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1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO CONTEÚDOS -CLASSICISMO E HUMANISMO Os conteúdos serão trabalhados através de lista de exercícios, contemplando as questões da prova bimestral. LISTA DE EXERCÍCIOS QUESTÃO 01 (UNEM) O franciscano Roger Bacon foi condenado, entre 1277 e 1279, por dirigir ataques aos teólogos, por uma suposta crença na alquimia, na astrologia e no método experimental, e também por introduzir, no ensino, as ideias de Aristóteles. Em 1260, Roger Bacon escreveu: "Pode ser que se fabriquem máquinas graças às quais os maiores navios, dirigidos por um único homem, se desloquem mais depressa do que se fossem cheios de remadores; que se construam carros que avancem a uma velocidade incrível sem a ajuda de animais; que se fabriquem máquinas voadoras nas quais um homem (...) bata o ar com asas como um pássaro. Máquinas que permitam ir ao fundo dos mares e dos rios" (apud. BRAUDEL, Fernand. "Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV- XVIII São Paulo: Martins Fontes, 1996, vol. 3). Considerando a dinâmica do processo histórico, pode-se afirmar que as ideias de Roger Bacon a) inseriam-se plenamente no espírito da Idade Média ao privilegiarem a crença em Deus como o principal meio para antecipar as descobertas da humanidade. b) estavam em atraso com relação ao seu tempo ao desconsiderarem os instrumentos intelectuais oferecidos pela Igreja para o avanço científico da humanidade. c) opunham-se ao desencadeamento da Primeira Revolução Industrial, ao rejeitarem a aplicação da matemática e do método experimental nas invenções industriais. d) eram fundamentalmente voltadas para o passado, pois não apenas seguiam Aristóteles, como também se baseavam na tradição e na teologia. e) inseriam-se num movimento que convergiria mais tarde para o Renascimento, ao contemplarem a possibilidade de o ser humano controlar a natureza por meio das invenções. QUESTÃO 02 Durante o Humanismo desenvolveu-se uma nova concepção de vida: houve a defesa da reforma total do homem; acentuaram- se os valores do homem na terra, tudo o que pudesse tornar conhecido o ser humano; preocupou-se com o desenvolvimento da personalidade e da forma humana, das suas faculdades criadoras altamente expressivas no Renascimento; houve como objetivo atualizar, dinamizar e dar uma nova vida aos estudos tradicionais; empenhou-se em fazer a reforma educacional.A partir das informações do texto, a obra de artes visuais que corresponde às ideias destacadas é a) Leonardo da Vinci

CENTRO EDUCACIONAL “LATO SENSU” · Web view1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO CONTEÚDOS -CLASSICISMO E HUMANISMO Os conteúdos serão trabalhados através de lista de exercícios, contemplando

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1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

CONTEÚDOS -CLASSICISMO E HUMANISMO

Os conteúdos serão trabalhados através de lista de exercícios, contemplando as questões da prova bimestral.

LISTA DE EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

(UNEM) O franciscano Roger Bacon foi condenado, entre 1277 e 1279, por dirigir ataques aos teólogos, por uma suposta crença na alquimia, na astrologia e no método experimental, e também por introduzir, no ensino, as ideias de Aristóteles. Em 1260, Roger Bacon escreveu: "Pode ser que se fabriquem máquinas graças às quais os maiores navios, dirigidos por um único homem, se desloquem mais depressa do que se fossem cheios de remadores; que se construam carros que avancem a uma velocidade incrível sem a ajuda de animais; que se fabriquem máquinas voadoras nas quais um homem (...) bata o ar com asas como um pássaro. Máquinas que permitam ir ao fundo dos mares e dos rios"

(apud. BRAUDEL, Fernand. "Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV-XVIII São Paulo: Martins Fontes, 1996, vol. 3).

Considerando a dinâmica do processo histórico, pode-se afirmar que as ideias de Roger Bacon

a) inseriam-se plenamente no espírito da Idade Média ao privilegiarem a crença em Deus como o principal meio para antecipar as descobertas da humanidade.

b) estavam em atraso com relação ao seu tempo ao desconsiderarem os instrumentos intelectuais oferecidos pela Igreja para o avanço científico da humanidade.

c) opunham-se ao desencadeamento da Primeira Revolução Industrial, ao rejeitarem a aplicação da matemática e do método experimental nas invenções industriais.

d) eram fundamentalmente voltadas para o passado, pois não apenas seguiam Aristóteles, como também se baseavam na tradição e na teologia.

e) inseriam-se num movimento que convergiria mais tarde para o Renascimento, ao contemplarem a possibilidade de o ser humano controlar a natureza por meio das invenções.

QUESTÃO 02

Durante o Humanismo desenvolveu-se uma nova concepção de vida: houve a defesa da reforma total do homem; acentuaram-se os valores do homem na terra, tudo o que pudesse tornar conhecido o ser humano; preocupou-se com o desenvolvimento da personalidade e da forma humana, das suas faculdades criadoras altamente expressivas no Renascimento; houve como objetivo atualizar, dinamizar e dar uma nova vida aos estudos tradicionais; empenhou-se em fazer a reforma educacional.A partir das informações do texto, a obra de artes visuais que corresponde às ideias destacadas é

a) Leonardo da Vinci

b) Pablo Picasso

c) Paul Gauguin

d) Giorgio de Chirico

e) Giuseppe Arcimboldo

QUESTÃO 03

Leia o soneto de Luís Vaz de Camões para responder à questão:

Alma minha gentil, que te partiste

Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida, descontente,

Repousa lá no Céu eternamente,

E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta sida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te

Alguma cousa a dor que me ficou

Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te,

Quão cedo de meus olhos te levou.

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

No poema de Camões, podemos perceber algumas características do Classicismo. São elas:

a) equilíbrio entre os transes existenciais do poeta com a disciplina clássica: emoção e razão, expressão pessoal e imitação são concebidas por meio de uma dicção sóbria, contida, mas nem por isso menos comovente. No poema também podemos perceber que, embora o homem sempre queira atingir o ideal e a perfeição, ele sempre encontra em seu caminho a restrição imposta pela própria condição humana.

b) o assunto principal do poema é o sofrimento amoroso do eu lírico perante uma mulher idealizada e distante. Há uma ambientação aristocrática da corte e uma forte influência provençal na lírica camoniana.

c) predomínio da musicalidade e grande influência da tradição oral ibérica. O assunto principal do poema é o lamento da moça cujo namorado partiu. Os paralelismos semânticos, o refrão, reiterações e estribilho estão presentes em seus versos: esses elementos tinham como finalidade facilitar a memorização do texto para que ele fosse cantado.

d) O poema de Camões é marcado por uma linguagem rebuscada, permeada por figuras de linguagem de difícil compreensão. Seu tema principal é a luta entre classes sociais e as crises religiosas.

e) há o predomínio do nacionalismo e da contemplação de campo, onde o autor se fez presente na infância, o que deixa a obra saudosista.

QUESTÃO 04

(FMTM-2003)

Senhora, partem tão tristes

meus olhos por vós, meu bem,

que nunca tão tristes vistes

outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,

tão doentes da partida,

tão cansados, tão chorosos,

da morte mais desejosos

cem mil vezes que da vida.

Partem tão tristes os tristes,

tão fora d’esperar bem,

que nunca tão tristes vistes

outros nenhuns por ninguém.

O texto acima é construído a partir de uma figura de linguagem:

a) metáfora.

b) metonímia.

c) pleonasmo.

d) antítese.

e) paradoxo.

QUESTÃO 05

Logia e mitologia

Meu coração

de mil e novecentos e setenta e dois

já não palpita fagueiro

sabe que há morcegos de pesadas olheiras

que há cabras malignas que há

cardumes de hienas infiltradas

no vão da unha na alma

um porco belicoso de radar

e que sangra e ri

e que sangra e ri

a vida anoitece provisória

centuriões sentinelas

do Oiapoque ao Chuí.

CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002

O título do poema explora a expressividade de termos que representam o conflito do momento histórico vivido pelo poeta na década de 1970. Nesse contexto, é correto afirmar que

a) o poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas com significado impreciso.

b) “morcegos”, “cabras” e “hienas” metaforizam as vítimas do regime militar vigente.

c) o “porco”, animal difícil de domesticar, representa os movimentos de resistência.

d) o poeta caracteriza o momento de opressão através de alegorias de forte poder de impacto.

e) “centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes que garantem a paz social experimentada.

QUESTÃO 06

Pote Cru é meu Pastor. Ele me guiará.

Ele está comprometido de monge.

De tarde deambula no azedal entre torsos de

cachorro, trampas, trapos, panos de regra, couros,

de rato ao podre, vísceras de piranhas, baratas

albinas, dálias secas, vergalhos de lagartos,

linguetas de sapatos, aranhas dependuradas em

gotas de orvalho etc. etc.

Pote Cru, ele dormia nas ruínas de um convento

Foi encontrado em osso.

Ele tinha uma voz de oratórios perdidos.

BARROS, M. Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro: Record, 2002.

Ao estabelecer uma relação com o texto bíblico nesse poema, o eu lírico identifica-se com Pote Cru porque

a) entende a necessidade de todo poeta ter voz de ora tórios perdidos.

b) elege-o como pastor a fim de ser guiado para a salvação divina.

c) valoriza nos percursos do pastor a conexão entre as ruínas e a tradição.

d) necessita de um guia para a descoberta das coisas da natureza.

e) acompanha-o na opção pela insignificância das coisas.

QUESTÃO 07

(POLI) "Duas relíquias históricas produzidas no Brasil, foram trazidas para exibição na Mostra do Redescobrimento, em São Paulo: o manto tupinambá e a carta de Pero Vaz de Caminha."

(Folha de São Paulo, 11 de maio de 2000.)

A carta de Pero Vaz de Caminha, sobre o achamento do Brasil, enviada a El-Rei Dom Manuel é a principal manifestação literária do Quinhentismo, movimento literário brasileiro do século XVI. Tendo em vista o seu teor, podemos afirmar que os visitantes da Mostra do Redescobrimento, ao se depararem com tal texto, conseguiriam através dele:

a) resgatar valores e conceitos sociais brasileiros.

b) descobrir a história brasileira pela arte.

c) ter mais informações sobre a arte brasileira.

d) ver a cultura indígena brasileira.

e) perceber o interesse português em explorar a nova terra.

QUESTÃO 08

(UFPEL) O texto a seguir servirá de base para a próxima questão.

Pero Vaz de Caminha, referindo-se aos indígenas escreveu:

“E naquilo sempre mais me convenço que são como aves ou animais montesinhos, aos quais faz o ar melhor pena e melhor cabelo que aos mansos, porque os seus corpos são tão limpos, tão gordos e formosos, a não mais poder.” […]

“Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e eles a nossa, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto, Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá Deus que com pouco trabalho seja assim.” […]

“Eles não lavram nem criam. Não há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao convívio com o homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.”

CASTRO, Silvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996.

De acordo com o texto e seus conhecimentos, marque a alternativa correta:

a) Caminha, numa visão eurocentrista, exalta a cultura do “descobridor”, menosprezando todos os aspectos referentes ao modo de vida dos nativos, por exemplo, a não exploração daqueles mamíferos placentários exóticos, citados na carta, introduzidos no Brasil quando da colonização.

b) Caminha realiza, através de farta adjetivação, descrições botânicas minuciosas acerca da flora da nova terra, destacando o tipo de alimentação do europeu — rica em vitaminas e sais minerais — em contraposição à indígena, que é rica em lipídios.

c) A religiosidade está presente ao longo do texto, quando se constata que o emissor, tendo em mente a conversão dos índios à “santa fé católica” — pretensão dos europeus conquistadores —, ressalta positivamente a existência de crenças animistas entre os nativos.

d) Na carta de Pero Vaz de Caminha, que apresenta linguagem formal, por ser o rei português o destinatário, há forte preocupação com aspectos da necessária conversão dos índios ao catolicismo, no contexto de crise religiosa na Europa.

e) Ao realizar concomitantemente a narração e a descrição dos hábitos dos nativos, o remetente destaca informações não só do habitat como dos usos e costumes indígenas, exaltando o cultivo das plantas de lavouras e dos pomares.

QUESTÃO 09

(UFLA) Leia o texto a seguir para responder à questão.

CARTA DE PERO VAZ

A terra é mui graciosa,

Tão fértil eu nunca vi.

A gente vai passear,

No chão espeta um caniço,

No dia seguinte nasce

Bengala de castão de oiro.

Tem goiabas, melancias.

Banana que nem chuchu.

Quanto aos bichos, tem-nos muitos.

De plumagens mui vistosas.

Tem macaco até demais.

Diamantes tem à vontade,

Esmeralda é para os trouxas.

Reforçai, Senhor, a arca.

Cruzados não faltarão,

Vossa perna encanareis,

Salvo o devido respeito.

Ficarei muito saudoso

Se for embora d'aqui.

(Murilo Mendes)

castão - remate superior de uma bengala;

cruzado - antiga moeda portuguesa;

vossa perna encanareis - a expressão quer dizer que o rei "estava mal das pernas", isto é, sem dinheiro, "quebrado". As riquezas do Brasil poderão tirá-lo dessa situação.

Há nesse texto uma sátira à expressão "dar-se-á nela tudo", contida na Carta de Caminha. Marque a alternativa que confirma essa tendência.

a) "Tem goiabas, melancias

Banana que nem chuchu."

b) ( ... )

"No chão espeta um caniço,

No dia seguinte nasce

Bengala de castão de oiro."

c) "A terra é mui graciosa

Tão fértil eu nunca vi."

d) "Quanto aos bichos, tem-nos muitos

De plumagens mui vistosas.

Tem macaco até demais."

e) "Diamantes tem à vontade,

Esmeralda é para os trouxas.

Reforçai, Senhor, a arca..

QUESTÃO 10

ENEM- 2014

Quando Deus redimiu da tirania

Da mão do Faraó endurecido

O Povo Hebreu amado, e esclarecido,

Páscoa ficou da redenção o dia.

Páscoa de flores, dia de alegria

Àquele povo foi tão afligido

O dia, em que por Deus foi redimido;

Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

Pois mandado pela Alta Majestade

Nos remiu de tão triste cativeiro,

Nos livrou de tão vil calamidade.

Quem pode ser senão um verdadeiro

Deus, que veio estirpar desta cidade

o Faraó do povo brasileiro.

(DAMASCENO, D. Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: 2006)

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por

a) visão cética sobre as relações sociais.

b) preocupação com a identidade brasileira.

c) crítica velada à forma de governo vigente.

d) reflexão sobre dogmas do Cristianismo.

e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

QUESTÃO 11

(ENEM) Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.

VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado).

O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e

a) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.

b) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.

c) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.

d) o papel dos senhores na administração dos engenhos.

e) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.

QUESTÃO 12

(ENEM)

TEXTO I

Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.

CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II

PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm Disponível em: www.portinari.org.br. Acesso em: 12 jun. 2013. (Foto: Reprodução)

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que

a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.

b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.

c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.

d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e não verbal –, cumprem a mesma função social e artística.

e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.

QUESTÃO 13

Texto I

“Mulher, Irmã, escuta-me: não ames,

Quando a teus pés um homem terno e curvo

jurar amor; chorar pranto de sangue,

Não creias, não, mulher: ele te engana!

as lágrimas são gotas de mentira

E o juramento manto da perfídia”.

Joaquim Manoel de Macedo

Texto II

“Teresa, se algum sujeito bancar o

sentimental em cima de você

E te jurar uma paixão do tamanho de um

bonde

Se ele chorar

Se ele ajoelhar

Se ele se rasgar todo

Não acredite não Teresa

É lágrima de cinema

É tapeação

Mentira

CAI FORA

Manuel Bandeira

(Enem) Os autores, ao fazerem alusão às imagens da lágrima, sugerem que:

a) Há um tratamento idealizado da relação homem/mulher.

b) Há um tratamento realista da relação homem/mulher.

c) A relação familiar é idealizada.

d) A mulher é superior ao homem.

e) A mulher é igual ao homem.

TEXTO PARA AS QUESTÕES 14 E 15.

À INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em continuas tristezas a alegrias,

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se é tão formosa a Luz, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto, da pena assim se fia?

no Sol, e na Luz falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria, sinta-se triste.

Começa o Mundo enfim pela ignorância

A firmeza somente na inconstância.

QUESTÃO 14

No texto predominaram as imagens:

a) olfativas;

b) gustativas;

c) auditivas;

d) táteis;

e) visuais.

QUESTÃO 15

Sobre a obra de Gregório de Matos é correto afirmar que:

a) Os vícios da colônia são criticados e as autoridades públicas são ridicularizadas.

b) Sua infância e sua família são temas recorrentes em seus poemas.

c) A escravidão é denunciada como instituição perversa e desnecessária.

d) O elogio da mulher amada está inserido em um quadro bucólico e pastoril.

e) O ideal de racionalidade resulta na sintaxe simples e na ordem direta das frases.

QUESTÃO 16

(PUCC-SP) Gil Vicente escreveu o Auto da Barca do Inferno em 1517, no momento em que eclodia na Alemanha a Reforma Protestante com a crítica veemente de Lutero ao mau clero dominante na Igreja. Nessa obra, há a figura do frade, severamente censurado como um sacerdote negligente. Indique a alternativa cujo conteúdo não se presta a caracterizar, na referida peça, os erros cometidos pelo religioso.

a) Não cumprir os votos de celibato, mantendo a concubina Florença.

b) Entregar-se a práticas mundanas, como a dança.

c) Praticar esgrima e usar armamentos de guerra, proibidos aos clérigos.

d) Transformar a religião em manifestação formal, ao automatizar os ritos litúrgicos.

e) Praticar a avareza como cúmplice do Fidalgo, e a exploração da prostituição em parceria com a alcoviteira.

QUESTÃO 17

- Leia o texto abaixo pautado para responder ao que se pede:

Frade

Corpo de Deus consagrado!

Pela fé de Jesus Cristo

que não posso entender isto!

Hei de ser eu condenado?

Um padre tão namorado,

tão dedicado à virtude!

Dê-me Deus tanta saúde

quanto estou maravilhado.

Diabo

Deixemos de mais demora.

Embarcai e partiremos.

Tomareis um par de remos.

Frade

No ajuste isto não vigora.

Diabo

Pois vai na sentença, agora.

Frade

Não esperava por ela.

Não vai em tal caravela

minha senhora Florença.

Como, por ser namorado

e folgar com uma mulher

há de um frade se perder

com tanto salmo rezado?

Diabo

Ora, estás bem preparado.

Frade

E tu, bem mais prevenido.

Diabo

Devoto, padre e marido,

aqui serás castigado.

(Gil Vicente - Auto da Barca do Inferno)

A última fala do diabo, revela-nos que o teatro de Gil Vicente, especificamente este Auto da barca do Inferno, pode ser visto também como uma espécie de tribunal, onde os homens são julgados segundo o que fizeram em suas vidas. Sendo assim, é possível afirmar que:

a) o teatro vicentino apresenta preocupação político-social, pois seu autor defende as classes menos favorecidas, excitando uma considerável revolta social.

b) Gil Vicente contemplou a sociedade de sua época através de um olhar crítico, que lhe permitiu condenar livremente as pessoas que deveriam ir para o Inferno pagar os pecados cometidos em vida.

c) o diabo é uma figura decisiva nesta peça, pois é ele quem julga as pessoas. Com isso, Gil Vicente queria transmitir ao público a ideia de que só o mal pode julgar o mal, enquanto o papel do bem consistia em apenas contemplar a condenação irreversível de todos os homens.

d) o fato de o diabo atuar como um juiz caracteriza uma crítica à classe dos juízes, dos advogados, dos procuradores e dos corregedores. Gil Vicente defendia a ideia de que só Deus pode determinar o destino dos homens, independentemente das decisões humanas.

e) o teatro de Gil Vicente está sustentado pela ética católica medieval. Daí o julgamento dos homens segundo uma perspectiva maniqueísta (anjo e diabo = céu e inferno, respectivamente). Essa interpretação aparece no Auto da barca do Inferno através da crítica ao comportamento e às práticas morais da época.

QUESTÃO 18

(Ufmg) "Que obra de arte é o homem: tão nobre no raciocínio, tão vário na capacidade; em forma o movimento, tão preciso e admirável; na ação é como um anjo; no entendimento é como um Deus; a beleza do mundo, o exemplo dos animais."

(SHAKESPEARE, William. HAMLET.)

O valor renascentista expresso nesse texto é

a) o antropomorfismo.

b) o hedonismo.

c) o humanismo.

d) o individualismo.

e) o racionalismo.

QUESTÃO 19

(Unirio) Criada pelos humanistas italianos e retomada por Vasari, a noção de uma ressurreição das letras e das artes graças ao reencontro com a Antiguidade foi, seguramente, fecunda (...). Essa noção significa juventude, dinamismo, vontade de renovação (...). Teve em si a inevitável injustiça das abruptas declarações de adolescentes, que rompem ou creem romper com os gostos e as categorias mentais dos seus antecessores. Mas o termo "Renascimento", mesmo na acepção estrita dos humanistas, que o aplicavam, essencialmente, à literatura e às artes plásticas, parece-nos atualmente insuficiente.

(DELUMEAU, Jean. A CIVILIZAÇÃO DO RENASCIMENTO. Lisboa, Editorial Estampa, 1983, vol.1, p.19)

A revisão que o autor nos apresenta com relação ao termo Renascimento aponta para o fato de que a (o):

a) Idade Média não deve mais ser vista como um período de obscurantismo onde a cultura estava totalmente morta.

b) cultura medieval já realizava um questionamento ao teocentrismo, fato que foi apenas aprofundado pelo Humanismo e pelo Renascimento.

c) ruptura que os humanistas pretendiam com a Idade Média era apenas aparente, pois a suposta inspiração na Antiguidade esteve sempre subordinada aos padrões medievais.

d) obscurantismo medieval não impediu a existência de uma produção artística, embora esta fosse esteticamente inferior à da Renascença.

e) Humanismo ainda imprime ao Renascimento uma visão conformista com relação ao mundo, o que muito se assemelhava ao pensamento medieval.

QUESTÃO 20

(UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:

Dos vícios já desligados

nos pajés não crendo mais,

nem suas danças rituais,

nem seus mágicos cuidados.

(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos índios em procissão:

a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus.

b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa.

c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés.

d) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista.

e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível.

QUESTÃO 21

A famosa “Carta de achamento do Brasil”, mais conhecida como “A carta de Pero Vaz de Caminha”, foi o primeiro manuscrito que teve como objeto a terra recém-descoberta. Nela encontramos o primeiro registro de nosso país, feito pelo escrivão do rei de Portugal, Pero Vaz de Caminha. Podemos inferir, então, a seguinte intenção dos portugueses:

a) objetivavam o resgate de valores e conceitos sociais brasileiros.

b) buscavam descobrir, através da arte, a história da terra recém-descoberta.

c) estavam empenhados em conhecer um pouco mais sobre a arte brasileira.

d) firmar um pacto de cordialidade com os nativos da terra descoberta.

e) explorar a tão promissora nova terra.

QUESTÃO 22

Leia o texto “Erro de português”, de Oswald de Andrade, para responder à questão.

Erro de português

Quando o português chegou

Debaixo duma bruta chuva

Vestiu o índio

Que pena! Fosse uma manhã de sol

O índio tinha despido

O português.

Oswald de Andrade

Podemos observar que há uma crítica do autor em relação aos povos colonizadores, sobretudo uma crítica sobre as intenções dos padres jesuítas, amplamente

expressas na literatura produzida durante o Quinhentismo.

A crítica de Oswald de Andrade está presente no verso:

a) “Quando o português chegou (...)”;

b) “(...) Vestiu o índio (...)”;

c) “(...) Debaixo de uma bruta chuva (...)”;

d) “(...) O índio tinha despido (...)”;

e) “(...) Que pena! Fosse uma manhã de sol (...)”.

QUESTÃO 23

(FMTM-2002)

Endechas à escrava Bárbara

Aquela cativa,

que me tem cativo

porque nela vivo,

já não quer que viva.

Eu nunca vi rosa

em suaves molhos,

que para meus olhos

fosse mais formosa.

Uma graça viva,

que neles lhe mora,

para ser senhora

de quem é cativa.

Pretos os cabelos,

onde o povo vão

perde opinião

que os louros são belos.

Pretidão de Amor,

tão doce a figura,

que a neve lhe jura

que trocara a cor.

Leda mansidão

que o siso acompanha;

bem parece estranha,

mas bárbara não.

Vocabulário:

Endechas: Versos em redondilha menor (cinco sílabas).

Molhos: feixes.

Leda: risonha.

Vão: fútil.

Em sua obra, Camões continua a tradição da conduta amorosa das cantigas medievais. Nela, a mulher amada era considerada

a) responsável pelas contradições e insatisfações do homem.

b) símbolo do amor erótico.

c) incapaz de levar o homem a atingir o Bem.

d) um ser impuro e prejudicial ao homem.

e) uma pessoa superior, fonte de virtudes.

QUESTÃO 24

(CESMAZON) O culto a natureza, característica da literatura brasileira, tem sua origem nos textos da literatura de informação. Assinale o fragmento da carta de Caminha que já revela a mencionada característica.

a) “Viu um deles umas contas rosário, brancas; acenou que lhes dessem, folgou muito com elas, e lanço-as ao pescoço.”

b) “Assim, quando o batel chegou a foz do rio, estavam ali dezoito ou vinte homens pardos todos nus sem nenhuma roupa que lhes cobrisse suas vergonhas.”

c) Mas a terra em si é muito boa de ares, tão frios e temperados como os de Entre-Douro e Minho, porque,neste tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas e indefinidas. De tal maneira é graciosa e querendo aproveita-las, dar-se-à nela tudo por bem das águas que tem.”

d) “Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”

e) “Mostrara-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo, tornaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os estavam ali.”

QUESTÃO 25

A questão seguinte baseia-se no poema épico “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões, do qual se reproduzem, a seguir, três estrofes.

Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto)

Que ficava nas praias, entre a gente,

Postos em nós os olhos, meneando

Três vezes a cabeça, descontente,

A voz pesada um pouco alevantando,

Que nós no mar ouvimos claramente,

C’um saber só de experiências feito,

Tais palavras tirou do experto peito:

“Ó glória de mandar, ó vã cobiça

Desta vaidade a quem chamamos Fama!

Ó fraudulento gosto, que se atiça

C’uma aura popular, que honra se chama!

Que castigo tamanho e que justiça

Fazes no peito vão que muito te ama!

Que mortes, que perigos, que tormentas,

Que crueldades neles experimentas!

Dura inquietação d’alma e da vida

Fonte de desamparos e adultérios,

Sagaz consumidora conhecida

De fazendas, de reinos e de impérios!

Chamam-te ilustre, chamam-te subida,

Sendo digna de infames vitupérios;

Chamam-te Fama e Glória soberana,

Nomes com quem se o povo néscio engana.”

Os versos de Camões foram retirados da passagem conhecida como O Velho do Restelo. Nela, o velho

a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar os mares à procura de uma vida melhor.

b) critica as navegações portuguesas por considerar que elas se baseiam na cobiça e busca de fama.

c) emociona-se com a saída dos portugueses que vão atravessar os mares até chegar às Índias.

d) destrata os marinheiros por não o terem convidado a participar de tão importante empresa.

e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos que eles podem encontrar para buscar fama em outras terras.