74
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia de Jundiaí Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental LETÍCIA ROSSINI ARANTES SAMARA MENDONÇA KRIEGER REALIZAÇÃO DE UM DIAGNÓSTICO AMBIENTAL EM ÁREA RURAL: com elaboração de um plano de gerenciamento de resíduos e iniciativa de educação ambiental Jundiaí 2013

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA

Faculdade de Tecnologia de Jundiaí

Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental

LETÍCIA ROSSINI ARANTES

SAMARA MENDONÇA KRIEGER

REALIZAÇÃO DE UM DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

EM ÁREA RURAL: com elaboração de um plano de

gerenciamento de resíduos e iniciativa de educação

ambiental

Jundiaí 2013

Page 2: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

i

LETÍCIA ROSSINI ARANTES

SAMARA MENDONÇA KRIEGER

REALIZAÇÃO DE UM DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

EM ÁREA RURAL: com elaboração de um plano de

gerenciamento de resíduos e iniciativa de educação

ambiental

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia de Jundiaí como requisito parcial para a obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Ambiental, sob a orientação da Professora Ms. Ana Carolina B. G. Veredas.

Jundiaí 2013

Page 3: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

ii

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado, como requisito parcial para a obtenção do título

de Tecnólogo em Gestão Ambiental, à banca examinadora da Faculdade de Tecnologia de

Jundiaí.

Nota: ___________________________

Data da defesa: ___________________

________________________________

Orientador

Aprovada Aprovada com restrições Reprovada

_______________________________________

Prof. Dra. Fernanda Alves Cangerana Pereira

Page 4: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

iii

Este trabalho é dedicado aos nossos

amigos e familiares, pela paciência

e entendimento da importância

da realização deste trabalho para a nossa

formação acadêmica e profissional, assim como

pela contribuição com a sociedade

e o meio ambiente.

Page 5: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

iv

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a nossa orientadora Prof.ª Ms. Ana Carolina B. G. Veredas pela

dedicação e contribuição com o desenvolvimento deste trabalho. Aos colaboradores

e a direção da área de estudo pela permissão e envolvimento com o tema. À

direção, à coordenação de curso e aos professores da FATEC-Jundiaí que de

alguma forma contribuíram com o presente trabalho. E por fim e sem menos

importância ao Centro Paula Souza pela oportunidade.

Page 6: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

v

A harmonia com a Terra é como a harmonia com um amigo; não se pode segurar a mão direita e ceifar a esquerda.

Aldo Leopold

Page 7: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

vi

ARANTES, Letícia Rossini e KRIEGER, Samara Mendonça. REALIZAÇÃO DE UM

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL EM ÁREA RURAL: com elaboração de um plano de

gerenciamento de resíduos e iniciativa de educação ambiental 76 f. Trabalho de

Conclusão de Curso de Tecnólogo em Gestão Ambiental. Faculdade de Tecnologia

de Jundiaí. Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. Jundiaí. 2013.

RESUMO

O aumento da população mundial e a demanda crescente por alimentos é uma das

grandes preocupações atuais. Visando assegurar produtividade e qualidade tem

sido empregados agrotóxicos em diversas etapas da produção agrícola: no

tratamento prévio das sementes, durante o cultivo ou após a colheita (SANCHES et

al, 2003). Dentro deste contexto, a realização de um diagnóstico ambiental, com

enfoque na elaboração de um plano de gerenciamento de resíduos químicos

gerados em áreas rurais e iniciativas de educação ambiental, proposto neste

trabalho, vem ao encontro para a contribuição da questão do correto manuseio

destes produtos. Quatro atividades principais foram realizadas para obtenção do

diagnóstico: revisão da literatura, questionário com o público alvo, avaliação in loco e

registro fotográfico, gerando uma matriz de impactos que elenca os principais

aspectos e impactos ambientais observados e suas ações de mitigação. Como

resultado prático, originou-se um manual orientativo e aplicação de iniciativa de

educação ambiental. Concluindo que, a gestão ambiental para a temática dos

defensivos agrícolas é de suma importância para atingir a conformidade legal,

garantindo a saúde e segurança do trabalhador, bem como a minimização de

impactos ambientais.

Palavras-chave: defensivos agrícolas, gerenciamento de resíduos, diagnóstico

ambiental, iniciativa ambiental.

Page 8: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

vii

ARANTES, Letícia Rossini e KRIEGER, Samara Mendonça. EXECUTION OF AN

ENVIRONMENTAL DIAGNOSTIC IN RURAL AREA: with elaboration of a waste

management plan and environmental education initiative 76 f. End of course

paper in Technologist Course in Environmental Management. Faculdade de

Tecnologia de Jundiaí. Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza.

Jundiaí. 2013.

ABSTRACT

The increasing world population and the growing demand for food is a major concern

today. Focusing to ensure productivity and quality have been used pesticides in

various stages of agricultural production: the pretreatment of seeds, in cultivation or

after harvest (SANCHEZ et al, 2003). In this context, the realization of an

environmental diagnostic, with a focus on developing a waste management plan in

rural areas and environmental education initiatives proposed in this work, meets the

contribution to the issue of proper handling of these products. Four main activities

were carried out to obtain the diagnosis: a literature review, questionnaire with the

target audience, site evaluation and photographic record, generating an impact

matrix that lists the main environmental aspects and impacts observed and their

mitigation actions. As a practical result, there arose a guidance manual and

application of environmental education initiative. Concluding that the environmental

management for the theme of pesticides is extremely important to achieve legal

compliance, ensuring the health and safety of workers as well as the minimization of

environmental impacts.

Keywords: pesticides, waste management, environmental diagnostic, environmental

initiative.

Page 9: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Detalhe para o rótulo em amarelo do agrotóxico – Classe II, Altamente

tóxico ......................................................................................................................... 19

Figura 2 – Esquema prático da metodologia adotada para realização do diagnóstico

ambiental na área em estudo ................................................................................... 27

Figura 3 - Ciclo dos defensivos agrícolas ................................................................. 37

Figura 4 - Preparação do equipamento .................................................................... 38

Figura 5 - Uso do EPI ............................................................................................... 39

Figura 6 - Preparação da calda ................................................................................ 39

Figura 7 - Despejo da calda no tanque ..................................................................... 39

Figura 8 – Tríplice Lavagem ..................................................................................... 39

Figura 9 – Lavagem de utensílios ............................................................................ 40

Figura 10 – Pulverização .......................................................................................... 40

Figura 11 – Elaboração da Iniciativa Ambiental ....................................................... 41

Figura 12 – Resultados do Diagnóstico .................................................................... 43

Figura 13 – Ed. Ambiental I ...................................................................................... 47

Figura 14 – Ed. Ambiental II ..................................................................................... 47

Figura 15 – Ed. Ambiental III .................................................................................... 47

Figura 16 – Sugestão para segregação da água residual da lavagem do tanque .... 49

Page 10: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

ix

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação toxicológica dos agrotóxicos segundo a ANVISA ............ 19

Quadro 2 – Defensivos mais utilizados pela área de estudo .................................... 28

Quadro 3 – Critério utilizado para classificação de impacto ambiental segundo sua

importância ............................................................................................................... 44

Quadro 4 – Levantamento de aspectos e impactos ambientais identificados na área

de estudo .................................................................................................................. 45

Page 11: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

x

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Resultados do questionário Preliminar .................................................. 51

Gráfico 2 – Conhecimento sobre os pontos abordados na Ed. Ambiental ............... 51

Gráfico 3 – Resultado do Questionário final ............................................................. 52

Page 12: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

xi

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 15

1.1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DOS AGROTÓXICOS ........................................................ 15

1.2 IMPACTOS À SAÚDE HUMANA ............................................................................... 16

1.3 IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE ............................................................................. 17

1.4 CLASSIFICAÇÃO TOXICOLÓGICA DOS AGROTÓXICOS .............................................. 18

1.5 GESTÃO AMBIENTAL EM ÁREAS RURAIS ............................................................... 20

1.6 NORMAS E LEGISLAÇÕES .................................................................................... 21

1.7 PROCESSO DE LOGÍSTICA REVERSA ..................................................................... 23

1.8 ALTERNATIVAS E PRÁTICAS AGRÍCOLAS ............................................................... 24

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 26

2.1. APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ............................................................................ 27

2.1.1 Área - Atividade de Campo ....................................................................... 28

2.1.2 Área entrevistada – Laboratório ................................................................ 31

2.1.3 Área entrevistada – Administrativo ............................................................ 32

2.2. AVALIAÇÃO IN LOCO ........................................................................................... 33

2.2.1 Fluxograma da Atividade de Campo ......................................................... 36

2.3 REGISTRO FOTOGRÁFICO .................................................................................... 38

2.4 INICIATIVA AMBIENTAL ......................................................................................... 41

3 ANÁLISES E RESULTADOS ................................................................................ 43

3.1 MATRIZ DE IMPACTOS ......................................................................................... 43

3.1.1 Manual Orientativo .................................................................................... 46

3.1.2 Iniciativa de Educação Ambiental.............................................................. 46

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 53

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55

APÊNDICE A – MANUAL ORIENTATIVO ............................................................... 60

APÊNDICE B - RELATO DE INICIATIVA AMBIENTAL........................................... 68

Page 13: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

xii

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO PARA AS ATIVIDADES ADMINISTRATIVO,

LABORATORIAL E CAMPO .................................................................................... 70

APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO PRELIMINAR E FINAL APLICADOS NA

INICIATIVA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL .............................................................. 72

Page 14: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

13

INTRODUÇÃO

O aumento da população mundial e a demanda crescente por alimentos é

uma das grandes preocupações atuais. Visando assegurar produtividade e

qualidade tem sido empregados agrotóxicos em diversas etapas da produção

agrícola: no tratamento prévio das sementes, durante o cultivo ou após a colheita

(SANCHES et al, 2003). Entretanto, seu emprego deve ser controlado devido à alta

toxicidade de alguns deles (KNEZEVIC E SERDAR, 2009). Portanto, o uso

adequado de agrotóxicos é um dos temas que vem atraindo a atenção de vários

segmentos do setor agrícola, uma vez que tem implicações em três áreas básicas

de grande importância no contexto global da sustentabilidade da agricultura: a

preservação do ambiente, a segurança da saúde dos usuários e a segurança

alimentar.

Dentro deste contexto, a realização de um diagnóstico ambiental, com

consequente elaboração de plano de gerenciamento de resíduos químicos gerados

em áreas rurais, proposto neste trabalho, vem ao encontro para a contribuição desta

questão do correto manuseio destes produtos.

O presente trabalho tem como objetivo a realização de um diagnóstico

ambiental com enfoque na elaboração de um plano de gerenciamento de resíduos

químicos e iniciativas de educação ambiental em áreas rurais, tendo como foco de

estudo uma propriedade rural, localizada na cidade de Jundiaí-SP, por apresentar as

condições favoráveis e necessárias para a elaboração do plano de manejo.

No contexto apresentado, este trabalho tem como objetivos específicos:

1) Abordar o estado da arte de defensivos agrícolas e seu correto manejo;

2) Levantar os instrumentos legais e estudar os aspectos jurídicos e de

regulamentação relacionados ao tema;

3) Fazer um diagnóstico ambiental, por meio de diferentes ferramentas que

forneçam uma visão macro dos processos na área rural;

4) Propor medidas que priorizem o uso eficiente e ambientalmente adequado

dos produtos em questão e sugerir alternativas, do ponto de vista de

viabilidade técnica, operacional, financeira e ambiental, buscando

promover as ações integradas de gestão de resíduos sólidos gerados em

áreas rurais;

Page 15: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

14

5) Elaborar um plano de gerenciamento, direcionado ao público alvo,

consolidando as informações coletadas ao longo da pesquisa e

desenvolvimento do estudo e advindas do diagnóstico;

6) Promover iniciativas de educação ambiental, buscando uma abordagem

transversal nas temáticas da não geração, redução, consumo consciente,

produção, consumo sustentáveis e orientação e adoção de ações de curto,

médio e longo prazo.

Page 16: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

15

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

As transformações ambientais, as quais o homem intensifica por meio do uso

de técnicas, equipamentos e produtos químicos, interferem no equilíbrio dos

ecossistemas com prejuízo para a qualidade do solo e sua microbiota, aos recursos

hídricos, à fauna e flora e ao próprio homem.

A perda da qualidade do solo está intimamente relacionada com a redução da

capacidade de produção de alimentos. Causando assim danos à sustentabilidade da

vida. (OLIVEIRA, 2012)

Desta maneira é fundamental a adoção de medidas sustentáveis e

ecologicamente corretas na produção agrícola no Brasil e no mundo.

1.1 Histórico e Evolução dos Agrotóxicos

Os agrotóxicos foram desenvolvidos na Primeira Guerra Mundial e utilizados

mais amplamente na Segunda Guerra Mundial como arma química. Com o fim da

guerra, o produto desenvolvido passou a ser utilizado como "defensivo agrícola". No

pós-guerra, os vencedores articularam uma expansão dos seus negócios a partir

das indústrias que haviam se desenvolvido durante o conflito, e entre elas a indústria

química. (SANTOS, 2009)

Na Europa havia fome. Foi então que surgiu a revolução verde, que visava

promover a agricultura, gerando comida para os famintos do mundo. A revolução

verde chegou ao Brasil em meados da década de 60. Foi implantada através de

imposição das indústrias químicas e do governo brasileiro: o financiamento bancário

para a compra de semente só saia se o agricultor comprasse também o adubo e o

agrotóxico. (SANTOS, 2009)

Esta política levou a uma grande contaminação ambiental, sem que a fome

fosse extinta. Hoje, 1/5 das crianças não ingerem a quantidade suficiente de calorias

e proteínas que necessitam. E cerca de 2 bilhões de pessoas – terceira parte de

humanidade – sofrem de anemia. A cada ano 30 milhões de pessoas morrem de

fome no mundo e 800 milhões sofrem de subalimentação crônica.

É preciso, desse modo, não só um modelo econômico diferente, mas também

um modelo que atente para a problemática ambiental em prol de um bem-estar

Page 17: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

16

social (PACOBAHYBA & BELCHIOR, 2011). No ano de 1987, as vendas dos

agrotóxicos não ultrapassavam as 100 mil toneladas. Fazendo um comparativo com

o ano de 2012, estas vendas ultrapassaram mais de 825 mil toneladas, o que

movimentou para o agronegócio um pouco mais de US$ 8,5 bilhões somente em

2012. Ou seja, o uso de agrotóxicos pela população mundial cresceu e, atualmente,

o Brasil é considerado o maior consumidor de agrotóxicos do mundo (SINDAG,

2012). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o país é

responsável por 1/5 do consumo mundial de agrotóxicos, uma vez que usa 19% de

todos os defensivos agrícolas produzidos no mundo; os Estados Unidos, 17%; e o

restante dos países, 64%. Tal configuração do modelo produtivo da agricultura atual

acabou fortalecendo o mercado e o uso indiscriminado de agrotóxicos. Diante destas

configurações e o consequente aumento da exposição aos agrotóxicos, os riscos à

saúde dos trabalhadores que manipulam tais substâncias, bem como os impactos

ambientais de seu uso, tem merecido especial destaque.

1.2 Impactos à Saúde Humana

A aplicação indiscriminada de agrotóxicos afeta tanto a saúde humana quanto

os ecossistemas naturais. Os impactos na saúde podem atingir tanto os aplicadores

dos produtos, os membros da comunidade e os consumidores dos alimentos

contaminados com resíduos, mas, sem dúvida, a primeira categoria é a mais afetada

(BOWLES & WEBSTER, 1995).

De acordo com Batista Filho (2012) para introduzir o assunto de uso de

defensivos agrícolas e impactos na saúde humana, destacamos a seguinte

declaração:

“Só como forma de ingressar no assunto: a) somos os campeões mundiais no uso de biocidas agrícolas; b) dos 50 agrotóxicos mais utilizados nas lavouras de nosso país, 22 são proibidos na União Europeia, inclusive em nações onde se acham as matrizes externas de suas empresas produtoras.”

Dados apontados pela Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde

Coletiva (ABRASCO) e Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial

da Saúde (OPAS/OMS) existem inúmeras doenças ou manifestações de intoxicação

que estão vinculados à temática de defensivos agrícolas, algumas delas são: efeitos

neurotóxicos retardados, alterações cromossomiais, lesões hepáticas e renais,

Page 18: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

17

disfunções cardíacas, dermatites de contato, Doença de Parkinson,

hipersensibilidade entre outros, declarando ser uma situação ameaçadora. (apud

BATISTA FILHO, 2012).

A toxicologia é uma importante área do conhecimento que estuda os efeitos

nocivos de substâncias nos seres vivos, as principais consequências estudadas no

campo de defensivos agrícolas dizem respeito ao câncer e aos defeitos congênitos.

(ANDRADE & QUEIROZ, 2009)

Em estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA) é apontado que quantidades significativas de resíduos químicos foram

encontrados em maçãs, que faz parte do cardápio de muitos brasileiros, em

diferentes classes e concentrações.

A questão da saúde humana no cenário do agronegócio tem seu expoente no

uso e aplicação de defensivos agrícolas, muito foi apontado ao longo da história

casos de intoxicação, seja de forma direta ou não pelo manejo inadequado desses

produtos, caracterizando relevante o estudo e investimento no manuseio correto e

adequado dos agrotóxicos garantindo a saúde do aplicador e segurança alimentar.

1.3 Impactos ao Meio Ambiente

Os impactos ambientais sobre o solo, água e sua microbiota causados pelo

uso dos agrotóxicos estão relacionados principalmente com o tempo de

permanência de seus resíduos acima do necessário, para garantir sua ação. A

persistência, por sua vez, é resultado da ausência de processos que modificam a

estrutura química dos compostos e promovem sua dissipação, e é dependente de

processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem no próprio ambiente.

(RIBEIRO, 2010)

Os defensivos agrícolas em primeiro momento foram criados para serem

biodegradáveis na natureza, embora isso não tenha ocorrido conforme esperado, o

principal problema está nos agrotóxicos organoclorados, onde sua composição

química dificulta sua degradação rápida, acumulando no meio ambiente.

(ANDRADE, I. QUEIROZ,S. 2009)

Especificamente, a biota aquática está constantemente exposta a um grande

número de substâncias tóxicas lançadas no ambiente, oriundas de diversas fontes

Page 19: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

18

de emissão, sendo os principais contaminantes de origem agrícola os resíduos de

fertilizantes e os agrotóxicos. Esses produtos, quando aplicados sobre os campos de

cultivo, podem atingir os corpos d’água diretamente, através da água da chuva e da

irrigação, ou indiretamente através da percolação no solo, chegando aos lençóis

freáticos. Outras formas de contaminação indireta podem ocorrer através da

volatilização dos compostos aplicados nos cultivos e pela formação de poeira do

solo contaminado e/ou da pulverização de pesticidas, que podem ser transportados

por correntes aéreas e se depositarem no solo e na água, distantes das áreas onde

foram originalmente usados.

As regiões de expansão dos monocultivos do agronegócio têm apresentado

também problemas graves de contaminação ambiental das águas subterrâneas,

como são os casos dos Aquíferos Guarani e Jandaíra – este nos estados do Ceará e

do Rio Grande do Norte (COGERH, 2009). Também as águas superficiais de rios,

lagoas, açudes têm sido encontradas contaminadas, e até mesmo as águas

disponibilizadas pelos sistemas de abastecimento às comunidades, onde já foram

encontrados até 12 ingredientes ativos diferentes numa mesma amostra (RIGOTTO

et al, 2010).

Durante muito tempo os impactos ao meio ambiente foram tratados como

secundário e o enfoque estava na produção de alimentos, após várias análises,

estudos, artigos e legislações o meio ambiente influi diretamente na qualidade de

vida do ser humano, merecendo sua devida atenção, por isso pesquisa no campo de

defensivos agrícolas é bem vindo, para que possamos cumprir com a

sustentabilidade, ou seja, produzir com o mínimo impacto.

1.4 Classificação Toxicológica dos Agrotóxicos

Segundo a ANVISA (Agência Nacional da Vigilância Sanitária), os agrotóxicos

serão enquadrados em quatro categorias de I a IV, sendo a classe I para os

extremamente tóxicos e classe IV para os poucos tóxicos de acordo com a dose letal

em cinquenta por centro dos animais testados (DL50), conforme Quadro 1 abaixo.

Page 20: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

19

Quadro 1 – Classificação toxicológica dos agrotóxicos segundo a ANVISA.

Classe ClassificaçãoCor da faixa no rótulo da

embalagem

IExtremamente tóxico (DL50 menor

que 50mg/kg de peso vivo)Vemelho vivo

IIAltamente tóxico (DL50 de 50 a

500mg/kg de peso vivo)Amarelo intenso

IIIMedianamente tóxico (DL50 de

500mg a 5000mg/kg de peso vivoAzul intenso

IVPouco tóxico (DL50 maior que 5000

mg/kg de peso vivoVerde intenso

Fonte: EMBRAPA Arroz e Feijão, 2013.

Com relação às cores do rótulo, a ANVISA determinou que esta é a principal

forma de comunicação entre fabricante e usuários com relação a toxidade, onde vão

constar também os cuidados necessários quanto à manipulação, a aplicação que se

destina (tipo de praga, por exemplo), os tipos de cultura, a dosagem, a carência e

quais reações adversas se em contato com o homem.

Figura 1 – Detalhe para o rótulo em amarelo do agrotóxico – Classe II, Altamente tóxico.

Page 21: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

20

1.5 Gestão Ambiental em Áreas Rurais

Todo tipo de processo, seja ele de um organismo ou de atividades não

naturais, como a industrial, necessita de matérias-primas, energia e geram resíduos.

Estes resíduos em processos naturais são degradados e entram novamente

no sistema em forma de energia. No entanto, o uso intensivo de substâncias

sintéticas ou de difícil degradabilidade, faz com estas permaneçam no ambiente por

muito tempo, competindo por espaço, bioacumulando nos organismos e muitas

vezes tendo um efeito sinérgico com outras substâncias.

Em especial nas propriedades agrícolas, os tipos de resíduos gerados e a

falta de conhecimento por parte dos produtores tornam-se agravantes no contexto

de preservação do meio ambiente e de sustentabilidade.

Conforme apontado pela Embrapa (2007) é fundamental a aplicação de

gestão ambiental em propriedades rurais, por meio da adoção de práticas de

gerenciamento de resíduos, educação ambiental e plano de manejo e adequação

ambiental, visto que a gestão ambiental é um conjunto de práticas administrativas

que permite um controle permanente da qualidade ambiental de produtos, serviços e

ambiente.

Apesar de haver legislações e boas práticas ambientais, muitos produtores

rurais ainda apresentam falta de conhecimento.

Segundo Oliveira (2012), os produtores rurais de Santa Margarida do Sul (RS)

possuem uma preocupação com o meio ambiente, porém necessitam de maiores

esclarecimentos quanto à gestão de resíduos, manejo do solo e determinações

legais, visto que poucos realizam coleta seletiva de resíduos em suas propriedades.

Isto demonstra a necessidade de práticas extensionistas de gestão ambiental

como a capacitação dos profissionais da área e a implantação de programas de

educação ambiental pra todas as pessoas envolvidas na produção rural, visando

sistemas produtivos mais sustentáveis, onde eles possam aliar mais produção, maior

rentabilidade e menor impacto ao meio ambiente.

Page 22: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

21

1.6 Normas e Legislações

Como a presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos pode oferecer

riscos à saúde humana e ao meio ambiente, nos últimos anos, países de todo o

mundo tornaram-se mais exigentes em relação à qualidade dos alimentos que

consomem, quer produzidos internamente ou importados. Para garantir tal

qualidade, têm sido estabelecidos regras e controles cada vez mais rigorosos no que

se refere às determinações de resíduos de agrotóxicos. Muitos obstáculos

comerciais hoje existentes, como barreiras alfandegárias prejudicam os avanços da

exportação, em especial para a União Europeia, que é o principal mercado agrícola

dos produtos brasileiros.

Segundo o Decreto Federal Brasileiro no. 4.074, de 4 de janeiro de 2002,

entende-se por agrotóxicos:

“Produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.”

O mesmo Decreto Federal anteriormente citado define vários termos

utilizados na temática do uso e manejo de defensivos agrícolas, dentre os quais

separamos três principais, que são de suma importância para o bom entendimento

do projeto desenvolvido, são eles: centro ou central de recolhimento, embalagem e

Equipamento de Proteção Individuais (EPI), assim definidos:

“Centro ou central de recolhimento - estabelecimento mantido ou credenciado por um ou mais fabricantes e registrantes, ou conjuntamente com comerciantes, destinado ao recebimento e armazenamento provisório de embalagens vazias de agrotóxicos e afins dos estabelecimentos comerciais, dos postos de recebimento ou diretamente dos usuários; [...] Embalagem - invólucro, recipiente ou qualquer forma de acondicionamento, removível ou não, destinado a conter, cobrir, empacotar, envasar, proteger ou manter os agrotóxicos, seus componentes e afins; Equipamento de Proteção Individual (EPI) - todo vestuário, material ou equipamento destinado a proteger pessoa envolvida na produção, manipulação e uso de agrotóxicos, seus componentes e afins.”

Page 23: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

22

A legislação brasileira é um importante instrumento de fiscalização,

monitoramento e controle do uso e manejo de defensivos agrícolas, se utilizado de

maneira correta e eficaz, muitos inconvenientes ambientais e na saúde humana

poderiam ser evitados.

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, ligada à Secretaria

do Meio Ambiente (CETESB) junto com o Ministério da Saúde aponta limites

aceitáveis permitidos por lei que pode ser encontrado na natureza, como lençóis

freáticos e solos, já Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece

limites aceitáveis de agrotóxicos em alimentos. (ANDRADE, I. QUEIROZ,S. 2009)

No Brasil, até muito recentemente, os setores relacionados à gestão de

resíduos sólidos sofriam com a falta de diretrizes claras. Isto mudou com a recente

publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei 12.305/10 e

Decreto 7.404/2010). Este regulamento introduziu o tema de gestão integrada de

resíduos sólidos, que é o conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para

os resíduos, considerando as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e

social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável.

Outro preceito inserido pela PNRS é o da logística reversa, que compreende

o gerenciamento de todas as ações necessárias à retirada dos produtos pós-uso do

consumidor até a sua destinação final ambientalmente adequada. A logística

reversa, conforme definição da PNRS, é o instrumento de desenvolvimento

econômico e social caracterizado pelo conjunto de ações, procedimentos e meios

destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor

empresarial, para reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou

outra destinação final ambientalmente adequada.

Os resíduos e embalagens de agrotóxicos são considerados resíduos com

logística reversa obrigatória. O conjunto de resíduos definido pela PNRS é

constituído por produtos eletroeletrônicos; pilhas e baterias; pneus; lâmpadas

fluorescentes (vapor de sódio, mercúrio e de luz mista); óleos lubrificantes, seus

resíduos e embalagens e, por fim, os agrotóxicos, também com seus resíduos e

embalagens. Vários dos resíduos com logística reversa já têm a gestão disciplinada

por resoluções específicas do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente.

Especificamente a Resolução 334/2003 define os critérios mínimos para a

construção de unidades para recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos,

indicando os critérios mínimos para o armazenamento e complementa a legislação

Page 24: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

23

anterior que responsabiliza o fabricante pelo recolhimento, transporte e destinação

final das embalagens, assim como obriga o usuário pela tríplice lavagem e

devolução das embalagens aos revendedores ou fabricantes.

1.7 Processo de Logística Reversa

Por muito tempo a logística foi definida como uma atividade que consistia em

transportar um material de um ponto até o destino. O termo logística reversa trata,

de uma maneira simplificada, da movimentação contrária, trazer de volta ao ciclo

produtivo materiais, embalagens e produtos. Segundo Filho (2006), isto traz um

benefício às empresas, uma vez que o material devolvido oferece oportunidade de

recuperação de valor e economia de custo.

Além disso, as empresas passaram a adotar a logística reversa por pressão

de legislações, como é o caso das empresas fabricantes de agrotóxicos, que

necessitam incorporar no seu ciclo de vida do produto o recolhimento das

embalagens vazias, tratamento e destinação.

Apesar de o termo remeter a um processo simples, a logística reserva é mais

complexa. Conforme apresentando por Stock (1992) apud Filho (2006), o processo

de logística reversa deve englobar, além do retorno do produto, a redução de custo,

reciclagem, reutilização de materiais, destinação adequada de resíduos,

reaproveitamento, reparação e remanufatura de materiais. Do ponto de vista

ambiental, ocorre uma redução no consumo de recursos naturais e controle da

contaminação do meio pelos resíduos que podem ser descartados de maneira

inadequada.

De acordo com Carbone (2005), as questões ambientais tiveram peso na

implantação da logística reversa uma vez que a conquista por novos consumidores

deveria prever, no planejamento estratégico, o enfoque ambiental. Desta maneira,

esta deve ser entendida como o gerenciamento da cadeia produtiva de maneira a

sistematizar o retorno de resíduos de produtos para que ocorra o devido tratamento

destes tornando-os inertes ao meio ambiente ou que possam ser utilizados

novamente no processo produtivo.

Page 25: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

24

As primeiras medidas para adoção de logística reversa para embalagens

vazias de agrotóxicos foram adotadas em 1994. Antes disso, era bastante comum

queimar as embalagens ou enterrá-las.

Conforme apontado por Carbone (2005), o processo da logística reversa das

embalagens vazias de agrotóxicos inicia-se no produtor rural, que tem definido em

legislação que estas devem passar por uma tríplice lavagem, que tem por objetivo

reduzir o potencial contaminante e fazer o aproveitamento de aproximadamente 3%

do agrotóxico uma vez que o resíduo removido da embalagem pode ser armazenado

para ser utilizado em campo posteriormente.

Além disso, o produtor deve furar a embalagem de modo a inutilizá-la e

entregar junto com a tampa.

Em Jundiaí as embalagens lavadas devem ser entregues em um centro de

recolhimento localizado em Vinhedo-SP, no entanto o local correto é sempre

indicado na nota fiscal de venda do produto.

Vale lembrar que as embalagens passam por inspeção para validar a entrega

e o produtor recebe novamente um carimbo na nota fiscal, uma vez que é passível

de fiscalização por órgãos ambientais.

De acordo com dados da ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), o

Brasil encerrou o ano de 2009 com um aumento de 18% de embalagens recolhidas

em relação ao ano anterior. Neste mesmo ano, foram processadas 28.771 toneladas

de embalagens. Nos últimos oito anos foram processadas 136.000 toneladas de

embalagens vazias.

É possível constatar que a logística reversa está ganhando espaço e tem

aumentado. No entanto, conforme apontado por Carbone (2005) o tamanho da

propriedade rural influencia neste processo, necessitando assim maior investimento

em trabalhos de instrução e conscientização da importância da devolução das

embalagens vazias.

1.8 Alternativas e Práticas Agrícolas

A utilização dos agrotóxicos tem trazido uma série de consequências para o

ambiente, para a saúde do trabalhador e também para a população em geral, não só

no meio rural. Essas consequências são condicionadas por fatores intrinsecamente

Page 26: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

25

relacionados com uso inadequado desses produtos, a alta toxicidade de alguns

deles, a falta de utilização de equipamentos de proteção individual e a precariedade

dos mecanismos de vigilância para identificação das exposições e intoxicações.

Esse quadro é agravado quando as populações expostas vivem em contextos de

produção e reprodução marcados pela vulnerabilidade social. (Cabral, 2012)

O manejo sustentável de uma área permite que ela seja utilizada

constantemente, sem que ocorra a degradação ou abandono da área por exaustão.

Usar sabiamente os defensivos agrícolas permite que haja maior eficiência

agronômica, uma vez que o cultivo de grandes culturas para distribuição local,

regional e até mundial é comprometida por pragas (insetos, ácaros, fito patógenos,

plantas daninhas e etc.) é necessária à utilização de fitossanitários para proteção do

cultivo.

Com a evolução dos produtos agrícolas houve uma redução de dose e

toxicidade aguda e dessa maneira, menor impacto ambiental e maior seletividade,

sendo este o foco do nosso trabalho, a aplicação de técnicas de gestão ambiental

que obedeçam ao tripé da sustentabilidade: economicamente viável, socialmente

justo e ambientalmente correto.

O manejo sustentável além de contribuir com a diminuição de impactos no

meio ambiente, pode contribuir com o bolso do produtor. Isso porque, ao mesmo

tempo em que reduz o custo de produção devido à diminuição do uso de produtos

contra pragas, doenças ou plantas daninhas, ele pode aumentar a produtividade e

valorizar o produto final na hora da comercialização. (Pitombeira, 2013)

É apontado por Liechoscki e Mainier (2003) como uma solução em menor

grau, o uso da agricultura orgânica ou biológica, a qual não utiliza produtos

químicos, nem como agrotóxicos ou como fertilizantes. Existe também um respeito

pelas condições naturais do solo e recursos naturais, porém não é apontada como

solução para produção de alimentos em larga escala.

Os mesmos autores ainda apontam que o perfil socioeconômico dos

trabalhadores agrícolas é de idosos, com percentuais expressivos de analfabetismo

e baixa renda, constituindo o uso de agrotóxicos como comum para eles,

evidenciando a necessidade de mudar certas práticas agrícolas, não só com o

repasse do conhecimento, que seria a própria educação ambiental, como o

desenvolvimento de estratégias minimizando o uso de defensivos agrícolas e seus

riscos.

Page 27: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

26

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O estudo foi desenvolvido no município de Jundiaí, cidade do interior do

Estado de São Paulo, localizado a aproximadamente 60km da capital. O município é

parte integrante do turismo rural, denominado circuito das frutas, sendo um

importante representante de produção de frutas, principalmente a uva.

Para o desenvolvimento do presente trabalho foi necessário realizar um

diagnóstico ambiental de uma propriedade rural. A propriedade escolhida possui

uma área verde agricultável considerável, contendo corpos d’água e manejo de

algumas culturas, como pêssego, uva, entre outras, sendo eleita pelas graduandas

como relevante e importante estudo de caso.

Especificamente para realização do diagnóstico e respectivo processo de

construção do plano de gerenciamento e das iniciativas de educação ambiental,

foram levados em consideração hábitos, informações e comportamento do público

alvo. Foram definidas como ferramentas:

Revisão de literatura onde as fontes foram revistas especializadas,

artigos científicos, dispositivos legais e normas técnicas vigentes

relacionadas ao tema.

Aplicação de questionário ao público alvo.

Avaliação in loco.

E a realização de um registro fotográfico.

O diagnóstico foi estruturado com dados e informações sobre o perfil da área

de estudo. Foi fundamental entender a situação dos resíduos sólidos gerados na

respectiva área quanto à origem, características, formas e disposição final adotadas,

bem como expectativas e aceitação de mudanças comportamentais e de

procedimentos. Os sujeitos do processo de avaliação foram colaboradores do corpo

técnico-administrativo e operadores.

O esquema prático da metodologia adotada no estudo de caso por ser

visualizada na Figura 2.

Page 28: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

27

Figura 2 – Esquema prático da metodologia adotada para realização do diagnóstico ambiental

na área em estudo.

2.1. Aplicação do questionário

Foi elaborado um questionário (ver APÊNDICE C) para facilitar a avaliação da

área de estudo, abrangendo os seguintes departamentos: administrativa e atividades

de campo. Integrando como pontos principais: entradas e saídas dos processos,

pontos de geração de resíduos, forma de acondicionamento, armazenamento e

destinação dos resíduos gerados e nível de conscientização e conhecimento dos

colaboradores acerca das exigências legais e impactos gerados.

Para a elaboração do questionário foi realizada a identificação e levantamento

dos requisitos legais, o atual estado da arte de defensivos agrícolas e seu correto

manejo, a fim de contemplar todos os aspectos relacionados ao tema.

As entrevistas foram realizadas no período de 16 de maio a 31 de julho de

2013 e por questões de confidencialidade os dados pessoais dos entrevistados,

assim como da propriedade não serão revelados.

As informações abaixo são descrições das percepções, anseios e

observações passadas pelos entrevistados. A análise crítica e as sugestões de

melhoria foram tratadas no item 2.2 Avaliação in loco.

Page 29: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

28

2.1.1 Área - Atividade de Campo

Pelo fato desta área estar intrinsicamente relacionada ao uso de defensivos

agrícolas, foram definidos três colaboradores para serem entrevistados com funções

diferentes, contemplando dessa maneira todas as atividades desenvolvidas.

Abaixo seguem as informações tratadas durante as entrevistas:

Quadro 2 – Defensivos mais utilizados pela área de estudo.

Inclui-se também outros produtos químicos como fertilizantes (NPK

granulado – 10-10-10, 4-14-8 e 20-5-20, a numeração refere-se a

porcentagem de nutriente no saco).

Uso dos EPIs:

Page 30: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

29

Foi informado que todos utilizam o EPI adequadamente e conforme

legislação. A melhoria apontada pelos entrevistados nesta atividade foi a de

realizar a lavagem dos EPIs no próprio instituto, garantindo assim que os

requisitos legais sejam atendidos, como por exemplo, lavar separadamente

das roupas da família e não usar máquina de lavar. Foi verificado que quando

haverá aplicação no dia seguinte não é feita a lavagem do EPI, pois este

possivelmente não estará devidamente seco para o uso.

A legislação recomenda que sejam feitas até 30 lavagens, após isso

pode haver diminuição da eficácia e hoje isso não é controlado ou é solicitada

a troca junto ao departamento responsável. Isto só acontece quando a roupa

já está danificada.

Forma de armazenamento:

Os entrevistados descreveram que existem pontos positivos como a

separação por prateleiras, identificação do produto por categoria (herbicida,

fungicida ou inseticida) e que a utilização segue conceito de FIFO (first in, first

out), ou seja, o produto com menor prazo de validade é utilizado primeiro e o

próximo frasco só é aberto depois que acabou o anterior. No entanto,

descrevem alguns pontos de melhoria, tais como a instalação de janelas para

ventilação, piso frio para impermeabilização e área de contenção em caso de

derramamento. Os passivos ficam no mesmo local e sem identificação.

Uma alternativa apontada durante as entrevistas e aplicação do

questionário foi a de mudar fisicamente a atual área de armazenamento, visto

que a hoje existente fica próxima a um corpo d’água. A construção de uma

nova área já contemplaria as melhorias apontadas, inclusive o correto

distanciamento de corpos d’água e aderência aos requisitos legais, porém

esta ação dependeria de tramitação interna.

Descarte das embalagens vazias:

As embalagens vazias são lavadas três vezes, furadas para sua

inutilização e não são tampadas. Elas ficam armazenadas junto com os

defensivos e após certo volume os próprios funcionários levam para uma área

de recolhimento localizado em Vinhedo-SP (cidade próxima a área de estudo)

ou eles aguardam o Campo Limpo, que trata-se de uma campanha realizada

Page 31: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

30

pela prefeitura de Jundiaí que faz uma força tarefa para recolher as

embalagens vazias e limpas do maior número possível de produtores rurais.

Ciclo de uso dos defensivos:

o Preparação da calda.

Trata se de realizar as medições descritas na receita, adicionar

água e misturar. Esta receita é definida pelos pesquisadores e pelo

técnico agrícola.

Os entrevistados apontam que após feita as medições descritas

na receita, deve ser realizada a tríplice lavagem do balde de

preparação da calda e das embalagens vazias. A água utilizada para

realizar a tríplice lavagem é depositada no tanque de pulverização,

evitando contato destes resíduos com outros meios. No entanto, hoje

este processo é realizado sem uma estrutura adequada, visto que se

houver um acidente com derramamento da calda, tanto na etapa de

preparado como na etapa de depósito no tanque de pulverização, esta

atingirá diretamente o solo e por consequência os corpos d’água mais

próximos. O aparato ideal é o uso de rampa de mistura dotada de área

de contenção e impermeabilização, porém dizem que esta estrutura só

é comum em grandes produtores.

o Pulverização em campo

Após a etapa anterior, os operadores preparam o tanque para

fazer a pulverização no campo. Os entrevistados informaram que na

etapa de pulverização, todos seguem boas práticas de aplicação como

não realizar a atividade em dia chuvoso, utilizar o vento contra para

diminuir a incidência de vapores diretos no operador e o uso do EPI.

Foi salientado que todos os aplicadores fizeram curso de

aplicação de defensivo no campo e que este curso é obrigatório por lei.

Informado também que os operadores se alimentam no campo

durante a pausa nos trabalhos de pulverização, mas tomam cuidados

de retirar as luvas, lavar mãos e rostos e manter os alimentos

embalados e afastados da área de aplicação.

o Lavagem do tanque de pulverização

Page 32: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

31

Após a aplicação em campo deve ser feita a tríplice lavagem do

tanque de pulverização, pois a calda corrói as mangueiras.

Segundo os entrevistados sobra um resíduo no tanque, que se

for feita uma outra aplicação da mesma calda no mesmo dia este

resíduos é aproveitado, caso contrário deve ser feita a tríplice lavagem

do tanque e este resíduo é despejado diretamente no solo. Considera-

se este um ponto crítico, e que pulverizar este resíduo no campo traria

um prejuízo técnico, visto que iria diminuir a concentração do defensivo

aplicado anteriormente e traria resistência às pragas.

Descreveram que, no dia, logo ao término da aplicação ou da

lavagem do tanque de pulverização, o operador deve tomar banho,

onde a primeira ducha deve ser fria para fechar os poros e a partir

disso podem usar água morna. Segundo os entrevistados, a melhor

opção é ter um vestiário na própria propriedade, visto que hoje o

funcionário tem que se deslocar até sua residência.

Por fim, as vestimentas do EPI são lavadas na própria residência

do operador.

2.1.2 Área entrevistada – Laboratório

As principais atividades realizadas no laboratório são análises físicas e

químicas em frutas e sementes como: Análise de tamanho do fruto; Peso; Cor;

Quantidades de bagas; Acidez por titulometria; pH e Brix.

Resíduos gerados pelo laboratório:

o Restos de frutas:

Hoje os resíduos de frutas não possuem um descarte adequado,

algumas vezes são descartados no lixo comum e outras são

descartados no pé de árvores, que causam mau cheiro e atraem

insetos.

o Resíduos de solução hidróxido de sódio 0,1 N:

Utilizado na análise de acidez por titulometria. Os resíduos

gerados na análise são descartados diretamente na pia.

Page 33: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

32

o Resíduos de solução de fungicida para tratamento de sementes:

Os resíduos gerados por esta atividade são descartados

diretamente na pia. Além disso, a embalagem fica armazenada

juntamente com produtos de limpeza em uma garrafa PET

devidamente identificada.

Com relação à Atividade de Campo, o entrevistado acrescentou uma

observação que considera a armazenagem inadequada e que o ponto mais crítico é

o uso de EPI, visto que na etapa de preparo da calda os operadores não utilizam

todas as vestimentas do EPI e que as usam em mais de um ciclo de pulverização

sem a devida lavagem.

2.1.3 Área entrevistada – Administrativo

O foco da entrevista com a área administrativa eram as etapas de compra e

transporte dos agrotóxicos.

Compra:

O entrevistado informou que um pedido anual é elaborado e é enviado

ao departamento responsável da matriz. Eventualmente pode ser feita compra

em agropecuárias, que saem com nota fiscal da loja já com o carimbo do

posto de recolhimento, onde a embalagem vazia deverá ser devolvida.

Transporte:

Foi informado que não há controle da área de estudo a respeito do

transporte dos defensivos do pedido anual, visto que tudo é organizado pela

matriz.

Nos casos em que as compras são feitas em agropecuárias, o

transporte é feito nos carros nos próprios carros da propriedade que não

possuem medida de segurança em caso de acidentes.

Page 34: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

33

2.2. Avaliação in loco

Depois de realizadas as entrevistas e pelo convívio com a rotina da área de

estudo foi possível observar pontos positivos, pontos de melhoria e pontos críticos

que incidem riscos ao operador e ao meio ambiente.

Estes pontos são tratados abaixo:

Laboratório:

o Armazenagem de fungicida:

É um ponto crítico visto que mesmo identificado, ele está

armazenado junto com produtos de limpeza que são manipulados por

pessoas com diferentes conhecimentos das rotinas do laboratório

havendo o risco de intoxicação.

o Descarte de resíduos:

Com relação ao descarte de frutas consideramos como um

ponto de melhoria, onde a forma correta de descarte precisa ser

definida e informada a todos.

O descarte de hidróxido de sódio e de solução de fungicida é um

ponto crítico, visto que hoje é feito diretamente na pia.

Administrativo:

o Compras:

Foi verificado que a ação é passiva por parte da área de estudo

uma vez que eles já recebem a carga de defensivos vindos da compra

da matriz. Nos casos onde ocorrem compras diretamente em casas

agropecuárias normalmente os volumes são pequenos e isso ocorre

eventualmente.

o Transporte:

Ficou claro que não existe definida nenhuma medida de

prevenção do risco no transporte dos produtos de compra eventual,

visto que os carros não são equipados com materiais absorventes ou

EPIs em caso de derramamento.

Atividade de campo:

Page 35: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

34

o Armazenamento:

Atualmente os defensivos ficam armazenados em prateleiras e

as mesmas são identificadas por tipo (herbicida, fungicida e inseticida).

Os frascos abertos ficam na frente dos outros frascos indicando uma

sequência lógica de utilização. No entanto, foi possível constatar que:

Falta adequação do local com relação a ventilação,

luminosidade, altura e área de contenção.

Vários produtos armazenados diretamente no chão sem

uma organização, faltando ainda mais espaço para

ventilação e com risco de contaminação.

O armazém fica próximo a um corpo d´agua.

Não há no local ficha de procedimentos que caso de

acidentes;

o Preparação da calda:

No mesmo local de armazenamento existe uma mesa pequena

onde o operador prepara a calda por meio da pesagem e dosagem dos

defensivos. Foi possível constatar que:

Os instrumentos, utensílios e equipamentos não

apresentam condições satisfatórias de manuseio.

Muitos entrevistados mencionaram que ocorre da pessoa

que vai preparar a calda não usar todos os EPIs

requeridos que são: calça e jaleco, botas, avental

impermeável, respirador, óculos ou viseira, touca árabe e

luvas de borracha. (MANUAL ANDEF, 2013)

A ficha de controle de preparação da calda é ineficiente.

Não houve tríplice lavagem de todos os utensílios.

Quando a medição foi finalizada, o operador se encaminhou

portando o balde até um ponto de água, acrescentou um pouco de

água e misturou com a ajuda de uma vareta de madeira.

O tanque de pulverização foi previamente testado e abastecido

com o volume de água descrito na receita (300 litros), o operador

despejou o volume do balde no tanque e efetuou a tríplice lavagem

despejando esta água no tanque, porém não fez o mesmo com a

Page 36: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

35

vareta utilizada para misturar, assim como com os utensílios usados

para medir.

O principal risco envolvido nas atividades descritas acima é:

Ausência de área específica ou uma rampa de mistura,

com contenha as condições de impermeabilização e de

contenção necessárias.

o Pulverização:

Completada a etapa de preparação da calda o operador se

deslocou até o campo para realizar a pulverização. Foi verificado que o

operador se manteve com todos os EPIs e que utilizou medidas de

segurança e boas práticas como usar o vento contra para evitar o

encontro da névoa do defensivo contra o corpo.

No entanto observamos pontos críticos conforme abaixo:

Falta de identificação em campo quanto ao período de

carência da cultura, sendo que esta sinalização evitaria

risco de contato ou até consumo das frutas ainda com

resíduo de defensivo (período de carência).

E ingestão de alimentos na pausa da etapa de

pulverização.

o Tríplice lavagem do tanque:

A aplicação normalmente leva uma manhã inteira e quando o

operador retorna do campo e não havendo nova pulverização da

mesma calda, ele faz a tríplice lavagem do tanque. Neste ponto

identificamos que:

A água contendo resíduos é descartada diretamente no

solo e não há definida outra forma de descarte deste

resíduo.

o Higienização:

Após feita a lavagem do tanque, o operador vai para casa com o

traje do EPI onde impreterivelmente deve lava-lo e tomar seu banho.

Neste ponto foi mencionado pelos operadores um ponto crítico:

Page 37: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

36

Ausência de vestiário na área, uma vez que pode haver

contaminação cruzada no ambiente onde operador irá

manipular seus EPIs, apesar de serem instruídos a

lavarem separado das roupas da família. Todos os

entrevistados que tem contato com os defensivos

informaram que não misturam o EPI com a roupa da

família.

2.2.1 Fluxograma da Atividade de Campo

Para melhor visualização do ciclo de uso dos defensivos foi elaborado um

fluxograma de processos, representado na Figura 3, nota-se que os símbolos

destacados de vermelho são aqueles que possuem resíduos de defensivos

agrícolas, se tornando foco do plano de gerenciamento de resíduos.

Page 38: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

37

Fluxograma de Processos

Preparar o

equipamento

Funcionou

?

Receita

EPI

Vestir EPI Preparar a

calda

Despejar calda

no tanque

Fr.

Vazio

Armazenar

Tríplice

Lavagem

Lavar

utensílios

Pulverizar

Novamente

?

Lavagem do

tanque

Descartar

resíduo

Retirar EPI

S

N

N

S

S N

N

S

Realizar

higienização

Acondicionar

equipamento

Figura 3 - Ciclo dos defensivos agrícolas

Page 39: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

38

2.3 Registro Fotográfico

Foi realizado um levantamento fotográfico das etapas de Atividade de Campo,

para ilustração e entendimento do uso e manejo dos defensivos agrícolas, sendo

assim, possível acompanhar seu ciclo.

O levantamento fotográfico ocorreu em dois momentos, um em junho feito por

uma das componentes do grupo e a outro realizado em julho pela outra componente,

objetivando obter percepções diferentes e complementares dos processos das

atividades de aplicação dos defensivos agrícolas no campo.

Dentre os processos e práticas registrados podemos evidenciar nas imagens

a seguir, os principais momentos do ciclo dos defensivos agrícolas que ocorre na

área de estudo em questão, obtendo assim a perspectiva dos processos através de

imagens, onde a Figura 4 representa o início do ciclo e a Figura 10, o final.

Figura 4 - Preparação do equipamento

Fonte: Registro realizado por ARANTES, L.R e KRIEGER,

S.M.

Page 40: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

39

Figura 5 - Uso do EPI

Fonte: Registro realizado por

ARANTES, L.R e KRIEGER, S.M.

Figura 6 - Preparação da calda

Fonte: Registro realizado por

ARANTES, L.R e KRIEGER, S.M.

Figura 7 - Despejo da calda no tanque

Fonte: Registro realizado por

ARANTES, L.R e KRIEGER, S.M.

Figura 8 – Tríplice Lavagem

Fonte: Registro realizado por

ARANTES, L.R e KRIEGER, S.M.

Page 41: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

40

Figura 9 – Lavagem de utensílios

Fonte: Registro realizado por ARANTES, L.R

e KRIEGER, S.M.

Figura 10 – Pulverização

Fonte: Registro realizado por ARANTES,

L.R e KRIEGER, S.M.

Page 42: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

41

2.4 Iniciativa ambiental

A principal característica da educação ambiental é a mudança de

comportamento, exercício da consciência e do discernimento perante as questões

analisadas, sendo assim parte integrante e relevante do presente projeto.

Portanto, foi elaborado um plano de iniciativa ambiental (ver APÊNDICE B),

contendo o objetivo, meta, resultados esperados, cronograma e duração e ações e

etapas de implementação.

Figura 11 – Elaboração da Iniciativa Ambiental

O relato ou a programação da iniciativa ambiental foi elaborado e apresentado

para a direção da área de estudo para aprovação, sendo combinados dia e horário

compatível para aplicação.

Para avaliação do projeto de educação ambiental, foram considerados os

critérios segundo Mayer (1989 apud TOMAZELLO & FERREIRA, 2001) que divide a

avaliação em três grupos de indicadores:

“O primeiro, considerado por ela como o mais importante, centra-se na mudança de valores, atitudes, hábitos e crenças dos alunos. O segundo grupo de indicadores descreve a estratégia educacional do projeto sob o ponto de vista cognitivo (relevância local do projeto, enfoque multi/inter/transdisciplinar) enquanto que o terceiro descreve a estratégia

Page 43: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

42

educacional do projeto do ponto de vista afetivo, isto é, descreve as interações entre alunos, professores, família, comunidade e autoridades.”

Sanmartí (1994 apud TOMAZELLO & FERREIRA, 2001) formulou algumas

questões para análise de adequação de um projeto de educação ambiental,

inspirado nessas questões foram formuladas novas perguntas adaptadas para a

realidade do projeto, sendo elas:

1. O diagnóstico ambiental da área foi relevante para o entendimento dos

trabalhadores?

2. As metas propostas no plano de iniciativa ambiental foram cumpridas?

3. Os resultados esperados foram alcançados?

4. O cronograma e a duração da iniciativa de educação ambiental foram

respeitados?

5. Os temas selecionados são relevantes para o meio ambiente?

6. Os temas selecionados são relevantes para os trabalhadores?

7. O projeto promove ações dos indivíduos para solução de problemas?

8. Observou-se uma disposição à mudança de hábitos e comportamentos do

diretor da área de estudo ou responsáveis?

9. Observou-se uma disposição à mudança de hábitos e comportamentos dos

trabalhadores?

10. Observou-se uma disposição ao acato das novas adequações dos

trabalhadores? (sinalização, EPIs)

11. Melhorou a capacidade de tomada de decisões por parte do diretor da área

de estudo?

12. As ações e etapas de implementação foram cumpridas?

13. Houve comentários positivos ou negativos sobre o evento?

Com o estabelecimento de critérios de avaliação e formatação da iniciativa

ambiental foi possível verificar sua viabilidade na área de estudo e analisar os

resultados de tal prática, podendo assim concluir os pontos positivos e negativos

da educação ambiental direcionado para gerenciamento de resíduos químicos

em áreas rurais.

Page 44: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

43

3 ANÁLISES E RESULTADOS

O estudo realizado possibilitou identificar os aspectos e impactos ambientais

associados aos processos das áreas estudas da propriedade, sendo elas a área

Administrativa, Atividade de Campo e Laboratório.

Como produto do presente trabalho foi elaborada uma matriz de impacto que

elencou por área os aspectos e impactos e suas respectivas alternativas de

mitigação. Da matriz foi elaborado o plano de gerenciamento de resíduos, sob a

forma de um manual orientativo, e a iniciativa de educação ambiental, onde ambos

contemplam as ações de mitigação propostas na matriz sob suas diferentes

realidades.

Figura 12 – Resultados do Diagnóstico

3.1 Matriz de Impactos

Para auxiliar na identificação, bem como qualificação e quantificação (quando

passíveis de mensuração) dos impactos decorrentes das diversas atividades

desenvolvidas na área de estudo, foi adotada matriz de impacto ambiental que

busca identificar de forma sistemática, os impactos gerados por ações

potencialmente causadoras de modificações ambientais.

Após conhecido o processo potencial de mudança na qualidade ambiental

preexistente, os impactos foram avaliados segundo um conjunto de atributos,

conforme especificados e detalhados adiante, sendo que todo este conjunto de

atributos permite classificar a magnitude dos impactos por meio de indicadores.

Primeiramente foram identificadas todas as atividades, tarefas ou processos e

seus respectivos aspectos ambientais. Este levantamento inicial contemplou todos

Page 45: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

44

os aspectos (elementos das atividades, produtos ou serviços que podem interagir

com o meio ambiente), independentemente das suas características, tais como

probabilidade, magnitude ou frequência de ocorrência. Após foram relacionados

todos os impactos (qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica,

que resulte no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços), ou seja, as

respectivas consequências reais ou potenciais no meio ambiente.

Os impactos foram avaliados seguindo o critério de abrangência (A),

frequência (F), influência (I) e magnitude (M), onde a forma mais branda de cada

critério foi representada por uma menor pontuação e a forma mais severa por uma

pontuação maior, conforme apresentado no Quadro 2.

Quadro 3 – Critério utilizado para classificação de impacto ambiental segundo sua importância.

Abrangência (A) Frequência (F) Influência (I) Magnitude (M)

Considerou-se quatro condições

com notas de 1 a 4, sendo 1

para a forma mais branda e 4

para a mais severa.

Considerou-se três condições

com notas de 1 a 3, sendo 1

para a forma mais branda e 3

para a mais severa.

Considerou-se duas condições e

duas notas, sendo 1 para a

forma indireta e 2 para a direta:

Considerou-se quatro condições

com notas 1 a 4, sendo 1 para a

forma mais branda e 4 para a

mais severa.

1- Restrita – quando o impacto é

pontual.

1 - Esporádica – uma vez por

ano.

2 - Direta – são atividades

intrínsecas à área de estudo.

1 - Insignificante – o efeito

ambiental é muito pouco

identificável.

2 - Local – o impacto abrange

algumas áreas do local de

estudo.

2 - Cíclica – uma vez por mês.1 - Indireta – são atividades

extrínsecas à área de estudo.

2 - Pequena – o impacto

ambiental é desprezível.

3 - Regional – o impacto afetará

também a circunvizinhança.

3 - Contínua – Sempre, sem

interrupções.

3 - Média – o impacto

compromete o meio ambiente,

porém é reversível.

4 - Global – o impacto afetará

outras áreas, além da

circunvizinhança do local de

estudo.

4 - Grande – o impacto ambiental

compromete o meio ambiente e

é de difícil reversibilidade.

Com base nas pontuações atribuídas e no somatório destas, definiu-se a

Importância (Im) do impacto ambiental, sendo assim Im = A + F + I + M. O resultado

deste levantamento foi apresentado no Quadro 3, Matriz de Impacto.

Para se definir um foco de atuação por impacto identificado foi adotado que

os aspectos e impactos ambientais que constam na Matriz de Impactos com uma

pontuação de Im maior ou igual a dez seriam tratados por ações que envolvam

segregação, tratamento e destinação dos resíduos ou até mesmo ações de

adequação da infraestrutura existente de acordo com requisitos de segurança

ocupacional e ambiental dentro do plano de gerenciamento de resíduos, e por vezes

estariam associados também com iniciativa de educação ambiental. Os itens com

importância menor que dez seriam tratados como sugestão de melhoria e ou

iniciativas de educação ambiental.

Page 46: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

45

Quadro 4 - Levantamento de aspectos e impactos ambientais identificados na área de estudo.

A F I M Im

PalestraSug.

Melhoria

Ger.

Resíduo

1

Armazenamento de

fungicida no laboratório

junto com produtos de

limpeza

Contaminação de

funcionários3 2 2 3 10

O fungicida deve ficar junto com os

produtos químicos do laboratório. Deve

haver instruções de segurança e

manipulação e de emergência em caso

de acidente.

x

2

Descarte inadequado dos

resíduos da solução de

hidróxido de sódio e

fungicida

Contaminação de água 3 2 2 3 10

Neutralização da solução para descarte

na pia ou segregação deste resíduos

para posterior destinação.

x

3

Descarte inadequado dos

resíduos de frutas

analisadas no laboratório

Proliferação de pragas e

vetores de doenças.

Mau cheiro.

1 2 2 2 7

Criação de compostagem ou descarte

em locais afastados das áreas de

circulação.

x

AD

MIN

IST

RA

TIV

O

Tra

ns

po

rte

4

Falta de medida de

contenção nos veículos

oficiais que transportam

defensivos agrícolas em

caso de acidente com

derramamento.

Risco de contaminação

do solo, corpos d'agua e

dos motoristas

1 1 2 3 7

Uso de kit de emergência nos carros

oficiais como material de absorção,

luvas, máscaras e óculos de proteção.

x

5

Armazenamento

inadequado dos

agrotóxicos quanto a

ventilação, iluminação e

contenção

Risco de contaminação

do ambiente e dos

operadores em caso de

derramamento

2 2 2 3 9

Adequação da área de armazenamento

com abertura de janelas na parte

superior da parede, melhoria na

iluminação e uso de material absorvente

para contenção de líquidos em caso de

vazamento.

x

6Produtos armazenados

diretamente no chão e

sem organização

Risco de contaminação

do ambiente e dos

operadores em caso de

derramamento

2 1 2 4 9

Uso de demarcação no piso com

identificação. Uso de pallets para

suspenção dos passivos.

x

7

Área de armazenamento

de defensivos próximo a

um corpo d'água

Contaminação do corpo

d'água, fauna local e

transitória e solo

3 3 2 4 12

Preparação e mudança para outra área,

como exemplo as áreas do vivieiro.

Construção de nova de acordo com as

normas estabelecidas em lei.

x x

8

Ausência de ficha de

procedimentos em caso

de acidente

Risco de intoxicação do

operador1 2 2 3 8

Criação ficha de procedimentos

imediatos em caso de intoxicação como

lavar a área, procurar ajuda e outros.

x

9Preechimento da ficha de

controle de preparação da

calda é ineficiente

Falta de rastreabilidade

do produto utilizado

implicando em

comprometimentos em

caso de sinais de

intoxicação de

operadores

1 2 2 3 8Definição do preenchimento da ficha de

controlex

10

Estrutura insegura de

preparo da calda.

(equipamentos, utensílios,

espaço físico)

Contaminação do

operador, ar, solo e

corpos d'água

2 3 2 3 10

Retirada dos materiais inseguros e

substituição por outros. Melhoria na

iluminação da área de preparo.

x

11

Ausência de tríplice

lavagem de todos os

utensílios usados para

preparar a calda (colher e

vareta de mistura)

Contaminação de solo e

colaboradores2 2 2 3 9

Criação de instrução de trabalho e suas

medidas de segurança obrigatórias.x

12

Uso incorreto ou ausência

de partes do EPI na etapa

de preparo da calda

Contaminação do

operador1 2 1 4 8

Criação de procedimento de preparo, uso

do EPI e suas medidas de segurança

obrigatórias.

x

13 Construção de rampa de mistura. x x

14

Impermeabilização da área de mistura

por meio da instalação de piso cerâmico

e uso de material absorvente em caso

de vazamento.

15

Falta de identificação do

período de carência do

defensivo na cultura

Risco de intoxicação,

seja pelo contato com a

planta ou pela ingestão

de frutos

3 2 2 3 10

Realização de trabalho de educação

ambiental e uso de placas de

identificação e advertência quanto ao

período de carência da cultura, por meio

de cores similar a sinalização de tráfego

(semáforos).

x x

16Ingestão de alimento na

pausa do processo de

pulverização

Contaminação do

operador1 2 1 4 8

Proibição de consumo de alimento em

dias de pulverização.x

Trí

plic

e la

va

ge

m

do

ta

nq

ue

17

Despejo da água de

lavagem do tanque de

pulverização em local

inadequado

Contaminação do solo e

corpos d'água3 2 2 3 10

Segregar a água de despejo para

posterior tratamento ou definição de local

adequado para o descarte. Uso desta

água no preparo da mesma receita

posteriormente.

x x

18Lavagem das vestimentas

do EPI na própria

residência

Contaminação cruzada

de pessoas, animais

domésticos e corpos

d'água

1 2 2 2 7Instalação de área de lavagem na

propriedade ruralx x

19

Uso do EPI em mais de

um ciclo de pulverização

seguido, sem a devida

lavagem

Contaminação cruzada

de pessoas e animais

domésticos

1 2 1 4 8

Cada operador deve ter um par de

vestimentas ou sobressalentes na

propriedade.

x x

TRATATIVA

3 10

Pu

lve

riza

çã

o

2

AÇÕES DE MITIGAÇÃONº

AT

IVID

AD

E D

E C

AM

PO

LA

BO

RA

RIO

Arm

aze

na

me

nto

Pre

pa

raç

ão

da

ca

lda

Somatório das notas

igual Importância (Im)

Hig

ien

iza

çã

o

ASPECTO IMPACTO

Ausência de rampa de

mistura

Contaminação do solo e

corpos d'água2 3

Page 47: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

46

3.1.1 Manual Orientativo

A matriz de impacto apontou que existem seis aspectos e impactos que

deveriam ser tratados dentro de um plano de gerenciamento de resíduos que

incluam etapas como segregação, armazenamento e destinação adequada quantos

aos resíduos gerados.

Desta maneira, com o objetivo de transformar estes dados em um documento

onde os responsáveis técnicos da propriedade possam balizar a implantação das

ações de mitigação sugeridas, foi elaborado um manual orientativo dando a tratativa

adequada com relação aos resíduos gerados, assim como os cuidados e EPIs

necessários em cada atividade, sejam eles do laboratório ou da atividade de campo.

Sendo assim, o plano de gerenciamento de resíduo, na forma de um manual

orientativo, pode ser observado no Apêndice A e este foi entregue à direção da

propriedade para que possa dar a tratativa adequada a curto, médio ou longo prazo.

3.1.2 Iniciativa de Educação Ambiental

A iniciativa de educação ambiental foi um dos objetivos específicos do

presente trabalho, pois se imaginava que muitas atitudes que colocam em risco a

saúde dos trabalhadores e que causa dano ao meio ambiente parte do próprio

homem que desconhece ou ignora o resultado de suas ações.

Com o desenvolvimento do trabalho, uso das metodologias anteriormente

citadas ficou comprovada à necessidade da educação ambiental, conforme

descrição da matriz de impacto (ver 3.1), onde aponta 8 aspectos e impactos

ambientais a serem tratados por meio da iniciativa ambiental.

Como estrutura da iniciativa foram selecionadas palestras expositivas, em um

estilo descontraído, sem uso de linguagem técnicas, adequadas ao público alvo

(aplicadores de defensivos agrícolas, trabalhadores da área de estudo), utilizou-se

uma abordagem transversal nas temáticas da não geração, redução, consumo

consciente, produção, consumo sustentáveis e orientação e adoção de ações de

Page 48: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

47

curto, médio e longo prazo, a maneira educativa e participativa foi apontada pelos

entrevistados como mais eficiente.

A duração da iniciativa ambiental obteve um tempo de 1h30min, com duas

palestras, sendo a primeira introdutória realizada pela Profa. Ms. Ana Carolina

Veredas, a segunda expositiva, onde foi relatado o diagnóstico ambiental

identificado na área de estudo e suas soluções, exposta pelas alunas participantes

do presente projeto.

Na primeira palestra (Fig. 13) foi exposto o que foi o projeto, os responsáveis,

objetivo, justificativa, metodologia, a importância e esclarecimento do por que, para

quê e o que se esperava da educação ambiental. Na segunda palestra (Fig. 14 e 15)

teve como intuito relatar os principais dados dos defensivos agrícolas no Brasil, seus

riscos e efeitos nos seres humanos e meio ambiente; Esclarecer os principais pontos

Figura 13 – Ed. Ambiental I

Figura 14 – Ed. Ambiental II Figura 15 – Ed. Ambiental III

Page 49: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

48

levantados no projeto e propor soluções individuais e em conjunto, entre outros

pontos como:

Prevenir a geração do resíduo;

Sempre que possível tratar internamente;

Separar e armazenar o resíduo sempre que necessário;

Dar correta disposição final ao resíduo;

Adotar medidas de prevenção de acidentes: não ingerir alimentos

quando estiver realizando trabalhos de pulverização e nunca retirar

partes do EPI sem a devida higienização;

Criar procedimentos de segurança em caso de acidente;

Estabelecer o uso das fichas controle de preparo de defensivos

agrícolas, para conhecimento de aplicadores e funcionários da área;

Adequar as condições de armazenamento dos agrotóxicos e

Sugestões: ter um vestiário próprio, realizar melhorias na área de

preparo da calda como iluminação, ventilação e o ideal, construir

rampa de mistura.

Dessa maneira, foi realizada a análise dos resultados da iniciativa ambiental

na área de estudo, conforme metodologia e critérios de avaliação da educação

ambiental apontada no capítulo 2.4 deste trabalho, ressaltando que as respostas

originaram da interpretação e observação dos multiplicadores do projeto.

Sendo assim, ficou comprovado que o diagnóstico ambiental da área foi de

suma importância para a caracterização da situação atual; as metas, o cronograma e

as ações e etapas de implementação estipulados no relatório de iniciativa ambiental

foram respeitados e cumpridos; os temas foram relevantes para os trabalhadores e

para o meio ambiente.

Dentre os resultados verificados ao longo da iniciativa ambiental estão os

seguintes aspectos:

Identificação de novos problemas: à medida que as palestras foram

desenvolvidas, houve comentários de outros pontos não conformes

sobre a temática de defensivos agrícolas e seu manuseio adequado,

pontos que foram omitidos nos questionários ou novos casos;

Page 50: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

49

Quanto ao período de carência: foi aceita a sugestão de sinalização

através das placas verde e vermelha, cabendo a direção sua

implementação;

Quanto à segregação da lavagem do tanque: um dos pontos mais

críticos da área de estudo, foi bem aceito por parte da direção e dos

trabalhadores, onde se comprometeram a realizar tal sugestão,

segregando a água residual do tanque em caixas ou bombonas para

serem usadas em uma próxima pulverização, tendo a vantagem de um

custo mínimo;

Figura 16 – Sugestão para segregação da água residual da lavagem do tanque

Quanto ao EPI: o ponto negativo do uso inadequado do EPI, onde foi

identificado através do diagnóstico ambiental que era usado mais de

uma vez sem a devida higienização foi solucionado pelos trabalhadores

através de escalas de trabalho, com revezamento de duplas de

aplicadores, não coincidindo com o tempo necessário para lavagem

dos EPIs utilizados. Interessante ressaltar que os funcionários

participam de programas e cursos de aplicação, algo levantado foi que

o próprio trabalhador é quem deverá higienizar o EPI, não permitindo

que as esposas ou alguém da família faça isso;

Também foram aplicados dois questionários (ver APÊNDICE D) no momento

da iniciativa ambiental. O primeiro com o objetivo de medir o conhecimento geral dos

trabalhadores acerca da temática dos defensivos agrícolas, a fim de aguçar o

sentido da reflexão no momento da palestra e o outro, no final, com o objetivo de

Page 51: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

50

verificar o resultado da ação ambiental, através da percepção dos trabalhadores

rurais.

O questionário preliminar foi elaborado com sete perguntas, são elas:

1. Você usa o EPI completo?

2. Você ingere alimentos enquanto está pulverizando a cultura?

3. Você realiza a tríplice lavagem de embalagens vazias?

4. Você respeita o período de carência dos defensivos agrícolas?

5. Você lava o EPI logo depois da pulverização?

6. Você despeja resíduos no solo?

7. Você considera as condições climáticas, horário de aplicação e

regulagem de equipamentos?

Pode-se verificar através do Gráfico 1 que quase 80% dos trabalhadores

sempre usam o EPI, que 45% dos trabalhadores ingerem alimentos enquanto esta

pulverizando a cultura, tendo assim risco de contaminação; a tríplice lavagem é um

procedimento consagrado; quase 80% dos participantes lavam o EPI logo depois da

pulverização sempre ou na maioria das vezes; raramente é despejado resíduos no

solo e que todos consideram as condições climáticas, horário de aplicação e

regulagem de equipamentos.

Page 52: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

51

Gráfico 1 – Resultados do questionário Preliminar

Sobre os pontos abordados durante a inciativa ambiental foi verificado que a

maioria deles era de conhecimento dos trabalhadores e que nenhuma pessoa

desconhecia todos os aspectos e impactos ambientais da área de estudo.

Gráfico 2 – Conhecimento sobre os pontos abordados na Ed. Ambiental

Page 53: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

52

Sobre a satisfação da participação dos trabalhadores na iniciativa de

educação ambiental e percepção de mudança de valores quanto a temática,

podemos verificar através do Gráfico 3 os seguintes resultados:

Todos os trabalhadores acharam proveitoso a educação ambiental realizada.

Todos consideraram que as soluções apresentadas podem ser realizadas em

curto e/ou médio prazo.

E apenas 11,12% da amostra não sentiram a necessidade de mudança de

hábitos.

Gráfico 3 – Resultado do Questionário final

Entre os resultados apontados na iniciativa de educação ambiental está o

desconforto ao usar o EPI, por exemplo, o calor, sendo um aspecto determinante

para o não cumprimento de certas normas, onde foi colocado que a teoria e a prática

são incompatíveis em alguns casos, porém, todos os trabalhadores estão cientes do

risco que assumem ao descumprir determinadas regras e orientações.

De maneira geral, a aplicação da iniciativa ambiental foi importante para a

direção e trabalhadores da área de estudo, bem como para os elaboradores desse

projeto, como troca de conhecimento e alinhamento da situação atual com a

legislação ambiental.

Page 54: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

53

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo a realização de um diagnóstico

ambiental com enfoque na elaboração de um plano de gerenciamento de resíduos

químicos gerados em áreas rurais e iniciativas de educação ambiental, tendo como

estudo uma propriedade rural, localizada no município de Jundiaí-SP, por apresentar

as condições favoráveis e necessárias para a elaboração do plano de manejo.

Para a realização do diagnóstico ambiental foram realizadas quatro atividades

principais: revisão da literatura, questionário com o público alvo, avaliação in loco e

registro fotográfico. Dessa maneira foi possível elaborar uma matriz de impactos que

sinalizou dezenove aspectos e impactos ambientais, sendo que, conforme a

Importância (Im), parte foi tratado dentro de um plano de gerenciamento de resíduos,

sob a forma de um manual orientativo e parte por meio de ação de iniciativa de

educação ambiental.

Portanto, o manual orientativo e a iniciativa de educação ambiental foram os

resultados práticos do diagnóstico ambiental, sendo que o primeiro deles visou

definir as medidas de mitigação ambiental quanto à manipulação e geração de

resíduos na propriedade rural e o último esclarecer a situação atual do uso e

manuseio dos defensivos agrícolas para os trabalhadores rurais da área de estudo e

propor através de palestras uma situação de conformidade com a legislação e

demais questões ambientais.

A aplicação dos pontos descritos do manual orientativo e esclarecidos

também pela iniciativa ambiental ficou a encargo da direção e responsáveis técnicos

da propriedade rural, sendo que dentre eles o sistema de sinalização através de

placas (verde/vermelho); estabelecimento de fichas de controle de utilização e

aplicação dos defensivos para conhecimento de aplicadores e funcionários; e

segregação da água residual da lavagem do tanque para uma próxima pulverização

foram acordadas como ações de curto prazo, de interesse comum e custo mínimo,

ficando em aberto o convite para os elaboradores do presente trabalho a visitação à

área rural, quando implementada tais ações.

Ante ao exposto, ficou comprovado que impactos relacionados ao uso e

manuseio inadequado dos defensivos agrícolas são de conhecimento geral sendo

Page 55: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

54

necessária uma gestão ambiental adequada, que prevê uma caracterização da

situação atual e fomenta uma mudança de hábitos e adoções de ações a curto,

médio e longo prazo, obedecendo ao critério da sustentabilidade, para dessa

maneira, atingir a conformidade legal garantindo a saúde e segurança do

trabalhador, bem como a minimização de impactos ambientais.

Page 56: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

55

REFERÊNCIAS

ANVISA – Brasil usa 19% dos agrotóxicos produzidos no mundo. Governo

registra 8 mil casos de intoxicação por agrotóxicos em 2011. Disponível em:

http://www.mundosustentavel.com.br/2012/05/brasil-usa-19-dos-agrotoxicos-

produzidos-no-mundo-governo-registra-8-mil-casos-de-intoxicacao-por-agrotoxicos-

em-2011/ (Acesso em janeiro de 2013).

BOWLES, R. G. & WEBSTER, J. P. G., 1995. Some problems associated with the

analysis of the costs and benefits of pesticides. Crop Protection, 14:593- 600.

BRASIL. Lei n. 12305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de

Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras

providências. Lex: Diário Oficial da União, Brasília, 2010.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm (Acesso em

janeiro de 2013).

BRASIL. Decreto n. 7404, de 23 de dezembro de 2010. Regulamenta a Lei no

12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos,

cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê

Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras

providências. Lex: Diário Oficial da União, Brasília, 2010.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7404.htm.

(Acesso em janeiro de 2013).

CABRAL, E.R.M. – Exposição aos agrotóxicos: Implicações na saúde de

trabalhadores agrícolas de uma região de Campinas. Dissertação (Mestrado)

Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012.

CONAMA. Resolução n. 334, de 19 de maio de 2003. Dispõe sobre os

procedimentos de licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao

recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos Lex: Diário Oficial da União,

Brasília, 2003. http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res03/res33403.xml.

(Acesso em janeiro de 2013).

COGERH. Plano de Gestão Participativa dos Aquíferos da Bacia Potiguar,

Estado do Ceará – Relatório Final. Fortaleza, 2009.

Page 57: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

56

KNEŽEVIĆ, Z.; SERDAR, M. Screening of fresh fruit and vegetables for

pesticide residues on Croatian market. Food Control, 2009, 20, pg 419.

Manual de orientação: Planos de gestão de resíduos sólidos Apoiando a

implementação da Política nacional De resíduos sólidos: do nacional ao local .

Ministério do Meio Ambiente – Iclei , Brasília, 2012.

MENTEN, J.O.; KREYCI P.F.; AGROTÓXICOS Boas Práticas de Manuseio –

Encontro do Trabalhador Rural de Araraquara e Região Disponível em:

http://www.slideshare.net/ccasadmin/agrotoxicos-boas-praticas-de-manuseio

(Acesso em: fevereiro de 2013)

PACOBAHYBA, F.M, BELCHIOR, G.P.N. Agrotóxicos e incentivos fiscais:

reflexões acerca do Convênio ICMS 100/97 do Confaz. Revista Direito Ambiental

e Sociedade 2011, 1(1), pg. 301.

RIBEIRO, D.H.B. Avaliação do potencial de impacto dos agrotóxicos no meio

ambiente, 2010. Disponível em:

http://www.biologico.sp.gov.br/artigos_ok.php?id_artigo=124. Acesso em janeiro de

2013.

RIGOTTO, RM et al. Estudo epidemiológico da população da região do baixo

Jaguaribe exposta à contaminação ambiental em área de uso de agrotóxicos -

Documento síntese dos resultados parciais da pesquisa. Fortaleza, agosto de 2010.

SANCHES, S, M,; SILVA,C.H.T.P.;CAMPOS,S.X.; VIEIRA, E.M. Pesticidas e seus

respectivos riscos associados à contaminação da água. Revista de

Ecotoxicologia e Meio Ambiente, 2003, 13, pg. 53.

FILHO, D. de O. L.; SPROESSER, R. L.; FERELLI, D. J.; KOHARI, C. A. e

VALÉRIO, J. M. Logística reversa: o caso das embalagens vazias de

agrotóxicos. ENEGEP 2006.

CARBONE, T. G.; SATO, G. S.; MOORI, R. G. Logística reversa para embalagens

de agrotóxicos no Brasil: uma visão sobre conceitos e práticas operacionais.

XLIII Congresso da Sober. Ribeirão Preto, Julho, 2005.

ANDEF – Associação Nacional de Defesa Vegetal. Embalagens vazias. Disponível

em http://www.andef.com.br/noticias/noticia.asp?cod=93. Acesso em 28 de maio de

2013.

Page 58: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

57

OLIVEIRA, K.; SENNA, A. J. T. Análise das Práticas de Gestão Ambiental em

Propriedades rurais no município de Santa Margarida do Sul-PR. Ver. Elet. em

Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, n. 7, p. 1283-1290, Março-Agosto, 2012.

EMBRAPA. Gestão Ambiental na Embrapa Cerrados: guia de termos e siglas.

ISSN, 1517 – 5111, Outubro, 2007.

SINDAG - Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola - Venda

de defensivos bate recorde no Brasil Disponível em:

http://www.sindag.com.br/noticia.php?News_ID=2143 Acesso em: janeiro de 2013.

BATISTA FILHO M, MELO MNT. Alimentação, Agrotóxicos e Saúde. Rev. Bras.

Saúde Matern. Infant. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 12 (2): 113-119 abr. /

jun., 2012

DECRETO Nº 4.074, DE 4 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4074.htm> Acesso maio de

2013

ANDRADE, I. QUEIROZ.S. Resíduos de agrotóxicos em alimentos: uma

preocupação ambiental global – um enfoque às maçãs. Quim. Nova, Vol. 32, No.

4, 996-1012, 2009

LIECHOSCKI, D. MAINIER, F. Gestão de boas práticas de laboratório aplicada

ao controle e uso de agroquímicos na agricultura. Disponível em

<http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2003_TR1002_0868.pdf> Acesso

maio 2013

Santos, J. Agrotóxicos. Disponível em

http://www.cenedcursos.com.br/agrotoxicos.html> Acesso abril 2013

BRITO, P.F.; GOMIDE, M.; CÂMARA, V.M. Agrotóxicos e saúde: realidade e

desafios para mudança de práticas na agricultura Disponível em

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

73312009000100011>

Manual de segurança e saúde do aplicador de produtos fitossanitários. ANDEF

- ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL. Campinas, 1ª ed, 2006.

Disponível em <http://www.andef.com.br/manuais/arquivos/SegSaudeFinal.pdf>

Acesso abril 2013

Page 59: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

58

Manual de uso correto de equipamentos de proteção individual. ANDEF -

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL. Campinas, 2003. Disponível

em: <http://www.andef.com.br/manuais/arquivos/Manual_EPI.pdf> Acesso abril 2013

Manual de tecnologia de aplicação. ANDEF - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE

DEFESA VEGETAL. Campinas, 2004. Disponível em

<http://www.andef.com.br/manuais/arquivos/Manual_Tecnologia.pdf> Acesso abril

2013

Manual de transporte de produtos fitossanitários. ANDEF - ASSOCIAÇÃO

NACIONAL DE DEFESA VEGETAL. Campinas, 2010. Disponível em:

<http://www.andef.com.br/manuais/arquivos/ManualTransporte.pdf> Acesso abril

2013

Manual de uso correto e seguro de produtos fitossanitários. ANDEF -

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL. Campinas, 2010. Disponível em

< http://www.andef.com.br/manuais/arquivos/ManualUCS.pdf> Acesso abril 2013

Manual de armazenamento de produtos fitossanitários. ANDEF - ASSOCIAÇÃO

NACIONAL DE DEFESA VEGETAL. Campinas, 2010. Disponível em

<http://www.andef.com.br/manuais/arquivos/Armazenamento.pdf> Acesso abril 2013

Boas Práticas Agrícolas no Campo. ANDEF - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE

DEFESA VEGETAL. Campinas, 2010. Disponível em

<http://www.andef.com.br/manuais/arquivos/Manual_de_seguranca.pdf> Acesso

abril 2013

Modelo de relato da iniciativa. Disponível em

<http://www.balcaoambiental.com.br/arquivos/MODELO_RELATO_INICIATIVA.pdf>

Acesso em 30 de outubro de 2013

SILVEIRA. P. Educação Ambiental: como fazer. Disponível em

<http://www.sociosistemas.com/Educacao%20Ambiental.pdf> Acesso em 30 de

outubro de 2013

Subprograma de Capacitação de Professores em Educação Ambiental -

Módulo V - Projeto de Educação Ambiental. Disponível em

<http://www.br060ambiental.com.br/media/frontend/download/Capacita%C3%A7%C

3%A3o-de-Professores-5.pdf> Acesso em 30 de outubro de 2013

Page 60: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

59

FERREIRA. T.; TOMAZELLO. M. Educação Ambiental: que critérios adotar para

avaliar a adequação pedagógica de seus projetos? Disponível em

<http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v7n2/05.pdf> Acesso 31 de outubro de 2013

Page 61: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

60

APÊNDICE A – MANUAL ORIENTATIVO

MANUAL ORIENTATIVO

Data: 28.10.2013

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS EM

PROPRIEDADE RURAL E USO DE EPI

Versão : 00

1. OBJETIVO

Este manual visa definir as medidas de mitigação ambiental quanto à

manipulação e geração de resíduos na propriedade rural, incluindo os usos adequados

de equipamentos de proteção individual (EPI) como medida de segurança ocupacional.

2. APLICAÇÃO

Este manual se aplica a todas as áreas da propriedade rural, em especial as

áreas de Laboratório e Atividade de Campo onde a manipulação de reagentes

químicos e defensivos agrícolas é inerente à atividade.

3. ORIENTAÇÕES

3.1 Uso de EPIs

O uso de EPIs durante as atividades de manipulação dos defensivos agrícolas,

sejam eles fungicidas, herbicidas ou inseticidas, é uma medida de segurança para a

pessoa que está manipulando, visto que estes produtos possuem caráter de toxidade,

de resposta a curto, médio ou longo prazo.

As vias de intoxicação podem ser por meio do contato do defensivo diluído ou

não, com a pele, mucosa (olhos, boca), por inalação ou ingestão.

Page 62: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

61

Desta forma, o operador deverá usar os seguintes itens durante as etapas de

preparação da calda, tríplice lavagem da embalagem vazia, pulverização em campo e

lavagem do tanque:

IMPORTANTE: o colaborador que manipular sementes com fungicidas no

Laboratório deverá utilizar os EPIs descritos no Quadro 1, item “Sementes Tratadas”.

No entanto, o colaborador que realizar o tratamento das sementes deverá utilizar os

EPIs da etapa de pulverização.

A forma de vestir o EPI deve seguir uma ordem:

1º Calça e Jaleco.

2º Botas impermeáveis. Obs.: a boca da calça deverá ficar por cima das botas.

3º Avental impermeável.

4º Respirador.

5º Touca árabe

6º Luvas de borracha. Obs.: devem ser vestidas de forma a evitar que o líquido

escorra para dentro das mangas do jaleco.

Da mesma forma a retirada dos EPI deve:

Touca árabe

Viseira ou Óculos de

proteção

Avental impermeável

Calça e jaleco

Respirador

Botas impermeáveis

Page 63: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

62

IMPORTANTE: Antes de qualquer coisa, deve-se lavar as mãos ainda com as

luvas de borracha, que devem ser mantidas nas mãos durante o procedimento de

retirada.

1º Touca árabe

2º Viseira/Óculos.

3º Avental impermeável.

4º Jaleco. Obs.: Deve-se puxar o jaleco pela gola com o corpo curvado para

frente a fim de se evitar o contato do EPI contaminado com o rosto.

5º Botas

6º Calça.

7º Por último deve tirar as luvas para remoção do respirador.

A limpeza das vestimentas devem seguir alguns cuidados que facilitam a

remoção dos resíduos e aumentam a vida útil do EPI e serem feitas sempre após o

término do trabalho de pulverização:

Lavar separadamente das roupas comuns;

Utilizar luvas e avental para proceder a higienização;

Não utilizar detergentes que contenham em sua formulação alvejantes ou

branqueadores, pois os mesmos retiram o tratamento impermeabilizante;

Não deixar de molho ou esfregar.

Em caso de dano à vestimenta (furos, rasgos, desgastes) ou se percebido que

quando a vestimenta é molhada a água é absorvida pelo tecido, deverá ser solicitado

junto ao departamento responsável um novo conjunto.

Page 64: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

63

De maneira geral, o uso dos itens que compõem o EPI podem variar de acordo

com o tipo de operação e exposição conforme apresentado no Quadro 1 abaixo.

(ANDEF, 2013)

Quadro 1 – Uso de EPIs de acordo com a operação e exposição.

Fonte: ANDEF (2013).

3.2 Gerenciamento dos Resíduos

É importante optar por ações que reduzam o volume de resíduos gerados.

Desta forma a propriedade rural deve:

Prevenir a geração do resíduo;

Sempre que possível tratar internamente os resíduos, antes de destinar

e onerar a unidade com este custo;

Segregar e armazenar sempre que necessário, realizando a

identificação das embalagens usadas para acondicionar os resíduos;

E por último dar correta disposição final ao resíduo.

IMPORTANTE: os resíduos nunca devem ser descartados em pias, no solo

ou em corpos d’água sem que tenha havido o devido tratamento.

Page 65: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

64

3.2.1 Resíduos químicos do laboratório:

Sempre que possível os resíduos químicos do laboratório deverão ser

tratados pela própria área, por meio de processos como neutralização, recuperação

de solventes, oxidação química e outros. O procedimento a ser adotado depende

das características do resíduo.

Quando não houver outra opção por falta de materiais e tecnologia disponível,

os resíduos deverão ser segregados em embalagens dos próprios reagentes,

identificados e armazenados em locais apropriados para posterior.

Identificação:

Toda embalagem de resíduo deverá estar devidamente identificada por meio

de etiqueta padronizada contendo as informações do(s) resíduo(s), conforme modelo

abaixo.

3.2.2 Resíduos de Defensivo Agrícola:

É importante que a aplicação do defensivo agrícola seja baseada em critério

de boas práticas agrícolas e nas informações trazidas nas bulas dos defensivos,

principalmente com relação à quantidade. Desta forma:

Nunca fazer aplicação quando não há condições meteorológicas

favoráveis como chuvas ou em períodos do dia onde a temperatura

exceda 30ºC.

Identificação

Origem

Responsável

Data

_____ /_____ /________

RESÍDUO QUÍMICO

Page 66: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

65

Sempre utilizar as condições do vento a favor da aplicação evitando

assim que a névoa do defensivo atinja o corpo do operador.

Qualquer atividade que exija contato com defensivos agrícolas deverá

ser feita com os EPIs necessários.

IMPORTANTE: não deve haver no local de aplicação qualquer outra pessoa

que não esteja devidamente equipada com os EPIs requeridos para o trabalho. Da

mesma forma o acesso à coleção durante o período de carência deve ficar restrito

aos colaboradores com os EPIs necessários, como respirador, jaleco e calça

impermeável, luvas e botas de borracha.

Resíduos da preparação da calda: todo resíduo gerado nesta etapa deve

ser descartado no equipamento que está sendo preparado para a pulverização, seja

ele costal ou turbo.

Utensílios como balde, proveta, colher, bastão de mistura devem ser lavados

3 vezes (tríplice lavagem) e o resíduo deve ser descartado no equipamento de

pulverização conforme figura abaixo.

Estes materiais devem ser guardados junto com os defensivos agrícolas na

área de Armazenamento e não devem ficar expostos, evitando assim o contato com

outras pessoas.

Com relação à embalagem vazia esta deverá seguir o procedimento abaixo:

Page 67: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

66

Fazer tríplice lavagem e o resíduo deve ser descartado no

equipamento de pulverização.

Fazer um furo no fundo da embalagem para inutilizá-la.

Dar meia rosca na tampa de maneira a mantê-la com a embalagem,

porém não fechá-la totalmente.

Armazenar junto com os defensivos agrícolas para posterior entrega à

Central de Recolhimento.

Resíduos da pulverização: neste item devem ser adotadas as medidas de

boas práticas de aplicação mencionadas anteriormente, porém não deve ser

permitido a alimentação na pausa da etapa de pulverização visto o risco de

contaminação cruzada dos operadores.

A área pulverizada deve ser sinalizada como área em período de carência.

Para isso deve ser adotada placa de identificação conforme exemplo abaixo:

Placa Verde: área com acesso liberado para trabalhos de manejo.

Placa Vermelha: área em período de carência. Acesso somente com uso de

EPIs.

Resíduos da tríplice lavagem do tanque de pulverização: por ausência de

uma rampa de mistura, o resíduo da lavagem do tanque de pulverização deverá ser

Page 68: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

67

segregado em bombonas plásticas devidamente identificadas para posterior

destinação. Este também poderá ser usado para completar o volume do tanque de

pulverização numa posterior aplicação, de acordo com as exigências técnicas e

determinações do técnico agrícola ou engenheiro agrônomo responsável.

5. RESPONSIBILIDADES

É de responsabilidade de todo colaborador que manipule reagentes químicos,

defensivos agrícolas ou não exigir e seguir as orientações determinadas neste

manual, sem exceção para colaboradores terceiros, estagiários e visitantes.

Fica sob responsabilidade de cada responsável de área, incluindo técnicos

agrícolas, pesquisadores e diretores, a cobrança pela execução das orientações

estabelecidas neste manual.

Page 69: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

68

APÊNDICE B - RELATO DE INICIATIVA AMBIENTAL

1. Gestão Ambiental aplicada à área em estudo

Sendo a área de estudo uma referência para agricultura, que garante a oferta

de alimentos à população e coopera para a segurança alimentar e competitividade

de mercado e que também se preocupa com as questões ambientais, foi realizado

um estudo tendo em foco as principais características da área, no município de

Jundiaí.

2. Caracterização da situação atual

Com metodologia e técnicas de gestão ambiental para elencar os principais

impactos ambientais na área rural referente ao uso e manuseio dos defensivos

agrícolas, foram levantados 18 aspectos e impactos ambientais.

Dos impactos ambientais apontados somente um pertence a área

administrativa, três ao laboratório e os 14 restantes são referentes exclusivamente

ao processo de aplicação dos defensivos agrícolas, sendo que dentre esses, a

iniciativa de educação ambiental é apontado para 8 como ação de mitigação.

Ainda para justificar a aplicação da iniciativa ambiental, foi possível identificar

com a aplicação de questionário que a mudança no comportamento e forma de ver a

situação dos defensivos agrícolas, desde o uso correto de EPI, sinalização de áreas

com risco de intoxicação é um ponto chave a ser tratado com os trabalhadores para

que possam se adequar a uma nova realidade.

3. Relatório da Iniciativa

Objetivo

Esclarecer a situação atual do uso e manuseio dos defensivos agrícolas para

os trabalhadores rurais da área de estudo e propor através de palestras e manuais

orientativos uma situação de conformidade com a legislação e demais questões

ambientais.

Page 70: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

69

Metas

Realizar a iniciativa de educação ambiental, aplicar questionário de satisfação

da educação ambiental, expor palestras orientativas e conversar com os

trabalhadores rurais diretamente e entregar ao diretor da área de estudo o manual

orientativo.

Resultados esperados

Espera-se que com a iniciativa ambiental seja aclarado a situação atual da

área rural e que haja uma mudança positiva no comportamento e na tratativa dos

defensivos agrícolas.

Duração, cronograma

Foi estipulado um período de 1h e 30 min com todos os trabalhadores do da

área de estudo que estão envolvidos diretamente com a aplicação de defensivos

agrícolas, com o seguinte cronograma:

Horário Descrição Responsável

13:00 Aplicação de questionário preliminar L. Arantes e S. Krieger.

13:10 Introdução ao projeto: objetivo,

justificativa e metodologia.

Profa. Ms. Ana Carolina

Veredas

13:30 Caracterização da situação atual:

aspectos e impactos ambientais

identificados e ações mitigadoras

L. Arantes e S. Krieger.

14:20 Aplicação do questionário final L. Arantes e S. Krieger.

Ações e etapas de implementação

Entrega do manual orientativo como resultado do nosso trabalho;

Verificar a motivação dos trabalhadores quanto as situações apresentadas.

Page 71: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

70

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO PARA AS ATIVIDADES ADMINISTRATIVO, LABORATORIAL E CAMPO

Atividade Administrativa

1. Quem compra os produtos químicos?

2. Onde eles são transportados?

3. Como eles são transportados?

4. Onde eles estão dispostos?

5. Até onde vai a parte administrativa relacionada a compra de produtos

químicos?

6. Depois de usados isso volta a essa área?

Atividade Laboratorial

1. Quais resíduos químicos dão entrada no laboratório?

2. Onde ficam acondicionados?

3. Depois de usados como eles são descartados?

Atividade de Campo

1. Quais são os defensivos agrícolas mais usados no campo?

2. Além dos defensivos, quais produtos químicos dão entrada?

3. Como ocorre a compra? O transporte? E a alocação?

4. Onde eles ficam alocados e de que forma eles estão dispostos?

5. Qual é o “ciclo” de uso do agrotóxico? (Mistura, trator, deslocamento,

aplicação, deslocamento, acondicionamento).

6. A aplicação destes produtos gera resíduos no campo?

7. Os produtos depois de abertos ficam acondicionados onde? E de que forma?

8. As embalagens usadas são depositadas onde (lixo)? E qual é a destinação

dada a elas?

9. Os EPIs são usados corretamente? São descartáveis?

10. Depois de usado o que os funcionários fazem com ele?

11. Onde é lavado? Onde são guardados?

Page 72: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

71

12. Vocês acreditam que a forma como é tratado (compra, estoque, aplicação e

destinação final) os produtos químicos está correto?

13. Quais os pontos negativos que vocês veem? (três principais)

14. Como funcionários, vocês aceitariam uma nova forma, uma forma correta, de

manusear os defensivos agrícolas, obedecendo a legislação, etc? Como

encarariam essa realidade?

15. O plano de resíduos propõe educação ambiental? Para você qual é a melhor

forma de conscientizar o público?

Page 73: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

72

APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO PRELIMINAR E FINAL APLICADOS NA INICIATIVA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Questionário Preliminar

Formação/Nível de escolaridade: ______________________________________

O que é um agrotóxico? ______________________________________________

___________________________________________________________________

Marque um X. Os agrotóxicos estão relacionados com:

Sim Não

Problemas ambientais

Problemas à saúde

Qual o principal problema ambiental que você enxerga na agricultura?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Você usa o EPI completo?

( ) Sempre ( ) Na maioria das

vezes

( ) Raramente ( )Nunca

Você ingere alimentos enquanto está pulverizando a cultura?

( ) Sempre ( ) Na maioria das

vezes

( ) Raramente ( )Nunca

Você realiza a tríplice lavagem de embalagens vazias?

( ) Sempre ( ) Na maioria

das vezes

( ) Raramente ( )Nunca ( ) Desconhece

o procedimento

Você respeita o período de carência dos defensivos agrícolas?

( ) Sempre ( ) Na maioria

das vezes

( ) Raramente ( )Nunca ( ) Desconhece

a informação

Você lava o EPI logo depois da pulverização?

( ) Sempre ( ) Na maioria

das vezes

( ) Raramente ( )Nunca ( ) Desconhece

o procedimento

Page 74: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA …ricardopenteadopericias.com.br/files/pdf/tcc.pdf · CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia

73

Você despeja resíduos no solo?

( ) Sempre ( ) Na maioria das

vezes

( ) Raramente ( )Nunca

Você considera as condições climáticas, horário de aplicação e regulagem de

equipamentos?

( ) Sempre ( ) Na maioria

das vezes

( ) Raramente ( )Nunca ( ) Desconhece

o procedimento

Questionário Final

Sobre os pontos abordados durante a iniciativa ambiental, responda:

Você já sabia?

( ) Todos ( ) A maioria ( ) Um pouco ( ) Nada

Foi de bom proveito?

( ) Sim ( ) Não ( ) Indiferente

Você sentiu a necessidade de mudança de hábitos?

( ) Sim ( ) Não

Você realizará alguma dessas mudanças?

( ) Sim ( ) Não

Das soluções apresentadas você considera que é possível realizá-las?

( ) Sim ( ) Não

Se sim, em quanto tempo?

( ) Curto prazo ( ) Médio prazo ( ) Longo prazo

Escreva aqui sugestões e/ou reclamações (opcional)

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________