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CENÁRIOS ECONÔMICOS
4º EPECOOP, LAJEADO, 08.10.2015
ANTONIO CARLOS C. FRAQUELLI (Livramento, RS, 31.08.1944) Economista (1966) CREP 1108 e Advogado (1973) OAB 8031
Professor aposentado da UFRGS (1967-1996)
Economista aposentado da FEE (1973-2012)
Fone (51) 8144-5158
antoniocarlosfraquelli.com (blog)
www.twitter.com/accfraquelli (twitter)
[email protected] (e-mail)
OBSERVAÇÃO INICIAL
O conteúdo apresentado a seguir e o detalhamento
sucinto do cenário esperado com informações disponíveis
até o dia 07 de outubro de 2015.
Antecedentes
Observando o comportamento das economias avançadas na
década passada, percebe-se que elas conviveram com a crise da
Nova Economia (EUA) no ano 2000 – empresas pontocom na
bolha da Internet –, cuja recuperação ocorreu em 2003.
Posteriormente, houve um período de intenso crescimento (2004-
07) oportunidade em que a economia mundial avançou, em média,
a taxa de 5,0% ao ano.
Depois, as economias avançadas conviveram com uma crise
iniciada em 2007-08 e que levou à recessão mundial de 2009.
Por fim, o foco da crise migrou das economias avançadas para as
economias emergentes.
A CRISE DAS SUBPRIMES
A crise das hipotecas de alto risco (subprimes) iniciou em 2007. Em 16
de março de 2008 o avanço da instabilidade implicou na venda do
banco de investimentos Bear Stearns – detentor de volumes
expressivos de títulos lastreados em hipotecas - para o J.P.Morgan ao
preço de US$ 236 milhões, ou seja, 10% do valor de mercado.
Logo a seguir, em 7 de setembro do mesmo ano, houve as
intervenções na Federal National Mortgage Association (Fannie Mae) e
na Federal Home Loan Mortgage Corporation (Freddie Mac),
responsáveis por 50% do mercado hipotecário norte-americano.
Uma semana depois, em 15 de setembro de 2008, houve o pedido de
concordata do Lehman Brothers Holding Inc em razão dos ativos
tóxicos que o banco de investimento detinha em sua carteira.
No dia 20 do mesmo mês o Banco Barclays da Grã Bretanha viu
homologada a sua proposta para adquirir o Lehman Brothers.
OS NÚMEROS DO PERÍODOTabela 1 Crescimento do PIB real 2007-2014
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
MUND
Avanç
adas
EUA
Zona
Euro
Japão
Emerg
entes
Rússia
Índia
China
África
do Sul
5,7
2,8
1,8
3,0
2,2
8,7
8,5
9,8
14,2
5,4
3,1
0,2
-0,3
0,5
-1,0
5,8
5,2
3,9
9,6
3,2
0,0
-3,4
-2,8
-4,5
-5,5
3,1
-7,8
8,5
9,2
-1,5
5,4
3,1
2,5
2,0
4,7
7,4
4,5
10,3
10,4
3,0
4,2
1,6
1,6
1,6
-0,5
6,2
4,3
6,6
9,3
3,2
3,4
1,2
2,3
-0,8
1,8
5,2
3,4
5,1
7,8
2,2
3,4
1,4
2,2
-0,5
1,6
5,0
1,3
6.9
7.8
2,2
3,4
1,8
2,4
0,9
-0,1
4,6
0,6
7,2
7,4
1,5
RUMO À RECESSÃO GLOBAL
Com esse pano de fundo a economia mundial que havia
crescido 5,7% (2007) se ressentiu e iniciou um processo
de desaceleração que resultou numa redução da taxa
de crescimento do PIB global para 3,1% (2008) e para
0,0% (2009), ano da recessão global. Nessa ocasião a
atividade econômica das economias avançadas recuou
3,4%, resultado de quedas nos produtos dos Estados
Unidos (-2,8%), Zona Euro (-4,5%) e Japão (-5,5%).
Face à tamanha instabilidade os spreads no mercado do
crédito permaneceram elevados embora os governos
tenham assegurado que honrariam os compromissos
vigentes.
O CASO BEAR STEARNS Bear Stearns. Avalanche, comportamento de manada. Alan Greensberg, ex
presidente. Quebra em algumas horas. Recorrer ao FED. Tim Geithner. Larry
Summers (Tesouro). Paul Krugman (premio Nobel). Bear Stearns estava nas mãos
de Tim Geithner naquela noite. Havia bilhões em ativos tóxicos (empréstimos
hipotecários de risco). Ben Bernanke (FED). Empréstimo de dinheiro ao JPMorgan.
Acordo FED/JPMorgan para empréstimo para resgatar o Bear Stearns. Empréstimo
foi sentença de morte (quebra). Secretario do Tesouro Henry Paulson. O risco
sistêmico. Dois anos antes Paulson era o presidente do Goldaman Sachs, o maior
concorrente do Bear Stearns. O secretário do Tesouro sabia muito sobre WS. Ben e
Paulson enfrentaram a crise juntos. “Autópsia” do fim de semana. Ninguém queria
assumir dívida. Bernanke concedeu empréstimo de US$ 30 bilhões para cobrir ativos
tóxicos e o JPMorgan aceitou o acordo. Paulson advertiu WS que essa solução não
se repetiria e falou do risco moral (socorrer alguém que criou o problema e como
evitar que isso não se repetisse). Paulson, republicano e defensor do livre-mercado.
Acionistas e empregados penalizados. Ações despencaram: US$ 30 no fim de
semana para US$ 4. Bear Stearns foi vendido ao JPMorgan a US$ 2 a ação. Em 7
dias o Bear Stearns desapareceu.
FANNIE MAE E FREDDIE MAC
O Bear Stearns não era o único que apostava no mercado imobiliário. Até então
todo os EUA procediam da mesma forma. As pessoas pegavam hipotecas que não
podiam pagar, mas que ganhavam pela valorização do imóvel. Comprar casa era
“ficar rico”. Paulson e Bernanke afirmavam que não havia problemas. Todavia o
mercado imobiliário tinha se tornado tóxico. Autoridades falavam que o problema
estava controlado. Não infectaria a economia. Bush era um otimista. Industria
afunda, Dow e Nasdaq perdem pontos.
Em julho e agosto de 2008 as hipotecas tóxicas prosseguem destruindo empresas
de WS. Krugman: as perdas (US$ 1 trilhão) nas hipotecas de alto risco são reais.
Todos investidores institucionais tem Investidores da Fannie Mae e da FreddieMac.
Investidores se desfazem das ações da Fannie Mae e Freddie Mac. Crise de
confiança sobre a Fannie Mae e Freddie Mac que tinham US$ 5 trilhões em
hipotecas. Em 2 semanas perdem 60% do valor das ações. O risco sistêmico. O que
fazer? Nacionalizar a Fanie Mae e a Freddie Mac (Paulson). Crise de confiança em
todo o mundo.
O CASO LEHMAN BROTHERS
Em 8 de setembro as hipotecas tóxicas atacavam de novo. As ações do banco de investimentos
Lehman Brothers caíram a US$ 18 pela manhã. Dick Fuld era o diretor do LB. Fuld levou o LB ao
mercado das hipotecas de alto risco. Os rumores sobre a instituição financeira. A liquidez se
esvai. As cotações das ações não paravam de cair. Paulson estava cansado dos resgates.
Pressão política sobre Paulson. Conservadores não perdoavam Paulson e Bernanke pelo
procedimento no caso Bear Stearns. Paulson achava que alguém teria que perder. Paulson (ex-
Goldman Sachs) era antigo competidor de Dick Fuld (Lehman Brothers). Paulson exigia que Fuld
encontrasse comprador para o LB. Governo deixaria o LB quebrar? O risco moral dominava a
decisão de Paulson. O secretário do Tesouro resolveu deixar o LB quebrar. A convocação aos
diretores das maiores empresas de WS. Mercados tinham fechado na 6ª feira. Reunião no BC de
Nova York. Não haveria mais resgates. Não havia mais tempo a perder. Geithner disse que
alguém tinha que comprar o LB. Não haveria resgate. O risco moral triunfou sobre o risco
sistêmico. A entrevista de Paulson em 15.09.2008. Mercados entraram em queda livre. Risco
sistêmico virou realidade. Bancos não queriam emprestar entre si. Crédito ficou congelado.
Infecção nos bancos comerciais. Uma 2ª grande depressão? A AIG iria cair? Precisava US$ 100
bilhões imediatamente, mas o mercado do crédito estava congelado. Adeus ao risco moral e era
preciso salvar a AIG. Era preciso salvar a economia.. Congresso participa. Empréstimo de US$
85 bilhões a AIG. O governo passou a ser o dono da AIG.
EMERGENTES ATENUARAM A
CRISE ...
A recessão de 2009 e o início da retomada de 2010 não
sinalizaram comportamentos ainda piores porque as
economias emergentes avançaram em 3,1% em 2009 e em
7,4% em 2010.
Em 2011, ao contrário do que os analistas previam para o
primeiro semestre, a crise das economias avançadas não
cedeu – acumulando um quinto ano consecutivo de
instabilidade e vulnerabilidade global. A situação ainda se
aprofundou com os desdobramentos das crises da dívida e
do emprego nos Estados Unidos, das crises da dívida
europeia e dos bancos da Zona Euro que poderiam levar à
ruptura do padrão monetário comum e do desastre nuclear
em Fukushima no Japão.
... MAS ELA NÃO CEDEU
Isso posto, é preciso analisar o desempenho no
período 2012-14, tendo em vista que a crise das
economias avançadas não cedeu. A cada final de
semana criavam-se novas expectativas com relação
a futuras intervenções dos governos e não menos
especulações em torno das reações dos mercados
quanto ao que, poderia vir a acontecer no curto e
médio prazo. Além disso, surgiram sérias
preocupações com relação ao comportamento
futuro da economia da China, a segunda maior
economia global.
A CONJUNTURA EM 2013-14
O cenário básico em 2012 passava pela
consolidação da retomada do crescimento
mundial, perspectiva preconizada pelo Fundo
Monetário Internacional em 24 de abril de 2012. De
acordo com o Panorama Econômico Global de abril
a economia mundial cresceria a taxas mais
elevadas em 2013-14. Para tanto o produto das
economias avançadas, ponto central da crise até
então, também deveria crescer a taxas mais
elevadas do que aquelas praticadas anteriormente.
COMPARANDO
DESEMPENHOS
Esse desempenho para o biênio 2013-14 apresentava
taxas de crescimento inferiores, inclusive, àquelas
praticadas no período 1997-2006 quando o PIB das
economias avançadas crescia anualmente, em média,
2,8%. Também era inferior ao período 2004-07,
ocasião em que a economia internacional registrou um
avanço excepcional conforme descrito na Tabela 1.
Por fim os números previstos para 2013-14
mostravam certa coerência com o comportamento pífio
vigente desde o início da crise mundial em 2008 quando
as economias avançadas vivenciaram um incremento de
do PIB da ordem de 0,2%.
OS NÚMEROS PARA O BIÊNIO
(em %)
2013 2014
MUNDO
Economias Avançadas
EUA
Zona Euro
Japão
Economias Emergentes
Rússia
Índia
China
África do Sul
3,4
1,4
2,2
-0,5
1,6
5,0
1,3
6,9
7,8
2,2
3,4
1,8
2,4
0,9
-0,1
4,6
0,6
7,2
7,4
1,5
O CENÁRIO PARA 2015-16
O cenário básico para 2015-16 pressupõe alguma
recuperação na Zona Euro porque trabalha com a hipótese
de crescimento de 1,5% (2015) e de 1,6% (2016) no Velho
Continente
Paralelamente na visão dos técnicos do FMI o
comportamento das economias emergentes implica
continuidade da desaceleração iniciada em 2010 com
incremento de 4,3% em 2015 e uma tênue retomada de 4,6%
em 2016.
De fato, pelos números apresentados a China deverá crescer
6,8% em 2015 e 6,3% em 2016 sugerindo dessa forma que a
aliança sino-americana poderia voltar a liderar o desempenho
global à frente.
ATUALIZAÇÃO CENÁRIO
2015-16
Em 9 de julho de 2015, o Fundo Monetário
Internacional publicou uma versão atualizada
da publicação Panorama Econômico Mundial
com os novos números para o desempenho
da economia mundial 2015-16.
Em 29 de setembro de 2015, o FMI divulgou
dois capítulos do Panorama Global.
Em 06 de outubro de 2015, o FMI publicou o
World Economia Outlook.
CRESCIMENTO DO PRODUTO
NO QUADRIÊNIO (em %)
2013 2014 2015 2016
MUNDO
(duas velocidades)
Economias Avançadas
EUA
Zona Euro
Japão
Economias
Emergentes
Rússia
Índia
China
África do Sul
3,4
1,4
2,2
-0,4
1,6
5,0
1,3
6,9
7,7
2,2
3,4
1,8
2,4
0,9
-0,1
4,6
0,6
7,3
7,3
1,5
3,1
2,0
2,6
1,5
0,6
4,0
-3,8
7,3
6,8
1,4
3,6
2,2
2,8
1,6
1,0
4,5
-0,6
7,5
6.3
1,3
INFLAÇÃO NO QUADRIÊNIO
(em %)
Preços consumidor 2013 2014 2015 2016
Economias Avançadas
EUA
Zona Euro
Japão
Economias
Emergentes
Rússia
Índia
China
África do Sul
1,4
1,5
1,3
0,4
5,9
6,8
10,0
2,6
5,8
0,6
1,6
0,4
2,7
5,1
7,5
5,9
2,0
6,1
0,2
0,1
0,2
0,7
5,4
13,9
5,4
1,5
4,8
1,1
1,1
1,0
0,4
4,8
8,4
5,5
1,8
5,9
DESEMPREGO NO TRIÊNIO
(em %)
2014 2015 2016
MUNDO
(duas velocidades)
Economias Avançadas
EUA
Zona Euro
Japão
Economias Emergentes
Rússia
Índia
China
África do Sul
3,0
7,3
6,2
11,6
3,6
4,7
5,2
...
4,1
25.1
3,6
6,9
5,3
11,1
3,7
4,9
6,0
...
4,1
25,8
3,9
6,6
4,9
10,5
3,7
5,3
6,5
...
4,1
25,7
AS VERSÕES OTIMISTA E
PESSIMISTA DO CENÁRIO
GLOBALIZAÇÃO: petróleo, commodities, guerras, terrorismo,
comércio internacional,Rodada Doha, Acordo Associação
Transpacífico
EUA : desemprego, maiorias Senado e Câmara, shutdown, teto da
dívida, Obamacare, Quantitative Easing (afrouxamento monetário),
elevação dos juros.
ZONA EURO: recessão, desemprego, déficit público, austeridade,
reformas, crise bancária, finanças províncias,
JAPÃO : deflação, estagnação, Abenomics, Quantitative Easing
CHINA: a 5ª geração, desaceleração, migração mercado interno,
sistema financeiro, finanças províncias,
DETALHAMENTO VERSÕES
Há crescimento moderado e desigual na economia mundial, diminuição no
crescimento potencial em âmbito global, Janet Yellen (FED) e a demora na
normalização da política monetária nos Estados Unidos, extrema fragilidade no
desempenho da economia da Zona Euro, limitações na solução da dívida da
Grécia, atenção recorrente à ameaça de deflação nas economias avançadas,
manutenção dos estímulos para o crescimento do Japão, ressaca da dívida na
Ásia, avanço das migrações no norte da África, disputa entre os Estados
Unidos (Tratado Transatlântico) e a China (Banco da Ásia) pela liderança na
Ásia, desaceleração nas economias da China e da América do Sul, recessão na
Rússia e na Venezuela, pressão global sobre as taxas de câmbio, debilidade
dos bancos nos testes de estresse, impasse entre os Estados Unidos
(revolução tecnológica na fragmentação do xisto) e a Arábia Saudita (custo
menor de produção) com a consequente queda abrupta nos preços do barril de
petróleo, queda na demanda chinesa sobre o mercado de commodities,
conflito bélico crescente frente ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante e
incapacidade de obter acordo de paz com os separatistas na guerra civil na
Ucrânia.
DUAS DÉCADAS PERDIDAS
A economia brasileira percorreu cerca de um
quarto de século sob um ritmo de crescimento
econômico insuficiente. Quem não lembra os
anos 80 e a “década perdida”, ou os anos 90 e a
“década desperdiçada”, ou, ainda, a estagnação
dos primeiros anos do século XXI? Foram anos
consecutivos de choques econômicos, de trocas
de moedas, mega-desvalorizações cambiais,
bloqueio de liquidez, calote externo, tudo, enfim,
em nome de uma estabilidade econômica que
tardou em chegar.
A CONQUISTA DA
ESTABILIDADE ECONÔMICA
Porém, quando chegou, parece que a comunidade
internacional se antecipou aos formadores de opinião
em âmbito interno do que estava prestes a acontecer.
Os esforços das autoridades econômicas para
estabilizar a economia desde a gestão Itamar Franco, e
tendo continuidade com Fernando Henrique Cardoso e
Luiz Inácio Lula da Silva, foram percebidos
externamente e, repentina e internamente, os agentes
econômicos brasileiros abandonaram o retrovisor e
passaram a descortinar um novo Brasil à frente. E com
imensa demanda reprimida, fruto de um longo período
em que a atividade econômica era limitada e o mercado
de trabalho reduzido.
A CONSTRUÇÃO DE UM
NOVO BRASIL?
Transcorria o ano de 2002 e a oposição acabara de
vencer as eleições de outubro. No Exterior repercutia o
possível impacto do discurso vencedor do pleito recente
sobre a gestão da economia. Era 2003, o novo
Presidente foi empossado e, rapidamente, a
Comunidade Internacional percebeu que a política
econômica seria preservada e que, enfim, o País
iniciaria um desafiante processo de retomada de
crescimento econômico. Inflação controlada, risco- país
em queda, reservas crescentes e um cenário externo
favorável, o contexto propício para iniciar a construção
de um novo Brasil. Era possível iniciar tamanha
empreitada?
A CONEXÃO COM A
GLOBALIZAÇÃO
E a partir de 2004 aconteceu o que há muito
se aguardava. Em sentido figurado ocorreu
como se a construção de um duto passasse
a conectar a economia brasileira ao processo
de globalização. E em dado momento o
mercado interno e a corrente de comércio
com o Exterior passaram a um nível de
funcionalidade perceptível aos olhos do
investidor e, também, do empreendedor.
O BRASIL RETOMA O
CRESCIMENTO ECONÔMICO
No período 2004-07 em que a economia
internacional vivenciou forte expansão, o
Brasil deixou para trás o crescimento
econômico insuficiente, aproveitou o
contexto externo favorável e retomou o
crescimento econômico. Mesmo em
2008, início da desaceleração mundial, o
País registrou forte crescimento.
A MUDANÇA NO CENÁRIO
EXTERNO
A partir de 2009, ano da recessão global, o País
passou a vivenciar uma nova realidade,
bastante diferente de toda a experiência
anterior. Durante décadas o dólar era uma
moeda forte e o Brasil apresentava crescimento
fraco; depois o dólar passou a ter um
posicionamento fraco, devido à presença dos
déficits gêmeos – fiscal e contas externas – nos
Estados unidos e o Brasil voltou a crescer e o
real a se valorizar.
O DESEMPENHO DO BRASIL
2009-10
Em 2009, ano da recessão mundial, o PIB brasileiro cresceu
apenas 0,3%. A ação rápida do governo brasileiro, seguindo
o efeito demonstração do governo Obama, levou as
autoridades nacionais a estimularem a indústria
automobilística, a construção civil e os intermediários
financeiros. E o efeito foi imediato.
Em 2010 O Brasil registrou um crescimento chinês, ocasião
em que o PIB avançou 7,5%. É verdade que a base de
comparação era frágil tendo em vista que houve recessão no
ano anterior.
O DESEMPENHO DO BRASIL
EM 2011
Em 2011 a crise internacional tomou novo
impulso, houve valorização do real e a
economia brasileira passou por um processo
de desaceleração. O PIB brasileiro avançou
apenas 2,7%.
COMMODITIES
Parte do êxito do desempenho da economia
nacional se deveu à relevância alcançada por
atividades ligadas à área do setor do petróleo e
às commodities minerais e agrícolas.
PETRÓLEO
Nesse período, a autossuficiência em petróleo substituiu aquele antigo
ambiente econômico em que as importações de “ouro-negro” provocavam
imensa instabilidade interna na economia brasileira. Depois, houve uma
reversão no tema da autossuficiência
Posteriormente, ocorreu a capitalização da PETROBRÁS que produziu
ampla repercussão internacional devido aos volumes de recursos
absorvidos para viabilizar a operação financeira.
Ainda maior repercussão aconteceu em decorrência da liderança
tecnológica que o País assumiu com o anúncio em 2006 da exitosa
experiência na área do pré-sal e a presença brasileira nas importações
norte-americanas de petróleo.
Dessa forma, ao mesmo tempo em que o Brasil se posicionou fortemente
em inovação, assegurou, também, oportunidades de investimentos e de
planejamento de longo prazo, carências tradicionais na experiência
brasileira.
RUMO AO CENÁRIO BÁSICO
PARA O BRASIL 2012-13
Concluída a análise do desempenho recente
da economia, cabe, agora, apresentar o que
era o cenário básico para a economia
brasileira para o período 2012-13.
Na tabela a seguir constam as taxas de
crescimento do Brasil para o biênio 2012-13,
constantes do Panorama Econômico Global
do FMI, além de outras taxas que permitem
comparar o país com o desempenho global.
CRESCIMENTO DO BRASIL
2012-13 (em %)
2012 2013
MUNDO
Economias avançadas
Economias Emergentes
Brasil
3,2
1,4
5,0
1,0
3,0
1,3
4,7
2,3
O CENÁRIO 2014-15
O FMI divulgou em 08.04.2014, as projeções
para o crescimento da economia brasileira no
período 2014-15
CRESCIMENTO DO BRASIL
2014-15 (em%)
2014 2015
MUNDO
Economias Avançadas
Economias Emergentes
Brasil
3,6
2,2
4,9
1,8
3,9
2,3
5,3
2,7
AS VERSÕES OTIMISTA E
PESSIMISTA DO CENÁRIO
Concluída a exposição do cenário básico para a
economia brasileira é possível tecer alguns
comentários que conduzem às versões otimista
ou pessimista do cenário econômico:
diplomacia multipolar, investimentos chineses,
relacionamento com a Argentina, etc.
DEZ PONTOS SOBRE A
CONJUNTURA
Migrando do relacionamento com o Exterior para o
quadro interno os dez pontos estratégicos que
interessam prioritariamente aos analistas e investidores
são (i) o crescimento econômico (insuficiente), (ii) a
inflação (meta 4,5% x comportamento do IPCA), (iii) a
taxa de câmbio (volatilidade), (iv) as taxas de juros
elevadas, (v) as finanças públicas desacreditadas
(contabilidade criativa), (vi) a infraestrutura restrita
(longo prazo), (vii) a desindustrialização crescente
(perda de competitividade), (viii) a balança comercial
(déficit) (ix) os investimentos externos diretos e (x) as
reformas fatiadas.
É PRECISO DAR TEMPO?
O diagnóstico é ainda mais complexo porque a agenda
da Indústria passa pelo comportamento das taxas de
juros e de câmbio. É inegável que as autoridades
agiram no ajuste da taxa de juros e na busca de um
novo ponto de equilíbrio para a taxa de cambio.
Entretanto ambos os casos não se resumem a uma
batalha, mas a uma guerra. Os resultados foram
limitados até agora. Na versão otimista do governo é
preciso tempo para que ocorram mudanças no contexto
externo e para que as medidas implementadas até
então produzam os resultados esperados.
A SOMA DAS FATIAS LEVA À
REFORMA ECONÔMICA?
Já na visão pessimista o receituário mais amplo passa pelo
avanço das reformas e por decisão das autoridades. A
estratégia está sujeita ainda a outros condicionantes, ou seja,
a medidas pontuais, progressivas e cumulativas.
Isso significa que as propostas implementadas são parciais,
vão se expandindo dentro de um espectro dado e se
consolidam como iniciativas permanentes.
A crítica que a soma dessas propostas parciais postas em
prática pelo governo está muito distante de uma reforma
econômica em sua totalidade.
O CENÁRIO 2015-16
O FMI divulgou em 09.07.2015, as projeções
para o crescimento da economia brasileira no
período 2015-16
Em 29.09.2015, o FMI lançou dois capítulos
(II e III) de uma nova versão do Panorama
Econômico Global
Em 06.10.2015, o FMI lançou a versão do
segundo semestre do World Economic
Outlook
CRESCIMENTO DO BRASIL
2015-16 (em%)
2015 2015
MUNDO
Economias Avançadas
Economias Emergentes
Brasil
3,1
2,2
4,9
-3,0
3,6
2,3
5,3
-1,0
AS VERSÕES OTIMISTA E
PESSIMISTA DO CENÁRIO
Em 2015 a versão otimista que o governo
defendia perdeu força face à recessão e a volta
da inflação.
A versão pessimista sobre a condução da
economia se consolidou com (i) a fragilidade da
base de sustentação do governo no Congresso,
(ii) a demora em aprovar o ajuste fiscal, (iii) a
perda do grau de investimento junto à Standard
& Poor’s e (iv) as denúncias decorrentes do
avanço da operação Lava Jato.
ALGUNS PONTOS SOBRE A
CONJUNTURA ATUAL
Atualmente, a pauta da conjuntura econômica mudou
quando comparada aquela vigente em 2015.
Os tópicos principais são: (i) a profundidade da
recessão, (ii) a inflação divergente, (iii) a volatilidade da
taxa de câmbio, (iv) as taxas de juros extremamente
elevadas, (v) o ajuste fiscal insuficiente, (vi) a
infraestrutura e o processo de recuperação judicial das
empresas, (vii) a queda abrupta na atividade industrial,
(viii) os saldos da balança comercial (ix) os
investimentos externos diretos e o grau de confiança do
investidor e (x) a ausências de reformas econômicas.