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ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE TECNÓLOGO EM FOTOGRAFIA
PAULA SAMANTA MULLER DA ROCHA
UM OLHAR FOTOETNOGRÁFICO SOBRE O ANO NOVO TIBETANO
NO TEMPLO CHAGDUD GONPA KHADRO LING – RS / BR
CAXIAS DO SUL 2018
PAULA SAMANTA MULLER DA ROCHA
UM OLHAR FOTOETNOGRÁFICO SOBRE O ANO NOVO TIBETANO NO TEMPLO CHAGDUD GONPA KHADRO LING– RS / BR
Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Fotografia pela Universidade de Caxias do Sul. Orientadora: Dra. Eliana Rela
CAXIAS DO SUL
2018
PAULA SAMANTA MULLER DA ROCHA
UM OLHAR FOTOETNOGRÁFICO SOBRE O ANO NOVO TIBETANO NO TEMPLO CHAGDUD GONPA KHADRO LING– RS / BR
Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Fotografia pela Universidade de Caxias do Sul.
Aprovada em ____/____/____
Banca Examinadora
_______________________________________
Profa. Dra. Eliana Rela – Orientadora
Universidade de Caxias do Sul – UCS
_______________________________________
Prof. Me. Edson Luiz Corrêa
Universidade de Caxias do Sul – UCS
_______________________________________
Profa. Dra. Beatriz Rodrigues Kanaan
Universidade de Caxias do Sul – UCS
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por iluminar meus passos, e a Buda, por
seus ensinamentos. A meus pais, Elise e Paulo, a meus sogros Sílvia e Péricles e a
minha avó Angélica por todo o apoio a mim e a meu marido nesta fase de muito
aprendizado e conquistas. A meu marido, Marcelo, por todo o incentivo, parceria,
paciência e por acreditar em mim, fazendo-se sempre presente.
Agradeço a minha orientadora, Profa. Dra. Eliana Rela, por acreditar no meu
projeto e potencial e pelo excelente auxílio em todos os momentos. A todos que
foram meus mestres da Universidade de Caxias do Sul, compartilhando seu
conhecimento, em especial a Profa. Dra. Beatriz Kanaan pela significativa
contribuição com indicações de leituras na área da Antropologia.
Agradeço ao Prof. Me. Edson Luiz Correa e à Prof. Dra. Beatriz Kanaan por
aceitarem o convite para comporem a banca de avaliação, colaborando, assim, para
o enriquecimento deste trabalho.
A todas as pessoas que contribuíram com o projeto, em especial a Lama
Sherab Drolma, que forneceu informações extremamente importantes durante esse
processo.
Aos meus amigos, pelo incentivo, apoio e compreensão das minhas
ausências durante esse período.
Sem vocês este trabalho de conclusão não seria possível.
Gratidão!
“Não existem fotografias que não sejam portadoras de um
conteúdo humano e consequentemente, que não sejam antropológicas à sua
maneira. Toda a fotografia é um olhar sobre o mundo,
levado pela intencionalidade de uma pessoa, que destina sua mensagem visível a um outro
olhar, procurando dar significado a este mundo.”
Etienne Samain
RESUMO
Este trabalho objetiva elucidar, por meio de um olhar fotoetnográfico, os significados das danças do Losar (ano novo tibetano), realizadas numa cerimônia de comemoração no templo budista Chagdud Gonpa Khadro Ling,situado na cidade de Três Coroas – RS / Brasil, que é aberta ao público e atrai muitos visitantes, praticantes ou não do budismo tibetano que além de prestigiarem a cerimônia, buscam também se beneficiar com as boas energias que o evento busca transmitir. A pesquisa apresenta a história do budismo, de seu surgimento à chegada a Três Coroas, com a fundação do templo por Sua Eminência Chagdud Tulku Rinpoche, evidenciando a cerimônia do Losar, um ritual rico em iconografias com significados que é muito valorizado pelos praticantes do budismo. Além disso, trago uma reflexão acerca das funções da técnica fotográfica e da observação participante no trabalho proposto. Elaborou-se, também, um fotolivro constituído por fotografias da cerimônia, com breves descrições dos significados das danças, criando uma narrativa de fácil leitura e compreensão conforme os objetivos propostos. Palavras-Chave: Fotografia. Etnografia. Budismo. Losar.
ABSTRACT
This work aims at elucidating, through a photoetnographic view, the meanings of the Losar dances (Tibetan New Year), held at a commemoration ceremony at the Chagdud Gonpa Khadro Ling Buddhist Temple, located in the city of Três Coroas - RS / Brazil, which is open to the public and attracts many visitors, Tibetan Buddhism practitioners or not who in addition to honoring the ceremony, also seek to benefit from the good energies that the event seeks to convey. The research presents the history of Buddhism, from its appearance on arrival at Three Crowns, with the foundation of the temple by His Eminence Chagdud Tulku Rinpoche, evidencing the ceremony of the Losar, a ritual rich in iconographies with meanings that is highly valued by Buddhist practitioners . In addition, I bring a reflection about the functions of photographic technique and participant observation in the proposed work. A photo book was also made up of photographs of the ceremony, with brief descriptions of the meanings of the dances, creating a narrative that was easy to read and understood according to the proposed objectives. Keywords: Photography. Ethnography. Buddhism.Losar.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Templo Chagdud Gonpa Khadro Ling ............................................... 14
Figura 2 – Chagdud Tulku Rinpoche ................................................................... 14
Figura 3 – Lama Sherab Drolma ......................................................................... 16
Figura 4 – Preparativos ....................................................................................... 22
Figura 5 – Chagdud Khadro ................................................................................ 23
Figura 6 – Autoridades ........................................................................................ 24
Figura 7 – Oferenda da Bebida Dourada ............................................................ 26
Figura 8 – Dorje Drolö ......................................................................................... 27
Figura 9 – Quatro Heróis Ging ............................................................................ 28
Figura 10 – O Protetor ........................................................................................ 29
Figura 11 – Invocação de Bênçãos...................................................................... 30
Figura 12 – Oferenda de Som ............................................................................. 31
Figura 13 – Imagens publicadas no Facebook ................................................... 32
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................... 11
2 HISTÓRIA DO BUDISMO E SEU SURGIMENTO NO BRASIL ..................... 12
2.1 O BUDISMO ................................................................................................. 12
2.2 O BUDISMO NO BRASIL ............................................................................. 12
2.3 O BUDISMO NA CIDADE DE TRÊS COROAS ........................................... 13
2.4 O ANO NOVO TIBETANO ........................................................................... 14
2.5 CELEBRAÇÃO DO ANO NOVO TIBETANO NO TEMPLO BUDISTA DE
TRÊS COROAS ..................................................................................................
15
3 FOTOGRAFIA E ETNOGRAFIA .................................................................... 17
3.1 OLHAR FOTOETNOGRÁFICO .................................................................... 17
3.2 A FOTOGRAFIA E A ETNOGRAFIA COMO UM MEIO PARA O
ENTENDIMENTO DE UMA CULTURA ...............................................................
18
4 O ANO NOVO TIBETANO NO TEMPLO BUDISTA DE TRÊS COROAS ..... 20
4.1 AS DANÇAS ................................................................................................. 24
4.1.1 Primeira dança – Oferenda da Bebida Dourada .................................. 25
4.1.2 Segunda dança – Dorje Drolö ............................................................... 26
4.1.3 Terceira dança – Quatro Heróis Ging ................................................... 27
4.1.4 Quarta dança – O Protetor ..................................................................... 28
4.1.5 Quinta dança – Invocação de Bênçãos ................................................ 29
4.1.6 Oferenda de Som .................................................................................... 30
4.2 O ANO NOVO TIBETANO NAS REDES SOCIAIS ...................................... 31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 33
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 35
GLOSSÁRIO ....................................................................................................... 36
APÊNDICE A – ENTREVISTA COM LAMA SHERAB DROLMA ...................... 37
APÊNDICE B – EXPLICAÇÕES SOBRE AS DANÇAS .................................... 40
APÊNDICE C – PROJETO – TRABALHO DE CONCLUSÃO I ......................... 42
ANEXO A ............................................................................................................ 63
11
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Por alguns anos, acompanhei a cerimônia do Losar (ano novo tibetano) no
Templo Budista Chagdud Gonpa Khadro Ling, situado na cidade de Três Coroas,
Rio Grande do Sul / Brasil, e sempre tive interesse em entender melhor o significado
das danças ali realizadas. Pesquisando em variadas fontes, foi possível verificar que
o material disponível a respeito do assunto é parco, constituindo-se principalmente
de breves reportagens veiculadas na internet. Assim, concluí que o tema teria
grande potencial para ser explorado num projeto de pesquisa interdisciplinar entre a
Fotografia, a História e a Antropologia, a fim de trazer à luz os significados desse
rico ritual e servir de fonte de informações a outros estudiosos e interessados.
Foi necessário recorrer diretamente ao locus da pesquisa para investigar a
questão. Após troca de e-mails, agendei uma conversa com uma professora do
templo, Lama Sherab Drolma, que trabalhou como tradutora, atendente pessoal e
administradora das atividades de Darma de Chagdud Tulku Rinpoche, fundador do
templo e da organização Chagdud Gonpa Brasil. O contato com ela proporcionou
maior entendimento dos significados e da relevância dessas danças no budismo.
De acordo com nosso calendário solar, o ano novo tibetano iniciou no dia 16
de fevereiro de 2018, mas a comemoração no templo budista de Três Coroas ocorre
sempre no domingo após seu início, para viabilizar a participação de praticantes e
visitantes. Os tibetanos seguem o calendário lunar, de acordo com o qual o ano de
2018 da cultura Ocidental corresponde ao ano 2145, regido pelo cachorro da terra e
comemorado com muitos rituais. Dentre eles, as danças são muito significativas,
consideradas meditações em movimento, com a intenção de beneficiar todos os
seres.
12
2 HISTÓRIA DO BUDISMO E SEU SURGIMENTO NO BRASIL
Para compreendermos o que é o Losar, faz-se necessário conhecer um pouco
da história do budismo, do surgimento até a chegada ao Brasil (e, mais
especificamente, à cidade de Três Coroas). Essa é uma religião que cresce a cada
dia em nosso País, despertando o interesse de muitos por seus ensinamentos e
costumes.
Neste capítulo, viso apresentar uma síntese de sua história e de seu
desenvolvimento em Três Coroas – o templo budista é um ponto turístico de grande
importância para a cidade, principalmente no dia de celebração do Losar.
2.1 O BUDISMO
A narrativa sobre o Buda histórico teve início no século VI a.C., na Índia. Seu
nome seria Sidarta Gautama, um príncipe cercado por riquezas e luxo, mas que
pouco conhecia o mundo fora do palácio, pois seu pai, o rei, não queria que ele
entrasse em contato com a dor da realidade humana. Entretanto, após conseguir
realizar algumas saídas, Sidarta, ao conhecer a dor e o sofrimento do mundo,
determinou-se a encontrar a libertação para esses males, renunciando a vida de
outrora e deixando a residência real. Mais tarde, os conhecimentos adquiridos foram
levados por ele ao Tibete, onde surgiu a escola mais antiga do budismo tibetano,
conhecida como Nyingma. (RINPOCHE, 2012).
2.2 O BUDISMO NO BRASIL
No Brasil, os ensinamentos de Buda foram introduzidos pelos imigrantes
japoneses, por volta do século XX, e uma grande influência em sua difusão foi Dalai
Lama, que, por meio de livros e palestras, traduziu pontos essenciais da prática
budista em uma linguagem universal e acessível. Atualmente, no Ocidente, há
diversas entidades budistas, de diferentes escolas.
Mila Gomides (2014), no artigo intitulado “Como cresce o budismo no Brasil”,
registra três importantes períodos – também chamados de ondas – do Budismo
Ocidental no Brasil, porém seu texto é escasso de referências científicas. A primeira
onda, segundo a autora, iniciou no século XIX, quando Anagarika Dharmapala
13
(1864-1933), missionário de grande influência da religião, sugeriu que as missões
budistas se espelhassem no modelo missionário protestante cristão. Após a Primeira
Guerra Mundial, emerge a segunda onda, em que se levanta a bandeira de que
todos os caminhos levam ao mesmo Deus. Nesse período, o mestre chinês Taixu
(1890-1947) interessou-se em estudar a forma como o cristianismo se organiza e
motiva indivíduos em padrões normativos de crença e prática, fazendo com que os
primeiros imigrantes japoneses, seguidores do budismo Mahayana, tivessem a
preocupação de preservar, suas crenças entre si, em vez de se dedicarem a difundi-
las entre o povo brasileiro. Já na terceira onda, que compreende o período pós
Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje, temos a tradução em língua
portuguesa da obra Introdução ao Zen Budismo, de Daisetsu Teitaro Suzuki, para a
língua portuguesa, além das visitas de Dalai Lama ao Brasil, que contribuíram para a
propagação da fé budista no País. Outra forte contribuição para o aumento do
interesse dos brasileiros por essa religião foi a mídia, que, a partir dos anos 2000,
aproximadamente, começou a abordar com mais recorrência assuntos referentes ao
budismo, atingindo, assim, um grande número de pessoas.
2.3 O BUDISMO NA CIDADE DE TRÊS COROAS
O Templo Chagdud Gonpa Khadro Ling, mais conhecido por seus visitantes e
moradores da região como templo budista de Três Coroas, é a sede da Fundação
Chagdud Gonpa Brasil. Foi fundado no ano de 1994, por Sua Eminência Chagdud
Tulku Rinpoche, um dos Lamas que precisou fugir do Tibete em 1959 devido à
ocupação comunista. Ele viveu em comunidades de refugiados na Índia e no Nepal,
em 1979 se estabeleceu nos Estados Unidos e, aos sessenta e quatro anos de
idade, mudou-se para Brasil, ao perceber que seus seguidores brasileiros tinham
muita fé e muito interesse em aprender sobre o budismo. (RINPOCHE, 2012).
14
Figura 1 – Templo Chagdud Gonpa Khadro Ling
Fonte: Catraca Livre (2015).
Figura 2 – Chagdud Tulku Rinpoche
Fonte: Buda Virtual (2014).
2.4 O ANO NOVO TIBETANO
O Losar, passagem do ano lunar na tradição tibetana, sinaliza um novo ciclo
(que, este ano, iniciou no dia 16 de fevereiro, durando até 4 de fevereiro de 2019), e
suas atividades almejam a purificação espiritual. Cada novo ano tibetano que se
inicia é representado por um dos animais que compõem o horóscopo chinês.
15
Atualmente, encontramo-nos no ano de 2145, simbolizado pelo cachorro da terra.
Segundo o budismo, este pode ser caracterizado como um período de tolerância:
A comemoração desse festival já acontecia no Tibete antes da chegada do budismo. Os tibetanos tinham o costume de comemorar o Losar por 15 dias consecutivos, sendo que as celebrações principais ocorriam nos três primeiros dias. Depois da invasão do Tibete pela China, essa tradição tem mudado, e, tanto no Tibete quanto nas comunidades tibetanas em outros países, essa comemoração, em geral, dura 5 dias. As famílias se preparam para o Losar com alguns dias de antecedência: faz parte da tradição limpar as casas na véspera, preparar a tradicional cerveja tibetana, chamada de Chang, ornamentar a casa e seus altares com alimentos, frutas, flores e incenso. Nos monastérios do budismo tibetano, são realizadas cerimônias religiosas que podem durar de 1 a 9 dias. (DROLMA, 2018)1.
Assim como no Tibete, no Brasil e em outros países o início desse novo ciclo
é motivo de grandes comemorações, e cada cultura, em particular, possui seus
próprios rituais para celebrar o momento.
2.5 CELEBRAÇÃO DO ANO NOVO TIBETANO NO TEMPLO BUDISTA DE TRÊS
COROAS
O Templo Budista de Três Coroas (Chagdud Gonpa Khadro Ling) recebe
muitos visitantes durante o ano inteiro, segundo Lama Sherab Drolma, professora e
administradora da comunidade budista Associação Chagdud Gonpa Khadro Ling,
esta grande procura se dá devido à exuberância da arte sacra tibetana presente na
construção e nas esculturas e à beleza natural do entorno. O Khadro Ling foi
integrado ao roteiro turístico da Serra Gaúcha, mas é na cerimônia do Losar que
recebe um maior número de pessoas, que segundo Lama Sherab Drolma, procuram,
ali, beneficiar-se com boas energias para o ano que se inicia. Durante a cerimônia,
há, inclusive, uma breve explicação sobre o significado das danças sagradas,
visando a atender esse tipo de público, como afirma Drolma: “No templo budista de
Três Coroas, desde a sua fundação, realiza-se uma cerimônia religiosa por nove
dias. No último dia, há uma apresentação pública de danças sagradas tradicionais
do budismo tibetano” (DROLMA, 2018).
A partir dos dados empíricos e fotográficos coletados durante a pesquisa, criei
um material didático que pode agregar conhecimentos em relação ao ritual, tanto
aos praticantes do budismo tibetano, como forma de reforçar sua continuidade, 1Informação fornecida por Lama Sherab Drolma em entrevista à autora, em 2018.
16
quanto aos turistas, conduzindo-os a um melhor entendimento das danças
realizadas e, assim, possibilitando-os maior conexão com seus significados. Dessa
forma, eles podem se beneficiar ainda mais com as boas energias evocadas no
ritual.
Conversando com Lama Sherab Drolma sobre a comemoração do Losar em
outros templos do Brasil, ela diz:
Eu acredito que outros templos que seguem o budismo tibetano, com certeza, celebram o Losar. Mas não temos conhecimento sobre os detalhes dessas comemorações. Com relação à apresentação da dança sagrada do budismo tibetano, em sua forma tradicional, com vestimentas e instrumentos musicais, de que eu tenha conhecimento, acontece somente aqui, no templo de Três Coroas. (DROLMA, 2018).
Figura 3 – Lama Sherab Drolma
Fonte: Site Jornal do Comércio (2011).
17
3 FOTOGRAFIA E ETNOGRAFIA
Com a finalidade de criar um material de linguagem acessível ao público,
praticante ou não do budismo tibetano, e que também constitua um documento
histórico referente ao evento, desenvolvi este estudo. Para produzir o material aqui
apresentado, houve um trabalho interdisciplinar entre a Fotografia, a História, e a
Antropologia, já planejado desde a fase de projeto. Além da elaboração do texto, o
resultado da pesquisa também consiste como já citado anteriormente, em um
fotolivro. Para a elaboração de ambos, é fundamental que haja um aporte teórico
proveniente das referidas áreas.
3.1 OLHAR FOTOETNOGRÁFICO
O termo fotoetnografia foi criado por Luiz Eduardo Robinson Achutti, para
designar uma modalidade da Antropologia Visual. Associando a fotografia ao
método etnográfico que é caracterizado, principalmente, pela busca do observador
em apreender e compreender o outro, constituindo, dentro da Antropologia,
ferramenta fundamental para o estudo de diferentes culturas. Pode-se dividir a
etnografia em duas fases principais, iniciando pelo estudo teórico e passando,
posteriormente, à observação direta. Neste caso, busquei informações e análises já
realizadas sobre o Losar e o ambiente onde ocorre o evento e procurei me inserir no
universo investigado, participando da cerimônia, estabelecendo relações com as
pessoas que vivem no templo e conhecendo seu cotidiano. No momento da
celebração, registrei o máximo possível de informações de diversas naturezas:
imagéticas; escritas, com anotações em caderno de campo; e também verbais, em
gravações de áudio. Após todo o processo de vivência e coleta de informações,
passei à etapa de organização do material, em que descrevi os dados registrados e
as experiências vividas no trabalho de campo. Assim é concebido o olhar
fotoetnográfico neste trabalho. Aqui, a fotografia não serve apenas como ilustração,
mas, ao serem apresentadas de maneira a compor uma narrativa, detêm
informações para serem lidas e interpretadas, dispensando a escrita de textos
longos.
Quanto aos textos antropológicos Geertz (1989 apud URIARTE, 2014, p. 31)
sustenta que:
18
Os textos antropológicos são eles mesmos interpretações e, na verdade, de segunda e terceira mão. Trata-se, portanto, de ficções; ficções no sentido de que são ‘algo construído’ ‘algo modelado’ – o sentido original de fictio – não que sejam falsas, não factuais ou apenas experimentos de pensamento.
Desde seu surgimento, a fotografia é considerada um instrumento de
pesquisa muito valioso pelos antropólogos, por ser um recurso de documentação de
grande auxílio nas pesquisas de campo. Neste estudo, ela teve grande importância
não somente para a documentação dos dados, mas também para a construção de
uma narrativa quando complementada pelo texto escrito, formando um material
comunicativo de grande potencial, propiciando clara compreensão sobre o tema
abordado.
Achutti (1997), em sua pesquisa que teve como resultado a obra
Fotoetnografia: um estudo de Antropologia Visual sobre o cotidiano, lixo e trabalho,
inseriu-se no cotidiano de uma vila popular, onde a reciclagem de lixo era a principal
atividade dos moradores, promovendo uma reflexão social sobre o lixo não somente
por meio da escrita, mas principalmente das imagens capturadas no local. De fato, a
fotografia pode constituir uma significativa forma de conhecimento da realidade:
A fotografia é um aprendizado de observação paciente, de elaboração minuciosa de diferentes estratégias de aproximação com o objeto, de desenvolvimento de uma percepção seletiva, de uma vigilância constante e de prontidão para captar o acontecimento no momento do acontecimento. A dupla capacidade da câmara de subjetivar e objetivar a realidade, a constante consciência de que é responsável por este processo, por uma técnica de apreensão da realidade, de que se é sujeito deste conhecimento, é um ensinamento epistemológico. (LEAL, 1986 apud ACHUTTI, 1997, p. XXIII).
Para que essa tarefa obtenha sucesso, é extremamente importante, além do
conhecimento técnico e científico que o fotógrafo esteja conectado com o tema a ser
estudado, pois é essa conexão que possibilitará um resultado muito mais
satisfatório. Acredito que o meu estado mental no dia da cerimônia exerceu grande
influência na produção das imagens, pois, além de vivenciar as particularidades das
danças, pude me familiarizar com seus significados e ser tomada pela emoção do
momento.
19
3.2 A FOTOGRAFIA E A ETNOGRAFIA COMO UM MEIO PARA O
ENTENDIMENTO DE UMA CULTURA
Ao cursar a disciplina de Antropologia, durante a graduação, realizei um
trabalho de pesquisa no qual deveria colocar em prática os métodos etnográficos
estudados em aula. De imediato, pensei em explorar questões relacionadas ao
templo budista, pois sempre tive curiosidade de conhecer essa cultura. Entretanto,
por questão do pouco tempo disponível, acabei optando por outro tema. Mais tarde,
na disciplina de Antropologia Visual, retomei esse projeto, e foi então que estabeleci
como tema do meu trabalho de conclusão de curso a cerimônia do Losar, em que
pude me apropriar melhor desse aspecto do budismo e entender o significado de
alguns dos elementos que o constituem, como a dança, as roupas, acessórios e
sons, que carregam muitos traços da arte tibetana e dos ensinamentos de Buda.
Tudo isso foi examinado por intermédio do olhar fotoetnográfico como recurso
narrativo na função de convergir informações e significações num registro de valor
documental. Quanto a esse valor, Novaes (2012, p. 12) comenta:
Tanto na expedição ao Estreito de Torres, quanto nas fotos utilizadas por Boas, há um valor documental inegável, são fotos realistas, associadas à observação, evidência, verdade e integridade cultural, atributos típicos do projeto antropológico da época.
Godolphim (1995, p. 169) complementa essa colocação ao chamar a atenção
para a força que a fotografia adquire quando somada ao texto antropológico:
As fotos não só podem ajudar na descrição, como podem de fato reconstituir o “clima” das situações vivenciadas nas cores que elas apresentam, criar um ambiente de verossimilhança e, por conseguinte, de persuasão. As imagens não se deveriam limitar a “reviver” um estar lá, mas sedimentar os alicerces do caminho da descrição interpretativa e auxiliar na articulação das tramas da indução, ajudar na compreensão das interpretações, e não apenas distrair a atenção do leitor entre o folhear das páginas.
20
4 O ANO NOVO TIBETANO NO TEMPLO BUDISTA DE TRÊS COROAS
A fim de obter informações sobre o Losar, entrei em contato com o Templo
Budista de Três Coroas por e-mail, primeiramente solicitando uma entrevista com
algum dos instrutores ou professores do templo. A primeira resposta obtida foi de
que estes se encontravam em um retiro no momento, não sendo possível receber-
me. Algum tempo depois, realizei uma nova tentativa e encaminhei algumas
perguntas elaboradas para compor a entrevista. Foi necessário insistência até que
os responsáveis retornassem com uma posição, o que ocorreu no mês de janeiro
deste ano. Agendei, então, um encontro com Lama Sherab Drolma, que só poderia
me atender num determinado dia devido a outras ocupações relacionadas ao
templo.
No dia, peguei um ônibus com saída da cidade de Caxias do Sul a Três
Coroas. Chegando ao templo próximo do horário agendado, fui bem recepcionada
pelo secretário, que solicitou que eu aguardasse um instante, enquanto Lama
Sherab Drolma estava em reunião. Havia várias pessoas circulando pelo pátio do
templo, pois acontecia, naquele dia, um retiro. Aproveitei o momento para fazer
algumas fotos com o celular. O dia estava agradável, com sol entre nuvens e uma
brisa que balançava as folhas das árvores e as bandeiras de orações espalhadas
pelo local.
Lama Sherab Drolma, alguns minutos depois, recebeu-me e conduziu-me até
sua sala, dentro do templo principal. O local era simples, e, ao lado, havia outras
pessoas trabalhando. Utilizei como instrumentos, um gravador de áudio, o qual
permitiu que a conversa fosse mais tranqüila, pois poderia transcrevê-la depois, e
um caderno de anotações, em que já havia elaborado alguns de meus
questionamentos.
Nossa conversa durou menos de trinta minutos, mas foi o suficiente para que
eu tomasse conhecimento de muitas informações ainda desconhecidas, apesar das
pesquisas anteriores. Marcamos minha visita para o dia do Losar, e a instrutora me
permitiu fotografar a celebração; pedi-lhe autorização, também, para fotografar a
preparação dos dançarinos, o que também foi atendido, apesar de ela afirmar não
haver uma preparação em especial, apenas alguns ensaios.
Três dias antes da cerimônia, desloquei-me novamente para Três Coroas, mas,
quando entrei em contato com o templo, o período de ensaios já estava encerrado.
21
Em 18 de fevereiro de 2018 (na verdade, o primeiro dia do ano novo tibetano
foi no dia 16 de fevereiro, sexta-feira), participei do evento, que coincide sempre com
o período de carnaval. O clima nesse dia colaborou muito, tivemos uma linda manhã
de sol e temperatura agradável.
Preparei meu equipamento e, uma hora antes do previsto para a abertura dos
portões, eu estava lá. Fui mais cedo, pois, assim como nos outros anos, imaginei
que haveria fila, o que de fato ocorreu.
Enquanto aguardava, organizei meus equipamentos: uma câmera Canon 5D
Mark II, lente Canon 70–200mm EF f/2.8, e gravador de áudio. A escolha da lente se
deu pelo fato de não haver espaço para circulação no local da cerimônia, permitindo
que eu pudesse fazer fotos com ângulos mais abertos ou fechados, sem precisar
sair do lugar, e pelo fato desta lente ter abertura do diafragma f/2.8, que nesta
configuração, deixa o fundo desfocado e traz em evidência o elemento principal da
fotografia. Quanto à configuração da câmera, esta foi preestabelecida, após alguns
testes, com abertura do diafragma em f/2.8, com alteração pra f/3.2 em certos
momentos, a fim de obter menos profundidade de campo e colocar em evidência os
dançarinos; ISO 400, pois havia uma boa luminosidade natural no local, e velocidade
do obturador em 1/320s, com alteração para 1/200s e 1/250s em alguns momentos,
para “congelar’’ os movimentos.
Conversei com outros fotógrafos que ali estavam; planejamos quais seriam os
melhores ângulos, os quais foram bem disputados. Escolhi permanecer em um local
onde eu poderia fotografar a entrada dos dançarinos e a cerimônia sem precisar me
deslocar, pois não havia espaço para movimentação e eu deveria estar atenta a
todos os detalhes, de uma maneira que não atrapalhasse a visibilidade do público e
dos demais fotógrafos. Ali, fotografei os últimos preparativos.
22
Figura 4 – Preparativos
Fonte: acervo pessoal (2018).
Pontualmente às dez horas da manhã, Chagdud Khadro, viúva de Chagdud
Tulku Rinpoche e diretora espiritual do Chagdud Gonpa Brasil, deu início à
cerimônia.
23
Figura 5 – Chagdud Khadro
Fonte: Site Chagdud Gonpa Brasil.
Primeiramente, ela explicou a questão do número do ano que se iniciava para
os tibetanos, além do elemento que o rege – o cachorro da terra –, e contou que
houve, antes daquele momento, uma cerimônia realizada em prol da harmonia e da
paz na sociedade brasileira, em especial, no Rio Grande do Sul e na cidade de Três
Coroas. Chagdud Khadro comentou que a cidade está cada vez mais bonita,
desenvolvida e próspera, e incentivou que os visitantes do templo também
explorassem a cidade e suas atrações turísticas, lojas e restaurantes.
Em seguida, Chagdud Khadro agradeceu pela presença de todos,
principalmente das autoridades de Três Coroas e das cidades vizinhas, e aproveitou
para agradecer à prefeitura por disponibilizar uma tenda para a cobertura do local do
evento e pelas melhorias na estrada que dá acesso ao templo, pois beneficiam não
somente seus moradores, mas também os turistas. Ela também sugeriu que
visitássemos as bancas de produtos dos vizinhos do templo que estavam presentes
no dia do evento.
24
Figura 6 – Autoridades
Fonte: acervo pessoal (2018).
Normalmente, quem explica as danças é o filho de Chagdud Khadro, Jigme
Tronge Rinpoche, mas, neste ano ele estava na Índia, e quem exerceu essa função
de passar esses ensinamentos, foi o Escolástico Khenpo Sonan Zangpo, do Butão.
Ele comentou sobre as cinco danças e sobre a importância de assisti-las com estado
mental adequado, conectando-nos a elas, que, segundo ele, têm o poder de
liberação através do olhar.
As traduções para o português das falas de Chagdud Khadro (inglês –
português) e de Khenpo Sonan Zangpo (tibetano – português) ficaram a cargo de
Sibele Correa.
De acordo com o Jornal Mundo Novo, periódico local, cerca de três mil e
quinhentos visitantes estiveram prestigiando a celebração nesse dia (reportagem em
anexo).
4.1 AS DANÇAS
25
Ao perguntar sobre as danças realizadas na cerimônia do Losar, Lama
Sherab Drolma apresenta uma breve explicação sobre o assunto:
As danças simbolizam o poder da intenção positiva de evitar que distúrbios ou energias negativas do ano que passou sejam levados para o ano seguinte. Realizadas com máscaras e roupas elaboradas, representam as meditações em movimento. Elas expressam a aspiração de que a paz e a harmonia aumentem para todos os seres. Os gestos simbólicos das danças e a música que as acompanha têm como propósito influenciar a mente daqueles que assistem, no sentido de inspirá-los a pacificar emoções aflitivas como a raiva, o egoísmo e orgulho, assim como de suscitar qualidades como o amor altruísta, a compaixão e a sabedoria. Essa é a compreensão tradicional das danças sagradas, que têm origem na Índia e floresceram no Tibete por séculos. Agora, elas são praticadas em diversos templos budistas espalhados por vários continentes. Tradicionalmente, essas danças são realizadas, inclusive, durante cerimônias elaboradas, são parte da prática de meditação. As roupas, com suas formas e cores específicas, e os objetos segurados pelos dançarinos têm significados específicos sim, que variam de acordo com a tradição da dança, ou com o contexto no qual é realizada. Na maioria das danças, o dançarino está representando um ser iluminado (um Buda), e os objetos que ele segura são, simbolicamente, “armas” que expressam a sabedoria da mente iluminada, que purifica a ignorância que não reconhece a verdadeira natureza dos seres e dos fenômenos. (DROLMA, 2018).
A seguir, serão brevemente apresentadas cada uma das cinco danças
executadas no dia da cerimônia do Losar de que participei.
4.1.1 Primeira dança – Oferenda da Bebida Dourada
Segundo Lama Sherab Drolma, o significado da primeira dança corresponde
a oferendas feitas aos seres iluminados.
Os dançarinos representam a sabedoria da mente iluminada. Os gestos da dança expressam oferendas feitas aos seres iluminados, aos mestres que detêm e transmitem os ensinamentos do budismo e a todos os seres que habitam o universo. (DROLMA, 2018).
Nesta dança, os dançarinos possuem um cálice em uma das mãos, que é
cheio com um líquido por outra pessoa, que entra na apresentação com um jarro.
Após alguns movimentos, o líquido que havia no cálice é derramado ao chão.
26
Figura 7 – Oferenda da Bebida Dourada
Fonte: acervo pessoal (2018).
4.1.2 Segunda dança – Dorje Drolö
Lama Sherab Drolma explicou, acerca da segunda dança, que:
Dorje Drolö é um dos nomes dados a Mahasida Padmasambhava, que estabeleceu os ensinamentos budistas no Tibete. Nessa dança, ele é representado, e a coreografia é uma expressão da compaixão incomensurável de um ser iluminado que tem o poder de eliminar as dificuldades que surgem quando a mente está imbuída de emoções aflitivas como a raiva, o apego egoísta e o orgulho. (DROLMA, 2018).
27
Figura 8 – Dorje Drolö
Fonte: acervo pessoal (2018).
4.1.3 Terceira dança – Quatro Heróis Ging
Em relação à terceira dança, Lama Sherab Drolma explica sobre a utilização
das máscaras utilizadas pelos dançarinos:
Eles são a representação de seres iluminados que se mostram de uma maneira irada, característica expressada, por exemplo, nas máscaras que os dançarinos utilizam. A manifestação irada dos seres iluminados surge para transformar as falhas negativas profundas que existem na nossa mente, principalmente o forte apego ao ego. (DROLMA, 2018).
28
Figura 9 – Quatro Heróis Ging
Fonte: acervo pessoal (2018).
4.1.4 Quarta dança – O Protetor
Lama Sherab Drolma explicou, acerca da quarta dança, que
Nessa dança, o praticante usa uma máscara de um animal típico do Tibete, o iaque, que é parecido com o nosso búfalo. Simbolicamente, esse animal tem a função de eliminar os obstáculos que possam surgir como empecilho na busca pelo estado iluminado. (DROLMA, 2018).
29
Figura 10 – O Protetor
Fonte: acervo pessoal (2018).
4.1.5 Quinta dança – Invocação de Bênçãos
Lama Sherab Drolma elucida, também, os significados referentes à quinta e
última dança do ritual – a Invocação de Bênçãos:
Os dançarinos representam seres divinos que, com os gestos simbólicos, invocam as bênçãos dos seres iluminados e dos mestres que transmitem os ensinamentos de Buda. Essas bênçãos beneficiam as pessoas presentes. A intenção é que, com a meditação, todas os seres, de forma direta ou indireta, possam se beneficiar por meio dessa invocação. (DROLMA, 2018).
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Figura 11 – Invocação de Bênçãos
Fonte: acervo pessoal (2018).
4.1.6 Oferenda de som
Sobre a música tocada na apresentação, a instrutora comenta:
De um modo geral, a música tem como significado principal a oferenda de som. No contexto das danças, os instrumentos ajudam na marcação dos passos e gestos. E a letra das melodias expressam o significado da dança. (DROLMA, 2018).
31
Figura 12 – Oferenda de Som
Fonte: acervo pessoal (2018).
4.2 O ANO NOVO TIBETANO NAS REDES SOCIAIS
Nos dias de hoje, as redes sociais se tornaram ótimas ferramentas para o
compartilhamento de informações. O Chagdud Gonpa Brasil se utiliza desses
recursos online para anunciar seus eventos e difundir notícias e conhecimentos
sobre o budismo.
No dia do Losar, me chamaram a atenção as publicações feitas na rede social
Facebook, em que se divulgaram fotografias de Chagdud Tulku Rinpoche e da
comunidade do templo Khadro Ling com cachorros, símbolo do novo ano que se
iniciou.
32
Figura 13 – Imagens publicadas no Facebook
Fonte: Perfil do Chagdud Gonpa Khadro Ling no Facebook (2018).
33
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escolha deste tema de pesquisa me trouxe muitos desafios. Apesar de ter
crescido na cidade de Três Coroas e possuir um forte interesse sobre o budismo e o
templo em questão, eu pouco sabia sobre o assunto até desenvolver este trabalho.
Durante o estudo teórico, pude aprender mais sobre o surgimento do budismo
e sobre a instalação do templo de Três Coroas, além de conhecer os ensinamentos
de Buda e alguns aspectos sobre a arte tibetana. A conversa que tive com Lama
Sherab Drolma também foi muito importante para o desenvolvimento do trabalho,
principalmente para possibilitar a definição do significado do Losar, a respeito do
qual não se encontram materiais significativos (segundo Lama Sherab Drolma, o
próprio templo também não dispõe de material sobre esse evento).
Ao entrar em contato com o termo fotoetnografia, na disciplina de
Antropologia, decidi me aprofundar nesse universo. Assim, acabei optando por
cursar também a disciplina de Antropologia Visual, na qual realizei meu primeiro
trabalho fotoetnográfico, sobre os índios Kaingang que vivem na cidade de
Farroupilha/RS. Depois disso, ainda trabalhei como monitora de uma turma de
Antropologia, o que contribuiu ainda mais para meu aprendizado.
Com este trabalho, pude verificar que, de fato, é extremamente importante
que o fotógrafo esteja conectado com seu objeto de estudo. Quando isso ocorre, é
possível enxergar o fenômeno fotografado com a importância que ele tem para a
cultura em questão. Tamanho foi meu envolvimento com a cerimônia do Losar que,
ao término, vi-me com os olhos marejados, visto que eu não estava ali somente
registrando e coletando dados – eu estava vivendo tudo aquilo.
Verificando a falta de materiais teóricos sobre o ano novo tibetano, surgiu a
ideia de montar um fotolivro, a fim de, além de apresentar as fotografias feitas
durante a cerimônia, criar a possibilidade de poder estar contribuindo com
interessados sobre o Losar.
Por fim, estou surpresa com a evolução e amadurecimento que obtive durante
o processo de pesquisa. A pesquisa, as leituras, a escrita, os registros fotográficos,
os encontros com a orientadora, as conversas com professores da área, tudo isso
contribuiu para a concretização de uma trajetória de qualificação enquanto
profissional da Fotografia.
34
Além de ter suprido minhas curiosidades sobre o Losar, pude alcançar de
forma satisfatória os objetivos aqui propostos. Agora, muitos outros podem se
beneficiar com as informações obtidas nesta pesquisa.
35
REFERÊNCIAS
ACHUTTI, Luiz Eduardo Robinson. Fotoetnografia: um estudo de antropologia visual sobre o cotidiano, lixo e trabalho. Porto Alegre: Tomo, 1997. cxxv p. DROLMA, Lama Sherab. Entrevista concedida a Paula Samanta Muller da Rocha. Três Coroas, 29 de jan. de 2018. Entrevista. GODOLPHIM, Nuno. A fotografia como recurso narrativo: problemas sobre a apropriação da imagem enquanto mensagem antropológica. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, n. 2, p. 161-185, jul./set. 1995. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/ppgas/ha/atual/pdf/n2/HA-v1n2a13.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2017. GOMIDES, Mila. Como cresce o budismo no Brasil. Martureo, São Paulo, set. 2014. Disponível em: <https://www.martureo.com.br/como-cresce-o-budismo-no-brasil/>. Acesso em: 22 out. 2017. KRUMMENAUER, Cláudia. Ano-novo budista atrai milhares de visitantes a Três Coroas. Mundo Novo. Três Coroas, n. 503, p. 3, 22 fev.de 2018. NOVAES, Sylvia Caiuby. A construção de imagens na pesquisa de campo em antropologia. Iluminuras,Porto Alegre, v. 13, n. 31, p. 11-29, jul./dez. 2012. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/iluminuras/article/view/36791>. Acesso em: 23 abr. 2017. RINPOCHE, ChagdudTulku. O caminho budista: uma breve introdução. Três Coroas: Makara, 2012. 72 p.Tradução de Flávia Pellanda, Lama SherabDrolma. URIARTE, Urpi Montoya. O que é fazer etnografia para os antropólogos. Ponto Urbe, São Paulo, n. 11, p. 13-39, mar. 2014.Disponível em: <http://journals.openedition.org/pontourbe/300>. Acesso em: 20 out. 2017.
36
GLOSSÁRIO
Buda: Em geral, Buda significa O desperto, alguém que acordou do sono da
ignorância e agora vê as coisas como elas realmente são. Um Buda é um ser que
abandonou por completo as delusões e suas marcas. Todo ser vivo tem o potencial
para se tornar um Buda.
Darma: Os ensinamentos de Buda e as realizações interiores alcançadas na
dependência de praticá-los. Darma significa proteção. Colocando os ensinamentos
de Buda em prática, protegemo-nos contra sofrimentos e problemas.
Khenpo: É um título e significa, de ser modo, escolástico.
Lama: Professor que nos guia ao longo do caminho espiritual.
Mahayana: Termo em sânscrito para grande veículo, o caminho espiritual à grande
iluminação. A meta mahayana é alcançar a budeidade para o benefício de todos os
seres vivos.
Purificação: Uma prática para purificar carma negativo por meio dos quatro poderes
oponentes, que: o poder da confiança, o poder do arrependimento, o poder da força
oponente e o poder da promessa.
Rinpoche: É um título do budismo tibetano que se dá a um lama considerado
precioso em função de seu conhecimento e prática.
37
APÊNDICE A – ENTREVISTA COM LAMA SHERAB DROLMA
Lama Sherab Drolma é uma das professoras residentes e administradora da
comunidade budista Associação Chagdud Gonpa Khadro Ling, situada em Três
Coroas. Ela também viaja pelo Brasil, dando suporte aos diferentes núcleos de
praticantes ligados à Associação Chagdud Gonpa Brasil, tendo servido a Chagdud
Tulku Rinpoche, seu fundador, como tradutora, atendente pessoal e administradora
de suas atividades no período em que ele permaneceu no Brasil.
PAULA: O que é o Losar?
LAMA SHERAB DROLMA: A palavra Losar vem da língua tibetana e significa “ano
novo”. É um festival que comemora a chegada do ano novo de acordo com o
calendário tibetano, celebrado no primeiro dia do ano do calendário lunar. A
comemoração desse festival já acontecia no Tibete antes da chegada do budismo.
Os tibetanos tinham o costume de comemorar o Losar por 15 dias consecutivos,
sendo que as celebrações principais ocorriam nos três primeiros dias.
Depois da invasão do Tibete pela China, essa tradição tem mudado, e, tanto no
Tibete quanto nas comunidades tibetanas em outros países, essa comemoração, em
geral, dura 5 dias. As famílias se preparam para o Losar com alguns dias de
antecedência: faz parte da tradição limpar as casas na véspera, preparar a
tradicional cerveja tibetana, chamada de Chang, ornamentar a casa e seus altares
com alimentos, frutas, flores e incenso. Nos monastérios do budismo tibetano, são
realizadas cerimônias religiosas que podem durar de 1 a 9 dias.
No templo budista de Três Coroas, desde a sua fundação, realiza-se uma cerimônia
religiosa por nove dias, e, no último, há uma apresentação pública de danças
sagradas tradicionais do budismo tibetano.
P: Outros templos do Brasil também fazem essa comemoração aberta ao público?
L.S.D.: Eu acredito que outros templos que seguem o budismo tibetano, com
certeza, celebram o Losar. Mas não temos conhecimento sobre os detalhes dessas
comemorações. Com relação à apresentação da dança sagrada do budismo
tibetano, em sua forma tradicional, com vestimentas e instrumentos musicais, de que
eu tenha conhecimento, acontece somente aqui, no templo de Três Coroas.
38
P: Qual o significado das danças realizadas na comemoração do Losar? As roupas
e os objetos utilizados também possuem um significado específico? As cores das
vestimentas utilizadas na comemoração também possuem significado?
L.S.D.: As danças simbolizam o poder da intenção positiva de evitar que distúrbios
ou energias negativas do ano que passou sejam levados para o ano seguinte.
Realizadas com máscaras e roupas elaboradas, representam as meditações em
movimento. Elas expressam a aspiração de que a paz e a harmonia aumentem para
todos os seres.
Os gestos simbólicos das danças e a música que as acompanha têm como
propósito influenciar a mente daqueles que assistem, no sentido de inspirá-los a
pacificar emoções aflitivas como a raiva, o egoísmo e orgulho, assim como de
suscitar qualidades como o amor altruísta, a compaixão e a sabedoria.
Essa é a compreensão tradicional das danças sagradas, que têm origem na Índia e
floresceram no Tibete por séculos. Agora, elas são praticadas em diversos templos
budistas espalhados por vários continentes. Tradicionalmente, essas danças são
realizadas, inclusive, durante cerimônias elaboradas, são parte da prática de
meditação.
As roupas, com suas formas e cores específicas, e os objetos segurados pelos
dançarinos têm significados específicos sim, que variam de acordo com a tradição
da dança, ou com o contexto no qual é realizada. Na maioria das danças, o
dançarino está representando um ser iluminado (um buda), e os objetos que ele
segura são, simbolicamente, “armas” que expressam a sabedoria da mente
iluminada, que purifica a ignorância que não reconhece a verdadeira natureza dos
seres e dos fenômenos.
P: Quem participa das danças no dia da comemoração?
L.S.D.: Tradicionalmente, nos monastérios do budismo tibetano, as danças
sagradas são executadas por monges. Aqui, no Khadro Ling, elas são
desempenhadas por praticantes leigos, homens ou mulheres, adultos ou crianças.
Chagdud Tulku Rinpoche, o fundador do Chagdud Gonpa, juntamente com outros
professores do budismo, tibetanos e ocidentais, nos ensinaram as danças e como
tocar os instrumentos tibetanos que são utilizados como acompanhamento.
39
P: A música tocada durante a comemoração é sempre a mesma? Ela possui
significado?
L.S.D.: Há diferentes melodias. De modo geral, a música tem como significado
principal a oferenda de som. No contexto das danças, os instrumentos ajudam na
marcação dos passos e gestos, e a letra das melodias expressam o significado da
dança.
40
APÊNDICE B – EXPLICAÇÕES SOBRE AS DANÇAS
Significado genérico das danças apresentadas no dia 18 de fevereiro de 2018, no
templo budista de Três Coroas, fornecido por Lama Sherab Drolma.
1. Dança de Oferenda da Bebida Dourada
Os dançarinos representam a sabedoria da mente iluminada. Os gestos
expressam oferendas feitas aos seres iluminados, aos mestres que detêm e
transmitem os ensinamentos do budismo e a todos os seres que habitam o universo.
2. Dorje Drolö
Dorje Drolö é um dos nomes dados a Mahasida Padmasambhava, que
estabeleceu os ensinamentos budistas no Tibete. Nessa dança, ele é representado,
e a coreografia é uma expressão da compaixão incomensurável de um ser iluminado
que tem o poder de eliminar as dificuldades que surgem quando a mente está
imbuída de emoções aflitivas como a raiva, o apego egoísta e o orgulho
3. Dança dos Quatro Heróis Ging
Eles são a representação de seres iluminados que se mostram de uma maneira
irada, característica expressada, por exemplo, nas máscaras que os dançarinos
utilizam. A manifestação irada dos seres iluminados surge para transformar as falhas
negativas profundas que existem na nossa mente, principalmente o forte apego ao
ego.
4. Dança do Protetor
Nessa dança, o praticante usa uma máscara de um animal típico do Tibete, o
iaque, que é parecido com o nosso búfalo. Simbolicamente, esse animal tem a
função de eliminar os obstáculos que possam surgir como empecilho na busca pelo
estado iluminado.
5. Dança de Invocação de Bênçãos
Os dançarinos representam seres divinos que, com os gestos simbólicos,
invocam as bênçãos dos seres iluminados e dos mestres que transmitem os
ensinamentos de Buda. Essas bênçãos beneficiam as pessoas presentes. A
41
intenção também é de que, com a meditação, todos os seres, de forma direta ou
indireta, possam se beneficiar.
42
APÊNDICE C – PROJETO – TRABALHO DE CONCLUSÃO I
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
PAULA SAMANTA MULLER DA ROCHA
LOSAR: FOTOETNOGRAFIA DO RITUAL DE CELEBRAÇÃO DO ANO NOVO TIBETANO DA COMUNIDADE KHADRO LING EM TRÊS COROAS/RS
Caxias do Sul
2017
43
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM FOTOGRAFIA
PAULA SAMANTA MULLER DA ROCHA
LOSAR: FOTOETNOGRAFIA DO RITUAL DE CELEBRAÇÃO DO ANO NOVO TIBETANO DA COMUNIDADE KHADRO LING EM TRÊS COROAS/RS
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de TCC I. Orientadora: Prof.ª Dr.ª, Eliana Rela
Caxias do Sul 2017
44
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 03 2 TEMA 05 2.1DELIMITAÇÃO DO TEMA 05 3 JUSTIFICATIVA 06 4 QUESTÃO NORTEADORA 07 5. HIPÓTESES 08 6. OBJETIVOS 09 6.1 OBJETIVO GERAL 09 6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 09 7. METODOLOGIA 10 8. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 12 9. ROTEIRO DOS CAPÍTULOS 16 10. CRONOGRAMA 17 REFERÊNCIAS 18
45
1 INTRODUÇÃO
Venho a alguns anos acompanhando a cerimônia do Losar (ano novo
tibetano) no Templo Budista da cidade de Três Coroas/RS e sempre tive a
curiosidade de entender melhor o seu significado. Procurei pesquisar em variadas
fontes, mas o que encontrei foram breves reportagens por meio da internet.
Deparando-me com a falta de informações sobre o assunto, concluí que este tema
teria um grande potencial para desenvolver um projeto de pesquisa, que uniria a
fotografia e a antropologia a fim de produzir material que traga essas informações
mais aprofundadas sobre o assunto e que possivelmente possa vir a fazer parte da
bibliografia de pesquisa de quem deseja buscar a compreensão dos significados
dessa linda cerimônia de danças sagradas.
O Templo Chagdud Gonpa Khadro Ling, mais conhecido como Templo
Budista de Três Coroas, é a sede da Fundação Chagdud Gonpa Brasil. Foi fundado
no ano de 1994, por Sua Eminência Chagdud Tulku Rinpoche, um dos lamas que
precisou fugir do Tibete em 1959 por causa da ocupação comunista, teve de viver
em comunidades de refugiados na Índia e no Nepal, em 1979 se estabeleceu nos
Estados Unidos e aos sessenta e quatro anos de idade, resolveu morar no Brasil,
pois viu que seus seguidores brasileiros tinham muita fé e muito interesse em
aprender sobre o Budismo.
A história do Buda histórico teve início no século VI a.C., na Índia, seu nome
era Sidarta Gautama, um príncipe cercado de riquezas e luxo, mas que não
conhecia o mundo fora do palácio pois seu pai, o rei, não queria que ele conhecesse
a dor da realidade humana. Após sair várias vezes do palácio e se deparar com a
dor e o sofrimento, Sidarta determinou-se a encontrar a libertação do sofrimento,
renunciando a vida de príncipe e saindo do palácio. Mais tarde, os ensinamentos
adquiridos pelo Buda foram levados para o Tibete onde surgiu a escola mais antiga
do Budismo Tibetano, conhecida como Nyingma.
No Brasil, os ensinamentos de Buda foram introduzidos pelos imigrantes
japoneses por volta do século XX. E uma grande influência na difusão destes
ensinamentos foi Dalai Lama que através de seus livros e palestras, trouxe pontos
essenciais da prática budista em uma linguagem universal. Atualmente no Ocidente
há várias entidades budistas de diferentes escolas.
46
Segundo Gomides (2014), se tem registro de três importantes períodos do
budismo ocidental no Brasil, porém seu texto é pobre em referências científicas.
Seu artigo aborda o crescimento do budismo no Brasil dividido em períodos
chamados também de ondas. A primeira onda se deu no início do século XIX, onde
Anagarika Dharmapala (1864-1933), missionário budista de grande influência, foi um
dos precursores da idéia que as missões budistas deveriam se espelhar no modelo
missionário protestante cristão. Após a Primeira Guerra Mundial, surge a segunda
onda, onde é levantada a bandeira de que todos os caminhos levam ao mesmo
Deus. Neste período, o mestre chinês Taixu (1890-1947) se interessou em estudar a
forma como o cristianismo se organiza e motiva indivíduos em padrões normativos
de crença e prática. Fazendo com que os primeiros imigrantes japoneses,
seguidores do budismo Mahayana, se preocupassem em preservar entre eles as
suas crenças, ao invés de se preocuparem em difundir a religião ao povo brasileiro.
Já na terceira onda, que compreende o período de pós Segunda Guerra Mundial até
os dias de hoje, a tradução para língua portuguesa do livro “Introdução ao Zen
Budismo”, contribuiu para a difusão da cultura no Brasil, assim como as visitas de
Dalai Lama ao país, por ele ser considerado uma importante voz religiosa no
budismo. Outra forte contribuição para o aumento do interesse dos brasileiros por
esta filosofia oriental foi através da mídia, que a partir dos anos dois mil, começou a
abordar assuntos referentes ao budismo, atingindo assim um grande número de
pessoas.
Para desenvolver este projeto de pesquisa, terei como base as técnicas da
antropologia de pesquisa etnográfica, buscando conhecer melhor os costumes
budistas, para entender o significado dos elementos que constituem a prática da
meditação em forma de dança na cerimônia do Losar, pois cada dança traz roupas,
acessórios, sons e movimentos diferentes, trazendo muito da arte tibetana e dos
ensinamentos de Buda. E através do emprego da técnica fotográfica, ter uma
ilustração mais clara para auxiliar o entendimento deste ritual. De tal forma,
utilizando a antropologia visual como recurso narrativo na função de convergir
informações e significações.
Não existem fotografias que não sejam portadoras de um conteúdo humano e consequentemente, que não sejam antropológicas à sua maneira. Toda a fotografia é um olhar sobre o mundo, levado pela intencionalidade de uma pessoa, que destina sua mensagem visível a um outro olhar, procurando dar significado a este mundo (SAMAIN apud ACHUTTI, 1997, p. 36).
47
2 LOSAR: FOTOETNOGRAFIA DO RITUAL DE CELEBRAÇÃO DO ANO NOVO
TIBETANO DA COMUNIDADE KHADRO LING EM TRÊS COROAS/RS
2.1 O Losar, passagem do ano lunar na tradição tibetana, sinaliza um novo ciclo,
cujas atividades almejam a purificação espiritual, que no período de 16/02/2018 a
04/02/2019 será regido pelo Cão de Terra. Na cerimônia do Losar, que é aberta ao
público, o registro fotográfico das danças sagradas trará um vasto material
etnográfico para a pesquisa a ser realizada na comunidade Chagdud Gonpa Khadro
Ling, na cidade de Três Coroas, Rio Grande do Sul.
48
3 JUSTIFICATIVA
Percebendo a falta de materiais teóricos sobre o ano novo Tibetano (Losar),
surgiu a idéia de estar pesquisando sobre este assunto a fim de, além de sanar
minha curiosidade, criar a possibilidade de poder estar contribuindo com outras
pessoas que assim como eu, querem entender mais sobre esta cerimônia.
O Templo Budista de Três Coroas (Chagdud Gonpa Khadro Ling) recebe
muitos visitantes durante o ano inteiro, mas é na cerimônia de ano novo, chamado
de Losar, que o templo recebe um número maior de pessoas que ali procuram boas
energias para o ano lunar que se inicia. Durante a cerimônia há uma breve
explicação sobre o significado das danças sagradas. Com os dados teóricos e
fotográficos coletados durante a pesquisa, pretendo criar um material didático, onde
possa estar auxiliando o conhecimento e a compreensão deste ritual, tanto para os
praticantes do budismo tibetano, como forma também de reforçar sua continuidade,
quanto aos visitantes do templo que buscam conhecer um pouco mais sobre esta
ocasião tão auspiciosa.
Tenho como objetivo principal desta pesquisa elaborar um material imagético
e teórico que seja acessível e de fácil compreensão aos que se interessam pelo
budismo tibetano, principalmente aos visitantes que participam da cerimônia,
levando ao melhor entendimento das danças realizadas e assim estar mais
conectado com os significados que elas têm, a fim de estar se beneficiando ainda
mais com as boas energias que este ritual busca transmitir.
49
4 QUESTÃO NORTEADORA:
O registro fotográfico pode tornar acessível a compreensão dos elementos
utilizados na cerimônia do Losar, ao público não inserido na cultura budista?
50
5 HIPÓTESES
Tornar o conteúdo da pesquisa uma fonte de informação para as pessoas não
inseridas na cultura budista e fonte para pesquisa sobre o tema: cerimônia do Losar.
51
6 OBJETIVOS
6.1 Objetivo Geral
Esta pesquisa tem como objetivo, registrar por meio da fotografia elementos
significativos que compõem a cerimônia do Losar, a fim de por meio do discurso
fotográfico, dar a compreender os significados do ritual de celebração do ano novo
tibetano dentro da cultura budista ao público não iniciado no budismo.
6.2 Objetivos Específicos
a. buscar conhecimento sobre o budismo tibetano e o sobre a cerimônia do
Losar;
b. identificar os elementos essenciais à compreensão da cerimônia;
c. produzir material fotográfico sobre a cerimônia do Losar, a fim de produzir
informações didáticas ao público não iniciado no budismo.
52
7 METODOLOGIA
A fim de conhecer mais sobre a cultura do Budismo Tibetano e compreender
os significados dos atos realizados durante a cerimônia do Losar, farei uso da
fotografia e dos conceitos da antropologia para desenvolver esta pesquisa.
Localizado na cidade de Três Coroas/RS, o Templo Budista Khadro Ling, sede da
organização Chagdud Gonpa Brasil, realiza esta cerimônia todos os anos de acordo
com o calendário lunar.
Para obter importantes informações sobre as danças sagradas realizadas na
cerimônia, irei entrevistar um ou mais instrutores que serão designados pela diretora
espiritual do templo, Chagdud Khadro, viúva do mestre tibetano Chagdud Tulku
Rinpoche. Nestas entrevistas buscarei entender o que os movimentos da dança e
ornamentos utilizados representam para esta cultura e qual valor que o Losar tem
dentro desta sociedade.
O procurar apreender e compreender o outro é característico do método
etnográfico dentro da antropologia, método este que tem suas fases, iniciando pelo
estudo teórico onde em minha pesquisa buscarei informações e interpretações já
realizadas sobre o Losar e o meio onde acontece o evento, além de participar do
evento, vou procurar estabelecer uma relação entre as pessoas que participam do
Losar e do cotidiano do templo, onde estarei conversando com elas, vivenciando a
cerimônia junto delas e registrando o máximo possível de informações através de
anotações em caderno de campo, gravações de áudio e fotografias. E então na
terceira e última fase, organizar todo o material coletado e descrever todos os dados
registrados e as experiências obtidas no trabalho de campo.
Os textos antropológicos são eles mesmos interpretações e, na verdade, de segunda e terceira mão. Trata-se, portanto, de ficções; ficções no sentido de que são ‘algo construído’ ‘algo modelado’ – o sentido original de fictio – não que sejam falsas, não factuais ou apenas experimentos de pensamento. (GEERTZ,1989 apud URIARTE, 2014, P. 31).
Tendo a fotografia como um dos principais instrumentos de minha pesquisa
dentro do método etnográfico, ela será de grande importância não somente para a
produção da descrição dos dados, mas para a construção de uma narrativa através
dos registros fotográficos que somados ao texto escrito, formarão um material
53
comunicacional de grande potencial, fazendo com que imagem e texto se
complementam para propiciar uma clara compreensão sobre o tema em questão.
Assim como feito por Achutti (1997) em sua dissertação de mestrado que teve
como resultado final o livro Fotoetnografia: Um estudo de Antropologia Visual sobre
o cotidiano, lixo e trabalho, onde o autor se inseriu no cotidiano de uma vila popular,
onde a reciclagem de lixo era a principal atividade das pessoas que viviam lá,
trazendo uma reflexão social sobre o lixo não somente através de seus textos, mas
principalmente através das imagens fotográficas feitas por ele neste local.
A fotografia é um aprendizado de observação paciente, de elaboração minuciosa de diferentes estratégias de aproximação com o objeto, de desenvolvimento de uma percepção seletiva, de uma vigilância constante e de prontidão para captar o acontecimento no momento do acontecimento. A dupla capacidade da câmara de subjetivar e objetivar a realidade, a constante consciência de que é responsável por este processo, por uma técnica de apreensão da realidade, de que se é sujeito deste conhecimento, é um ensinamento, é um ensinamento epistemológico. (LEAL, 1986apud ACHUTTI, 1997, p. XXIII).
Pela exuberância da arte sacra tibetana e pela beleza natural do entorno, o
Khadro Ling entrou no roteiro turístico da Serra Gaúcha, atraindo assim muitos
visitantes, principalmente no dia da cerimônia do Losar, onde irei aplicar um breve
questionário a fim de evidenciar a necessidade de se estar elaborando um material
que torne acessível aos visitantes não inseridos na cultura budista, a compreensão
dos elementos utilizados na cerimônia.
54
8 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Dei início à pesquisa para encontrar materiais sobre o tema, consultando o
catálogo da biblioteca da Universidade de Caxias do Sul, onde encontrei o livro Arte
Tibetana, do qual traz um catálogo fotográfico de peças da cultura tibetana que
faziam parte de uma exposição realizada no Museu de Artes e Arqueologia da
Universidade de São Paulo. Encontrei também dois livros da área de antropologia
que me auxiliarão na metodologia de pesquisa, Antropologia Visual: a fotografia
como método de pesquisa e Fotoetnografia - Um estudo de Antropologia Visual
sobre cotidiano, lixo e trabalho.
Através do site da Fundação Chagdud Gonpa Brasil, tive acesso a
informações importantes sobre o Budismo, sobre o Budismo Tibetano, sobre o
templo Khadro Ling e sobre o seu fundador Sua Eminência Chagdud Tulku
Rinpoche, e neste mesmo site estão disponíveis indicações de leitura para
aprofundar os conhecimentos sobre os assuntos, e ao visitar a livraria do Templo,
pude adquirir duas das obras citadas, O Caminho Budista - Uma breve introdução, e
Portões da Prática Budista - Ensinamentos essenciais de um lama tibetano.
Fiz buscas no portal de teses da CAPES, no IBICT, SCIELO, USP, UCS e
outros, com as seguintes palavras-chave: budismo; Losar; ano novo tibetano; rituais
do budismo; cultura budista; cultura tibetana; etnografía; fotoetnografia; antropología
visual. Encontrei um artigo sobre fotoetnografia: Fotoetnografia: a importância da
fotografia para o resgate etnográfico, e um artigo sobre método etnográfico: O
método etnográfico, ambos contribuíram para o desenvolvimento do método de
pesquisa do projeto. Quanto aos assuntos relacionados ao budismo, obtive apenas
um artigo que pode contribuir como ferramenta como a fundamentação teórica da
pesquisa: Como cresce o budismo ocidental no Brasil.
Fazendo busca nas revistas científicas eletrônicas como a Temática,
Horizontes Antropológicos e a Anpuh, foi possível identificar publicações na área da
antropologia como: Antropologia e método etnográfico: uma contribuição para a
compreensão das culturas, e A fotografia como recurso narrativo: problemas sobre a
apropriação da imagem enquanto mensagem antropológica.
Consultei a professora Beatriz Rodrigues Kanaan, doutora em antropologia
social, que indicou a leitura de alguns artigos, dos quais o que mais contribuiu para o
projeto foi: A construção de imagens na pesquisa de campo em antropologia.
55
Outras fontes de pesquisa como o site Darma.info, o site Brazilsite: História
do Brasil, o site Tibet Vista, o site Jornal de Gramado e site, trouxeram informações
sobre o Budismo, o Budismo no Brasil e um pouco sobre a comemoração do Losar
no Tibete e no Templo Khadro Ling em Três Coroas/RS.
Quanto aos assuntos que envolvem o Losar, obtive importantes informações
através do livro O Caminho Budista – Uma breve introdução, escrito por Chagdud
Tulku Rinpoche, uma breve introdução da história de Buda e seus ensinamentos. No
livro Portões da Prática Budista – Ensinamentos essenciais de um lama tibetano,
também escrito por Rinpoche, Sua Eminência traz os ensinamentos de Buda através
de suas palavras.
Através de pesquisas feitas em alguns sites, obtive um material bem amplo de
informações. O site da Fundação Chagdud Gonpa Brasil traz a história de Sua
Eminência Chagdud Tulku Rimpoche, história do templo Khadro Ling que fica na
cidade de Três Coroas/RS e que foi fundado por ele e traz também um pouco da
história do Budismo Tibetano e suas linhagens. O site Darma.info traz quais são os
tipos de Budismo existentes, quais escolas surgiram e quais os centros de prática
budista que temos em nosso país. Já o site Brazilsite, traz um pouco sobre as
diferentes correntes que existe dentro do Budismo. Em um artigo sobre como cresce
o budismo ocidental no Brasil, tirado do site Martureo – Centro de Reflexão
Missiológica, pude obter conhecimento sobre as três ondas do budismo ocidental
brasileiro. Através do site de Turismo Tibet Vista, encontrei muitas informações
sobre a história do Budismo Tibetano, sobre a comemoração do ano novo no Tibete
e um pouco sobre a arte tibetana, os significados das cores e dos símbolos no
Budismo Tibetano.
Uma das reportagens sobre a cerimônia do Losar realizada no Templo de
Três Coroas/RS que mais contribuiu para minha pesquisa foi realizada pelo Jornal
NH, onde foi apresentada uma breve explicação sobre as danças sagradas
realizadas durante a cerimônia. O Centro de Estudos Budistas Bodisatva traz em
seu site uma breve explicação sobre o Losar e qual a sua importância para os
praticantes do Budismo.
A leitura do livro Antropologia Visual: a fotografia como método de pesquisa
de John Collier, Jr., trouxe a importância da câmera como instrumento de pesquisa e
a do fotógrafo como observador participante. Já o livro Fotoetnografia – Um estudo
de Antropologia Visual sobre cotidiano, lixo e trabalho de Luiz Eduardo Robinson
56
Achutti, trouxe um pouco sobre as conexões entre fotografia e etnografia, o método
de pesquisa antropológica, a definição de fotoetnografia e a mediação entre a
técnica e a narrativa na fotografia, assim como, traz uma grande referência para a
elaboração do material didático a ser desenvolvido ao final da pesquisa.
O artigo Fotoetnografia: a importância da fotografia para o resgate etnográfico
de Paulo César Boni e Bruna Maria Moreschi trouxe a importância das imagens
como meio de comunicação e expressão do comportamento cultural, como deve ser
o posicionamento do antropólogo dentro da comunidade estudada, como funciona a
construção da narrativa visual e o valor dado a fotografia como fonte de preservação
histórica.
A leitura do artigo: O que é fazer etnografia para os antropólogos, retirado do
Jornal on-line Ponto Urbe, pude observar mais a fundo quais são as fases do
método etnográfico, qual a relação entre pesquisador e nativo, como organizar os
dados coletados para que facilite ao leitor o seu entendimento, que a voz do
antropólogo não é a voz do nativo e a importância da preparação teórica para
entender o “campo” que queremos pesquisar. O artigo publicado na revista
Temática, Antropologia e método etnográfico: uma contribuição para a compreensão
das culturas traz a importância do método etnográfico como ferramenta para a
compreensão de culturas e que cada cultura possui um conjunto de regras.
Publicado na Revista Horizontes Antropológicos, o artigo, A fotografia como recurso
narrativo: problemas sobre a apropriação da imagem enquanto mensagem
antropológica traz a fotografia como indício dos costumes dos povos, a importância
da observação, o potencial comunicativo da fotografia, a perspectiva semiótica de
cultura, o que a antropologia faz, o uso da fotografia como instrumento de pesquisa,
o quanto as imagens podem ajudar na compreensão das interpretações feitas pelo
antropólogo, na importância de se “costurar” as fotografias com o texto, a linguagem
própria da fotografia passível de múltiplas interpretações, o conceito de narrativa, a
construção de sentido através da disposição das imagens e a interação subjetiva
entre o pesquisador e o informante.
Um dos artigos que mais contribuiu para o desenvolvimento da pesquisa com
relação a imagens foi escrito por Sylvia Caiuby Novaes, A construção de imagens na
pesquisa de campo em antropologia, nos traz qual o documental da fotografia dentro
da antropologia, a fotografia como aliada do caderno de campo, a importância da
devolução do material fotográfico ao grupo estudado, a importância de estabelecer
57
relações de confiança com o grupo estudado, os rituais do grupo estudado devem
ser pesquisados antes de serem fotografados, o quanto as imagens fotográficas são
fundamentais na construção de imagens mentais de qualquer povo e que as
imagens feitas certamente contribuirão para a imagem que se terá daquele povo.
O livro A Ilusão Especular escrito por Arlindo Machado envolve a parte técnica
da fotografia, trazendo o fotógrafo como agente manipulador da imagem gerando a
sua interferência ao resultado final da imagem, o surgimento das poses, a imagem
na cultura familiar, o recorte: campo significante selecionado e destacado na
fotografia e sua perspectiva.
Nana de Craiova ao catalogar uma mostra de peças de origem Tibetana
expostas no Museu de Arte e Arqueologia Universidade de São Paulo elaborou o
livro Arte Tibetana, do qual foi útil para conhecer o significado de alguns objetos que
fizeram parte da exposição e são utilizados nas danças sagradas do Losar.
Outra grande fonte de informações é o site da agência de turismo Tibet Vista,
neste site, além conter muito sobre a história do budismo e um pouco sobre a
comemoração do ano novo no Tibete, traz um pouco sobre a arte tibetana, os
símbolos e os significados das cores no Budismo Tibetano.
Durante a pesquisa surgiram diversos materiais como fonte de informações
sobre antropologia e sobre o budismo, dos quais selecionei os que acreditei que
mais contribuiriam para a pesquisa, porém quanto ao Losar, pouco material foi
encontrado.
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9 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS
1 INTRODUÇÃO
2 A CERIMÔNIA DO LOSAR
2.1 O REGISTRO FOTOGRÁFICO DOS ELEMENTOS SIGNIFICATIVOS QUE
COMPÕEM A CERIMÔNIA DO LOSAR
2.2 ELEMENTOS IDENTIFICADOS QUE FORAM ESSENCIAIS PARA A
COMPREENSÃO DA CERIMÔNIA
2.3 MATERIAL FOTOGRÁFICO PRODUZIDO DURANTE A CERIMÔNIA DO
LOSAR, SOMADO A INFORMAÇÕES DIDÁTICAS DESTINADAS AO PÚBLICO
NÃO INICIADO NO BUDISMO.
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10 CRONOGRAMA
Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho
Produção das
fotografias X
Seleção e
edição das
fotografias
X X
Introdução e
Capítulo 2 X X
Fechamento
de texto e
produção do
fotolivro
X
Finalizar
texto e
fotolivro
X
Apresentação
na banca X
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REFERÊNCIAS
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visual sobre o cotidiano, lixo e trabalho. Porto Alegre: Tomo, 1997.
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fotografia para o resgate etnográfico. Revista digital de cinema documentário,
Londrina, n. 03, p. 137-157, dez. 2007. Disponível em:
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