164
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA NICOLE MERIB ADAMI PRODUCT PLACEMENT NO CINEMA E A PERCEPÇÃO DO CONSUMIDOR CAXIAS DO SUL 2017

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO …frispit.com.br/site/wp-content/uploads/2018/09/NICOLE-ADAMI_2017_4... · Figura 12 – Cena do filme Forrest Gump – O contador

Embed Size (px)

Citation preview

0

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO

EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA

NICOLE MERIB ADAMI

PRODUCT PLACEMENT NO CINEMA E A

PERCEPÇÃO DO CONSUMIDOR

CAXIAS DO SUL

2017

1

NICOLE MERIB ADAMI

PRODUCT PLACEMENT NO CINEMA E A

PERCEPÇÃO DO CONSUMIDOR

Trabalho de conclusão de curso, requisito

necessário para aprovação da disciplina

Monografia II da Universidade de Caxias do

Sul, Curso de Graduação em Comunicação

Social – Habilitação em Publicidade e

Propaganda.

Orientador Prof. Me. Eduardo Luiz Cardoso.

CAXIAS DO SUL

2017

2

NICOLE MERIB ADAMI

PRODUCT PLACEMENT NO CINEMA E A

PERCEPÇÃO DO CONSUMIDOR

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para aprovação da disciplina Monografia II da Universidade de Caxias do Sul do curso de Publicidade e Propaganda.

Aprovada em:__/__/___

Banca Examinadora __________________________________ Prof. Me. Carlos Antonio de Andrade Arnt Universidade de Caxais do Sul - UCS

__________________________________ Prof. Me. Eduardo Luiz Cardoso Universidade de Caxais do Sul - UCS

__________________________________ Prof.ª Dr.ª Ivana Almeida da Silva Universidade de Caxais do Sul – UCS

3

À minha mãe que me fez chegar até aqui e à estrela do céu que também chamo de pai.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos dois pilares que sustentam a minha vida, minha irmã Bruna e

minha mãe Geci, foram elas que me deram forças para não desistir e permitiram que

chegasse onde estou hoje. Minha vó que me criou e me ensinou a ser a pessoa,

profissional e amiga que sou hoje, apesar de não lembrar mais do meu rosto, eu

sempre lembrarei de seus olhos negros.

Agradeço ao meu namorado que caminhou comigo com muita paciência

nesse momento e soube me acalmar e me incentivar todos os dias.

Aos meus gestores, Lucas e Gabriel, por terem me proporcionado o tempo

que precisei dedicar a meus estudos.

Agradeço aos amigos e amigas que fiz durante a graduação, compartilhando

momentos de alegria, sabedoria e experiências únicas em todo o decorrer do curso.

Levarei vocês muito além da universidade.

Agradeço aos professores Eduardo, Carlos e Ivana. Eduardo, no meu primeiro

dia de projeto não sabia nem qual seria o tema da monografia, você me ensinou, me

incentivou, abriu meus pensamentos e andou comigo durante um ano, obrigada pelo

tempo disposto em cada orientação, pelos puxões de orelha e por todo o

conhecimento que dividistes comigo, minha graduação não seria a mesma sem você.

Caco, suas aulas serão com certeza as mais lembradas por mim, pois a teoria, a

prática e a alegria sempre andaram juntas, nunca esquecerei das dezenas de casos

que você contou e também as vezes que parou para conversar comigo sobre diversos

outros assuntos. Ivana, desejo que o seu conhecimento seja transmitido com tanto

carinho a todos, da mesma forma que foi transmitido para mim. Obrigada aos três,

vocês fizeram a diferença.

E por fim, agradeço a todos que acreditaram em mim.

5

“A menos que modifiquemos nossa maneira

de pensar, não seremos capazes de resolver

os problemas causados pela forma como

nos acostumamos a ver o mundo”.

Albert Einstein

6

RESUMO

O seguinte trabalho monográfico tem como objetivo principal analisar a influência do product placement no fator psicológico de percepção, do comportamento do consumidor. Para tal análise, se fez necessário explorar as diversas formas de merchandising, focando no product placement e compreender o fator psicológico de percepção do comportamento do consumidor. O product placement é uma das formas de merchandising mais utilizadas, conceitua-se na inserção de publicidades no decorrer da trama sem desviar da história principal. Dentro do comportamento do consumidor, a percepção encontra-se entre vários fatores psicológicos, a mesma, procede através da exibição, atenção e interpretação. A percepção é responsável por classificar e decodificar uma mensagem. Após tal pesquisa, optou-se pelo método de estudo de caso, utilizando um questionário aplicado à uma pequena amostra com o intuito de analisar a influência citada a partir do filme Os Estagiários. Ao concluir esse estudo é possível analisar que os products placements inseridos na trama escolhida influenciaram o fator de percepção, através dos estágios de exposição, atenção e interpretação, todos de maneira conjunta. Palavras-chave: Comportamento do consumidor. Merchandising. Percepção. Product placement.

7

ABSTRACT

The following monographic work has as main objective to analyze the influence of the product placement on the psychological factor of perception, of the behavior of the consumer. For this analysis it was necessary to explore the various forms of merchandising, focusing on product placement and understanding the psychological factor of perception of consumer behavior. Product placement is one of the most used forms of merchandising, conceptualized in the insertion of advertisements in the course of the plot without deviating from the main story. Within the behavior of the consumer, the perception is found among several psychological factors, the same proceeds through the exhibition, attention and interpretation. Perception is responsible for classifying and decoding a message. After such research, we chose the case study method, using a questionnaire applied to a small sample with the purpose of analyzing the influence quoted from the film The Interns. At the conclusion of this study it is possible to analyze that the products placements inserted in the chosen frame influenced the perception factor, through the stages of exposure, attention and interpretation, all together. Keywords: Consumer behavior. Merchandising. Perception. Product placement.

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – O sistema simples de marketing .............................................................. 18

Figura 2 – Os 4P´s do mix de marketing ................................................................... 21

Figura 3 – Distinção entre formas e meios de comunicação ..................................... 22

Figura 4 – Merchandising no ponto de venda ........................................................... 24

Figura 5 – Mapa mental: Merchandising: aplicação e autores .................................. 26

Figura 6 – Merchandising em programa da rede Globo ............................................ 28

Figura 7 – Cena da novela Sem lenço e sem documento ......................................... 29

Figura 8 – Cena do filme Washing Day in Switzerland .............................................. 38

Figura 9 – Cena do filme Wings ................................................................................ 39

Figura 10 – Cena do filme E.T., o extraterrestre ....................................................... 40

Figura 11 – Cena do filme 007 – Cassino Royale ..................................................... 41

Figura 12 – Cena do filme Forrest Gump – O contador de histórias ......................... 42

Figura 13 – Cena I do filme Náufrago ....................................................................... 43

Figura 14 – Cena II do filme Náufrago ...................................................................... 43

Figura 15 – Cena do filme O terminal ........................................................................ 44

Figura 16 – Cena I do filme Sex and the City ............................................................ 44

Figura 17 – Cena do filme Capitão América – Guerra Civil ....................................... 45

Figura 18 – Cena da animação Os Simpsons ........................................................... 46

Figura 19 – Cena do filme De Volta para o futuro II .................................................. 47

Figura 20 – Cena II do filme Sex and the City ........................................................... 48

Figura 21 – Rapper Jay-Z utilizando produtos da marca Yankees ............................ 48

Figura 22 – Cena da série Two and a Half Man ........................................................ 49

Figura 23 – Cena do filme Eu sou a Lenda ............................................................... 50

Figura 24 – Fatores influenciadores no comportamento do consumido .................... 55

Figura 25 – Hierarquia das necessidades de Maslow ............................................... 63

Figura 26 – Visão geral do processo perceptivo ....................................................... 71

Figura 27 – Relações da semiótica ........................................................................... 76

Figura 28 – A figura e o fundo ................................................................................... 77

Figura 29 – Agrupamento em colunas ...................................................................... 78

Figura 30 – Agrupamento em linhas ......................................................................... 78

Figura 31 – Continuidade .......................................................................................... 78

9

Figura 32 – Estímulo ambíguo .................................................................................. 79

Figura 33 – Imagem capturada na coleta de dados .................................................. 84

Figura 34 – Lacoste no filme Os Estagiários ............................................................. 89

Figura 35 – GuitarHero no filme Os Estagiários ........................................................ 90

Figura 36 – Google no filme Os Estagiários I ............................................................ 90

Figura 37 – Google no filme Os Estagiários II ........................................................... 91

Figura 38 – Android no filme Os Estagiários ............................................................. 92

Figura 39 – STP no filme Os Estagiários .................................................................. 92

Figura 40 – Cartaz de divulgação do filme Os Estagiários ........................................ 93

Figura 41 – Capa do DVD do filme Os Estagiários ................................................... 94

Figura 42 – Samsung no filme Os Estagiários ........................................................ 100

Figura 43 – Marca Batman no filme Os Estagiários ................................................ 112

Figura 44 – Miller Lite no filme Os Estagiários ........................................................ 114

10

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Products Placements inseridos visualmente no filme ............................ 88

Gráfico 2 – Products Placements mencionados no filme ......................................... 89

Gráfico 3 – Gênero dos respondentes ..................................................................... 95

Gráfico 4 – Idade dos respondentes ........................................................................ 96

Gráfico 5 – Profissão dos respondentes .................................................................. 97

Gráfico 6 – Products placements percebidos pelos respondentes através da marca no filme Os Estagiários .................................................................................................. 98

Gráfico 7 – Products placements percebidos pelos respondentes através do produto ................................................................................................................................ 102

Gráfico 8 – Marcas respondidas pelos respondentes que não estavam no filme.... 103

Gráfico 9 – Respostas sobre desejos e necessidades dos respondentes .............. 109

Gráfico 10 – Respostas de marca de super-herói identificada pelos respondentes 113

Gráfico 11 – Respostas sobre marca de cerveja identificada pelos respondentes 114

Gráfico 12 – Respostas de marcas de eletrônicos identificadas pelos respondentes ................................................................................................................................ 116

Gráfico 13 – Questionário A: Alternativas ilustradas (logotipo) ............................... 118

Gráfico 14 – Questionário B: Alternativas escritas ................................................. 119

11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13

2. MARKETING ................................................................................................ 16

2.1 ORIGEM ....................................................................................................... 16

2.2 CONCEITO ................................................................................................... 18

2.3 MIX DE MARKETING E CIM ........................................................................ 20

3. MERCHANDISING ....................................................................................... 23

3.1 CONCEITOS ................................................................................................ 23

3.2 ORIGEM E TRADUÇÃO ............................................................................... 26

3.3 APLICAÇÃO E OBJETIVOS ......................................................................... 30

3.4 PRODUCT PLACEMENT ............................................................................. 32

3.4.1 Conceito ...................................................................................................... 32

3.4.2 Aplicação ..................................................................................................... 34

3.4.3 Inserção Cinematográfica .......................................................................... 37

3.4.4 Variações ..................................................................................................... 46

4. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR .................................................... 51

4.1 FATORES CULTURAIS ............................................................................... 55

4.2 FATORES SOCIAIS ..................................................................................... 57

4.3 FATORES PESSOAIS .................................................................................. 59

4.4 FATORES PSICOLÓGICOS ........................................................................ 62

4.4.1 Motivação .................................................................................................... 62

4.4.2 Aprendizagem ............................................................................................. 65

4.4.2.1 Memorização ................................................................................................ 66

4.4.3 Crenças e atitudes ...................................................................................... 67

4.4.4 Percepção ................................................................................................... 69

4.4.4.1 Exposição/ Exibição ...................................................................................... 72

4.4.4.2 Atenção ........................................................................................................ 73

4.4.4.3 Interpretação ................................................................................................ 75

12

5. METODOLOGIA........................................................................................... 80

6. ANÁLISE ...................................................................................................... 83

6.1 COLETA DE DADOS .................................................................................... 83

6.2 DADOS COLETADOS DO FILME ................................................................ 85

6.3 QUESTIONÁRIO .......................................................................................... 94

6.3.1 Parte 1 .......................................................................................................... 95

6.3.1.1 Perfil do Respondente .................................................................................. 95

6.3.1.2 Percepção e sentimentos do espectador em relação ao filme ..................... 97

6.3.2 Parte 2 – Desejos e necessidades do espectador ................................. 109

6.3.3 Parte 3 – Identificação de produtos e marcas através de alternativas 112

6.3.4 Parte 4 – Identificação de produtos e marcas através de logotipo ...... 117

6.3.5 Apontamentos específicos ...................................................................... 121

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 124

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 127

SITES ACESSADOS .............................................................................................. 129

FILMOGRAFIA ....................................................................................................... 133

APÊNDICES ........................................................................................................... 135

ANEXOS ................................................................................................................ 141

13

1. INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje a sociedade se depara, constantemente, com diversas ações

de marketing em seu cotidiano. Esses anúncios, algumas vezes, podem se mostrar

de forma invasiva, com o intuito que o indivíduo perceba os estímulos que estão sendo

exibidos. Diante desses variados tipos de marketing, os profissionais tendem a se

adaptar a novas formas de abordar o público alvo, para que esse aceite e interprete

as mensagens veiculadas.

Dentro da comunicação integrada de marketing, estudos apontam o

merchandising dentro da promoção, quando relacionado com o mix. O merchandising

no Brasil é o termo utilizado para definir as estratégias de marketing que são inseridas

no entretenimento. Atualmente muitas referências bibliográficas sobre comunicação,

apontam diferentes modos de utilização da ferramenta, onde muitas vezes ela pode

parecer um pouco agressiva com o espectador, surgindo como um solavanco no meio

de um filme ou programa televisivo.

Ao contrário disso, destaca-se o tipo de merchandising chamado product

placement1, que engloba o mesmo viés de inserção de marketing, porém de uma

forma sutil. Define-se como a inclusão de produtos ou serviços em qualquer forma de

produção em televisão ou filmes em troca de alguma forma de pagamento pelo

anunciante. Esse tipo de inserção possui uma facilidade superior de ser aceita pelo

espectador, uma vez que se apresenta mais naturalmente, sem desviar da história

principal da trama, levando o consumidor a se sentir mais perto da realidade.

Quando se fala do meio cinema, a maioria dos filmes são financiados por

grandes marcas em inserção desse tipo, as quais exibem seus produtos nas obras

fictícias. Essas empresas estão cada vez mais investindo nessa forma de publicidade,

pois acreditam encontrar neste meio, uma maneira efetiva de alavancar o seu nome.

É importante salientar a importância do placement tanto para as marcas que estão

expondo seus produtos, quanto para o filme que recebe essa imersão. Segundo

Pinheiro e Helena (2012), essas inserções aumentam 68% o índice de lembrança em

filmes e 60% o sentimento positivo em relação àquela marca, levando em

consideração que muitas vezes quando o espectador visualiza um produto que já

conheça ou até mesmo utilize, o mesmo sente a obra mais perto da sua realidade. A

1 Neste trabalho, será usada apenas a expressão placement para remeter-se a product placement.

14

importância também se dá pelo fato de que alguns filmes não conseguem lucrar

apenas com a bilheteria e precisam de verba para a produção dos mesmos. Assim,

as empresas que pretendem anunciar suas marcas nas obras, de certa forma, ajudam

a financiá-las.

Porém, ocasionalmente, o placement pode ser prejudicial, ou até mesmo nem

ser notado dentro de uma obra, pois quando é trabalhado com o intuito de não criar

um sentimento negativo com o consumidor, muitas vezes a forma com que ele é

tratado é tão sutil, que pode se tornar imperceptível.

O cinema se revela propenso ao espectador receber e interpretar mensagens

durante o filme, pelo fato desse indivíduo se encontrar relaxado e inserido num

ambiente controlado. Dentro disso, é possível analisar os fatores psicológicos do

comportamento do consumidor, para mostrar a influência e a eficácia dessa forma de

publicidade com o espectador.

Com toda a diversidade que cerca os indivíduos, pode-se perguntar como

cada empresa realmente consegue sensibilizar as pessoas com suas mensagens de

marketing altamente especializadas. Contudo, é possível que empresas que

entendem do estudo do comportamento do consumidor tenham uma vantagem

competitiva maior no mercado.

O comportamento do consumidor tem como objetivo conhecer profundamente

o comportamento das pessoas, suas necessidades, seus desejos e suas motivações,

procurando entender o processo de como, quando e porque essas pessoas compram.

Esse processo é influenciado diretamente por um conjunto múltiplo de fatores. Dentre

os fatores influenciadores, esta monografia enfatiza o fator psicológico de percepção,

através da exibição, atenção e interpretação, e a influência direta desses processos

com a efetividade, ou não, de um anúncio desse caráter. (SAMARA E MORSCH,

2005)

A percepção leva o indivíduo a atender um estímulo externo através dos

fatores sensoriais, e também é responsável por classificá-lo como relevante ou não,

ou seja, seleciona quais estímulos serão decodificados como importantes e aceitos

como mensagens e quais serão descartados. Desta forma, é possível destacar que o

processo de percepção é um dos responsáveis para que as ações de marketing

atinjam o objetivo de serem notadas pelo consumidor.

15

Tendo em vista a ligação desses dois amplos conceitos, a questão norteadora

para esse trabalho é: De que forma o product placement influencia a percepção do

consumidor?

Além disso o objetivo geral é analisar a influência do product placement no

fator psicológico de percepção, do comportamento do consumidor. Já os objetivos

específicos são: 1) descrever as diversas formas de merchandising, focando no

product placement; 2) compreender o fator psicológico de percepção, através da

exposição, atenção e interpretação, do comportamento do consumidor; e 3) identificar

os efeitos do product placement em relação à percepção, através de um filme

específico, capturando a impressão de espectadores dentro de um ambiente

controlado.

Para atingir esses objetivos, as referências bibliográficas foram divididas em

3 capítulos. O capítulo 2 traz uma grande abrangência geral sobre marketing desde a

sua história, explorando a comunicação integrada de marketing até chegar ao ponto

principal que é o merchandising. Este tema, merchandising, está em um capítulo

único, por sua importância nesse estudo, o qual compreende ao capítulo 3, e traz toda

a sua história e aplicação, até chegar, de fato, no conceito principal: placement. O

capítulo 4 conceitua o comportamento do consumidor, dentro disso aborda de forma

mais ampla, os fatores psicológicos do mesmo, mais especificamente, o processo de

percepção através da exposição, atenção e interpretação.

A coleta de dados se deu em um ambiente controlado, onde os resultados

finais foram examinados com uma abordagem qualitativa e com referências em

autores citados no capítulo 5, o qual apresenta a metodologia escolhida.

A análise, que compreende ao capítulo 6 deste estudo, aponta através de um

estudo de caso, analisar de forma específica, através de um questionário, as formas

que os placements do filme Os Estagiários (2013) influenciaram a percepção do

comportamento do consumidor.

Esse estudo se mostra relevante, devido à grande inserção de marcas

influentes em filmes e outras obras através do placement, desta forma, criando

grandes parcerias, tendo em vista o interesse entre ambas as partes. Além disso,

revela a compreensão da importância do estudo do comportamento do consumidor

por essas marcas através de suas publicidades, para que tais inserções tenham

eficácia.

16

2. MARKETING

Para falar sobre o assunto principal deste estudo, que é focado em placement,

antes é necessário fazer uma breve abordagem sobre o marketing e suas aplicações,

o qual constitui na base para a criação de tal inserção.

O marketing em geral origina-se da necessidade do consumidor em ser

orientado a tomada de decisões, e objetiva-se com a satisfação do consumidor. A

partir do trabalho de marketing novos produtos serão lançados e outros ganharam a

fidelidade do cliente. Por isso que o marketing se faz importante para a criação de

uma marca mais sólida e forte para o mercado.

Com as profundas mudanças na forma de consumo e com base nas

necessidades e desejos do consumidor, é possível notar uma mudança na forma com

que os profissionais agem em relação a suas ações, bem como o consumidor assimila

as mesmas. Kotler e Keller (2006) citam que o surgimento e o crescimento da

ferramenta de marketing evoluem em paralelo com a evolução humana, assim a

modernização de seu conceito de torna cada vez mais desenvolvida. E isso tende a

mudar e ampliar, ainda mais, conforme as mudanças e avanços tecnológicos,

principalmente tendo em vista a globalização.

2.1 ORIGEM

O marketing surgiu muito antes do termo ser conhecido. Desde quando os

comerciantes precisavam efetuar trocas e vender os seus produtos. Para isso

desenvolveram técnicas pessoais, alguns gritavam nas ruas, já outros expunham seus

produtos em caixas na frente de barracas ou lojas. Pode-se afirmar que a necessidade

de venda de produtos ou serviços fez-se criar inconscientemente o marketing.

Historicamente, no século XVIII, Pinho (2001) afirma que, a preocupação

básica dos fabricantes era assegurar os meios de produção de alguns poucos bens e

serviços que possuíam. Visto que as opções de escolha eram poucas, não existindo

uma competição pela preferência do consumidor.

17

Com o advento da Revolução Industrial2, nesse mesmo século, ocorreu a

transição da economia de produção para a economia de consumo. Com essa

reestruturação, começou a processar-se o marketing. Porém, o termo passou a ser

empregado, primeiramente nos Estados Unidos, somente em princípios do século XX.

(VERONEZZI, 2009)

Até o final da década de 1920, a caracterização da indústria ainda girava em

torno de produção e finanças. Já a partir de 1930, essa produção começou a aumentar

cada vez mais, e muitos empresários, que enfrentavam o monopólio, começaram a se

deparar frequentemente com a concorrência. Dessa forma, precisaram desenvolver

técnicas mais agressivas de venda e promoção3, com o intuito de diferenciar seus

produtos e com o propósito de atrair novos e fidelizar antigos compradores. Assim

surgiram as primeiras ações de marketing. (PINHO, 2001)

Santa´Anna (1998) descreve que nesse período os anúncios mostravam

apenas o produto, a fábrica e até mesmo o seu próprio dono. Na maioria das vezes,

nenhum esforço era feito para diferenciar a publicidade, as peças4 diziam ao

consumidor aquilo que ele deveria gostar.

A partir de 1950, esses fabricantes se depararam com a percepção de que,

de fato, era necessário conhecer mais profundamente o consumidor. Com isso, um

novo conceito de marketing começa a tomar forma, e uma nova orientação para o

mercado nasce, visando a possibilidade de os consumidores não encontrarem no

mercado bens produzidos que levassem em conta seus gostos, desejos e

necessidades. Nessa mesma década as multinacionais norte-americanas e europeias

que se instalavam no Brasil começaram o processo de implantação da ferramenta no

país. (VERONEZZI, 2009)

Já o termo não teve uma tradução na língua portuguesa com a abrangência e

amplitude que ele possui. Segundo Pinho (2001), a palavra mercadologia, seria

literalmente a mais adequada para referir-se aos seus processos, porém caiu em

desuso. O mesmo aconteceu com a expressão comercialização, por designar apenas

2 A Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças, que aconteceram na Europa nos séculos XVIII

e XIX. A principal particularidade dessa revolução, foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. Fonte: Só história. Disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/resumos/revolucaoindustrial.php>. Acesso em 1 set. 2017.

3 Todo o esforço de comunicação de uma empresa para informar a existência do produto. (PINHO, 2001)

4 Cada um dos elementos produzidos para uma campanha de propaganda, campanha de publicidade ou de promoção de vendas. (VERONEZZI, 2009)

18

uma parte desse sistema. Portanto o marketing, ficou assim mesmo, conhecido no

Brasil.

2.2 CONCEITO

Muitas pessoas pensam em marketing apenas como vendas e publicidade,

isso por conta da grande quantidade de comercias de televisões, anúncios de jornais,

ofertas na internet, etc, que fazem parte do seu dia a dia. Entretanto, esses dois

aspectos são apenas uma das partes do marketing, embora sejam muito importantes,

existem muitas outras funções, e essas não necessariamente são as mais

importantes. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007)

Diversos conceitos são encontrados escritos por muitos autores, apesar de

todos obterem descrições distintas, todos eles definem, em diferentes palavras, que

marketing é o todo o processo de planejamento de uma empresa, desde o produto até

a pós compra do cliente. Para Kotler e Keller (2006, p.30), “marketing é um processo

social por meio do qual, pessoas e grupos de pessoas obtém aquilo que necessitam

e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de

valor com outros”. Citam ainda que pode ser conhecido como tarefa de criar, promover

e fornecer bens e serviços a outros clientes, sejam estas pessoas físicas ou jurídicas.

Em seu estudo ilustra também, a representação o sistema simples de marketing, que

configura a Figura 1.

Figura 1 – O sistema simples de marketing

Fonte: Kotler e Keller, 2006 p.31

19

A American Marketing Association teve como primeira definição de marketing

em 1960 “o desempenho das atividades de negócios que dirigem o fluxo de bens e

serviços do produtor ao consumidor ou utilizador”.

Segundo Blessa (2006), marketing pode ser descrito por:

Processo de planejamento, execução, preço, comunicação e distribuição de ideias, bens e serviços, de modo a criar trocas que satisfaçam aos objetivos individuais e organizações. A ação de marketing é mais ou menos ampla, conforme o enfoque de cada empresa. (BLESSA, 2006 p. 01)

Sant´Anna (1998) afirma que as tarefas de marketing implicam em conhecer

o que o consumidor necessita ou deseja, além disso é necessário estudar a produção

dessa necessidade, produzi-la, distribui-la ao consumidor, ensinando-lhe, ao mesmo

tempo, como consumir tal produto.

Kotler e Armstrong (2007 p. 3) descrevem como os dois principais objetivos

de marketing: “atrair o cliente, prometendo-lhes valor superior, e manter os clientes

atuais, propiciando-lhes satisfação”. É necessário provocar essa atração do cliente,

criando e envolvendo tarefas diferentes, uma vez que os consumidores se deparam

frequentemente com uma grande quantidade de produtos e serviços, que são capazes

de satisfazer determinada necessidade ou desejo. Esse cliente, por sua vez,

determina a sua escolha com base nas percepções que mostram o valor desses

produtos ou serviços. Para isso, Pinho (2001) ainda afirma que na sociedade moderna

existem mudanças constantes, e as empresas são forçadas a adaptar-se e adequar-

se a cada ocasião.

Toda a ocasião gera uma necessidade, e o profissional de marketing deve

compreender esses fatores no mercado alvo, estimulando novos desejos e

consequentemente criando diferentes demandas, promovendo ideias que

determinado produto satisfaz, por exemplo, a necessidade de status das pessoas. As

necessidades compreendem nas humanas básicas, como comida, ar, etc. Os desejos

são moldados pela sociedade em que se vive, como por exemplo, uma determinada

marca de roupa. Já as demandas são desejos por produtos específicos apoiados por

uma possibilidade de pagar, muitas pessoas desejam produtos caros, mas nem todas

estão dispostas ou aptas a pagar por tal. Por esse motivo as empresas devem medir

a relação entre necessidade, desejo e demanda. (KOTLER; KELLER, 2006)

Para esse processo é necessário criar estratégias de marketing, para que

sejam aplicadas de modo mais eficaz possível. Uma vez, que toda a empresa

20

comercial existe para servir o consumidor, com o objetivo final de obter vendas para

seus negócios.

2.3 MIX DE MARKETING E CIM

A estratégia de marketing de uma determinada empresa, deve ser estipulada

através da determinação dos bens que serão produzidos, levando em consideração o

mercado que irá vendê-los. (PINHO, 2001)

Para cada implantação desse tipo, é necessário desenvolver um mix de

marketing – também conhecido como composto de marketing –, que consiste na

utilização de diversas ferramentas para obter as respostas desejadas de seu mercado

alvo. É por meio desse mix que a empresa realiza diversas funções, conforme Pinho

(2001 p. 34) descreve-as: “introduzir o produto no mercado, gerar conhecimento de

sua existência aos compradores potenciais e induzir os consumidores a preferência

para a compra do seu produto em relação ao produto da concorrência”.

McCarthy classificou os componentes do mix de marketing em quatro grandes

grupos, e os denominou como 4Ps, derivados dos termos em inglês: product

(produto), place (praça), price (preço) e promotion (promoção). Esse conceito é

mencionado por diversos autores como um dos mais significativos esforços de

definição do escopo de marketing. (COBRA, 2009)

Pinho (2001), descreve as principais características de cada um dos

componentes:

a) produto: determina as escolhas relativas a distribuição física do produto,

como embalagem, linhas de produtos, marca, etc;

b) praça: decisões relativas aos canais de distribuição, por quais os produtos

vão passar até chegar ao cliente, como reposição, transporte, até o ponto

de venda5;

c) preço: variável de define a determinação de escolhas quanto a formação

do preço final, bem como formas de pagamento;

d) promoção: Todo o esforço de comunicação de uma empresa para informar

a existência do produto e promover vendas, como publicidade, propaganda,

merchandising, promoção de vendas, etc.

5 Ponto de venda, ou PDV, “é qualquer estabelecimento comercial que exponha serviços ou produtos

para a venda aos consumidores”. Exemplo: supermercados. (BLESSA, 2006 p. 5)

21

Kotler e Keller (2006) desenvolveram uma figura a qual descreve alguns

exemplos de cada um desses componentes (Figura 2):

Figura 2 – Os 4P´s do mix de marketing

Fonte: Kotler; Keller, 2006 p. 37.

Esse composto, em forma de 4 grandes componentes, compreende em

elementos interdependentes, porém na prática, uma inter-relação constante entre eles

revela-se. O produto deve satisfazer a necessidade do cliente, a praça leva-lo de

forma mais acessível e rápida ao mercado, o preço deve ajustar as condições de custo

de fabricação e a promoção comunicar o produto ou serviço ao mercado, estimulando

a realização da venda. (COBRA, 2009)

O último elemento citado, que compreende na promoção, se expandiu

amplamente criando a Comunicação Integrada de Marketing – também conhecida

apenas por CIM. Essencialmente ela é o reconhecimento da importância de comunicar

a mesma mensagem, em diferentes formas para os mercados alvos. (OGDEN;

CRESCITELLI, 2008)

Dentro da CIM, constituiu-se uma espécie de mix de instrumentos de

comunicação, oferecendo possibilidade de aplicar as diversas formas de comunicação

em situações distintas. Essas formas podem ser classificadas em comunicações de

massa, que atingem grande número de pessoas, e segmentada, que atinge um

22

número restrito de consumidores. Já os meios de comunicação utilizado para receber

são os veículos no quais as mensagens são transmitidas, a Figura 3 ilustra esse

processo. (OGDEN; CRESCITELLI, 2008)

Figura 3 – Distinção entre formas e meios de comunicação

Fonte: Ogden; Crescitelli, 2007 p.16.

Através desses instrumentos, as empresas podem utilizar as mesmas

campanhas promocionais e de publicidade usadas em uma cultura, ou muda-las de

acordo com o mercado local, um processo chamado de adaptação da comunicação.

Para isso, Kotler e Keller (2006) afirmam que o comunicador precisa selecionar canais

de comunicação eficientes para veicular a mensagem.

Pinho (2001) relata que dentre as ferramentas de comunicação

mercadológica, o merchandising é uma atividade “multifaceta”6 que vem despontando

como solução estratégica para inúmeros problemas surgidos no mix de marketing. Ele

destaca-se por garantir uma maior proximidade com o público e por sua capacidade

própria de interagir mais diretamente com o consumidor. Este estudo destaca o

merchandising em um capítulo específico, para que possa ser estudado na análise

final.

6 Grifo do autor.

23

3. MERCHANDISING

O merchandising é uma das táticas de promoção encontradas na

Comunicação Integrada de Marketing. Surgiu através da necessidade dos

profissionais da área em alcançar novas formas de transmitir suas mensagens em

maneiras diferentes, alcançando a compreensão e assimilação do consumidor,

adaptando-se assim aos diversos canais de comunicação em que é inserido. Tendo

como objetivo principal chamar a atenção do público-alvo para seus produtos e

serviços, além de criar, nutrir e reforçar a lembrança sobre determinada marca.

Porém, pelo fato de conter diversas teorias sobre seu significado,

merchandising é um dos mais controversos termos do campo de marketing. Diversos

autores levantam definições distintas para o termo, conceituando-o diferentemente.

Para isso se faz necessário contextualizar diferentes teorias para, que fique mais claro

o entendimento sobre o assunto.

3.1 CONCEITOS

Quando se fala em merchandising diversas definições para o termo são

encontradas. Conceitua-se como uma tática de comunicação que engloba, dentre

outras, divulgação e promoção, mas também é uma forma de publicidade inserida no

entretenimento.

Alguns autores contextualizam-no como uma ferramenta utilizada no ponto de

venda, já outros como uma forma de publicidade no marketing eletrônico, inserido em

novelas, filmes, etc. Diante de tantos conceitos diferentes, cria-se uma confusão do

que realmente é merchandising. Cada empresa, estudante e teórico tem

entendimentos distintos, e isso varia de acordo com suas características ou ramo

empresarial. Por isso, diversas teorias de certos autores foram elencadas neste

estudo.

Segundo definição da American Marketing Association, merchandising é a

operação de planejamento necessária para se pôr no mercado o produto ou serviço

certo, no lugar certo, no tempo certo, em quantidade e preço certo. (SANT´ANNA,

1998)

Para Blessa (2006), merchandising é o conjunto de técnicas responsável pela

informação e apresentação destacada dos produtos na loja, conforme ilustrado na

24

Figura 4, de maneira tal que acelere a sua rotatividade. Ainda afirma, que é qualquer

técnica, ação ou material promocional usado no ponto de venda, com o propósito de

motivar e influenciar as decisões de compra dos consumidores.

Figura 4 – Merchandising no ponto de venda

Fonte: Blog Plugcitários. Disponível em: <http://plugcitarios.com/2013/02/07/criatividade-pode-ser-o-diferencial-do-produto-no-ponto-de-venda/>. Acesso em: 11 ago. 2017.

Blessa (2006, p. 4) também aponta algumas finalidades, tais como: “induzir

novos consumidores à experimentação de compra, influenciar a fidelização à marca,

aumentar a participação do mercado, apresentar inovações e diferenciar uma marca

dos concorrentes”.

Seguindo essa teoria, Ogden e Crescitelli (2008 p. 83) afirmam que

“merchandising é a comunicação feita no ponto de venda”, e essa técnica utiliza-se

materiais que conquistam a atenção do consumidor, melhorando a atratividade da

mercadoria, e ajudando o lojista, mais eficientemente, a utilizar o espaço da loja. Ainda

afirma que esses itens “devem expandir o volume de vendas da categoria ou do

produto e/ou aumentar o tráfego na loja”.

Sant´Anna (1998) afirma que:

[...]merchandising é o planejamento promocional do produto antes de ser lançado. É a planificação necessária para que se possa efetuar – com rendimento ideal – o marketing. É até certo ponto, uma previsão de consumo do produto do ponto de vista de sua aceitação: tamanho, durabilidade, facilidade de manejo, aparência, forma, cheiro, sabor, etc. (SANT´ANNA, 1998 p. 21)

25

Conclui ainda que pode ser conhecido como a criação e produção de simples

bandeirolas, cartazes, faixas, displays7, etc. Claramente, o merchandising envolve

todas essas atividades, porém é muito mais do que isso.

No mercado publicitário o termo tem sido utilizado para quase tudo que não

seja tradicional. Assim tornou-se denominação para comerciais ao vivo, testemunhos

endossados por apresentadores, ações promocionais, e outros. Mesmo quando eles

não possuem nenhum envolvimento com o meio de comunicação. A rigor,

merchandising é a forma de fazer publicidade sem ficar evidente que a aparição do

produto está sendo paga. (VERONEZZI, 2009)

Ramos (1986 p. 25) apresenta um conceito que define como “artesanal”8, no

qual afirma que “merchandising é a publicidade fora dos intervalos comerciais, ele é

sempre integrado no contexto do que está sendo exibido”.

Ainda se referindo ao contexto eletrônico, Pinheiro e Helena (2012)

contextualizam que merchandising é utilizado para se referir à presença de marcas

em conteúdo de entretenimento. Pois entendeu-se que o ponto de venda das grandes

redes de TVs eram seus filmes, novelas e programas.

Alguns autores entendem o termo, como uma associação das duas

aplicações, utilizadas juntas ou separadas. Cobra (2009) compreende como o

conjunto de operações táticas, de um produto ou serviço, efetuadas no ponto de venda

ou através de televisão, revista, cinema etc.

Ferraccio (2008) descreve como a principal função do merchandising a

“exibitécnica”9, termo que foi criado pelo autor para definir a técnica de expor, dispor

e exibir produtos, seja em ponto de venda ou produções de entretenimento.

Todas essas teorias levam ao significado de que merchandising é uma forma

de exibição de produtos, porém de diferentes formas. Diante disso, foi criado um mapa

mental, para melhor visualização, apresentando os diferentes autores com seus

significados e aplicação, conforme Figura 5.

7 Peça promocional que exibe uma mensagem de um produto no ponto de venda. (SAMPAIO, 2003) 8 Grifo nosso. 9 Grifo nosso.

26

Figura 5 – Mapa Mental: Merchandising: aplicação e autores

Fonte: Produção da própria autora, baseado nas referências citadas.

Diante desses diferentes conceitos, o que foi adotado por este estudo é o

conceito eletrônico, o qual entende-se que merchandising é a inserção de marcas

dentro de conteúdos de entretenimentos, mais especificamente nos filmes

cinematográficos.

3.2 ORIGEM E TRADUÇÃO

A origem do termo vem do processo da atividade de arrumação de

mercadorias nas lojas. Na língua inglesa merchandise significa mercadoria, e

merchandiser significa comerciante. Já a tradução real da palavra merchandising seria

“mercadilização”10, nome que na língua portuguesa não corresponde exatamente ao

significado da atividade como é conhecida. Por fim, compreende-se que nada mais é

10 Grifo nosso.

27

que uma derivação da palavra merchandise, porém traduzida de uma forma diferente.

(BLESSA, 2006)

Segundo Ferraccio (2008) já houve diversas tentativas de tradução para o

português, para se criar uma nova palavra, surgindo termos como “mercadizar”,

“mercatilizar”, “mercanciar”, “mercadejar”, “mercandizar”11, entre outros. Entretanto,

quaisquer desses foram descartados, permanecendo na linguagem portuguesa com

o termo original.

Não se tem dados exatos de quando começou o uso do merchandising, sabe-

se, porém, que é uma atividade muito antiga, tão antiga como a própria venda ou troca

de produtos, conforme Blessa:

[...] desde que os homens da idade média começaram a escolher as ruas principais para expor as suas mercadorias, gritando e correndo com os demais mascates para chamar atenção dos passantes para seus produtos, já estavam fazendo merchandising. (BLESSA, 2006 p. 5)

Já o formato que é conhecido hoje em dia, surgiu na década de 30, junto com

o próprio marketing, intensificando-se com o surgimento do autosserviço12 nos

Estados Unidos. No país origina-se da atividade que procura acompanhar todo o ciclo

de lançamento de um produto, desde sua adequação até o controle de sua

performance. E também é o termo utilizado para descrever produtos licenciados com

propriedade nos filmes ou times de futebol, como por exemplo. (PINHEIRO; HELENA,

2012)

Ainda na década de 1930, logo após a recessão13 de 1929, já se encontram

diversas formas da utilização da ferramenta. Veronezzi (2009), descreve atos do

governo norte-americano, que nessa época, visando aumentar a autoestima da

população, encomendaram a diretores famosos, produções que divulgassem ideias

otimistas à população. Um pouco mais adiante, durante a segunda guerra mundial, os

“produtos”14 que o governo precisou vender para os jovens, foram o patriotismo e a

causa nobre do combate ao nazismo, para justificar a guerra. Nesse período, outras

várias causas e ideias de interesses dos governos foram divulgadas em produções

11 Todos os grifos do autor. 12“Sistema de vendas no qual o consumidor tem acesso direto à escolha dos produtos”. (BLESSA, 2006

p. 172) 13Recessão foi a fase cíclica marcada pelo declínio da atividade econômica, entre os anos 1920 e 1929,

é considerada a pior crise da história do capitalismo. Fonte: Info Escolas. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/crise-de-1929-grande-depressao/>. Acesso em 16 ago. 2017.

14Grifo nosso.

28

cinematográficas. Como por exemplo Why we fight, série produzida durante os anos

de 1943 a 1945 pelo diretor Frank Capra, a qual justificava aos soldados e população

norte-americana o envolvimento do seu país com a guerra15.

Após o período de guerra, o merchandising começou a ser utilizado por

grandes empresas para alavancar o nome de suas marcas, inserindo seus produtos

nas produções de entretenimento. Sendo assim, os veículos de comunicação

começaram a obter grandes sucessos com a utilização dessa forma de publicidade,

tanto na imprensa como na TV. (SANT´ANNA, 1998)

Já no Brasil, segundo consta, essa nomenclatura começou a ser utilizada no

início da televisão, na década de 1950, quando a programação ainda era ao vivo. Na

época, os apresentadores interrompiam o que estivesse acontecendo no programa

para falar de determinado produto para os espectadores. Era o chamado

“merchandising testemunhal”16. Conforme Figura 6, representando um programa

contemporâneo. (PINHEIRO; HELENA, 2012)

Figura 6 – Merchandising em programa da Rede Globo

Fonte: Jornal Intervalo Online. Disponível em: <http://intervalo.cabobranco.tv.br/ana-maria-braga-faz-merchan-do-cafe-sao-braz-no-mais-voce/>. Acesso em: 11 ago. 2017.

15Fonte: Revista Época. Disponível em: <http://epoca.globo.com/vida/noticia/2016/06/livro-conta- como-os-estados-unidos-usaram-hollywood-como-arma-de-guerra.html>. Acesso em 5 de set. 2017. 16 Grifo do autor.

29

As telenovelas brasileiras utilizam-se do merchandising como sua principal

fonte de renda. A primeira experiência deflagrada da tática, na novela Beto Rockfeller,

foi exibida na emissora Tupi em 1968. Nessa trama, o protagonista bebia

excessivamente, e sempre acordava de ressaca. A marca Engov17 teve a ideia de

procurar o ator Luis Gustavo, que interpretava o personagem, e sugeriu uma parceria,

segundo consta, ele chegou a ganhar, na época, até NCr$3.000 (três mil Novos

Cruzeiros)18 cada vez que mencionava o produto, “num único dia, repeti Engov 35

vezes” relata Luis. (PINHEIRO; HELENA, 2012)

Não demorou muito para as marcas utilizarem dessa ideia mais

frequentemente. O primeiro registro de exposição negociado com uma emissora, foi

com a Rede Globo em 1972, onde as bicicletas Caloi eram usadas na novela O

Primeiro Amor. A mesma empresa utilizaria seu produto mais tarde, em 1977, na

novela Sem lenço e sem documento – Figura 7 – provando a efetividade da

ferramenta. (PINHEIRO; HELENA, 2012)

Figura 7 – Cena da novela Sem lenço e sem documento.

Fonte: Desing Innova. Disponível em: <https://designinnova.blogspot.com.br/2011/10/brinquedos-novelas.html>. Acesso em 05 set. 2017

17Medicamento que serve para aliviar os sintomas do mal-estar, após a ingestão de bebidas alcoólicas. 18Equivalente a aproximadamente R$ 22.000,00 (vinte e dois mil Reais) atualmente. Cálculo

atualizado pelo Índice INCC. Disponível em: <http://calculoexato.com.br/parprima.aspx?codMenu=FinanAtualizaIndiceJuros>. Acesso em 05 de

set. 2017.

30

A televisão brasileira também utiliza a prática de merchandising social, essa

ferramenta, segundo Pinheiro e Helena (2012), tem cunho social e ajuda a

conscientizar as pessoas em relação a diversos temas. Foi o caso da telenovela O

Clone (2002), a qual destinou a uma atriz a interpretação de uma dependente química,

para incentivar o tratamento e conscientização do tema abordado.

Com o passar dos anos o merchandising ganhou cada vez mais espaço na

televisão, passando a ser utilizado em programas de auditório, reality shows,

noticiários, partidas de futebol e outros. Com isso a ferramenta foi se modificando e

se aprimorando, criando novas maneiras de utilização da mesma, principalmente no

cinema, que é o caso do product placement, que será o tipo de merchandising utilizado

para o estudo e explicado com mais consistência em um subcapítulo.

3.3 APLICAÇÃO E OBJETIVOS

O merchandising encontra-se dentro do marketing, estudo que foi abordado

no capítulo anterior, e compreende-se como uma das táticas do mesmo.

Kotler e Keller (2006) dispõem o merchandising dentro da Comunicação

Integrada de Marketing, e ainda reforça que o termo é encontrado no P de promoção,

quando colocado em evidência os 4Ps do mix de marketing. Tendo em vista, que a

promoção é de suma importância para a empresa, pois é a partir dela que o

consumidor irá descobrir a existência do produto. A partir disso, pode-se entender que

o merchandising é uma técnica utilizada para divulgação de produtos, marcas ou

serviços.

Para Sant´Anna (1998, p. 22) “tanto em propaganda como em promoção, não

são criadas necessidades, mas motivações de compra, que estabelecem o elo de

ligação do produto com as necessidades do consumidor”. Levando isso em

consideração, o merchandising cria motivação de compra no consumidor, dentro de

sua divulgação, para posteriormente o mesmo poder efetua-la.

O objetivo principal do merchandising é informar e persuadir o consumidor a

compra ou utilização de determinada marca. Aparecendo como o complemento de

outras formas de atividades publicitárias, da mesma maneira que cartazes são

complementos para a TV como veículos de publicidade, cada qual fazendo um

trabalho diferente, mas todos servindo para um mesmo fim. (SANT´ANNA, 1998).

31

Dentro do mix de instrumentos de comunicação, o qual constitui em diversas

formas de comunicação classificadas em modalidades – já compreendidas no capítulo

anterior – o merchandising está classificado como uma comunicação de massa. O mix

afirma ainda, que uma mensagem pode ser única, e utilizada de diferentes maneiras

de acordo com seu conteúdo, necessidades e circunstâncias. (OGDEN;

CRESCITELLI, 2008)

Ogden e Crescitelli (2008) também o classificam na categoria de

comunicações complementares. Na comunicação integrada, existem três categorias

dentro das modalidades de comunicação. As comunicações tradicionais, que são as

formas clássicas de marketing, as complementares, que apesar de serem pouco

consideradas, são igualmente importantes, frequentes e utilizadas há tempos, e por

fim as inovadoras, as quais surgem com os grandes avanços da tecnologia da

informação.

Sendo uma ferramenta complementar, é reforçada a teoria de que o

merchandising surgiu há muito tempo. Porém, no decorrer do século XXI, essa tática

vem criando cada vez mais força, pois a indústria de entretenimento está em constante

mudança, e o modelo de negócios precisa ser reinventado frequentemente. Os

gestores dessas indústrias vêm buscando, de forma incansável, alternativas de

continuar convertendo atenção em dinheiro. E a partir daí cresceram as diversas e

diferentes formas de inserção de merchandising dentro de uma peça. (PINHEIRO;

HELENA, 2012)

Santa´Anna (1998) afirma que para um anúncio ser positivo, ele deve

despertar o desejo do consumidor pelo produto anunciado. Dentro da psicologia desse

anúncio, encontram-se alguns aspectos como: atrair a atenção, despertar o interesse,

criar convicção e fixar na memória. E ainda aponta que para ser lembrado ele deve

ser agressivo, rápido e objetivo, sem desviar a atenção do consumidor daquilo que

estava fazendo ou assistindo.

Um grande problema do merchandising para o público é que constantemente

ele é realizado com situações forçadas, close19 no logo da marca, personagens que,

contrariando suas personalidades, dizem frases elogiosas ou ditam recomendações

sobre quaisquer produtos. Isso faz com que o consumidor perceba com facilidade que

aquelas situações são publicidades pagas. (VERONEZZI, 2009)

19Plano da câmera de fotografia ou tomada de video cinematográfica em grande detalhe de um objeto,

situação ou pessoa. (SAMPAIO, 2003)

32

Pelo motivo de apresentar, frequentemente, um solavanco durante a

transmissão, principalmente no Brasil, o uso da ferramenta precisa evoluir

constantemente. Conforme Pinheiro e Helena (2012), ainda existem casos em que o

produto aparece de repente no meio da trama, de forma grosseira e invasiva, afirmam

anda que no merchandising ainda existe a mentalidade de publicidade convencional.

Seguindo essa citação, surgiram com o passar do tempo, formas distintas de

utilização da tática. O placement (que será analisado no próximo subcapítulo) tem o

objetivo de fazer anúncios de merchandising mais naturalmente, especificamente em

produções cinematográficas, sem desviar a atenção do espectador, despertando o

desejo do mesmo sem parecer uma publicidade paga.

3.4 PRODUCT PLACEMENT

Diversos conceitos de placement são escritos por diferentes autores, alguns

serão citados ao longo deste capítulo. Porém esta pesquisa, bem como a sua análise

sustentará a teoria de Pinheiro e Helena (2012), a qual afirma que placement é uma

forma de merchandising mais sutil, utilizado para inserção de marcas no

entretenimento, como por exemplo filmes, novelas e séries, porém sem interrupções,

fazendo com que a história da trama siga seu roteiro.

3.4.1 Conceito

Ao citar os diversos autores que abordam o termo em suas obras, é notável

novamente um conflito ao relacionar o placement com o merchandising. Blessa (2006)

acredita que essas ações não têm nenhuma relação com o verdadeiro merchandising,

uma vez que a autora, sustenta o mesmo apenas como uma ação de ponto de venda.

Porém, intitula o placement em seus estudos como merchandising editorial, e define

como todos os comerciais e inserções sendo dentro de um programa, ou entre um e

outro. E ainda destaca:

Quando falamos em product placement, falamos das aparições sutis de um refrigerante no bar da novela, na sandália que a mocinha da história “sem querer”20 quase esfrega na tela, na logomarca estampada virtualmente no meio da quadra de um evento esportivo, numa demonstração de um produto

20Grifo da autora.

33

dentro de um programa de auditório, etc. Possui custos mais elevados do que os da propaganda em si, pois é digerida pelo público com muito mais facilidade do que os comerciais comuns nos intervalos. (BLESSA, 2006 p. 6)

Ogden e Crescitelli (2008 p. 28) definem que “é a inserção de produtos em

programas de televisões ou filmes”. Além disso destacam uma citação de Baker e

Crawford, 1995: “É a inclusão de produtos ou serviços em qualquer forma de produção

em televisão ou filmes, em troca de alguma forma de pagamento pelo anunciante”.

Pinheiro e Helena (2012), como já citado anteriormente, definem como

placement, uma forma de utilização de merchandising, porém não apresentando

interrupções no entretenimento que está inserido, dando continuidade à história da

obra em questão. A ideia é que essa presença ocorra de forma fluida, transcorrendo

junto com o fluxo da trama que está se desenrolando. A presença é mais sutil e gera

menos repulsa por parte dos espectadores.

O placement surgiu no século XX, na década 1950, com a necessidade de

renovação da publicidade nos meios de comunicação, como o rádio, a televisão e o

cinema, sendo o último um meio mais sugestivo para a utilização da ferramenta. Por

isso com o passar do tempo, cada vez mais, as grades produções cinematográficas

são patrocinadas por grandes marcas. Conforme Sant´Anna (1998), além de

participarem de cenas, se utilizam dos filmes como estratégia de marketing para

venderem seus produtos, através dos personagens.

Uma excelente ação de placement para a marca em questão, não é uma

simples aparição, a cena comunica de forma contextualizada os atributos do produto,

como agilidade, resistência e superioridade em relação a concorrência. Assim como

as marcas ajudam a definir personalidades na vida real, isso acontece também nos

filmes. (PINHEIRO; HELENA, 2012)

Na maior parte dos casos, o input21 é o próprio produto em si. O carro do herói

do filme, o tênis que o protagonista usa, a bebida que toma, etc. Pode ser classificado

em 3 níveis: o primeiro, a imersão, no qual o produto é simplesmente mostrando

dentro de um contexto. O segundo, a aparição, no qual utiliza-se da imersão, porém

acompanhada de uma demonstração de seu uso. O terceiro, é o testemunhal, nele

mantem-se os dois primeiros e acrescenta-se um testemunho, ou seja, o produto é

21“Aquilo que se introduz, ‘se coloca para dentro’”. Fonte: Implantado Marketing. Disponível em:

<http://www.implantandomarketing.com/a-teoria-dos-3-puts/>. Acesso em 28 de ago. 207.

34

mostrado, manuseado e recebe um depoimento, nesse caso fica muito próximo do

merchandising. (OGDEN; CRESCITELLI, 2008)

O placement, muitas vezes pode ser confundido com a publicidade subliminar,

porém um e outro não tem relações. Veronezzi (2009) afirma que:

[...]não deve ser confundido com a publicidade subliminar, pois esta é uma forma de publicidade em que as pessoas não têm consciência de estarem sendo expostas ao anúncio, e a mensagem vai direto para o inconsciente. É uma forma de fazer publicidade, embora muitos sejam céticos quando a sua eficiência. (VERONEZZI, 2009 p. 190)

No Brasil, apesar de tem evoluído muito, a ferramenta nem sempre é utilizada

da melhor forma, os produtores não possuem a mesma eficiência que em outros

países. Em alguns casos parece que há um roteirista exclusivamente para escrever

as cenas de placement, pois o produto aparece no meio da trama sem dar

continuidade à história que está sendo mostrada, de forma grosseira e invasiva, sem

preocupação com a atenção do espectador. Já não faltam exemplos de excelentes

cenas americanas que utilização a sua imersão. Mesmo que o produto seja

mencionado, a cena faz parte do enredo, tudo transcorre de forma fluida. (PINHEIRO;

HELENA, 2012)

3.4.2 Aplicação

A utilização do placement ganhou destaque em vários meios de comunicação,

porém o cinema, se revela mais propenso a receber a imersão dessa ferramenta. Uma

vez que, nesse ambiente, o espectador está com maior disposição a receber e

interpretar mensagens durante o filme, pelo fato de se encontrar relaxado e inserido

num local confortável.

A grande vantagem do cinema é que ele tem foco total do consumidor, porque

não há nenhuma atração que desvie a sua atenção. Pode-se citar outras vantagens

desse meio: a mensagem é divulgada diante de um espectador cativo, seu emprego

é particularmente fácil, não atinge todas as camadas da população, é cada vez mais

um veículo que alcança jovens e, sobretudo, as pessoas de classes econômicas mais

elevadas. (OGDEN; CRESCITELLI, 2008)

Para o espectador, toda a vez que identifica um placement, ele, de certa

forma, se sente mais perto da realidade daquilo que está assistindo. Isso porque o

35

herói ou vilão pode estar usando o mesmo celular que está em seu bolso ou tomando

o refrigerante que costuma consumir.

A tendência do crescimento dessa ferramenta é cada vez maior, uma vez que

ela leva a publicidade para dentro dos programas ou filmes. Assim, dificilmente passa

despercebida pelo público alvo, pois a mensagem e o programa se tornam

inseparáveis. A propaganda nos intervalos comerciais, tende de sofrer com o efeito

de zapping22. Já o placement, traz a credibilidade de não interromper o que o

espectador está assistindo no momento. (OGDEN; CRESCITELLI, 2008)

Um estudo teórico realizado por Van der Waldt e Du Toit (et al. PINHEIRO;

HELENA, 2012), analisou que o placement aumenta 68% o índice de lembrança em

filmes e 60% o sentimento positivo em relação àquela marca, levando em

consideração que quando o espectador visualiza um produto que já conheça ou até

mesmo utilize, o mesmo pode sentir a obra mais perto da sua realidade. Cerca de

92% a 98% das pessoas estudadas afirmaram que: preferem ver marcas reais nos

filmes, ao invés de fictícias.

Uma pesquisa realizada em 2013 pelo instituto de pesquisa Lightspeed

Research, avaliou a percepção das pessoas em relação à ferramenta. Foi concluído

que cada vez mais as pessoas estão se mostrando tranquilas com a presença dos

produtos nos filmes, e mais do que isso, afirmam que se sentem mais propensas a

comprar um produto depois de assistirem a uma boa ação de placement. A pesquisa

ainda comprovou que consumidores mais jovens são mais receptivos, sendo assim

sofrem um impacto mais positivo pelas ações. A possibilidade de serem influenciados

tende a cair conforme a faixa etária aumenta. (PINHEIRO; HELENA, 2012)

A importância do placement também se dá, pelo fato de que alguns filmes não

conseguem lucrar apenas com a bilheteria e precisam de verba para a sua produção.

Assim as empresas que pretendem anunciar suas marcas nas obras, de certa forma,

ajudam a financiá-las.

Os irmãos Lumiére23, que foram pioneiros na ferramenta de placement,

mesmo antes de ela ser conhecida e ter essa nomenclatura, afirmavam que a inserção

de produtos dentro do cinema traz dois benefícios imprescindíveis: a redução dos

22Ato de ficar mudando intensamente de canal durante os programas, especialmente nos intervalos

comerciais. (VERONEZZI, 2009) 23Os irmãos inventaram o cinematógrafo, e em 28 de dezembro de 1895 fizeram a primeira exibição

pública de uma imagem em movimento. Fonte: Info Escola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/biografias/irmaos-lumiere/>. Acesso em 29 de ago. 2017.

36

custos de produção e o poder de incrementar a divulgação do filme em nível nacional.

(PINHEIRO; HELENA, 2012)

Pinheiro e Helena (2012) relatam outra pesquisa, esta realizada com diretores

e produtores americanos de cinema. Nessa, foram destacáveis vários motivos

principais que os levam a considerar eficaz a parceria com o placement, como por

exemplo: a) os personagens precisam se vestir, comer, ter carros e falar no celular; b)

as marcas ajudam a definir o perfil do personagem; c) as marcas ajudam a divulgar o

filme aumentando o buzz24 e a bilheteria; d) obviamente, as marcas ajudam a pagar

as contas.

Embora o preço de uma inserção seja muito menor em relação ao custo total

de um filme, a soma de vários anunciantes pode representar uma boa parcela do

orçamento total do filme. O custo de cada ação de placement varia de acordo com os

níveis mencionados, a duração que o produto fica exposto, o momento e o

personagem que expõe. Em tese quanto maior a duração, mais bem aproveitado se

torna o momento; quanto mais favorável o personagem for para a trama, melhor

tendem a ser os efeitos do produto. Por esse motivo, dificilmente os vilões dos filmes

estão envolvidos com ações dessa natureza. (VERONEZZI, 2009)

Várias produções de Hollywood25 foram realizadas graças a essas verbas. É

o caso de 007 – um novo dia para morrer, que teve 42% de seu custo final financiado

por marcas inseridas no filme. (VERONEZZI, 2009)

Porém, quando ele é feito de maneira muito exagerada, sem integrar

diretamente com o contexto da obra, pode gerar efeitos negativos. Em geral, a

audiência não vê de forma favorável “interrupções”26 nos filmes. (OGDEN;

CRESCITELLI, 2008)

Quando ele é feito de forma correta, é preciso ter ética e bom senso, para não

divulgar produtos e serviços que sejam maléficos, já que, muitas vezes por não

perceberem que se trata de publicidade, as pessoas ficam muito mais vulneráveis e

fáceis de serem persuadidas. (VERONEZZI, 2009).

Por isso que quando bem planejado, o product placement, no cinema e até

mesmo em outros meios, é uma ferramenta eficaz, o que pode transformar os

24Também conhecido como marketing boca a boca, procura estimular indivíduos e a sociedade a

repassar uma mensagem para outros, aumentando sua abrangência e servindo como influenciador. (VERONEZZI, 2009)

25Localizada no oeste da Califórnia, cenário onde a maioria dos filmes norte-americanos são gravados. 26Grifo nosso.

37

consumidores em fãs de uma determinada marca e também alavancar bilheterias de

filmes ou audiências de programas.

3.4.3 Inserção Cinematográfica

Há muitas controvérsias da chegada do placement no cinema de Hollywood,

especialmente porque a maioria dos casos de inserção de produtos aconteciam

informalmente, num acordo verbal entre a empresa que inseria o produto e os

produtores dos filmes.

Anteriormente à década de 1980, era muito raro ocorrer o pagamento entre

os contratantes, na maioria dos casos a ação ocorria devido ao bom relacionamento

de ambos. Pinheiro e Helena (2012) descrevem situações em que os empresários

enviavam caixas de produtos para a equipe de produção, e como troca de gentilezas,

o item era inserido no filme. Em outras ocasiões os produtores precisavam, de fato,

do determinado produto para compor a cena, ou até mesmo o personagem, porém

muitas vezes não contavam com verba suficiente para cobrir o orçamento das

despesas desses produtos, então os empresários ofereciam gentilmente suas

mercadorias para serem utilizadas, em troca elas apareciam em cena.

É o caso do filme Washing Day in Switzerland (1896) dos irmãos Lumiére.

Segundo relatam Pinheiro e Helena (2012), nessa obra, os operários saem do trabalho

e caminham por uma praça, um deles empurra uma carroça e lá está a marca do

sabão francês Sunlight Savon, fabricado na época pelos irmãos Lever27, conforme

mostra a Figura 8. No mesmo ano no filme The Card Game (1896) também dos irmãos

Lumiére, aparece uma garrafa de cerveja que era produzida pela mesma empresa.

Há relatos de troca de favores profissionais entre eles.

27 Criadores da empresa Unilever, uma das maiores empresas de bens de consumo do mundo. Fonte:

Mundo das Marcas. Disponível em: <http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/06/unilever-get-more-out-of-life.html>. Acesso em 06 set. 2017.

38

Figura 8 – Cena do filme Washing Day in Switzerland (1896)

Fonte: 3 Colours Rule Criative Branding Agency. Disponível em: <http://www.3coloursrule.com/how-does-product-placement-work/>. Acesso em: 23 ago. 2017.

Pode-se constatar, que essas foram as primeiras inserções de produtos

dentro no cinema, apesar de não obter conhecimento que essa iria se tornar, mais

tarde, uma grande ferramenta de comunicação e nem mesmo de ter uma

denominação. Portanto conclui-se que os irmãos Lumiére além de inventarem o

cinema, informalmente idealizaram as primeiras cenas com ações de placement.

(PINHEIRO; HELENA, 2012)

Existem diversos casos informais em variados filmes, e certamente há mais

centenas de outras aparições que nunca foram registradas. De qualquer forma, a

indústria como um todo, não considera nenhuma dessas inserções como ações

efetivas de placement. Primeiramente por não envolver nenhum contrato assinado

entre a marca do produto e a produção da obra, mas principalmente porque essa

nomenclatura passou a ser utilizada, pelas indústrias de entretenimento e

propaganda, apenas na década de 1980. (PINHEIRO; HELENA, 2012)

Em 1927, no primeiro longa-metragem a conquistar o Oscar28 de melhor filme,

Wings, há uma cena em que um soldado oferece uma barra de chocolates da marca

Hershey´s a outro, cena ilustrada na Figura 9. Esse é mais um caso em que a marca

28O mais importante e popular prêmio para produções cinematográficas.

39

não possui nenhum contrato com a produção, porém claramente aparece no filme

como publicidade.

Figura 9 – Cena do filme Wings (1927)

Fonte: Youtube. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=85ghWQV___s>. Acesso em: 23 ago. 2017.

Mais tarde, em 1982, essa mesma empresa seria a primeira marca a fazer o

uso da ferramenta comercialmente no filme E.T., o extraterrestre. O cineasta Steven

Spienberg mostrou, pela primeira vez, que era possível apresentar produtos em um

conteúdo, sem sair de seu contexto, de uma forma bem-sucedida. (PINHEIRO;

HELENA, 2012)

No filme, o protagonista, Elliot, utiliza confetes de chocolates da marca

Reese´s Pieces da Hershey´s para atrair um extraterrestre para seu dormitório, cena

apresentada na Figura 10. De forma sutil e muito bem elaborada, o produto é o grande

herói por aproximar os dois principais personagens da produção.

40

Figura 10 – Cena do filme E.T., o extraterrestre (1982)

Fonte: Youtube. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YJxW7pigtn0>. Acesso em: 06 de set. 2017.

A obra foi um grande sucesso mundial de bilheteria. E em apenas três meses

após o seu lançamento, a marca de chocolates divulgou um comunicado que foi

registrado um aumento de aproximadamente 65% de vendas daquele produto.

(PINHEIRO; HELENA, 2012)

Esse foi o estopim para que as marcas percebessem o poder da ferramenta

e começassem a investir nela. Não apenas inserindo seus produtos nas tramas de

forma fluida, mas criando a personalidade de personagens com esses itens. É o caso

da franquia de filmes 007, que possui mais de 25 filmes lançados29. James Bond, que

é o personagem principal, um agente inglês, criou a sua personalidade também

através de produtos,

Lá pelo quarto ou quinto filme de 007, as pessoas começaram a notar que havia algo além de charme e coincidência por trás das cenas que James Bond, pedia ‘um dry martini30 mexido, mas não batido’. Havia verba de product placement. (VERONEZZI, 2009 p. 191)

29Fonte: Cinema 10. Disponível em: <http://cinema10.com.br/tipos/filmes-do-james-bond---agente

007>. Acesso em 29 de ago. 2017. 30Bebida alcoólica feita com gym. Considerada charmosa e requintada. Fonte: Mundo das marcas.

Disponível em <http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/06/martini-taste-world-of-martini.html>. Acesso em 06 set. 2017.

41

Figura 11 – Cena do filme 007 – Cassino Royale (2006)

Fonte: Jornal Mail Online. Disponível em: <http://www.dailymail.co.uk/news/article-2206593/James-Bond-swaps-Vodka-Martini-pint-Heineken-controversial-product-placement-deal-new-film.html>. Acesso em: 23 ago. 2017.

A franquia foi sucesso mundial e grandes marcas firmaram parceria

duradouras e milionárias com os produtores. Um exemplo é o lançamento do filme no

ano 2001, 007 – Um novo dia para morrer. Somente nesse filme, 24 empresas

anunciaram de alguma forma, e resultaram em uma média de US$ 60 milhões,

resultando em torno de US$ 2,5 milhões para cada uma. O orçamento total do filme

foi de US$ 142 milhões, fazendo com que cada marca representasse somente 1,76%

do custo do filme. (VERONEZZI, 2009)

Já no filme Forrest Gump – O contador de histórias (1994), há uma situação

em que um placement faz parte de uma piada na trama. O longa metragem se passa

na década de 1960. O personagem principal, que leva o nome do filme, faz parte de

um time de futebol, que está em visita a casa do presidente americano, e brinca que

“a melhor coisa de fazer na casa de um presidente é beber e comer”, então ingere 15

garrafas de Dr. Pepper, um refrigerante clássico americano. Essa cena – Figura 12 –

faz parte de uma das várias situações engraçadas do filme, não há ruptura. Este

personagem rendeu a Tom Hanks o Oscar de melhor ator. (PINHEIRO; HELENA,

2012)

42

Figura 12 – Cena do filme Forrest Gump – O contador de histórias (1994)

Fonte: Youtube. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bwVGdGOOKHY>. Acesso em: 06 de set. 2017.

Já o famoso e premiado filme Náufrago (2000), é um dos maiores casos de

placement em tempo integral. No filme, o protagonista Chuck Noland, também

estrelado por Tom Hanks, estava em um navio que naufragou e ficou ilhado durante

4 anos. Com ele está uma encomenda empacotada pela Federal Express31 – Figura

13 – e uma bola de tênis da marca Wilson, a qual vira um personagem do filme

contracenando com o ator em grande parte da trama – Figura 14. Ogden e Crescitelli

(2008, p. 29) ao citar a obra contextualizam: “nele, a história e a divulgação das

empresas Federal Express ou Wilson estão fundidas no filme. Onde termina a história

e começa a mensagem comercial? É difícil saber”.

31Conhecida como FEDEX, transportadora de remessas americana. Fonte: Fedex. Disponível em:

<http://www.fedex.com/br/>. Acesso em 06 set. 2017.

43

Figura 13 – Cena I do filme Náufrago (2004)

Fonte: Blog Mídia Interessante. Disponível em: <http://midiainteressante.com/2013/11/o-que-tinha-no-encomenda-fedex-do-filme-o-naufrago.html>. Acesso em: 23 ago. 2017.

Figura 14 – Cena II do filme Náufrago (2004)

Fonte: Revista Veja São Paulo. Disponível em: <https://vejasp.abril.com.br/blog/miguel-barbieri/tom-hanks-reencontra-a-bola-wilson-quinze-anos-depois-do-filme-naufrago-veja-a-foto/>. Acesso em: 23 ago. 2017.

Veronezzi (2009 p. 191) brinca com a situação do ator dos filmes citados, “Se

houvesse um Oscar para o maior rei de product placement, iria para Tom Hanks”.

Além desses grandes sucessos, o ator participou de um filme com grandes inserções

de marcas. O filme O terminal (2004) por ser ambientado em um aeroporto, com

muitas lojas, lanchonetes, bancos, etc, permitiu a inserção de mais de 40 marcas,

algumas podem ser visualizadas na Figura 15. Nesse caso, pode-se afirmar que as

próprias marcas colaboraram com o roteiro. (VERONEZZI, 2009)

44

Figura 15 – Cena do filme O terminal (2004)

Fonte: Youtube. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=y1JX84Ov5sU>. Acesso em: 06 de set. 2017.

Outro caso influente é a franquia de dois filmes de Sex and the City (2008 e

2010), que também recebeu influência em seu roteiro pelas marcas de placement.

Esses filmes contam com um público fiel de mulheres bem-sucedidas. Portanto as

empresas que investiram nessas tramas, foram as que possuem seus produtos

direcionado exatamente a esse público. Como por exemplo Revista Vogue, Aplle,

Channel e outras. (PINHEIRO; HELENA, 2012)

Figura 16 – Cena I do filme Sex and the City (2008)

Fonte: Brands And Films. Disponível em: <http://brandsandfilms.com/2010/02/product-placement-prostitution/>. Acesso em: 23 ago. 2017.

No Brasil, está se tornando constante a inserção dessa ferramenta, apesar de

não ser usada tanto quando nos outros países. É o caso do filme Toc – Transtornada,

45

Obsessiva, Compulsiva (2017), que apresenta diversas inserções de marcas, pode-

se destacar a marca Decolar.com, que é um site de ofertas de viagem, no filme é

notável uma conversa entre as protagonistas informando em diálogo que irão viajar

através desse serviço. Apesar de não fugir do tema da história, fica claro a publicidade

paga na cena. Veronezzi (2009) traz uma reportagem da Revista About, de 2004, a

qual relata que “fica visível que o uso da ferramenta deve melhorar muito no Brasil,

principalmente a forma como vem sendo usada”, apesar de já ter evoluído muito após

esses 13 anos é notável que ainda deve ocorrer um aprimoramento das produções

brasileiras com essa ferramenta, para que se torne mais sutil e aprovada de melhor

forma pelo consumidor.

Com o passar do tempo, as marcas criaram novas formas de utilização do

placements nos filmes, a Marvel, grande produtora de longas metragens de super-

heróis, conta com diversas inserções de marcas em seus filmes. Em Capitão América

– Guerra Civil (2016), a Audi32 inovou em gravar um comercial de TV no decorrer de

uma das cenas33, representado na Figura 17. E esta, conseguiu fluir naturalmente

diante da história apresentada.

Figura 17 – Cena do filme Capitão América – Guerra Civil (2016)

Fonte: Audi Imprensa. Disponível em: <https://audi-imprensa.com.br/press-releases/audi-sq7-aparece-em-capitao-america-guerra-civil/>. Acesso em: 23 ago. 2017.

32Empresa automobilística alemã, que faz parte do grupo Volkswagen. 33Fonte: <http://www.b9.com.br/64561/comercial-da-audi-se-passa-no-meio-de-uma-cena-inedita-de- capita%CC%83o-america-guerra-civil/> Acesso em 29 de ago. 2017.

46

3.4.4 Variações

De acordo com o crescimento da indústria cinematográfica, juntamente com

a ampliação do uso da feramente de placement, variadas versões e formas curiosas

de seu uso foram sendo criadas. Algumas pouco menos conhecidas que a tradicional,

que corresponde a colocar o produto em cena. Essas variações podem oferecer uma

grande oportunidade de marketing para marcas, Pinheiro e Helena (2012) elencam

algumas variações que são utilizadas, na maioria dos casos, frequentemente, em

conteúdo de entretenimento:

a) faux placement: quando um produto fictício é criado para fazer parte de

uma ficção. Um dos mais famosos casos é a cerveja Duff Beer da animação

Os Simpsons, a cerveja na realidade não existia, mas a marca foi criada

especialmente para o seriado, sendo lançada muitos anos depois no

mercado – Figura 18;

Figura 18 – Cena da animação Os Simpsons

Fonte: Blog Nostra Media. Disponível em: <http://nostramedia.com.au/post/top-10-tv-product-placements/>. Acesso em: 23 ago. 2017.

b) reverse placement: quando os produtos criados apenas para a ficção são

lançados, de fato, no mercado. Isso se dá ao grande sucesso que ele

conquistou com os espectadores, sendo inserido na trama. É o caso da

ação realizada pela Nike, no filme De Volta para o futuro II (1989), quando

o personagem principal se prepara para realizar uma viagem no tempo e

47

precisa de roupas adequadas, ele recebe um par de tênis que se ajustam

no tamanho do seu pé, conforme Figura 19. A Nike, posteriormente

desenvolveu o tênis, apenas 1.500 unidades fabricadas foram leiloadas, o

que tornou essas peças em itens colecionáveis;

Figura 19 – Cena do filme De Volta para o futuro II (1989)

Fonte: Jornal Ad News. Disponível em: <http://adnews.com.br/tecnologia/internautas-sobre-tenis-de-de-volta-para-o-futuro-nike-voce-tem-seis-meses.html>. Acesso em: 23 ago. 2017.

c) negative placement: neste caso, a cena denigre a imagem de uma marca,

produto ou serviço, ao invés de evidenciar os aspectos positivos do

produto, evidenciam os negativos;

d) guerrilha placement: dentro de uma trama existem duas ou mais marcas

concorrentes inseridas, e se cria o intuito de competitividade. É o caso de

uma cena do segundo filme da franquia Sex and the City (2010). Nela, a

personagem principal pede um telefone celular emprestado para realizar

uma ligação, em seguida recebe um aparelho da marca Iphone,

devolvendo-o imediatamente com o seguinte texto: “não, esse não, é muito

complicado”. Na sequência aceita outro da marca Motorola. Cena mostrada

na Figura 20;

48

Figura 20 – Cena II do filme Sex and the City (2010)

Fonte: Listal. Disponível em: <http://www.listal.com/viewimage/1043359>. Acesso em: 23 ago. 2017.

f) brandfan placement: esse caso se dá, quando um fã insere em um

conteúdo de entretenimento, criado por ele mesmo, uma marca, podendo

ser música, vídeo ou clipe. Apenas como exemplo, o rapper americano Jay-

Z, usa a marca dos Yankees mundialmente, popularizando-a, porém já

mencionou diversas vezes que nunca ganhou com isso, apenas gosta dos

produtos. – Figura 21;

Figura 21 – Rapper Jay-Z utilizando produtos da marca Yankees

Fonte: Jornal CBS New York. Disponível em: <http://newyork.cbslocal.com/2010/08/27/yankees-jay-z-team-up-on-co-branded-merchandise-2/>. Acesso em: 23 ago. 2017.

49

g) subversive placement: quando um ator, ou outro profissional da equipe,

insere uma determinada marca sem que essa tenha um acordo com a

produção. Nesse caso, quem realizou a ação recebe algum favorecimento

em troca daquele ato. Um exemplo dessa ação, é um episódio da série

americana Two and a Half Man (2003), Figura 22. O ator Ashton Kutcher,

estreando então como um dos principais personagens, aparece sentado

em um sofá com um laptop, neste estão colados alguns adesivos de

diferentes marcas, as quais o ator mantem investimentos;

Figura 22 – Cena da série Two and a Half Man (2003)

Fonte: Jornal CBS New York. Disponível em: <https://www.cbsnews.com/news/what-ashton-kutchers-two-and-a-half-men-product-placement-fail-can-teach-startups/>. Acesso em: 23 ago. 201

h) easter egg placement: traduzindo a expressão para o português, “ovo de

páscoa”34. Essa expressão, em inglês, remete a algo escondido, nesse tipo

de placement, contém conteúdo propositalmente escondidos, para que o

espectador o procure;

i) ad placement: essa é a inserção de uma peça publicitária no filme, ao invés

da marca, ou seja, quando a peça publicitária está sendo exibida, podendo

ser assistida ou não pelos autores. Como por exemplo, quando o

personagem está assistindo a TV, e nela passa a peça. No longa-

metragem, Eu sou a Lenda (2007), aparece um cartaz do filme Batman

versus Superman (2016), – Figura 23 – o qual seria lançado quase 10 anos

depois, este é um caso de um placement de um filme dentro de outro.

34Grifo nosso.

50

Figura 23 – Cena do filme Eu sou a Lenda (2007)

Fonte: Blog Cine Pop. Disponível em: <http://cinepop.com.br/bizarro-lenda-mensagem-subliminar-batman-vs-superman-55492>. Acesso em: 23 ago. 2017.

Estes tantos fatos comprovam que as grandes produções estão cada vez mais

se especializando nas formas de utilização de placement, podendo criar personagens,

roteiros e muitas outras opções especialmente para as marcas, sem interrupções nas

histórias, fluindo de forma natural, e dessa forma também conduz o espectador a se

sentir mais próximo da história. Além disso a verba recebida com as ações ajuda tanto

a produzir o filme quanto divulgar as marcas.

Porém, é importante analisar o quão eficiente é essa ferramenta em relação

a percepção do consumidor. Levantando a questão, se o mesmo consegue distinguir

as marcas que estão sendo expostas. Pois o investimento das empresas na inserção

de seus produtos nas produções, tem uma relevância muito grande, portanto só se

torna eficaz tal processo, se o espectador capta a cena e a compreende. Para isso é

necessário levantar um estudo sobre o comportamento do consumidor, apresentado

no próximo capítulo, principalmente sobre os fatores psicológicos que o influenciam a

notar o placement.

51

4. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Consumir é uma das infinitas possibilidades do comportamento humano,

buscando a realização dos planos de vida. Consumir é escolher, dentre alternativas

oferecidas pelo mercado, àquela que parece mais apropriada para suprir as

expectativas. (GIGLIO, 2002)

O termo consumidor é frequentemente usado para descrever dois tipos

diferentes de entidades consumidoras: o consumidor pessoal e o consumidor

organizacional. O consumidor pessoal compra bens e serviços para o seu próprio uso,

para o uso do lar ou presente para alguém. Em cada um desses contextos os bens

são comprados para o uso final dos indivíduos. Já a segunda categoria de

consumidores, inclui organizações com fins lucrativos e organizações sem fins

lucrativos, todas as quais precisam comprar produtos, serviços e equipamentos para

funcionar normalmente. Porém, o consumidor final é o mais completo dos tipos de

comportamento do consumidor, porque envolve cada indivíduo, de cada idade e

formação, em seu papel de consumidor, usuário ou ambos. (SCHIFFMAN; KANUK,

2000)

Com isso pode-se dizer que o consumidor é toda a entidade compradora

potencial que possui uma necessidade ou desejo para satisfazer.

Os compradores nem sempre são os consumidores finais dos produtos, por

exemplo, uma mãe pode comprar um brinquedo para o filho. Devido a isso as

empresas precisam decidir a quem dirigir seus esforços promocionais: comprador ou

usuário. Na maioria das vezes é preciso identificar a pessoa que tem maior

probabilidade de influenciar nessa decisão. (SCHIFFMAN; KANUK, 2000)

No século XXI, pode se notar a vasta diversidade que existe entre as pessoas,

sejam compradores ou consumidores. No meio de tantas raças, credos, idades, sexos

e outros, encontram-se as necessidades básicas como comer e se vestir. Por outro

lado, existem também as necessidades supérfluas, as quais levam o ser humano a

decidir onde vai gastar seu dinheiro e tempo. Dentre tudo isso. é possível identificar

inúmeras similaridades entre muitos povos do mundo. (SAMARA; MORSCH, 2005)

Esse comportamento humano é influenciado por uma série de fatores, e

quando o indivíduo de torna um consumidor, é função essencial do marketing

conhece-lo. Assim, pode se suprir necessidades e desejos do consumidor, por meio

52

da produção de produtos e serviços, e desta forma alcançar a eficácia da

administração mercadológica. (SAMARA; MORSCH, 2005)

O estudo do comportamento do consumidor tem como objetivo conhecer

profundamente o comportamento das pessoas, suas necessidades, seus desejos e

suas motivações, procurando entender o processo de como, quando e porque essas

pessoas compram. (SAMARA; MORSCH, 2005)

Segundo Schiffman e Kanuk (2000), o estudo do comportamento do

consumidor é um estudo de como os indivíduos tomam decisões de gastar seus

recursos disponíveis (tempo, dinheiro, esforços) em itens relacionados ao consumo.

Engel et al. (2000, p. 5) define como comportamento do consumidor “as

atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e serviços,

incluindo os processos decisórios que antecedem e sucedem estas ações”. Esse

estudo é de interesse geral a quem pretende de alguma forma ou razão, influenciar

ou mudar este comportamento e quando é citado esse interesse, os empresários e

profissionais de marketing aparecem como um dos principais motivadores a realizar

tal influência.

O conceito de marketing baseia-se na premissa de que as empresas, primeiro,

precisam identificar as necessidades do consumidor e, depois, desenvolver produtos

e serviços para satisfazer essas necessidades, as quais já existem, e os profissionais

dessa área são os responsáveis por recomendações para satisfazê-las. (SOLOMON,

2011)

As pessoas são levadas a um número infinitos de motivos para criar tais

necessidades, com finalidade de ordenar essa satisfação. Os motivos podem ser

separados em motivos primários, que são baseados em necessidades biológicas, que

levam as pessoas a sobrevivência, como fome, sede, dor e fuga, junto com esses

aparecem os motivos inatos que também são necessários para sobrevivência, como

curiosidade, exploração e contato físico. Os motivos secundários são os responsáveis

pela ampla diversidade humana, relativos a necessidade de filiação, aprovação,

status, segurança e realização. (COBRA, 2009)

Cobra (2009, p. 17) afirma que “as compras de determinados produtos ou

marcas são necessidades muitas vezes levadas a um nível emocional e não

necessariamente a um nível racional”. Neste caso, a necessidade passa a ser

preferência. Por isso, as pessoas quase sempre escolhem um produto porque gostam

de sua imagem ou porque acreditam que sua personalidade de alguma maneira

53

corresponde com a do produto. Além disso, um consumidor pode acreditar que

comprando ou usando determinado produto ou serviço, absorverá suas qualidades

desejáveis. (SOLOMON, 2011)

O comportamento do consumidor deve ser visto como processo decisório na

hora da procura ou compra de algum produto. Por isso a importância desses

profissionais estudá-lo, nele se encontra todo o caminho que o consumidor percorre

para chegar ao ato da compra do produto. O processo de compra começa muito antes

do consumir realizar o ato. A motivação é o primeiro passo para tal. Cada consumidor

recebe estímulos externos, que motivam e podem influenciar alterando seu

comportamento. É natural encontrar centenas de estímulos criados através desses

profissionais no dia-a-dia, como por exemplo, em outdoors, rádios, programas de

televisões, filmes e muitos outros. Diante disso, Samana e Morsch (2005) afirmam:

O perfil, as características, as motivações e os interesses do consumidor sofrem todo o tipo de influência. Desde aspectos sociais, demográficos, culturais, psicológicos e situacionais, até importantes estímulos de marketing afetam e impulsionam as atitudes e as ações dos indivíduos em suas decisões de consumo. (SAMARA; MORSCH, 2005 p. 03)

O indivíduo é estimulado o tempo inteiro, tanto que se obriga a escolher e

selecionar os estímulos que mais lhe interessam. Segundo Giglio (2002), um processo

de escolha e interpretação dos estímulos que chegam, é um modo de ver e entender

o mundo que cerca as pessoas, incluindo a si próprio, e conclui ainda que ao ver um

noticiário, o espectador tem consciência das notícias, mas nem todas os importam,

isso se dá pelas preferências pessoais de cada indivíduo.

Conforme a evolução da sociedade de uma cultura de massa, onde muitos

consumidores compartilham as mesmas preferências, para uma cultura diversa, onde

possui uma quantidade quase infinita de opções, é importante identificar os diferentes

segmentos de mercado e desenvolver mensagens e produtos especializados para

esses grupos. (SOLOMON, 2011)

Para separar tais grupos, Solomon (2011) elenca algumas variáveis

demográficas que tornam os consumidores iguais ou diferentes uns dos outros, como

por exemplo:

a) idade: consumidores de diferentes faixas etárias, obviamente, têm

necessidades e desejos muito diferentes. Eles tendem a compartilhar um

54

conjunto de valores e de experiências culturais comuns que mantêm ao

longo da vida;

b) gênero: a diferenciação por gênero começa muito cedo, um exemplo são

fraldas, que já são vendidas em cores específicas para homem ou mulher.

Assim sucede-se para muitos outros produtos;

c) estrutura familiar: a família e o estado civil de uma pessoa são variáveis

muito importantes, já que isso influencia diretamente nos gastos e

prioridades. Como por exemplo, jovens recém-casados costumam a gastar

mais dinheiro em entretenimento, enquanto uma família com crianças

pequenas, consomem mais quantidade de alimentos nutritivos;

d) classe social e renda: essas pessoas têm ocupações semelhantes e

tendem a ter gostos parecidos com músicas, vestuários, atividades de lazer

e arte. Também possuem a tendência de compartilhar com o mesmo grupo

as mesmas necessidades de status;

e) raça e etnia: a medida que a sociedade se torna mais multicultural, novas

oportunidades se desenvolvem para oferecer produtos especializados para

grupos raciais e étnicos;

f) geografia: algumas peças de marketing são adaptadas diferentemente

conforme a parte do país que as pessoas vivem. Por exemplo, no Brasil,

consumidores do Sul não possuem os mesmos hábitos que os do Nordeste;

g) estilo de vida: consumidores também possuem estilos de vida muito

diferentes. Isso se deve ao modo como se sentem em relação aos outros,

coisas que valorizam, coisas que gostam de fazer em seu tempo livre, tudo

isso define qual produto chamará mais atenção, e qual se sintonizará

melhor com cada um.

Com toda essa diversidade que cerca os indivíduos, a profusão de bens e

serviços disponíveis no mercado e a liberdade de escolha, pode-se perguntar: como

cada empresa realmente consegue sensibilizar as pessoas com suas mensagens de

marketing altamente especializadas? Por isso, as empresas que entendem esse

comportamento, possuem uma vantagem competitiva maior no mercado.

(SCHIFFMAN; KANUK, 2000)

Além dessas variáveis demográficas, o processo do comportamento do

consumidor é influenciado diretamente por um conjunto múltiplo de fatores, os quais,

segundo Solomon (2011), é um processo complexo que envolve diversas etapas

55

sequenciais e integradas, afetando sua percepção e sua escolha em relação à

relevância e à adequação de produtos, são os fatores: culturais, sociais, pessoais e

psicológicos, que são ilustrados na Figura 24.

Figura 24 – Fatores influenciadores no comportamento do consumidor

Fonte: Solomon (2011), com grifo da autora.

Este estudo tratará todos esses fatores separadamente focando nos fatores

psicológicos os quais possuem uma importância maior apenas para a análise desta

pesquisa.

4.1 FATORES CULTURAIS

No decorrer da vida de uma pessoa, desde sua infância até que atinja a idade

adulta, ela vai adquirindo novos valores, percepções, preferências e comportamentos

de sua família e outras instituições. Esses fenômenos constituem em cultura,

subcultura e classe social de um indivíduo, e esses, são fatores particularmente

importantes para o momento quando esta pessoa se tornar um consumidor.

(KOTLER; KELLER, 2006)

Samara e Morsch (2005) conceituam a cultura como a “herança social total da

humanidade”. Ela possui uma influência profunda na vida de um indivíduo e pode ser

definida como acumulação de valores, crenças, costumes, conhecimentos, conceitos,

preferência e gostos, todos passados de uma geração para outra em torno de uma

determinada sociedade. Dentro disso, há comportamentos, artefatos e símbolos que

56

ajudam as pessoas a se comunicarem dentro de uma comunidade e também a

reconhecê-los quando não estão inseridos nesta.

Já Schiffman e Kanuk (2000) conceituam a cultura como a personalidade de

uma determinada sociedade. Elencam ainda três componentes culturais importantes,

que são seguidos por essas sociedades: crenças, valores e costumes. As crenças e

os valores são “imagens mentais”35 que afetam atitudes, as quais as pessoas tendem

a agir em determinada situação. Em contraste, os costumes consistem no

comportamento do dia-a-dia rotineiro dos indivíduos. Estes três componentes culturais

continuam a ser seguidos, desde que satisfaçam uma geração, a partir do momento

que não satisfaz mais os membros dessa sociedade, eles são modificados ou

substituídos, de modo que o padrão supra melhor as necessidades e desejos.

Cada uma dessas culturas é constituída por subculturas, que fornecem

identificação e socialização mais específica para seus membros. A subcultura é a

associação de um grupo dentro de uma sociedade como um todo, cujos membros

compartilham crenças e experiências comuns que os separam dos outros.

(SOLOMON, 2011)

Todo o consumidor participa de diversos grupos subculturais, que podem ser

classificadas a partir da nacionalidade, religião, grupos raciais e regiões geográficas.

Muitas vezes profissionais de marketing elaboram produtos sob medida de acordo

com a especificidade subcultural de cada região. Subculturas são, portanto, unidades

relevantes de análise para a pesquisa de mercado. (KOTLER; KELLER, 2006)

Além disso, praticamente todas as sociedades humanas possuem alguma

forma de estrutura de classe social e todas as pessoas que a compõem, possuem

uma posição específica dentro dessas sociedades (SAMARA; MORSCH, 2005).

Segundo Kotler e Keller (2006), as classes sociais são divididas hierarquicamente

conforme possuam valores, interesses e comportamentos. Não são referentes apenas

a renda, mas também indicadores como ocupação, grau de instrução e área de

residência. Diferem entre si principalmente em vestuário, padrões de linguagem,

preferência por atividades de lazer e muitas outras características.

É difícil medir em qual classe social cada pessoa pertence, pois, esses grupos

não possuem um único “elemento chave”36 para classificar os seus componentes.

Karsaklian (2004) descreve como um dos métodos de classificação, a reputação, que

35 Grifo dos autores. 36 Grifo nosso.

57

constitui em uma pessoa indicar a sua própria classe social, levando em consideração

pertencer a mesma que os membros de seu círculo social, baseando-se na sua própria

percepção ou tomando como referência as atividades consideradas superiores ou

inferiores. Porém, esse método pode ser utilizado para o marketing apenas para fins

de verificação, pois nem sempre é verídico.

O segundo método de verificação é usar medidas objetivas, tais como

classificar o nível médio de educação e/ou grupos de ocupação. Estes métodos foram

desenvolvidos para relacionar variáveis dependentes à variável de classe social, tais

como uso de produtos, preferências de marcas, atitudes, etc. Assim, pode ser possível

definir segmentos de mercado com base na classe social, e entender padrões de

consumo e compra desses segmentos. (Engel et al., 2000)

Os fatores culturais têm efeitos inevitáveis sobre o indivíduo quando buscam

atender os seus desejos e necessidades de consumo. Esses valores apreendidos

pelas pessoas são parcialmente transferidos para a avaliação dos produtos. Assim

eles são uma forma determinante de como um ser humano come, se veste, etc. Em

função disso, as mudanças culturais de cada grupo, consequentemente, exercem

grande influência no desenvolvimento, promoção, distribuição e preço dos produtos

dentro da avaliação de marketing dos mesmos. (SAMARA; MORSCH, 2005)

4.2 FATORES SOCIAIS

Segundo Samara e Morsch (2005), os consumidores não tomam decisões

individuais quando consomem bens e serviços, essa escolha funcionam de forma

social, ou seja, são influenciadas por fatores sociais que se referem a grupos de

referência, família, papéis sociais e status37. Por isso é fundamental saber que

determinado grupo influencia a concepção que o indivíduo tem de si mesmo,

constituindo-se do seu ponto de referência. (KARSAKLIAN, 2004)

Os desejos de algumas pessoas tendem a se adequar ou se identificar com

indivíduos ou grupos que participam ou desejam participar, e esta pode ser a primeira

motivação de compra ou atividade de cada pessoa. (SOLOMON, 2011)

Os grupos de referência, são aqueles que exercem alguma influência, direta

ou indireta, sobre as atitudes do comportamento de cada indivíduo. É o grupo com o

37“Status: o prestígio relativo atribuído a um indivíduo dentro de um grupo ou sistema social específico”.

(SCHIFFMAN; KANUK, 2000 p.467)

58

qual a pessoa se identifica e serve como ponto de comparação, ou referência, para

formação geral ou específica de valores, comportamento ou atitudes, ditando-lhes um

determinado padrão. (SAMARA; MORSCH, 2005)

Esses grupos tendem a influenciar as pessoas de algumas maneiras como a

expor a novos comportamentos e estilo de vida, influenciar nas atitudes e autoimagem

e além disso, fazer pressão em relação a conformidade que podem afetar as escolhas

reais de marcas de produtos. (KOTLER; KELLER, 2006)

Tais grupos podem ser grandes e diversos, como grupos universitários ou

membros de um partido político. Ou ser pequenos e íntimos como família e colegas

de trabalho. (SAMARA E MORSCH, 2005)

Karsaklian (2004) classifica esses grupos como primários e secundários. Os

primários como família, amigos, vizinhos e colegas de trabalho, são o que agregam

as pessoas mais íntimas, as quais interagem continuamente de forma informal, em

geral é pequeno. A importância desses grupos se dá pelo fato de influenciar

diretamente na fonte básica de aprendizagem de atitudes e da formação total da

personalidade dos indivíduos. Além disso agem sobre a formação de crenças, gosto,

preferências e influenciam também no comportamento de compra.

Solomon (2011) afirma que o grupo da família constitui o grupo de referência

mais relevante, por isso que no estudo do fator social, ele aparece separado do

restante dos grupos de referência. Em termos, seus efeitos servem como um filtro

para os valores e as normas de todo o nosso ambiente social. A família se difere dos

outros grupos, pois precisa satisfazer desejos e necessidades individuais e

partilhadas, recorrendo a esse suprimento com recursos comuns e fixos.

Já os grupos secundários constituem-se de grupos religiosos, profissionais,

partidários, etc, que normalmente são informais e requerem menor interação contínua.

Estes podem ser grupos pequenos ou grandes, porém na maioria das vezes são

grupos maiores que a classificação anterior, e agem como meios para que seus

componentes atinjam fins externos ao grupo, no momento que esse grupo deixa de

ser útil para tais fins, pode se dissolver, criando assim novos grupos. (KARSAKLIAN,

2004)

O ser humano também pode ser influenciado por grupos que não pertence,

como grupos de aspiração, os quais as pessoas esperam um dia pertencer, logo, a

pessoa age com influência positiva a esse grupo. Em contraponto, servindo como

59

influência negativa, os grupos de dissociação, são valores ou comportamentos que a

pessoa rejeita. (SCHIFFMAN; KANUK, 2000)

De acordo com Kotler e Keller (2006) os papéis sociais e status estão

relacionados a posição social de cada pessoa em relação ao grupo que participa,

como por exemplo família, clubes e organizações. O papel social consiste em

atividades que essa pessoa deve desempenhar dentro desse grupo. E cada papel que

se desempenha ocupa um status, por exemplo, um empresário possui mais status que

um gerente, esse por sua vez possui mais status que um operário.

Neste caso, existem diversas influências causadas por esses papéis e status,

onde as pessoas buscam comprar produtos para demonstrar tal papel na sociedade,

ou também pode determinar um desejo ou uma aspiração por uma posição que esse

indivíduo quer alcançar. (SOLOMON, 2011)

Portanto, todos esses grupos de convívio social, possuem uma influência na

escolha e na percepção de um consumidor sobre um produto, o que torna de suma

importância identificar a qual grupo cada consumidor pertence, bem como saber a

qual grupos as ações de marketing devem atingir.

4.3 FATORES PESSOAIS

Os fatores pessoais correspondem a idade e estágio de ciclo de vida,

ocupação, condições econômicas, estilo de vida, personalidade e autoimagem.

(KOTLER; KELLER, 2006)

Os gostos de cada pessoa no que diz respeito a roupas, comida, móveis e

lazer geralmente são relacionados a idade. Já o ato da compra é moldado pelo estágio

do ciclo de vida da família, estágio pelos quais as famílias passam conforme seus

membros amadurecem. Entre os tradicionais ciclos de vida estão jovens solteiros,

casados com filhos, pessoas de meia idade casadas com e sem filhos, solteiras e

separadas e, por fim, os maduros solteiros, casados ou separados. Os profissionais

de marketing normalmente desenvolvem produtos e planos de marketing destinados

para cada estágio. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007)

A ocupação social, também influencia o padrão de consumo de uma pessoa.

Ela diz respeito ao cargo que cada indivíduo ocupa em determinada profissão, por

exemplo, um operário deverá se interessar por roupas de trabalho mais simples

enquanto um empresário comprará ternos luxuosos e carros caros. E essa ocupação

60

possui uma extensão para as condições econômicas, pessoas que exercem

determinada profissão tendem a ganhar mais que outras. (KOTLER; KELLER, 2006)

De acordo com Kotler e Armstrong (2007) a situação financeira afetará a

escolha de produto de um consumidor, principalmente elementos como renda

disponível, posse de patrimônio ou poupança, capacidade de financiamento e

condições de créditos, entre outros. Entretanto, indicadores econômicos, neste caso,

também podem apontar o reposicionamento de preços de produtos.

Porém, existem pessoas que possuem a mesma ocupação, classe social e

subcultura, mas possuem estilos de vida bem diferentes. Um estilo de vida é o padrão

de vida de uma pessoa expresso por atitudes, interesses e opiniões. (KOTLER;

KELLER, 2006)

Segundo Solomon (2011) o estilo de vida refere-se ao padrão de consumo

que reflete nas escolhas da pessoa quanto a forma de gastar o seu tempo e dinheiro.

Pode-se reconhecer que as pessoas se classificam com base nas coisas que gostam

de fazer, como gostam de usar o seu tempo livre e como resolvem gastar sua renda

disponível.

Samara e Morsch (2005) afirmam que segundo o estudo de McCarthy e

Perreault (1997) denominado psicografia38, o estilo de vida é uma das formas mais

comuns de segmentação de mercado, e vai muito além da classe social e da própria

personalidade, descrevendo todo um padrão de ações e interações com o mundo.

Já a personalidade é descrita em termos de características como

autoconfiança, domínio, autonomia, submissão, etc. São características psicológicas

distintas, que levam a reações relativamente coerentes e contínuas no ambiente.

(SAMARA; MORSCH, 2005)

Karsaklian (2004 p. 39) conceitua a personalidade, na linguagem informal,

como “referência a um atributo ou característica da pessoa que causa alguma

impressão nos outros”. Trata-se de uma variável, com base na qual os pesquisadores

buscam explicar comportamentos, como a escolha de produtos.

De acordo com Gade (1998):

A personalidade é vista como elemento de influência na formação de atitudes, pois, de acordo com os traços de personalidade individuais, cada pessoa irá formar a sua atitude própria. Irá se utilizar das várias informações de diferentes autoridades e das suas ligações com os vários grupos, formando

38“Descrição da constituição psicológica e comportamental”. (SAMANA; MORSCH, 2005 p. 139)

61

atitudes que atendem as necessidades da sua maneira de ser, do seu eu. (GADE, 1998 p. 135)

Afirma também que todas as atitudes de personalidade de um indivíduo estão

ligadas a um sistema de crenças. Quando uma pessoa possui o sistema de crenças

aberto, ela está disposta a receber novas informações que são acomodadas junto as

que já existem, com receptividade a valores novos, estranhos aos próprios. Já o

sistema fechado, supõe-se que o consumidor tenha a mente fechada, implicando

rejeição dos dados não compatíveis com os já existentes, esses sugerem-se que

possuem forte lealdade a marcas, uma vez que entram em conflito com as marcas

concorrentes e seus valores já estabelecidos. (GADE, 1998)

A autoimagem pode ser compreendida como uma extensão da personalidade.

Neste caso, o comportamento é influenciado pela imagem de si mesmo percebida

pelo próprio, que nem sempre é a imagem real. Karsaklian (2004) relata que vários

estudos ressaltam o vínculo entre a imagem que um consumidor tem de si, com a

imagem dos produtos que ele compra, e ainda propõe que objetos nos quais as

pessoas se apegam representam uma verdadeira extensão delas mesmas.

Conforme Samara e Morsch (2005) cada indivíduo constrói a sua autoimagem

com relação a cinco dimensões:

a) autoimagem real: refere-se a imagem que o indivíduo tem de si mesmo;

b) autoimagem ideal: é a forma que cada pessoa gostaria de se ver;

c) autoimagem social: é a imagem em que acredita que os outros lhe

percebam;

d) autoimagem social ideal: refere-se a forma que gostaria que os outros lhe

vissem;

e) autoimagem esperada: como cada indivíduo espera ver a si mesmo em

algum momento futuro específico.

É necessário estudar o vínculo dos produtos com a autoimagem, isso porque

esse processo também afeta a compra do consumidor. Em contextos distintos, o

consumidor pode escolher um autoconceito diferente para orientar suas atitudes e

comportamentos.

Os fatores pessoais se fazem importantes para o comportamento do

consumidor pelo fato de eles serem influentes diretamente na vida individual do ser

humano, por isso devem também ser levados em consideração para as atividades

mercadológicas.

62

4.4 FATORES PSICOLÓGICOS

“A psicologia ajuda os profissionais de marketing a compreender por que e

como os consumidores se comportam de determinada forma” (KERIN et al., 2007 p.

120). De acordo com Samara e Morsch (2005) os fatores psicológicos afetam

integralmente o comportamento humano, e quando o consumidor pensa numa

compra, diversas influências psicológicas modelam este tipo de decisão.

Segundo Kotler e Keller (2006), quatro fatores psicológicos influenciam a

reação do consumidor – motivação, percepção, aprendizagem, crenças e atitudes. O

objetivo do profissional de marketing é entender o que acontece do consciente do

consumidor entre a chegada dos estímulos e a decisão de compra, para que possam

atingir seus interesses, que é levar o indivíduo perceber uma necessidade e torná-la

num motivo para a compra de determinado produto.

Nos próximos subcapítulos serão abordados esses quatro fatores

psicológicos separadamente, porém o processo de percepção será o último, não

seguindo uma ordem cronológica. Isso pelo fato de que esse estudo, em questão, traz

o processo de percepção em evidência na análise, por isso terá maior

aprofundamento que os outros.

4.4.1 Motivação

A descoberta de uma necessidade leva o indivíduo a uma situação de

desconforto, que o leva a um desequilíbrio psicológico de criar uma motivação para

procurar uma solução que o possibilite o retorno desse equilíbrio, ou seja, a satisfação

da necessidade em questão. (KARSAKLIAN, 2004)

A motivação humana tem sido amplamente estudada por psicólogos que

procuram evidências teóricas. Por isso, indivíduo possui necessidades específicas a

cada momento, são elas biológicas como sede, fome ou dor, por exemplo, e

psicológicas, originadas no sentido de carência, estima e outros. Essas necessidades

muito intensas geralmente transformam-se em motivos ou impulsos, os quais o

consumidor procurará suprir. (SOLOMON, 2011)

Uma necessidade passa a ser um motivo quando alcança um determinado

nível de intensidade. Um motivo é uma necessidade que é suficientemente importante

para levar a pessoa a agir. (KOTLER; KELLER, 2006)

63

De acordo com Kerin et al. (2008) a motivação é a “força energizadora”39 que

estimula o comportamento para satisfazer uma determinada necessidade, e essas

necessidades não tem limites, elas são mutáveis de acordo com o ciclo de vida de

cada pessoa.

Uma das principais e mais conhecidas teorias da motivação é a de Abraham

Maslow, conhecida como teoria humanística. Para ele, as necessidades humanas

obedecem a uma hierarquia, de acordo com o grau de urgência de cada uma assim.

o ser humano se auto realiza. O estudioso propõe que as pessoas busquem

primeiramente suprir as necessidades mais relevantes, e após as necessidades com

maior importância. Assim, uma vez satisfeita determinada necessidade, ela deixa de

ser um agente motivador, consequentemente a pessoa tende a satisfazer a próxima

necessidade mais importante. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007)

Maslow não estava interessado apenas no comportamento de consumo, ele

buscava uma teoria geral para a motivação. Em sua teoria as pessoas obedecem a

essa hierarquia em cinco planos básicos na sua vida: necessidades fisiológicas,

segurança, amor e integração, estima e auto realização, respectivamente, para isso

criou uma pirâmide, a qual destaca esses planos, ela é ilustrada na Figura 25.

(GIGLIO, 2002)

Figura 25 – Hierarquia das necessidades de Maslow

Fonte: Samara e Morsch (2005, p.104)

39 Grifo nosso.

64

Ainda explorando a motivação, a teoria psicanalista de Sigmund Freud

entende que o comportamento humano é determinado basicamente pela motivação

inconsciente e pelos impulsos instintivos. Portanto, a tendência mais forte não é

aquela que a pessoa decide o que é melhor para ela. (KARSAKLIAN, 2004)

Essa teoria estabelece três entidades, as quais estabelecem essas operações

mentais: o id, que é a fonte operando pelo princípio do prazer; o ego uma estrutura

operando pelo princípio da realidade; e o superego, operando pelo princípio das

obrigações e proibições. Giglio (2002) dá um exemplo simples para esclarecer a

relação entre as três entidades:

O indivíduo que desenvolve um superego rigoroso, punitivo que proíbe o sujeito de comer um doce, aquele mesmo apetitoso doce que o id pede, a ponto de fazê-lo parar numa vitrine, utilizará o princípio da realidade do ego para racionalizar que o doce o deixará obeso e irá embora satisfeito, deslocando sua vontade para a fantasia de uma fruta como objeto substitutivo. (GIGLIO, 2002, p. 62)

A influência da teoria freudiana sobre o marketing e a publicidade foi

considerável, tanto no nível das ideias quanto métodos. Conforme Karsaklian (2004)

um produto não é comprado apenas pelo que ele faz, mas também por aquilo que ele

significa por meio de sua cor, forma, nome, etc. Neste caso, essa teoria contribuiu

para salientar a dimensão simbólica e não somente funcional do consumo.

Cobra (2009) enfatiza ainda a teoria cognitiva, a qual trata o comportamento

como dirigido a metas e propósitos. Afirma ainda que a motivação é como uma

tendência a mover as pessoas às metas desejadas, assim, quando um indivíduo tem

aspiração a realizar certas metas, ele terá maior satisfação no sucesso.

Essa teoria acredita que o comportamento das pessoas e seu resultado

dependerão tanto das escolhas conscientes do indivíduo, como dos acontecimentos

do meio sobre os quais ele não tem controle e que atuam sobre ele. (KARSAKLIAN,

2004)

Entender o processo de motivação é entender porque os consumidores fazem

o que fazem. No marketing a meta é satisfazer as necessidades dos consumidores, e

o processo de motivação ajuda a descobrir quais são essas necessidades e por que

elas existem, e é por isso que é de suma importância o estudo do processo de

motivação na mercadologia.

65

4.4.2 Aprendizagem40

A aprendizagem consiste em mudanças no comportamento das pessoas

através de experiências repetidas, ou seja, quando os indivíduos agem, no caso ele

estão aprendendo. Os teóricos de aprendizagem acreditam que ela nasça a partir da

interação entre impulsos, estímulos, sinais, respostas e reforços (KOTLER; KELLER,

2006). De acordo com Kerin et al. (2008 p.123) “o impulso é uma necessidade que

move o indivíduo para a ação; o estímulo é um sinal ou símbolo percebido pelos

consumidores; uma resposta é a ação tomada por um consumidor para satisfazer o

impulso, e o reforço é a recompensa”. E ainda traz um exemplo simples para definir a

teoria: “Estando com fome (impulso), um consumidor vê um estímulo (um outdoor),

toma uma ação (compra um sanduíche) e recebe a recompensa (seu sabor é ótimo!) ”.

A teoria cognitiva enfatiza a importância dos processos mentais internos.

Neste caso os indivíduos buscam resoluções de problemas a partir do processamento

de informação, o consumidor avalia, combina, desconta e integra diferentes partes de

informações para alcançar certas opiniões, levando a análise racional dos dados e

informações disponíveis. Assim, os indivíduos não se sustentam em experiências

passadas, a teoria cognitiva envolve fazer conexões entre duas ou mais ideias, ou

simplesmente observar o resultado do comportamento dos demais, e assim ajustar o

seu próprio comportamento. (SAMARA; MORSCH, 2005)

Karsaklian (2004, p. 82) define a aprendizagem quando um “comportamento

específico que tende a reproduzir-se para se tornar um comportamento habitual”.

Assim, aprendizagem é um conjunto de modificações que afeta a tendência das

respostas de um consumidor a diferentes estímulos e que é devido a experiências.

Neste caso o consumidor tende a recorrer a experiências passadas e a várias fontes

de informação para tomar a sua decisão de compra.

As teorias behavioristas são utilizadas por diversos autores para também

explicar o processo de aprendizagem. Essas teorias supõem que o aprendizado

ocorre como resultado de respostas a eventos externos. Solomon (2011) afirma que

de acordo com essa perspectiva, as experiências das pessoas são moldadas pelos

acontecimentos e respostas que recebem ao longo da vida. Neste caso, no ponto de

40O fator de aprendizagem está fora de ordem, pois este estudo evidenciará o fator de percepção. Os

fatores psicológicos correspondem respectivamente: motivação, percepção, aprendizagem, crenças e atitudes.

66

vista mercadológico, as pessoas respondem a nomes de marcas de acordo com a

base de conexões aprendidas com o decorrer do tempo, ou seja, se a marca já

proporcionou uma experiência positiva, o indivíduo tende a comprar mais vezes

aquela marca, porém se corresponde a alguma experiência negativa, provavelmente

não o fará.

Portanto, essas teorias mostram que a aprendizagem é uma mudança

relativamente permanente no consumidor causada por experiências, nem sempre

diretas. Muitas vezes a aprendizagem se dá até mesmo quando um indivíduo está

praticando apenas a observação, é um processo contínuo. O conceito de

aprendizagem pode ser muito extenso, variando da simples associação do

consumidor entre um estímulo, como por exemplo um logotipo de um produto, até uma

série complexa de atividades cognitivas. Muitos profissionais de marketing percebem

que as conexões aprendidas entre produtos e recordações são uma poderosa

maneira de construir e manter a lealdade a uma marca. (SOLOMON, 2011)

4.4.2.1 Memorização

Samara e Morsch (2005) descrevem a memorização como o armazenamento

de informações aprendidas, portanto a memorização refere-se a uma extensão da

aprendizagem. Neste processo, a mente humana pode ser vista como um

computador, os dados entram e são processados (aprendizagem) e posteriormente

saem para o uso de forma revisada. A codificação da memória, que está relacionada

ao arquivamento das mensagens poderá facilitar, ou não, o acesso a essas

informações posteriormente, conforme o grau de significado e relevância de cada

informação para o indivíduo.

Solomon (2011) descreve como o processo de aquisição e armazenagem de

informações de modo que estas estejam disponíveis quando necessárias. Ainda

divide esse fator em três estágios. O primeiro que é de codificação, onde a informação

entra na memória de um modo que o sistema possa reconhecer; o segundo estágio é

o de armazenagem, quando a informação é retida da memória, e esse conhecimento

é estocado com outros que já estão no consciente, podendo acrescentar ou substituir

informações anteriores; e por fim, a recuperação, quando a informação armazenada

é encontrada e acessada pela pessoa, quando necessário.

67

Quando um elemento de informação é estocado na memória, ele pode ser

reduzido ao seu componente sensorial, como por exemplo, uma cor ou odor. E quando

reaparece através desse receptor, pode ser suficiente para fazer reaparecer todo o

conjunto de estímulos ao que ele está armazenado. (KARSAKLIAN, 2004)

A memorização, que se entende como uma extensão da aprendizagem é

parte fundamental para o estudo mercadológico como fator psicológico de influência

do comportamento do consumidor, pois as empresas desejam que os consumidores

lembrem de suas marcas, produtos ou publicidades, que são elementos que

favorecem a formação de uma predisposição favorável para a compra de

determinados produtos. (KARSAKLIAN, 2004)

4.4.3 Crenças e atitudes

O quarto e último fator psicológico que influencia o comportamento do

consumidor são as crenças e as atitudes, as quais são adquiridas conforme as

pessoas vão aprendendo.

A crença é um pensamento descritivo que as pessoas têm em relação a

alguma coisa. As crenças de um indivíduo podem estar baseadas em um

conhecimento, uma opinião ou uma fé verdadeira e podem ou não ser acompanhadas

de uma carga emocional. (SOLOMON, 2011)

As crenças têm relação direta a imagens de algumas marcas e produtos que

afetam o comportamento de compra, como por exemplo, uma pessoa pode ter a

crença que determinada marca de moto é boa sem mesmo saber andar de moto.

Algumas vezes, essas crenças podem estar equivocadas e serem negativas, freando

assim, as compras dessa marca, neste caso, os profissionais devem realizar

campanhas que possam corrigi-las. (SOLOMON, 2011)

Já as atitudes são moldadas pelos valores e crenças, que por sua vez são

aprendidos. De acordo com Kerin et al. (2008 p. 124) a atitude é uma “pré-disposição

aprendida para responder a um objeto ou classe de objetos de forma regularmente

favorável ou desfavorável”.

Segundo Kotler e Armstrong (2007) as pessoas têm atitudes a praticamente

tudo: religião, política, roupa, comida, etc. Ainda afirma que a atitude compreende as

avaliações, os sentimentos e as tendências de uma pessoa em relação a um objeto

68

ou ideia. As atitudes fazem com que elas gostem ou não das coisas, aproximando ou

distanciando-as delas.

Solomon (2011) aborda a teoria funcional das atitudes, desenvolvida pelo

psicólogo Daniel Katz, a qual acredita que as atitudes existem porque exercem alguma

função para a pessoa, ou seja, são determinadas pelos motivos da pessoa. Duas

pessoas podem ter, cada uma, uma atitude diferente em relação a algum objeto por

motivos totalmente distintos. Essa teoria relata quatro funções de atitudes:

a) função utilitária: essa função está relacionada com princípios básicos de

recompensa ou punição, as pessoas podem desenvolver algumas atitudes

em relação a algum produto simplesmente com base na possibilidade de

ele oferecer prazer ou dor. Anúncios que enfatizam diretamente o benefício

dos produtos, como sabor, por exemplo, apelam para a função utilitária;

b) função expressiva de valor: são as que exprimem os valores centrais do

consumidor ou seu autoconceito. Essas atitudes são relevantes para

análises de estilo de vida, que observam como o consumidor cultiva um

núcleo de atividades, interesses e opiniões para expressas uma identidade

social. Uma pessoa forma uma atitude em relação a um produto por causa

de seus benefícios;

c) função defensiva de ego: são as atitudes que são formadas para proteger

a pessoa sejam de ameaças externas ou sentimentos internos. Um

exemplo, são campanhas de desodorantes que salientam as terríveis e

constrangedoras consequências de ser flagrado com odor de suor em

público;

d) função de conhecimento: são formadas como resultado de uma

necessidade de ordem, estrutura ou significado. Essa necessidade está

quase sempre ligada a quando uma pessoa se encontra em uma situação

ambígua ou é confrontada com um novo produto.

Uma atitude pode servir para mais de uma função, mas em muitos casos uma

especificamente será dominante. Anúncios relevantes para apenas uma função se

tornam mais favoráveis sobre o que está sendo comercializado e podem resultar em

uma maior preferência, tanto pelo anúncio quanto pelo produto. (SOLOMON, 2011)

Samara e Morsch (2005) relatam que os profissionais de marketing podem

utilizar os benefícios das funções em seu favor, em anúncios, embalagens, buscando

69

estimular o consumidor a acionar os seus pensamentos mais favoráveis, gerando

preferências.

Solomon (2011) também conceitua sobre o modelo ABC das atitudes, que

concorda que uma atitude tem três componentes: afeto (affect), comportamento

(behavior) e cognição (cognition). Essa teoria afirma que as atitudes de uma pessoa

em relação a um produto não podem ser definidas apenas pela identificação de suas

crenças em relação a ele, mas enfatiza a inter-relação entre conhecer sentir e fazer.

No caso o afeto refere-se ao modo com que a pessoa se sente em relação a um objeto

ou atitude; o comportamento envolve as intenções da pessoa para fazer algo sobre

um objeto de atitude; e a cognição refere-se às crenças de um consumidor sobre um

objeto de atitude.

Kotler e Armstrong (2007) acreditam que é difícil mudar de atitude, pois elas

se encaixam a um padrão, e alterá-las pode exigir difíceis ajustes em outras, assim é

mais fácil às empresas se adequarem as atitudes existentes do que mudá-las.

As atitudes são de suma importância para a comunicação de marketing, pois

uma atitude é douradora e tende a persistir ao longo do tempo. E as reações dos

consumidores a um produto também são influenciadas por suas avaliações de

publicidade, acima de seus sentimentos em relação aos próprios produtos. Por isso,

não se deve hesitar para formar atitudes em relação a produtos que nunca foram

vistos e usados. E o principal tipo de objeto de atitude é a própria mensagem de

marketing. (SOLOMON, 2011)

4.4.4 Percepção

Quando uma pessoa passa pelo processo de motivação, ela está pronta para

agir. A maneira com que essa pessoa age é influenciada pela percepção que ela tem

da determinada situação. De acordo com Kotler e Keller (2006) a percepção é

processo por meio do qual uma pessoa seleciona, organiza e interpreta as

informações recebidas, para criar uma imagem significativa do mundo.

Segundo Shiffman e Kanuk (2000, p. 56) a percepção está relacionada com

“a maneira que o indivíduo vê as coisas ao seu redor”. Duas pessoas podem estar

sujeitas aos mesmos estímulos, sob as mesmas condições aparentes, mas a maneira

como cada um reconhece, seleciona, organiza e interpreta é um processo altamente

70

individual, baseado nas necessidades, desejos, valores e expectativas de cada

pessoa.

Em psicologia, a percepção está relacionada com a tomada de consciência

sensorial de objetos ou eventos externos. Neste caso, perceber significa reagir

automaticamente aos contextos através dos sentidos. Por isso, para contextualizar a

percepção é importante antes entender o que significa a sensação, que é o processo

que leva a extensão da percepção. (KARSAKLIAN, 2004)

Conforme Solomon (2011), a sensação se dá com a reação imediata dos

receptores sensoriais (olhos, ouvidos, nariz, boca e dedos), a estímulos básicos, como

luz, cor, som, odores e textura. A qualidade única de um produto pode desempenhar

um papel importante ao fazê-lo se sobressair em relação aos dos concorrentes,

especialmente se a marca cria uma associação única com a sensação:

a) visão: os profissionais de marketing confiam muito nos elementos visuais

em publicidade. Os significados são comunicados através da cor, tamanho

e estilo do produto. Como por exemplo, alguns estudos sugerem que

algumas cores (especialmente o vermelho) estimulam o apetite;

b) olfato: os odores podem despertar emoções ou criar uma sensação de

tranquilidade, invocar recordações ou aliviar o estresse. Pesquisas revelam

que o aroma do café remete a infância, quando as mães o preparavam;

c) audição: o marketing mantem a consciência de marcas com publicidades

que contêm músicas no fundo criam um estado de espírito desejável;

d) tato: o estado de espírito pode ser estimulado ou acalmado com base em

sensações que atingem a pele, como por exemplo, uma massagem ou o

vento;

e) paladar: neste caso, as pessoas formam fortes preferências por sabores, e

pesquisas relatam que esse elo pode vir de recordações marcantes da

infância.

Portanto, a sensação é a resposta imediata e direta desses órgãos a estímulos

simples. Os estímulos são selecionados por cada indivíduo diferentemente,

dependendo de alguns fatores, como por exemplo, a expectativa do consumidor em

relação aquilo, ou seja, se está preparado para ver; também por seus motivos naquele

momento, necessidades, desejos, interesses, etc. (SHIFFMAN; KANUK, 2000)

Os estímulos sensoriais captados por nossos cinco sentidos dão início ao

processo preceptivo, conforme ilustrado na Figura 26.

71

Figura 26 – Visão geral do processo perceptivo

Fonte: Solomon (2011, p. 52).

Após a pessoa receber a sensação através dos estímulos, acontece o

processo de percepção, onde o indivíduo seleciona, organiza e interpreta essas

sensações. O estudo da percepção está relacionado com o que é acrescentado a

essas sensações em estado bruto, a fim de lhes dar significado a tudo isso. (GIGLIO,

2002)

Por isso, o processo de percepção tem sido definido como sensações

acrescidas de significados, Gade (1998) afirma que:

[...]por meio dos processos perceptivos as experiências sensoriais são integradas ao que já existe armazenado de experiências anteriores para se obter significado. Implica interpretar estímulos e, para tanto, relacionar componentes sensoriais externos com componentes significativos internos. (GADE, 1998 p. 29)

Os estímulos de marketing incluem um número significativos de variáveis que

afetam a percepção, como a natureza do produto, seus atributos físicos, embalagem,

anúncios, etc. (SHIFFMAN; KANUK, 2000)

Na maioria dos casos de anúncios publicitários, a visão é o receptor mais

explorado, como por exemplo, em outdoors, revistas e jornais. Muitas vezes o

processo de percepção se dá em mais de um receptor, como é o caso de publicidades

em televisões e cinemas, que utilizam a visão e a audição, porém algumas marcas

conseguem fazer a relação de anúncios diferenciados com outros receptores

sensoriais, é o caso de marcas de cosméticos que utilizam o tato como seu principal

estímulo. (KARSAKLIAN, 2004)

Após os receptores sensoriais responderem ao processo de percepção, a

mesma passa por três estágios – exposição, atenção e interpretação – os quais levam

o indivíduo a perceber que os estímulos recebidos são relevantes ou não. (GADE,

1998)

72

4.4.4.1 Exposição/ Exibição

De acordo dom Solomon (2011) a exposição ocorre quando um estímulo

penetra na gama de receptores sensoriais de uma pessoa. A exposição é o estado

crítico no processo perceptivo, isso porque o ser humano possui características

seletivas de percepção. Sendo assim a pessoa ignora algumas mensagens para se

concentrar em outros estímulos, muitas vezes desviando de seu caminho. Nesse

caso, os receptores são capazes de capturar estímulos mesmo que por um período

curtíssimo de tempo. (SOLOMON, 2011)

Conforme Shiffman e Kanuk (2000), as pessoas são diariamente expostas a

uma enorme quantidade de estímulos (anúncios, produtos, lojas, etc). Uma pesquisa

realizada nos Estados Unidos nos anos 1990 relata que o americano era exposto a

cerca de 300 mensagens publicitárias por dia41, já em 2006 Kotler e Keller falam em

1.500. Como não é possível esse indivíduo prestar atenção em tudo, esses estímulos

passam a ser filtrados, a mente e os olhos das pessoas passam a procurar e perceber

apenas as informações que mais lhe interessam naquele momento.

Segundo Samara e Morsch (2005) três conceitos básicos relacionados com a

exposição ajudam a compreender a incapacidade do ser humano de captar todos

esses estímulos, e também porque a mente humana escolhe alguns específicos:

a) exposição seletiva: o indivíduo consciente ou inconscientemente, seleciona

alguns estímulos e ignora a maioria dos outros, pelo simples fato da

habilidade mental de processamento ocorrer mais lentamente,

selecionando estímulos, um de cada vez;

b) distorção seletiva: faz com que as pessoas mudem o significado dos

estímulos, para que estes se tornem consistentes com suas crenças ou

sentimentos;

c) retenção seletiva: reforça que as pessoas só percebam os estímulos que

lembram ou apoiam suas crenças ou sentimentos.

De acordo com Engel et al. (2000) a exposição pode ser afetada por três

liminares:

a) liminar inferior absoluto: a quantidade mínima de energia ou intensidade de

estímulos necessária para ocorrer a sensação os órgãos sensoriais;

41Fonte: Samara e Morsch. (2005 p. 125)

73

b) liminar terminal: o ponto no qual aumentos adicionais na intensidade do

estímulo não tem efeito na sensação;

c) liminar diferencial: a menor mudança na intensidade do estímulo que é

notada pelo indivíduo.

Alguns pesquisadores do comportamento do consumidor sustentam que os

estímulos devem atingir, pelo menos, o liminar inferior ou absoluto para ter um impacto

na pessoa. (Engel et al., 2000)

Segundo Engel et al. (2000), nem todos os estímulos que ativam os receptores

no estágio de exposição receberão processamentos adicionais. Devido às limitações

dos recursos cognitivos é impossível ser processado todos os estímulos disponíveis

em um dado momento. Consequentemente, o sistema cognitivo monitora e seleciona

as informações que são processadas. Essa filtragem é o estágio de atenção, que pode

ser definida como a alocação da capacidade de processamento a um estímulo.

4.4.4.2 Atenção

Atenção refere-se ao grau em que a atividade de processamento é dedicada

a um estímulo específico. Perceber é tomar conhecimento de um objeto e para isso

deve-se focalizar a atenção sobre ele, atenção é, então, uma condição essencial da

percepção. (SAMARA; MORSCH, 2005)

Solomon (2011) relata um exemplo simples para explicar esse estágio:

Enquanto assiste a uma aula, você pode perceber que sua mente vagueia. Em certo momento, está concentrado nas palavras da professora e, no instante seguinte, se pega sonhando com próximo final de semana. De repente, você se sintoniza de novo quando ouve seu nome. Felizmente, é alarme falso – a professora chamou a atenção de “outra vítima”42 que tem o mesmo nome. Mas agora ela conseguiu a sua atenção[...] (SOLOMON, 2011 p. 100)

Como a capacidade do cérebro para processar informações é limitada, os

consumidores são muito seletivos em relação ao que vão direcionar sua atenção. O

processo de percepção seletiva significa que as pessoas atendem somente uma

pequena parcela dos estímulos que estão sendo expostos. Para isso existem alguns

fatores, bem como estímulos, que contribuem para essa seleção. Solomon (2011)

descreve alguns desses fatores pessoais de seleção:

42 Grifo do autor.

74

a) experiência: filtros baseados em experiências anteriores exercem

influência no que se decide processar;

b) vigilância: a vigilância perceptiva funciona de maneira que os consumidores

tendem a ser mais conscientes com estímulos que se relacionam com suas

necessidades atuais, como por exemplo, um consumidor que raramente

presta atenção em anúncios de automóveis, ficará bastante consciente dos

mesmos a partir do momento que estiver procurando por um;

c) defesa perceptiva: significa que as pessoas veem apenas aquilo que

querem ver – e não veem o que não querem. Se um estímulo é ameaçador,

ele pode ser bloqueado, por exemplo, um fumante quando se depara com

uma imagem de câncer de pulmões;

d) adaptação: é o grau até onde os consumidores continuam a notar aquele

estímulo no decorrer do tempo, ou seja, quando se torna familiar, ele não é

mais percebido. Por exemplo, um outdoor que está na rua na rota que uma

pessoa faz todos dos dias, ele é notado logo quando trocado, após um

tempo passa despercebido.

Nesses fatores de seleção de estímulos, além da mente do consumidor, a

própria forma com que esse estímulo é composto tem um papel importante na

determinação do que será notado ou ignorado, Solomon (2011) e Engel et al. (2000)

destacam algumas formas:

a) tamanho: o tamanho do estímulo em contraste com a concorrência tende a

chamar atenção;

b) cor: maneira poderosa de atrair a atenção para um produto ou dar

identidade distinta;

c) posição: os estímulos que estão em lugares com mais probabilidades de

serem vistos tem maiores chances de serem notados, ou seja, devem

permanecer o mais próximo ao nível dos olhos do comprador;

d) novidade: quando aparecem de modo ou lugares inesperados tendem a

chamar mais atenção;

e) intensidade: quanto maior a intensidade de estímulos gerados, mais

atenção ele produz, como por exemplo, sons altos, cores fortes e anúncios

brilhantes;

f) direcionamento: o olho tende a seguir quaisquer sinais dentro dos

estímulos que indiquem direcionamento, como flechas;

75

g) tempo e repetição: quanto mais tempo um determinado estímulo aparece

para um indivíduo, muitas vezes repetidas vezes, mais chances ele tem de

ser notado, como por exemplo comercias televisivos que são rodados

diversas vezes apenas num dia.

Esses fatores precisam ser entendidos pelos profissionais de marketing para

serem ser aplicados em suas mensagens e aumentar a chance de serem notados e

chamarem atenção.

Após esse estágio de atenção, as informações podem ser decodificadas ou

não, o próximo passo então, é o da interpretação.

4.4.4.3 Interpretação

Segundo Karsaklian (2004) o indivíduo não se contenta somente em

“escolher”43 os estímulos os quais se expõem, mas ele os organiza e interpreta.

Para o processo de interpretação, Gade (1998) conceitua que é o estágio que

é a parte do processamento de informações, na qual os estímulos recebidos são

decodificados e identificados, sendo-lhes atribuídos significados. Consiste numa série

de atividades mentais que levam a compreensão dos estímulos, transformando-os em

informação e aceitação da comunicação. Porém, esse processo depende das etapas

anteriores, se o objeto ou mensagem não for notado pelo consumidor, esse processo

não se apresentará.

Solomon (2011) afirma que interpretação corresponde ao significado atribuído

aos estímulos sensoriais. Assim como estímulos podem se diferir conforme a pessoa,

a interpretação também varia, ou seja, duas pessoas podem ver ou ouvir a mesma

mensagem, mas sua interpretação pode ser diferente, dependendo de como esse

estímulo for percebido.

Esses significados são atribuídos por uma relação de fatores, pode ser

conforme a crença de cada pessoa, ou outros fatores que influenciam cada receptor

sensorial. Gade (1999) afirma que fatores pessoais de interpretação também

influenciam o seu significado, eles remetem as características do indivíduo, suas

necessidades atuais e pré-disposições mentais para organizar tais significados.

43Grifo do autor.

76

Segundo Solomon (2011) pesquisas indicam que a maneira pelo qual um

estímulo está sendo mostrado pode influenciar a maneira como ele é avaliado, como

a localização dos produtos, essa influencia diretamente o cérebro a dar sentido a

interpretação, como por exemplo, devido ao que se aprende sobre a gravidade,

produtos localizados mais embaixo, em um quadro, tendem a mostrar que são mais

pesados em relação aos localizados mais a cima.

Outro fator que determina como o estímulo será interpretado é sua relação

com outros eventos, sensações ou imagens na memória de cada indivíduo. Os

estímulos que são percebidos, muitas vezes, têm mais de uma maneira de

interpretação, cabe a cada consumidor determinar o seu significado com base nas

experiências, expectativas e necessidades anteriores. Algumas vezes os

consumidores tendem a projetar seus próprios desejos ou pressuposições nos

produtos e anúncios. (SOLOMON, 2011)

A semiótica também influencia diretamente na interpretação. Com base nessa

perspectiva, toda a mensagem de marketing, tem três componentes: um objeto, um

signo e um símbolo. O objeto é o produto que é o foco da mensagem, o signo é a

imagem sensorial que representa os significados pretendidos e a tradução é o

significado derivado, conforme Figura 27. (SHIFFMAN; KANUK, 2000)

Figura 27 – Relações da semiótica

Fonte: Solomon (2011, p. 111).

77

Karsaklian (2004) descreve um conceito importante a ser considerado, que é

da psicologia da Gestalt, escola que defende que o cérebro humano tende a concluir

a interpretação com base no conjunto de estímulos recebidos. Esses conceitos são

geralmente aplicados as comunicações visuais, abaixo, seguem algumas situações

as quais as pessoas tendem a organizar as suas interpretações das percepções:

a) a figura e o fundo: o consumidor tende a organizar as percepções em dois

planos: o da figura, elemento que capta o essencial da atenção, e o fundo,

pouco diferenciado. Esse princípio se apoia no efeito contraste, o qual é

muito utilizado na publicidade – Figura 28;

Figura 28 – A figura e o fundo

Fonte: Karsaklian (2004, p. 57).

b) o grupamento: quando esses estímulos são vários e distintos e não são

organizados imediatamente, é criada a figura por cada consumidor

diferentemente, em razão da proximidade, similaridade e continuidade.

Assim, a Figura 29 é mais facilmente lida em colunas, enquanto a Figura

30 é convidativa a ler-se em linha. Por isso, em num anúncio, os diversos

produtos podem aparecer em linhas ou colunas, mostrando a familiaridade

entre eles;

78

Figura 29 – Agrupamento em colunas

Fonte: Karsaklian (2004, p. 59).

Figura 30 – Agrupamento em linhas

Fonte: Karsaklian (2004, p. 59).

c) a continuidade: os objetos não são somente agrupados quando

necessários, mas também são completados. A Figura 31, não foi

desenhada totalmente, porém o cérebro tende a completá-la. Alguns

estudiosos relatam que “fechar”44 a figura inacabada aumenta a sua

memorização;

Figura 31 – Continuidade

Fonte: Karsaklian (2004, p. 61).

44Grifo do autor.

79

d) estímulo ambíguo: é quando não corresponde a uma forma imediatamente

reconhecida, ou quando diferentes ”leituras”45 podem ser feitas do anúncio.

O ser humano tem a tendência de tornar o estímulo de forma coerente.

Essa interpretação se faz em virtude das expectativas do receptor. Na

figura 32 o desenho central do anúncio pode ser interpretado pelo

consumidor como uma palavra.

Figura 32 – Estímulo ambíguo

Fonte: Karsaklian (2004, p.65).

O processo de interpretação é o processo conclusivo para a percepção, por

isso ele é igualmente crítico em relação aos outros.

Porém, nem sempre o que interpretado pelo consumidor constitui com o

registro fiel daquilo que é na realidade, tampouco pelo o que as empresas gostariam

que fosse visto. Por isso, as organizações devem tomar muito cuidado para realizar

anúncios, pois com base nessa interpretação que o consumidor irá elaborar sobre o

produto, ele tomará uma atitude em relação à compra do mesmo. (SAMARA;

MORSCH, 2005)

O mecanismo pelo qual as pessoas organizam e interpretam mensagens

constitui num território extremamente almejado por pesquisas de marketing. Pois é

somente a partir desse processo que o produto tende a passar a ser uma necessidade

ou desejo para o consumidor.

A percepção se dá a partir desses três processos, e é de suma importância

para qualquer profissional de marketing construir diferentes estratégias para seu

produto, que posteriormente pode atender como necessidade ou desejo do indivíduo.

Pois é com base na percepção que o indivíduo tem do produto que, posteriormente,

irá agir, ou não a ele.

45Grifo do autor.

80

5. METODOLOGIA

Entende-se por metodologia os passos que conduzem a uma solução as

respostas de determinadas questões. A metodologia possibilita prever os problemas

e analisá-los para que haja um entendimento do tema levantado na pesquisa.

(LAKATOS; MARCONI, 2011).

Essa pesquisa possui caráter descritivo. Para Gil (2008), a pesquisa descritiva

tem como objetivo principal descrever as características de determinadas populações

ou fenômenos. Uma de suas peculiaridades está na utilização de técnicas

padronizadas de coletas de dados, tal como observação ou questionário. Neste

projeto, o questionário foi a técnica utilizada na pesquisa em questão.

A abordagem qualitativa foi a utilizada para este estudo, que segundo

Malhotra (2005) representa uma metodologia não estruturada, baseada em pequenas

amostras que proporciona percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma

questão, abrindo espaço para interpretações. Uma das principais características

desse tipo de pesquisa é o uso de perguntas abertas, sem opções de respostas pré-

determinadas, justamente o fato que enriquece o leque de respostas captadas dos

entrevistados. Porém o questionário usado para analisar as respostas, contém um

viés quantitativo, pois algumas respostas podem ser quantificadas, apesar disso, o

estudo em si baseia-se na abordagem qualitativa.

Este estudo contou com levantamentos bibliográficos como uma das técnicas

utilizadas, assim foram levantadas informações sobre os assuntos principais,

merchandising e comportamento do consumidor, para melhor assimilação do tema

proposto. De acordo com Barros (2007) o estudo bibliográfico consiste em juntar

informações e relacioná-las com o assunto específico. Ainda define que quanto mais

se lê sobre determinado assunto de interesse, mais fácil será identificar conceitos que

se encaixem.

O procedimento de pesquisa bibliográfica foi de suma importância para o

referencial teórico desse trabalho, Gil (2008) afirma que:

A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. (GIL, 2008 p. 65)

81

Além disso, foi realizado um estudo de caso, que segundo Barros (2007) é a

coleta ou o registro de informações sobre um ou vários casos particularizados,

elaborando relatórios críticos. “A essência de um estudo de caso é tentar esclarecer

uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram tomadas, como

foram implementadas e quais os resultados”. (BARROS et al SHARAMM, 2007 p.51).

Para Yin (2014), todo o estudo de caso necessita de um projeto ou plano de pesquisa

e nele deve conter quatro problemas inicias: 1) questões a estudar; 2) dados

relevantes; 3) dados coletados; 4) análise dos resultados. Para levantar esses dados,

ainda citando Yin (2014), foi definida uma unidade de análise, que se relaciona com a

maneira como as questões iniciais da pesquisa foram levantadas. No estudo em

questão, as unidades de análise são: as formas de merchandising nos filmes e se os

mesmos afetam o fator psicológico de percepção do comportamento do consumidor.

Especificar corretamente essas questões traz a solução da unidade apropriada para

a análise.

Ainda descrevendo sobre estudo de caso, Gil (2008) afirma que é um estudo

muito exaustivo e profundo de poucas pessoas, maneira esta que se consegue um

conhecimento detalhado em relação ao tema levantado, diferentemente do

conhecimento superficial que se obtém com outros métodos.

Levando essas afirmações em conta, o atual estudo buscou a coleta de dados

através de um questionário, de acordo com Gil (2008) o questionário pode ser definido:

[...] como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimento, interesses, expectativas, situações vividas, etc. (GIL, 2008 p.37)

O questionário desta monografia, foi dividido em quatro partes, para que o

entrevistado não fosse influenciado com perguntas posteriores, as quais traziam, de

certa forma respostas das primeiras. Todas as partes deste questionário estão

disponíveis no Apêndice 1.

A coleta de dados foi realizada no dia 09 de outubro de 2017. O local encolhido

foi o cinema da Universidade de Caxias do Sul, com capacidade para 200 pessoas,

neste dia compareceram 20 pessoas, e estas formaram a amostra desta pesquisa.

82

O filme escolhido para ser apresentado foi Os Estagiários46, essa obra foi

lançada no ano de 2013 e tem duração de 119 minutos. A escolha do filme se deu por

ser uma obra bastante peculiar para o assunto, pois traz a marca Google de forma

explícita, tanto no filme, quando em cartazes e trailers. Também se deu pelas

inúmeras críticas positivas e negativas encontradas em diversos sites abordando

sobre a colocação dos placements no filme.

Desta forma, foi possível analisar as formas que os placements, do filme

apresentado influenciaram o fator psicológico de percepção, do comportamento do

consumidor, nos espectadores que participaram da pesquisa.

Ainda conforme Yin (2014), muito embora se pense que os estudos de caso

sejam uma pesquisa fácil, a pesquisa de estudo de caso é notavelmente complicada.

E o paradoxo é que quando mais fácil for uma estratégia de pesquisa, mais difícil será

realizá-la.

46Nome original da obra em inglês: The Internship.

83

6. ANÁLISE

De acordo com Yin (2014) a análise dos dados coletados tem como função

examinar, categorizar e classificar as evidências, tendo em vista as proposições

iniciais e baseando-se em proposições teóricas.

Este capítulo buscou através de um estudo de caso analisar a influência do

placement no fator psicológico de percepção do comportamento do consumidor

através de um filme cinematográfico. O meio de comunicação escolhido foi,

primeiramente, por ser um meio de massa, e também pelo crescimento de

investimentos feitos por grandes marcas, inserindo de formas imprevisíveis seus

produtos nos filmes que prometem obter grandes bilheterias.

Para isso, foi necessário antes entender sobre como o placement é inserido

nessas obras, bem como ter conhecimento do comportamento do consumidor, em

especial o fator psicológico de percepção, onde são encontrados os processos de

exposição, atenção e interpretação. A partir deste estudo foi possível analisar tanto o

filme quanto as respostas do questionário dos respondentes da pesquisa.

6.1 COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados foram convidadas 32 pessoas. Todas, inicialmente,

receberam um convite apenas para assistir um filme no dia 09 de outubro de 2017, às

19:45 horas, no cinema da Universidade de Caxias do Sul. Foi optado por não fazer a

revelação do nome da obra e não expor a pretensão da pesquisa, para que os

espectadores não fossem influenciados anteriormente.

Dos convidados, 20 pessoas compareceram, as quais formaram a amostra

desta pesquisa. O local encolhido se deu pelo fato de as salas de cinema consistirem

num ambiente controlado, deixando as pessoas mais confortáveis e desta forma, mais

propensas a receberem mensagem e interpretá-las, conforme Ogden e Crescitelli

(2008) afirmam. A Figura 33 foi capturada no dia da exibição, a qual mostra os

espectadores e o local.

84

Figura 33 – Imagem capturada na coleta de dados

Fonte: Imagem capturada pela autora.

Nesse dia as pessoas começaram a chegar por volta das 19:40 horas, e foram

se acomodando nos assentos de sua preferência. Para que se sentissem ainda mais

confortáveis e no ambiente propício, foram distribuídas pipocas para todos os

convidados, por se tratar culturalmente de um alimento que é consumido sempre

nesse local.

O filme começou a ser rodado as 20:00 horas, e no decorrer não foi realizado

nenhuma pausa. Essa exibição teve duração de 119 minutos. Foi definido rodar o filme

com a dublagem da língua portuguesa, pois a coleta do questionário continha

perguntas de cunho auditivo, por esse motivo, a linguagem original poderia influenciar

o não reconhecimento desses placements.

Após a exibição do filme foi aplicado um questionário, que foi a referência para

a análise posterior dos dados. Esse questionário teve uma divisão em quatro partes,

consequentemente, referiam-se a momentos separados. A primeira parte contava

com 3 perguntas que se tratavam do perfil do respondente (idade, gênero e profissão),

juntamente com 6 perguntas referindo-se a percepção e o sentimento do espectador

sobre os placements inseridos no filme. A segunda parte se tratava somente de

questões fechadas, todas as 7 estavam relacionadas com os sentimentos de

85

necessidade e desejos do consumidor naquele momento. A terceira parte também

continha perguntas fechadas, foram 3, essas traziam questões do decorrer do filme

sobre marcas que estavam expostas no mesmo, questionando se o espectador as

identificou. A quarta e última parte, trouxe uma série de marcas para o respondente

identificá-las conforme o filme, neste caso o questionário foi diferenciado, metade dos

respondentes receberam as marcas ilustradas com seus respectivos logotipos e a

outra metade as mesmas marcas somente escritas, para que a análise conseguisse

fazer relação da percepção entre uma e outra.

Para o perfil do respondente foi determinado o não questionamento de seu

nome, para que estes não se sentissem influenciados quando respondessem

perguntas de cunho pessoal, as quais, estão elencadas na segunda parte do

questionário. Desta forma cada espetador foi identificado por numeração, as quais

estavam já relacionadas junto com a primeira parte.

Portanto, na hora da coleta de dados, primeiramente foi solicitado para que

todos sentassem com uma cadeira de distância de cada pessoa, e logo foi entregue

as primeiras perguntas, que se referiam a parte 1. As folhas de respostas foram

entregues dentro de uma pasta de capa dura, com o propósito de oferecer um apoio

para a escrita, e receberam juntamente uma caneta.

Após o termino da primeira parte, cada respondente erguia a mão, desta forma

era recolhida a parte 1 e entregue a parte 2, dessa forma respectivamente com as

partes 3 e 4, finalizando assim a coleta de dados.

6.2 DADOS COLETADOS DO FILME

O filme escolhido para ser rodado aos espectadores foi Os Estagiários.

Conforme já mencionado na metodologia, essa obra foi lançada em 2013, mais

especificamente no dia 7 de junho nos cinemas norte-americanos e em 30 de agosto

nos cinemas brasileiros. É uma comédia dirigida por Shaw Levy e escrito por Vince

Vaughn e Jares Stem e tem duração de 119 minutos, com classificação indicativa de

idade para 12 anos.

A trama acontece quase totalmente no interior da empresa Google, e traz a

marca de maneira explicita a partir do minuto 23 até o final do filme. Como assunto

principal, o roteiro traz dois homens, com idades de aproximadamente 30 anos, que

perderam seus empregos e conseguiram participar da seleção de um estágio na

86

Google, e o decorrer do filme se passa durante esta seleção. A abordagem principal

do roteiro traz a forma de trabalho dos colaboradores, sempre exibindo a Google de

forma positiva, e apesar de o filme expor o tempo inteiro a marca, em nenhum

momento a trama desvia a sua história principal. Por isso foi definido que apesar de

ser exposta muito fortemente no filme, através da teoria de Pinheiro e Helena (2012)

descrita no capítulo de Merchandising, a inserção dessa marca se trata de um

placement, pois a marca dá continuidade à história da obra em questão.

A escolha do filme se deu no início do projeto deste estudo, quando foi

pesquisado por placement, essa trama, em especial é encontrada em diversos sites

formadores de opiniões, recebendo críticas, positivas e negativas. Todas essas estão

relacionadas com a forma que o filme expõe a marca da Google.

A Trivison (2013), que é uma agência americana de marketing, publicou uma

notícia sobre o filme, nela consta uma crítica positiva sobre seu placement:

“provavelmente é seguro dizer que nenhuma marca na memória recente representou

a colocação de produtos melhor do que o Google no Os Estagiários” (tradução

nossa)47. A revista americana Rolling Stones também traz uma matéria sobre o filme

e destaca, positivamente, que para quem assiste o filme “o Google parece o melhor

lugar para se trabalhar” (tradução nossa)48. Já o site Marketing Land (2013), publicou

uma matéria com o seguinte título: “Os Estagiários: um filme divertido, mas também

um belo comercial do Google” (tradução nossa)49. Essa matéria apresenta pontos

positivos e negativos dessa inserção de marca, um ponto que define como positivo é

de que as pessoas vão se lembrar da marca durante muito tempo depois de terem

visto o filme, e também os processos positivos que o contexto do filme traz sobre a

marca. E destaca negativamente, que por conta da Google não participar da

elaboração do roteiro é possível notar que dois concorrentes da empresa, Facebook

e Instragram, foram mencionados na trama. Porém a própria Google sugeriu aos

diretores quais os tipos e marcas de aparelhos eletrônicos que deveriam ser utilizados

47Do original: “It is probably safe to say that no brand in recent memory portrayed product placement

better than Google in the The Internship.” (TRIVISON, 2013. Disponível em: <http://www.trivisioncreative.com/the-internship-movie-product-placement/>. Acesso em: 21 out. 2017).

48Do original: “Google look like the best place to work.” (ROLLING STONES, 2013. Disponível em: <http://www.rollingstone.com/movies/videos/the-internship-is-cutesy-product-placement-20130606>. Acesso em: 21 out. 2017).

49Do original: “The Internship: A fun movie, but also a beautiful Google commercial” (MARKETING LAND, 2013. Disponível em: < https://marketingland.com/the-internship-movie-google-45618>. Acesso em: 21 out. 2017).

87

no decorrer do filme, os quais se destacam como outros placements. Negativamente,

criticando o filme, a BBC London (2013) publicou uma matéria a qual destaca que

durante o filme o espectador fica preso a uma experiência de comercial ininterrupta.

Também traz dados de que a Google permitiu que o elenco filmasse por cinco dias

nas dependências da empresa e ainda autorizou 100 funcionários reais a participarem

do elenco como extras50. O site americano Cinema Blend (2013), o qual é especialista

em escrever matérias sobre filmes cinematográficos também fez uma crítica negativa

ao filme apontando que ele é “um comercial de duas horas para a Google” (tradução

nossa)51.

Entre todas essas críticas, positivas e negativas, o objetivo em questão desse

estudo é analisar a influência do placement no comportamento do consumidor e se

esse, de fato, foi atingindo tanto positivamente como negativamente. Não somente

pela Google mas por todos os produtos inseridos ou mencionados no filme. Pois,

apesar de existirem muitas críticas negativas, o objetivo geral da Google como

placement era chamar a atenção para a marca.

Então, para realizar essa análise, foram levantados dados de como o filme

apresentou seus placements e quais eram as marcas inseridas. No decorrer da trama,

além da Google, que se encontra presente em aproximadamente 1 hora e 30 minutos

do roteiro, foram encontradas outras 37 marcas de placement. Dentre essas marcas

26 são inseridas apenas com produtos, ou seja, somente atingindo a visão do

espectador; 5 apenas são mencionadas dessa forma atingindo a audição; e outras 6,

mais a Google, são inseridas com os dois elementos, ou seja, além de produtos

visuais, personagens falam sobre o produto ou serviço. No Gráfico 1 são

apresentadas todas as marcas que foram inseridas visualmente, e também a duração

de cada uma em cena. O Gráfico 2 apresenta as marcas que foram mencionadas no

filme e quantas vezes foi pronunciado o nome desta marca, essas utilizaram apenas

o receptor sensorial de audição para se expor. Juntamente com esses dois gráficos,

tanto num quanto no outro, encontram-se as marcas que foram inseridas das duas

formas, grifando-as para que possa ser feito a distinção das mesmas.

50Fonte: BBC London, 2013. Disponível em: < http://www.bbc.com/culture/story/20130704-the-

internship-a-movie-or-an-ad>. Acesso em: 21 out. 2017. 51Do original: “a two-hour commercial for Google “Disponível em: <https://www.cinema-blend.com/new/Internship-Great-Google-Debate-Clever-Location-Product-

Placement7904.html>. Acesso em: 21 out. 2017.

88

Gráfico 1 – Products Placements inseridos visualmente no filme

Fonte: Produção da própria autora, baseado no filme Os Estagiários.

89

Gráfico 2: Products Placements mencionados no filme

Fonte: Produção da própria autora, baseado no filme Os Estagiários.

A análise dos gráficos pode afirmar o que Solomon (2011) descreve sobre a

preferência dos profissionais de publicidade com os elementos visuais. Porém esses

mesmos produtos dispuseram de uma discrepância sobre como aconteceu sua

inserção. Alguns foram inseridos com tamanho pequeno, ou seja, no fundo de uma

cena ou no logo pequeno no canto de uma camiseta, como é o exemplo das Figuras

34 e 35.

Figura 34 – Lacoste no filme Os Estagiários

Fonte: Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Sj1en6mu9AE>. Acesso em: 21 out. 2017.

5

4 4

3

2 2

1 1 1 1

0

1

2

3

4

5

6

Vezes q

ue f

ora

m m

encio

nados

Marcas* Products placements mencionados e também inseridos visualemnte no filme

90

Figura 35 – GuitarHero no filme Os Estagiários

Fonte: Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Sj1en6mu9AE>. Acesso em: 21 out. 2017.

Apesar de a Lacoste ser a marca que aparece com mais tempo no filme,

exceto a Google, por outro lado ela se mostra de forma muito sutil, quase passando

despercebida, pois todas vezes que ela surge em cena, conforme a Figura 32,

expõem-se apenas de forma pequena na camiseta de um dos personagens

coadjuvantes. É o caso também do produto GuitarHero, ele aparece no fundo de uma

cena, e essa o espectador está com atenção total no diálogo do personagem principal.

Já algumas marcas aparecem de forma mais explícita, como é o caso da

Google, a qual já foi descrita anteriormente nessa análise. As Figuras 36 e 37 mostram

a grandeza na qual a marca se mostra durante o filme.

Figura 36 – Google no filme Os Estagiários I

Fonte: Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Sj1en6mu9AE>. Acesso em: 21 out. 2017.

91

Figura 37 – Google no filme Os Estagiários II

Fonte: Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Sj1en6mu9AE>. Acesso em: 21 out. 2017.

A marca da Google aparece repetidamente no decorrer de todo o filme, isso

pode se tornar um elemento chave para que ela seja percebida, conforme Solomon

(2011) e já citado no capítulo do comportamento do consumidor. Além disso não só a

marca é exposta, mas em todo o tempo os personagens falam e contracenam com a

história dela. Como o filme se passa quase integralmente no interior da empresa, é

possível que o espectador conheça não só a marca, mas também como é o processo

de trabalho, fator também importante pois isso pode remeter a algum sentimento do

espectador.

Além da Google outras marcas se mostram de forma mais explícita, como a

Android e a STP (Figura 35 e 39), que também aparecem na camiseta dos

personagens, porém utilizou um tamanho maior que a Lacoste que foi analisada

anteriormente. Além disso, tais personagens possuem papeis principais no filme, o

que instiga ainda mais a visualização do espectador

92

Figura 38 – Android no filme Os Estagiários

Fonte: Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Sj1en6mu9AE>. Acesso em: 21 out. 2017.

Figura 39 – STP no filme Os Estagiários

Fonte: Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Sj1en6mu9AE>. Acesso em: 21 out. 2017.

Esses casos podem incitar a percepção do consumidor, pois o tamanho que

o produto é exposto é um dos fatores influenciáveis para a percepção, principalmente

com associação a atenção, conforme Solomon (2011) e já descrito no capítulo do

comportamento do consumidor.

Além da análise feita através dos elementos contidos dentro da trama em si,

o filme conta com placements tanto no seu cartaz de divulgação (Figura 40) como na

capa dos DVDs que foram vendidos posteriormente ao seu lançamento (Figura 41).

93

Figura 40 – Cartaz de divulgação do filme Os Estagiários

Fonte: Site Adoro Cinema. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-206149/>. Acesso em: 21 out. 2017.

94

Figura 41 – Capa do DVD do filme Os Estagiários

Fonte: Fnec. Disponível em: < https://www.fnac.pt/Os-Estagiarios-Owen-Wilson-DVD-Zona-2/a722901>. Acesso em: 21 out. 2017.

Os placements não somente foram inseridos no filme, mas também

contribuíram para divulgá-lo. Dessa forma, as pessoas poderiam se sentir mais

motivadas a ver o filme quando percebessem as marcas nessas outras peças, como

Pinheiro e Helena (2012) destacam.

6.3 QUESTIONÁRIO

A análise do questionário foi dividida em subcapítulos, esses estão

segmentados de acordo com as 4 partes distintas concedidas aos respondentes, que

foram organizadas da seguinte forma:

a) parte 1: perguntas sobre o perfil do respondente e perguntas sobre

percepção e sentimentos do expectador com os placements inseridos no

filme;

b) parte 2: perguntas sobre desejos e necessidades do espectador;

c) parte 3: identificação de produtos e suas marcas através de alternativas;

d) parte 4: percepção de marcas através de logotipos.

95

6.3.1 Parte 1

A Parte 1 do questionário entregue aos respondentes continha primeiramente

questões ligadas a seu perfil, e posteriormente, questões sobre a percepção do

espectador em relação aos placement do filme.

6.3.1.1 Perfil do Respondente

Essa parte do questionário, buscou através de questões simples, traçar o

perfil dos respondentes, para posteriormente saber se esse perfil pode ter vínculo com

as respostas das perguntas associadas à percepção do consumidor. Essas questões

foram relacionadas ao gênero, idade e profissão de cada espectador. Foi determinado

o não questionamento do nome do entrevistado, com o intuito de o mesmo não ser

influenciado nas respostas com vínculo as suas necessidades e desejos, já que essas

perguntas possuem o viés pessoal.

A primeira questão relacionava-se ao gênero de cada pessoa, a qual o

resultado encontra-se no Gráfico 3.

Gráfico 3 – Gênero dos respondentes

Fonte: Produção da própria autora, baseado no questionário aplicado.

A partir desse gráfico foi apurado que da amostra de 20 respondentes, 11

deles corresponderam a mulheres e 9 a homens, ou seja, 55% dos entrevistados eram

do sexo feminino enquanto 45% do sexo masculino. Neste caso, a pesquisa conta

com uma divisão quase exata de ambos os sexos, o que é fator positivo, pois pode

ser analisado tanto um quanto o outro em relação a divergência de ideias.

11

9

Feminino Masculino

96

O questionamento posterior referiu-se à idade de cada entrevistado, a qual é

representada pelo Gráfico 4.

Gráfico 4 – Idade dos respondentes

Fonte: Produção da própria autora, baseado no questionário aplicado.

A idade foi um fator de extrema diferença entre os participantes, das 20

pessoas, a pesquisa relacionou 16 idades diferentes e uma não informada. As

respostas variam entre 12 até 72 anos, se repetindo apenas por duas vezes nas

respostas de 19, 29, 30 e 51 anos. Esta questão é relevante para a pesquisa, pois

pessoas de idades diferentes possuem crenças diferentes e também tem um ciclo de

vida diferente, conforme Samara e Morsch (2005) esse deve ser um fator influenciável

na percepção que tiveram no decorrer do filme, principalmente no que se diz respeito

a exposição.

A terceira e última questão a ser analisada em relação ao perfil dos

participantes é sobre a profissão de cada um, esta está descrita no Gráfico 5.

1 1

2

1 1 1

2 2

1 1 1 1

2

1 1 1

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Núm

ero

de r

espondente

s

Idade

97

Gráfico 5 – Profissão dos respondentes

Fonte: Produção da própria autora, baseado no questionário aplicado.

Da mesma forma que a questão da idade, neste caso, as profissões se

diversificam também. Das 20 respostas, puderam ser relacionadas 13 profissões

distintas e 3 não informadas. As profissões que se repetiram foram: 3 estudantes, 2

empresários e 2 corretores de imóveis. Esta é uma questão influenciadora também,

pois ela muda a experiência de cada pessoa, que segundo Schiffman e Kanuk (2000)

cada indivíduo tem a tendência de notar os estímulos que já conhece. Este fator pode

ser relevante nas respostas posteriores de percepção, principalmente na atenção e

interpretação das inserções.

Neste estudo consta uma diversidade bastante grande tanto de idade como

de profissões, já o gênero conta com uma divisão entre mulheres e homens, por isso

não existe um perfil único de respondentes para o questionário, com isso, encontram-

se vários perfis. Portanto, a partir disso, pode-se fazer uma análise se as perguntas

que tem relação com a percepção, que é o objetivo deste estudo, foram influenciadas

por tais perfis.

6.3.1.2 Percepção e sentimentos do espectador em relação ao filme

Essas questões que serão relacionadas a seguir, foram entregues juntamente

com as questões do perfil dos respondentes. Nessa parte, foi procurado analisar a

percepção, através da exibição, atenção e interpretação de cada espectador, em

relação as marcas inseridas como placements no filme.

1 1 1 1

2 2

1

3

1 1 1 1 1

3

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

Advoga

do

Agen

cia

do

r

Analis

ta d

eQ

ua

lidad

e

Co

ord

en

ado

ra

Co

rreto

r de I

ve

is

Em

pre

sári

o

Enfe

rmeira

Estu

dan

te

Fis

iote

rapeu

ta

Me

talú

rgic

o

Pro

fessora

Re

pre

s. C

om

erc

ial

Téc. E

mM

anute

nção

o In

form

ado

me

ro d

e p

esso

as

Profissão

98

A primeira pergunta tem ligação com a exposição e atenção, a qual analisou

se, através desses processos, os placements foram percebidos pelos respondentes.

No filme apresentado, os espectadores foram expostos a estímulos visuais e

auditivos, porém conforme Shiffman e Kanuk (2000) a capacidade do ser humano é

limitada e somente alguns estímulos são penetrados na gama dos receptores

sensoriais, este é o caso da exposição. Já a atenção tem a ver com uma relação de

fatores, motivo pelo qual, as pessoas se concentraram naqueles estímulos em

particular. Então a pergunta 1 do questionário foi: “Quais as marcas de produtos ou

serviços, que você lembra de ter visto ou ouvido no filme apresentado? ”. Nesse caso

não foram apresentadas opções de respostas, os espectadores responderam

conforme lembraram das marcas, que pode ser considerado uma pergunta aberta.

Porém, muitos participantes responderam marcas que não estavam no filme

e outros responderam apenas descrevendo o produto, sem lembrar o nome da marca.

Devido a isso, foram criados 3 gráficos distintos para ilustrar tais respostas. Os quais

serão apresentados e logo em seguida de cada um, será exposto uma análise.

O Gráfico 6 representa as respostas dos participantes que escrevam marcas

que realmente estavam inseridas no filme como placement.

Gráfico 6 – Products placements percebidos pelos respondentes através da marca no filme Os Estagiários.

Fonte: Produção da própria autora, baseado no questionário aplicado.

De acordo com os 38 placementes inseridos no filme, representados pelos

Gráficos 1 e 2, apenas 10 foram percebidos pelos espectadores, ou pelo menos esses

20

6

3 2 2 1 1 1 1 1

0

5

10

15

20

25

Num

ero

de

re

sp

on

de

nte

s

Marcas

Gráfico 6: Quais as marcas de produtos ou serviços, que você lembra de ter visto ou ouvido no filme apresentado?

99

lembraram do nome dessas marcas. Da amostra de 20 pessoas, 100% percebeu a

marca Google, ou seja, as 20 pessoas escreveram essa marca nas respostas, outras

6 marcaram Instagram, 3 Android, 2 pessoas marcaram a marca Apple, e o mesmo

número, 2, Nike. As marcas que obtiveram apenas uma citação cada uma foram: STP,

Sansung, Twitter, Facebook e Oracle.

A exposição da Google atingiu 100% da amostra, uma vez que no filme a

marca aparece repetidas vezes e também fica em evidência mais da metade da trama.

Essa exposição pode ser classificada como exposição seletiva, conforme descrito por

Samara e Morsch (2005) e já abordado no capítulo de comportamento do consumidor.

Neste caso os receptores selecionam alguns estímulos e ignoram a maioria dos

outros.

No mesmo capítulo ao abordar a atenção através das teorias de Solomon

(2011) e Engel et al. (2000), é notável que a forma que essa atenção se deu foi por

dois fatores: a intensidade e o tempo. Ainda abordando a percepção da Google, ela

aconteceu numa intensidade tão grande que pode ter sido o fator que fez muitas

pessoas ignorarem os outros estímulos. Isso também levando em consideração que

4 respondentes, nessa pergunta, responderam apenas a marca Google e não citaram

nenhuma outra.

Em relação as outras marcas percebidas, 5 delas foram inseridas no filme

visualmente, 3 apenas mencionadas e 1 foi inserida nos dois formatos.

No caso das marcas Instagram, Twitter e Facebook, essas tiveram apenas o

sensor de audição para que os respondentes perceberem elas, o que se torna menos

propenso de lembrança, porém isso mostra que esse sensor dos espectadores contou

uma reação imediata, tendo em vista ainda que o Instagram foi a marca mais

percebida depois da Google, 6 vezes. Outro fator para se analisar é que todas elas

são marcas de redes sociais, no caso de exposição pode-se considerar uma retenção

seletiva onde as pessoas percebem estímulos que apoiem suas crenças. Isso pelo

fato que nos dias atuais as redes sociais se tornaram um ambiente de uso contínuo.

Já, abordando a atenção, essa percepção pode estar relacionada com o fator de

seleção da experiência, no qual Solomom (2011) destaca que as pessoas filtram os

estímulos baseadas nas suas experiências.

As marcas que foram expostas, de maneira visual e também visual e aditivo,

ou seja, com os dois estímulos juntos, e que foram percebidas pelos espectadores,

são: Android, Apple, Nike, STP, Samsung e Oracle.

100

Analisando as marcas Android e Nike, a referência sobre a percepção delas

é pelo fato que são duas das marcas que ficaram inseridas durante maior tempo, e

também em cenas diversas durante o decorrer do filme. Cada uma ficou em exposição

pouco mais de 10 minutos, conforme mostra o Gráfico 3. Neste caso a percepção está

atrelada diretamente a atenção pelo fator de tempo. No caso da Nike, todas às vezes

que ela aparece foi a partir de um tênis usado pelos personagens principais, portanto,

nesse caso o fator de experiência pode ter sido influenciador também.

Já as marcas Apple e Samsung apareceram no filme através de aparelhos de

notebooks. No filme quase todos os personagens possuem um aparelho dessa

natureza, e eles se dividem entre essas duas marcas. Esse estímulo pode ter a ver

com a exposição seletiva, bem como o fator de posição através da atenção, filtros que

Solomom (2011) destaca. No caso da posição, em todas as cenas que esses

aparelhos, com suas determinadas marcas, estavam inseridos, eles se posicionavam

na frente dos personagens, conforme Figura 42.

Figura 42 – Samsung no filme Os Estagiários

Fonte: Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Sj1en6mu9AE>. Acesso em: 21 out. 2017.

A marca STP apareceu em apenas uma resposta, ela já foi mencionada antes

nessa análise e ilustrada na Figura 37. Esta é inserida através de uma camiseta, de

um personagem principal da trama, e dois fatores relevantes que supõem-se ter

chamado a atenção do espectador para isso foi o tamanho e a cor. O logotipo dessa

marca está inserido num fundo branco, e ele é de cor vermelha, o que lhe

101

proporcionou uma visibilidade maior. Outro fator significativo é que o respondente que

notou essa marca é do sexo masculino e possui 43 anos. Visto que essa é uma marca

de produtos de motores de carro, supõem-se, pela cultura social do país, que pelo seu

perfil essa pessoa tenha mais conhecimento de marcas dessa natureza que as outras.

E por último, a marca Oracle, que foi respondida também apenas por uma

pessoa, e é o fator mais curioso desta análise, pois ela aparece no filme durante

apenas 2 segundos. Neste caso não foi determinado o porquê que essa percepção se

deu, porém conforme Solomom (2011) os estímulos podem ser capturados por um

indivíduo mesmo num período curtíssimo de tempo.

Contudo, pode-se afirmar que a percepção dessas marcas se deu tanto pelo

receptor sensorial da visão como da audição, apesar da maioria das marcas do filme

serem inseridas apenas visualmente. Outro ponto é que o fator de intensidade e tempo

que as marcas ficaram expostas foi determinante para chamar a atenção dos

espectadores. O fator do perfil do respondente foi relevante apenas para uma das

respostas, nas outras todos os perfis variaram fortemente. Portanto é possível ter uma

percepção de placement através dos fatores de exibição e atenção utilizando de seus

fatores de seleção de estímulos. E por fim, essa pergunta reforça que cada indivíduo

seleciona diferentemente os estímulos que vai se concentrar de acordo com seus

atributos pessoais, conforme Karsaklian (2004).

O Gráfico 7 contém a relação de produtos que apareceram no filme, porém

como os participantes não lembravam a marca, nesses casos optaram por colocar o

produto em si.

102

Gráfico 7 – Products placements percebidos pelos respondentes somente pelo produto

Fonte: Produção da própria autora, baseado no questionário aplicado.

Os produtos que apareceram durante mais vezes nas respostas foram pizzas

e bebida, respectivamente com 6 respostas, 30% da amostra, e 4 respostas que

corresponde à 20% dos respondentes. Apesar de os participantes não lembrarem do

nome da marca, essas respostas são de produtos que o indivíduo precisa para as

suas necessidades básicas de fome e sede, tendo em vista o horário de que o filme

foi apresentado, a partir das 20:00 horas, uma das questões relevantes é que esse é

um horário em que as pessoas são acostumadas a fazer uma refeição, então supõem-

se que o fator de vigilância foi importante para essas respostas, o qual afirma

Solomom (2011) que os estímulos são selecionados conforme as necessidades e

desejos atuais, porém esse caso será abordado na próxima parte do questionário. Um

fator que pode ter influenciado para as pessoas não lembrarem o nome da marca da

pizzaria, em particular, é que esse serviço é muito utilizado nos Estados Unidos, e não

existe no Brasil, portanto possivelmente os respondentes não tinham familiaridade

com a marca.

O fator de vigilância pode ter sido influenciador para a percepção dos

indivíduos com o colchão e a cadeira de descanso também, tendo em vista que a

pesquisa se estendeu até as 22:15 horas. Neste caso, a marca que trazia a cadeira

de descanso era a EnergyPod, já o colchão não teve sua marca exposta em nenhum

momento do filme, as duas pessoas que escreveram essa resposta podem ter sido

influenciadas por sua necessidade momentânea.

6

4

2 2

1 1

0

1

2

3

4

5

6

7

Pizzas Bebida Cadeira dedescanso

Colchão Taxi Moto paraidosos

Nu

me

ro d

e r

esp

on

de

nte

s

Produtos

Gráfico 8: Produtos percebidos pelos respondentes

103

O taxi é da marca Toyota, porém o respondente que colocou essa opção não

lembrava da marca.

Já a moto para idosos, respondida por um participante também, é da marca

Scooter, nesse caso o fator relevante para essa percepção é que esse respondente

tem 72 anos, ou seja, era o participante com mais idade. Sugere-se que o fator da

idade foi fortemente relevante para essa resposta, pois esse participante é o que

possui mais probabilidade que querer fazer uso desse produto. Novamente entra-se

no fator da vigilância, que revela a seleção de estímulos conforme a necessidade de

cada indivíduo.

Em todos esses casos é possível afirmar que o objetivo da marca não foi

alcançado de fato. Pois o maior objetivo é que as pessoas se lembrem da marca e

posteriormente venham a consumir esse determinado produto ou serviço. Uma opção

para a resolução deste problema seria a utilização de um ou mais fatores de atenção

para fortificar a sua identidade como placement.

O Gráfico 8 mostra a resposta de participantes que escreveram marcas que

não estavam inseridas no filme.

Gráfico 8 – Marcas respondidas pelos respondentes que não estavam no filme

Fonte: Produção da própria autora, baseado no questionário aplicado.

Nas respostas dos questionários, foram escritas uma vez as marcas: Cadilac,

Java, Microsoft e Windons. Exceto a Cadilac, todas as outras marcas têm relação com

1 1 1 1

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

Cadilac Java Microsoft Windons

Núm

ero

de

re

sp

on

de

nte

s

Marcas

Gráfico 8: Quais as marcas de produtos ou serviços, que você lembra de ter visto ou ouvido no filme apresentado?

104

a área da informática. O que pode ter influenciado os respondentes a colocarem essas

marcas, primeiramente é o apelo eletrônico muito grande que o filme traz. Um fator de

exposição que reforça essas respostas é a distorção seletiva, a qual faz com as

pessoas mudem os significados das coisas, fazendo com que elas vejam somente

aquilo que se torne consistente com suas crenças, conforme Samara e Morsch (2005).

Contudo, a partir dos gráficos apresentados, é importante salientar que menos

da metade das marcas apresentadas no filme foram percebidas, apenas 26% delas

foram, de fato, escritas pelos respondentes. Sendo assim, se algumas inserções de

placement sofrerem alterações da maneira de inserção de acordo com os fatores de

exposição e atenção, podem se tornar mais percebidas e atingir o objetivo desejado.

As perguntas 2, 3, 4, 5 e 6, que também estavam na primeira parte do

questionário correspondem a uma extensão da questão de número 1.

A pergunta de número 2 consistia em uma pergunta aberta e estava

relacionada a percepção a partir do processo de interpretação do espectador. Esse

processo é o qual leva os indivíduos a compreensão dos estímulos, transformando-os

em informação e mensagem, conforme citado por Gade (1998) e já descrito no

capítulo do comportamento do consumidor. Então essa, compôs a seguinte questão:

“2) Das marcas citadas na questão nº 1, alguma (s) delas lhe passou algum significado

(positivo ou negativo) através do filme? Se sim quais foram essas marcas seus

respectivos significados? Exemplo: Vontade de comer, beber, sentimento de raiva,

confusão, alegria, etc.”

Dos respondentes, 4 pessoas, ou seja, 20% da amostra escreveram que as

marcas não lhe trouxeram nenhum significado. Dessas 4 pessoas é necessário

analisar que todas elas são pessoas mais jovens, com idades de 12, 17, 19 e 25 anos.

O fator de idade pode ter influenciado na resposta, pois a falta de experiência com

essas marcas, ou produtos, pode não impor nenhum significado aparente. Porém isso

não quer dizer que tais marcas não passaram nenhum significado para esses

respondentes, pode ser que no seu inconsciente foi interpretado de uma maneira,

porém, até aquele momento o processo de aprendizagem e memorização, descrito

por Karsaklian (2004) ainda não foi acessado.

Como já citado anteriormente 100% dos respondentes marcaram que

perceberam a marca da Gooogle, dessas 70%, 14 pessoas, relataram que sentiram

algum sentimento em relação a marca, através do filme. Dessas respostas, todas elas

apresentam sentimentos positivos, os sentimentos descritos foram: “magia, mudança,

105

desafio, ação, status, alegria, superação, ousadia, curiosidade, espírito de equipe,

competitividade, viver de maneira surreal e encontrar tudo que precisa. ” Conforme

essas respostas, pode se analisar que a Google atingiu o seu objetivo como placement

no filme. Pois todas essas pessoas além de afirmarem perceber a marca, escreveram

sentimentos positivos, então suas interpretações foram codificadas em forma de

aceitação. Conforme Solomon (2011) afirma, os indivíduos podem interpretar os

estímulos diferentemente uns dos outros, nesse caso a interpretação foi de

sentimentos variados, porém todos eles positivos.

Outra marca que foi avaliada com significado por 2 respondentes foi o

Instagram. Tendo em vista que essa foi a segunda marca mais lembrada, por 6 dos

participantes, desses, 33,33% atribuíram um significado para ela. As respostas,

semelhante as da Google, foram favoráveis: “alegria e popularidade. ” Conforme

esses sentimentos, é possível que a maneira que Instagram foi mencionado no filme

de forma positiva. Outra possibilidade que pode ter sido influenciadora para a resposta

dessa questão, é o fato de o Instagram, na cultura atual, ser muito popular e aceito,

então as experiências dessas pessoas podem afetar nesse sentimento, conforme

Solomon (2011) afirma e já descrito anteriormente.

Outra resposta muito favorável a marca é sobre as pizzas, a marca que foi

inserida no filme é a Rocky Mountain Pizzas Company. Como já comentado essa é

uma marca não familiar no Brasil, porém das 6 pessoas que escreveram como

resposta a questão 1 “pizzas”, 5 delas, ou seja 83,33% afirmaram que o significado

que esse produto lhe passou foi “vontade de comer”, o que nada mais é, que uma

necessidade e desejo. Isso apoia o que foi relatado na questão anterior, baseado no

horário da sessão do filme e o fato de ser uma necessidade fisiológica básica, é

possível ter ativado os receptores sensoriais dos espectadores levando-os a

percepção desse produto, através do processo de interpretação, porém neste caso é

provável também encontrar o processo de motivação, outro fator psicológico do

comportamento do consumidor, descrito no respectivo capítulo.

Portanto, conforme Samara e Mosch (2005) nem sempre o que é interpretado

pelo consumidor é realmente o que as inserções querem mostrar, as vezes levando a

interpretações negativas. Porém nesse estudo, todos os placements que foram

descritos pelos respondes como percebidos e foram atribuídos significados,

remeteram a interpretações positivas. E isso para as inserções de cada empresa é

106

um fator muito importante, pois é a partir daí que os consumidores, no futuro, podem

tomar uma atitude em relação aos produtos.

A questão de número 3 está relacionada com a percepção através do

processo de atenção. Essa pergunta questionava se o respondente já utilizou as

marcas que foram citadas na questão de número 1. Segundo Solomon (2011) e

abordado anteriormente no capítulo do comportamento do consumidor, a atenção de

uma pessoa no processo de percepção tem uma contribuição direta do fator da

experiência, ou seja, a percepção filtra estímulos que se baseiam em experiência

anteriores. Neste caso, a experiência anterior que abordamos é o uso ou não das

determinadas marcas pelo respondente. Portanto a pergunta era: “Das marcas citadas

na questão nº1, qual (is) você utiliza ou já utilizou? ”.

Do total de 20 pessoas, 12 delas, ou seja 60%, afirmaram que todas as

marcas percebidas já foram utilizadas pelos próprios. Este é um fator relevante,

primeiramente porque relata que o processo da atenção, baseado nas experiências

anteriores dessas pessoas, pode ser a resposta do motivo delas conseguiram

perceber essa marca. Outro fator importante é que, quando o espectador vê os

personagens de uma trama usando os mesmos produtos ou serviços os quais ele

mesmo já utiliza ou utilizou, provavelmente ele se sentirá mais próximo da história do

filme em questão, conforme Santa´Anna (1998) afirma e já descrito no capítulo de

Merchandising.

Porém alguns respondentes relataram que não conheciam determinadas

marcas, como é o caso da Rocky Mountain Pizzas Company. Como já relatado

anteriormente o fato dos 6 respondentes que afirmaram ter percebido esse produto,

não lembravam do nome da marca, uma vez de sua origem norte-americana. Esse

pode ser o fator também pelo qual 5 dessas pessoas, 83,33% desses, responderam

que não utilizaram esse produto. Outras marcas que apareceram como não utilizadas

são: para duas pessoas a cadeira de descanso, para uma pessoa o Twitter, e também

para uma a cadeira de idosos. Nestes casos, apenas o Twitter foi apresentado com o

nome real da marca, as outras duas também foram citadas apenas pelo produto.

Então, essas percepções devem estar atreladas a outro fator, não o da atenção

baseado na experiência.

As perguntas de número 4 e 5 correspondem às experiências positivas e

negativas (respectivamente), que os respondentes tiveram com as marcas citadas na

questão número 1. Estes estímulos atrelados a essas experiências positivas ou

107

negativas, novamente estão relacionados com o fator de atenção baseado na

experiência, mas também corresponde a retenção seletiva no processo da exposição

e com o processo de interpretação. No caso da retenção seletiva, as pessoas

percebem estímulos que lembrem algum sentimento, é o caso de esses produtos

levarem os indivíduos a lembrarem de sentimentos anteriores, através dessas

experiências. Já a interpretação, determina que cada estímulo será interpretado de

acordo a outros eventos. Essas teorias são afirmadas por Samara e Morsch (2004) e

Solomon (2011) respectivamente. A partir disso foram criadas as seguintes questões:

“4) Das marcas citadas na questão nº 1, alguma (s) lhe remete a experiências

positivas? Se sim cite essa (s) marca (s). ”; “5) Das marcas citadas na questão nº 1,

alguma (s) lhe remete a experiências negativas? Se sim cite essa (s) marca (s). ”

Através das respostas pode-se notar que muitas experiências anteriores

foram lembradas. Apenas um respondente afirmou que nenhuma marca lhe remetia a

experiências positivas nem negativas. Os outros 19, ou seja, 95% da amostra,

relataram experiências dessas naturezas. Todos afirmaram lembrar de alguma

experiência positiva. A marca que mais foi descrita positivamente foi novamente a

Google, 15 pessoas relataram que tiveram experiências com a marca, porém não é

possível afirmar se a lembrança realmente foi real, ou se o fato do filme trazer essa

marca repetidas vezes e de forma sempre favorável pode influenciar essas respostas.

Nas questões que traziam a Google como experiência positiva, algumas pessoas

citaram argumentos para a sua resposta como: “busca por serviços”, “descobertas”,

“conhecimento”, “pesquisa rápida”, “informação”. Um respondente relatou além da

Google ter experiências positivas com Apple, neste caso as duas marcas podem ser

utilizadas juntas, então uma experiência pode levar a outra. E outros 3 participantes

relataram ter experiências positivas com marcas que não sabiam o nome, um deles

escreveu “cadeira de sono” e outros dois definiram a resposta como “pizzas”. Nesse

caso deve ser analisado o processo de interpretação, o qual define que as pessoas

tendem a projetar os seus próprios desejos nos produtos ou serviços, portanto, como

em perguntas anteriores, é possível que os participantes tenham sido influenciados

pelas suas necessidades fisiológicas.

Já as experiências negativas apareceram em apenas em 3 questionários, os

quais também citavam anteriormente outras positivas. Uma pessoa relatou ter

experiência negativa com a Samsung, esse indivíduo pode ter sido influenciado por

essa experiência a perceber a marca no filme, uma vez que ele foi o único que anotou

108

a marca na questão número 1. Nenhuma outra pessoa percebeu essa marca, o que

leva a crer que é um caso de retenção seletiva no fator da exposição. Outras duas

pessoas afirmaram possuir alguma experiência negativa com a Instagram.

O fator de experiência é relevante para essa pesquisa, pois as pessoas têm

maior facilidade de lembrar marcas que remetem algo positivo ou negativo. Porém

experiências negativas, podem levar a pessoas a verem os produtos no filme de outra

maneira. Neste estudo a maioria das pessoas revelou experiências positivas, porém

quase todas remeteram a Google, e isso pode ter sido influenciado pelo filme, como

citado anteriormente. Porém os casos de experiências positivas reforçam que a

percepção está atrelada as experiências anteriores da pessoa em relação à

determinada marca.

A questão 6, que é a última questão dessa parte do questionário, também tem

relação com a experiência no fator da atenção, a qual é a seguinte: “6) Das marcas

citadas na questão nº 1, alguma (s) você não conhecia antes, ou seja, viu pela primeira

vez no filme? Se sim, cite-a (s). ” Nesta questão é importante afirmar que além de ter

relação com a percepção ela também é uma extensão para a memorização, nesse

contexto Solomon (2011) afirma que as pessoas possuem menores probabilidades de

notar marcas desconhecidas, que não são acessadas por memórias anteriores.

Nessa pergunta, apenas duas pessoas responderam que não conheciam

alguma marca. Uma delas escreveu novamente a pizza e a outra a marca dos

colchões e também as pizzas. Então desse total temos 3 vezes marcas expostas como

não conhecidas anteriormente. Porém é necessário fazer uma análise novamente na

questão 1, onde 19 vezes foi escrito marcas com nomes de produtos e não o nome

real da marca, isso porque os respondentes não sabiam o nome dela. E já nessa

questão essas mesmas pessoas afirmaram já conhecer essas marcas. Isso pode

indicar uma discrepância entre essas duas questões. Porém, isso afirma o que foi

escrito anteriormente, que as marcas não conhecidas são mais prováveis de não

serem notadas, pois a maioria das marcas percebidas já estavam na memória do

espectador, o filme, por sua vez, só o lembrou da marca.

Portanto, a primeira parte do questionário que era delimitado a percepção e

sentimentos do espectador em relação aos placement apoiou muitas teorias de

autores citados anteriormente sobre as formas de exposição, atenção e interpretação

dos respondentes em relação a esses produtos.

109

6.3.2 Parte 2 – Desejos e necessidades do espectador

A segunda parte do questionário buscou, através de questões fechadas,

conhecer as necessidades e desejos dos respondentes no momento da exibição do

filme, e a partir dessas respostas analisar se essas condições direcionaram a sua

atenção para determinados produtos que as supram. Conforme Solomon (2011) a

percepção pode se dar através da atenção pelo fator de vigilância. Esse fator significa

que consumidores tendem a ser mais perceptivos com relação as suas necessidades

atuais, como por exemplo, se um indivíduo quer comprar uma bolsa, ele deve ficar

bastante consciente desse produto nos anúncios, e isso determinará a direção da sua

atenção.

Portanto, a pergunta nº 7 era a seguinte: “7) Marque SIM, NÃO ou TALVEZ

nas questões abaixo: ” após esse título foram selecionados 7 tipos de produtos, que

aparecem constantemente no filme, para verificar esse processo. Abaixo segue o

Gráfico 9, o qual elenca todas as respostas e após uma análise para cada.

Gráfico 9 – Respostas sobre desejos e necessidades dos respondentes

Fonte: Produção da própria autora, baseado no questionário aplicado.

A primeira opção se referia ao desejo da pessoa em comprar um carro, segue

questão: “a) Hoje você está pensando em comprar um carro? ”. O resultado afirmou

que 10 pessoas não tinham interesse nesse produto, 4 pessoas marcaram a opção

talvez e outras 6 afirmaram que estavam pensando em comprar um carro. Ou seja,

50% da amostra mostrava algum tipo de interesse nesse produto. Desses

10

6

4

11

8

1

15

32

89

3

15

5

0

5

15

0

5

11

4

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Não Sim

Talv

ez

Não Sim

Talv

ez

Não Sim

Talv

ez

Não Sim

Talv

ez

Não Sim

Talv

ez

Não Sim

Talv

ez

Não Sim

Talv

ez

mer

o d

e re

spo

nd

ente

s

Alternativascarro celular computador roupas ou

calçadosfome sede redes

sociais

110

respondentes, 3 perceberam produtos que estavam relacionados a carro na questão

1, que foram as respostas: “Cadilac”, “taxi” e “STP”, portanto pode ser que o fator de

vigilância influenciou a percepção desses produtos. Outro fato a ser analisado é que

os outros 50%, os quais não possuíam nenhum interesse nesse produto, nenhum

obteve respostas de percepção relacionadas a carros na primeira questão.

A opção b era a seguinte: “b) Hoje você está pensando em comprar um

celular? ”. Da amostra, 11 pessoas marcaram que não possuíam interesse na compra

de celular, outras 8 responderam que sim e apenas 1 talvez. Nesse caso, os 55% de

respondentes que não possuíam desejo na compra desse aparelho formam a maior

relação de percepção de marcas desse produto. Desses, 5 deles anotaram marcas

de aparelhos celulares na questão número 1. Já os outros 45% que tinham interesse

na compra deste, apenas uma pessoa percebeu uma marca de aparelho no filme.

Neste caso, outro fator, não o de vigilância, pode ter sido o responsável para estimular

a percepção dos placements do filme.

A próxima questão era a seguinte: “c) Hoje você pensando em comprar um

computador? ”. Essa resposta foi anotada com não por 15 respondentes, ou seja 75%

da amostra, o que significa a grande maioria das pessoas. Já 3 pessoas marcaram

que tinham esse interesse e outras 2 talvez. Neste caso como no anterior, o fator de

vigilância não deve ter sido o influenciador para a percepção dos placement, pois

somente as pessoas que não tinham interesse em computador responderam as

marcas desse produto na primeira pergunta.

A quarta questão correspondia ao desejo de roupas e calçados, a qual era:

“d) Hoje, você está pensando em comprar uma roupa ou calçado? ”. Nas respostas, 8

pessoas não tinham esse sentimento, outras 9 marcaram que tinham esse interesse

e 3 talvez. Ou seja, 60% da amostra total pensava de alguma forma em suprir esse

desejo. Das marcas de roupas e calçados respondidas pelos participantes, somente

a Nike apareceu na questão 1, e isso para duas pessoas. Essas duas pessoas que

perceberam essa marca no filme apontaram interesse em consumir algum tipo de

roupa ou calçado. Portanto, nessa questão o fator de vigilância pode ter afetado, pois

somente pessoas que tinham interesse claro no consumo desses produtos o notaram.

As próximas duas quentões (e, f) correspondiam a necessidades fisiológicas

básicas dos respondentes, de fome e sede respectivamente. A primeira era: “Neste

momento, você sente fome? ”. Neste caso, o único produto percebido pelos

respondentes na primeira questão, não foi lembrado o nome e foi definido apenas

111

como “pizza”. Essa questão obteve a resposta que 15 pessoas não tinham o

sentimento de fome e outras 5 sentiam vontade de comer naquele momento. A

amostra revelou que das 6 pessoas que anotaram a resposta de pizza anteriormente,

3 sentiam fome e as outras 3 não. Porém se for analisado por porcentagem que cada

um, dos 15 respondentes que não sentiam fome, 20% tiveram a percepção da pizza.

E dos 5 que sentiam fome, 60% notaram o produto. Nesse caso, não é possível afirmar

se o fator de vigilância teve uma influência relevante, porém a maioria das pessoas

que tinham a vontade de comer tiveram a sua atenção voltada para o produto.

A outra questão de necessidade fisiológica envolvia a sede, e era a seguinte:

“f) Neste momento você sente sede? ”. A resposta dessa questão correspondeu a 5

pessoas que não sentiam sede e outras 15 que sentiam, ou seja, 75% da amostra

mostrava sede naquele momento. O produto “bebida” foi anotado duas vezes na

questão 1, e como na anterior não foi lembrado o nome pelos respondentes. Essas

mesmas duas pessoas que perceberam o produto afirmaram que sentiam sede.

Portanto a influência da percepção pela vigilância pode ser o motivador dessas

respostas.

A última questão abordada nesta parte do questionário, foi em relação a

necessidade de as pessoas checarem suas redes sociais. Pelo fato do filme possuir

um apelo eletrônico muito grande, consequentemente, remetendo a redes sociais

durante grande período de tempo, o que pode criar a necessidade dos espectadores

em conferi-las, e também porque no momento da exibição do filme é propício que a

grande maioria não tenha conseguido acesso a essas redes. Então a pergunta

consistia em: “g) Neste momento, você sente necessidade de checar as suas redes

sociais?”. Como respostas, foi percebido que 5 pessoas não tinham essa necessidade

naquele momento, outras 11 sentiam essa necessidade e 4 marcaram que talvez.

Portanto 75% da amostra sentia alguma necessidade de checar as redes sociais.

Analisando essas respostas em relação a primeira questão, todas as 8 respostas que

foram marcas de redes sociais (Instagram, Facebook e Twitter) correspondias a

pessoas que revelaram essa necessidade, dessas, 6 anotaram que sim, possuíam de

fato esse desejo, e 2 que talvez. Nesse fato, supõem-se que o fator de vigilância foi

grande influenciador.

Ao analisar essas 7 questões que correspondem aos desejos e necessidades

dos participantes da pesquisa, é possível fazer uma conexão com os placements

inseridos no filme e percebidos pelos expectadores com o fator de vigilância no

112

processo de atenção. Apesar de existir muitos outros fatores que podem influenciar a

percepção, esse fator muitas vezes é relevante. Então fazer a inserção de produtos

conforme a necessidade do consumidor pode ser uma grande estratégia de marketing.

6.3.3 Parte 3 – Identificação de produtos e marcas através de alternativas

A parte 3 do questionário visou determinar se o espectador identificou algum

placement que foram inserido no filme, através de perguntas fechadas, lhe dando

alternativas para ativar o senso de exposição e memorização. Para isso foram criadas

três questões, as quais traziam produtos que foram inseridos no filme e alternativas

de marcas, tanto a exposta, quanto outras que não apareceram, porém semelhantes.

Essas questões foram definidas a partir das teorias de Solomon (2011) e Engel et al.

(2000), as quais, descrevem sobre a atenção através de cor, tamanho, intensidade,

direcionamento e tempo, conforme descrito no capítulo do comportamento do

consumidor. Com esse fundamento, foram selecionadas 3 marcas de diferentes

produtos e serviços para a realização dessas perguntas.

A questão de número 8, primeira desta parte, estava relacionada com a

camiseta de um dos personagens principais, a qual aparecia a marca do Batman. Esta

marca ficou em evidência no filme apenas durante 9 segundos, conforme a Figura 43.

Figura 43 – Marca Batman no filme Os Estagiários

Fonte: Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Sj1en6mu9AE>. Acesso em: 21 out. 2017.

113

Através disso foi criada a seguinte questão: “8) No filme, um dos personagens

veste uma camiseta que possui a marca de um super-herói, se você notou, identifique-

o: ”. E foram elencadas as seguintes alternativas: “Batman, Homem Aranha, Super

Homem e Não identifiquei. ”. As respostas coletadas estão no Gráfico 10:

Gráfico 10 – Respostas sobre marca de super-herói identificada pelos respondentes

Fonte: Produção da própria autora, baseado no questionário aplicado.

Pode-se verificar que 19 pessoas, 95% da amostra não identificaram o

personagem, ou não lembram de terem visto ele no filme, enquanto apenas 1 pessoa,

que corresponde a 5% identificou, de fato, a marca inserida. A grande percentagem

de espectadores que não identificaram essa marca, pode ser devido ao pouco tempo

que a mesma ficou exposta na trama, relacionando-se a questão de tempo da

atenção. Além disso, a inserção dessa marca não possui uma cor forte, nem uma

intensidade muito aparente, neste caso é possível afirmar que a falta de elementos do

processo da atenção pode ter ajudado o não reconhecimento desta marca pelos

espectadores.

A pergunta de número 9, a qual relacionava a segunda questão da parte 3,

estava direcionada à uma marca de cerveja. No decorrer de diversas cenas do filme,

vários personagens diferentes, aparecem tomando a cerveja Miller Lite. Outras vezes

letreiros luminosos desta mesma marca aparecem no plano de fundo de alguma cena.

10

5

14

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Batman Homem Aranha Super Homem Não Identifiquei

Núm

ero

de

Re

sp

on

de

nte

s

Alternativas

8) No filme, um dos personagens veste uma camiseta da marca de um super-herói, se você notou identifique-o:

Marcas inseridas no filme

114

Totalizando 5 minutos e 12 segundos de exposição dessa marca no filme. A qual

ilustra a Figura 44.

Figura 44 – Miller Lite no filme Os Estagiários

Fonte: Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Sj1en6mu9AE>. Acesso em: 21 out. 2017.

Com isso foi criada a seguinte questão: “9) Os personagens do filme, diversas

vezes, aparecem consumindo determinada cerveja, se você identificou a marca,

assinale-a abaixo:”. Após foram elencadas as seguintes opções: “Budweiser Light,

Heineken, Miller Lite e Não identifiquei. ”. As opções marcadas pelos respondentes

formam o Gráfico 11:

Gráfico 11 – Respostas sobre marca de cerveja

identificada pelos respondentes

Fonte: Produção da própria autora, baseado no questionário aplicado.

10

109

0

2

4

6

8

10

12

Budweiser Light Heineken Miller Lite Não Identifiquei

Núm

ero

de

re

sp

on

de

nte

s

Alternativas

9) Os personagens do filme, diversas vezes, aparecem consumindo determinada cerveja, se você identificou a marca, marque abaixo:

Marca inserida no filme

115

Nessas respostas, pode se notar que 10 pessoas, 50% da amostra marcaram

a opção da marca que realmente foi inserida no filme. Outras 10 pessoas, 50%, não

identificaram a marca da bebida. Um fator que pode ter influenciado as 10 pessoas

que não identificar a marca, é o fator do perfil referente a idade. Todas elas possuem

idades de 12 a 19 anos, ou 51 a 72 anos, ou seja, todas as pessoas que identificaram

a marca possuem de 19 a 51 anos. Neste caso, culturalmente e também socialmente,

pessoas que tem essa última faixa de idade, têm mais probabilidades de consumir

esse tipo de produto, do que as que possuem as duas primeiras faixas etárias

mencionadas e que reconheceram não identificar nenhuma marca deste tipo no

decorrer da trama.

Apesar da metade da amostra ter percebido a marca nessa questão, essa

identificação se deu apenas no momento em que a marca foi mencionada no

questionário, nenhuma delas anotou esse nome na primeira questão, conforme

Samara e Morsch (2004), e já abordado no capítulo de comportamento do

consumidor, isso acontece quando o estágio de recuperação, no processo da

memorização, acessa essa memória somente quando necessário. Portanto supõem-

se que, neste caso, o cérebro arquivou as mensagens, porém não as viu como

relevante anteriormente, acessando essa informação somente nessa parte do

questionário. Outra relação com a identificação da marca, pode ser devido a

intensidade, direcionamento, posição e tempo da mesma. No filme a marca aparece

além das próprias garrafas em letreiros luminosos, gerando uma intensidade no brilho,

a questão do direcionamento e posição é pelo fato de ela estar inserida diversas vezes

na mão dos personagens principais gerando movimento com o produto, e o tempo

que a marca ficou exposta no filme é um pouco mais de 5 minutos, se for feita uma

comparação com a primeira, ela possui um tempo muito superior de exposição.

A última questão dessa parte do questionário, que correspondia a pergunta

de número 10, estava relacionada com produtos eletrônicos, entre eles marca de

celulares, computadores, notebooks e televisores. Todos esses produtos foram

inseridos no filme com sua determinada marca, gerando um total de 5 marcas

diferentes. São elas: Apple, Dell, Lenovo, Samsung e Toshiba. Por aparecer mais de

um tipo de marcas destes produtos como placemets, para essa pergunta foi

necessário abrir a resposta para múltiplas escolhas. A pertinência dessa questão se

dá por conta do apelo eletrônico que o filme traz, o qual já foi abordado anteriormente.

Com isso foi criada o seguinte enunciado: “10) O uso de notebooks e outros aparelhos

116

eletrônicos no filme é frequente, marque abaixo as marcas desses produtos que você

lembra de ter visto: (Pode ser marcada mais de 1 alternativa):”. O Gráfico 12

corresponde a todas as respostas, bem como separa em diferentes cores as marcas

que foram exibidas no filme e as que não foram.

Gráfico 12 – Respostas sobre marcas de eletrônicos identificadas pelos respondentes

Fonte: Produção da própria autora, baseado no questionário aplicado.

A partir desse resultado, pode-se notar, que os placements que apareceram

no filme foram identificados 23 vezes. Essas respostas foram marcadas por 16

pessoas diferentes. A Apple, foi a marca mais assinalada entre os respondentes, 12

pessoas, tendo um total de 60% da amostra identificando-a. Um dos motivos que pode

ter provocado essa identificação é pelo fato de ela ser uma das marcas que foi inserida

no filme de forma visual e também auditiva, como já representado nos Gráficos 1 e 2.

Após isso os placements que também foram identificados foi: Dell por 4 pessoas,

Lenovo marcado por 3 pessoas, e por duas pessoas as marcas Samsung e Toshiba.

Ou seja, todos as marcas de aparelhos eletrônicos que estão no filme foram

identificadas por pelo menos 2 pessoas. Porém, novamente, semelhante a segunda

parte, nem todas essas pessoas anotaram essas marcas na primeira questão, o que

implica mais uma vez no acesso posterior a informação através da memorização.

Além disso, o resultado dessa questão informou que 3 marcas que não

apareceram no filme foram identificadas pelos respondentes, são elas: Acer marcada

1

12

43 3

0

5

2

0

2

4

0

2

4

6

8

10

12

14

Núm

ero

de

re

sp

on

de

nte

s

Alternativas

10) O uso de notebooks e outros aparelhos eletrônicos no filme é frequente, marque abaixo as marcas desses produtos que você lembra de ter visto: (Pode ser marcada mais de 1 alternativa)

Marcas inseridas no filme

117

por 1 pessoa, HP por 3 pessoas, e identificada por 5 pessoas a Microsoft. Assim

sendo, durante 9 vezes, para 8 pessoas diferentes, supõem-se que ocorreu o estímulo

de distorção seletiva. Pelo motivo de ser aparelhos eletrônicos, o fator motivador para

esse processo ter ocorrido pode ser pela familiaridade que os espectadores possuem

com essas marcas, por serem produtos que eles costumam a utilizar apenas através

dessas marcas, ou até mesmo, por depositar uma confiança maior nelas do que nas

outras não identificadas.

As respostas para essas 3 questões, que fecham a terceira parte do

questionário, sugerem que os fatores do processo de atenção variam muito de marca

para marca para atingir a percepção do consumidor, além disso, foi possível notar

outro fator, que foi o estágio de recuperação da memorização, o qual se deu apenas

nessa parte do questionário e não anteriormente.

6.3.4 Parte 4 – Identificação de produtos e marcas através de logotipo

A quarta e última parte do questionário procurou relatar se os respondentes

são influenciados pelo logotipo da marca no momento da sua identificação. Essa

questão teve como base a utilização de elementos do processo de atenção como

tamanho, cor e intensidade, conforme Solomon (2011) e Engel et al. (2000) esses

elementos podem cooperar para que a percepção das marcas e produtos ocorram,

neste caso, esses elementos foram adicionados a pergunta através de seus logotipos.

Além disso, o processo de interpretação também embasou essa pergunta através do

estímulo visual da ambiguidade, o qual Karsaklian (2004) teoriza que o ser humano

tende a tornar-se um estímulo de forma a ser reconhecido e interpretado, novamente

esse estímulo foi trabalhado com os logotipos. Essas teorias elencadas encontram-se

relacionadas nesse estudo, no capítulo do comportamento do consumidor.

Até então, o questionário se constituiu apenas em perguntas somente

escritas, sem trazer nenhum logotipo, ilustração ou figuras. A questão de número 11,

que fechava o questionário, contou com uma grande diferença comparada as outras.

O enunciado da questão era o seguinte: “11) Das marcas abaixo, quais você lembra

de ter visto ou ouvido no filme apresentado? Circule-as:”. As alternativas para

respostas se deram de duas maneiras diferentes. Uma parte da amostra, 10 pessoas,

que correspondiam a 50% do total, receberam essas alternativas com o logotipo de

cada marca, todos eles do mesmo tamanho, colorido e distribuído na folha de

118

respostas, a mesma denominou-se “A”. O restante, outros 50% da amostra,

receberam essas alternativas, escritas e dispostas igualmente na folha e

aleatoriamente, a qual é denominada “B”. As duas folhas podem ser conferidas no

Apêndice A, o qual corresponde a todo o questionário. O motivo pelo qual foi feito

essa divisão é analisar se o logotipo das marcas tende a estimular a percepção do

placement. Além disso, as alternativas contavam com respostas que não eram marcas

que apareceram no filme, para novamente verificar a distorção seletiva. As

alternativas correspondiam a 52 marcas diferentes, destas apenas 23 eram marcas

que estavam inseridas no filme como placement, o restante eram marcas aleatórias

semelhante as primeiras, de produtos da mesma natureza, porém não estavam

inseridas em nenhum momento na produção.

Os Gráficos 13 e 14, mostram o resultado final das marcas selecionadas pelos

respondentes, respectivamente das respostas A e B.

Gráfico 13 – Questionário A: Alternativas ilustradas (logotipo)

Fonte: Produção da própria autora, baseado no questionário aplicado.

2

4

7

23

1 1

3

1 1

7

1

109

34 4

6 6

3

1

6

2

7

5

2

5

0

2

4

6

8

10

12

Ad

ida

s

An

dro

id

Ap

ple

Atlan

ta H

aw

ks

Ba

tma

n

Bu

dw

eis

er

Lig

ht

Coca

Co

la

Dell

Do

rito

s

Eb

ay

Fa

ce

bo

ok

Fa

nta

Go

ogle

Insta

gra

m

Laco

ste

Len

ovo

Mic

roso

ft

Mill

er

Lite

Nasa

Nik

e

Nokia

Rocky M

ou

nta

in…

Sa

msun

g

SP

T

Sta

r W

ars

Su

pe

r H

om

em

Yo

utu

beN

úm

ero

do

s r

esp

on

de

nte

s

Alternativas

Das marcas abaixo, quais você lembra de ter visto ou ouvido no filme apresentado?

Marcas não inseridas no filme Marcas inseridas no filme

119

Gráfico 14 – Questionário B: Alternativas escritas

Fonte: Produção da própria autora, baseado no questionário aplicado.

A partir destas respostas é possível analisar que no total, contanto as marcas

que estão inseridas no filme e as que não estão, no relatório A foram marcadas 27

marcas diferentes, sendo 19 que estavam inseridas no filme e 8 que não estavam. Já

no B foram anotadas 29 marcas distintas, sendo estas 18 que estavam inseridas no

filme e 11 não.

A partir do balanço do número total de quantas vezes foi circulado todas

marcas, essa questão contou com uma média de 9,7 marcas identificadas pelos

respondentes, já a primeira questão desse questionário, a qual não trazia alternativas,

contou com uma média de 2,8 marcas respondidas por cada participante. Supõem-

se, portanto, que a inclusão das marcas como alternativas no questionário, tanto

escritas quando ilustradas, influenciou as pessoas a lembrarem delas no filme como

placement.

A partir disso, é possível verificar, também, que a opção A, a qual continha o

logotipo nas alternativas, possuiu em média 10,6 marcas anotadas por respondente,

enquanto a outra opção, B, que continha as alternativas escritas, contou com apenas

8,8 respostas em média por respondente. Neste caso, pode-se dizer que o processo

de interpretação, através da ambiguidade, e o processo de atenção através de cor e

intensidade apoiou os respondentes, que receberam o relatório com as marcas

ilustradas, a identificá-las mais precisamente do que quando as mesmas estão apenas

1

45

21 1

2

4

2

7

10

21

8

12

7

2 21

4

2 23

5

1 1 1

4

0

2

4

6

8

10

12A

did

as

An

dro

id

Ap

ple

Ba

tma

n

BM

W

Bu

dw

eis

er

Lig

ht

Co

ca

Co

la

De

vo

lta

para

o fu

turo

De

ll

Fa

ce

bo

ok

Go

ogle

HP

Ho

me

m A

ran

ha

Insta

gra

m

Laco

ste

Len

ovo

Mic

roso

ft

Mill

er

Lite

Nik

e

Pe

psi

Ro

cky M

ou

nta

in…

Sa

msun

g

So

ny

Sta

r W

ars

ST

P

To

sh

iba

Va

ns

Wa

se

Yo

utu

be

me

ro d

e r

esp

on

de

nte

s

Alternativas

11) Das marcas abaixo, quais você lembra de ter visto ou ouvido no filme apresentado?

Marcas inseridas no filmeMarcas não inseridas no filme

120

escritas. Porém esse é apenas um apanhado geral, é necessário também fazer uma

análise se esse total consistiu em placements reais no filme, ou apenas a marcas

inseridas aleatoriamente.

Ao analisar apenas as marcas que realmente estavam inseridas no filme,

nota-se que o questionário A possui a média de 9,3 marcas, enquanto o relatório B

conta com apenas 6,6 de média. Neste caso, igualmente ao anterior, é possível

reconhecer as alternativas com logotipos possuíram um maior número de percepção

de placement. Sugere-se que essas marcas foram reconhecidas no questionário por

suas cores e intensidade, bem como sua marca fica na cabeça das pessoas mais

facilmente através do logotipo, do que através apenas sua nomenclatura. Neste caso,

facilmente é reconhecido os processos de atenção e interpretação.

Em relação as marcas que não estavam inseridas no filme, o resultado definiu

que o relatório A possuiu uma média de 1,3 respostas por respondente, enquanto o B

2,2 respostas. Essa observação tem conexão com a distorção seletiva. Os

respondentes que dispuseram do questionário com as marcas escritas obtiveram uma

distorção seletiva maior que os outros.

Outra questão a ser analisada é através dos dois questionários foram notados

placements do filme que ainda não tinham sido mencionados em nenhuma parte

desse questionário. O questionário A, as marcas que foram notadas pela primeira vez

foram: Atlânta Hawks, Coca Cola, Lacoste, Nasa, Rocky Mountain Pizza Company e

Star Wars. Já no tipo B encontram-se: Coca Cola, Lacoste, Rocky Mountain Pizza

Company e Star Wars. Novamente a opção de questionário tipo A teve um maior

número de marcas assinaladas nas respostas, totalizando 6 novas marcas notadas,

contra 4 do tipo B. Contudo, pode-se afirmar que algumas marcas foram percebidas

somente nesse momento pelo motivo das pessoas não lembrarem do nome delas no

decorrer das perguntas anteriores, como é o caso da Rocky Mountain Pizza Company,

onde diversas vezes foi mencionado apenas com o produto “pizza” e não com o nome

da marca. O que novamente, como em algumas perguntas, o fato de não ser uma

marca nacional e cultural, os respondentes só souberam o nome da marca a partir da

leitura, bem como o logotipo.

Portanto, a questão de fechamento do questionário, que visou analisar o

processo de interpretação através da ambiguidade e também o processo de atenção

através de cores e intensidades, teve um resultado que sugeriu claramente a

influência dos espectadores por esses fatores na percepção dos placements.

121

6.3.5 Apontamentos específicos

Através da coleta de dados geral do questionário, é possível avaliar que nem

sempre os fatores dos processos de percepção são eficazes sozinhos, ou seja, se são

apoiados juntamente com outros. Por exemplo, é possível identificar uma discrepância

da marca Lacoste em relação ao uso intenso de apenas um fator, que é o tempo. Essa

marca permaneceu exposta no filme durante pouco mais de 13 minutos, sendo a

segunda marca a aparecer por mais tempo, perdendo apenas para a Google, porém

utilizou apenas desse fator. Desta forma, ela foi identificada apenas por 4 pessoas e

na última questão, ou seja, somente depois que esses espectadores visualizaram no

questionário o seu logotipo, na primeira questão de percepção, ela não foi

mencionada. Essa inserção, apensar de utilizar de um tempo muito longo, foi de forma

muito pequena, como já verificado na Figura 34, se o fator de tamanho acompanhasse

o fator tempo, talvez o processo de atenção se intensificasse e a marca poderia ter

uma maior percepção.

Já as marcas Nike e Android, também se apoiaram no fator de tempo, porém

as duas inserções contaram com extensões dos fatores de tamanho, cor e posição.

Assim, mostra a coleta, ambas foram mencionadas ainda na primeira questão. Além

disso, o formato que essa inserção se deu nos personagens principais da trama,

enquanto a primeira marca, Lacoste, ocorreu apenas em personagens coadjuvante.

Em relação a forma em que a Google se inseriu intensamente no filme, pode se

analisar diversos fatores em que ela se apoiou como tamanho, tempo, intensidade,

posição, repetição, entre outros, desta maneira conseguiu atingir a percepção de

100% da amostra.

Ao analisar a primeira percepção de respostas, é possível notar que os

expectadores foram estimulados tanto pelo sensor de visão como audição, apesar de

a grande maioria das marcas serem expostas apenas visualmente, e estudos

anteriores relatarem que essa forma é a qual a maioria dos profissionais se utilizam.

A primeira pergunta do questionário, que não continha alternativas, apenas 10

placements foram identificados pelo nome da marca, 26% dos produtos. Essas

inserções podem ter sido ofuscadas pela grande exposição da Google, a qual foi

identificada por todos os respondentes da pesquisa. Nesse caso o fator de exposição

seletiva deve ter sido o grande influenciador, o que fez as pessoas se concentrarem

na Google e ignorarem as outras inserções, juntamente com os fatores de intensidade

122

e tempo no processo de atenção, que a Google utilizou para se expor. Outra teoria

que sustenta isso é pelo fato que o filme contou com muitas marcas inclusas, desta

forma a percepção de todos esses estímulos, ou a maioria deles, se torna difícil para

um indivíduo, por isso o número de marcas percebidas é muito pequeno.

É possível perceber, também, que a maneira como o filme expõe a marca da

Google, pode ser vista como grosseira para profissionais da área de comunicação,

porém para os espectadores ela pode parecer que a marca está ali apenas fazendo

parte da história da trama. Além disso, passa um sentimento positivo em relação as

formas de trabalho e tratamento dentro da empresa. Desta forma, 14 pessoas, 80%

da amostra, relataram sentimentos positivos em relação a marca da Google.

Ainda sobre a primeira parte do questionário é possível identificar que uma

parte dos respondentes, 20% da amostra, se deteve apenas no produto e não no

nome da marca. Um dos fatores que pode ter influenciado isso é a não familiaridade

dessas pessoas com tais marcas, pois a maioria é de origem estrangeira, não utilizada

no Brasil. Uma solução deste problema seria que essas marcas utilizassem mais

fatores de atenção para se apoiar e fortificar a sua identidade.

Outra questão relevante é que a maioria das marcas inseridas no filme são de

redes sociais ou eletrônicos. O fator de retenção seletiva pode ter apoiado a

percepção de tais marcas, onde foram atingidas muitas impressões, pois na cultura

atual esses produtos estão sendo muito utilizados. E essas marcas ajudaram a

construir as personalidades dos personagens, todos eles representados com a

subcultura “geek”52.

Outra situação que é possível ser avaliada é que os fatores de experiência e

vigilância foram influenciáveis nas partes 1, 2 e 3 do questionário. O filme contou com

diversos placements, que correspondiam a produtos que grande parte da amostra

utiliza, já utilizou ou possui desejo por essas marcas, o que foi fundamental para esse

fator ser relevante.

Já a quarta e última parte do questionário revelou que o logotipo pode ajudar

as pessoas a identificar marcas mais precisamente do que apenas o seu nome.

Além da percepção, que era o objetivo principal do estudo, foi notado outros

fatores psicológicos do comportamento do consumidor nas respostas. A motivação

52Geek é uma gíria da língua inglesa cujo significado é alguém viciado em tecnologia, em

computadores e internet. Disponível em: <https://www.significados.com.br/geek/>. Acesso em 22 nov. 2017.

123

apareceu constantemente quando eram expostas necessidades fisiológicas,

principalmente fome. A aprendizagem e memorização também apareceram, foi

possível notar que processo de recuperação de memorização foi acessado apenas

quando os espectadores visualizavam alternativas. Antes disso, as marcas não eram

citadas.

124

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para responder à questão norteadora deste estudo, foi necessário

primeiramente conhecer a história do placement, bem como estudar os fatores e

processos do comportamento do consumidor, e a partir disso identificar a percepção

através de um estudo de caso, já descrito criteriosamente nos capítulos de

metodologia e análise.

Através das impressões capturadas dos respondentes, foi possível identificar

que, neste caso específico, os placements inseridos na pesquisa influenciaram o fator

de percepção, através dos estágios de exposição, atenção e interpretação, porém

todos eles de maneira conjunta.

O processo de exposição que influencia o fator psicológico determina em qual

estímulo o indivíduo irá se concentrar, tendo em vista principalmente as suas crenças,

o que pode por vezes acarretar numa distorção seletiva, fazendo com que o indivíduo

perceba estímulos inexistentes. Conforme ocorreu na pesquisa realizada, mais

precisamente nas questões de números 1 e 11.

As concentrações desses estímulos podem ser definidas através da maneira

com que as marcas são inseridas nas obras. Se as inserções contarem com fatores

do processo de atenção como tamanho, intensidade e tempo a seu favor, a influência

do placement deve ser maior. Outros processos de atenção que podem atingir

diretamente a percepção, é a vigilância, a qual determina os desejos e necessidades

de cada indivíduo naquele momento, bem como o fator de experiência, que está ligado

a experiências dessas pessoas com as marcas. Foi o caso das perguntas de toda a

segunda parte do questionário.

O fator de interpretação também se mostra relevante, pois desta forma as

marcas podem projetar desejos nos espectadores.

Portanto, a finalização da resposta à essa pergunta compreende que o

placement pode influenciar a percepção justamente na forma em que ele é inserido

no filme, se é de forma explicita, implícita, visual, auditiva, a maneira como os

personagens falam ou usam esse produto, etc. Pois uma vez que esse produto não

for inserido de forma adequada, conforme os processos descritos acima, o mesmo

passará despercebido pelo espectador, como ocorreu em muitas marcas que foram

inseridas no filme analisado, como por exemplo Lacoste e STP.

125

O objetivo geral deste estudo, foi atingido. Conforme o método de estudo de

caso, que compreendeu na aplicação de um questionário para posterior análise, foi

possível determinar que somente alguns produtos foram percebidos pelos

espectadores da pesquisa. Como descrito acima apenas aqueles que utilizaram os

processos de percepção da melhor forma, conforme os processos de exibição,

atenção e interpretação descritos no capítulo do comportamento do consumidor.

O primeiro objetivo específico foi atingido através dos capítulos 2 e 3. Com

eles foi possível avaliar diferentes conceitos de autores em relação a merchandising,

destacando alguns autores como Blessa (2006) e Ogden (2008) que conceituam o

termo apenas como ponto de venda. Outros como Pinheiro e Helena (2012) que

sustentam a utilização do merchandising como marketing de entretenimento, teoria a

qual foi a sustentada, pela autora, durante a realização deste estudo. A partir disso,

foi possível ter um maior conhecimento sobre as formas como o merchandising é

utilizado, bem como sua história, até chegar ao foco principal, placement.

Já o segundo objetivo específico, compreendeu na realização do capítulo 5.

Neste caso, foi possível avaliar os conceitos levantados sobre o comportamento do

consumidor, principalmente sobre o fator psicológico de percepção. Tal processo se

baseou em diversos autores, porém as obras de Karsaklian (2004), Samara e Morsch

(2005) e Solomon (2011) foram as que mais sustentaram a construção desse capítulo.

Esse procedimento ajudou a responder, de fato, o problema inicial e também a

construir o questionário de pesquisa.

O último objetivo específico, também foi atingido. O ambiente utilizado,

cinema, ajudou aos participantes da pesquisa se sentirem mais relaxados, assim a

aplicação da pesquisa ocorreu conforme planejamento inicial.

Porém esta pesquisa contou com algumas limitações. Primeiramente pelo fato

de contar com uma amostra pequena, esses apontamentos principais, bem como o

resultado poderiam ser modificados caso o número de respondentes fosse maior.

Outro ponto limitante foi a idade dos indivíduos, durante apenas duas vezes essa foi

uma questão a qual apontou relação com algumas respostas. Porém não foi possível

avaliar melhor a possibilidade desse perfil influenciar a pesquisa, pois havia uma

discrepância muito grande de idades, de 12 a 72 anos.

Por fim, este estudo pode analisar muitos fatores influentes no processo de

percepção através dos placements inseridos no filme aplicado. Porém para maior

conhecimento nesse assunto seria necessário a aplicação de mais pesquisas, mais

126

aprofundadas e com e com uma amostra mais representativa. Assim esses fatores

poderiam ser analisados com mais precisão.

127

REFERÊNCIAS

BARROS, Aidil J. S.; LEHFELD, Neide A. S. Fundamentos de Metodologia Científica. 3.ed. São Paulo: Pearson, 2007. BLESSA, Regina. Merchandising no ponto-de-venda. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2006. COBRA, Marcos. Administração de Marketing no Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. ENGEL, James F., BLACKWELL, Roger D., MINIARD, Paul W.. Comportamento do consumidor. 8.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. FERRACCIO, João S. Marketing promocional: A evolução da promessa de vendas. 6.ed. São Paulo: Pearson, 2008. GADE, Cristiane. Psicologia do consumidor e da propaganda. São Paulo: EPU, 1998. GIGLIO, Ernesto M. O comportamento do consumidor. 2.ed. rev. São Paulo: Thomson, 2002. GIL, Antônio C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2008. KARSAKLIAN, Eliane. Comportamento do consumidor. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2004. KERIN, Roger A.; HARTLEY, StevenW.; BERKOWITZ, Eric N.; RUDELIUS, William. Marketing. 8.ed. São Paulo: McGarw-Hill, 2008. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. 12.ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2007. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin L. Administração de marketing. 12.ed. São Paulo: Pearson, 2006. MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de Marketing: Uma Orientação Aplicada. São Paulo: Bookman, 2005 LAKATOS, Eva M; MARCONI, Marina A. Metodologia científica: procedimentos básicos, pesquisa bibliográgica, projetos e relatórios, publicações e trabalhos científicos. 6. ed., rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2011. OGDEN, James R; CRESCITELLI, Edson. Comunicação integrada de marketing: conceitos, técnicas e práticas. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2008.

128

PINHEIRO, Antonio J. A.; HELENA, Raul S.. Muito além do merchan!: como enfrentar o desafio de envolver as novas gerações de consumidores. São Paulo: Elsevier, 2012. PINHO, José B. Comunicação em marketing: princípios da comunicação mercadológica. 11.ed. Campinas, SP: Papirus, 2001. RAMOS, Roberto. Grã-finos na Globo: cultura e merchandising nas novelas. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes, 1986. SAMARA, Beatriz S.; MORSCH, Marco A. Comportamento do consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Pearson, 2005. SAMPAIO, Rafael. Propaganda de A a Z: como usar a propaganda para construir marcas e empresas de sucesso. 3.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003. SANT'ANNA, Armando. Propaganda: teoria, técnica, prática. 7.ed. São Paulo: Pioneira, 1998. SCHIFFMAN, Leon G; KANUK, Leslie L. Comportamento do consumidor. 6.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. SOLOMON, Michael R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 9.ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. VERONEZZI, José C. Mídia de A a Z : conceitos, critérios e fórmulas dos 60 principais termos de mídia . 3.ed. São Paulo: Pearson, 2009. YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 5.ed. São Paulo: Grupo Artmed, 2014.

129

SITES ACESSADOS 3 COLOURS RULE CRIATIVE BRANDING AGENCY. How does product placement wotk. Disponível em: <http://www.3coloursrule.com/how-does-product-placement-work/>. Acesso em: 23 ago. 2017. AUDI IMPRENSA. Audi SQ7 aparece em Capitão América Guerra Civil. 2016. Disponível em: <https://audi-imprensa.com.br/press-releases/audi-sq7-aparece-em-capitao-america-guerra-civil/>. Acesso em: 23 ago. 2017. BARBIERI. Miguel Jr. Tom Hanks encontra a bola Wilson quinze anos depois do filme Náufrago. Revista Veja São Paulo: 2017. Disponível em: <https://vejasp.abril.com.br/blog/miguel-barbieri/tom-hanks-reencontra-a-bola-wilson-quinze-anos-depois-do-filme-naufrago-veja-a-foto/>. Acesso em: 23 ago. 2017. BRANDS AND FILMS. Product placement prostitution. 2010 Disponível em: <http://brandsandfilms.com/2010/02/product-placement-prostitution/>. Acesso em: 23 ago. 2017. BROOK, Tom. The Internship: One long ad for Google. BBC London: 2013. Disponível em: <http://www.bbc.com/culture/story/20130704-the-internship-a-movie-or-an-ad>. Acesso em: 21 out. 2017. CABREIRA, Isabel. A teoria dos 3 puts. Implantado Marketing: 2013. Disponível em: <http://www.implantandomarketing.com/a-teoria-dos-3-puts/>. Acesso em 28 ago. 2017. CALCULO EXATO. Disponível em: <http://calculoexato.com.br/parprima.aspx?codMenu=FinanAtualizaIndiceJuros>. Acesso em 05 set. 2017. CINEMA 10. Disponível em: <http://cinema10.com.br/tipos/filmes-do-james-bond---agente007>. Acesso em 29 ago. 2017. CIMENA BLEND. Disponível em: <https://www.cinema-blend.com/new/Internship-Great-Google-Debate-Clever-Location-Product-Placement7904.html>. Acesso em: 21 out. 2017. COOPER, Rob. James Bond just sold out: Daniel Craig swaps Vodka Martini for a bottle of Heineken to star in controversial new 007. Jornal Mail Online: 2012. Disponível em: <http://www.dailymail.co.uk/news/article-2206593/James-Bond-swaps-Vodka-Martini-pint-Heineken-controversial-product-placement-deal-new-film.html>. Acesso em: 23 ago. 2017.

130

DESIGN INNOVA. Brinquedos e novelas. 2011. Disponível em: <https://designinnova.blogspot.com.br/2011/10/brinquedos-novelas.html>. Acesso em 05 set. 2017. EDWARDS, Jim. What Ashton Kutcher´s “Two and a Half Men” product placement fail can teach startups. Jornal CBS New York: 2011. Disponível em: <https://www.cbsnews.com/news/what-ashton-kutchers-two-and-a-half-men-product-placement-fail-can-teach-startups/>. Acesso em: 23 ago. 2017. FEDEX. Disponível em: <http://www.fedex.com/br/>. Acesso em 06 set. 2017. FINCO, Nina. Como os Estados Unidos usaram Hollywood como arma de guerra: Cinco voltaram, de Mark Harris, conta a trajetória de diretores de Hollywood que foram para a Europa filmar propagandas de guerra nos anos 1940. Revista Época: 2016. Disponível em: <http://epoca.globo.com/vida/noticia/2016/06/livro-conta-como-os-estados-unidos-usaram-hollywood-como-arma-de-guerra.html>. Acesso em 5 set. 2017. JORNAL AD NEWS. “Nike, você tem seis meses”: dizem internautas sobre Air Mag. 2014. Disponível em: <http://adnews.com.br/tecnologia/internautas-sobre-tenis-de-de-volta-para-o-futuro-nike-voce-tem-seis-meses.html>. Acesso em: 23 ago. 2017. JORNAL CBS NEW YORK. Yankees, Jay-Z Team Up On Co-Branded Merchandise. 2014 Disponível em: <http://newyork.cbslocal.com/2010/08/27/yankees-jay-z-team-up-on-co-branded-merchandise-2/>. Acesso em: 23 ago. 2017. JORNAL INTERVALO ONLINE. “Merchan” do café são Braz. Disponível em: <http://intervalo.cabobranco.tv.br/ana-maria-braga-faz-merchan-do-cafe-sao-braz-no-mais-voce/>. Acesso em: 11 ago. 2017. LISTAL. Picture of Sex and the City. Disponível em: <http://www.listal.com/viewimage/1043359>. Acesso em: 23 ago. 2017. LUIS, Diego. Criatividade pode ser o diferencial do produto no ponto de venda. Blog Plugcitários: 2013. Disponível em: <http://plugcitarios.com/2013/02/07/criatividade-pode-ser-o-diferencial-do-produto-no-ponto-de-venda/>. Acesso em: 11 ago. 2017. LUTFI, Tabasum. “The Internship”: Brand Marketing and Product Placement a tis best. Trivison Creative: 2013. Disponível em: <http://www.trivisioncreative.com/the-internship-movie-product-placement/>. Acesso em: 21 out. 2017. MARAFON, Renato. Warner já planejava “Batman vs. Superman” desde “Eu sou a lenda”. Blog Cine Pop: 2015. Disponível em: <http://cinepop.com.br/bizarro-lenda-mensagem-subliminar-batman-vs-superman-55492>. Acesso em: 23 ago. 2017. MERIGO, Carlos. Comercial da Audi se passa no meio de uma cena inédita de Vapitão América: Guerra civil: Mais uma vez a marca vaidesfiar diversos modelos

131

de carros num filme da Marvel. B9: 2016. Disponível em: <http://www.b9.com.br/64561/comercial-da-audi-se-passa-no-meio-de-uma-cena-inedita-de-capita%CC%83o-america-guerra-civil/>. Acesso em 29 ago. 2017. MÍDIA INTERESSANTE. O que tinha na encomenda Fedex no filme Náufrago. Disponível em: <http://midiainteressante.com/2013/11/o-que-tinha-no-encomenda-fedex-do-filme-o-naufrago.html>. Acesso em: 23 ago. 2017. MUNDO DAS MARCAS. Martini. Disponível em: <http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/06/martini-taste-world-of-martini.html>. Acesso em 06 set. 2017. MUNDO DAS MARCAS. Unilever. Disponível em: <http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/06/unilever-get-more-out-of-life.html>. Acesso em 06 set. 2017. PORTO, Gabriella. Irmãos Lumiére. Info Escola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/biografias/irmaos-lumiere/>. Acesso em 29 de ago. 2017. ROLLING STONES. The Internship is cutesy product placement. 2013. Disponível em: <http://www.rollingstone.com/movies/videos/the-internship-is-cutesy-product-placement-20130606>. Acesso em: 21 out. 2017. SALGADO, Lucas. Os estagiários: Abraçando o novo. Adoro Cinema: 2013. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-206149/>. Acesso em: 21 out. 2017. SIGNIFICADOS. Disponível em: <https://www.significados.com.br/geek/>. Acesso em 22 nov. 2017. SÓ HISTÓRIA. Revolução Industrial. Disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/resumos/revolucaoindustrial.php>. Acesso em 1 set. 2017. SULLIVAN, Danny. The Internship: a fun movie, but also a beautiful Google comercial. Marketing Land: 2013. Disponível em: <https://marketingland.com/the-internship-movie-google-45618>. Acesso em: 21 out. 2017. TESTA, John. Top 10 product placements. Blog Nostra Media: 2013. Disponível em: <http://nostramedia.com.au/post/top-10-tv-product-placements/>. Acesso em: 23 ago. 2017. VELASCO, Valquiria. Crise de 1929 (Grande Depressão). Info Escolas: 2014. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/crise-de-1929-grande-depressao/>. Acesso em 16 ago. 2017.

132

YOUTUBE. FILME E.T., O EXTRATERRESTRE. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YJxW7pigtn0>. Acesso em: 06 de set. 2017. YOUTUBE. FILME FORREST GAMP – O CONTADOR DE HISTÓRIAS. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bwVGdGOOKHY>. Acesso em: 06 de set. 2017. YOUTUBE. FILME O TERMINAL. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=y1JX84Ov5sU>. Acesso em: 06 set. 2017. YOUTUBE. FILME OS ESTAGIÁRIOS. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Sj1en6mu9AE>. Acesso em: 21 out. 2017. YOUTUBE. FILME WINGS. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=85ghWQV___s>. Acesso em: 23 ago. 2017.

133

FILMOGRAFIA 007 – Cassino Royale. Direção: Martin Campbell. (EUA; Reino Unido; Itália; Repúblicaa Tcheca, 2006) 007 – Um novo dia para morrer. Direção: Lee Tamahori. (EUA, 2002) Batman vs Superman – a origem da justiça. Direção: Zack Snyder. (EUA, 2016) Capitão América – guerra civil. Direção: Anthony Russo, Joe Russo. (EUA, 2016) De volta para o futuro 2. Direção: Robert Zemeckis. (EUA, 1989) E.T., o extraterrestre. Direção: Steven Spielberg. (EUA, 1982) Eu sou a lenda. Direção: Francis Lawrence. (EUA, 2007) Forrest Gamp – o contador de histórias. Direção: Robert Zemeckis. (EUA, 1994) Náufrago. Direção: Robert Zemeckis. (EUA, 2000) O terminal. Direção: Steven Spielberg. (EUA, 2004) Os estagiários. Direção: Shawn Levy. (EUA, 2013) Sex and the city – o filme. Direção: Michael Patrick King. (EUA, 2008) Sex and the city 2. Direção: Michael Patrick King. (EUA, 2010) The Card Game. Direção: Louis Lumiére. (França, 1896) TOC – transtornada, obsessiva e compulsiva. Direção: Paulinho Caruso, Teo Poppovick. (Brasil, 2017) Washing Day in Switzerland. Direção: Louis Lumiére. (França, 1896) Wings. Direção: William Wellman. (EUA,1927) SÉRIES E NOVELAS BETO ROCKFELLER. Direção: Lima Duarte; Walter Avancini. Rede Tupi. (Brasil, 1968 - 1969) O CLONE. Direção: Jayme Monjardim. Rede Globo. (Brasil, 2001 - 2002) O PRIMEIRO AMOR. Direção: Régis Cardoso; Walter Campos. Rede Globo. (Brasil, 1972). OS SIMPSONS. FOX. (EUA, 1989 -)

134

SEM LENÇO E SEM DOCUMENTO. Direção: Régis Cardoso; Dennis Carvalho. Rede Globo. (Barsil, 1977 - 1978) TWO AND A HALF MAN. CBS. (EUA, 2003 - 2015) WHY WE FIGHT. Direção: Frank Capra. Disney Studios. (EUA, 1943 - 1945)

135

APÊNDICES

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS

PARTE 1 Número do Entrevistado:______.

Gênero: ( ) Feminino ( ) Masculino

Idade:________. Profissão:________________________________________.

1) Quais as marcas de produtos ou serviços, que você lembra de ter visto ou

ouvido no filme apresentado?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_______________________________________________.

2) Das marcas citadas na questão nº 1, alguma (s) delas lhe passou algum

significado (positivo ou negativo) através do filme, se sim quais foram essas marcas

seus respectivos significados?

Exemplo: Vontade de comer, beber, sentimento de raiva, confusão, alegria, etc.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_______________________________________________.

O presente questionário é de uso acadêmico para a conclusão do curso de

Publicidade e Propaganda da aluna Nicole Merib Adami.

136

3) Das marcas citadas na questão nº1, qual (is) você utiliza ou já utilizou?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________.

4) Das marcas citadas na questão nº 1, alguma (s) lhe remete a experiências

positivas? Se sim cite essa (s) marca (s).

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________.

5) Das marcas citadas na questão nº 1, alguma (s) lhe remete a experiências

negativas? Se sim cite essa (s) marca (s)?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________.

6) Das marcas citadas na questão nº 1, alguma (s) você não conhecia antes, ou

seja, viu pela primeira vez no filme? Se sim, cite-a (s)?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_______________________________________________________

137

PARTE 2 Número do Entrevistado:______.

7) Marque SIM, NÃO ou TALVEZ nas questões abaixo:

a) Hoje você está pensando em comprar um carro?

( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez

b) Hoje você está pensando em comprar um celular?

( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez

c) Hoje você está pensando em comprar um computador?

( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez

d) Hoje você está pensando em comprar uma roupa ou calçado novo?

( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez

e) Neste momento você sente fome?

( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez

f) Neste momento você sente sede?

( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez

g) Neste momento você sente necessidade em checar suas redes sociais?

( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez

138

PARTE 3 Número do Entrevistado:______.

8) No filme, um dos personagens veste uma camiseta que possui a marca de um

super-herói, se você notou, identifique-o:

( ) Batman

( ) Homem Aranha

( ) Super Homem

( ) Não identifiquei

9) Os personagens do filme, diversas vezes, aparecem consumindo determinada

cerveja, se você identificou a marca assinale-a abaixo:

( ) Budweiser Light

( ) Heineken

( ) Miller Lite

( ) Não identifiquei

10) O uso de notebooks e outros aparelhos eletrônicos no filme é frequente,

marque abaixo as marcas desses produtos que você lembra de ter visto: (Pode ser

marcada mais de 1 alternativa)

( ) Acer

( ) Apple

( ) Dell

( ) HP

( ) Lenovo

( ) LG

( ) Microsoft

( ) Samsung

( ) Sony

( ) Toshiba

( ) Nenhuma

139

PARTE 4 A Número do Entrevistado:______.

11)Das marcas abaixo, quais você lembra de ter visto ou ouvido no filme

apresentado? Circule-as:

140

PARTE 4 B Número do Entrevistado:______.

8) Das marcas abaixo, quais você lembra de ter visto ou ouvido no filme

apresentado? Circule-as:

Pepsi Hollister Lacoste HP

Star Wars Google Doritos Sony

BMW Dell Budweiser Light Batman

Apple Atlanta Hawks IBM Xbox

Yankees Rocky Mountain Pizza Youtube Adidas

Energy Pod LG Facebook Nasa

Fanta Super Homem Vans Toyota

Lenovo Gatorade Nike STP

Microsoft Canon Puma Homem Aranha

Miller Lite Nokia Ebay Wase

Coca-Cola Motorola Pringles LinkedIn

Android De volta para o Futuro Instagram Heineken

Guitar Hero Samsung Pizza Hut Toshiba

141

ANEXOS

ANEXO A – Projeto – Monografia I

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

NICOLE MERIB ADAMI

PRODUCT PLACEMENT NO CINEMA E A PERCEPÇÃO DO CONSUMIDOR

Caxias do Sul 2017

142

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA

NICOLE MERIB ADAMI

PRODUCT PLACEMENT NO CINEMA E A PERCEPÇÃO DO CONSUMIDOR

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I. Orientador: Prof. Me. Eduardo Luiz Cardoso

Caxias do Sul 2017

143

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 04

2 TEMA ................................................................................................................. 06

2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................... 06

3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 07

4 QUESTÃO NORTEADORA ............................................................................. 09

5. OBJETIVOS ...................................................................................................... 10

5.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 10

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 10

6. METODOLOGIA ............................................................................................... 11

7. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 13

7.1 MERCHANDISING ........................................................................................... 13

7.2 PRODUCT PLACEMENT ................................................................................. 14

7.3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ........................................................ 15

7.4 FATORES PISCICOLÓGICOS DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR .................................................................................................... 16

8. ROTEIRO DOS CAPÍTULOS ............................................................................ 19

9. CRONOGRAMA ............................................................................................... 20

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 21

144

1 INTRODUÇÃO

O merchandising no Brasil é o termo utilizado para definir as estratégias de

marketing que são inseridas no entretenimento. Atualmente muitas referências

bibliográficas sobre comunicação apontam diferentes modos de utilização do termo,

onde muitas vezes ele pode parecer um pouco agressivo com o espectador, surgindo

como um solavanco no meio de um filme ou programa televisivo.

Ao contrário disso, destaca-se o tipo de merchandising chamado product

placement, que engloba o mesmo viés de inserção de marketing, porém de uma forma

sutil. Assim ele possui uma facilidade superior de ser digerido pelo espectador, uma

vez que se apresenta mais naturalmente, levando o consumidor a se sentir mais perto

da realidade.

O product placement está ganhando um maior espaço, principalmente no

cinema norte-americano, a maioria dos filmes são financiados por grandes marcas, as

quais exibem seus produtos nas obras fictícias. Essas empresas estão cada vez mais

investindo nessa forma de publicidade, pois acreditam encontrar neste meio, uma

maneira efetiva de alavancar o seu nome.

Porém, ocasionalmente, o product placement pode ser prejudicial, ou até

mesmo nem ser notado dentro de uma obra, pois quando é trabalhado com o intuito

de não criar um sentimento negativo com o consumidor, muitas vezes a forma com

que ele é tratado é tão sutil que pode se tornar imperceptível.

Dentre os fatores do comportamento do consumidor, o fator psicológico de

percepção, através da exibição, atenção e interpretação, possui influência direta com

a efetividade, ou não, de um anúncio desse caráter.

A percepção leva o indivíduo a atender um estímulo externo através dos fatores

sensoriais, e também é responsável por classificá-lo como relevante ou não, ou seja,

seleciona quais estímulos serão decodificados como importantes e aceitos como

mensagem e quais serão descartados.

Tendo em vista a ligação desses dois amplos conceitos, os objetivos principais

deste projeto giram em torno da assimilação do consumidor em relação ao product

placement. Dentro disso, o filme Os Estágiários (2013) será analisado de forma

específica, em um ambiente controlado, onde a finalidade principal será verificar,

através de um questionário, as formas que os products placements, desta obra,

145

influenciarão os espectadores que participarão da pesquisa. Através disso será feita

uma análise final dos resultados da exibição.

146

2 TEMA

A influência do product placement no comportamento do consumidor.

2.1 Delimitação do tema

O merchandising, dentre muitos conceitos, é um tipo de marketing inserido no

entretenimento, e frequentemente é utilizado em filmes cinematográficos. O product

placement é uma das formas de merchandising mais utilizadas, conceitua-se na

inserção de publicidades no decorrer da trama sem desviar da história principal.

Dentro do comportamento do consumidor, a percepção encontra-se dentre

vários fatores psicológicos, a mesma procede através da exibição, atenção e

interpretação. A percepção é responsável por classificar e decodificar uma

mensagem.

Esse projeto analisará a influência do product placement sobre a percepção.

147

3 JUSTIFICATIVA

A sociedade contemporânea se depara constantemente com variados tipos de

marketing em seu cotidiano. Muitos desses se mostram de forma invasiva ao

consumidor, tirando-o de sua rotina e tentando impor publicidades a contragosto. Isso

prova o quanto as pessoas mudam, uma vez que os anúncios eram aceitos e digeridos

facilmente, hoje não são mais. Deste modo, a publicidade deve se adequar a tal

mutação, procurando novas formas de abordar o público-alvo.

Dentre algumas novas formas de marketing que são estudadas, o

merchandising aparece, estrategicamente, posicionando os anúncios mais

naturalmente, principalmente quando se fala em product placement. Sabe-se que

esse tipo de anúncio é utilizado frequentemente no decorrer de obras fictícias.

Esse projeto traz um estudo sobre o product placement no cinema e como ele

atinge o consumidor. O cinema foi escolhido pela autora, primeiramente por ser um

meio de comunicação em massa, e pelo crescimento de investimentos feitos por

grandes marcas, inserindo de forma imprevisível seus produtos nos filmes que

prometem obter grandes bilheterias.

Esse tipo de merchandising é de extrema importância tanto para as marcas que

estão expondo seus produtos, quanto para o filme que recebe essa imersão. Segundo

Pinheiro e Helena (2012), o product placement aumenta 68% o índice de lembrança

em filmes e 60% o sentimento positivo em relação àquela marca, levando em

consideração que muitas vezes quando o espectador visualiza um produto que já

conheça ou até mesmo utilize, o mesmo sente a obra mais perto da sua realidade.

O cinema, por sua vez, se revela propenso ao espectador receber e interpretar

mensagens durante o filme, pelo fato dele se encontrar relaxado e inserido num

ambiente controlado. Dessa forma serão estudados os fatores psicológicos do

comportamento do consumidor, para mostrar a influência e a eficácia dessa forma de

publicidade com o espectador.

A importância também se dá pelo fato de que alguns filmes não conseguem

lucrar apenas com a bilheteria e precisam de verba para a produção dos mesmos.

Assim as empresas que pretendem anunciar suas marcas nas obras, de certa forma,

ajudam a financia-las.

148

Nesse projeto, foi escolhido um filme específico para análise de seus products

placements. Lançado em 2013, a comédia Os Estagiários é uma obra bastante

peculiar para o assunto, pois traz a marca Google de forma explícita, tanto no filme,

quando em cartazes e trailers. O filme acontece quase totalmente no interior da

empresa, tratando como assunto principal a forma de trabalho dos colaboradores,

sempre exibindo a Google de forma positiva, e apesar de o filme expor o tempo inteiro

a marca, em nenhum momento a trama desvia a sua história principal.

Por fim, esse projeto se mostra relevante para estudantes de comunicação e

profissionais da área, principalmente na atualidade, pois buscará compreender as

influências do comportamento do consumidor em relação ao product placement,

expondo revisões bibliográficas sobre o tema e também uma análise da percepção

dos consumidores.

149

4 QUESTÃO NORTEADORA

De que forma o product placement influencia a percepção do consumidor?

150

5 OBJETIVOS

5.1 Objetivo geral

Analisar a influência do product placement no fator psicológico de percepção,

do comportamento do consumidor, através do filme Os Estagiários.

5.2 Objetivos específicos

Descrever as diversas formas de merchandising, focando no product

placement.

Compreender o fator psicológico de percepção, através da exposição, atenção

e interpretação, do comportamento do consumidor.

Identificar os efeitos do product placement em relação à percepção, através do

filme Os Estagiários, capturando a impressão de espectadores dentro de um

ambiente controlado.

151

6 METODOLOGIA

Entende-se por metodologia os passos que conduzem a uma solução, a

respostas de determinadas questões. A metodologia possibilita prever os problemas

e analisá-los para que haja um entendimento do tema levantado na pesquisa.

(LAKATOS; MARCONI, 2011).

Para Gil (2008), a pesquisa descritiva tem como objetivo principal descrever as

características de determinadas populações ou fenômenos. Uma de suas

peculiaridades está na utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados, tal

como observação ou questionário. Neste projeto, o questionário será a técnica

utilizado na pesquisa em questão.

A abordagem qualitativa será a utilizada, que segundo Malhotra (2005)

representa uma metodologia não estruturada, baseada em pequenas amostras que

proporciona percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão,

abrindo espaço para interpretações. Uma das principais características desse tipo de

pesquisa é o uso de perguntas abertas, sem opções de respostas pré-determinadas,

justamente o fato que enriquece o leque de respostas captadas dos entrevistados.

Pretende-se levantar informações bibliográficas sobre merchandising e

comportamento do consumidor, para melhor assimilação do tema. Será realizado um

estudo de caso, que segundo Barros (2007) é a coleta ou o registro de informações

sobre um ou vários casos particularizados, elaborando relatórios críticos. “A essência

de um estudo de caso é tentar esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões:

o motivo pelo qual foram tomadas como foram implementadas e quais os resultados. ”

(BARROS, et al Schramm, 1971 p.5)

Para Yin (2014), todo o estudo de caso necessita de um projeto ou plano de

pesquisa e nele deve conter quatro problemas inicias: quais questões estudar, quais

dados são relevantes, quais dados coletar e como analisar os resultados. Para

levantar esses dados, ainda citando Yin (2014), deverá ser definida uma unidade de

análise, que se relaciona com a maneira como as questões inicias da pesquisa foram

levantadas. No projeto em questão, as unidades de análise são: as formas de

merchandising nos filmes e se os mesmos afetam o fator psicológico de percepção do

comportamento do consumidor. Especificar corretamente essas questões traz a

solução da unidade apropriada para a análise.

152

Levando essas afirmações em conta, o atual estudo buscou através de um

questionário, aplicado a uma pequena amostragem em um ambiente controlado,

analisar as formas que os products placements, do filme Os Estagiários (2013),

influenciarão o fator psicológico de percepção, do comportamento do consumidor, nos

espectadores que participarão da pesquisa.

Segundo Yin (2014) a análise dos dados coletados tem como função examinar,

categorizar e classificar as evidências tendo em vista as proposições iniciais,

baseando-se em proposições teóricas.

Ainda conforme Yin (2014), muito embora se pense que os estudos de caso

sejam uma pesquisa “fácil”, a pesquisa de estudo de caso é notavelmente complicada.

E o paradoxo é, que quando “mais fácil” for uma estratégia de pesquisa, mais difícil

será realizá-la.

153

7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

7.1 MERCHANDISING

Quando se fala em merchandising diversas definições para o termo são

encontradas. Conceitua-se como promoção-de-vendas, mas também se entende

como uma tática de marketing que engloba, dentre outras, divulgação e promoção,

também é uma forma de publicidade inserida no entretenimento. Por isso que na

maioria das agências de publicidade a discussão sobre o real significado do termo é

grande entre os profissionais.

A palavra inglesa merchandise significa mercadoria, e merchandiser significa

comerciante, segundo Blessa (2006), merchandising é o conjunto de técnicas

responsável pela informação e apresentação destacada dos produtos na loja, de

maneira tal que acelere a sua rotatividade. Ainda afirma que merchandising é qualquer

técnica, ação ou material promocional usado no ponto-de-venda.

Nos Estados Unidos, com mais atributos, é a atividade que procura

acompanhar todo o ciclo de lançamento de um produto, desde sua adequação, até o

controle de sua performance, e também é o termo utilizado para descrever produtos

licenciados com propriedade nos filmes ou times de futebol, como por exemplo.

Já no Brasil, entendeu-se que o ponto-de-venda das grandes redes de TVs

eram seus filmes, novelas e programas. Assim sendo, conforme Pinheiro e

Helena(2012), o termo merchandising também é usado para se referir à presença de

marcas no conteúdo de entretenimento. Essa nomenclatura surgiu no início da

televisão brasileira, quando os programas ainda eram gravados ao vivo. Na época, os

apresentadores interrompiam o programa para falar sobre determinado produto. Um

conceito mais artesanal, apresentado por Ramos (1986), é que o merchandising é a

publicidade fora dos intervalos comerciais, ele é sempre integrado no contexto do que

está sendo exibido.

Por esse motivo, de ser inserido nas tramas de forma natural, o merchandising

é um tipo de marketing aprovado pelo consumidor globalmente. Porém, em algumas

praças, ele ainda apresenta um solavanco durante a transmissão, por isso que no

Brasil, o uso da ferramenta precisa evoluir muito, conforme Pinheiro e Helena (2012),

geralmente o produto aparece de repente no meio da trama, de forma grosseira e

invasiva, sem nenhuma preocupação ou respeito pelo espectador, no merchandising

ainda há a mesma mentalidade de publicidade convencional.

154

7.2 PRODUCT PLACEMENT

O product placement é uma das formas de fazer merchandising, de maneira

que o mesmo se torne mais aprovado pelo espectador, uma vez que não apresenta a

interrupção do entretenimento, dando continuidade à história da obra em questão.

Como Pinheiro e Helena (2012) destacam, a ideia é que essa presença ocorra de

forma fluida, transcorrendo junto com o fluxo da trama que está se desenrolando. A

presença é mais sutil e gera menos repulsa por parte dos espectadores.

Em algumas descrições o product placement é citado como merchandising

editorial, em um conceito mais robusto, podemos analisar que:

Quando falamos em merchandising editorial, cujo o nome usado em outros países é product placement [...], falamos das aparições sutis de um refrigerante no bar da novela, da sandália que a mocinha da história “sem querer”53 quase esfrega na tela, na logomarca estampada virtualmente no meio da quadra de um evento esportivo, numa demonstração de um produto dentro de um programa de auditório etc. Possui custos mais elevados do que os da propaganda em si, pois é digerida pelo público com muito mais facilidade do que os comerciais comuns nos intervalos. (BLESSA, 2006 p.06)

No século XX, a publicidade se renovou, e passou a utilizar diversos meios de

comunicação que foram surgindo, como rádio, televisão e também o cinema, sendo o

último um meio muito sugestivo para a utilização de product placement. Uma vez que

o cenário do cinema permite que o consumidor esteja relaxado, desta forma, aberto a

receber e captar mensagens. Por isso com o passar do tempo, cada vez mais, as

grades produções norte-americanas são patrocinadas por grandes marcas. Conforme

Sant´Anna (2009), além de participarem de cenas, se utilizam dos filmes como

estratégia de marketing para venderem seus produtos utilizando-se dos personagens.

Pinheiro e Helena (2012) ainda afirmam que, uma pesquisa realizada com

diretores e produtores do cinema americano são destacáveis vários motivos principais

que os levam a considerar a parceria com o product placement, como por exemplo: a)

os personagens precisam se vestir, comer, ter carros e falar no celular; b) as marcas

ajudam a definir o perfil do personagem; c) as marcas ajudam a divulgar o filme

53 Grifo do autor.

155

aumentando o buzz54 e a bilheteria; d) obviamente, as marcas ajudam a pagar as

contas.

Para o espectador, toda a vez que identifica um product placement, ele de certa

forma se sente mais perto da realidade do que está assistindo. Isso porque o herói ou

vilão pode estar usando o mesmo celular que está em seu bolso ou tomando o

refrigerante que costuma consumir.

Por isso que quando bem planejado, o product placement, no cinema e até

mesmo em outras obras, é uma ferramenta fantástica, o que pode transformar os

consumidores em fãs de uma determinada marca e também alavancar bilheteria de

filmes ou audiências de programas.

7.3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

No século XXI pode se notar a vasta diversidade que existe entre as pessoas.

No meio de tantas raças, credos, idades, sexos e outros, encontram-se as

necessidades básicas como comer e se vestir. Por outro lado, existem também as

necessidades supérfluas, as quais levam o ser humano a decidir onde vai gastar seu

dinheiro e tempo. Dentre tudo isso é possível identificar inúmeras similaridades entre

muitos povos do mundo.

O comportamento humano é influenciado por uma série de fatores, e quando o

indivíduo de torna um consumidor, é função essencial do marketing conhece-lo.

Assim, poder suprir suas necessidades e desejos por meio da produção de produtos

e serviços, e desta forma alcançar a eficácia da administração mercadológica.

(SAMARA; MORSCH, 2005)

Segundo Schiffman e Kanuk (2000), o estudo do comportamento do

consumidor é um estudo de como os indivíduos tomam decisões de gastar seus

recursos disponíveis (tempo, dinheiro, esforços) em itens relacionados ao consumo.

O comportamento do consumidor pode ser visto como processo decisório na

hora da procura ou compra de algum produto. Cada consumidor recebe estímulos

externos que motivam e podem influenciar alterando seu comportamento. É natural

encontrar centenas de estímulos criados através de profissionais de marketing no dia-

a-dia, como por exemplo em outdoors, rádios, programas de televisões, filmes e

muitos outros. Diante disso Samara e Morsch (2005) afirmam:

54 Buzz: Também conhecido como marketing boca a boca, procura estimular indivíduos e a sociedade a repassar uma mensagem para outros, aumentando sua abrangência e servindo como influenciador.

156

O perfil, as características, as motivações e os interesses do consumidor sofrem todo o tipo de influência. Desde aspectos sociais, demográficos, culturais, psicológicos e situacionais até importantes estímulos de marketing afetam e impulsionam as atitudes e as ações dos indivíduos em suas decisões de consumo. (SAMARA; MORSCH, 2005 p.03)

Esses estímulos são processados em dois níveis: sensação e interpretação. É

possível facilmente diferencia-los, sentir e interpretar são na realidade um processo

único de informação, sentir é fisiológico, pois os órgãos sensoriais nos levam a tal

processo, porém nem tudo que se sente é interpretado. (KARSAKLIAN, 2012)

O indivíduo é estimulado o tempo inteiro, tanto que se obriga a escolher e

selecionar os estímulos que mais lhe interessa. Segundo Giglio (2002), um processo

de escolha e interpretação dos estímulos que chegam, é um modo de ver e entender

o mundo que cerca as pessoas, incluindo a si próprio, e conclui ainda que ao ver um

noticiário, o espectador tem consciência das notícias, mas nem todas nos importam.

Além disso o processo do comportamento do consumidor é influenciado

diretamente por um conjunto múltiplo de fatores, são eles: culturais, sociais, pessoais

e psicológicos. Segundo Solomon (2011), é um processo complexo que envolve

diversas etapas sequenciais e integradas, afetando sua percepção e sua escolha em

relação à relevância e à adequação de produtos.

7.4 FATORES PISICOLÓGICOS DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Descobrir o que passa na cabeça do consumidor é um dos grandes desafios

dos profissionais de marketing. Os fatores psicológicos do comportamento do

consumidor têm como ponto de partida a motivação para atender uma necessidade.

Conforme Gade (1998), o estudo do comportamento e da psicologia do consumidor é

realizado para permitir o desenvolvimento de estratégias de marketing mais eficazes.

Segundo Kotler e Keller (2006), quatro fatores psicológicos influenciam a

reação do consumidor – motivação, percepção, aprendizado e memória. O objetivo

do profissional de marketing é entender o que acontece do consciente do consumidor

entre a chegada dos estímulos e a decisão de compra.

A motivação humana tem sido amplamente estudada por psicólogos que

procuram estudar teorias. O indivíduo possui necessidades específicas a cada

momento, são elas biológicas como sede, fome ou dor por exemplo. E psicológicas,

originadas no sentido de carência, estima e outros. Essas necessidades muito

157

intensas geralmente transformam-se em motivos ou impulsos, os quais o consumidor

procurará suprir. (RIBEIRO, 2015)

Uma das principais e mais conhecidas teorias da motivação é a de Abraham

Maslow. Para ele, as necessidades humanas obedecem uma hierarquia, de acordo

com o grau de urgência de cada uma. Assim propõem que as pessoas busquem

primeiramente suprir as necessidades mais relevantes, e após as necessidades com

maior importância. Assim uma vez satisfeitas, essas necessidades deixam de ser

agentes motivadores. (KOTLER; AMSTRONG, 20017)

O processo de percepção tem sido definido como sensações acrescidas de

significados, Gade (1998) afirma que:

[...] por meio dos processos perceptivos as experiências sensoriais são integradas ao que já existe armazenado de experiências anteriores para se obter significado. Implica interpretar estímulos e, para tanto, relacionar componentes sensoriais externos com componentes significativos internos. (GADE, 1998 p.29)

Conforme Solomon (2011), a sensação está relacionada com os receptores

sensoriais (olhos, ouvidos, nariz, boca e dedos), a estímulos básicos, como luz, cor,

som, odores e texturas. Já a percepção é processo onde as pessoas selecionam,

organizam e interpretam essas sensações.

O processamento de percepção passa por três estágios – exposição, atenção

e interpretação – os quais levam o indivíduo a perceber que os estímulos recebidos

são relevantes. (GADE, 1998)

A exposição nada mais é do que quando um estímulo penetra na gama de

receptores sensoriais de uma pessoa. Sendo assim o indivíduo ignora algumas outras

mensagens para se concentrar nestes, muitas vezes desviando de seu caminho.

Nesse caso, os receptores são capazes de capturar estímulos mesmo que por um

período curtíssimo de tempo. (SOLOMON, 2011)

Segundo Engel et al. (2000), nem todos os estímulos que ativam os receptores

no estágio de exposição receberão processamentos adicionais. Devido às limitações

dos recursos cognitivos é impossível ser processado todos os estilos disponíveis em

um dado momento. Consequentemente o sistema cognitivo monitora e seleciona as

informações que são processadas. Essa filtragem é o estágio de atenção, que pode

ser definida como a alocação da capacidade de processamento a um estímulo.

Para o processo de interpretação, Gade (1998) conceitua que esse estágio é

parte do processamento de informações, após a atenção, na qual os estímulos

158

recebidos, são decodificados e identificados, sendo-lhes atribuídos significados.

Consiste numa série de atividades mentais que levam a compreensão dos estímulos,

transformando-os em informação e aceitação da comunicação.

Outro fator psicológico que influencia o comportamento do consumidor é a

aprendizagem, a qual consiste em mudanças no comportamento das pessoas através

de experiências, ou seja, quando os indivíduos agem estão aprendendo. Os teóricos

de aprendizagem acreditam que ela nasça a partir da interação entre impulsos,

estímulos, sinais, respostas e reforços. (KOTLER; KELLER, 2006)

O quarto e último fator é a memorização. Solomon (2011) descreve como o

processo de aquisição e armazenagem de informações de modo que estas estejam

disponíveis quando necessárias. Esse fator é dividido em três estágios. O primeiro

que é de codificação, onde a informação é colocada na memória, o segundo estágio

é o que armazenagem, quando a informação é retirada da memória e, por fim,

recuperação, quando a informação armazenada é encontrada quando necessário.

Os quatro fatores psicológicos do comportamento do consumidor, são de suma

importância para qualquer profissional de marketing construir diferentes estratégias

para seu produto, que posteriormente pode atender como necessidade ou desejo do

indivíduo.

159

8 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS

1. INTRODUÇÃO

2. MARKETING

3. MERCHANDISING

3.1 PRODUCT PLACEMENT

4. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

4.1. FATORES DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

4.1.1. FATORES CULTURAIS

4.1.2. FATORES SOCIAIS

4.1.3 FATORES PESSOAIS

4.1.4 FATORES PSICOLÓGICOS

4.1.4.1. PERCEPÇÃO

4.1.4.1.1 EXIBIÇÃO

4.1.4.1.2 ATENÇÃO

4.1.4.1.3 INTERPRETAÇÃO

160

9 CRONOGRAMA

Atividades

Ag

osto

Se

tem

bro

Ou

tub

ro

Nove

mb

ro

Deze

mb

ro

Revisão Bibliográfica X

Capítulo 1 X

Capítulo 2 X

Dia da Exibição/ Coleta de dados X

Análise X

Introdução/ Metodologia/ Conclusão X

Revisão X

Defesa da Monografia X

161

REFERÊNCIAS BARROS, Aidil J. S.; LEHFELD, Neide A. S. Fundamentos de Metodologia Científica. 3.ed. São Paulo: Pearson, 2007. BLESSA, Regina. Merchandising no ponto-de-venda. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2006. ENGEL, James F., BLACKWELL, Roger D., MINIARD, Paul W. Comportamento do consumidor. 8.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. GADE, Cristiane. Psicologia do consumidor e da propaganda. São Paulo: EPU, 1998. GIGLIO, Ernesto M. O comportamento do consumidor e a gerência de marketing. São Paulo: Pioneira, 2002. GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2008 PINHEIRO, Antonio J. A.; HELENA, Raul S. Muito além do merchan!: como enfrentar o desafio de envolver as novas gerações de consumidores. São Paulo: Elsevier, 2012. KARSAKLIAN, Eliane. Comportamento do consumidor. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2004. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. 12.ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2007. KOTLER, Philip; KELLER, Kelvin Lane;. Administração de Marketing. 2.ed. São Paulo: Pearson, 2012. LAKATOS, Eva M; MARCONI, Marina A. Metodologia científica: procedimentos básicos, pesquisa bibliográgica, projetos e relatórios, publicações e trabalhos científicos. 6. ed., rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2011. MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de Marketing: Uma Orientação Aplicada. São Paulo: Bookman, 2005. OS ESTAGIÁRIOS. Direção: Shawn Levy, Produção: Vince Vanghn. Estados Unidos: 20th Century Fox. RAMOS, Roberto. Grã-finos na Globo: cultura e merchandising nas novelas. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes, 1986. RIBEIRO, Luciana. Marketing Social e Comportamento do Consumidor. São Paulo: Person, 2015.

162

SAMARA, Beatriz S.; MORSCH, Marco A. Comportamento do consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Pearson, 2005. SANT'ANNA, Armando. Propaganda: teoria, técnica, prática. 7.ed. São Paulo: Pioneira, 1998. SCHIFFMAN, Leon G; KANUK, Leslie L. Comportamento do consumidor. 6.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. SOLOMON, Michael R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 9.ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 5.ed. São Paulo: Grupo Artmed, 2014.

0