico (OST) e produto iônico

em meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias.

62

Figura 3. Média e desvio padrão da quantidade de colágeno em culturas de CTM-

AD caninas cultivadas em meio osteogênico (OST) e produto iônico em

meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias.

62

Figura 4. Cultura de CTM-AD caninas mantidas em meio osteogênico (OST) (1) e

produto iônico em meio osteogênico (2) por sete (A), 14 (B) e 21 (C) dias.

Observar os nódulos de mineralização corados pela técnica de Von Kossa.

O grupo com produto iônico do biovidro 60S OST PI (2) mostrou maior

área de mineralização por campo em relação ao controle OST (1). Barra =

350 µm

63

Figura 5. Percentagem média e desvio padrão da área de mineralização por campo

em culturas de CTM-AD caninas cultivadas em meio osteogênico (OST) e

produto iônico em meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias.

63

Figura 6. Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para

osterix pela técnica de RT-PCR em tempo real em culturas de CTM-AD

caninas mantidas em meio osteogênico (OST) e produto iônico em meio

osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão expressos em

relação ao osteoblasto canino mantido em meio basal (DMEM)

representado pela linha pontilhada.

64

Figura 7. Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para

sialoproteína óssea (BSP) pela técnica de RT-PCR em tempo real em

culturas de CTM-AD caninas mantidas em meio osteogênico (OST) e

produto iônico em meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias. Os

dados estão expressos em relação ao osteoblasto canino mantido em meio

basal (DMEM).

64

Figura 8. Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para

osteonectina (ON) pela técnica de RT-PCR em tempo real em culturas de

CTM-AD caninas mantidas em meio osteogênico (OST) e produto iônico

em meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão

expressos em relação ao osteoblasto canino mantido em meio basal

(DMEM), representado pela linha pontilhada.

65

Figura 9. Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para

osteocalcina (OC) pela técnica de RT-PCR em tempo real em culturas de

CTM-AD caninas mantidas em meio osteogênico (OST) e produto iônico

em meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão

expressos em relação ao osteoblasto canino mantido em meio basal

(DMEM), representado pela linha pontilhada.

65

16

Capítulo 4 Tratamento de defeitos ósseos críticos em rádios de cães com matriz

porosa do biovidro 60S associada ou não a células tronco

mesenquimais do tecido adiposo

69

Figura 1. Sequencia e fotos da cirurgia de implantação do biovidro 60S, associado

ou não das CTM-AD para tratamento de defeitos ósseos críticos em rádios

de cães. Observar nas imagens A - ostectomia; B – posicionamento da

placa cranial ao osso; C e D – matriz do biovidro 60S com forma

semelhante ao segmento osteotomisado; E – deposição das células na

matriz do biovidro; F - defeito ósseo sem preenchimento (controle

negativo); G – defeito ósseo preenchido com enxerto autógeno (controle

positivo); H – defeito ósseo preenchido com a matriz do biovidro 60S e I -

defeito ósseo preenchido com a matriz do biovidro associada com as

CTM-AD.

74

Figura 2. Imagens radiográficas de defeitos ossos críticos em rádios de cães na

projeção médio-lateral, processadas pelo software Digimizer Image

Analysis para mensuração das áreas de preenchimento ósseo (áreas

contornadas em azul na imagem A), área de preenchimento com

biomaterial (área contornada em verde na imagem A), área total do defeito

(áreas contornadas em vermelho na imagem A), áreas de calo periosteal

(áreas contornadas em azul na imagem B) e medular (áreas contornadas

em vermelho na imagem B)

75

Figura 3. Micrografia uma amostra da matriz porosa do biovidro 60S obtida por

microscopia eletrônica de varredura. Observa a presença de poros

interconectados com diâmetro variado

76

Figura 4. Imagens radiográficas de defeitos ossos críticos em rádios de cães não

tratados (controle negativo – A) e tratados com osso autógeno (controle

positivo – B), obtidas aos 90 dias de pós-operatório. Observar na imagem

A o defeito ósseo parcialmente preenchido com osso esponjoso sem a

formação de ponte óssea entre os fragmentos e na imagem B a completa

regeneração óssea, com continuidade das corticais e do canal medular

77

Figura 5. Percentagem média e desvio padrão da área de biomaterial em defeitos

ósseos críticos em rádios de cães, tratados com matriz porosa de biovidro

60S associada (BV+CTM) ou não (BV) às CTM-AD diferenciadas, ao

longo de 90 dias de avaliação pós-operatória.

77

Figura 6. Imagens radiográficas de defeitos ossos críticos em rádios de cães,

tratados com matriz porosa de biovidro 60S (A) e com a associação da

matriz porosa de biovidro 60S à CTM-AD diferenciadas (B), obtidas aos

90 dias de pós-operatório. Observar a ausência de biovidro na região

correspondente ao defeito ósseo em ambos os casos.

78

17

Figura 7. Percentagem média e desvio padrão da área de preenchimento ósseo em

defeitos críticos de rádios de cães, não tratados (C-) e tratados com CTM-

AD diferenciadas (CTM), matriz porosa de biovidro 60S (BV), matriz

porosa de biovidro 60S associada à CTM-AD diferenciadas (BV+CTM) e

osso autógeno (C+), ao longo de 90 dias de avaliação pós-operatória

78

Figura 8. Imagens radiográficas de defeitos ossos críticos em rádios de cães,

tratados com CTM-AD diferenciadas (A), matriz porosa de biovidro 60S

(B) e matriz porosa de biovidro 60S associada à CTM-AD diferenciadas

(C), obtidas aos 90 dias de pós-operatório. Observar em todas as imagens

o preenchimento parcial do defeito com osso esponjoso das extremidades

em direção ao centro e nas imagens B e C, fragmentos de biomaterial no

centro dos defeitos.

79

Figura 9. Percentagem média e desvio padrão da área de preenchimento ósseo em

defeitos críticos em rádios de cães, não tratados (C-) e tratados com CTM-

AD diferenciadas (CTM), matriz porosa de biovidro 60S (BV), matriz

porosa de biovidro 60S associada à CTM-AD diferenciadas (BV+CTM) e

osso autógeno (C+), ao longo de 90 dias de avaliação pós-operatória.

79

Figura 10. Percentagem média e desvio padrão da área dos calos periosteais e

medulares adjacentes às linhas de osteotomia distal e proximal de defeitos

ósseos críticos em rádios de cães tratados com osso autógeno (C+), ao

longo de 90 dias de avaliação pós-operatória

81

Figura 11. Densidade média e desvio padrão de defeitos ósseos críticos em rádios de

cães, não tratados (C-) e tratados com CTM-AD diferenciadas (CTM),

matriz porosa de biovidro 60S (BV), matriz porosa de biovidro 60S

associada à CTM-AD diferenciadas (BV+CTM) e osso autógeno (C+),

aos 45 e 90 dias de pós-operatório. A densidade está expressa em

percentagem relação à densidade normal do rádio de cada animal.

81

Figura 12. Fragmentos ósseos correspondentes a defeitos ósseos críticos em rádios de

cães, não tratados (1A e 1B) e tratados com matriz porosa de biovidro 60S

(2A e 2B), matriz porosa de biovidro 60S associada à CTM-AD

diferenciadas (3A e 3B), osso autógeno (4A e 4B) e CTM-AD

diferenciadas (5), aos 45 (1A, 2A, 3A e 4A) e 90 (1B, 2B, 3B e 4B) dias

de pós-operatório. Notar nas imagens 1A, 1B, 2A, 2B, 3A, 3B e 5, o

preenchimento parcial do defeito com ósseo esponjoso das extremidades

em direção ao centro (regiões com asteriscos vermelhos); nas imagens 2A,

2B e 3A, a matriz porosa do biovidro 60S no centro do defeito ósseo

envolvida por tecido mole (regiões com estrelas verdes); na imagem 2B,

ausência de biomaterial no centro do defeito; na imagem 4A, os calos

periosteais (apontados pelas setas vermelhas), os calos medulares (nas

regiões com asterisco azul), a presença de calo intercortical na área

circulada em vermelho e a ausência na área circulada em preto; e na

imagem 4B, a continuidade das corticais e da medular.

82

18

Figura 13. Micrografia do osso neoformado nas extremidades de defeitos ósseos

críticos em rádios de cães, não tratados (A) e tratados com matriz porosa

de biovidro 60S (B), matriz porosa de biovidro 60S associada à CTM-AD

diferenciadas (C) e CTM-AD diferenciadas (D). Observar que o osso

neoformado é trabecular, com trabéculas espessas. Barra = 93µm

83

Figura 14. Percentagem média e desvio padrão da área de neoformação óssea em

defeitos críticos em rádios de cães, não tratados (C-) e tratados com CTM-

AD diferenciadas (CTM), matriz porosa de biovidro 60S (BV), matriz

porosa de biovidro 60S associada à CTM-AD diferenciadas (BV+CTM) e

osso autógeno (C+), aos 45 e 90 dias de avaliação pós-operatória (medidas

obtidas por histomorfometria).

84

Figura 15. Micrografia do centro de defeitos ósseos críticos em rádios de cães, não

tratados (A) e tratados com CTM-AD diferenciadas (B), matriz porosa do

biovidro 60S (C), matriz porosa do biovidro 60S associada à CTM-AD

diferenciadas (D), 90 dias após a cirurgia. Observar em todas as imagens a

presença de tecido conjuntivo fibroso e a ausência de tecido ósseo. A

barra corresponde a 93µm.

85

Figura 16. Percentagem média e desvio padrão do número de vasos por campo no

centro de defeitos críticos em rádios de cães, não tratados (C-) e tratados

com CTM-AD diferenciadas (CTM), matriz porosa de biovidro 60S (BV),

matriz porosa de biovidro 60S associada à CTM-AD diferenciadas

(BV+CTM) e osso autógeno (C+), aos 45 e 90 dias de avaliação pós-

operatória (medidas obtidas por histomorfometria).

85

Figura 17. Percentagem média e desvio padrão da área de biomaterial no centro de

defeitos críticos em rádios de cães, tratados com matriz porosa de biovidro

60S (BV) e matriz porosa de biovidro 60S associada à CTM-AD

diferenciadas (BV+CTM), aos 45 e 90 dias de avaliação pós-operatória

(obtido por histomorfometria).

86

19

Resumo

O objetivo deste estudo foi comparar o potencial osteogênico das células tronco mesenquimais

extraídas do tecido adiposo (CTM-AD) com as extraídas da medula óssea (CTM-MO) de cães

adultos, avaliar o efeito do produto iônico do biovidro 60S (BV) na diferenciação osteogênica

das CTM-AD e avaliar o efeito da matriz porosa do BV associada ou não a células tronco em

defeitos ósseos críticos de cães adultos. As CTM-AD e CTM-MO foram submetidas à

diferenciação osteogênica e foram avaliados MTT, fosfatase alcalina (FA), colágeno, número de

células por campo (NCC), nódulos de mineralização (NM) e expressão de osterix (OSX),

sialoproteína óssea (BSP), osteonectina (ON) e osteocalcina (OC). O MTT, a FA, o colágeno, o

NCC e a expressão de ON foram maiores nas CTM-AD o que determinou maior osteogênese in

vitro em relação às CTM-MO. As CTM-AD foram então submetidas à diferenciação

osteogênica na presença e na ausência do produto iônico do BV. Avaliou-se o MTT, a FA, o

colágeno, os NM e a expressão de OSX, BSP, ON e OC. As CTM-AD diferenciadas na

presença do produto iônico do BV mostraram maior conversão de MTT e maior expressão de

BSP o que determinou maior osteogênese in vitro. A matriz porosa do BV, associada ou não as

CTM-AD, foi usada no tratamento de defeitos ósseos críticos em rádios de cães adultos.

Distribuiu-se os cães em três grupos de tratamento (BV, CTM-AD e BV+CTM-AD) e dois

controles, negativo e positivo. A regeneração óssea foi avaliada clínica, radiográfica,

densitometrica e histologicamente, ao longo de 90 dias. Os defeitos tratados com BV,

BV+CTM-AD e CTM-AD mostraram regeneração óssea parcial, semelhante entre si, e inferior

aos defeitos tratados com osso autógeno. Conclui-se que as culturas de CTM-AD apresentam

maior potencial osteogênico que as de CTM-MO “in vitro”, que o produto iônico do biovidro

60S favorece a osteogênese “in vitro” de culturas CTM-AD de cães, que a matriz porosa do BV

associada ou não as CTM-AD não é eficiente no tratamento de defeitos ósseos críticos em

rádios de cães adultos e que as CTM-AD favorecem a neovascularização nesses defeitos.

Palavras Chaves: Células tronco, biomateriais, diferenciação osteogênica, regeneração

óssea, ortopedia, cão.

20

Abstract

This thesis aimed to compare the osteogenic potential of mesenchymal stem cells derived from

adipose tissue (AT-MSC) to those extracted from bone marrow (BM-MSC) of adult dogs, to

evaluate the effect of the ionic product of 60S bioglass (BG) in osteogenic differentiation of

AT-MSC, and to study the effect of BG porous matrix whether or not associated to stem cells in

critical bone defects in adult dogs. AT-MSC and BM-MSC underwent osteogenic

differentiation and MTT, alkaline phosphatase (ALP), collagen, number of cells per field

(NCF), nodules of mineralization (NM), and expression of osterix (OSX), sialoprotein bone

(BSP), osteonectin (ON), and osteocalcin (OC) were evaluated. The MTT, ALP, collagen, NCF,

and the expression of ON were higher in AT-MSC, which showed improved in vitro

osteogenesis compared to BM-MSC. AT-MSC was then subjected to osteogenic differentiation

in the presence and absence of the ionic product of BG. MTT, ALP, collagen, NM, as well as

the expression of the OSX, BSP, ON, and OC were evaluated. AT-MSC differentiated in the

presence of the ionic product of BG showed higher MTT conversion and increased expression

of BSP, which showed improved in vitro osteogenesis. The BG porous matrix, whether or not

associated to AT-MSC, was employed in the treatment of critical bone defects in radius of adult

dogs. Dogs were distributed into three treatment groups (BG, AT-MSC, and BG+AT-MSC) and

two controls, positive and negative. Over 90 days, bone regeneration was clinically,

radiographically, densitometrically, and histologically evaluated. The defects treated with BG,

AT-MSC and BG+AT-MSC showed partial bone regeneration, similar to each other, and lower

to defects treated with autogenous bone. In conclusion, cultures of AT-MSC exhibit higher in

vitro osteogenic potential than in vitro BM-MSC; the ionic product of BG improves in vitro

osteogenesis in AT-MSC cultures of dogs; the BV porous matrix, whether or not associated to

AT-MSC, is not effective in the treatment of critical bone defects in radius of adult dogs; and,

finally, AT-MSC improves neovascularization in these defects.

Keywords: Stem cells, biomaterials, osteogenic differentiation, bone regeneration,

orthopedics, dog.

21

Introdução

Um dos desafios da ortopedia veterinária e

humana é o tratamento de defeitos ósseos

críticos, caracterizados por grandes perdas

ósseas incapazes de se regenerarem

naturalmente sem algum tipo de tratamento

adicional à fixação (Drosse et al., 2008;

Reichert et al., 2009, ASTM 2010). Os

defeitos ósseos críticos são tratados pela

associação de métodos de fixação com

enxertos ósseos, preferencialmente

autógeno. A fixação tem como função

impedir a movimentação dos fragmentos

ósseos no foco da fratura, propiciando

assim um microambiente que permita a

regeneração óssea e, o enxerto favorece a

regeneração do tecido ósseo por meio dos

processos de osteocondução e osteogênese.

Alguns inconvenientes como maior tempo

cirúrgico, complicações no local da

colheita, fragilização do local e a

quantidade limitada de osso coletado estão

associados à utilização dos enxertos

autógenos (Santos e Rahal, 2004;

Piermattei et al., 2006; Sanders, 2007). A

produção de matrizes sintéticas a partir de

biomateriais parece ser a alternativa mais

viável e promissora, especialmente quando

combinada com as terapias celulares e

fatores de crescimento (De Long Jr, 2007;

Dutra et al., 2008; Hench, 2009). Diferentes

tipos de biomaterias podem ser utilizados

para produção das matrizes sintéticas, mas

o grupo das biocerâmicas se destaca, visto

que favorecem a regeneração óssea por

osteocondução (Bruder et al., 1998;

Arinzeh et al., 2003; Yuan et al., 2010) e,

em alguns casos, por osteoindução (Xynos

et al., 2000; Xynos et al., 2001; Habibovic

et al., 2006; Hench, 2009; Hopp et al.,

2011). As matrizes tridimensionais

sintéticas podem ser produzidas com uma

arquitetura que mimetiza o osso esponjoso e

podem ser colonizada “in vitro” por células

de interesse, como células tronco e

osteoblastos (Wang, 2003; Brodke et al.,

2006). A vantagem da terapia com células

tronco mesenquimais (CTM) consiste na

utilização de células do próprio indivíduo

sob tratamento, sem risco de rejeição

(Kraus e Kirker-Head, 2006). As CTM são

células multipotentes, encontradas entre as

células diferenciadas de um tecido e com

função de se auto-renovar e de se

diferenciar, originando os tipos celulares do

tecido no qual residem (Presnell et al.,

2002; Grove et al., 2004). Vários tecidos

são fontes de CTM, em maior ou menor

número mas, a medula óssea e o tecido

adiposo são considerados os principais

sítios de CTM devido a maior quantidade e

facilidade de obtenção dessas células

(Payushina et al., 2006; Rebelatto et al.,

2008). No entanto, ainda existem

controvérsias quanto à melhor fonte de

células tronco para terapia de regeneração

óssea em cães. Dessa forma, o presente

estudo avaliou a matriz porosa do biovidro

60S associada à CTM como terapia de

regeneração óssea em defeitos críticos em

cães. Para isso o estudo foi subdividido em

três etapas. Na primeira, o potencial

osteogênico das células tronco

mesenquimais extraídas da medula óssea

(CTM-MO) e do tecido adiposo (CTM-AD)

foi comparado para se identificar a melhor

fonte de CTM para terapias de regeneração

óssea em cães. Na segunda etapa, foi

avaliado o efeito do produto iônico do

biovidro 60S na diferenciação osteogênica

das CTM oriundas da melhor fonte e na

terceira etapa, avaliou-se o efeito da matriz

porosa do biovidro 60S associado às CTM

no tratamento de defeitos ósseos críticos em

cães.

Objetivos

Comparar o potencial osteogênico das

células tronco mesenquimais extraídas da

medula óssea com as extraídas do tecido

adiposo de cães adultos.

Avaliar in vitro, o efeito do produto iônico

do biovidro 60S nas células tronco

mesenquimais extraídas do tecido adiposo

de cães adultos.

Avaliar o efeito da matriz porosa do

biovidro 60S em associação com as CTM

que obtiveram o melhor potencial

osteogênico no tratamento de defeitos

ósseos críticos em cães.

22

Capítulo 1: Revisão de literatura

Defeitos ósseos e alternativas para o seu

tratamento

Os defeitos ósseos críticos ainda

representam um grande desafio quanto ao

tratamento (Drosse et al., 2008; Reichert et

al., 2009, ASTM 2010). Para se classificar

um defeito ósseo como crítico deve-se

considerar fatores como espécie, idade,

localização anatômica da lesão, estabilidade

dos fragmentos ósseos e tipo de fixação

(Adan, 1999; Arnold e Adan, 1999; Arnold,

2001; ASTM 2010). Em diáfises de ossos

longos de cães adultos hígidos, consideram-

se críticos aqueles defeitos com extensão

igual ou superior a 1,5 vezes o maior

diâmetro da região óssea acometida (ASTM

2010).

Os enxertos ósseos e seus substitutos são

alternativas para o tratamento das falhas

ósseas críticas, como fraturas cominutivas

ou com grande perda tecidual,

complicações da reparação óssea como

união retardada, não união, má união e

sequestros ósseos. Os enxertos ósseos e

seus substitutos sintéticos favorecem a

regeneração óssea por mecanismos de

osteocondução, osteoindução e osteogênese

(Watson, 2005; Giannoudis et al., 2005). A

osteocondução se refere à capacidade de um

biomaterial ou enxerto fornecer uma matriz

passível de ser colonizada, invadida e/ou

substituída por células osteoprogenitoras,

permitindo assim a formação de um novo

tecido ósseo. O termo osteogênese deve ser

utilizado apenas para aqueles enxertos ou

preparações que possuam células ósseas

viáveis com capacidade de se multiplicar e

produzir novo tecido ósseo, e a

osteoindução é a capacidade de um

biomaterial ou enxerto de estimular a

multiplicação e diferenciação de células

tronco mesenquimais em células

osteoprogenitoras e osteoblastos (Geissler,

2006; De Long Jr et al., 2007).

Os enxertos ósseos são classificados de

acordo com sua origem em autógenos,

homólogos ou heterólogos. Enxerto

autógeno é aquele transplantado de uma

localização anatômica para outra no mesmo

animal. É considerado o mais eficiente na

reparação óssea por ser biocompatível, não

induzir rejeição tecidual e apresentar efeitos

osteocondutor, osteoindutor e osteogênico

(Eppley, 2005; Sanders, 2007). Como

desvantagens, tem-se maior tempo

cirúrgico, complicações no local de colheita

como hematomas, seromas, feridas, dor e

fragilização óssea e limitada quantidade de

material coletado (Santos e Rahal, 2004;

Piermattei et al., 2006; Sanders, 2007).

No aloenxerto ou enxerto homólogo o osso

coletado em um animal é transplantado para

outro da mesma espécie (Watson, 2005).

São indicados para fraturas com grande

perda óssea e possuem osteocondutividade

e osteoindutibilidade, sendo uma alternativa

para substituição do autoenxerto, quando

este não for viável. Apresentam a

desvantagem de risco de transmissão de

doenças e de rejeição, sendo indicada a

realização da triagem dos doadores para que

os riscos sejam minimizados (Geissler,

2006; De Long Jr. et al., 2007).

O enxerto heterólogo ou xenoenxerto é

coletado em uma espécie e transplantado

para outra. Esse tipo de material apresenta

características semelhantes aos aloenxertos,

possui maior potencial imunogênico e

maior probabilidade de rejeição (Santos e

Rahal, 2004; Piermattei et al., 2006).

Geralmente os alo e xenoenxertos são

enxertos corticais constituídos por osso

compacto, denso e de baixa celularidade,

conferindo bom efeito mecânico. Os

enxertos esponjosos são formados por osso

trabecular, poroso e com alta celularidade,

sendo quase sempre autoenxertos. O

enxerto córtico-esponjoso é composto por

osso cortical e esponjoso e possui

característica intermediária (Santos e Rahal,

2004; Giannousdis et al., 2005).

Os enxertos orgânicos são todos aqueles

originados a partir de um tecido animal

(autoenxertos, aloenxertos, xenoenxertos,

concentrados de plaquetas e matriz óssea

desmineralizada), e os inorgânicos ou

aloplásticos são aqueles de origem sintética

como biocerâmicas e biopolímeros (Eppley

et al., 2005).

Devido às limitações da enxertia óssea há

uma incessante busca por inovações nessa

área, principalmente quanto ao

desenvolvimento de novos materiais que

possam substituir a enxertia óssea. A

produção de matrizes sintéticas a partir de

biomateriais parece ser a alternativa mais

viável e promissora, especialmente quando

23

combinada com as terapias celulares e

fatores de crescimento (De Long Jr, 2007;

Dutra et al., 2008).

O termo biomaterial foi definido na

Conferência do Instituto Nacional de

Desenvolvimento do Conselho de Saúde

nos EUA em 1982, como qualquer

substância que não seja droga ou uma

combinação de substâncias, sintéticas ou de

origem animal, que possa ser utilizada por

um período de tempo, como parte de um

sistema que trate, aumente ou substitua

qualquer tecido, órgão ou função do corpo

(Jones e Hench, 2003).

A biocompatibilidade é a habilidade de um

material desempenhar uma função com

resposta apropriada do tecido hospedeiro

em uma aplicação específica, sem agressão

deste. Há algumas décadas, era considerado

biocompatível o material totalmente inerte

implantado no tecido animal, cuja presença

não estimularia nenhuma resposta orgânica.

No entanto, esse conceito alterou-se ao se

reconhecer que qualquer biomaterial

elucida uma resposta do tecido receptor e o

mesmo biomaterial pode mostrar-se

biocompatível para uma aplicação ou para

um tipo de paciente e incompatível para

outras aplicações biomédicas ou para

pacientes de diferentes espécies, raças,

faixas etárias, sexo, estado geral de saúde

(Rezende, 2006).

Dentre os biomateriais com características

favoráveis para produção de substitutos

ósseos encontram-se as biocerâmicas, os

polímeros biodegradáveis e os materiais

compósitos, produzidos pela combinação

dos anteriores (Eppley et al., 2005;

Gianoudis et al., 2005). As matrizes

poliméricas reabsorvíveis e com estrutura

porosa semelhante ao osso trabecular tem

sido produzidas, entretanto, a resposta

biológica aos polímeros quando

implantados no organismo não favorece a

regeneração óssea. Os polímeros não

possuem capacidade de se ligar

quimicamente ao tecido ósseo o que leva a

formação de uma interface fibrosa pouco

coesa. Eles não são capazes de estimular a

atividade osteoblástica mas apresentam

plasticidade e ductibilidade o que favorece

a confecção de matrizes e permite que elas

sofram deformação sem se romper (Jones e

Hench, 2003; Orefice et al., 2006; Alves et

al., 2010a,b). O módulo de elasticidade dos

polímeros é menor que o do tecido ósseo, o

que inviabiliza sua utilização quando há

necessidade de suportar grandes cargas

mecânicas (Alves et al., 2010a,b).

Entretanto, os polímeros podem ser

combinados com outros compostos

terapêuticos como antibióticos, favorecendo

a reparação óssea em casos de infecção,

com fatores de crescimento ósseo e com

cerâmicas bioativas, contribuindo com a

regeneração óssea precoce, estimulando a

proliferação celular e a osteointegração

(Wang, 2003).

Dentre os polímeros biodegradáveis

destacam-se o polihidroxibutirato (PHB),

ácido polilático (PLA), ácido poliglicólico

(PGA) e policaprolactona (PCL) (Wang,

2003). Esses polímeros apresentam

degradação lenta e resistência suficiente

para utilização como matéria prima na

fabricação de substitutos ósseos,

principalmente quando reforçados com

partículas de biocerâmicas (Luklinska e

Schluckwerder, 2003; Alves, et al., 2011).

A utilização da cerâmica como substituto

ósseo data de 1894, quando pela primeira

vez Dreesman et al. utilizaram o gesso

(CaSO4) para essa finalidade. Desde então

as cerâmicas são estudadas e aprimoradas

para serem utilizadas como substitutos

ósseos. Existe atualmente um grupo

específico de cerâmicas bioativas,

consideradas as mais apropriadas para

substituição óssea. Esse grupo é composto

pelos fosfatos de cálcio, biovidros e

vidrocerâmicas. As cerâmicas bioativas são

compatíveis com os tecidos do corpo

humano e animal por possuírem em sua

composição química íons normalmente

encontrados no organismo animal (Wang,

2003; Eppley et al., 2005). Favorecem a

regeneração óssea e a osteointegração dos

implantes por possuírem semelhança

química e física com a matriz óssea mineral

(Hidaka et al., 2006; Vallet-Regí, 2006). As

biocerâmicas têm sido empregadas na

produção de matrizes capazes de absorver

fármacos e fatores de crescimento e

promover sua liberação controlada (Vallet-

Regí, 2006; Pereira et al., 2006; Sanders,

2007). A confecção de matrizes

tridimensionais sintéticas, cuja arquitetura

mimetiza o osso esponjoso, é uma maneira

eficiente de promover a reparação de

grandes falhas ósseas. Por suas

24

propriedades osteocondutivas, as cerâmicas

permitem a migração e adesão de células

tronco mesenquimais (CTM), que podem se

diferenciar em células osteoprogenitoras e

favorecer a regeneração óssea (Watson,

2005: Vallet-Regí, 2006; Mygind et al.,

2007). O tamanho do poro da cerâmica

deve ser semelhante ao do osso esponjoso

(Watson, 2005) para permitir a invasão

vascular, colonização celular e substituição

por tecido ósseo (Geissler, 2006). Chen et

al., (2001) recomendam o diâmetro maior

que 100-150µm e Geissler (2006) cita que o

diâmetro dos poros deve variar entre 150 e

500µm, mas salienta que poros muito

amplos podem enfraquecer o implante. De

Long Jr. et al (2007) relatam que o tamanho

ideal dos poros deve ser de 300 a 500µm,

pois permite maior colonização do

implante. Os autores advertem ainda que, a

presença de interconectividade entre os

poros é tão importante quanto seu tamanho

(Chen et al., 2001; Watson, 2005; Geissler,

2006; Vallet-Regí, 2006; De Long Jr. et al

2007), pois influencia diretamente na tensão

de oxigênio, fator de importância relevante

na diferenciação das células tronco

mesenquimais em células osteoprogenitoras

e dessas em osteoblastos (Chung et al.,

2012). Ao estudar a colonização e

diferenciação de células tronco

mesenquimais em arcabouço de

hidroxiapatita, Mygind et al. (2007) relatam

uma maior colonização nas amostras cujo

diâmetro médio do poro era de 500µm e

uma maior diferenciação celular nas

amostras cujo diâmetro médio era 200µm.

As biocerâmicas possuem diferentes

características químicas que refletem

diretamente na sua reabsorção. A

cristalinidade da cerâmica representa o grau

de organização e de ligação das moléculas,

sendo que quanto mais cristalina a amostra,

maior é a ligação entre as moléculas e

menor a taxa de dissolução,

consequentemente mais lenta é a reabsorção

(Watson, 2005; Pereira et al., 2006; De

Long Jr. et al., 2007). A taxa de reabsorção

difere entre as cerâmicas, sendo que a maior

reabsorção é observada nos vidros

bioativos, seguida pelos fosfatos de cálcio e

hidroxiapatita em ordem decrescente. O

termo fosfato de cálcio é utilizado

genericamente para definir um extenso

grupo de substâncias que possuem essa

composição em suas moléculas. Dentre eles

estão a hidroxiapatita (HA), o fosfato

tricálcico (TCA) e o fosfato de cálcio

bifásico (formado pela mistura de TCA com

HA) (Eppley et al., 2005; Vallet-Regí,

2006). A capacidade desses materiais de se

ligarem quimicamente ao osso através da

superfície do implante ocorre pela formação

de microcristais de apatita semelhante à

apatita óssea, que permitem o crescimento

de tecido ósseo e a osteointegração (Pereira

et al., 2006). Alterações teciduais no

microambiente de implantação da cerâmica

como aumento da acidez, edema e aumento

de temperatura local podem também

acelerar a reabsorção da cerâmica (Eppley

et al., 2005).

A hidroxiapatita (Ca10[PO4]6[OH]2) é uma

das cerâmicas mais difundidas e utilizadas

em cirurgias ortopédicas para

preenchimento de falhas ósseas e na

confecção de compósitos para emprego

ortopédico (Mygind et al., 2007). Ela é o

principal constituinte da matriz óssea

mineral, representando cerca de 70 a 95%

da composição mineral do osso (Eppley et

al., 2005; Pereira et al., 2006). É lentamente

biodegradável e pode ser produzida na

forma porosa, o que provê uma estrutura

para invasão do tecido receptor,

aumentando a ligação osso-implante na sua

interface (Wang et al., 2003). Sua

reabsorção pode ocorrer por dissolução e

por fagocitose (Pereira et al., 2006).

A hidroxiapatita assim como as demais

biocerâmicas é atóxica, pode ser produzida

no tamanho e na quantidade desejada, pode

ser recortada, esterilizada e guardada por

longos períodos de tempo à temperatura

ambiente (Manjubala et al., 2002; Pereira et

al., 2006). A hidroxiapatita porosa permite

a invasão e o crescimento interno de tecido

ósseo, mas apresenta baixa taxa de

dissolução e lenta reabsorção (Geissler,

2006). Dentre as biocerâmicas, a

hidroxiapatita é a que apresenta menor

bioatividade, não apresenta capacidade de

osteoindução e nem se liga aos tecidos

moles, mas é um material osteocondutor

capaz de se ligar ao osso adjacente

promovendo a osteointegração (Geissler,

2006; Pereira et al., 2006).

Os biovidros e as vidro-cerâmicas são os

biomateriais que apresentam a maior

bioatividade quando implantados no tecido

25

ósseo (Hu e Zhong, 2009). São materiais

compostos de sílica amorfa e óxidos de

cálcio, fósforo e sódio, mas também podem

existir, em pequenas quantidades, outros

elementos como zinco, estrôncio, magnésio,

cobre e boro (Hoppe et al., 2011). Os

biovidros são capazes de se ligar

rapidamente ao tecido ósseo e aos tecidos

moles por meio da adesão das fibras de

colágeno à sua superfície (Hench, 1997;

Barrere et al., 2006; Hoppe et al., 2011).

Quando implantado no tecido ósseo o

biovidro reage com o fluido intersticial

desencadeando uma cascata de reações

físico-químicas superficiais e eventos

celulares que culminam com a formação de

uma camada de hidroxiapatita biológica,

deposição e mineralização de osteóide em

sua superfície, o que favorece sua ligação

ao osso e promove uma interface coesa e

resistente (Jones e Hench, 2003; Vallet-

Regí, 2006; Hench, 2009). Os vidros

bioativos podem ser produzidos de duas

formas distintas. No método tradicional as

matérias primas do vidro (óxido de sílica –

SiO2; carbonato de cálcio – CaCO3;

carbonato de sódio – Na2CO3; óxido de

fosforo – P2O5) são misturadas e fundidas a

altas temperaturas, e o vidro é resfriado e

triturado para utilização na forma de

grânulos (Jones e Hench, 2003; Wang et al.,

2003). Os métodos modernos de síntese são

realizados pela rota sol-gel que consiste

basicamente na produção de uma solução

coloidal contendo as partículas desejadas na

composição do material e em seguida essa

solução é gelificada por meio da adição de

um catalizador, o material é seco e tratado

termicamente, tornando-se disponível para

a utilização (Pereira et al., 2005). A rota

sol-gel permite a produção de matrizes

tridimensionais com poros interconectados,

semelhante ao osso trabecular o que torna

esse material uma opção para substituição

da enxertia óssea. Os materiais produzidos

pela rota sol-gel apresentam maior

bioatividade e são reabsorvidos mais

rapidamente (Jones e Hench, 2003; Wang et

al., 2003; Pereira et al., 2006). Os efeitos

orgânicos dos biovidros são mediados

principalmente pelos íons liberados por

dissolução do material após sua

implantação no organismo (Xynos et al.,

2000; Xynos et al., 2001, Hench, 2009). No

entanto, não se sabe ao certo qual a melhor

composição química para a liberação da

concentração ideal de íons para

maximização do processo de regeneração

óssea e nem o exato mecanismo de ação de

cada íon no processo de regeneração óssea

(Hoppe et al., 2011; Rahaman et al., 2011).

Sabe-se que dentre os íons mais

importantes estão o cálcio (Chai et., 2012) e

o silício (Shie et al., 2011). Alguns estudos

já mostraram que os íons Ca e Si favorecem

a regeneração óssea por aumentarem a

proliferação (Maeno et al., 2005; Barradas

et al., 2010; McCullen et al., 2010) e a

diferenciação osteogênica “in vitro”(Jung e

Park, 2010; McCullen et al., 2010).

Os biovidros, assim como as demais

biocerâmicas, podem ser associados a

outros compostos com propriedades

osteoindutivas e osteogênicas tais como

fatores de crescimento osteogênico,

concentrado autógeno de plaquetas (Dutra

et al., 2008), matriz óssea desmineralizada,

aspirado de medula óssea (Kraus e Kirker-

Heard, 2006) e células tronco

mesenquimais (Arinzed et al., 2003). A

associação da matriz cerâmica com

concentrado de plaquetas autógeno (Dutra

et al., 2008) e com células tronco alógenas

mostrou-se mais eficiente na reparação de

falhas ósseas quando comparada com o uso

da cerâmica pura (Arinzed et al., 2003).

O colágeno tipo I é o principal responsável

pela resistência óssea e compõe cerca de

90% da matriz, fato que levou sua

utilização como substituto ósseo. A matriz à

base de colágeno pode contribuir para

deposição de minerais, pode ser

vascularizada e promover meio favorável à

regeneração óssea (Geissler, 2006; Donzelli

et al., 2007). Entretanto, esse biomaterial

pode estimular a reação imune e propicia

fraca estrutura para suporte mecânico. O

colágeno é utilizado para a produção de

esponjas que funcionam como sistema de

liberação controlada para produtos

osteocondutores, osteoindutores e

osteogênicos. Esse biomaterial é utilizado

em associação com biocerâmicas e aspirado

de medula óssea, apresentando a função de

carreador e expansor volumétrico

(Giannousdis et al., 2005).

A matriz óssea desmineralizada (MOD) é

produzida a partir de aloenxertos e é

composta por colágeno, proteínas não

colagênicas e fatores de crescimento ósseo.

26

A MOD facilita o processo de formação

óssea por aumentar a superfície de adesão

celular (osteocondução) e estimular a

formação óssea por fatores de crescimento

(osteoindução). Sua desvantagem é a falta

de padronização quanto à sua composição,

uma vez que são produzidas a partir de

vários doadores. Outro fator é que, durante

o processamento do material, pode haver

danos às proteínas, fazendo com que

algumas percam sua função osteoindutora,

diminuindo o efeito benéfico do produto

final (Watson, 2005; Geissler, 2006).

O concentrado autógeno de plaquetas,

também denominado plasma rico em

plaquetas (PRP) é definido como um

volume de plasma autógeno com

concentração adequada de plaquetas e

outras células sanguíneas que permite altos

níveis de liberação dos fatores de

crescimento em áreas ósseas a serem

recuperadas (Ogino et al. 2005; Silva et al.,

2011). Ao depositar o concentrado

plaquetário em uma lesão óssea há

degranulação das plaquetas e liberação de

fatores de crescimento derivado de

plaquetas (PDGF); transformador beta

(TGF-β1 e β2); semelhante à insulina (IGF-

1 e 2); de endotélio vascular (VEGF);

epidermal (EGF); básico de fibroblastos

(FGF-2); e proteínas morfogênicas (BMPs)

(Hidaka et al., 2006; Nishimura et al.,

2012). Alguns destes fatores promovem

efeito quimiotático e mitogênico para

osteoblastos e pré-osteoblastos,

estimulando um maior aporte e

multiplicação de células ósseas no local de

deposição (Watson, 2005).

A utilização de fatores de crescimento

ósseo para o tratamento de defeitos ósseos

pode ser feita isoladamente, mas os

melhores resultados são obtidos quando se

associa materiais osteocondutores como as

cerâmicas (Notodihardjo et al., 2011).

Reddi & Huggins em 1972, foram os

primeiros pesquisadores a estudar as

proteínas ósseas morfogenéticas (BMPs) e a

associá-las à formação óssea (Geissler,

2006). Atualmente já foram identificadas

mais de 15 BMPs capazes de se ligarem às

células-tronco e desencadear mecanismos

que estimulem a proliferação e

diferenciação celular, resultando em

regeneração óssea (De Long Jr et al., 2007).

As BMPs são proteínas osteoindutoras não

imunogênicas e não espécie-específica que,

ao serem liberadas na corrente sanguínea,

são capazes de estimular as células

perivasculares e mesenquimais

indiferenciadas a se transformarem em

células da linhagem osteoprogenitora.

Algumas destas proteínas, como a BMP-2 e

BMP-7 podem ser produzidas por

tecnologia recombinante e já estão

disponíveis para utilização clínica (Sanders,

2007; Notodihardjo et al., 2012). O fator de

crescimento de endotélio vascular (VEGF)

desempenha uma importante função na

ossificação endocondral, ele atua na

maturação final do condrócito e promove a

invasão vascular da cartilagem o que

permite a migração de células

osteoprogenitoras e osteoblastos

promovendo assim a substituição da

cartilagem por osso (Ballock e O´Keefe,

2003a,b; Geiger et al., 2005; Long, 2012).

Células tronco e sua aplicação na

ortopedia

A presença de células osteoprogenitoras e

células tronco mesenquimais (CTM)

capazes de se transformar em células ósseas

é provavelmente, o fator que mais contribui

para o aumento da atividade osteogênica e

consequentemente, para a reparação de uma

lesão óssea. Quando células tronco são

adicionadas em um sítio de lesão óssea, elas

podem se diferenciar em osteoblastos e

aumentar a síntese de matriz óssea (Arinzeh

et al., 2006; Bielby et al., 2007; Mizuno,

2009). As CTM possuem a capacidade de

se diferenciar in vitro em qualquer célula de

origem mesenquimal como tenócitos,

mioblastos, adipócidos, condrócitos e

osteoblastos (Pittenger et al., 1999;

Shenfield et al., 2002). Para maximizar sua

diferenciação em osteoblastos, pode-se

associá-las a BMPs, matriz óssea

demineralizada, ou a qualquer outro tipo de

substituto osteoindutor (Bruder et al.,

1998a,b; Brodke et al., 2006; Hidaka et al.,

2006; Yuan et al., 2007; Liao et al., 2010).

Existem basicamente três formas de se

utilizar as CTM para o tratamento de lesões

ósseas. A forma mais rápida e simples, já

utilizada clinicamente há anos, trata-se da

injeção de aspirado de medula óssea no

foco da lesão. No entanto, o aspirado de

medula contém pequena quantidade de

27

CTM e vários outros tipos celulares como

hemácias, células tronco hematopoiéticas e

leucócitos, logo o efeito de sua utilização

não pode ser atribuído exclusivamente às

CTM (Kraus e Kirker-Head, 2006; Pountos

et al., 2007; Arthur et al., 2009). O número

de CTM na medula óssea diminui com o

envelhecimento, o que torna essa técnica

menos eficiente em animais geriátricos. A

segunda alternativa é a utilização de CTM

alógenas advindas de bancos de culturas

celulares. É necessário portanto, a

construção de uma banco de CTM que

permaneçam congeladas. Para seu uso, um

pool de células é descongelado e injetado

no foco de lesão. Essa técnica tem a

vantagem de fornecer uma grande

quantidade de CTM em um curto período

de tempo, mas apresenta o inconveniente da

possibilidade de rejeição, uma vez que

utiliza células homólogas e não autógenas

(Arinzeh et al., 2003; Yamada et al., 2003).

A terceira forma de utilização das CTM é

pelo isolamento, cultivo e expansão in vitro

de CTM autógenas (Bruder et al., 1998a;

Brodke et al., 2007; Yuan et al., 2007). Essa

é a técnica que propicia o melhor potencial

de regeneração, pois não há risco de

rejeição e as CTM podem ser diferenciadas

em osteoblastos antes de sua utilização

(Boo et al., 2002). Os inconvenientes estão

relacionados principalmente com o maior

tempo requerido para isolamento e

expansão in vitro das CTM, enquanto as

CTM oriundas do aspirado de medula ou do

banco de células permitem a utilização

imediata (Kraus e Kirker-Head, 2006;

Arthur et al., 2009).

O termo célula tronco (CT) foi criado para

facilitar o entendimento do que é essa

célula, fazendo uma analogia entre uma

árvore e o organismo. A árvore possui um

único tronco de onde se originam vários

galhos, ramos e folhas. Analogamente a

célula tronco é capaz de se dividir e se

diferenciar originando vários tipos de

células especializadas. As células tronco

podem ser classificadas de acordo com seu

potencial de diferenciação em: células

totipotentes, capazes de se diferenciar em

qualquer tipo de célula do organismo

adulto; células pluripotentes, capazes de se

diferenciar em quase todos os tipos de

tecido com exceção da placenta e dos

anexos fetais; células multipotente, capazes

de se diferenciar em um número menor de

linhagens celulares; e células unipotentes

que são capazes de diferenciar em apenas

um tipo de célula especializada (Rao, 2004;

Wagers e Weisman, 2004)

As células tronco são células

indiferenciadas, com alta capacidade de

multiplicação e diferenciação em outros

tipos celulares mediante estímulos

adequados. Elas podem ser divididas em

células tronco embrionárias (CTE), que são

obtidas do blastocisto, ou células tronco

adultas (CTA) que são obtidas após a fase

de blastocisto em feto, filhotes ou do

indivíduo adulto (Grove et al., 2004). As

células tronco mesenquimais (CTM) são

um tipo de celula tronco adulta que podem

ser encontradas em praticamente todos os

tecidos do indivíduo e desempenham a

função de se auto-renovar, manter ou

reparar os tecidos nos quais residem

(Shenfield et al., 2002; Baksh et al., 2004).

As CTE e as CTM tem sido empregadas em

terapias regenerativas, mas cada um dos

tipos celulares tem suas particularidades. As

CTE são mais indiferenciadas que as CTM,

podem facilmente se diferenciar em

qualquer tipo celular (Thomson et al., 1998)

e podem ser expandidas indefinidamente in

vitro, sem a perda de seu potencial de

diferenciação. Mas apresentam também

desvantagens como poder desencadear uma

resposta imunológica quando implantadas

no organismo, visto que são alogênicas e

não autólogas e sua maior indiferenciação e

capacidade mitótica pode levar a

proliferação descontrolada e a desvios na

diferenciação, resultando na formação de

teratomas e de outros tumores (Shenfield et

al., 2002; Rao, 2004). Como as CTM

podem ser colhidas do próprio paciente,

elas podem ser expandidas in vitro e depois

reintroduzidas sem o risco de rejeição

(Baksh et al., 2004; Kraus e Kirker-Head,

2006). Há menor risco de proliferação

desordenada, visto que as CTM são menos

indiferenciadas (Bobis et al., 2006). Mas,

assim como as CTE, elas também

apresentam desvantagens como a

diminuição da capacidade proliferativa e de

diferenciação com a idade, o que limita o

seu transplante autólogo em pacientes

idosos (Heng et al., 2004). As CTM sofrem

senescência quando mantidas em cultivo,

limitando o número de repiques e seu

28

tempo de permanência em cultivo

(Payshina et al., 2006).

As CTM já foram isoladas de vários tecidos

como medula óssea (Boeloni et al, 2009;

Ocarino et al., 2010; Spencer et al., 2012),

tecido adiposo (Zuk et al., 2001; Vieira al.,

2010), derme (Toma et al., 2001), músculo

esquelético, membrana sinovial, pulmão

(Tae et al., 2006), fígado, sangue periférico,

intestino (Presnell et al., 2002), sistema

nervoso periférico, sistema nervoso central,

miocárdio (Beltrami et al., 2003), polpa

dentária (Meirelles et al., 2006), líquido

amniótico, placenta (Bobis et al., 2006;

Filioli Uranio et al., 2011), sangue do

cordão umbilical (Rebelato et al., 2009; Seo

et al., 2009) vasos sanguíneos, córnea e

retina (Meirelles et al., 2006). Devido a

maior facilidade de isolamento, grande

capacidade de expansão in vitro e amplo

potencial de diferenciação, as CTM

oriundas da medula óssea e do tecido

adiposo são as mais estudadas e

empregadas na medicina regenerativa (Zuk

et al., 2001; Payushina et al., 2006; Tae et

al., 2006; Zhu et al., 2008). A diferenciação

das CTM em osteoblastos, condroblastos,

adipócitos e miócitos, ocorre mediante

ativação de fatores de transcrição

específicos ligados aos genes

Runx2/Osterix/Lrp5, SOX5/6/7, PPARγ e

MyoD family, respectivamente (Katagiri e

Takahashi, 2002, Kassem et al., 2007; Liu e

Lee, 2012; Long, 2012; Zhang, 2012).

As células tronco mesenquimais extraídas

da medula óssea (CTM-MO) são também

denominadas células do estroma da medula,

células tronco estromais da medula óssea,

células precursoras do estroma, células

tronco esqueléticas e células progenitoras

adultas (Chen et al., 2008). Elas foram

primariamente descritas em suínos por

Fridenstein e colaboradores em 1970 como

unidades formadoras de colônias de

fibroblastos (Tae et al., 2006; Liu et al.,

2009), mas atualmente já foram isoladas da

medula óssea de diversas espécies como

camundongo, ratos (Boeloni et al, 2009),

gatos (Martins et al., 2002), cães (Chung et

al., 2012), cavalos, coelhos, suínos e seres

humanos (Chamberlain et al., 2007). As

CTM-MO são facilmente isoladas in vitro,

pois possuem a capacidade de aderir à

superfície plástica, característica que não é

compartilhada pelas células tronco

hematopoiéticas. Para o isolamento das

CTM-MO, uma amostra de medula óssea é

cultivada em garrafas plásticas, o que

permite a rápida aderência dessas células.

Transcorrido o tempo de 24 a 48 horas de

cultivo, as garrafas são lavadas com solução

salina isotônica retirando as células

contaminantes não aderidas (hemácias,

leucócitositos e células tronco

hematopoiéticas) e posteriormente são

realizadas trocas sistemáticas do meio de

cultura a cada 72 horas para eliminação

total das células contaminantes (Baksh et

al., 2004; Ocarino et al., 2007; Boeloni et

al, 2009)

As células tronco mesenquimais extraídas

do tecido adiposo (CTM-AD) podem

também ser denominadas células

multipotentes derivadas do tecido adiposo,

pré-adipócitos, células mesenquimais

derivadas do tecido adiposo, células tronco

adultas derivadas do tecido adiposo, células

estromais aderentes derivadas do tecido

adiposo, células tronco mesenquimais

derivadas do tecido adiposo e células

estromais derivadas do tecido adiposo,

sendo essa última nomenclatura definida

como a mais adequada na “Second Annual

International Fat Applied Technology

Society Meeting” (Levi e Longaker, 2011).

As CMT-AD foram primariamente isoladas

e descritas em humanos por Zuk et al., em

2001, mas atualmente já foram isoladas de

diversas espécies como ratos (Zaminy et al.,

2008), camundongos, coelhos, cães

(Neupane et al., 2008; Vieira et al., 2010) e

suínos (Qu et al., 2007; Arrigoni et al.,

2009)

As CTM-AD podem ser extraídas do tecido

adiposo intra-abdominal ou subcutâneo

(Locke et al., 2009; Rada et al., 2009). O

método de isolamento mais empregado é o

enzimático e a colagenase tipo I, a enzima

mais utilizada. Inicialmente é colhida uma

amostra de tecido adiposo, que pode ser

realizada por biópsia ou por lipoaspiração.

A amostra é lavada com solução salina para

remover as células sanguíneas e possíveis

contaminantes como os anestésicos locais

no caso de coleta por lipoaspiração.

Posteriormente a amostra é digerida com

uma solução de colagenase e as frações são

separadas por centrifugação. A fração

estromal que contém as CTM-AD é

cultivada nas mesmas condições das CTM-

29

MO (Zuk et al., 2001; Locke et al., 2009;

Mizuno, 2009). Durante o cultivo, as CTM-

AD também se aderem às placas ou às

garrafas de cultivo (Levi e Longaker, 2011).

Com o objetivo de facilitar a identificação

da CTM e viabilizar sua utilização clínica,

vários estudos tem avaliado a expressão de

proteínas de superfície destas células. As

culturas de CTM podem ser identificadas e

caracterizadas pela expressão ou ausência

de marcadores fenotípicos (Payushina et al.,

2006). The International Society for

Cellular Therapy padronizou critérios

mínimos para classificar uma célula como

célula tronco mesenquimal humana. Ficou

estabelecido que para ser considerada uma

CTM, a célula deve apresentar morfologia

semelhante a fibroblasto, possuir

capacidade de aderir ao plástico e de se

diferenciar em no mínimo três tipos

celulares: osteoblastos, condrócitos e

adipósitos, devem apresentar um perfil de

expressão de proteínas de superfície onde

são expressos os marcadores CD105, CD73

e CD90 e não os marcadores de células

hematopoiéticas CD 45 e CD34 (Dominici,

et al., 2006). Muitos outros marcadores de

superfície já foram estudados em CTM e foi

observado o seguinte perfil de expressão em

CTMs humanas: moléculas de adesão

CD44 (receptor de hialuronato), CD50

(molécula de adesão intercelular 3), CD54

(molécula de adesão intercelular 1), CD56

(molécula de adesão de células neuronais),

CD58 (antígeno 3 associado a função

linfocitária), CD62L (selectina-L),

CD102(molécula de adesão intercelular 2),

CD106(molécula 1 de células de adesão

vascular), CD166(molécula de adesão

ativada por leucócitos) (Strem et al., 2005;

Pountos et al., 2007). Algumas integrinas

CD29(integrina β1), CD49(a,b,c,e,f)

(integrinas α), CD61, CD104 (Lindner et

al., 2010), citocinas e fatores de

crescimento: CD71 (receptor da

transferina), CDw119 (receptor do

interferon γ), CD120 (Receptor do fatores

de necrose tumoral α), CD121 (Receptor de

interleucina 1), CD123 (Receptor de

interleucina 3), CD124 (Receptor de

interleucina 4), CD126 (Receptor de

interleucina 6), CD127 (Receptor de

interleucina 7), CD140a (Receptor do fator

de crescimento derivado das plaquetas),

FGFR (Receptor do fator de crescimento

fibroblástico) e CD271 (receptor do fator de

crescimento neural). Outros marcadores

também são expressos: CD9, CD13

(aminopeptidase N), CD73

(ectonucleotidase 5´), CD90 (Glicoproteina

Thy-1), CD105, CD146, CD157 (antígeno

1 de células estromais da medula óssea),

SH3, D7-FIB, STRO-1, HLA-A,B,C

(moléculas apresentadores de antígeno),

SSEA-3,4 (Pountos et al., 2007; Schaffler e

Buchler, 2007). Marcadores de células

hematopoiéticas como CD1a, CD14

(receptor de lipopolisacarídeo), CD33,

CD34, CD38, CD45 (antígeno comum em

leucócitos) e CD133 (AC133) não são

expressos pelas CTM (Pountos et al., 2007;

Choi et al, 2008).

Alguns marcadores de CTM foram

avaliados em cães, mas grande parte dos

que estão disponíveis no mercado não são

espécie específicos para cães, o que

dificulta a interpretação dos resultados, pois

não se sabe se as proteínas não são

realmente expressas ou se o anticorpo

utilizado não apresenta reação cruzada com

a espécie canina. Dentre os marcadores de

CTM que apresentaram positividade em

CTM de cães estão CD44 (Seo et al., 2009;

Vieira et al., 2009; Lee et al., 2011;

Martinello et al., 2011), CD29 (Seo et al.,

2009; Vieira et al., 2009; Lee et al., 2011),

CD90 (Vieira et al., 2009; Lee et al., 2011;

Martinello et al., 2011), CD33, CD105,

CD184, OCT4 (Seo et al., 2009), CD140a,

CD117 (Martinello et al., 2011), CD56,

CD146, CD271(Rozemuller et al., 2010).

Alguns estudos não obtiveram positividade

para os marcadores CD13 (Vieira et al.,

2009), CD105 (Vieira et al., 2009; Lee et al,

2011) e CD73 (Seo et al., 2009; Vieira et

al., 2009 ), CD90 (Seo et al., 2009)

sabidamente positivos para a espécie

humana, entretanto, a dúvida quanto a sua

expressão permanece devido a falta de

especificidade dos anticorpos utilizados.

Em um estudo recente os marcadores

humanos para CD73, CD90, e CD105 não

apresentaram reação cruzada para a espécie

canina (Rozemuller et al., 2010). Os

marcadores de células hematopoiéticas

CD14 (Seo et al., 2009; Vieira et al., 2009;

Lee et al., 2011), CD34, CD45 (Seo et al.,

2009; Vieira et al., 2009; Lee et al., 2011;

Martinello et al., 2011), CD3 (Lee et al.,

2011), CD117 (Vieira et al., 2009), CD4,

30

CD8a, CD10, CD20, CD24, CD31, CD38,

CD41a, CD49b, CD51, CD62p, CD133,

HLA-DR não são expressos pelas CTM

caninas (Seo et al., 2009). Outro

inconveniente relacionado à caracterização

fenotípica das CTM é que alguns

marcadores como CD44, CD29, CD90

podem também ser expressos por

fibroblastos (Ishii et al., 2005) o que

dificulta a diferenciação das CTM e dos

fibroblastos que podem estar presentes em

uma mesma cultura (Bobis et al., 2006).

Utilizando a técnica de PRC, Lee et al

(2011) constataram que os marcadores de

células tronco CD10, CD29, CD73 e

CD106 não são expressos pelo fibroblasto

canino, o que torna esses marcadores

preferíveis nessa espécie.

Vários meios de cultura como IMDM -

Iscove’s Modified Dulbecco’s Medium

(Martins et al., 2002; Rebelatto et al., 2008;

Lee et al., 2011), RPMI – Roswell Park

Memorial Intitute (Chung et al., 2012),

MEM - Minimal Essential Médium Eagle

(Yamada et al., 2003), α-MEM - Minimal

Essential Médium Eagle Alpha

Modification (Deliloglu-Gurhan et al.,

2006; Bunnel et al., 2008) podem ser

utilizados para isolamento e cultivo de

CTM, entretanto, o meio mais utilizado é o

DMEM - Dulbecco’s modified Eagle

medium enriquecido com antibióticos,

antifúngicos e 10% de soro fetal bovino

(SFB) (Pittenger et al., 1999; Ocarino et al.,

2008; Boeloni et al., 2009; Seo et al., 2009;

Martinello et al., 2011). A suplementação

dos meios de cultivo com SFB é

indispensável para a função celular e

sucesso do cultivo e diferenciação das

células. O SFB fornece substâncias como

fatores de crescimento, citocinas e outras

moléculas orgânicas essenciais para a

sobrevivência e desenvolvimento celular e

essas moléculas não estão presentes mesmo

nos meios de cultura comerciais mais

completos. Já foi comprovado que na

ausência de SFB, as células apresentam

baixo índice mitótico, pouca adesão e

elevada taxa de apoptose (Heng et al.,

2004). Um estudo recente mostrou melhor

resultado no cultivo e diferenciação de

células tronco mesenquimais humanas

quando se substituiu o SFB pelo soro da

mesma espécie (Paula et al., 2012).

Durante o isolamento e cultivo as CTM

aderem à superfície plástica das placas e

garrafas de cultivo e se proliferam

expandindo seu número in vitro por um

longo período (Tae et al., 2006). Com o

passar do tempo e com o aumento do

número de passagens, as CTM se tornam

senescentes e diminui seu potencial

proliferativo (Stenderup et al., 2003). Em

humanos isso ocorre após a trigésima

passagem (Kim et al., 2008). Outros fatores

como idade, presença de doenças sistêmicas

e de alterações metabólicas podem

influenciar o potencial proliferativo e de

diferenciação das CTM (Liu et al., 2009).

Para diferenciação in vitro, o meio basal,

geralmente DMEM acrescido de

antibióticos, antifúngicos e SFB, é

suplementado com substâncias que

estimulam a diferenciação. No caso da

diferenciação osteogênica as substâncias

mais utilizadas são a dexametasona, o ácido

ascórbico e o ß-glicerofosfato (Jackson et

al., 2007; Panetta et al., 2009). A vitamina

D3 também pode ser utilizada nesse

protocolo, associada às demais substâncias

ou em substituição à dexametasona (Zhou

et al., 2006). A dexametasona e a vitamina

D3 atuam no estágio inicial de

diferenciação, desencadeando o processo

(Payushina et al., 2006; Zhou et al., 2006).

Sabe-se que a dexametasona, assim como

outros glicocorticoides, é capaz de

estimular a expressão de runx2 nas CTMs,

iniciando assim o processo de diferenciação

osteogênica (Liu e Lee, 2012) mas, sua

ação prolongada pode induzir apoptose

osteoblástica via inibição de Wnts (Marie,

2008). A vitamina D age nas CTMs

estimulando a expressão de runx2 e

inibindo a expressão de PPARγ2 importante

fator de diferenciação adipogênica, o que

favorece ainda mais o processo de

diferenciação osteogênica (Marie, 2008). O

ácido ascórbico e o β-glicerofosfato são

essenciais nos estágios tardios da

diferenciação osteogênica quando ocorrem

a síntese e mineralização da matriz

extracelular (Payushina et al., 2006). Para

produção da matriz, o osteoblasto sintetiza

grande quantidade de colágeno e o ácido

ascórbico é o cofator indispensável nesse

processo, o que justifica a necessidade de

sua suplementação no meio de

diferenciação osteogênica (Franceschi et a.,

31

2009). O β-glicerofosfato atua

disponibilizando o fosfato necessário no

processo de mineralização da matriz

extracelular (Bruedigam et al., 2011). Após

estímulo para diferenciação, as CTM

sofrem uma divisão celular assimétrica, ou

seja, uma célula mãe origina duas células

filhas, sendo que uma célula filha é idêntica

à célula mãe e a outra inicia o processo de

diferenciação, adquirindo características de

uma célula precursora de determinada

linhagem celular. Essa divisão assimétrica

vai ocorrendo sucessivamente nas células

filhas até que a diferenciação se complete

originado uma célula especializada. O

processo de diferenciação ainda é muito

pouco compreendido mas, estima-se que

cerca de 914 genes estejam envolvidos na

diferenciação osteogênica (Baksh et al

.,2004). O processo de diferenciação

osteogênica é mediado por uma série de

fatores de transcrição e os mais importantes

e conhecidos são o runx2 (core-binding

fator A1- Cbfa), o osterix (Osx) e o ATF4

(cAMP response elements binding protein 2

- CREB2) (Yang e Karsenty, 2002;

Karsenty, 2008; Franceschi et al., 2009). O

runx2 é o fator de transcrição mais

importante e estudado no processo de

diferenciação osteogênica, atuando em

todas as etapas do processo. Ele é

responsável pelo início da diferenciação,

estimulando a transformação de CTMs em

células osteoprogenitoras, mas tem ação

também nos estágios intermediários e finais

da diferenciação, bem como, na síntese e

mineralização da matriz pelo osteoblasto

maduro (Karsenty, 2008; Marie, 2008;

Franceschi et al., 2009; Liu e Lee, 2012). O

runx2 tambem é importante no processo de

diferenciação condrogênica uma vez que

seu estímulo transforma uma CTM em uma

célula progenitora da linhagem

osteocondral, ou seja, após essa etapa a

célula pode diferenciar-se tanto em um

osteoblasto quanto em um condrócito (Liu e

Lee, 2012; Nishimura et al., 2012). O OSX

é o segundo fator de transcrição mais

importante no processo de diferenciação

osteogênica. Ele é imprescindível no

processo e atua na transformação dos pré-

osteoblastos em osteoblastos maduros,

finalizando assim o processo de

diferenciação osteogênica. O OSX é

fundamental na inibição do processo de

diferenciação condrogênica (Nakashima et

al., 2002; Datta et al., 2008; Long, 2012;

Zhang, 2012). Assim como o runx2, o OSX

continua sendo expresso após a

diferenciação osteogênica e atua na

atividade dos osteoblastos controlando a

síntese e a mineralização da matriz

extracelular por meio do controle da

expressão do receptor intranuclear da

vitamina D (Long, 2012; Zhang, 2012).

Muitos outros fatores estão envolvidos no

processo de diferenciação osteogênica

entretanto, a função exata de cada um deles

ainda é pouco conhecida. Alguns fatores

como o ZNF145 (promyelotic leucemia zinc

finger) e o OMD (osteomodulin) participam

de todo o processo de diferenciação, mas

outros fatores como FKBP5 (FK506-

binding protein 5) e CPM

(carboxypeptidase M) atuam apenas no

início do processo e o fator APOD

(apolipoprotein D), nos estágios finais de

diferenciação e maturação osteoblástica. O

fator OMD é um pequeno proteoglicano

rico em leucina importante nos processos de

biomineralização (Liu et al., 2007). O fator

Smad atua na atividade de fosfatase alcalina

e na síntese de osteocalcina pelos

osteoblastos (Katagiri e Takahashi, 2002).

O fator ZNF145 estimula a expressão de

Runx2 que por sua vez, regula a expressão

de vários genes como os referentes ao

colágeno I, fosfatase alcalina, osteopontina,

osteocalcina, sialoproteína óssea (Ducy et

al., 1997; Ducy e Karsenty, 1998; Datta et

al., 2008; Franceschi et al., 2009) Durante e

após a diferenciação osteogênica as células

mudam seu perfil de expressão e passam a

apresentar maior quantidade de marcadores

da diferenciação osteogênica. Dentre os

principais marcadores estão o colágeno tipo

I, a fosfatase alcalina, proteínas não

colagênicas da matriz óssea (osteopontina,

osteonectina, osteocalcina e sialoproteína

óssea), runx2, OSX e BMPs (Marie, 2001;

Halvorsen et al., 2001; Yang e Karsenty,

2002; Nakashima et al., 2002; Payushina et

al., 2006; Kassem et al., 2008). O colágeno

tipo I é o principal constituinte da matriz

óssea orgânica representando cerca de 90%

de sua composição. É considerado um

marcador precoce da diferenciação

osteogênica e pode ser expresso por células

osteoprogenitoras, pré-osteoblastos e

osteoblastos (Nakashima et al., 2002). A

32

fosfatase alcalina é uma enzima presente na

membrana do osteoblasto e participa da

síntese e mineralização da matriz óssea. No

processo de diferenciação osteogênica sua

expressão pode ser aumentada em até 27

vezes (Kassem et al., 2008) e é considerada

um marcador precoce de diferenciação

osteogênica, sendo expressa por pré-

osteoblastos e osteoblastos (Kassem et al.,

2008). In vitro, a fosfatase alcalina age no

β-glicerofosfato liberando os fosfatos e

aumentando sua concentração local que

culmina com a rápida mineralização da

matriz extracelular rica em colágeno

secretada pelo osteoblasto (Bruedigam et

al., 2011). As proteínas não colagênicas da

matriz são marcadores fidedignos da

diferenciação osteogênica, e estão

relacionadas com o processo de

mineralização da matriz. Algumas são

expressas em maior quantidade no início do

processo de mineralização, outras nas fases

intermediárias e outras nas fases finais de

maturação da matriz óssea. A osteopontina

é uma fosfoproteína que possui domínios

ligantes de cálcio e está relacionada com a

proliferação celular e com a mineralização

da matriz óssea. É considerada um

marcador precoce de diferenciação

osteogênica e é expressa por células

osteoprogenitoras, pré-osteoblastos e

osteoblastos (Donzelli et al., 2007). A

sialoproteina óssea (BSP) é responsável

pelo início do processo de nucleação e

deposição de hidroxiapatita na matriz,

iniciando assim a mineralização da matriz

óssea. Reflete uma fase final de

diferenciação e pode ser expressa por pré-

osteoblastos e osteoblastos (Nefussi et al.,

1997; Zhou et al., 2006). A osteocalcina é

uma glicoproteína específica do tecido

ósseo que atua promovendo a mineralização

da matriz. Ela é expressa apenas por

osteoblastos maduros e reflete o final da

diferenciação e maturação da matriz óssea

(Nefussi et al., 1997; Nakashima et al.,

2002; Zhou et al., 2006; Nakamura et al.,

2009). A osteonectina também está

relacionada com a mineralização da matriz

no estágio final de diferenciação (Strauss et

al., 1990; Nefussi et al., 1997; Nakashima

et al., 2002; Karaoz et al., 2009).

Além das mudanças no perfil de expressão

gênica, as CTM mudam sua morfologia,

durante a diferenciação osteogênica,

adquirindo forma cuboidal ou poligonal

semelhante aos osteoblastos e se agrupam

concentricamente, formando nódulos

mineralizados (Payushina et al., 2006; Tae

et al., 2006). Esse nódulos podem ser

visibilizados pelas técnicas de coloração

Alizarin red ou Von kossa (Chamberlain et

al., 2007), bem como por microscopia

eletrônica e apresentam duas zonas, uma

periférica formada por camadas de células

alongadas separadas por pouca matriz e

uma zona central contendo células com

morfologia variada (alongadas, triangulares

e esféricas), localizadas em lacunas

separadas por grande quantidade de matriz.

Na zona periférica há predomínio de células

e na zona central, de matriz (Eslaminejad e

Taghiyar, 2010). A síntese e mineralização

da matriz extracelular são consideradas

marcadores finais de diferenciação

osteogênica pois refletem toda a atividade

metabólica do osteoblasto (Bruedigam et

al., 2011).

Potencial proliferativo e de diferenciação

osteogênica das CTM

Existem diferentes populações de CTM,

com distintas capacidades proliferativa e de

diferenciação no mesmo indivíduo (Jiang et

al., 2002; Crisan et al., 2008). A

distribuição dessas populações nos

diferentes tecidos (Im et al., 2005; Hayashi

et al., 2007; Yoshimura et al., 2007; Peng et

al., 2008; Zaminy et al., 2008; Filioli-

Uranio et al., 2011; Shafiee et al., 2011;

Dmitrieva et al., 2012; Park et al., 2012;

Monaco et al., 2012; Al-Nbaheen et al.,

2013; Wen et la., in press) e dentro de cada

tecido (Aksu et al., 2008; Neupane et al.,

2008), determina maior ou menor potencial

proliferativo e de diferenciação das CTM

isoladas de locais diferentes no mesmo

indivíduo (Hass et al., 2011; Strioga et al.,

2012). Estudos já mostraram também que

os potenciais proliferativos e de

diferenciação das CTM podem variar de

acordo com a espécie animal (Arrigoni et

al., 2009; Levi et al., 2011), gênero

(Muschler et al., 2001; Aksu et al., 2008;

Jiang et al., 2008) e idade (Zhang et al.,

2009; Hell et al., 2011; Veronesi et al.,

2011; Al-Nbaheen et al., 2012; Kim et al.,

2012; Zaim et al., 2012). Com isso muitos

estudos têm sido realizados com o objetivo

33

de se identificar a melhor fonte de células

tronco para utilização terapêutica na

condição específica de cada paciente

(Mosna et al., 2010; Strioga et al., 2012).

Um dos focos desses estudos está voltado

para a identificação da melhor fonte de

células tronco para a terapia de regeneração

óssea.

Atualmente a medula óssea (Im et al., 2005;

Lee et al., 2011) e o tecido adiposo

(Neupane et al., 2008; Viera et al., 2010)

são considerados os principais sítios para

obtenção dessas células, devido à maior

quantidade de tecido disponível para

colheita, bom rendimento de CTM e

facilidade de obtenção. No entanto, ainda

há dúvidas sobre qual deles é a melhor

fonte de CTM para terapias de regeneração

óssea. Vários estudos a respeito já foram

realizados em humanos (De Ugarte et al.,

2003; Lee et al., 2004; Im et al., 2005;

Skaguchi et al., 2005; Izadpanah et al.,

2006; Kern et al., 2006; Egusa et al., 2007;

Liu et al., 2007; Niermeyer et al., 2007;

Noel et al., 2008; Reberatto et al., 2008;

Zhu et al., 2008; Pachon-Pena et al., 2011;

Shafiee et al., 2011; Adegani et al., 2012;

Al-Nbaheen et al., 2012; Dmitrieva et al.,

2012; Ertas et al., 2012; Park et al., 2012;

Wen et al., in press) e ratos (Yoshimura et

al., 2007; Peng et al., 2008; Hayashi et al.,

2008; Zaminy et al., 2008; Nakanishi et al.,

2011) e alguns em equinos (Ranera et al.,

2012), macacos (Izadpanah et al., 2006),

coelhos (Lin et al., 2009), suínos (Monaco

et al., 2012), mas pouco se sabe sobre o

potencial osteogênico dessas células na

espécie canina (Chung et al., 2012; Spencer

et al., 2012). Alguns desses estudos em

coelhos (Lin et al., 2009), cães (Chung et

al., 2012) e humanos (Izadpanah et al.,

2006) mostraram que as células tronco

mesenquimais oriundas do tecido adiposo

(CTM-AD) apresentam maior osteogênese

in vitro que as oriundas da medula óssea

(CTM-MO). Outros em humanos (Im et al.,

2005; Sakaguchi et al., 2005; Liu et al.,

2007; Noel et al., 2008; Shafiee et al., 2011;

Park et al., 2012), macacos (Izadpanah et

al., 2006), suínos (Monaco et al., 2012) ,

coelhos (Lin et al., 2009) e ratos

(Yoshimura et al., 2007; Hayashi et al.,

2008; Zaminy et al., 2008; Nakanishi et al.,

2011) mostraram que as CTM-MO não só

apresentam uma maior osteogênese in vitro

(Im et al., 2005; Izadpanah et al., 2006; Liu

et al., 2007; Hayashi et al., 2008; Skaguchi

et al., 2005; Zaminy et al., 2008; Shafiee et

al., 2011; Park et al., 2012) mas também,

maior expressão de genes e marcadores de

diferenciação osteogênica (Im et al., 2005;

Liu et al., 2007; Noel et al., 2008;

Yoshimura et al., 2007; Hayashi et al.,

2008; Zaminy et al., 2008; Lin et al., 2009;

Nakanishi et al., 2011; Shafiee et al., 2011;

Park et al., 2012; Monaco et al., 2012)

quando submetidas aos protocolo de

diferenciação osteogênica in vitro.

Entretanto, existem também estudos em

humanos (De Ugarte et al., 2003; Noel et

al., 2008; De Ugarte et al., 2003; Noel et

al., 2008; Reberatto et al., 2008; Pachon-

Pena et al., 2011), equinos (Ranera et al.,

2012), cães (Chung et al., 2012; Spencer et

al., 2012) e ratos (Peng et al., 2008) que não

mostram diferenças significativas na

osteogênese “in vitro’ (De Ugarte et al.,

2003; Lee et al., 2004; Noel et al., 2008;

Reberatto et al., 2008; Pachon-Pena et al.,

2011; Wen et al., in press) e nem na

expressão de marcadores de diferenciação

osteogênica (De Ugarte et al., 2003; Lee et

al., 2004; Peng et al., 2008; Reberatto et al.,

2008; Pachon-Pena et al., 2011; Chung et

al., 2012; Ranera et al., 2012; Spencer et al.,

2012; Wen et al., in press) entre as CTM-

MO e CTM-AD. Essa divergência entre os

resultados pode ser justificada pelas

variações na metodologia de cada estudo,

pois vários fatores relacionados ao cultivo e

diferenciação “in vitro” da CTM como

protocolo de isolamento das CTM

(principalmente ligados ao método de

dissociação celular) (Sethe et al., 2006),

meio de cultura utilizado (Schwarz et al.,

2012), suplementos utilizados no meio de

cultura para diferenciação celular (Bellows

et al., 2003; Fiorentini et al., 2011),

protocolos de transfecção (Lin et al., 2009)

e outros fatores relacionados com o

microambiente de cultivo como a presença

de biomateriais (Makhluf et al., 2000),

tensão de oxigênico (Chung et al., 2012),

pressão (Park et al., 2012) podem alterar os

potenciais proliferativos e osteogênico das

CTM.

O potencial proliferativo das CTM é um

importante fator para a osteogênese “in

vitro” e “in vivo”, pois uma célula mais

proliferativa pode originar um maior

34

número de células diferenciadas e assim

produzir mais matriz extracelular e

favorecer a osteogênese e a regeneração

óssea quando utilizada clinicamente para

esse fim. Estudos comparativos entre o

potencial proliferativo das CTM-MO e das

CTM-AD em humanos (De Ugarte et al.,

2003; Skaguchi et al., 2005; Lee et al.,

2004; Kern et al., 2006; Izadpanah et al.,

2006; Shafiee et al., 2011; Dmitrieva et al.,

2012; Wen et al., in press), equinos (Ranera

et al., 2012), macacos (Izadpanah et al.,

2006), cães (Chung et al., 2012), coelhos

(Lin et al., 2009) e ratos (Yoshimura et al.,

2007; Peng et al., 2008; Nakanishi et al.,

2011) são encontrados na literatura recente.

A maioria deles mostrou que as CTM-AD

apresentam um maior potencial

proliferativo que as CTM-MO (Lee et al.,

2004; Izadpanah et al., 2006; Kern et al.,

2006; Yoshimura et al., 2007; Peng et al.,

2008; Lin et al., 2009; Chung et al., 2012;

Dmitrieva et al., 2012; Wen et al., in press),

no entanto, alguns observaram maior

potencial proliferativo nas CTM-MO

(Skaguchi et al., 2005; Izadpanah et al.,

2006; Nakanishi et al., 2011) e outros não

encontraram diferença significativa (De

Ugarte et al., 2003; Shafiee et al., 2011;

Ranera et al., 2012).

Fatores como a idade (Zhang et al., 2009;

Veronesi et al., 2011; Kim et al., 2012;

Zaim et al., 2012), o gênero (Muschler et

al., 2001; Aksu et al., 2008; Jiang et al.,

2008) e os hábitos alimentares do doador

(Zhou et al., 2010; Ko et al., 2011), o uso

de alguns medicamentos como os anti-

inflamatórios (Molinuevo et al., 2010;

Choi et al., 2011; Muller et al., 2011) e

doenças (Jiang et al., 2008; Veronesi et al.,

2011) podem reduzir o potencial

osteogênico das CTM mas, a senescência

(idade in vitro) é considerada a principal

causa de redução e perda do potencial

osteogênico das CTM “in vitro” (Bonab et

al., 2006).

A senescência é a perda da capacidade

proliferativa que ocorre fisiologicamente

com o aumento do número de passagens

durante o cultivo (Mosna et al., 2010). Com

o aumento do tempo de cultura, as CTM

passam a acumulam vacúolos lipídicos no

seu interior, diminuem a taxa de

crescimento até perderem totalmente sua

capacidade mitótica e entrarem em

apoptose (Mosna et al., 2010). O principal

mecanismo envolvido na senescência

celular parece ser o encurtamento do

telômero. A cada replicação a célula perde

um segmento do telômero até chegar a um

comprimento mínimo e quando isso ocorre,

a célula perde sua capacidade mitótica

(Sethe et al., 2006). A atividade de uma

enzima denominada telomerase está

diretamente relacionada ao processo de

manutenção ou encurtamento do telômero

pois essa enzima é capaz de sintetizar novos

segmentos de telômero reduzindo assim seu

encurtamento durante a replicação celular

(Sethe et al., 2006). Essa enzima pode ser

usada como parâmetro para avaliação da

senescência das CTM. A perda gradual do

telômero com o aumento do número de

passagens já foi comprovada em CTM

humanas mantidas “in vitro” (Stenderup et

al., 2003; Bonab et al., 2006). Alguns

estudos em humanos (De Ugarte et al.,

2003; Izadpanah et al., 2006; Kern et al.,

2006; Dmitrieva et al., 2012), macacos

(Izadpanah et al., 2006), cães (Chung et al.,

2012) e ratos (Peng et al., 2008) avaliaram

parâmetros relativos à senescência das

CTM-AD e CTM-MO. A maioria deles

mostrou que as que as CTM-AD são mais

resistentes à senescência que as CTM-MO

(Izadpanah et al., 2006; Kern et al., 2006;

Peng et al., 2008; Chung et al., 2012;

Dmitrieva et al., 2012), no entanto, em um

estudo em macacos observou-se maior

resistência à senescência nas CTM-MO

(Izadpanah et al., 2006) e outro em

humanos não verificou-se diferença

significativa entre as duas cultura (De

Ugarte et al., 2003). As CTM-AD e CTM-

MO também apresentam diferenças quanto

a resistência à apoptose quando cultivadas

“in vitro” (Ranera et al., 2012) e quando

submetidas a situações adversas como

estresse oxidativo (Ertas et al., 2012) e

privação de nutrientes como o soro fetal

bovino (Peng et al., 2008; Ertas et al.,

2012). A maioria dos estudos mostra que as

a CTM-AD são mais resistentes à apoptose

quando mantidas em cultura “in vitro”

(Ranera et al., 2012) e quando submetidas

ao estresse oxidativo (Ertas et al., 2012) e à

privação sérica (Peng et al., 2008; Ertas et

al., 2012). Entretanto, outro estudo com

CTM de ratos observou maior resistência

das CTM-MO quando submetidas ao

35

estresse oxidativo (Peng et al., 2008). As

CTM-AD apresentam também maior

resistência a hipóxia que as CTM-MO

(Chung et al., 2012) e são genética

(Adegani et al., 2012) e morfologicamente

mais estáveis ao longo da cultura, o que

mantem o potencial de diferenciação dessas

células por um período mais prolongado

(Izadpanah et al., 2006). Um estudo sobre a

capacidade imunomoduladora das CTM-

AD e CTM-MO não mostrou diferença

significativa entre os dois tipos celulares

(Niermeyer et al., 2007). O rendimento de

CTM por grama de tecido é outro fator a ser

considerado quando se pesquisa a melhor

fonte de CTM para utilização clínica. A

maioria dos estudos mostra maior

rendimento de CTM nos tecido adiposo em

comparação com a medula óssea

(Yoshimura et al., 2007; Hayashi et al.,

2008; Chung et al., 2012; Hass et al., 2011).

36

Capítulo 2: Estudo comparativo da

diferenciação osteogênica das células

tronco mesenquimais da medula óssea e

do tecido adiposo de cães adultos.

Introdução

O cultivo celular bem sucedido e o

subsequente uso das células para tratamento

de diferentes alterações é o propósito das

pesquisas na área de terapia celular e, por

ser um tema relativamente recente, muitos

questionamentos ainda carecem de

respostas. Sabe-se que existem diferentes

populações de células tronco mesenquimais

(CTM), com distintas capacidades

proliferativa e de diferenciação no mesmo

indivíduo (Jiang et al., 2002; Crisan et al.,

2009). Essas populações são também

desigualmente distribuídas nos tecidos, o

que determina maior ou melhor potencial

proliferativo e de diferenciação das CTM

isoladas de locais diferentes no mesmo

indivíduo (Hass et al., 2011; Strioga et al.,

2012). Estudos já mostraram que o

potencial osteogênico das CTM pode variar

de acordo com o tecido de origem (Im et

al., 2005; Hayashi et al., 2007; Yoshimura

et al., 2007; Peng et al., 2008; Zaminy et

al., 2008; Filioli-Uranio et al., 2011;

Shafiee et al., 2011; Al-Nbaheen et al.,

2012; Dmitrieva et al., 2012; Park et al.,

2012; Monaco et al., 2012; Wen et la., in

press), com o local de colheita (Aksu et al.,

2008; Neupane et al., 2008), com a espécie

animal (Arrigoni et al., 2009; Levi et al.,

2011), com o gênero (Muschler et al., 2001;

Aksu et al., 2008; Jiang et al., 2008) e com

a idade (Zhang et al., 2009; Veronesi et al.,

2011; Al-Nbaheen et al., 2012; Kim et al.,

2012; Zaim et al., 2012). Portanto, para

terapias de regeneração óssea é importante

se conhecer a melhor fonte de CTM.

A medula óssea (Im et al., 2005; Lee et al.,

2011) e o tecido adiposo (Neupane et al.,

2008; Viera et al., 2010) são considerados

os principais sítios para obtenção dessas

células, devido à maior quantidade e

facilidade de colheita e isolamento. No

entanto, ainda não se sabe ao certo qual

delas é a melhor fonte de CTM para

terapias de regeneração óssea. Muitos

estudos a respeito já foram realizados em

humanos (De Ugarte et al., 2003; Lee et al.,

2004; Im et al., 2005; Skaguchi et al., 2005;

Izadpanah et al., 2006; Liu et al., 2007;

Noel et al., 2008; Reberatto et al., 2008;

Pachon-Pena et al., 2011; Shafiee et al.,

2011; Park et al., 2012; Wen et al., in press)

e ratos (Yoshimura et al., 2007; Hayashi et

al., 2008; Peng et al., 2008; Zaminy et al.,

2008; Nakanishi et al., 2011) mas, pouco se

sabe sobre o potencial osteogênico dessas

células em outras espécies como o cão

(Chung et al., 2012; Spencer et al., 2012).

Alguns desses estudos sugerem que as

CTM oriundas da medula óssea (CTM-MO)

possuem maior potencial osteogênico que

as CTM do tecido adiposo (CTM-AD) (Im

et al., 2005; Skaguchi et al., 2005; Liu et

al., 2007; Yoshimura et al., 2007; Hayashi

et al., 2008; Zaminy et al., 2008; Nakanishi

et al., 2011; Shafiee et al., 2011; Park et al.,

2012; Monaco et al., 2012), outros indicam

maior potencial osteogênico nas CTM-AD

(Lin et al., 2009 ; Chung et al., 2012) e

existem aqueles que mostram potencial

osteogênico semelhante entre os dois tipos

celulares (De Ugarte et al., 2003; Lee et al.,

2004; Noel et al., 2008; Peng et al., 2008;

Reberatto et al., 2008; Pachon-Pena et al.,

2011; Spencer et al., 2012; Ranera et al.,

2012; Wen et al., in press). Assim, o

objetivo do presente estudo foi avaliar

quantitativamente o potencial osteogênico

das CTM-MO e das CTM-AD de cães

adultos jovens, visando identificar a melhor

fonte de CTM para terapias de regeneração

óssea em cães.

Material e métodos

Foram utilizadas as bases físicas e a infra-

estrutura do Centro de Experimentação de

Pequenos Animais e do bloco cirúrgico do

Hospital Veterinário, do Núcleo de Células

Tronco e Terapia Celular e dos

Laboratórios de Biologia Molecular e de

Histopatologia e Imunoistoquímica do

Departamento Clínica e Cirurgia

Veterinárias da Escola de Veterinária da

UFMG, do Laboratório de Biologia

Molecular do Departamento de Imunologia

e Bioquímica do Instituto de Ciências

Biológicas da UFMG. O projeto foi

aprovado pelo Comitê de Ética em

Experimentação Animal (CETEA) da

UFMG1.

1 Número de protocolo no CETEA 157/2009

37

Animais

Foram utilizados três cães, machos, não

castrados, sem raça definida com dois anos

de idade e massa corporal média de 18 Kg.

Os cães foram recolhidos em fazendas da

zona rural do município de Lavras quando

filhotes e criados até os dois anos de idade

para realização do presente estudo. No

período experimental os cães foram

mantidos em canis individuais tipo solário,

com área de 4,5m2, pertencentes ao Centro

de Experimentação de Pequenos Animais

do Hospital Veterinário da Escola de

Veterinária da UFMG, onde receberam

ração comercial2 e água a vontade. Todos

os animais passaram por um período

mínimo de 30 dias de adaptação às novas

instalações. Nessa fase eles foram avaliados

clinicamente e por meio de exames

radiográficos e laboratoriais (hemograma,

pesquisa de hemoparasitas e análise

sorológica para leishmaniose), assegurando-

se que todos estavam saudáveis e aptos para

serem utilizados no presente estudo. Todos

os animais foram desverminados, vacinados

e receberam medicação ectoparasiticida.

Colheita das amostras de medula óssea e

do tecido adiposo

As colheitas das amostras de medula óssea

e de tecido adiposo foram realizadas no

centro cirúrgico do Hospital Veterinário da

Escola de Veterinária da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para a colheita das amostras, os cães foram

submetidos apenas ao jejum sólido de oito

horas. Como medicação pré-anestésica,

foram empregados 1mg/kg IM de xilazina3

e 15mg/kg IM de quetamina4, na mesma

seringa. O membro pélvico direito foi

submetido à tricotomia desde a coluna

lombo-sacra até o tarso e preparado para

cirurgia asséptica. A veia cefálica foi

canulada e os animais receberam propofol5

(3mg/kg IV) para intubação e manutenção

anestésica. Como analgésico e anti-

inflamatório foi administrado meloxicam6

2 Canitos, Kowalski, Apucarana, PR, Brasil 3 Calmiun, Agener União, Embu-Guaçu, SP, Brasil 4 Vetanarcol, Konig, Santana do Parnaíba, SP, Brasil 5 Fresofol, Fresenius Kabi, Campinas, SP, Brasil 6 Maxicam, Ouro Fino, Cravinhos, SP, Brasil

(0,2mg/kg IM) imediatamente após a

indução anestésica.

A coleta da medula óssea foi realizada por

punção aspirativa no platô tibial, pelo

acesso medial, entre o ligamento patelar e o

ligamento colateral medial, com agulha

16G com mandril, acoplada a uma seringa

de 10 mL contendo 0,5 mL de heparina

sódica7 na concentração de 5000 UI/mL.

Foi coletado 1 mL de medula óssea de cada

animal, totalizando 3mL de amostra final.

As amostras de tecido adiposo foram

coletadas cirurgicamente, removendo tecido

adiposo subcutâneo da região glútea

imediatamente acima do trocânter maior.

Foi coletado aproximadamente 1cm3 de

tecido adiposo de cada animal totalizando

cerca de 3cm3 de amostra final.

Imediatamente após a coleta as amostras de

medula e de tecido adiposo foram colocadas

separadamente em tubos falcon de 50 mL

contendo 20 mL de meio de cultura

Dulbecco’s Modiffed Eagle Medium baixa

glicose8 (DMEM), à temperatura ambiente

e encaminhadas para sala de cultura para

realização dos protocolos de extração para

cada tipo de tecido. O intervalo entre a

colheita e o processamento foi de cerca de

60 minutos.

As amostras de tecido adiposo e de medula

óssea foram processadas separadamente

para a obtenção de células tronco

mesenquimais, constituindo-se dois grupos,

células tronco mesenquimais extraídas da

medula óssea de cães (CTM-MO) e células

tronco mesenquimais extraídas do tecido

adiposo de cães (CTM-AD).

Posteriormente, foi determinado o potencial

osteogênico das CTM-AD e CTM-MO.

Cada tipo de célula foi cultivado em

DMEM e em meio de diferenciação

osteogênica por sete, 14 e 21 dias. Após

esses períodos, foram realizados os testes

de conversão do brometo de [3-(4,5-

dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil tetrazolium]

(MTT) em cristais de formazan, atividade

da fosfatase alcalina (FA), síntese de

colágeno, quantificação da área

mineralizada por campo e avaliação da

expressão relativa de osterix (OSX),

sialoproteína óssea (BSP), osteonectina

(ON) e osteocalcina (OC) por RT-PCR em

7 Parinex, Hipolabor, Belo Horizonte, MG, Brasil 8 DMEM, Gibco, Grand Island, NY, USA

38

tempo real. Os protocolos estão descritos

detalhadamente a seguir.

Isolamento, cultivo e expansão de células

tronco mesenquimais

Extração e cultivo de células tronco

mesenquimais da medula óssea e do

tecido adiposo

No Núcleo de Células Tronco da Escola de

Veterinária da UFMG a amostra de medula

óssea foi centrifugada por 10 minutos a

1400rpm e levada para capela de fluxo

laminar para manipulação asséptica. O

sobrenadante foi desprezado e o pellet de

células foi ressuspenso em 20 mL de meio

de cultura para células tronco

mesenquimais (meio basal), DMEM com

baixa glicose enriquecido com gentamicina

(60 μg/L), penicilina (100 U/mL),

estreptomicina (100μg/mL), anfotericina

(25μg/mL)9 e 10% de soro fetal bovino

10.

Uma alíquota de 2 mL do meio com as

células ressuspensas foi transferida para

cada garrafa de cultivo celular T7511

e 8 mL

de meio foram adicionados em cada

garrafa. Foram feitas dez garrafas.

Realizou-se homogeneização e as garrafas

foram incubadas em estufa a 37oC e 5% de

CO2. Após 48h as células foram lavadas

duas vezes com PBS 0,15 molar para

remoção das hemácias e demais células não

aderidas. O meio de cultivo foi trocado duas

vezes por semana.

A extração das células tronco

mesenquimais de tecido adiposo foi

realizada segundo o protocolo descrito a

seguir que foi adaptado de protocolos

estabelecidos por Neupane et al. (2008) e

Vieira et al. (2010).

As amostras de tecido adiposo foram

também manipuladas na capela de fluxo

laminar. As amostras foram lavadas duas

vezes com PBS 0,15 molar para retirada de

restos de sangue e debris celulares. Para

digestão do tecido conjuntivo e liberação

das células, as amostras foram colocadas

em outro tubo falcon de 50 mL contendo 20

mL de uma solução estéril de colágenase

9 PSA, Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA 10 Soro fetal bovino, Sorali, Campo Grande, MS, Brasil 11 Garrafa T75, TPP (Techno Plastic Products in

Trasadingen), Switzerland, Germany

B12

0,1% P/V. As amostras foram

fragmentadas a partículas menores com

tesoura cirúrgica estéril. A tesoura foi

introduzida no tubo falcon de 50mL e com

movimentos de abrir e fechar dos ramos o

tecido foi fragmentado ao máximo possível.

Em seguida a amostra foi encubada em

estufa a 37oC e 5% de CO2 durante 45

minutos e a cada 15 minutos a amostra foi

vigorosamente agitada para facilitar o

processo de digestão. Transcorrido o tempo

de digestão, a amostra foi centrifugada por

10 minutos a 1400rpm, o sobrenadante

contendo a fração adiposa foi descartado e

o pellet foi ressuspenso em 10 mL PBS

0,15 molar para lavagem e retirada dos

resíduos de colagenase. A amostra foi

colocada em outro tubo falcon para reduzir

a contaminação por gordura retida na

parede do tubo e novamente centrifugada

por 10 minutos a 1400rpm. Após a

centrifugação o sobrenadante foi novamente

descartado e o pellet, fração estromal, foi

ressuspenso em 20 mL de meio de cultura

para células tronco, da mesma forma como

descrito para as células extraídas da

medula. Uma alíquota de 2 mL do meio

com as células ressupensas foi transferida

para cada garrafa de cultivo celular T75 e 8

mL de meio foram adicionados em cada

garrafa. Foram feitas dez garrafas no total.

Realizou-se homogeneização e as garrafas

foram incubadas em estufa a 37oC e 5% de

CO2. Após 48h foi realizada troca parcial

do meio de cultura, renovando apenas 5

mL. Após mais 48h as células foram

lavadas duas vezes com PBS 0,15 molar

para remoção de debris e células não

aderidas. O meio de cultivo foi trocado duas

vezes por semana.

Assim que foi atingido 80 a 90% de

confluência, as células de cada grupo foram

separadamente repicadas. Para

desprendimento das células, as garrafas

foram lavadas com 10 mL de PBS 0,15

molar para retirada dos restos de meio de

cultura. Após a lavagem, foram adicionados

1,5 mL de tripsina e a garrafa foi incubada

por 10 minutos em estufa a 37oC e 5% de

CO2. Transcorrido o tempo de ação da

tripsina a mesma foi inativada com 5 mL de

DMEM enriquecido com 10% de soro fetal

12 Colagenase B, Roche Applied Science, Penzberg,

Germany

39

bovino. As garrafas foram então lavadas

com o próprio meio para retirada das

células e uma alíquota de 1 mL foi repicada

para outra garrafa T75 com mais 9 mL de

meio de cultura. Após o terceiro repique

ambos os tipos celulares foram

caracterizados fenotipicamente quanto à

expressão de CD90, CD29, CD45 e CD34 e

submetidas à diferenciação osteogênica por

sete, 14 e 21 dias.

Caracterização Fenotípica

As células de cada grupo foram submetidas

separadamente à ação da tripsina e

ressuspensas em 1 mL de solução PBS

0,15M + 10% SFB + 1% azida sódica à

temperatura de 4oC para fixação, evitando a

internalização dos epítopos de interesse.

Elas foram contadas em câmara de

Neubauer e plaqueadas na concentração de

1x105

células por poço em placas de 96

poços de fundo redondo. Foram feitos dois

poços para controle negativo, dois poços

para controle de marcação inespecífica só

com anticorpo secundário conjugado com

FITC13

e dois poços para cada marcador

CD9014

, CD29-PE15

, CD4516

e CD34-PE17

.

Após o plaqueamento, as células foram

centrifugadas a 1400 rpm durante 10

minutos, o sobrenadante foi descartado e

adicionou-se 100µL de anticorpo primário

para cada marcador. A placa foi incubada

protegida da luz, a 4oC por 30 minutos. Nos

controles negativos e para marcação

inespecífica foram adicionados 100µL de

PBS 0,15M + 3% BSA. Utilizou-se as

diluições de 1/5 para o CD29-PE, 1/10 para

o CD34-PE e 1/500 para o CD90 e CD45.

Esta diluição foi feita com solução de PBS

0,15M + 3% BSA. Transcorrido o período

de incubação, as células foram

centrifugadas por 10 min a 1400 rpm e o

sobrenadante foi descartado. As células

foram então submetidas a três lavagens com

200µL de PBS 0,15M + 3% BSA a 4oC

13 Anticorpo secundário policlonal de coelho anti IgG de

rato conjugado com FITC (ab6730), abcam, Cambridge,

Estados Unidos. 14 Anticorpo monoclonal de rato antiCD90 (ab22541),

abcam, Cambridge, Estados Unidos. 15 Anticorpo monoclonal de camundongo antiCD29

(ab64629), abcam, Cambridge, Estados Unidos. 16 Anticorpo monoclonal de rato antiCD45 (ab22514), abcam, Cambridge, Estados Unidos. 17 Anticorpo monoclonal de rato antiCD34 (ab42902),

abcam, Cambridge, Estados Unidos.

para retirada dos anticorpos não ligados.

Em seguida adicionou-se 100µL do

anticorpo secundário conjugado com FITC

nos poços referentes ao controle de ligação

inespecífica, e anticorpos primários não

conjugados com fluoróforo CD90 e CD45.

Os demais poços, controle negativo, CD29-

PE e CD34-PE receberam 100µL de PBS

0,15M + 3% BSA a 4oC. As células foram

incubadas por mais 30 minutos a 4oC,

protegidas da luz. Após o período de

incubação as células foram centrifugadas

por 10 min a 1400 rpm, o sobrenadante foi

descartado e as células foram submetidas a

mais três lavagens com 200µL de PBS

0,15M + 3% BSA a 4oC para retirada dos

anticorpos não ligados. Em seguida as

células foram ressuspensas em 200µL de

PBS 0,15M + 10% SFB + 1% azida sódica

a 4oC, por poço, e imediatamente

encaminhadas para leitura no citômetro de

fluxo FACScan (Fluorescence Activated

Cell Analyser), empregando-se o software

Cell Quest, com aquisição de 20000

eventos, tendo como parâmetros FSC e SSC

em escala linear e FL1 (para FIFC) e FL2

(para PE) em escala logarítmica. Os dados

foram analisados pelo programa WinMDI

por gráficos dot plot.

Osteoblastos caninos

Como controle positivo da diferenciação

osteogênica foi utilizado uma cultura

primária de osteoblastos caninos18

. A

cultura foi descongelada conforme

protocolo sugerido pelo fabricante, os

osteoblastos foram cultivados em garrafas

T75, com os mesmos meios e sob as

mesmas condições das CTM-MO e CTM-

AD. Após o quarto repique e obtenção de

80 a 90 % de confluência as osteoblastos,

foram utilizados para extração do RNA

total e posterior análise da expressão de

osterix, sialoproteína óssea, osteonectina e

osteocalcina pela técnica de RT-PCR em

tempo real.

18 CnOb - canine osteoblasts, Cell Application , San Diego,

CA , USA

40

Teste de viabilidade celular pelo azul de

Tripan

Após a caracterização fenotípica e antes do

cultivo em meio de diferenciação, as CTM

de cada grupo experimental foram avaliadas

quanto à viabilidade celular pelo azul de

Tripan. As CTM foram cultivadas em

garrafas T75 (1x104 células/cm

2) com

DMEM e no momento do teste foram

lavadas com PBS (0,15M) e submetidas à

ação da tripsina. O sobrenadante contendo

as células foi colhido e centrifugado a

1400g por 10 minutos, as células foram

ressuspensas em meio basal e coradas pelo

azul de Tripan. As células viáveis

(transparentes) e inviáveis (em azul) de

cada grupo foram quantificadas em câmara

de Neubauer.

Cultivo de células tronco mesenquimais

da medula óssea e do tecido adiposo em

meio de diferenciação adipogênica

Após o terceiro repique as células de cada

grupo foram submetidas separadamente à

ação da tripsina e plaqueadas na densidade

de 1x104 células/cm

2, em seis repetições em

placas de seis poços. Após a obtenção de 60

a 70% de confluência celular o meio basal

foi substituído por meio adipogênico que é

constituído do DMEM enriquecido com

soro fetal bovino (10%), dexametasona

(1M), insulina (10L/mL), indometacina

(100mM) e isobutilmetilxantina (500mM).

Em seguida as células foram cultivadas a

37oC e 5% de CO2 por 21 dias e o meio de

cultura trocado a cada quatro dias.

Transcorrido esse período as células foram

fixadas em formalina 10% por 60 minutos,

coradas pela técnica de Oil Red e avaliados

por microscopia óptica, para confirmação

da diferenciação adipogênica.

Cultivo de células tronco mesenquimais

da medula óssea e do tecido adiposo em

meio de diferenciação condrogênica

Após o terceiro repique as células de cada

grupo foram submetidas separadamente à

ação da tripsina e 1x105 células de cada

grupo foram colocadas em tubos falcon de

15 ml e cultivadas em meio basal por 24

horas. Após esse período o meio basal foi

substituído por meio condrogênico que é

constituído do DMEM enriquecido com

soro fetal bovino (1%), albumina sérica

bovina (0,0125g/mL), piruvato (100M),

insulina (6,25g/mL), transferrina

(6,25g/mL), ácido ascórbico (50gM),

dexametasona (100nM) e TGF-β1

(10ng/mL). Em seguida as células foram

cultivados a 37oC e 5% de CO2 por 21 dias

e o meio de cultura trocado a cada quatro

dias. Transcorrido esse período os pellets

celulares foram fixados em formalina 10%

por 60 minutos e processados pela técnica

rotineira de inclusão em parafina. Cortes

histológicos com 5m de espessura foram

corados pela técnica de PAS e avaliados por

microscopia óptica, para confirmação da

diferenciação condrogênica.

Cultivo de células tronco mesenquimais

da medula óssea e do tecido adiposo em

meio de diferenciação osteogênica

Após o terceiro repique as células de cada

grupo foram submetidas separadamente à

ação da tripsina e plaqueadas na densidade

de 1x104 células/cm

2, em quatro repetições,

em garrafas T25 e em seis repetições em

placas de seis e 24 poços19

de acordo com a

especificação de cada teste. Após a

obtenção de 60 a 70% de confluência

celular o meio basal foi substituído por

meio osteogênico que é enriquecido com

ácido ascórbico (50 g/mL), ß-

glicerofosfato (10 mM)20

e dexametasona

(0,1 M)21

, acrescido de 10% de soro fetal

bovino. Em seguida as células foram

cultivadas a 37oC e 5% de CO2 por sete, 14

e 21 dias. Transcorridos esses períodos

foram avaliados a conversão do MTT em

cristais de formazan, a atividade da

fosfatase alcalina, a síntese de colágeno, a

área celular e mineralizada por campo e a

expressão relativa dos transcritos gênicos

para osterix (OSX), sialoproteina óssea

(BSP), osteonectina (ON) e osteocalcina

(OC) por RT-PCR em tempo real.

19 TPP (Techno Plastic Products in Trasadingen), Switzerland, Germany 20 Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA 21 Aché, Guarulhos, SP, Brasil

41

Teste de conversão do MTT em cristais

de formazan

Para o teste de conversão do MTT as CTM

de cada grupo foram cultivadas

separadamente em placas de 24 poços com

DMEM e meio osteogênico e ao término de

cada período, submetidas ao teste de

conversão do MTT {brometo de [3-(4,5-

dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil tetrazolium]}

em cristais de formazan. O meio foi

substituído por 210L de meio osteogênico

com soro fetal bovino em cada poço e

170L de MTT (5mg/mL)22

. A placa foi

incubada por duas horas em estufa a 37oC e

5% de CO2. Os cristais de formazan foram

observados ao microscópio antes do

acréscimo de 210L de SDS (sódio dodecil

sulfato)-10% HCl que permaneceu

overnight em estufa a 37oC e 5% de CO2.

Posteriormente, 100L de cada poço foram

transferidos para placas de 96 poços para

análise na leitora de placas com

comprimento de onda de 595nm de acordo

com Valério et al. (2004).

Avaliação da atividade da fosfatase

alcalina

Para avaliação da atividade da fosfatase

alcalina as CTM de cada grupo foram

cultivadas separadamente em placas de 24

poços com DMEM e meio osteogênico. Ao

término de cada período, as culturas foram

lavadas com PBS (0,15 molar). Em cada

poço, foram acrescentados 200L de

solução de BCIT/NBT23

(1mL de tampão

da fosfatase alcalina, 4,4L de NBT {nitro-

blue tetrazolium chloride} e 3,3L de BCIP

{5-bromo-4-chloro-3’-indolylphosphate p-

toluidine salt}). As amostras ficaram duas

horas na estufa a 37oC e 5% de CO2 e foram

observadas ao microscópio óptico antes do

acréscimo de 200L de SDS (sódio dodecil

sulfato)-10% HCl. Estas amostras

permaneceram overnight em estufa a 37oC e

5% de CO2. Posteriormente, 100L de cada

poço foram transferidos para placas de 96

poços para leitura em espectrofotômetro

com comprimento de onda de 595nm de

acordo com Ocarino et al. (2008) e Boeloni

et al. (2009).

22 Invitrogen, Carlsbad, CA, USA 23 Zymed Laboratories, CA, USA

Avaliação da síntese de colágeno

Para dosagem do colágeno as CTM de cada

grupo foram cultivadas separadamente em

placas de 24 poços com DMEM e meio

osteogênico. Ao término de cada período,

as culturas foram lavadas com PBS (0,15

molar). Adicionou-se em seguida, 1ml de

Bouin em cada poço, para fixação e a placa

foi incubada por duas horas em estufa a

37oC e 5% de CO2. As placas foram então

retiradas da estufa e colocada overnight a

6oC em geladeira. Transcorrido esse

período as placas foram lavadas quatro

vezes com água osmose reversa e secas

para posterior coloração com Sirius Red

durante 30 minutos à temperatura ambiente.

O excesso do corante foi removido e as

células foram lavadas três vezes com

solução de HCl 0,01N e secas.

Posteriomente foram adicionados 300L de

NaOH 0,5M e a placa foi incubada por mais

30 minutos. Em seguida, 100L de cada

poço foram transferidos para placas de 96

poços para leitura em espectrofotômetro

com comprimento de onda de 540nm de

acordo com Ocarino et al. (2008) e Boeloni

et al. (2009).

Determinação da porcentagem de células

por campo

Para a determinação da porcentagem de

células por campo as CTM de cada grupo

foram cultivadas separadamente em placas

de seis poços com lamínulas (22x22mm)

estéreis, com DMEM e meio osteogênico.

Ao término desse período, as culturas foram

fixadas em álcool 70% e submetidas à

coloração por hematoxilina-eosina (Prophet

et al., 1992). Foi determinada a

porcentagem de células por campo com o

auxílio de uma ocular micrométrica,

contendo uma gratícula com 121 pontos,

em 25 campos, com objetiva de 4.

Avaliação dos nódulos de mineralização e

determinação da área mineralizada por

campo

Para a determinação da porcentagem de

área mineralizada por campo, as CTM de

cada grupo foram cultivadas separadamente

em placas de seis poços com lamínulas

42

(22x22mm) estéreis, com DMEM e meio

osteogênico. Após esse período, as CTM

foram lavadas com PBS 0,15M, fixadas

com álcool 70% por 24 horas e coradas pelo

método de Von Kossa (adaptado de Prophet

et al., 1992) para avaliação da porcentagem

de área mineralizada por campo com o

auxílio de uma ocular micrométrica,

contendo uma gratícula com 121 pontos,

em 25 campos, com objetiva de 4.

Quantificação relativa dos transcritos

gênicos para osterix, sialoproteína óssea,

osteonectina e osteocalcina por RT-PCR

em tempo real

A extração do RNA total das células foi

feita em quatro garrafas T25 por grupo com

o emprego do Trizol24

. O método de

extração consistiu de uma etapa inicial de

lise e homogeneização da monocamada de

células por cinco minutos à temperatura

ambiente, para completa dissociação dos

complexos nucleoprotéicos. O lisado foi

transferido para um microtubo de 1,5 mL e

foram adicionados 0,2 mL de clorofórmio,

seguido de 15 segundos de

homogeneização, três minutos de incubação

à temperatura ambiente e centrifugação a

12.000 g por 15 minutos à 4ºC, para

separação em três fases, onde a fase incolor

superficial (aquosa) continha o RNA. Na

terceira etapa, a fase aquosa foi transferida

para um novo tubo, acrescido de 0,5mL de

álcool isopropílico e incubada por 30

minutos à temperatura -80ºC. Em seguida, a

solução foi descongelada e centrifugada a

12.000g por 10 minutos a 4ºC para

precipitação do RNA. O pellet foi então

lavado com 1 mL de etanol a 75%,

homogeneizado e centrifugado a 7.500g por

cinco minutos a 4ºC. O RNA foi

solubilizado em água DEPC25

livre de

RNAse e imediatamente armazenado a -

80ºC. A concentração de RNA foi

determinada pela leitura da absorbância a

260/280 nm, por espectrofotometria. Foram

realizadas as reações de transcrição reversa

utilizando-se Kit comercial26

. Utilizou-se 1

µg de RNA total para a síntese de cDNA

24 Invitrogen, USA 25 Água tratada com dimetil pirocarbonato (DEPC), Invitrogen, USA 26 SuperScriptTM III Platinum® Two-Step qRT-PCR Kit

with SYBR Green, Invitrogen, CA, USA

com um volume final de 20 µL. As reações

de PCR foram feitas em tempo real,

utilizando-se 2µg de cDNA, 5pM de cada

iniciador e 12,5µL do reagente syber

Green27

em um volume final de 25 µL de

reação em um tubo28

, no aparelho

SmartCycler System29

. Os parâmetros

utilizados para amplificação foram: 50°C

por 120 segundos, 95°C por 150 segundos e

45 ciclos, 95°C por 15 segundos e 60°C por

30 segundos. Os iniciadores foram

pesquisados na literatura ou delineados com

base na sequência do mRNA Canis

familiares (Tab. 1). A expressão gênica foi

calculada usando o método 2-∆∆CT

, onde os

resultados obtidos para cada grupo foram

comparados quantitativamente após a

normalização baseada na expressão de

gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase

(GAPDH) Canis familiares. Os níveis de

expressão obtidos nas culturas de

osteoblastos foram utilizados como controle

positivo da diferenciação osteogênica e

como padrão de expressão no cálculo da

expressão relativa de cada transcrito.

Análise estatística

Realizou-se análise de variância (ANOVA)

e para cada variável foram determinados a

média e o desvio padrão. As médias foram

comparadas pelo teste SNK utilizando o

programa Graphpad Instat 330

. Diferenças

foram consideradas significativas para

p0,05 (Sampaio, 1998).

27 SuperScriptTM III Platinum® Two-Step qRT-PCR Kit

with SYBR Green, Invitrogen, CA, USA 28 SmartCycler® Tube-25µL, Cepheid, Sunnyvale, CA,

USA 29 SmartCycler® System, Cepheid, Sunnyvale, CA, USA 30 GraphPad Software Inc., San Diego, USA

43

Tabela 1: Lista de genes e sequência de nucleotídeos dos iniciadores para RT-PCR em tempo real.

Genes

Referência ou

No. de acesso

Oligonucleotídios iniciadores

(sequências de nucleotídeos 5’ a 3’)

Temperatura de

anelamento (◦C)

Tamanho do

produto

(pares de base)

Osterix (OSX)

(Neupane et al.,

2008)

F- ACGACACTGGGCAAAGCAG

R- CATGTCCAGGGAGGTGTAGAC

60 285

Sialoproteina

óssea (BSP)

(Vieira et al.,

2010)

F- TTGCTCAGCATTTTGGGAAT

R- AACGTGGCCGATACTTAAAGAC

60 295

Osteonectina

(ON)

(XM_849889.1)

F- GCCTTGGCAGCCCCTCAACA

R- CACCTGCACGGGGTTGGCTC

60 108

Osteocalcina

(OC)

(Neupane et al.,

2008)

F- GAGGGCAGCGAGGTGGTGAG

R- TCAGCCAGCTCGTCACAGTTGG

62 134

GAPDH

(Vieira et al.,

2010)

F- CCATCTTCCAGGAGCGAGGAT

R- TTCTCCATGGTGGTGAAGAC

60 97

Resultados

Isolamento, cultivo e expansão das

células tronco mesenquimais extraídas

da medula óssea e do tecido adiposo

Os protocolos utilizados para isolamento,

cultivo e expansão das CTM-MO e CTM-

AD foram eficientes e permitiram a

manutenção das culturas até a sexta

passagem quando as células foram

descartadas. As CTM-MO e as CTM-AD

apresentaram morfologia alongada,

fusiforme, semelhante à morfologia de

fibroblastos (Fig.1).

Caracterização Fenotípica

A caracterização fenotípica por citometria

de fluxo das CTM-MO mostrou baixa

expressão de marcadores de células

hematopoiéticas CD45 (1,45%) e CD34

(1,53%) e alta expressão de marcadores de

células tronco CD90 (80,04%) e CD29

(96%) (Fig.2).

Resultado semelhante foi obtido após a

caracterização fenotípica por citometria de

fluxo das CTM-AD, isso é, baixa expressão

de marcadores de células hematopoiéticas

CD45 (1,54%) e CD34 (0,88%) e alta

expressão de marcadores de células tronco

CD90 (60,94%) e CD29 (77,08%) (Fig.3).

Cultivo de células tronco mesenquimais

da medula óssea e do tecido adiposo em

meio de diferenciação osteogênica,

adipogênica e condrogênica.

As CTM-AD e CTM-MO apresentaram a

formação de nódulos de mineralização após

21 dias de cultivo em meio osteogênico,

caracterizando sucesso na diferenciação

osteogênica (Fig.4). Verificou-se a

formação de vesículas lipídicas com

aspecto birrefringente e coloração

avermelhada no interior do citoplasma das

CTM-MO e CTM-AD após 21 dias de

cultivo em meio adipogênico o que

caracteriza a diferenciação adipogênica

dessas células (Fig.4). Após 21 dias de

cultivo em meio condrogênico foi possível

observar a diferenciação das CTM-MO e

CTM-AD em condrócitos com o acúmulo

de proteoglicanos corados em violeta vivo

no interior do citoplasma e na matriz

extracelular (Fig.4).

44

Figura 1: Fotomicroscopia de contraste de fase das células tronco mesenquimais extraídas de medula

óssea (A) e do tecido adiposo de cães (B). Observar a morfologia alongada e fusiforme das células. Barra

= 70 µm

Figura 2: Histogramas da expressão de CD45, CD34, CD90 e CD29 por citometria de fluxo em células

tronco mesenquimais da medula óssea de cães, mantidas em meio basal (DMEM) após o terceiro repique

e confluência de 80 a 90%. Os histogramas mostram a escala de fluorescência no eixo x considerada

positiva quando o pico de células está acima de 101 ou seja, toda a área do gráfico que se encontra no

intervalo da barra M1 é positiva.

45

Figura 3: Histogramas da expressão de CD45, CD34, CD90 e CD29 por citometria de fluxo em células

tronco mesenquimais do tecido adiposo de cães, mantidas em meio basal (DMEM) após o terceiro

repique e confluência de 80 a 90%. Os histogramas mostram a escala de fluorescência no eixo x

considerada positiva quando o pico de células está acima de 101 ou seja, toda a área do gráfico que se

encontra no intervalo da barra M1 é positiva.

46

Figura 4: Cultura de células tronco mesenquimais extraídas da medula (1) e do tecido adiposo (2) de cães

submetida à diferenciação osteogênica (A), adipogênica (B) e condrogênica (C) por 21 dias. Observar nas

imagens 1A e 2A os nódulos de mineralização corados em vermelho pela técnica de Von Kossa; nas

imagens 1B e 2B as vesículas lipídicas com aspecto birrefringente e coloração avermelhada no interior

das células coradas pela técnica Oil Red e nas imagens 1C e 2C os proteoglicanos corados em violeta

vivo pela técnica de PAS. Barras das imagens 1A e 2A = 350 µm e das imagens 1B, 2B, 1C e 2C = 8,75

µm.

Avaliação da diferenciação osteogênica

Avaliação da conversão do MTT em

cristais de formazan

Em todos os grupos houve um aumento da

capacidade de conversão de MTT em

cristais de formazan ao longo do tempo de

cultivo, independente do meio utilizado

(Fig.5). As CTM mantidas em meio basal

mostraram maior capacidade de conversão

de MTT que as mantidas em meio

osteogênico, aos 14 e 21 dias de cultivo, já

aos sete dias, as CTM mantidas em meio

osteogênico mostraram maior conversão de

MTT que as mantidas em meio basal

(Fig.5). Quando mantidas em meio basal, as

CTM-AD mostraram maior conversão de

MTT que as CTM-MO, em todos os tempos

estudados (Fig.5). Em meio osteogênico, as

CTM-AD mostraram maior conversão de

MTT que as CTM-MO aos sete e 21 dias de

cultivo e nenhuma diferença foi observada

aos 14 (Fig.5).

Figura 5. Média e desvio padrão da conversão do MTT em cristais de formazan em culturas de CTM-MO

e CTM-AD de cães, mantidas em meio basal (DMEM) e meio osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias. *

Representa diferença estatística (P<0,05).

47

Avaliação da área celular por campo

Em todos os grupos houve um aumento da

percentagem de células por campo, ao

longo do cultivo, independente do meio

utilizado. As CTM-MO mantidas em meio

basal mostraram maior celularidade que as

mantidas em meio osteogênico, aos 21 dias

de cultivo, já aos sete e 14, nenhuma

diferença foi observada (Fig.6). As CTM-

AD mantidas em meio basal mostraram

maior celularidade que as mantidas em

meio osteogênico, em todos os tempos

estudados (Fig.6). As CTM-ADs mostraram

maior celularidade que as CTM-MOs em

todos os tempos estudados independente do

meio de cultura utilizado (Fig.6).

Figura 6: Porcentagem média e desvio padrão da área celular por campo em culturas de CTM-MO e

CTM-AD de cães, mantidas em meio basal (DMEM) e meio osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias. *

Representa diferença estatística (P<0,05).

Avaliação da atividade da fosfatase

alcalina

As CTM mantidas em meio osteogênico

mostraram maior atividade da fosfatase

alcalina que as mantidas em meio basal, em

todos os tempos estudados (Fig.7).

Independente do meio de cultura utilizado,

as CTM-AD mostraram maior atividade da

fosfatase alcalina que as CTM-MO, em

todos os tempos estudados (Fig.7).

Figura 7: Média e desvio padrão da atividade da fosfatase alcalina em culturas de CTM-MO e CTM-AD

de cães, mantidas em meio basal (DMEM) e meio osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias. * Representa

diferença estatística (P<0,05).

Avaliação da síntese de colágeno

Em todos os grupos houve um aumento na

síntese de colágeno ao longo do tempo de

cultivo, independente do tipo de meio

utilizado. As CTM-MO mantidas em meio

basal mostraram maior dosagem de

colágeno que as mantidas em meio

osteogênico, aos sete e 21 dias de cultivo, já

aos 14 dias, maior síntese de colágeno foi

observada nas CTM-MO mantidas em meio

osteogênico (Fig. 8). As CTM-AD mantidas

em meio basal mostraram maior síntese de

colágeno que as mantidas em meio

osteogênico, aos 14 e 21 dias de cultivo, já

aos sete dias, maior síntese de colágeno foi

48

observada nas CTM-AD mantidas em meio

osteogênico (Fig.8). As CTM-AD

mostraram maior síntese de colágeno que as

CTM-MO em todos os tempos estudados,

independente do meio de cultivo utilizado

(Fig.8).

Figura 8: Média e desvio padrão do colágeno em culturas de CTM-MO e CTM-AD de cães, mantidas em

meio basal (DMEM) e meio osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias. * Representa diferença estatística

(P<0,05).

Avaliação da formação de nódulos e da

área mineralizada por campo

As CTM-MO submetidas à diferenciação

osteogênica formaram apenas um nódulo de

mineralização aos 21 dias de cultivo em

todos os campos avaliados (Fig.4, 9 e 10).

As CTM-AD submetidas à diferenciação

osteogênica formaram nódulos de

mineralização em todos os tempos

estudados e mostraram um aumento na

porcentagem de área mineralizada por

campo, ao longo do tempo de cultivo (Fig.9

e 10). Não houve, em nenhum dos tempos

estudados, formação de nódulos de

mineralização nas CTM-AD e CTM-MO

mantidas em meio basal (Fig.9 e 10). As

CTM-AD em meio osteogênico mostraram

maior área mineralizada por campo que as

CTM-MO sob as mesmas condições, em

todos os tempos estudados (Fig.9 e 10).

49

Figura 9: Cultura de células tronco mesenquimais extraídas da medula (1) e do tecido adiposo (2) de cães

submetida à diferenciação osteogênica por sete (A), 14 (B) e 21 (C) dias. Observar aumento crescente da

área mineralizada durante o cultivo. Os nódulos de mineralização foram corados pela técnica de Von

Kossa. O grupo células tronco extraídas do tecido adiposo (2) apresentou maior área mineralizada quando

comparado com o grupo células tronco extraídas da medula óssea (1) durante todos os tempos estudados.

Barra = 350 µm

Figura 10: Média e desvio padrão da área mineralizada por campo em culturas de CTM-MO e CTM-AD

de cães, mantidas em meio basal (DMEM) e meio osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias. * Representa

diferença estatística (P<0,05).

Avaliação da expressão relativa de

osterix (OSX), sialoproteína óssea (BSP),

osteonectina (ON) e osteocalcina (OC)

Independente de sua origem, as CTM

mantidas em meio osteogênico mostraram

maior expressão de osterix do que as

mantidas em meio basal, em todos os

tempos estudados (Fig.11). As CTM-AD e

CTM-MO submetidas à diferenciação

osteogênica também mostraram maior

expressão de osterix que os osteoblastos,

exceção feita as CTM-MO aos 21 dias que

mostraram uma expressão de osterix

discretamente inferior a dos osteoblastos

(Fig.11). Não foi observada diferença na

expressão de osterix pelas CTM-MO e

CTM-AD mantidas em meio basal, em

nenhum dos tempos estudados (Fig.11).

Aos 21 dias de cultivo, as CTM-AD

submetidas à diferenciação osteogênica

mostraram maior expressão de osterix que

as CTM-MO sob as mesmas condições. Já

aos sete e 14 dias, a maior expressão de

osterix foi observada nas CTM-MO

(Fig.11).

50

Figura 11: Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para osterix pela técnica

de RT-PCR em tempo real em culturas de CTM-MO e CTM-AD de cães, mantidas em meio basal

(DMEM) e meio osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão expressos em relação ao

osteoblasto canino mantido em meio basal (DMEM) (linha tracejada). *Representa diferença estatística

(P<0,05).

As CTM mantidas em meio osteogênico

mostraram maior expressão de sialoproteína

óssea do que as mantidas em meio basal,

exceção feita as CTM-MO aos 14 dias que

não mostraram diferença na expressão de

sialoproteína quando cultivadas em meio

basal e em meio osteogênico (Fig.12). Os

níveis de expressão de sialoproteína óssea

apresentados pelas CTM-MO e CTM-AD

submetidas à diferenciação osteogênica não

alcançaram os níveis osteoblásticos de

expressão de sialoproteína óssea, em

nenhum dos tempos estudados (Fig.12). As

CTM-MO mantidas em meio basal

mostraram maior expressão de sialoproteína

óssea que as CTM-AD sob mesmas

condições, aos sete dias de cultivo, mas

nenhuma diferença foi observada aos 14 e

21 (Fig.12). Aos 14 dias de cultivo, as

CTM-AD submetidas à diferenciação

osteogênica mostraram maior expressão de

sialoproteía óssea que as CTM-MO sob

mesmas condições, já aos sete e 21 dias, a

maior expressão de sialoproteía óssea foi

observada nas CTM-MO (Fig.12).

Figura 12: Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para sioloproteína óssea

(BSP) pela técnica de RT-PCR em tempo real em culturas de CTM-MO e CTM-AD de cães, mantidas em

meio basal (DMEM) e meio osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão expressos em

relação ao osteoblasto canino mantido em meio basal (DMEM), o valor de expressão do osteoblasto foi

considerado igual a um. *Representa diferença estatística (P<0,05).

51

Independente de sua origem, as CTM

mantidas em meio osteogênico mostraram

maior expressão de osteonectina que as

mantidas em meio basal, em todos os

tempos estudados. As CTM-AD e CTM-

MO submetidas à diferenciação osteogênica

também mostraram maior expressão de

osteonectina que os osteoblastos, exceção

feita as CTM-MO aos 21 dias que

mostraram uma expressão de osteonectina

inferior a dos osteoblastos (Fig.13). Não foi

observada diferença na expressão de

osteonectina pelas CTM-MO e CTM-AD

mantidas em meio basal, em nenhum dos

tempos estudados (Fig.13). As CTM-AD

submetidas à diferenciação osteogênica

mostraram maior expressão de osteonectina

que as CTM-MO sob as mesmas condições,

em todos os tempos estudados (Fig.13).

Figura 13: Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para osteonectina (ON)

pela técnica de RT-PCR em tempo real em culturas de CTM-MO e CTM-AD de cães, mantidas em meio

basal (DMEM) e meio osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão expressos em relação ao

osteoblasto canino mantido em meio basal (DMEM). (linha tracejada). *Representa diferença estatística

(P<0,05).

Independente de sua origem, as CTM

mantidas em meio osteogênico mostraram

maior expressão de osteocalcina que as

mantidas em meio basal e que os

osteoblastos, em todos os tempos estudados

(Fig.14). Não foi observada diferença na

expressão de osteocalcina pelas CTM-MO e

CTM-AD mantidas em meio basal, em

nenhum dos tempos estudados (Fig.14). As

CTM-MO submetidas a diferenciação

osteogênica mostraram maior expressão de

osteocalcina que as CTM-AD sob as

mesmas condições de cultivo, em todos os

tempos estudados (Fig.14).

Figura 14: Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para osteocalcina (OC)

pela técnica de RT-PCR em tempo real em culturas de CTM-MO e CTM-AD de cães, mantidas em meio

basal (DMEM) e meio osteogênico (OST) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão expressos em relação ao

osteoblasto canino normal mantido em meio basal (DMEM). (linha tracejada). *Representa diferença

estatística (P<0,05).

52

Discussão

A forma alongada semelhante a fibroblasto

apresentada pelas CTM-MO e CTM-AD

(Fig.1) e sua capacidade de diferenciação

em osteoblastos, adipócitos e condrócitos

(Fig.4), mostra sucesso no isolamento das

células tronco mesenquimais (CTM), pois

esses são os critérios definidos como padrão

pela The International Society for Cellular

Therapy (Dominici, et al., 2006) e relatada

por outros pesquisadores (Martinello et al.,

2011; Chung et al., 2012; Spencer et al.,

2012; Takemitsu et al., 2012). A alta

expressão de marcadores de células tronco e

baixa de marcadores de células

hematopoiéticas observadas no presente

estudo (Fig.2 e 3), confirmam o sucesso no

isolamento das CTM a partir de amostras de

medula óssea e de tecido adiposo. Esse

padrão de expressão é mundialmente aceito

como característico de células tronco

mesenquimais (Dominici, et al., 2006; Seo

et al., 2009; Rozemuller et al., 2010; Vieira

et al., 2010; Lee et al., 2011; Martinello et

al., 2011; Spencer et al., 2012). A sociedade

internacional de terapia celular (The

International Society for Cellular Therapy)

definiu que as CTM devem expressar

marcadores como CD105, CD73 e CD90 e

não expressar os marcadores de células

hematopoiéticas (Dominici, et al., 2006).

No presente estudo, tanto as CTM-MO

quanto as CTM-AD mostraram uma alta

expressão de CD90, marcador característico

de células tronco mesenquimais (Vieira et

al.,2010; Lee et al., 2011; Martinello et al.,

2011; Takemitsu et al., 2012) e baixa

expressão de CD45 e CD34, marcadores de

células hematopoiéticas (Dominici, et al.,

2006; Takemitsu et al., 2012), excluindo a

possibilidade de isolamento de células

tronco hematopoiética especialmente na

cultura extraída da medula óssea. As

culturas de CTM isoladas no presente

experimento apresentaram uma alta

expressão de CD29, outro marcador de

células tronco (Seo et al., 2009; Vieira et

al.,2010) que não é expresso por

fibroblastos caninos (Lee et al., 2011),

excluindo assim a possibilidade do

isolamento de fibroblastos principalmente,

na cultura extraída do tecido adiposo.

Outros marcadores de CTM podem também

ser utilizados em cães como CD44 (Seo et

al., 2009; Vieira et al., 2010; Lee et al.,

2011; Martinello et al., 2011; Takemitsu et

al., 2012), CD33, CD105, CD184, OCT4

(Seo et al., 2009), CD140a, CD117

(Martinello et al., 2011), CD56, CD146,

CD271(Rozemuller et al., 2010), mas não

foram utilizados nesse estudo, pela falta de

especificidade dos anticorpos disponíveis

no mercado para células de cão, na ocasião

em que o estudo foi conduzido.

A menor conversão de MTT em cristais de

formazan observada nas CTM submetidas à

diferenciação osteogênica no presente

estudo (Fig.5), sugere menor atividade

mitocondrial nos grupos submetidos à

diferenciação o que também foi observado

em outros estudos semelhantes em ratos e

humanos (Baksh et al .,2004; Li e Sun,

2011). Isso pode ter ocorrido devido ao

menor metabolismo dos osteoblastos

quando comparado com as CTM

indiferenciadas (Payushina et al., 2006;

Kassem et al., 2008; Datta et al., 2008) mas

também, pela menor quantidade de células

presente nos grupos submetidos à

diferenciação osteogênica como observado

no presente estudo. Com a progressão dos

estágios de diferenciação há uma redução

da capacidade proliferativa da célula e um

deslocamento da atividade celular para

síntese de proteínas específicas da célula

diferenciada e dos componentes da matriz

óssea extracelular (Baksh et al ., 2004;

Payushina et al., 2006; Datta et al., 2008).

A maior conversão de MTT em cristais de

formazan (Fig.5) e maior celularidade

(Fig.6) observadas nas CTM-AD quando

submetidas à diferenciação, sugere uma

maior atividade dessas células em relação

às CMT-MO sob as mesmas condições.

Esta pode ser uma das vantagens do uso das

CTM-AD visto que uma célula mais ativa

pode produzir mais matriz extracelular,

favorecendo assim a regeneração óssea

quando utilizada clinicamente para esse

fim.

O aumento gradual e progressivo da

atividade da fosfatase alcalina (FA) durante

o processo de diferenciação osteogênica em

ambos os tipos celulares CTM-MO e CTM-

AD, observado no presente estudo (Fig.7),

sugere sucesso na diferenciação osteogênica

dessas células. A maior atividade da FA

observada nas CTM-AD em relação às

CTM-MO sugere um maior potencial

53

osteogênico das CTM-AD, visto que a FA é

um dos marcadores mais utilizados na

diferenciação osteogênica in vitro

(Eslaminejad e Taghiyar , 2010; Li e Sun,

2011). A FA é uma enzima presente na

membrana do osteoblasto que participa da

síntese e mineralização da matriz óssea

(Datta et al., 2008; Franceshi et al., 2009).

No processo de diferenciação osteogênica

sua expressão pode ser aumentada em até

27 vezes (Kassem et al., 2008). Nefussi et

al (1997) relataram que os locais de maior

expressão da FA no início do processo de

diferenciação são aqueles onde futuramente

se formarão os nódulos de mineralização.

Ela é considerada um marcador precoce de

diferenciação osteogênica, sendo expressa

por pré-osteoblastos e osteoblastos (Kassem

et al., 2008).

A maior síntese de colágeno (Fig.8) e maior

área mineralizada por campo (Fig.9 e 10)

observadas nas CTM-AD em relação às

CTM-MO mantidas em meio osteogênico,

mostra maior capacidade de produção de

matriz extracelular das CTM-AD em

comparação com as CTM-MO sob as

mesmas condições de cultivo. O colágeno

tipo I é o principal constituinte da matriz

óssea orgânica representando cerca de 90%

de sua composição e é considerado um

marcador precoce da diferenciação

osteogênica, podendo ser expresso por

células osteoprogenitoras, pré-osteoblastos

e osteoblastos (Nakashima et al., 2002). A

formação de nódulos de mineralização a

partir do sétimo dia de cultivo nas CTM-

AD mantidas em meio osteogênico (Fig.9),

confirma a diferenciação dessas células.

Após a diferenciação osteogênica as CTM

adquirem forma cuboidal ou poligonal

semelhante aos osteoblastos e se agrupam

concentricamente formando nódulos

mineralizados (Payushina et al., 2006; Tae

et al., 2006; Eslaminejad & Taghiyar,

2010). Esses nódulos são considerados

indicadores de diferenciação osteogênica

“in vitro” (Eslaminejad & Taghiyar, 2010;

Li e Sun, 2011; Martinello et al., 2011;

Chung et al., 2012; Spencer et al., 2012) e

sua quantificação é a forma mais fidedigna

de avaliar a osteogênese “in vitro”, visto

que a produção de matriz mineralizada, não

indica apenas fase final de diferenciação

osteogênica, mas também a atividade

metabólica das células diferenciadas

(Bruedigam et al., 2011)

O aumento na expressão de osterix

encontrado nas CTM-MO e CTM-AD

submetidas ao protocolo de diferenciação

(Fig.11) é outro importante indicativo de

diferenciação osteogênica. O osterix é um

fator de transcrição imprescindível no

processo de diferenciação osteogênica e

atua na transformação dos pré-osteoblastos

em osteoblastos maduros, finalizando assim

o processo de diferenciação (Nakashima et

al., 2002; Datta et al., 2008; Franceschi et

al., 2009). O aumento da expressão de

osterix pelas CTM submetidas à

diferenciação osteogênica já foi relatado em

outros estudos semelhantes em ratos e

humanos e é considerado um marcador

fidedigno da diferenciação osteogênica em

cães (Neupane et al., 2008; Chung et al.,

2012)

O aumento da expressão de sialoproteina

óssea (BSP) (Fig.12), osteonectina (ON)

(Fig.13) e osteocalcina (OC) (Fig.14)

durante o processo de diferenciação

observado no presente estudo, comprova o

estágio final de diferenciação osteogênica

das CTM-MO e CTM-AD. As proteínas

não colagênicas da matriz são consideradas

marcadores fidedignos de diferenciação

osteogênica e estão intimamente

relacionados com a produção e

mineralização da matriz extracelular. A

BSP é uma das proteínas responsáveis pelo

início do processo de nucleação e deposição

de hidroxiapatita na matriz óssea. O

aumento na sua expressão reflete uma fase

final de diferenciação e início de

mineralização da matriz. A sialoproteina

óssea pode ser expressa por pré-

osteoblastos e osteoblastos (Zhou et al.,

2006). O aumento de sua expressão também

já foi relatado durante o processo de

diferenciação osteogênica de CTM-AD em

cães (Neupane et al., 2008; Vieira et al.,

2010). A osteocalcina é uma glicoproteína

específica do tecido ósseo que atua

promovendo a mineralização da matriz. Ela

é expressa por osteoblastos e reflete

também o final da diferenciação e

maturação da matriz óssea e é considerada

o marcador tardio mais específico da

diferenciação osteogênica (Zhou et al.,

2006; Nakashima et al., 2002). O aumento

crescente de sua expressão é característico

54

do processo de diferenciação osteogênica

de CTM-MO e CTM-AD (Chung et al.,

2012). A osteonectina também está

relacionada com a mineralização da matriz

no estágio final de diferenciação (Strauss et

al., 1990; Nefussi et al., 1997; Nakashima

et al., 2002; Karaoz et al., 2009).

Embora as CTM-MO tenham mostrado um

predomínio de maior expressão de osterix

(Fig.11), sialoproteina óssea (Fig.12) e

osteocalcina (Fig.14) em relação às CTM-

AD, isso não promoveu maior osteogênese

“in vitro” (Fig.9 e 10). A quantificação dos

transcritos gênicos para determinadas

proteínas como a sialoproteína óssea e a

osteocalcina é um importante indicativo de

sua síntese, no entanto, não garante que

essas proteínas estejam de fato sendo

sintetizadas. Fatores relacionados com a

exportação do RNA mensageiro (mRNA)

do núcleo para o citoplasma, com a

estabilização mRNA para que ele chegue

íntegro no local de tradução e fatores

relacionados diretamente com a tradução

podem fazer com que um mRNA não seja

traduzido em proteína (Fabian et al., 2010).

Estudos recentes descobriram microRNAs

capazes de inibir a expressão de genes após

sua transcrição (Kim et al., 2012). Existem

evidências de que esses microRNAs estão

envolvidos em uma série de processos

biológicos e dentre eles, a proliferação

(Mizuno et al., 2008; Wagner et al., 2008) e

diferenciação osteogênica (Kim et al.,

2009). Alguns microRNAs como miR-29c,

miR-369-5p, miR-371 e miR-499 tem sua

expressão aumentada com o aumento do

número de passagens e senescência celular

“in vitro” o que sugere que eles regulam a

proliferação celular (Wagner et al., 2008).

Outros como miR-204 e miR-211 são

comprovadamente reguladores do runx-2,

gene mais importante da diferenciação

osteogênica, sendo que a superexpressão

desses microRNAs reduzem a resposta

desencadeada pelo runx-2 (Kim et al.,

2012). Também já foram estudados os

microRNAs miR-125b e miR-196a que

regulam a diferenciação osteogênica

levando a redução da proliferação celular e

inibição da diferenciação osteogênica,

respectivamente (Mizuno et al., 2008; Kim

et al., 2009).

Conclusão

Nas condições em que foi realizado este

experimento pode-se dizer que:

As culturas de CTM-AD apresentam maior

potencial osteogênico que as de CTM-MO

“in vitro” com maior área mineralizada por

campo, maior atividade da fofatase alcalina,

maior produção de colágeno e maior

expressão de osteonectina, importantes

indicadores de osteogênese.

55

Capítulo 3: Efeito do produto iônico do

biovidro 60S na diferenciação

osteogênica de células tronco

mesenquimais do tecido adiposo de cães

Introdução

Dentre os biomateriais disponíveis para

produção de matrizes sintéticas e sua

utilização como substituto ósseo

encontram-se os biovidros que são

considerados os mais bioativos e favoráveis

à regeneração óssea (Hench, 2009). Seu

efeito biológico pode variar de acordo com

a composição química, grau de organização

das moléculas (cristalinidade), topografia e

microestrutura da matriz bem como, com as

condições do microambiente que podem

determinar maior ou menor dissolução do

biomaterial e alterar consequentemente, seu

efeito biológico (Hoppe et al., 2011;

Rahaman et al., 2011). Acredita-se que o

efeito biológico dos biovidros seja mediado

principalmente pelos íons cálcio (Chai et.,

2012) e silício (Shie et al., 2011) liberados

na sua dissolução. Já foi comprovado que

esses íons podem favorecem a proliferação

(Maeno et al., 2005; Barradas et al., 2010;

McCullen et al., 2010) e diferenciação

osteogênica “in vitro”(Jung e Park, 2010;

McCullen et al., 2010). Mas não se sabe ao

certo qual a composição química ideal do

biovidro para que quando implantado no

organismo libere a combinação e a

concentração ideal de íons para

maximização do processo de regeneração

óssea. A resposta biológica a um

biomaterial pode variar de acordo com o

tecido no qual será implantado (Rahaman et

al., 2011) e com a espécie (Bielby et al.,

2004; Reilly et al., 2007). Em um estudo

“in vitro” com osteoblastos de ratos, o

biovidro 60S de composição molar 4%

P2O5; 36% CaO; 60% SiO2 mostrou taxas

satisfatórias de liberação de íons cálcio e

silício, que favoreceram a proliferação

celular (Valerio et al., 2004), mas nada se

sabe dos efeitos desse biomaterial sobre a

diferenciação osteogênica de células tronco

mesenquimais de cães. Portanto, o objetivo

do presente estudo é avaliar o efeito do

produto iônico do biovidro 60S na

diferenciação osteogênica de células tronco

mesenquimais extraídas do tecido adiposo

de cães, com vistas a futura utilização desse

biomaterial associado às CTM-AD para

tratamento de defeitos ósseos em cães.

Material e métodos

Foram utilizadas as bases físicas e a infra-

estrutura dos laboratórios de Cultivo de

Células Tronco e Terapia Celular, de

Biologia Molecular e de Histopatologia e

Imunoistoquímica do Departamento Clínica

e Cirurgia Veterinárias da Escola de

Veterinária da UFMG, do Laboratório de

Biologia Molecular do Departamento de

Imunologia e Bioquímica do Instituto de

Ciências Biológicas da UFMG e do

Laboratório de Biomateriais do

Departamento de Engenharia Metalúrgica e

de Materiais da UFMG. O projeto foi

aprovado pelo Comitê de Ética em

Experimentação Animal (CETEA) da

UFMG31

.

Produção do biovidro 60S

A produção do biovidro 60s de composição

molar 4% P2O5; 36% CaO; 60% SiO2 foi

realizada no Laboratório de Biomateriais do

Departamento de Engenharia Metalúrgica e

de Materiais da UFMG conforme descrito a

seguir: foram adicionados em um bequer,

133,8 ml de tetraetilortosilicato (TEOS) e

13,6 ml de trietilfosfato (TEP) e em outro,

97,9 ml de água deionizada e 16,3 ml de

solução de ácido nítrico 2 N, as soluções

foram homogeneizadas e reservadas. Em

seguida as duas soluções foram misturadas

em um terceiro bequer maior e mantidas

sob agitação magnética por 60 minutos com

o objetivo de hidrolisar o TEOS.

Transcorrido este período, 85,01g de nitrato

de cálcio [Ca(NO3)2 4H2O] foi

gradativamente adicionado à solução que

permaneceu sob agitação magnética por

mais 30 minutos. Em seguida a solução foi

vertida em um recipiente de polipropileno

que foi hermeticamente fechado e incubado

a 60◦C por 72 horas para gelação e

maturação. Transcorrido esse período a

tampa do recipiente foi trocada por outra

com múltiplos orifícios e este foi então

submetido a um protocolo de secagem,

permanecendo a 60◦C por 72 horas,

seguindo-se um aumento gradual da

31 Número de protocolo no CETEA (157/2009)

56

temperatura em 10◦C a cada 24 horas, até

atingir a temperatura de 120◦C (Coelho et

al., 2003; Coelho et al., 2005). Após a

secagem a amostra foi moída manualmente

em um gral de quartzo e foi separada a

fração com granulometria menor que

137µm por meio de uma peneira 100 mesh.

A eliminação de possíveis resíduos foi

realizada por queima na mufla a 700◦C por

seis horas quando foi utilizada uma taxa de

aquecimento e de resfriamento de 1◦C por

minuto.

Preparação do meio produto iônico do

biovidro 60S

Para obtenção do produto iônico uma

amostra de 6 g do biovidro 60S foi

adicionada a 1 L de meio basal [DMEM

com baixa glicose enriquecido com

gentamicina (60 μg/L), penicilina (100

UI/ml), estreptomicina (100μg/mL),

anfotericina (25μg/mL)32

] e a mistura foi

vigorosamente homogeneizada, seguindo-se

um período de incubação de 12 horas a 6◦C.

Transcorrido o tempo de incubação, a

suspensão foi filtrada em membrana de

22µm e o pH normalizado para 7.2,

concluindo-se o processo de produção do

produto iônico do biobidro 60S.

Para avaliação do efeito do produto iônico

nas células tronco mesenquimais de origem

adiposa (CTM-AD) foram constituídos dois

meios de cultura expressos a seguir:

1- Produto iônico em meio de diferenciação

osteogênica, denominado OST PI –

Constituiu-se do produto iônico acrescido

de 50 µg/ml de vitamina C, 10mM de β

glicerolfosfato, 0,1µM de dexametasona e

10% de soro fetal bovino;

2- Meio de diferenciação osteogênica

(controle), denominado OST – Constituiu-

se do DMEM com baixa glicose

enriquecido com gentamicina (60 μg/L),

penicilina (100 U/ml), estreptomicina

(100μg/mL), anfotericina (25μg/mL)33

,

10% de soro fetal bovino, 50 µg/ml de

vitamina C, 10mM de β glicerolfosfato e

0,1µM de dexametasona.

32 PSA, Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA 33 PSA, Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA

Avaliação das concentrações dos íons Si e

Ca nos meios de cultivo celular.

Previamente ao uso dos meios de cultura

nas CMT-AD caninas determinou-se a

concentração dos íons Si e Ca nos mesmos.

Utilizou-se a técnica de espectrometria de

absorção atómica (GBC-Avanta) pelo

método de adição padrão.

Animais

Foram utilizados três cães, machos, não

castrados, sem raça definida com dois anos

de idade e massa corporal média de 18 Kg.

Os cães foram recolhidos em fazendas da

zona rural do município de Lavras quando

filhotes e criados até os dois anos de idade

para realização do presente estudo. No

período experimental os cães foram

mantidos em canis individuais tipo solário,

com área de 4,5m2, pertencentes ao Centro

de Experimentação de Pequenos Animais

do Hospital Veterinário da Escola de

Veterinária da UFMG, onde receberam

ração comercial34

e água a vontade. Todos

os animais passaram por um período

mínimo de 30 dias de adaptação às novas

instalações. Nessa fase eles foram avaliados

clinicamente e por meio de exames

radiográficos e laboratoriais (hemograma,

pesquisa de hemoparasitas e análise

sorológica para leishmaniose), assegurando-

se que todos estavam saudáveis e aptos para

serem utilizados no presente estudo. Todos

os animais foram desverminados, vacinados

e receberam medicação ectoparasiticida.

Obtenção, cultivo e expansão das células

tronco mesenquimais do tecido adiposo

de cães

A colheita das amostras de tecido adiposo

foi realizada no centro cirúrgico do Hospital

Veterinário da Escola de Veterinária da

Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG). Para colheita das amostras, os

cães foram submetidos ao jejum sólido de

oito horas. Como medicação pré-anestésica,

foram empregados 1mg/kg IM de xilazina35

e 15mg/kg IM de quetamina36

, na mesma

seringa. A região glútea direita foi

34 Canitos, Kowalski, Apucarana, PR, Brasil 35 Calmiun, Agener União, Embu-Guaçu, SP, Brasil 36 Vetanarcol, Konig, Santana do Parnaíba, SP, Brasil

57

submetida à tricotomia e preparada para

cirurgia asséptica. A veia cefálica foi

canulada e os animais receberam propofol37

(3mg/kg IV) para intubação e manutenção

anestésica. Como analgésico e anti-

inflamatório foi administrado meloxicam38

(0,2mg/kg IM) imediatamente após a

indução anestésica.

As amostras de tecido adiposo foram

colhidas cirurgicamente do tecido adiposo

subcutâneo da região glútea imediatamente

acima do trocânter maior. Foi colhido

aproximadamente 1cm3 de tecido adiposo

de cada animal totalizando cerca de 3cm3

de amostra final. Imediatamente após a

colheita, as amostras de tecido adiposo

foram colocadas em tubos falcon de 50 mL

contendo 20 mL de meio de cultura

Dulbecco’s Modiffed Eagle Medium baixa

glicose39

(DMEM), à temperatura ambiente.

Em seguida as amostras foram

encaminhadas ao Núcleo de Células Tronco

da Escola de Veterinária da UFMG, onde as

CTM foram extraídas e cultivadas segundo

o protocolo descrito a seguir que foi

adaptado de protocolos estabelecidos por

Neupane et al. (2008) e Vieira et al. (2010).

As amostras de tecido adiposo foram

manipuladas de forma asséptica na capela

de fluxo laminar. Elas foram lavadas duas

vezes com PBS 0,15 molar para retirada de

restos de sangue e debris celulares. Para

digestão do tecido conjuntivo e liberação

das células, as amostras foram colocadas

em outro tubo falcon de 50 mL contendo 20

mL de uma solução estéril de colagenase

B40

0,1% P/V. As amostras foram então

fragmentadas a partículas menores com

auxílio de uma tesoura cirúrgica estéril. A

tesoura foi introduzida no tubo falcon de

50mL e com movimentos de abrir e fechar

dos ramos o tecido foi fragmentado ao

máximo possível. Em seguida a amostra foi

encubada em estufa a 37oC e 5% de CO2

durante 45 minutos e a cada 15 minutos a

amostra foi vigorosamente agitada para

facilitar o processo de digestão.

Transcorrido o tempo de digestão a amostra

foi centrifugada por 10 minutos a 1400rpm,

o sobrenadante contendo a fração adiposa

37 Fresofol, Fresenius Kabi, Campinas, SP, Brasil 38 Maxicam, Ouro Fino, Cravinhos, SP, Brasil 39 DMEM, Gibco, Grand Island, NY, USA 40 Colagenase B, Roche Applied Science, Penzberg,

Germany

foi descartado e o pellet foi ressuspenso em

10 mL PBS 0,15 molar para lavagem e

retirada dos resíduos de colagenase. A

amostra foi colocada em outro tubo falcon

para reduzir a contaminação por gordura

retida na parede do tubo e novamente

centrifugada por 10 minutos a 1400rpm.

Após a centrifugação o sobrenadante foi

novamente descartado e o pellet, fração

estromal, foi ressuspenso em 20 mL de

meio de cultura para células tronco (meio

basal), DMEM com baixa glicose,

enriquecido com gentamicina (60 μg/L),

penicilina (100 UI/mL), estreptomicina

(100μg/mL), anfotericina (25μg/mL)41

e

10% de soro fetal bovino42

. Uma alíquota

de 2 mL do meio com as células

ressupensas foi transferida para cada

garrafa de cultivo celular T75 e 8 mL de

meio foram adicionados em cada garrafa.

Foram feitas dez garrafas no total.

Realizou-se uma cuidadosa

homogeneização e as garrafas foram

incubadas em estufa a 37oC e 5% de CO2.

Após 48h foi realizada troca parcial do

meio de cultura, renovando apenas 5 mL.

Após mais 48h as células foram lavadas

duas vezes com PBS 0,15 molar para

remoção de debris e células não aderidas. O

meio de cultivo foi trocado duas vezes por

semana a fim de se eliminar células não

aderidas garantindo a obtenção de células

tronco mesenquimais.

Assim que foi atingido 80 a 90% de

confluência, as células foram repicadas.

Para desprendimento das células, as

garrafas foram lavadas com 10 mL de PBS

0,15 molar para retirada dos restos de meio

de cultura. Após a lavagem, foi adicionado

1,5 mL de tripsina e a garrafa foi incubada

por 10 minutos em estufa a 37oC e 5% de

CO2. Transcorrido o tempo de ação da

tripsina a mesma foi inativada com 5 mL de

DMEM enriquecido com 10% de soro fetal

bovino. As garrafas foram então lavadas

com o próprio meio para retirada das

células e uma alíquota de 1 mL foi repicada

para outra garrafa T75 com mais 9 mL de

meio de cultura. Após o terceiro repique as

células foram então avaliadas quanto a

viabilidade celular e utilizadas para

41 PSA, Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA 42 Soro fetal bovino, Sorali, Campo Grande, MS, Brasil

58

avaliação do efeito do produto iônico do

biovidro 60S.

Osteoblastos caninos

Como controle positivo da diferenciação

osteogênica foi utilizado uma cultura

primária de osteoblastos caninos43

. A

cultura foi descongelada conforme

protocolo sugerido pelo fabricante, os

osteoblastos foram cultivados em garrafas

T75, com DMEM com baixa glicose,

enriquecido com gentamicina (60 μg/L),

penicilina (100 UI/mL), estreptomicina

(100μg/mL), anfotericina (25μg/mL)44

e

10% de soro fetal bovino45

, sob as mesmas

condições das CTM-AD. Após o quarto

repique e obtenção de 80 a 90 % de

confluência os osteoblastos, foram

utilizados para extração do RNA total e

posterior análise da expressão de osterix,

sialoproteína óssea, osteonectina e

osteocalcina pela técnica de RT-PCR em

tempo real.

Avaliação da viabilidade das CTM-AD

pelo azul de Tripan

Para avaliação da viabilidade celular a

cultura de CTM-AD foi lavada com PBS

(0,15M) e submetida à ação da tripsina. O

sobrenadante contendo as células foi

colhido e centrifugado a 1400rpm por 10

minutos, as CTM-AD foram ressuspensas

em meio basal e coradas pelo azul de

Tripan. As CTM-AD viáveis

(transparentes) e inviáveis (em azul) foram

quantificadas em câmara de Neubauer.

Avaliação do efeito do produto iônico do

biovidro 60S nas CTM-AD caninas

Após o terceiro repique e avaliação da

viabilidade celular as CTM-AD foram

submetidas à ação da tripsina e plaqueadas

na densidade de 1x104 células/cm

2, em

quatro repetições, nas garrafas T25 e em

seis repetições nas placas de seis e 24

poços46

de acordo com a especificação de

43 CnOb - canine osteoblasts, Cell Application , San Diego, CA , USA 44 PSA, Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA 45 Soro fetal bovino, Sorali, Campo Grande, MS, Brasil 46 TPP (Techno Plastic Products in Trasadingen), Switzerland, Germany

cada teste detalhadas a seguir. Após a

obtenção de 60 a 70% de confluência

celular o meio basal foi substituído pelos

meios a serem avaliados OST PI e OST.

Em seguida as CTM-AD foram cultivadas a

37oC e 5% de CO2 por sete, 14 e 21 dias.

Transcorridos esses períodos, avaliou-se em

cada grupo a conversão do MTT em cristais

de formazan, a atividade da fosfatase

alcalina (FA), a síntese de colágeno, a área

celular e mineralizada por campo e as

expressões relativas de osterix (OSX),

sialoproteina óssea (BSP), osteonectina

(ON) e osteocalcina (OC) por RT-PCR em

tempo real.

Avaliação da conversão do MTT em

cristais de formazan

Para avaliação da conversão de MTT em

cristais de formazan as CTM-AD foram

cultivadas em placas de 24 poços. Ao

término de cada período de cultivo os meios

(OST PI e OST) foram substituídos por

210L de meio basal em cada poço e

170L de MTT (5mg/mL)47

. A placa foi

incubada por duas horas em estufa a 37oC e

5% de CO2. Após esse período os cristais

de formazan foram observados ao

microscópio óptico e em seguida,

adicionou-se 210L de SDS (sódio dodecil

sulfato)-10% HCl em cada poço. A placa

foi então incubada overnight em estufa a

37oC e 5% de CO2 e posteriormente, 100L

de cada poço foram transferidos para placas

de 96 poços para análise na leitora de placas

com comprimento de onda de 595nm de

acordo com Valério et al. (2004).

Avaliação da atividade da fosfatase

alcalina

Para avaliação da atividade da fosfatase

alcalina as CTM-AD foram cultivadas em

placas de 24 poços. Ao término de cada

período, as culturas foram lavadas com PBS

(0,15 molar) e foi adicionado 200L de

solução de BCIT/NBT48

(1mL de tampão

da fosfatase alcalina, 4,4L de NBT {nitro-

blue tetrazolium chloride} e 3,3L de BCIP

{5-bromo-4-chloro-3’-indolylphosphate p-

toluidine salt}), em cada poço. As amostras

47 Invitrogen, Carlsbad, CA, USA 48 Zymed Laboratories, CA, USA

59

permaneceram duas horas na estufa a 37oC

e 5% de CO2 e foram observadas ao

microscópio óptico. Em seguida, adicionou-

se 200L de SDS (sódio dodecil sulfato)-

10% HCl em cada poço e a amostra foi

incubada overnight em estufa a 37oC e 5%

de CO2. Posteriormente, 100L de cada

poço foram transferidos para placas de 96

poços para leitura em espectrofotômetro

com comprimento de onda de 595nm de

acordo com Ocarino et al. (2008) e Boeloni

et al. (2009).

Avaliação da síntese de colágeno

Para avaliação da síntese de colágeno

CTM-AD foram cultivadas em placas de 24

poços. Ao término de cada período, as

culturas foram lavadas com PBS (0,15

molar). Em seguida adicionou-se 1ml de

Bouin em cada poço, para fixação e a placa

foi incubada por duas horas em estufa a

37oC e 5% de CO2. As placas foram então

retiradas da estufa e colocadas overnight a

6oC em geladeira. Transcorrido esse

período as placas foram lavadas quatro

vezes com água osmose reversa e secas

para posterior coloração com Sirius Red

durante 30 minutos à temperatura ambiente.

O excesso do corante foi removido e as

células foram lavadas três vezes com

solução de HCl 0,01N e mantidas a

temperatura ambiente para secagem.

Posteriormente foram adicionados 300L

de NaOH 0,5M e a placa foi incubada em

repouso por mais 30 minutos.

Posteriormente, 100L de cada poço foram

transferidos para placas de 96 poços para

leitura em espectrofotômetro com

comprimento de onda de 540nm de acordo

com Ocarino et al. (2008) e Boeloni et al.

(2009).

Avaliação dos nódulos de mineralização e

determinação da área mineralizada por

campo

Para avaliação da formação de nódulos de

mineralização e determinação da

porcentagem de área mineralizada por

campo, as CTM-AD foram cultivadas em

placas de seis poços com lamínulas49

estéreis. Ao término de cada período de

49 Lamínula de plástico, Newton, NC, USA.

avalição, as culturas foram lavadas com

PBS 0,15M, fixadas com álcool 70% por 24

horas e coradas pelo método de Von Kossa

(adaptada de Prophet et al., 1992). Foi então

determinada a porcentagem de área

mineralizada por campo com o auxílio de

uma ocular micrométrica, contendo uma

gratícula com 121 pontos, em 25 campos,

com objetiva de 4.

Quantificação relativa dos transcritos

gênicos para osterix, sialoproteína óssea,

osteonectina e osteocalcina por RT-PCR

em tempo real

Realizou-se, em todos os grupos, a

quantificação relativa da expressão de

osterix (OSX), sialoproteína óssea (BSP),

osteonectina (ON) e osteocalcina (OC) nos

três períodos estudados, pela técnica de RT-

PCR em tempo real. A extração do RNA

total das células foi feita em quatro garrafas

T25 por grupo, com o emprego do Trizol50

.

O método de extração consistiu de uma

etapa inicial de lise e homegenização da

monocamada de células por cinco minutos à

temperatura ambiente para completa

dissociação dos complexos nucleoprotéicos.

O lisado foi transferido para um microtubo

de 1,5mL e foram adicionados 0,2mL de

clorofórmio, seguido de 15 segundos de

homogeneização, três minutos de incubação

à temperatura ambiente e centrifugação a

12.000g por 15 minutos à 4ºC, para

separação em três fases, onde a fase incolor

superficial continha o RNA. Na terceira

etapa, a fase aquosa foi transferida para um

novo tubo, com a adição de 0,5mL de

álcool isopropílico e incubação por 30

minutos à temperatura -80ºC. Em seguida a

solução foi descongelada e centrifugada a

12.000g por 10 minutos a 4ºC para

precipitação do RNA. O pellet foi então

lavado com 1 mL de etanol a 75%,

homogeneizado e centrifugado a 7.500g por

cinco minutos a 4ºC. O RNA foi

solubilizado em água DEPC51

livre de

RNAse e imediatamente armazenado a -

80ºC. A concentração de RNA foi

determinada pela leitura da absorbância a

260/280 nm por espectrofotometria. Foram

realizadas as reações de transcrição reversa

50 Invitrogen, USA 51 Água tratada com dimetil pirocarbonato (DEPC), Invitrogen, USA

60

com um Kit comercial52

, utilizando-se 1µg

de RNA total para a síntese de cDNA com

um volume final de 20µL. Para as reações

de PCR em tempo real foi utilizado 2µg de

cDNA, 5pM de cada iniciador e 12,5µL do

reagente syber Green53

em um volume final

de 25 µL de reação em um tubo54

, no

aparelho SmartCycler System55

. Os

parâmetros utilizados para amplificação

foram de 50°C por 120 segundos, 95°C por

150 segundos e 45 ciclos de 95°C por 15

segundos e 60°C por 30 segundos. Os

iniciadores foram pesquisados na literatura

ou delineados com base na sequência do

mRNA Canis familiares (Tab. 1). A

expressão gênica foi calculada usando o

método 2-∆∆CT

, onde os resultados obtidos

para cada grupo foram comparados

quantitativamente após a normalização

baseada na expressão de gliceraldeído-3-

fosfato desidrogenase (GAPDH) Canis

familiares. Os níveis de expressão obtidos

nas culturas de osteoblastos foram

utilizados como controle positivo da

diferenciação osteogênica e como padrão de

expressão no cálculo da expressão relativa

de cada transcrito.

52 SuperScriptTM III Platinum® Two-Step qRT-PCR Kit with SYBR Green, Invitrogen, CA, USA 53 SuperScriptTM III Platinum® Two-Step qRT-PCR Kit with SYBR Green, Invitrogen, CA, USA 54 SmartCycler® Tube-25µL, Cepheid, Sunnyvale, CA, USA 55 SmartCycler® System, Cepheid, Sunnyvale, CA, USA

61

Tabela 1: Lista de genes e sequência de nucleotídeos dos iniciadores para RT-PCR em tempo real.

Genes

Referência ou

No. de acesso

Oligonucleotídios iniciadores

(sequências de nucleotídeos 5’ a 3’)

Temperatura de

anelamento (◦C)

Tamanho do

produto

(pares de bases)

Osterix (OTX)

(Neupane et al.,

2008)

F- ACGACACTGGGCAAAGCAG

R- CATGTCCAGGGAGGTGTAGAC

60 285

Sialoproteina

óssea (BSP)

(Vieira et al.,

2010)

F- TTGCTCAGCATTTTGGGAAT

R-AACGTGGCCGATACTTAAAGAC

60 295

Osteonectina

(ON)

(XM_849889.1)

F- GCCTTGGCAGCCCCTCAACA

R- CACCTGCACGGGGTTGGCTC

60 108

Osteocalcina

(OC)

(Neupane et al.,

2008)

F- GAGGGCAGCGAGGTGGTGAG

R- TCAGCCAGCTCGTCACAGTTGG

62 134

GAPDH

(Vieira et al.,

2010)

F- CCATCTTCCAGGAGCGAGGAT

R- TTCTCCATGGTGGTGAAGAC

60 97

Análise estatística

Realizou-se análise de variância (ANOVA)

e para cada variável foram determinados a

média e o desvio padrão. As médias foram

comparadas pelo teste T de Student

utilizando o programa Graphpad Instat 356

.

Diferenças foram consideradas

significativas se p0,05 (Sampaio, 1998).

Resultados

As partículas do biovidro 60S apresentaram

dissolução parcial após serem adicionadas

aos meios de cultivo celular, causando um

aumento significativo na concentração dos

íons Si e Ca (Tab.3). A concentração do íon

Si foi próxima de zero no meio que não

entrou em contato com o biovidro (OST) e

no meio que recebeu o produto iônico (OST

PI), sua concentração foi de 41,28 mg/L. A

concentração do íon Ca foi de 87,5 mg/L no

meio que não entrou em contato com o

biovidro (OST) e no meio que recebeu o

produto iônico (OST PI), sua concentração

foi de 156,5 mg/L, representando uma

aumento na ordem de 78,85% (Tab.2).

56 GraphPad Software Inc., San Diego, USA

62

Tabela 2: Concentração média dos íons Si e Ca nas amostras dos meios de cultivo celular basal (DMEM),

meio osteogênico (OST), produto iônico do biovidro 60S em meio basal (DMEM PI) e em osteogênico

(OST PI).

Meio de cultura Concentração de Si Concentração de Ca

OST < 1 mg/L 87,5 mg/L

OST PI 41,28 mg/L 156,5 mg/L

Avaliação da conversão do MTT em

cristais de formazan

A suplementação do meio osteogênico com

produto iônico (OST PI) aumentou a

conversão de MTT em cristais de formazan

aos 21 dias de cultivo, reduziu aos sete e

nenhum efeito foi observado aos 14 (Fig.1).

Embora não tem sido quantificada,

verificou-se uma maior densidade celular

nas culturas que receberam o meio

osteogênico suplementado com produto

iônico (OST PI) em relação as que

receberam o meio osteogênico, aos 14 e 21

dias de cultivo.

Figura 1: Redução do MTT em cristais de formazan (média e desvio padrão) em culturas de CTM-AD

caninas mantidas em meio osteogênico (OST) e em produto iônico em meio osteogênico (OST PI) por

sete, 14 e 21 dias. *Representa diferença estatística (P<0,05).

Avaliação da atividade da fosfatase

alcalina

As CTM-AD mantidas em meio

osteogênico suplementado com produto

iônico (OST PI) mostraram menor atividade

da fosfatase alcalina que as mantidas em

meio osteogênico (OST) aos 14 e 21 dias de

cultivo. Aos sete, nenhuma diferença

estatística foi observada (Fig. 2).

Figura 2: Atividade da fosfatase alcalina (média ± desvio padrão) em culturas de CTM-AD caninas

mantidas em meio osteogênico (OST) e produto iônico em meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21

dias. *Representa diferença estatística (P<0,05).

63

Avaliação da síntese de colágeno

A suplementação do meio osteogênico com

produto iônico (OST PI) reduziu a síntese

de colágeno aos sete e 21 dias de cultivo e

nenhum efeito foi observado aos 14 (Fig.

3).

Figura 3: Média e desvio padrão da quantidade de colágeno em culturas de CTM-AD caninas cultivadas

em meio osteogênico (OST) e produto iônico em meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias.

*Representa diferença estatística (P<0,05).

Avaliação dos nódulos de mineralização e

determinação da área mineralizada por

campo

As CTM-AD mantidas em meio

osteogênico (OST) e meio osteogênico

suplementado com produto iônico (OST PI)

formaram nódulos de mineralização em

todos os tempos estudados (Fig.4 e 5). A

área mineralizada por campo aumentou

com o tempo de cultivo nas culturas

mantidas em ambos os meios. Verificou-se

maior área mineralizada por campo nas

culturas de CTM-AD mantidas em meio

osteogênico suplementado com produto

iônico (OST PI), em relação as mantidas em

meio osteogênico (OST), em todos os

tempos estudados (Fig.4 e 5).

Figura 4: Cultura de CTM-AD caninas mantidas em meio osteogênico (OST) (1) e produto iônico em

meio osteogênico (2) por sete (A), 14 (B) e 21 (C) dias. Observar os nódulos de mineralização corados

pela técnica de Von Kossa. O grupo com produto iônico do biovidro 60S OST PI (2) mostrou maior área

de mineralização por campo em relação ao controle OST (1). Barra = 350 µm

64

Figura 5: Percentagem média e desvio padrão da área de mineralização por campo em culturas de CTM-

AD caninas cultivadas em meio osteogênico (OST) e produto iônico em meio osteogênico (OST PI) por

sete, 14 e 21 dias. *Representa diferença estatística (P<0,05).

Avaliação da expressão relativa dos

transcritos gênicos para osterix,

sialoproteína óssea, osteonectina e

osteocalcina

As CTM-AD mantidas em meio

osteogênico (OST) e em meio osteogênico

suplementado com produto iônico (OST PI)

mostraram expressão de osterix semelhante

e superiores à expressão osteoblástica, em

todos os tempos estudados (Fig.6).

Figura 6: Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para osterix pela técnica de

RT-PCR em tempo real em culturas de CTM-AD caninas mantidas em meio osteogênico (OST) e produto

iônico em meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão expressos em relação ao

osteoblasto canino mantido em meio basal (DMEM) representado pela linha pontilhada. *Representa

diferença estatística (P<0,05).

As culturas de CTM-AD mantidas em meio

osteogênico suplementado com o produto

iônico (OST PI) mostraram maior

expressão de sialoproteína óssea que as

mantidas em meio osteogênico (OST), aos

14 e 21 dias. Nenhuma diferença foi

observada aos sete. Independente do meio

de cultura utilizado as CTM-AD mostraram

níveis de expressão sialoproteína óssea

inferiores aos níveis osteoblásticos, em

todos os tempos estudados (Fig.7).

65

Figura 7: Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para sialoproteína óssea

(BSP) pela técnica de RT-PCR em tempo real em culturas de CTM-AD caninas mantidas em meio

osteogênico (OST) e produto iônico em meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão

expressos em relação ao osteoblasto canino mantido em meio basal (DMEM). *Representa diferença

estatística (P<0,05).

Verificou-se menor expressão de

osteonectina nas culturas de CTM-AD

mantidas meio osteogênico suplementado

com produto iônico (OST PI) em relação às

mantidas em meio osteogênico (OST), aos

14 dias de cultivo, mas nenhuma diferença

significativa foi observada nos demais

tempos avaliados (Fig.8).

Figura 8: Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para osteonectina (ON)

pela técnica de RT-PCR em tempo real em culturas de CTM-AD caninas mantidas em meio osteogênico

(OST) e produto iônico em meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão expressos

em relação ao osteoblasto canino mantido em meio basal (DMEM), representado pela linha pontilhada.

*Representa diferença estatística (P<0,05).

As CTM-AD mantidas em meio

osteogênico (OST) e em meio osteogênico

suplementado com o produto iônico (OST

PI) não mostraram diferenças significativas

na expressão de osteocalcina em nenhum

dos tempos estudados (Fig.9).

Figura 9: Média e desvio padrão da quantificação relativa do transcrito gênico para osteocalcina (OC)

pela técnica de RT-PCR em tempo real em culturas de CTM-AD caninas mantidas em meio osteogênico

(OST) e produto iônico em meio osteogênico (OST PI) por sete, 14 e 21 dias. Os dados estão expressos

em relação ao osteoblasto canino mantido em meio basal (DMEM), representado pela linha pontilhada.

*Representa diferença estatística (P<0,05).

66

Discussão

O aumento na concentração do íon Si até

41,28 ppm decorrentes da dissolução do

biovidro 60S (Tab.2) era esperado e foi

significativamente superior ao observado

em alguns biovidros produzidos por fusão

(derretimento) (4,36 a 19,4 ppm) (Xynos et

al., 2000; Xynos et al., 2001; Qiu et al.,

2009; Tsigkou et al., 2009), mas inferior ao

observado em outros produzidos pela rota

sol-gel (50,2 a 203,11 ppm) (Bielby et al.,

2004; Christodoulou et al., 2005,

Christodoulou et al., 2006). Esta variação

pode ser explicada pela diferença de

composição química entre esses

biomateriais, mas também pela diferença na

organização das moléculas que pode

determinar maior ou menor dissolução do

material quando exposto a um meio aquoso

(Pereira et al., 2005). Da mesma forma, o

aumento na concentração do íon Ca até a

156,5 ppm decorrentes da dissolução do

biovidro 60S (Tab.2) era também esperado,

mas foi significativamente superior ao

observado em outros biovidros produzidos

por fusão (derretimento) (62,7 a 88,35 ppm)

(Xynos et al., 2000; Xynos et al., 2001; Qiu

et al., 2009; Tsigkou et al., 2009) e pela rota

sol-gel (47,06 a 95,8 ppm) (Bielby et al.,

2004; Christodoulou et al., 2005,

Christodoulou et al., 2006). Isto implica que

o mesmo tipo de biomaterial pode fornecer

diferentes resultados segundo sua

composição específica e grau de

organização das moléculas, o que justifica

as diferentes respostas encontradas na

literatura.

O aumento da conversão de MTT em

cristais de formazan nas CTM-AD mantidas

em meio osteogênico suplementado com

produto iônico (OST PI) em relação às

mantidas em meio osteogênico (OST), aos

21 dias de cultivo (Fig.1), mostra que os

níveis de silício (41,28 ppm) e cálcio (41,28

ppm) observados no presente estudo são

seguros para as CTM-AD de cães. Um

estudo recente com cultura de osteoblastos

mostrou que a concentração de silício é

tóxica para essas células a partir da

concentração de 169,35 ppm, quando

ocorre uma redução da viabilidade celular e

aumento da apoptose (Shie et al., 2011). No

presente estudo, a concentração de silício

(41,28 ppm) permaneceu bem abaixo dos

níveis tóxicos relatados por Shie et al.

(2011). Quanto ao cálcio, vários estudos já

avaliaram seu efeito na viabilidade celular e

mostraram que os níveis de cálcio

extracelular não devem ultrapassar a

concentração de 240 ppm em culturas de

osteoblastos imortalizados (Nakamura et

al., 2010), 300 ppm em culturas primárias

de osteoblastos de ratos (Valerio et al.,

2004), 312,60 ppm em cultura de CTM-MO

humanas (Barradas et al., 2012) e de ratos

(Wen et al., 2012a), 400,78 ppm em

culturas de osteoblastos de camundongos

(Maeno et al., 2005), 641,24 ppm em

culturas de CTM-AD humanas (McCullen

et al., 2010) e 801,56 ppm em culturas de

cementoblastos imortalizados de

camundongos (Kanaya et al., 2010).

Embora os níveis de cálcio liberados pelo

biovidro 60S (156,5 ppm) sejam superiores

aos liberados por outros biomateriais

semelhantes, eles estão muito abaixo dos

níveis considerados tóxicos.

O maior MTT observado aos 21 dias nas

CTM-AD suplementadas com o produto

iônico (Fig.1) mostra que os íons liberados

pelo biovidro 60S favorecem a atividade

dessas culturas por aumentarem a atividade

mitocondrial e/ou o número de células na

cultura, o que de fato foi observado no

presente estudo embora não tenha sido

quantificado. Tanto o aumento do número

de células quanto o aumento da atividade de

cada uma delas favorecem a produção de

matriz extracelular o que é uma vantagem

para a regeneração óssea. O teste de MTT

baseia-se na capacidade da enzima

succinato desidrogenase converter o sal

tetrazolium (MTT), que é hidrossolúvel e

de cor amarela, em cristais de formazan,

que são de cor azul escura. A enzima

succinato desidrogenase participa do ciclo

de Krebs e está presente principalmente, em

mitocôndrias viáveis (Mossmann, 1983,

Hansen et al., 1989).

O significativo aumento da área

mineralizada (Fig.6) observados nas

culturas que receberam o produto iônico

mostra que os íons liberados na dissolução

do biovidro 60S favorecem a osteogênese

“in vitro” e leva a crer que esse biomaterial

possa apresentar resultado semelhante

também “in vivo”. Sabe-se que o produto

de dissolução de algumas biocerâmicas

pode favorecer a proliferação (Xynos et al.,

67

2000; Xynos et al., 2001; Qiu et al., 2009;

Sun et al., 2009 b; Tsigkou et al., 2009) e a

diferenciação osteogênica (Qiu et al., 2009;

Sun et al., 2009 a; Sun et al., 2009 b;

Tsigkou et al., 2009; Jung e Park, 2010; Li

e Sun, 2011), bem como a osteogênese “in

vitro” (Sun et al., 2009 a; Tsigkou et al.,

2009; Li e Sun, 2011), mas o presente

estudo é o primeiro a mostrar os efeitos

benéficos do produto iônico do biovidro

60S nas diferenciação osteogênica de CTM-

AD de cães. Esses efeitos benéficos são

atribuídos principalmente aos íons silício e

cálcio, liberados durante o processo de

dissolução dos biovidros (Shie et al., 2011;

Varanasi et al., 2012). Estudos com cultivo

de osteoblastos de rato já mostraram que o

silício é capaz de aumentar a atividade e

proliferação celular (Shie et al., 2011), a

expressão de genes ligados a diferenciação

osteogênica (Varanasi et al., 2012) e de

favorecer a mineralização da matriz

extracelular (Shie et al., 2011). Sabe-se

também que o cálcio extracelular é capaz de

aumentar a atividade e proliferação celular

em culturas de osteoblastos de rato (Maeno

et al., 2005) e em culturas de CTM-MO

(Barradas et al., 2010) e CTM-AD de

humanos (McCullen et al., 2010). Já foi

também mostrado que o cálcio extracelular

é capaz de aumentar a expressão de genes

ligados a diferenciação osteogênica em

osteoblastos de roedores (Maeno et al.,

2005; Jung e Park, 2010) e em CTM-MO

humanas (Barradas et al., 2010), bem como

de favorecer a síntese e mineralização da

matriz extracelular por osteoblastos

(Nakamura et al., 2010) e por CTM-AD

humanas diferenciadas (McCullen et al.,

2010). Os estudos previamente citados

mostram que o cálcio é capaz de favorecer a

diferenciação osteogênica e a osteogênese

“in vitro”, mas pouco se conhece a respeito

dos mecanismos envolvidos. Sabe-se que o

cálcio extracelular é capaz de controlar a

aposição e reabsorção de matriz óssea, por

meio do controle da secreção de

paratormônio (PTH) “in vivo” (Marie et al.,

2010). Os receptores CaSR atuam no

controle da proliferação, diferenciação e

apoptose, por meio de diferentes vias de

sinalização. O aumento do cálcio

extracelular pode agir nos receptores CaSR,

ativando a via Extracellular Signal

Regulated Kinase – Mitogen-Activated

Protein Kinase (ERK-MAPK) e aumentando

a proliferação osteoblástica (Huang et al.,

2001), mas podem também ser ativadas

outras vias como a Akt (também conhecida

como Protein Kinase B- PKB), que induz a

apoptose celular (Fromigué et al., 2009).

Sabe-se também que os CaSR são

moduladores importantes da diferenciação

osteogênica in vivo (Chang et al., 2008) e

que a via (ERK-MAPK) controla a

diferenciação osteogênica pelo controle da

expressão Runx2 (Ge et al., 2007). A via

ERK-MAPK é considerada o principal meio

de comunicação da superfície celular com o

núcleo que controla a diferenciação celular

(Ge et al., 2007; Marie et al., 2010). Já foi

comprovado que o aumento de cálcio

extracelular é capaz de aumentar a atividade

da fosfatase alcalina e as expressões de

osteopontina (OPN) e osteonectina (BSP)

em osteoblastos de rato e que esse efeito é

mediado pelos canais de cálcio tipo-L (L-

type Calcium Channel) e pela via de

sinalização calcium/calmodulin-dependente

da protein kinase 2 (CaM-CaMK2) (Jung e

Park, 2010). Um estudo com CTM-MO

humanas mostrou que o cálcio extracelular

é capaz de aumentar a proliferação celular e

estimular a diferenciação osteogênica pelo

aumento da expressão de BMP-2 e que esse

aumento da expressão de BMP-2 está

diretamente relacionado com os canais de

cálcio tipo L voltagem dependente (Type L

Voltage-Gated Ca2+

Channels-L-VGCCs) e

com a via de sinalização Extracellular

Signal Reguleted Kinase 1 and 2 (MEK1/2).

Esse mesmo estudo mostrou que o aumento

da expressão de BMP-2 não é mediado

pelos receptores CaSR e nem pelos

Metabotropic Glutamate Receptor Type 1

(mGlrR1) e que não há um efeito direto do

cálcio na transcrição gênica de BMP-2

(Barradas et al., 2010). Recentemente outro

estudo reafirmou a importância dos canais

de cálcio tipo L voltagem dependente (Type

L Voltage-Gated Ca2+

Channels-L-VGCCs)

na proliferação e diferenciação osteogênica

de CTM-MO de ratos mediada pelo cálcio.

Entretanto, esse estudo mostrou também

que o bloqueio desses canais não anula

totalmente os efeitos do cálcio na

proliferação e diferenciação osteogênica, o

que sugere o envolvimento de outros

mecanismos nesse processo (Wen et al.,

2012).

68

Muito embora o produto iônico do biovidro

60S tenha reduzido a síntese de colágeno,

aos sete e 21 dias (Fig.4) e a atividade da

fosfatase alcalina aos 14 e 21 dias de

cultivo (Fig.3), isso não interferiu na síntese

e mineralização da matriz extracelular pelas

CTM-AD de cães (Fig.5 e 6). Estudos com

culturas de osteoblastos de ratos (Valerio et

al., 2004) e de humanos (Tsigkou et al.,

2009) mostraram efeito estimulatório do

biovidro na síntese de colágeno (Valerio et

al., 2004; Tsigkou et al., 2009) e na

atividade da fosfatase alcalina (Tsigkou et

al., 2009). No entanto, esses estudos

trabalharam com espécie e tipo celular

diferentes dos utilizados no presente estudo,

o que pode justificar a diferença de resposta

observada.

A maior expressão de sialoproteina óssea e

maior área mineralizada por campo

observadas nas CTM-AD mantidas meio

osteogênico suplementado com produto

iônico (OST PI) em relação às mantidas em

meio osteogênico (OST) (Fig.8) mostram

que o produto iônico do biobidro 60S

favorece a osteogênese in vitro. Sugere

também que esse aumento na osteogênese

seja mediado pelo aumento da expressão da

sialoproteína óssea. A BSP é uma das

proteínas responsáveis pelo início do

processo de nucleação e deposição de

hidroxiapatita na matriz óssea. O aumento

na sua expressão reflete a fase final de

diferenciação e início de mineralização da

matriz. A sialoproteina óssea pode ser

expressa por pré-osteoblastos e osteoblastos

(Zhou et al., 2006).

A insignificante variação na expressão de

osterix (Fig.7), osteonectina (Fig.9) e

osteocalcina (Fig.10) observada nas CTM-

AD que receberam o produto iônico, sugere

que o efeito do produto de dissolução do

biovidro 60S não é mediado pelas

expressões dessas proteínas. O osterix é um

fator de transcrição imprescindível no

processo de diferenciação osteogênica e

atua na transformação dos pré-osteoblastos

em osteoblastos maduros, finalizando assim

o processo de diferenciação osteogênica

(Nakashima et al., 2002; Datta et al., 2008;

Long, 2012; Zhang, 2012). Sabe-se também

que o osterix pode influenciar a síntese e

mineralização da matriz extracelular por

meio do controle da expressão do receptor

intranuclear da vitamina D (Long, 2012;

Zhang, 2012). A osteonectina e a

osteocalcina são proteínas não colagênicas

da matriz e estão intimamente relacionadas

com o processo de síntese e mineralização

da matriz óssea e com o estágio final de

diferenciação osteogênica (Strauss et al.,

1990; Nefussi et al., 1997; Nakashima et

al., 2002; Karaoz et al., 2009).

Conclusão

Nas condições em que foi realizado este

experimento pode-se dizer que:

O produto iônico do biovidro 60S favorece

a osteogênese “in vitro” de culturas CTM-

AD de cães com aumento da conversão de

MTT, da área mineralizada por campo e da

expressão de sialoproteína óssea.

69

Capítulo 4: Tratamento de defeitos

ósseos críticos em rádios de cães com

matriz porosa do biovidro 60S associada

ou não a células tronco mesenquimais do

tecido adiposo.

Introdução

Um dos grandes desafios da ortopedia

veterinária e humana é o tratamento de

defeitos ósseos críticos, caracterizados por

grandes perdas incapazes de se regenerarem

naturalmente sem algum tipo de tratamento

adicional à fixação (Drosse et al., 2008;

Reichert et al., 2009, ASTM 2010).

Geralmente, os defeitos ósseos críticos são

tratados pela associação de um método de

fixação com enxertos ósseos,

preferencialmente autógeno. A fixação tem

como função impedir a movimentação dos

fragmentos ósseos no foco da fratura,

propiciando assim um microambiente que

permita a regeneração óssea e o enxerto

favorece a regeneração do tecido ósseo por

meio dos processos de osteocondução,

osteoindução e osteogênese (Tseng et al.,

2008). Entretanto, alguns inconvenientes

como maior tempo cirúrgico, complicações

no local da colheita, fragilização do local e

a quantidade limitada de osso coletado

estão associados à utilização dos enxertos

autógenos, considerado o melhor até o

presente momento (Santos e Rahal, 2004;

Piermattei et al., 2006; Sanders, 2007;

Strioga et al., 2012). Devido a isso, muito

se tem estudado em busca de alternativas

eficientes para substituição dessa forma de

enxertia e a produção de matrizes sintéticas

a partir de biomateriais parece ser a

alternativa mais viável e promissora,

especialmente quando combinada com as

terapias celulares e fatores de crescimento

(De Long Jr, 2007; Dutra et al., 2008;

Hench, 2009). Diferentes tipos de

biomaterias podem ser utilizados para

produção dessas matrizes sintéticas, mas o

grupo das biocerâmicas se destaca, uma vez

que favorece a regeneração óssea por

osteocondução (Bruder et al., 1998;

Arinzeh et al., 2003; Yuan et al., 2010) e,

em alguns casos, por osteoindução (Xynos

et al., 2000; Xynos et al., 2001; Habibovic

et al., 2006; Hench, 2009; Hopp et al.,

2011). Dentre as biocerâmicas, os vidros

são considerados os mais ativos e

favoráveis à regeneração óssea (Hench,

2009). Quando implantados no osso reagem

com o fluido intersticial desencadeando

uma cascata de reações físico-químicas e

eventos celulares que culminam com a

formação de uma camada de hidroxiapatita

biológica, deposição e mineralização de

osteóide em sua superfície, o que favorece

sua ligação ao osso e promove uma

interface coesa e resistente (Jones e Hench,

2003; Vallet-Regí, 2006; Hench, 2009). O

efeito do biovidro na regeneração óssea

pode variar de acordo com a composição

química, grau de organização das

moléculas, topografia e microestrutura da

matriz bem como, com as condições do

microambiente de implantação que podem

determinar maior ou menor dissolução do

biomaterial e consequentemente alterar seu

efeito biológico (Hoppe et al., 2011;

Rahaman et al., 2011). O biovidro 60S de

composição molar 4% P2O5; 36% CaO;

60% SiO2 é um desses biomateriais e já

mostrou efeitos benéficos na regeneração

óssea in vitro favorecendo a proliferação de

osteoblastos de ratos (Valerio et al., 2004) e

aumentando a osteogênese durante o

processo de diferenciação osteogênica de

CTM-AD de cães (capítulo 3 do presente

estudo) e in vivo, propiciando a osteogênese

em defeitos ósseos não críticos em

mandíbulas de cães (Dutra et al., 2008).

A matriz do biovidro 60S pode ser

produzida de forma porosa com uma

arquitetura que mimetiza o osso esponjoso e

pode ser associada a células tronco e

osteoblastos (Wang, 2003; Brodke et al.,

2006). As células tronco mesenquimais

(CTM) são células multipotentes,

encontradas entre as células diferenciadas

de um tecido e com função de se

autorrenovar e se diferenciar, originando os

tipos celulares do tecido no qual residem

(Presnell et al., 2002; Grove et al., 2004).

Vários tecidos são fontes de CTM, em

maior ou menor número (Payushina et al.,

2006) mas, o tecido adiposo é considerado a

melhor fonte dessas células para utilização

clínica pela grande quantidade de CTM

presente nesse tecido, facilidade de

obtenção do tecido adiposo e de isolamento

dessas células (Zuk et al., 2001; Neupane et

al., 2008; Vieira al., 2010). As CTM de

origem adiposa (CTM-AD) apresentam

maior potencial osteogênico que as CTM

70

originadas da medula óssea (CTM-MO)

(Lin et al., 2009), outra importante fonte de

CTM para utilização terapêutica (Bruder et

al., 1998; Arinzeh et al., 2003). Esse maior

potencial osteogênico das CTM-AD em

relação às CTM-MO já foi comprovado na

espécie canina (capítulo 2 do presente

estudo). Para garantir a diferenciação

osteogênica das CTM-AD essa etapa pode

ser realizada in vitro antes da sua utilização

clínica, embora um estudo recente não

tenha mostrado vantagens para a

regeneração óssea quanto se utilizou as

CTM diferenciadas em relação às

indiferenciadas (Beloti et al., 2012). Dessa

forma, o objetivo do presente estudo foi

avaliar a matriz porosa do biovidro 60S

associada ou não as CTM-AD diferenciadas

no tratamento de defeitos ósseos críticos em

rádios de cães.

Material e métodos

Foram utilizadas as bases físicas e a infra-

estrutura do Centro de Experimentação de

Pequenos Animais, do bloco cirúrgico e do

setor de diagnóstico por imagem do

Hospital Veterinário, do Núcleo de Células

Tronco e Terapia Celular e dos

Laboratórios de Histopatologia e

Imunoistoquímica do Departamento de

Clínica e Cirurgia Veterinárias da Escola de

Veterinária da UFMG, do Laboratório de

Biomateriais do Departamento de

Engenharia Metalúrgica e de Materiais da

UFMG e do Laboratório de Densitometria

da Faculdade de Medicina Veterinária da

Universidade Estadual Paulista “Júlio de

Mesquita Filho” campus de Araçatuba. O

projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética

em Experimentação Animal da UFMG57

.

Produção da matriz porosa do biovidro

60S

A produção do biovidro 60S de composição

molar 4% P2O5; 36% CaO; 60% SiO2 foi

realizada no Laboratório de Biomateriais do

Departamento de Engenharia Metalúrgica e

de Materiais da UFMG conforme descrito a

seguir: foram adicionados em um bequer,

133,8 mL de tetraetilortosilicato (TEOS) e

57 Número de protocolo no CETEA (157/2009)

13,6 mL de trietilfosfato (TEP) e em outro,

97,9 mL de água deionizada e 16,3 mL de

solução de ácido nítrico 2N, as soluções

foram homogeneizadas e reservadas. Em

seguida as duas soluções foram misturadas

em um terceiro bequer maior e mantidas

sob agitação magnética por 60 minutos com

o objetivo de hidrolisar o TEOS.

Transcorrido este período, 85,01g de nitrato

de cálcio [Ca(NO3)2 4H2O] foi

gradativamente adicionado à solução que

permaneceu sob agitação magnética por

mais 30 minutos. Para permitir aeração e

formação da espuma do biovidro 60S, foi

adicionado 1mL de surfactante para cada

80mL solução. Em seguida 4mL de solução

aquosa de ácido fluorídrico (HF) 10% foi

acrescida a 100mL da solução final para

catalisar a sua gelificação. A solução foi

então aerada por dois minutos com o

auxílio de uma batedeira elétrica e após

esse período a espuma de biovidro foi

vertida em um recipiente de polipropileno

cujo interior possuía forma cilíndrica com

2cm de diâmetro e 3cm de altura. O

recipiente foi então hermeticamente

fechado e incubado a 60◦C em estufa por 72

horas para gelação e maturação.

Transcorrido esse período a tampa do

recipiente foi trocada por outra com

múltiplos orifícios e o biovidro foi

submetido a um protocolo de secagem em

estufa, permanecendo a 60◦C por 72 horas,

seguindo-se um aumento gradual da

temperatura em 10◦C a cada 24 horas, até

atingir a temperatura de 120◦C. Após a

secagem as amostras do biovidro 60S foram

tratadas termicamente na mufla a 700◦C por

6 horas quando foi utilizada uma taxa de

aquecimento e de resfriamento de 1◦C por

minuto (Coelho et al., 2003; Coelho et al.,

2005). Após o tratamento térmico as

amostras foram embaladas separadamente

em recipientes plásticos hermeticamente

fechados e esterilizadas por radiação gama.

Avaliação da porosidade da matriz do

biovidro 60S

A porosidade total da matriz do biovidro

60S foi calculada pela seguinte fórmula:

Porosidade total (%) =

(

)x 100

Onde a densidade verdadeira foi medida por

picnometria de Hélio (2,7 g/cm3) e a

71

densidade volumétrica foi calculada

dividindo-se a massa da matriz (g) pelo seu

volume (cm3)

Caracterização morfológica da matriz

porosa do biobidro 60S

Para análise morfológica da estrutura

porosa, as matrizes foram recobertas com

carbono (SPI/Supplies-EUA) e analisadas

por microscopia eletrônica de varredura

(MEV-FEI-Inspect-S50/Republica Tcheca).

Obtenção, cultivo e expansão das células

tronco mesenquimais do tecido adiposo

de cães

A colheita das amostras de tecido adiposo

foi realizada no centro cirúrgico do Hospital

Veterinário da Escola de Veterinária da

Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG). Foram utilizados três cães,

machos, não castrado, sem raça definida

com dois anos de idade e massa corporal

média de 18 Kg. Para colheita das amostras,

os cães foram submetidos ao jejum sólido

de oito horas. Como medicação pré-

anestésica, foram empregados 1mg/kg, IM,

de xilazina58

e 15mg/kg, IM, de

quetamina59

, na mesma seringa. A região

glútea direita foi submetida à tricotomia e

preparada para cirurgia asséptica. A veia

cefálica foi canulada e os animais

receberam propofol60

(3mg/kg IV) para

intubação e manutenção anestésica. Como

analgésico e anti-inflamatório foi

administrado meloxicam61

(0,2mg/kg IM)

imediatamente após a indução anestésica.

As amostras de tecido adiposo foram

colhidas cirurgicamente do tecido adiposo

subcutâneo da região glútea imediatamente

acima do trocânter maior. Foi colhido

aproximadamente 1cm3 de tecido adiposo

de cada animal totalizando 3cm3 de amostra

final. Imediatamente após a colheita, as

amostras de tecido adiposo foram colocadas

em tubos falcon de 50 mL contendo 20 mL

de meio de cultura Dulbecco’s Modiffed

Eagle Medium baixa glicose62

(DMEM), à

temperatura ambiente. Em seguida as

58 Calmiun, Agener União, Embu-Guaçu, SP, Brasil 59 Vetanarcol, Konig, Santana do Parnaíba, SP, Brasil 60 Fresofol, Fresenius Kabi, Campinas, SP, Brasil 61 Maxicam, Ouro Fino, Cravinhos, SP, Brasil 62 DMEM, Gibco, Grand Island, NY, USA

amostras foram encaminhadas ao Núcleo de

Células Tronco da Escola de Veterinária da

UFMG, onde as CTM foram extraídas e

cultivadas segundo o protocolo descrito a

seguir que foi adaptado de protocolos

estabelecidos por Neupane et al. (2008) e

Vieira et al. (2010).

As amostras de tecido adiposo foram

manipuladas de forma asséptica na capela

de fluxo laminar. Elas foram lavadas duas

vezes com PBS 0,15 molar para retirada de

restos de sangue e debris celulares. Para

digestão do tecido conjuntivo e liberação

das células, as amostras foram colocadas

em outro tubo falcon de 50 mL contendo 20

mL de uma solução estéril de colágenase

B63

0,1% P/V. As amostras foram então

fragmentadas a partículas menores com

auxílio de uma tesoura cirúrgica estéril. A

tesoura foi introduzida no tubo falcon de

50mL e com movimentos de abrir e fechar

dos ramos o tecido foi fragmentado ao

máximo possível. Em seguida a amostra foi

encubada em estufa a 37oC e 5% de CO2

durante 45 minutos e a cada 15 minutos a

amostra foi vigorosamente agitada para

facilitar o processo de digestão.

Transcorrido o tempo de digestão a amostra

foi centrifugada por 10 minutos a 1400rpm,

o sobrenadante contendo a fração adiposa

foi descartado e o pellet foi ressuspenso em

10 mL PBS 0,15 molar para lavagem e

retirada dos resíduos de colagenase. A

amostra foi colocada em outro tubo falcon

para reduzir a contaminação por gordura

retida na parede do tubo e novamente

centrifugada por 10 minutos a 1400rpm.

Após a centrifugação o sobrenadante foi

novamente descartado e o pellet, fração

estromal, foi ressuspenso em 20 mL de

meio de cultura para células tronco (meio

basal), DMEM com baixa glicose,

enriquecido com gentamicina (60 μg/L),

penicilina (100 UI/mL), estreptomicina

(100μg/mL), anfotericina (25μg/mL)64

e

10% de soro fetal bovino65

. Uma alíquota

de 2 mL do meio com as células

ressupensas foi transferida para cada

garrafa de cultivo celular T75 e 8 mL de

meio foram adicionados em cada garrafa.

Foram feitas dez garrafas no total.

63 Colagenase B, Roche Applied Science, Penzberg, Germany 64 PSA, Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA 65 Soro fetal bovino, Sorali, Campo Grande, MS, Brasil

72

Realizou-se uma cuidadosa

homogeneização e as garrafas foram

incubadas em estufa a 37oC e 5% de CO2.

Após 48h foi realizada troca parcial do

meio de cultura, renovando apenas 5 mL.

Após mais 48h as células foram lavadas

duas vezes com PBS 0,15 molar para

remoção de debris e células não aderidas. O

meio de cultivo foi trocado duas vezes por

semana a fim de se eliminar células não

aderidas garantindo a obtenção de células

tronco mesenquimais.

Assim que foi atingido 80 a 90% de

confluência, as células foram repicadas.

Para desprendimento das células, as

garrafas foram lavadas com 10 mL de PBS

0,15 molar para retirada dos restos de meio

de cultura. Após a lavagem, foi adicionado

1,5 mL de tripsina e a garrafa foi incubada

por 10 minutos em estufa a 37oC e 5% de

CO2. Transcorrido o tempo de ação da

tripsina a mesma foi inativada com 5 mL de

DMEM enriquecido com 10% de soro fetal

bovino. As garrafas foram então lavadas

com o próprio meio para retirada das

células e uma alíquota de 1 mL foi repicada

para outra garrafa T75 com mais 9 mL de

meio de cultura.

Após o terceiro repique as células foram

então avaliadas quanto à viabilidade celular

pelo azul de Tripan e plaqueadas na

densidade de 1x104 células/cm

2 em garrafas

T75. Quando as garrafas atingiam 60 a 70%

de confluência celular o meio basal foi

substituído por meio osteogênico que é

constituído do meio basal enriquecido com

ácido ascórbico (50 g/mL), ß-

glicerofosfato (10 mM)66

e dexametasona

(0,1 M)67

. As células foram então

cultivadas a 37oC e 5% de CO2 por 21 dias

para diferenciação osteogênica.

Transcorrido esse período as células foram

desprendidas da superfície das garrafas de

cultivo por meio da ação da tripsina e

lavadas duas vezes com PBS 0,15 molar

para retirada dos resíduos de soro fetal

bovino. As células foram então

ressuspensas em DMEM puro, contadas em

câmara de Neubauer e utilizadas para o

tratamento de defeitos ósseos associadas ou

não a matriz porosa do biovidro 60S na

densidade 3x106 células por cm

3 de defeito

66 Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA 67 Aché, Guarulhos, SP, Brasil

assim como o utilizado por Bruder et al.

(1998) e Arinzeh et al. (2003).

Implantação da matriz porosa do

biovidro 60S associado ou não as CTM-

AD diferenciadas para tratamento de

defeitos ósseos críticos

As intervenções cirúrgicas para realização

dos defeitos ósseos críticos em rádios de

cães e seu preenchimento de acordo com

cada grupo experimental, foram realizadas

no centro cirúrgico do Hospital Veterinário

da Escola de Veterinária da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG). Foram

utilizados 35 cães, machos, intactos, sem

raça definida com dois anos de idade e

massa corporal média de 25 Kg. Os cães

foram recolhidos em fazendas da zona rural

do município de Uberaba quando filhotes e

criados até os dois anos de idade para

realização do presente estudo. No período

experimental os cães foram mantidos em

canis individuais tipo solário, com área de

4,5m2, pertencentes ao Centro de

Experimentação de Pequenos Animais do

Hospital Veterinário da Escola de

Veterinária da UFMG, onde receberam

ração comercial68

e água a vontade. Todos

os animais passaram por um período

mínimo de 30 dias de adaptação às novas

instalações. Nessa fase eles foram avaliados

clinicamente e por meio de exames

radiográficos e laboratoriais (hemograma,

pesquisa de hemoparasitas e análise

sorológica para leishmaniose), assegurando-

se que todos estavam saudáveis e aptos para

serem utilizados no presente estudo. Todos

os animais foram desverminados, vacinados

e receberam medicação ectoparasiticida. Os

cães foram então aleatoriamente

distribuídos em quatro grupos

experimentais como descrito a seguir:

grupo controle negativo (C-) – animais

com defeitos ósseos críticos sem

preenchimento (n=10); grupo tratado com

biovidro (BV) - animais com defeitos

ósseos críticos preenchidos com a matriz

porosa do biovidro 60S (n=10); grupo

tratado com a associação do biovidro

com as CTM-AD diferenciadas

(BV+CTM) - animais com defeitos ósseos

críticos preenchidos com a matriz porosa do

68 Canitos, Kowalski, Apucarana, PR, Brasil

73

biovidro 60S associada às CTM-AD

diferenciadas (n=10) e grupo tratado com

as CTM-AD diferenciadas (CTM) -

animais com defeitos ósseos críticos

tratados pela injeção local das CTM-AD

diferenciadas (n=5). O controle positivo

(C+) foi realizado em todos os animais

utilizando-se o rádio contralateral, com

defeito crítico preenchido com o próprio

fragmento ósseo retirado da ostectomia.

Para realização das cirurgias, os cães foram

submetidos ao jejum sólido de oito horas e

receberam como medicação pré-anestésica

atropina69

(0,02 mg/kg SC) e 10 minutos

após, acepromazina70

(0,03 mg/kg IM) e

morfina71

(0,8 mg/kg IM) na mesma

seringa. A veia safena lateral foi canulada e

os membros torácicos foram submetidos à

tricotomia, que se estendeu da região dos

metacarpos até a coluna. A indução

anestésica foi realizada com propofol72

(3

mg/kg IV) e diazepam73

(0,3 mg/kg IV),

seguindo-se a intubação endotraqueal e

manutenção anestésica por meio da

inalação espontânea de isofluorano74

diluído em oxigênio puro, em circuito

semifechado de baixo fluxo. O animal foi

então posicionado em decúbito esternal e os

membros torácicos foram preparados para

cirurgia asséptica com solução degermante

a base de iodo e álcool iodado. Para

controle da dor e inflamação foram

administrados tramadol75

(3mg/kg SC TID)

e meloxicam76

(0,2 mg/kg IM SID) durante

cinco dias consecutivos iniciando-se a

primeira aplicação imediatamente após o

término da cirurgia, bem como

antibioticoterapia profilática com cefalexina

(30 mg/kg VO, BID) durante sete dias

consecutivos, iniciando se a primeira dose

no pré-operatório imediato via intravenosa.

Para a exposição óssea, foi realizada uma

incisão de pele crânio-medial ao rádio,

divulsão romba do tecido subcutâneo e

afastamento lateral da musculatura

extensora (Fig.1), segundo Piermattei e

Johnson (2004). O periósteo foi afastado e

69 Pasmodex, Isofarma, Eusébio, CE, Brasil 70 Acepran 0,2%, Vetnil, São Paulo, SP, Brasil 71 Dimorf, Cristália, Itapira, SP, Brasil 72 Fresofol, Fresenius Kabi, Campinas, SP, Brasil 73 Diazepam, União Química, Embu-Guaçu, SP, Brasil 74 Isoforine, Cristália, Itapira, SP, Brasil 75 Cloridrato de Tramadol, Teuto, Anápolis, GO, Brasil 76 Maxicam injetável 0,2%, Ouro Fino, Cravinhos, SP,

Brasil

o diâmetro do terço médio do rádio no

sentido médio-lateral foi mensurado com

auxílio de um paquímetro estéril. Foi então

realizada uma ostectomia transversal do

terço médio do rádio com extensão

correspondente a uma vez e meio o

diâmetro do osso (Fig.1), assegurando a

criação de um defeito ósseo crítico (Millis e

Jackson, 2003). Para realização desse

procedimento foi utilizada uma serra óssea

oscilatória pneumática, sob irrigação

constante com solução fisiológica. A

estabilização óssea foi realizada com uma

placa de aço F318 em ponte, posicionada na

superfície cranial do rádio e fixada com seis

parafusos bicorticais, sendo três no

segmento proximal e três no segmento

distal (Fig.1). As perfurações ósseas foram

realizadas com broca de diâmetro igual ao

do centro do parafuso, utilizando-se

furadeira pneumática com rotação

controlável e irrigação constante. A

profundidade de cada orifício foi

mensurada, a rosca foi preparada e os

parafusos apertados manualmente.

Inicialmente foram colocados os parafusos

adjacentes à falha óssea e depois os das

extremidades da placa, seguindo-se os

demais alternadamente. Após a fixação

óssea o defeito foi tratado de acordo com

cada grupo experimental (Fig.1) e a síntese

tecidual foi realizada de forma rotineira

sendo o tecido subcutâneo aproximado em

padrão simples contínuo com caprofil 3-0 e

a pele com simples separado com náilon

nomofilamentar 3-0. Após a cirurgia foram

utilizadas bandagens acolchoadas em

ambos os membros torácicos para

prevenção do edema pós-operatório e

proteção da ferida cirúrgica, mantidas

durante sete dias.

74

Figura 1: Sequencia e fotos da cirurgia de implantação do biovidro 60S, associado ou não das CTM-AD

para tratamento de defeitos ósseos críticos em rádios de cães. Observar nas imagens A - ostectomia; B –

posicionamento da placa cranial ao osso; C e D – matriz do biovidro 60S com forma semelhante ao

segmento osteotomisado; E – deposição das células na matriz do biovidro; F - defeito ósseo sem

preenchimento (controle negativo); G – defeito ósseo preenchido com enxerto autógeno (controle

positivo); H – defeito ósseo preenchido com a matriz do biovidro 60S e I - defeito ósseo preenchido com

a matriz do biovidro associada com as CTM-AD.

Avaliações clínica e radiográfica

As avaliações clínicas de todos os animais

foram realizadas às 1, 3, 5, 8 e 24 horas

após a cirurgia e diariamente até o 10◦ dia

de pós-operatório com o objetivo de

monitorar a analgesia e eventuais

intercorrências.

As avalições radiográficas foram realizadas

no setor de diagnóstico por imagem do

Hospital Veterinário da Escola de

Veterinária da UFMG, utilizando-se um

aparelho de raio-x digital Regius modelo

11077

. Foram realizadas as projeções

radiográficas médio-lateral e crânio-caudal

de ambos os rádios no pré e pós-operatórios

imediatos e aos 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias

após a intervenção cirúrgica em cinco

animais de cada grupo. Os outros cinco dos

grupos, C-, BV e BV+CTM foram

avaliados radiograficamente até o 45o dia de

pós-operatório quando foram submetidos à

eutanásia para avaliação histológica. A

projeção crânio-caudal foi utilizada para

monitoração do alinhamento ósseo e a

77 Konica Minolta, Tóquio, Japão

75

projeção médio-lateral, para mensuração

das áreas de crescimento ósseo nas linhas

de osteotomia, áreas compostas pelo

biomaterial, áreas de calo periosteal e

medular. As mensurações foram realizadas

com auxílio do software Digimizer Image

Analysis. As áreas correspondentes ao

crescimento ósseo e ao biomaterial foram

expressas em percentagem em relação à

área total da falha óssea de cada animal

considerada 100% (Fig.2). As áreas dos

calos periosteais e medulares também

foram expressas em percentagem e a maior

área de cada calo para cada animal foi

considerada 100% (Fig.2). As frequências

de reação periosteal, de calo periosteal, de

calo medular, de calo intercortical, de

continuidade cortical e de continuidade

medular foram também avaliadas em cada

tempo.

Figura 2. Imagens radiográficas de defeitos ossos críticos em rádios de cães na projeção médio-lateral,

processadas pelo software Digimizer Image Analysis para mensuração das áreas de preenchimento ósseo

(áreas contornadas em azul na imagem A), área de preenchimento com biomaterial (área contornada em

verde na imagem A), área total do defeito (áreas contornadas em vermelho na imagem A), áreas de calo

periosteal (áreas contornadas em azul na imagem B) e medular (áreas contornadas em vermelho na

imagem B).

Avaliações densitométrica e histológica

As avaliações densitométricas e

histológicas foram realizadas aos 45 dias de

pós-operatório em cinco animais dos grupos

C-, BV e BV+CTM e aos 90 dias de pós-

operatório nos demais cinco animais dos

seguintes grupos C-, BV, BV+CTM e

CTM. Essas avaliações foram feitas

utilizando-se apenas os ossos rádios após

colheita e fixação em formalina tamponada

10%. Para isso os animais foram

submetidos à eutanásia por meio da

aplicação de xilazina (1mg/kg) e quetamina

(15mg/kg) na mesma seringa via

intramuscular, seguida da canulação da veia

cefálica e injeção de propofol até parada

cardiorrespiratória, seguida da injeção de 40

mL de cloreto de potássio via intravenosa.

Os rádios e ulnas direitos e esquerdos foram

dissecados, colhidos e fixados em formalina

tamponada 10% por 30 dias.

A avaliação densitométrica foi realizada no

Laboratório de Densitometria da Faculdade

de Medicina Veterinária da Universidade

Estadual Paulista “Júlio de Mesquita

Filho”, campus de Araçatuba, utilizando-se

um densitômetro de dupla emissão de raios-

x78

. A densidade mineral óssea (g/cm2) foi

mensurada na região correspondente às

falhas ósseas com incidência na projeção

médio-lateral. Os valores de densidade

obtidos de cada falha, de cada animal foram

convertidos em percentagem da densidade

óssea normal do rádio de cada animal,

considerada 100%. A densidade óssea

considerada normal foi obtida na região

78 Densitômetro DXA, modelo DPX-Alpha Lunar

76

correspondente aos defeitos tratados com o

autoenxerto (controle +).

A avaliação histológica e histomorfométrica

foi realizada no laboratório de

Histopatologia e Imunoistoquímica do

Departamento de Clínica e Cirurgia

Veterinárias da Escola de Veterinária da

UFMG. Os rádios e ulnas foram

transversalmente seccionados na altura dos

parafusos adjacentes à falha. O segmento

ósseo central, contendo a falha, foi

submetido ao protocolo de

desmineralização com solução aquosa de

ácido fórmico 50% v/v e citrato de sódio

9% p/v por 90 dias, sendo trocada a cada

quatro dias. Após esse período foi realizada

uma secção longitudinal do segmento ósseo

correspondente à falha e as metades foram

avaliadas macroscopicamente e processadas

pela técnica rotineira de inclusão em

parafina. Cortes histológicos de 5 μm foram

obtidos de cada bloco e corados pela

técnica da hematoxilina-eosina. As lâminas

foram avaliadas descritivamente por

microscopia óptica. A área de neoformação

óssea foi quantificada com o auxílio de uma

ocular micrométrica, contendo uma

gratícula com 121 pontos e com objetiva de

4 percorrendo-se toda a extensão do

defeito. A área de neoformação óssea foi

expressa em relação à área total do defeito

de cada animal. Também foi quantificado o

número de vasos por campo em 12 campos

tomados na área do defeito com objetiva de

20.

Análise estatística

Foi utilizado delineamento inteiramente

casualizado com controle positivo pareado.

Os dados não mensuráveis foram analisados

descritivamente. Os dados paramétricos

foram submetidos à análise de variância

(ANOVA) e as médias comparadas pelo

teste Student Newman Keuls (SNK)

utilizando o programa Graphpad Instat 379

.

Diferenças foram consideradas

significativas se p0,05 (Sampaio, 1998).

79 GraphPad Software Inc., San Diego, USA

Resultados

Avaliação da matriz porosa do biovidro

60S

A matriz do biovidro 60S apresentou

porosidade média de 97,46%, variando de

97,01 a 97,8%. A microscopia eletrônica

mostrou que a matriz apresentava poros

interconectados com diâmetro médio de

507µm variando de 300 a 700µm (Fig.3).

Figura 3. Micrografia de uma amostra da matriz

porosa do biovidro 60S obtida por microscopia

eletrônica de varredura. Observa a presença de

poros interconectados com diâmetro variado.

Avaliações clínica e radiográfica

Os animais adaptaram-se bem aos canis e

não apresentaram intercorrências clínicas

que pudessem comprometer os resultados

da pesquisa. Todos os cães foram capazes

de deambular 24 horas após a cirurgia e o

protocolo analgésico utilizado foi eficiente,

mantendo os animais sem sinais de dor no

período pós-operatório.

A avaliação radiográfica pré-operatória

possibilitou a escolha prévia das placas e

parafusos de dimensões adequadas para

cada animal, permitiu estimar previamente

a extensão do defeito ósseo e as dimensões

da matriz de biovidro para preenchimento

total do defeito. O cálculo prévio da área do

defeito possibilitou também definir a

quantidade de células tronco necessária

para cada animal.

A extensão do defeito de uma vez e meia o

diâmetro ósseo atingiu o objetivo proposto

de criação de defeitos ósseos críticos em

rádios de cães. Os controles negativos (C-)

77

mostraram preenchimento ósseo parcial da

falha de no máximo 56,68% sem a

formação de ponte óssea entre as

extremidades e os controles positivos (C+)

mostraram regeneração óssea completa em

todos os animais aos 90 dias (Fig.4).

Figura 4: Imagens radiográficas de defeitos ossos críticos em rádios de cães não tratados (controle

negativo – A) e tratados com osso autógeno (controle positivo – B), obtidas aos 90 dias de pós-operatório.

Observar na imagem A o defeito ósseo parcialmente preenchido com osso esponjoso sem a formação de

ponte óssea entre os fragmentos e na imagem B a completa regeneração óssea, com continuidade das

corticais e do canal medular.

As avaliações radiográficas pós-operatórias

permitiram o acompanhamento da

regeneração óssea e da evolução de

reabsorção da matriz porosa do biovidro

60S durante os 90 dias subsequentes a sua

implantação nos defeitos ósseos. A área

correspondente ao biomaterial mostrou

rápida reabsorção após sua implantação

com redução média de 12,62% e 13,17% a

cada 15 dias nos grupos BV e BV+CTM

respectivamente (Fig.5). O grupo BV+CTM

mostrou reabsorção do biovidro

estatisticamente inferior, aos 15 dias de

implantação, mas essa diferença não foi

observada nos demais tempos estudados

(Fig.5). A matriz porosa do biovidro 60S

foi completamente reabsorvida em 40% e

60% dos animais aos 90 dias nos grupos

BV e BV+CTM, respectivamente (Fig.6).

Figura 5: Percentagem média e desvio padrão da área de biomaterial em defeitos ósseos críticos em rádios

de cães, tratados com matriz porosa de biovidro 60S associada (BV+CTM) ou não (BV) às CTM-AD

diferenciadas, ao longo de 90 dias de avaliação pós-operatória (medidas obtidas radiograficamente).

*Representa diferença estatística (P<0,05).

78

Figura 6: Imagens radiográficas de defeitos ossos críticos em rádios de cães, tratados com matriz porosa

de biovidro 60S (A) e com a associação da matriz porosa de biovidro 60S à CTM-AD diferenciadas (B),

obtidas aos 90 dias de pós-operatório. Observar a ausência de biovidro na região correspondente ao

defeito ósseo em ambos os casos.

Houve um preenchimento progressivo do

defeito, com crescimento ósseo das

extremidades em direção ao centro do

defeito ósseo até o 75o

dia e uma

subsequente redução da área de

preenchimento ósseo no período seguinte

(90 dias), em todos os grupos estudados,

(Fig.7).

Figura 7: Percentagem média e desvio padrão da área de preenchimento ósseo em defeitos críticos de

rádios de cães, não tratados (C-) e tratados com CTM-AD diferenciadas (CTM), matriz porosa de

biovidro 60S (BV), matriz porosa de biovidro 60S associada à CTM-AD diferenciadas (BV+CTM) e osso

autógeno (C+), ao longo de 90 dias de avaliação pós-operatória (medidas obtidas radiograficamente).

Os defeitos tratados com CTM, BV e

BV+CTM mostraram um crescimento

ósseo das extremidades em direção ao

centro do defeito ósseo com preenchimento

parcial de no máximo 63,72%, 52,41% e

35,23% respectivamente e não houve a

formação de ponte óssea entre os

fragmentos em nenhum dos animais durante

os 90 dias de avaliação (Fig.8).

79

Figura 8: Imagens radiográficas de defeitos ossos críticos em rádios de cães, tratados com CTM-AD

diferenciadas (A), matriz porosa de biovidro 60S (B) e matriz porosa de biovidro 60S associada à CTM-

AD diferenciadas (C), obtidas aos 90 dias de pós-operatório. Observar em todas as imagens o

preenchimento parcial do defeito com osso esponjoso das extremidades em direção ao centro e nas

imagens B e C, fragmentos de biomaterial no centro dos defeitos.

As áreas de preenchimento ósseo nos

grupos CTM, BV e BV+CTM foram

significativamente inferiores ao controle

positivo (C+) em todos os tempos

estudados (Fig.9). Os grupos CTM e BV

mostraram área de preenchimento ósseo

semelhante ao controle negativo (C-) em

todos os tempos estudados (Fig.9). O grupo

BV+CTM mostrou valores de

preenchimento ósseo inferiores aos demais

grupos aos 15 e 30 dias, sua área de

preenchimento também foi inferior aos

grupos C- e CTM aos 30 e 45 dias e ao

grupo C- aos 60 e 90 dias de pós-operatório

(Fig.9).

Figura 9: Percentagem média e desvio padrão da área de preenchimento ósseo em defeitos críticos em

rádios de cães, não tratados (C-) e tratados com CTM-AD diferenciadas (CTM), matriz porosa de

biovidro 60S (BV), matriz porosa de biovidro 60S associada à CTM-AD diferenciadas (BV+CTM) e osso

autógeno (C+), ao longo de 90 dias de avaliação pós-operatória (medidas obtidas radiograficamente).

*Representa diferença estatística (P<0,05).

80

Os controles positivos se regeneram de

forma indireta, com a formação de

pequenos calos periosteais, medulares e

intercorticais, com completa consolidação

óssea aos 90 dias em100% dos animais. As

frequências de observação de reação

periosteal, medular e intercortical e da

continuidade cortical e medular, em cada

tempo, estão apresentadas na tabela 1 e a

dinâmica de crescimento e regressão dos

calos na figura 10.

Tabela 1: Frequências de ocorrência de reação periosteal, calos periosteal, medular e intercortical e de

continuidade cortical e medular em defeitos ósseos críticos em rádios de cães tratados com osso autógeno,

observadas aos 0, 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias de pós operatório.

Dias

0 15 30 45 60 75 90

Reação periosteal proximal

0% 64,29% 25% 0% 0% 0% 0%

Reação periosteal distal

0% 50% 28,57% 0% 0% 0% 0%

Calo periosteal proximal

0% 3,57% 67,86% 71,43% 31,25% 25% 6,25%

Calo periosteal distal

0% 3,57% 57,14% 60,71% 50% 18,75% 0%

Calo medular proximal

0% 14,29% 85,71% 82,14% 43,75% 31,25% 6,25%

Calo medular distal

0% 10,71% 92,86% 82,14% 62,5% 43,75% 6,25%

Calo intercortical proximal

adjacente à ulna

0% 0% 50% 85,71% 100% 100% 100%

Calo intercortical proximal

adjacente à placa

0% 0% 35,71% 82,14% 100% 100% 100%

Calo intercortical distal

adjacente à ulna

0% 0% 53,57% 89,29% 100% 100% 100%

Calo intercortical distal

adjacente à placa

0% 0% 35,71% 85,71% 100% 100% 100%

Continuidade cortical

proximal adjacente à ulna

0% 0% 7,14% 10,71% 43,75% 75% 100%

Continuidade cortical

proximal adjacente à placa

0% 0% 0% 3,57% 31,25% 56,25% 100%

Continuidade cortical distal

adjacente à ulna

0% 0% 0% 7,14% 50% 68,75% 100%

Continuidade cortical distal

adjacente à placa

0% 0% 0% 0% 37,5% 62,5% 100%

Continuidade medular

proximal

0% 0% 0% 10,71% 56,25% 68,75% 93,75

%

Continuidade medular distal 0% 0% 0% 25% 43,75% 62,5% 100%

81

Figura 10: Percentagem média e desvio padrão da área dos calos periosteais e medulares adjacentes às

linhas de osteotomia distal e proximal de defeitos ósseos críticos em rádios de cães tratados com osso

autógeno (C+), ao longo de 90 dias de avaliação pós-operatória.

Avaliação densitométrica

Todos os grupos apresentaram menor

densidade na região do defeito ósseo em

relação aos controles positivo (C+), aos 45

e 90 dias (Fig.11). Aos 45 dias, os grupos

BV e BV+CTM mostraram densidade

semelhante entre si e superiores ao grupo

controle negativo (C-) e aos 90 dias,

nenhuma diferença foi observada entre os

grupos C-, CTM, BV e BV+CTM (Fig.11).

Figura 11: Densidade média e desvio padrão de defeitos ósseos críticos em rádios de cães, não tratados

(C-) e tratados com CTM-AD diferenciadas (CTM), matriz porosa de biovidro 60S (BV), matriz porosa

de biovidro 60S associada à CTM-AD diferenciadas (BV+CTM) e osso autógeno (C+), aos 45 e 90 dias

de pós-operatório. A densidade está expressa em percentagem relação à densidade normal do rádio de

cada animal. *Representa diferença estatística (P<0,05).

Avaliação macroscópica

A avaliação macroscópica dos fragmentos

ósseos desmineralizados, após secção

longitudinal revelou o preenchimento

parcial dos defeitos com tecido ósseo

esponjoso, com crescimento das

extremidades ósseas em direção ao centro,

nos grupos C-, CTM, BV e BV+CTM aos

45 e 90 dias (Fig.12). Nos grupos BV e

BV+CTM foi possível observar parte da

matriz porosa do biovidro 60S no centro do

defeito ósseo, envolvida por tecido mole,

aparentemente conjuntivo (Fig.12). Não foi

82

possível observar a presença do biomaterial

em 40% e 60% das amostras dos grupos

BV e BV+CTM respectivamente (Fig.12).

Verificou-se nas amostras do controle

positivo, aos 45 dias, a formação de calos

periosteais, medulares e intercorticais

(Fig.12). Aos 90 dias, observou-se

continuidade cortical e medular no

segmento correspondente ao defeito ósseo

(Fig.12).

Figura 12: Fragmentos ósseos correspondentes a defeitos ósseos críticos em rádios de cães, não tratados (A1 e A2) e tratados com

matriz porosa de biovidro 60S (B1 e B2), matriz porosa de biovidro associada à CTM-AD diferenciadas (C1 e C2), osso autógeno (D1 e D2) e CTM-AD diferenciadas (E), aos 45 (A1, B1, C1 e D1) e 90 (A2, B2, C2, D2 e E) dias de pós-operatório. Notar nas

imagens A1, A2, B1, B2, C1, C2 e E, o preenchimento parcial do defeito com ósseo esponjoso das extremidades em direção ao

centro (regiões com asteriscos vermelhos); nas imagens B1, C1 e C2, a matriz porosa do biovidro no centro do defeito ósseo envolvida por tecido mole (regiões com estrelas verdes); na imagem B2, ausência de biomaterial no centro do defeito; na imagem

D1, os calos periosteais (apontados pelas setas vermelhas), os calos medulares (nas regiões com asterisco azul), a presença de calo intercortical na área circulada em vermelho e a ausência na área circulada em preto; e na imagem D2, a continuidade das corticais e

da medular.

83

Avaliação histológica e

histomorfométrica

A avaliação histológica dos grupos controle

negativo (C-), biovidro (BV), biovidro mais

células (BV+CTM) e célula (CTM),

mostrou neoformação óssea das

extremidades do defeito em direção ao

centro, sem união entre elas. O osso

neoformado em todos os defeitos dos

grupos C-, BV, BV+CTM e CTM foi

esponjoso, com trabéculas espessas

predominantemente recobertas por

osteoblastos volumosos. Verificou-se

também uma predominância de osteócitos

ativos em lacunas alargadas (Fig.13). Aos

45 dias, observou-se resquícios de tecido

cartilaginoso em meio ao osso neoformando

em todos os defeitos do grupo controle

negativo.

Verificou-se, pela avaliação

histomorfométrica, aos 45 e 90 dias, que as

áreas de neoformação óssea nos grupos

CTM, BV e BV+CTM foram

significativamente inferiores ao controle

positivo (Fig.14). Os grupos C-, BV e CTM

mostraram área de neoformação óssea

semelhante, aos 45 e 90 dias. O grupo

BV+CTM mostrou menor área de

neoformação óssea que o controle negativo

(C-) em todos os tempos estudados

(Fig.14).

Figura 13: Micrografia do osso neoformado nas extremidades de defeitos ósseos críticos em rádios de

cães, não tratados (A) e tratados com matriz porosa de biovidro 60S (B), matriz porosa de biovidro 60S

associada à CTM-AD diferenciadas (C) e CTM-AD diferenciadas (D). Observar que o osso neoformado é

trabecular, com trabéculas espessas predominantemente recobertas por osteoblastos ativos. Hematoxilina

eosina. Barra = 93µm.

84

Figura 14: Percentagem média e desvio padrão da área de neoformação óssea em defeitos críticos em

rádios de cães, não tratados (C-) e tratados com CTM-AD diferenciadas (CTM), matriz porosa de

biovidro 60S (BV), matriz porosa de biovidro 60S associada à CTM-AD diferenciadas (BV+CTM) e osso

autógeno (C+), aos 45 e 90 dias de avaliação pós-operatória (medidas obtidas por histomorfometria).

*Representa diferença estatística (P<0,05).

Verificou-se, que o centro dos defeitos dos

grupos C- e CTM era formado por tecido

conjuntivo fibroso desorganizado, mas nos

defeitos do grupo CTM o tecido conjuntivo

era menos denso, haviam agrupamentos

celulares com características de endotélio

vascular e a neovascularização era muito

mais intensa que no grupo C- (Fig.15).

O centro dos defeitos dos grupos (BV e

BV+CTM) era formado pela matriz do

biovidro 60S com tecido conjuntivo no

interior dos poros e em torno da matriz

(Fig.15). Foi observada a presença de um

tecido semelhante ao mixomatoso em

algumas áreas dos defeitos do grupo

BV+CTM, em outras, verificou-se a

presença de aglomerados de células

semelhantes às endoteliais e a

neovascularização. Verificou-se, aos 90

dias, maior neovascularização nos grupos

CTM e BV+CTM em relação aos grupos

controle negativo e BV, respectivamente

(Fig. 16).

85

Figura 15: Micrografia do centro de defeitos ósseos críticos em rádios de cães, não tratados (A) e tratados

com CTM-AD diferenciadas (B), matriz porosa do biovidro 60S (C), matriz porosa do biovidro 60S

associada à CTM-AD diferenciadas (D), 90 dias após a cirurgia. Observar em todas as imagens a

presença de tecido conjuntivo fibroso e a ausência de tecido ósseo. Hematoxilina eosina. Barra = 93µm.

Figura 16: Percentagem média e desvio padrão do número de vasos por campo no centro de defeitos

críticos em rádios de cães, não tratados (C-) e tratados com CTM-AD diferenciadas (CTM), matriz porosa

de biovidro 60S (BV), matriz porosa de biovidro 60S associada à CTM-AD diferenciadas (BV+CTM) e

osso autógeno (C+), aos 45 e 90 dias de avaliação pós-operatória (medidas obtidas por histomorfometria).

*Representa diferença estatística (P<0,05).

86

Observou-se uma significativa redução na

quantidade da matriz do biovidro dos 45

para os 90 dias de avaliação nos grupos que

receberam o biomaterial (Fig.17). Aos 90

dias de avaliação foram observados apenas

resquícios na matriz do biovidro, em dois

(40%) defeitos do grupo BV e três do

BV+CTM. Raras células gigantes

multinucleadas foram observadas próximas

a matriz do biovidro nos grupos BV e

BV+CTM.

Figura 17: Percentagem média e desvio padrão da área de biomaterial no centro de defeitos críticos em

rádios de cães, tratados com matriz porosa de biovidro 60S (BV) e matriz porosa de biovidro 60S

associada à CTM-AD diferenciadas (BV+CTM), aos 45 e 90 dias de avaliação pós-operatória (medidas

obtidas por histomorfometria). *Representa diferença estatística (P<0,05).

Não foi observada neoformação óssea no

centro dos defeitos em nenhum dos grupos

C-, BV, BV+CTM e CTM. Também não

foi observada a presença de infiltrado

inflamatório em nenhum dos defeitos de

todos os grupos.

Verificou-se predomínio da regeneração

óssea endocondral nos defeitos tratados

com o osso autógeno (C+), incompleta aos

45 dias e completa aos 90. A regeneração

óssea da cortical adjacente à placa ocorreu

predominantemente via endosteal (região

medular) e da cortical oposta

predominantemente periosteal (calo

periosteal) e com maior volume de osso

neoformado. Observou-se algumas áreas

com lacunas vazias na matriz óssea do

segmento utilizado para o preenchimento da

falha, principalmente na cortical adjacente a

placa.

Discussão

Para o emprego clínico de uma nova terapia

para regeneração óssea é necessário o

estudo experimental prévio em indivíduos

preferencialmente, da mesma espécie em

que será utilizada, uma vez que a resposta

biológica pode variar de acordo com a

espécie não permitindo extrapolação

fidedigna de uma espécie para outra, razão

para a seleção do cão como modelo

experimental. O cão é uma espécie muito

utilizada em estudos de regeneração de

defeitos ósseos críticos (Bruder et al.,

1998; Arinzeh et al., 2003; Hu et al., 2003;

Brodke et al., 2006; Wu et al., 2006; Cui et

al., 2007; He et al., 2007; Yuan et al., 2007;

Zhao et al., 2009; Yuan et al., 2010; Liu et

al., 2013) e é considerado um bom modelo

para estudos pré clínicos quando se propõe

aplicar as técnicas em pacientes humanos

87

(Gugala et al., 2007; Reichert et al., 2009).

Entretanto, outras espécies como o coelho

(Wan et al., 2006; Nather et al., 2010), a

cabra (Liu et al., 2008; Zhu et al., 2010), a

ovelha (Kon et al., 2000; Viateau et al.,

2007) e o rato são também utilizadas em

estudos de regeneração óssea (Levi et al.,

2010).

A metodologia de estudo deve reproduzir o

mais fielmente possível o problema clínico

a ser tratado, razão da seleção do estudo

com defeitos ósseos críticos em rádio de

cães. A maioria dos estudos trabalharam

com modelos de defeitos ósseos críticos em

fêmur (Bruder et al., 1998; Arinzeh et al.,

2003; Brodke et al., 2006), mandíbula (Wu

et al., 2006; He et al., 2007; Yuan et al.,

2007; Zhao et al., 2009; Yuan et al., 2010) e

crânio (Cui et al., 2007; Liu et al., 2013) de

cães, mas o uso do osso rádio como no

presente estudo, reproduz mais

fidedignamente o maior problema da

prática clínica, que é a não união óssea em

rádio de cães, correspondendo, segundo

Millis e Jackson (2003) a 40,6% dos casos

de não união em cães. Essa maior

propensão a não união de fratura de rádio e

ulna está associada principalmente ao

menor suprimento vascular na metáfise

distal de rádios de cães de pequenos porte

(Welch et al., 1997; Jackson e Pacchiana,

2004) e à pequena cobertura muscular do

osso rádio, que prejudicam o aporte

vascular para a região óssea fraturada e

aumenta o risco de problemas na

consolidação óssea (Millis e Jackson, 2003;

Jackson e Pacchiana, 2004; Johnson et al.,

2005).

O preenchimento parcial dos defeitos

ósseos observado aos 90 dias de pós

operatório no grupo controle negativo (C-)

(Fig.4, 7, 9, 12 e 14) comprova que a

extensão do defeito ósseo foi suficiente para

causar um defeito crítico, que necessita de

suporte para regeneração (Drosse et al.,

2008; Reichert et al., 2009, ASTM 2010) e

valida portanto, a metodologia utilizada.

Segundo Millis e Jackson (2003) e a ASTM

(2010) um segmento de defeito ósseo uma

vez e meia o diâmetro diafisário excede a

capacidade regenerativa do osso em cães

com maturidade esquelética e resulta em

não união. Outros pesquisadores, no

entanto, consideram defeitos ósseos críticos

aqueles com extensões iguais ou superiores

a duas ou duas vezes e meia o maior

diâmetro do osso (Gugala, et al., 2007;

Reichert et al., 2009)

A completa regeneração óssea observada

aos 90 dias de pós operatório em todos os

defeitos tratados com o autoenxerto (grupo

C+) (Fig.4, 7, 9 e 12) mostra que todos os

animais apresentaram capacidade de

regeneração óssea normal e que a técnica de

estabilização óssea foi adequada. A fixação

óssea inadequada é uma das principais

causas de problemas na consolidação óssea

(Piermattei et al., 2006) e a causa mais

frequente de não união de fraturas em

pequenos animais (Millis e Jackson, 2003;

Jackson e Pacchiana, 2004; Johnson et al.,

2005). É necessário portanto, garantir uma

estabilização óssea adequada quando se

estuda novas terapias e biomateriais para

substituição óssea. O excesso de

instabilidade no foco de fratura pode levar a

não regeneração óssea mesmo que o

biomaterial ou a terapia apresentem as

melhores características para promoção da

cura.

A maior densidade observada aos 45 dias

de pós operatório nos grupos tratados com a

matriz porosa do biovidro 60S, associada

ou não às CTM (grupo BV e BV+CTM) em

relação ao grupo controle negativo (C-)

(Fig.11) se deve à maior densidade do

biomaterial em relação aos tecidos moles,

uma vez que radiográfica e

histologicamente não foi observada

superioridade desses grupos (BV e

BV+CTM) em relação ao controle

negativo, quanto à regeneração ósseo no

defeito (Fig.7, 9, 12 e 14). Além disso, a

semelhança nos resultados da avaliação

densitométrica dos grupos C-, BV,

BV+CTM e CTM, aos 90 dias de pós

operatório (Fig.11), sugere semelhança no

processo de regeneração óssea nesses

grupos. É valido ressaltar que nesse período

(90 dias) a maior parte da matriz do

biovidro 60S já havia sido reabsorvida

(Fig.5, 12 e 17) pelo organismo, reduzindo

assim a densidade da área do defeito

(Fig.11). A densitometria óssea é uma

técnica que permite avaliação da massa

mineral óssea de forma precisa e não

invasiva, sendo muito utilizada para

diagnóstico e acompanhamento e doenças

osteopênicas e na quantificação da massa

mineral óssea em estudos de novas terapias

88

para regeneração óssea (Louzada et al.,

1990; Almeida Paz e Bruno, 2006). No

entanto, quando se estuda biomateriais

como cerâmicas para o tratamento de

defeitos ósseos, a avaliação densitométrica

não é capaz de diferenciar o aumento de

densidade devido à regeneração óssea

daquele decorrente do preenchimento da

falha com o biomaterial, logo, a

interpretação dos resultados deve ser feita

com cautela, considerando esse fato.

A regeneração óssea incompleta com

preenchimento parcial dos defeitos

observada nos grupos BV e BV+CTM

(Fig.7, 8, 9, 12 e 14) mostra que nenhum

desses tratamentos foi eficiente na

regeneração de defeitos ósseos críticos de

rádios de cães. Acredita-se que a rápida

reabsorção da matriz porosa do biovidro

60S seja a principal causa de insucesso dos

tratamentos BV e BV+CTM pois, se a taxa

de reabsorção do biomaterial for superior a

taxa de neoformação óssea ocorrerá a

formação de uma lacuna entre o osso e o

biomaterial impedindo assim a

osteocondução e a completa regeneração do

defeito. Essa lacuna entre o biomaterial e

osso é na maioria das vezes preenchida por

tecido conjuntivo como o relatado em

estudos semelhantes com outros

biomateriais (Hu et al., 2003; Wu et al.,

2006; Zhu et al., 2006; Yuan et al., 2007;

Liu et al., 2008) e verificado

histologicamente neste trabalho. Em um

estudo prévio com esse mesmo biomaterial

no tratamento de pequenos defeitos em osso

alveolar de mandíbulas de cães, o biovidro

60S favoreceu a regeneração óssea sem a

formação de tecido conjuntivo na interfase

osso implante (Dutra et al., 2008). Acredita-

se que essa divergência de resultados esteja

diretamente relacionada à extensão do

defeito que foi muito superior no presente

estudo e com o tipo e localização do

defeito, que no presente estudo foi crítico

em um segmento completo de osso longo

composto principalmente por osso

osteônico que apresenta capacidade

regenerativa inferior ao osso trabecular de

defeitos alveolares em mandíbulas.

A alta porosidade das matrizes e o baixo

grau de organização das moléculas

(material amorfo) do biovidro 60S (Fig.3)

são características que lhe conferem alta

taxa de reabsorção após sua implantação no

organismo, o que pode justificar o

insucesso nos tratamento BV e BV+CTM.

Quando se considera a composição

química, os biovidros são os biomaterias

que apresentam a maior taxa de reabsorção

dentre todas as biocerâmicas (Pereira et al.,

2006). O grau de organização das

moléculas, também denominado

cristalinidade, interfere na taxa de

dissolução e reabsorção das biocerâmicas,

sendo que quanto maior a cristalinidade das

amostras menor será sua taxa de reabsorção

após implantação no organismo (Hoppe et

al., 2011). As características

microestruturais da matriz como porosidade

e interconectividade dos poros também

influenciam a taxa de reabsorção. Quanto

mais porosa e interconectada a matriz,

menor a densidade e maior a área

superficial sujeita a ação dos líquidos

intersticiais e células, o que ocasiona maior

taxa de reabsorção (Rahaman et al., 2011).

Além disso, as características do

microambiente de implantação como aporte

vascular, aumento de pH, presença de

edema e aumento de temperatura local

podem acelerar a reabsorção das cerâmicas

(Chai et al., 2012).

Por outro lado, a alta porosidade (97%) e o

amplo diâmetro dos poros (350 a 750µm)

interconectados observados nas matrizes

dos biovidro 60S facilitam sua colonização

e neovascularização como observado

histologicamente. O tamanho dos poros da

cerâmica deve ser semelhantes ao do osso

esponjoso (Watson, 2005) para permitir a

invasão vascular, colonização celular e

substituição por tecido ósseo (Geissler,

2006). Chen et al., (2001) recomendam um

diâmetro maior que 100-150µm e Geissler

(2006) cita que o diâmetro dos poros deve

variar entre 150 e 500µm, mas salienta que

poros muito amplos podem enfraquecer a

matriz. De Long Jr. et al (2007) relatam que

o tamanho ideal dos poros deve ser de 300 a

500µm, pois permite maior colonização do

implante. Tão importante quanto o diâmetro

dos poros, é a presença de

interconectividade entre eles (Chen et al.,

2001; Watson, 2005; Geissler, 2006; Vallet-

Regí, 2006; De Long Jr. et al 2007), pois

isso influencia diretamente na tensão de

oxigênio, fator de importância relevante na

diferenciação das células tronco

mesenquimais em células osteoprogenitoras

89

e dessas em osteoblastos (Chung et al.,

2012). Ao estudar a colonização e

diferenciação de células tronco

mesenquimais em matrizes de

hidroxiapatita, Mygind et al. (2007)

observaram maior colonização nas amostras

com poro de diâmetro médio de 500µm e

maior diferenciação celular nas amostras

com diâmetro de 200µm.

Embora a associação das CTM-AD

diferenciadas com a matriz porosa do

biovidro 60S não tenha aumentado a

osteogênese no presente trabalho (Fig.7, 9,

12 e 14), essa é uma prática que comumente

favorece a regeneração óssea, fato já

mostrado em outros estudos semelhantes

com matrizes produzidas a partir de outros

biomaterias de reabsorção mais lenta que o

biovidro 60S como os corais (Zhu et al.,

2006; Cui et al., 2007; Viateau et al., 2007;

Yuan et al., 2010; Zhu et al., 2010; Liu et

al., 2013), os fosfatos tricálcicos (TCP)

(Wu et al., 2006; Yuan et al., 2007; He et

al., 2007; Liu et al., 2008), os fosfatos

bifásicos (TCP/HA) (Bruder et al., 1998;

Arinzeh et al., 2003; Kok et al., 2003), as

hidroxiapatitas (HA) (Kon et al., 2000;

Zhao et al., 2009) e os compósito de

cerâmicas com polímeros (Mylonas et al.,

2007; Levi et al., 2010; Belocio et al.,

2012). A presença de células

osteoprogenitoras e CTM capazes de se

transformar em células ósseas é

provavelmente, o fator que mais contribui

para o aumento da atividade osteogênica e

consequentemente, para a reparação de uma

lesão óssea. Quando CTM são adicionadas

em um sítio de lesão óssea, elas podem se

diferenciar em osteoblastos e aumentar a

síntese de matriz óssea (Arinzeh et al.,

2005; Bielby et al., 2007; Mizuno, 2009).

Por outro lado, as CTM possuem a

capacidade de se diferenciar em qualquer

célula de origem mesenquimal como

tenócitos, mioblastos, adipócidos e

condrócitos (Pittenger et al., 1999;

Shenfield et al., 2002). Para maximizar sua

diferenciação osteogênica recomenda-se

diferencia-las “in vitro” antes da sua

utilização clínica (Yamada et al., 2003;

Boo et al., 2004; Wu et al., 2006; Zhu et

al., 2006; Cui et al., 2007; He et al., 2007;

Yoon et al., 2007; Yuan et al., 2007;

Viateau et al., 2007; Liu et al., 2008; Liao

et al., 2009; Zhao et al., 2009; Yuan et al.,

2010; Belocio et al., 2012; Liu et al., 2013),

assim como o realizado no presente estudo.

Outras técnicas podem também ser

utilizadas como associação a BMPs (Jeon et

al., 2008; Levi et al., 2010; Zhu et al.,

2010), a matriz óssea desmineralizada

(Mauney et al., 2004; Brodke et al., 2006)

e a qualquer outro tipo de biomaterial

osteoindutor (Habibovic et al., 2006;

Tsigkou et al., 2009; Hopp et al., 2011; Lin

e Sun, 2011).

Outra questão ainda controversa refere-se à

melhor forma de colonização das matrizes.

Alguns estudos recomendam a colonização

“in vivo” (Bruder et al., 1998; Kon et al.,

2000; Arinzeh et al., 2003; Kok et al., 2003;

Mauney et al., 2004; Arinzeh et al., 2005;

Wan et al., 2006; Wu et al., 2006; He et al.,

2007; Mylonas et al., 2007; Yuan et al.,

2007; Liao et al., 2009; Zhao et al., 2009;

Levi et al., 2010; Yuan et al., 2010), assim

como o proposto no presente estudo. Nesse

tipo de colonização as CTM são semeadas

na matriz de biomaterial e ambas

implantadas no organismo, ou seja, a

colonização da matriz ocorre após sua

implantação no organismo. A colonização

“in vivo” tem a vantagem de ser uma

técnica de utilização imediata, pois não é

necessário o cultivo da matriz “in vitro”

antes da implantação, possibilitando assim

sua utilização em pacientes que necessitam

de cirurgias emergenciais. Outros estudos

sugerem a colonização “in vitro” (Yamada

et al., 2003; Boo et al., 2004; Zhu et al.,

2006; Cui et al., 2007; Yoon et al., 2007;

Viateau et al., 2007; Jeon et al., 2008; Liu

et al., 2008; Zhu et al., 2010; Belocio et al.,

2012; Liu et al., 2013). As CTM são

semeadas na matriz de biomaterial e

cultivadas em estufa antes da sua

implantação, garantindo a completa

colonização da matriz antes de seu

emprego. No entanto, isso não garante a

sobrevivência e atividade dessas células

após sua implantação no organismo

principalmente quando se trabalha com

matrizes grandes onde as células do centro

da matriz são pouco nutridas devido a

distância física dos vasos sanguíneos,

principalmente nos primeiros dias após a

implantação quando ainda não existe

vascularização do interior da matriz. Além

disso, há dificuldade na colonização interna

de grandes matrizes “in vitro” devido a

90

problemas relacionados com a semeadura e

nutrição das células no centro da matriz

(Korossis et al., 2005; Silva et al., 2013).

Algumas técnicas utilizando centrifugação

(Belocio et al., 2012) e vácuo (Bruder et

al., 1998; Arinzeh et al., 2003; Arinzeh et

al., 2005) tem sido propostas para sanar a

dificuldade da semeadura interna das CTM

e a utilização de biorreatores para melhorar

a perfusão interna das matrizes durante seu

cultivo “in vitro” (Korrossis et al., 2005;

Silva et al., 2013).

Embora não se tenha observado nenhum

indício histológico de rejeição das CTM-

AD, a ineficiência na regeneração óssea

observada nos grupos tratados com essas

células (CTM e BV+CTM) pode estar

relacionada com a utilização de células

alógenas, pois células estranhas ao

organismo podem incitar uma resposta

imunológica prejudicando a regeneração

óssea (Kraus e Kirker-Head, 2006; Mosna

et al., 2010; Strioga et al., 2012). No

entanto, estudos já mostraram que as CTM

alogênicas diferenciadas ou não, possuem a

capacidade de imunomodulação (Niermeyer

et al., 2007) e não são rejeitadas quando

implantadas em indivíduos

imunologicamente compatíveis (Arinzeh et

al., 2003; Kok et al., 2003; Cui et al., 2007;

Mylonas et al., 2007). Estudos mostraram

também sucesso com a utilização de CTM

alogênicas para regeneração óssea (Arinzeh

et al., 2003; Kok et al., 2003; Wan et al.,

2006; Cui et al., 2007; Mylonas et al., 2007;

Belocio et al., 2012). A utilização

terapêutica de CTM alogênicas, assim como

o realizado no presente estudo, apresenta

vantagens em relação à utilização de CTM

autógenas, pois quando se trabalha com

CTM alogênicas é possível a criação de

bancos de células criopreservadas (Kok et

al., 2003; Martinello et al., 2011; Spencer et

al., 2012) o que permite sua pronta

utilização clínica em casos emergenciais

(Kraus e Kirker-Head, 2006). Além disso,

pode-se selecionar doadores jovens em

perfeitas condições de saúde o que propicia

o isolamento de CTM com alto potencial

regenerativo, permitindo assim sua

utilização terapêutica em pacientes

geriátricos e com outras condições que

podem afetar o potencial regenerativo das

CTM autógenas como a presença de

doenças genéticas.

A quantidade das células utilizadas é outro

fator que pode ter contribuído para o

insucesso dos tratamentos que utilizaram as

CTM-AD (CTM e BV+CTM).

Teoricamente quanto maior o número de

células utilizado, maior será a produção de

matriz e melhor será a regeneração óssea,

entretanto, quanto maior o número de

células maior o tempo necessário para

expandi-las “in vitro” antes da sua

utilização terapêutica e com isso maior o

tempo para se realizar o tratamento. Por

isso a necessidade de se descobrir o número

mínimo de células por volume de defeito

ósseo capaz de promover um resultado

efetivo quanto a regeneração óssea. A

maioria dos estudos mostram sucesso com a

semeadura de quantidades da ordem de 106

CTM/cm3 de defeito (Bruder et al., 1998;

Kon et al., 2000; Arinzeh et al., 2003; Kok

et al., 2003; Boo et al., 2004; Mauney et

al., 2004; Arinzeh et al., 2005; Wan et al.,

2006; Zhu et al., 2006; He et al., 2007;

Mylonas et al., 2007; Liu et al., 2008;

Nather et al., 2010; Zhu et al., 2010), assim

como o utilizado no presente estudo. Outros

sugerem quantidades menores da ordem de

105

CTM/cm3 de defeito (Viateau et al.,

2007; Yoon et al., 2007; Levi et al., 2010;

Belocio et al., 2012), mas existem também

aqueles que recomendam quantidades

maiores da ordem de 107

CTM/cm3

(Yamada et al., 2003; Cui et al., 2007;

Yuan et al., 2007; Liao et al., 2009; Zhao et

al., 2009; Yuan et al., 2010; Liu et al.,

2013) e 108

CTM/cm3 para uma efetiva

regeneração óssea (Wu et al., 2006).

A diferenciação osteogênica das CTM-AD

por 21 dias antes da sua utilização no

tratamento dos defeitos ósseos foi

previamente definida com base nos

resultados obtidos no capítulo 3 da presente

tese que mostram maior osteogênese “in

vitro” nesse período. No entanto, vários

outros tempos de diferenciação, como cinco

(He et al., 2007), sete (Zhu et al., 2006;

Yuan et al., 2007; Liu et al., 2008; Yuan et

al., 2010; Liu et al., 2013), 10 (Cui et al.,

2007; Viateau et al., 2007; Liao et al.,

2009), 14 (Yoon et al., 2007; Zhao et al.,

2009) e 20 dias, tem sido empregados com

sucesso na regeneração óssea (Yamada et

al., 2003; Boo et al., 2004). Mas

recentemente um estudo mostrou que as

CTM indiferenciadas e em estágio inicial de

91

diferenciação (sete a 14 dias) são mais

eficientes na regeneração óssea do que

células em estágio final de diferenciação

(21 dias) (Belocio et al., 2012), o que pode

justificar a ineficiência das CTM-AD na

regeneração óssea observada no presente

estudo.

Conclusão

Nas condições em que foi realizado esse

estudo pode-se afirmar que:

A matriz porosa do biovidro 60S associada

ao não as CTM-AD diferenciadas não é

eficiente no tratamento de defeitos ósseos

críticos no rádio de cães adultos.

As células tronco mesenquimais de origem

adiposa favorecerem a neovascularização

de defeitos ósseos críticos no rádio de cães

adultos.

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