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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CIÊNCIAS CONTÁBEIS ELIZABETH DE AGRELA COSTA SIQUEIRA CASO PRÁTICO COMPARATIVO DO ICMS ANTECIPADO APÓS RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL Nº 13/2012. FORTALEZA 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ELIZABETH DE AGRELA COSTA SIQUEIRA

CASO PRÁTICO COMPARATIVO DO ICMS ANTECIPADO APÓS RESOLUÇÃO

DO SENADO FEDERAL Nº 13/2012.

FORTALEZA 2013

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ELIZABETH DE AGRELA COSTA SIQUEIRA

CASO PRÁTICO COMPARATIVO DO ICMS ANTECIPADO APÓS RESOLUÇÃO

DO SENADO FEDERAL Nº 13/2012.

Monografia apresentada à Faculdade Cearense, como requisito obrigatório para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Profº José Maria Alexandre Silva.

FORTALEZA 2013

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Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274

S619c Siqueira, Elizabeth de Agrela Costa

Caso prático comparativo do ICMS antecipado após resolução

do Senado Federal nº 13/2012 / Elizabeth de Agrela Costa

Siqueira. – 2013.

85f.

Orientador: Profº. José Maria Alexandre Silva.

Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Ciências Contábeis, 2013.

1. Legislação tributária. 2. ICMS antecipado. 3. Imposto de

fronteira. I Silva, José Maria Alexandre. II. Título

CDU 336.22

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ELIZABETH DE AGRELA COSTA SIQUEIRA

CASO PRÁTICO COMPARATIVO DO ICMS ANTECIPADO APÓS RESOLUÇÃO

DO SENADO FEDERAL Nº 13/2012.

Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Contábeis, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, outorgado pela Faculdade Cearense - FAC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade. A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo com as normas de ética científica. Aprovado em ____/____/____

__________________________________________________ Prof. Dra. Márcia Maria Machado Freitas

(Coorientadora)

__________________________________________________ Prof. Esp. José Maria Alexandre Silva

(Orientador)

___________________________________________________ Prof. Dra. Márcia Maria Machado Freitas

(Membro da banca examinadora)

____________________________________________________ Prof. Ms. Liana Marcia Costa Vieira Marinho

(Membro da banca examinadora)

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Dedico este trabalho ao meu esposo, Rodrigo

Bruno de Siqueira, por sua compreensão e

paciência prestada no decorrer deste

trabalho, e ao apoio incondicional em todas

as etapas acadêmicas e profissionais de

minha vida. Um grande homem e um grande

parceiro.

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AGRADECIMENTO

A Deus, que me acompanhou nesta jornada, e está presente em todos os

momentos da minha vida, me deu sabedoria para poder vencer mais este desafio.

À minha mãe, Maria de Fátima Agrela, um exemplo de mulher forte e mãe

dedicada.

Ao Professor José Maria Alexandre, que abraçou este trabalho com muita

determinação, seriedade e profissionalismo.

À Professora e Coordenadora do curso, Márcia Freitas, pelo convívio,

pelo apoio e dedicação com a qual executa seu trabalho.

Aos professores do curso, em especial, os que farão parte da banca

examinadora, que dedicaram tempo e paciência para esse trabalho.

Ao José Ribeiro Neto Auditor Fiscal (SEFAZ / CE) que com sua brilhante

competência técnica, compartilhou informações que contribuirão para o

engrandecimento deste trabalho.

À Sabrina Cavalcante Diretora Técnica da Controller Auditoria, uma

grande profissional que ao longo de quase três anos contribuiu para o meu

crescimento pessoal e profissional.

E por fim a todos os meus amigos que contribuíram de forma direta ou

indireta para a realização deste trabalho. Principalmente à Viviane Quinto e Aline

Costa Freitas.

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"Só é útil o conhecimento que nos torna melhores".

Sócrates.

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RESUMO

Tendo em vista a importância do ICMS Antecipado na arrecadação do estado do Ceará, o presente trabalho tem como objetivo evidenciar os impactos ocasionados pela Resolução do Senado federal Nº 13/2012, através de um estudo de caso comparativo entre as empresas optantes do Simples Nacional e Regime Normal. O Governo Federal na tentativa de acabar com a guerra fiscal entre os portos instituiu alíquota única de 4% nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados. Existe então a necessidade de conhecer os impactos ocasionados após essa recente mudança na legislação que acarreta impactos na vida do contribuinte do ICMS. As consequências, como custos financeiros e econômicos, foram levantadas através de estudo das legislações pertinentes ao assunto. Concluiu-se que com os resultados destes questionamentos, a empresa pode identificar com mais facilidade o aumento nos tributos ocasionado pela recente mudança, este serve como base inclusive na tomada de decisões. Portanto acredita-se que o consumidor final será o maior prejudicado sendo este o ente da cadeia que de fato suporta o ônus do tributo uma vez que o ICMS é um tributo indireto. Palavras-chave: Impostos de Fronteira, ICMS Antecipado, Legislação, Tributo.

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ABSTRACT

Given the importance of ICMS Early in the collection of the state of Ceará, this paper aims to highlight the impacts caused by the resolution of the U.S. Senate No. 13/2012, through a comparative case study between companies opting National Simple and Normal Regime. The Federal Government in an attempt to end the war between the ports instituted tax rate of only 4% in interstate operations with goods and imported goods. There is then a need to know the impacts caused after this recent change in legislation that results in impact on the life of ICMS taxpayer. Consequences, such as financial and economic costs were raised through the study of the laws relevant to the subject. It was concluded that the results of these inquiries, the company can more easily identify the increase in taxes caused by the recent change, this serves as a basis including decision-making. Therefore it is believed that the end consumer will be the most affected being the entity of the chain that actually supports the burden of the tax once the GST is an indirect tax. Keywords: Border Taxes, GST Early, Legislation, Tribute.

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LISTAS DE FIGURAS, GRÁFICOS E QUADROS

Quadro 1 Ordenamento Juridico Brasileiro..................................................... 20

Quadro 2 Evolução Histórica do ICMS ........................................................... 36

Quadro 3 Aliquotas do ICMS Internas do Ceará............................................. 41

Quadro 4 Sistemática da Substituição Tributária............................................ 45

Tabela 1 Cálculo da Substituição Tributária.................................................... 46

Tabela 2 Cálculo do ICMS Antecipado............................................................ 53

Tabela 3 Comparativo de Cargas Antes da RS Nº 13/2012 ........................... 64

Tabela 4 Comparativo de Cargas Antes da RS Nº 13/2012 ........................... 64

Tabela 5 Comparativo de Cargas Depois da RS Nº 13/2012 ........................ 65

Tabela 6 Cálculo RN X RN Origem Sul/ Sudeste............................................ 70

Tabela 7 Cálculo RN X RN Origem Norte/ Nordeste....................................... 71

Tabela 8 Cálculo RN X RN Origem todo o país .............................................. 71

Tabela 9 Cálculo RN X SN Origem Sul/Sudeste............................................ 72

Tabela 10 Cálculo RN X SN Origem Norte/Nordeste...................................... 72

Tabela 11 Cáculo RN X SN Origem todo o país ............................................. 72

Tabela 12 Cálculo SN X RN Origem Sul/Sudeste .......................................... 74

Tabela 13 Cálculo SN X RN Origem Norte/Nordeste..................................... 74

Tabela 14 Cálculo SN X RN Origem todo o país............................................ 74

Tabela 15 Cálculo SN X SN Origem Sul/Suldeste........................................... 75

Tabela16 Cálculo SN X SN Origem Norte/Nordeste ...................................... 76

Tabela 17 Cálculo SNX SN Origem todo o país ..............................................76

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CF: Constituição Federal

CGSN: Comitê Gestor do Simples Nacional

CI: Conteúdo de importação

CIDE´S: Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico

CONFAZ: Conselho Nacional de Política Fazendária

CST: Código de Situação Tributária

CTN: Código Tributário Nacional

DAE: Documento de Arrecadação Estadual

FCI: Ficha de Conteúdo de Importação

ICM: Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadoria

ICMS: Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação

de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação

IE: Imposto de Exportação

II: Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros

IN: Instrução Normativa

IPI: Imposto Sobre Produtos Industrializados

IPTR: Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural

IPPTU: Imposto Sobre a Propriedade Territorial Urbana

IPVA: Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

IPTU: Imposto Predial e Territorial Urbano

IRPF: Imposto de Renda de Pessoa Física

IRPJ: Imposto de Renda Pessoa Jurídica

ISSQN: Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza

ITBI: Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis

IVC: Instituto Verificador de Circulação

RS: Resolução do Senado

RN: Regime Normal

SN: Simples Nacional

UFIRCE´S: Unidade Fiscal de Referência

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 13 1.1 Problematização ............................................................................. 15 1.2 Objetivo ........................................................................................... 16 1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................. 16 1.2.2 Objetivo Específico ...................................................................... 16 1.3 Justificativa ..................................................................................... 17 1.4 Metodologia .................................................................................... 17 2 FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS...................................................... 18 2.1 Ordenamento Jurídico brasileiro ..................................................... 18 2.2 Tributo ............................................................................................. 21 2.2.1 Breve Histórico ............................................................................. 21 2.2.2 Conceito ....................................................................................... 22 2.2.3. Princípios Tributários ................................................................... 23 2.2.3.1 Princípio da Legalidade ............................................................. 23 2.2.3.2 Princípio da Anterioridade ......................................................... 24 2.2.3.3 Princípio da Igualdade ou Isonomia .......................................... 26 2.2.3.4 Princípio da Competência ......................................................... 27 2.2.3.5 Princípio da Capacidade Contributiva ....................................... 27 2.2.3.6 Princípio da Vedação ao Confisco ............................................ 28 2.2.3.7 Princípio da Liberdade de Tráfego ............................................ 29 2.2.4. Características Gerais .................................................................. 30 2.2.4.1 Competência ............................................................................. 30 2.2.4.2 Espécie ..................................................................................... 30 2.2.4.3 Vinculação com Atividade Estatal ............................................. 31 2.2.4.4 Função ...................................................................................... 31 2.3 Imposto ........................................................................................... 32 2.3.1 Classificação ................................................................................. 33 2.4. ICMS ............................................................................................... 34 2.4.1 Breve Histórico .............................................................................. 34 2.4.2 Características .............................................................................. 36 2.4.3 Competência ................................................................................. 37 2.4.4 Hipótese de Incidência .................................................................. 38 2.4.5 Fato Gerador ................................................................................. 39 2.4.6 Base de Cálculo ............................................................................ 40 2.4.7 Alíquotas ....................................................................................... 41 3 COBRANÇA DO ICMS NA FRONTEIRA.................................................. 42 3.1 Conceito .......................................................................................... 43 3.2 Breve Histórico ................................................................................ 43 3.3 Objetivo ........................................................................................... 43 3.4 Modalidades de Cobrança de ICMS ............................................... 44 3.5 ICMS Substituição Tributária .......................................................... 44 3.6 ICMS Carga Líquida ........................................................................ 46

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3.7 ICMS Diferencial de Alíquotas ........................................................ 49 3.8 ICMS Antecipado........................................................................... 51 3.8.1 Hipótese de Incidência ................................................................. 51 3.8.2 Fato Gerador ................................................................................ 52 3.8.3 Base de Cálculo ........................................................................... 53 3.8.4 Sistemática .................................................................................. 53 3.8.5 Impacto ICMS Antecipado ........................................................... 54 3.8.6 Forma de Pagamento .................................................................. 55 4 RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL Nº 13/2012 ................................ 56 4.1 Legislações Pertinentes .................................................................. 56 4.2 Incidência ........................................................................................ 60 4.3 Objetivo ........................................................................................... 61 4.4 Impactos No Ceará ......................................................................... 62 5 CASO PRÁTICO COMPARATIVO ........................................................... 63 5.1 Regime Normal x Regime Normal .................................................. 66 5.1.1 Características ............................................................................. 66 5.1.2 Desvantagens .............................................................................. 66 5.2 Regime Normal x Regime Simples Nacional .................................. 67 5.2.1 Características ............................................................................. 67 5.3.2 Desvantagens .............................................................................. 67 5.3 Regime Simples Nacional x Regime Normal .................................. 68 5.3.1 Características ............................................................................. 68 5.3.2 Desvantagens .............................................................................. 68 5.4 Regime Simples Nacional x Regime Simples Nacional.................. 69 5.4.1 Características ............................................................................. 69 5.4.2 Desvantagens .............................................................................. 70 5.5 Sistemática de Cálculo ..................................................................... 70 5.5.1 Cálculo Regime Normal x Regime Normal ................................... 70 5.5.2 Cálculo Regime Normal x Simples Nacional ................................ 72 5.5.3 Cálculo Simples Nacional x Regime Normal ................................ 74 5.5.4 Cálculo Simples Nacional x Simples Nacional ............................. 75 6 CONCLUSÃO ........................................................................................... 77 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 80

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271 INTRODUÇÃO

A tributação é, sem dúvida, o instrumento de que tem se valido a

economia capitalista para sobreviver. Em um cenário na qual a palavra de ordem do

Governo é aumentar a arrecadação, os Estados vêm se valendo da condição de

ente competente para tal, pois, sem os tributos os estados não poderiam realizar os

seus fins sociais.

O Brasil tem a maior carga tributária do mundo, relativamente ao retorno

para a sociedade, e um dos mais complexos sistemas tributário do planeta, isso

porque são muitos tributos com cálculos complexos e alíquotas altas.

O sistema tributário brasileiro é regido pela Constituição Federal de 1988

(arts. 145 a 162) e pelo Código Tributário Nacional (CTN), que foi instituído pela Lei

Nº 5.172, em 25 de Outubro de 1996, recepcionado pela atual Constituição Federal

no que não lhe for contrário.

Neste contexto, a Constituição Federal concedeu aos entes da Federação

União, Estados, Distrito Federal e Municípios competência tributária para instituir os

tributos que garantam sua própria sobrevivência.

Ao CTN, por sua vez, recepcionado com lei complementar, coube

estabelecer as regras gerais dos tributos.

Dentre os tributos do sistema tributário nacional, podemos citar o Imposto

sobre Circulação de Mercadoria e sobre Prestação de Serviços de Transporte

Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), o mais importante e o de

maior arrecadação dos Estados e do Distrito Federal, objeto de nosso trabalho.

O art. 3º do CTN assim define o tributo:

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. (CTN, art.3º).

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Em relação a imposto, entende-se este como um encargo financeiro,

atribuído ao contribuinte ou responsável, na condição de pessoa física ou jurídica, a

partir da concretização de uma hipótese de incidência prevista em lei, em favor de

determinado ente tributante.

Para se calcular o imposto, é necessário conhecer a sua base de cálculo,

sobre a qual deverá incidir a alíquota estabelecida pela legislação vigente.

No início, o ICMS era considerado um imposto arcaico e cobrado de

forma cumulativa, conhecido por Imposto sobre Vendas e Consignação (IVC), de

competência dos Estados Federados.

No ano de 1964, durante o Governo militar, o ICMS ganhou nova

nomenclatura, denominando-se “Imposto sobre Circulação de Mercadorias – ICM”,

passando a ser não cumulativo.

Por força da evolução econômica e tributária, o ICM sai de cena e entra

em seu lugar o ICMS, com a promulgação da Constituição Federal de 1988 (art. 155,

inciso II), de competência dos Estados e do Distrito Federal.

Tendo em vista a necessidade de estabelecer as regras gerais do ICMS,

é publicada a Lei Complementar Federal nº 87, de 13 de setembro de 1996,

denominada, popularmente, como “Lei Kandir”.

Logo em seguida, o Estado do Ceará editou a Lei nº 12.670, de 27 de

dezembro de 1996, instituindo o ICMS, que foi regulamentada pelo Decreto nº

24.569, de 31 de julho de 1997, em vigor até hoje, muito embora com inúmeras

alterações.

Ao longo do tempo o Estado do Ceará com objetivo de otimizar a

arrecadação dos impostos, identificou a necessidade de criar novas modalidades do

ICMS, surgindo assim, o que popularmente conhecemos como, Impostos de

Fronteira:

ICMS Antecipado;

ICMS Substituição Tributária;

ICMS Carga Líquida e

ICMS Diferencial de Alíquota

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Para o Estado do Ceará, a sistemática de cobrança do ICMS,

especialmente nas divisas com outros Estados, é uma importante ferramenta de

arrecadação e fiscalização. O ICMS ANTECIPADO será o objeto de estudo da

nossa pesquisa

Seu objetivo é diminuir a sonegação do ICMS e aumentar a receita,

garantindo o pagamento do imposto antes mesmo da ocorrência do seu fato

gerador.

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

O Brasil já é conhecido por sua elevada carga tributária, pois, além de

pesada e cara, é sempre crescente com a arrecadação batendo recordes

sucessivos.

Recentemente o Senado Federal publicou a Resolução nº 13/2012 que

estabelece alíquota de 4% de ICMS em operações interestaduais com bens e

mercadorias importadas do exterior do país.

Essa nova legislação tem por finalidade acabar em definitivo com a

“Guerra Fiscal” entre os portos, medida esta que, para acabar com uma guerra,

criou-se uma nova: a guerra pela sobrevivência na selva tributária.

Inicialmente, pode-se pensar que, em um país onde se sonha com uma

reforma tributária há tanto tempo, seria maravilhoso uma alíquota interestadual de

ICMS unificada e reduzida, mesmo que seja, apenas, para produtos importados.

Quando se pensa em redução de impostos, a alusão que fazemos é de

produtos mais acessíveis, em razão da redução da carga tributária.

Todavia, o que não se sabe é que muitos Estados fizeram uma verdadeira

engenharia tributária para não reduzir a arrecadação de ICMS, nada obstante a

redução da alíquota do ICMS nas operações interestaduais com mercadorias ou

bens importados.

O impacto dessa Resolução do Senado Federal para o contribuinte é

extremamente negativo, por resultar no aumento da carga tributária do ICMS

Antecipado.

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Sendo o ICMS um imposto “indireto”, este custo irá compor o preço de

venda da mercadoria ou bem, encarecendo-o em demasia para o consumidor final, o

que poderá inibir o consumo.

Não se pode esquecer, por outro lado, o impacto no fluxo de caixa das

empresas, em razão de o imposto ser recolhido nas divisas do Estado, antes mesmo

da ocorrência do fato gerador.

Diante desta mudança no aspecto tributário das empresas, surge o

seguinte questionamento que direciona a presente pesquisa: Quem vai pagar esta

conta e qual o seu valor e o verdadeiro impacto para o contribuinte?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo geral demonstrar a nova realidade

através de um caso prático comparativo do ICMS ANTECIPADO, após Resolução do

Senado Federal nº 13/20012.

1.2.2 Objetivos Específicos

Apresentar as definições dos vários elementos constitutivos do ICMS;

Analisar a legislação dos Impostos de Fronteira quanto à sua

sistemática e o aspecto legal e jurídico;

Apresentar a Resolução do Senado Federal Nº 13/2012 com base em

seu objetivo;

Demonstrar por meio de um caso prático comparativo o impacto desta

tributação sobre empresas do Regime Normal e do Simples Nacional.

1.3 JUSTIFICATIVA

O sistema tributário brasileiro é visto, por muitos profissionais da área

contábil, como um sistema extremamente complexo, de difícil compreensão e

operacionalização.

Entendendo a importância de conhecer os elementos constitutivos do

ICMS Antecipado, restringimos nosso estudo a esta sistemática de cobrança do

ICMS. Com o objetivo de demonstrar os impactos que este imposto acarreta aos

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contribuintes principalmente, devido as recentes mudanças no Cenário Tributário

Nacional.

Justifica-se a escolha deste tema por se tratar de um assunto de grande

relevância para a sociedade como um todo, e ser um tema que está passando por

recentes mudanças. Cabe então aprofundarmos o estudo acerca das mudanças

implementadas na sistemática do ICMS Antecipado.

1.4 METODOLOGIA

O presente trabalho será elaborado através de pesquisa bibliográfica e

estudo de caso.

Inicialmente, será realizada uma pesquisa bibliográfica na legislação

relativa ao ICMS com ênfase no ICMS Antecipado, englobando:

Pesquisas a documentos físicos (legislação pertinente ao assunto,

livros, textos, artigos, revistas, publicações, entre outros);

Pesquisa virtual com a utilização dos recursos disponíveis na internet

mediante consulta a sites relacionados ao assunto pesquisado.

Será realizado um caso prático comparativo entre o Regime Normal e o

Regime do Simples Nacional.

O modelo esquemático do trabalho consiste na disposição dos assuntos

em seis capítulos, os quais tentarão expor, de forma sequenciada, as principais

questões tributárias referentes a essas distintas cobranças do ICMS.

O capítulo inicial terá introdução sobre o trabalho onde será apresentado

a problemática que envolve o tema em questão além, do objetivo geral e específico

que serão usados como base na construção deste trabalho.

No segundo capítulo será realizada uma explanação a cerca dos

elementos constitutivos do ICMS, desde a Constituição Federal até a Lei Kandir e

demais legislações pertinentes ao assunto.

Na sequencia, ira se analisar a legislação do ICMS relativa à cobrança do

imposto nas divisas do Estado do Ceará, considerando a sua sistemática e o seu

aspecto legal, com ênfase no ICMS Antecipado.

No quarto capítulo, nossa explanação terá como base a Resolução do

Senado Federal nº 13/2012 e principalmente, o impacto que acarretará aos

contribuintes deste estado.

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No quinto capítulo apresentar-se-á um caso prático comparativo entre o

Regime Normal e o Regime do Simples Nacional.

Ao final do trabalho terá as considerações finais sobre o tema, às

referências bibliográficas.

Esperamos que nossa pesquisa sirva de base para entendimento à

sistemática do ICMS Antecipado e que os dados apresentados neste trabalho

demonstrem de forma clara os impactos do ICMS Antecipado após a Resolução do

Senado Federal.

2 FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS

2.1 Ordenamento Jurídico Brasileiro

O sistema tributário nacional surgiu da necessidade do país de se

fortalecer enquanto federação.

No Brasil, o ordenamento jurídico tributário é constituído, no seu ápice,

pela Constituição Federal, que contém todos os princípios jurídicos tributários em

seu art. 150, além de outros previstos na legislação.

O processo legislativo brasileiro, previsto nos arts. 59 a 69 da

Constituição Federal compreende a elaboração de emendas à Constituição, Leis

Complementares, Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Decretos Legislativos e

Resoluções.

Não se pode confundir o Código Tributário Nacional com leis e

legislações. São normas distintas, sendo de grande importância saber a distinção

entre elas, para uma correta interpretação do CTN, que passou a ser uma

ferramenta importante na manutenção do ordenamento jurídico-tributário brasileiro.

Segundo Machado (2008, pag.15):

No CTN a palavra Lei é utilizada em seu sentido restrito, significando regra jurídica de caráter geral e abstrata, emanada do Poder ao qual a CF atribui competência para elaboração das leis. Já a palavra legislação significa lei em sentido amplo, abrangendo além das leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertencentes.

A Constituição Federal informa os princípios ou as regras a seguir. O CTN

trata das normas gerais, e a lei ordinária, como norma, viabiliza tais princípios e

regras, estabelecendo detalhadamente as obrigações e os direitos do contribuinte.

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Como é sabido por todos a, existência da hierarquia formal das leis é algo

inquestionável, conforme demonstrado no quadro 1.

ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Norma fundamental

Ato normativo inicial

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL

EMENDAS À CONSTITUIÇÃO

Atos normativos derivados

Disciplinador

CONFAZ

LEI COMPLEMENTAR

LEIS ORDINÁRIAS

Atos normativos primários gerais

Conciliador dos Estados

MEDIDAS PROVISÓRIAS

Inovam a ordem jurídica

LEIS DELEGADAS

DECRETOS LEGISLATIVOS Atos normativos primários particulares

RESOLUÇÕES

Não inovam a ordem jurídica

DECRETOS Atos normativos secundários

REGULAMENTOS

INSTRUÇÕES MINISTERIAIS

PORTARIAS

INSTRUÇÕES

SECRETARIAIS Atos normativos em sentido estrito

Subordinados aos decretos

CIRCULARES

ORDEM DE SERVIÇO

Quadro 1. Ordenamento Jurídico Brasileiro.

Fonte: Cassone (2008, pag.21).

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No Ordenamento Jurídico Brasileiro não se pode deixar de citar o

Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ).

O CONFAZ é formado pelos Secretários da Fazenda de cada Estado e

Distrito Federal e um representante do Governo Federal. O CONFAZ foi criado com

o intuito de promover harmonização entre os Estados que vivem em constates

guerras fiscais.

Compete, ainda, ao CONFAZ celebrar convênios para concessão de

benefícios e incentivos fiscais, conforme previsto art. 155, 2º, inciso XII, alínea “g”,

da CF, de forma que nenhum Estado leve vantagem sobre os demais.

2.2 Tributo

2.2.1 Breve Histórico

O primeiro conceito de tributo no mundo vem desde a era medieval.

Nessa época os homens homenageavam seus Deuses e líderes com presentes, a

que davam o nome de tributos.

Depois com o surgimento de guerras motivadas pela ambição do homem

por terra, os reis passaram a exigir tributo da população para manter seus exércitos.

Foi, então, que o tributo deixou de ser presente aos Deuses e passou a ser uma

imposição. Informações do site da Receita Federal.

A origem da cobrança de tributo no Brasil iniciou desde sua colonização

por Portugal. Nesse período surge, o "quinto do pau-brasil".

A exploração da árvore nativa brasileira deu origem à cobrança de tributo

no Brasil em virtude da exploração do pau-brasil. A partir de então, uma sucessão

de novos tributos foram, aos poucos, sendo instituídos.

Os impostos acompanham o desenvolvimento da sociedade humana

organizada. Foi assim que surgiu a Carta Magna em 1215, depois de Ricardo

Coração de Leão, da Inglaterra, guerrear contra João Sem Terra para recuperar seu

trono.

O povo exigiu que o rei assinasse um documento que os protegesse da

cobrança abusiva de tributos. A carta Magna tem uma grande importância histórica

porque foi à primeira limitação legal ao poder dos reis de cobrar tributos,

favorecendo, assim, a sociedade.

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E não para por aí. A população começa a tomar consciência dos abusos

que sofrem por parte de seus líderes e clamam por leis escritas e mais justas.

Chegamos então à República, atual modelo de governo adotado no Brasil e, nesse

contexto, temos o atual Sistema Tributário Nacional, extremamente complexo,

engenhoso, contraditório e com carga tributária pesada.

2.2.2 Conceito

Segundo Cassone (2008, pag.6) tributo é certa quantia em dinheiro que

os contribuintes são obrigados a pagar ao Estado (União, Estados, Distrito Federal e

Municípios) quando praticarem certos fatos geradores previstos na lei tributária.

A definição de tributo também está prevista no CTN em seu art. 3º,

vejamos:

Art.3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Cada trecho deste conceito de tributo pode ser interpretado da seguinte

forma:

Toda prestação pecuniária: prestação pecuniária é aquela que

resulte pagamento em dinheiro, não existindo mais a figura do pagamento em

serviços ou bens;

Compulsória: o recolhimento do tributo existe independente da

vontade do sujeito passivo;

Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: o estado busca

assegurar na lei que o recolhimento seja realizado em moeda corrente;

Que não constitua sansão de ato ilícito: a hipótese de incidência do

o tributo é um fato lícito;

Instituída em Lei: nenhum tributo será exigido sem que tenha lei

específica que o estabeleça;

Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada:

a autoridade competente deverá realizar a cobrança por meio de um corpo

administrativo.

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O tributo nada mais é, do que a quantia em dinheiro que será recolhida

aos cofres públicos após a prática do fato gerador definido em lei, este valor será

destinado aos gastos públicos.

2.2.3 Princípios tributários

Os princípios tributários advêm, principalmente, da Constituição Federa

em seu art. 150 e são determinantes para aplicação do Direito Tributário, visto que

orientam a direção na qual deve seguir o legislador, quando da instituição dos

tributos, bem como o aplicador do Direito Tributário, na condição de intérprete das

normas tributárias.

A instituição e cobrança dos tributos devem se basear nos princípios do

Direito Tributário. Os princípios se complementam entre si e atuam, geralmente, em

defesa do contribuinte contra o Estado, para evitar abusos na arrecadação dos entes

tributantes, sob pena de caracterizar o confisco.

Segundo Machado (2008, pag.33), “ tais princípios existem para proteger

o cidadão contra os abusos do Poder. Em face do elemento teológico, portanto, o

intérprete, que tem consciência dessa finalidade, busca por meio dos princípios, a

afetiva proteção do contribuinte”.

Destacam-se como os princípios mais importantes:

Princípio da Legalidade;

Princípio da Anterioridade;

Princípio da Isonomia;

Princípio da Competência;

Princípio da Capacidade Contributiva;

Princípio da Vedação do confisco;

Princípio da Liberdade de Tráfego.

2.2.3.1 Princípio da Legalidade

O princípio da legalidade consiste na garantia de que nenhum tributo será

cobrado ou instituído a não ser por força da lei. Ou seja, ninguém é obrigado a pagar

algo que não esteja expresso na lei, conforme art. 150, inciso I, da Constituição

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Federal, que estabelece ser “vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça".

Para Machado (2008, pag.34) “criar tributo é estabelecer todos os

elementos de que necessita para saber qual é a situação de fato que faz nascer o

dever de pagar esse tributo, qual é o seu valor, quem deve pagar, quando e a quem

deve ser pago. A rigor, o que a lei deve prever não é apenas a hipótese de

incidência, em todos os seus aspectos. Deve estabelecer tudo quanto seja

necessário para à existência da relação obrigacional tributária”.

Na própria Constituição Federal se verificam algumas exceções em

relação ao princípio da legalidade, como, por exemplo, a possibilidade de a União

alterar as alíquotas dos impostos sobre exportação (IE), de importação (II), sobre

produtos industrializados (IPI) e sobre operações financeiras (IOF) por meio de

decreto. Segundo Hugo de Brito essa prática evidencia verdadeiro absurdo:

Realmente, é induvidoso que, se somente lei pode criar, somente a lei pode aumentar, a não ser nas hipóteses ressalvadas pela própria constituição. Admitir, fora dessas hipóteses, que o tributo pode ser aumentado por norma inferior é admitir que essa norma inferior modificasse o que em lei foi

estabelecido. (2008, p.3).

Dessa forma não se pode permitir que a Administração Pública tenha total

liberdade na criação e aumento dos tributos, seria um risco aos cidadãos. Dessa

forma, os princípios estão presentes para garantir essa segurança, no sentido de

não permitir que ocorram excessos pelo Poder Público. No Brasil, este princípio é

uma ferramenta importante para limitar o poder dos governantes.

2.2.3.2 Princípio da Anterioridade

O princípio da Anterioridade estabelece a segurança jurídica na relação

tributária, uma vez que o Estado não pode cobrar tributo no mesmo exercício

financeiro em que haja sido instituído ou aumento. Sendo assim o Estado somente

pode alterar ou iniciar cobrança, no início do exercício subsequente ao da

publicação da lei instituidora de tributos.

De acordo com esse princípio, a lei que cria ou aumenta determinado

tributo, ao entrar em vigor, fica com sua eficácia suspensa até o início do próximo

exercício financeiro, quando, só então, produzirá todos os seus efeitos próprios.

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Assim, se um tributo tiver sua alíquota aumentada no mês de Junho de

2013, só poderá ser cobrado com a nova alíquota a partir de janeiro de 2014.

Todavia, como sabemos, todo preceito legal é seguido de uma exceção. Acredito, no

entanto, que, no Brasil, existem mais exceções do que regras.

E não poderia ser diferente com o princípio da Anterioridade que

comporta algumas exceções que podem ser cobrados no mesmo exercício

financeiro em que foram instituídos ou aumentados às quais podem ser encontradas

no parágrafo 1.º do artigo 150 da Magna Carta, a seguir:

Imposto sobre a importação (artigo 153, inciso I, da Constituição Federal); Imposto sobre a exportação (artigo 153, inciso II, da Constituição Federal); Imposto sobre produtos industrializados (artigo 153, inciso IV, da Constituição Federal), este está sujeito à exigência de 90 dias; Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro (artigo 153, inciso V, da Constituição Federal); Imposto extraordinário lançado por motivo de guerra (artigo 154, inciso II, da Constituição Federal).

O princípio da anterioridade revela-se, na prática, bastante frágil, porque

nada impede que ocorra a publicação da lei aumentando um tributo no dia 31 de

dezembro e a cobrança já afete o dia 1º de janeiro do ano, e exercício, seguinte.

Exemplo típico foi o que ocorreu no Estado do Ceará com os produtos de

informática. O Decreto publicado no dia 28 de novembro de 2012 já instituía nova

tributação a partir de 1º de dezembro de 2012, isto é, no mesmo exercício financeiro,

caracterizando o não cumprimento do princípio da anterioridade.

O objetivo do princípio da anterioridade é garantir que o contribuinte não

seja tomado de surpresa pelo fisco, visando, por outro lado, a possibilidade de

preparação do ente tributante para a correta cobrança do tributo.

Dizia Sabbag (2007, pag.23):

A verdadeira lógica do princípio da anterioridade é preservar a segurança jurídica, postulado doutrinário que irradia efeitos a todos os ramos do Direito, quando o assunto é anterioridade tributária.

Por esse motivo, a Emenda Constitucional n. 42, de 2003, acrescentou a

seguinte alínea “c” ao inciso III do art. 150 da Constituição: "(é vedado cobrar

tributos) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei

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que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b". É conhecido como

Princípio da Noventena.

2.2.3.3 Princípio da Igualdade ou Isonomia

A lei, em princípio, não deve dar tratamento desigual a contribuintes que

se encontre em situação equivalente (CF, art. 150, II). A União, Estados, Distrito

Federal e Municípios não poderá instituir tratamento tributário desigual entre

contribuintes que se encontrem na mesma situação. Todos são iguais perante a lei.

Esse princípio busca evitar perseguições e favoritismos.

A Constituição Federal afirma em seu art. 5º que: "todos são iguais

perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza...", sendo assim a igualdade

tributária é uma confirmação de um princípio constitucional básico onde todos são

iguais perante a lei.

Os legisladores não poderão tratar os iguais de forma desigual, mais trata

os desiguais de forma igual. Quando uma pessoa rica compra um quilo de arroz ela

paga a mesma carga tributária de ICMS que paga o assalariado ao comprar o

mesmo arroz. Nesse contexto, obviamente, essas pessoas não estão em situações

econômicas equivalentes.

Opinião semelhante tem Machado (2008, pag39) quando diz:

O princípio da igualdade, numa visão formalista e dirigido, apenas ao aplicador da lei, pode significar apenas caráter hipotético da norma, a dizer que, realizada a hipótese normativa, a consequência deve ser igual, sem qualquer distinção decorrente de quem seja a pessoa envolvida.

Ou seja, Machado confirma que o exemplo do quilo de arroz retrata bem a

realidade, sendo submetidas à mesma carga tributária, pessoas de situação

econômicas nada equivalentes.

2.2.3.4 Princípio da Competência

O princípio da Competência tributária, segundo palavras de Hugo de Brito

Machado, “é aquele pelo qual a entidade tributante há de restringir sua atividade

tributacional àquela matéria que lhe foi constitucionalmente destinada”.

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Nesse contexto, cada ente tributante deve usar de forma coesa o poder

que lhe fora concedido, sem fugir das determinações da Constituição Federal,

atuando dentro dos limites que lhe foi determinada e sobre os aspectos que lhe foi

permitido atuar.

A Constituição Federal é muito clara em seu art. 145 quando estabelece

os poderes a União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,

determinando seus poderes de atuação. Já em seu art. 150 estabelece as limitações

dos mesmos entes tributantes. O princípio da competência deve ser praticado sem

exceções com base na Constituição Federal.

Todavia, é permitido que um ente tributante arrecade e fiscalize o tributo

de outro, este último detentor da competência para sua instituição.

É o que ocorre, por exemplo, com o Imposto sobre a Propriedade

Territorial Rural (ITR), de competência da União, esta, poderá delegar ao Estado ou

ao Município a cobrança e fiscalização do referido imposto.

No Brasil o sistema tributário é rígido e complexo mais, vale ressaltar que

não somos muito cumpridores de leis. Tal circunstância permite, muitas vezes, que

os entes tributantes atuem à margem das leis e os dos princípios tributários,

principalmente no que diz respeito às respectivas competências tributárias.

2.2.3.5 Princípio da Capacidade Contributiva

A Constituição Federal estabeleceu o principio da capacidade Contributiva

no art. 145, parágrafo 1º, e diz que: “Sempre que possível, os impostos terão caráter

pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte,

facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses

objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o

patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte”.

O texto da constituição estabelece que sempre que possível, os impostos

terão caráter pessoal e serão cobrados levando em consideração a capacidade

econômica do contribuinte.

Para Machado (2008, pag.40), “é certo que a expressão “sempre que

possível”, utilizada no início do mencionado dispositivo, pode levar o intérprete ao

entendimento segundo o qual o princípio da capacidade contributiva somente será

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observado quando possível. Porém, seja a melhor interpretação, porque sempre é

possível a observância do referido princípio. Sempre que possível, diz respeito

apenas ao caráter pessoal dos tributos, pois na verdade nem sempre é

tecnicamente possível um tributo ter caráter pessoal”.

Nessas palavras Machado explica sucintamente o que de fato é a mais

correta interpretação, pois o princípio deve ser analisado levando em consideração o

tributo. É o que acontece com o ICMS no exemplo do arroz, por mais que o

legislador queira levar em consideração o imposto, sendo ele impessoal e indireto,

não existe tal possibilidade.

Pode-se observa a aplicabilidade deste princípio na cobrança de alguns

impostos que se utiliza de alíquota progressiva. Como Imposto de Renda, o Imposto

sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana e o Imposto sobre a Propriedade

Territorial Rural.

2.2.3.6 Princípio da Vedação ao Confisco

O princípio da Vedação ao Confisco tem por finalidade a razoabilidade,

para que o fisco não faça cobrança excessiva. Este princípio da vedação ao confisco

também se aplica às multas e tem como exceção os impostos extrafiscais, pois

estes poderão ter a função de regular a economia.

Pode-se dizer que tributo com efeito de confisco, é aquele que é tão

oneroso ao contribuinte a ponto de retirar o bem da posse do sujeito passivo. Isto é

vedado pela Constituição Federal no art. art. 150, inciso IV. Por esse motivo, faz-se

necessário que o tributo seja razoável:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

Por isso se faz necessário conhecer a diferença entre “efeito de confisco”

e “confisco”. Sobre essa diferença, Cassone (2008, pag.122) manifesta-se:

Efeito de confisco não se confunde com confisco. Isto quer dizer que, toda vez que a tributação afeta, seriamente, uma atividade, através de uma tributação elevada, ou de uma penalidade pecuniária elevada, o efeito de confisco se caracterizará, implicando em inconstitucionalidade. E via de consequência, se toda a “renda” for tomada pela tributação, vai-se além do efeito de confisco” para chagar-se ao próprio confisco.

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Percebe-se que não é fácil diferenciar confisco, de efeito de confisco, o

que requer uma análise ampla do contexto, não apenas de um tributo, e sim tido o

sistema tributário.

2.2.3.7 Princípio da Liberdade de Tráfego

O princípio da Liberdade de Tráfego tem por finalidade garantir ao

cidadão o direito de ir e vir, uma vez que a Lei tributária não pode limitar o tráfego

interestadual ou intermunicipal de pessoas ou bens conforme definido no art. 150,

inciso V, da Constituição Federal, e art. 9º, inciso III, do CTN.

Constituição federal:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvado a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;

Código Tributário nacional:

Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional, de pessoas ou mercadorias, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais;

Tem-se como exceção à regra a cobrança de pedágio de via conservada

pelo poder público, restringindo-se a passagem do veículo, por aquela via, se não for

pago o pedágio.

2.2.4 Características Gerais

A classificação dos tributos advém na Constituição Federal e se

classificam em várias categorias, para melhor distinção entre os tributos.

2.2.4.1 Competência

. A competência tributária é indelegável e pode ser em âmbito Federal,

Estadual, Distrital e Municipal.

O CTN em seus arts. 6º e 7º, assim determina:

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Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei. Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.

A Constituição Federal como legislação soberana estabelece em seu

artigo 145, quais tributos a União o Estado o Distrito Federal e os Municípios podem

instituir e afirma que tais entes, não podem instituir algo diferente do que esteja

expresso na Lei.

Ainda na CF no artigo 150, fica determinado o que não compete a União,

Estado, Distrito Federal e Municípios ficando claro o limite de cada ente tributante.

2.2.4.2 Espécie

O Código Tributário Nacional em seu art.5º, define que às espécies de

tributos são: impostos, taxas e contribuições de melhoria. As espécies de tributo se

diferenciam pela base de cálculo.

Impostos: entende-se por imposto quantia em dinheiro que deve ser

paga ao ente quando da ocorrência de um determinado fato gerador, sem qualquer

contrapartida do ente tributante. Ex: ICMS.

Taxas: entende-se por taxa a quantia paga em razão de realização de

serviço público. Ex: Iluminação Pública.

Contribuições de Melhoria: entende-se por contribuição de melhoria o

valor devido ao ente tributante em decorrência de realização de obra publica que

acarrete valorização de um imóvel.

Existem ainda as contribuições especiais, a saber:

Contribuições sociais: entende-se por contribuições sociais os tributos

direcionados à manutenção da seguridade social.

Contribuições parafiscais: entende-se por contribuições parafiscais

aquelas destinadas exclusivamente a entidades para-estatais, que desenvolvam

atividades relacionadas com o bem estar social.

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Contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE’s): entende-

se por CIDE’s os tributos destinados a manutenção da ordem econômica.

Empréstimo Compulsório: entende-se por empréstimo compulsório

quando o estado toma de forma compulsória dinheiro, com a promessa de posterior

devolução.

2.2.4.3 Vinculação com Atividade Estatal

Os tributos em relação à atividade estatal dividem-se em: vinculados e

não vinculados. Os vinculados são as taxas, as contribuições de melhoria, as

contribuições sociais, e os nãos vinculados são os impostos.

Um tributo pode ser considerado vinculado quando a incidência do

imposto depende da contraprestação do ente tributante.

No caso de tributo não vinculado, sua incidência independe totalmente de

uma contraprestação do ente tributante. É o caso do imposto.

O ICMS, por exemplo, para que seja devido é necessário apenas que

ocorra a circulação de mercadoria e tal fato independe da vontade ou ação do ente

tributante.

2.2.4.4 Função

A função dos tributos é garantir a receita do Estado através da

arrecadação, para que este possa garantir o bem comum da sociedade.

Quanto à função pode-se dizer que os tributos classificam-se em: fiscais,

extrafiscais e parafiscais.

Fiscais: os tributos assumem a função fiscal quando sua arrecadação

tem objetivo de arrecadar recursos para o Estado. Podemos citar como exemplo o

ICMS.

Extrafiscais: os tributos assumem a função extrafiscal quando além da

arrecadação, seu objetivo é, também, interferir de alguma forma na economia.

Podemos citar como exemplo a alíquota interestadual de ICMS 4% para produtos de

origem estrangeira.

Parafiscais: os tributos assumem a função parafiscal quando sua

arrecadação tem o objetivo de custear despesas do ente tributante diferentes do seu

objetivo principal.

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No sistema tributário brasileiro cada tributo tem sua função especifica,

cabe ao legislador seguir com as especificações estabelecidas na Constituição

Federal.

2.3 Imposto

O imposto é uma das espécies do gênero tributo e podemos afirmar que

ele está por toda a parte e incide sobre as mais variadas práticas no cotidiano da

sociedade, diferenciando-se pelo fato gerador, característica de cada um dos

impostos. Pagamos imposto ao ascender à luz (ICMS, decorrente do consumo de

energia elétrica), ao comprar um imóvel (ITBI municipal), ser proprietário de um

automóvel (IPVA).

Os impostos são freqüentemente divididos em diretos e indiretos.

O ICMS é um imposto indireto, repassado ao contribuinte através do

custo do produto e está embutido no preço de venda das mercadorias e prestações.

Ou seja, o consumidor final é o contribuinte de fato: aquele que suporta o ônus do

imposto, também denominado de sujeito passivo indireto.

O Código Tributário Nacional traz o seguinte conceito de imposto no seu

art. 16, vejamos a redação:

Art.16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

Pode-se dizer que Imposto é a uma imposição de um encargo financeiro

sobre o contribuinte, seja ela pessoa física ou jurídica, por um ente tributante a partir

da ocorrência do fato gerador previsto na norma tributária, calculado mediante a

aplicação de uma alíquota sobre uma base de cálculo definida em Lei.

Segundo Machado (2008, pag.297),

O art.17 do CTN diz que os impostos competentes do sistema tributário nacional são exclusivamente aqueles previstos em seu Capítulo III, com as competências e limitações ali estipulados. Ocorre que a vigente Constituição previu a instituição de novos impostos, além de atribuir à União a denominada competência residual. Assim, resta sem validade essa norma do Código Tributário Nacional.

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Surgem então “brechas” na lei que permite aos entes tributantes a criação

de novas modalidades de impostos. Exemplo disso são as cobranças do ICMS

quando da entrada de mercadorias ou bens no território do estado do Ceará.

Cada estado dentro da sua sistemática define regras próprias para conduzir

o ICMS, e sua arrecadação tomando como base o preceito definido pelo art. 150 da

Constituição Federal.

2.3.1 Classificação

Os impostos, por terem características diferentes dos demais tributos,

possuem diversas classificações doutrinárias, com a finalidade de facilitar o estudo

deste tributo. A classificação conforme Cassionne (2008, p. 120) se dá da seguinte

maneira:

Imposto pessoal: é o imposto que leva em consideração as condições

financeiras de cada contribuinte. Exemplo: IRPF.

Imposto real: tem incidência sobre o patrimônio do contribuinte

exemplo: IPTU.

Imposto direto: é o imposto onde o contribuinte e quem de fato

suporta o ônus do imposto exemplo: IRPJ.

Imposto indireto: o imposto indireto existe a figura de duas pessoas o

contribuinte de direito, ou seja, quem é responsável pelo pagamento junto ao fisco

denominado de sujeito passivo direto e sujeito passivo indireto, aquele que suporta o

ônus do imposto por lhe terá sido transferido, exemplo: ICMS.

Imposto proporcional: é aquele que possui alíquota única a ser

cobrado sobre o valor a tributar, exemplo: ISSQN.

Imposto progressivo: é aquele em que sua alíquota vai variar

conforme a base tributável do imposto, exemplo: IRPJ e o Simples Nacional.

Imposto fixo: é aquele em que seu valor já é pré-definido sem levar

em consideração alíquota ou base tributável, exemplo: Pauta fiscal incidente sobre

açúcar no estado do Ceará.

Imposto monofásico: é um imposto que terá única incidência.

Imposto plurifásico: é o imposto que incide em várias operações

distintas até chegar ao consumidor final, exemplo: ICMS.

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Imposto cumulativo: é o imposto que incide em cada operação sem

haver qualquer compensação de crédito ou débito com a operação anterior,

exemplo: ISSQN.

Imposto não cumulativo: é o imposto a que a norma prevê

compensação, abatimento ou dedução do valor do tributo pago ou devido na

operação anterior, exemplo: ICMS.

Segundo Machado (2008, pag.66) os impostos ainda tem outro tipo de

classificação, que leva em consideração a natureza econômica de cada fato gerador

e presente no CTN e se dividem em quatro grupos: Imposto sobre comércio exterior,

Imposto sobre patrimônio e renda, Imposto sobre a produção e a circulação,

Impostos especiais.

2.4 ICMS

2.4.1 Breve Histórico

O ICMS quando fora instituído era cobrado de forma cumulativa e

conhecido como Imposto sobre Vendas e Consignação dos Estados Federados

(IVC). Neste período o imposto tinha incidência apenas sobre bens e mercadorias e

as alíquotas eram unificadas para todo o país.

Durante o período militar em 1964 o imposto ganhou nova nomenclatura,

Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM) e adotou a sistemática da não

cumulatividade, com o objetivo de aumentar as atividades econômicas e por

consequência a arrecadação dos Estados.

Em um cenário de evolução, o ICM sai de cena em 1988 para dar lugar

ao ICMS, instituído pela Lei 12.670 de 1996 com fundamento no art.155, inciso II, da

Constituição Federal. O surgimento do “S” se deve pelo fato de que o imposto a

partir desta data passa a ter incidência também sobre prestação de serviço de

transporte interestadual e intermunicipal, de comunicação e energia elétrica.

Neste momento o ICMS adquiriu maior abrangência e os Estados passam

a ter autonomia legislativa limitada ao que está previsto na CF em seu art.150. Em

1996 com a necessidade de disciplinar o ICMS surge a Lei Complementar 87,

popularmente, denominada, como Lei Kandir.

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Logo em seguida o estado do Ceará regulamenta o ICMS através do Decreto

24.569/97, em vigor até hoje, muito embora com inúmeras alterações.

Surgiram então por todo o país, 27 legislações distintas, disciplinando o

mesmo imposto, com isso vieram diversas alíquotas, regras de redução da base de

cálculo, regimes especiais de tributação e margem para diferentes interpretações da

legislação.

Neste contexto que surgi à modalidade dos Impostos de Fronteira, que

deram origem a cobrança do ICMS ANTECIPADO no Estado do Ceará.

Vale ressaltar que cada Estado estabelece sua nomenclatura quando se

trata de cobrança na fronteira.

O quadro abaixo demonstra de forma resumida, a evolução histórica do

ICMS.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ICMS

PERÍODO NOMENCLATURA SIGLA CARACTERÍSTICA

Em surgiu 1934 com base na Constituição

Federal de 34

Imposto sobre Vendas e Consignações

IVC Possuía natureza mercantil

e sua incidência era em cascata

Já em 1965 com base na Emenda

Constitucional Nº 18 de 1965

Imposto sobre Circulação de Mercadoria

ICM Não cumulativo, surgiu

apuração de ICMS (crédito x débito)

Em 1988 com base na Constituição Federal de 1988

Imposto sobre circulação de Mercadoria e Serviço de

Transporte Interestadual e Intermunicipal de Comunicação e

Energia Elétrica

ICMS

Surgiu o "S" com a expansão da incidência

sobre os serviços de transporte

Quadro 2. Evolução Histórica do ICMS. Fonte: Próprio autor.

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2.4.2 Características

O ICMS é um imposto complexo com uma legislação estadual muito

ampla, que possui muitas exceções e regras específicas por produtos e ramos de

atividades. As características deste imposto são:

ICMS é instituído por Lei;

É um imposto administrado pelos Estados e Distrito Federal;

É um imposto indireto e plurifásico;

Não cumulativo;

Sua função é predominantemente fiscal;

O fato gerador é a circulação de mercadoria ou a prestação de serviço

de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação;

A base de cálculo é o total da operação/prestação somados a encargos

transferidos ao adquirente;

As alíquotas praticadas são definidas em lei federal.

2.4.3 Competência

Cabe aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre o ICMS, nos termos

do art. 155, parágrafo 2º, da Constituição Federal, e da Lei Complementar nº

87/1996, que estabeleceu as regras gerais do imposto.

Com isso, restam preservados os interesses dos entes tributantes e

observadas as garantias e os direitos dos contribuintes (art. 150 da Constituição

Federal). O primeiro, na qualidade de representante da sociedade, captando os

recursos imprescindíveis a essa mesma sociedade. E o segundo, na qualidade de

membro participativo desta sociedade.

Aliás, o art. 9º do Código Tributário Nacional, recepcionado pela

Constituição Federal naquilo que não a contrarie, reproduz os princípios mais

relevantes da tributação:

Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado, quanto à majoração, o disposto nos artigos 21, 26 e 65; II - cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em lei posterior à data inicial do exercício financeiro a que corresponda; III - estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional, de pessoas ou mercadorias, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais; IV - cobrar imposto sobre:

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a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo; d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros. § 1º O disposto no inciso IV não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros. § 2º O disposto na alínea a do inciso IV aplica-se, exclusivamente, aos serviços próprios das pessoas jurídicas de direito público a que se refere este artigo, e inerentes aos seus objetivos.

Na redação do art. 9º fica clara a preocupação do legislador quando

define as limitações da competência tributária, já previstas como acima

demonstrado, no art. 150 da Constituição Federal.

2.4.4 Hipótese de Incidência

Entende-se por hipótese de incidência a descrição legislativa de um fato

tributário, cuja sua ocorrência, a Lei atribui força jurídica de determinar o nascimento

de uma obrigação tributária principal, onde o sujeito passivo será responsável pelo

pagamento do imposto. Ocorrido então o fato tributário enquadrado numa das

hipóteses legais de incidência do ICMS, ele passa a ser chamado de fato gerador do

ICMS.

Portanto, a hipótese de incidência é a previsão abstrata do fato que

ocorrendo, enseja na cobrança do imposto.

Será visto adiante que existe uma clara divergência entre o que

estabelece a Lei Kandir e o Regulamento do ICMS do estado do Ceará, que se

refere justamente ao ICMS ANTECIPADO.

A lei Kandir, em seu art. 2º, lista, de forma taxativa e exaustiva, todas as

hipóteses de incidência do ICMS. O Decreto 24.569/97, também em seu art. 2º, lista

as hipóteses de incidências determinadas pelo Estado do Ceará, que traz o seguinte

trecho, não presente na Lei Kandir:

Art. 2º - São hipóteses de incidência do ICMS: V - a entrada, neste Estado, decorrente de operação interestadual, de: a) mercadoria sujeita ao regime de pagamento antecipado do ICMS;

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b) serviços, mercadorias ou bens destinados a contribuintes do ICMS, para serem utilizados, consumidos ou incorporados ao ativo permanente;

Entende-se por hipótese de incidência a descrição legislativa de um fato

tributário, cuja sua ocorrência, a Lei atribui força jurídica de determinar o nascimento

de uma obrigação tributária principal, onde o sujeito passivo será responsável pelo

pagamento do imposto. Ocorrido então o fato tributário enquadrado numa das

hipóteses legais de incidência do ICMS, ele passa a ser chamado de fato gerador do

ICMS.

Portanto, a hipótese de incidência é a previsão abstrata do fato que

ocorrendo, enseja na cobrança do imposto.

Será visto adiante que existe uma clara divergência entre o que

estabelece a Lei Kandir e o Regulamento do ICMS do estado do Ceará, que se

refere justamente ao ICMS ANTECIPADO.

A lei Kandir, em seu art. 2º, lista, de forma taxativa e exaustiva, todas as

hipóteses de incidência do ICMS. O Decreto 24.569/97, também em seu art. 2º, lista

as hipóteses de incidências determinadas pelo Estado do Ceará, que traz o seguinte

trecho, não presente na Lei Kandir:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: V – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvado a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;

Com efeito, na medida em que o Fisco cearense, por ocasião da entrada

de mercadoria oriunda de outro Estado, destinada a contribuinte do Estado do

Ceará, para fins de revenda, exige o pagamento do ICMS Antecipado, cuja hipótese

de incidência não está prevista na Lei Kandir, está se ferindo de morte a Lei Kandir.

2.4.5 Fato Gerador

Fato gerador é o momento no qual nasce a obrigação principal que enseja

no pagamento do tributo. Está matéria está definida na Lei Complementar 87 de

1996, conhecida como Lei Kandir que estabelece regras gerais aplicáveis ao ICMS

por todos os estados e Distrito Federal.

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Para Maria Helena Diniz(1998, pag.520), fato gerador é:

Aquele que determina a obrigação jurídica de pagar tributo, abrangendo, para alguns autores, tanto a descrição do fato que dá origem à relação-tributária como o evento fático que se opera, num dado momento, no contexto do mundo físico-social. É, portanto, a situação fática descrita in abstrato na norma, cuja ocorrência in concreto vem a determinar, num dado momento, o surgimento da obrigação tributária.

Portanto, ocorrência dos fatos se refere na verdade ao fato gerador do

ICMS conforme art.3º do Decreto 24.569/97 e pode-se dizer que a incidência do

imposto independe da validade jurídica dos contratos firmados, do cumprimento de

quaisquer exigências legais e do resultado econômico obtido pela empresa.

2.4.6 Base de Cálculo

Base cálculo é o montante sobre o qual se aplica a alíquota para calcular

a quantia a recolher de imposto. A base de cálculo do ICMS praticada pelo Estado

do Ceará está prevista no art. 13 da CF e no art. 25 do Decreto 24.569/97.

A regra geral da base de cálculo é:

Em se tratando de operações com mercadorias ou bens, será

considerado o valor da operação defina entre vendedor e comprador. Acrescenta-se

ao valor da operação o valor do IPI (quando destinado a não contribuinte), seguro,

frete e outros encargos transferidos ao adquirente da mercadoria.

A seguir um exemplo da formação da base de cálculo do ICMS

Antecipado nas operações com mercadorias:

Valor da mercadoria: R$ 2.000,00

Valor do frete (cobrado do adquirente): R$ 140,00

Valor do IPI: R$ 200,00

Base de cálculo = R$ 2.000,00 + R$ 140,00 + R$ 200,00 = R$ 2.340,00.

Para as prestações será considerado o valor da prestação quando se

tratar de prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal.

A seguir um exemplo da formação da base de cálculo do ICMS nas

prestações:

Valor do peso: R$ 1.000,00

Valor do pedágio: R$ 14,00

Base de cálculo = R$ 1.000,00 + R$ 14,00 = R$ 1.014,00.

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Em ambos os exemplos percebe-se que levando em consideração a regra

geral da base de cálculo, despesas adicionais compõem a base de cálculo do ICMS.

Mas como toda regra que tem sua exceção, com a Base de Calculo do ICMS não

seria diferente.

O legislador ordinário, limitado pela Constituição em relação à criação de

novas alíquotas, usa de artifícios como redução da base de cálculo para criar cargas

líquidas menores, resultando em benefícios fiscais a determinados ramos de

atividade. Exemplo desta prática no Estado do Ceará é ramo de Bares e

Restaurantes que conta com tal benefício.

2.4.7 Alíquotas

Alíquota é o percentual que será aplicado sobre a base de cálculo do

imposto para definição do valor a ser recolhido aos cofres públicos. Os percentuais

são definidos em lei federal e cada tipo de imposto tem alíquotas distintas.

A Constituição Federal em seu art. 155, parágrafo 2º, inciso VII, alínea “a”, assim

determina:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: VII - em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado, adotar-se-á: a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto; b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele;

O Estado do Ceará determina as alíquotas aplicáveis nas operações e

prestações com ICMS nos termos do art. 55 do Decreto 24.569/97, ilustrado no

quadro abaixo, para melhor compreensão.

Alíquotas de ICMS aplicadas no Estado do Ceará

INTERNA

Alíquota Operações

25% Bebidas, armas de fogo, cigarro e energia elétrica(...)

17% Demais mercadorias

12% Contadores de líquido e medidor digital

Alíquota Prestações

25% Serviço de comunicação

17% Serviço de transporte intermunicipal

12% Serviço de transporte aéreo

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INTERESTADUAL

Alíquota Operações

4% Serviço aéreo

4% Produtos importados

12% Demais operações

Alíquota Prestações

12% Prestações de serviço de transporte interestadual. Quadro 3. Alíquotas de ICMS aplicadas no Estado do Ceará. Fonte: Art.55 Decreto 24.569/97.

Em conformidade com o artigo 155, parágrafo 2º, inciso VII, da

Constituição Federal, o Estado do Ceará adota à alíquota interna nas operações

interestaduais para não contribuinte do imposto e dá outras providências.

Art. 56 - As alíquotas internas são aplicadas quando: I - o remetente ou o prestador e o destinatário de mercadoria ou serviços estiverem situados neste Estado; II - da entrada de mercadoria ou bem importados do exterior; III - da entrada, neste Estado, de energia elétrica, petróleo e lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando não destinados à comercialização ou à industrialização; IV - da prestação de serviços de transporte iniciado ou contratado no exterior, e de comunicação transmitida ou emitida no estrangeiro e recebida neste Estado; V - o destinatário de mercadoria ou serviços, localizado em outro Estado, não for contribuinte do ICMS; VI - da arrematação de mercadoria ou bem.

Portanto, nos termos do art. 56, acima reproduzido, o legislador cearense

define a aplicação das alíquotas internas relacionadas com as operações sujeitas ao

ICMS, considerando-se as situações fáticas ou o remetente e o destinatário das

mercadorias.

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3 COBRANÇA DO ICMS NA FRONTEIRA

A legislação tributária do Estado do Ceará, relativamente ao ICMS,

estabelece algumas sistemáticas de cobrança do ICMS, quando da entrada de

mercadorias ou bens em seu território, oriundos de outros Estados, nas

denominadas operações de entradas interestaduais o que deu origem a

nomenclatura Impostos de Fronteira.

Os impostos de fronteira são praticados desde 1996, a partir da

publicação da Lei Kandir que, após definir as regras gerais do imposto, tais como a

definição de seus respectivos fato gerador, base de cálculo e seus contribuintes.

O Estado do Ceará, relativamente à cobrança do ICMS antes da

ocorrência de seu fato gerador, além de instituir a cobrança do imposto por meio da

sistemática da substituição tributária, prevista no parágrafo 7º do art. 150 da

Constituição Federal, também instituiu o ICMS Antecipado por meio do art. 2º, inciso

V, alínea “a”, da Lei 12.670/1996, reproduzido no art. 2º, inciso V, alínea “a”, do

Regulamento do ICMS/CE (Decreto nº 24.569/1997).

Como visto anteriormente, a hipótese de incidência relacionada ao ICMS

Antecipado não está prevista na Lei Kandir.

3.1 Conceito

A sistemática de cobrança do ICMS nos postos fiscais de fronteira,

inclusive portos e aeroportos, exige que o contribuinte efetue o pagamento do

imposto antes de adentrar nos limites territoriais do Estado do Ceará ou no

estabelecimento do contribuinte. Exceto, os contribuintes que possuem

credenciamento junto a SEFAZ- CE.

3.2 Breve Histórico

No estado do Ceará, a sistemática de cobrança do ICMS por ocasião da

entrada de mercadorias ou bens em seu território foi instituída pela Lei 12.670/1996

e pelo Decreto 24.569/97. Desde então, o imposto é cobrado e administrado com

base na respectiva legislação.

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3.3 Objetivo

O Estado do Ceará, como responsável pelo bem comum, adotou a

sistemática de cobrança do ICMS nos postos de fronteira com objetivos bastante

claros, a saber:

Incentivar o consumo interno;

Aumentar a arrecadação de ICMS;

Utilizar como ferramenta fiscalizatória;

Promover o desenvolvimento do Estado e reduzir as desigualdades

sociais.

Os objetivos acima citados se complementam na ação do estado.

Cobrando o imposto de fronteira o Ceará busca incentivar o consumo interno e

assim aumentar a arrecadação.

Esta sistemática de cobrança do ICMS nos postos de fronteira é uma

importante ferramenta de fiscalização adotada pelo Estado do Ceará, que garante a

arrecadação, independente de qualquer atitude do contribuinte, como, por exemplo,

a venda, das mercadorias.

Aumentado à arrecadação e fiscalizando todas as operações e

prestações, para evitar fraudes e prejuízos à sociedade, o Estado pretende

promover o desenvolvimento social.

3.4 Modalidades de Cobrança do ICMS

A sistemática de cobrança do ICMS nos postos de fronteira adota as

seguintes modalidades:

ICMS Antecipado;

ICMS Substituição Tributária;

ICMS Carga Líquida e

ICMS Diferencial de Alíquotas

O que diferencia cada modalidade acima citada é o fato gerador, as

alíquotas aplicadas e a forma de cálculo.

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3.5 ICMS Substituição Tributária

A modalidade de cobrança denominada ICMS Substituição Tributária

consiste na retenção e recolhimento do imposto por um contribuinte, denominado

“substituto tributário”, devido por outro contribuinte, denominado “substituído

tributário”, em razão das operações praticadas por este último, consoante art. 6º da

Lei Complementar nº 87/1996 (Lei Kandir):

Art. 6o Lei estadual poderá atribuir a contribuinte do imposto ou a depositário

a qualquer título a responsabilidade pelo seu pagamento, hipótese em que assumirá a condição de substituto tributário.

Para melhor compreensão é preciso que se conheça a definição de

contribuinte substituto e contribuinte substituído:

Contribuinte substituto: é aquele que a legislação determina como

responsável pela retenção e recolhimento do ICMS devido por outro contribuinte.

Contribuinte substituído: é aquele cujo imposto de sua

responsabilidade, devido em razão de suas operações com mercadorias ou bens, foi

retido e recolhido por pessoa jurídica determinada na legislação.

Para melhor compreensão desta sistemática, no quadro 4 o fluxograma

explica como funciona a sistemática do ICMS Substituição Tributária.

Vale ressaltar que ainda na Substituição Tributária o ente tributante criou

outras modalidades de cobrança, não demonstradas no quadro 4.

O quadro 4 demonstra a sistemática da Substituição tributária pela

indústria.

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A saber:

Quadro 4. Substituição Tributária. Fonte: Próprio autor.

A legislação tributária cearense estabelece as hipóteses em que não se

deve aplicar o regime de Substituição Tributária, conforme demonstramos abaixo:

nas operações que destinem mercadorias a contribuintes substituto da

mesma mercadoria;

nas transferências para outro estabelecimento da mesma empresa,

exceto varejista, do sujeito passivo por substituição, caso em que a substituição

tributária deverá ocorrer na saída subsequente.

A base de calculo da Substituição Tributária é determinada no art. 8º da

Lei Kandir, e tem a seguinte formação:

o valor da operação ou prestação;

o montante dos valores de IPI, seguro, frete e outros encargos

cobrados ou transferíveis ao adquirente da mercadoria;

a margem de valor agregado, inclusive lucro, relativa às operações ou

prestações subsequentes, fixada em ato do chefe do Poder Executivo.

Vejamos, a seguir, um caso prático de cálculo da Substituição Tributária,

considerado as operações previstas no Decreto nº 28.323/2006 (artigos em couro):

Fabricante ou Distribuidor

Comercial Atacadista

Comercial Varejista

Consumidor Final

Contribuinte substituto: retem e recolhe o ICMS

referente nas etapas subsequentes.

Contribuinte substituído: recebe a mercadoria com o ICMS retido e

recolhido antecipadamente.

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(A) (B) (C= A+B) (D= C+ 55%) (E) (F) (G = D*E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA INTERNA

CRÉDITO DA NOTA

FISCAL

IMPOSTO A RECOLHER

R$ 2.000,00 R$ 200,00 R$2.200,00 R$ 3.410,00 17% R$ 140,00 R$ 439,70

Tabela 1. Cálculo da Substituição Tributária

Fonte: Próprio autor.

Os regimes, ou modalidades, de substituição tributária do ICMS são

instituídos mediante convênios ou protocolos, editados pelo Conselho Nacional de

Política Fazendária (CONFAZ), ou mediante decretos do Chefe do Poder Executivo,

atualmente as modalidades previstas em legislação são: Convênio e protocolo,

Operações internas, pauta fiscal e por CNAE.

Tais diversificações da Substituição Tributária, aliada à sua complexidade,

invariavelmente, levam os contribuintes a cometerem todo tipo de equívoco na sua

apuração.

3.6 ICMS Carga Líquida

A modalidade ICMS Carga Líquida foi instituído pelo Protocolo ICMS

21/2011, o qual foi regulamentado, no Estado do Ceará, pelo Decreto nº

30.542/2011. Sua sistemática é semelhante a do ICMS Diferencial de Alíquotas.

Vejamos a redação do art. 1º do citado Decreto nº 30.542/2011:

Art. 1º Nas entradas de mercadorias ou bens procedentes das unidades federadas signatárias do Protocolo ICMS nº 21/2011, em que o consumidor final adquire mercadoria ou bem de forma não presencial por meio de internet, telemarketing, showroom ou qualquer outra modalidade, será exigido, nos termos deste Decreto, a parcela do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS - devida na operação interestadual.

Incide sobre mercadorias adquiridas para consumo por pessoas físicas ou

jurídicas não contribuintes do ICMS, diferentemente do ICMS Diferencial de

Alíquotas, que é cobrado nas operações realizadas entre contribuintes do imposto.

O protocolo ICMS 21/2011 foi editado com o objetivo de minimizar o

prejuízo sofrido pelos Estados consumidores, acirrado pelas vendas não

presenciais, principalmente aquelas realizadas por meio da internet.

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Neste tipo de operação, o Estado do Ceará, na condição de Estado

Consumidor, não tem qualquer participação na arrecadação do ICMS, pois o

imposto destacado na nota fiscal é devido, em sua totalidade, ao Estado de origem

da mercadoria, e não ao Estado onde o produto será consumido.

Por exemplo, na compra de um notebook pela internet diretamente de

uma empresa localizada no Estado de São Paulo, o estabelecimento vendedor vai

recolher o ICMS em favor do próprio Estado de São Paulo. A partir da publicação do

Protocolo ICMS 21/2012, o fornecedor deverá recolher o ICMS de forma

compartilhada: para o Estado de origem e para o Estado de destino do notebook.

Redação da Cláusula Terceira do Protocolo ICMS 21/2011:

Cláusula terceira A parcela do imposto devido à unidade federada destinatária será obtida pela aplicação da sua alíquota interna, sobre o valor da respectiva operação, deduzindo-se o valor equivalente aos seguintes percentuais aplicados sobre a base de cálculo utilizada para cobrança do imposto devido na origem: I - 7% (sete por cento) para as mercadorias ou bens oriundos das Regiões Sul e Sudeste, exceto do Estado do Espírito Santo; II - 12% (doze por cento) para as mercadorias ou bens procedentes das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e do Estado do Espírito Santo. Parágrafo único. O ICMS devido à unidade federada de origem da mercadoria ou bem, relativo à obrigação própria do remetente, é calculado com a utilização da alíquota interestadual.

O responsável pelo pagamento é o fornecedor localizado em outro

Estado, que deverá efetuar dois recolhimentos do ICMS: um, para o Estado de

origem, por meio de documento estadual de arrecadação (DAE); o outro, para o

Estado de destino, por meio da Guia Nacional de Recolhimento Estadual (GNRE).

Caso o fornecedor não recolha o imposto em favor do Estado de destino,

o Fisco do Estado de destino, quando da entrada da mercadoria ou bem em seu

território, irá cobrar o ICMS, considerando a diferença entre a alíquota interestadual

do Estado de origem e a alíquota interna do Estado de destino.

A coisa é mais perversa ainda se a operação ocorrer entre o Estado do

Ceará e o Estado de São Paulo, este último não signatário do Protocolo ICMS

21/2012, não obrigado, portanto, a seguir suas regras.

Assim, se o mesmo consumidor final adquirir seu produto no Estado do

São Paulo, teremos o seguinte:

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18% (dezoito por cento), em favor do Estado de São Paulo, por se

tratar de alíquota interna praticada em seu território. Este recolhimento será feito por

meio de documento de arrecadação estadual (DAE);

10% (dez por cento), em favor do Estado do Ceará, cujo recolhimento

será feito por meio de guia nacional de recolhimento (GNRE). Este percentual de

10% é o resultado da diferença entre uma alíquota interestadual de São Paulo (7%)

menos a alíquota interna do Estado do Ceará (17%).

Observamos que, nessa última operação, o consumidor final fica obrigado

a suportar uma carga tributária equivalente a 28% (vinte e oito por cento), resultante

do pagamento do ICMS pela alíquota de 18%, devido ao Estado de São Paulo, e

mais 10%, devido ao Estado do Ceará.

A seguir exemplo prático do cálculo do ICMS Carga Líquida, nos termos

do Protocolo ICMS 21/2012:

Valor da mercadoria: R$ 2.000,00

Valor do frete (cobrado do adquirente): R$ 140,00

Valor do IPI: R$ 200,00

Base de cálculo = R$ 2.000,00 + R$ 140,00 + R$ 200,00 = R$ 2.340,00.

Alíquota cobrada no estado de origem: 7%

Alíquota interna cobrada pelo Estado do Ceará: 17%

Percentual aplicar: 17% - 7% = 10%.

Base de cálculo: 2.340,00 – 1.520,45 (500 UFIRCE)= 819,55

Sendo assim o valor a recolher será: 819,55*10%= 81,95.

Na carga líquida é permitido um diferimento de R$ 1.520,45, ou seja, a

carga líquida somente será cobrada pelo ente tributante em operações acima deste

valor. O valor devido deverá ser recolhido na passagem do primeiro posto de

fronteira do Estado do Ceará.

3.7 ICMS Diferencial de Alíquotas

O ICMS Diferencial de Alíquotas será cobrado quando o contribuinte do

imposto adquirir, em outro Estado, algum bem para compor o ativo imobilizado de

seu estabelecimento ou, então, para uso ou consumo de seu estabelecimento, nos

termos do art. 589 Decreto 24.569/97.

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Art. 589. O ICMS devido na operação e prestação com bem do ativo permanente ou de consumo, oriundo de outra unidade da Federação, será calculado com base na aplicação do diferencial entre as alíquotas interna e interestadual sobre o valor utilizado para cobrança do imposto na origem, observado o disposto no inciso XI do artigo 25. § 1º O contribuinte obrigado a manter escrituração fiscal deverá recolher o ICMS de que trata o caput no prazo de recolhimento do imposto fixado na legislação. § 2º O contribuinte não obrigado a escrituração fiscal e apuração do ICMS, deverá recolher o ICMS no momento da passagem do bem no primeiro posto fiscal de entrada neste Estado.

O ICMS Diferencial de Alíquotas tem previsão no art. 155, parágrafo 2º,

incisos VII e VIII, da Constituição Federal.

O objetivo do legislador foi favorecer os Estados consumidores, mediante

o compartilhamento do ICMS entre o Estado de origem, geral produtor, e o Estado

de destino, geralmente Estado consumidor.

O mais grave ainda consiste no fato de que nem sempre o produto a ser

adquirido é produzido ou vendido no Estado do Ceará, obrigando o consumidor

adquirir no Estado onde existe o produto, arcando com uma carga tributária

excessiva.

Estabelece a legislação que o percentual de alíquota a ser praticada será

alíquota interna menos a alíquota interestadual, aplicada sobre a base de calculo

resultará no valor do diferencial de alíquotas a recolher.

A seguir um exemplo do cálculo do ICMS diferencial de alíquotas:

Valor da mercadoria: R$ 2.000,00

Valor do frete (cobrado do adquirente): R$ 140,00

Valor do IPI: R$ 200,00

Base de cálculo = R$ 2.000,00 + R$ 140,00 + R$ 200,00 = R$ 2.340,00.

Alíquota de origem: 7%

Alíquota interna do Ceará: 17%

Percentual aplicar: 17% - 7% = 10%.

Sendo assim o valor do ICMS a recolher:

Base de cálculo: 2.340,00 x 10% = 234,00

O valor devido poderá ser recolhido de duas formas. A primeira, por

ocasião da entrada do bem no Estado do Ceará, para as empresas não

credenciadas. Neste caso, o bem somente será liberado pelo Fisco cearense após

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apresentação do DAE devidamente pago. Se forem credenciadas, o imposto será

recolhido posteriormente, na rede arrecadadora.

A segunda, quando se tratar de empresa cadastrada no Regime Normal

de Recolhimento, por meio de sua Conta Gráfica de ICMS. Neste caso, o cálculo

será efetuado pelo próprio contribuinte e lançado no seu livro Registro de Apuração

do ICMS, devendo ser recolhido no prazo previsto na legislação tributária para o

Regime Normal de Recolhimento.

Ainda podem recolher o ICMS no dia do vencimento do ICMS normal as

empresas optantes do Simples Nacional credenciadas.

Cabe ressaltar que o ICMS Diferencial de Alíquotas, devido em razão da

aquisição de um bem destinado ao ativo imobilizado, permite ao contribuinte

adquirente o creditamento do valor total do ICMS pago, tanto em favor do Estado de

origem como em favor do Estado de destino, de forma parcelada, na proporção de

1/48 (um quarenta e oito avos), conforme previsão do art. 60 do Decreto nº

24.569/97. Neste caso, a escrituração será feita no livro de Controle do ICMS do

Ativo Permanente (CIAP).

Vejamos a redação do citado art. 60:

Art. 60. Para fins de compensação do ICMS devido, constitui crédito fiscal o

valor do imposto relativo:

IX - à entrada de bem: a) para incorporação ao ativo permanente; § 13. Para efeito do disposto no inciso IX, alínea "a", deste artigo, relativo ao crédito decorrente de entrada de mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo permanente, deverá ser observado o seguinte: I - a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito avos por mês, devendo a primeira fração ser apropriada no mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento;

O Decreto nº 24.569/1997 determina, em seu art. 13-B, o diferimento do

recolhimento do ICMS Diferencial de Alíquotas para o momento da desincorporação

do bem, desde que tal ocorra antes de cinco anos, contados da data de sua

aquisição, quando adquirido por estabelecimento industrial.

O ICMS Diferencial de Alíquotas não se aplica quando indispensáveis à

atividade da empresa de alguns ramos de atividade, como, por exemplo, agricultura,

pecuária e estabelecimentos hoteleiros, conforme previsão do art. 594-A do citado

Decreto nº 24.569/1997.

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3.8 ICMS Antecipado

O ICMS Antecipado é cobrado pelo Estado do Ceará desde 1997, com a

edição, do Decreto nº 24.567/1997. Conforme art. 767, que diz: “As mercadorias

procedentes de outra unidade federada ficam sujeitas ao pagamento antecipado do

ICMS sobre a saída subsequente”.

O Antecipado consiste no pagamento antecipado, por ocasião da entrada

de mercadorias oriunda de outras unidades da federação, destinada a contribuinte

do Estado do Ceará, para fins de revenda, com exceções.

3.8.1 Hipótese de Incidência

A hipótese de incidência do ICMS Antecipado está prevista no art. 2º

RICMSCE, é o fato que se ocorrer vai gerar a obrigação principal do pagamento do

tributo.

Conforme o citado art. 2º a entrada de mercadoria oriunda de outro

Estado, quando destinada á comercialização, independente da entrada ser física ou

apenas simbólica, se caracteriza como hipótese de incidência.

O ICMS Antecipado é cobrado tanto das empresas cadastradas no

Regime Normal de Recolhimento, como nas optantes pelo Simples Nacional, fator

determinante para a classificação do ICMS Antecipado como custo ou despesa,

considerando ser recuperável ou não recuperável.

A saber, redação do art. 2º do Regulamento do ICMS/CE:

Art. 2º São hipóteses de incidência do ICMS: V - a entrada, neste Estado, decorrente de operação interestadual, de: a) mercadoria sujeita ao regime de pagamento antecipado do ICMS na forma que dispuser o Regulamento; b) mercadoria, bem ou serviço destinados a contribuinte do ICMS, para serem utilizados, consumidos ou incorporados ao Ativo Permanente;

Não se sujeitam ao pagamento do ICMS Antecipado as matérias-primas,

insumos e materiais de embalagem, destinados à industrialização, assim como as

mercadorias sujeitas ao regime de substituição tributária. No primeiro caso, porque

os produtos adquiridos serão objeto de transformação em outro produto. No

segundo caso, porque prevalece o regime de substituição tributária.

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3.8.2 Fato Gerador

Fato gerador é o ato que concretizado faz nascer à obrigação principal

do pagamento do tributo conforme previsto no art.3º RICMSCE.

Art. 3º Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento: XIV - da entrada, no estabelecimento de contribuinte, de mercadoria ou bem oriundo de outra unidade da Federação, destinado a consumo ou Ativo Permanente; XV - da entrada de mercadoria neste Estado, na hipótese da alínea "a" do inciso V do artigo 2º.

No momento da entrada da mercadoria, oriunda de outro Estado, no

território do Estado do Ceará ou, então, no estabelecimento de contribuinte

localizado no Estado do Ceará, ainda que simbolicamente, nasce a obrigação de

recolher o ICMS Antecipado em favor do estado do Ceará.

3.8.3 Base de Cálculo

O ICMS Antecipado será calculado pela aplicação da alíquota interna

sobre o total da operação, deduzido do crédito de ICMS destacado no documento

fiscal de origem.

Compõe a base de cálculo do ICMS Antecipado:

o valor dos produtos;

o montante de IPI;

o valor pago a título de seguro;

o valor do frete FOB;

demais encargos incidentes na operação.

A tabela 2 explica a sistemática de cálculo do ICMS Antecipado:

(A) (B) (C= A+B) (D) (E) (F = C*D-E)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA FISCAL

IMPOSTO A RECOLHER

R$ 1.000,00 R$ 250,00 R$ 1.250,00 17% R$ 70,00 R$ 142,50

Tabela 2. Cálculo do ICMS Antecipado. Fonte: Próprio autor.

No exemplo acima, o contribuinte deverá recolher o ICMS Antecipado

equivalente a R$ 142,00 (cento e quarenta e dois reais).

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3.8.4 Sistemática

Para os contribuintes cadastrados no Regime Normal de Recolhimento, o

ICMS Antecipado pode ser tomado como crédito na Conta Gráfica de ICMS,

conforme art. 770 do Regulamento do ICMS/CE. Neste caso, o ICMS é um custo

recuperável.

No exemplo do quadro acima, o contribuinte recupera o valor pago a título

de ICMS Antecipado (R$ 142,00) em sua Conta Gráfica de ICMS, no momento da

apuração do ICMS Normal devido pela empresa.

Todavia, tratando-se de contribuintes optantes pelo Simples Nacional, não

ocorre o creditamento do ICMS Antecipado, uma vez que a Lei Complementar nº

123/2006 veda, o crédito fiscal.

Assim, verifica-se que tais contribuintes são onerados duplamente, num

verdadeiro absurdo: por meio do ICMS Antecipado e por meio da alíquota do

Simples Nacional. Trata-se, portanto, de uma despesa não recuperável, com esse

sendo repassado ao preço de venda do produto.

Ora, com mais esse custo agregado ao preço da mercadoria, o

contribuinte optante do Simples Nacional perde competitividade. O que é uma

verdadeira ironia, pois a intenção do legislador congressual foi estabelecer um

tratamento diferenciado e favorecido aos contribuintes que optarem pelo Simples

Nacional.

É evidente que a cobrança do ICMS Antecipado dos contribuintes

optantes do Simples Nacional configura-se em flagrante inconstitucionalidade,

precisamente por vetar a possibilidade de recuperação do imposto pago, elemento

diferenciador de tal regime, como previsto nos arts. 769 e 771 do Regulamento do

ICMS/CE.

Se não a possibilidade de recuperação do valor pago, não há que se falar

em ICMS Antecipado, porém sim, em verdadeiro confisco, em uma verdadeira

exação fiscal, considerado crime pelo Código Penal (art. 316, § 1º e 2º).

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3.8.5 Impacto ICMS Antecipado

O ICMS Antecipado tem grande impacto na arrecadação do Estado do

Ceará. Mas impacta, também, na vida dos contribuintes, embora negativamente.

O impacto da arrecadação do ICMS Antecipado para o Estado do Ceará é

positivo porque, além de garantir a arrecadação, trata-se de uma ferramenta

importante para a fiscalização do ICMS.

Para o contribuinte, a coisa é diferente, em razão do problema do fluxo de

caixa, principalmente quando não credenciados, devendo efetuar o recolhimento do

imposto ainda na entrada da mercadoria no Estado do Ceará, descapitalizando-as.

Ainda existem os casos dos contribuintes que exportam suas mercadorias

para o exterior, acumulando créditos em sua Conta Gráfica de ICMS, porém, não

utilizados para compensar com o ICMS Antecipado ou outro ICMS em aberto.

Neste caso, os contribuintes são obrigados a participar de leilões de

créditos de exportação, promovidos pelo Estado do Ceará, onde repassarão o valor

do imposto ao Estado com deságio, ou seja, com perda de capital ora utilizado para

o pagamento do ICMS Antecipado.

3.8.6 Forma de Pagamento

Como reza o próprio nome o ICMS de fronteira, é devido o momento que

adentra o Estado do Ceará, deve-se fazer o recolhimento nas redes arrecadadoras,

com a guia gerada pelos postos de fronteia.

Na pratica essa regra não se aplica a todos os contribuintes, porque a

Sefaz visando agilizar a passagem na fronteira criou uma forma de pagamento

chamada de credenciamento.

O credenciamento pode ser solicitado por qualquer pessoa jurídica com

Inscrição junto ao Estado desde que não possua divida com o estado e atenda

algumas determinações conforme art. 3º Decreto 26.504/2002.

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Vejamos a redação do artigo:

Art. 3º O ICMS resultante de fatos geradores relativos à substituição tributária, à antecipação tributária e ao diferencial de alíquotas deverá ser recolhido pelos contribuintes credenciados na forma do caput do art. 2º, nos seguintes prazos:

I - excepcionalmente, na operação sujeita à antecipação tributária dos

contribuintes enquadrados nos Códigos de Atividade Econômica (CAEs),

constante do Anexo único deste Decreto, até o 20º (vigésimo) dia do quarto

mês subsequente ao da entrada da mercadoria neste Estado.

II - nos demais casos, até o 20º (vigésimo) dia do mês subsequente ao da

entrada da mercadoria neste Estado.

O credenciamento permite que o contribuinte tenha passagem livre

pelo posto de fronteira e faça o recolhimento do tributo dia 20 do mês subsequente.

Existe ainda a figura do credenciamento especial que o pagamento fica para o 20º

dia do quarto mês subsequente, restrito apenas para os contribuintes constantes no

anexo único do referido decreto.

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4 RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL Nº 13/2012

A Resolução do Senado Federal instituída em 25 de Abril de 2012 com

vigência a partir de 01.01.2013 estabelece alíquota de 4%, unificada em todo

território nacional, de ICMS nas operações interestaduais com bens e mercadorias

importadas do exterior.

A alteração teve efeito em todo o território nacional a partir de 01/01/2013,

não sendo preciso que os estados publicassem legislações próprias incorporando à

alteração a legislação estadual, uma vez conforme o ordenamento jurídico brasileiro

sua aplicabilidade é imediata.

Atualmente no Senado Federal se estuda a redução e unificação da

alíquota interestadual de ICMS a nível nacional para todos os produtos, não apenas

os de origem estrangeira. Portanto, novas mudanças poderão ocorrer a qualquer

momento.

4.1 Legislações Pertinentes

Para disciplinar a alíquota de 4% o Confaz e o Estado do Ceará

publicaram novas legislações além, da Resolução do Senado Federal Nº 13/2012,

com o objetivo de regulamentar e disciplinar a nova alíquota.

Tais legislações causaram efeito devastador em diversos contribuintes do

ICMS, pois acrescentaram a lista, nada pequena, novas obrigações acessórias. Esta

mudança no cenário Nacional por um lado, promete onerar menos contribuinte e

consumidor, por outro lado então, para atendimento das exigências o empresário

brasileiro investe alguns milhões em informática e capacitação profissional de seus

funcionários.

A saber, são elas:

Ajuste Sinief 19/ 2012

Ajuste Sinief 20/2012

Ajuste Sinief 27/2012

Convênio ICMS 123/2012

Ato Cotepe 61/2012

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Resolução Camex 79/2012

Nota técnica 05/2012

Instrução Normativa 2/2013, alterada pela IN 17/2013

Ajuste SINIEF 09/2013

Convênio ICMS 38/2013

Resolução do Senado Federal Nº 13/2012: A resolução institui

alíquotas de 4% de ICMS, nas operações interestaduais com bens e mercadorias

importados do exterior em todo território nacional com o objetivo de acabar com a

guerra dos portos.

Ajuste SINIEF Nº 19/2012: O ajuste estabelece procedimentos a serem

praticados quando na aplicação da tributação de 4% de ICMS prevista na Resolução

do Senado Federal nº 13/2012, e estabelece novas obrigações acessórias.

Revogado pelo Ajuste SINIEF 09/2013.

Cláusula quinta No caso de operações com bens ou mercadorias importados que tenham sido submetidos a processo de industrialização, o contribuinte industrializador deverá preencher a Ficha de Conteúdo de Importação - FCI, conforme modelo do Anexo Único, na qual deverá constar: I - descrição da mercadoria ou bem resultante do processo de industrialização; II - o código de classificação na Nomenclatura Comum do MERCOSUL - NCM/SH; III - código do bem ou da mercadoria; IV - o código GTIN (Numeração Global de Item Comercial), quando o bem ou mercadoria possuir; V - unidade de medida; VI - valor da parcela importada do exterior; VII - valor total da saída interestadual; VIII - conteúdo de importação calculado nos termos da cláusula quarta. Cláusula sétima Deverá ser informado em campo próprio da Nota Fiscal Eletrônica - NF-e: I - o valor da parcela importada do exterior, o número da FCI e o Conteúdo de Importação expresso percentualmente, calculado nos termos da cláusula quarta, no caso de bens ou mercadorias importados que tenham sido submetidos a processo de industrialização no estabelecimento do emitente; II - o valor da importação, no caso de bens ou mercadorias importados que não tenham sido submetidos a processo de industrialização no estabelecimento do emitente.

Ajuste SINIEF nº 20/2012: Institui novos códigos na Classificação da

Situação Tributária – (CST), para utilização na emissão da NF-e, incluindo os

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códigos 3, 4, 5, 6 e 7 com o objetivo de evidenciar quando se tratar de uma

operação com bens e mercadorias de origem estrangeira.

Cláusula primeira A Tabela A - Origem da Mercadoria ou Serviço, do Anexo Código de Situação Tributária do Convênio s/nº, de 15 de dezembro de 1970, que instituiu o Sistema Integrado de Informações Econômico-Fiscais - SINIEF passa a viger com a seguinte redação: 3 - Nacional, mercadoria ou bem com Conteúdo de Importação superior a 40% (quarenta por cento); 4 - Nacional, cuja produção tenha sido feita em conformidade com os processos produtivos básicos de que tratam o Decreto-Lei nº 288/67, e as Leis nºs 8.248/91, 8.387/91, 10.176/01 e 11.484/07; 5 - Nacional, mercadoria ou bem com Conteúdo de Importação inferior ou igual a 40% (quarenta por cento); 6 - Estrangeira - Importação direta, sem similar nacional, constante em lista de Resolução CAMEX; 7 - Estrangeira - Adquirida no mercado interno, sem similar nacional, constante em lista de Resolução CAMEX.".

Ajuste SINIEF Nº 27/2012: O Ajuste prorroga o início da obrigatoriedade

do preenchimento e da entrega da Ficha de Conteúdo de Importação (FCI) pelas

indústrias, quando o conteúdo de importação de seus produtos for superior a 40%,

uma vez que o programa não estava disponível para uso, ainda em fase de

desenvolvimento. Novo prazo foi estipulado para 01/08/2013 através do Convênio

38/2013.

Convênio ICMS Nº 123/2012: o Convênio determina que não será

permitido a concessão de benefícios fiscais de ICMS, nas operações interestaduais

com bens e mercadorias importados.

O objetivo deste convênio é acabar com a guerra dos portos uma vez que

muitos estados concedem redução da base de calculo, isenção, deixando demais

estados da federação em situação nada competitiva.

Ato Cotepe Nº 61/2012: Dispõe sobre as especificações técnicas para o

preenchimento da Ficha de Conteúdo de Importação – FCI, a geração de arquivo

digital, e do software de autenticação e transmissão via internet, conforme previsto

nas cláusulas quinta e sexta do Ajuste SINIEF 19/12.

Resolução Camex Nº 79/2012: A resolução dispõe sobre a lista de bens

sem similar nacional a que se refere à Resolução do Senado Federal Nº 13/2012, as

quais não serão tributadas a alíquota de 4% nas operações interestaduais, bens não

constantes nesta lista serão tributados pela alíquota normal.

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Art. 1º Para fins exclusivamente do disposto no inciso I do § 4º do art. 1º da Resolução do Senado nº 13, de 2012, a lista de bens e mercadorias importados do exterior sem similar nacional compõe-se de: I - bens e mercadorias sujeitos a alíquota de zero ou dois por cento do Imposto de Importação, conforme previsto nos anexos I, II e III da Resolução Camex nº 94, de 8 de dezembro de 2011, e que estejam classificados nos capítulos 25, 28 a 35, 37 a 40, 48, 54 a 56, 68 a 70, 72 e 73, 84 a 88 e 90 da NCM ou nos códigos2603.00.10, 2613.10.10, 2613.10.90, 8101.10.00, 8101.94.00, 8102.10.00, 8102.94.00, 8106.00.10, 8108.20.00, 8109.20.00, 8110.10.10, 8112.21.10, 8112.21.20, 8112.51.00. II - bens e mercadorias relacionados em destaques “Ex” constantes do anexo da Resolução Camex nº 71, de 14 de setembro de 2010; e III - bens e mercadorias objeto de concessão de ex-tarifário em vigor estabelecido na forma das Resoluções Camex nº 35, de 22 de novembro de 2006, e nº 17, de 3 de abril de 2012.

Nota Técnica Nº 05/2012: Altera o layout da Nota Fiscal Eletrônica-e para

aplicabilidade dos novos CSTs definidos no Ajuste SINIEF 20/2012, para as

operações interestaduais com bens e mercadorias importados do Exterior.

Instrução Normativa Nº 17/2012: A Instrução Normativa 17 revogou a IN

02/2013. Ambas estabelecem crédito de 4% para cálculo do ICMS que incide na

Fronteira em operações com bens e mercadorias de origem estrangeira, com

acréscimo de 3% a 8% quando a origem for do Sul, Sudeste e Norte, Nordeste e

Espírito Santo, respectivamente.

Art. 1º. Nas entradas neste Estado de produtos de origem estrangeira procedentes de outras unidades da Federação, sujeitas à alíquota de 4% (quatro por cento) nos termos da Resolução nº 13 do Senado Federal, serão adotados os seguintes procedimentos: I - sem prejuízo do disposto no art. 4º da Lei nº 14.237, de 10 de novembro de 2008, quando for o caso, os percentuais correspondentes à carga tributária líquida estabelecida na legislação estadual para a exigência do ICMS por substituição serão acrescidos de: a) 3 (três) pontos percentuais, quando a mercadoria for procedente dos Estados das Regiões Sul e Sudeste, exceto do Estado do Espírito Santo; b) 8 (oito) pontos percentuais, quando a mercadoria for procedente dos Estados das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e do Estado do Espírito Santo.

Ajuste SINIEF 09/2013: Revoga o Ajuste SINIEF 19/2012 que estabelecia

a entrega da FCI a partir de 01.05.2013. O governo entendendo a alta complexidade

desta nova obrigação acessória e a necessidade das empresas investirem em

tecnologia prorrogou a entrega para 01º de Agosto de 2013.

Convênio 38/2013: Determina novo prazo para entrega da FCI que será

em 01º de Agosto de 2013, determinar ainda que sua entrega será mensal, com

nova entrega apenas quando houver alteração do percentual do conteúdo de

importação do produto. Mantêm-se a forma de cálculo e a obrigatoriedade de

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informar na NF-e, e enquanto forrem criados campos próprios será informado no

campo de observação.

As novas legislações são confusas e contraditórias, o que dificulta o seu

entendimento e sua aplicabilidade pelas empresas. Não resta dúvida que ainda virão

novas mudanças.

4.2 Incidência

A alíquota de 4% aplica-se em todas as operações no território nacional

com bens e mercadorias importados do exterior após, seu desembaraço aduaneiro

em produtos que não tenham sido submetidos a processo de industrialização ou

ainda, que submetido a processo de industrialização o seu conteúdo de importação

seja superior a 40%.

Art. 1º A alíquota do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados do exterior, será de 4% (quatro por cento). § 1º O disposto neste artigo aplica-se aos bens e mercadorias importados do exterior que, após seu desembaraço aduaneiro: I - não tenham sido submetidos a processo de industrialização; II - ainda que submetidos a qualquer processo de transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento, reacondicionamento, renovação ou recondicionamento, resultem em mercadorias ou bens com Conteúdo de Importação superior a 40% (quarenta por cento).

Não está comtemplado pela alíquota de 4%:

os bens e mercadorias que não tenha similar nacional, constante na

lista da Camex;

produtos produzidos conforme processo produtivo básico previsto em

lei;

partes e peças de informática referente ao programa Plano Brasil Maio

para incentivo ao setor de tecnologia;

gás Natural importado do exterior.

§ 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica: I - aos bens e mercadorias importados do exterior que não tenham similar nacional, a serem definidos em lista a ser editada pelo Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) para os fins desta Resolução;

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II - aos bens produzidos em conformidade com os processos produtivos básicos de que tratam o Decreto-Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, e as Leis nºs 8.248, de 23 de outubro de 1991, 8.387, de 30 de dezembro de 1991, 10.176, de 11 de janeiro de 2001, e 11.484, de 31 de maio de 2007. Art. 2º O disposto nesta Resolução não se aplica às operações que destinem gás natural importado do exterior a outros Estados.

Para essas situações continuarão sendo utilizadas as alíquotas de 7% e

12% de ICMS, a depender do estado de origem e destino.

4.3 Objetivo

A unificação da alíquota interestadual em 4% para bens e mercadorias

importados, foi instituída com o objetivo de acabar com a guerra dos Portos e

proteger a indústria Nacional. Uma vez que os estados concediam vários tipos de

incentivos diferentes na importação.

Tais benefícios não são homologados pelo Confaz, o que dificulta a

fiscalização e facilita a prática no país, pois alguns estados que tem portos querem

atrair empresas para seu território com objetivo de aquecer o mercado interno e

consequentemente aumentar a arrecadação de ICMS.

4.4 Impactos No Ceará

A Resolução do Senado Federal acarretou além, de uma alíquota

reduzida e unificada, em diversas obrigações acessórias. Os principais impactos

foram:

novas obrigações acessórias;

aumento da carga tributária nos Impostos de Fronteira;

redução no crédito na aquisição interestadual e manutenção da

alíquota interna;

novas legislações confusas e onerosas ao contribuinte.

As novas obrigações acessórias que surgiram foram a Ficha de Conteúdo

de Importação – (FCI) e o dispositivo legal no campo de observação da NF-e;

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Para realizar o cálculo do conteúdo de importação temos a seguinte

fórmula, CI = Conteúdo de Importação:

CI = Produto Importado (PI) > 40% Operação Interestadual (OI)

O campo de observação conforme Ajuste Sinief 19/2012 deve conter a

seguinte expressão:

Resolução do Senado Federal nº 13/2012, Valor da Parcela Importada R$ ________, Número da FCI_______, Conteúdo de Importação ___%, Valor da Importação R$ ____________”. Cláusula décima Enquanto não forem criados campos próprios na NF-e, de que trata a cláusula sétima, deverão ser informados no campo “Informações Adicionais”, por mercadoria ou bem o valor da parcela importada, o número da FCI e o Conteúdo de Importação ou o valor da importação do correspondente item da NF-e com a expressão: “Resolução do Senado Federal nº 13/12, Valor da Parcela Importada R$ ________, Número da FCI_______, Conteúdo de Importação ___%, Valor da Importação R$ ____________

A carga tributária sobre o ICMS de fronteira aumentou, uma vez que, a IN

2/2013 revogada pela IN 17/2012, estabelece crédito de 4% nas aquisições

interestaduais com produtos importados o que aumenta diretamente a carga

tributária a recolher de ICMS Antecipado.

Exemplo: Compra destinada a comercialização de um fornecedor

estabelecido em São Paulo, ICMS destacado na nota de 4%. O Antecipado será a

diferença da alíquota interna reduzida da alíquota interestadual.

Temos: 17% - 4%= 13%. Antes da Resolução a carga a recolher seria de

apenas 10%.

Essa redução no crédito de origem além de aumentar a carga tributária,

tem outro agravante. Quando a venda for realizada internamente no estado do

Ceará o contribuinte estará sujeito a uma alíquota interna de 17% e com crédito de

origem de apenas 4%.

O aumento na carga do Antecipado tem impacto muito maior para os

contribuintes optantes do Simples Nacional, uma vez que tais contribuintes não

tomam a crédito, o valor pago de ICMS Antecipado. Esse aumento tem impacto

direto no preço de venda dos produtos.

As empresas importadoras estabelecidas no Ceará que revende

interestadual, ou seja, importa a 17% e revende a 4%, vai ocasionar em um acumulo

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de saldo credor de ICMS, saldo este que não pode ser compensado com outro tipo

de ICMS, nem levado a leilão.

Após a Resolução do Senado nº 13/2012 muitas outras legislações foram

publicadas, de forma confusa e contraditória, sem levar em consideração algumas

legislações já existentes o que acarreta dúvidas quanto a sua aplicabilidade.

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64

5 CASO PRÁTICO COMPARATIVO

O caso prático comparativo entre o Regime Normal e o Simples Nacional

se baseia em uma comparação da carga tributária do ICMS Antecipado a recolher,

em operações com bens e mercadorias importadas, oriundas de outra unidade da

federação. Será demonstrada a carga tributária recolhida antes e após nova

realidade da Resolução do Senado Nº 13/2012.

O ICMS no Estado do Ceará é tributado internamente por três alíquotas, a

saber: 12%, 17% e 25%. Para este caso prático serão analisadas quatro

possibilidades de cálculos envolvendo estes dois regimes tributários. Será

considerada uma operação envolvendo mercadoria tributada com a alíquota interna

de 17% e com frete pago pelo adquirente da mercadoria.

ANTES DA RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL nº13 /2012

ORIGEM SUL E SUDESTE, EXCETO ESPÍRITO SANTO.

REMETENTE REGIME DE

TRIBUTAÇÃO

DESTINO (CE) REGIME DE

TRIBUTAÇÃO

FORMA DO CÁLCULO

CRÉDITO DO ICMS DA NOTA FISCAL

CRÉDITO DA GUIA DO ICMS

ANTECIPADO

Normal Normal 17%-7%=10% SIM SIM

Normal Simples Nacional 17%-7%=10% NÃO NÃO

Simples Nacional Normal 17%-0%=17% SIM

(% do simples) SIM

Simples Nacional Simples Nacional 17%-7% =10%

(Crédito presumido) NÃO NÃO

Tabela 3. Fonte: Próprio autor

Tabela 4. Fonte: Próprio autor

ORIGEM NORTE E NODESTE E ESPÍRITO SANTO.

REMETENTE REGIME DE

TRIBUTAÇÃO

DESTINO (CE) REGIME DE

TRIBUTAÇÃO

FORMA DO CÁLCULO

CRÉDITO DO ICMS DA NOTA FISCAL

CRÉDITO DA GUIA DO ICMS ANTECIPADO

Normal Normal 17%-12%=5% SIM SIM

Normal Simples Nacional 17%-12%=5% NÃO NÃO

Simples Nacional Normal 17%-0%=17% SIM

(% do Simples) SIM

Simples Nacional Simples Nacional 17%-12% =5%

(Crédito presumido) NÃO NÃO

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65

Na tabela 3 observa-se o comparativo entre os regimes, considerando

uma mercadoria oriunda do Sul/Sudeste. A empresa será tributada com uma carga

final de 10% exceto, quando o remetente é do Simples Nacional e o destinatário

estabelecido o Ceará é do Regime Normal, onde será recolhido com carga de 17%.

Na tabela 4 segue o comparativo em relação ao fornecedor do

Norte/Nordeste. Pode-se observar que a empresa será tributada com uma carga de

5%, com a mesma exceção do parágrafo acima, onde será recolhido com carga de

17%.Em ambas as tabelas foram demonstradas, as circunstâncias que darão as

empresas direito a creditar-se do ICMS destacado na nota fiscal e do frete na

operação além do valor recolhido de ICMS Antecipado através de DAE.

Em resumo, apenas os contribuintes do Regime Normal podem creditas

o ICMS, como já visto no capítulo 3, é vedado direito a crédito aos optantes do

Simples Nacional deixando-os em desvantagem competitiva.

Tabela 5. Comparativo de Cargas. Fonte: Próprio autor.

A tabela 5 demonstra a nova realidade da carga tributária do ICMS

Antecipado após a Resolução do Senado nº 13/2012, com a alíquota de 4%

unificada para produtos importados independentemente da origem. Os contribuintes

destinatários no Estado do Ceará sofrem a mudança ocorrida na elevação da carga

tributária final sendo esta 13%.

O contribuinte do Regime Normal adquirindo de uma empresa do Simples

Nacional não sofre alteração na carga tributária recolhida atualmente, seja uma

mercadoria de origem estrangeira ou não, pois continuará recolhendo uma carga

tributária de 17%.

APÓS A RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL Nº 13/2012

ORIGEM QUALQUER LOCAL DO PAÍS

REMETENTE REGIME DE

TRIBUTAÇÃO

DESTINO (CE) REGIME DE

TRIBUTAÇÃO

FORMA DO CÁLCULO

CRÉDITO DA NOTA FISCAL

CRÉDITO DA GUIA DO ICMS ANTECIPADO

Normal Normal 17%-4%=13% SIM SIM

Normal Simples Nacional 17%-4%=13% NÃO NÃO

Simples Nacional Normal 17%-0%=17% SIM

(% do simples) SIM

Simples Nacional Simples Nacional 17%-7% =10%

(Crédito presumido) NÃO NÃO

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O resumo da tabela acima mostra claramente que o optante pelo Simples

Nacional passa a ser mais onerado, a partir dessa nova realidade. As empresas do

Regime Normal tendem a sofrer cada vez mais com problemas de fluxo de caixa, por

desembolso antecipado do ICMS, que deveria ser recolhido apenas quando a venda

ocorresse, problemas na fronteira com a mercadoria apreendida aguardando

pagamento, dentre outros.

Em relação ao crédito de ICMS da nota fiscal se mantêm a mesma

sistemática utilizada antes da Resolução.

5.1 Regime Normal x Regime Normal

Para contribuinte do Regime Normal estabelecido no Ceará adquirindo

mercadoria de um fornecedor também do Regime Normal, a carga tributária a

recolher será de 10% conforme o tabela 3 e 5% conforme a tabela 4.

Após a Resolução do Senado a carga tributária aumentou para 13%

conforme a tabela 5, independente da origem da mercadoria.

5.1.1 Características

Nesta operação o ICMS é recuperável;

O adquirente tem direito ao crédito do valor do ICMS destacado na

nota fiscal, no livro Registro de Entrada;

Aproveitamento do ICMS recolhido no DAE em forma de crédito na

Conta Gráfica do ICMS, após seu efetivo recolhimento, no período de apuração

referente ao fato gerador de sua incidência;

O pagamento do ICMS Antecipado pode ser realizado na fronteira ou

através do credenciamento, caso a empresa tenha este benefício.

5.1.2 Desvantagens

Pagamento antecipado do tributo antes mesmo da venda da

mercadoria, para as empresas não credenciadas;

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67

Muitas empresas enfrentam problemas de fluxo de caixa, devido os

elevados valores devidos;

As empresas exportadoras que possuem saldo credor do ICMS,

quando realizam a transferência deste saldo para a SEFAZ, não conseguem

recuperar completamente este valor, porque o fazem com deságio;

O aumento na carga tributária para mercadoria oriunda do Sul/Sudeste

representa 3%. Quando a origem for do Norte/Nordeste eleva-se para 8%, ou seja,

uma alteração significativa;

As empresas não credenciadas tem sua mercadoria apreendida nos

postos de fronteira, até que seja computado o pagamento do imposto, o que

acarreta em maior custo com transporte e dificulta suas operações;

As empresas em geral enfrentam muitos problemas de cobranças

indevidas, realizadas pela Secretaria da Fazendo do Estado – SEFAZ.

5.2 Regime Normal x Regime Simples Nacional

Para o contribuinte optante pelo Simples Nacional estabelecido no Ceará

adquirindo mercadoria de um fornecedor do Regime Normal à carga tributária a

recolher, será de 10% conforme tabela 3 e 5% conforme tabela 4.

Após a Resolução do Senado nº 13/2012 a carga tributária aumentou

para 13% conforme tabela 5.

5.2.1 Características

A sistemática de cálculo é a mesma de uma empresa do Regime

Normal;

O pagamento do ICMS Antecipado pode ser realizado na fronteira ou

através do credenciamento, caso a empresa tenha este benefício.

5.2.2 Desvantagens

Pagamento antecipado do tributo, antes mesmo da venda da

mercadoria, para as empresas não credenciadas;

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Muitas empresas apresentam problema de fluxo de caixa, devido os

elevados valores recolhido de ICMS Antecipado;

Empresas optantes pelo Simples Nacional não tem direito ao crédito na

escrita fiscal referente à nota fiscal;

O valor recolhido do ICMS Antecipado não pode ser aproveitado na

Conta Gráfica do ICMS, pois não é recuperável;

As empresas não credenciadas tem sua mercadoria apreendidas nos

postos de fronteira até que seja computado o pagamento do imposto, o que acarreta

em maior custo com transporte e dificulta suas operações;

As empresas em geral enfrentam muitos problemas de cobranças

indevidas, realizadas pela Secretaria da Fazendo do Estado – SEFAZ.

5.3 Regime Simples Nacional x Regime Normal

Para contribuinte do Regime Normal estabelecido no Ceará adquirindo

mercadoria de um fornecedor optante pelo Simples Nacional a carga tributária a

recolher será de 17% em todas as situações, inclusive após a Resolução do Senado

Nº 13/2012, ou seja, não há alteração.

Isso porque nas operações entre contribuintes do Simples Nacional fica

garantido o crédito presumido para fins do cálculo. Este crédito presumido leva em

consideração a origem da mercadoria conforme previsto na Resolução do CGSN

94/2011.

5.3.1 Características

Nesta operação o ICMS é recuperável;

O adquirente tem direito ao crédito do valor do ICMS destacado na

nota fiscal, no livro Registro de Entrada;

Aproveitamento do ICMS recolhido no DAE em forma de crédito na

Conta Gráfica do ICMS, após seu efetivo recolhimento, no período de apuração

referente ao fato gerador de sua incidência;

O pagamento do ICMS Antecipado pode ser realizado na fronteira ou

através do credenciamento, caso a empresa seja credenciada.

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5.3.2 Desvantagens

Pagamento antecipado do tributo antes mesmo da venda da

mercadoria, para as empresas não credenciadas;

Muitas empresas enfrentam problema de fluxo de caixa, devido os

elevados valores recolhidos de ICMS Antecipado;

As empresas exportadoras que possuem saldo credor do ICMS,

quando realizam a transferência deste saldo para a Sefaz, não conseguem

recuperar completamente este valor, porque o fazem com deságio;

A carga tributária do ICMS antecipado torna-se maior, sendo

equivalente a alíquota interna do Estado, isso porque o fornecedor do Simples

Nacional destaca apenas o percentual do ICMS que recolhe no Simples Nacional. A

Sefaz do Ceará não o considera como crédito no cálculo do ICMS Antecipado,

erroneamente, devido a limitações no sistema, segundo informações do próprio

Órgão Fazendário;

As empresas não credenciadas tem sua mercadoria apreendidas nos

postos de fronteira até que seja computado o pagamento do imposto, o que acarreta

em maior custo com transporte e dificulta suas operações;

As empresas em geral enfrentam muitos problemas de cobranças

indevidas, realizadas pela Secretaria da Fazendo do Estado – SEFAZ.

5.4 Regime Simples Nacional x Regime Simples Nacional

Para o contribuinte optante pelo Simples Nacional estabelecido no Ceará

adquirindo mercadoria de um fornecedor também optante pelo Simples a carga

tributária a recolher será de 10% conforme tabela 3 e 5% conforme tabela 4.

Após a Resolução do Senado a carga tributária aumentou para 13%

conforme tabela 5. Isso porque nas operações entre contribuintes do Simples

Nacional fica garantido o crédito presumido para fins do cálculo. Este crédito

presumido leva em consideração a origem da mercadoria conforme previsto na

Resolução do CGSN 94/2011.

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70

5.4.1 Características

A sistemática do cálculo é a mesma de uma empresa do Regime

Normal;

O pagamento do ICMS Antecipado pode ser realizado na fronteira ou

através do credenciamento, caso a empresa seja credenciada;

É garantido o crédito presumido para cálculo do antecipado;

5.4.2 Desvantagens

Pagamento antecipado do tributo antes mesmo da venda da

mercadoria, para as empresas não credenciadas;

Muitas empresas apresentam problema de fluxo de caixa;

Empresas optantes pelo Simples Nacional não tem direito ao crédito na

escrita fiscal referente a nota fiscal;

O valor recolhido do ICMS Antecipado não pode ser aproveitado na

Conta Gráfica do ICMS, pois não é recuperável;

As empresas não credenciadas tem sua mercadoria apreendidas nos

postos de fronteira até que seja computado o pagamento do imposto, o que acarreta

em maior custo com transporte e dificulta suas operações;

As empresas em geral enfrentam muitos problemas de cobranças

indevidas, realizadas pela Secretaria da Fazendo do Estado – SEFAZ.

5.5 Sistemática do Cálculo

No capítulo 3 tratamos a cerca da sistemática do cálculo do ICMS. Nas

tabelas abaixo serão demonstradas algumas simulações de cálculos nas situações

de cálculos nas situações expostas anteriormente, para facilitar o entendimento do

real impacto que as empresas terão que suportar.

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5.5.1 Cálculo Regime Normal x Regime Normal

ORIGEM NORTE E NORDESTE - ALÍQUOTA DE ORIGEM 12%

(A) (B) (C= A+B) (D= C * 17%) (E = A *

12%) (F =

B*12%) (G= D-E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA

CRÉDITO DO FRETE

IMPOSTO A RECOLHER

R$100.000,00 R$1.000,00 R$101.000,00 R$ 17.170,00 R$12.000,00 R$ 120,00 R$ 5.050,00

Tabela 7. Cálculo Antecipado. Fonte: Próprio Autor.

A empresa do Regime Normal segundo a tabela 6, ao adquirir R$

100.000,00 em mercadoria oriunda do Sul/Sudeste recolherá de ICMS Antecipado o

valor de R$ 10.100,00.

Enquanto na tabela 7, este valor será de R$ 5.050,00 quando oriunda do

Norte/Nordeste.

ORIGEM SUL E SUDESTE - ALÍQUOTA DE ORIGEM 7%

(A) (B) (C= A+B) (D= C * 17%) (E= A *7%) (F= B *7%)

(G= D-E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA

CRÉDITO DO

FRETE

IMPOSTO A RECOLHER

R$100.000,00 R$ 1.000,00 R$ 101.000,00 R$ 17.170,00 R$ 7.000,00 R$ 70,00 R$ 10.100,00

Tabela 6. Cálculo Antecipado. Fonte: Próprio Autor.

ORIGEM QUALQUER LOCAL DO BRASIL – ALÍQUOTA 4%

(A) (B) (C= A+B) (D= C * 17%) (E = A *4%) (F = B*7%) (G= D-E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA

CRÉDITO DO FRETE

IMPOSTO A RECOLHER

R$100.000,00 R$ 1.000,00 R$101.000,00 R$ 17.170,00 R$4.000,00 R$ 70,00 R$ 13.100,00

Tabela 8. Cálculo Antecipado. Fonte: Próprio Autor.

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72

Após a Resolução do Senado nº 13/2012, a empresa que adquirir o

mesmo valor de mercadoria, sendo esta estrangeira, recolherá o valor de R$

13.100,00 de ICMS Antecipado.

Na operação entres empresas do Regime Normal apresenta-se o

seguinte cenário:

A tabela 8 em relação à tabela 7 apresenta aumento no tributo de R$

8.050,00. Em percentual representa 61,50%;

A tabela 8 em relação à tabela 6 apresenta aumento no tributo de R$

3.000,00. Em percentual representa 22,90%.

Observa-se que o impacto será maior quando a mercadoria de origem

estrangeira for oriunda do Norte/Nordeste, pois a redução de 8% no crédito de

origem representa um aumento de mais de 60% no valor do ICMS Antecipado a ser

recolhido.

5.5.2 Cálculo Regime Normal x Simples Nacional

ORIGEM SUL E SUDESTE - ALÍQUOTA DE ORIGEM 7%

(A) (B) (C= A+B) (D= C * 17%) (E = A * 7%) (F = B *7%)

(G= D-E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA FISCAL

CRÉDITO DO

FRETE

IMPOSTO A RECOLHER

R$100.000,00 R$ 1.000,00 R$101.000,00 R$ 17.170,00 R$ 7.000,00 R$ 70,00 R$ 10.100,00

Tabela 9. Cálculo Antecipado. Fonte: Próprio Autor.

ORIGEM NORTE E NORDESTE - ALÍQUOTA DE ORIGEM 12%

(A) (B) (C= A+B) (D= C * 17%) (E = A * 12%) (F = B *12%) (G= D-E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA

FISCAL

CRÉDITO DO FRETE

IMPOSTO A

RECOLHER

R$100.000,00 R$ 1.000,00 R$101.000,00 R$ 17.170,00 R$ 12.000,00 R$ 120,00 R$ 5.050,00

Tabela 10. Cálculo Antecipado. Fonte: Próprio Autor.

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73

A empresa optante pelo Simples Nacional segundo a tabela 9, quando

adquirir R$ 100.000,00 em mercadoria oriunda do Sul/Sudeste recolherá de ICMS

Antecipado o valor de R$ 10.100,00.

Na tabela 10, este valor será de R$ 5.050,00 quando a origem for do

Norte/Nordeste.

Após a Resolução do Senado quando a empresa adquirir o mesmo valor

de mercadoria de origem estrangeira vai recolher R$ 13.100,00 de ICMS

Antecipado.

Na operação entre empresa do Regime Normal e do Simples Nacional

apresenta-se o seguinte cenário:

A tabela 11 em relação à tabela 10 apresenta aumento no tributo de R$

8.050,00. Em percentual representa 61,50%;

A tabela 11 em relação à tabela 9 apresenta aumento no tributo de R$

3.000,00. E m percentual representa 22,90%.

Observa-se que o impacto é maior quando a mercadoria de origem

estrangeira for oriunda do norte e nordeste, pois, a redução de 8% no crédito de

origem representa um aumento de mais de 60% no valor do ICMS Antecipado a ser

recolhido.

Outro ponto importante a destacar é que o contribuinte do Simples

Nacional recolhe nesta operação o mesmo valor que o contribuinte do Regime

Normal.

Ora, com mais esse custo agregado ao preço da mercadoria, o

contribuinte optante do Simples Nacional perde competitividade. Pois, trata-se de

ORIGEM QUALQUER LOCAL DO BRASIL – ALÍQUOTA 4%

(A) (B) (C= A+B) (D= C * 17%) (E = A * 4%) (F = B *7%)

(G= D-E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA FISCAL

CRÉDITO DO

FRETE

IMPOSTO A RECOLHER

R$100.000,00 R$ 1.000,00 R$101.000,00 R$ 17.170,00 R$ 4.000,00 R$ 70,00 R$ 13.100,00

Tabela 11. Cálculo Antecipado. Fonte: Próprio Autor.

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74

uma despesa não recuperável, com esse sendo repassado ao preço de venda do

produto.

O impacto será sentido diretamente pelo consumidor final, que ao adquirir

mercadoria de uma empresa Optante pelo Simples Nacional, com certeza pagará

mais caro pelo produto.

5.5.3 Cálculo Simples Nacional x Regime Normal

ORIGEM SUL E SUDESTE - ALÍQUOTA DE ORIGEM 7%

(A) (B) (C= A+B) (D= C * 17%) (E = A * 0%) (F = B*0%) (G= D-E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA

FISCAL

CRÉDITO DO FRETE

IMPOSTO A RECOLHER

R$100.000,00 R$ 1000,00 R$101.000,00 R$ 17.170,00 R$ 0,00 R$ 70,00 R$ 17.100,00

Tabela 12. Cálculo Antecipado. Fonte: Próprio Autor.

ORIGEM NORTE E NORDESTE - ALÍQUOTA DE ORIGEM 12%

(A) (B) (C= A+B) (D= C * 17%) (E = A * 0%) (F = B *12%) (G= D-E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA

FISCAL

CRÉDITO DO FRETE

IMPOSTO A RECOLHER

R$100.000,00 R$ 1.000,00 R$101.000,00 R$ 17.170,00 R$ 0,00 R$ 120,00 R$ 17.050,00

Tabela 13. Cálculo Antecipado. Fonte: Próprio Autor.

ORIGEM QUALQUER LOCAL DO BRASIL – ALÍQUOTA 4%

(A) (B) (C= A+B) (D= C * 17%) (E = A * 4%) (F = B*7%) (G= D-E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA FISCAL

CRÉDITO DO FRETE

IMPOSTO A RECOLHER

R$100.000,00 R$ 1.000,00 R$101.000,00 R$ 17.170,00 R$ 0,00 R$ 70,00 R$ 17.100,00

Tabela 14. Cálculo Antecipado. Fonte: Próprio Autor.

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A empresa do regime Normal segundo na tabela 12, quando adquirir R$

100.000,00 em mercadorias, oriunda do Sul/Sudeste recolherá de ICMS Antecipado

o valor de R$ 17.100,00.

Já na tabela 13 este valor seria menor, devido o crédito de ICMS do frete

de 12% equivalente a R$ 120,00, o que vai resultar no valor de Antecipado de R$

17.050,00 quando a origem for do Norte/Nordeste.

Após a Resolução do Senado 13/2012 quando a empresa adquirir o

mesmo valor de mercadoria recolherá os mesmo R$ 17.100,00 de ICMS antecipado

da tabela 12.

Na operação entre empresa do Simples Nacional e do Regime Normal

apresenta-se o seguinte cenário:

Na tabela 14 em relação à tabela 12, não apresentou aumento no

tributo, ambas as operações não possuem crédito de origem devido o fornecedor ser

do Simples Nacional. Logo, a carga tributária se mantém com o mesmo percentual

de 17%.

Na tabela 14 em relação à tabela 13 apresentou um aumento no tributo

de apenas R$ 50,00. Em percentual representa 0.30%.

Observa-se que nesta relação do contribuinte do Regime Normal

estabelecido no Ceara, adquirindo mercadoria de origem estrangeira de um

fornecedor Optante pelo Simples em outra unidade da federação, praticamente não

há impacto na carga tributária mesmo após a Resolução do Senado 13/2012.

5.5.4 Cálculo Simples Nacional x Simples Nacional

ORIGEM SUL E SUDESTE - ALÍQUOTA DE ORIGEM 7%

(A) (B) (C= A+B) (D= C * 17%) (E = A * 7%) (F = B *7%) (G= D-E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA FISCAL

CRÉDITO DO FRETE

IMPOSTO A RECOLHER

R$100.000,00 R$ 1.000,00 R$101.000,00 R$ 17.170,00 R$ 7.000,00 R$ 70,00 R$ 10.100,00

Tabela 15. Cálculo Antecipado. Fonte: Próprio Autor.

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ORIGEM NORTE E NORDESTE - ALÍQUOTA DE ORIGEM 12%

(A) (B) (C= A+B) (D= C * 17%) (E = A * 12%) (F = B*12%) (G= D-E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA FISCAL

CRÉDITO DO FRETE

IMPOSTO A RECOLHER

R$100.000,00 R$ 1.000,00 R$101.000,00 R$ 17.170,00 R$ 12.000,00 R$ 120,00 R$ 5.050,00

Tabela 16. Cálculo Antecipado. Fonte: Próprio Autor.

A empresa optante pelo Simples Nacional segundo a tabela 13 ao adquirir

R$ 100.000,00 em mercadoria oriunda do Sul/Sudeste recolherá de ICMS

Antecipado o valor de R$ 10.100,00.

Já na tabela 16 o valor será R$ 5.050,00 quando oriunda do

Norte/Nordeste.

Após a Resolução do Senado nº 13/2012 quando a empresa adquirir o

mesmo valor de mercadoria estará sujeita a recolher os mesmo R$ 13.100,00 de

ICMS antecipado.

Na operação entre empresa do Simples Nacional e do Regime Normal

apresenta-se o seguinte cenário:

A tabela 17 em relação à tabela 16 apresentou aumento no tributo de

R$ 8.050,00. Em percentual representa 61,50%;

A tabela 17 em relação à tabela 15 apresentou aumento no tributo de

R$ 3.000,00. Em percentual representa 22,90%.

Observa-se que o impacto é maior quando a mercadoria de origem

estrangeira for oriunda do Norte/Nordeste, pois, a redução de 8% no crédito de

ORIGEM QUALQUER LOCAL DO BRASIL – ALÍQUOTA 4%

(A) (B) (C= A+B) (D= C * 17%) (E = A * 4%) (F = B *7%) (G= D-E-F)

TOTAL DA NOTA

VALOR DO FRETE

BASE DE CÁLCULO

ALÍQUOTA DE DESTINO

CRÉDITO DA NOTA FISCAL

CRÉDITO DO FRETE

IMPOSTO A

RECOLHER

R$100.000,00 R$ 1.000,00 R$101.000,00 R$ 17.170,00 R$ 4.000,00 R$ 70,00 R$

13.100,00

Tabela 17. Cálculo Antecipado. Fonte: Próprio Autor.

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origem representa um aumento de mais de 60% no valor final a recolher de ICMS

Antecipado pelos contribuintes.

Outro ponto importante a destacar é que o contribuinte do Simples

Nacional recolhe nesta operação o mesmo valor que o contribuinte do Regime

Normal, isso porque nas operações entre contribuintes do Simples Nacional fica

garantido o crédito presumido para fins de cálculo. Este crédito presumido leva em

consideração a origem da mercadoria conforme previsto no CGSN 94/2011.

O impacto será sentido pelo consumidor final que ao adquirir mercadoria

de uma empresa Optante pelo Simples Nacional, com certeza pagará mais caro pelo

produto. A empresa deve repassar os custos tributários não recuperáveis ao preço

final de venda da mercadoria.

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CONCLUSÃO

O presente trabalho apresentou as definições dos vários elementos

constitutivos do ICMS desde o conceito de tributo, até a sua evolução histórica do

ICMS, para um melhor entendimento das modificações que surgiram neste imposto

ao longo do tempo.

O trabalho buscou como foco principal explicar a legislação do ICMS na

ótica da cobrança realizada na Fronteira pelo Estado do Ceará, dando ênfase ao

ICMS Antecipado, para demonstrar o que mudou a partir da Resolução do Senado

Federal Nº 13/2012, além de explicar seus objetivos.

A partir de um caso prático comparativo entre o Regime Normal e o

Regime do Simples Nacional evidenciaram-se os pontos críticos desta nova

realidade, após tal Resolução.

O trabalho foi baseado em pesquisa documental, principalmente nas

recentes legislações sobre o assunto. A partir das pesquisas realizadas ficou

evidente que além do aumento da tributação, os contribuintes deverão conviver com

as muitas obrigações acessórias resultantes das recentes mudanças no cenário

tributário nacional.

Constatou-se ainda neste trabalho, que foi criada hipótese de incidência

do ICMS Antecipado, não elencada a Lei Complementar 87/96, previsto como

hipótese de incidência do ICMS pela Lei cearense nº 12.670/1996, em seu art. 2º,

inciso V, alínea “a”, reproduzida no art. 2º, inciso V, alínea “a”, do Regulamento do

ICMS/CE, ferindo de morte a Lei Kandir.

O ICMS Antecipado é cobrado tanto das empresas cadastradas no

Regime Normal de Recolhimento, como de empresas optantes pelo Simples

Nacional, fator determinante para a classificação do ICMS Antecipado como custo

ou despesa, considerando ser recuperável ou não recuperável.

Após o caso prático evidenciou-se um aumento na carga tributária nos

percentuais de 3% e 8%, exceto, na operação com fornecedor do Simples Nacional

e o adquirente neste Estado do Regime Normal, este já recolhia conforme alíquota

interna e assim permaneceu mesmo após a resolução, conforme demonstrado nas

tabelas 3,4 e 5 do capítulo 5 deste trabalho.

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Com a alteração na carga tributária o valor do ICMS Antecipado a

recolher vai aumentar em mais de 60%, nas operações entre contribuintes do

Regime Normal, Regime Normal vendendo para optante do Simples Nacional neste

Estado e entre contribuintes optantes do Simples Nacional. Conforme demonstrado

também no capítulo 5, demonstrando assim a alta carga tributária a qual os

contribuintes ficarão sujeitos após está nova realidade nas operações interestaduais.

Sendo o ICMS um imposto “indireto”, este custo irá compor o preço de

venda da mercadoria ou bem, encarecendo-o em demasia para o consumidor final, o

que poderá inibir o consumo. Ou seja, o consumidor final é o contribuinte de fato:

aquele que suporta o ônus do imposto, também denominado de sujeito passivo

indireto.

Assim, constata-se através do caso pratico que os contribuintes do

Simples Nacional são onerados duplamente, num verdadeiro absurdo: por meio do

ICMS Antecipado e por meio da alíquota do Simples Nacional. Trata-se, portanto, de

uma despesa não recuperável, pela impossibilidade de recuperação do imposto

pago, elemento diferenciador de tal regime, com esse sendo repassado ao preço de

venda do produto o que implica em perda da competitividade.

Se não a possibilidade de recuperação do valor pago, não há que se

falar em ICMS Antecipado.

Enquanto aos contribuintes do regime Normal o ICMS Antecipado mesmo

sendo recuperável em 100%, com poucos casos de exceção, ainda sim não se

configura como vantagem, tendo outros problemas a enfrentar devido a esta

sistemática de cobrança antecipado. Vale ressaltar que o impacto no fluxo de caixa

será o maior deles.

É aconselhável que as empresas realizem planejamento tributário para

reavaliar seus fornecedores na tentativa de evitar um aumento no custo com tributos

ou barganhar descontos nas mercadorias compatíveis com o aumento da carga.

Conclui-se que o assunto é de grande relevância para toda a sociedade. O

Governo Federal com o objetivo de acabar com a guerra dos portos e proporcionar

igualdade de concorrência a todos os contribuintes, independente do estado pelo

qual faça importação, criou internamente no Ceará, uma nova guerra, a da

sobrevivência na selva tributária. E colocou automaticamente os contribuintes do

simples em situação de desvantagem para concorrer no estado.

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Depois de todas as mudanças, tendo o empresário que investir em novas

tecnologias, em mão de obra qualificada ainda sim quem vai pagar a maior parte

desta conta sem dúvida é o consumidor final, o verdadeiro contribuinte do ICMS,

sendo este que de fato quem suporta ônus da carga.

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REFERÊNCIAS

SABBAG, Eduardo de Moraes, Direito Tributário, 8ºEd editora Ideia jurídica, SãoPaulo, 2008. Júlio MACHADO, Hugo de Brito, Curso de Direito Tributário, 26º Edição São Paulo, Editora Malheiros, 2008. NETO, José Ribeiro, Direito Tributário, 01º Edição, Editora Fortes 2006, Fortaleza, CE. AMARO, Luciano, Direito Brasileiro, 11º Ed. 2010 São Paulo, Editora Saraiva. CASSONE, Vittorio, Direito tributário, 19º Edição 2008 São Paulo, Editora Atlas. BRASÍLIA, Ajuste Sinief 19, 07 de Novembro de 2012. BRASÍLIA, Ajuste Sinief 20, 07 de Novembro de 2012. BRASÍLIA, Ajuste Sinief 27, 21 de Dezembro de 2012. BRASÍLIA, Ajuste Sinief 09, 22 de Maio de 2013. BRASÍLIA, Ato Cotepe 61, 24 de Dezembro de 2012. BRASÍLIA, Convênio 123,07 de Novembro de 2011. BRASÍLIA, Convênio 38, 23 de Maio de 2013. BRASÍLIA, Lei Kandir 87, 13 de Setembro de 1996. BRASÍLIA, Protocolo 21, 01, de Abril de 2011. BRASÍLIA, Resolução do Senado Federal 13, 26 de Abril de 2012. CEARÁ, Decreto 30.542, 23 de Maio 2011. CEARÁ, Decreto 28.326, 25 de Julho 2006. CEARÁ, Decreto 24.569, 31 de Novembro 1997. CEARÁ, Instrução Normativa 02, 14 de Março de 2013. CEARÁ, Instrução Normativa 17, 23 de Maio de 2013. CEARÁ, Lei do ICMS 12.670, 27 de Dezembro de 1996. CEARÁ, Lei do Simples Nacional 123 de 2006.