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1 CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS CEEBJA NOVA VISÃO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO GUARAPUAVA 2014

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ... · 6.1 A escola e as funções sociais da Educação de Jovens e Adultos ... na educação das crianças e jovens, ... intelectual

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS

CEEBJA NOVA VISÃO

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

GUARAPUAVA

2014

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SUMÁRIO

1. IDENTIFICAÇÃO DA INSITUIÇÃO ESCOLAR .......................................................... 6

2. APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 8

2.1 A importância do Projeto Político Pedagógico ….................................................... 8

2.2 A elaboração do Projeto Político Pedagógico da Instituição ................................. 9

2.3 Objetivos da Instituição ............................................................................................ 9

2.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 9

3. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11

3.1 CEEBJA NOVA VISÃO: um ambiente escolar diferenciado ….......................... 11

3.2 PIG – Penitenciária Industrial de Guarapuava ..................................................... 12

3.2.1 Estrutura Física ................................................................................................... 13

3.2.2 Recursos Humanos ............................................................................................. 14

3.2.3 Segurança ............................................................................................................ 15

3.2.4 Caracterização do Sujeito Encarcerado .............................................................. 15

3.3 CRAG – Centro de Regime Semi Aberto de Guarapuava .................................... 18

3.3.1 Estrutura Física ................................................................................................... 18

3.3.2 Recursos Humanos ............................................................................................. 19

3.3.3 Segurança ............................................................................................................ 19

3.3.4 Caracterização do Sujeito Encarcerado .............................................................. 20

4. DIAGNÓSTICO ................................................................................................................... 22

4.1 Recursos Humanos .................................................................................................... 22

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4.2 Estrutura Física ........................................................................................................ 23

4.3 Caracterização da Comunidade Escolar ................................................................ 24

4.4 Histórico da EJA no Brasil ...................................................................................... 24

4.5 Histórico da EJA no Estado do Paraná ................................................................... 34

4.6 Realidade da EJA para educandos em privação de liberdade ............................. 37

4.6.1 Reconhecendo o ambiente prisional ................................................................... 37

4.6.2 A população carcerária ........................................................................................ 38

4.6.3 O acesso à educação escolar nas prisões? ........................................................... 38

5. LEGISLAÇÃO VIGENTE.......................................................................................... 44

5.1 Sistema Penitenciário do Paraná e a consolidação da EJA na instituição prisional

44

5.2. Organização do Trabalho Pedagógico ................................................................. 50

5.2.1. Caracterização do curso ............................................................................. 50

5.2.2. Freqüência ................................................................................................. 52

5.2.3. Oferta das disciplinas ................................................................................ 53

5.2.4. Material de Apoio Pedagógico ................................................................ 54

6. FUNDAMENTAÇÃO .......................................................................................................... 55

6.1 A escola e as funções sociais da Educação de Jovens e Adultos ........................... 59

6.2 As contribuições da educação para o processo de ressocialização dos sujeitos

privados de liberdade ….........................................................................................

62

6.3 Ações Escolares ......................................................................................................... 69

6.3.1 Gestão Escolar ................................................................................................. 69

6.3.2 Hora Atividade ................................................................................................. 70

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6.3.3 Inclusão ............................................................................................................ 70

6.3.4 Programas Sócio Educacionais e Legislação ................................................... 71

6.3.5 Diversidade ...................................................................................................... 75

6.3.6 As Tecnologias de Informação e Comunicação na Escola ............................... 76

6.3.7 Avaliação …...................................................................................................... 77

7. PROPOSIÇÃO DE AÇÕES................................................................................................. 80

7.1 Organização Escolar ................................................................................................. 81

7.1.1 Matrícula ............................................................................................................ 81

7.1.2 Calendário........................................................................................................... 82

7.1.3 Aproveitamento de Estudos ............................................................................... 82

7.1.4 Classificação ....................................................................................................... 82

7.1.5 Reclassificação ................................................................................................... 83

8.GESTÃO ESCOLAR ................................................................................................... 84

8.1. Gestão Escolar Democrática ............................................................................. 84

8.2. Conselho Escolar ............................................................................................... 84

8.3 Atribuições dos Recursos Humanos ......................................................................... 85

8.3.1 Da Direção ......................................................................................................... 85

8.3.2 Da Direção Auxiliar .......................................................................................... 87

8.3.3 Do Professor Pedagogo .................................................................................... 87

8.3.4 Do Corpo Docente ............................................................................................ 88

8.3.5 Do Secretário .................................................................................................... 89

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8.3.6 Do Agente Educacional II .............................................................................. 89

9. PLANO DE TRABALHO DOCENTE ................................................................................ 91

9.1. Plano de Formação Continuada .............................................................................. 91

9.2. Plano de Avaliação Institucional do Curso ............................................................ 92

10. PLANO DE AÇÃO DA INSTITUIÇÃO 2014 ................................................................. 94

11. PLANO DE AÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR(2013-2014) ......................... 97

12. PLANO DE AÇÃO EDUCAÇÃO FISCAL ..................................................................... 105

13. REGIME DE FUNCIONAMENTO ................................................................................. 109

14. CALENDÁRIO ESCOLAR ............................................................................................. 112

15. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 113

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1. IDENTICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Denominação da Instituição

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS –

NOVA VISÃO – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Endereço – Secretaria

Rua: Borges Dário de Lis, 439 – Bairro CDI – CEP: 85063-540

Município: Guarapuava – Paraná

Endereço - Unidade Prisional Penitenciária Industrial de Guarapuava - PIG

Rua: Borges Dário de Lis, 439 – Bairro CDI – CEP: 85063-540

Município: Guarapuava – Paraná

Endereço - Unidade Prisional Centro de Regime Semiaberto de Guarapuava - CRAG

Rua: Flavio Correia dos Santos, 400 – Bairro CDI – CEP: 85053-390

Município: Guarapuava – Paraná

Telefone/site/email:

Telefone:

(42)3624-7480 - PIG

(42)3629-1858 - CRAG

Site:

www.grpceebjanovavisao.seed.pr.gov.br

E-mail:

[email protected]

Entidade Mantenedora:

Secretaria de Estado de Educação Núcleo:

Guarapuava – PR

Dependência Administrativa:

Pública – Estadual Localização:

Urbana

Atos de Autorização, Reconhecimento, Renovação

Curso Número do ato da autorização

para funcionamento

Número do ato do

reconhecimento

Ensino Fundamental Fase I Resolução nº 15/09 - 05/01/2009 Resolução nº 4243 – 09/06/2012

Ensino Fundamental Fase II Resolução nº 15/09 - 05/01/2009 Resolução nº 4243 – 09/06/2012

Ensino Médio Resolução nº 15/09 - 05/01/2009 Resolução nº 4243 – 09/06/2012

Aprovação de Regimento

Em 2011

Modalidade de Ensino

EJA – Educação de Jovens e Adultos:

Níveis de Ensino:

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Ensino Fundamental Fase I

Ensino Fundamental Fase II

Ensino Médio

Comunidade Escolar

Turmas/Alunos:

Organização Coletiva: 18 turmas

Organização Individual: 17 turmas

Turno:

- Matutino

- Vespertino

- Noturno

Período de Funcionamento

As aulas funcionam no período contrário ao do trabalho do aluno.

O atendimento da Secretaria se submete ao horário que a escola atende sala de aula.

Atendimento Unidade Prisional Penitenciária Industrial de Guarapuava - PIG

Período Horário da Secretaria Horário da Aula

Manhã Manhã: 8h às 12h

Manhã: 8h às 11h 30min

Tarde Tarde: 13h às 17h

Tarde: 14h 30min às 18h

Atendimento Unidade Prisional Centro de Regime Semiaberto de Guarapuava – CRAG

Período Horário da Secretaria Horário da Aula

Manhã Manhã: 8h às 12h

Manhã: 8h às 11h 30min

Tarde Tarde: 13h às 17h

Tarde: 13h 30min às 17h

Noite Noite: 18h às 22h

Noite: 18h30 às 22h30min

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2. APRESENTAÇÃO

2.1 A importância do Projeto Político Pedagógico

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9.394/96), no artigo 15,

concedeu à escola progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão

financeira. Ter autonomia significa construir um espaço de liberdade e de responsabilidade para

elaborar seu próprio plano de trabalho, definindo seus rumos e planejando suas atividades de modo

a responder às demandas da sociedade, ou seja, atendendo ao que a sociedade espera dela. A

autonomia permite à escola a construção de sua identidade e à equipe escolar uma atuação que a

torna sujeito histórico de sua própria prática. Pensar no processo de construção de um projeto

político-pedagógico requer uma reflexão inicial sobre seu significado e importância. Verificamos

que a LDBEN/96 ressalta a importância desse instrumento em seus artigos:

* No artigo 12, inciso I, que vem sendo chamado o ―artigo da escola‖ a Lei dá aos estabelecimentos

de ensino a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica.

*No artigo 14, em que são definidos os princípios da gestão democrática, o primeiro deles é a

participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola.

Através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional há o detalhamento dos aspectos

pedagógicos da organização escolar, o que mostra bem o valor atribuído a essa questão pela atual

legislação educacional. Dessa forma, essa é uma exigência legal que precisa ser transformada em

realidade por todas as escolas do país. Entretanto, não se trata apenas de assegurar o cumprimento

da legislação vigente, mas, sobretudo, de garantir um momento privilegiado de construção,

organização, decisão e autonomia do currículo da escola. Por isso, é importante evitar que essa

exigência se reduza a mais uma atividade burocrática e formal a ser cumprida. Um projeto político-

pedagógico com o currículo voltado para construir e assegurar a gestão democrática se caracteriza

por sua elaboração coletiva e não se constitui em um agrupamento de projetos individuais. Segundo

Libâneo, o projeto é o documento que detalha objetivos, diretrizes e ações do processo educativo a

ser desenvolvido na escola, expressando a síntese das exigências sociais e legais do sistema de

ensino e os propósitos e expectativas da comunidade escolar.

Na verdade, o projeto político-pedagógico é a expressão da cultura da escola com sua (re)

criação e desenvolvimento, pois expressa a sua cultura, impregnada de crenças, valores,

significados, modos de pensar e agir das pessoas que participaram da sua elaboração. Assim, o

―O Projeto Político-Pedagógico representa a oportunidade

da direção, da coordenação pedagógica, dos professores e

da comunidade, tomarem sua escola nas mãos, definir seu

papel estratégico na educação das crianças e jovens,

organizar suas ações, visando a atingir os objetivos que se

propõem. É o ordenador, o norteador da vida escolar‖.

Libâneo

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projeto orienta a prática de produzir uma realidade. Para isso, é preciso primeiro conhecer essa

realidade. Em seguida reflete-se sobre ela, para só depois planejar as ações para a construção da

realidade desejada. É preciso destacar que o projeto político-pedagógico extrapola a dimensão

pedagógica, englobando também a gestão financeira e administrativa, ou seja, os recursos

necessários à sua implementação e as formas de gerenciamento. Em suma: construir o projeto

político-pedagógico significa enfrentar o desafio da transformação global da escola, tanto na

dimensão pedagógica, administrativa, como na sua dimensão política.

2.2 A elaboração do Projeto Político Pedagógico da Instituição

Na elaboração do projeto político pedagógico do CEEBJA Nova Visão, foi acatada a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96), a deliberação 14/99 – CEE, a Instrução nº

006/2010 - SUED/SEED e a Instrução 009/11 – SUED/SEED, deixando explícita a idéia de que a

escola deve observar os aspectos legais, mas não pode prescindir da reflexão sobre sua

intencionalidade educativa, assim sendo, este projeto passa a ser objeto prioritário de estudo,

discussão, reorganização e até mesmo de previsão de um futuro diferente do presente minimizando

as relações competitivas, corporativas e autoritárias.

A nossa proposta educativa, procura constantemente a realimentação de práticas educativas,

atribuindo possíveis intervenções pedagógicas frente às necessidades e interesses dos envolvidos,

procurando contribuir para a construção da própria identidade como escola.

A construção do projeto desta escola parte do diagnóstico de uma realidade diferenciada,

pela sua especificidade, onde toda a comunidade escolar participou, pois consideramos

indispensável a contribuição de todos no processo educativo e assim, buscamos imprimir em todos

os segmentos o sentimento de pertencimento e comprometimento com a qualidade do trabalho

pedagógico.

O compromisso de toda comunidade escolar é desenvolver uma proposta de trabalho

pedagógico dentro de uma instituição prisional com firme propósito de respeito a todas as

especificidades que esta realidade exige.

Localizada dentro da Penitenciária Industrial de Guarapuava – PIG e do Centro de Regime

Semi Aberto de Guarapuava – CRAG, esta escola tem sua atenção voltada para a Educação de

Jovens, Adultos e Idosos privados de liberdade, assumindo o compromisso de desenvolver todos os

aspectos que envolvem a educação formal, assim como contribuir para o processo de reeducação e

ressocialização.

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2.3 Objetivos da instituição

2.3.1 Objetivo geral

O Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos - Nova Visão é um espaço escolar, que

em conjunto com a instituição prisional, busca o processo de reeducação e ressocialização do

sujeito encarcerado. Este processo está baseado no tripé: tratamento penal, trabalho e educação.

Portanto esta escola tem como objetivo geral:

- Oferecer ao educando a possibilidade da vivência do processo ensino-aprendizagem de

qualidade onde as atividades educacionais proporcionem a apropriação do conhecimento científico

levando-o a tornar-se um sujeito autônomo que possa construir uma nova trajetória de vida

alicerçada em valores morais, éticos e sociais assumindo-se como agente transformador e que

inserido, ativamente, no seu meio possa exercer sua cidadania com responsabilidade e

comprometimento.

- Tomarem consciência de sua realidade histórica.

- Dirigirem sua própria vida, buscando na criticidade o cumprimento dos seus direitos e

deveres.

- Compreenderem a cidadania como participação social e política.

- Questionarem a realidade, formulando problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para

isso o pensamento lógico, a criatividade de análise crítica, selecionando procedimentos e

verificando sua adequação.

- Conhecerem e cuidarem do próprio corpo, adotando hábitos saudáveis, agindo assim com

responsabilidade em relação a sua saúde e a saúde coletiva

- Contextualizar os conhecimentos.

- Respeitarem o próximo.

- Implementar a autonomia intelectual e formação ética.

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3. INTRODUÇÃO

3.1 CEEBJA NOVA VISÃO: um ambiente escolar diferenciado

A educação é vista dentro da unidade penal como uma possibilidade de intervenção ou de

inclusão e pretende-se que através dela sejam promovidas alternativas para a socialização dos

internos frente à sociedade civil. Segundo Oliveira (2008), ―a educação deve ser entendida como

um processo de socialização dos indivíduos.‖

Já, conforme Volpi (2001, p. 38) é preciso refazer o processo de socialização para integrá-lo à

sociedade, ajustado às expectativas e padrões desejados pela ordem social vigente. Visto desta

forma, a educação, dentro das instituições destinadas à privação de liberdade, deve contribuir para

que a socialização aconteça através da autonomia e das reflexões que ela gerará, oportunizando aos

mesmos refletir suas futuras práticas e ações diante da sociedade.

Oliveira (2008) também explicita que:

A educação deve viabilizar a possibilidade de uma orientação para a formação do

sujeito e da construção de uma cidadania democrática e ativa que tenha como meta

o empoderamento da consciência social do indivíduo, privado de sua liberdade, no

qual se trabalhe, a estrutura cognitiva do mesmo para que se adapte na esfera

coletiva da sociedade.

Pensando desta maneira, a educação deve ser entendida como instrumento que pode auxiliar

o indivíduo a repensar suas ações e por meio delas transformá-las em direitos e deveres, no

exercício de sua cidadania e a escola como espaço de disponibilização de construção destes.

Sendo assim, conforme a Proposta Pedagógica Curricular, do Centro Estadual de Educação

Básica para Jovens e Adultos Nova Visão em conjunto com o Complexo Penitenciária de

Guarapuava, composto pela Penitenciária Industrial de Guarapuava – PIG e o Centro de Regime

Semi Aberto de Guarapuava – CRAG, em sua concepção de presídio, têm como meta o tratamento

do detento buscando a sua educação ou a reeducação para que o mesmo possa conviver com a

sociedade, visando proporcionar a reabilitação dos indivíduos.

Foi com esse intuito que, em 1999, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED

em parceria com a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania – SEJU deram início ao

atendimento educacional a clientela existente, na época apenas na PIG, através do Centro Estadual

de Educação Básica para Jovens e Adultos de Guarapuava. Clientela esta formada por educandos do

sexo masculino em privação de liberdade, em regime fechado. Primeiramente foram atendidos pelo

Sistema de Posto Avançado do CEEBJA – PAC, até 2006. Desta data até 2008, passou a ter uma

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nova denominação chamada Ação Pedagógica Descentralizada – APED, sendo os professores

vinculados ao CEEBJA Guarapuava.

Com a implantação do Centro de Regime Semi Aberto de Guarapuava - CRAG, em 2007,

foi ampliado o atendimento, também através das APEDs, já que esta unidade passou a abrigar um

grande número de internos oriundos da Penitenciária Industrial de Guarapuava - PIG, onde já

haviam iniciado seus estudos e também de outras instituições prisionais.

Com o objetivo de proporcionar um ensino de qualidade e melhores condições de

atendimento ao educando e com o aumento significativo dos internos, exigindo assim uma demanda

maior de professores, pedagogos e funcionários administrativos, é que surgiu a possibilidade de se

criar uma escola, para atender as duas unidades, pois havia todas as condições físicas e também

atendia aos critérios exigidos para essa implantação. Foi assim que a coordenação pedagógica, os

professores, que estavam atuando no momento e direções das unidades uniram-se e iniciaram o

processo de criação da escola, através da parceria entre a Secretaria de Estado da Educação do

Paraná - SEED e Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania - SEJU.

A escolha do nome desta escola aconteceu por meio de uma pesquisa junto aos alunos e

professores que deram várias sugestões e a partir de uma seleção foi escolhido o nome atual ―Nova

Visão‖, ficando então Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos Nova Visão –

Ensino Fundamental e Médio. Este nome veio ao encontro do principal objetivo da escola que é

educar para o exercício da cidadania, na qual a educação vem colaborar na reeducação e

ressocialização do sujeito privado de liberdade.

Sendo assim, através da Resolução nº 015/09, de 05 de janeiro de 2009, houve a autorização

de funcionamento desta instituição de ensino, iniciando suas atividades com o Ensino Fundamental

Fase I no mês de março de 2009 e com o Ensino Fundamental Fase II e Ensino Médio, no mês de

agosto de 2009.

Em junho de 2013, a Penitenciária Industrial de Guarapuava e o Centro de Regime

Semiaberto de Guarapuava foram unificados no Complexo Penitenciário de Guarapuava, ficando as

duas unidades penais sob uma única direção:

1. Anderson de França Uchak Direção Graduação – Ciências

Ecônomicas/SEJU

2. Willian Daniel de Lima Ribas Direção Graduação – Direito/SEJU

3. Alvino Martinez Chefe - Dised/Depen

Graduação Pedagogia /SEJU

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3.2 PIG – Penitenciária Industrial de Guarapuava: Estabelecimento Penal de Regime

Fechado - Custódia Masculina - Rua Dário Borges de Lis, 439 - CDI

No cenário de contradições existentes no sistema prisional temos de um lado fugas,

rebeliões, tratamento desumano e de outro a existência de iniciativas inovadoras que aplicam o

prescrito na Constituição Brasileira, garantindo a execução dos direitos humanos. Nesta última

concepção destaca-se a PIG - Penitenciária Industrial de Guarapuava (PR).

Foto 1 – Vista da fachada da PIG

Fonte PIG

Primeira penitenciária industrial do país, destinada a presos condenados do sexo masculino,

em regime fechado. Inaugurada em 12 de novembro de 1999, está localizada no Município de

Guarapuava, distante 265 km de Curitiba e tem capacidade para abrigar até 240 internos. Foi

construída com recursos dos Governos Federal e Estadual.

Foi concebida e projetada objetivando o cumprimento das metas de ressocialização do preso,

facilitada pela interiorização dos Presídios (preso próximo da família e local de origem), política

adotada pelo Governo do Paraná, buscando oferecer novas alternativas para os apenados,

proporcionando-lhes melhores condições para sua reintegração à sociedade. Esta alternativa

institucional prisional é uma busca de humanização do sistema penitenciário pela profissionalização

do detento e consequentemente a ressocialização pelo trabalho e educação. Também foi a primeira

Unidade Penal do Brasil em que a operacionalização executou-se por uma empresa privada

contratada pelo Estado (desde a sua inauguração até o mês de agosto de 2006), passando novamente

às mãos do Estado a partir desta data.

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3.2.1 Estrutura Física

Esta unidade penal se difere das convencionais porque funciona em um prédio moderno, em

uma área total de terreno de 35.000 m, cuja área construída é de 7.177, 42 m.

Sua capacidade é para 240 internos, divididos em 120 cubículos, separados em cinco

galerias com 24 cubículos cada uma, é bem equipada com camas de alvenaria em cada cela, a

limpeza é realizada pelos próprios internos.

Apresenta um pavilhão para dia de visitas e doze suítes para encontros íntimos, as visitas são

realizadas aos domingos por familiares devidamente cadastrados.

Possui cinco pátios, quatro deles destinados ao momento de ―sol‖ utilizando 2 horas diárias

e um pátio para atividades esportivas e recreativas, usado nas sextas-feiras e sábados e para visitas

aos domingos. Também apresenta um consultório médico, um odontológico, uma enfermaria, oito

salas de aula, uma sala de professores, uma biblioteca, uma sala da direção escolar, uma sala para a

equipe pedagógica, uma sala para a secretaria escolar, seis salas para atendimento técnico, uma

lavanderia, uma cozinha. Existem os espaços destinados à administração e à Polícia Militar.

Além da atividade de ensino formal, os internos têm a possibilidade de participar de

atividades como biblioteca, palestras informativas, apresentações de teatro, grupos de apoio com os

Alcoólicos Anônimos e Grupos Religiosos como Igreja Católica, Comunidade Cristã, Assembléia

de Deus e Doutrina Espírita. Também são oferecidos cursos profissionalizantes.

Enfim é um espaço privilegiado onde o detento tem a possibilidade de cumprir a sua pena

recebendo um atendimento onde seus direitos são respeitados.

3.2.2 Recursos Humanos

A unidade consta com um efetivo de funcionários internos: 02 que respondem pela direção

da unidade prisional; 96 agentes penitenciários; 07 funcionários administrativos; 02 estagiários; 04

técnicos: 02 assistentes sociais, 01 dentista e 01 enfermeira; 02 advogados e funcionários externos:

08 que pertencem ao Batalhão da Polícia Militar, 22 que pertencem à Secretaria de Estado da

Educação – CEEBJA que realiza todo o trabalho de escolarização formal; KPS Industria Ltda, da

empresa privada KADESH (confecção de calçados de segurança) e Verde Mar Alimentação, todas

disponibilizam o trabalho aos internos.

Os agentes de segurança são, na sua totalidade, concursados e devidamente preparados para

esta função, assim como os demais funcionários administrativos.

Fica claro nas relações dos internos com os funcionários e direção um tratamento de respeito

e atenção.

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3.2.3 Segurança

A segurança interna é de responsabilidade dos Agentes Penitenciários e a externa fica a

cargo da Polícia Militar que além de guardar a penitenciária faz a escolta do detento quando

necessário.

Todas as pessoas ao adentrar nesta instituição passam por revista, assim como seus

pertences. Também o detento passa por revista toda vez que se ausenta de sua cela e a mesma

situação se observa no canteiro de trabalho e sala de aula.

A segurança do detento é rigorosa e todo problema disciplinar é registrado e encaminhado

aos setores responsáveis e trabalhado junto aos envolvidos, que estarão sujeitos às sanções

aplicáveis de acordo com normas internas estabelecidas visando a preservação do respeito e bom

convívio entre os internos.

3.2.4 Caracterização do sujeito encarcerado

Esta instituição recebe condenados da cadeia pública de Guarapuava e região que abrange os

municípios que compõe a Vara de Execução de Guarapuava: Guarapuava, Prudentópolis, Irati,

Rebouças, Rio Azul, São Mateus do Sul, União da Vitória, Palmital, Iretama, Manoel Ribas,

Cândido de Abreu, Reserva, Pitanga, Pinhão e Mallet.(Gráfico 1)

Gráfico 1 – Procedência do Interno (escala em porcentagem)

28,86

38,09

33,05

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Área Urbana

Área Rural

Não Informado

Fonte PIG abril/2013

Para que o condenado possa cumprir a pena nesta instituição é submetido a uma entrevista

prévia, ter bom comportamento e ter o desejo de trabalhar. Na chegada à unidade penal o detento

passa pelo processo de triagem e adaptação. Após a entrada o mesmo é avaliado periodicamente por

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uma Comissão Técnica composta por Assistente Social, Pedagoga e Psicóloga. Existe um

acompanhamento do interno visando o desenvolvimento de atividades que o auxiliem na formação

de bons hábitos e atitudes. Ao traçar um perfil do interno nota-se que grande porcentagem encontra-

se na faixa etária dos 18 aos 34 anos de idade. (Gráfico 2)

Gráfico 2 – Faixa Etária do Interno (escala em quantidade)

0

20

40

60

80

100

120

140

18 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 55 56 a 65 acima de 66

Fonte – PIG abril/2013

Em relação à situação civil evidencia-se que a maioria apresenta união estável seguido dos

solteiros, pois temos uma grande parcela da população que é jovem. (Gráfico 3)

Gráfico 3 – Situação Civil do Interno (escala em porcentagem)

0,41

44,38

1,25

40,58

12,13

1,25

0 10 20 30 40 50

Amasiado

Casado

Separado

Divorciado

Solteiro

Viuvo

Fonte – PIG abril/2013

Verificamos que grande parte desta população é oriunda desta região que tem a

presença marcante de europeus na sua colonização, portanto a maioria pertence a esta etnia.

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(Gráfico 4)

Gráfico 4 – Caracterização Racial (escala em quantidade)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Branco Negro Pardo

Fonte – PIG abril/2013

Quanto ao nível de escolaridade a grande maioria apresenta pouca escolaridade, e se

encontra na situação de escolaridade de Ensino Fundamental incompleto que vai desde a 1ª até a 8ª

série. (gráfico 5)

Gráfico 5 – Escolaridade do Interno (escala em porcentagem)

6,69

3,76

20,5

1,67

3,34

9,2

10,04

44,8

Analfabeto

Ensino Fundamental Fase I Incompleto

Ensino Fundamental Fase I Completo

Ensino Fundamental Fase II Incompleto

Ensino Fundamental Fase II Completo

Ensino Médio Incompleto

Ensino Médio Completo

Ensino Superior Incompleto

Fonte PIG abril/2013

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3.3 CRAG – Centro de Regime Semiaberto de Guarapuava – Estabelecimento Penal de

Regime Semiaberto - Custódia Masculina - Rua Flávio Correia dos Santos, 400 – CDI

Foto 2 – Vista da fachada do CRAG

O Centro de Regime Semiaberto de Guarapuava, inaugurado em 14 de fevereiro de 2007,

com uma área de 12.091,53 m² e área construída de 2.205m², tem capacidade para abrigar 300

presos do sexo masculino em alojamentos. Esta instituição possui uma estrutura adaptada para a

ressocialização dos seus internos, focada no tripé: disciplina, trabalho e educação.

Construída com recursos do Governo do Estado do Paraná, está focada nas parcerias com a

iniciativa privada que disponibiliza trabalho aos sentenciados, oferecendo dignidade para a

reintegração social.

3.3.1 Estrutura Física

Apresenta 12 alojamentos com capacidade para, aproximadamente, 27 internos cada, 03

celas para triagem, 03 celas para isolamento, 01 área especial para dia de visitas e 04 quartos

designados para encontros íntimos, as visitas são realizadas aos domingos por familiares

devidamente cadastrados.

Têm dois refeitórios, um para os internos e outro para funcionários, 02 pátios para atividades

em área aberta, um deles destinados ao momento de ―sol‖ utilizando 2 horas diárias, este também é

destinado para atividades recreativas e um campo de areia usado nas atividades esportivas.

Também apresenta salas destinadas à saúde, como: consultório médico, odontológico, sala

de vacina, farmácia, expurgo, sala de observação e ambulatório. Dispõe, ainda, de um espaço para a

educação: quatro salas de aula, salas para direção, equipe pedagógica, equipe administrativa e

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professores, contando com espaço destinado para reuniões e cursos de professores e funcionários,

almoxarifado e espaço destinado estritamente a merenda escolar.

Há o espaço destinado ao setor técnico: 04 salas para atendimento, 01 lavanderia, 01

cozinha, 02 canteiros de trabalho. Existe também o espaço destinado à administração.

Os internos podem ser implantados em outros canteiros internos recebendo o valor de

pecúlio, sendo implantados nas mais diversas atividades como faxina, cozinha, manutenção e

lavanderia, atendendo espaços desta instituição como horta, jardinagem, manutenção do prédio,

limpeza e lavanderia.

Mantêm parcerias com empresas como Industria de Madeiras Compensados Guaratu,

Transportes Pérola do Oeste, Cooperativa Agrária Agroindustrial, Carvão Madepinho, Fórum

Desembargador Hernani Guarita Cartaxo, Penitenciária Industrial de Guarapuava, 14ª Subdivisão

Policial do Paraná, 16° Batalhão da Polícia Militar e 5º Batalhão de Polícia Rodoviária do Paraná

que oferecem canteiros na área externa da Unidade Penal com 8 horas diárias, sendo que os internos

recebem 75% do salário mínimo. Além da atividade de ensino formal, os internos têm a

possibilidade de participar de atividades como biblioteca, palestras informativas, apresentações de

teatro, grupos de apoio com os Alcoólicos Anônimos e Grupos Religiosos como Igreja Católica,

Comunidade Cristã, Assembléia de Deus e Doutrina Espírita. Também são oferecidos cursos

profissionalizantes.

3.3.2 Recursos Humanos

A unidade conta com um efetivo de funcionários internos: 02 que respondem pela direção da

unidade prisional; 60 agentes penitenciários; 07 funcionários administrativos; 04 estagiário; 02

assistentes sociais, 01 psicóloga, 01 enfermeira, 01 advogado.

Os agentes de segurança são, na sua totalidade, concursados e devidamente preparados para

esta função, assim como os demais funcionários administrativos.

3.3.3 Segurança

A segurança é de responsabilidade dos Agentes Penitenciários e que, além de guardar a

penitenciária, faz a escolta do detento quando necessário.

Todas as pessoas ao adentrar nesta instituição passam por revista, assim como seus

pertences. Também o detento passa por revista toda vez que se ausenta de sua cela e a mesma

situação se observa no canteiro de trabalho e sala de aula.

A segurança do detento é rigorosa e todo falta disciplinar é registrada e encaminhada aos

setores responsáveis e trabalhada junto aos envolvidos, que estarão sujeitos às sanções aplicáveis de

acordo com Lei de Execuções Penais n.° 7210/84 visando a preservação do respeito e bom convívio

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entre os internos.

3.3.4 Caracterização do sujeito encarcerado

Esta instituição recebe condenados da cadeia pública de Guarapuava e das Delegacias da

região que abrange os municípios que compõe a Vara de Execução de Guarapuava: Guarapuava,

Prudentópolis, Irati, Rebouças, Rio Azul, São Mateus do Sul, União da Vitória, Palmital, Iretama,

Manoel Ribas, Cândido de Abreu, Reserva, Pitanga, Pinhão, Mallet, Cruzeiro do Oeste, São Miguel

do Iguaçu, Guaíra, Umuarama, Mandaguari, Jaguaraíva, Francisco Beltrão, pato Branco, União da

Vitória, Jacarezinho, Goioerê, Medianeira, Cambará, Foz do Iguaçu, Telemâco Borba, Cascavel e

Ibiporã, além de receber também presos de todas as Unidades Penitenciárias do Estado.

Para que o condenado possa cumprir a pena nesta instituição precisa estar em progressão de

regime ou ter sido condenado a regime semiaberto. Na chegada à unidade penal o detento passa

pelo processo de triagem, que se refere a um período de 20 dias de adaptação às normas da

instituição. Após a entrada, o mesmo é avaliado periodicamente por uma Comissão Técnica

composta por Pedagogia, Serviço Social, Segurança, Saúde, Laborterapia e Psicologia. Este

acompanhamento visa o desenvolvimento de atividades que o auxiliem na formação de bons hábitos

e atitudes, além da construção de um projeto de vida para viabilização da progressão de regime

extra muros.

Ao traçar um perfil do interno nota-se que grande porcentagem encontra-se na faixa etária

dos 18 aos 29 anos de idade. (Gráfico 7)

Gráfico 7 – Faixa Etária do Interno (escala em quantidade)

0

20

40

60

80

100

120

140

18 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 55 56 a 65 acima de 66

Fonte – CRAG – março/2013

Verificamos que grande parte desta população é oriunda desta região que tem a presença

marcante de europeus na sua colonização, portanto a maioria pertence a esta etnia.

Da caracterização dos sujeitos privados de liberdade, tanto regime fechado – PIG,

quanto regime semiaberto – CRAG é possível ter um conhecimento mais aprofundado desta

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clientela e desta forma viabilizar um trabalho voltado para sua realidade e necessidades.

4. DIAGNÓSTICO

4.1 Recursos Humanos

Para ingresso, no CEEBJA que atende alunos privados de liberdade, os funcionários da

SEED passam por um processo seletivo rigoroso, conforme Resolução Conjunta SEED/SEJU/SEAP

com o fim de atender aos critérios exigidos para as especificidades desta escola.

Equipe Técnico Administrativa

NOME FUNÇÃO GRADUAÇÃO

Eliel Earle Linhares

Diretor Licenciatura em Educação

Física

Claudinéia Coelho Domingues Secretária Licenciatura em Pedagogia

Adriana Sagan Agente Administrativo II Licenciada em Letras - Espanhol

Rosangela Aparecida Munhoz

Gluzezak.

Agente Administrativo II Licenciatura em Educação

Física

Equipe Pedagógica

NOME FUNÇÃO GRADUAÇÃO

Luciane Wolff Martins

Pedagoga Licenciatura em Pedagogia

Nadia Maria Garcias da Luz

Sanches

Pedagoga Licenciatura em Pedagogia

Vanessa Elisabete Raue

Rodrigues

Pedagoga Licenciada em Pedagogia

Corpo Docente

NOME FUNÇÃO GRADUAÇÃO

Adriana Cristina Pinto dos

Santos

Professora – Ensino Fundamental

Fase I

Licenciatura em Geografia

Adriana Presotto Professora – Matemática – Ensino Licenciatura em Matemática

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Fundamental e Médio

Anézia Cristina de Souza

Marcondes

Professora – Biologia – Ensino

Médio

Licenciatura em Biologia

Catarina Sirlei Laurentino

Professora – Geografia – Ensino

Fundamental e Médio

Licenciatura em Geografia

Daísa dos Passos Galeski.

Professora – Ensino Fundamental

Fase I

Licenciatura em Letras –

Literatura

Edinilson Salateski

Professor – Física – Ensino Médio Licenciatura em Física

Edson Dreviski

Professor – Ciências – Ensino

Fundamental

Ciências – Licenciatura

Elisabete Mogalski

Professora – Língua Portuguesa

Ensino Fundamental e Médio

Licenciatura em Letras –

Literatura

Elizete de Fátima Almeida

Simão

Professora – História – Ensino

Fundamental e Médio

Licenciatura em História

Fernando José Rodrigues

Professor – Química – Ensino

Médio

Licenciatura em Química

Florivaldo Quizini Júnior

Professor – Filosofia – Ensino

Médio

Licenciatura em Filosofia

Franciane de Lima Silveira

Professora – Arte – Ensino

Fundamental e Médio

Arte e Educação –

Licenciatura

Lourdes Vilczak dos Santos

Professora – Ensino Fundamental

Fase I

Licenciatura em Matemática

Maria Aparecida Cherato Professora – Ensino Fundamental

Fase I

Licenciatura em Pedagogia

Maricleusa Inglês da Silva

Professora – Matemática – Ensino

Fundamental e Médio

Licenciatura em Matemática

Marilza da Conceição Weiber Professora – LEM Inglês –

Ensino Fundamental e Médio

Licenciatura em Letras –

Anglo

Pedro Lealdino Professor – Educação Física –

Ensino Fundamental e Médio

Licenciatura em Educação

Física

4.2. Estrutura Física:

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O espaço físico é utilizado em parceria com as instituições prisionais, a biblioteca, o

refeitório e banheiros são compartilhados.

Listamos os espaços que foram cedidos à escola e que são de seu uso exclusivo:

ESPAÇO LOCAL/QUANTIDADE

PIG CRAG

Sala secretaria/direção 1 1

Sala equipe pedagógica 1 1

Sala de professor 1 1

Sala de aula 9 8

Sala material didático --- 1

Sala para depósito 1 1

Sala de reuniões 1 1

4.3 Caracterização da Comunidade Escolar

Esta escola funciona nas dependências das unidades prisionais PIG – Penitenciária Industrial

de Guarapuava e CRAG – Centro de Regime Semiaberto de Guarapuava atendendo alunos privados

de liberdade do sexo masculino provenientes da Comarca de Guarapuava

4.4 Histórico da EJA no Brasil

Os avanços científicos, as conquistas na área tecnológica e a alta qualidade de vida, fruto do

modo de produção capitalista, são marcos na sociedade atual. Temos, por outro lado e em

conseqüência, uma quantidade crescente de empobrecidos e, portanto, excluídos destas conquistas

humanas.

Lembramos aqui, o destaque que temos no mundo, da desigualdade social, da má

distribuição da renda, e que infelizmente, fazemos parte de uma sociedade capitalista, injusta e

competitiva com possibilidades e condições para um individualismo possessivo com aspirações à

competição, com parca solidariedade e com grandes desigualdades econômicas e culturais. Uma

sociedade marcada pela perca de significados, vivendo uma profunda crise da falta de ética, com

uma cultura em que a globalização extrapolou o seu sentido impondo muitas vezes: medo, vazio e

violência com uma cultura que perdeu a confiança, a esperança e a própria noção de justiça e paz.

Vivemos sob a hegemonia política e ideológica do neoliberalismo há mais de uma década, o

capitalismo, responsável por inúmeras diferenças entre os homens, desenvolveu e desenvolve a

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indústria de massa, apagando diferenças e padronizando estilos de vida. Consumismo, competição

permanente, enriquecimento rápido, aparecem como os grandes objetivos do presente.

E o Brasil, não está à margem da história mundial e destas conseqüências, cujo modelo

sócio-econômico é representado pelo crescente número de excluídos e pela contínua concentração

de renda. A educação, sempre considerada como prioridade pelos órgãos governamentais, continua

sendo elitista, onde os menos favorecidos lutam por uma escola pública mais eficiente.

Neste contexto percebe-se que a produção cultural acaba por tornar-se mercadoria vendável

tendo como objetivo, antes de tudo o lucro fazendo com que a melhoria da qualidade de vida seja

relegada a um segundo plano. Uma sociedade organizada dessa forma acaba por valorizar apenas

quem produz e quem consome. Os que não se enquadram nessa lógica tornam-se um ―peso‖ e

acabam sendo descartáveis. A exclusão é o resultado de um processo cultural desvinculado das

questões essenciais da vida.

Os avanços da ciência e da tecnologia revolucionam a produção, o comportamento das

pessoas, e o próprio ambiente escolar: através da internet, da telefonia celular e outros meios de

comunicação, oferecem ao homem comodidade, segurança e precisão, então poderíamos supor uma

grande melhoria de vida. Mas por outro lado, sabemos que isso só ocorre com uma pequena parcela

da sociedade, justamente com a minoria, mais sintonizada com a lógica do mercado. Salientamos

aqui que nossa comunidade escolar atendida, faz parte da grande maioria, o que significa que este

avanço não atinge os indivíduos que acabam ficando a margem do processo.

Nessa conjuntura pouco humanizante, há um aspecto notório bastante animador: nunca se

viu na história do Brasil e do mundo tanta campanha em prol dos menos favorecidos, parece que o

mundo todo está saturado de guerras, de corrupção, de imperialismo gratuito, de injustiças gritantes,

de continuísmos políticos E, como é da própria essência do ser humano, a vontade de mudar parece

ser o elemento sempre presente e atuante, passando pela solidariedade, pelo aval dos direitos

humanos, pela democracia e pela cultura da paz.

A Região Sul, sempre foi diferenciada, nos índices apresentados sobre a situação da

educação no país, o Estado do Paraná demonstrou no último ENEM, resultado acima da média

nacional, e é um dos estados que mais investe em educação no país. Somos o único estado que

elaborou as Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação Básica, as quais orientam a educação

básica de todo estado do Paraná, bem com as Diretrizes Curriculares específicas para a EJA, como é

o caso desta instituição que trabalha com a população adulta.

Percebemos que muitos de nossos educandos tiveram passagem pelo ensino regular e que

por inúmeros motivos o abandonaram. Esta passagem imprimiu marcas profundas da falta ou do

insucesso dessa formação e que ao retornar a ela anseiam por vivenciar um processo rápido e

eficiente da aprendizagem escolar. Como preconiza as Diretrizes Curriculares Nacionais para

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Jovens e Adultos:

―Muitos jovens ainda não empregados, desempregados, empregados em ocupações

precárias e vacilantes podem encontram nos espaços da EJA, seja nas funções de

reparações e de equalização, seja na função qualificadora, um lugar de melhor

capacitação para o mundo do trabalho e para a atribuição de significados às

experiências sócio-culturais trazidas por eles‖. (Parecer 11/2000-CNE p.11)

Constitui-se, então uma tarefa bastante complexa determinar o perfil do educando desta

Instituição de Ensino, porém torna-se imprescindível traçar este perfil, a fim de buscar um

planejamento adequado para atuar nesta demanda.

Assim nos deparamos com um indivíduo, que ―vítima social‖, sempre viveu a margem da

sociedade, sem referência social e que geralmente traz consigo um histórico de vida que reflete

principalmente, seus comprometimentos psicossociais e econômicos. Um sujeito sem perspectivas

de futuro, discriminado (pobre, analfabeto ou semi-analfabeto), sem estrutura familiar, sem ter

noção do lugar ocupado na sociedade.

Estes educandos demandam de uma proposta pedagógica, específica para jovem, adultos e

idosos privados de liberdade, que em sua grande maioria, apresentam muitas vezes, um peculiar

sentimento de revolta e de vingança, pois a perda da liberdade torna-se um fato de difícil aceitação

para qualquer um. Por conta disto, a nossa a proposta pedagógica é fortemente norteada pela

cientificidade do conhecimento tendo como meta a contribuição para o tratamento ao detento

buscando a sua educação ou a reeducação para que o mesmo possa se reintegrar e bem conviver em

sociedade.

Dessa forma, a nossa responsabilidade torna-se ainda maior por uma educação que

prioritariamente, procure ampliar o universo informacional deste educando e busque desenvolver a

capacidade crítica e criadora dos mesmos, tornando-o capaz de fazer suas escolhas e perceber a

importância das mesmas na sua vida e por conseqüência para o seu grupo social.

Acreditamos que isso seja possível, através de uma ação conscientizadora, capaz de

instrumentalizar este educando, a fim de que ele assuma, um compromisso de mudança com a sua

história, e com a do mundo. Sobre isso, Gadotti (in:Educação,1999, p. 62) diz que ―Educar é libertar

(…) dentro da prisão, a palavra e o diálogo continuam sendo a principal chave. A única força que

move um preso é a liberdade. Em sua análise Paulo Freire (1980, p. 26) afirma que:

A conscientização é (…) um teste de realidade. Quanto mais conscientização,

mais―dês-vela‖a realidade, mais se penetra na essência fenomênica do objeto,

frente ao qual nos encontramos para analisá-lo. Por esta mesma razão, a

conscientização não consiste em ―estar frente à realidade‖ assumindo uma posição

falsamente intelectual. Conscientização não pode existir fora da ―práxis‖, ou

melhor, sem o ato ação-reflexão. Esta unidade dialética constituí, de maneira

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permanente, o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens.

Desta forma a educação de qualidade torna-se um meio poderoso de reintegração social,

para todos da comunidade carcerária, pois além de preparar este educando recluso na sua retomada

à liberdade, possibilita também competir em nível de igualdade de condições, em relação aos

cidadãos livres, nas disputas acirradas por um trabalho digno e justo.

Para tanto nossa proposta neste ambiente é de singular oportunidade, diferente de qualquer

outra, que ousa dar respostas às consequências de uma sociedade injusta. Sendo assim, em seu

processo pedagógico diferenciado, valorizam-se ações que elevam a auto-estima do educando

jovem, adulto e idoso privado de liberdade bem como a melhoria deste como ser participativo no

mundo.

A história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil teve ao longo de sua trajetória a

presença de políticas educacionais assistencialistas, populistas e compensatórias de caráter

assistemático e descontínuo, portanto fadada ao fracasso. Fazendo uma retrospectiva histórica

percebemos que em toda a história do nosso país, a partir da colonização portuguesa, podemos

constatar a emergência destas políticas de educação de jovens e adultos, focadas e restritas

principalmente nos processos de alfabetização, sendo muito recente a conquista, reconhecimento e

definição desta modalidade enquanto política pública de acesso e continuidade à escolarização

básica.

Durante o período colonial a pouca oferta escolar dispensada era de caráter religioso, através

dos Jesuítas, tinha como objetivo professar as idéias da Igreja Católica e impor a cultura européia,

assim como a catequização dos povos indígenas. Foram quatro séculos de domínio da cultura

branca, cristã, masculina e alfabetizada sobre a cultura do índio, negro, mulheres e analfabetos.

Constata-se a presença de uma educação seletiva, discriminatória e excludente.

No final o século XIX e início do Século XX, a partir do desenvolvimento urbano industrial

e sob forte influência da cultura européia, são aprovados projetos de leis que enfatizam a

obrigatoriedade da educação de adulto, atendendo a interesses das elites com o objetivo de

aumentar o contingente eleitoral, principalmente no primeiro período da República. Com a

implantação da Lei Saraiva de 1882, incorporada à Constituição Federal de 1891, o analfabeto fica

impedido de votar, então a educação passa a se tornar critério de ascensão social e o analfabetismo à

incapacidade e inabilidade social.

O entusiasmo pela educação e o otimismo pedagógico geraram dois movimentos ideológicos

da elite brasileira, a educação passou a ser considerada como redentora dos problemas sociais.

Houve a expansão da rede escolar e criada, em 1910, as ligas contra o analfabetismo que culminou

com o advento da Escola Nova em 1930.

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Contudo os modelos pedagógicos, então adotados, não eram adequados para alfabetização

de adultos, sendo a maioria dos professores leigos com a tarefa de ensinar os alunos a decodificar a

escrita.

Em 1925, através da Reforma João Alves, estabeleceu-se o ensino noturno para jovens e

adultos. Iniciando um movimento contra o analfabetismo mobilizado por grupos sociais e civis com

objetivo, também, de aumentar o contingente eleitoral. A educação tem a importante missão de

promover o progresso e desenvolvimento do país, sendo o analfabetismo ―um mal e uma doença

nacional‖ e o analfabeto como ―inculto, preguiçoso, ignorante e incapaz‖, não atendendo às

necessidades da crescente demanda de urbanização do país tornando-se um empecilho para o

progresso da nação. (Couto, 1933, p.190)

Com a Constituição Federal de 1934 foi instituída, no Brasil, a obrigatoriedade do ensino

primário para todos, mas a oferta de vagas ainda apresenta-se incipiente. São altos os índices de

analfabetismo embora apresente um declínio do índice de analfabetos entre 1920 e 1940. E nos anos

40 a educação passa a ser uma questão de segurança nacional, pois o atraso do país é relacionado à

falta de instrução de seu povo.

Neste período a educação de jovens e adultos constitui-se tema de política educacional e em

1942, com a ampliação da Reforma Educacional, se reconhece a educação de jovens e adultos como

modalidade de ensino, a mesma passa a receber recursos do Fundo Nacional do Ensino Primário

destinada especificamente à alfabetização e educação da população adulta analfabeta. Mas, a

insuficiente expansão do ensino elementar apresentando falta de escolas e vagas, assim como a

precária qualidade de ensino continuam a contribuir para a ampliação dos índices de analfabetismo.

Somente após a II Guerra Mundial, a educação de adultos passa a ter uma compreensão

diferenciada do ensino regular, este período é fortemente marcado por campanhas nacionais de

alfabetização, em massa, realizadas pelo governo federal de forma centralizada, assistemática,

descontínua e assistencialista, visando o atendimento da população do meio rural, as demais ofertas

de escolarização de jovens e adultos deste período se limitam apenas ao ensino primário.

No final da década de 50 e início da década de 60, surge uma nova perspectiva na educação

brasileira fundamentada nas idéias e experiências desenvolvidas por Paulo Freire, que idealizou e

vivenciou uma pedagogia voltada para as demandas e necessidades das camadas populares,

realizada com sua efetiva participação e a partir de sua história e de sua realidade, esta educação

parte de princípios e metodologia popular, libertadora e emancipadora.

Este novo momento também está associado a um contexto de efervescência de movimentos

sociais, políticos e culturais. Dentre as experiências de educação popular realizadas neste período,

destacam-se:

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Movimento de Educação de Base (MEB) desenvolvido pela Confederação

Nacional dos Bispos do Brasil;

Centros populares de Cultura (CPCs) desenvolvidos pela União Nacional do

Estudantes;

Plano Nacional de Alfabetização (PNE) tendo por objetivo constituir uma

política nacional de alfabetização de jovens e adultos em todo o país sendo

coordenada por Paulo Freire.

Estas experiências de educação e cultura popular passaram a questionar a ordem capitalista,

incentivando a articulação das organizações e movimentos sociais em torno das Reformas de Base,

conduzidas pelo governo da época, João Goulart.

Contudo, o golpe militar de abril de 1964 suprimiu as experiências nesta perspectiva e três

anos após o golpe, o governo militar implantou o Movimento Brasileiro de Alfabetização

(MOBRAL) com uma perspectiva centralizadora e domesticadora, não existindo em sua proposta

pedagógica qualquer preocupação com as questões sociais. Percebem-se poucos avanços com este

programa, das 40 milhões de pessoas que durante 15 anos freqüentaram este Movimento, apenas

10% foram alfabetizadas.

Com a Lei 5692/71 é atribuído um capítulo para o ensino supletivo e o Parecer 699/72, do

Conselho Nacional de Educação (CNE) regulamentou os cursos supletivos e seriados e os exames

de certificação, mas a organização curricular e a matriz do ensino supletivo continuam a seguir a

proposta curricular do ensino regular não atendendo à especificidade destes alunos no processo de

escolarização.

A Lei de Reforma nº. 5.692/71 normatiza o ensino supletivo e recomenda aos Estados

atenderem a demanda de jovens e adultos de acordo com os preceitos abaixo:

Capítulo IV

Do ensino supletivo

Art.24 - O ensino supletivo terá por finalidade:

a) Suprir a escolarização regular para os adolescentes e adultos que não tenham

seguido ou concluído na idade própria;

b) Proporcionar, mediante repetida volta à escola, estudos de aperfeiçoamento ou

atualização para os que tenham seguido o ensino regular no todo ou em parte.

Parágrafo único - O ensino supletivo abrangerá cursos e exames a serem

organizados nos vários sistemas de acordo com as normas baixadas pelos

respectivos Conselhos de Educação.

Art.25- O ensino supletivo abrangerá, conforme as necessidades a atender, desde a

iniciação no ensino de ler, escrever e contar e a formação profissional definida em

lei específica até o estudo intensivo de disciplinas do ensino regular e a

atualização de conhecimentos.

§1º - Os cursos supletivos terão estrutura, duração e regime escolar que se ajustem

às suas finalidades próprias e ao tipo especial de aluno a que se destinam.

§2º - Os cursos supletivos serão ministrados em classes ou mediante a utilização

de rádio, televisão, correspondência e outros meios de comunicação que permitam

alcançar o maior número de alunos.

Art.26- Os exames supletivos compreenderão a parte do currículo resultante do

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núcleo-comum, fixado pelo Conselho Federal de Educação, habilitando ao

prosseguimento de estudos em caráter regular, e poderão, quando realizados para o

exclusivo efeito de habilitação profissional de 2º grau, abranger somente o mínimo

estabelecido pelo mesmo Conselho.

§1º - Os exames a que se refere este artigo deverão realizar-se:

Ao nível de conclusão do ensino de 1º grau, para os maiores de 18 anos;

Ao nível de conclusão do ensino de 2º grau, para os maiores de 21 anos;

§2º - Os exames supletivos ficarão a cargo de estabelecimentos oficiais ou

reconhecidos, indicados nos vários sistemas, anualmente, pelos respectivos

Conselhos de Educação.

§3º - Os exames supletivos poderão ser unificados na jurisdição de todo um

sistema de ensino, ou parte deste, de acordo com normas especiais baixadas pelo

respectivo Conselho de Educação.

Art.27- Desenvolver-se-ão, ao nível de uma ou mais das quatro últimas séries do

ensino de 1º grau, cursos de aprendizagem, ministrados a alunos de 14 a 18 anos,

em complementação da escolarização regular, e, a esse nível ou de 2º grau, cursos

intensivos de qualificação profissional.

Parágrafo único - Os cursos de aprendizagem e os de qualificação darão direito a

prosseguimento de estudos quando incluírem disciplinas, áreas de estudos e

atividades que os tornem equivalentes ao ensino regular, conforme estabeleçam as

normas dos vários sistemas.

Art.28- Os certificados de aprovação em exames supletivos e os relativos à

conclusão de cursos de aprendizagem e qualificação serão expedidos pelas

instituições que os mantenham.

Embora a lei de reforma contemple a EJA, este ensino não teve uma real preocupação por

parte das autoridades porque a princípio era visto como uma modalidade temporária, de suplência,

para os que necessitavam comprovar escolaridade no trabalho e para os analfabetos. Porém, tornou-

se uma forma de ensino permanente, necessária para atender uma demanda que veio aumentando.

Esta modalidade foi considerada como uma fonte de soluções ajustando-se às mudanças da

realidade escolar.

Com a abertura democrática no país, na primeira metade dos anos 80, são reiniciados os

debates acerca das grandes questões sociais, dentre elas, a educação pública de qualidade e

universalizada a todos, pois o quadro educacional que se apresentava era dramático:

Segundo Shiroma, E.; Moraes, M.C. M (2000, p. 132):

- 50 % de reprovação ou exclusão na 1ª série do 1º grau;

- 30% da população constituíam-se de analfabetos;

- 23% dos professores leigos;

- 30% das crianças fora da escola;

- 8 milhões de crianças no 1º grau tinham mais de 14 anos;

- 60% das matrículas concentravam-se nas três primeiras séries do 1º grau, que

reuniam 73% das reprovações.

Esta situação criou, ao longo das décadas posteriores, a intensa demanda de jovens e adultos

não alfabetizados ou com um tempo reduzido de escolarização.

Com a Nova República, a partir de 1985, o governo federal rompe com a política de

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educação de jovens e adultos do período militar extinguindo o MOBRAL e substituindo-o pela

Fundação Educar, que promoveu no início, uma descentralização de suas atividades e apoiou

técnica e financeiramente algumas iniciativas de educação básica de jovens e adultos conduzidos

por prefeituras municipais e instituições da sociedade civil.

Em 1986, o Ministério da Educação organizou uma Comissão de elaboração de Diretrizes

Curriculares Político-Pedagógicas da Fundação Educar, a qual reivindicou do Estado a oferta

pública, gratuita e de qualidade do ensino de 1º grau aos jovens e adultos, dando-lhes identidade

própria. Neste período teve início o processo de descentralização dos recursos e do poder de decisão

que eram concentrados no MEC em torno das políticas educacionais. Neste contexto surgem O

Conselho de Secretários de Educação (CONSED) e a União dos Dirigentes Municipais da Educação

(UNDIME), que criaram vários fóruns com a finalidade de colocar em prática as diretrizes de uma

política educacional concreta. Neste período os estados e municípios passam a assumir, com

orçamento próprio, as demandas de alfabetização e escolarização dos alunos da educação de jovens

e adultos.

Com a Constituição de 1988 a educação de jovens e adultos passa a ser reconhecida como

modalidade específica dentro das políticas educacionais brasileiras, estabelecendo o direito à

educação gratuita para todos os indivíduos, inclusive aos que a ela não tiveram acesso na idade

própria.

Com a extinção da Fundação Educar, em 1990, o governo federal omite-se de financiar a

educação de jovens e adultos, acabando com os programas de alfabetização existentes. Neste

mesmo ano, realiza-se a Conferência Mundial de Educação para Todos, financiada pela

Organização das Nações Unidas (UNESCO) Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF),

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Banco Mundial, em Jomtiem na

Tailândia. Esta conferência trouxe à tona a dramática realidade mundial do analfabetismo de

pessoas jovens e adultas, bem como os altos índices de reduzido tempo de escolarização básica e

evasão escolaridade de crianças e adolescentes.

Importante mostrar a existência, em nível mundial, de mais de 960 milhões de adultos

analfabetos (2/3 são mulheres), sendo o analfabeto funcional um problema significativo em todos os

países industrializados ou em desenvolvimento. Segundo a Declaração Mundial de Educação para

Todos – UNICEF-1991, mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento

impresso, às novas habilidades tecnológicas que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajuda-los

a perceber e adaptar às mudanças sociais e culturais e mais de 100 milhões de crianças e incontáveis

adultos não conseguem concluir o ciclo básico, e outros milhões, apesar de concluí-lo, não

conseguem adquirir conhecimentos e habilidades essenciais.

Esta realidade internacional, da qual se inclui o Brasil, e os interesses econômicos

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apresentados pelo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, e o governo federal brasileiro

definiram as novas orientações para as políticas educacionais, tendo novamente como foco e

princípio, a educação como um dos principais determinantes da competitividade entre os países,

considerando indispensável o ajuste da economia brasileira, às exigências da reestruturação global

da economia, às mudanças do modelo produtivo e aos avanços tecnológicos já sentidos e

prenunciados.

Com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº.

9394/96, a educação para jovens e adultos passa a ser considerada uma modalidade de ensino da

educação básica nas etapas do ensino fundamental e médio, usufruindo de uma especificidade

própria.

A supracitada lei traz dois artigos relacionados, especificamente, à Educação de Jovens e

Adultos conforme o exposto abaixo:

Art. 37 - A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram

acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade

própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que

não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais

apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições

de vida e trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do

trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.

Art. 38 - Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que

compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao

prosseguimento de estudos em caráter regular.

§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:

I. no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;

II. no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.

§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios

informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames

No Plano Nacional de Educação temos como um dos objetivos e prioridades:

Garantia de ensino fundamental a todos os que não tiveram acesso na idade

própria ou que não o concluíram. A erradicação do analfabetismo faz parte dessa

prioridade, considerando-se a alfabetização de jovens e adultos como ponto de

partida e intrínseca desse nível de ensino. A alfabetização dessa população é

entendida no sentido amplo de domínio dos instrumentos básico da cultura letrada,

das operações matemáticas elementares, da evolução histórica da sociedade

humana, da diversidade do espaço físico e político mundial da constituição

brasileira. Envolve, ainda, a formação do cidadão responsável e consciente de seus

direitos. (Plano Nacional de Educação - introdução: objetivos e prioridades -

Brasília, 2001)

Paralelamente, com a aprovação da emenda nº. 14 percebe-se o descaso das autoridades com

esta modalidade de ensino, pois suprime a obrigatoriedade em oferecer o ensino fundamental para

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os que a ele não tiveram acesso na idade própria e não assume o compromisso em eliminar o

analfabetismo em 10 anos, bem como o repasse de recursos financeiros, anteriormente estabelecido

em lei. Tal emenda trouxe, ainda, o veto à participação no repasse de recursos do FUNDEB,

inviabilizando a inclusão da demanda de educação de jovens e adultos no financiamento da

educação básica.

Na segunda metade da década de 90 foi evidenciado um processo de articulação de diversos

segmentos sociais como: organizações não governamentais, movimentos sociais, governos

estaduais e municipais, universidades, organizações empresariais (Sistema S), buscando debater e

propor políticas públicas para a educação de jovens e adultos em nível nacional.

Incentivados pelas discussões promovidas na V Conferência Internacional de Educação de

Adultos (CONFINTEA), realizada em julho de 1997, em Hamburgo, na Alemanha, estes vários

segmentos iniciam a sua articulação através da realização de Fóruns Estaduais de EJA, num

movimento que vem ocorrendo em Encontros Nacionais de Educação de Jovens e Adultos

(ENEJAS).

Em 2000, com o processo de amadurecimento das discussões e práticas à educação de

jovens e adultos construído na década de 90, e em conseqüência das determinações legais foram

promulgadas em 10/05/2000, as Diretrizes Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos

(ENEJA), pelo governo federal, documento elaborado pelo Conselho Nacional de Educação, através

da Câmara de Educação Básica. O documento supera a visão preconceituosa do analfabeto apenas

para tarefas de funções desqualificadas, reconhecendo a sua pluralidade e diversidade cultural e

regional, presente nos mais diferentes estados sociais, portadores de uma rica cultura baseada na

oralidade.

Ainda no documento supracitado explicita-se:

As especificidades de tempo e espaço dos jovens e adultos; o tratamento

presencial dos conteúdos curriculares; a importância em se distinguir as duas

faixas etárias (jovem e adulto) nesta modalidade de educação; a fundamental

formulação de projetos pedagógicos próprios e específicos dos cursos noturnos

regulares e os de educação de jovens e adultos; integração entre base ―nacional

comum‖ do ensino fundamental e médio com a base ―nacional diversificada‖.

Este documento ressalta a educação de jovens e adultos como direito, deslocando a idéia de

compensação e substituindo-a pelas de reparação e equidade.

Neste período foi realizada a inclusão da educação de jovens e adultos no Plano Nacional de

Educação (PNE), aprovado e sancionado em 09/01/2001, pelo governo federal. Este plano referenda

a determinação constitucional que define como um dos objetivos a integração de ações do poder

público que conduzam à erradicação do analfabetismo, tratando-se de tarefa que exige ampla

mobilização de recursos humanos e financeiros por parte do governo e da sociedade. Estabelece que

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a educação de jovens e adultos deva fazer parte, no mínimo, a oferta de uma formação equivalente

às oito série iniciais do ensino fundamental, reconhecendo a necessária produção de materiais

didáticos e técnicas pedagógicas apropriadas, além da especialização do corpo docente.

Dentre as metas colocadas destacamos: estabelecer, a partir da aprovação do PNE,

programas visando alfabetizar 10 milhões de jovens e adultos, em 5 anos, e até o final da década,

superar os índices de analfabetismo; assegurar, em 5 anos, a oferta de educação de jovens e adultos

equivalente às quatro séries iniciais do ensino fundamental para 50% da população de 15 anos ou

mais que não tenha atingido este nível de escolaridade.

Apesar de estar referendada em lei que garante o acesso e a permanência à educação para

todos os cidadãos, dados estatísticos demonstram que grande parte da população, principalmente as

camadas populares, não tem o acesso garantido à educação de jovens e adultos, devido à ausência

de políticas públicas eficientes e adequadas à diversidade e às necessidades do atual público jovem,

adulto e idoso.

4.5 Histórico da EJA no estado do Paraná

A EJA, no Paraná, está inserida no mesmo contexto sócio, econômico e social nacional

apresentado anteriormente, a princípio surge como proposta educacional para atender por tempo

determinado à demanda de jovens e adultos que não tiveram acesso à escolarização na idade

adequada, porém há necessidade de um atendimento progressivo, pois se constatou a presença de

um grande contingente de pessoas acima de 15 anos com pouca ou nenhuma instrução, isto pode ser

visualizado no quadro a seguir:

Tabela 2 – Caracterização educacional da unidade da Federação – 2001 – Analfabetismo

(números absolutos em 1.000)

Unidade

da

federação

População

residente

de 15 anos

ou mais

População analfabeta Analfabetos funcionais de

15 anos ou mais

15 anos ou

mais

15 a 19

anos

60 anos

ou mais

Total Taxa

Brasil 121.011 14.954 559 5.211 33.067 27,3

Sul 18.696 1.323 29 580 3.956 21,2

Paraná 6.997 605 15 250 1.777 25,4

*Refere-se à população sem instrução, e não àquela analfabeta pelos critérios censitários.

*Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.

Fontes: IBGE. Censos Demográficos e Contagem da População 1996. PNAD 1997.

Neste cenário de grandes desafios, há necessidade de atender esta população de excluídos do

sistema educacional assim como repensar as políticas e práticas pedagógicas que ao longo da

história não deram conta de atender esta demanda.

Em atendimento à esta necessidade além do ensino supletivo, a partir da década de 80, são

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criados os Centros de Estudos Supletivos (CES), atualmente denominados Centros Estaduais de

Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJAs), descentralizando o atendimento de EJA nas

diversas regiões do estado.

Outras formas de descentralização do atendimento à demanda de EJA são os Postos

Avançados dos CEEBJAs (PACs), hoje denominados como Ações Pedagógicas Descentralizadas

(APED) para atender a demanda no seu local de origem.

Ainda na década de 90, têm início os projetos de escolarização aos educandos em privação

de liberdade nas unidades penitenciárias e nas unidades sociais oficiais. Também a SEED estabelece

convênios com organizações não-governamentais, visando à oferta de alfabetização de jovens e

adultos no meio urbano, rural e indígena.

A busca pela ampliação do atendimento à escolarização da população jovem e adulta pelos

sistemas estaduais se vincula às conquistas legais referendadas pela Constituição Federal de 1988,

na qual a educação de jovens e adultos passa a ser reconhecida enquanto modalidade específica no

conjunto das políticas educacionais brasileiras, estabelecendo-se o direito à educação gratuita a

todos os indivíduos, inclusive aos que a ela não tiveram acesso na idade própria.

Neste período, num contexto de profundas discussões nacionais, através dos Fóruns de

Educação, no estado do Paraná, diversos segmentos sociais se unem ao movimento em torno da

educação de jovens e adultos, sendo constituído o Fórum Paranaense de EJA no mês de fevereiro de

2002, intensificando a articulação das instituições governamentais, não-governamentais,

empresariais, acadêmicas e movimentos sociais através de reuniões plenárias em diversas regiões

do estado e através dos Encontros Paranaenses de EJA (EPEJAS).

Este movimento nacional e paranaense vem qualificando as proposições, experiência

intercâmbio e avaliações das políticas de educação de jovens e adultos desenvolvidas pelas

organizações, articulando iniciativas e esforços para ampliação do direito à educação pública e de

qualidade.

As reflexões promovidas em torno da educação de jovens e adultos suscitaram a necessidade

de rever as políticas educacionais de EJA no Estado, para tanto foi promovida ampla discussão

acerca do contexto que esta modalidade educacional se encontra: proposições norteadoras do

currículo, histórico das políticas e diagnóstico da EJA, caracterização dos educandos desta

modalidade utilizando a reflexão dos desafios para responder aos problemas da prática pedagógica.

Este processo do qual participaram os vários profissionais deste segmento, culminou com a

elaboração das novas Diretrizes Curriculares que irão orientar a organização curricular da EJA.

Conforme consta na Proposta Pedagógico Curricular para EJA do Estado do Paraná todos os

estabelecimentos de ensino (Curitiba, 2005, p.10):

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... tem como uma das finalidades, a oferta de escolarização de jovens, adultos e

idosos que buscam dar continuidade a seus estudos no Ensino Fundamental ou

Médio, assegurando-lhes oportunidades apropriadas, consideradas suas

características, interesses, condições de vida e de trabalho, mediante ações

didático-pedagógicas coletivas e/ou individuais.

Portanto, estes Estabelecimentos ofertarão Educação de Jovens e Adultos – Presencial que

contempla o total de carga horária estabelecida na legislação vigente nos níveis do Ensino

Fundamental e Médio, com avaliação no processo. Os cursos são caracterizados por estudos

presenciais desenvolvidos de modo a viabilizar processos pedagógicos, tais como:

- pesquisa e problematização na produção do conhecimento;

- desenvolvimento da capacidade de ouvir, refletir e argumentar;

- registros, utilizando recursos variados (esquemas, anotações, fotografias,

ilustrações, textos individuais e coletivos), permitindo a sistematização e

socialização dos conhecimentos;

- vivências culturais diversificadas que expressem a cultura dos educandos, bem

como a reflexão sobre outras formas de expressão cultural.

Com a elaboração deste documento ficam definidas as proposições que serão a base das

ações pedagógicas de todas as escolas do Estado do Paraná promovendo a integração e a construção

de uma diretriz pedagógica que fortaleça o trabalho desenvolvido no interior das escolas,

promovendo uma educação competente e de qualidade.

Sabemos que muito tem a se fazer para que a EJA tenha, de fato, a sua valorização

reconhecida e possa cumprir o seu papel social: o de promover a reinserção do educando no sistema

educacional possibilitando ao mesmo o seu crescimento enquanto seu humano e cidadão.

A inclusão dos jovens e adultos no sistema educacional é mais do que um direito é um

compromisso social a ser cumprido, segundo Paiva (1997, p. 48) há a necessidade de:

Compreender a educação como um fenômeno produzido em situações sócio-

históricas, num processo de conquistas e elaborações sociais de significados,

permite apostar numa educação de jovens e adultos como direito e, não apenas a

idéia de resgate da oportunidade perdida.

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4.6 Realidade da EJA para educandos em privação de liberdade

4.6.1 Reconhecendo o ambiente prisional

O sistema prisional estabeleceu e desenvolveu padrões de reclusão que classificaram e

sedimentaram determinado número de seres humanos a não se perceberem como cidadãos, mas

como sujeitos a mercê das possibilidades de ressocialização, onde a formação educacional

mantiveram-se distantes, praticamente inexistentes.

Desde tempos remotos este sistema estruturou-se num modelo coercitivo e judiciário

punindo de modos diferentes os indivíduos que cometem algum delito. Os povos primitivos

utilizavam a pena de morte e para crimes mais graves acrescentavam pena corporal, o sistema de

aprisionamento era inexistente e quando o utilizavam colocavam o criminoso em buracos aplicando

ao preso o suplício até a morte.

Com a evolução da sociedade a prisão surgiu antes da legislação penal, e as primeiras foram

criadas em locais específicos, como aborda Oliveira (1996, p. 23):

A prisão aparece localizada nos palácios dos reis, nas dependências dos templos,

nas muralhas que cercavam as cidades. Em Roma, é na fortaleza real que se

encontrava a mais velha prisão; na Idade Média se encontrava no castelo senhorial

e nas torres das muralhas que rodeavam as cidades; na Judéia, em fossas baixas; no

antigo México; em gaiolas de madeiras onde eram amarrados os acusados.

Na Era Cristã, surgem as primeiras prisões com aprovação legal, inicialmente como

detenção perpétua e solitária, aplicada nos mosteiros, excluindo progressivamente a pena de morte,

surgindo a segregação e a penitência. Segundo Oliveira (1996, p.45):

A Igreja instaura com a prisão canônica o sistema da solidão e do silêncio. A prisão

se inspira nos princípios da moral católica: o resgate do pecado pela dor, o remorso

pela má ação, o arrependimento da alma manchada pela culpa. Todos esses fins de

reintegração moral se alcançavam pela solidão, meditação e prece.

No final do século XVIII e início do século XIX, apesar da utilização das mais variadas

formas de torturas, passou da punição de detenção para o contexto de prisão, seu acesso de

humanização em que a nova legislação atribui o poder de punir como uma função geral da

sociedade.

No universo do sistema prisional foram desenvolvidas e fundamentadas teorias sobre o

direito de punir e sobre a finalidade das penas aplicadas aos indivíduos que praticavam algum tipo

de crime. Todas estas teorias acompanharam a evolução da concepção da pena que inicia com o

período primitivo da vingança privada embasada na repressão, posteriormente surge o período

teológico e político inspirado na expiação e intimidação, o período humanitário que busca a

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correção do culpado e o período contemporâneo ou científico que segue insistindo no poder

intimidante da pena, porém considerando a ressocialização do delinqüente. No decorrer da história

prisional, vários tipos de pena foram aplicadas aos detentos, baseado no contexto legal atual,

percebe-se que a ressocialização está ligada ao processo de humanização, através de políticas de

educação e assistência ao preso, acesso a meios capazes de oportunizar seu retorno à sociedade,

bem como condições de convívio social.

4.6.2 A população carcerária

Uma das características da população carcerária no Brasil é sua baixa escolaridade e nível

sócio econômico, na tentativa de caracterizar a massa carcerária no Brasil foi realizado por ocasião

do “I Fórum de Saúde do Sistema Penitenciário da Região Norte”, o perfil sócio-econômico da

população carcerária no Brasil, segundo Censo Penitenciário de 1994, in Revista do Conselho

Nacional de Política Criminal e Penitenciária (2000, p.17):

Idade: Esta variável revelou que o maior contingente da população carcerária brasileira é

composto, predominantemente, por pessoas jovens, com idade entre 18 e 30 anos (52,6%) e

entre 31 e 40 anos (28,9%).

Escolaridade: Cerca de 87% da população carcerária no Brasil possui pouca ou nenhuma

escolaridade, parte significativa dessa população não tem qualificação profissional e a maioria

nunca exerceu uma atividade laboral regular, fica claro que a grande maioria se encontra na

mais completa ociosidade.

Raça: Cerca de 42,5% da população carcerária é constituída por mestiços e negros.

Estado civil: Grande parte da massa carcerária é constituída de pessoas solteiras, o que

demonstra a grande presença de jovens.

A baixa escolaridade e nível sócio econômico estão intimamente relacionados a problemas

sociais de falta de acesso a bens e serviços como educação, saúde e oportunidades de emprego.

Um dos princípios filosóficos que sustentam o sistema prisional é o de proteger a sociedade com

relação ao indivíduo que cometeu um delito ou infração e sabemos da necessidade da punição aos

mesmos, porém há necessidade de que esta prática de proteção social e tratamento ao detento sejam

executados de forma humana para que possa haver a tentativa de reabilitá-los para o convívio social.

4.6.3 O acesso à educação escolar nas prisões

No Brasil, segundo dados do Ministério da Justiça, tem atualmente, 361.000 presos, dos

quais 70% não completaram o ensino fundamental e 10,5% são analfabetos, embora a Lei de

Execução Penal garanta ao preso o direito à educação, apenas 18% da população prisional

desenvolve alguma atividade educativa durante o cumprimento da pena, fatores como esses

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comprometem a ressocialização do preso e têm reflexos na reincidência do crime. (Agência MJ de

Notícias – 14/01/2007 – Matérias Especiais ―Governo estuda nova lei de educação nos presídios‖)

Segundo a Lei de Execução Penal, vigente em nosso país, fica estabelecida que a pena

privativa de liberdade seja dever social devendo oferecer ao detento os meios necessários para sua

reintegração à sociedade.

O direito à educação escolar como condição indispensável de uma real liberdade de

formação (desenvolvimento da personalidade) e instrumento indispensável da própria emancipação

(progresso social e participação democrática) é um direito humano essencial para a realização da

liberdade e para que esta seja utilizada em prol do bem comum. Desta forma, ao abordarmos a

educação nas prisões é importante ter claro que os reclusos, embora privados de liberdade, mantêm

a titularidade dos demais direitos fundamentais. O acesso ao direito à educação do recluso deve ser

assegurado universalmente, a todos e todas, dentro da perspectiva acima delineada e em respeito às

normas que o asseguram.

Em âmbito internacional, as Regras Mínimas Para o Tratamento de Prisioneiros,

elaborado no 1º Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção do Crime e Tratamento de

Delinqüentes, realizado em Genebra, em 1955, estabeleceu uma garantia específica à educação nas

prisões:

1.Serão tomadas medidas para melhorar a educação de todos os presos em

condições de aproveitá-la, incluindo instrução religiosa nos países em que isso for

possível. A educação de analfabetos e presos jovens será obrigatória, prestando-lhe

a administração especial atenção.

2.Tanto quanto possível, a educação dos presos estará integrada ao sistema

educacional do país, para que depois da sua libertação possam continuar, sem

dificuldades, a sua educação.

Em que pese este documento ser um marco na garantia do direito à educação das pessoas

presas, as orientações previstas neste são restritivas, e não afirmam o caráter universal deste direito.

Em documentos internacionais mais recentes, tal como Declaração de Hamburgo , de 1997, a

abordagem do direito à educação de pessoas presas avançou, afirmando-se expressamente na

Declaração:

Alfabetização de adultos:

A alfabetização,concebida como o conhecimento básico, necessário a todos num

mundo em transformação em sentido amplo, é um direito humano fundamental.

Em toda sociedade, a alfabetização é uma habilidade primordial em si mesma e um

dos pilares para o desenvolvimento de outras habilidades. Existem milhões de

pessoas — a maioria mulheres — que não têm a oportunidade de aprender nem

mesmo o acesso a esse direito. O desafio é

oferecer-lhes esse direito. Isso implica criar pré-condições para a efetiva educação,

por meio da conscientização e do fortalecimento do individuo. A alfabetização tem

também o papel de promover a participação em atividades sociais, econômicas,

políticas e culturais, além

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de ser requisito básico para a educação continuada durante toda a vida. Portanto,

nós nos comprometemos a assegurar oportunidades para que todos possam ser

alfabetizados; comprometemo-nos também a criar, nos Estados-Membros, um

ambiente favorável à proteção da cultura oral. Oportunidades de educação para

todos, incluindo os afastados e os excluídos, é a preocupação mais urgente. A

Conferência vê com agrado a iniciativa de se proclamar a década da alfabetização,

a partir de 1998, em homenagem a Paulo Freire.

E no Plano de Ação para o Futuro, aprovado neste encontro, no item 47, o reconhecimento

do direito de todas as pessoas encarceradas à aprendizagem:

a) proporcionando a todos os presos informação sobre os diferentes níveis de

ensino e formação, e permitindo-lhes acesso aos mesmos;

b) elaborando e implementando nas prisões programas de educação geral com a

participação dos presos, a fim de responder a suas necessidades e aspirações em

matéria de aprendizagem;

c) facilitando que organizações não-governamentais, professores e outros

responsáveis por atividades educativas trabalhem nas prisões, possibilitando assim

o acesso das pessoas encarceradas aos estabelecimentos docentes e fomentando

iniciativas para conectar os cursos oferecidos na prisão aos realizados fora dela.

No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (L. 9394/96, que estabelece parâmetros

dos níveis e modalidades de ensino no país) não traz nenhuma referência à educação de jovens e

adultos presos o que demonstra a falta de comprometimento das autoridades com a escolarização da

clientela privada de liberdade.

A abordagem específica da educação nas prisões, somente, foi estabelecida na Lei de

Execução Penal - LEP (L. 7210/84):

DA ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL

Art. 17 - A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação

profissional do preso e do internado.

Art. 18 - O ensino de primeiro grau será obrigatório, integrando-se no sistema

escolar da unidade federativa.

Art. 19 - O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou de

aperfeiçoamento técnico.

Parágrafo único - A mulher condenada terá ensino profissional adequado à sua

condição.

Art. 20 - As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com entidades

públicas ou particulares, que instalem escolas ou ofereçam cursos especializados.

Neste documento, a assistência educacional do preso é expressamente prevista como um

direito no inciso VII, do artigo 41.

Art. 41 - Constituem direitos do preso: - assistência material, à saúde, jurídica,

educacional, social e religiosa.

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Contudo, ao especificar nos artigos 17 a 21 como se dará a assistência educacional, observa-

se certa restrição às oportunidades educacionais nos presídios se comparada à educação fornecida

aos jovens e adultos que não se encontram no sistema prisional: apenas o 1º grau (ensino

fundamental) foi previsto como obrigatório, não sendo prevista a possibilidade de acesso ao ensino

médio ou superior para os detentos que cumprem pena em regime fechado (que não pode sair da

prisão), o que viola normas constitucionais que postulam como dever do estado a ―progressiva

universalização do ensino médio gratuito‖ (artigo 208, inciso II) e o ―acesso aos níveis mais

elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um‖ (artigo

208, inciso V).

O Plano Nacional de Educação estabeleceu em sua 17ª meta que, no período de 10 anos, os

poderes públicos deverão: (Brasília, 2001)

Implantar, em todas as unidades prisionais e nos estabelecimentos que atendam

adolescentes e jovens infratores, programas de educação de jovens e adultos de

nível fundamental e médio, assim como de formação profissional, contemplando

para esta clientela as metas nº 5 (financiamento pelo o MEC de material didático-

pedagógico) e nº 14 (oferta de programas de educação à distância).

Já no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, a meta 26 determina que os

Poderes Públicos deverão, ―Apoiar a elaboração e a implementação de programas para assegurar a

educação básica nos sistemas penitenciários‖. (Brasília, 2003)

De maneira geral, as normas referentes à educação penitenciária deixam margem a

interpretações ambíguas, tanto na afirmação do direito educativo, como em relação à

responsabilidade por sua implementação. Os textos fazem insistentes referências à parceria entre

Estado e sociedade civil. Se, de um lado isto pode ser positivo, uma vez que possibilita o controle

social sobre o ambiente prisional, geralmente fechado em rígidas estruturas hierárquicas; de outro

tende a estimular a transferência da responsabilidade do Estado para as organizações civis, muitas

vezes impossibilitando a correlação com o sistema de ensino oficial.

De acordo com dados do DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional), a educação nas

prisões vem sendo, ao longo dos anos, realizada pelos estados de forma não sistematizada, muitas

vezes baseadas no voluntarismo ou dependente de iniciativas das direções de cada unidade penal,

também a realidade carcerária não é considerada nos programas de formação dos profissionais da

área da educação, que muitas vezes não têm preparo para trabalhar com o preso e suas

particularidades e os conteúdos programáticos são apresentados desarticulados da realidade desta

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clientela. Também há problemas com a falta de infra-estrutura, material escolar de qualidade e o

fato do estudo não contribuir para a remissão da pena.

Para reverter esta situação os Ministérios da Justiça, da Educação e UNESCO se uniram

para estabelecer uma política nacional de ensino nos presídios tendo como objetivo a ampliação do

acesso e melhoria da qualidade dos programas desenvolvidos pelos estados.

Sabendo que a oferta da escolarização nas unidades penais, no nosso país, ainda é restrita

esta ação torna-se urgente e indispensável numa perspectiva de que o detento possa ser reintegrado

à sociedade, diminuindo os índices de reincidência e contribuindo para a diminuição da

criminalidade.

Em contrapartida, temos uma iniciativa que representa um grande avanço para a educação

na unidade prisional. Na Comarca de Guarapuava - Vara de Execuções Penais foi instituída a

Portaria que disciplina a remição de pena pelo trabalho e pela educação, contudo cita que além da

freqüência, o educando deverá demonstrar aproveitamento de estudo, sendo assim este documento

estabelece e define o rendimento escolar, enfatizando que não basta frequentar, o importante é o

aprender.

Diante do exposto, cumpre destacar que, em 29 de junho de 2011, entrou em vigor a Lei n.°

12.433 que dispõe sobre a remição sobre trabalho e estudo. Anteriormente as Unidades Prisionais de

Guarapuava dispunham da Portaria n.° 01/2009 que regularizava pela Vara de Execuções Penais a

remição pelo estudo. A Lei de 2011 altera o artigo 126 da lei de Execuções Penais apontando para

que, no primeiro parágrafo, a contagem de tempo de pena para remição por tempo de estudo seja a

razão de um dia de pena a cada doze horas de freqüência escolar nas atividades de ensino

fundamental, médio, superior e cursos profissionalizantes e de requalificação profissional. Ao

trabalho permanece o constate no artigo anterior: a cada três dias de trabalho, um dia de pena

remido. Consta ainda, no segundo parágrafo que as atividades de estudo poderão ser desenvolvidas

de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas

autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados, possibilitando no terceiro parágrafo

que horas de trabalho e estudo possam ser cumulativas no caso de remição, desde que se

compatibilizem.

A valorização do direito ao trabalho frente à educação traz também como conseqüência um

maior estímulo à educação como mecanismo de acesso e preparo para o mercado de trabalho, em

detrimento de outros objetivos do direito à educação, como desenvolvimento pessoal ou a formação

para a cidadania. Além da LEP, a educação nas prisões foi também abordada no Plano Nacional de

Educação e no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.

Tais atividades são necessárias dentro das Unidades Penais e com certeza devem ser

estimuladas e difundidas de modo a consolidar estas práticas. Temos buscado por uma alternativa

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pedagógica e um projeto de formação escolar e profissional integrado, com pressupostos bem

definidos com intenção de maior integração entre os três pilares da ressocialização: trabalho,

educação e o tratamento penal objetivando uma ação em equipe.

Com isso, não pretendemos afirmar que, um projeto educacional desenvolvido para

educandos privados de liberdade deva ter como base um programa curricular diferente; ao contrário,

parte-se do princípio de que o conhecimento científico é universal e histórico e, necessário a todos

os educandos para melhor compreensão do mundo que os rodeia.

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5. LEGISLAÇÃO VIGENTE

5.1 Sistema Penitenciário do Paraná e a consolidação da EJA na instituição prisional

Conforme Santos In Prá (2004):

A primeira menção de cadeia pública no Estado do Paraná, data de 1697, mas foi

somente em 02 de Junho de 1880, na presença de Dom Pedro II e sua comitiva, do

Conselheiro Ministro da Agricultura, Comercio e Obras Públicas e das demais

autoridades civis e militares, é que teve lugar o lançamento da pedra fundamental

para o edifício da penitenciária que seria construída na cidade de Curitiba, capital

do Estado.

O Estado, até 1903, alojava os condenados com problemas psiquiátricos na Santa Casa da

Misericórdia. Então, em 25 de março de 1903 foi inaugurado o Hospício da Luz, no espaço do Ahú.

Segundo Prá (2009, p. 31), até esta época não existiam Psiquiatras e quem tratava os internos,

chamados de ―alienados‖, eram médicos chamados ―alienistas‖.

Em 28 de Abril de 1905, o hospício foi transferido para o Bairro do Prado e o prédio foi

cedido para a reforma e adaptação, com o intuito de transformar em presídio. Assim, em 23 de

setembro de 1908, o Presidente do Estado do Paraná, Dr. Francisco Xavier da Silva, através do

Decreto nº 564, aprova e ordena que se cumpra o Regulamento da Penitenciaria do Estado.

Segundo Santos (2006, p. 53):

O referido documento trazia todas as diretrizes de como deveria funcionar a

penitenciária, desde a nomeação dos empregados, exoneração, vencimentos,

licenças, penas disciplinares e substituições. Determinava as atribuições e deveres

do diretor, almoxarife, amanuense (escrevente que fazia os registros penais à mão),

médico, enfermeiro, guardas, cocheiro, psicologia, entre outros e o sistema de

referência que era o Sistema Auburniano.

Sendo assim, em 05 de janeiro de 1909, a primeira Penitenciaria do Estado do Paraná é

inaugurada, chamada pelo mesmo nome ―Penitenciaria do Estado‖, localizada no bairro do Ahú.

Em seu primeiro ano de funcionamento oferecia diversos setores de trabalho, tais como: cozinha,

horta, alfaiataria, sapataria, tipografia e marcenaria.

Em 26 de fevereiro de 1925 é inaugurada a Casa de Detenção, com 15 celas, para abrigar os

presos que não eram condenados. Contudo, segundo Santos (2006, p.53), em 1934, através do

decreto nº 253, o Interventor Manoel Ribas, visando reduzir despesas e reorganizar o Estado,

determina a instalação da Casa de Detenção numa parte que lhe fosse destinada no Edifício da

Penitenciária do Estado, situada no Ahú.

Segundo Prá (2009, p. 45):

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Em 26 de Outubro de 1940, realizou-se a Conferência Penitenciária, no Rio de

Janeiro, com a participação do Doutor Fredericindo Marés de Souza, então diretor

da Penitenciária do Estado e foi durante esta conferência que foram criadas as

Penitenciárias Agrícolas. O citado diretor daria sequência aos estudos de

implantação do regime semi-aberto no Paraná.

Assim a Penitenciária Agrícola do Estado iniciou seu funcionamento em 18 de junho de

1941, com 30 presos, em caráter experimental. Segundo Prá (2009, p. 46):

Destinada a delinqüentes primários, do sexo masculino, cujos antecedentes,

comportamento carcerário, personalidade e circunstâncias do crime, após haverem

cumprido parte da pena na Penitenciária, dariam sequência ao cumprimento da

mesma em Regime semi-aberto, até serem colocados em Liberdade Condicional.

Porém, foi somente em 1943 que a Colônia Penal Agrícola foi criada oficialmente.

Conforme Prá (2009, p. 46), o novo sistema iniciou, em 1943, com 70 presos beneficiados pelo

novo regime, participando de atividades agrícolas, avícolas e pecuárias.

Em 1944, no município de Piraquara, foi iniciada a construção da Penitenciária Central do

Estado, porém só foi concluída em 1951. Esta foi declarada, no momento de sua inauguração, a

maior e mais moderna penitenciária da América Latina, com capacidade para 522 (quinhentos e

vinte e duas) celas.

Em 13 de maio de 1970, foi inaugurada a primeira penitenciária feminina. Até os anos 60

estiveram na Penitenciária do Estado, em galerias separadas dos homens, sendo transferidas para o

centro da cidade até a inauguração da penitenciária própria para abrigá-las.

Prá (2009) cita que desde a criação da primeira unidade penal do Estado do Paraná, havia

a necessidade de uma unidade especifica para tratar de doentes mentais condenados. Então, em 31

de Janeiro de 1969, foi inaugurado o Manicômio Judiciário do Estado, o qual foi considerado um

dos manicômios mais modernos do país. Ainda segundo Prá (2009), o fato interessante é de que a

obra, inaugurada durante o regime militar, apresenta a planta em formato de metralhadora.

A referida unidade penal acima, foi a quarta do Sistema Penitenciário localizada no

município de Pinhais, bairro Canguiri, com uma área total de 5.970 metros quadrados, tendo

capacidade de internamento para 167 homens e 44 mulheres.

O governo do Estado do Paraná preocupado com a humanização do sistema carcerário,

criou a Divisão de Saúde, através da Resolução nº 088/85, compreendendo os serviços: médicos,

odontológicos, psicológicos, social, fisioterápicos, de enfermagem, farmacêuticos e de terapia

ocupacional. Logo, Prá (2009, p. 54) expõe que:

Em 1986, através da Resolução nº 062/86, foi criada a Unidade de Pronto

Atendimento, vinculada orçamentariamente ao Manicômio Judiciário e em 15 de

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Julho de 1987, através da Resolução nº 197/87, foi criado o Hospital Penitenciário,

o qual prestaria serviço nas áreas de clínica médica e cirúrgica, ortopedia,

traumatologia, fisioterapia, anestesiologia, enfermagem, farmácia e odontologia.

Em dezembro de 1993, as denominações Manicômio Judiciário e de Hospital

Penitenciário são mudadas, sendo inaugurado o Complexo Médico Penal. O Hospital teve suas

instalações ampliadas para uma área construída de 1500m², com aumento de 63 leitos, dos quais 20

destinados ao tratamento de doenças infecto-contagiosas. Santos (2006, p. 56) cita que:

Essa unidade caracteriza-se como estabelecimento penal de regime fechado e de

segurança máxima, destinado a pessoas que precisam ser submetidas a tratamento

psiquiátrico e ambulatorial, em decorrência de decisão judicial, de medida de

segurança ou de prescrição médica.

Com a inauguração da Penitenciária Estadual de Londrina, em 1994, a inauguração da

Penitenciária de Maringá, em 1986 e com a inauguração da Penitenciária Industrial de Guarapuava,

a qual foi considerada modelo para o restante do país, iniciou-se um processo de interiorização das

unidades e também de diversidade de características, destinadas aos apenados do sexo masculino,

em regime fechado.

Em 2001, em Londrina, e 2002, em Curitiba, inaugurou-se as Casas de Custódia para

presos provisórios. No mesmo ano de 2002 foi inaugurada, na cidade de Cascavel, outra

penitenciária industrial, nos mesmos moldes da unidade de Guarapuava. Bem como em 2002, em

16 de abril, foi inaugurada a Penitenciária Estadual de Piraquara, com as mais modernas instalações

e estratégias de segurança, destinada às pessoas presas em regime diferenciado de cumprimento de

pena.

Conforme o Departamento Penitenciário - DEPEN, também foram inaugurados: Centro de

Regime Semi-Aberto Feminino de Curitiba – CRAF, 1986 (com algumas mudanças no decorrer dos

anos, mas em 2007, voltou a ser denominado Centro de Regime Semi-Aberto, como já citado);

Centro de Regime Semi-Aberto de Ponta Grossa – CRAPG, em 2004; Centro de Detenção

Provisória de São José dos Pinhais, em 2005; o Centro de Regime Semi aberto de Guarapuava –

CRAG, em 2007; o Centro de Detenção e Ressocialização de Francisco Beltrão, no Sudoeste do

Estado, em 2008; Centro de Detenção Provisória de Maringá – CDPMGA, em 2008.

Recentemente, no ano de 2006, a União, através do Governo Federal, colocou-se em

funcionamento uma unidade federal de custodia, denominada Penitenciária Federal de Catanduva,

no Paraná, destinada a abrigar os presos processados e/ou condenados pela justiça federal.

Com o objetivo de reorganizar a Coordenação do Sistema Penitenciário, através do

Decreto 609, de 23 de julho de 1991, a Secretaria de Estado da Justiça e da cidadania e seus órgãos

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aprovam o novo Regimento Interno do Departamento Penitenciário - DEPEN, passando a chamá-lo

Departamento Penitenciário do Paraná, mantendo a mesma sigla, que já era denominado desde

1987. Segundo informações no site do Departamento Penitenciário - DEPEN, este Departamento

Penitenciário do Estado do Paraná, como unidade de execução programática da administração direta

da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania, tem por objetivo a supervisão e a coordenação

dos estabelecimentos penais e demais órgãos do Sistema Penitenciário, dando cumprimento às

disposições da Lei de Execução Penal - Lei Federal nº 7.210/84, referente à custódia, segurança e

assistência aos presos provisórios, condenados e submetidos à medida de segurança preventiva, bem

como aos apenados e egressos das unidades penais. Ainda, são de sua competência: supervisionar,

coordenar e inspecionar os estabelecimentos penais, escola penitenciária e patronatos; fazer cumprir

as disposições da Lei de execução penal, responsabilizando-se pela custódia, segurança e assistência

tanto dos internos quanto dos egressos do Sistema Penitenciário; oferecer assistência jurídica,

psicológica, social, médica, odontológica, religiosa e material, além de desenvolver a reintegração

social por meio da educação formal. Bem como, a estrutura organizacional do Departamento

Penitenciário do Estado, conta atualmente, com 24 Estabelecimentos Penais, entre eles as colônias

agrícolas e industriais, 02 Patronatos Penitenciários, 01 Hospital de Custódia e tratamento, 01

Escola de capacitação e desenvolvimento profissional de servidores e 561 cadeias públicas.

Segundo dados do Ministério da Justiça – Infopen - com referência dezembro/2009, a

população carcerária do Paraná, masculino e feminino, era de 37.440 presos, dos quais 22.166

eram custodiados. No sistema penitenciário estavam 3.194 presos provisórios, 8.172 em regime

fechado, 2.478 em regime Semi-aberto, 7.934 em regime aberto e 388 cumprindo medida de

Segurança.

Também sob a responsabilidade do DEPEN, existem pessoas cumprindo penas alternativas

e egressos do Sistema Penitenciário em regime aberto ou livramento condicional. No Patronato

Penitenciário de Curitiba, há egressos condenados pela justiça federal e pela justiça comum. Por se

tratar da capital do estado, as pessoas condenadas com penas alternativas são encaminhadas à

Central de Penas Alternativas, que é diretamente ligada ao Departamento Penitenciário Nacional. Já

no Patronato de Londrina as pessoas cumprem penas alternativas e também há egressos.

Além das unidades que custodiam as pessoas em cumprimento de pena, o Sistema

penitenciário conta com uma Escola Penitenciária e com um Fundo Penitenciário que auxiliam no

cumprimento de suas atribuições, formando e capacitando os funcionários do Sistema, arrecadando

e administrando recursos que geram setores de trabalho e capacitação para as pessoas presas,

respectivamente.

Segundo dados do site do Departamento Penitenciário - DEPEN, o quadro dos

funcionários é composto por técnicos, agentes penitenciários e funcionários de nível médio e

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superior e profissionais especializados em diversas áreas para dar atendimento necessário e garantir

aos detentos sua condição de cidadãos, mesmo estando em privação de liberdade. Conforme

Kuehne (2008):

objetivando o cumprimento das metas de ressocialização do interno, o Estado do

Paraná adotou uma política de interiorização das Unidades Penais (preso próximo

da família e local de origem), propiciando então ao condenado melhores condições

de futura integração, dada a proximidade com seus familiares. Bem como, uma

política que busca oferecer novas alternativas para os apenados, proporcionando-

lhes educação, trabalho e profissionalização, viabilizando, além de melhores

condições para sua reintegração à sociedade, o benefício da redução da pena.

Conforme o Departamento Penitenciário - DEPEN, a proposta deste governo é a de realizar

política pública para aquele que está excluído, em razão do delito, que garanta o cumprimento da

pena, possibilitando educação, disciplina, trabalho, espiritualidade e preservação do vínculo

familiar.

Ao que se refere à educação formal, conforme o DIED - Divisão de Educação do

Departamento Penitenciário do Paraná, o processo de escolarização no sistema prisional iniciou-se

com uma parceria entre a Secretaria de Estado da Justiça e a Secretaria de Estado da Educação, por

meio do termo de acordo especial de amparo técnico, em 1º de fevereiro de 1982.

O referido acordo constituiu uma ação conjunta entre a Secretaria de Estado de Justiça e

Cidadania - SEJU e a Secretaria de Estado de Educação – SEED, proporcionando, aos presos e aos

funcionários do sistema penitenciário do Paraná, escolarização no âmbito do 1º e 2º graus, como era

a denominação da educação básica na época, através da modalidade de ensino supletivo.

Inicialmente a escola foi implantada como um Centro de Orientação da Aprendizagem, órgão

vinculado ao Centro de Estudos Supletivos de Curitiba, conforme resolução 80/82 SEJU/SEED e

Resolução 1707/82 – SEED, ambas de 28/06/82.

Através da Resolução 1707/82 – SEED, o estabelecimento foi autorizado a desenvolver

Cursos Supletivos de 1º e 2º graus, com avaliação fora do processo. Com isso, o estabelecimento

mantinha uma estrutura reduzida de professores apenas para preparar os alunos para os exames de

equivalência correspondentes às quatros primeiras séries do 1º grau e aos exames supletivos de

educação geral, realizados pelo Centro de Estudos Supletivos de Curitiba, por uma equipe, e sob a

supervisão, do Departamento de Ensino Supletivo/SEED. Mais tarde, esse Centro passou a ser um

Núcleo Avançado de Estudos Supletivos – NAES Dr. Mário Faraco, a partir da Resolução 2088/87

– SEED.

Em 26/05/95, através da Resolução 2104/95, foi autorizada a realização de avaliação do

rendimento escolar dos alunos do curso supletivo de 1º grau – função suplência de educação geral

durante o processo de ensino aprendizagem, transformando, assim, a estrutura e seu funcionamento

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ao ofertar estudos com avaliação no processo ensino e aprendizagem.

Esta modalidade de funcionamento assim perdurou por 14 anos. A experiência pedagógica

bem sucedida culminou com a transformação do NAES Dr. Mario Faraco em Centro de Estudos

Supletivos de 1º e 2º graus, o que possibilitou autonomia no atendimento aos alunos com cursos e

exames supletivos de 1º e 2º graus - função suplência educação geral e função suplência

profissionalizante.

Com o advento da nova lei de diretrizes e bases da educação nacional – LDB 9394/96 o CES

passou a chamar-se Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos – CEEBJA Dr. Mario

Faraco – Ensino Fundamental e Médio, que, atualmente, atende a oito unidades prisionais,

incluindo Curitiba e região metropolitana.

A construção de diversas penitenciárias nos municípios do interior do estado exigiu a

ampliação deste processo também para outras regiões, criando-se um parecer para autorização do

CEEBJAS, com infra-estrutura de escola, dentro das prisões do Estado do Paraná, pelo Conselho

Estadual de Educação (CEE) e Resolução Secretarial de Autorização e Funcionamento.

Sendo assim, atualmente, conta-se com oito CEEBJAS (com uma estrutura técnico-

administrativa completa) e duas APEDs (Ações Pedagógicas Descentralizadas), que são estruturas

vinculadas a outros CEEBJAS dos municípios e que funcionam, nas unidades penais, apenas com

professores e uma coordenação pedagógica, como se pode ver a seguir:

CEEBJA Dr. Mário Faraco - Instituições penais de Curitiba e Região Metropolitana:

- Penitenciária Estadual de Piraquara PEP

- Prisão Provisória de Curitiba PPC

- Colônia Penal Agrícola do Paraná CPA

- Penitenciária Feminina do Paraná PFP

- Penitenciária Central do Estado PCE

- Complexo Médico Penal CMP

- Centro de Regime semi-aberto feminino de Curitiba CRAF

- Centro de Detenção e Ressocialização CDR

- Casa de Custódia de Curitiba CCC

CEEBJA Dr. Manoel Machado - Instituições penais de Londrina

- Centro de Detenção e Ressocialização de Londrina CDR-L

- Penitenciária Estadual de Londrina PEL

CEEBJA Nova Visão Instituições penais de Guarapuava:

- Penitenciária Industrial de Guarapuava PIG

- Centro de Regime Semi Aberto de Guarapuava CRAG

CEEBJA Prof. Tomires Moreira de Carvalho

- Penitenciária de Maringá PEM

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CEEBJA Profº Odair Pasqualini Instituições penais de Ponta Grossa

- Penitenciária Industrial de Ponta Grossa PEPG

- Centro de Regime Semi Aberto de Ponta Grossa CRAPG

CEEBJA Novos Horizontes

- Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão PEFB

CEEBJA Helena Kolody - Instituições penais de Foz do Iguaçu

- Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu I – PEF I

- Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu II PEF II

CEEBJA Wilson Antonio Neduziak Instituições penais de Cascavel

- Penitenciária Industrial de Cascavel PIC

- Penitenciária Estadual de Cascavel PEC

- Ação Pedagógica Descentralizada:

CEEBJA Profª Joaquina Mattos Branco Cantanduvas

- Penitenciária Federal de Catanduvas

CEEBJA de Umuarama Umuarama

- Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste PECO

As APEDs – Ações Pedagógicas Descentralizadas são autorizadas para funcionarem nas

dependências das prisões e vinculadas aos CEEBJAS externos, responsáveis pela coordenação geral

e itinerante, pela matrícula e pela expedição da documentação escolar.

A parceria estabelecida entre a SEJU e a SEED, renovada anualmente por meio da

Resolução Conjunta, acorda que cabe à SEED fornecer profissionais docentes e administrativos

para atuarem no sistema penal, responsabilizando-se pelo pagamento do salário básico dos mesmos

e cabe à SEJU fornecer as condições infra-estruturais (salas de aula, mobiliário e material escolar).

Portanto, é possível constatar que há uma preocupação, no Estado do Paraná, com alunos

privados de liberdade e com a criação de programas educacionais, dentro do sistema penitenciário,

voltados para Educação Básica de Jovens e Adultos, que visem alfabetizar, escolarizar e, sobretudo,

trabalhar para a construção da cidadania do apenado.

5.2 Organização do Trabalho Pedagógico

5.2.1 Caracterização do Curso

A Proposta Pedagógica da Educação de Jovens, Adultos e Idosos privados de liberdade do

CEEBJA -Nova Visão considera o educando um sujeito sócio-histórico-cultural com diferentes

experiências de vida, que se afastou da escola devido a fatores sociais, econômicos, políticos e/ou

culturais, muitas vezes com ingresso prematuro no mundo do trabalho, evasão ou repetência escolar.

Tal educando traz modelos internalizados durante suas vivências escolares ou por outras

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experiências de vida. Nesses modelos, predomina o de uma escola tradicional, onde o educador

exerce o papel de detentor do conhecimento e o educando de receptor desse conhecimento.

Busca-se, portanto, o rompimento desse modelo, propiciando ao educando, a autonomia

intelectual, ou seja, educandos ativos no processo educacional. É importante ressaltar que a

proposta da EJA no Paraná não contempla a cultura do aligeiramento da escolarização nem a

pedagogia da reprovação, mas sim a pedagogia da aprendizagem, com oferta de qualidade de

ensino.

Sendo assim, no CEEBJA Nova Visão, a organização da oferta indicada na proposta

pedagógico-curricular contempla o total da carga horária estabelecida na legislação vigente - 1200h

- (Deliberação n.º 06/05-CEE), nos níveis do Ensino Fundamental ase I e do Ensino Médio,

e 1600h - ( Deliberação nº 05/10-CEE), no nível do Ensino Fundamental Fase II contemplando

ações pedagógicas específicas à modalidade, que levem em consideração o perfil do educando,

assegurando-lhes oportunidades apropriadas, consideradas suas características, interesses, condições

de vida e de trabalho.

Os conteúdos curriculares da Educação Básica são desenvolvidos ao longo da carga horária

total estabelecida para cada disciplina, conforme a matriz curricular, com avaliação presencial ao

longo do processo ensino-aprendizagem, mediante ações didático-pedagógicas, organizadas de

forma coletiva e/ou individual.

A – Organização Coletiva

É programada pela escola e oferecida aos educandos por meio de um cronograma que

estipula o período, dias e horário das aulas, com previsão de início e término de cada disciplina,

oportunizando ao educando a integralização do currículo. A mediação pedagógica priorizará o

encaminhamento dos conteúdos de forma coletiva, na relação professor-educando e considerando os

saberes adquiridos na história de vida de cada educando.

A organização coletiva destina-se, preferencialmente, àqueles que têm possibilidades de

freqüentar com regularidade as aulas, a partir de um cronograma preestabelecido, considerando que:

organizar coletivamente a oferta da disciplina não significa adotar o mesmo encaminhamento

metodológico para todos os educandos. Subgrupos podem ser organizados e a atenção às

dificuldades de cada indivíduo deve ser prevista.

B – Organização Individual

A organização individual destina-se àqueles educandos trabalhadores que não tem

possibilidade de frequentar com regularidade as aulas, devido às condições de horários alternados

de trabalho e para aqueles que foram matriculados mediante classificação, aproveitamento de

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estudos ou que foram reclassificados ou desistentes quando não há, no momento em que sua

matrícula é reativada, turma organizada coletivamente para a sua inserção.

Será programada pela escola e oferecida aos educandos por meio de um cronograma que

estipula os dias e horários das aulas, contemplando o ritmo próprio do educando, nas suas condições

de vinculação à escolarização e nos saberes já apropriados.

Organizar a oferta da disciplina individualmente, não significa a relação um professor para

um educando. Deve-se prever o trabalho em pequenos grupos, onde temáticas semelhantes podem

ser tratadas. A organização individual tem como princípio respeitar o ritmo do educando, o tempo

que cada um tem disponível para freqüentar a escola e o tempo de aprendizagem de cada um.

Na organização individual, deve-se cuidar para não incorrer em um processo de

aligeiramento para a certificação, não condizente com os pressupostos das Diretrizes Curriculares

de EJA como também das Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação Básica.

É preciso que a equipe pedagógica esteja atenta à dinâmica da organização individual no

sentido de possibilitar e assegurar espaços de reflexão crítica e construção de saberes, além de

investir em metodologias mais dinâmicas para evitar o desestímulo e validar cada presença do

educando.

Ambas, organizações previstas na proposta pedagógico-curricular da EJA permitem aos

educandos percorrerem trajetórias de aprendizagens não padronizadas, respeitando o ritmo de cada

um no processo de apropriação dos saberes, além de organizar o tempo escolar a partir do tempo

disponível do educando-trabalhador, tanto ao que se refere à organização diária das aulas, quanto no

total de dias previstos na semana, conforme o cronograma proposto pelo estabelecimento de ensino.

5.2.2 Freqüência

Nesta escola a freqüência é acompanhada e registrada obedecendo normas e instrução

específicas da modalidade da EJA, na organização coletiva a escola deve estabelecer um

cronograma, constando a data de início e término da oferta de 100% (cem por cento) da carga

horária total de cada disciplina, com dias e horários determinados para freqüência dos educandos na

escola, na turma em que estiver matriculado, sendo obrigatória, ao educando, a freqüência mínima

de 75% (setenta e cinco por cento) do total da carga horária de cada disciplina.

Nessa organização, o controle de freqüência do educando, é feito no livro de registro de

classe, onde o professor deve registrar, para cada hora-aula, a presença ou a falta do educando.

As faltas do educando matriculado no coletivo não poderão ser repostas na organização

individual.

Considerando que a organização individual possui um cronograma em que o educador de

cada disciplina estará disponível para receber os educandos que não podem freqüentar as aulas em

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dias e horários determinados, devido às condições de horários alternados de trabalho, é obrigatório,

ao educando, cumprir 100% (cem por cento) do total da carga horária de todas as disciplinas, em

sala de aula.

Aos educandos que passaram por processos de classificação ou reclassificação e foram

matriculados ou remanejados para a organização individual, é obrigatória a freqüência de 100%

(cem por cento), do total da carga horária restante da disciplina, em sala de aula.

Na organização individual, o controle de freqüência do educando é feito na ficha de registro

individual de avaliação, freqüência e conteúdo, onde o professor deve registrar a data e o número de

horas-aula em que o educando permaneceu em sala de aula, assim como os conteúdos trabalhados.

Na organização coletiva e individual, o educando matriculado na disciplina e que não

comparecer às aulas, por mais de 02 (dois) meses consecutivos, será considerado desistente e no seu

retorno, a escola deverá reativar sua matrícula, aproveitando a carga horária já frequentada e os

registros de notas já obtidos. É necessário portanto, que a escola, no decorrer da disciplina em curso

e sempre antes de completar o período de dois meses, insira no Sistema SEJA, informações

referentes à freqüência e/ou registros de nota do aluno.

O educando desistente na disciplina terá o prazo de 02 (dois) anos para reativar sua

matrícula, contados a partir da data de matrícula inicial na disciplina, aproveitando a carga horária

já freqüentada anteriormente com seus registros de notas já obtidos. Caso o aluno retorne após o

período de dois anos, a escola deverá efetuar a rematrícula na disciplina, sem o aproveitamento da

carga horária cursada e dos registros de nota obtidos anteriormente.

5.2.3 Oferta das Disciplinas

Tendo em vista que as Diretrizes Curriculares Estaduais da EJA e a Proposta Pedagógica,

que nela se fundamentam, têm como foco central o perfil do educando, a organização da escola

deve tomar como princípio central de suas ações, tal consideração.

Para elaborar horários e cronogramas, planejamos aulas, propomos metodologias adequadas

a grupos e educandos distintos é preciso conhecer quem são esses sujeitos, de onde eles vem, qual

sua relação cultural historicamente construída, destacamos a condição de que são educandos

privados de liberdade, e se conseguem cursar mais de uma disciplina simultaneamente,

considerando que cada disciplina ofertada na organização coletiva poderá ter distintos educandos

matriculados.

O que difere de escola para escola é o cronograma de oferta das aulas, que deverá ser

organizado pela equipe pedagógica do estabelecimento de ensino, considerando os itens abaixo:

- a oferta de 100% da carga horária de cada área do conhecimento no Ensino Fundamental – Fase I;

- a oferta de 100% da carga horária de cada disciplina do Ensino Fundamental – Fase II e Médio,

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prevista na matriz curricular, nas organizações individual e coletiva, preferencialmente no mesmo

ano letivo;

- a oferta de todas as disciplinas do Ensino Fundamental – Fase II e Médio, nas organizações

coletiva e individual, no mesmo turno, priorizando a oferta na organização coletiva;

- o número de salas de aula disponíveis;

- a oferta diária de 4 (quatro) horas-aula de 50 minutos, de segunda a sexta-feira, totalizando 20

horas-aula semanal, por turno;

- a demanda discente a ser atendida;

- na distribuição das disciplinas, possibilitar ao educando, cursar o máximo de carga horária

semanal, seja em 4 ou menos disciplinas;

Também deverá ser prevista no cronograma, a organização da hora-atividade, que deve ser

realizada no mesmo turno, conforme a Instrução n.º 02/2004 – SUED e Resolução de distribuição

de aulas

5.2.4 Material de Apoio Pedagógico

Os materiais didáticos indicados pelo Departamento de Educação e Trabalho/Coordenação

de Educação de Jovens e Adultos, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, são adotados nos

estabelecimentos de ensino, como material de apoio.

Além desse material, os docentes, na sua prática pedagógica, devem utilizar outros recursos

didáticos, coleção Cadernos da EJA, Livro Didático Público, Livros do PNLD, material produzido

pelo próprio educador e outros.

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6. FUNDAMENTAÇÃO

Quando pretendemos tratar algum tema de maneira filosófica, torna-se necessário investigar,

analisar de forma crítica o tema. Buscar também, um conhecimento desse tema em sua origem, em

seus fundamentos, em seus princípios. Enquanto ―projeto‖ no sentido próprio da palavra, algo a ser

realizado, efetivado, e para isso faz-se necessário o diálogo entre atores envolvidos.

Enquanto ―político‖ algo que se deseja ou desejado em benefício de um grupo maior.

Enquanto ―pedagógico‖ o ato a ação de ensinar. Então, ao se pretender beneficiar um grupo maior,

com o ato ou ação de ensinar é preciso diálogo entre os envolvidos neste processo, a fim de

encontrar meios de melhor efetivação para esta ação.

Mas a filosofia que se pretende nesta observação levantaria outras questões para a realização

deste documento o que entendemos por educação? Como compreendemos o ato de ensinar? Para

que ensinar? Quem são estes educandos? Qual o objetivo desta escola? A resposta destes e outros

questionamentos identificam e norteiam os princípios desta escola. É importante lembrar, que a

concepção de acordo com a instrução do projeto político pedagógico traz a expressão dos princípios

que fundamentam e organizam toda a prática pedagógica, através das quais são subsidiadas as

decisões, a condução das ações que serão desenvolvidos na escola e os impactos destes sobre o

processo de ensino-aprendizagem, bem como a análise de seus resultados.

É a expressão da autonomia da escola e da identidade da instituição de ensino que se

constitui nos fundamentos legais, conceituais, filosóficos, ideológicos, metodológicos e

operacionais das práticas pedagógicas.

Portanto, nossa escola entende que os princípios que fundamentam a concepção de

educação, de homem, de sociedade, de ensino-aprendizagem, devem necessariamente constar no

nosso projeto. E destacar, que este trabalho, é fruto de um movimento dialético ou dialógico pelos

profissionais da educação e da comunidade escolar. Segundo Edgar Morin:

―A educação deve contribuir para a auto-formação da pessoa (ensinar a

assumir a condição humana, ensinar a viver) ensinar como se tornar cidadão,

definido, em uma democracia, por sua solidariedade e responsabilidade em

relação a sua pátria. O que supõe nele o enraizamento de sua identidade

nacional.‖

A década de 90 no Brasil é marcada por grandes reformas de políticas públicas, destacamos

aqui, em especial, as educacionais, que em sua estrutura de poder, o Estado apresenta-se como

principal mediador deste processo.

Considerada de grande impacto para a educação, uma dessas reformulações foi a criação da

Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB que traz importantes contribuições

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na organização escolar como: estratégias de autonomia, flexibilidade para planejar e de ação

educacional, entre outras.

A Constituição Federal de 1988, em seu capítulo dedicado a educação, estabelece como um

dos princípios orientadores a gestão democrática dos sistemas de ensino público e a igualdade de

condições de acesso à escola e garantia de padrão de qualidade. A Lei de Diretrizes e Bases da

Educação regulamenta a gestão democrática da escola, estabelecendo orientações para a

organização do espaço físico, o trabalho pedagógico e a participação do coletivo da escola para

integração dela com a comunidade.

A Lei de Diretrizes e Bases procura dar respostas desafiadoras às questões apresentadas

pelas Instituições de Ensino quanto ao seu papel e sua função enquanto espaço de produção do

saber. O próprio exercício da cidadania é uma condição construída historicamente, ser cidadão é

participar de uma sociedade, tendo o direito à ter direitos, bem como construir novos direitos,

revendo os já existentes. É também possibilitar aos educandos a consciência de seus direitos e

deveres, o direito de apropriar-se do saber elaborado, e um ensino de qualidade.

Ainda que nossos educandos sejam, jovens, adultos e idosos privados de liberdade vale

lembrar que, a Lei de Execução Penal 7.210/84, considerada uma das mais modernas do mundo,

disciplina a execução da pena da prisão, e diz que o recluso, tanto aquele que ainda está

respondendo ao processo, quanto o que já foi condenado, continua tendo os direitos que não foram

retirados pela pena ou pela lei. Isto denota que o preso perde a liberdade, porém possui direito, a um

tratamento digno.

Neste contexto, a necessidade exige um plano político pedagógico para educandos jovens,

adultos e idosos privados de liberdade que leve em consideração as peculiaridades, as reais

circunstâncias e realidades do sistema prisional.

A escola busca, com a presente proposta caracterizar no processo de formação e informação

dos educandos, envolver a discussão, a reflexão e a construção de saberes, capazes de transformar

―suas realidades pela apropriação direta, consciente e ativa de sua cidadania.‖ Temos consciência da

responsabilidade de que a escola deve assumir o papel importante e significativo na formação destes

educandos, pois deve ela propiciar espaço de convivência onde se respeitam diferenças e

possibilitem ações coletivas, com objetivos humanos e sociais. Segundo SAVIANI (1992):

a escola é uma instituição social, onde se aprende e ensina o saber, não sendo

suficiente que o educando aprenda qualquer conhecimento, mas o qual, ao ser

aprendido seja possível sua articulação com outros conhecimentos, estimulando

assim o desenvolvimento de sua inteligência e o entendimento de sua realidade.

Uma proposta onde o foco das atenções da ação educativa, está na preparação do cidadão, e

em sua transformação para a vida em sociedade, e assim concebemos a educação nesta Instituição,

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abrindo possibilidades, criando condições para que todos os educandos desenvolvam suas

capacidades, apropriando-se dos conhecimentos necessários para construírem instrumentos de

compreensão da realidade e de participação nas relações sociais, políticas e culturais, condições

fundamentais de reintegração social, bem como o real exercício da sua cidadania.

Para isso, e em referência a explanação dos integrantes da escola através de seus relatos de

experiência, que passa pelo diagnóstico e revisão de prática pedagógica, assumimos um currículo

democrático visando a humanização, que organiza o conhecimento fundamentado nas DCEs em

formato disciplinar, no qual se constituem as suas especificidades, mas que dialogam com as

diferentes áreas do conhecimento.

Preconizado por FREIRE esta escola tem procurado a idéia do diálogo entre o educador e

educando, a qual consiste na integração dos indivíduos de forma coerente e harmoniosa, onde

ambos aprendem juntos em uma relação dinâmica, a nossa organização de trabalho pedagógico

fundamenta-se no diálogo, na interação, portanto, Freire afirma que ―dialogar é criar espaços para que

cada um possa dizer a sua palavra...‖

Através do diálogo constante entre a teoria e a prática, educamos e buscamos possibilitar

uma melhor compreensão, sobre um determinado problema, pois acreditamos, assim, promover

uma ação efetiva no sentido de transformação.

Há que se considerar, que no currículo a seleção e organização dos conhecimentos, as

relações propostas entre eles na estrutura curricular, trazem como conseqüências o modo como as

pessoas poderão compreender o mundo e atuar nele. Portanto a presente proposta não se demonstra

neutra, sendo feito a opção, pela seleção dos conteúdos de cada disciplina, da escolha de

metodologias, recursos, isso já demonstra intencionalidade a respeito da sociedade que se espera. É

importante destacar, mais uma vez a opção pela organização disciplinar do currículo tomando-o na

perspectiva interdisciplinar. A interdisciplinaridade se fundamenta no conceito de totalidade

apresentado nas DCE da Educação Básica:

Deste modo, explicita-se que as disciplinas escolares não são herméticas,fechadas

em si, mas, a partir de suas especialidades, chamam umas às outras e, em conjunto

ampliam a abordagem dos conteúdos de modo que se busque, cada vez mais,a

totalidade, numa prática pedagógica que leve em conta as dimensões científica,

filosófica e artística (2008).

Para Vygotsky um ensino de qualidade é aquele que antecede ao desenvolvimento e

procedimentos convencionais que acontece na escola: exposição, assistência, distribuições de pistas

e orientações são aspectos considerados para efetivação desse ensino. A intervenção pedagógica

deve partir da realidade vivencial dos educandos, onde se inserem: experiência de vida e de

trabalho, não se desconsidera o que o educando pensa e a sua visão de mundo, porém destaca-se

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que o conhecimento empírico e espontâneo deve ser o ponto de partida para o trabalho pedagógico.

É de responsabilidade da escola não permitir que o aluno permaneça no mesmo nível de quando

iniciou o processo de aprendizagem, pois sua prática social precisa ser compreendida e reelaborada

pela via do conhecimento do real.

É necessário para assegurar que houve realmente, essa passagem do nível inicial que o

educador defina ações pedagógicas consistentes, mediando, enquanto detentor dos fundamentos do

conhecimento científico, desenvolvendo procedimentos adequados para viabilizar a apropriação

desse conhecimento pelos educandos. Com esta concepção o educador torna-se criador de situações

experimentais possibilitando seus educandos também a inventar, criar e conseqüentemente produzir

conhecimento.

Portanto, há necessidade de discutir sobre a formação inicial da grande maioria dos

profissionais da educação a qual teve como base a racionalidade técnica, isto é, o professor

simplesmente repassando conteúdos, solucionando problemas através de teorias não relacionando o

conteúdo com a prática. Porém, para atender às necessidades atuais os profissionais farão uso da

racionalidade prática e da reflexão ampliando as possibilidades para construção do conhecimento,

relacionando teoria e prática, não aplicando apenas teorias, e sim formas de ação.

Assim, devemos pensar o processo de formação dos educadores afim de que possa suprir

necessidades já colocadas. Pois esta, somado às experiências de vida, inserida à formação inicial

supõe possibilitar ao indivíduo, além do desenvolvimento profissional, desenvolvê-lo como pessoa

e como cidadão, formando a totalidade do homem.

Neste contexto incorpora-se ainda todo o currículo do curso, conteúdos, objetivos,

metodologias, a fim de atingir a integral ação formativa, buscando um profissional de qualidade

como também um cidadão, um indivíduo capaz de participar ativamente da vida coletiva e do

mundo do trabalho.

Dessa forma, destacamos a formação inicial, como principal caminho para aquisição de

suporte teórico no processo de desenvolvimento: no campo profissional e pessoal do educador.

Porém temos consciência que este caminho é longo e contínuo, pois o ser humano não está pronto e

acabado, mas em constante mudanças que leva ao aperfeiçoamento.

A formação contínua é um recurso necessário, ao homem, para que possa estar em constante

aperfeiçoamento, para responder às necessidades postas pela sociedade na qual atua. O educador

desempenha função de grande importância na construção do saber, pois na interação professor-

aluno, busca-se contribuir na formação do cidadão consciente, crítico, responsável e participativo.

Sendo assim o educador deve estar em aperfeiçoamento constante pessoal e profissional, para que

no desenvolver sua prática pedagógica, responda as reais necessidades de seus educandos.

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6.1 A escola e as funções sociais da Educação de Jovens e Adultos:

Conforme Batistão,

―o fenômeno que possibilita a socialização do conhecimento historicamente

acumulado é denominado Educação‖.

Desta forma, é preciso compreender a educação para jovens e adultos como um conjunto de

processos, onde as pessoas podem além de socializar os conhecimentos já adquiridos, desenvolver

as suas capacidades, enriquecer seus conhecimentos, melhorar suas competências técnicas ou

profissionais ou as reorientar para atender suas necessidades ou as necessidades de toda uma

sociedade.

Bem como, a pesquisadora acima citada, (p. 53), explicita que ―pode-se considerar que a

principal atividade da escola é o uso de instrumentos de acesso ao saber sistematizado que foi

produzido historicamente.‖ Ainda segundo Saviani:

o trabalho educativo constitui no ato de produzir, direta e intencionalmente, em

cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente

pelo conjunto dos homens.

Desta maneira a realização do trabalho educativo deve ser comprometido com a formação

do ser humano, exigindo da escola uma posição frente à desigualdade estrutural da sociedade, com

o compromisso de propor ações pedagógicas que venham a superar o processo de exclusão dentro

das instituições escolares.

Conforme as Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação de Jovens e Adultos:

a escola tem importante papel no processo de socialização do conhecimento,

processo este que deve ser desenvolvido em conjunto por educandos e educadores

em suas tentativas de responder aos desafios de sua realidade e de lutar por uma

sociedade igualitária.

Nesta perspectiva, a escola precisa considerar o aluno como sujeito que produz saberes e

conhecimentos, bem como redimensionar a proposta curricular e ressignificar o papel social que

esta desempenha como um lugar de troca e construção, integrando o aluno com os demais gestores

da escola e com o seu meio social.

Os jovens, adultos e idosos, que vêm de diferentes gerações, que nunca tiveram acesso à

escolarização ou foram excluídos dela, padecem da necessidade de uma escola que garanta a eles as

condições de acesso, a permanência e ao aprendizado com qualidade.

Esses sujeitos são geralmente tratados como mais um na sala de aula, porém cada um tem

sua identidade que deve ser considerada pelo educador, habitualmente são vistos como repetentes,

evadidos, defasados, problemáticos. Assim a escola precisa ter uma visão ampla, garantindo os seus

direitos da Constituição Federal de 1988, onde garante a educação como direito de todos,

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proporcionando ao educando a inserção social, formando cidadãos qualificados, com

conhecimentos que são decorrentes da formação escolar permitindo realizar a sua função social de

ensinar.

Aos alunos da Educação de Jovens e Adultos a escolarização passa a ser uma possibilidade

de mudanças sociais, econômicas, financeiras; mudanças de vida, pois a escola não é mais somente

um local para aquisição de conhecimentos, mas também uma busca de melhores empregos, de

melhor condição de vida, aumentando sua auto-estima, participando da sociedade efetivamente,

sentindo mais valorizado por seu grau de escolaridade, de conhecimento científico e cultural, de

valores éticos, morais e sociais, exercendo a sua cidadania.

Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais para Educação de Jovens e Adultos:

a EJA, enquanto modalidade educacional que atende a educandos-trabalhadores,

tem como finalidades e objetivos o compromisso com a formação humana e com o

acesso à cultura geral, de modo que os educandos aprimorem sua consciência

crítica, e adotem atitudes éticas e compromisso político, para o desenvolvimento da

sua autonomia intelectual.

(...) O papel fundamental da construção curricular para a formação dos educandos

desta modalidade de ensino é fornecer subsídios para que se afirmem como sujeitos

ativos, críticos, criativos e democráticos.

Conforme Kuenzer:

Tendo em vista esta função, a educação deve voltar-se a uma formação na qual os

educandos possam: aprender permanentemente; refletir de modo crítico; agir com

responsabilidade individual e coletiva; participar do trabalho e da vida coletiva;

comportar-se de forma solidária; acompanhar a dinamicidade das mudanças

sociais; enfrentar problemas novos construindo soluções originais com agilidade e

rapidez, a partir do uso metodologicamente adequado de conhecimentos

científicos, tecnológicos e sócio-históricos.

Sendo assim, a Educação de Jovens e Adultos volta-se às perspectivas que são almejadas

pelos educandos desta modalidade de ensino, colaborando para que eles ampliem seus

conhecimentos de forma crítica, compreendam as dicotomias e complexidades do mundo do

trabalho contemporâneo e do contexto global.

Ainda a Lei 9394/96, em seu artigo 1º, diz que:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar,

na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos

movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações

culturais. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática

social.

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O educando, a partir dos conhecimentos adquiridos, passa a ter uma outra visão de mundo,

afirmando-se como parte desta sociedade e como sujeito neste processo, indo além do ambiente

escolar, permitindo que esses conhecimentos internalizados façam a diferença em sua construção

social, no trabalho e no exercício da cidadania.

Segundo Ruaro:

... as Diretrizes Curriculares Nacionais designam para essa modalidade a finalidade

de desempenhar três funções no que se refere ao processo de direito à educação e

inclusão social: função reparadora, função equalizadora e função qualificadora.

Em um estudo um pouco mais aprofundado, verificou-se que a função reparadora refere-se à

seguridade de acesso e permanência destes sujeitos, em locais que lhes proporcione educação de

qualidade, em reais condições de aprendizagem, conforme sua condição humana e condição

cognitiva; a função equalizadora diz respeito à igualdade de oportunidades e a função qualificadora

que pretende garantir a formação integral para atuação do sujeito em situações formais e não

formais.

Ao longo dos anos houve uma grande injustiça com os sujeitos que fazem parte deste

processo, sendo excluído de seus direitos, principalmente o da escolarização, então a escola tem a

grande função de reparar os danos causados por essa exclusão que deixou marcas em suas vidas.

Estes mesmos sujeitos não são iguais, possuem suas características próprias; possuem tempo de

compreensão diferenciado no processo de assimilação exigindo assim que a escola seja equitativa,

oferecendo estratégias diferenciadas de aprendizagem, com métodos e recursos apropriados a estes

cidadãos. Só assim irá fornecer-lhes uma educação com qualidade, criando situações para favorecer

a aprendizagem.

Pensando na EJA dentro das Unidades Penais, possui além das três funções, também se tem

que considerar a função de ressocialização. Pois, segundo Leineker e Vargas:

... a função social que o sistema carcerário deveria fornecer aos detentos é a

ressocialização. Assim, a educação exerce uma função determinante, assume um

papel de destaque, modificando a visão de mundo do aluno privado de liberdade.

A ressocialização constitui-se como um processo comum a todos os sujeitos diante de

diferentes momentos de sua vida, como por ocasião da mudança de estado civil, mudança da

condição social, mudança de endereço, mudança escolar, ingresso no mercado de trabalho ou

desemprego, ou seja em qualquer momento da vida, situação vivenciada e em qualquer meio social

que o sujeito seja inserido. Tendo em vista o que está pressuposto pela privação da liberdade como

pena imposta aos que transgridem determinados padrões sociais, a ressocialização pode ser bem

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sucedida, caso o sujeito se reoriente para a ordem social, ou mal sucedida, caso o sujeito reitere sua

recusa em submeter-se aos códigos sociais, reincidindo na infração.

Considerando o segundo ponto, que envolve os sujeitos submetidos à pena privativa de

liberdade exige uma efetiva ―reconstrução do ser‖. Assim, todo o sistema contribui para os

propósitos dessa ―reconstrução‖ dos sujeitos envolvidos. Conforme Silva (2007, p. 90), ―o termo

reeducar é inadequado, se concebermos a educação como processo permanente na vida das pessoas,

com uma dimensão indispensável e contínua. Ainda segundo o mesmo autor, (p. 91), ―a noção de

reeducação se justifica mediante os propósitos de fazer com que os presos esqueçam a formação

delinquente e construam uma educação fundamentada em valores consolidados pela maioria social‖

Visto desta maneira a EJA precisa ter profissionais comprometidos com o ensinar, orientar,

com o verdadeiro ser educador e estar realmente preocupado em despertar o educando para uma

consciência crítica, ajudá-lo a adquirir conhecimentos científicos e culturais, entender os valores

éticos, morais e sociais e motivar para que este educando permaneça na escola e perceba que a sua

trajetória escolar irá colaborar para a sua transformação de vida, sua transformação social e que ele

possa sentir-se parte do meio em que vive, praticando o exercício da cidadania. Segundo Cabral:

... a educação para a cidadania constitui um conjunto complexo que abraça, ao

mesmo tempo, a adesão a valores, a aquisição de conhecimentos e a aprendizagem

de práticas na vida pública. Não pode, pois, ser considerada como neutra do ponto

de vista ideológico.

Assim praticar o exercício da cidadania é se perceber fazendo parte de um meio social e que

todas as atitudes, escolhas e posturas tomadas em sua vivência poderão afetar não apenas a si

mesmo, mas também, a sua comunidade, o seu meio local e também global.

Paulo Freire diz, a respeito da educação de jovens e adultos, que ―esse é um trabalho

realizado com gente miúda, jovem ou adulta, mas gente em permanente processo de busca.‖

6.2 As contribuições da educação para o processo de ressocialização dos sujeitos

privados de liberdade.

Conforme Rodrigues:

Viver em sociedade sempre foi um ponto fundamental para qualquer cidadão.

Sociedade é uma palavra que tem uma sinonímia muito rica e com variedades

importantes. Como a maioria das palavras deriva do latim societate e vem conjugar

um agrupamento de seres que vivem em estado gregário, como também um rol de

pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço, seguindo normas comuns,

e que são unidas pelo sentimento de consciência do grupo e corpo social. Pode

formar um grupo de indivíduos que vivem por vontade própria sob normas

comuns, comunidade, em cujo meio humano o indivíduo se encontra integrado e

relacionando-se entre pessoas, vida em grupo, participação, convivência,

comunicação. Não fica por aí, formam conjuntos de indivíduos que mantêm

relações sociais e mundanas, grupo de pessoas que se submetem a um regulamento

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a fim de exercer uma atividade comum ou defender interesses comuns; agremiação,

centro, grêmio, associação que podem ser companhia de pessoas que se agrupam

em instituições ou ordens religiosas; companhia, parceria, associação.

Como já foi explicitado sobre a ressocialização, Jesus ( ), também expõe que:

A ressocialização tem como objetivo a humanização da passagem do detento na

instituição carcerária, implicando sua essência teórica, numa orientação humanista

passando a focalizar a pessoa que delinqüiu como centro da reflexão cientifica. A

pena de prisão determina nova finalidade, com um modelo que aponta que não

basta castigar o individuo, mas orientá-lo dentro da prisão para que ele possa ser

reintegrado à sociedade de maneira efetiva, evitando com isso a reincidência.

Assim, para atingir a ressocialização dos apenados, faz-se necessário ofertar a eles

momentos para a sua instrução escolar ou continuidade da escolarização, contribuindo para que

eles aprimorem o seu comportamento interior, possibilitando a reciclagem e a reinstrução do preso

neste processo de ressocialização e acreditar que entre eles existem pessoas com potencialidades.

Nesse processo, está compreendida a função da educação formal a que os presos têm

acesso. Essa educação, concebida como direito, atua estrategicamente na direção da pretensa

reestruturação do sujeito para o convívio social, servindo ainda como elemento fundamental para a

reinserção social do apenado e seu ingresso no mercado de trabalho. Conforme Silva ( ) :

... o detento ocupando a mente implica muitas vezes a arte de pensar, buscando em

si a capacidade de transformar as coisas com entusiasmo excluindo a idéia de que a

prisão é o campo de concentração de pessoas inúteis e pobres, delineando um

instrumento humanizador e recuperador de homens para inserção social.

Para a Penitenciária Industrial de Guarapuava – PIG e Centro de Regime Semi-Aberto de

Guarapuava – CRAG, a recuperação dos internos é extremamente importante, resgatando valores,

princípios e oportunidades para aqueles que passaram por um processo de exclusão ou para aqueles

que escolheram uma trajetória de vida fora dos padrões da sociedade, transgredindo regras legais no

ambiente social.

Assim, para minimizar os efeitos do cárcere, o retorno à sociedade e a inserção no mercado

de trabalho é primordial que sejam desenvolvidas nesses sujeitos potencialidades humanas, com

uma atitude gerencial postulada pela melhoria contínua dentro da penitenciária, de revalorização do

homem em todas as áreas , conseguindo o comprometimento de todos pela base da confiança,

obtida pela transparência e honestidade de ações e crescimento da reinserção destes indivíduos na

esfera social produtiva, sendo este um modo destes sujeitos terem uma nova chance na sociedade,

criando forças para enfrentar desafios e subsídios para redirecioná-los a uma nova trajetória de

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vida. Oliveira ( ) considera que:

O tema ―educação de pessoas jovens e adultas‖ não nos remete apenas a uma

questão de especificidade etária, mas, primordialmente, a uma questão de

especificidade cultural. Isto é, apesar do corte por idade (jovens e adultos são,

basicamente, ―não crianças‖), esse território da educação não diz respeito a

reflexões e ações educativas dirigidas a qualquer jovem ou adulto, mas delimita um

determinado grupo de pessoas relativamente homogêneo no interior da diversidade

de grupos culturais da sociedade contemporânea.

Quando a pesquisadora cita acima ―uma questão de especificidade cultural‖ remete-nos ao

problema que se encontram muitos jovens, adultos e idosos, com suas histórias de vida parecidas,

dentro das diversidades de grupos e que sofreram com uma sociedade excludente. São aqueles que

não tiveram oportunidades para seguir a escolaridade regular, em sua faixa etária apropriada ou lhes

foi tirado essa oportunidade devido às intempéries que a vida lhes impôs.

Por outro lado o processo de educação não ocorre somente no ambiente escolar. Segundo

Oliveira ( ):

Talvez a escola seja protótipo da instituição social que, no âmbito da sociedade

letrada, ensina o homem a transcender seu contexto e a transitar pelas dimensões

do espaço, do tempo e das operações com o próprio conhecimento.

Contudo é na escola que se tem acesso ao saber científico, é onde as informações adquiridas

em suas experiências de vida vão se transformar em saberes, acontecendo realmente o

conhecimento. Mesmo hoje, com as tecnologias diversas, é muito fácil conseguir infinidades de

informações, mas cabe à escola lapidar essas informações, desenvolvendo um processo de

criticidade no educando, colaborando assim para evitar a opressão, o comodismo, a passividade

diante das situações.

Diante deste, conforme Ruaro ( ):

... a ação pedagógica, no espaço escolar, não pode ser improvisada e alienada das

necessidades educacionais dos sujeitos envolvidos nesse processo. Há que se

desenvolver atitude de pesquisa e ética a fim de rejeitar toda e qualquer

possibilidade de opressão e marginalização decorrente da negligência de alguns

profissionais em relação à organizar estratégias de ensino capazes de mobilizar a

busca consciente pelo conhecimento.

Assim, neste processo de ensino e aprendizagem há a necessidade de um engajamento de

todos: alunos, professores e todos os gestores da educação. Não se pode cobrar somente dos

professores, referente à sua técnica metodológica, instrumentos pedagógicos e instrumentos

avaliativos usados, nem se pode camuflar os resultados que não são, muitas vezes, satisfatórios ou

mesmo usar de subterfúgios, elencando causas para o não aprendizado dos sujeitos envolvidos neste

processo.

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Então quando há uma ação pedagógica adequada e uma ação coletiva entre os alunos e

gestores para atingir os objetivos propostos, a escola consegue ter êxito em sua propostas, pois

possui ferramentas para que o aluno, e principalmente da Educação de Jovens e Adultos, mude suas

ações e atitudes, buscando uma transformação social e torne-se mais atuante, praticando o exercício

da cidadania.

Segundo Faria e Santos ( ):

É importante salientar que muitos jovens e adultos percebem a escola como uma

oportunidade de ampliar suas possibilidades de inserção no mundo do trabalho e de

melhoria das condições de emprego, salário e consumo. Para muitos, a entrada no

mercado de trabalho garante a oportunidade de acesso a determinados bens de

consumo e a própria permanência ou prosseguimento da educação escolar.

Desta forma o Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos – Nova Visão tem

uma parcela de melhoria continua em prol da reintegração dos reclusos à sociedade, sendo esta uma

das responsáveis pelo aperfeiçoamento do ser humano. A escola propicia um ambiente favorável no

sistema prisional restringindo assim, de certo modo o impacto social da falta de instrução para que

seja inserido no mercado de trabalho e principalmente que se torne um sujeito autônomo,

construindo uma nova trajetória de vida, que venha a ser agente transformador da sociedade, que

faça parte ativamente do seu meio e que exerça a sua cidadania, sendo esta fundamental para o

processo de ressocialização dos presos, oportunizando ao interno a chance de se recuperar e, dessa

maneira, ocasionando o não retorno ao crime, estimulados a uma vida de virtudes por meio das

atividades educacionais. Oliveira ( ) diz que:

Na relação entre cultura e pensamento, a escolaridade aparece como uma variável

fundamental na definição das diferenças culturais, isto é, independentemente do

tipo de interpretação oferecida pelos sujeitos pesquisadores, sujeitos mais

escolarizados tendem a ter um desempenho intelectual qualitativamente diferente

daquele de sujeitos pouco escolarizados.

A educação orienta a buscar meios para a transformação do ser humano, sendo este um de

seus papéis. É por ela que o educando almeja alçar novos ares, visar novos horizontes. É por meio

dela que se rompe com a barreira da ingenuidade, por ela se abre espaço para a criticidade e assim

percebe que ―mudar é difícil, mas é possível.‖ (FREIRE, 1996, p.79).

Assim têm-se observado que à medida que a sociedade vai se desenvolvendo, surge a

necessidade da escolarização e assim a educação tem assumido novos contornos em face das

mudanças ocorridas na sociedade. Entretanto, constata-se que a educação é a responsável pelo

crescimento social, pois o nível social dos sujeitos melhora, possibilitando que as pessoas tornem-se

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mais críticas e exigentes, melhorando também suas condições de vida.

Bem como, hoje as mudanças econômicas e o avanço tecnológico têm exigido das pessoas

mais conhecimentos e habilidades e cresce a necessidade da escolarização cada vez mais, fazendo

com que os jovens, adultos e idosos voltem aos bancos escolares.

As Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação de Jovens e Adultos expõe que:

A escola é um dos espaços (...) na educação de jovens e adultos, enquanto espaço

educativo tem um papel fundamental na socialização dos sujeitos, agregando

elementos e valores que os levem à emancipação e à afirmação de sua identidade

cultural.

Embora o educando da Educação de Jovens e Adultos seja marcado pela diversidade e pela

exclusão social, os alunos com privação de liberdade ainda têm que enfrentar mais este ponto,

deixando estes sujeitos ainda mais fragilizados e com maiores dificuldades de encontrarem trabalho

ao saírem da prisão, em serem aceitos pela sociedade, tornando assim, mais complexo o processo de

ressocialização. Assim o papel da escola torna-se crucial na vida desses indivíduos. É fundamental

que eles possam fazer a leitura da realidade, para transformá-la em atitudes concretas, promovendo

processos que possibilitem autonomia, competência, resultando na melhoria de vida, aspecto crucial

para a redução dos índices de criminalidade.

Analisando a Lei de Execuções Penais - 7210/84, verifica- se que esta prevê a recuperação

do encarcerado realizada por meio de atividades laborais e educacionais. Em seu artigo 41, assegura

os direitos aos apenados contribuindo para a sua ressocialização. Bem como a Constituição Federal

(1988) determina que o preso, sendo ele, retirado da sociedade, seja tratado com humanidade,

devendo ser respeitado sua integridade física e moral, respeitando tudo aquilo que prevê as leis

brasileiras.

Ainda no artigo 10, da Lei de Execuções Penais – 7210/84, diz que a assistência será:

material, a saúde, jurídica, educacional, social e religiosa. Assim também, esses direitos são

previstos na Resolução nº14 do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP)

de 11 de novembro de 1994, órgão vinculado ao Ministério da Justiça.

O artigo 83, da Lei de Execuções Penais - 7210/84, determina que o estabelecimento penal,

conforme sua natureza, deverá contar em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar

assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva.

Entretanto, no dia 24 de maio de 2010 foi introduzido neste artigo 83, o parágrafo 4º, por

meio da Lei nº 12.245/2010, publicada no dia 25 de maio de 2010, com a seguinte redação:

―Parágrafo 4º - Serão instaladas salas de aulas destinadas a cursos do ensino básico e

profissionalizante.‖

Conforme entrevista ao Observatório da Educação Elionaldo Fernanes Julião, o qual fez

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um estudo após uma dissertação de mestrado, pensando no papel da educação como programa de

reinserção social, diz que o papel da educação principal dentro das unidades penais é de inserir o

interno na sociedade. Que consiga compreender os conflitos, lidar com os conflitos, que consiga

agir com competências dentro desses conflitos.

Sendo assim a educação precisa ser vista como um direito e que através da educação o

aluno saiba lidar com questões na sociedade de forma geral, não apenas com o objetivo de ser

inserido em um mercado de trabalho. Tem a responsabilidade de ir além da escolarização e sim

formar indivíduos autônomos. Conforme Melo Neto apud Rodrigues :

A educação deverá ser superada como forma de intervenção na sociedade

despertando nos envolvidos a capacidade de interpretação critica do mundo o

tornando capaz de reivindicar e de se apoderar de métodos para exercer sua

cidadania, e que os conteúdos e as práticas dessas reivindicações e tornem-se

efetivos como direitos humanos. A luta para concretizar e vivenciar os direitos

humanos dentro das instituições de privação de liberdade vem sendo de forma que

os envolvidos na ação, promovam a cidadania conseguindo obter subsídios que

promovam a emancipação humana e conseqüentemente a volta bem sucedida à

sociedade.

Visto desta forma, o Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos – Nova

Visão, como instituição social, constitui-se em um importante espaço para a formação humana, que

promove a socialização, permite ao aluno fazer parte de um grupo.

O convívio no ambiente escolar, segundo Lisboa e Martins (2009, p. 151) é reconhecer

diferenças, é aprender a negociar, é enfrentar conflitos (...) a escola contribui no processo de

integração dos educandos na sociedade. Ainda os autores acima, afirmam que:

A escola deve ser discutida como um lugar em que os jovens e adultos esperam

realizar aprendizagens significativas, a partir de seu referencial de vida,

possibilitando a redefinição e a atribuição de outro significado aos seus processos

de socialização, procurando superar as condições de desigualdade, tendo o

conhecimento como elemento estratégico.

A escola precisa considerar a preparação para o retorno do interno ao convívio social como

um ponto de extrema importância, onde vai acontecer a reconstrução de vida pós-pena, adequando-

se aos olhares e às exigências da sociedade, que muitas vezes rotulam o sujeito de forma que o

egresso sente-se abandonado, novamente excluído, voltando a cometer delitos, voltando ao cárcere,

sem possibilidade de ser aceito e reinserido em seu meio. Julião diz que:

o interno terá um momento que ele terá que retornar à sociedade e não se está

valorizando a reinserção O social e sim a questão da punição e de proteger a

sociedade como um todo e não pensando no indivíduo, no sujeito como um

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cidadão.

Assim, a educação tem papel chave para a reinserção social, sobre tudo se pensarmos no

perfil dos apenados, o qual já foi exposto e capítulo anterior, que no ambiente de Sistema Prisional

seja possibilitado que os jovens, adultos e idosos tenham um horizonte de vida transformado.

A escola desempenha um grande papel social, de mediação entre o indivíduo e a sociedade,

quando se refere ao aluno preocupa-se com o aprendiz social, conforme Faria e Santos. Bem como,

as autoras (idem), explicitam que:

A análise do processo ensino-aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos

requer uma atenção a todas as suas dimensões, especialmente a social. Quando se

refere a conteúdos de aprendizagem, fala-se de produtos sociais e culturais.

Quando se refere aos educadores, fala-se de um agente social, um agente

institucional, isto é, de alguém que desempenha um papel social, um papel de

mediação entre o indivíduo e a sociedade. Quando se refere ao aluno, preocupa-se

com o aprendiz social.

Desta forma, é preciso compreender o papel também do (a) professor (a), da referida

escola, na ressocialização desses alunos, que são privados de liberdade, pois as atitudes que o

educador toma, dentro da sala de aula, influenciam os seus educandos, englobando desde

recomendações sobre a tomada de consciência de que eles têm uma cultura e uma curiosidade que

precedem o espaço escolar, à discussão sobre a mudança de curiosidade ingênua para uma

curiosidade epistemológica. Assim o educador deve incentivar o aluno pelo gosto pela pesquisa;

ensiná-lo a pensar de forma ampla e fazê-lo perceber que o futuro deve ser tratado com

responsabilidade e que as mudanças são possíveis; incutir a esperança, que faz parte do ser humano.

Rodrigues aponta que a prática educativa deve ser isenta de interesses lucrativos, de

injustiças, de discriminação social, racial ou gênero, sem mediocridade ou falsidades. Assim

também Paulo Freire diz que:

se a educação não pode tudo, alguma coisa de fundamental a educação pode. Tanto

as experiências informais, quanto as vivências escolares são importantes porque se

acredita na inclusão do ser humano onde há vida, supõe-se inacabamento do ser.

Nesta perspectiva, a escola também tem o papel de intervenção, pautada no respeito à

diversidade, ao meio histórico, social, cultural, econômico e geográfico do aluno, contribuindo para

que este adquira conhecimentos pautados na curiosidade, no bom senso, na generosidade, na

segurança, na competência, no comprometimento, com responsabilidade, as quais são condições

imprescindíveis e dignas para a inserção na sociedade e principalmente em um ambiente de

trabalho. Educar é formar o indivíduo para um todo, dando-lhes também condições de desenvolver

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compostura política e ética, conscientes de seus deveres e direitos e aptidão para exercê-los.

Então, como escola, é preciso acreditar no ser humano, nos alunos que estão privados de

sua liberdade, ainda que isso possa soar como utopia diante da visão excludente em que se situam

os educandos, que muitas vezes são vistos pela sociedade como problemas e não como sujeitos de

direitos e como seres humanos passíveis de mudanças. Acreditar neles faz com que ganhem

confiança em si mesmos, faz com que comecem a valorizar-se como homens, pessoas que fazem

parte de um grupo maior, não apenas de um pequeno grupo excluído, cria neles uma motivação para

buscar algo maior, para alçar grandes desafios e terem a dignidade de enfrentarem os preconceitos e

as discriminações de cabeça erguida, superando seus medos, seus anseios, suas condições de vida

que tinham antes de serem retirados do meio da sociedade.

6.3 Ações Escolares

O sistema estadual de educação prevê ações escolares e extra-escolares, normatizando-as

segundo instruções próprias, para que o educando se supere cultural e tecnicamente, de forma

sistemática. A ênfase do sistema pressupõe entre outras exigências, a planificação educacional, a

organização da escola articulada nos diferentes níveis de educação com o propósito de buscar a

garantia de qualidade na formação integral e intelectual dos educandos. Iniciando assim pela:

Gestão Escolar, Hora-Atividade, Inclusão, Programas Sócio educacionais, Cumprimento da

legislação vigente, Diversidade, As Tecnologias de Informação e Comunicação na Escola e

Avaliação.

6.3.1 Gestão Escolar

Hoje a escola deve e pode pensar de forma autônoma, crítica e criativa, voltada a

interpretação da realidade, agindo de forma transformadora. Isso só se concretiza, se a escola

propiciar um espaço de ações coletivas alicerçadas em práticas pedagógicas, com pressupostos

democraticamente definidos.

Nessa perspectiva, insere-se o compromisso da Gestão Escolar, em se tratando de gestão, é

oportuno refletir sobre a mudança de terminologia: de administração para gestão. Houve esta

mudança devido ao reconhecimento da importância e do envolvimento de todos os que trabalham

na escola. Sendo assim, há necessidade da expressão Gestão, devido ao real significado da

participação de todos nas ações e decisões escolares. Gestão, em nossa escola está associada ao

fortalecimento da ideia da democratização do processo pedagógico, portanto torna-se

imprescindível o reconhecimento de que cada um faz parte da organização como um todo, e que

interfere no processo de construção, consciente ou não desse fato.

Nesse contexto, destaca-se o papel do diretor da escola como agente integrador das ações

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desenvolvidas tanto pela equipe interna de trabalho, composta por, pedagogas, educadores e

educadoras, funcionárias, como também pela comunidade externa, que em nosso caso seriam: as

direções das duas unidades, os técnicos das duas unidades, os agentes das duas unidades e outros,

vislumbrando o cumprimento dos objetivos da instituição escolar.

Percebe-se nessa concepção de gestão, grandes passos que a categoria dos profissionais da

educação conquistou, o direito de construir seu próprio projeto político pedagógico, esse

movimento expressa a possibilidade da escola se organizar com autonomia, defendendo uma

concepção de educação para a formação humana.

6.3.2 Hora Atividade

De acordo com a resolução 5739/13-SEED, embasada no Decreto n.° 5.249, artigo 3.°, de

21/01/2002, e tendo em vista as disposições contidas nas Leis Complementares n.° 7, de

22/12/1976, e n.° 77, de 26/04/1996, na Lei n.° 9.394, de 20/12/1996, na Emenda Constitucional n.°

19, de 04/06/1998, na Lei n.° 13.807, de 30/09/2002, e nas Leis Complementares n.° 103, de

15/03/2004, n.° 108, de 18/05/2005, n.° 121, de 29/08/2007 e n.° 155, de 08/05/2013, documentos

que regulamentam a distribuição de aulas nos estabelecimentos de ensino na rede estadual de

educação básica e estabelece normas para a atribuição de hora-atividade, a hora-atividade é o tempo

reservado ao professor em exercício de docência, para estudos, avaliação e planejamento. A

organização da mesma nesta escola tem procurado favorecer o trabalho coletivo dos professores,

quanto à equipe pedagógica busca coordenar as atividades coletivas e acompanhar as atividades

individuais a serem desenvolvidas durante a hora-atividade.

Com este entendimento de que o trabalho docente deve ser repensado constantemente, no

sentido de atender às necessidades de aprendizagem dos educandos, expostas pelo processo de

ensino/aprendizagem /avaliação, há que se ter garantido, na hora-atividade o espaço para que os

educadores possam se reunir e discutir o próprio trabalho, problematizando-o, como forma de

aperfeiçoamento. A hora-atividade é o período reservado para a formação dos docentes, por meio da

realização de estudos, elaborando meios para melhoria da aprendizagem. Também, o trabalho

coletivo nessa escola é priorizado, nas demais reuniões pedagógicas, previamente planejadas, de

modo a possibilitar a construção de uma prática pedagógica que, envolvendo educadores, direção,

equipe pedagógica e agentes educacionais, aponte para uma mesma direção, ou seja, um ensino de

qualidade.

6.3.3 Inclusão

Como profissionais da educação, temos o compromisso de garantir que nossa escola ofereça

um espaço organizado, onde a cidadania possa ser exercida a cada momento por todos e, desse

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modo aprendida, fazendo com que essencialmente nossos educandos se apropriem e reforcem os

laços de identificação com esta escola. A educação inclusiva constitui a prática mais recente no

processo da universalização da educação, caracterizada em princípios que visam à aceitação de

diferenças individuais, à valorização da contribuição de cada pessoa, buscamos facilitar uma

aprendizagem através da cooperação e à convivência dentro da diversidade humana.

Cabe, portanto dada a relevância do tema esclarecer que quanto ao acesso e a qualidade da

educação almejada, a função da nossa escola, consiste em favorecer que cada um, de forma

autônoma, reconheça nos demais a mesma esfera de direito que exige para si. Neste âmbito, a

prática da inclusão social se baseia em princípios diferentes do convencional:consideração das

diferenças individuais, valorização de cada pessoa, convivência dentro da diversidade humana e

aprendizagem por meio da cooperação.

Nossa escola possui um conceito de educação inclusiva bastante amplo, englobando

―aqueles‖ que de certa forma são excluídos da sociedade, e não somente se tratando de educandos

com necessidades educacionais especiais. Porém se faz necessário relatar aqui que os nossos

educandos com necessidades educacionais especiais são, na sua grande maioria, deficientes visuais

parciais, e que esta escola na medida do possível, e de acordo também com nossas restrições

próprias, por sua vez realiza as adaptações dos materiais, os encaminhamentos metodológicos, as

adaptações curriculares, tudo isto também conforme com a necessidade do educando.

Contudo, enfrentamos muitas restrições, devido as peculiaridades próprias do sistema

prisional, como já citamos, explicado pelo contexto onde estamos inseridos, mesmo sendo assim,

dentro deste ambiente temos esta firme proposta de realização de um trabalho em equipe, com

qualidade, em busca permanente de uma educação mais humana e inclusiva.

6.3.4 Programas Sócio Educacionais e Legislação

Na análise da Coordenação de Gestão Escolar CGE/SEED-(julho 2008). Segundo Frigotto

(1983), ―O conhecimento é o produto da realidade social, objetiva e concreta – historicamente

condicionada‖. Portanto, os chamados Programas Socioeducacionais e a Legislação vigente devem

passar pelo currículo como condições de compreensão do conteúdo nesta totalidade, fazendo parte

da intencionalidade do recorte do conhecimento na disciplina, isto significa compreendê-los como

parte da realidade concreta e explicitá-la nas múltiplas determinações que produzem e explicam os

fatos sociais, tais como: História e Cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena (Lei nº 11.645/08);

Prevenção ao uso indevido de drogas, Sexualidade Humana, Enfrentamento à Violência contra a

Criança e o Adolescente: Direito da Criança edo Adolescente(Lei Federal n.°11525/07); Educação

Fiscal, Educação Tributária (Decreto n.° 1143/99 – Portaria n.° 413/02); Educação Ambiental (Lei

Federal n.° 9795/99 – Decreto n.° 4281/02 ); História do Paraná. (Lei n.° 13.181/01); Música (Lei

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n.°11769/08 ); Estatuto do Idoso(Lei 10741/03): Educação para o Trânsito(Lei 9503/97- Código de

Trânsito Brasileiro), Brigadas Escolares ( Decreto 4837/2012), Hasteamento de Bandeiras e

execução de Hinos ( somente para as estaduais) – Instrução nº 013/2012 SUED/SEED e Lei nº

12.031 de 21/09/2009, Educação Alimentar e Nutricional e Educação em Direitos humanos – Lei nº

11.947 de 16/06/2009, Resolução nº 01/2012 – CNE/CP.

Estas demandas possuem historicidade, em sua grande maioria fruto das contradições

da sociedade capitalista, outras vezes oriundas dos anseios dos movimentos sociais e por isto,

prementes na sociedade contemporânea. São aspectos considerados de grande relevância para

comunidade escolar, pois estão presentes nas experiências, práticas, representações e identidades

dos educandos e educadores.

Os Programas Socioeducacionais correspondem a questões importantes, urgentes e presentes

sob várias formas na vida cotidiana, um conjunto articulado e aberto a novos temas, buscando um

trabalho didático que compreende sua complexidade e sua dinâmica, dando-lhes a mesma

importância das áreas convencionais, é necessário que a escola trate de questões que interferem na

vida dos educandos e com os quais se vêem confrontados no seu dia a dia.

Buscando oferecer suporte às escolas para o enfrentamento a estas demandas a SEED-

através da CDEC- vinculado ao Departamento da Diversidade, concentrou seus trabalhos em três

eixos: formação continuada dos profissionais da educação, produção de material de apoio didático-

pedagógico e ações institucionais. Com este conhecimento busca -se subsidiar os educadores,

valorizando o conhecimento historicamente construído.

Temáticas abordadas: Educação Ambiental, Enfrentamento à Violência na Escola, Prevenção

ao Uso Indevido de Drogas, Educação Fiscal, Direito dos Idosos, Educação para o Trânsito,

Hasteamento de Bandeiras e execução de Hinos, Educação Alimentar e Nutricional e Educação em

Direitos humanos.

:

Educação Ambiental - Lei No 9.795, De 27/04/1999:

Art. 5o São objetivos fundamentais da educação ambiental:

I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e

complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,

econômicos, científicos, culturais e éticos;

II - a garantia de democratização das informações ambientais;

III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e

social;

IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do

equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor

inseparável do exercício da cidadania;

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V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais,

com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da

liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;

VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;

VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos

para o futuro da humanidade.

Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e

permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.

§ 1o A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de

ensino.

Decreto nº 4.281, de 25/06/2002 - Regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a

Política Nacional de Educação Ambiental , e dá outras providências.

Art. 5o Na inclusão da Educação Ambiental em todos os níveis e modalidades de ensino,

recomenda-se como referência os Parâmetros e as Diretrizes Curriculares Nacionais, observando-se:

I - a integração da educação ambiental às disciplinas de modo transversal, contínuo e permanente; e

II - a adequação dos programas já vigentes de formação continuada de educadores.

Art. 6o Para o cumprimento do estabelecido neste Decreto, deverão ser criados, mantidos e

implementados, sem prejuízo de outras ações, programas de educação ambiental integrados:

I - a todos os níveis e modalidades de ensino;

II - às atividades de conservação da biodiversidade, de zoneamento ambiental, de licenciamento e

revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, de gerenciamento de resíduos, de

gerenciamento costeiro, de gestão de recursos hídricos, de ordenamento de recursos pesqueiros, de

manejo sustentável de recursos ambientais, de ecoturismo e melhoria de qualidade ambiental;

III - às políticas públicas, econômicas, sociais e culturais, de ciência e tecnologia de comunicação,

de transporte, de saneamento e de saúde;

IV - aos processos de capacitação de profissionais promovidos por empresas, entidades de classe,

instituições públicas e privadas;

V - a projetos financiados com recursos públicos; e

VI - ao cumprimento da Agenda 21.

Agenda 21

A agenda 21 é um conjunto de ações para todo o planeta. Possui 40 capítulos, que vai do ar ao mar,

da floresta aos desertos, propõe estabelecer relações entre países ricos e pobres. Nesta importante

agenda, estão marcados compromissos da humanidade com o século XXI, visando garantir um

futuro melhor para o planeta, com respeito ao ser humano e o seu ambiente. E é por meio dessa

Agenda 21 global, que 179 países acordaram o desafio de incorporar, em suas políticas públicas,

princípios capazes de conduzi-los na construção de sociedades sustentáveis.

Característica importante dessa Agenda 21 Global, é sua orientação para o desenvolvimento,

ampliando o debate para além de agenda exclusivamente ambiental, mas uma proposta que rompe

com planejamento com predominância do enfoque econômico.

Nesse sentido, o entendimento do desenvolvimento econômico concebido sob a ótica do progresso,

do crescimento a qualquer ―custo‖ é que faz a diferença, pois o novo paradigma do

desenvolvimento, passa a ser comprometido com o uso racional do patrimônio histórico natural,

onde o desenvolvimento deva ser considerado diante da necessidade das futuras gerações de se

manter e sobreviver com qualidade de vida sustentável.

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Assim sendo temos Agenda 21 Brasileira, a Agenda 21 Paraná, a Agenda 21 Local, e a Agenda 21

Escolar todas seguindo normas e princípios do texto base da Agenda 21 assumida por ocasião da

Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente realizada em 1992 na cidade do Rio de

Janeiro –RIO 92 .

Lei Nº 11.525, DE 25/09/2007 – Direitos das Crianças e dos Adolescentes

O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das

crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui

o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático

adequado.

Esta normativa estabelecida somente para o ensino fundamental será trabalhada em nossa escola, de

modo a contribuir na compreensão dos conteúdos desenvolvidos na medida em que estes são

chamados, vindo a fortalecer o trabalho pedagógico.

Prevenção ao Uso Indevido de Drogas, Sexualidade Humana, Enfrentamento à Violência

contra a Criança e o Adolescente, Direito da Criança e do Adolescente:

Lei no 9.970, de 17/05/2000 - É instituído o dia 18 de maio como o Dia Nacional de Combate ao

Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Lei nº 11.343, de 23/08/2006 – prevê a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça a

interdependência e a natureza complementar das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e

reinserção social de usuários e dependentes de drogas, repressão da produção não autorizada e do

tráfico ilícito de drogas;

Estas normativas serão desenvolvidas dentro de nosso ambiente escolar na forma de atividades de

complementação curricular, em programas de parceria com a própria unidade prisional via

Secretaria da Justiça como também em nossa Semana do Encarcerado, no que diz respeito em

específico o tema de prevenção ao uso indevido de drogas.

Lei 9.503/97 – Código Brasileiro de Trânsito

O Código de Trânsito Brasileiro, instituído pela Lei 9.503 de 23 de setembro de 1997, em

seu capítulo VI trata da Educação para o trânsito, dizendo no art. 74 que: ―A educação para o

trânsito é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de

Trânsito.‖ . Neste sentido, a educação para o trânsito muito além de ser um direito resguardado pela

lei, é um dever do Estado no que tange à sua disponibilização a partir das diretrizes do Sistema

Nacional de Trânsito, de uma abordagem mais próxima do combate aos níveis de violência no

trânsito, adotando subsidiariamente a educação para o trânsito no ensino fundamental, ensejando

um processo precoce de conscientização dos alunos, para a composição de um trânsito mais

humanizado.

Lei 10.741/03 – Estatuto do Idoso

O Estatuto do Idoso é discutido e inserido como abordagem nas escolas num momento

muito importante. Segundo estimativas, em 2020 o Brasil estará na 6ª posição dentre os países com

maior número de idosos do mundo, tendo mais de 30 milhões de idosos em nossa sociedade. Esses

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dados demonstram a necessidade de se regulamentar e efetivar os direitos existentes dos idosos de

forma a propiciar uma existência digna.

A velhice não torna um ser humano menos cidadão que outro, ou menos importante para a

sociedade, a experiência galgada pela vivência é algo muito importante e esta abordagem não pode

ficar fora do nosso discurso, já que nos referimos à Educação de Jovens, Adultos e Idosos. Sendo

assim, garantir dignidade aos idosos é dentre as medidas de inserção no currículo umas das mais

importantes, visando à formação de cidadãos conscientes e zelosos pela dignidade do idoso.

Hasteamento da Bandeira e Execução do Hino Nacional e do Paraná

O hasteamento da bandeira e execução do Hino Nacional e do Paraná indica o

comprometimento de casa profissional no cumprimento da legislação, sendo que compete à Direção

fazer cumprir a legislação organizando a escola para tal; compete à Equipe Pedagógica participar do

momento do hasteamento e execução do hino do Paraná, e aos docente compete participar destes

momentos, além de organizar atividades pedagógicas usando estratégias metodológicas valorizando

os momentos de cidadania.

Educação Alimentar e Nutricional

A presente legislação dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa

Dinheiro Direto na Escola – o PDDE – aos alunos da educação básica pública.

A diretrizes apontam a alimentação escolar como todo alimento oferecido na escola durante

o período letivo, observando a alimentação variada e adequada que respeitem a cultura, as tradições

e os hábitos alimentares, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento dos alunos e com

vistas à melhoria do rendimento escolar.

Educação em Direitos Humanos

A indicação legal se dá no Plano Nacional em Direitos Humanos – o PNEDH – o qual tem

como principal objetivo a concretização dos direitos humanos presente nos documentos

internacionais. Nesta direção, busca aprofundar os estudos e as questões relacionados à construção

histórica da sociedade civil organizada com vistas à articulação institucional envolvendo os

governos federal, estaduais e municipais, os organismos internacionais e a sociedade civil

organizada rumo a efetivação dos direitos universais do ser humano baseado na promoção de

igualdade de oportunidades e equidade, respeitando a diversidade e a consolidação de uma cultura

cidadã.

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6.3.5 Diversidade

Vivemos um momento ímpar e histórico na educação, passando pela democratização dos

saberes, ou ainda melhor dizendo, buscando o fortalecimento e a aproximação dos educandos, no

sentido de pertencimento e de participação em ações visando o enriquecimento de valores e de

qualidade nas relações humanas.

Com esse propósito, respeitamos a Diversidade existente dentro de nosso ambiente escolar,

assegurando o direito à igualdade com equidade de oportunidades, mas isto não significa um modo

igual de educar a todos, mas uma forma de respeito as diferenças individuais, priorizando em nossas

ações a participação e à aprendizagem de todos, independentemente de quaisquer que sejam suas

singularidades.

A SEED, desde 2007, instituiu o Departamento da Diversidade que discute e define as

políticas para o atendimento a todos os sujeitos, que historicamente, encontravam-se excluídos do

processo de escolarização. Destacamos aqui as populações do campo, faxinalenses, agricultores

familiares, trabalhadores rurais temporários, quilombolas, acampados, assentados, ribeirinhos,

ilhéus, negras e negros, povos indígenas, jovens, adultos e idosos não alfabetizados, pessoas

lésbicas, gays, travestis e transexuais. Bem como, assumiu a continuidade das discussões

etnicorraciais.

Para isso, nossa escola tem buscado respaldo, orientações, e em especial atitudes coletivas,

as quais devem ser constantes, pois é de grande significado para todos os profissionais da educação,

o reconhecimento dos diferentes sujeitos (educandos e educadores) e os condicionantes sociais que

determinam o sucesso ou o fracasso escolar, de forma que possamos criar mecanismos para o

enfrentamento dos diversos preconceitos existentes e garantir o direito ao acesso e a permanência

com qualidade no processo educacional.

Ressaltamos também, nossas atividades relacionadas à Educação das Relações Étnico

Raciais, e ao ensino da temática da História da Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena, essas

ações são assumidas na perspectiva de uma escola pública necessária para o desenvolvimento de

uma sociedade democrática, pluriétnica e multicultural.

História e Cultura Indígena Afro Brasileira e Africana - Leis 10.639/03 e 11.645/08

Educação Sexual, incluindo Gênero e Diversidade Sexual

Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania

Homossexual – Brasil Sem Homofobia.

Conteúdos obrigatórios

História do Paraná: Lei nº 13.381, de 18/12/2001 - Torna obrigatório, no Ensino

Fundamental e Médio da Rede Pública Estadual de Ensino, conteúdos da disciplina História

do Paraná.

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Música: Lei nº 11.769, de 18/08/2008 - § 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório,

mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo (―O ensino da

arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular

obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento

cultural dos alunos.

6.3.6 As Tecnologias de Informação e Comunicação na Escola.

As tecnologias de informações e comunicações presentes na sociedade apresenta-nos uma

duplicidade em papel: o funcional – a tecnologia como ferramenta, instrumento, e o normativo – a

tecnologia determinando modelos para as relações sociais.

O papel funcional das tecnologias oscila entre a versão otimista de transformação da

sociedade, que afirma o mundo sem fronteiras, a rapidez nas trocas de informação, entre outras, e a

versão pessimista de controle social e político, onde o cidadão passa a ser vigiado e perde sua

privacidade. Nas duas versões é possível identificar a mesma ideologia: a técnica determina o

mundo e as relações humanas.

O acesso às tecnologias de informação de informação amplia as transformações sociais e

desencadeia uma série de mudanças na forma como se constrói o conhecimento. Frente a este

cenário de desenvolvimento tecnológico que vem provocando mudanças nas relações sociais, a

educação tem procurado construir novas estratégias pedagógicas elaboradas sob a influência do uso

dos novos recursos tecnológicos, resultando em práticas que promovam o currículo nos seus

diversos campos dentro do sistema educacional. A extensão do uso desses recursos tecnológicos na

educação, além de se constituir como uma prática libertadora, uma vez que contribui para inclusão

digital, também busca levar os agentes do currículo a se apropriarem criticamente dessas

tecnologias, de modo que descubram as possibilidades que elas oferecem no incremento das

práticas educacionais

O tema referente ao uso das tecnologias de informação e comunicação é relevante e merece

ser considerado por todos aqueles que movimentam o currículo dentro da escola. Esse pensamento

não pode e não deve ser desvinculado do pensamento curricular, isto é, do pensamento pedagógico

quando este se detém na consideração das práticas educacionais.

Mais do que ferramentas e aparatos que podem ―animar‖ e/ou ilustrar a apresentação de

conteúdos, o uso das mídias web, televisiva e impressa mobiliza e oportuniza novas formas de ver,

ler e escrever o mundo. Contudo, é importante que essas ferramentas tecnológicas estejam aliadas a

um procedimento de reflexão crítica que potencialize o pensamento sobre as práticas pedagógicas

pedagógicas.

Em nossa proposta as tecnologias de informação e comunicação na escola, são consideradas

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significativas, no sentido de que também estabelecem a mediação entre o educando e o

conhecimento como impulsionadoras e potencializadoras destas práticas. Os artefatos tecnológicos,

ao aproximarem todos os envolvidos do currículo numa relação dialógica, querem em torno do

conhecimento, quer em torno da relação acerca de uma obra de arte, por exemplo, criam as

condições para a própria prática dialógica em que se constitui o sujeito. Vale dizer que, recursos

tecnológicos não são os sujeitos das relações dentro do currículo, mas permitem que os sujeitos se

façam ao possibilitar estas relações.

As tecnologias de informação e comunicação representam não somente meios que

contribuem com a democratização do conhecimento na escola, como também deve ser

instrumentos de informação que ampliam o acesso às políticas e programas, para toda à comunidade

escolar.

6.3.7 Avaliação

A função essencial da escola pública consiste na socialização do saber sistematizado, assim

como também na produção e sistematização de um novo saber, nascido da prática social. O

compromisso pedagógico da escola numa concepção progressista, é com a democratização do saber,

portanto cabe a escola transformar as relações sociais e não reproduzir tal qual está, face ao modo

de produção vigente. A função da educação da educação é de humanizar, oferecer condições à

emancipação, e não para adaptar os indivíduos à situação de dominação.

Neste sentido, nossa proposta pedagógica, volta-se para procurar desenvolver em nossos

educandos todas suas potencialidades humanas, hominizar segundo Gramsci. A nossa concepção de

educação está, epistemologicamente, vinculada na transformação do status quo, e não em adequar

as necessidades do educando ao meio social, e sim prepará-lo para a vida.

Uma vez que o papel ―transformador‖ da escola está na compreensão crítica do mundo, e

que a qual só é possível através da apropriação dos conhecimentos historicamente produzidos pelo

conjunto da humanidade, o conhecimento não é e não pode ser individualmente construído.

Sendo assim, a avaliação deve ser emancipadora o que implica em garantir o acesso ao

conhecimento por parte do educando e avaliá-lo durante todo esse processo de apropriação do saber.

É democrático avaliar para garantir essa apropriação, assim posto, cabe uma reflexão constante a

respeito das formas, conduções e práticas do processo ensino-aprendizagem e, consequentemente de

avaliação, a fim de romper com as formas ainda instituídas, fragmentadas híbridas e até mesmo,

desvinculadas da aprendizagem. Além desses fundamentos é preciso recorrer às concepções de

disciplina, método e metodologia para melhor entender que, quando selecionamos um conteúdo a

ser ensinado e posteriormente avaliado demonstramos um posicionamento diante do mundo, uma

opção histórica, política e pedagógica

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A concepção de avaliação que fundamenta o nosso trabalho tem sua base no materialismo

histórico dialético, de modo que a concepção de homem é a de ser histórico, produtor de sua

existência. Portanto, livre no sentido de agir intencionalmente de modo a construir possibilidades

não previstas, não naturais, optar por uma coisa ou outra. Desse modo, educa e educa-se, avalia e

avalia-se também e assim transforma-se e se transforma, faz-se humano. Avaliar portanto é uma

ação intencional, uma vez que não é possível, no processo educativo, ater-se apenas ao julgamento

direto, isto é, bom ou não é bom, é preciso então utilizar meios adequados aos fins estabelecidos

para emitir juízos sobre as ações empreendidas pelos sujeitos envolvidos em um determinado

processo, no nosso caso, o processo educativo.

Entendemos que, só existe situação de aprendizagem quando o educando é desafiado a

descobrir, a utilizar o que sabe para construir o que não sabe. Avaliar não é apenas constatar, mas,

sobretudo analisar, interpretar, tomar decisões e reorganizar o ensino. O corpo docente desta escola

ciente, de que a avaliação é um dos aspectos de ensino pelo qual o educador analisa e interpreta os

dados da aprendizagem e de seu próprio trabalho, tendo como finalidade: acompanhar e aperfeiçoar

o processo de aprendizagem dos educandos, bem como o de diagnosticar resultados e

estabelecendo-lhes valor.

Durante o processo de ensino-aprendizagem, a avaliação deve ser diagnóstica, contínua,

sistemática, abrangente e permanente, utilizando técnicas e instrumentos diversificados e, deve ser

compreendida como uma prática que alimenta e orienta a intervenção pedagógica e pela qual se

estuda e interpreta os dados da aprendizagem.

Tem por finalidade acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos,

diagnosticar os resultados atribuindo-lhes valor. Dessa forma o educador tem em suas mãos um

instrumento que possibilita a retomada de ações pedagógicas em favor de uma aprendizagem

significativa.

Para o educador e para o educando constitui-se em um recurso pedagógico útil e necessário

na busca e na construção de si mesmo e do seu melhor modo de estar na vida (Luckesi,2000 in

Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação de Jovens e Adultos, 2006).

A avaliação será realizada em função dos conteúdos expressos nas Diretrizes Curriculares da

Educação Básica.

Sendo assim nesta escola concebe-se a avaliação, levando o compromisso de que não se

pode apenas avaliar o processo de aprendizagem, mas também o de ensino.

A Proposta de Recuperação de Estudos: dentro do processo de ensino-aprendizagem,

recuperar significa voltar, tentar de novo, adquirir o que perdeu, e não pode ser entendido como um

processo unilateral, lembramos que a LDB Lei 9394/96, recoloca o assunto letra ―e‖ do inciso V do

artigo 24 ―obrigatoriedade de recuperação, de preferência paralelo ao período letivo, para os casos

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de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus

regimentos.‖

A nossa proposta de recuperação é mais do que uma estrutura de possibilidades é uma

postura de nossos educadores no sentido de garantir a aprendizagem por parte de todos os

educandos, em especial àqueles que apresentam maiores dificuldades em determinados momentos

e/ou em conteúdos.

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7 PROPOSIÇÃO DE AÇÕES

Considerando que as relações das sociedades democráticas demandam cidadãos conscientes

e participantes e que a organização de trabalho exige trabalhadores cada vez mais intelectualmente

ativos e que as inovações tecnológicas favorecem a ampliação da informação; exigindo da escola

novas práticas de ensino é que as políticas públicas precisam estar comprometidas com o ingresso e

a permanência do educando na escola, sendo estas, apresentando pressupostos pedagógicos bem

definidos com práticas educativas direcionadas para a aprendizagem dos nossos educandos.

Diante de tudo que já descrevemos até aqui, nossa escola pretende, neste momento,

apresentar propostas para aproximar a realidade do que buscamos como ideal. Sabemos que as

dificuldades e as limitações vivenciadas por todos, desde o início das ações da nossa escola, foram e

são ainda muito presentes, advindas do atraso dos recursos financeiros, falta de equipamentos,

como também da própria problemática de estarmos desenvolvendo nosso trabalho educacional em

local de risco, o qual muitas vezes por motivos de segurança, nos priva de práticas e reflexões mais

profundas.

No entanto contamos com um corpo docente, administrativo, diretivo, e pedagógico bastante

comprometido e engajado com a educação, o que leva o CEEBJA-Nova Visão, posicionar-se

positivamente no enfrentamento destes e de outros aspectos limitantes. Desta forma o coletivo da

escola, refletiu sobre as problemáticas educacionais destes educandos jovens, adultos e idosos

privados de liberdade à luz de novas descobertas científicas e das mudanças sociais.

Esta proposta contempla as principais ideias do grupo de educadores, funcionários, equipe

diretiva e pedagógica, a respeito da realidade sócio-política-econômica e ideológica desta

instituição, sobre o ideal de homem, sociedade, modelo de educação e escola que pensamos a partir

de nossa realidade.

Temos consciência que se trata de uma obra não acabada, faz parte de um processo de

construção e renovação, e que tem com princípio norteador o conhecimento, a experimentação, a

provocação do raciocínio e outras aptidões cognitivas superiores.

O CEEBJA- Nova Visão procura vivenciar uma cultura de gestão escolar, baseada em

princípios democráticos, envolvendo sempre que possível o maior número de profissionais da

escola em suas decisões, como também as instancias colegiadas, as quais devem auxiliar e

acompanhar o diretor na condução da escola.

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7.1 ORGANIZAÇÃO ESCOLAR

7.1.1 Matrícula

A matrícula é o ato formal que vincula o indivíduo à escola conferindo-lhe os direitos de

educando e é através da qual fica implícito a sujeição às normas regulamentadas de funcionamento.

As matriculas na EJA podem ser feitas a qualquer data no ano, seguindo os princípios,

normativas e instruções próprias de nossa modalidade, juntamente com toda documentação exigida.

Os que já possuem matrícula na escola passam apenas pelo processo de rematrícula,

realizamos as matrículas como: inicial, renovada e por transferência a classificação e a

reclassificação seguindo as normas previstas no Regimento Escolar da nossa escola. Casos de

aproveitamento de estudos esta escola segue os princípios gerais e legais contidos em nosso

Regimento Escolar.

A proposta pedagógico-curricular da educação de jovens e adultos prevê matrícula por

disciplina e o aluno poderá, em função da oferta, efetivar sua matrícula em até 4 (quatro)

disciplinas, na organização coletiva e/ou individual de acordo com seu perfil, sendo priorizadas as

vagas para matrícula na organização coletiva.

A oferta da disciplina deve estar associada à carga horária docente. Se não há mais vagas em

uma determinada disciplina, cuja matrícula preferencial é para os alunos que necessitam cursar

somente esta disciplina, os alunos que procurarem por matrícula deverão fazer nas disciplinas que

ainda há vagas.

Para requerer a matrícula, o educando deve receber orientações da escola, por meio da

equipe pedagógica, quanto:

- à organização que atende melhor seu perfil, respeitando o cronograma da escola;

- à organização dos cursos;

- ao funcionamento do estabelecimento de ensino, com relação aos horários, calendário,

regimento escolar, a duração e a carga horária das disciplinas.

O educando também recebe do professor de cada disciplina, o Guia de Estudos, contendo:

- a dinâmica de atendimento ao educando;

- a carga horária e a duração da disciplina;

- os conteúdos e os encaminhamentos metodológicos;

- as sugestões bibliográficas para consulta;

- como serão realizadas as avaliações;

- outras informações necessárias.

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7.1.2 Calendário

O calendário escolar, é elaborado pela equipe pedagógica anualmente, o qual deve estar em

consonância com a legislação federal e estadual, seguindo todas as orientações da instrução própria

da SEED o qual deve contemplar:

Início e término do ano letivo

Época de planejamento

Dias de comemorações estabelecidas por lei ou próprios da escola

Período de férias para educadores e educandos

Reuniões pedagógicas

O calendário escolar é encaminhado ao Núcleo Regional de Educação em tempo hábil para

inspeção, fiscalização e averiguação, constatada carga horária mínima composta de 800 horas

distribuídas em 200 dias letivos, o Núcleo nos devolve para que seja aprovado pelo Conselho

Escolar .

As possíveis alterações, por motivos sempre relevantes no decorrer do ano letivo, são

encaminhadas e protocoladas no NRE, em tempo.

7.1.3 Aproveitamento de Estudos

No ato da matrícula, o aluno poderá requerer aproveitamento de estudos de disciplinas,

mediante apresentação de documento comprobatório de:

- conclusão com êxito de série/período/etapa/semestre a ser aproveitada;

- disciplinas concluídas com êxito por meio de cursos organizados por disciplina ou por exames

supletivos.

No ensino médio, o aproveitamento de estudos será no máximo, de 50% do total da carga

horária da disciplina da EJA, constante na Matriz Curricular da EJA.

Para cada disciplina concluída com êxito por meio de cursos organizados por disciplina ou

por exames supletivos, o aproveitamento será de 100% do total da carga horária da disciplina da

EJA.

Considerando o aproveitamento de estudos, o aluno deverá cursar a carga horária restante de

todas as disciplinas constantes na Matriz Curricular.

7.1.4 Classificação

A classificação é o procedimento que o estabelecimento de ensino adota para avaliar e

posicionar o aluno, no nível de ensino compatível ao seu grau de desenvolvimento e experiência,

adquiridos por meios formais ou informais.

A classificação tem caráter pedagógico centrado na aprendizagem, devendo o professor

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pedagogo, proceder avaliação diagnóstica, antes de iniciar o processo, O processo de classificação

poderá posicionar o aluno para matrícula na disciplina, em 25%, 50%, 75% ou 100% da carga

horária total de cada disciplina do Ensino Fundamental – Fase II e, no Ensino Médio, em

classificação deve ser considerada um procedimento de exceção, que a escola deve realizar para o

pretendente à matrícula que apresentar conhecimentos adquiridos informalmente, quando indicado

pelo professor pedagogo.

7.1.5 Reclassificação

A reclassificação é o processo pelo qual o estabelecimento de ensino avalia o grau de

experiência do aluno matriculado e que já tenha cursado, no mínimo, 25% do total da carga horária

definida para cada disciplina, no Ensino Fundamental - Fase II e Médio.

O processo de reclassificação poderá posicionar o aluno em 25%, 50% ou75% da carga

horária total de cada disciplina do Ensino Fundamental - Fase II e, no Ensino Médio, em 25% ou

50% da carga horária total de cada disciplina.

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8. GESTÃO ESCOLAR

8.1. Gestão Escolar Democrática

Falar de gestão escolar nos remete à democracia participativa. A descentralização, a

autonomia e a participação estabelecem abertura de novas arenas públicas de decisão, que

conferem a cada escola sua singularidade, sua identidade própria, tendo a qualidade do ensino

como ponto central de qualquer proposta para escola pública.

No exercício da construção da autonomia escolar, não obstante seus percalços e desafios são

visíveis e promissores os benefícios e as vantagens produzidos nessa vivência. A Escola torna-se

palco de experiências democráticas, em que a participação e a autonomia devem ocorrer de forma

transparente, respeitando a diversidade, o pluralismo e os valores éticos.

Para Silva (2005), considerar que a escola é um lugar de esperança e desejo significa dizer

que é um processo essencialmente humano. A esperança humana é aliada de qualquer mudança que

requer espaço para manifestar-se e viver. Dessa forma, é possível que a autonomia da escola seja

condição eficaz para mudança de todo sistema de ensino.

Desta forma, para a concretização de uma gestão democrática é necessário que haja um

processo educativo contínuo que envolva o sujeito na sua condição de conhecer, decidir e

responsabilizar- se e quando a escola promove a participação direta dos segmentos na escola, há

comprometimento com o Projeto Pedagógico da instituição de ensino, visando colocar em prática

todos os princípios teóricos construídos e planejados coletivamente, sendo periodicamente avaliado

pelo coletivo da escola.

Para o CEEBJA Nova Visão avançar na efetivação da gestão democrática e na construção de

um projeto de educação inclusivo, transformador e humano, necessitamos perceber as práticas

excludentes, os ―ranços‖ autoritários, ainda presentes na cultura escolar, promovendo uma ruptura

com estas tradições estabelecidas. Nesse sentido, a democratização da gestão escolar implica na

superação de processos centralizados de decisão e na vivência da gestão colegiada, onde as decisões

nasçam das discussões coletivas, envolvendo todos os segmentos da escola num processo

pedagógico vivo e dinâmico.

8.2 Conselho Escolar

O Conselho Escolar é um órgão colegiado, representativo da Comunidade Escolar, de natureza

deliberativa, consultiva e fiscalizadora, sobre a organização e realização do trabalho pedagógico e

administrativo da instituição escolar em conformidade com as políticas e diretrizes educacionais da

SEED, observando a Constituição, a LDB, o Projeto Político-Pedagógico e o Regimento da Escola,

para o cumprimento da função social e específica da escola.

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§ 1º – A função deliberativa, refere-se à tomada de decisões relativas às diretrizes e linhas

gerais das ações pedagógicas, administrativas e financeiras quanto ao direcionamento das políticas

públicas, desenvolvidas no âmbito escolar.

§ 2º – A função consultiva refere-se à emissão de pareceres para dirimir dúvidas e tomar

decisões quanto às questões pedagógicas, administrativas e financeiras, no âmbito de sua

competência.

§ 3º – A função avaliativa refere-se ao acompanhamento sistemático das ações educativas

desenvolvidas pela unidade escolar, objetivando a identificação de problemas e alternativas para

melhoria de seu desempenho, garantindo o cumprimento das normas da escola bem como, a

qualidade social da instituição escolar.

§ 4º – A função fiscalizadora refere-se ao acompanhamento e fiscalização da gestão

pedagógica, administrativa e financeira da unidade escolar, garantindo a legitimidade de suas ações.

Este Conselho não tem finalidade e/ou vínculo político-partidário ou de qualquer outra natureza, a

não ser aquela que diz respeito diretamente à atividade educativa da escola, e é concebido como

instrumento de gestão colegiada e de participação da comunidade escolar, numa perspectiva de

democratização da nossa escola, constituindo-se como órgão máximo de direção do

Estabelecimento de Ensino.

8.3. Atribuição dos Recursos Humanos

8.3.1 Da Direção

- convocar integrantes da comunidade escolar para elaboração do Plano Anual e do

Regulamento Interno do Estabelecimento de Ensino, submetendo-o à apreciação e aprovação do

Conselho Escolar;

- elaborar os planos de aplicação financeira, a respectiva prestação de conta e submeter

à apreciação e aprovação do Conselho Escolar;

- elaborar e submeter à aprovação do Conselho Escolar às diretrizes específicas de

administração deste estabelecimento, em consonância com as normas e orientações gerais da

Secretaria de Estado da Educação;

- coordenar a implementação das Diretrizes Pedagógicas, aplicar normas,

procedimentos e medidas administrativas de acordo com instruções da Secretaria de Estado da

Educação;

- supervisionar as atividades dos órgãos de apoio, administrativo e pedagógico do

estabelecimento;

- coordenar e supervisionar os serviços da secretaria escolar.

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- abrir espaço para discussão, avaliação e intercâmbio, interno e externo das

experiências de sucesso;

- implementar uma gestão participativa, estimulando o desenvolvimento das

responsabilidades individuais e promovendo o trabalho coletivo no CEEBJA;

- gerenciar toda equipe escolar, tendo em vista a racionalização e eficácia dos

resultados;

- coordenar a equipe pedagógica (vice-diretor, pedagogos e professores) para a coleta e

análise dos indicadores educacionais, para a elaboração e implementação do plano de trabalho;

- administrar os serviços de apoio às atividades escolares, de modo a estimular a

participação desses serviços nos processos decisórios da escola;

- negociar, com competência, para harmonizar interesses divergentes e estabelecer

relacionamentos nutrientes, levando em conta as necessidades de todos os envolvidos direta ou

indiretamente;

Deferir as matrículas, no prazo estipulado pela legislação.

Ao diretor compete também:

- Executar a Avaliação Institucional conforme orientação da mantenedora.

Portanto, o Diretor exerce sempre a função de liderança na escola, mas uma liderança

como modelo participativo, capaz de dividir o poder de decisão dos assuntos escolares com toda a

sua equipe, criando e estimulando a participação de todos. A liderança, como modelo participativo,

requer um profissional que possua:

- comunicação;

- ética;

- empreendedorismo;

- capacidade de reunir, analisar e socializar Informações;

- acessibilidade;

- capacidade de construção de cadeias de relacionamentos;

- motivação;

- compromisso;

- agilidade;

- Capacidade de administração de conflitos

Capacidade de desenvolvimento de trabalho coletivo.

Deve agregar as competências de saber:

- agir;

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- mobilizar;

- transferir;

- aprender;

- se engajar;

- ter visão estratégica;

- assumir responsabilidades.

8.3.2 Da Direção Auxiliar

- assessorar o diretor em todas as suas atribuições;

- substituir o diretor em suas faltas e impedimentos.

8.3.3 Do Professor Pedagogo

- discutir com toda equipe pedagógica alternativas de trabalho, que motivem os educandos

durante o seu processo escolar;

- planejar alternativas de trabalho a partir de indicadores educacionais (evasão,

repetência, transferências expedidas e recebidas e outros);

- subsidiar na elaboração de plano de trabalho e ensino, a partir de diagnóstico

estabelecido;

- acompanhar e avaliar a implementação das ações estabelecidas nos planos de trabalho;

- buscar aprimoramento profissional constante seja nas oportunidades oferecidas pela

mantenedora, pelo Estabelecimento ou por iniciativa própria;

- coordenar estudos para definição de apoio aos educandos que apresentem dificuldade

de aprendizagem, para que a escola ofereça todas as alternativas possíveis de atendimento;

- coordenar e supervisionar as atividades administrativas referentes à matrícula,

transferência, classificação e reclassificação, aproveitamento de estudos e conclusão de cursos;

- participar de análise e discussão dos critérios de avaliação e suas consequências no

desempenho dos educandos;

- promover a participação do Estabelecimento de Ensino nas atividades comunitárias;

- pesquisar e investigar a realidade concreta do educando historicamente situado,

oferecendo suporte ao trabalho permanente do currículo escolar;

- integrar a presidência do Conselho Escolar, em caso da ausência do Diretor, se não

houver Diretor Auxiliar.

- coordenar reuniões sistemáticas de estudos junto à equipe;

- orientar e acompanhar a elaboração dos guias de estudos para cada disciplina;

- subsidiar a Direção, com critérios, para definição do Calendário Escolar, de acordo

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com as orientações do NRE;

- analisar e emitir parecer sobre aproveitamento de estudos, em casos de recebimento de

transferências, de acordo com a legislação vigente;

- participar, sempre que convocado, de cursos, seminários, encontros e grupos de

estudos;

- coordenar a elaboração e execução da Proposta Pedagógica da escola;

- acompanhar o processo de ensino, atuando junto aos professores e educandos, no

sentido de analisar os resultados da aprendizagem e traçar planos de recuperação;

O professor pedagogo tem funções no contexto pedagógico e também no

administrativo, tais como:

- Orientar e acompanhar a elaboração dos guias de estudos de cada disciplina;

- Coordenar e acompanhar exames supletivos quando, no estabelecimento, não houver

coordenação (ões) específica(s) dessa(s) ação (ões).

- Executar a Avaliação Institucional conforme orientação da mantenedora.

8.3.4 Do Corpo Docente

- compromisso com a Proposta Pedagógica da EJA;

- visão global do currículo e dos princípios de sua organização;

- postura interdisciplinar e contextualizada;

- planejamento de estratégias pedagógicas;

- conhecimento da função social da EJA;

- busca de aprimoramento profissional constante, seja por meio de oportunidades

oferecidas pela mantenedora, pelo Estabelecimento de Ensino ou por iniciativa própria.

- espírito de coletividade;

- compromisso com as ações desenvolvidas regularmente e extra curriculares pelo

Estabelecimento de Ensino;

- disponibilidade de horário de acordo com sua carga horária docente;

- disposição para o trabalho coletivo;

- reconhecimento das particularidades da instituição que atende alunos privados de

liberdade.

Aos docentes cabe também:

- Definir e desenvolver o seu plano de ensino, conforme orientações das Diretrizes

Curriculares Nacionais e Estaduais de EJA e da proposta pedagógica deste Estabelecimento Escolar.

- Conhecer o perfil de seus educandos jovens, adultos e idosos.

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- Utilizar adequadamente os espaços e materiais didático-pedagógicos disponíveis,

tornando-os meios para implementar uma metodologia de ensino que respeite o processo de

aquisição do conhecimento de cada educando jovem, adulto e idoso deste Estabelecimento.

- Executar a Avaliação Institucional conforme orientação da mantenedora.

O docente suprido neste Estabelecimento de Ensino deverá atuar na sede e quando

necessário nos exames supletivos. Deverá atuar em todas as formas de organização do curso: aulas

presenciais coletivas e individuais.

8.3.5 Do secretário (a)

- distribuir as tarefas decorrentes dos encargos da Secretaria aos seus auxiliares;

- organizar e manter em dia a coletânea de leis, regulamentos, diretrizes, ordens de

serviço, circulares, resoluções e demais documentos;

- rever todo o expediente a ser submetido a despacho do diretor;

- apresentar ao diretor, em tempo hábil, todos os documentos que devam ser assinados;

- executar os registros na documentação escolar referentes à matrícula, transferência,

classificação, reclassificação, aproveitamento de estudos e conclusão de cursos;

- manter organizado o arquivo ativo e inativo da vida escolar do educando;

- comunicar à Direção toda a irregularidade que venha ocorrer na Secretaria;

- manter atualizados os registros escolares dos educandos no sistema informatizado.

- manter atualizado o sistema de acompanhamento do educando,

- considerando a organização da EJA prevista nesta proposta.

8.3.6 Dos Agentes Educacionais II

- conhecer a proposta pedagógica, regimento escolar e a legislação que rege o registro

de documentação escolar do educando;

- efetuar os registros sobre o processo escolar e arquivar a documentação em pastas

individualizadas, expedindo toda a documentação: declarações; fichas de controle de notas e

frequência individual e coletivo; certificados; históricos escolares; transferências; relatórios finais;

estatísticas; e outros documentos, sempre que necessário;

- atender os educandos, professores e o público em geral informando sobre o processo

educativo, veiculado pelo Estabelecimento de Ensino;

- utilizar somente as matrizes curriculares autorizadas pelo órgão competente;

- participar de reuniões, encontros e/ou cursos, sempre que convocados e por iniciativa

própria, com o intuito de aprimoramento profissional;

- auxiliar em todas atividades desenvolvidas pela escola;

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- atender às solicitações do Diretor.

- providenciar o material utilizado nos recursos materiais (computadores, impressoras,

fotocopiadora, entre outros) e conservá-los em bom estado;

- providenciar, quando necessário, serviços de artes gráficas, impressão e reprodução de

materiais, com a devida autorização da Direção;

- racionalizar os serviços sob sua responsabilidade para uma melhor produtividade;

- não permitir o uso de material e/ou máquinas por pessoas estranhas a esse setor;

- receber, estocar e controlar o material de consumo, de limpeza e equipamento;

- solicitar à secretaria a reposição de material de consumo e de peças de equipamentos.

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9. PLANO DE TRABALHO DOCENTE

De acordo com a LDEBEN nº no artigo 13, chamado o ―artigo dos professores‖, aparece

como incumbências desse segmento, entre outras, as de participar da elaboração da proposta

pedagógica do estabelecimento de ensino (Inciso I) e elaborar e cumprir plano de trabalho,

segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino (Inciso II).

Desta forma o CEEBJA Nova Visão elabora seus planos de trabalho docente no dia

selecionado para o planejamento, são momentos previamente estabelecidos em calendário escolar,

destinados à formação continuada, buscando a organização do planejamento e replanejamento

sempre das primeiras semanas de aulas sejam elas no início do ano letivo ou no início do segundo

semestre. Cabe à equipe pedagógica da escola conduzir e organizar os trabalhos, assim como

propiciar momentos de reflexão durante o ano letivo, acompanhando e avaliando o

desenvolvimento das ações propostas no Plano de Trabalho Docente.

Os planos têm como ponto de partida a experiência trazida pelo aluno e as Diretrizes

Curriculares da Educação Básica e da EJA, a seleção dos conteúdos, bem como a organização dos

mesmos respeitam critérios estabelecidos pelas DCEs procurando desenvolver as atividades

pedagógicas por área de estudo e de forma interdisciplinar.

O Plano de Trabalho Docente apóia-se sempre que possível na experiência concreta dos

alunos conduzindo-os à compreensão do processo histórico de transformação da sociedade em todos

os níveis de cada um dos conteúdos científicos que integram o currículo.

9.1 Plano de Formação Continuada

No contexto que hoje estamos vivendo, na era tecnológica, onde tudo está acontecendo tão

rapidamente, faz-se necessário revermos até que ponto temos bagagem para competir com essas

transformações e desafios que nos são impostos a cada instante.

O educador, concebido como profissional reflexivo e autor de sua prática escolar, deve ter a

competência de identificar e selecionar que materiais podem contribuir para a reflexão sobre o

assunto a ser desenvolvido com os seus educandos, deve também saber planejar com que objetivo e

de que modo serão usados, considerando sempre a variedade de linguagens, de abordagens e de

pontos de vista.

A seleção e uso de materiais didáticos entre os educadores das diferentes áreas do

conhecimento, também é um momento de formação. Essa seleção após discussão é contextualizada

no âmbito da organização de situações didáticas e eficazes para o aprendizado.

O trabalho em equipe é considerado, atualmente, como um dos fatores fundamentais para

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impulsionar não só a melhoria da qualidade de ensino como o desenvolvimento profissional dos

professores. A tarefa comum dos profissionais da EJA tem, portanto, dois aspectos inseparáveis: a

elaboração e o desenvolvimento constante da proposta pedagógica e a formação permanente dos

profissionais.

A instituição incentivará para que os profissionais da educação que pertencem a esta escola

participem do programa de formação continuada da SEED: Semana Pedagógica, Seminários,

Simpósios, Grupos de Estudos, Itinerante, Grupo de Trabalho em Rede – GTR, PDE, PROINFO.

A escola promoverá momentos de estudo e análise da realidade da escola para melhor

encaminhamento das atividades: Reunião Pedagógica, Encontro por Área de Conhecimento; Grupo

de de Estudos, Assessoramento por Disciplina realizado pela equipe pedagógica.

9.2 Plano de Avaliação Institucional do Curso

A concepção de avaliação institucional explicitada pela SEED/PR, afirma que esta ―deve ser

construída de forma coletiva, sendo capaz de identificar as qualidades e as fragilidades das

instituições e do sistema, subsidiando as políticas educacionais comprometidas com a

transformação social e o aperfeiçoamento da gestão escolar e da educação pública ofertada na Rede

Estadual‖.(SEED, 2004, p.11).

Neste sentido, a avaliação não se restringe às escolas, mas inclui também os gestores da

SEED e dos Núcleos Regionais de Educação, ou seja, possibilita a todos a identificação dos fatores

que facilitam e aqueles que dificultam a oferta, o acesso e a permanência dos educandos numa

educação pública de qualidade.

Aliado a identificação destes fatores deve estar, obrigatoriamente, o compromisso e a efetiva

implementação das mudanças necessárias.

Assim, a avaliação das políticas e das práticas educacionais, enquanto responsabilidade

coletiva, pressupõe a clareza das finalidades essenciais da educação, dos seus impactos sociais,

econômicos, culturais e políticos, bem como a re-elaboração e a implementação de novos rumos

que garantam suas finalidades e impactos positivos à população que demanda escolarização.

A avaliação institucional, vinculada a esta proposta pedagógico-curricular, abrange todas as

escolas que ofertam a modalidade Educação de Jovens e Adultos, ou seja, tanto a construção dos

instrumentos de avaliação quanto os indicadores dele resultantes envolverão, obrigatoriamente,

porém de formas distintas, todos os sujeitos que fazem a educação na Rede Pública Estadual. Na

escola – professores, educandos, direção, equipe pedagógica e administrativa, de serviços gerais e

demais membros da comunidade escolar. Na SEED, de forma mais direta, a equipe do

Departamento de Educação de Jovens e Adultos e dos respectivos NRE‘s.

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A mantenedora se apropriará dos resultados da implementação destes instrumentos para

avaliar e reavaliar as políticas desenvolvidas, principalmente aquelas relacionadas à capacitação

continuada dos profissionais da educação, bem como estabelecer o diálogo com as escolas no

sentido de contribuir para a reflexão e as mudanças necessárias na prática pedagógica.

Considerando o que se afirma no Documento das Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA

que ―... o processo avaliativo é parte integrante da práxis pedagógica e deve estar voltado para

atender as necessidades dos educandos, considerando seu perfil e a função social da EJA, isto é, o

seu papel na formação da cidadania e na construção da autonomia‖. Esta avaliação institucional da

proposta pedagógico-curricular implementada, deverá servir para a reflexão permanente sobre a

prática pedagógica e administrativa das escolas.

Os instrumentos da avaliação institucional serão produzidos em regime de colaboração com

as escolas de Educação de Jovens e Adultos, considerando as diferenças entre as diversas áreas de

conteúdo que integram o currículo, bem como as especificidades regionais vinculadas basicamente

ao perfil dos educandos da modalidade. Os instrumentos avaliativos a serem produzidos guardam

alguma semelhança com a experiência acumulada pela EJA na produção e aplicação do Banco de

Itens, porém sem o caráter de composição da nota do aluno para fins de conclusão. A normatização

desta Avaliação Institucional da proposta pedagógico-curricular será efetuada por meio de instrução

própria da SEED.

Como se afirma no Caderno Temático Avaliação Institucional:

Cada escola deve ser vista e tratada como uma totalidade, ainda que relativa, mas

dinâmica, única, interdependente e inserida num sistema maior de educação. Todo

o esforço de melhoria da qualidade da educação empreendido por cada escola deve

estar conectado com o esforço empreendido pelo sistema ao qual pertence.

Em síntese, repensar a práxis educativa da escola e da rede como um todo, especificamente

na modalidade EJA, pressupõe responder à função social da Educação de Jovens e Adultos na oferta

qualitativa da escolarização de jovens, adultos e idosos.

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10. PLANO DE AÇÃO DA INSTITUIÇÃO 2014

Tema

Demanda

Justificativa da

escolha do tema Ação

Inclusão

Profissionais da Educação

Alunos

O acesso e permanência do aluno

à escolarização se apresentam

como um direito na LDB e

assegurado na LEP.

Na nossa realidade escolar temos

um grande índice de alunos

analfabetos, que desistiram ou

reprovaram na escola na idade

própria, portanto a escolarização

se apresenta como elemento

indispensável no processo de

reeducação e ressocialização,

assim como para o

desenvolvimento pessoal do

aluno privado de liberdade.

Promover a conscientização dos

nossos alunos da importância da

educação: acesso à cultura,

cidadania, valorização, autonomia,

individualidade, desenvolvimento

pessoal;

Realização de atividades

extracurriculares: palestras,

debates...

Programa de Alfabetização

Profissionais da Educação

Alunos do Ensino

Fundamental Fase I

No Brasil, são milhões de jovens

e adultos que não puderam

se escolarizar durante a infância

e adolescência. O perfil dos

presos reflete a parcela da

sociedade que fica fora da vida

econômica, é uma

massa de jovens, pobres, não-

brancos e com pouca

escolaridade. Acredita-se que

70% deles

não chegaram a completar o

Ensino Fundamental e cerca de

60% tem entre 18 e 30 anos de

idade. Uma pesquisa realizada

pelo DEPEN em 2007, revelou

que cerca de 65% dos apenados

não concluíram o Ensino

Fundamental e aproximadamente

12% não são alfabetizados.

Desta forma promover com

sucesso a alfabetização dos

jovens e adultos e superar o

analfabetismo são desafios que o

Sistema Penitenciário e Escola

ainda precisam

equacionar, e constituem temas

que os envolvidos no processo de

escolarização devem

enfrentar permanentemente.

Promover estudos e reflexão

acerca do processo de

alfabetização para alunos

privados de liberdade;

Elaborar Plano de

Alfabetização;

Produzir materiais e recursos

que atendam esta demanda.

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Gestão Democrática

Órgãos Colegiados:

- Conselho Escolar

- APF

Profissionais da Educação

Os artigos 14 da Lei de Diretrizes

e Bases da Educação Nacional e

22 do Plano Nacional de

Educação (PNE) indicam que os

sistemas de ensino definirão as

normas da gestão democrática do

ensino público na educação

básica obedecendo aos princípios

da participação dos profissionais

da educação na elaboração do

projeto pedagógico da escola e a

participação das comunidades

escolares e locais em conselhos

escolares. Devemos enfatizar

então que a democracia na escola

deverá ser uma realidade e que a

mesma está vinculada a uma

percepção de democratização da

sociedade.

Instituição do Conselho Escolar

obedecendo à legislação pertinente:

Constituição Federal (art.206); Lei

das Diretrizes e Bases

da Educação Nacional – LDBEN (art.

3o, 17 e 14), Plano Nacional de

Educação (PNE).

;

Instituição da APF atendendo à

instrução da SEED e orientações do

Sistema Penitenciário;

Elaboração do Estatuto da APFe

organização legal, adequando-o às

normativas da SEED e SEJU;

Participação ativa destes órgãos

colegiados no cotidiano da escola.

Diversidade

Equipe Multidisciplinar

Profissionais da Educação

Especialistas na Temática

Alunos

A educação (formal e informal)

pode e deve ser um dos caminhos

para promover o respeito à

diversidade e a igualdade nas

relações étnico-raciais. Algumas

iniciativas voltadas para as

populações negra e indígena no

campo da educação estão em

curso no Brasil e podem ser

considerados resultados diretos e

indiretos da luta do movimento

negro e do movimento indígena

pela igualdade racial e social.

Considerando a forte

desigualdade social que nos

cerca, principalmente relacionada

à população negra e indígena,

visamos implementar ações, a

serem executadas nos próximos

dois anos em que a comunidade

escolar assume o compromisso

com a Educação para as Relações

Étnico-Raciais.

Promoção de encontros para

planejamento, seminários e

espaços de discussão dessas

temáticas, considerando a

legislação vigente, integrando-

as ao Regimento Escolar,

Proposta Pedagógica Curricular,

Projeto Político Pedagógico e

Plano de Trabalho Docente;

Manutenção de espaços que

permitam à Equipe

Multidisciplinar dialogar,

informar, formar, e mobilizar a

comunidade escolar para que as

ações estabelecidas sejam

efetivamente desenvolvidas;

Elaboração de atividades de

reflexão e atualização;

Desenvolvimento de atividades

pedagógicas

metodologicamente elaboradas

e fundamentadas nos direitos

humanos, na valorização da

diversidade étnico racial e que

combatam todas as formas de

discriminação.

Educação no sistema penal:

- orientações quanto ás

normas de segurança

- encaminhamentos

pedagógicos

Profissionais da Educação

Há necessidade de que os

profissionais da educação

recebam orientações quanto aos

procedimentos que envolvem as

questões de segurança e de

assessoramento pedagógico que

ofereça subsídio para a realização

de um trabalho que atenda às

particularidades da instituição

penal.

Participação da equipe de

segurança nas reuniões pedagógicas

dos profissionais da educação para

orientações acerca da organização

operacional da unidade penal

Estudo e reflexão sobre a

educação na unidade penal de forma

a se apropriar desta realidade

favorecendo um trabalho consciente

e comprometido com o processo de

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Setor de Segurança

Alunos

NORMAS DE SEGURANÇA

Setor de Segurança e Setor de

Educação

ORIENTAÇÕES

PEDAGÓGICAS PARA

EDUCANDOS EM

PRIVAÇÃO DE LIBERDADE

Equipe Pedagógica CEEBJA

Nova Visão

humanização, reeducação e

ressocialização.

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11. PLANO DE AÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR (2013-2014)

APRESENTAÇÃO

A educação (formal e informal) pode e deve ser um dos caminhos para promover o respeito

à diversidade e a igualdade nas relações étnico-raciais. Algumas iniciativas voltadas para as

populações negra e indígena no campo da educação estão em curso no Brasil e podem ser

considerados resultados diretos e indiretos da luta do movimento negro e do movimento indígena

pela igualdade racial e social. A escola, atualmente tem como parâmetro favorecer a todos a

oportunidade de aprender aspectos de socialização.

Assim, socialização é por natureza o objetivo humano e a convivência em grupo justifica a

paixão humana pela vida em sociedade, onde se afirmam a relação entre o individual e o coletivo,

para o espírito de equipe configurando-se em união, cooperação, respeito, responsabilidade,

perseverança e garra em que cada um associa aos desafios a serem transpostos.

Considerando a forte desigualdade social que nos cerca, principalmente relacionada à

população negra e indígena, este plano visa implementar ações, a serem executadas nos próximos

dois anos em que a comunidade escolar assume o compromisso com a Educação para as Relações

Étnico-Raciais.

As orientações e expectativas de aprendizagem sobre relações étnico-raciais serão propostas

de acordo com a Lei nº 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura

afro- brasileiras e africanas nos currículos escolares. Seu conteúdo altera o art. 26-A da Lei no 9.394

(Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), de 20 de dezembro de 1996, sendo a temática

indígena embasada pela Lei nº 11.565.

Basicamente estas leis sintetizam uma discussão de âmbito nacional e direcionam as

unidades educacionais para a proposição de atividades relevantes em relação aos conhecimentos das

diversas populações africanas e indígenas, suas origens e contribuições para o nosso cotidiano e

história, num movimento de construção e re-dimensionamento curricular e ação educativa,

salientando a importância do contexto e sua diversidade cultural.

A aprovação das mesmas decorre de uma série de demandas do Movimento Social Negro

Brasileiro e Indígena e aponta para um novo momento das relações do Estado com os movimentos

sociais organizados e a educação. Essas leis se constituem em uma das principais iniciativas das

ações afirmativas adotadas no Brasil e que tem contribuído para a disseminação do estudo da

história da África e dos africanos, da luta das pessoas negras no Brasil, assim como os povos

indígenas e da sua presença na formação da nação brasileira.

As supracitadas leis sinalizam para um modelo educacional que prioriza a diversidade

cultural presente na sociedade brasileira e, portanto, na sala de aula, de modo que as ideias sobre

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reconhecimento, respeito à pluralidade cultural, democracia e cidadania prevaleçam em todas as

relações que envolvem a educação e a comunidade escolar, desde o processo de formulação de

ações educacionais e de formação de docentes até as atividades pedagógicas, metodológicas e de

acolhimento de educandos.

Assim este novo momento histórico pressupõe a formação da comunidade escolar para

ampliação do conhecimento acerca desta temática fazendo uma reflexão das injustiças e práticas de

valores excludentes no espaço escolar e para a inclusão, de forma pedagógica e didática, de

temáticas relacionadas à questão racial nas várias disciplinas ou áreas do conhecimento da matriz

curricular. Tratar de identidade racial, portanto, implica o respeito à diversidade cultural presente na

sala de aula e no cotidiano dos educandos em geral, seja essa diversidade transmitida no meio

familiar ou em comunidades religiosas de matrizes africanas ou indígenas.

Nesse desafio, espera-se de toda a comunidade escolar o respeito às identidades culturais e

religiosas transmitidas aos educandos pelas famílias e pelos meios sociais em que vivem. Nesse

caso deve-se ressaltar o respeito à diversidade, sendo esse um exercício democrático e de cidadania

em que a escola, enquanto espaço de socialização de conhecimentos, inaugura um novo caminho, já

que a educação plural implica o repensar o ensino-aprendizagem.

Nas suas ações a escola deve contemplar a história e a cultura de todos os povos, de todos os

continentes que compõem a população brasileira, como as dos descendentes de indígenas, de

africanos, de asiáticos e de europeus.

Assim, a escola, como instituição que tem o papel de contribuir na formação dos cidadãos,

deve assegurar o direto à educação a todos os brasileiros e, ao mesmo tempo, ser aliada na luta

contra qualquer forma de discriminação ou exclusão, dentre as quais a de raça. É relevante que toda

a comunidade escolar entenda e caminhe no sentido de que a relevância dos temas que envolvem a

inclusão no currículo escolar da história e da cultura afro-brasileiras e africanas e indígena seja

reconhecida por todos os brasileiros – homens e mulheres – interessados na construção de uma

sociedade que respeite o seu perfil multicultural e pluriétnico.

OBJETIVOS

Este plano de ação inserido no processo pedagógico via Projeto Político Pedagógico visa:

- Fazer cumprir neste estabelecimento de ensino, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino

da História e Cultura Africana e Afro-Brasileira e para a Educação para as Relações Étnico-Raciais;

- Promover a compreensão da formação da população brasileira a partir da contribuição dos povos

negros e indígenas;

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- Proporcionar encontros de planejamento, seminários e espaços de discussão dessas temáticas,

considerando a legislação vigente, integrando-as ao Regimento Escolar, Proposta Pedagógica

Curricular, Projeto Político Pedagógico e Plano de Trabalho Docente;

- Dialogar, informar, formar, e mobilizar a comunidade escolar para que as ações estabelecidas pela

Equipe Multidisciplinar sejam efetivamente desenvolvidas;

- Promover atividades de reflexão, em cumprimento ao disposto no Art. 205 da Constituição

Federal, que assinala o dever do Estado de garantir indistintamente, por meio da educação, iguais

direitos para o pleno desenvolvimento de todos e de cada um, como pessoa, cidadão ou profissional.

- Desenvolver, atividades pedagógicas, metodologicamente elaboradas e fundamentadas nos direitos

humanos, na valorização da diversidade étnicorracial e que combatam todas as formas de

discriminação.

DESENVOLVIMENTO

A proposta, desta escola, para o trabalho sobre as questões étnico raciais pressupõe que os

conceitos sejam trabalhados de forma abrangente, mas sem perder a dimensão da perspectiva

histórica e da contribuição dos povos africanos e indígenas para o que somos hoje como nação e

cidadãos brasileiros, justificando nossas condutas e padrões e vislumbrando a erradicação do

preconceito e discriminação política, econômica e social.

Todavia, o sucesso da execução não depende apenas do processo educativo escolar, já que o

enfrentamento do racismo e das desigualdades não é tarefa exclusiva da escola. Mas escola e

sociedade civil estão imbricadas com processos que resultam no modelo das relações entre os

diversos grupos étnicos e raciais do País e, por isso, refletem-se na escola ou são reproduzidos por

esta.

Nesse caso, a formação de educadores para a aplicação, deste plano de ação, embasado pela

Lei nº 10.639/03 e Lei nº 11.565 deve contemplar discussões temáticas mais complexas, como

identidade racial, de gênero e sexualidade, autoestima, processos de resistência histórica e os modos

de retransmitir as culturas de cada povo.

Nesta perspectiva, estas ações interferem diretamente no papel da escola, pois sinaliza para

uma instituição democrática e transformadora dos valores.

Por conseguinte, os educadores podem trabalhar com questões voltadas para positivar o

passado das pessoas negras africanas escravizadas no Brasil, dando exemplos do processo de

resistência vivido pela comunidade negra brasileira, da formação dos quilombos sendo o mais

famoso o Quilombo de Palmares, das medidas tomadas na atualidade para o reconhecimento das

terras remanescentes de quilombos no Brasil, da resistência das pessoas, escravizadas mediante a

construção do sincretismo religioso, da formação das irmandades ligadas à Igreja Católica e que

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contribuíram para libertação de pessoas escravizadas, da mesma forma reconhecer a cultura dos

povos indígenas, a língua materna, as crenças, a memória histórica, os saberes ligados à identidade

étnica, as suas organizações sociais do trabalho, as reações humanas e manifestações artísticas.

Deste conhecimento podemos respeitar e valorizar o conjunto de saberes e procedimentos culturais

produzidos por estes povos ao logo de sua história.

Para o desenvolvimento das ações pedagógicas o educador pode recorrer a vários

mecanismos didáticos para tratar desta temática, identificando a reprodução ou não de estereótipos

sobre a participação negra e indígena na sociedade brasileira e abordar a riqueza da cultura destes

povos e as contribuições para a formação do povo brasileiro.

Assim os conteúdos escolares devem contemplar essa pluralidade, de forma a interferir

positivamente na compreensão das relações étnicorraciais.

AVALIAÇÃO

O processo avaliativo parte do pressuposto de que se defrontar com dificuldades é inerente

ao ato educativo. Assim, o diagnóstico de dificuldades e facilidades deve ser compreendido não

como um veredito que irá julgar o encaminhamento adotado, mas sim como uma análise dos

resultados obtidos, em função das condições de trabalho que estão sendo oferecidas. Nestes termos,

ao avaliar o trabalho deste plano de ação questionaremos:

-Que problemas a escola vem enfrentando acerca desta temática?

- Por que a comunidade escolar não conseguiu alcançar determinados objetivos?

- Qual o processo de trabalho utilizado?

- Quais os resultados significativos produzidos pelo coletivo da escola?

A avaliação segundo Belonni (2003, p. 15) constitui num ―processo sistemático de análise de

uma atividade, fatos ou coisas que permite compreender, de forma contextualizada, todas as suas

dimensões e implicações, com vistas a estimular seu aperfeiçoamento‖. A avaliação num Plano de

Ação é um dos instrumentos de monitoramento e de planejamento do processo de implantação de

um projeto elaborado. Neste Plano de Ação o processo de avaliação demanda uma perspectiva

emancipatória, que segundo Saul (apud BELONNI, MAGALHÃES e SOUSA: 2003, p. 18)

constitui num [...] processo de descrição, análise e crítica de uma dada realidade, visando

transformara. O compromisso principal desta avaliação é o de fazer com que comunidade escolar

escrevam a sua ‗própria história‘ e gerem as suas próprias alternativas de ação.

Recomenda-se observar no processo de avaliação do plano de ação: os princípios teórico-

metodológicos a partir dos conteúdos temáticos e da metodologia adotada; a relação entre objetivos,

metas e resultados; o processo de mobilização; as metodologias e recursos; as estratégias de

avaliação e as possibilidades de crescimento do grupo. Sugere-se que nesta avaliação sejam

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101

adotados processos contínuos e participativos. As avaliações devem ocorrer periodicamente,

garantindo a participação de toda comunidade escolar, podendo ocorrer no nível individual e

coletivo.

Os instrumentos que irão subsidiar as avaliações serão estudos, pesquisas, diagnósticos e

relatórios elaborados no processo de desenvolvimento do plano sobre os avanços, possibilidades,

limites o do percurso da Equipe Multidisciplinar que serão compartilhados com o grupo.

Desta forma, a avaliação, será compreendida como uma crítica do percurso deste plano de

ação. Enquanto o planejamento dimensiona o que se vai construir, a avaliação subsidia essa

construção, porque fundamenta novas decisões. A avaliação servirá como um sistema de crítica do

próprio plano de ação que elaboramos e estamos desejando levar adiante. Segundo Luckesi ―um ato

amoroso, um ato de cuidado‖ pelo qual todos verificam como estão desenvolvendo suas ações e

como podem trabalhar para que as ações se fortaleçam e promovam o crescimento do coletivo da

escola acerca desta temática.

CRONOGRAMA

Este Plano de Ação tem como base as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

para as Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

(2009), fruto de seis encontros denominados Diálogos Regionais sobre a Implementação da Lei

10639/2003, tem como objetivo central colaborar para que todo o sistema de ensino e as instituições

educacionais brasileiras cumpram as determinações legais com vistas a enfrentar todas as formas de

preconceito, racismo e discriminação para garantir o direito de aprender e à equidade educacional.

Organizado em consonância com as discussões realizadas nas reuniões pedagógicas e da

equipe multidisciplinar desta instituição de ensino tem a proposta de auxiliar/acompanhar a

comunidade escolar para a elaboração das ações a serem efetivas na escola com a promoção da

diversidade e de combate à desigualdade racial.

AÇÕES PERÍODO

Reunião com comunidade escolar para conhecimento da proposta de

trabalho da Equipe Multidisciplinar biênio 2013/2014

Mês de maio 2013

Reuniões por segmento para indicação do representante para compor

a Equipe Multidisciplinar.

Mês de abril 2013

Envio da ata com componentes da equipe para NRE proceder à

homologação

Mês de abril 2013

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102

Reunião da Equipe Multidisciplinar para atribuições de funções Mês de maio 2013

Elaboração do Plano de Ação da Equipe Multidisciplinar Mês de maio 2013

Divulgar Plano de Ação para a comunidade escolar Mês de junho 2013

Semana da Consciência Negra Mês de Novembro 2013/2014

Reunião para organização das atividades da semana Mês de Novembro 2013/2014

Estudo, legislação e embasamento da temática por toda comunidade

escolar, individualmente.

Mês de Novembro 2013

1º Semestre 2014

Promoção de Debate com a comunidade escolar sobre as Leis

10.639/03 e 11.645/08, refletindo o contexto histórico social de

ambas as leis.

2º Semestre 2013

1º/2º Semestre 2014

Reuniões técnicas e pedagógicas para estabelecer rotinas e definir

ações da Equipe multidisciplinar

2º Semestre 2013

1º/2º Semestre 2014

Mensal

Formação Continuada para a comunidade escolar na intenção de

instrumentalização teórico-metodológica e informações sobre

Educação das Relações Étnico-Raciais, na perspectiva das Diretrizes

Nacionais Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais

e para o ensino de História e Cultura africana e afro-brasileira e

Indígena de forma a Incentivar os educadores, a discutirem de forma

autônoma as questões relacionadas aos afrodescendentes e indígenas

na sociedade brasileira.

1º/2º Semestre 2014

Bimestral

Refletir sobre a significação histórica e cultural atribuída aos

conceitos que envolvem a temática

Novembro e Dezembro 2013

Problematizar na prática pedagógica cotidiana e contemplar nos

documentos próprios do Estabelecimento de Ensino (PPP, PPC, PTD,

Regimento Escolar e Plano de Ação da Direção) sobre a temática.

Bienio 2013/2014

Pesquisar e sequenciar as contribuições das personalidades negras em

diferentes áreas do conhecimento e das diferentes comunidades

1º/2º Semestre 2014

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103

tradicionais indígenas em relação à medicina, técnicas deferentes de

produção, narrativas pedagógicas, literatura, arte, observação da flora

e da fauna, os movimentos astronômicos, religiosidade, educação e

ensinamentos por meio dos rituais de passagem, dentre outros;

Promover eventos/momentos com a participação de entidades e

personalidades com conhecimento em relação à História e Cultura

Africana, Afro-brasileira e Indígena.

1º/2º Semestre 2013-2014

Organizar e disponibilizar um espaço próprio no estabelecimento de

Ensino com: Literatura Específica, Imagens, Músicas, entre outros,

voltados para a História e Cultura Africana, Afro-brasileira e

Indígena;

Novembro e Dezembro 2013

1º/2º Semestre 2014

Elaboração de uma lista de Filmes e Recortes Fílmicos, Textos,

Literatura, Documentários, Narrativas e Sites para a socialização com

os professores e estudantes sobre a temática Africana, Afro-brasileira

e Indígena;

Novembro e Dezembro 2013

1º/2º Semestre 2014

Possibilitar, oportunizar discussões, socializar sugestões,

experiências e projetos na comunidade escolar.

1º/2º Semestre 2013/2014

Palestras, debates com a participação de toda comunidade escolar. 1º/2º Semestre 2013/2014

Realização de seminários para enriquecer e ampliar os conceitos

adquiridos no decorrer do processo.

2º Semestre 2013 e no decorrer de

2014

Incentivar a comunidade escolar a acessar site com informações

sobre a temática

Biênio - 2013/2014

Elaboração de memorial com registro das atividades desenvolvidas

pela comunidade escolar.

Novembro e Dezembro 2013

Acompanhamento das atividades realizadas, com todos os segmentos

da escola, para avaliação do processo, bem como a elaboração do

Documento solicitado pela mantenedora MEMORIAL

DESCRITIVO DE AÇÕES DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR.

Biênio - 2013/2014

Encontros Coletivos da equipe multidisciplinar com datas pré

definidas para estudos e aprofundamentos objetivando melhorias em

nossas práticas escolares

Colocar datas

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104

REFERÊNCIAS

* LEGISLAÇÃO CONSULTADA

Declaração Universal dos Direitos Humanos. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB), alterada pelas Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 (Artigo 26-A).

Parecer CNE/CP 03/2004 e Resolução CNE/CP 01/2004.

Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnicorraciais para o Ensino de

História e Cultura Afro-brasileira e Africana.

Plano de Implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações

Étnicorraciais para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana

* OBRAS CONSULTADAS

AMÂNCIO, Iris Maria da Costa (org.) Literaturas Africanas e afro-brasileiras na prática

pedagógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

BELLONI, Isaura; MAGALHÃES, Heitor de e SOUSA, Luzia Costa de. Metodologia de

avaliação em políticas públicas. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2003.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana:

Educando para as relações étnico-raciais. Departamento de Ensino Fundamental. Curitiba:

SEED-PR, 2006. Cadernos Temáticos;

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Educando para as Relações Étnico-raciais II.

Coordenação de Desafios Educacionais. Curitiba: SEED-PR, 2008. (Cadernos Temáticos Desafios

Educacionais, 5).

ROCHA, Rosa margarida de Carvalho. Educação das Relações Étnico-raciais: pensando

referenciais para a organização da prática pedagógica. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007.

SÃO PAULO, Orientações Curriculares e Expectativas de Aprendizagem Étnico-racial na

Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. São Paulo:Secretaria Municipal de Educação-

SP,2008.

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem,

ou por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender;

e, se elas podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar...”

Nelson Mandela

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12. PLANO DE AÇÃO DA EDUCAÇÃO FISCAL

PLANO DE AÇÃO EDUCAÇÃO FISCAL

INFORMAÇÃO É CIDADANIA

―É difícil imaginar uma sociedade efetivamente democrática sem que a população tenha

conhecimento de onde se gasta o recurso público.‖ Luiz Eduardo da Veiga Sebastiani

OBJETIVO GERAL:

Promover educação fiscal para o pleno exercício da cidadania.

Conscientizar a comunidade escolar sobre a importância dos impostos para o desenvolvimento da

sociedade.

Despertar o interesse do cidadão para acompanhar a aplicação dos recursos postos à disposição da

Administração Pública, tendo em vista o benefício de toda a população.

OBJETIVO ESPECÍFICO:

Oferecer condições à comunidade escolar de entender como funciona a arrecadação tributária, bem

como entender basicamente como estes se constituem;

Orientar a comunidade educacional para a função social do tributo;

Compartilhar com a comunidade escolar os conhecimentos acerca da importância da consciência

fiscal e sobre o funcionamento da administração pública e da execução do orçamento público;

Disseminar entre a comunidade escolar o senso crítico e a importância do controle social em nosso

cotidiano;

Fornecer informações para que a comunidade escolar entenda o que realmente é o imposto e onde

eles são aplicados efetivamente através do acompanhamento das prestações de contas;

Esclarecer a comunidade escolar acerca dos malefícios que a corrupção traz para a vida coletiva;

Incentivar o pagamento correto dos impostos;

Sensibilizar o cidadão para função sócio-econômica do tributo.

Conscientizar a todos sobre a importância do convívio social pacífico e sobre a importância da

coletividade;

Subsidiar os educadores com informações teóricas sobre a geração, arrecadação e distribuição fiscal

nas políticas públicas.

Criar condições para que os educadores articulem os conhecimentos referentes à educação fiscal com

as diferentes áreas do conhecimento, níveis e modalidades de ensino, no sentido de formar nos

educandos uma consciência crítica sobre as diferenças e desigualdades socioeconômicas.

Valorizar a identidade cidadã da comunidade escolar, para fortalecer a exigência do direito ao

usufruto dos bens sociais.

PÚBLICO ENVOLVIDO:

Professores

Funcionários

Alunos

CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO:

Ano letivo 2014

JUSTIFICATIVA:

Na sociedade atual é importante que estejamos conscientes da realidade social que vivemos, sejamos

sensíveis às situações em nosso entorno e responsáveis em nossos deveres. Não podemos ficar alheios

ao que ocorre no dia-a-dia, precisamos agir e levar o que conhecemos a outras pessoas para que

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106

juntos possamos transformar e melhorar a situação social contemporânea.

A Educação Fiscal na escola é uma ação que visa construir um novo conceito de cidadão, consciente

de seu papel na sociedade e ciente de que sua participação nas decisões sociais é imprescindível.

Face aos múltiplos desafios da sociedade, a educação surge como uma ferramenta indispensável na

construção dos ideais de paz, liberdade e justiça social. A justiça social tem na consciência os direitos

e deveres sua fundamentação. A construção de uma sociedade democrática e produtiva tem suas

raízes no conhecimento que permite às pessoas atuarem como cidadãos, exercendo a cidadania

consciente de sua responsabilidade social, responsabilidade compartilhada entre o Estado, a

Administração Pública e os Cidadãos.

Assim surge a Educação Fiscal como um programa nacional, o PNEF (Programa Nacional de

Educação Fiscal), integrado pelos Ministérios da Educação, Receita Federal do Brasil, Secretaria do

Tesouro Nacional, Escola Superior de Administração Fazendária - ESAF e Secretarias de Fazenda e

de Educação Estadual. Entendido como prática educacional com o objetivo de desenvolver valores e

atitudes, a partir do entendimento do funcionamento da administração pública, da função sócio-

econômica dos tributos, da aplicação dos recursos públicos e de estratégias para o exercício do

controle social.

É nesse contexto que a Educação Fiscal se alinha a um amplo projeto educativo, com o objetivo de

propiciar o bem-estar social, consequência da consciência cidadã e da construção crítica de

conhecimentos específicos sobre os direitos e deveres do cidadão, em busca da efetivação do

princípio constitucional da dignidade humana.

Desse modo, a Educação Fiscal deve ser entendida como um instrumento de disseminação de uma

nova cultura cidadã, fundada nos seguintes pressupostos:

Conscientização da função socioeconômica dos tributos;

1. Gestão e controle democráticos dos recursos públicos;

2. Vinculação entre a educação, o trabalho e as práticas sociais;

3. Exercício efetivo da cidadania.

Com este plano de ação espera-se informar e despertar na comunidade escolar a importância social do

tributo como instrumento de garantia do bem comum para que sejamos ―sujeitos‖ do processo de

construção de uma sociedade mais justa e humana.

CONTEÚDO ESCOLHIDO:

- Caderno 01 – Educação Fiscal no Contexto Social

ENCAMINHAMENTO:

Este Plano de Ação: Informação é Cidadania, foi planejado para o segundo semestre deste ano e

para o letivo 2012, tem o objetivo de trabalhar práticas de cidadania como forma de desenvolver

valores e atitudes vinculados aos direitos e deveres do cidadão na vivência das suas relações sociais e

culturais.

Esses saberes poderão ser trabalhados de forma articulada com as diversas áreas do conhecimento:

Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências, LEM-Inglês, Arte, Educação Física,

Química, Física, Biologia, Filosofia e Sociologia.

No primeiro momento será realizada a apresentação do Plano de Ação da Educação Fiscal ao grupo

de professores e funcionários para que conheçam a proposta de trabalho: fundamentação teórica -

conceitos, finalidade, objetivos e proposta de implementação: palestras e grupos de estudos

subsidiando o grupo para o desenvolvimento de uma prática pedagógica qualitativa e focada no

desenvolvimento da consciência crítica para o exercício do controle social, possibilitando a reflexão e

a prática dos direitos e deveres do cidadão.

Será organizado um mural para disseminar informações acerca da Educação Fiscal: referencial

teórico, curiosidades e atualidades. Para o grupo de professores e funcionários será encaminhado, via

e-mail, informações que possam subsidiá-lo acerca desta temática.

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107

Também será realizada enquete com os professores para selecionar conteúdos e atividades a serem

desenvolvidos com os alunos, de acordo com a possibilidade de sua disciplina, estas atividades estarão

relacionadas no Plano de Trabalho Docente de cada professor.

Dentre as sugestões selecionadas, destacamos:

aulas expositivas; debates; pesquisas; confecção de cartazes; mural informativo;

leitura de histórias associadas à questão dos tributos; interpretações de textos sobre a importância dos

tributos; escrita de paródias sobre Educação Fiscal; entrevistas com profissionais do município sobre a

importância do Programa Nacional de Educação Fiscal;

Também será utilizada a Coleção Cadernos de EJA que foi elaborada para o ensino fundamental de

jovens e adultos, que também poderá ser utilizada pelo ensino médio. Este material segue as

orientações curriculares do CNE, organizando os componentes e conteúdos em torno de eixos

temáticos e tem o trabalho como eixo geral integrador desses temas. Cadernos selecionados:

Economia Solidária e Trabalho, Emprego e Trabalho, Globalização e Trabalho, Qualidade de vida,

consumo e Trabalho e outros cadernos que se tornarem necessários.

E no dia a dia da escola teremos oportunidade de trabalharmos a Educação Fiscal em seu currículo

explícito e oculto, e em todas as disciplinas em diferentes aspectos, seja no contexto social, na relação

do Estado com essa a sociedade, na gestão democrática dos recursos públicos e sua tributação. E tudo

isso está presente em forma de incentivos fiscais e liberação de verbas públicas na arte, nas ciências,

nos esportes, no espaço geográfico através do meio ambiente e da infra-estrutura. E para tudo isso

usaremos os cálculos matemáticos quantificando objetos e valores. Saúde, alimentação, meio

ambiente, tecnologia, infra-estrutura, educação, moradia, empregabilidade e segurança são alguns

temas que nos farão refletir na qualidade de vida da população e como essas questões estão sendo

trabalhadas pelos governantes, quais as necessidades e as verbas disponíveis. É trabalho de toda a

escola a valorização das raízes e o respeito à diversidade cultural, seus hábitos e costumes. E ainda

incentivar autonomia, a responsabilidade, a solidariedade e o respeito ao bem comum. Preservando a

sensibilidade e a criatividade. O respeito à ordem democrática de forma participativa através do

conhecimento dos direitos e deveres de um cidadão, sempre na perspectiva de transformação do meio

ambiente em sua ampla concepção, a partir da leitura do seu entorno.

Desta forma o Plano de Ação da Educação Fiscal desta escola será...

...―construído pelas mãos de todos, a partir da nossa visão de mundo e da

participação consciente no contexto das relações humanas, sociais,

econômicas, em que cada um é sujeito da sua história e da história de todos.‖

(Caderno 1 - Educação Fiscal no Contexto Social)

RECURSOS:

TV Pendrive, DVD, Cartaz, Livros, Revistas, Apostilas e outros.

AVALIAÇÃO:

A avaliação será realizada de acordo com a participação da comunidade escolar nas atividades

propostas de forma a atingir os objetivos propostos.

REFERÊNCIAS:

Cartilha CGU. Olho Vivo no Dinheiro Público – Um guia para para o cidadão garantir os seus

direitos. Gráfica Brasil Editora & Marketing Ltda – edição revisada, 26/6/2009.

EDUCAÇÃO FISCAL: ensino médio – caderno do professor/ Organizadores Maria Auxiladora

Maroneze de Abreu; Francisco de Assis Maroneze de Abreu; Juçara Terezinha Cabral. –

Florianópolis, 2005.

MEC.SECAD-Secretraria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Brasília, 2007

(Coleção Cadernos de EJA)

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO FISCAL. produção coletiva de educadores da rede pública estadual

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de ensino de Minas Gerais e técnicos do GEFE. Pará de Minas, 2003.

PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO FISCAL – Caderno 1 – Educação Fiscal no Contexto

Social. Brasília, 2009. ESAF

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109

13 . REGIME DE FUNCIONAMENTO

Matriz Curricular

* Ensino Fundamental – Fase I

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ENSINO FUNDAMENTAL – FASE I

ESTABELECIMENTO: Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos - CEEBJA

NOVA VISÃO

ENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do Paraná

MUNICÍPIO: Guarapuava NRE: Guarapuava

ANO DE IMPLANTAÇÃO: 1º Sem/2009 FORMA: Simultânea

CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1200 horas ou 1440 h/a

ÁREAS DO CONHECIMENTO Total de

Horas

Total de

horas/aula

LÍNGUA PORTUGUESA

1200

1440 MATEMÁTICA

ESTUDOS DA SOCIEDADE E DA NATUREZA

TOTAL

1200 1440

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110

* Ensino Fundamental – Fase II

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II

ESTABELECIMENTO: Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos - CEEBJA

NOVA VISÃO

ENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do Paraná

MUNICÍPIO: Guarapuava NRE: Guarapuava

ANO DE IMPLANTAÇÃO: 1º Sem/2011 FORMA: Simultânea

CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1600/.1610 horas ou 1920/1932 h/a

DISCIPLINAS Total de

Horas

Total de

horas/aula

LÍNGUA PORTUGUESA 280 336

ARTES 94 112

LEM – INGLÊS 213 256

EDUCAÇÃO FÍSICA 94 112

MATEMÁTICA 280 336

CIÊNCIAS NATURAIS 213 256

HISTÓRIA 213 256

GEOGRAFIA 213 256

ENSINO RELIGIOSO* 10 12

TOTAL

1600/1610 1920/1932

* disciplina de oferta obrigatória pelo estabelecimento de ensino e de matrícula facultativa

para o educando.

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111

* Ensino Médio

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ENSINO MÉDIO

ESTABELECIMENTO: Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos - CEEBJA

NOVA VISÃO

ENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do Paraná

MUNICÍPIO: Guarapuava NRE: Guarapuava

ANO DE IMPLANTAÇÃO: 2º Sem/2009 FORMA: Simultânea

CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1200/1210 horas 1440/1452 h/a

DISCIPLINAS Total de

Horas

Total de

horas/aula

L. PORTUGUESA E LITERATURA 174 208

LEM – INGLÊS 106 128

ARTE 54 64

EDUCAÇÃO FÍSICA 54 64

MATEMÁTICA 174 208

QUÍMICA 106 128

FÍSICA 106 128

BIOLOGIA 106 128

HISTÓRIA 106 128

GEOGRAFIA 106 128

SOCIOLOGIA 54 64

FILOSOFIA 54 64

* LÍNGUA ESPANHOLA 54 64

TOTAL

1200/1210 1440/1452

* disciplina de oferta obrigatória pelo estabelecimento de ensino e de matrícula facultativa

para o educando.

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112

14. CALENDARIO ESCOLAR

D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S

1 1

1 2 3 4 2 3 4 5 6 7 8 20 2 3 4 5 6 7 8 18

5 6 7 8 9 10 11 9 10 11 12 13 14 15 dias 9 10 11 12 13 14 15 dias

12 13 14 15 16 17 18 16 17 18 19 20 21 22 16 17 18 19 20 21 22

19 20 21 22 23 24 25 23 24 25 26 27 28 23 24 25 26 27 28 29

26 27 28 29 30 31 30 31

D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S

1 2 3 4 5 1 2 3 1 2 3 4 5 6 7

6 7 8 9 10 11 12 20 4 5 6 7 8 9 10 20 8 9 10 11 12 13 14 13

13 14 15 16 17 18 19 dias 11 12 13 14 15 16 17 dias 15 16 17 18 19 20 21 dias

20 21 22 23 24 25 26 18 19 20 21 22 23 24 22 23 24 25 26 27 28 1º sem

27 28 29 30 25 26 27 28 29 30 31 29 30 101

21 Tiradentes

D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S

1 2 3 4 5 1 2 1 2 3 4 5 6

6 7 8 9 10 11 12 10 3 4 5 6 7 8 9 21 7 8 9 10 11 12 13 22

13 14 15 16 17 18 19 dias 10 11 12 13 14 15 16 dias 14 15 16 17 18 19 20 dias

20 21 22 23 24 25 26 17 18 19 20 21 22 23 21 22 23 24 25 26 27

27 28 29 30 31 4 24 25 26 27 28 29 30 28 29 30

dias 31

D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S

1 2 3 4 1 1 2 3 4 5 6

5 6 7 8 9 10 11 22 2 3 4 5 6 7 8 20 7 8 9 10 11 12 13 12

12 13 14 15 16 17 18 dias 9 10 11 12 13 14 15 dias 14 15 16 17 18 19 20 dias

19 20 21 22 23 24 25 16 17 18 19 20 21 22 21 22 23 24 25 26 27 2º sem

26 27 28 29 30 31 23 24 25 26 27 28 29 28 29 30 31 101

30

Início/Término das aulas

PlanejamentoFériasRecesso

Semana Pedagógica 202

Jogos do Brasil na Copa do MundoFeriado Municipal

Antecipação Dia dos ProfessoresSemana de Integração Reunião Pedagógica (matutino)Replanejamento Formação em açãoFormação em ação

13 Antecipação Dia do Professor

12 N. S. Aparecida

29 Formação em Ação

15 Proclamação da República 25 Natal

09 Feriado Municipal

2 Finados 19 Emancipação Política do PR

Copa:12/06, 16/06 a 23/06 (sem atividades escolares)

Total 67 Total 60outros recessos 2

14junho/julho 14 dez/recesso 14fevereiro 9 junho/julho/recessoJaneiro 30 janeiro/ férias 30

20 Dia Nacional da Consciência Negra

Férias Discentes Férias/Recesso/Docentes

07 Dia do Funcionário de Escola 7 Independência

Outubro Novembro Dezembro

11 a 15 Semana de Integração

15 Replanejamento

26 Reunião Pedagógica

Julho Agosto Setembro

18 Paixão 20 Páscoa 1 Dia do Trabalho 19 Corpus Christi

30 Formação em Ação 12/17/23 - jogos do Brasil

11 Reunião Pedagógica

1 Dia Mundial da Paz 3 e 4 Carnaval

Abril Maio Junho

Direção

Término do 1º semestre e início do 2º semestre

14dezembro

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Calendário Escolar 2014Considerados como dias let ivos: semana pedagógica (05 dias); formação cont inuada (02 dias); planejamento (02) dias; replanejamento (01 dia) – Delib. 02/02-CEE

Janeiro Fevereiro Março

Conselho Escolar Conselho Escolar Conselho Escolar

Obs.: As duas reuniões pedagógicas ocorrerão nas sexta-feiras, pois não temos aulas no período matutino.

CEEBJA – CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS – NOVA VISÃO

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Secretária Equipe Pedagógica

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