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Centro de Acolhimento de Crianças Fundação Cecília Zino OBJECTO O Centro de Acolhimento de Crianças resulta de um concurso promovido pela Fundação Cecília Zino, uma Instituição Particular de Solidariedade Social sediada no Funchal, que dedica a sua actividade, há mais de cinco décadas, não só à integração social e comunitária, mas sobretudo à protecção e assistência de crianças e jovens carenciados. Este concurso decorre da necessidade da Fundação pretender construir novas instalações, mais adequadas à intervenção social a que a mesma desenvolve, em virtude da inadaptabilidade do edifício onde actual- mente exerce a sua actividade, a implantar em terreno próprio, situado a norte deste. O objecto do concurso visa, portanto, no projecto para um Centro de Acolhimento de Crianças, com capacidade máxima para 15 crianças e jovens, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 0 e os 18 anos. LUGAR A cidade do Funchal desenvolve-se sob a forma de anfiteatro natural sobre a baía, todo ele circunscrito por montanhas e picos vulcânicos, onde os socalcos vão suavizando a topografia acentuada. Esta declividade morfológica, por sinal uma das características mais marcantes da ilha da Madeira, faz com que a zona urban- izada da cidade se estenda desde o nível do mar até aproximadamente aos 800 metros de altitude. A área de intervenção situa-se na Rua João Paulo II, concretamente na parte ocidental do concelho do Funchal, caracterizada por ser uma das principais zonas de expansão da cidade, propícia não só ao desen- volvimento turístico mas também habitacional. O projecto implanta-se numa parcela de terreno cujo perímetro tem uma forma geométrica irregular, topograficamente muito acentuado sob a forma de socalcos, atravessado por pequenos canais de irrigação destinados a regadio de agricultura e cujo declive tem no sentido norte/sul a sua maior expressão, resultan- do daqui uma boa exposição solar, salubridade e uma vista privilegiada sobre o mar. CONCEITO A construção da ideia advém do propósito de desenvolver um projecto com identidade própria, contem- porâneo, porém intrínseco às raízes identitárias que caracterizam o lugar. Daí surge a pretensão de redesenhar a topografia do terreno, em que o edifício resulta como uma peça esculpida, que se ergue sobre um embasamento à cota confinante com a via pública, destacando-se subtilmente no seu perfil longitudinal em conjugação com os socalcos existentes até ao cimo do terreno. Este projecto procura, portanto, fundir simultaneamente natureza e artifício, não só através da adaptação à topografia, mas também à opção pelo uso de materiais locais, designadamente o basalto para revestimento do edifício. CORPO O corpo desenvolve-se ao longo de um eixo longitudinal, orientado sensivelmente na direcção norte/sul, a dois níveis de cota diferentes em virtude dos condicionantes topográficos, prolongando-se até aos limites de onde é possível construir. Os espaços exteriores resultam do prolongamento das áreas comuns orientadas a norte para o exterior e do redesenho dos socalcos existentes, permitindo a criação de um anfiteatro, jardins, hortas e pomares, com o objectivo de promover uma ligação mais intrínseca das crianças e jovens com o meio ambiente que as rodeia, dando-lhes a possibilidade de explorar o terreno em toda a sua extensão e de desenvolver uma série de actividades lúdicas ao ar livre, e de estabelecer uma maior fluidez entre os espaços interiores e exteriores, quebrando, deste modo, o estigma de clausura normalmente associado a este tipo de equipa- mentos. FUNCIONALIDADE O acesso ao edifício efectua-se através da Rua João Paulo II e a entrada no mesmo é precedida por uma rampa ladeada por seis lugares de estacionamento. É a partir do átrio que todas as funções existentes no programa se distribuem de forma autónoma, per- mitindo, deste modo, uma maior flexibilidade e articulação dos espaços. No piso térreo situa-se a zona administrativa, constituída por um gabinete de administração, dois gabinetes para assistentes sociais, uma sala de primeiros socorros, uma sala de recepção para casos urgentes, uns ar- rumos, uma instalação sanitária feminina comum, uma instalação sanitária masculina comum, uma instalação sanitária para utentes com mobilidade condicionada comum e uma sala de visitas das famílias com acesso directo pelo exterior. O acesso ao piso superior efectua-se por meio de escadas ou de ascensor. No piso superior, a sul e em toda a sua extensão, estão situados nove quartos duplos com instalação san- itária privada, dois dos quais são destinados a bebés e funcionários, respectivamente. Todos os quartos des- frutam de vista sobre o mar e de grande luminosidade natural graças à exposição solar. Todavia, a privaci- dade destes espaços é assegurada pela extensão dos parapeitos das janelas através de floreiras, criando-se assim uma espécie de filtro visual, não só face à via pública, mas a quem visita o Centro. Neste mesmo piso, a norte e com vista para o jardim e o anfiteatro, estão situados a sala de refeições e copa (com acesso directo para o exterior), a sala de jogos e multimédia, a sala de estar polivalente e a sala de reuniões para o staff, ligadas entre si. Este piso dispõe ainda de uma biblioteca, de uns arrumos e de uma instalação sanitária comum. MATERIALIDADE A opção de construir o Centro de Acolhimento em basalto provém não só do facto de se tratar de uma pedra local e abundante na Região, mas sobretudo porque a sua textura e cor permite explorar a ideia de uma paisagem humanizada. Nos interiores, pretende-se que cada espaço reflita uma perfeita simbiose entre forma e função, baseado num conceito de leveza e luminosidade, onde a frescura do branco contraste com o calor da madeira, conferindo assim maior requinte e sensação de conforto. SUSTENTABILIDADE Numa perspectiva ambiental e sustentável, este projecto prevê a aplicação de isolamento térmico de todo o edifício, com o objectivo de limitar o consumo de energia de forma racional e eficiente, evitando assim o investimento em sistemas de climatização (como, por exemplo, ar condicionado). Além disso, está também prevista a instalação de painéis solares na cobertura do edifício para aquecimen- to de águas sanitárias e de um depósito de água no rés-do-chão proveniente da cobertura para recolha de águas pluviais, podendo posteriormente ser utilizadas para rega e lavagem dos espaços exteriores do edifício. Planta de Implantação - 1:500 Vista aérea da proposta 1/3

Centro de Acolhimento de Crianças Fundação Cecília Zinoencomenda.oasrs.org/media/2018/08/03-ognsxv-proposal-1.pdf · O corpo desenvolve-se ao longo de um ... permitindo a criação

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Centro de Acolhimento de Crianças

Fundação Cecília ZinoOBJECTOO Centro de Acolhimento de Crianças resulta de um concurso promovido pela Fundação Cecília Zino, uma Instituição Particular de Solidariedade Social sediada no Funchal, que dedica a sua actividade, há mais de cinco décadas, não só à integração social e comunitária, mas sobretudo à protecção e assistência de crianças e jovens carenciados.Este concurso decorre da necessidade da Fundação pretender construir novas instalações, mais adequadas à intervenção social a que a mesma desenvolve, em virtude da inadaptabilidade do edifício onde actual-mente exerce a sua actividade, a implantar em terreno próprio, situado a norte deste.O objecto do concurso visa, portanto, no projecto para um Centro de Acolhimento de Crianças, com capacidade máxima para 15 crianças e jovens, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 0 e os 18 anos.

LUGARA cidade do Funchal desenvolve-se sob a forma de anfiteatro natural sobre a baía, todo ele circunscrito por montanhas e picos vulcânicos, onde os socalcos vão suavizando a topografia acentuada. Esta declividade morfológica, por sinal uma das características mais marcantes da ilha da Madeira, faz com que a zona urban-izada da cidade se estenda desde o nível do mar até aproximadamente aos 800 metros de altitude. A área de intervenção situa-se na Rua João Paulo II, concretamente na parte ocidental do concelho do Funchal, caracterizada por ser uma das principais zonas de expansão da cidade, propícia não só ao desen-volvimento turístico mas também habitacional.O projecto implanta-se numa parcela de terreno cujo perímetro tem uma forma geométrica irregular, topograficamente muito acentuado sob a forma de socalcos, atravessado por pequenos canais de irrigação destinados a regadio de agricultura e cujo declive tem no sentido norte/sul a sua maior expressão, resultan-do daqui uma boa exposição solar, salubridade e uma vista privilegiada sobre o mar.

CONCEITOA construção da ideia advém do propósito de desenvolver um projecto com identidade própria, contem-porâneo, porém intrínseco às raízes identitárias que caracterizam o lugar.Daí surge a pretensão de redesenhar a topografia do terreno, em que o edifício resulta como uma peça esculpida, que se ergue sobre um embasamento à cota confinante com a via pública, destacando-se subtilmente no seu perfil longitudinal em conjugação com os socalcos existentes até ao cimo do terreno.Este projecto procura, portanto, fundir simultaneamente natureza e artifício, não só através da adaptação à topografia, mas também à opção pelo uso de materiais locais, designadamente o basalto para revestimento do edifício.

CORPOO corpo desenvolve-se ao longo de um eixo longitudinal, orientado sensivelmente na direcção norte/sul, a dois níveis de cota diferentes em virtude dos condicionantes topográficos, prolongando-se até aos limites de onde é possível construir. Os espaços exteriores resultam do prolongamento das áreas comuns orientadas a norte para o exterior e do redesenho dos socalcos existentes, permitindo a criação de um anfiteatro, jardins, hortas e pomares, com o objectivo de promover uma ligação mais intrínseca das crianças e jovens com o meio ambiente que as rodeia, dando-lhes a possibilidade de explorar o terreno em toda a sua extensão e de desenvolver uma série de actividades lúdicas ao ar livre, e de estabelecer uma maior fluidez entre os espaços interiores e exteriores, quebrando, deste modo, o estigma de clausura normalmente associado a este tipo de equipa-mentos.

FUNCIONALIDADEO acesso ao edifício efectua-se através da Rua João Paulo II e a entrada no mesmo é precedida por uma rampa ladeada por seis lugares de estacionamento.É a partir do átrio que todas as funções existentes no programa se distribuem de forma autónoma, per-mitindo, deste modo, uma maior flexibilidade e articulação dos espaços.No piso térreo situa-se a zona administrativa, constituída por um gabinete de administração, dois gabinetes para assistentes sociais, uma sala de primeiros socorros, uma sala de recepção para casos urgentes, uns ar-rumos, uma instalação sanitária feminina comum, uma instalação sanitária masculina comum, uma instalação sanitária para utentes com mobilidade condicionada comum e uma sala de visitas das famílias com acesso directo pelo exterior.O acesso ao piso superior efectua-se por meio de escadas ou de ascensor.No piso superior, a sul e em toda a sua extensão, estão situados nove quartos duplos com instalação san-itária privada, dois dos quais são destinados a bebés e funcionários, respectivamente. Todos os quartos des-frutam de vista sobre o mar e de grande luminosidade natural graças à exposição solar. Todavia, a privaci-dade destes espaços é assegurada pela extensão dos parapeitos das janelas através de floreiras, criando-se assim uma espécie de filtro visual, não só face à via pública, mas a quem visita o Centro.Neste mesmo piso, a norte e com vista para o jardim e o anfiteatro, estão situados a sala de refeições e copa (com acesso directo para o exterior), a sala de jogos e multimédia, a sala de estar polivalente e a sala de reuniões para o staff, ligadas entre si. Este piso dispõe ainda de uma biblioteca, de uns arrumos e de uma instalação sanitária comum.

MATERIALIDADEA opção de construir o Centro de Acolhimento em basalto provém não só do facto de se tratar de uma pedra local e abundante na Região, mas sobretudo porque a sua textura e cor permite explorar a ideia de uma paisagem humanizada.Nos interiores, pretende-se que cada espaço reflita uma perfeita simbiose entre forma e função, baseado num conceito de leveza e luminosidade, onde a frescura do branco contraste com o calor da madeira, conferindo assim maior requinte e sensação de conforto.

SUSTENTABILIDADENuma perspectiva ambiental e sustentável, este projecto prevê a aplicação de isolamento térmico de todo o edifício, com o objectivo de limitar o consumo de energia de forma racional e eficiente, evitando assim o investimento em sistemas de climatização (como, por exemplo, ar condicionado). Além disso, está também prevista a instalação de painéis solares na cobertura do edifício para aquecimen-to de águas sanitárias e de um depósito de água no rés-do-chão proveniente da cobertura para recolha de águas pluviais, podendo posteriormente ser utilizadas para rega e lavagem dos espaços exteriores do edifício.

Planta de Implantação - 1:500

Vista aérea da proposta

1/3

SALA DE VISITAS_M2 25

IS H/F

IS H/F_M2 4IS_M2 4

ÁTRIO_M2 23 RECEÇÃO CASOS URG._M2 9

ADMIN._M2 19

GABINETE AS_M2 9

GABINETE AS_M2 9 ARRUMOS_M2 9

PRIMEIROS SOCORROS_M2 9

alt 100.00 = ±0.00

10%

10%

ENTRADA VIATURASCENTRO DE ACOLHIMENTO

PARQUE DE ESTACIONAMENTO PARQUE DE ESTACIONAMENTO

LUGAR PARA VIATURA 17 LUGARES

LUGAR 1

LUGAR 2

LUGAR 3

LUGAR 4

LUGAR 5

LIMIT

EDE

CONS

TRUÇ

ÃO

LIMIT

EDE

CONS

TRUÇ

ÃO

ENTRADA PEÕES

ACESSOSALA DE VISITAS

300

300

105.00

QUART._M2 18

QUART._M2 24

QUART. B._M2 24

COPA_M2 15

IS_M2 3

A._M2 2

SALA DE REFEIÇÕES_M2 30

SALA DE ESTAR POLIVALENTE_M2 50

SALA MULTI./JGS_M2 25

BIBLIOTECA_M2 27

SALA REUNIÕES STAFF_M2 18

QUART._M2 18

QUART._M2 18

QUART._M2 18

QUART._M2 18

QUART._M2 18

QUART._M2 18

alt 104.00 = +4.00

106.00

107.00

108.00

109.00

110.00

111.00

AREA COBERTA

115.50

112.00

POMAR

HORTAS

CULTIVO BANANEIRAS

ZONA DE CULTIVO

ANFITEATRO

ESPAÇO LÚDICO

LIMIT

EDE

CONS

TRUÇ

ÃO

LIMIT

EDE

CONS

TRUÇ

ÃO

Planta Rés do Chão - 1:200

Vista interior da sala polivalente para o jardim comum Vista axonométrica da proposta

Vistas preveligiadas para o mar na zona dos quartos

Acesso protegido das áreas comuns ao jardim

Planta Piso 1 - 1:200

2/3

101

rua joão paulo II

limite

parce

la

alt 104.00 = +4.00

alt 100.00 = ±0.00

Vista da fachada norte do edifício com acesso ao jardim

Alçado Sul - 1:200 Alçado Poente - 1:200

Alçado Norte - 1:200

Corte transversal à proposta - 1:200

Alçado Nascente - 1:200

3/3