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DIRECTOR: António Sousa Pereira N.º 111, Março de 2012 Centro de Educação Ambiental da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina ATÉ JUNHO DE 2010 JÁ ESTÃO AGENDADAS VISITAS DE 1500 CRIANÇAS JOÃO COSTA – CHEFE REGIONAL DO CNE DE SETÚBAL «Os jovens Escuteiros têm poder para transformar o mundo» EDIÇÃO DIGITAL CONSULTE EM revista.rostos.pt PUB

Centro de Educação Ambiental da Mata da Machada e Sapal ... · quase sempre com Lobitos. ... com a presença da Madre Teresa de Calcut ... Este reconhecimento é a melhor prova

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DIRECTOR: António Sousa PereiraN.º 111, Março de 2012

Centro de Educação Ambiental da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina

ATÉ JUNHO DE 2010 JÁ ESTÃOAGENDADAS VISITAS DE 1500 CRIANÇAS

JOÃO COSTA – CHEFE REGIONAL DO CNE DE SETÚBAL

«Os jovens Escuteiros têm poderpara transformar o mundo»

EDIÇÃO DIGITAL

CONSULTE EM revista.rostos.pt

PUB

PerspectivasMARÇO 2012

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Quem é o João Costa?

João Costa tem 39 anos, nasceu em Lisboa, mas vive em Setúbal desde os seis dias de idade e por isso diz «considero-me setuba-lense e não lisboeta».Doutorado em linguística pela Universida-de de Leiden (na Holanda), é actualmente professor universitário – de Linguística – na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Como, quando e porquê entrou no Escu-tismo?

«Sou Escuteiro desde os 9 anos. Depois de umas tentativas de ser lobito que não cor-reram bem, entrei no Agrupamento 415 para

explorador (não havia vagas na alcateia). A minha primeira atividade foi a celebração, na Sé, com a presença da Madre Teresa de Calcutá» - recorda.«Já não me lembro exatamente do motivo da entrada para o Escutismo – entre os ami-gos que tinha no Agrupamento, o fascínio pelos escuteiros mirins da Disney e o gosto pelo campo… há de ter sido o conjunto disto tudo…» sublinhou

«Fiz toda a minha vida escutista neste Agru-pamento (415). Fiz a promessa de dirigente bastante cedo – tinha 19 anos - e trabalhei quase sempre com Lobitos. Enquanto vivi no estrangeiro, durante o período do dou-toramento (na Holanda e nos EUA), juntei--me a agrupamentos nas cidades por onde

passei» referiu.«Assegurei a chefia do 415 em 1997 e fui Chefe de Agrupamento durante 11 anos. Pa-ralelamente, fui colaborando com as Juntas Regionais como formador. No último executivo, fui Secretário Regional para os Recursos Adultos. No final desse man-dato, optei por ficar apenas na Junta, deixando o agrupamento» disse.

Porque resolveu candidatar-se ao cargo de Chefe Regional?«Em primeiro lugar, por amor ao Escutismo e à Região. Desde que sou dirigente que co-laboro com a Região de formas diferenciada. Percebi que faria sentido constituir equipa nesta fase do meu percurso escutista» re-feriu, acrescentando «em segundo lugar,

por ter reunido uma equipa com que parti-lho perspetivas claras sobre o papel da Junta Regional» sublinhou.«Penso que os dirigentes devem saber avaliar onde podem desempenhar melhor as suas funções em diferentes fases do seu percurso. Este pareceu-me um passo natural e com-patível com as minhas atuais circunstâncias profissionais, que tornavam por vezes difícil a presença regular no agrupamento».

Como vê a Região (Escutista) de Setúbal no contexto do movimento nacional?«Setúbal é uma região muito forte. Temos um historial de participação ativa nos processos de decisão a nível nacional e provas dadas de um trabalho muito sólido, sobretudo na formação de adultos. Fizemos nos últimos 15 anos uma caminhada muito séria na assunção da dimensão católica do Escutismo, muito graças à ação do Pe. Ramiro que tem sido continuada pelo Pe. Marco» referiu. «Temos problemas comuns ao resto do país, que podemos facilmente identificar: falta de recursos adultos em alguns agrupamentos, problemas na consolidação da formação, que levam a uma dificuldade na retenção de ca-minheiro e dirigentes.Não obstante, penso que temos motivos para nos orgulharmos do que somos e que resulta de um trabalho consolidado pelas anteriores Juntas Regionais» afirmou. «Somos uma região com assimetrias, mas com agrupamentos com muita qualidade e com um conjunto de adultos muito com-prometidos com a sua missão educativa e evangelizadora» fez questão de sublnhar.

Caracterização (estatística)da Região de Setúbal.

«A região tem 47 agrupamentos, com cerca de 4100 escuteiros. A distribuição do efeti-vo por secções é a seguinte: 1189 lobitos (6 aos 10 anos); 1268 exploradores (10 aos 14 anos); 893 pioneiros (14 aos 18 anos); 379 caminheiros (18 aos 22 anos); 249 candidatos a dirigentes e 437 dirigentes»

Que propostas e que iniciativas tem a sua equipa para o desenvolvimento do Escutismo

João Costa é Escuteiro do CNE há 30 anos. Desde final de 2011 lidera uma equipa que tem a responsabilidade de dirigir o Escutismo Católico na Região de Setúbal.Ao Rostos João Costa referiu que aceitou o cargo «Em primeiro lugar, por amor ao Escutismo e à Região».Nesta conversa recordou também a sua primeira actividade como Escuteiro « foi a celebração, na Sé, com a presença da Madre Teresa de Calcutá»

João Costa – Chefe Regional do CNE de Setúbal

«Os jovens Escuteiros têm poder para transformar o mundo»

PerspectivasMARÇO 2012

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na Região?

«O CNE está a viver a implementação do seu novo Programa Educativo. A nossa principal aposta é no acompanhamento dos agrupa-mentos, partilhando experiências e preocu-pações na procura de soluções conjuntas. É nossa convicção que a atividade escutista se vive localmente, nos agrupamentos, ca-bendo à Junta Regional criar momentos de formação. Assim, propomos, essencialmente, formação e atividades de acompanhamento. Propomos, ainda, uma concentração das ati-vidades regionais para os jovens num grande fim-de-semana que congregue todos os Es-cuteiros da Região em ambiente de festa».

Viver “Caminhos de Esperança e Vida” é a proposta do CNE para os membros do Movi-mento. De que forma o Escutismo pode ainda hoje ajudar os Jovens e a sociedade? Como tem o Escutismo na nossa região contribuído para este propósito?

«O Escutismo propõe um programa de for-mação para os jovens que visa a promoção do desenvolvimento físico, afetivo, do caráter, espiritual, intelectual e social. Estas são áre-as que tentam abranger o todo dos jovens. Promovendo a educação integral balizada na matriz dos valores cristãos, o Escutismo é, de facto, uma porta para, em conjunto com as famílias, conseguirmos formar jovens melhores, ou, como nós dizemos, construir Homens Novos» referiu.

«O Escutismo em Setúbal já tocou muitos milhares de jovens, hoje adultos. Quando vi-sito Agrupamentos em momentos festivos, é muito reconfortante encontrar antigos es-cuteiros que, unanimemente, reconhecem o papel que o Escutismo teve na formação do seu caráter e na construção dos valores por que se regem mesmo após deixarem de ser escuteiros. Este reconhecimento é a melhor prova de que o escutismo tem gerado Vida em Setúbal, Vida plena, porque coerente com os valores do Evangelho» sublinhou João Costa.

Que grandes actividades escutistas acon-tecerão em breve na e com a Região?

«Anualmente, promovemos encontros de equipas de animação, vários fins-de-semana de formação e encontros temáticos para di-rigentes. Para os jovens, teremos os cursos de guias e o fim de semana dos Jogos da Pri-mavera, que este ano terá moldes diferentes, ocupando todo o fim de semana» sublinhou, acrescentando «prevemos terminar o man-dato com um Acampamento Regional»

Uma mensagem para os Escuteiros da região. «O lema que nos move: “Alerta para Servir” e a palavra da Beata Teresa de Calcutá, se-gundo a qual “A Paz começa com um sorriso” apontam caminhos de esperança para todos. Os jovens Escuteiros têm poder para trans-formar o mundo».

A ASSOCIAÇÃO:

O Corpo Nacional de Escu-tas (CNE) é a maior Orga-nização de Juventude de Portugal

O CNE é uma associação de juventude sem fins lucrativos, não-po-lítica e não-governamental, destinada à formação integral de jovens, com base no método criado por Baden Powell e no voluntariado dos seus membros.

O CNE está implementado em cerca de 1.100 agrupamentos locais em todos os concelhos do território continental e regiões autónomas dos Açores e da Madeira, dispondo de uma rede de animação e coorde-nação territorial apoiada em meia centena de estruturas de núcleo e regionais, tendo como executivo nacional a Junta Central, que assegu-ra a gestão e a implementação das políticas gerais e sectoriais do CNE.

Um Movimento da Igreja CatólicaA dimensão espiritual e a formação cristã

O CNE é um movimento da Igreja Católica. Assim, está ciente das res-ponsabilidades que lhe advêm desse facto, bem como daquelas que a Hierarquia e o restante Povo de Deus têm para com a Associação.

A Animação da Fé, característica do Escutismo do CNE, é feita natu-ralmente através do jogo escutista, vivido à luz de Jesus e do Evange-lho, procurando contribuir para a formação humana e cristã dos seus associados, pelo testemunho da vida em comunhão eclesial.

Director António Sousa Pereira | Redacção Claudio Delicado, Maria do Carmo Torres, Vanessa Sardinha | Colaboradores Permanentes Rui Nobre (Setúbal), Marta Pereira | Colunistas Manuela Fonseca, Ricardo Cardoso, Nuno

Banza, António Gama (Kira); Carlos Alberto Correia, Pedro Estadão, Nuno Cavaco e Paulo Calhau | Departamento Relações Públicas Rita Sales Sousa Pereira | Departamento Gráfico Alexandra Antunes | Departamento Infor-

mático Miguel Pereira | Contabilidade Olga Silva | Editor e Propriedade António de Jesus Sousa Pereira | Redacção e Publicidade Rua Miguel Bombarda, 74 - Loja 24 - C. Comercial Bombarda 2830 - 355 Barreiro - Tel.: 212 066

758/212 066 779 - Fax: 212 066 778 - EMail: [email protected] - www.rostos.pt | Paginação: Rostos | Nº de Registo: 123940 | Nº de Dep. Legal: 174144-01

FICHA TÉCNICA

MEMBRO

ReportagemMARÇO 2012

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«Para além da consciência ecológica, as questões da eficiência energética tem, em tempos de carências econó-micas como o actual, uma importância especial para a economia familiar», referiu Daniel Pisco da autarquia se-tubalense na sessão de abertura.As questões económicas estiveram, de resto, presentes também desde o nascimento do próprio ECOSAVE que partiu da constatação de que «a elec-tricidade está cara e com tendência a aumentar de valor», afirmou Orlando Paraíba Director da ENA – Energia da Arrábida a responsável pelo projecto.Este projecto é financiado pela ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, através de candidatura da ENA num concurso altamente dis-putado onde são escolhidas apenas as melhores. O valor global do ECOSAVE é de 147.876,4€.

Desperdícios de energiamedir para depois sensibilizar

Segundo os dados estatísticos revela-dos pelo projecto Energyprofiler, 50% da população afirma que faz tudo o que pode para poupar energia, ou seja todos nós sabemos coisas do senso comum como, por exemplo, a forma como abrimos a porta do frigorífico poder influenciar o consumo de ener-gia. Contudo, ninguém sabia ao certo qual o consumo de energia que podia estar envolvido nessa acção.Assim a ENA, através do projecto ECO-SAVE quis quantificar o desperdício energético associado à incorrecta uti-lização dos electrodomésticos para, a partir de dados credíveis, sensibilizar os utilizadores para o desperdício de energia decorrente do modo como utilizam estes aparelhos.Um forno, uma máquina de lavar rou-

pa, uma máquina de secar roupa, um combinado (frigorifico), uma arca fri-gorífica e uma máquina de lavar lou-ça, foram os aparelhos testados nos laboratórios do Instituto Politécnico de Setúbal que participou no projecto efectuando um estudo exaustivo ao consumo energético tendo em con-ta várias acções a que estão sujeitos estes electrodomésticos. O Estudo contou ainda com a super-visão científica do IDMEC- Instituto de Engenharia Mecânica do Instituto Superior Técnico.

Simulador on-line

Uma ferramenta valiosa, desenvolvida com base nos testes laboratoriais, é o simulador on-line no qual o utilizador pode simular o seu comportamento, perante electrodomésticos, e ficar a saber de imediato o desperdício de energia que lhe está associado.Pode-se aceder ao simulador através do sítio do ECOSAVE na internet em www.ecosave.org.pt, onde se podem encontrar também diversas informa-ções e conselhos úteis no que diz res-peito à eficiência energética.

Sensibilizar a população

Para além das ferramentas virtuais o projecto contempla uma sensibilização directa através de cartazes, brochuras e postais, com visitas a espaços de venda de electrodomésticos na área da Grande Lisboa.Em breve a ENA conta levar estas ac-ções às Bibliotecas Municipais e Juntas de Freguesia para assim abrangerem um maior número de pessoas.

RUI NOBRE

Sensibilizar para uma utilização mais eficiente dos electrodomésticos é o objectivo do projecto ECOSAVE, apresentado hoje (13 de Março) na Casa da Baía em Setúbal.

ECOSAVE Apresentado em Setúbal

- Sensibilização para a utilização eficiente dos electrodomésticos

ReportagemMARÇO 2012

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Assinalando o inicio da Semana Nacional da Caritas a Caritas Diocesana de Setúbal promoveu ontem (5 de Março), uma en-contro com a comunicação social local, no Centro Social de Nossa Senhora da Paz, na Bela Vista. Aos jornalistas, responsáveis e técnicos da instituição, falaram sobre o trabalho desenvolvido no atendimento social, ou seja, a resposta ás necessidades mais básicas e urgentes da população da região de Setúbal. Eugénio da Fonseca, Presidente da Cáritas Diocesana de Setúbal, deixou também uma nota sobre as outras respostas da insti-tuição - infantários, lares, etc. - «aqui o que nos preocupa é a cada vez menor capacidade de contribuição das famílias o que pode comprometer em termos de orçamento e recursos a própria Cáritas». Este responsável explica as causas desta fragilidade financeira que subsiste há muito tempo «Nós temos mais de 1200 utentes dias aquém prestamos colaboração nas di-versas valências dos quais certa de 670 não comparticipam, ou seja temos mais de 50% de utentes nesta situação. Assim temos que viver com a comparticipação daqueles que podem de acordo com o seu rendimento per capita. Aqui privilegiamos também a resposta à classe média e média-baixa o que não nos dá comparticipações muito ele-vadas. Depois temos os donativos que vêm de várias entidades mas que acabamos por canalizar para o atendimento social, o que faz com que não vá beneficiar os utentes diários mas os utentes do atendimento». Este cenário agravou-se ainda mais com o acentuar dos efeitos da crise fazendo com que mesmo aqueles utentes das valências que poderiam pagar deixem muitas vezes de o fazer «desde o inicio da crise, sensi-velmente de Setembro 2009 até agora já tivemos de incobráveis cerca de 32.000 euros, o que para uma instituição como esta faz toda a diferença».Dra Graça Nunes, técnica responsável do atendimento social mostrou os números que mostram um aumento substancial do número de pessoas a procurarem este ser-viço. No último ano registou-se o aumento de 74 Agregados Familiares que por conse-quência fez aumentar o número de indiví-duos atendidos que passaram de 735 em 2010 para 946 em 2011. Graça Nunes referiu ainda que o «número total de atendimentos não reflecte só o aumento do número de famílias que recorreram à instituição mas também o aumento das carências de cada

família fez com que elas viessem mais de que uma vez ao atendimento».

Atendimento Social Diocesano - Famílias das Paróquias de Setúbal são as que mais procuram o serviço

Os dados relativos ao Atendimento Social Diocesano revelam que são as famílias pro-venientes das Paróquias da cidade de Se-túbal que mais recorrem à ajuda da Caritas Diocesana e de entre estas as famílias das Paróquias mais próximas do Centro Social de Nossa Senhora da Paz situado na Ave-nida Francisco Fernandes, no Bairro da Bela Vista. Assim as Paróquias de Nª Senhora da Conceição e S. Sebastião ocupam os primeiros lugares.

Baixos rendimentos e desemprego motivam procura de apoio

As razões que mais levam à procura do apoio social continuam a ser a insuficiên-cia de rendimentos e o desemprego. Um dado curioso é que as questões ligadas à saúde registou um aumento substancial de procuras de ajuda o que, segundo os técnicos da Caritas está ligado ao aumento das doenças do foro psíquico e psiquiátrico no seio das famílias.

Necessidades de apoio alimentar continua elevada As necessidades alimentares das famílias também foram bastante elevadas, proble-ma a que a Caritas conseguiu responder em 2011 com diversas soluções ao abrigo de protocolos como os tikets restauran-te, para descontar nos supermercados e o apoio financeiro da Portucel que reverteu em apoio directo às famílias. Neste Âmbito destaca-se também o trabalho da Paró-quia de Nª Senhora de Fátima – Faralhão e Praias do Sado- e Nºª Senhora da Conceição que para além de identificarem as famílias carenciadas, estabeleceram parcerias com o comercio local para o fornecimento de bens a essas mesmas famílias.

Fundo Social Solidário

Outra resposta que está no terreno na re-gião de Setúbal é o Fundo Social Solidário que «é um serviço de acção social da Igreja Católica, instituído pela Conferência Epis-copal Portuguesa e destina-se sobretudo a

famílias com carências económicas provo-cadas pelo desemprego que tem assolado estas famílias» referiu Isabel Rodrigues da equipa diocesana.

Verbas reduzidas podem comprometer ajudas – «neste contexto o que fazemos é sempre paliativo»

«Os nossos apoios ficam sempre aquém pois são tantos os problemas que as mesmo que a ajuda das pessoas seja substancial as verbas esgotam-se logo» e dá exemplos «da campanha de Natal vão estar agora disponíveis cerca de 8.000 euros o que se formos ver isto fica rapidamente reduzido a nada face às necessidades»O aumento da procura da ajuda por parte da Caritas de Setúbal, que tem já um tempo de espera de rês semanas, está a causar problemas também ao nível dos recursos humanos como referiu Eugénio da Fonse-ca «temos já voluntários a fazer o aten-dimento e todas estas técnicas que foram recrutadas para outros serviços, têm que fazer o atendimento. Este é que é para nós o drama real pois podemos nem conseguir resolver os problemas das pessoas mas a nossa filosofia não é virar-lhes as costas, temos obrigação de, pelo menos, ouvi-los. Temos consciência de que, neste contexto, o que fazemos é sempre paliativo».Também nas respostas aos portadores de

HIV/SIDA e aos sem-abrigo, cujos dados foram apresentados por Isabel Monteiro, fica o alerta para a degradação das con-dições «com a nova estratégia de apoio aos sem-abrigo este passa a considerar também os que vivem em habitações de-gradadas e falta de meios. Com a iminência da Segurança Social cortar o reembolso à nossa instituição estão em risco de virem para a rua cerca de 120 a 130, isto só para referir os utentes do nosso centro social de S. Francisco Xavier».

Apelos ao Estado e à sociedade civil

Face às dificuldades e questionado sobre a intervenção do estado no apoio social Eugénio da Fonseca refere que «o apoio do Estado e face também aos cortes or-çamentais, deve ser mais no sentido no investimento na criação de uma maior estabilidade e coesão social».Aos restantes cidadãos fica o apelo ao contributo generoso no peditório que irá decorrer já entre os dias 8 e 10 de Março. Outra acção de solidariedade que marca o programa da semana da Caritas é o “Jantar Solidário” em favor dos desempregados da Região de Setúbal no dia 10 pelas 20 horas na Quinta Casas Velhas – Charneca da Caparica.

RUI NOBRE

Apesar de tudo continuar a fazer para responder às necessidades mais urgentes dos mais desfavorecidos, a Caritas Diocesana de Setúbal teme que o agravamento da crise das restrições orçamentais venham a comprometer a resposta social da instituição.

Setúbal - Cáritas Diocesana na primeira linha do apoio social

Crise pode comprometer respostas aos mais necessitados

Pulsar dos diasMARÇO 2012

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«A Experimentáculo é uma associação ju-venil sem fins lucrativos que foi criada em 2006 aqui em Setúbal e por isso a sua área de intervenção é essencialmente nesta ci-dade. É uma associação cultural com missão na área das artes, do património, da cultura e do espectáculo» começou por explicar Pedro Soares que nos recebeu na casa da Experimentáculo no Largo da Misericórdia em Setúbal. Ao Rostos, Pedro conta como a associa-ção tem desenvolvido a ligação ao cinema «dentro da área da cultura acabamos por nos dedicarmos mais ao cinema e à música, pois como funcionamos em regime de vo-luntariado estamos sempre dependentes das tendências dos membros. Na área do cinema fazemos diversas ac-tividades, já fizemos produção de docu-mentários e curtas-metragens de alguns

jovens realizadores aqui de Setúbal mas principalmente fazemos ciclos temáticos, uma mostra de cinema de terror, ou seja, o cinema foi sempre uma área e intervenção desde o início.

Clube de Cinema - uma resposta á pouca oferta cinematográfica da cidade

«O clube de cinema acaba por ser uma plataforma mais autónoma dentro da Ex-perimentáculo e nasceu em circunstâncias diferentes» referiu Pedro Soares que expli-cou «nasceu em 2008 por acharmos que havia pouca oferta cinematográfica na cida-de. Na altura tínhamos uma sala de cinema e meia que eram o Charlot e o Luísa Todi que passava filmes à segunda e à terça, e sentimos então necessidade de fazer mais qualquer coisa e começámos então a fazer

sessões regulares semanais, na altura em colaboração com o IPJ, todas as sextas e sábados e sempre dedicado a um tema e sempre que possível com uma programação diferente da que chega às salas e cinema». Como explicou este responsável a ideia era ter filmes que não estreassem em Portugal ou filmes portugueses em que pudessem ter os realizadores presentes e potenciar esse lado informal, as tertúlias bem como debates no final das sessões com convidados que apresentassem o filme.

Esta experiência foi-se desenvolvendo du-rante um ano com sessões regulares ao final do qual interromperam a actividade que seria retomada em Novembro de 2010, mais uma vez pelas mesmas razões, «entretanto o Fórum Luísa Todi foi para obras e só havia o Carlot, que foi também para obras entretanto

e também porque tínhamos o feed back das pessoas que nos perguntavam quando vol-tavamos a repetir. Uma vez que já tínhamos essa experiência e essa estrutura voltamos a repescar o Clube de cinema» afirmou Pedro Soares «a ideia era então ter essa oferta cinematográfica enquanto o Charlot estava fechado e começámos a fazer essas sessões no bar-galeria La Boheme todas as quartas--feiras com entrada gratuita. Continuámos nos mesmos moldes todos os meses com sessões temáticas dedicadas a um tema e se possível com convidados para falarem sobre o filme, ou filmes em que os próprios realizadores estivessem» sublinhou. Entretanto mesmo após a reabertura do Auditório Municipal Charlot continuaram as sessões devido às muitas solicitações dos frequentadores habituais.

Escolha dos filmes é feita de forma informal e democrática

Durante a nossa conversa quisemos saber de que forma é feita a selecção dos filmes a exibir «até agora a programação é escolhi-da de mês para mês e é de forma informal através de conversas com o público e de conversas entre nós e é tudo muito demo-crático e arranjamos um pretexto e fazemos a escolha, outras vezes também surge a oportunidade de termos cá um filme espe-cifico ou um convidado específico, não há uma regra» respondeu o nosso entrevistado que explicou ainda que a escolha «tem a ver também com as nossas experiências e aquilo que vamos consumindo. Escolhemos o tema do mês e depois fazemos as sugestões de títulos e depois escolhemos».

«a escolha dos filmes não tem a ver com conceitos “elitistas”»

Quisemos também saber se o facto de não escolherem filmes “convencionais” poderá afastar um publico mais alargado ao que Pe-dro responde «a escolha dos filmes não tem a ver com conceitos “elitistas” mas também não fazemos as escolhas a pensar se traz mais ou menos gente, até porque a entrada é gratuita por isso não fazemos nada com objectivos comerciais e não temos que ter

O Clube de Cinema de Setúbal nasceu no seio da associação Experimentáculo, segundo os responsáveis, devido à pouca oferta na cidade de Setúbal. O ambiente informal das sessões e os pedidos de um grupo seguidores fiéis tem feito com que continuem a manter esta actividade.

Clube de Cinema de Setúbal

Uma resposta á pouca ofertacinematográfica da cidade

Pulsar dos diasMARÇO 2012

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a preocupação de ter gente ou não» refere «por outro lado a preocupação da quantidade não existe até porque o espaço não comporta muita gente mas todos são bem vindos e estão todos convidados» sublinhou.

Ir mais além do próprio filme

Ao promover as tertúlias o Clube de Cinema tenta que as sessões de cinema vão mais além do próprio filme «tentamos aproveitar o lado informal proporcionado pelo espaço, que não é uma sala de cinema convencio-nal. A informalidade permite uma conversa e uma maior troca de experiências, quando há um convidado ou um realizador a falar sobre o filme melhor ainda porque permite estender essa troca de experiências e por isso tentamos que, sempre que possível, isso

aconteça». Pedro Soares referiu ao Rostos os mais me-diáticos destes convidados «em Maio do ano passado tivemos cá o Sérgio Tréfaut que é um dos grandes documentaristas portugueses e que veio apresentar o seu documentário “Lisboestas” com que ganhou o IndieLisboa. Tivemos também o Filipe Melo que escreveu o primeiro filme de zombies português “I’ll See You in My Dreams”, e realizou a série de televisão o “Mundo Catita”, tivemos tam-bém o Ricardo Espírito Santo, também ele documentarista. Há mais tempo tivemos o José Barahona» referiu.

Vertente formativa

O gosto pelo cinema leva também à partilha de experiências e à formação da comunidade, no

país e no estrangeiro como explicou ao Rostos Pedro Soares «no âmbito da Exprimentáculo desenvolvemos Workshop´s na área do ci-nema com escolas de Setúbal e também no estrangeiro onde somos convidados a estar na semana internacional do estudante em Belgrado, na Sérvia, onde somos respon-sáveis pelo Workshop de cinema. A Exprimentáculo também é parceira da Câ-mara de Setúbal no festival “Curtas Sadinas”, que este ano está a apostar nesta vertente de formação pois não irá haver concurso» - sublinhou.

Brevemente… com o Clube de Cinema de Setúbal

A terminar a nossa conversa falou das pró-ximas “estreias” sendo que a maior delas a

mudança para novasinstalações «em Maio, a convite a CM vamos dedicar um ciclo, mais uma vez, ao diálogo intercultural. Em Junho a Experimentáculo organiza a 3ª edição do FUMO - Festival Urbano de Música e Outras Coisas em Setúbal, que apesar de ter o princi-pal enfoque na música em espaços Históricos, o Clube de Cinema vai este ano associar-se à iniciativa dedicando o tema desse mês pre-cisamente à música e às artes. Por fim, se tudo correr bem, a partir de Maio estaremos já na Casa da Cultura a convite da Câmara Municipal» referiu deixando uma mensagem «Queria convidar as pessoas a virem ver um filme num sitio diferente e aproveitarem o ambiente informal, para depois discutirem o filme ou simplesmente beberem um café».

RUI NOBRE

30 de Março 21h30Auditório da Anunciada - SetúbalEspectáculo de Solidariedade com José Luís Ramos

«ATÉ AGORA A PROGRAMAÇÃO É ESCOLHIDA DE MÊS

PARA MÊS E É DE FORMA INFORMAL ATRAVÉS

DE CONVERSAS COM O PÚBLICO E DE CONVERSAS

ENTRE NÓS E É TUDO MUITO DEMOCRÁTICO

E ARRANJAMOS UM PRETEXTO E FAZEMOS

A ESCOLHA, OUTRAS VEZES TAMBÉM SURGE A

OPORTUNIDADE DE TERMOS CÁ UM FILME ESPECIFICO

OU UM CONVIDADO ESPECÍFICO, NÃO HÁ UMA REGRA»

Realiza-se no próximo dia 30 de Março, no Auditório de Nª Srª da Anunciada – Setúbal um espectáculo de solidariedade com José Luís Ramos, o menino de 8 anos cujo angiofibroma apenas poderá ser agora tratado no estrangeiro, nomeadamente em França, onde há casos já registados. O caso do José é único em Portugal.Muitos artistas já disseram presente! para este espectáculo solidário. Estão já confirmadas as fadistas: Ana Catarina Grilo, Vanessa Rodrigues, Carmen Matos, Marília Pais, Maria do Céu e Piedade Fernandes, o fadista Joaquim Grilo, e o saxofonista Gonçalo Ferreira. O Charroque da Profundura, bem conhecido dos setubalenses irá também colaborar.O espetáculo tem início marcado para as 21.30h e o preço da entrada fica ao critério da disponibilidade fi-nanceira de cada um e da vontade de ajudar o José Luís Ramos a realizar a sua intervenção cirúrgica.

LimiteMARÇO 2012

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A Patrícia é uma jovem de 26 anos. É licen-ciada em Terapia da Fala pela Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal e é como terapeuta da fala que trabalha há já 3 anos nos agrupamentos escolares em Se-túbal e no Centro de Recursos da APPACDM. Nasceu em Setúbal e completou o ensino se-cundário na Escola Secundária Lima de Freitas – Viso, onde no final do 11º ano escreveu o seu livro «nas férias do verão, naqueles três meses que parecem intermináveis, aventurei--me. Comecei a construir a história na minha cabeça. As personagens são, de resto, o seu grupo de amigos da escola, «nove ao todo. Tive que mudar os nomes todos, só deixei o meu mas o grupo é real» explicou «éramos um grupo muito unido e tínhamos bastantes aventuras juntos».

«Escrevia muito, mas para mim própria»

Patrícia não saber dizer exactamente quando começou a ficar mais desperta para a escrita mas afirma antes de mais tudo começou com a leitura «desde criança que sou viciada em livros, sempre gostei muito de ler e vivi rode-ada de livros». Ao gosto pela leitura juntou-se o facto de, como referiu «ter sido sempre uma criança muito imaginativa e fantasiosa» e assim a escrita foi crescendo naturalmente à medida que Patrícia ia também crescendo «aí na minha adolescência punha-me a ra-biscar umas coisinhas» disse, acrescentan-do «comecei por poemas, por ser mais fácil escrever assim, e depois na escola quando os professores pediam reflexões comecei

a descobrir o gosto pela escrita e que isso me dava prazer e foi crescendo a paixão pela escrita».Esta paixão, diz, sempre foi uma coisa muito pessoal, uma coisa muito sua «nunca mostrei a ninguém. Escrevia muito, mas para mim pró-pria, porque era uma necessidade, eu escrevia porque precisava. Algumas pessoas têm um escape no desporto ou noutras actividades e o meu escape era a escrita, chegava ali e escrevia sobre o que queria e parecia que ficava mais aliviada» - explicou. «Ainda hoje sou daquelas pessoas que anda sempre com um caderno e quando vou na rua vou sempre a imaginar e tenho logo que passar para o papel. Para mim escrever é um misto de vício, prazer e necessidade» sublinhou Patrícia Santos.

A aventura de tirar o livro da gaveta

«Tal como as outras coisas que ia escrevendo, escrevi o livro e guardei» explicou Patrícia que confessou só, mais tarde, ter tido coragem de mostrar a algumas pessoas mais próximas que leram e gostaram e começaram a pergun-tar porque não editava mas «sempre achei isso uma coisa muito inalcançável» disse.«No ano passado conheci um senhora que editou o seu livro e pensei: se ela conseguiu porque não haveria eu de ir á luta?. Numa manhã de Domingo estava eu a ouvir a rádio e as agentes literárias da editora Universo estavam a falar nessa rádio. Gostei muito do que elas disseram, sobretudo o facto de darem oportunidades a novos autores que têm o sonho de publicar as suas histórias e

de que esse sonho não deve ser barrado. Isso entusiasmou-me». Depois Patrícia foi tentar saber mais sobre a Universo e decidiu finalmente tirar o livro da gaveta «pensei que mesmo que não quisessem editar, ao menos iria receber uma crítica de alguém que está no meio, e isso é sempre bom para evoluir-mos» disse. «Então enviei e, passado alguns dias, elas responderam de volta a dizer que tinham gostado do livro e que tinham todo o gosto em publicá-lo mas que necessitava de alguma revisão em termos ortográficos. Voltei então a ler o livro e fiz as alterações. Enviei novamente e marquei uma reunião na qual me explicaram tudo o que poderia vir a acontecer até em termos de contrato. Depois muito rápido, entre Setembro e Dezembro quando o livro foi lançado».

Prefere os Policiais e o suspense

Patrícia afirma que as ferramentas neces-sárias para a forma e estrutura do seu livro vieram dos hábitos de leitura «penso que quando uma pessoa lê muito não é necessário ter alguma formação especial, pois incons-cientemente senti que a história foi fluindo» disse. Foi também a leitura de autores como Agatha Christie; Nicholas Sparks, Dan Brown, Jodi Picoult, José Rodrigues dos Santos e Luís Miguel Rocha, que mostram a influência do estilo que adoptou «sempre gostei de livros e filmes policiais com suspense, daí ter es-colhido escrever no género de aventura e mistério e não apenas de romance, por achar

que assim seria mais interessante» disse.

Porquê a praia do Zavial?

O Rostos quis saber o porquê da escolha desta praia que muitos já lhe perguntaram se existe «a praia do Zavial existe, apesar de eu não a conhecer. A escolha teve a ver com o facto de eu querer como cenário uma praia. Depois queria que fosse longe daqui – apesar das nossas praias lindíssimas – e queria uma praia assim meio escondida e com falésias, pois necessitava dessas características para o livro, e assim, na minha pesquisa descobri que a praia do Zavial tinha tudo isso, embora não se tenha passado lá nada comigo…» disse com um sorriso.

Lutar por um sonho - uma mensagem de incentivo

«Há muitas pessoas que escrevem e têm medo de mostrar aos outros, ou medo que não seja suficientemente bom, e isso muitas vezes é um engano. Eu também achava que o meu livro não tinha qualidade para ser edi-tado e descobri que era errado pensar assim.Depois é preciso procurar estas editoras que abrem espaço para nós. Por isso as pessoas que têm esse sonho devem lutar por ele pois eu aprendi que as coisas boas também nos acontecem a nós. Devemos traçar objectivos na nossa vida e irmos conquistando cada um deles».

RUI NOBRE

Patrícia Santos, concretizou um sonho quando, no final de 2011 viu editado o seu livro Crime na Praia do Zavial que escreveu com 17 anos e que agora decidiu tirar da gaveta. Numa agradável conversa com o Rostos a jovem autora diz que escrever é para ela um misto de necessidade, vício e prazer.

Patrícia Santos – Autora do livro Crime na Praia da Zavial

«As pessoas que têm esse sonho devem lutar por ele,(…) as coisas boas também nos acontecem a nós»

RESUMO DA HISTÓRIA

«É um livro policial que tem muito misté-rio, aventura e romance cm uma história muito juvenil. Tem também muito a ver com as relações de amizade e o livro passa essa mensagem pois estes nove amigos são muito unidos. Este grupo de amigos, que terminaram o 11º ano, vai para a praia do Zavial para um acampa-mento selvagem de duas semanas e aí começam a acontecer coisas estra-nhas e alguns mistérios. A personagem principal encontra um rapaz pelo qual se apaixona e que está dentro desse mistério» disse a autora.Quem quiser saber mais terá mesmo que ler este livro que está à venda nos seguintes locais: Bertrand (online); Wook (online e nas lojas); Porto Editora (lojas); Livraria Pó dos livros (loja) e Há café no alfarrabista.