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i
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS – UNILESTE-MG
MESTRADO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL
SÍNTESE, PROCESSAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS
ESTUDO SOBRE A GESTÃO E O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS DO MUNICÍPIO DE IPATINGA - MG
YUJI MIYABARA
Coronel Fabriciano
2013
ii
YUJI MIYABARA
ESTUDO SOBRE A GESTÃO E O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS DO MUNICÍPIO DE IPATINGA - MG
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Industrial do Centro
Universitário do Leste de Minas Gerais –
UNILESTE – MG para a obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Industrial.
Orientador: Prof. Dr. Fabrício Moura Dias
Coronel Fabriciano
2013
iii
Dedico este trabalho a todos os
meus colegas e professores, que
se dispuseram a compartilhar
seus conhecimentos e
experiências em minha vida.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a DEUS por ter permitido a realização desse trabalho estando ao meu lado nas
horas mais difíceis e solitárias.
À minha querida esposa Hiromi pelo incentivo ao longo desta jornada, que com muita
paciência, dedicação e amor me deu condição de realizar este momento tão importante em
minha vida.
Aos meus filhos Fábio, Marcelo e minha nora Vanessa pela paciência da ausência, pela
oportunidade de amá-los e pela grande realização de ser pai.
Ao meu orientador professor Dr. Fabrício Moura Dias pela orientação e recomendações
necessárias a conclusão deste trabalho.
Ao Professor Dr. Roselito de Albuquerque Teixeira pela coordenação do curso, apoio e
oportunidade.
A todos os professores da instituição que contribuíram para meu crescimento acadêmico e
profissional, em especial a professora Dra. Maria Adelaide Veado e professora Dra. Cláudia
Nazaré dos Santos.
A todos os colegas do curso de mestrado, em especial Maria José, Adriana, Luciano e o
Thiago, pela amizade e colaboração.
A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (SESUMA) de Ipatinga, na
pessoa do Sr. Amantino Onésimo de Freitas, pelo apoio e disponibilidade de informações.
A empresa Vital Engenharia Ambiental, na pessoa da Srta. Marlene Maria de Souza e Sr.
Raimundo Reginilson Maia pelas informações de aterro sanitário de Ipatinga.
Enfim, a todas as pessoas que de alguma forma me influenciaram e ao mesmo tempo
contribuíram para está conquista.
v
“Nem tudo que se enfrenta pode ser
modificado, mas nada pode ser
modificado até que seja enfrentado.”
(Albert Einstein)
vi
RESUMO
O rápido desenvolvimento industrial, o acelerado processo de urbanização, e o crescimento
populacional somado à mudança de hábitos e de consumo vêm causando diversos problemas
ambientais ao espaço geográfico brasileiro, sendo um dos principais desafios dos centros
urbanos nesse início de milênio. A destinação adequada e o aproveitamento de resíduos
sólidos urbanos para reciclagem é um dos grandes problemas das autoridades brasileiras.
Nesse trabalho apresenta-se um estudo sobre a gestão e gerenciamento do correto manejo dos
resíduos sólidos na cidade de Ipatinga-MG, tem como objetivo geral ampliar os
conhecimentos, por meio de revisão bibliográfica, do emprego de técnicas, métodos e ou
processos que possam minimizar os riscos que os resíduos sólidos oferecerem para a vida, e o
meio ambiente. A metodologia empregada envolveu revisão bibliográfica, trabalhos de campo
e entrevistas. O município em questão apresenta um gerenciamento inadequado dos resíduos
sólidos, comprometendo a sadia qualidade de vida da comunidade e do meio ambiente, bem
como a imagem e desenvolvimento industrial, sinalizando a necessidade do estudo sobre a
gestão e o gerenciamento de Resíduos Sólidos urbanos de Ipatinga.
Palavras-chave: Gestão de resíduos sólidos; Gerenciamento dos resíduos sólidos urbano;
Mesorregião do Vale do Rio Doce
vii
ABSTRACT
The rapid industrial development , the accelerated process of urbanization, and population
growth combined with the changing lifestyle and consumption are causing many
environmental problems to the Brazilian geographical area , being one of the main challenges
of urban centers in this new millennium . The proper disposal and utilization of municipal
solid waste for recycling is one of the major problems of the Brazilian authorities . In this
work we present a study on the management and managing the correct handling of solids in
the city of Ipatinga MG - waste , has the general objective of expanding knowledge through
literature review , the use of techniques, methods and processes that may or minimize the risk
that solid waste offer for life , and the environment . The methodology involved a literature
review , fieldwork and interviews . The municipality in question provides an inadequate
management of solid waste , compromising the sound quality of community life and the
environment as well as the image and industrial development , signaling the need to study the
management and management of municipal solid waste Ipatinga .
Keywords: Solid waste management, Urban management of solid waste; Mesoregion Vale do
Rio Doce.
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade......................................10
Figura 2: Principais atores de um PGRSU e suas respectivas atribuições................................27
Figura 3: Destinação final dos RSU Coletados no Brasil.........................................................37
Figura 4: Sistema Integrado de Gestão de RSU da LIPOR......................................................37
Figura 5: Esquema do processo de digestão anaeróbia.............................................................38
Figura 6: Percentual de Municípios por modalidade de Destinação de RSS...........................41
Figura 7: Evolução da cura do composto..................................................................................43
Figura 8: Taxa de reciclagem de diferentes materiais...............................................................46
Figura 9. Quantidade de reciclagem de diferentes materiais....................................................46
Figura 10: Geração de Resíduos Sólidos Industriais do Brasil – Distribuição por Estados.....52
Figura 11: Fluxograma da Logística Reversa de Pós-consumo................................................66
Figura 12: Fluxograma da Logística Reversa de Pós-venda.....................................................66
Figura 13: Alternativa de cadeia logística reversa para reciclagem de lixo eletrônico
no Brasil..................................................................................................................67
Figura 14. Foto Aérea da Cidade de Ipatinga...........................................................................73
Figura 15: Mapa político da região metropolitana do Vale do Aço..........................................74
Figura 16: Divisão Política do Município de Ipatinga..............................................................74
Figura 17: Evolução Demográfica do Município de Ipatinga...................................................75
Figura 18: Região e Colar Metropolitano do Vale do Aço.......................................................76
Figura 19: Mapa da área urbana................................................................................................80
Figura 20: Aterro Sanitário do Vale do Aço.............................................................................82
Figura 21: Divisão política dos catadores, galpões de sucatarias e associações.......................83
Figura 22: Materiais recicláveis prensados em fardos na Central de Triagem da ASCARI.....84
Figura 23: Pátio de separação de materiais recicláveis na sede da associação AMAVALE....84
Figura 24: Separação de materiais recicláveis na Sucataria do bairro Vila Celeste.................85
Figura 25: Fachada da Sucataria do bairro Cidade Nobre........................................................85
Figura 26: Painel de Controle de Autoclavagem......................................................................92
Figura 27: A) e B) Resíduo infectado antes da Esterilização...................................................93
Figura 28: A) Manuseio das caixas com seringas, B) Acondicionamento do resíduo.............93
Figura 29: A) Condução, B) Carregamento, C) Fechamento do autoclavagem.......................94
Figura 30: A) Gerador de vapor saturado, B) Consumidor de vapor saturado.........................94
Figura 31: A) e B) Resíduo é retirado por meio de um gancho, C) Resíduo esterilizado........95
Figura 32: A) Teste Biológico, B) Antes do teste, C) Depois de autoclavagem......................96
Figura 33: A fonte geradora de resíduos sólidos.......................................................................98
Figura 34: O monitoramento do Aterro Controlado............ ..................................................100
Figura 35: Componentes da obra de engenharia de aterro sanitário......................................100
Figura 36: Localização do Aterro Sanitário do Vale do Aço..................................................101
Figura 37: Pesagem na balança dos resíduos transportados ..................................................102
Figura 38: Foto aérea da Central de Resíduos Vale do Aço...................................................102
Figura 39: A) Fotos aéreas do aterramento de Resíduos Sólidos, B) Frente de Trabalho......104
Figura 40: A) Àrea de Compostagem, B) Àrea de Esterilização de Resíduos Hospitalares...104
Figura 41: A) Dreno de Chorume, B) Poço de Dreno da Camada Base.................................106
Figura 42: A) Camada Base, B) Gemembrana.......................................................................106
Figura 43: Reservatório de Coleta de Chorume......................................................................107
Figura 44: A) e B) Poços de Dreno.........................................................................................108
ix
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos........................................................58
Quadro 2: Caracterização dos Resíduos Sólidos.......................................................................59
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Responsabilidade sobre os resíduos sólidos conforme origem e classe....................7
Tabela 2: Municípios com Iniciativas de Coleta Seletiva em 2011/2012.................................32
Tabela 3: Comparação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento..............................34
Tabela 4: Percentual de lixo urbano incinerado em países desenvolvidos...............................35
Tabela 5: Destino dos resíduos em alguns países desenvolvidos (1994)..................................35
Tabela 6: Aproveitamento energético dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)..........................36
Tabela 7: Estimativas da quantidade mínima de RSU e geração de energia elétrica para
tecnologias usuais de aproveitamento energético.....................................................38
Tabela 8: Capacidade Instalada de Tratamento de RSS...........................................................41
Tabela 9: Índices estabelecidos para comercialização do composto orgânicos.......................45
Tabela 10: Coleta Municipal de RSS........................................................................................48
Tabela 11: Quantidade total de RCD Coletado pelos municípios no Brasil.............................50
Tabela 12: Coleta de RCD na Região Sudeste..........................................................................50
Tabela 13: Dados da geração de resíduos sólidos industriais do Brasil(parcial)......................52
Tabela 14 Resíduos mais gerados por tipologia........................................................................54
Tabela 15: Porcentagem dos 10 resíduos mais gerados............................................................54
Tabela 16: Municípios maiores geradores de resíduos industriais...........................................56
Tabela 17: Dados dos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço.........................75
Tabela 18: Área por Bairro no município de Ipatinga..............................................................81
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAF - Autorização Ambiental de Funcionamento
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABETRE – Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos
ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
AMAVALE – Associação dos Catadores de Material Recicla
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ASCARI – Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Ipatinga
ASMARE – Associação dos Catadores de Papel
CDR – Canais de Distribuição Reversa
CEMPRE - Compromisso Empresarial Para Reciclagem
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
COOP – Cooperativa dos Catadores de Lixo Eletrônico
COPAM – Conselho Estadual de Política Ambiental
COPASA – Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CRMVA - Central de Resíduos do Vale do Aço
DELURB - Departamento de Limpeza Urbana
DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
ETE – Estação de Tratamento de Esgoto
FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente
FGV – Fundação Getúlio Vargas
FIP – Fundação Israel Pinheiro
GIRSU – Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos
IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IFEN - Instituto de Meio Ambiente francês
ISWA – International Solid Waste Association
MMA - Ministério do Meio Ambiente
NBR – Norma Brasileira Registrada
NR – Norma Regulamentadora
PGIRS - Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
PGRSS - Plano de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
RCC – Resíduos da Construção Civil
RCD – Resíduos da Construção e Demolição
RDC – Resolução de Diretoria Colegiada
ReCESA – Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental
RMVA – Região Metropolitana do Vale do Aço
RSM – Resíduos Sólidos Municipais
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos
RSS – Resíduos de Serviços de Saúde
SEMAD – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SESUMA - Secretaria Municipal de Serviços Urbano e Meio Ambiente
SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente
SLU – Superintendência de Limpeza Urbana
SNVS – Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
TFAMG – Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental do Estado de Minas Gerais
xii
SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................................................vii
ABSTRACT............................................................................................................................viii
LISTA DE FIGURAS................................................................................................................ix
LISTA DE QUADROS...............................................................................................................x
LISTA DE TABELAS...............................................................................................................xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS..............................................................................xii
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................1
1.1.Justificativa.....................................................................................................................3
1.2. Objetivos........................................................................................................................4
1.2.1. Objetivo Geral.......................................................................................................4
1.2.2. Objetivos Específicos............................................................................................4
2. REVISÃO DA LITERATURA..........................................................................................5
2.1. Histórico de Resíduos Sólidos Urbanos........................................................................5
2.1.1. Definição de Resíduos Sólidos............................................................................6
2.1.2. Processos de Classificação dos Resíduos Sólidos...............................................7
2.2. Legislação Ambiental Brasileira.................................................................................10
2.2.1. A Política Ambiental tem três funções específicas:..........................................12
2.2.2. Legislação Ambiental Federal...........................................................................12
2.2.3. Legislação Ambiental Estadual (Estado de Minas Gerais)...............................13
2.3. Legislações de Resíduos Sólidos................................................................................16
2.3.1. Legislações Federais..........................................................................................16
2.3.2. Política Nacional dos Resíduos Sólidos............................................................19
2.3.3. Legislações Estaduais (Estado de Minas Gerais)..............................................23
2.4. Gestão e Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos..........................................27
2.4.1. Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos Urbanos..............................................28
2.5. Resíduos Sólidos Domiciliares...................................................................................30
2.5.1. Coleta Seletiva...................................................................................................30
2.5.2. Legislação..........................................................................................................39
2.5.3. Tratamento ........................................................................................................40
2.6. Resíduos de Serviços de Saúde – RSS........................................................................47
2.6.1. Legislação..........................................................................................................47
2.6.2. Normas..............................................................................................................48
2.7. Resíduos de Construção e Demolição.........................................................................49
2.8. Resíduos Sólidos Industriais.......................................................................................50
2.8.1. Inventário de Resíduos Sólidos Industriais.......................................................53
2.9. Programa Estadual ”Minas sem Lixões”....................................................................57
2.9.1. Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos..................................................58
2.10. Logística Reversa........................................................................................................60
2.10.1. Histórico da Logística Reversa.......................................................................60
2.10.2. Avanços da Logística Reversa no Brasil.........................................................61
2.10.3. Desenvolvimento da Cadeia Logística Reversa..............................................64
2.10.4. Logística Reversa de Resíduos Sólidos Urbanos............................................68
2.11. Breve Histórico da Cidade de Ipatinga.......................................................................72
xiii
3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................77
3.1. Caracterização de Resíduos Sólidos...........................................................................77
3.2. Destino dos Resíduos Sólidos Urbanos......................................................................77
3.3. Caracterização do Município de Ipatinga...................................................................78
4. ANÁLISES E RESULTADOS – PROGRAMA DE COLETA SELETIVA...............86
4.1. Gestão e Gerenciamento dos Resíduos Sólidos..........................................................86
4.1.1. Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos no Município de Ipatinga.........86
4.2. Resíduos Sólidos Domiciliares...................................................................................87
4.2.1. Coleta Regular...................................................................................................87
4.2.2. Coleta Seletiva...................................................................................................88
4.3. Resíduos de Serviços de Saúde...................................................................................91
4.3.1. Processo de Esterilização por Autoclavagem....................................................92
4.4. Resíduos de Construção e Demolição.........................................................................96
4.5. Disposição Final dos Resíduos Sólidos......................................................................98
4.5.1. Lixão..................................................................................................................98
4.5.2. Aterro Controlado..............................................................................................99
4.5.3. Descrição do Aterro Sanitário.........................................................................100
4.5.4. Operações no Aterro Sanitário........................................................................104
5. CONCLUSÃO.................................................................................................................109
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................111
7. APÊNDICES....................................................................................................................117
7.1. Apêndice A – Questionário 1 ...................................................................................117
7.2. Apêndice B – Questionário 2....................................................................................120
7.3. Apêndice C – Questionário 3....................................................................................124
8. ANEXOS..........................................................................................................................129
8.1. Anexo A – Informações de resíduos sólidos urbanos de Ipatinga..........................129
8.2. Anexo B – Tabelas 1 e 2: Nota Técnica DIMONG NT 003/2005.........................130
8.3. Anexo C – Tabelas 3 e 4: Nota Técnica DIMONG NT 003/2005.........................131
1
1. INTRODUÇÃO
A concentração da população em áreas urbanas foi uma das tendências que marcou o século
XX. O Brasil, principalmente a partir de 1960, passou por um intenso ritmo de
industrialização, com o consequente aumento da população nas áreas urbanas, o que provocou
intensificação dos impactos no meio ambiente. Entre outros motivos, em razão do fenômeno
de concentração de atividades urbanas e industriais, a questão do tratamento e destinação final
de resíduos sólido gerados em ambientes urbanos ou denominado “lixo” pelo senso comum,
atinge contornos gravíssimos, pela ínfima presença de soluções adequadas quer para os
efluentes líquidos ou resíduos sólidos. Inclusive sempre foi uma preocupação dos municípios
e principalmente das organizações governamentais e não governamentais ligadas à área de
saneamento ambiental. Este não deixa de ser um quadro típico dos países em
desenvolvimento, mas nem por isso deve permitir qualquer postura condescendente da
sociedade. (DIAS: 2007, p.84).
De acordo com Pereira Neto (2007), um dos maiores problemas da sociedade contemporânea
tem sido a crescente produção de lixo urbano, o que vem afetando tanto os países
industrializados como, principalmente, aqueles em desenvolvimento. Porém, têm sido comum
vários obstáculos e restrições, como escassez de técnicas apropriadas e de custo acessível,
áreas restritas para implantação dos sistemas de tratamento e construção de grandes aterros,
além das limitações relativas aos aspectos hidroecológicos, topográficos e de proteção
ambiental.
Trata-se de um problema que necessita de rigoroso gerenciamento, pois, se não administrado
corretamente, afetará seriamente a saúde das populações, o ambiente (com poluições, muitas
vezes irreversíveis) e a economia local, além de gerar, em países mais pobres, vários
problemas sociais, por exemplo, a prática da sobrevivência de uma população de indivíduos
que vivem da coleta informal desses resíduos em condições sub-humanas.
Baseado nos dados recentes da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de (IBGE, 2008), os
municípios brasileiros, em sua maioria, possuem grande demanda por sistemas urbanos de
saneamento de resíduos sólidos urbanos. No Brasil, entre 2000 e 2008, o percentual de
municípios brasileiros que tinham rede geral de abastecimento de água em pelo menos um
distrito aumentou de 97,9% para 99,4%; o manejo dos resíduos sólidos (que inclui coleta e
2
destinação final do lixo e limpeza pública) passou a existir em todos os municípios em 2008,
frente a 99,4% deles em 2000. Em oito anos, o percentual de municípios que destinavam seus
resíduos a vazadouros a céu aberto caiu de 72,3% para 50,8%, enquanto os que utilizavam
aterros sanitários cresceram de 17,3% para 27,7%. Ao mesmo tempo, o número de programas
de coleta seletiva dobrou, do total de 5.564 municípios brasileiros, passando de 451 em 2000
para 994 em 2008. Enquanto ainda persiste a deposição em “lixões” como forma mais comum
de destinação final dos resíduos sólidos coletados, o que implica a ocorrência de problemas
sociais, econômicos, sanitários, de poluição e de contaminação do meio. (PNSB, 2008).
Dentre os municípios, podemos destacar os maiores causadores de problemas ambientais são
decorrentes da destinação final inadequada, muitas vezes confrontam com grandes
dificuldades em equacionar, por apresentarem carências de recursos técnicos e financeiros.
Por outro lado, o estudo de resíduos sólidos é muito complexo, por englobar diversas
atividades humanas, e para se obter êxito nesta área, faz-se necessário uma visão global da
problemática que os envolve, e de um planejamento integrado de todos os aspectos
relacionados aos resíduos sólidos, mais especificamente no que concerne às alternativas de
disposição final de resíduos sólidos urbanos, apresenta inúmeras lacunas e questões a serem,
respectivamente, preenchidas e respondidas. (PNSB, 2008).
De modo geral é que a urbanização, na maioria das cidades, se deu de forma não planejada, o
que acarretou em diversos problemas estruturais, tais como a falta de uma política de geração
de emprego e renda, para suprir a demanda de pessoas que chegam diariamente às cidades,
bem como de uma política de saneamento básico adequada, evidenciando, especificamente, a
gestão dos resíduos sólidos urbanos, típica do mundo moderno que é um problema que requer
maior atenção por parte dos governantes, uma vez que quem mais sofre com esta questão são
as pessoas de baixo poder aquisitivo, que habitam as áreas periféricas. (MELO e PEREIRA,
2008).
Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivos caracterizar o panorama de gestão dos
resíduos sólidos no município de Ipatinga, MG e verificar suas implicações sobre a
socioeconômica da população desses resíduos.
3
A escolha do ambiente da “Central de Resíduos do Vale do Aço” municipal como local de
pesquisa foi motivada pelo interesse em elaborar um diagnóstico da alternativa para gestão e
gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos da Cidade de Ipatinga.
1.1. Justificativa
O gerenciamento de resíduos é um dos principais desafios da atualidade. Pois, um dos
problemas dos impactos ambientais está no resíduo, representado por quaisquer restos e
efluentes dos processos de produção, subprodutos não utilizáveis e os produtos da
manufatura, propriamente ditos, no todo ou em partes, especialmente suas embalagens,
quando se transformam em resíduo urbano.
Em se tratando desses resíduos, no Brasil, quanto na Europa e EUA, o responsável pelo
gerenciamento destes resíduos é o produtor (gerador), que tem a responsabilidade de adotar
práticas de manejo que impeçam a contaminação do ambiente. Pode-se constatar a
importância do tema pela farta legislação existente, tanto federal quanto em nível estadual e
municipal, referente à questão do manejo dos resíduos sólidos urbanos, destacando-se as
normas legais (entre outras leis a lei 9605/98, a “lei de crimes ambientais” várias ABNT,
NBR, resoluções e portaria que estabelecem práticas e sanções para os responsáveis pela
disposição de resíduos). (ALBERONI et al., 2002).
Pelo conceito de redução, reduzir a produção de resíduos aparece no topo da hierarquia. A
redução da produção de resíduos requer que se desenvolvam processos e comportamentos
destinados a consumir menos e a produzir objetos e materiais com menor potencial de geração
de resíduos. Segue-se a reutilização. Uma vez produzido os bens, a melhor opção consiste na
sua direta reutilização, isto é, na sua reutilização sem previa transformação por via de
processos industriais.
A gestão sustentável de resíduos consiste em processos complexos que, além da contribuição
ativa dos cidadãos em todos os níveis da hierarquia – redução, reutilização e revalorização,
requerem investimentos em infra – estrutura que permitam reduzir a quantidade dos resíduos
depositados em aterros.
4
A quantidade e composição dos resíduos domiciliares de uma região estão relacionadas à
cultura e ao perfil de consumo da população. Assim, com o desenvolvimento do país e o
aumento da população, agravados pela concentração desta em determinadas áreas urbanas, a
questão dos resíduos sólidos toma magnitude tal, que é considerada um dos mais importantes
parâmetros do saneamento ambiental.
1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho é apresentar um estudo sobre os procedimentos para
seu melhor aproveitamento da gestão de resíduos sólidos domiciliares do município
de Ipatinga, este estudo refere-se a alguns parâmetros importantes que poderão servir
de modelo para a organização destes serviços em cidades de pequeno e médio porte.
1.2.2. Objetivos Específicos
Para complementar o objetivo geral, tem-se os seguintes objetivos específicos:
Levantar dados sobre o sistema atual de Gestão e Gerenciamento dos Resíduos
Sólidos Urbanos Domiciliares para o Município de Ipatinga, baseados em
informações fornecidas pelos órgãos envolvidos e estudos existentes;
Avaliar as operações de acondicionamento, coleta, transporte e disposição final dos
resíduos sólidos urbanos do município de Ipatinga/MG;
Identificar e analisar os principais indicadores de desempenho da Gestão e
Gerenciamento dos Resíduos Sólidos, com vistas de alternativas de aproveitamento
dos resíduos de acordo com a situação do município.
5
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Histórico de Resíduos Sólidos Urbanos
Historicamente durante a Idade Média, o descarte de lixo era simplesmente jogado no meio da
rua, onde havia uma vala para que a água da chuva o removesse para as regiões mais baixas
da cidades. Na ocasião era a única forma de fazer com que o cheiro ficasse distante de toda a
população até o surgimento da coleta manual do lixo, o denominado „fio‟ central das ruas
acabou dividindo-se em dois „meios-fios‟ junto as casas. Para quem não acredite nesta história
que é verdadeiramente duvidosa, mas mostra muito bem a preocupação antiga com o lixo, o
qual conta com uma grande literatura com assuntos relacionados a técnicas e métodos de
tratamento. Mas o que é lixo?
Na pesquisa realizada pelo Dias (2000), o surgimento do lixo foi quando os homens passaram
a viver em grupos, fixando-se em determinados lugares e abandonando os hábitos de andar de
lugar em lugar à procura de alimentos ou pastoreando rebanhos. A partir daí, processos
visando à eliminação do lixo passaram a ser motivo de preocupação, embora as soluções
visassem unicamente transferir os resíduos produzidos para locais afastados das aglomerações
humanas primitivas.
Ainda segundo o autor, no Brasil como registro de épocas pré-históricas são encontrados
sambaquis(*)
e o lançamento de detritos em locais desabitados a céu aberto ou em rios e
córregos. Existem algumas referências na história antiga ao enterramento e ao uso do fogo
como métodos de destruição dos restos inaproveitáveis.
Segundo o Ribeiro (2009), o desenvolvimento tecnológico gerado para o conforto e o bem-
estar humano, os bens produzidos a partir das Revoluções Industriais levaram à intensificação
do material descartado, causando um aumento significativo de resíduos gerados e não
utilizados pelo homem, muitos deles provocando a contaminação do meio ambiente, trazendo
riscos à saúde humana, basicamente nas áreas urbanas. O homem passou a viver, então, a era
dos descartáveis, em que grande parte dos produtos é inutilizada e jogada fora com enorme
rapidez.
__________________________
(*) Sambaquis – monumentais montes de lixo resultantes da ocupação do litoral muito antes do descobrimento do Brasil.
6
2.1.1. Definição de Resíduos Sólidos
De acordo com a RDC ANVISA (2006), resíduos sólidos e lixo são termos utilizados
indistintamente por autores de publicações, mas na linguagem cotidiana o termo resíduo é
muito pouco utilizado.
Na linguagem corrente, o termo lixo é usualmente utilizado para designar tudo aquilo que não
tem mais utilidade, enquanto resíduo é mais utilizado para designar sobra (refugo) do
beneficiamento de produtos industrializados.
As definições acima mostram a relatividade da característica inservível do lixo, pois para
quem o descarta pode não ter mais serventia, mas, para outros, pode ser a matéria-prima de
um novo produto ou processo. Por isso, a necessidade de se refletir o conceito clássico e
desatualizado de lixo.
De acordo com a definição supracitada, cabe salientar que, quando se fala em resíduo sólido,
nem sempre se refere ao seu estado sólido. É tudo aquilo que denomina-se lixo, como: coisas
inúteis, velhas e sem valor. Sendo que na escala de limpeza urbana é determinada pelo
tamanho da população, sua situação socioeconômica e cultural (MONTEIRO, 2001).
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas –ABNT:
Resíduos sólidos são resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de
atividades da comunidade, de origem: industrial, doméstica, de serviços de saúde,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Consideram-se também resíduos
sólidos os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados
líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou corpo d'água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente
inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT, 1987)
Entre os quais, são os gerados em maior quantidade e são os que possuem maior variedade na
sua composição. São os que demandam maior atenção da Legislação Ambiental Brasileira,
assim como em outros países. São os que ocorrem naturalmente no estado sólido,
independente das dimensões das partículas e, ainda entre esses, temos os chamados bens pós-
utilizados de vida média, estabelecida pela própria concepção do produto. Uma definição
literal de resíduo sólido é apresentada por Oliveira (1996), segundo o qual "é qualquer resíduo
que resulte das atividades diárias da humanidade que não tenha mais utilidade", ou como cita
7
Reis (1995), "o resto de matérias-primas utilizadas em processos de fabricação que não tenha
condições de ser recuperada e reutilizada em um outro processo," ou simplesmente o resto de
material descartado em meio urbano.
No Brasil, a definição de resíduo sólido, segundo a Resolução CONAMA F-R-5/93, "são
todos os resíduos em estado sólido e semi-sólido que resultam das atividades industriais,
comerciais, agrícolas, hospitalares, públicas e das atividades comuns da comunidade como
também os lodos provenientes de tratamentos de água, aqueles oriundos de equipamentos de
controle de poluição, bem como, os líquidos e pastosos com particularidades que os tornem
impossibilitados de serem lançados na rede pública de esgotos ou em corpos de água, devido
a inviabilidade tecnológica e econômica para o devido tratamento."
2.1.2. Processos de classificação dos resíduos sólidos
De acordo com a Guia da ReCESA (2008), os Resíduos Sólidos classificam-se de diferentes
maneiras, por origem e por potencial de contaminação. Dessa classificação é importante
nortear a escolha de alternativas permitindo-se incluir desde o potencial de redução da
geração de resíduos até a sua destinação final adequada.
A seguir, na Tabela 1, expõem-se os responsáveis pelo gerenciamento dos diferentes origens
de resíduos.
Tabela 1: Responsabilidade sobre os resíduos sólidos conforme origem e classe
ORIGEM DO RESÍDUO CLASSE RESPONSÁVEL
Domiciliar 1 Prefeitura
Comercial 1 Prefeitura (*)
Público 1 Prefeitura
Serviços de Saúde 1, 2 Gerador (hospitais etc.)
Industrial 1, 2 Gerador (indústria)
Portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários. 1, 2 Gerador (portos etc.)
Agrícola 1, 2 Gerador (agricultor)
Entulho 1 Gerador / Município(*)
(*) A Prefeitura é co-responsável por quantidades pequenas, de acordo com a legislação municipal
específica. Quantidades superiores são de responsabilidade do gerador. Fonte: Ambiente Brasil, 2010
8
Segundo a ReCESA, a classificação dos resíduos sólidos define como:
Domiciliar: originado da vida diária das residências, constituído por restos de
alimentos (cascas de frutas, verduras), papel (jornais, revistas), embalagens em geral
(vidro, papelão, alumínio), resíduos contaminados como papel higiênico, fraldas
descartáveis e resíduos tóxicos (tintas, esmaltes, aerossóis).
Comercial: proveniente dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais
como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes, etc.
Serviços públicos: originados dos serviços de limpeza urbana, incluindo todos os
resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, galerias, córregos, restos de
podas de plantas, limpeza de feiras livres, etc.. È constituído por restos de vegetais
diversos, embalagens, etc.
Resíduos originados nos serviços de saúde (RSS): são resíduos descartados por
hospitais, farmácias, postos de saúde, clínicas odontológicas, veterinárias (algodão,
seringas, agulhas, restos de remédios, luvas, curativos, etc.). Os RSS são regidos por
uma legislação específica, a RESOLUÇÃO RDC ANVISA Nº 306/2004 (Ministério
da Saúde), na qual os resíduos são classificados em cinco grupos de acordo com as
características dos materiais:
Grupo A - Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas
características, podem apresentar risco de infecção.
Grupo B - Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à
saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.
Grupo C - Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas
normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a
reutilização é imprópria ou não prevista.
Grupo D - Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à
saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
9
Grupo E - Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear,
agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas,
lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas, lâminas e lamínulas,
espátulas e todos os utensílios de vidro quebrados em laboratórios e outros similares.
Industrial: originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como: o
metalúrgico, o químico, o petroquímico, o de papelaria, da indústria alimentícia, etc. O
resíduo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos,
óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal,
escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria, inclui-se grande quantidade de lixo
tóxico.
Resíduos dos serviços de transporte, gerados nas instalações de aeroportos,
rodoviárias, portos etc., são considerados potencialmente perigosos, passíveis de se
tornarem um veículo transmissor de doenças contagiosas de um lugar para outro.
Agrícola: resíduos sólidos das atividades agrícola e pecuária, como embalagens de
adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, etc. O resíduo proveniente de
pesticidas é considerado tóxico e necessita de tratamento especial.
Entulho: oriundos de construção civil e reformas, restos de obras, solos de
escavações. Geralmente é um material inerte, podendo uma parcela ser passível de ser
reaproveitados, embora isso não ocorra na maioria das situações por falta de
informação.
A outra classificação dos RSU também comumente utilizada é quanto aos riscos potenciais de
contaminação do meio ambiente e a saúde. Os resíduos são classificados em: perigosos e não
perigosos. Essa definição é regulamentada pela norma ABNT NBR 10.004, que ainda
classifica os resíduos sólidos nos seguintes grupos (ABNT, 2004):
Resíduos perigosos (classe I) – são aqueles que apresentam periculosidade ou constem
nos anexos A e B desta norma ou apresentem uma das seguintes características:
inflamabilidade; corrosividade; reatividade; toxicidade e patogenicidade.
10
Resíduos não perigosos, não inertes (classe IIA) – são aqueles que não se enquadram nas
classificações de resíduos classe I ou de resíduos classe IIB, nos termos dessa norma. Os
resíduos classe IIA podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água.
Resíduos não perigosos, inertes (classe IIB) – são quaisquer resíduos que, quando
amostrados de uma forma representativa, segundo norma ABNT NBR 10.007, e
submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à
temperatura ambiente, conforme norma ABNT NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus
constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de
água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G dessa
norma.
A Figura 1 apresenta a classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade.
Figura 1: Classificação dos resíduos sólidos quanto a à periculosidade.
Fonte: ReCESA, 2008
2.2. Legislação Ambiental Brasileira
Segundo a Constituição Federal, a legislação brasileira sendo muito vasta, e grande parte da
população desconhece que tem direito a um meio ambiente e muitos pontos carecem de
aplicabilidade. Porém, a legislação ambiental brasileira é considerada uma das mais
avançadas e completas do mundo, sua estrutura começou a ser composta em 1981, a partir da
11
Lei 6.938 da Politica Nacional de Meio Ambiente que infere sobre questões relacionadas ao
planejamento, gestão e fiscalização. Atualmente, o Brasil conta com normas específicas e com
a Lei de Crimes Ambientais.
De acordo com o Borges (2012), muitos são os fatores que contribuem para o processo de
agressão ao meio ambiente, por esse motivo é preciso entender que em todo o processo que o
envolve é necessário observar com cuidado e atenção os principais agentes responsáveis pela
degradação ambiental, e não são poucos. Devido a isso, o processo ambiental em torno dos
problemas ambientais mundiais proporcionou a revisão do paradigma ambiental e o resultado
dessa mudança tem refletido nos textos constitucionais e legislativos em muitos países, dentre
os quais podemos citar: USA, Alemanha, Inglaterra e Japão e países emergentes como China,
Coréia do Sul e Brasil. Esses últimos veem nessa oportunidade uma das garantias para a
entrada de seus produtos e serviços no mercado internacional.
Ainda com base no estudo, o autor ao analisar o problema, pode elencar desde o mais singelo
até ao mais complexo. A começar pelo desejo do progresso por parte dos governantes, junto
com a necessidade de produção agrícola para suprir o mercado interno e externo. Agregado à
necessidade dos agricultores em ampliar suas terras, com alguns madeireiros em ganhar
dinheiro de forma mais rápida, dentre outros fatores que contribuíram para acelerar de forma
ainda mais danosa e prejudicial a degradação ambiental.
De acordo com o Dias (2002), o artigo 225 da Constituição Brasileira de 1988 diz que:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o
dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações”.
Pelo comentário do Lopes, (2006), no âmbito municipal, os governos possuem competência
para organizar e prestar os serviços públicos de interesse local, o que lhe dá respaldo e certa
autonomia administrativa. Quando se trata do gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos e
de saúde, também são de responsabilidade dos municípios, e devem estar previstas na Lei
Orgânica Municipal. Devem constar os princípios e as diretrizes gerais que condicionem as
regras básicas para os referidos resíduos.
12
2.2.1. A Política Ambiental tem três funções específicas:
a) Autoconsciência ambiental e auto comprometimento da direção da organização;
b) O efeito interno da política: balizamento para as decisões e ações ambientalmente
relevantes na organização, proporcionando orientação e transmite segurança de postura;
c) O efeito externo da política: documentação da responsabilidade ambiental, construção de
imagem de confiabilidade para os grupos de interesse importantes para a organização.
2.2.2. Legislação Ambiental Federal
Quanto a legislação ambiental federal, o Decreto nº 7.404, De 23 de dezembro de 2010
regulamenta a lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, cria o comitê interministerial da política nacional de resíduos sólidos e o
comitê orientador para a implantação dos sistemas de logística reversa, e dá outras
providências.
Constituição Federal do Brasil de 1988/1988 - "CAPÍTULO VI DO MEIO AMBIENTE - Art.
225 da Constituição Federal do Brasil de 1988"
Resolução CONAMA Nº 237/1997 - "Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental
estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente" - Data da legislação: 22/12/1997 -
Publicação DOU: 22/12/1997
Resolução CONAMA Nº 273/2000 - "Dispõe sobre prevenção e controle da poluição em
postos de combustíveis e serviços" - Data da legislação: 29/11/2000 - Publicação DOU:
08/01/2001
Resolução CONAMA Nº 362/2005 - "Dispõe sobre o Rerrefino de Óleo Lubrificante" - Data
da legislação: 23/06/2005 - Publicação DOU: 27/06/2005
Lei Nº 9966/2000 - "Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição
causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob
jurisdição nacional e dá outras providências." - Data da legislação: 28/04/2000 - Publicação
DOU: 29/04/2000
13
2.2.3. Legislação Ambiental Estadual (Estado de Minas Gerais)
No mês de agosto de 2009, o Estado de Minas Gerais anunciou alterações na Lei Florestal,
sendo a pioneira aprovar no país, que estabeleceu metas para a redução em 30 anos do tempo
para que se atinja o controle do aquecimento global. Essas mudanças visam principalmente o
controle e redução do uso de florestas por empresas e indústrias mineiras.
Essas alterações da lei fazem parte do Projeto Estruturador Conservação do Cerrado e
Recuperação da Mata Atlântica, que visa diminuir a incidência de devastação nas duas
localidades por meio de ações sociais e governamentais voltadas ao meio ambiente. Só em
2008 mais de R$ 10 milhões foram investidos pelo Governo de Minas Gerais na recuperação
de áreas ambientais devastadas. Com as adequações feitas na lei Minas pode se tornar em
breve um estado modelo no Brasil. Atualmente Minas Gerais é o único estado brasileiro no
qual este tipo de lei ambiental está regulamentada.
Confira abaixo as oito principais alterações promovidas na lei ambiental de Minas Gerais:
1) Fixação de cotas decrescentes (15% a 5%) até 2018 para consumo de matérias-primas
originadas de floresta nativa.
2) Estabelecimento de regras mais rigorosas em relação ao não cumprimento dos
cronogramas de suprimento estabelecidos, inclusive com a possibilidade de redução
obrigatória da capacidade de produção para as empresas que não se enquadrarem nas
novas regras estabelecidas, incluindo a paralisação de suas atividades;
3) Eliminação do dispositivo que permitia às indústrias de ferro gusa consumirem até 100%
da sua demanda, com carvão vegetal de florestas nativas, mediante ressarcimento em
dobro da reposição florestal;
4) Implantação de um sistema eletrônico de rastreamento do transporte de produtos e
subprodutos florestais no estado, permitindo o controle eficiente dos pontos de carga e
descarga destes produtos, aliando-se desta forma o controle da produção e consumo
destes insumos;
5) Estímulo de mecanismos alternativos à formação de plantações florestais, através de
comercialização de créditos de carbono tanto pelo aumento de estoques florestais, quanto
pela adoção de alternativas de substituição energética;
14
6) Novo sistema de cadastramento de produtores e consumidores de produtos e subprodutos
florestais incluirá transportadores de madeira;
7) Uma inovação é apresentada pela emenda nº 9, que define, pela primeira vez na
legislação, a destinação dos recursos obtidos com a arrecadação de multas ambientais. A
emenda estabelece que 50% dos recursos serão aplicados no programa Bolsa Verde, que
consiste em pagamentos de serviços ambientais prestados por produtores rurais;
8) A emenda nº 4 amplia de oito anos, como previsto anteriormente, para o máximo de nove
anos, o prazo para que os consumidores de produto ou subproduto da flora (madeira,
estéreos ou carvão) promovam o suprimento de suas demandas com florestas de produção
na proporção de 95% do consumo total de matéria-prima florestal. Dessa forma, a
adequação deverá ser feita até o ano agrícola.
Decreto nº 45.919, de 01-03-2012 - Altera o Decreto nº 43.710, de 8 de janeiro de 2004,
que regulamenta a Lei nº 14.309, de 19 de junho de 2002, que dispõe sobre a Política
Florestal e de Proteção à Biodiversidade no Estado.
Decreto nº 45.824 2011 de 20-12-2011 - Dispõe sobre a organização da Secretaria de
Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Decreto nº 45.629 de 06.07.2011 - Altera o Decreto nº 45.175, de 17 de setembro de 2009,
que estabelece metodologia de gradação de impactos ambientais e procedimentos para
fixação e aplicação da compensação ambiental.
Decreto nº 45.417 de 28.06.2010 - Regulamenta o parágrafo único do art. 3º da Lei nº
15.082, de 27 de abril de 2004, que dispõe sobre rios de preservação permanente.
Lei nº 18.031 de 12.01.2009 - Dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos.
Lei delegada nº 178 de 29.01.2007 - Dispõe sobre a reorganização do Conselho Estadual
de Política Ambiental - COPAM - e dá outras providências.
Lei nº 15.971 de 12.01.2006 - Assegura o acesso a informações básicas sobre o meio
ambiente, em atendimento ao disposto no inciso II do § 1º do art. 214 da Constituição do
Estado, e dá outras providências.
Lei nº 15.972 de 12.01.2006 - Altera a estrutura orgânica dos órgãos e entidades da área
de meio ambiente que especifica e a Lei nº 7.772, de 8 de setembro de 1980, que dispõe
sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente, e dá outras providências.
Lei nº 14.968 de 12.01.2004 - Dispõe sobre a política estadual para a promoção do uso de
sistemas orgânicos de produção vegetal e animal e dá outras providências.
15
Lei nº 15.027 de 19.01.2004 - Institui a Reserva Particular de Recomposição Ambiental -
RPRA, altera os arts. 17 e 52 da Lei nº 14.309, de 19 de junho de 2002, e o Anexo IV da
Lei nº 13.803, de 27 de dezembro de 2000.
Lei nº 15.082 de 27.04.2004 - Dispõe sobre rios de preservação permanente e dá outras
providências.
Lei delegada nº 62 de 29.01.2003 - Dispõe sobre a Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e dá outras providências.
Lei nº 14.940 de 29.12.2003 - Institui o Cadastro Técnico Estadual de Atividades
Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais e a Taxa de Controle
e Fiscalização Ambiental do Estado de Minas Gerais TFAMG e dá outras providências.
Lei nº 14.181 de 17.01.2002 - Dispõe sobre a política de proteção à fauna e à flora
aquáticas e de desenvolvimento da pesca e da aqüicultura no Estado e dá outras
providências.
Lei nº 14.309 de 19.06.2002 - Dispõe sobre as políticas florestal e de proteção à
biodiversidade no Estado.
Lei nº 14.324 de 20.06.2002 - Cria o Sistema Estadual de Certificação de Qualidade
Ambiental para bens e produtos industrializados e agrícolas.
Lei nº 14.128 de 19.12.2001 - Dispõe sobre a Política Estadual de Reciclagem de
Materiais e sobre os instrumentos econômicos e financeiros aplicáveis à Gestão de
Resíduos Sólidos.
Lei nº 14.129 de 19.12.2001 - Estabelece condição para a implantação de unidades de
disposição final e de tratamento de resíduos sólidos urbanos.
Lei complementar nº 51 de 30.12.1998 - Institui a Região Metropolitana do Vale do Aço,
dispõe sobre sua organização e funções e dá outras providências.
Lei nº 11.020 de 08.01.1993 - Dispõe sobre as terras públicas e devolutas estaduais e dá
outras providências.
Lei nº 10.793 de 02.07.1992 - Dispõe sobre a proteção de mananciais destinados ao
abastecimento público no Estado.
Lei nº 10.627 de 16.01.1992 - Dispõe sobre a realização de auditorias ambientais e dá
outras providências.
Lei nº 10.583 de 03.01.1992 - Dispõe sobre a relação de espécies ameaçadas de extinção
de que trata o art. 214 da Constituição do Estado e dá outras providências.
16
Lei nº 10.312 de 12.11.1990 - Dispõe sobre a prevenção e o combate a incêndio florestal e
dá outras providências.
Lei nº 10.173 de 31.05.1990 - Disciplina a comercialização, o porte e a utilização florestal
de motosserras no Estado de Minas Gerais.
2.3. Legislações de Resíduos Sólidos
2.3.1. Legislações Federais
A seguir, apresentamos algumas legislações federais relacionadas aos resíduos sólidos por
serem consideradas de suma importância para complementação deste trabalho.
Decreto Federal 7.404/10, de 23 de dezembro de 2010 - Regulamenta a Lei no 12.305, de 2 de
agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê
Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a
Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências.
Lei Federal 12.305/10, de 02 de agosto de 2010 - Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
Resolução CONAMA nº 416, de 30 de setembro de 2009 - Dispõe sobre a prevenção à
degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente
adequada, e dá outras providências.
Resolução CONAMA nº 404, de 11 de novembro de 2008 - Estabelece critérios e diretrizes
para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos
urbanos.
Resolução CONAMA nº 401, de 4 de novembro de 2008 - Estabelece os limites máximos de
chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e os
critérios e padrões para o seu gerenciamento ambientalmente adequado, e dá outras
providências.
17
Portaria MMA nº 31, de 23 de fevereiro de 2007 - Instituir Grupo de Monitoramento
Permanente para o acompanhamento da Resolução CONAMA n.º 362, de 23 de junho de
2005, que dispõe sobre o recolhimento, a coleta e a destinação final de óleo lubrificante usado
ou contaminado.
Resolução CONAMA nº 380, de 31 de outubro de 2006 - Altera a redação do Anexo I da
Resolução nº 375, de 29 de agosto de 2006, publicada no DOU em 30 de agosto de 2006, a
qual define critérios e procedimentos para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em
estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados
Decreto Federal nº 5.940, de 25 de outubro de 2006 - Institui a separação dos resíduos
recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e
indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de
materiais recicláveis, e dá outras providências.
Resolução CONAMA nº 377, de 9 de outubro de 2006 - Dispõe sobre licenciamento
ambiental simplificado de Sistemas de Esgotamento Sanitário.
Resolução CONAMA nº 375, de 29 de agosto de 2006 - Define critérios e procedimentos,
para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário
e seus produtos derivados, e dá outras providências.
Resolução CONAMA nº 373, de 9 de maio de 2006 - Define critérios de seleção de áreas para
recebimento do Óleo Diesel com o Menor Teor de Enxofre-DMTE, e dá outras providências.
Resolução CONAMA nº 362, de 23 de junho de 2005 - Dispõe sobre o recolhimento, coleta e
destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado.
Resolução CONAMA nº 362, de 23 de junho de 2005 - Dispõe sobre o Rerrefino de Óleo
Lubrificante.
Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005 - Dispõe sobre o tratamento e a
disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.
18
Decreto Legislativo n.º 204, de 7 de maio de 2004 (*) - Aprova o texto da Convenção de
Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, adotada, naquela cidade, em 22 de maio
de 2001.
Decreto Federal nº 4.581, de 27 de janeiro de 2003 - Promulga a Emenda ao Anexo I e
Adoção dos Anexos VIII e IX à Convenção de Basiléia sobre o Controle do Movimento
Transfronteiriço de Resíduos Perigosos e seu Depósito.
Resolução CONAMA n.º 307, de 05 de outubro de 2002 - Estabelece diretrizes, critérios e
procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.
Resolução CONAMA n.º 313, de 29 de outubro de 2002 - Dispõe sobre o Inventário Nacional
de Resíduos Sólidos Industriais.
Resolução CONAMA n.º 316, de 29 de outubro de 2002 - Dispõe sobre procedimentos e
critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos.
Resolução CONAMA n.º 308, de 21 de março de 2002 - Licenciamento Ambiental de
sistemas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno
porte.
Resolução CONAMA n.º 283, de 12 de julho de 2001 - Dispõe sobre o tratamento e a
destinação final dos resíduos dos serviços de saúde.
Resolução CONAMA nº 258, de 26 de agosto de 1999 - Estabelece a necessidade de tornar
explícita no art. 6º da Resolução 257, de 30 de junho de 1999.
Resolução CONAMA nº 264, de 26 de agosto de 1999 - Licenciamento de fornos rotativos de
produção de clínquer para atividades de co-processamento de resíduos.
Resolução CONAMA n.º 23, de 12 de dezembro de 1996 - Regulamenta a importação e uso
de resíduos perigosos.
19
Resolução CONAMA nº 05, de 05 de agosto de 1993 - Dispõe sobre o gerenciamento de
resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos, terminais ferroviários e
rodoviários.
Resolução CONAMA n.º 06, de 19 de setembro de 1991 - Dispõe sobre a incineração de
resíduos sólidos provenientes dos serviços de saúde e dá outras providências.
2.3.2. Política Nacional dos Resíduos Sólidos.
Conforme Decreto Federal que regulamenta a PNRS, a seguir serão apresentados alguns
pontos principais da “Política Nacional dos Resíduos Sólidos”, e do seu conceito legal, de
instrumento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (art. 8º, XVI), está previsto no art. 3º, I
da Lei 12.305/10:
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
I - acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes,
importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto;
Acordos setoriais que, por força de lei, podem ter “abrangência nacional, regional, estadual ou
municipal” (art. 34, caput, da Lei 12.305/10), e em face da sua relevância como instrumento
de implementação e operacionalização dos sistemas de logística reversa (art. 15 do Decreto
7.404/10), deverão, após assinados, ser publicados no Diário Oficial da União (art. 29,
parágrafo único, do mesmo Decreto).
Ressalte-se, também, que os sistemas de logística reversa são de implementação obrigatória,
conforme se pode observar do caput do art.32 da Lei 12.305/10:
Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante
retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público
de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes de:
20
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem,
após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos
perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama,
do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas;
II - pilhas e baterias;
III - pneus;
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
Muitos outros instrumentos previstos no Decreto 7.404/10 para efetivação dos sistemas de
logística reversa, bem como os termos de compromisso e o regulamento (art. 15), entretanto
sempre deve ser considerado que tal medida se trata de obrigação de fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes.
Quanto a peculiaridade torna então necessária a conclusão de que não se restringe o acordo
setorial a uma manifestação de vontade pura e simples, ou seja, porque sobre ele incidem
diversas normas de observância obrigatória (requisitos, conteúdo, documentos, etc, previstos
na legislação de regência), seja porque se trata de instrumento de efetivação de um obrigação
legal (implementar os sistemas de logística reversa). Essa conclusão já começa a ser percebida
pela doutrina:
Resta a análise da natureza jurídica do acordo setorial e também do termo de compromisso
previsto no artigo 8º. Sobre o acordo setorial, o conceito legislativo é o seguinte:
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
I - acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes,
importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.
De uma leitura apressada do dispositivo pode-se chegar a conclusão equivocada de que se
trata de um contrato típico com a administração pública (regido pela Lei n. 8.666/93) ou, até
mesmo, regido pela legislação civil.
21
Entretanto, não parece ser a visão mais acertada. Ocorre que a implementação da logística
reversa decorre do princípio da responsabilidade pós-consumo, que, como dito, ocorrido seus
pressupostos (periculosidade do produto – intrínseca ou pelo consumo de massa), é de
implementação obrigatória por uma das vias até este momento apresentadas (inclusive,
judicial, conforme apontar-se-á a seguir).
Assim sendo, não se trata de um acordo de vontades entre administrado e administração – e,
por isto, não se pode ter a natureza contratual em sentido estrito. Em verdade, a natureza
jurídica "contratual" deve ser interpretada como um acordo de vontade entre administrado e
administração para a implementação de um imperativo de direito público, no caso, um
imperativo ambiental.
Se não fosse esta a interpretação, deveria necessariamente entender-se que a participação no
sistema de logística reversa seria uma faculdade das empresas, comerciantes e consumidores,
e não uma obrigação, conforme determinado na própria lei ao dispor sobre a responsabilidade
compartilhada pela vida do produto.
Justamente em face de sua importância e de seu papel dentro da Política Nacional de Resíduos
Sólidos, e por se tratar de contrato [administrativo] a ser firmado pelo Poder Público (por
meio do Ministro de Estado do Meio Ambiente), o Decreto 7.404/10, em seu artigo 23,
estabeleceu os requisitos mínimos que deverão conter os acordos setoriais, o que reforça seu
regime jurídico de direito público.
Esses requisitos não descaracterizam a exigência do consenso entre os contratantes, que não
são obrigados a celebrar um contrato e gozam, dentro dos limites acima traçados, de certa
liberdade na discussão das cláusulas do acordo. Diante da relevância do tema, a não
celebração do acordo pode ensejar, face ao interesse ambiental existente na questão, a edição
de Decreto sobre a questão, cabível por força do regime jurídico estabelecido pela legislação
sobre o assunto.
A convocação que é veiculada por meio do edital de chamamento pode fazer referência, ou
indicar preferência, a que o setor apresente uma única proposta de acordo setorial, de âmbito
nacional; justificativas de ordem técnica, social, prática ou mesmo econômica podem levar a
22
tal conclusão, cabendo demonstração de sua presença, a fim de que o próprio setor entenda
tais razões e que, em caso de eventual edição de Decreto com o mesmo objeto, já
representaria a motivação técnica necessária.
Ressalte-se, porém, que como ainda estamos diante de um ato de natureza contratual, ainda
que mitigada e instrumentalizando uma obrigação legal, não há como se obrigar todo o setor a
firmar um único acordo setorial; possível convocá-lo neste sentido, uma vez que se trata de
iniciativa do próprio Poder Público, e que considerará, para tanto, a relevância da maior
abrangência e da uniformização do tratamento.
Questão importante, e que pode surgir nos debates a respeito da aplicabilidade da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, especialmente sobre a logística reversa, é como ficam as
normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente, e que estabelecem, mutatis
mutandis, sistemas semelhantes para alguns bens, como pneus, por exemplo (Resolução
CONAMA 416/2009).
A competência do CONAMA decorre do artigo 8º, VII, da Lei 6.938/81, para “estabelecer
normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio
ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais”.
A Lei 12.305/10, estabelecendo a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, versa
especificamente, no tema, sobre os sistemas de logística reversa (art. 33); ao instituir, no caput
de tal artigo, os produtos/embalagens que são, desde logo, obrigados a implementar os
sistemas de logística reversa, considerou, especialmente, aqueles que já têm, de certa forma –
em lei ou em normas técnicas – algum regramento no tema.
É o caso, dentre outros, dos agrotóxicos (Lei 7.802/89 e Decreto 4.074/02), dos pneus e das
pilhas e baterias (Resolução CONAMA 401/2008).
A extensão da logística reversa para outros produtos (art. 33, §§1º e 2º), há de considerar a
viabilidade técnica e econômica da logística e o impacto ao meio ambiente e à saúde dos
resíduos, critérios já considerados pelo Poder Público ao estabelecer os regimes acima
referidos.
23
O §3º do art. 33 menciona expressamente “sem prejuízo de exigências específicas fixadas em
lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS”, impondo
aos entes da cadeia do produto/embalagem “tomar todas as medidas necessárias para
assegurar a implementação e operacionalização do sistema de logística reversa sob seu
encargo, consoante o estabelecido neste artigo, podendo, entre outras medidas”, passando
então a elencar procedimentos (compra dos produtos/embalagens usados, postos de entrega e
parceria com catadores).
Os parágrafos seguintes do art. 33 dispõem sobre procedimento, em relação a cada partícipe
da cadeia.
Assim, agindo cada qual dentro de sua esfera de competência, tanto o CONAMA, por meio de
suas Resoluções (normas técnicas) quanto o Poder Público e os particulares, por meio dos
atos previstos na Lei 12.305/10 (regulamento, acordo setorial ou termo de compromisso) se
completam em suas atuações.
Ao CONAMA, cabe, por exemplo, estabelecendo um patamar técnico mínimo, dispor sobre
normas, padrões e critérios de qualidade ambiental (espectro amplo), ao passo que os atos a
disciplinar os sistemas específicos de logística reversa para cada produto ou embalagem
viriam a prever procedimentos e forma de atuação dos partícipes (espectro concreto, restrito).
Esses, assim, os contornos principais da Política Nacional de Resíduos Sólidos, dentro da qual
cabe salientar a importância dos acordos setoriais como instrumentos da implementação dos
sistemas de logística reversa, que poderão, assim se espera, colocar na prática os princípios e
objetivos da Política, trazendo os particulares para uma atuação responsável e integrada com o
Poder Público.
2.3.3. Legislações Estaduais (Estado de Minas Gerais)
Quanto a Legislação do Estado de Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) mantém uma base atualizada da legislação ambiental
de Minas Gerais, que serão apresentados algumas legislações estaduais de Minas Gerais, no
que se refere Política Estadual de Resíduos Sólidos:
24
Decreto 45.975, de 04/06/2012 - Estabelece normas para a concessão de incentivo financeiro
a catadores de materiais recicláveis – Bolsa Reciclagem, de que trata a Lei nº 19.823, de 22 de
novembro de 2011.
Lei 20.011, de 05/01/2012 - Dispõe sobre a Política Estadual de coleta, tratamento e
reciclagem de óleo e gordura de origem vegetal ou animal de uso culinário e dá outras
providências.
Deliberação Normativa COPAM 172, de 22/12/2011 - Institui o Plano Estadual de Coleta
Seletiva de Minas Gerais.
Deliberação Normativa COPAM 171, de 22/12/2011 - Estabelece diretrizes para sistemas de
tratamento e disposição final adequada dos resíduos de serviços de saúde no Estado de Minas
Gerais, altera o anexo da Deliberação Normativa COPAM nº 74, de 09 de setembro de 2004,
e dá outras providências.
Lei 19.823, de 22/11/2011 - Dispõe sobre a concessão de incentivo financeiro a catadores de
materiais recicláveis - Bolsa Reciclagem.
Deliberação Normativa COPAM 170, de 03/10/2011 - Estabelece prazos para cadastro dos
Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PGIRS pelos municípios do Estado de
Minas Gerais e dá outras providências.
Deliberação Normativa COPAM 166, de 29/06/2011 - Altera o Anexo I da Deliberação
Normativa Conjunta COPAM CERH nº 2 de 6 de setembro de 2010, estabelecendo os
Valores de Referência de Qualidade dos Solos.
Deliberação Normativa COPAM 167, de 29/06/2011 - Revisa e consolida as exigências para
laboratórios que emitem relatórios de ensaios ou certificados de calibração referentes a
medições ambientais, revoga as Deliberações Normativas COPAM nº 89, de 15 de setembro
de 2005, nº 120, de 8 de agosto de 2008, nº 140, de 28 de outubro de 2009, nº 158, de 6 de
outubro 2010 e os art. 1º e 2º da Deliberação Normativa COPAM nº 165, de 11 de abril de
2011.
25
Resolução SEMAD 1.300, de 06/05/2011 - Dispõe sobre a criação de Grupo Multidisciplinar
de Trabalho para estabelecer critérios de avaliação de implantação do Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) nos estabelecimentos geradores
desses resíduos e estabelecer diretrizes de termo de referencia para elaboração e a
apresentação do PGRSS no Estado de Minas Gerais.
Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG 2, de 06/09/2010 - Institui o Programa
Estadual de Gestão de Áreas Contaminadas, que estabelece as diretrizes e procedimentos para
a proteção da qualidade do solo e gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por
substâncias químicas.
Decreto 45.181, de 25/09/2009 - Regulamenta a Lei nº 18.031, de 12 de janeiro de 2009, e dá
outras providências.
Lei 18.031, de 13/01/2009 - Dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos.
Regulamentada pelo Decreto 45.181/2009.
Deliberação Normativa COPAM 116, de 27/06/2008 - Dispõe sobre a declaração de
informações relativas à identificação de áreas suspeitas de contaminação e contaminadas por
substâncias químicas no Estado de Minas Gerais.
Deliberação Normativa COPAM 117, de 27/06/2008 - Dispõe sobre a declaração de
informações relativas às diversas fases de gerenciamento dos resíduos sólidos gerados pelas
atividades minerárias no Estado de Minas Gerais.
Deliberação Normativa COPAM 118, de 27/06/2008 - Altera os artigos 2º, 3º e 4º da
Deliberação Normativa 52/2001, estabelece novas diretrizes para adequação da disposição
final de resíduos sólidos urbanos no Estado, e dá outras providências.
Deliberação Normativa COPAM 108, de 24/05/2007 - Altera a Deliberação Normativa
Copam 50/01, que estabelece os procedimentos para o licenciamento ambiental de postos
revendedores, postos de abastecimento, instalações de sistemas retalhistas e postos flutuantes
de combustíveis e dá outras providências.
26
Deliberação Normativa COPAM 89, de 15/09/2005 (Revogada) - Estabelece normas para
laboratórios que executam medições para procedimentos exigidos pelos órgãos ambientais do
Estado de Minas Gerais e dá outras providências.
Deliberação Normativa COPAM 90, de 15/09/2005 - Dispõe sobre a declaração de
informações relativas às diversas fases de gerenciamento dos resíduos sólidos industriais no
Estado de Minas Gerais.
Deliberação Normativa COPAM 83, de 11/05/2005 - Altera dispositivos da Deliberação
Normativa COPAM nº 26, de 28 de julho de 1998, que dispõe sobre o co-processamento de
resíduos em fornos de clínquer e revoga o item que menciona da Deliberação Normativa
COPAM nº 74, de 9 de setembro de 2004.
Deliberação Normativa COPAM 74, de 09/09/2004 - Estabelece critérios para classificação,
segundo o porte e potencial poluidor, de empreendimentos e atividades modificadoras do
meio ambiente passíveis de autorização ambiental de funcionamento ou de licenciamento
ambiental no nível estadual, determina normas para indenização dos custos de análise de
pedidos de autorização ambiental e de licenciamento ambiental, e dá outras providências.
(alterada pela Deliberação Normativa 74/2011).
Deliberação Normativa COPAM 71, de 19/01/2004 - Estabelece normas para o licenciamento
e fiscalização ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de embalagens vazias
de agrotóxicos e dá outras providências.
Deliberação Normativa COPAM 60, de 28/11/2002 - Revoga o inciso I, do §2º, do artigo 3º
da Deliberação Normativa COPAM nº 50, de 28 de novembro de 2001.
Lei 14.128, de 19/12/2001 - Dispõe sobre a Política Estadual de Reciclagem de Materiais e
sobre os instrumentos econômicos e financeiros aplicáveis à Gestão de Resíduos Sólidos.
Deliberação Normativa COPAM 52, de 14/12/2001 - Convoca municípios para o
licenciamento ambiental de sistema adequado de disposição final de lixo e dá outras
providências.
27
Deliberação Normativa COPAM 50, de 28/11/2001 - Estabelece os procedimentos para o
licenciamento ambiental de postos revendedores, postos de abastecimento, instalações de
sistemas retalhistas e postos flutuantes de combustíveis e dá outras providências.
(Alterada pela DN COPAM 108/2007).
Lei 13.766, de 30/11/2000 - Dispõe sobre política estadual de apoio e incentivo à coleta
seletiva de resíduos sólidos e altera dispositivo da lei 12.040, 28 de dezembro de 1995, que
dispõe sobre a distribuição da parcela de receita do produto da arrecadação do ICMS
pertencente aos municípios, de que trata o inciso II do parágrafo único do art. 158 da
Constituição Federal. (alterada pelas Leis 14.577/2003; 16.689/2007; 17.503/2008; e
18.511/2009).
Deliberação Normativa COPAM 26, de 28/07/1998 - Dispõe sobre o co-processamento de
resíduos em fornos de clínquer.
2.4. Gestão e Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos
Ainda que complementares, uma das atividades do saneamento ambiental municipal é aquela
que contempla a gestão e gerenciamento, em geral, adquirem conotações distintas para grande
parte dos técnicos que atuam na área de resíduos sólidos urbanos, embora seja comumente
entendido como sendo sinônimos, mas são diferentes.
A Figura 2 ilustra a participação dos principais atores que participam do gestão e
gerenciamento de RSU.
Figura 2: Principais atores de um PGRSU e suas respectivas atribuições.
Fonte: ReCESA, 2008.
28
2.4.1. Gestão integrada dos Resíduos Sólidos Urbanos
O termo gestão integrada de resíduos sólidos urbanos (GIRSU) é utilizado para definir
decisões, ações e procedimentos adotados em nível estratégico (Lima, 2001), que envolve a
interligação entre ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento das
atividades que compõem o sistema de limpeza urbana: acondicionamento, coleta, tratamento e
disposição final de resíduos (IPT, 2000).
Então podemos concluir que, a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos é um conjunto de
metodologias com vista a redução não só da produção e eliminação de resíduos, como do
melhor acompanhamento durante todo o seu ciclo produtivo. Ainda tem como finalidade
reduzir a produção de resíduos na origem, gerir a produção dos mesmos no sentido de atingir
um equilíbrio entre a necessidade de produção de resíduos, e o seu Impacto ambiental. É uma
gestão transversal a todo o ciclo, o qual analisa de maneira Holística.
A recente Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010), que institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, em seu Capítulo II, Art. 3º, Inciso XI, define de forma mais abrangente o termo
“gestão integrada de resíduos sólidos” como:
[...] o conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos,
de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social,
com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável (BRASIL,
2010, p. 15).
Enquanto que nas palavras de Jardim et al. (2000) e Lima (2001), o gerenciamento integrado
de resíduos sólidos urbanos é um conjunto articulado de ações nomativas, operacionais,
financeiras e de planejamento que a municipalidade desenvolve embasada em critérios
sanitários, ambientais e econõmicos com o objetivo de coletar, segregar, tratar e dispor os
resíduos sólidos de uma cidade, acompanhando detalhadamente todo o ciclo desde a geração à
disposição final e aplicando técnicas e tecnologias ajustadas à realidade local.
Então, pode-se concluir que o gerenciamento é o processo de implementação da política e das
estratégias para o desenvolvimento e execução das ações definidas no PGIRS (Plano de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos). É a maneira de conceber, implementar e administrar
os sistemas de limpeza pública, considerando a participação de representantes dos diferentes
segmentos da sociedade local.
29
É dever do poder público municipal elaborar e implementar o Plano de Gestão de Integrada de
Resíduos Sólidos Urbanos (PGIRS), documento que deve conter como conteúdo mínimo:
Informações sobre a origem, a caracterização e o volume de resíduos sólidos gerados, bem
como os prazos para a destinação;
Procedimentos a serem adotados na segregação, na coleta, na classificação, no
acondicionamento, no armazenamento, no transporte, no tratamento e na destinação final
licenciada, conforme a classificação dos resíduos sólidos, indicando-se os locais e as
condições em que essas atividades serão executadas;
Ações preventivas e corretivas a serem praticadas no caso de situações de manuseio incorreto
ou acidentes;
Forma de operacionalização das exigências relativas à gestão de resíduos sólidos, bem como
as intervenções necessárias e as possibilidades reais de implementação de tais exigências;
Modalidades de manuseio que correspondam às particularidades dos resíduos sólidos e dos
materiais que os constituem, inclusive no que se refere aos resíduos provenientes dos serviços
de saúde, com vistas à proteção da saúde pública e do meio ambiente;
Procedimentos a serem adotados pelos prestadores de serviços e as respectivas formas de
controle;
Indicadores de desempenho operacional e ambiental;
Formas de participação da sociedade no processo de implementação, fiscalização e controle
social do plano;
Ações ou os instrumentos que poderão ser utilizados para promover a inserção das
organizações produtivas de catadores de materiais recicláveis e de outros operadores de
resíduos sólidos na coleta, no beneficiamento e na comercialização desses materiais.
30
O Plano de Gestão de Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos é um dos principais
instrumentos das políticas nacional e estadual de resíduos sólidos (Lei Federal 12.305/10 e
Lei Estadual 18.031/09).
2.5. Resíduos Sólidos Domiciliares
2.5.1. Coleta Seletiva
A Coleta Seletiva no Brasil
Historicamente, o início da primeira experiência de coleta seletiva no Brasil ocorreu no
Estado de Rio de Janeiro - Niterói, 1985, em São Francisco, no bairro residencial de classe
média. Porém, a coleta seletiva com as primeiras iniciativas verdadeiramente organizadas só
tiveram no início do ano 1986, inclusive com a participação das administrações municipais e
parcerias com catadores organizados em associações e cooperativas para a gestão e execução
dos programas (EIGENHEER, 1993 apud ROCHA, 2011).
Contudo, somente no início do ano 1993 teve o registro das experiências brasileiras, através
da publicação da coletânea “Coleta Seletiva de Lixo – experiências brasileiras”, e a partir de
1994, vem contando com a divulgação de experiências de entidades como a CEMPRE -
Compromisso Empresarial Para Reciclagem.
Nos dias de hoje, com programas de coleta seletiva implementados, esse número de cidades
brasileiras vêem crescendo a cada dia. Entretanto, estas coletas seletivas municipais seguem
basicamente dos sistemas operacionais: sistema porta-a-porta e sistema entrega voluntária. No
sistema porta-a-porta o caminhão passa nos condomínios e domicílios em determinados dias
da semana para recolher os materiais recicláveis, exigindo um mínimo de esforço de cada
cidadão. Já no sistema de entrega voluntária, o material deve ser depositado em coletores
estrategicamente distribuídos pela cidade, o que otimiza a coleta.
Sabe-se que a coleta seletiva ainda não é uma realidade no Brasil. Cada brasileiro produz 1,1
quilograma de lixo em média por dia, que são coletadas diariamente 188,8 toneladas de
resíduos sólidos. Desse total, em 50,8% dos municípios, os resíduos ainda têm destino
inadequado, pois vão para os 2.906 lixões que o Brasil possui.
31
Em 27,7% das cidades o lixo vai para os aterros sanitários e em 22,5% delas, para os aterros
controlados, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do Instituto
Brasileiro de Estatística (IBGE).
Apesar desse quadro, o Brasil alcançou importantes avanços nos últimos anos na opinião do
diretor da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério de Meio
Ambiente, Silvano Silvério. “Para se ter uma ideia, em 2000, apenas 35% dos resíduos eram
destinados aos aterros. Em 2008, esse número passou para 58%”.
No mesmo período, o número de programas de coleta seletiva mais que dobrou. Passou de
451, em 2000, para 994, em 2008. A maior concentração está nas regiões Sul e Sudeste, onde,
respectivamente, 46% e 32,4% dos municípios informaram à pesquisa do IBGE que possuem
coleta seletiva em todos os distritos.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em agosto de 2010, disciplina a
coleta, o destino final e o tratamento de resíduos urbanos, perigosos e industriais, entre outros.
A lei estabelece metas importantes para o setor, como o fechamento dos lixões até 2014 - a
parte dos resíduos que não puder ir para a reciclagem, os chamados rejeitos, só poderá ser
destinada para os aterros sanitários - e a elaboração de planos municipais de resíduos.
Neste contexto são apresentados dados de âmbito nacional e regional acerca da situação atual
das iniciativas de coleta seletiva no país, oriundos da pesquisa direta aplicada pela ABRELPE
junto aos municípios.
Entretanto, é de suma importância frisar, para o correto entendimento das informações
apresentadas a seguir, que em muitos municípios as atividades praticadas de coleta seletiva
não abrangem a totalidade de sua área urbana, podendo estar restritas à disponibilização de
pontos de entrega voluntária ou por meio de cooperativas de catadores para a execução dos
serviços.
A coleta seletiva foi definida na Lei Federal nº. 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional
de Resíduos Sólidos, como a coleta de resíduos sólidos previamente separados de acordo com
sua constituição e composição, devendo ser implementada pelos municípios como forma de
32
encaminhar as ações destinadas ao atendimento do princípio da hierarquia na gestão de
resíduos sólidos, dentre as quais inclui-se a reciclagem.
Com base nas pesquisas efetuadas pela ABRELPE em 2012, permitiram projetar que dos
5.565 municípios do Brasil, 3.326 (59,77%) indicaram a existência de iniciativas de coleta
seletiva, bem como permitem a comparação destes com os resultados obtidos na pesquisa de
2011.
A tabela 2 apresenta quantidade de municípios com iniciativas de coleta seletiva nos anos
2011 e 2012 no Brasil.
Tabela 2: Municípios com Iniciativas de Coleta Seletiva em 2011/2012
2011 2012 2011 2012 2011 2012 2011 2012 2011 2012 2011 2012
Sim 209 213 651 678 131 148 1.336 1.342 936 945 3.263 3.326
Não 240 236 1.143 1.116 335 318 332 326 252 243 2.302 2.239
Total
Sul Brasil
449 1.794 466 1.668 1.188 5.565
Iniciativas
de Coleta
Seletiva
Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste
Fonte: Pesquisa ABRELPE, 2012 (Adaptada pelo autor).
De acordo com Grimberg e Blauth (1998, p.73-76), a coleta seletiva no município de Belo
Horizonte/MG foi iniciada em 1993, faz parte do Programa de Manejo Diferenciado de
Resíduos Sólidos, que engloba os recicláveis, a matéria orgânica gerada pelo setor de
alimentação, poda, capina, e as atividades de reaproveitamento do entulho da construção civil.
Desenvolvido paralelamente à transformação do aterro controlado existente, em aterro
sanitário, o programa, coordenado pela SLU – Superintendência de Limpeza Urbana –,
envolveu uma ampla rede de parcerias com a sociedade civil organizada e iniciativa privada,
viabilizando, assim, o treinamento e capacitação dos catadores e funcionários da SLU, a
instalação e manutenção dos Locais de Entrega Voluntária, a divulgação e educação
ambiental, reduzindo os gastos com a coleta seletiva por parte da prefeitura, que exerceu a
função de intermediar a comercialização dos materiais e apoiar as iniciativas da população.
Ainda segundo os autores, relatam quanto aos catadores organizados através da ASMARE –
Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis de Belo Horizonte,
33
esses agentes são considerados prioritários da coleta seletiva, e sendo remunerados conforme
sua produtividade. O maior êxito do programa de Belo Horizonte pode ser atribuído à
distribuição descentralizada das atividades e sua estrutura integrada, com a articulação entre
as diversas instâncias municipais, coordenadas por um comitê gestor.
Diante do exposto, atualmente o município de Belo Horizonte é um dos principais centros de
discussão e organização da sociedade em torno da reciclagem, tendo organizado, em 2004,
através das entidades que compõem o Fórum Lixo e Cidadania, o 3º Festival Lixo e
Cidadania, evento nacional, que acontece na cidade, desde 2002, envolvendo música, teatro,
arte, artesanato e moda feitos com materiais desviados do lixo e debates e cursos englobando
temas relacionados à gestão do lixo, educação ambiental e economia solidária.
A Experiência Internacional
Com base no histórico de alguns países pesquisados, destaca-se que a Coleta Seletiva teve
origem na Europa, por meio da Alemanha e a França as pioneiras na adoção de medidas
destinadas a equacionar a questão dos resíduos sólidos. De acordo com Juras (2005) apud
Rocha (2011), na frança, a política de resíduos foi estabelecida em 1975, que somente ao
longo das décadas de oitenta e noventa, adquiriu força na questão da responsabilização de
empresas quanto à destinação e reciclagem de embalagens se tornando fortemente engajada
na modernização do gerenciamento de resíduos sólidos.
Quanto à política de resíduos em terras germânicas, consolidou se por meio de duas
legislações: a Lei de Minimização e Eliminação de Resíduos em 1986, substituída, em 1994,
pela Lei de Economia de Ciclo Integral e Gestão de Resíduos. Essa lei estabeleceu a logística
reversa, obrigando os fabricantes e os distribuidores a aceitar a devolução de vasilhames e
embalagens e a conduzí-los a uma recuperação material independente do sistema público de
eliminação de resíduos.
Pelo Panorama Internacional, a geração dos resíduos urbanos denominados “lixo”, produzido
pela atividade do homem é hoje uma das mais graves ameaças à sua própria qualidade de
vida. Contudo, observa-se hoje, uma forte tendência mundial pela minimização da geração de
lixo, principalmente no que tange a produção/venda de produtos dos quais restem o mínimo
34
possível de resíduos, o reuso de embalagens, a reciclagem e o aproveitamento energético dos
resíduos não recicláveis.
Os objetivos do panorama Internacional são: (i) identificar as principais variáveis que
interferem na geração de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) e (ii) identificar as principais rotas
tecnológicas para tratamento e disposição final de RSU.
O foco principal deste panorama é comparar os países em desenvolvimento com os países
desenvolvidos, incluindo principalmente as seguintes localidades:
Países desenvolvidos: Alemanha, Austrália, Áustria Japão, Coréia do Sul, Espanha, EUA,
Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Noruega, Portugal, Reino Unido, Suécia,
Suíça;
Países em desenvolvimento: Brasil, Bulgária, China, Eslováquia, Eslovênia, Estônia,
Hungria, Índia, Lituânia, México Polônia, Rep. Tcheca, Romênia, Rússia, Turquia.
Assim, a Tabela 3 apresenta as principais conclusões dessa comparação, detalhadas nas
seções seguintes, foram:
Tabela 3: Comparação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento
Quantidade Composição
● Entre 1,0 - 2,3 kg/dia per capita ● ~ 30% orgánicos ● Máximo de 60% de aterro
● ~ 50% recicláveis: papel,
pláticos etc.
● Entre 0,6 - 1,3 kg/dia per capita ● ~ 60% orgánicos ● Principalmente aterro (> 85%)
e/ou lixões
● ~ 25% recicláveis: papel,
pláticos etc.
● Máximo de 10% de reciclagem
● Legislação mais restritiva em
países desenvolvidos (Ex.: Grenelle
Environment - França; Act for
Resource Recycling - Coréia;
Essential Packaging - Alemanha)
● Combinações de aterro,
tratamento térmico, composição e
reciclagem
Geração de RSU Tratamento e Disposição Final de
RSU
Países Desenvolvidos
Países em Desenvolvidos
● Outras variáveis tais como urbanização, legislação, clima e
fatores sócio-culturais
Variáveis que melhor
explicam as diferenças
● Principalmente PIB per capita
Fonte: ISWA, 2011 (Adaptada pelo autor).
35
A seguir nas Tabelas 4 e 5 apresentam algumas experiências internacionais de aproveitamento
energético de RSU, que são identificados alguns dados sobre a prática de incineração em
países desenvolvidos, os quais demonstram que esse processo está bem consolidado na
Europa e no Japão.
Tabela 4: Percentual de lixo urbano incinerado em países desenvolvidos
PaísNúmero de
Incineradores
Incineração de resíduos como
tratamento do lixo urbano (%)Fração com recuperação de energia
Suíça 29 80 80%
Japão 1893 72 Poucas planta
Dinamarca 32 65 100% (maioria aquecimento*)
Suécia 21 59 100% (maioria aquecimento*)
França 100 41 68% da capacidade
Holanda 9 39 50% da capacidade
Alemanha 51 30 -
Itália 51 17 30% da capacidade
EUA 168 19 75% das usinas
Espanha 21 15 24% das usinas
Reino Unido 7 5 25% da capacidade (poucas plantas*)
Fonte: FEAM, 2012 (Adaptada pelo autor).
Tabela 5: Destino dos resíduos em alguns países desenvolvidos (1994)
PaísAterro
sanitários (%)
Usinas de Triagem e
Compostagem (%)Incineradores (%)
Alemanha 72 3 25%
Bélgica 62 9 29
Dinamarca 37 7 56
Espanha 76 16 8
França 50 20 30
Holanda 50 20 30
Inglaterra 90 1 9
Itália 56 10 34
Japão 24 4 72
Suécia 35 10 55
Suíça 6 6 88
Fonte: FEAM, 2012 (Adaptada pelo autor).
Quanto ao quesito à recuperação do biogás do aterro para geração de energia, essa técnica já é
adotada há alguns anos nos EUA e Europa. Principalmente tem como objetivo da sua adoção
no 1º Mundo é muito mais ambiental – redução das emissões de gases do efeito estufa (o
36
biogás é composto por cerca de 50% de metano) – do que propriamente econômico – geração
de energia.
Quanto à energia gerada pelo uso deste método é bastante inferior à de outras rotas de
destinação final com geração de energia, uma vez que a eficiência máxima de captação do
biogás é de cerca de 65% do gerado. A Tabela 6 demonstra o aproveitamento energético dos
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) nos EUA e Europa.
Tabela 6: Aproveitamento energético dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)
BIOGÁS DE ATERRO (base metano) 0,1 - 0,2 MWh / ton RSU
DIGESTÃO ANAERÓBICA ACELERADA 0,1 - 0,3 MWh / ton RSU
INCINERAÇÃO RSU com Geração de Energia 0,4 - 0,6 MWh / ton RSU
CICLO COMBINA RSU + Gás Natural 0,8 - 0,9 MWh / ton RSU
(*) Megawatt-hora (MWh) equivale a 1.000.000 Wh ou 3,6×109 joules. Fonte: Technical Guidance Report – Banco Mundial, 1999 (Adaptada pelo autor)
A incineração de resíduos nos Países do 1º Mundo, onde se encontram instaladas e em
operação mais de 80% das Usinas de Geração de Energia a partir do Lixo Urbano, entendem
ser esta uma das boas opções para substituição da energia de combustíveis fósseis por fontes
alternativas renováveis, com indiscutível economia ambiental e financeira em relação aos
cada dia mais distantes aterros sanitários.
Com base nas figuras acima, podemos destacar que as duas principais rotas de destinação
final de resíduos em todo o Mundo são os Aterros Sanitários e a Incineração dos Resíduos.
Cenário Brasileiro
Segundo a pesquisa da IPEA, atualmente cada brasileiro produz 1,1 quilograma de lixo em
média por dia. O que são coletadas diariamente 188,8 mil toneladas de resíduos sólidos por
dia no Brasil, em 90% do total de domicílios, o que representa 98% das moradias urbanas,
mas apenas 33% das rurais. Desse total, em 42,02% dos municípios, os resíduos ainda
têm destino inadequado, pois vão para os 2.906 lixões que o Brasil possui.
37
Conforme indicado na Figura 3, o índice de 58% correspondente à destinação final adequada
no ano de 2012 permanece significativo, porém a quantidade de RSU destinada
inadequadamente cresceu em relação ao ano anterior, totalizando 23,7 milhões de toneladas
que seguiram para lixões ou aterros controlados, que do ponto de vista ambiental pouco se
diferenciam dos lixões, pois não possuem o conjunto de sistemas necessários para a proteção
do meio ambiente e da saúde pública.
Figura 3: Destinação final dos RSU Coletados no Brasil
Fonte: Pesquisa ABRELPE, 2012.
Portanto, o que faz necessário de uma destinação final adequada, de preferencialmente uma
rota que privilegie o aproveitamento da energia contida no lixo. A Figura 4 indica-nos as
etapas constituintes de um sistema integrado de Gestão de RSU da Lipor.
Figura 4: Sistema Integrado de Gestão de RSU da LIPOR.
Fonte: Adaptado pela LIPOR, 2007.
38
Segundo a pesquisa feita pela FEAM (2012), a Tabela 7 apresenta a quantidade mínima de
RSU recomendada por estudos relativamente recentes para as tecnologias de tratamento
térmico por incineração, digestão anaeróbia e biogás de aterro, visando ao aproveitamento
energético, assumindo-se uma viabilidade de projeto equiparada a de uma termelétrica a gás
natural.
Tabela 7: Estimativas da quantidade mínima de RSU e geração de energia elétrica para tecnologias usuais de
aproveitamento energético.
Tecnologia t RSU/dia1
MWh / t RSU2
Incineração 500 0,4 a 0,6
Digestão anaeróbia 200 0,1 a 0,3
Biogás de aterro sanitário 300 0,1 a 0,2
Fonte: 1 - Tolmasquim (2003); 2 – Oliveira, 2009.
A tecnologia de incineração - é um processo de combustão controlada, que tem como
princípio básico a reação do oxigênio com componentes combustível presentes no resíduo
(como carbono, hidrogênio e enxofre), em temperatura superior a 800 °C, convertendo sua
energia química em calor.
A tecnologia de biometanização com aproveitamento energético tem como base a geração
de biogás a partir da digestão anaeróbia da fração orgânica de resíduos sólidos urbanos
(FORSU) em reatores específicos. A Figura 5 apresenta a esquema do processo de
digestão anaeróbia.
Figura 5: Esquema do processo de digestão anaeróbia.
Fonte: Energaia in “Digestão anaeróbia – Metodologia de desenvolvimento”, 2007.
39
A tecnologia de biogás de aterro sanitário - é uma técnica de aterramento dos RSU, que
consiste basicamente na compactação dos resíduos no solo na forma de camadas,
periodicamente cobertas com terra ou outro material inerte, de modo a produzir uma
degradação natural e lenta, por via biológica, até a mineralização da matéria
biodegradável. Exige cuidados especiais e técnicas específicas a serem seguidas, desde a
seleção e preparo da área, até sua operação e monitoramento.
Como pode ser observado na tabela acima que, a menor geração pelo gás do aterro em relação
ao gás de digestores se deve ao baixo índice de recuperação do gás de aterros sanitários, em
geral da ordem de 50% do total produzido.
Para a rota dos Aterros Sanitários, é perceptível que o fluxo segue de forma tecnicamente
correta, isto demandarão investimentos e custos operacionais quase tão elevados quanto o de
outras rotas de destinação com alta tecnologia aplicada.
Enquanto que, nas tecnologias de incineração e digestão anaeróbia com o mínimo de 150 t/dia
de RSU bruto, sendo mais conveniente o mínimo de 250 t/dia. Nesse caso, para a incineração,
será necessário combustível auxiliar quando o PCI estiver entre 1.675 kcal/kg e 2.000 kcal/kg
(OLIVEIRA, 2011), e nunca inferior a 1.435 kcal/kg (BANCO MUNDIAL, 2000 apud
CEMIG GT e FEAM, 2010).
No que tange a maior diferença no investimento para implantação é que, enquanto outras
tecnologias demandam capital intensivo (praticamente todo o investimento é feito antes do
início da operação), para investir nos Aterros Sanitários, o mesmo valor é investido ao longo
de toda a sua vida útil e após o seu encerramento, durante o período de monitoramento
obrigatório.
2.5.2. Legislação
Resolução CONAMA nº 275, de 25 de abril de 2001, nos usos das atribuições que lhe
conferem a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 – Dispõe sobre Coleta Seletiva, Impacto
Ambiental, reciclagem, tipos de resíduos naturais, energia, água, beneficiamento, transporte,
tratamento, aterro sanitário, lixões, campanhas, educação ambiental, códigos de cores, órgãos,
iniciativa privada, cooperativas, organizações não-governamentais, entidades, padronização,
entre outros.
40
Com a publicação de decreto Lei nº 12.305 regulamentado no dia 23/12/2010, finalmente
começa a valer a "Lei do Lixo", como já é conhecida a Política Nacional de Resíduos Sólidos
- PNRS - sancionada em agosto de 2010 pelo presidente Lula. Também ficará proibido, a
partir de 2014, colocar em aterros sanitários qualquer tipo de resíduo que seja passível de
reciclagem ou reutilização.
2.5.3. Tratamento
O tratamento mais eficaz é o prestado pela própria população quando está empenhada em
reduzir a quantidade de lixo, evitando o desperdício, reaproveitando os materiais, separando
os recicláveis em casa ou na própria fonte e se desfazendo do lixo de maneira correta.
O tratamento de resíduos sólidos são processos físicos, químicos, biológicos e/ou combinação
destes capazes de alterar as características dos resíduos de forma a:
Reduzir volume;
Facilitar a sua movimentação;
Eliminar, inertizar, ou reduzir periculosidade;
Valorizar o resíduo.
Além desses procedimentos, existem outros processos de tratamento utilizados e classificados
de acordo com princípios físicos, químicos e biológicos:
Processos físicos: dependem das propriedades físicas do contaminante tais como, tamanho
de partícula, peso específico, viscosidade, etc. Exemplos: gradeamento, sedimentação,
filtração, flotação, regularização/equalização, etc.
Processos químicos: dependem das propriedades químicas dos contaminantes o das
propriedades químicas dos reagentes incorporados. Exemplos: coagulação, precipitação,
troca iônica, oxidação, neutralização, osmose reversa, ultrafiltração.
Processos biológicos: utilizam reações bioquímicas para a eliminação dos contaminantes
solúveis ou coloidais. Podem ser anaeróbicos ou aeróbicos. Exemplo: lodos ativados,
lagoas aereadas, biodiscos (RBC), filtro percolador, valas de oxidação, reatores
sequenciais discontinuos (SBR).
41
Segundo o Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (IBAM, 2001),
tratamento de resíduos sólidos urbanos é definido:
“...como uma série de procedimentos destinados a reduzir a quantidade ou o potencial
poluidor dos resíduos sólidos, seja impedindo descarte de lixo em ambiente ou local
inadequado, seja transformando-o em material inerte ou biologicamente estável”.(IBAM,
2001; pág 119)
A Tabela 8 e Figura 6 mostram a Capacidade Instalada de Tratamento de RSS e Percentual de
Municípios por modalidade de Destinação de RSS em respectivamente.
Tabela 8: Capacidade Instalada de Tratamento de RSS
Autoclave Incineração Microondas Total
Norte - 4.118 - 4.118
Nordeste 11.544 16.723 - 28.267
Centro-Oeste 3.120 20.779 - 23.899
Sudeste 72.446 27.612 47.112 147.170
Sul 22.464 4.992 3.744 31.200
BRASIL 109.574 74.224 50.856 234.654
Regiões2011 - Capacidade Instalada (t/ano) x Tecnologia
Fonte: Pesquisas ABRELPE, 2012 (Adaptada pelo autor).
Figura 6: Percentual de Municípios por modalidade de Destinação de RSS
Fonte: Pesquisas ABRELPE, 2012.
42
Entre as formas de tratamento dos resíduos sólidos urbanos podem citar Compostagem,
Reciclagem e a Incineração como os mais usuais sendo que esta última por possuir alto
custo ainda é pouco difundida no Brasil.
Compostagem
Define-se a compostagem como sendo um processo biológico, natural, de decomposição e
estabilização de resíduos orgânicos para produção de húmus, desenvolvido em duas fases, por
uma população mista de microrganismo.
A compostagem pode ser aeróbia ou anaeróbia, em função da presença ou não de oxigênio no
processo.
Na compostagem anaeróbia - a decomposição é realizada por micoorganismos que
podem viver em ambientes sem a presença de oxigênio; ocorre em baixa temperatura, com
exalação de fortes odores, e leva mais tempo até que a matéria orgânica se estabilize.
Na compostagem aeróbia, processo mais adequado ao tratamento do lixo domiciliar, a
decomposição é realizada por micoorganismos que só vivem na presença de oxigênio. A
temperatura pode chegar a até 70ºC, os odores emanados não são agressivos e a
decomposição é mais veloz.
Fases da Compostagem
O processo de compostagem aeróbia pode ser dividido em duas fases.
A primeira, chamada de "bioestabilização", caracteriza-se pela redução da temperatura da
massa orgânica que, após ter atingido temperaturas de até 65°C, estabiliza-se na
temperatura ambiente. Esta fase dura cerca de 45 dias em sistemas de compostagem
acelerada e 60 dias nos sistemas de compostagem natural (termofílicas).
A segunda fase, chamada de "maturação", dura mais 30 dias. Nesta fase ocorre a
humificação e a mineralização da matéria orgânica (mesofílicas).
A Figura 7 abaixo ilustra as alterações na temperatura durante o processo de compostagem:
43
Figura 7: Evolução da cura do composto.
Fonte: IPT/CEMPRE, 2000 (Adaptada pelo autor).
Sua origem como processo científico data de 1920, quando o inglês Albert Howvard, em
estudo realizado em Índore-Índia, começou a definir procedimentos no estudo da fermentação
de resíduos sólidos, resultando entre outros métodos, a utilização de leiras sobre o solo.
Compostar é também reciclar o lixo, ou seja, reciclar a sua fração orgânica (restos de
alimentos, frutas, vegetais, folhas e outros) para transformá-los em húmus que será utilizado
na agricultura e também, cumprir, entre outros, os objetivos seguintes:
Atenuar os problemas sanitários e de saúde pública;
Evitar a poluição e contaminação ambiental;
Permitir a economia de energia pelo reaproveitamento de produtos existentes no lixo;
Reduzir a quantidade de resíduos que deverão ser dispostos no solo, em aterros sanitários.
Para realização do processo de compostagem, a fração orgânica dos resíduos domiciliares
deve ser separada dos materiais inertes (vidros, plásticos, metais, etc.). Para isso a condição
ideal é que essa separação seja feita na própria fonte geradora, através da coleta seletiva.
Quando não existir a coleta seletiva, a compostagem deverá ser precedida da separação dos
materiais inertes em uma usina de reciclagem
44
Usinas de reciclagem e compostagem de Resíduos Sólidos Domiciliares:
As usinas de reciclagem podem apresentar as seguintes instalações, de acordo com Jardim
(1995):
Recepção e expedição;
Usina de triagem;
Pátio de compostagem;
Beneficiamento e armazenamento do composto;
Aterro de rejeitos.
Composto Orgânico
O composto orgânico é formado de húmus e proteínas resultante da compostagem da matéria
orgânica do lixo. Considerando a 1ª fase variando de 45 a 60 dias e que a degradação da
lignina na etapa de maturação demora de 40 a 60 dias é impossível obter-se o composto
orgânico pelo processo aeróbio da compostagem em menos de 90 a 120 dias.
Características do composto orgânico
O composto orgânico produzido pela compostagem do lixo tem como principais
características a presença de húmus e nutrientes minerais e sua qualidade é função da maior
ou menor quantidade destes elementos.
O húmus torna o solo poroso, permitindo a aeração das raízes, retenção de água e dos
nutrientes. Os nutrientes minerais podem chegar a 6% em peso do composto e incluem o
nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, e ferro, que são absorvidos pelas raízes das
plantas.
O composto orgânico assim definido tem as seguintes aplicações:
Agricultura: produção de grãos, horticultura e floricultura;
Paisagismo: parques, canteiros de vias públicas e jardins;
45
Reflorestamento: produção de mudas;
Solo: correção de acidez do solo, recuperação de áreas.
Qualidade do composto
Quanto a qualidade do composto orgânico produzido no Brasil nas usinas de compostagem de
lixo domiciliar, deve atender a valores estabelecidos pelo Ministério da Agricultura para que
possa ser comercializado. Conforme a Tabela 9 extraida pela PNRS mostra os índices
estabelecidos para comercialização do composto orgânicos.
Tabela 9: Índices estabelecidos para comercialização do composto orgânicos.
ITEM VALOR / TOLERÂNCIA
Matéria orgânica total mínimo de 40% menos de 10%
Nitrogênio total mínimo de 1,0% menos de 10%
Umidade máximo de 40% mais de 10%
Relação C/N máximo de 18/121/1
Índice de Ph mínimo de 6,0 menos de 10%
Fonte: Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, 2010.
Dentre as quais, a maior preocupação dos usuários do composto orgânico é a presença de
metais pesados em concentrações que possam prejudicar as culturas agrícolas e o consumidor.
Principalmente da presença dos metais pesados que estão em materiais existentes no lixo tais
como: papéis coloridos, tecidos, borrachas, cerâmicas, pilhas e baterias. Para evitar que seja
contaminado, as usinas devem procurar eliminar do lixo boa parte destes elementos.
Reciclagem
Desde a vigência da Política Nacional de Resíduos Sólidos existe uma hierarquia a ser
seguida na gestão e no gerenciamento dos resíduos sólidos, com uma ordem de prioridade de
ações a serem seguidas. A reciclagem, que nos termos da lei, é o processo de transformação
46
dos resíduos que envolvem a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou
biológicas, com vistas a transformação em insumos ou novos produtos, foi inserida dentre as
ações prioritárias a serem executadas nesse processo de gestão de resíduos.
Com base nas projeções ABRELPE (2011) referente aos Resíduos Sólidos Urbanos, a coleta
de informações sobre as atividades de reciclagem no Brasil foi feita junto às associações
vinculadas aos setores que abrigam as principais atividades de reciclagem no Brasil, ou seja,
os setores de alumínio, papel, plástico e vidro.
A partir das figuras 8 e 9 comparam as taxas de reciclagem dos diferentes materiais.
Figura 8: Taxa de reciclagem de diferentes materiais
Fonte: IPEA, 2012.
Figura 9: Quantidade de reciclagem de diferentes materiais
Fonte: elaborado a partir de Datasus, 2011; ABAL, 2011; ABRELPE, 2010; BRACELPA, 2010.
47
2.6. Resíduos de Serviços de Saúde - RSS
2.6.1. Legislação
Os resíduos de serviços de saúde (RSS) representam uma parte importante do total de resíduos
sólidos e semi-sólidos urbanos, não necessariamente pela quantidade gerada, mas pelo potencial
de risco com possível repercussão na saúde da população e na de trabalhadores da área da saúde,
bem como pelos impactos no meio ambiente por possíveis poluições biológicas, físicas e químicas
do solo, do ar e de acidentes e transmissão de doenças.
Os resíduos dos serviços de saúde ganharam destaque legal no início da década de 90, quando
foi aprovada a Resolução CONAMA nº 006 de 19/09/1991 que desobrigou a incineração ou
qualquer outro tratamento de queima dos resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos
de saúde e de terminais de transporte e deu competência aos órgãos estaduais de meio
ambiente para estabelecerem normas e procedimentos ao licenciamento ambiental do sistema
de coleta, transporte, acondicionamento e disposição final dos resíduos, nos estados e
municípios que optaram pela não incineração.
Posteriormente, a Resolução CONAMA nº 005 de 05/08/1993, fundamentada nas diretrizes
da resolução citada anteriormente, estipula que os estabelecimentos prestadores de serviço de
saúde e terminais de transporte devem elaborar o gerenciamento de seus resíduos,
contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,
armazenamento, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos. Esta resolução sofreu
um processo de aprimoramento e atualização, o qual originou a Resolução CONAMA no
283/01, publicada em 12/07/2001.
A Resolução CONAMA nº 283/01 dispõe especificamente sobre o tratamento e destinação
final dos resíduos de serviços de saúde, não englobando mais os resíduos de terminais de
transporte. Modifica o termo Plano de Gerenciamento de Resíduos da Saúde para Plano de
Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS. Impõe responsabilidade aos
estabelecimentos de saúde em operação e àqueles a serem implantados, para implementarem o
PGRSS. Define os procedimentos gerais para o manejo dos resíduos a serem adotados na
ocasião da elaboração do plano, o que, desde então, não havia sido contemplado em nenhuma
resolução ou norma federal.
48
Em virtude das resoluções federais atribuírem aos geradores a responsabilidade pelo
tratamento e destinação final dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), grande parte dos
municípios, que possuem unidades de saúde, coletam e dão destinação final apenas para os
resíduos deste tipo gerados por tais estabelecimentos.
A Tabela 10 apresenta o resultado da pesquisa que permite projetar que dos 5.565 municípios,
4.282 prestaram em 2012, total ou parcialmente, serviços atinentes ao manejo dos RSS.
Tabela 10: Coleta Municipal de RSS
2011
RSS Coletado / Índice População Coletado Índice
(Kg/hab/ano) Urbana (t/ano) (Kg/hab/ano)
Norte 8.640 / 0,730 12.010.233 8.968 0,747
Nordeste 34.995 / 0,894 39.477.754 35.667 0,903
Centro-Oeste 17.851 / 1,411 12.829.644 18.172 1,416
Sudeste 163.722 / 2,176 75.812.738 169.178 2,232
Sul 12.450 / 0,532 23.583.048 12.989 0,551
BRASIL 237.658 / 1,464 163.713.417 244.974 1,496
2012
Regiões
Fontes: Pesquisas ABRELPE e IBGE, 2012.
2.6.2. Normas
Objetivo desta Norma classifica os resíduos de serviços de saúde quanto aos riscos potenciais
ao meio ambiente e à saúde pública, para que tenham gerenciamento adequado.
NBR 12.807 jan/93 - Resíduos de Serviços de Saúde - Terminologia - Procedimento: define
os termos empregados em relação aos Resíduos deServiços de Saúde.
NBR 12.808 jan/93 - Resíduos de Serviços de Saúde - Classificação - Procedimento:
classifica os Resíduos de Serviços de Saúde quanto ao risco potencial ao meio ambiente e à
saúde pública, para que tenham gerenciamento adequado.
49
NBR 12.809 jan/93 - Manuseio de Resíduos de Serviços de Saúde – Procedimento: fixa os
procedimentos exigíveis para garantir condições de higiene e segurança no processamento
interno de resíduos infectantes, especiais e comuns, no serviço de saúde; de serviços de saúde,
sob condições de higiene e segurança.
NBR 12.810 jan/93 - Coleta de Resíduos de Serviços de Saúde – Procedimento: fixa os
procedimentos exigíveis para a coleta de RSS extraunidade.
2.7. Resíduos de Construção e Demolição
Os resíduos da construção civil (RCC) ou de construção e demolição (RCD) representam um
importante problema ambiental: Os entulhos podem representar mais de 70% da massa total
de resíduos sólidos urbanos de uma cidade brasileira de médio e grande porte. No Brasil, esse
fato é agravado pelo maciço processo de migração iniciado na segunda metade do século XX;
hoje a população predominantemente se concentra nas cidades, ocasionando uma enorme
demanda por novas habitações.
Historicamente, a indústria da construção civil não se preocupava com os custos e prejuízos
causados pelo desperdício de materiais e destino dados aos resíduos produzidos nesta
atividade. Grande parte desses resíduos é depositada clandestinamente em terrenos baldios,
áreas públicas, várzeas e cursos d'água.
Alguns desses impactos são visíveis e comprometem a paisagem urbana e o trânsito de
veículos e pedestres.
Quando não removidos pelo poder público, terminam por induzir a deposição de outros tipos
de resíduos como os de poda de árvores, objetos de grande volume como móveis e pneus, e
até resíduos domiciliares. Isso favorece a proliferação de vetores de doenças e a obstrução de
canalizações de drenagem em caso de chuva.
A maioria dos municípios brasileiros ainda não possui aterros sanitários licenciados. E,
mesmo quando vão para estes locais, encurtam o tempo de vida útil deles. Os RCC/RCD
podem vir acompanhados de materiais perigosos como latas de tinta e de solventes, lâmpadas
50
fluorescentes e outros resíduos que deveriam receber tratamento específico, antes de sua
destinação final.
A remoção dos entulhos dispostos irregularmente, os transtornos sociais causados pelas
enchentes e os danos ao meio ambiente, representam custos elevados para o poder público e
para a sociedade, apontando para a necessidade do estabelecimento de novos métodos para a
gestão dos RCC/RCD.
As Tabelas 11 e 12 mostram a comparação entre os dados de RCD coletado pelos municípios
no Brasil e na Região Sudeste em 2011 e 2012 resultam na constatação de um aumento de
mais de 5% na coleta dos mesmos.
Tabela 11: Quantidade total de RCD Coletado pelos municípios no Brasil
2011
RCD Coletado (t/dia)/ População Urbana RCD Coletado Índice
Índice (Kg/hab/dia) (hab) (t/dia) (Kg/hab/dia)
BRASIL 106.549/ 0,656 163.713.417 112.248 0,686
Região
2012
Fontes: Pesquisa ABRELPE e IBGE, 2012.
Tabela 12: Coleta de RCD na Região Sudeste
2011
RCD Coletado (t/dia)/ População Urbana RCD Coletado Índice
Índice (Kg/hab/dia) (hab) (t/dia) (Kg/hab/dia)
BRASIL 55.817 / 0,742 75.812.738 59.100 0,780
Região Sudeste
2012
Fontes: Pesquisa ABRELPE e IBGE, 2012.
2.8. Resíduos Sólidos Industriais
Resíduos industriais são os rejeitos originados nos diversos processos fabris, tais como
químico, calçadista, petroquímico, papeleiro, alimentício, movleiro, metalúrgico, etc.
Tais resíduos são distintos entre si, de acordo com o ramo de atividade, e podem ser
exemplificados pelos efluentes das indústrias gráficas, latas impregnadas com tintas,
equipamentos de proteção individual contaminados, óleo lubrificante proveniente da
51
manutenção de máquinas e equipamentos, retalhos de fibra de vidro e resinas, resíduos
alcalinos, cerâmicas, escórias, lodo, cavacos de metais não ferrosos e todo refugo de um
processo industrial.
Segundo a NBR ABNT 10004, são considerados resíduos sólidos industriais “resíduos nos
estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial. Ficam incluídos
nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de
água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor
tecnologia disponível.”
Resolução CONAMA nº. 313/2002, que dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos
Sólidos Industriais, conjunto de informações sobre geração, características, armazenamento,
transporte, tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação e disposição final dos resíduos
sólidos gerados pelas indústrias do país.
Estão sujeitas a esse inventário as atividades listadas no Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA): preparação de couros e fabricação de artefatos de couro; fabricação
de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool;
fabricação de produtos químicos; metalurgia básica; fabricação de produtos de metal;
fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática; fabricação e
montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias; e fabricação de outros
equipamentos de transporte. É de responsabilidade dos Estados enviar as informações.
Em seu artigo 13, a lei que instituiu a PNRS define os resíduos sólidos industriais como “os
gerados nos processos produtivos e instalações industriais”. Já na Resolução Conama nº.
313/02, a definição é mais abrangente: “resíduos que resultem de atividades industriais e que
se encontrem nos estados sólido, semissólido, gasoso – quando contido –, e líquido, cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos
d‟água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor
tecnologia disponível. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de
tratamento de água e aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição”.
52
A Tabela 13 e Figura 10 apresentam os dados da geração de resíduos sólidos industriais e
distribuição por Estados no Brasil (parcial).
Tabela 13: Dados da geração de resíduos sólidos industriais no Brasil(Parcial)
Perigosos Não Perigosos Total
(t/ano) (t/ano) (t/ano)
AC* 5.500 112.765 118.265
AP* 14.341 73.211 87.552
CE* 115.238 393.831 509.069
GO* 1.044.947 12.657.326 13.702.273
MG* 828.183 14.337.011 15.165.194
PE* 81.583 7.267.930 7.349.513
RS* 182.170 946.900 1.129.070
Sub-Total 2.271.962 35.788.974 38.060.936
PR** 634.543 15.106.393 15.740.936
RJ** 293.953 5.768.562 6.062.515
SP** 535.615 26.084.062 26.619.677
Sub-Total 1.464.111 46.959.017 48.423.128
Total 3.736.073 82.747.991 86.484.064
UF
Fontes: *Inventários Estaduais de R.S.I. e **Panorama das Estimativas de Geração de Resíduos Industriais –
ABETRE/FGV, 2006.
Figura 10: Geraço de Resíduos Sólidos Industriais do Brasil – Distribuição por Estados
Fontes: *Inventários Estaduais de R.S.I. e **Panorama das Estimativas de Geração de Resíduos Industriais –
ABETRE/FGV, 2006.
(t/a
no
)
53
O resíduo industrial é um dos maiores responsáveis pelas agressões fatais ao ambiente. Nele
estão incluídos produtos químicos (cianureto, pesticidas, solventes), metais (mercúrio,
cádmio, chumbo) e solventes químicos que ameaçam os ciclos naturais onde são despejados.
Os resíduos sólidos são amontoados e enterrados; os líquidos são despejados em rios e mares;
os gases são lançados no ar. Assim, a saúde do ambiente, e conseqüentemente dos seres que
nele vivem, torna-se ameaçada, podendo levar a grandes tragédias (AMBIENTE BRASIL,
2009).
2.8.1. Inventário de Resíduos Sólidos Industriais
Para o desenvolvimento do inventário de resíduos sólidos industriais, foi utilizado o programa
base disponibilizado pelo IBAMA, e geraram o banco de dados identificado para fins deste
inventário como “Banco de Dados do Inventário”. Este foi o banco utilizado na avaliação
geral do Inventário de Resíduos Sólidos Industriais de Minas Gerais. (FEAM, 2012).
O inventário pode ser subdividido em 4 etapas principais, listadas a seguir:
pesquisa, definição e elaboração do banco de dados das empresas a serem inventariadas;
campanha de divulgação, convocação das empresas e suporte técnico;
avaliação dos dados;
análise do banco de dados.
Na esfera federal, o Inventário de 2011 faz cumprir a Resolução CONAMA nº 313, de 29 de
outubro de 2002, enquanto na estadual cumpre as Deliberações Normativas do Conselho de
Políticas Ambientais – COPAM nº 90/2005 (alterada pela DN COPAM nº 136 de 2009).
O total de resíduos industriais inventariados no Estado de Minas Gerais em 2011,
considerando-se o ciclo de 12 meses, qual seja, janeiro de 2011 a dezembro de 2011, foi de
210.879.507,17 toneladas.
A Tabela 14 mostra os 10 principais resíduos gerados por tipologia, cujo percentual se refere
ao total gerado pela tipologia.
54
Tabela 14: Resíduos mais gerados por tipologia
Item Resíduos mais gerados na atividade B-01 Quantidade (t) %
1Resíduos sólidos de estações de tratamento de efluentes
contendo material biológico não tóxico.1.162.428,35 36,52
2 Sucata de metais ferrosos 1.005.240,02 31,58
3Resíduos de madeira contaminado ou não contaminado com
substâncias/produtos não perigosos.354.646,01 11,14
4Resíduos orgânicos de processo (sebo, soro, ossos, sangue,
outros da indústria alimentícia, etc.)121.001,37 3,80
5 Resíduos de minerais não metálicos 103.874,47 3,26
6Resíduos de refratários e materiais cerâmicos contaminados
ou não contaminados com substâncias/produtos não 82.283,53 2,59
7 Resíduos de vidros 80.876,19 2,54
8 Cinzas de caldeira 36.367,46 1,14
9 Resíduos de varrição de fábrica 26.491,54 0,83
10 Casca de lenha 23.668,38 0,74
2.996.877,32 94,14 Total geral da atividade
Fonte: FEAM – Minas Gerais, 2012.
A Tabela 15 sintetiza a relação dos 10 resíduos mais gerados em todas as tipologias
evidenciando a expressiva contribuição dos rejeitos provenientes do beneficiamento mineral,
advindos principalmente da atividade B-04 Indústria Metalúrgica - Metais não Ferrosos e os
resíduos típicos da atividade D-02-08-9 - Destilação de álcool. Esses 10 resíduos são
responsáveis por 81,71% do total gerado.
Tabela 15: Porcentagem dos 10 resíduos mais gerados
Item Resíduos mais geradosQuantidade dos 10
mais gerados (t)
% em relação ao
total de resíduos
1 Vinhoto 45.403.323,97 21,95
2 Rejeito proveniente do beneficiamento mineral 43.560.728,00 21,06
3 Cinzas de caldeira 39.431.530,65 19,06
4 Sucata de metais ferrosos 11.238.399,88 5,43
5 Minério esteril 10.757.962,00 5,20
6 Resíduos de papel e papelão 9.682.056,47 4,68
7 Bagaço de cana 7.547.668,45 3,65
8 Outros resíduos não perigosos 4.428.289,48 2,14
9 Fosfogesso 2.609.147,00 1,26
10 Escoria de alto forno 2.510.815,57 1,21
177.169.921,47 85,64Total
Fonte: FEAM – Minas Gerais, 2012.
55
De acordo com Ribeiro (2004), a disposição inadequada de resíduos sólidos industriais
apresenta-se como um dos problemas ambientais mais críticos da atualidade, seja pelo passivo
de solos contaminados que originou, seja pela prática incorreta de disposição final ainda
corrente em muitas instalações industriais. Mesmo em países desenvolvidos este tipo de
problema pode ser observado. Em artigo denominado “Os desafios ecológicos da França” o
diretor do Instituto de Meio Ambiente francês (IFEN) afirma que a qualidade dos solos no seu
país ainda é mal conhecida e que um dos maiores problemas sanitários são os sítios
contaminados por resíduos sólidos industriais.
No Brasil, com a finalidade de conhecer o problema, o Conselho Nacional de Meio Ambiente
– CONAMA editou a Resolução nº 6 de 1988 que determinou o inventário dos resíduos
sólidos industriais em todo o país para identificar os pontos de geração e seus aspectos
quantitativos e qualitativos, subsídios essenciais para delinear uma política adequada à sua
realidade. A iniciativa não obteve sucesso pois a grande maioria das agências estaduais
encarregadas dos trabalhos não viabilizou recursos financeiros nem humanos para essa
importante tarefa.
Mais recentemente, o Ministério do Meio Ambiente retomou a questão elaborando um projeto
no âmbito nacional, que prevê o levantamento quali-quantitativo da geração de resíduos
sólidos industriais, a partir de inventários em todos os estados da Federação.
A Resolução CONAMA. nº 313/02 atualizou os procedimentos e obrigações dos geradores. O
Inventário Estadual é, portanto, um importante instrumento que, além de contribuir para o
projeto nacional, subsidia a implementação da política estadual de gestão de resíduos sólidos
industriais.
Os objetivos do Inventário estadual de resíduos sólidos industriais são:
Conhecer e caracterizar os resíduos industriais do Estado visando à busca de formas mais
adequadas e seguras de reutilização, reciclagem, tratamento e destinação final dos resíduos
sólidos gerados;
Incentivar o desenvolvimento de tecnologias industriais mais limpas, visando a
minimização na geração de resíduos;
Identificar estoques de resíduos existentes nas instalações industriais, contemplando, por
tipologia industrial, região geográfica e/ou por município, a quantidade de resíduos gerada,
56
os tipos de resíduos gerados, a classificação quanto à periculosidade, as formas de
armazenamento e destinação final, para empreendimentos de médio e grande porte;
Identificar as fontes geradoras de resíduos industriais que apresentam risco para a
população e para o meio ambiente.
Atingidos estes objetivos, o Estado possuirá melhores recursos para viabilizar novos
empreendimentos de gerenciamento e reutilização de resíduos, promovendo uma melhoria da
qualidade ambiental com uma maior preservação dos recursos ambientais.
Em Minas Gerais, um dos estados mais industrializados do país, foi identificado, a partir do
cadastro existente na agência estadual de meio ambiente, 1.305 (um mil e trezentos e cinco)
registros de atividades industriais que, em princípio, enquadravam-se nas premissas de
tipologia e porte definidas. A atualização das informações cadastrais, das quais as mais
antigas datavam de 1978, indicou que apenas 629 indústrias enquadravam-se nos requisitos
propostos de tipologia e porte. Essas atualizações foram realizadas via ligações telefônicas,
pesquisa na Junta Comercial e, em último caso, por meio de visitas de campo. Foi observada a
intensa dinâmica no parque industrial, com destaque para o elevado número de empresas que
haviam encerrado suas atividades.
Do total de resíduos gerados por municípios, cerca de 90% dos resíduos industriais
inventariados estão distribuídos basicamente em 19 municípios. A relação destes 19
municípios, juntamente com o respectivo número de indústrias inventariadas e suas
quantidades de resíduos geradas estão apresentadas na Tabela 16.
Tabela 16: Municípios maiores geradores de resíduos industriais.
Nº MUNICÍPIONº DE EMPRESAS
INVENTARIADAS
QUANTIDADE DE
RESÍDUOS (t)
1 Ipatinga 6 3.159.018,87
2 Uberaba 16 2.372.640,47
3 Araxá 2 1.712.086,61
4 Ouro Branco 2 1.449.205,90
5 Nova Lima 4 795.873,75
6 Sete Lagoas 20 494.355,95
7 João Monlevade 1 459.247,05
8 Timóteo 4 427.893,96
9 Belo Oriente 1 421.962,62
10 Divinópolis 14 356.184,03
11 Belo Horizonte 20 335.161,80
12 Três Marias 1 331.296,37
13 Juiz de Fora 22 292.510,70
14 Poços de Caldas 8 272.598,07
15 Betim 40 258.956,07
16 Ouro Preto 1 245.966,02
17 Contagem 67 201.038,40
18 Barbacena 7 199.193,29
19 Barão de Cocais 1 191.841,23
237 13.977.031,16Total Fonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM, 2012.
57
2.9. Programa estadual ”Minas sem Lixões”
O programa Minas sem Lixões foi criado pelo governo de Minas em 2003 para apoiar os
municípios no atendimento à política de gestão adequada de resíduos sólidos urbanos, que foi
definida pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). O programa é desenvolvido
pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam).
O principal objetivo do programa é reduzir a poluição, por meio do combate à disposição
inadequada do lixo, responsável pela contaminação do solo, da água e do ar. O Minas sem
Lixões é desenvolvido em estreita parceria com os municípios, que recebem orientação
técnica para a implantação e operação dos aterros sanitários e das usinas de triagem e
compostagem e para adoção de medidas para a remediação de áreas impactadas por lixões.
A meta do governo do Estado é que 60% do lixo urbano seja encaminhado, até 2011, para
sistemas tecnicamente adequados. Para isso, a equipe que compõe o programa segue um
cronograma de ações em todo o Estado. As ações incluem vistorias em todos os 853
municípios, monitoramento dos empreendimentos licenciados, realização de cursos e
seminários para os gestores locais.
Nos quatro primeiros anos do programa, entre 2003 e 2007, houve um acréscimo da
população mineira de 19% para 40% atendida com destinação adequada de lixo, o que
equivale a mais de seis milhões de habitantes.
Cerca de 70% dos resíduos são gerados por 81 municípios do Estado que, de acordo com o
censo de 2000, têm população urbana superior a 30 mil habitantes. Uma das metas do
programa é que todos esses municípios implantem aterros sanitários, de acordo com as
normas ambientais.
A maioria já se encontra em processo de licenciamento para implantação de seus sistemas
adequados de disposição ou tratamento dos resíduos sólidos urbanos gerados no território
municipal.
Para mobilizar e sensibilizar os gestores municipais na erradicação dos lixões, implantação da
coleta seletiva e iniciativas de educação ambiental com foco na redução, reutilização e
58
reciclagem dos resíduos com inclusão social e geração de trabalho e renda, o programa Minas
sem lixões desenvolve as seguintes ações:
Visitas técnicas para verificar a situação dos locais de disposição final dos resíduos sólidos
urbanos;
Capacitação de agentes públicos;
Promoção de encontros técnicos;
Produção de material técnico didático;
Fomento à criação de redes e arranjos de gestão compartilhada de resíduos sólidos urbanos.
2.9.1. Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos
Para começar a pensar em um serviço de limpeza urbana, conforme o Quadro 1 é preciso
identificar as características dos resíduos sólidos urbanos gerados, pois a “cara” do lixo varia
conforme a cidade, em função de diversos fatores, como por exemplo, a atividade dominante
(industrial, comercial, turística, etc.), os hábitos e costumes da população (principalmente
quanto à alimentação) e o clima.
Quadro 1: Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos
Resíduos
Compostáveis
Casca e bagaço de frutas, ervas daninhas, grama roçada, cinzas de
árvores, pó de serra, restos de alimentos, hortaliças, legumes e ovos.
Resíduos
Recicláveis
(recuperáveis)
Papel: caixa papelão, jornal, revistas, impressos em geral, fotocópias,
rascunhos, envelopes, papel timbrado, embalagens de longa vida, cartões,
papel de fax.
Vidro: garrafas de bebidas, vidros de conservas, frascos de remédios,
casco de embalagens, lâmpadas incandescentes.
Plásticos: embalagem de produtos de limpeza, garrafas plásticas, tubo e
canos de pvc, potes de cremes e shampoos, baldes e bacias, restos de
brinquedos, sacos, sacolas e sacos de leite.
Metais: latinhas de cerveja e refrigerante, enlatados, objetos de cobre,
alumínio, lata, chumbo, bronze, ferro e zinco.
59
Resíduos não
Recicláveis
Papel sanitário, lenço de papel, fraldas descartáveis, absorventes
higiênicos, copos descartáveis, papel carbono, fotografias, etiquetas e fitas
adesivas, papéis plastificados, parafinados e metalizados. Cerâmicas,
pratos, vidros pirex e similares; trapos e roupas sujas, couro e sapatos,
isopor e acrílico, lâmpadas fluorescentes, espelhos, vidros planos, cristais
e pilhas.
Fonte: Vilhena,1999 (adaptada pelo autor).
A caracterização dos resíduos sólidos pode ser física, química e biológica, conforme
apresentado no Quadro 2. Vale ressaltar, que os aspectos sociais, econômicos, culturais,
geográficos e climáticos podem influenciar nesta caracterização.
Quadro 2: Caracterização dos Resíduos Sólidos
Geração per capita Relaciona a quantidade de resíduos urbanos gerada diariamente por
número de habitantes de determinada região.
Composição gravimétrica (*)Traduz o percentual de cada componentes em relação ao peso total da
amostra de lixo analisada.
Peso específico aparenteÉ o peso do lixo solto em função do volume ocupado livremente, sem
qualquer compactação, expresso em kg/m3
Teor de umidadeRepresenta a quantidade de água presente no lixo, medida em
percentual do seu peso.
Compressividade
É o grau de compactação ou a redução do volume que uma massa de
lixo pode sofrer quando compactada. Submetido a uma pressão de
4kg/cm2, o volume do lixo pode ser reduzido de um terço (1/3) a um
quarto (1/4) do seu volume original.
Poder calorífero
Esta característica química indica a capacidade potencial de um
material desprender determinada quantidade de calor quando
submetido à queima. O poder calorífico médio do lixo domiciliar se
situa na faixa de 5.000kcal/kg.
Composição química
Consiste na determinação dos teores de cinzas, matéria orgânica,
carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, resíduos mineral total,
resíduos mineral solúvel e gorduras.
Relação carbono/nitrogênio (C/N)
Indica o grau de decomposição da matéria orgânica do lixo nos
processos de tratamento/disposição final. Em geral, essa relação
encontra-se na ordem de 35/1 a 20/1.
BIOLÓGICA
FÍSICA
QUÍMICA
São aquelas determinadas pela população microbiana e dos agentes patogênicos presentes no lixo que, ao
lado das suas características químicas, permitem que sejam selecionados os métodos de tratamento e
disposição final mais adequados.
(*) Segundo Pessin et al. 2002, os resíduos podem ser analisados quanto a sua composição gravimétrica considerando os seguintes
componentes: matéria orgânica, Plástico, Papel e Papelão, Vidro, Metais, Trapos e Madeira, Contaminante Químico, Contaminante
Biológico, Folhas e Terra, e outros.
Fonte: Guia do Profissional em Treinamento – ReCESA, 2008 (Adaptada pelo autor).
60
2.10. Logística Reversa
2.10.1. Histórico da Logística Reversa
Segundo Stock (1998), a logística reversa refere-se ao papel da logística no retorno de
produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição ou reuso de materiais, disposição de
resíduos, reforma, reparação e manufatura.
Em meados dos anos 80, nos países desenvolvidos, as tendências de embalagem passaram a
sofrer influência dos questionamentos sobre a relação com o meio ambiente, especialmente
sobre o destino final dos materiais de embalagem após o consumo do produto acondicionado.
Embalagens recicláveis ou biodegradáveis passaram a ter imagem positiva aos olhos do
consumidor e dos órgãos legislativos.
Na decada de 90, segundo Chaves e Martins (2005), surgiram novas abordagens sobre o
assunto, onde o mesmo teve um aumento significativo em sua importância, tendo o apoio da
legislação e dos órgãos fiscalizadores. No ponto de vista empresarial destacaram-se as
preocupações quanto às perdas que estas mudanças poderiam causar as organizações.
Segundo Leite (2003) salienta que o desenvolvimento e competitividade do mercado
globalizado fizeram surgir uma maior quantidade e variedade de produtos com preços
reduzidos, obsolescência acelerada e, desta forma, com ciclo de vida menor. Isso aliado a
fatores como modismo, status e o avanço tecnológico, fez crescer consideravelmente o
número de produtos descartados, aumentando as áreas destinadas a lixões e aterros sanitários
e um conseqüente questionamentos da população sobre os problemas deles decorrentes.
Em resposta aos questionamentos da população, quanto o destino de todo esse “lixo” e ainda
assim atendendo todas suas necessidades de consumo e reparo de itens problemáticos, assim
como as preocupações das organizações a respeito de quanto se gastaria para solucionar o
problema, e ainda cuidando do meio ambiente em conformidade com as exigências
legislativas, surgiu a logística reversa como conhecemos hoje, que como o próprio nome diz,
tem como objetivo fazer o caminho inverso na Cadeia de Suprimentos, ou seja, fazer retornar
à origem os produtos sem utilidade para o mercado, as embalagens e todo o tipo de material
61
não orgânico produzido pela empresa, possibilitando ainda sua reutilização, reciclagem ou
descarte apropriado, reduzindo ao máximo a agressão ao meio ambiente.
O problema do resíduo sólido urbano é importante, porém não é o único. Quando a
preocupação é o meio ambiente, os princípios do desenvolvimento sustentável devem
prevalecer e aspectos como consumo de energia, consumo de recursos naturais, poluição de
ar, água e solo devem ser analisados em conjunto, para se concluir sobre o real impacto do
produto ou de sua embalagem sobre o meio ambiente.
2.10.2. Avanços da Logística Reversa no Brasil
Um fator que exerceu uma grande influência na implantação do conceito da logística reversa,
e também na conscientização ambiental no Brasil, é o grau de organização da sociedade civil.
Neste país, reinou durante parte do século XX a ditadura militar que restringiu as liberdades
individuais. Grandes projetos, implementados por governos ou grandes companhias nacionais
ou multinacionais, não tiveram seus impactos ambientais avaliados em função do contexto da
ocasião. A questão ambiental começou a ser discutida com mais profundidade somente a
partir de meados da década de 1980. Neste período há um aumento dos problemas ambientais
gerados pela concentração populacional nas grandes metrópoles, como a questão do acesso à
água, o tratamento do esgoto e a coleta do lixo.
Hoje a Constituição Federal Brasileira trata de forma abrangente assuntos ambientais,
reservando à união, aos estados, ao distrito federal e aos municípios, a tarefa de proteger o
meio ambiente e de controlar a poluição. Apesar de esta legislação ser considerada uma das
mais vigorosas e atualizadas do mundo, ela ainda não contempla um dispositivo apropriado de
controle dos descartes. Em alguns casos, por resoluções do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (2005), a destinação final de certos resíduos já está determinada.
De acordo com o texto do Decreto, no Brasil, a logística reversa foi institucionalizada pela Lei
nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(BRASIL, 2010). A lei define a logística reversa como ― instrumento de desenvolvimento
econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios
destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para
62
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final
ambientalmente adequada (BRASIL, 2010, p.1).
A regulamentação definiu como se dará a responsabilidade compartilhada no tratamento de
seis tipos de resíduos e determinou a criação de um comitê orientador para tratar destes casos
específicos. São eles: pneus; pilhas e baterias; embalagens de agrotóxicos e óleos lubrificantes
além das lâmpadas fluorescentes e dos eletroeletrônicos. O comitê orientador vai também
definir cronograma de logística reversa para um outro conjunto de resíduos que inclui as
embalagens e produtos que provoquem impacto ambiental e na saúde pública.
Os instrumentos para operar os sistemas de logística reversa são: acordos setoriais;
regulamentos expedidos pelo Poder Público; ou termos de compromisso.
Atualmente, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelece, por meio de
Resolução, os procedimentos para o descarte ambientalmente correto de quatro grupos de
resíduos. São eles: pneus(Resolução 416/2009); pilhas e baterias (Resolução 401/2008); óleos
lubrificantes (Resolução 362/2005); e embalagens de agrotóxicos (Lei nº 7.802/1989). Os
acordos setoriais ou os termos de compromisso servirão para revalidar ou refazer os que está
definido nas resoluções e leis em vigor.
Embalagens - A novidade que a regulamentação traz é a obrigatoriedade da logística reversa
para embalagens. O secretário explica que é possível aplicar o procedimento para todo o tipo
de embalagem que entulham os lixões atualmente, inclusive embalagens de bebidas. Ele
relata, inclusive, que o Ministério do Meio Ambiente já foi formalmente procurado pelo
Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes
(Sindicom) para informar que estão aptos a fazer a coleta de óleos lubrificantes. O MMA foi
também procurado pela Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro
(Abividro) que demonstrou interesse em implantar a logística reversa em embalagens de
vidro.
Existem duas formas de se fazer a logística reversa para embalagens. Uma, de iniciativa do
setor empresarial, que pode instituir o procedimento para uma determinada cadeia. A outra, de
iniciativa do Poder Público. Neste caso, o primeiro passo é a publicação de edital, onde o
63
comitê orientador dá início ao processo de acordo setorial. No edital estarão fixados o prazo,
as metas e a metodologia para elaboração de estudos de impacto econômico e social.
Os acordos setoriais são atos de natureza contratual firmados entre o Poder Público e os
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes visando à implantação da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.
Depois de definidas as bases do acordo setorial, os setores envolvidos no processo de logística
reversa definem como pretendem fazê-lo. A proposta é levada ao Governo Federal para
análise. Estando em acordo ao que estabelece o edital, a proposta é acolhida e homologada via
Comitê Orientador. A partir de então, o processo de logística reversa começa a ser
implementado. O Governo Federal pode transformar o acordo em regra nacional por meio de
regulamento.
O processo vale para os eletroeletrônicos. A partir do momento em que o Comitê Orientador
definir o processo de logística reversa, ficará determinado onde o cidadão deve devolver seu
resíduo. Silvano Silvério informa que o comitê orientador estabelecerá, por edital, o início dos
acordos setoriais.
Catadores - A regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) dá atenção
especial aos catadores de materiais recicláveis. Está definido, por exemplo, que o sistema de
coleta seletiva de resíduos sólidos e a logística reversa priorizarão a participação de
cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis
constituídas por pessoas físicas de baixa renda.
Determina também que os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos definam
programas e ações para a participação dos grupos interessados, em especial das cooperativas
ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis também
constituídas por pessoas físicas de baixa renda.
Diretrizes - A Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em agosto de 2010, contém as
diretrizes para a gestão, o gerenciamento e o manejo dos resíduos sólidos. Ela também
incentiva os fabricantes a adotar procedimentos adequados à produção de produtos não
agressivos ao ambiente e à saúde humana e à destinação final correta dos rejeitos da
produção.
64
2.10.3. Desenvolvimento da Cadeia Logística Reversa
Nas últimas décadas, a atenção dada à logística reversa cresceu bastante pelos mais variados
motivos. Inicialmente a atenção a ela provinha de preocupações com meio ambiente e
reciclagem, e com o passar do tempo, razões econômicas expressas pela competição e pelo
marketing tornaram-se grandes responsáveis pelo desenvolvimento da logística reversa. O
aumento de retornos pode ser facilmente notado em indústrias, processos de recall, termos de
garantia, serviços de retorno, descarte adequado ao final da vida útil, e assim por diante.
Segundo Stock (2001), o desenvolvimento de atividades relacionadas à Cadeia Logística
Reversa, vem se apresentado como uma forma das empresas se destacarem frente as
concorrentes. Rogers e Tibben-Lembke (1998) afirmam que as empresas que estão utilizando
a Logística Reversa, a implantam por motivos como: diferencial competitivo,
responsabilidade social e empresarial, recuperação de valor econômico, entre outros.
De acordo com Campos (2006), a Logística Reversa se preocupa com as razões para que
ocorra o retorno dos produtos. As razões mais freqüentes de retorno pós-venda são:
inconformidade, defeito, não atendimento das expectativas dos clientes. E as razões pós-
consumo são: obsolescência, final de vida útil e destinação final adequada.
Diante do exposto, a cada dia aumenta mais a preocupação da sociedade e orgão ambiental
para a realização de ações efetivas que possam promover uma redução da degradação
ambiental, uma maior conservação do meio ambiente, até mesmo por meio de uma legislação
mais severa quanto à responsabilidade ambiental das empresas. Mediante desse quadro, e pela
responsabilidade social que uma empresa assume na sociedade, ela deve implementar ações
que possam reduzir os impactos de suas atividades na natureza e/ou sociedade, objetivando
ser ecologicamente correta e melhorar sua imagem no mercado como uma empresa que se
preocupa com as questões sócio-ambientais e com o desenvolvimento sustentável.
Neste sentido, as ações realizadas por empresas para assumir uma posição socialmente
responsável e ecologicamente correta, e hoje, uma das que pode trazer não só benefícios
intangíveis, como um reconhecimento da sociedade, mas também trazer retornos financeiros e
operacionais é a Cadeia Logística Reversa. Contudo, esta ainda não é muito explorada pelas
organizações.
65
Os atrasos no desenvolvmento da Logística Reversa, muita das vezes por falta de informação
ou por falta de conhecimento técnico sobre o assunto, até pelo pouco acervo bibliográfico a
respeito do tema no Brasil, algumas empresas não identificam a Cadeia Logística Reversa
como uma ação socialmente responsável e que pode reduzir custos e melhorar a qualidade dos
serviços associados, com o acréscimo de uma melhor percepção da sociedade e dos seus
mercados.
Para que possa contribuir nessa operação, faz-se necessário conceituá-la: Logística Reversa,
como o termo já declara, corresponde ao caminho inverso da logística, ou seja, inicia-se no
ponto de consumo dos produtos sendo finalizada no ponto inicial da cadeia de suprimentos,
tendo como principal objetivo o reaproveitamento e reciclagem de produtos e materiais, com
a reutilização destes na cadeia de valor. Assim, a Logística Reversa se responsabiliza pelo
retorno dos bens de pós-venda e pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo,
agregando-lhes valor.
Os bens de pós-consumo são aqueles que já foram utilizados e que chegaram ao fim de sua
vida útil, mas que ainda podem ser aproveitados para outros fins específicos. Para esses bens
de pós-consumo existem três canais de distribuição reversa (CDR): o reuso, a reciclagem e o
desmanche. O primeiro corresponde à reutilização do bem que fora descartado pelo
consumidor, mas que sua vida útil ainda não chegou completamente ao fim; a reciclagem
corresponde à transformação industrial do bem em matéria-prima para produção de outros
bens; e o desmanche corresponde à desmontagem do bem para que seus componentes possam
ser utilizados para composição de outros.
Nas Figuras 11 e 12 são apresentadas o fluxograma que descreve o caminho da logística
reversa de pós-consumo e pós-venda.
66
Figura 11: Fluxograma da Logística Reversa de Pós-consumo
Fonte: Leite, 2003.
Em contra partida, produtos de pós-venda são aqueles que não chegaram a ser utilizados ou
cuja vida útil foi muito pouco desgastada e que serão integrados novamente ao mercado.
Vários podem ser os motivos para o retorno de produtos de pós-venda à cadeia produtiva,
dentre eles podemos citar: excesso de estoque, erros na elaboração de pedidos, validade
vencida, defeitos de fabricação, entre outros. Para esses bens vários podem ser os CDRs: os
mesmos dos bens de pós-consumo, mercados secundários, serviços agregados, entre outros.
Figura 12: Fluxograma da Logística Reversa de Pós-venda
Fonte: Leite, 2003.
67
Para o bom andamento do sistema logístico reverso, é necessário que haja um conhecimento e
comprometimento de todos os componentes da cadeia, isso porque esse processo só pode
existir diante de uma conscientização de todos os envolvidos, desde o produtor até o
consumidor final, passando pelos varejistas/atacadistas. Nesse processo, novas necessidades
de operações logísticas surgem para o atendimento aos CDRs, o que aquece todo o sistema
logístico e de distribuição e favorece a redução dos custos globais, passando a ser ainda um
diferencial competitivo numa economia globalizada. Além disso, favorece a redução de
utilização de insumos da natureza através de fontes de energia alternativas (biodíesel,
biomassa, energia eólica, etc.) e uma postura ecologicamente correta quanto aos materiais que
seriam descartados.
Para que isso aconteça, todos os envolvidos na cadeia de suprimentos têm sua parcela de
responsabilidade para um resultado eficaz da Logística Reversa, em que materiais e
equipamentos, antes simplesmente descartados nos lixões sem quaisquer cuidados com
possíveis impactos ambientais possam ter uma nova finalidade dentro de um processo
produtivo, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da sociedade. A Figura 13
apresenta alternativa de cadeia logística reversa para reciclagem de lixo eletrônico no Brasil.
Figura 13: Alternativa de cadeia logística reversa para reciclagem de lixo eletrônico no Brasil
Fonte: Leite, 2003.
68
2.10.4. Logística Reversa de Resíduos Sólidos Urbanos
A implantação deve obedecer a determinações de acordos setoriais baseados em diagnósticos
de diferentes realidades e estar atrelada a compromissos com planos e metas. A PNRS
estabeleceu obrigatoriedade imediata da adoção de medidas de logística reversa aos geradores
de resíduos passíveis de causar prejuízo à saúde se descartados irregularmente.
A responsabilidade sobre serviços de manejo de resíduos sólidos domiciliares e de limpeza
urbana é da administração municipal e deve constar do Plano de Gestão. A responsabilidade
sobre resíduos provenientes das atividades industriais, comerciais e de serviços privados, de
acordo com a PNRS, passou a ser do próprio gerador.
Art. 25. O poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela
efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política Nacional de Resíduos
Sólidos e das diretrizes e demais determinações estabelecidas nesta Lei e em seu regulamento.
Por força desse princípio, as empresas envolvidas na produção, importação, distribuição e
comercialização de determinados produtos estão obrigadas também a estruturar e implementar
sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos e embalagens após o uso, de
forma independente do serviço público de limpeza urbana.
Conforme o artigo 33 da lei, um dos instrumentos das políticas nacional e estadual de resíduos
sólidos (Lei Federal 12.305/10 e Lei Estadual 18.031/09) é a logística reversa, que é o
conjunto de ações e procedimentos de coleta e restituição dos resíduos sólidos aos geradores,
para que possam ser tratados ou reaproveitados.
Os objetivos da logística reversa são:
Promover ações para garantir que o fluxo dos resíduos sólidos gerados seja direcionado
para a cadeia produtiva do gerador ou para cadeias produtivas de outros geradores;
Incentivar a substituição dos insumos por outros que não degradam o meio ambiente;
Estimular a produção e o consumo de produtos derivados de materiais reciclados e
recicláveis;
69
Promover o alinhamento entre os processos de gestão empresarial e mercadológica e os de
gestão ambiental, com o objetivo de estabelecer estratégias sustentáveis;
Propiciar condições para que as atividades produtivas alcancem níveis elevados de
eficiência e sustentabilidade.
De forma independente ao serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos
sólidos, a logística reversa é obrigatória para os seguintes fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes de:
Agrotóxicos e suas embalagens;
Eletroeletrônicos e seus componentes;
Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
Pneus;
Pilhas e baterias.
Responsabilidade do Consumidor:
Dispor adequadamente, após a utilização dos produtos, os resíduos sólidos reversos para
coleta;
Responsabilidades do Titular dos Serviços Públicos de Limpeza Urbana e Manejo de
Resíduos Sólidos;
Articular com os geradores de resíduos sólidos a implementação da estrutura necessária
para garantir o fluxo de retorno dos resíduos sólidos reversos oriundos dos serviços de
limpeza urbana;
Manter postos de coleta para os resíduos sólidos reversos e dar destinação final
ambientalmente adequada aos rejeitos.
Responsabilidades do Fabricante e do Importador de Produtos:
Recuperar os resíduos sólidos na forma de novas matérias- primas ou novos produtos, em
seu ciclo ou em outros ciclos produtivos;
70
Desenvolver e implementar tecnologias que absorvam os resíduos sólidos reversos ou
eliminem-nos de sua produção;
Manter postos de coleta de resíduos sólidos reversos disponíveis aos revendedores,
comerciantes e distribuidores e dar destinação final ambientalmente adequada aos rejeitos;
Garantir, em articulação com a rede de comercialização, o fluxo de retorno dos resíduos
sólidos reversos;
Divulgar informações sobre a localização dos postos de coleta dos resíduos sólidos
reversos e mensagens educativas de combate ao descarte inadequado, por meio de
campanhas publicitárias e programas.
Responsabilidades dos Revendedores, Comerciantes e Distribuidores de Produtos:
Receber, acondicionar e armazenar temporariamente, de forma ambientalmente segura, os
resíduos sólidos reversos oriundos dos produtos revendidos, comercializados ou
distribuídos;
Manter postos de coleta para os resíduos sólidos reversos disponíveis aos consumidores;
Informar o consumidor sobre a coleta dos resíduos sólidos reversos e seu funcionamento.
Além dos dos itens acima, também mereceram atenção produtos comercializados em
embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, considerando, prioritaria mente, o grau e a
extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados – caso dos
remédios usados, por exemplo.
Embora essa obrigatoriedade ainda gerar dúvida e merecer atenção especial nos grupos de
trabalho sobre acordos setoriais – termos de compromisso firmados entre o poder público e
fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto –, muitos fabricantes vêm
atendendo às resoluções do Conama para a destinação de:
Pilhas e baterias (Resolução 257/99);
Óleos lubrificantes (Resolução 362/05);
Embalagens de agrotóxicos (Resolução 334/03 e Lei nº. 9.974/00);
Pneus (Resolução 416/09).
71
Principais dificuldades para viabilizar a implantação da logística reversa
Os problemas de implementação da logística reversa apontados foram semelhantes aos
indicados nas questões relativas aos acordos setoriais. No entanto, alguns aspectos distintos
sobre dificuldades da logística reversa merecem ser destacados como:
Definição da abrangência geográfica em que será operacionalizada;
Falta de participação do consumidor ou cliente;
Encontrar destinatários para os resíduos e rejeitos que atendam aos requisitos mínimos de
saúde, segurança, meio ambiente e social;
Custo de implementação;
Falta de participação das prefeituras;
Ausência de modelo econômico que sirva de referência;
Baixo índice de profissionalização das atividades das cooperativas de catadores e de coleta
seletiva.
A maior parte desses itens foi citada por empresas que possuem departamento de
sustentabilidade e responsabilidade social e têm operações fora do país.
Benefícios identificados pela empresa com a implantação da logística reversa
Entre os aspectos positivos foram relacionados itens que ajudam a preservar o meio ambiente
– como destinação final ambientalmente correta, responsabilidade ambiental e redução do
passivo ambiental. Foram também citados impactos econômicos relevantes pela diminuição
de custos, como redução na geração de resíduos, menor consumo de matéria-prima virgem e
menor consumo de energia. Também foi mencionado como benéfico o incentivo à expansão
da indústria da reciclagem.
Algumas empresas acreditam que o processo trará benefícios à sua imagem corporativa. Parte
dos respondentes também acredita que a obrigatoriedade da implantação da logística reversa
vai levar a uma maior conscientização do consumidor, impulsionando a mudança de hábitos
de consumo. Ressalte-se que as empresas dos setores de comércio e serviços indicaram mais
72
aspectos positivos do que as que operam em atividades industriais (Ministério do Meio
Ambiente).
2.11. Breve Histórico da Cidade de Ipatinga
De acordo com “Conhecendo o Município de Ipatinga” (2006), o município de Ipatinga, bem
como seu nome, surgiu de uma pequena estação intermediária da estrada de ferro que ligava
Itabira a Vitória. A versão tradicional relata que o nome Ipatinga nasceu de um arranjo
formado pelo engenheiro Pedro Nolasco, a partir da aglutinação de palavras, aproveitando os
radicais IPA (de Ipanema) e TINGA (de Caratinga). Existe, ainda, esclarecimentos que
segundo estudos lingüísticos, o termo em tupi significa “pouso de água
limpa,"(I+PA+TINGA).
O surgimento da povoação que deu origem à cidade de Ipatinga é recente. Com a construção
da Estrada de Ferro Vitória a Minas, a região teve seu ápice de crescimento. As sucessivas
tentativas fracassadas para a extração mineral na região do Vale do Rio Doce são fatos que
podem contribuir para explicar sua ocupação tardia.
Sabe-se que, em tempos bastante anteriores aos primeiros povoados se fixarem no local onde
hoje se situa a cidade de Ipatinga, a extensão do Rio Doce foi densamente povoada, desde o
período pré-colonial, por vários grupos étnicos, incluindo os genericamente denominados
Botocudos.
As primeiras tentativas de expansão portuguesa no Vale do Rio Doce foram cheias de
derrotas, o que dificultou em muito o povoamento da região. As expedições que inicialmente
penetraram o Vale do Rio Doce datam do período entre 1553 e 1573, com a expedição de
Sebastião Tourinho, visando descobrir jazidas de esmeraldas e ouro.
A navegação do Rio Doce apresentava, em inúmeros pontos, obstáculos naturais por vezes
intransponíveis, como corredeiras e cachoeiras, dificultando ainda mais o acesso à região.
Doenças tropicais como a malária e outras febres, também se antepunham no caminho dos
exploradores destas matas.
73
Ipatinga é um município brasileiro no interior do estado de Minas Gerais. Pertencente à
mesorregião do Vale do Rio Doce e à microrregião de mesmo nome, localiza-se a nordeste da
capital do estado, distando desta cerca de 209 quilômetros. Sua população foi contada em
2008 pelo IBGE em 241.720 habitantes, sendo assim o décimo mais populoso do estado de
Minas Gerais e o primeiro de sua microrregião. Está a 947 quilômetros de Brasília, a capital
federal. Conforme ilustra na Figura 14 a cidade de Ipatinga localiza-se exatamente no local
em que as águas do rio Piracicaba se encontram com o rio Doce. Sua área é de 165,509 km²,
sendo que 22,9245 km² estão em perímetro urbano.
Figura 14. Foto Aérea da Cidade de Ipatinga
Fonte: Conhecendo o Municipio de Ipatinga, 2006.
O desenvolvimento da região deve-se às grandes empresas locais, como a ArcelorMittal
Timóteo e principalmente a Usiminas, localizada no próprio município. Até 1964 estas duas
ficavam em território da cidade vizinha, Coronel Fabriciano, mas com a emancipação política
de Timóteo e Ipatinga, o município deixou de sediá-las. Atualmente município é formado pela
Sede e pelo distrito de Barra Alegre. A cidade faz parte da Região Metropolitana do Vale do
Aço, que ultrapassa os 449.340 habitantes. Além das quatro principais cidades (Coronel
Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo), há outras 22 no colar metropolitano.
O município de Ipatinga limita-se ao norte com o município de Santana do Paraíso, ao sul
com o Município de Timóteo, a oeste com o Município de Coronel Fabriciano e a leste com o
Município de Santana do Paraíso e uma pequena porção do Município de Caratinga.
Nas Figuras. 15 e 16 são apresentadas o Mapa Político da Região Metropolitana do Vale do
Aço e a Divisão Política do Município de Ipatinga.
74
Figura 15. Mapa político da região metropolitana do Vale do Aço.
Fonte: Conhecendo o Municipio de Ipatinga, 2006.
Figura 16: Divisão Política do Município de Ipatinga.
Fonte: Conhecendo o Município de Ipatinga, 2006.
75
Região Metropolitana: Região estabelecida por legislação estadual e constituída por
agrupamentos de municípios limítrofes, com o objetivo de integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
A Região Metropolitana do Vale do Aço foi criada por lei estadual em 30/12/1998,
abrangendo os municípios de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso. No
entorno da Região Metropolitana estão 22 cidades que integram o Colar Metropolitano (ver
mapa).
A forma de organização da Região Metropolitana é moderna e democrática, respeitando a
autonomia de todos os municípios participantes. A Tabela 17 mostra os dados dos municípios
da Região Metropolitana do Vale do Aço.
Tabela 17: Dados dos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço.
Município Área (km²) População (2008) PIB (2005)
Ipatinga 166 241.720 4.422.997.000
Timóteo 145 79.100 1.842.089.000
Coronel Fabriciano 221 104.415 451.426.000
Santana do Paraíso 276 24.105 108.346.000
Total 808 449.340 6.824.858.000 Fonte: Conhecendo o Município de Ipatinga, 2006.
As Figuras 17 e 18 mostram a evolução demográfica e região e colar metropolitano do Vale
do Aço.
Figura 17: Evolução Demográfica do Município de Ipatinga.
Fonte: Conhecendo o Município de Ipatinga, 2006.
76
Figura 18: Região e Colar Metropolitano do Vale do Aço
Fonte: Conhecendo o Município de Ipatinga, 2006.
77
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Caracterização de Resíduos Sólidos
A caracterização, identificação e quantificação de resíduos é de grande importância no
instrumento de gerenciamento de resíduos sólidos, devendo ser, em cada caso, adaptada e
ajustada aos objetivos gerais e/ou específicos a que pretende dar reposta (LIPOR, 2000). Pois
constitue uma fonte para indicar a possibilidade de aproveitamento dos resíduos para a
reciclagem, sendo a escolha dos componentes da composição gravimétrica realizada em
função do estudo que se pretende realizar (IBAM, 2001).
Neste sentido, o estudo foi focado na caracterização e quantificação dos resíduos sólidos
domésticos da Cidade de Ipatinga-MG, avaliando seu potencial de aproveitamento, propondo
uma alternativa de triagem do município com vistas na melhoria do sistema de disposição
final do lixo e nas condições de trabalho e na qualidade de vida dos catadores, oferecendo ao
município de Ipatinga subsídios para melhoria do sistema de serviços de limpeza urbana e na
implantação do plano de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (PIGRSU) no município,
que pode possui uma melhor gestão dos resíduos gerados pela população com pontos de
coleta seletiva do lixo urbano, e alertando as autoridades públicas para os problemas e
conseqüências atuais e futuras acarretados pela má administração do lixo urbano no
município.
3.2. Destino dos Resíduos Sólidos Urbanos
Para o desenvolvimento do trabalho foi realizado uma série de estudos preliminares, com o
levantamento de informações sobre o município, sua população e sistema de limpeza urbana.
Procedeu-se também à caracterização do resíduo municipal e da área do antigo lixão,
envolvendo estudos topográficos, geotécnicos e hidrológicos. A partir daí, foram definidos
critérios para seleção e escolha da área para a disposição final dos resíduos urbanos do
município de Ipatinga.
78
3.3. Caracterização do município de Ipatinga
Para o desenvolvimento de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, com objetivo
de realização do trabalho dessa dissertação, foram realizados estudos bibliográficos sobre o
lixo e seu gerenciamento englobando a geração, coleta, transporte, tratamento (reciclagem,
compostagem, autoclavagem, etc) e destinação final, bem como sobre os demais conceitos
(reutilização e redução de consumo), que venham a agregar valor a estes rejeitos
anteriormente descartados, gerando gastos para a empresa, propõe-se uma sequência de etapas
que compõem esta metodologia. Para as definições conceituais, foram utilizadas as
resoluções do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), normatização proposta
pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e a Lei 12.305/2010 sobre PNRS
(Política Nacional dos Resíduos Sólidos) aprovada em 10/03/2010.
Como já explicitado anteriormente, esta metodologia não tem a intenção de ser uma “receita”,
mas também é de suma importância à pesquisa bibliográfica sobre a discussão
homem/natureza e homem/sociedade e a sociedade de consumo, já que o objetivo maior é a
construção de alternativas que incorporem na prática do gerenciamento de resíduos gerados
nas cidades, e os conceitos das ciências sociais.
O presente trabalho parte do pressuposto de uma pesquisa conjunta entre a pesquisa histórica
e exploratória. O estudo histórico possibilita a reconstituição do desenvolvimento de um fato
ou de um organismo social. O estudo exploratório pretende descrever e analisar, através de
um amplo esforço de investigação de campo, os fenômenos sociais aqui abordados.
Para atingir os objetivos propostos a presente pesquisa foi realizada em três etapas distintas,
sendo elas:
1ª Etapa:
Visitas a repartições públicas municipais da cidade de Ipatinga, MG, em estudo, tais como:
Secretaria Municipal de Serviços Urbano e Meio Ambiente (SESUMA), que objetivou na
identificação de referências que possam nos auxiliar no curso da pesquisa, dentre as quais
podemos destacar: estudos relacionados à geração, coleta (convencional e seletiva),
caracterização, tratamento e disposição final de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU).
79
Departamento de Limpeza Urbana (DELURB), que teve como meta fazer um
levantamento da quantidade de resíduos coletados diariamente na cidade; como esta coleta
é realizada; quais os equipamentos que o departamento dispõe, bem como, se existe
parceria com empresas terceirizadas para a realização do serviço de coleta e destinação
dos resíduos sólidos urbanos.
Localização de Limpeza da Área Urbana de Ipatinga:
A cidade é composta apenas por 2 distritos, são eles a Sede e Barra Alegre, além dos 33
bairros oficiais e 10 não-oficiais. O bairro mais populoso é o Bethânia, com 28.572
habitantes. O maior em extensão territorial é o Ipaneminha, com 50,4 km².
A área Urbana de Ipatinga é composta oficialmente por 32 Bairros, embora, existam na
realidade 62 localidades reconhecidas pelos moradores.
Para facilitar a administração, a cidade foi dividida em 9 regionais.
Regional I - Das águas, Castelo, Cariru e Vila Ipanema.
Regional II - Bela Vista, Bom retiro, Imbaúbas, Usina e Santa Mônica.
Regional III - Ideal, Ferroviários Iguaçu, Cidade Nobre e Vila da Paz.
Regional IV - Oficiais - Centro, Veneza I, Veneza II, Jardim Panorama, Caravelas, Novo
Cruzeiro, Não oficiais - Morro do Sossego, parque das águas, Planalto II e Caçula.
Regional V - Oficiais – Canaã, Vila Celeste e Chácaras Oliveira. Não oficiais – Canaãzinho,
Vale do Sol, Vista Alegre e Furquilha.
Regional VI - Granjas Vagalume e Bethânia. São também chamados de Bethânia as
localidades não oficiais: Morro do Cruzeiro, Morro do São Francisco, Alto da Boa Vista,
Tiradentes, Taúbas , Vila Militar e Mutirão Nossa Senhora da Esperança.
Regional VII - Oficiais - Bom jardim e Esperança. Não oficiais – Nova Esperança, Serra
Dourada, Mutirão Primeiro de Maio. Novo jardim e Nova Conquista.
Regional VIII - Barra Alegre(distrito), Limoeiro, Chácara Madalena e Córrego Novo Não
oficiais – Vila Formosa e Recanto.
80
Regional IX - Pedra Branca, Tribuna e Ipaneminha. Não Oficiais – Córrego dos Lúcios,
Morro Escuro e Ipanemão.
O Plano Urbanístico de Ipatinga foi desenvolvido pelo arquiteto Rafael Hardy Filho e
apresentado em 1958. Coube a ele desenvolver um projeto para atender a vida social dos
funcionários da Usina assim como às exigências feitas pela própria empresa. Nesse momento,
o arquiteto mineiro renuncia à oportunidade de trabalhar na construção de Brasília que
acontecia no mesmo período e convida o arquiteto Marcelo Bhering para desenvolverem, em
conjunto, esse projeto. (Mendonça, 2006). A Figura 19 mostra mapa da área urbana do
município de Ipatinga.
Figura 19: Mapa da área urbana
Fonte: Conhecendo o Município de Ipatinga, 2006.
BAIRROS PROJETADOS
PELA USIMINAS
OS MAIS RECENTES SÃO
O BAIRRO IMBAÚBAS E O
BAIRRO IDEAL.
81
Na Tabela 18, mostra a área (Km2) por bairro no município de Ipatinga.
Tabela 18: Área por Bairro no município de Ipatinga
ITEM BAIRRO ÁREA (Km
2)
1 Barra Alegre 2,9
2 Bela Vista 1,1
3 Bethânia 3,6
4 Bom Jardim 6,1
5 Bom Retiro 1,1
6 Canaã 3,3
7 Caravelas 1,6
8 Cariru 1,2
9 Castelo 1,4
10 Centro 0,2
11 Chácaras Madalena 2,5
12 Chácaras Oliveira 2,8
13 Cidade Nobre 2,4
14 Córrego Novo 1,3
15 Águas 0,5
16 Esperança 1,9
17 Ferroviário 1,7
18 Granja Vagalume 0,8
19 Horto 2,3
20 Ideal 1,7
21 Iguaçu 2,3
22 Imbaúbas 1,2
23 Industrial 1,6
24 Ipaneminha 50,4
25 Jardim Panorama 1,7
26 Limoeiro 2,9
27 Novo Cruzeiro 0,2
28 Parque Ipanema 1,1
29 Pedra Branca 13,4
30 Tribuna 29,2
31 Usiminas 8,8
32 Usipa 3,3
33 Veneza 6,2
34 Vila Celeste 3,2
35 Vila Ipanema 0,5
166,5 TOTAL: Fonte: Conhecendo o Município de Ipatinga, 2006.
2ª Etapa:
A segunda etapa refere-se à constatação in loco da situação do gerenciamento dos resíduos
sólidos urbanos no local do seu destino final, qual seja, a Figura 20 apresenta o “Aterro
Sanitário do Vale do Aço”, que fica no município de Santana do Paraiso, MG.
O registro visual, buscando evidenciar aspectos não explícitos nas respostas dos
questionários aplicados.
82
Aplicação de questionários elaborados com as empresas contratadas para obtenção de
informações sobre geração, coleta, caracterização, tratamento, disposição final,
gerenciamento e gestão de resíduos sólidos urbanos de todos os dados coletados.
Figura 20: Aterro Sanitário do Vale do Aço.
Fonte: Fonte própria (2013)
3ª Etapa:
A terceira etapa consiste em visitas as associações/cooperativas e sucatarias da cidade de
Ipatinga, tais como:
Aplicação de questionários elaborados à Associações/cooperativas da ASCARI –
Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Ipatinga, localizada bairro Canaã e
outros da AMAVALE – Associações de Catadores de Materiais Recicláveis do Vale do
Aço, no bairro Veneza;
Galpões de comercialização de recicláveis (sucatarias), no bairro Vila Celeste e Cidade
Nobre.
83
A localização geográfica dos bairros/residências dos catadores, galpões de sucatarias e
associações pode ser identificada na Figura 21 do mapa abaixo:
Figura 21: Localização geográfica das sucateiras e associações de catadores.
Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga, 2006 (adaptada pelo autor).
84
As figuras 22 e 23 apresentam Central de Triagem da ASCARI e AMAVALE.
Figura 22: Materiais recicláveis prensados em fardos na Central de Triagem da ASCARI.
Fonte: Fonte própria, 2012.
Figura 23: Pátio de separação de materiais recicláveis na sede da associação AMAVALE.
Fonte: Fonte própria, 2012.
85
As figuras 24 e 25 galpões de sucatarias do bairro Vila Celeste e Cidade Nobre.
Figura 24: Separação de materiais recicláveis na Sucataria do bairro Vila Celeste.
Fonte: Fonte própria (2012)
Figura 25: Fachada da Sucataria do bairro Cidade Nobre.
Fonte: Fonte própria, 2012.
86
4. ANÁLISE E RESULTADOS – PROGRAMA DE COLETA SELETIVA
Os geradores dos lixos de atividades agrícolas e industriais são obrigados a cuidar do
gerenciamento, transporte, tratamento e destinação final de seus resíduos.
A indústria é responsável por grande quantidade de resíduo – sobras de carvão mineral,
refugos da indústria metalúrgica, resíduo químico e gás e fumaça lançados pelas chaminés das
fábricas.
4.1. Gestão e Gerenciamento dos Resíduos Sólidos
4.1.1. Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos no Município de Ipatinga
Sobre o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos na Região Metropolitana do Vale do Aço,
os problemas e as soluções encontradas e adotadas pelos municípios que a compõem não
diferem das demais regiões do Brasil. Mesmo tendo problemas comuns, que transpõem as
divisões políticas de cada um, os municípios da RMVA não atuam conjuntamente ou não
dispõem de um plano diretor regional que contemple, por exemplo, minimizar os impactos
causados pela falta de políticas de destinação dos resíduos sólidos urbanos pelos municípios
com menores arrecadações e renda per-capta, respectivamente. É o exemplo dos quatro
maiores da região central do Vale do Aço, Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana
do Paraíso.
Do total de municípios que compõem o Vale do Aço, a Região Metropolitana e o chamado
Colar Metropolitano, apenas seis, destinam seus resíduos sólidos no aterro sanitário da Vital
Engenharia Ambiental S/A, empresa do Grupo Queiróz Galvão S/A, onde está localizada a
Central de Resíduos do Vale do Aço, a 7 km de Ipatinga, no Município de Santana do Paraíso
– BR-458 - Região Metropolitana do Vale do Aço, os quais são: Coronel Fabriciano, Ipatinga,
Belo Oriente, Timóteo, Marliéria e Santana do Paraíso. A CRMVA possui uma área total de
443.800 m2, sendo a área ocupada com o aterro: 169.000 m
2 e uma faixa de proteção (cinturão
verde) ocupando 163.000 m2. Alguns municípios como Dionísio, Jaguaraçu, Pingo D‟Água,
Sobrália e São José do Goiabal possuem usina de compostagem licenciada. Em processo de
AAF (Autorização Ambiental de Funcionamento) encontram-se os municípios de Antônio
Dias e Córrego Novo.
87
O Consórcio é uma ferramenta que se permite ganhar eficiência na administração e no
executar das políticas e despesas públicas e, permite a construção de aterros sanitários
ambientalmente corretos em parceria, coleta de lixo, entre outros serviços públicos. O Brasil é
um país que possui 5560 municípios, com uma população em torno de 185.712.713
habitantes, segundo o IBGE. Desse total de municípios, brasileiros, cerca de mais de 83,0%
possuem até 30 mil habitantes e respondem por volta de pouco mais de 27,0% da população.
Contudo, sendo a maioria dos municípios de pequeno ou médio porte, isso pede que quase
todos os seus problemas sejam solucionados integrada e articuladamente, face às grandes
atribuições que as novas atividades pedem. São inúmeros os desafios que os municípios têm
como obstáculos. Desafios que vieram sem o ajuste do repasse de verbas para a execução de
novas tarefas e serviços, além da inexistência da competência e da experiência que não
possuíam.
Poucos municípios do Vale do Aço possuem algum programa de separação de resíduos
sólidos urbanos coleta, celebrando convênios com cooperativas de catadores de resíduos.
Instituições sociais que trabalham com a coleta e triagem do material reciclável para
beneficiamento e envio às empresas recicladoras. É o caso de Timóteo, Ipatinga e Coronel
Fabriciano.
A cidade de Ipatinga possui um programa municipal de gestão de resíduos sólidos urbanos
bem complexos. Ipatinga possui um contrato com a concessionária de Limpeza pública que é
a Vital Engenharia S/A. Gera-se cerca de 500 kg/dia de Resíduos de Serviços de Saúde, 150
toneladas/dia de resíduos domiciliar, 340 toneladas/dia de resíduo inerte. O Município possui
cerca de 520 garis, que varrem em média por dia 280 km de ruas e avenidas e por semana
mais de 7.000 km. Ipatinga também possui uma cooperativa de catadores, a ASCARI.
4.2. Resíduos Sólidos Domiciliares
4.2.1. Coleta Regular:
A coleta regular de lixo domiciliar, comercial, hospitalar, público, entulhos e outros resíduos,
está sendo de acordo com calendário estabelecido por técnicos do Departamento de Limpeza
Urbana da Prefeitura de Ipatinga e representantes da concessionária de limpeza pública (Vital
Engenharia Ambiental) e da comunidade.
88
Calendário de coleta de lixo domiciliar:
A coleta de lixo doméstico em Ipatinga é feita três vezes por semana, de acordo com
calendário de coleta determinado pela prefeitura. O lixo comercial é recolhido todos os dias
em todos os centros comerciais e principais avenidas da cidade.
Nas segundas, quartas e sextas-feiras a coleta é feita nos bairros Iguaçu, parte do Bethânia
(Morro Sao Francisco, avenida Alberto Giovanini, avenida Tóquio e proximidades),
Tiradentes, Taúbas, Vagalume, Caçula, Jardim Panorama, Caravelas, Cidade Nobre,
Esperança, Cariru, Castelo, Vila Ipanema, das Águas, Bela Vista, Imbaúbas, Areal, Bom
Retiro, Ideal, Ferroviários e Novo Cruzeiro.
Nas terças, quintas e sextas-feiras a coleta é feita no Centro, Veneza, Planalto, Parque das
Águas, Bethânia (Vila Militar, Bethânia Centro), Canaã, Canaãzinho, Vila Celeste, Vila
Formosa, Limoeiro, Chácaras Madalena e Forquilha (Chácara Oliveira).
A coleta comercial é realizada nas segundas, quartas e sextas-feiras no Esperança, Bom
Jardim, Vila Celeste, Canaã, Canaãzinho e Centro. Nas terças, quartas e sábados a coleta
do lixo comercial é realizada no Iguaçu, Esperança, Bom Jardim, Panorama, Cidade
Nobre, Ideal, Caçula e Centro.
O serviço de limpeza pública de Ipatinga, considerado modelo em Minas Gerais e no país, é
realizado pela mesma concessionária desde 2002. Diariamente, as quase 150 toneladas de lixo
recolhidas são dispostas em aterro sanitário, localizado no município de Santana do Paraíso,
um dos primeiros do estado licenciado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM).
Todas as ruas de Ipatinga são varridas e a Prefeitura faz ainda a poda de grama e de galhos. Já
nas áreas comerciais e nas grandes avenidas, o serviço de varrição e coleta de lixo é diário.
4.2.2. Coleta Seletiva:
A questão da coleta e destinação do lixo em Ipatinga sempre foi mostrada como exemplo para
outros municípios. Ipatinga foi um dos primeiros municípios mineiros a universalizar a coleta
e a adequar seu aterro sanitário para receber o lixo coletado. Infelizmente a gestão de resíduos
sólidos no município parou no estagio inicial, não evoluiu.
89
Em 2009 a Fundação Relictos e a SEMAD – Secretaria Estadual de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável assinaram um convenio visando a capacitação dos Catadores de
Materiais Recicláveis de Ipatinga. Desde esta data vem executando o convenio e obtendo
resultados animadores. Juntamente com os catadores das Associações ASCARI e AMAVALE
vem fazendo gestão junto ao poder publico visando a implantação da Coleta Seletiva no
Município com a inclusão dos Catadores de Materiais Recicláveis.
Os esforços estão dando resultados, a Prefeitura de Ipatinga assinou um termo de cooperação
técnica com a Fundação Israel Pinheiro (FIP), que viabilizará a implantação do Programa de
Coleta Seletiva de Resíduos no município, com a participação dos catadores de material
reciclado, possibilitando a geração de emprego e renda. A assinatura do termo, foi
acompanhada por representantes dos mais variados segmentos da cidade, dentre eles a
Fundação Relictos.
Todo o trabalho deve ser realizado pelo grupo gestor formado por pessoas do município
interessadas na questão, tais como representantes de associações de bairros, grupos religiosos,
grupo de terceira idade, representantes de associações de bairros, dos vários setores da
prefeitura, por exemplo, educação saúde, limpeza pública, etc. este grupo tem como objetivo
principal a gestão do programa de Coleta Seletiva desde a discussão sobre a forma de
implantação até o acompanhamento da eficiência do mesmo após sua efetivação.
Este trabalho será possível pela parceira para a gestão compartilhada do programa Minas sem
Lixões firmado ente a FEAM e a FIP assinado em agosto de 2008.
Em 2009 a Fundação Relictos respondeu ao Edital SEMAD nº 02/2009 dirigido as
associações e fundações de direito privado e sem fins lucrativos, apresentando o Projeto de
capacitação para os associados da ASCARI visando o melhor reaproveitamento de resíduos
recicláveis coletados no município de Ipatinga. O Projeto foi selecionado, sendo enquadrado
dentro do Projeto Estruturador “Resíduos Sólidos”, para atuar na promoção do
desenvolvimento econômico em bases sustentáveis. Em 09 de dezembro de 2009 foi assinado
o convênio de cooperação técnica e financeira entre o Estado de Minas Gerais, através da
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e a Fundação
Relictos para a sua execução.
90
A Fundação Relictos é uma entidade não governamental, sem fins lucrativos, preocupada com
as questões ambientais, independente e suprapartidária, cuja manutenção e direção acontece
pelos associados compostos de profissionais de várias áreas desde educadores, funcionários
públicos, estudantes e funcionários de empresas particulares. Para a sobrevivência da entidade
contamos com a colaboração e a contratação de consultores e voluntários que realizam
trabalhos oriundos de parcerias com empresas de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo e em
algumas situações com órgão ambientais como o IEF, IBAMA e outros. Sua sede própria fica
em Ipatinga-MG.
Principais Objetivos da Fundação Relictos:
Promover estudos sobre a fauna e flora;
Difundir conhecimentos de ecologia;
Promover intercâmbio com outras entidades congêneres, científicas, culturais e de proteção
à fauna e flora;
Colaborar com as entidades oficiais e particulares, para a preservação da fauna e flora;
Promover pesquisas e desenvolver ações que fomentem a conservação da diversidade
biológica dos ecossistemas brasileiros e da natureza em geral;
Estimular a criação de associações e núcleos de preservação da natureza;
Realizar convênios com entidades públicas e privadas, nacionais ou internacionais,
relacionadas com a proteção da natureza, estendendo sua projeção em outras atividades de
proteção ao meio ambiente;
Difundir a Educação Ambiental para a transformação, participação e compromisso.
Desde esta data a Fundação Relictos vem trabalhando com os Catadores de Materiais
Recicláveis de Ipatinga tendo até a presente data realizado 6(seis) reuniões de planejamento,
14 (quatorze) oficinas de Habilidades e Comercialização, 09 ( nove) módulos do curso de
capacitação organizacional, 05 ( cinco) palestras e 1( uma ) campanha de imunização ativa.
As atividades continuam ate o mês de abril de 2012.
Paralelamente as atividades inerentes ao projeto a Fundação Relictos atuou também fazendo
gestão junto à Prefeitura de Ipatinga visando a renovação do convênio de apoio aos Catadores
de Materiais Recicláveis de Ipatinga e a implantação da coleta seletiva no Município com a
91
inclusão dos Catadores. Varias reuniões foram realizadas com a SESUMA e com técnicos da
Prefeitura. Ouvimos do Prefeito na entrega das Licenças Ambientais às Associações de
Catadores ASCARI e AMAVALE a promessa da renovação do convênio, do apoio à coleta
seletiva e da importância dos Catadores para o município.
4.3. Resíduos de Serviços de Saúde
Os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) requerem um gerenciamento adequado, uma vez que
o contrário irá imputar danos ao meio ambiente e/ou pessoas que direta ou indiretamente
entram em contato com ele. Um dos atuais problemas sanitários do Brasil é a problemática
dos resíduos sólidos de saúde (RSS) que perpassa por uma legislação inadequada até a falta de
pesquisas científicas suficientes que visem encontrar um tratamento adequado para estes
resíduos condizentes com a realidade econômica brasileira. Os RSS “englobam todos os
elementos e materiais rejeitados ou descartados dos processos, operações e procedimentos
relacionados aos ramos de medicina, enfermagem, farmácia e áreas de atuação congêneres,
incluindo as atividades de prevenção, diagnóstico, controle e tratamento de doenças”,
(AKUTSU, 1992).
Segundo informações do gerente da Vigilância Sanitária da Prefeitura de Ipatinga, o Plano de
Gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (PGRSS) previsto na
RDC/ANVISA Nº 306 em 07 de dezembro de 2004, que responsabiliza cada estabelecimento
gerador de resíduos, desde a produção até a destinação final deles. O Painel surgiu da
necessidade de se abordar diversos temas relacionados às questões de saúde, segurança e,
meio ambiente nos estabelecimentos de saúde. “Tendo os Resíduos de Serviços de Saúde
(RSS) como um de seus temas mais tradicionais, o Departamento de Saúde Coletiva buscou
desde o início, oferecer um fórum para o debate de experiências, problemas e soluções, com
forte conotação técnica operacional, além da ênfase no respeito pelo meio ambiente e a
segurança do trabalhador.
As atividades dos serviços de saúde que geram resíduos sólidos requerem cuidados especiais,
principalmente pela concentração de organismos patogênicos, o que representa riscos à saúde
e ao meio ambiente quando gerenciados de forma inadequada. A experiência mostra que, mais
recentemente, os órgãos de controle ambiental têm sido rigorosos em exigir das
administrações públicas uma solução diferenciada para esses resíduos.
92
O gerente da Vigilância Sanitária da Prefeitura de Ipatinga ressalta a importância da
implantação do PGRSS no município e explica como o programa vai agregar qualidade e
eficiência aos serviços de saúde prestados à população de Ipatinga. “Pode-se dizer, por
exemplo, que o programa auxilia na redução da taxa de infecção hospitalar. Mas os resíduos
de serviços de saúde não podem ser considerados apenas como transmissor de doenças
infecciosas, pois envolve a saúde do trabalhador e a preservação do meio ambiente. Desta
forma, o gerenciamento dos resíduos hospitalares proporciona aspectos positivos para o meio
ambiente que devem ser ressaltados e levados a conhecimento público, visto que o equilíbrio
ambiental é essencial para existência da vida humana”.
4.3.1. Processo de Esterilização por Autoclavagem
A autoclavagem é um tratamento aplicável aos resíduos dos serviços de saúde. Ele consiste
em uma câmara a vácuo, onde, por meio de uma determinada pressão e temperatura, o resíduo
é esterilizado após certo tempo de permanência dentro da câmara. Apesar de a operação e a
manutenção serem relativamente baratas e fáceis e não emitirem efluentes gasosos, o
tratamento não reduz o volume dos resíduos e não há garantia que o vapor d‟água atinja todo
o resíduo, sendo recomendável a sua trituração prévia. Conforme ilustra na Figura 26 a
aplicação dessa tecnologia é recomendável quando o volume a ser tratado for significativo em
relação ao custo de capital e à operação do sistema, ou seja, deve ser vantajosa em relação às
demais tecnologias utilizadas para tratamento de resíduos de serviços de saúde.
Figura 26: Painel de controle de Autoclavagem
Fonte: Vital Engenharia Ambiental, 2011.
93
Acondicionamento dos resíduos coletados em sacos plásticos classe II, na cor branco leitosa,
conforme especificação da norma ABNT, então são acondicionados em Container´s
Esterilizadores, construídos em chapa e perfiz de aço inox com revestimento interno em teflon
próprio para o trabalho com Resíduo Hospitalar.
Conforme ilustra na Figura 27, os Resíduos Sépticos dos grupos A e E são tratados
separadamente; Grupo A; Potencialmente Infectantes – Grupo E; Perfuro Cortantes.
Figura 27: A) e, B) Resíduos infectados antes da Esterilização
Fonte: Vital Engenharia Ambiental, 2011.
Quanto a segurança dos operadores recebem treinamentos para operação e gerenciamento de
todo o processo de Autoclavagem, desde o acondicionamento do resíduo até sua descarga na
caçamba poli. Além de disporem de todos os Epi´s e estarem em conformidade com as
Normas de Segurança – NR13.
De acordo com a Figura 28, todo o manuseio dos resíduos e das caixas de resíduos de saúde
são feitos através de ferramentas, evitando qualquer contato com os resíduos.
Figura 28: A) Manuseio das caixas com seringas, B) Acondicionamento do resíduo
Fonte: Vital Engenharia Ambiental, 2011.
(A)
(B)
(A)
(B)
94
Conforme demonstra nas Figuras 29 abaixo, o carregamento dos resíduos são conduzidos pelo
operador para dentro da autoclave, para que os mesmos sejam Autoclavado.
Figura 29: A) Condução, B) Carregamento, C) Fechamento do autoclavagem
Fonte: Vital Engenharia Ambiental, 2011.
A Figura 30 abaixo apresenta os equipamentos utilizados para autoclavagem com gerador de
vapor saturado e consumidor de vapor saturado.
Figura 30: A) Gerador de vapor saturado, B) Consumidor de vapor saturado
Fonte: Vital Engenharia Ambiental, 2011.
O processo de Autoclavagem é totalmente automatizada e dura aproximadamente 1h e 08
min, abrangendo cinco fases:
1) Pré-vácuo: Fase que retira todo ar existente na câmara, através do acionamento da bomba
de vácuo, é também nessa fase, que o esterilizador secundário atua fazendo um pré-
(A)
(B)
(A)
(B)
(C)
95
tratamento, sendo responsável pela desinfecção dos fluídos, através do processo de troca de
calor (choque térmico).
2) Enchimento da câmara: O vapor é injetado na Autoclave, substituindo o ar, para que
ocorra a penetração do vapor em toda a câmara, e no interior das sacolas.
3) Esterilização: Fase de descontaminação dos resíduos, através do processo de circulação
constante de vapor saturado. São 00:30 min. com temperatura mínima de 134ºC variando
até 145ºC sob pressão variável de 2.0 a 3.1 kgf/cm2.
4) Exaustão: Fase que retira toda a pressão existente na câmara, através de um jato de vapor
descontaminado, que é expelido para fora da Autoclave, o qual, em contato com a
atmosfera é dissipado, não acarretando nenhum dano ao Meio Ambiente.
5) Secagem: Fase que retira toda umidade da câmara e dos resíduos, tornando o mesmo em
bloco compacto. Os efluentes tratados são encaminhados para uma caixa coletora, é
importante frisar que estes efluentes possuem apenas carga orgânica, mas estão isentos de
contaminação
Depois de concluído todo o processo do ciclo de autoclavagem, os Resíduos são retirados da
autoclave, na Figura 31 podemos observar a perda do volume inicial em aproximadamente
50%.
Figura 31: A) e B) Resíduo é retirado por meio de um gancho, C) Resíduo esterilizado
Fonte: Vital Engenharia Ambiental, 2011.
Para comprovação de eficácia, foi utilizado STERILCONTROL indicador biológico para
controle do processo de esterilização em autoclaves, utilizando-se esporos de Bacillus
stearothermophilus, o mais resistente a ação do vapor, para comprovação da eficiência do
equipamento e eficácia do processo de esterilização, conforme amostragem na Figura 32.
(A)
(B)
(C)
96
Figura 32: A) Teste Biológico, B) Ampolas antes do teste, C) Ampolas depois de autoclavagem.
Fonte: Vital Engenharia Ambiental, 2011.
4.4. Resíduos de Construção e Demolição
O município de Ipatinga; que tem a base de sua economia assentada na siderurgia encontra-se
em franca expansão; impulsionado principalmente pelo constante crescimento da demanda de
aço a nível mundial; provocando um aumento significativo da oferta de trabalho local e
conseqüentemente; a atração de mão-de-obra externa. Existia uma previsão de que até o ano
de 2009; mais 12 mil novos postos de empregos serão gerados; somente na planta siderúrgica
da cidade. Como conseqüência deste cenário; o mercado imobiliário e a indústria da
construção civil local; encontram-se também superaquecidos. Frequentemente observa-se no
município de Ipatinga; casas sendo demolidas para dar espaço a novos prédios residenciais;
ocasionando um significativo incremento na geração de resíduos provenientes da indústria da
construção civil.
De acordo com o levantamento de campo; estima-se que no município de Ipatinga 12.720t de
resíduos da construção civil são coletados mensalmente; dos quais 3.840t têm destinação
incerta; sendo até mesmo dispostos nos municípios circunvizinhos. O município de Ipatinga
conta com um aterro sanitário administrado pela iniciativa privada; no qual; além dos resíduos
sólidos domiciliares; também recebe resíduos provenientes da construção civil. Existem ainda
no município de Ipatinga três empresas cadastradas na Prefeitura para locar caçambas
estacionárias para coleta e transporte de entulhos; das quais uma conta com área própria para
a disposição final devidamente licenciada pelo município e as outras duas disputam áreas
clandestinas para fazerem suas deposições.
(A)
(B)
(C)
97
A viabilidade econômica de se implantar um sistema integrado de gerenciamento dos resíduos
de construção civil no município de Ipatinga; conforme o previsto na Resolução nº. 307 do
Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA); de 05 de julho de 2002 foi levantada;
chegando a um tempo estimado de 18 meses para que os investimentos iniciais sejam
absorvidos. Os estudos tiveram como base; o modelo já em funcionamento na cidade de Belo
Horizonte; que se caracteriza principalmente pela simplicidade e eficiência; além de
apresentar um cunho social importantíssimo para aquele município. Apesar de não estar
atendendo à Resolução nº. 307 do CONAMA; o município de Ipatinga; já sinaliza
positivamente no sentido de disciplinar a gestão dos resíduos provenientes da construção civil
local; prova disto é a disponibilização de áreas públicas para a recepção de pequenos volumes
de resíduos de construção civil que acabam de serem implementadas em fase experimental;
bem como a retirada sem ônus para os moradores; dos resíduos depositados em suas calçadas;
até o limite de uma caçamba basculante.
Espera-se que esta experiência não fique apenas nesta fase inicial e incipiente; mas que
evolua; chegando de fato à implantação de um sistema de gestão eficiente que possibilite o
retorno de toda a matéria prima que hoje é chamada de resíduo para a cadeia produtiva;
trazendo-se ganhos para o município e para o meio ambiente.
A cobrança da sociedade a novas exigências legais tem obrigado as construtoras a prestarem
cada vez mais atenção à gestão de resíduos, sobretudo no que se refere à destinação. Em 2002,
o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), através da Resolução nº 307 estabeleceu
diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.
Hoje, no Brasil, segundo as estatísticas oficiais, dos mais de 5.500 municípios, não passam de
30 as prefeituras que normatizaram o seu plano de gerenciamento dos resíduos da construção
civil. Balneário Camboriú foi a primeira de Santa Catarina a implantar seu plano, graças à
atuação do Sindicato da Indústria da Construção Civil. E, conforme a revista Pini, alguns dos
materiais com altos índices de desperdício, são: aço, de 11 a 16%; concreto usinado, de 9 a
23%; bloco de tijolos, de 13 a 40%; e cerâmicas, de 14 a 50%.
98
4.5. Disposição Final dos Resíduos Sólidos
4.5.1. Lixão
Todos os resíduos gerados devem ser destinados de forma correta a fim de que sejam evitados
os efeitos negativos que eles podem ter no meio ambiente, como a poluição de rios e do solo,
e mesmo na saúde das pessoas já que podem ser responsáveis pela transmissão de diversas
doenças. Mas você sabe como são tratados estes resíduos?
Em primeiro lugar é essencial saber que os conhecidos e tão utilizados lixões são
completamente errados. Eles são locais onde o lixo é simplesmente jogado sem o menor
cuidado com o meio ambiente e pior, adulto e até crianças entram livremente, se arriscando a
contrair uma série de doenças, para catar resíduos que possam ser reciclados. A Figura 33
apresenta a fonte geradora de resíduos sólidos.
Figura 33: A fonte geradora de resíduos sólidos
Fonte: Adaptada do IPT/CEMPRE, 2000.
No Brasil existe uma norma específica denominada NBR10004 que trata dos critérios para
a classificação dos resíduos de acordo com sua composição e características em duas
classes:
Classe 1, para resíduos considerados perigosos (que podem oferecer algum risco para
o meio ambiente ou para o homem);
Classe 2, para resíduos não perigosos. É a partir desta classificação que se determina
quais as destinações adequadas para cada tipo de resíduo.
99
Já quanto aos locais de destinação as normas específicas são:
ABNT NBR13896/97 – Aterros de resíduos não perigosos – Critérios para projeto,
implantação e operação;
ABNT NBR10157/87 – Aterros de resíduos perigosos – Critérios para projeto,
construção e operação.
Existem também normas específicas sobre incineração, reciclagem e outras formas de
tratamento dos resíduos que são empregadas antes da disposição final, ou seja, os resíduos
coletados passam por estas etapas e somente o que sobre delas (ou o que não pode ser
mesmo aproveitado) é destinado para os aterros. Assim, consegue-se aumentar a vida útil
do mesmo. Veja a seguir um pouco mais sobre os diferentes tipos de aterros:
4.5.2. Aterro Controlado
O Aterro Controlado é um local onde os resíduos são descartados diretamente no solo (sem
nenhuma impermeabilização), porém recebe um certo controle para minimizar seus impactos.
Na maioria dos casos, eles são apenas um lixão que recebeu algumas adequações com o fim
de atender a legislação vigente. A diferença entre estes e os lixões é que eles são cercados
para impedir a entrada de pessoas e podem apresentar algum tipo de controle para evitar a
poluição, como o monitoramento do lençol freático.
Embora não sejam uma forma de destinação ideal, costumam ser aceitos pelos órgãos
ambientais (isso varia de Estado para Estado) de forma temporária, enquanto o município
procura outras formas de destinação. Podemos dizer, então, que os aterros controlados são
uma espécie de transição entre os lixões e os aterros sanitários, mas é importante frisar que os
aterros controlados são apenas uma forma de minimizar o impacto do descarte de resíduos e
atender a legislação não constituindo de forma alguma um meio adequado do ponto de vista
ambiental. Veja a Figura 34 o monitoramento do aterro controlado.
100
Figura 34: O monitoramento do Aterro Controlado
Fonte: Adaptada do IPT/CEMPRE, 2000.
4.5.2. Descrição do Aterro Sanitário
Geralmente denomina-se de aterro sanitário o local para onde são destinados os resíduos
urbanos provenientes do serviço de coleta municipal, mas ele também pode receber alguns
resíduos industriais não perigosos (Classe II), podendo ser chamado também de “Aterro
Classe II”. O solo do local onde será despejado o resíduo deve ser impermeabilizado e são
implantadas canaletas para coleta do chorume que será enviado para uma Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE). Também é feito o monitoramento do lençol freático e das
emissões atmosféricas, podendo haver a captação dos gases gerados no aterro para geração de
energia. A Figura 35 mostra os componentes da obra de engenharia de aterro sanitário.
Figura 35: Componentes da obra de engenharia de aterro sanitário
Fonte: Adaptada do IPT/CEMPRE, 2000.
101
O local de despejo dos resíduos deve ser protegido das chuvas e o resíduo, compactado e
enterrado todos os dias. Geralmente é feita a triagem dos resíduos (separação dos materiais
recicláveis) e apenas o que não pode mesmo ser reciclado é enviado para o aterro.
De acordo com as informações coletadas pela Vital Engenharia Ambiental, o Aterro Sanitário
do Vale do Aço está localizado no sentido Ipatinga a Governador Valadares,
aproximadamente 9 km ao nordeste do centro de Ipatinga e a 218 km a nordeste do centro de
Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais (veja localização do aterro na Figura 36).
Figura 36: Localização do Aterro Sanitário do Vale do Aço
Fonte: DNIT, 2006.
O aterrro sanitário ou mais conhecido como Central de Resíduos do Vale do Aço (Aterro
Sanitário) fica localizada no Município de Santana do Paraiso. A área total da propriedade é
de 144 hectares (ha), contornada por um cinturão verde de 16,3 hectares. A Central de
Resíduos ocupa 44,38 ha, 16.9 ha já licenciados para a disposição dos resíduos. O terreno
pertence à empresa concessionária da Vital Engenharia Ambiental, que diariamente são
recebidas 300 toneladas de lixo doméstico, comercial e público e outras 600 toneladas de lixo
Aterro
Sanitário
do Vale
do Aço
102
inerte (entulho) no aterro. Antes de serem depositados no aterro cada veículo é obrigado a
passar pela balança, para que sejam pesados os resíduos transportados. Veja a figura 37 à
pesagem na balança dos resíduos solidos.
Figura 37: Pesagem na balança dos resíduos transportados
Fonte: Fonte própria, 2013.
Neste processo de operação a Vital ganhou um acordo de concessão de 30 anos em 2001 para
a disposição de resíduos dos municípios de Santana do Paraíso, Ipatinga, Coronel Fabriciano,
Timóteo, Belo Oriente, Marliéria e Itanhomi. Essas cidades estão localizadas na região
metropolitana do Vale do Aço, com uma população de mais de 449.340 habitantes
(IBGE,2008). Essas cidades estão localizadas na região metropolitana do Vale do Aço, com
uma população de mais de 449.340 habitantes. Desde 2003, o local para disposição tem
servido de aterro sanitário a várias cidades do Vale do Aço no Estado de Minas Gerais. Em
2012 devido à exigência do Ministério Público, veio incluir mais 02 municípios de Ipaba e
Governador Valadares. O fechamento do aterro está projetado para 2025 depois que atinja sua
capacidade máxima de aproximadamente 2.1 milhões de toneladas (ENGINEERS, 2011).
De acordo com o engenheiro responsável pela coleta de lixo de Ipatinga (Vital Engenharia
Ambiental), Lélis Antônio Carlos falou sobre a Central de Resíduos do Vale do Aço.
Entramos em operação em 12 de setembro de 2003, com licença de funcionamento para um
período de quatro anos. Em 2007, essa licença foi revalidada para até 2013.
Esse sistema de revalidação de licença é apenas uma questão burocrática, para levantar como
anda o processo vital da central de resíduos. No entanto, quando nos instalamos aqui em
Ipatinga, calculamos uma vida útil para o aterro sanitário de 30 anos. “Ou seja, se tudo ocorrer
conforme o esperado, até 2033 o aterro estará em pleno funcionamento”, pontuou.
103
Questionado sobre o provável aumento populacional da região, e conseqüentemente, o
aumento de lixo, Lélis Antônio disse que o aterro está pronto para essas mudanças. “Quando
calculamos a vida útil de nossa central de resíduos, imaginamos que iríamos receber o lixo de
toda a Região do Vale do Aço”.
No entanto, nós atendemos apenas as cidades de Santana do Paraíso, Ipatinga, Coronel
Fabriciano, Timóteo, Belo Oriente, Marliéria e Itanhomi. “O aumento da população nestas
cidades suprirá os resíduos que esperávamos colher nos demais municípios da região”,
explicou.
Em 2008, a cidade de Ipatinga produzia cerca de 4.200 toneladas de lixo/dia, o que
representava cerca de 580 gramas/habitante/dia, aproximadamente. De acordo Amantino
Orésino de Freitas, Engenheiro Sanitarista da SESUMA da prefeitura de Ipatinga, em
conversa pessoal), o serviço de limpeza urbana de Ipatinga atende a toda cidade, inclusive a
zona rural, com a coleta de lixo domiciliar, comercial, hospitalar, público, entulhos e outros
resíduos de acordo com calendário estabelecido pela SESUMA. Nos bairros, a coleta é feita a
cada três dias. A produção chega a 140 toneladas de lixo/dia. Somente em Ipatinga existe 50
garis, que trabalham de segunda à sábado. Eles varrem 180 quilômetros de vias públicas por
dia. Mensalmente, a cidade tem nada menos que 7.240 quilômetros varridos por eles.
As Figuras 38, e 39 ilustram fotografias aéreas da Central de Resíduos Vale do Aço e local de
aterramento de Resíduos Sólidos de Ipatinga.
Figura 38: Foto aérea da Central de Resíduos Vale do Aço
Fonte: Fonte própria, 2013.
104
Figuras 39: A) Fotos aéreas do aterramento de Resíduos Sólidos, B) Frente de Trabalho
Fonte: Fonte própria, 2013.
As áreas restantes são usadas para compostagem e tratamento de resíduos hospitalares (veja
Figura 40), escritórios administrativos, balança e estação de pesagem, estradas de acesso,
estacionamento, centro de educação ambiental, auditório, campo de futebol, viveiro de
árvores nativas e uma vasta reserva para proteção ambiental. O chorume é coletado na base do
aterro e transportado para tratamento na ETE/COPASA, no município de Ipatinga.
Figuras 40: A) Àrea de Compostagem, B) Àrea de Esterilização de Resíduos Hospitalares
Fonte: Vital Engenharia Ambiental, 2013.
4.5.2. Operações no Aterro Sanitário
Embora o acordo de concessão fosse no ano 2001, o aterro somente começou operar no dia 12
de setembro de 2003. Então todos os resíduos que entram no aterro passam pela estação de
pesagem e são quantificados e registrados por meio de um sistema de informação integrado.
(A)
(B)
(A)
(B)
105
Nesta operação no aterro sanitário segue as seguintes etapas e tem um sistema de manta na
parte inferior com as seguintes especificações (de baixo para cima):
Camada de argila, compactada a uma espessura de 60 centímetros;
Camada de geomembrana de dois mm (PEAD);
Uma camada de argila compactada (40 cm).
Como procedimento legal de operação, o aterro está sendo construído em "camadas". Cada
camada consiste de várias células. A primeira camada inclui seis células, cada uma com 5
metros de espessura. A segunda camada terá um total de sete células, também com 5 metros
de espessura. Atualmente, estão enchendo a célula número 11. Os resíduos são depositados
em elevadores 10-15 cm na parte superior da rampa da frente de trabalho, cuja inclinação é de
1:3 (vertical: horizontal, “VH”). Os resíduos são empurrados para baixo e compactados com
um buldôzer (trator de esteira), que faz várias passadas. O aterro sanitário tem três buldôzers,
mas apenas um é usado no local devido ao volume limitado. Segundo a Vital, cada célula tem
uma densidade de 1,0 tonelada por m³.
Ainda como rotina diária, aplica-se uma cobertura sobre a frente de trabalho e na parte
superior de cada célula, pois a célula se estende. Entre cada célula, uma cobertura
intermediária de argila de 20-30 cm é aplicada e compactada com a ajuda do compactador que
se podem ver nas Figuras 41 e 42. A camada intermediária parecia não ter sido removida
antes dos resíduos serem colocados na parte superior da célula, embora a Vital depois tenha
esclarecido que fora removida. Se a camada intermediária de argila não for substancialmente
removida antes da colocação da próxima camada de resíduos, ela pode: (1) criar uma
importante barreira para o chorume, potencialmente causando poças de chorume ou pequenas
lagoas na parte superior da camada de argila, impedindo que o chorume seja drenado para a
base onde pode ser coletado de forma eficaz na base do aterro; e (2) causar a perda de espaço
aéreo do aterro. Essas camadas intermediárias não oferecem estabilidade adicional ao aterro
sanitário. A cobertura final consistirá de argila com 60 cm de espessura com uma camada de
solo orgânico para suportar uma cobertura de grama.
De acordo como são recebidas as plantas, a base do aterro sanitário nas áreas das camadas 1 e
2 tem uma rampa de mais de 8 %. Esta rampa é íngreme o suficiente para fazer com que os
resíduos e a argila na parte superior da geomembrana sejam propensos a deslizar quando os
106
resíduos não se enchem contra uma barreira grande ou “toe”, em particular se a massa
residual estiver úmida. Qualquer rampa maior do que 4 % pode ser motivo de preocupação,
sobretudo quando uma geomembrana lisa (não texturizada) é usada. O “toe” ou barreira
contra resíduos na parte inferior do aterro de RSMs deve ser criada pela área de disposição de
resíduos inertes (escombros de construção ou demolição) separados. Segundo a Vital, os
resíduos inertes estão sendo dispostos em uma área separada dos RSMs, mas podia ver os
resíduos inertes sendo dispostos em uma área separada de RSMs.
Para o manejo das águas é usando a cobertura intermediária diária e os canais e bermas para
direcionar as águas pluviais para longe da frente de trabalho, sobretudo durante a estação
chuvosa. No entanto, as observações sugerem a possibilidade das águas pluviais entrarem no
aterro através do sistema de coleta de chorume exposto na superfície da célula inferior
próxima ao local onde os resíduos são dispostos.
Figuras 41: A) Dreno de Chorume, B) Poço de Dreno da Camada Base
Fonte: Vital Engenharia Ambiental, 2013.
Figuras 42: A) Camada Base, B) Gemembrana
Fonte: Vital Engenharia Ambiental, 2013.
(A)
(B)
(B)
(A)
107
Como pode ser observado o chorume é coletado por meio de drenos horizontais e verticais
dentro do aterro sanitários (veja Figura 43). O primeiro conjunto de drenos horizontais de
chorume foi colocado na base do aterro, na parte superior do sistema de manta. O chorume é
drenado para uma lagoa, onde é armazenado temporariamente e depois transportado para
tratamento na ETE/COPASA.
Figuras 43: Reservatório de Coleta de Chorume
Fonte: Fonte própria, 2013.
O sítio tem um sistema de drenos passivos de GAS e de drenos de chorume (veja Figura 44)
que consiste de poços verticais que estão conectados aos drenos de chorume na base do aterro
sanitário. Os poços de dreno, que atualmente têm cerca de 20 m de profundidade, continuarão
sendo ampliado para cima à medida que camadas adicionais são acrescentadas. Os drenos são
construídos com um duto de concreto com 90 cm de perfuração e contam com queimadores
removíveis na extremidade superior (veja Figura 44).
É possível que esses drenos de chorume / drenos de GAS integrados possam ser
transformados em poços de GAS ativos. No entanto a quantidade de vácuo que pode ser
aplicada ao sistema de biogas possivelmente será limitada devido à infiltração de ar que pode
ser dada através dos drenos de chorume. Os poços de GAS verticais extras deverão ser
perfurados para coletar o GAS não coletado com os poços existentes.
(B)
(A)
108
Figuras 44: A) e B) Poços de Dreno
Fonte: Fonte própria (2013)
A geração crescente e diversificada de resíduos sólidos nos meios urbanos e a necessidade de
disposição final alinham-se entre os mais sérios problemas ambientais enfrentados
indistintamente por países ricos e industrializados e pelas sociedades em desenvolvimento.
Segundo Dias (2000), a geração é proporcional ao aumento da população e desproporcional à
disponibilidade de soluções para o gerenciamento dos detritos, resultando em sérias
defasagens na prestação de serviços, tais como a diminuição gradativa da qualidade do
atendimento, a redução do percentual da malha urbana atendida pelo serviço de coleta e o seu
abandono em locais inadequados. Equacionar o desequilíbrio entre o incremento de resíduos e
as escassas possibilidades de dispô-lo corretamente, sem agredir a saúde humana e sem causar
riscos ao meio ambiente é o grande desafio que se impõe segundo o mesmo autor.
Para o Reichert (1999), o correto manejo dos resíduos sólidos é certamente um dos principais
desafios dos centros urbanos neste início de milênio. Soluções isoladas e estanques que não
contemplam a questão dos resíduos desde o momento de sua geração até a destinação final,
passando pelo seu tratamento, mesmo sendo boas a princípio, não conseguem resolver o
problema como um todo.
(A)
(B)
109
5. CONCLUSÃO
Constata-se que a situação do gerenciamento de resíduos sólidos domiciliares serem um
problema para muitos municípios, verifica-se que o município de Ipatinga encontra-se em boa
situação, comparando-se com outras cidades de mesmo porte. O município possui coleta
regular, compostagem alguns resíduos orgânicos e destinação no central de resíduos. No
entanto, algumas ações poderiam colaborar para a melhoria dos planos já existentes,
estabelecendo estratégias de manejo para as atividades analisadas, visto que, grandes
quantidades de materiais que poderiam ser reutilizados e reciclados, acabam sendo destinados
ao mesmo.
Neste sentido, deve ser concebido um sistema em etapas sob a ótica de um plano global de
melhoria na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos domiciliares para o município de
Ipatinga. Foi possível observar que algumas dificuldades na obtenção das informações,
quando das questões relacionadas à gestão dos resíduos sólidos urbanos se acentuam quando
o tema é a sua destinação final adequada. Com relação aos serviços de varrição e coleta
domiciliar, como são terceirizados pela prefeitura, oque resulta na imediata percepção de
perda de qualidade ambiental quando as ruas ficam sujas e das portas de suas casas o lixo não
é retirado. Diferentemente, quando se trata da destinação final dos resíduos, a população que
na sua maioria desconhece para onde vai e o que será feito deste lixo coletado, se contenta
que levem este lixo para outro lugar, bem longe de seus olhos.
Deve ser dado um enfoque na educação ambiental para maior conscientização dos moradores
da cidade, fortalecendo os projetos nas escolas, indústrias e locais com grande concentração
de pessoas, pois sem a participação da população não há resultados significativos. Uma
ampliação ou construção de usina de reciclagem de resíduos de construção civil seria
necessário devido ao grande volume deste tipo de material na cidade e tendo em vista que a
célula atual não dá conta de toda a quantidade gerada pela cidade. Neste sentido, um plano
global de gerenciamento de resíduos sólidos domiciliares para o município de Ipatinga deve
buscar propostas sustentáveis em todas as áreas do conhecimento.
110
RECOMENDAÇÕES
Para subsidiar futuros trabalhos além da utilização de pesquisas bibliográficas, recomenda-se
utilizar pesquisas in loco, partindo de estratégias que analisem as consequências do problema
apresentado.
Deve-se observar o crescimento populacional dos municípios para que novos estudos com
maior abrangência possa dar suporte a iniciativas de aproveitamento da produção de resíduos
sólidos superior a 180 toneladas/dia pelo fato que a viabilidade de implantação de usinas de
triagem e compostagem com quantidades maiores que 180 toneladas/dia, necessariamente
requer procedimentos diferenciados no qual a destinação dos recicláveis requer maiores e
melhores mercados potenciais.
O trabalho poderá servir, também, como orientação para melhor auxiliar os pesquisadores que
tem interesse nessa região, é necessário se fazer levantamentos estatísticos relacionados às
características qualitativas e quantitativas dos resíduos sólidos produzidos no Município de
Ipatinga, bem como no Estado de Minas Gerais, elaborando-se um inventário para
embasamento de futuros trabalhos e pesquisas. Além disso, tornar acessível para futuros
pesquisadores à apuração de dados in loco quando necessário, transpondo exigências
burocráticas relativas à aprovação de projetos neste sentido pelos órgãos oficiais responsáveis.
Em fim, como defende o famoso, urbanista brasileiro Rabinovitch (2000) internacionalmente
“se os administradores urbanos aprenderem a pensar de forma integrada, não será difícil, por
exemplo, concluir que programas de lixo e saneamento podem ser realizados de forma a gerar
empregos, aumentar a renda e diminuir a pobreza”.
111
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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117
7. APÊNDICES
7.1 Apêdice A - Questionário 1) Prefeitura Municipal de Ipatinga
Entrevistado(a): Engenheiro Amantino Onésimo de Freitas
Cargo: Engº Sanitarista e Ambiental SESUMA
Realizado em 13/07/2012
Informações gerais:
1. A prefeitura pode desapropriar a área, onde está localizado o aterro? Quantas células são
viáveis nesta área?
2. Qual o tempo de vida útil para esta área?Existe na cidade um Departamento que cuide dos
Impactos Ambientais?
3. Foi solicitado ao município o TAC (Termo de Ajuste de Conduta) para ampliação do aterro
sanitário?
4. Qual a quantidade de RSS (Resíduos de Serviços de Saúde) que vai para o autoclave? A
FEAM exigirá da empresa que ganhar a concorrência os testes para verificar os tipos RSS
são tratados (esterilizados), através do processo de autoclavagem?
5. Qual a quantidade de Resíduos Industrial que vai para o aterro sanitário? É a empresa
VITAL a responsável pelo transporte desse tipo de resíduos? As indústrias da cidade
contratam outra empresa para transportar seus resíduos até o aterro?
6. Quantas toneladas por dia de lixo são recicladas? Qual a produção diária de resíduos na
cidade de Ipatinga? Há controle da quantidade produzida no final do ano?
7. Qual a quantidade de entulho produzida na cidade de Ipatinga? Onde está sendo
depositado? Há ocorrência de multas por descarte em local indevido? As caçambas
depositam onde, no aterro?
8. Quantos bairros da cidade de Ipatinga recebem a coleta regular de lixo?
9. Qual a data de entrega da planilha de custos referentes à Coleta Seletiva elaborada pelo
IPT?
10. Qual a porcentagem de lixo desviada pela coleta informal?
11. Há uma previsão orçamentária mensal ou anual da prefeitura com relação aos resíduos?
118
Sobre o aterro:
12. A quem pertence o terreno onde funciona o aterro atual? A área corre o risco de
desapropriação? Alguma taxa de (aluguel) é paga pelo uso da área?
13. Qual a área total do aterro atual e há quanto tempo ele funciona? Qual era a vida útil
estimada para essa área? Quando esse cálculo foi previsto?
14. Como poderia ser classificado o aterro da cidade de Ipatinga – controlado ou sanitário?
15. O aterro de Ipatinga recebe resíduos de outros municípios? De quais?
16. O funcionamento do aterro é acompanhado pela prefeitura? Por qual departamento? Com
qual frequência?
17. Há monitoramento do aterro? Por qual órgão, empresa ou entidade? Com qual
frequência?
18. Há alguma restrição quanto à localização do aterro (fatores ambientais) ou quanto à
legislação?
19. Qual é o maior problema do aterro? Qual a estratégia para solucionar esse problema e
para o aterro se enquadrar nas exigências dos órgãos ambientais? A FEAM já estabeleceu
prazo, auto de inflação para a retirada dos catadores do aterro? Qual foi a última nota
dada pela FEAM para o aterro?
20. O aterro está sendo ampliado? Cada ampliação recebe qual denominação pela empresa
VITAL (célula, unidade outra)? Alguma denominação foi sugerida pela FEAM?
21. Considerando cada ampliação como “célula”, quantas células são viáveis nesta área?
22. Não tenho este dado, ligar para 2109-8800 e falar com Marlene.
23. Com a ampliação, qual a estimativa de vida útil para a área do aterro como um todo?
24. Foi solicitado pela FEAM o RAP e/ou TAC para ampliação do aterro (novas células)? Já
existe previsão para a(s) nova(s) funcionar (em)? O processo de licenciamento já está em
andamento? Qual o prazo para o licenciamento desta(s)?
25. A FEAM exige o PRAD (Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas) para o selamento
do aterro ou célula atual? Já foi solicitado? Qual é o prazo e o custo disso?
25. Qual a geração diária total de resíduos na cidade de Ipatinga?
26. Qual a geração diária parcial dos resíduos (domésticos, comerciais, de serviços,
industriais, RSS, de varrição, de poda e capina, volumosos, de construção) na cidade de
Ipatinga?
27. Qual a quantidade proveniente de postos de gasolina?
119
28. Qual a quantidade de resíduos gerada no final do ano? Qual a quantidade de entulho
disposto no aterro frequêntemente? Quais empresas da cidade autorizadas a dispor o
entulho no aterro? Há informação sobre áreas da cidade autorizadas para o descarte de
entulho?
29. Qual a quantidade de resíduos volumosos dispostos no aterro frequentemente? Quais
desses resíduos geralmente são descartados?
30. Qual a quantidade diária de resíduo industrial que vai para o aterro? A empresa VITAL é
a única responsável pela coleta, transporte e disposição final desse tipo de resíduo no
aterro ou há outras empresas na cidade que prestam esse serviço? A empresa presta
serviço às indústrias mediante pagamento de algum taxa? Qual o custo desse serviço?
31. Qual a quantidade de resíduos perigososdispostos no aterro frequentemente? São resíduos
gerados apenas pela cidade ou por outros municípios? De qual classificação? Eles são
identificados e especificados na balança?
32. Todas as empresas cadastradas na prefeitura da cidade de Ipatinga depositam seus
resíduos industriais no aterro? Há quantas indústrias, comércio e serviços da cidade a
empresa VITAL presta serviço?
33. Há informações sobre outros locais além do aterro, onde as empresas depositam seus
resíduos industriais? Há informação sobre algum aterro industrial próximo que recebe
resíduos das indústrias da cidade?
34. Já existe algum local autorizado na cidade para recebimento de pilhas e baterias usadas?
35. Existe alguma previsão para instalação de um aterro industrial na cidade ou na região?
36. Que cidades estariam participando?
37. Há previsão para a exigência do CADRI (Certificado de Aprovação de Destinação de
Resíduos Industriais) ou já está sendo exigida alguma taxa das empresas para
identificação e disposição dos resíduos industriais no aterro?
Sobre Coleta Seletiva:
38. Se implantado o programa de Coleta Seletiva na cidade de Ipatinga, a empresa VITAL
pretende atuar na cidade como um todo ou já existe algum planejamento para avançar
gradativamente nos bairros? A empresa pretende atuar também na área rural? Atualmente
a empresa coleta o lixo da área rural? Qual a quantidade gerada nesta área?
39. No caso da Coleta Seletiva ser implanta, a empresa pretende investir na matéria orgânica
(compostagem, aproveitamento dos resíduos domiciliar, comercial e etc..) ou apenas será
120
responsável pela coleta, transporte e disposição final? Já existe algum planejamento ou
estudo de parcerias com a prefeitura ou universidade sobre essa questão?
40. Há algum estudo da empresa voltada para o aproveitamento do entulho ou do pneu? Caso
a Coleta Seletiva seja implantada, estes resíduos serão dispostos no aterro ou em áreas
autorizadas pela prefeitura ou FEAM?
41. Existe algum planejamento da empresa voltada para os catadores, atravessadores,
sucateiros e recicladores da cidade no caso da Coleta Seletiva ser implantada? Existe
algum estudo sendo elaborado em parceria com a prefeitura ou entidades?
42. Há informação da quantidade de lixo desviada pela coleta informal e, de quantas
toneladas por dia de lixo são recicladas na cidade atualmente?
43. Quais os materiais recicláveis que estão tendo um bom mercado atualmente na cidade?
Para onde estes estão sendo escoados?
44. Sobre os resíduos de serviço de saúde provenientes de clínicas, hospitais, Casa de Saúde,
a empresa VITAL cobra alguma taxa de prefeitura ou destes locais para realizar a coleta,
transporte, tratamento e disposição final? Existe alguma preocupação neste sentido?
45. Já existe uma estimativa de custo da empresa VITAL para a realização da Coleta Seletiva
na cidade? Qual o custo estimado desse serviço (por mês, por ano ou o custo da tonelada
de lixo)?
7.2 Apêndice B – Questionário 2) Empresa Vital Engenharia Ambiental
Entrevistado (a): Marlene Maria de Souza
Cargo: Supervisora
Data: 17/07/2012
Informações gerais:
1. Atualmente quais serviços são prestados à prefeitura de Ipatinga pela empresa Vital
Engenharia Ambiental? Qual o custo parcial desses serviços? Qual o custo total para a
realização desses serviços (por mês, por ano ou o custo/tonelada de lixo)? Quantos bairros
da cidade são atendidos?
2. Como a empresa divide os setores da cidade para a coleta? Qual o critério utilizado para
essa divisão: proximidade de bairros, melhor trajeto ou outros? Há algum levantamento
anual sobre a quantidade de resíduos erada por bairros ou por setores da cidade? Qual é
essa estimativa e quando ela foi levantada?
121
3. Há alguma estimativa ou estudo atual da empresa sobre a composição média do lixo
gerado na cidade de Ipatinga (% de vidro, plástico, metal, papel e papelão)? Quando foi
realizado?
4. A empresa coleta os produtos descartados por supermercados, restaurantes e lanchonetes?
Estes resíduos normalmente vão para o aterro? Há informações sobre alguma entidade da
cidade beneficiada com a doação destes produtos (prazo de validade prestes a vencer)?
5. A empresa participa ou colabora com alguma campanha ou instituição ambiental na
cidade ou região?
6. Há informação sobre o funcionamento de algum Bolsão de Resíduos na região de
Ipatinga?
Sobre o aterro:
7. Qual a área atual do aterro sanitário? Segundo o representante da Vital Engenharia em 12
de setembro 2008, o aterro sanitário de Ipatinga deverá aguentará mais 25 anos. Já existe
uma avaliação mais atualizada pela FEAM?
8. A FEAM exige RAP (Relatório Ambiental Preliminar) para ampliação do novo aterro? O
processo de licenciamento já está em andamento?
9. A quem pertence o terreno onde funciona o aterro atual? A área corre o risco de
desapropriação? Alguma taxa de (aluguel) é paga pelo uso da área?
10. Qual a área total do aterro atual e há quanto tempo ele funciona? Qual era a vida útil
estimada para essa área? Quando esse cálculo foi previsto?
11. Como poderia ser classificado o aterro da cidade de Ipatinga – controlado ou sanitário?
12. O aterro de Ipatinga recebe resíduos de outros municípios? De quais?
13. O funcionamento do aterro é acompanhado pela prefeitura? Por qual departamento? Com
qual frequência?
14. Há monitoramento do aterro? Por qual órgão, empresa ou entidade? Com qual
frequência?
15. Há alguma restrição quanto à localização do aterro (fatores ambientais) ou quanto à
legislação?
16. Qual é o maior problema do aterro? Qual a estratégia para solucionar esse problema e
para o aterro se enquadrar nas exigências dos órgãos ambientais? A FEAM já estabeleceu
prazo, auto de inflação para a retirada dos catadores do aterro? Qual foi a última nota dada
pela FEAM para o aterro?
122
17. O aterro está sendo ampliado? Cada ampliação recebe qual denominação pela empresa
VITAL (célula, unidade outra)? Alguma denominação foi sugerida pela FEAM?
18. Considerando cada ampliação como “célula”, quantas células são viáveis nesta área?
19. Com a ampliação, qual a estimativa de vida útil para a área do aterro como um todo?
20. Foi solicitado pela FEAM o RAP e/ou TAC para ampliação do aterro (novas células)? Já
existe previsão para a(s) nova(s) funcionar (em)? O processo de licenciamento já está em
andamento? Qual o prazo para o licenciamento desta(s)?
21. A FEAM exige o PRAD (Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas) para o selamento
do aterro ou célula atual? Já foi solicitado? Qual é o prazo e o custo disso?
22. Qual a geração diária total de resíduos na cidade de Ipatinga?
23. Qual a geração diária parcial dos resíduos (domésticos, comerciais, de serviços,
industriais, RSS, de varrição, de poda e capina, volumosos, de construção) na cidade de
Ipatinga?
24. Qual a quantidade proveniente de postos de gasolina?
25. Qual a quantidade de resíduos gerada no final do ano?
26. Qual a quantidade de entulho disposto no aterro frequêntemente? Quais empresas da
cidade autorizadas a dispor o entulho no aterro? Há informação sobre áreas da cidade
autorizadas para o descarte de entulho?
27. Qual a quantidade de resíduos volumosos dispostos no aterro frequentemente? Quais
desses resíduos geralmente são descartados?
28. Qual a quantidade diária de resíduo industrial que vai para o aterro? A empresa VITAL é
a única responsável pela coleta, transporte e disposição final desse tipo de resíduo no
aterro ou há outras empresas na cidade que prestam esse serviço? A empresa presta
serviço às indústrias mediante pagamento de algum taxa? Qual o custo desse serviço?
29. Qual a quantidade de resíduos perigosos dispostos no aterro frequentemente? São
resíduos gerados apenas pela cidade ou por outros municípios? De qual classificação?
Eles são identificados e especificados na balança?
30. Todas as empresas cadastradas na prefeitura da cidade de Ipatinga depositam seus
resíduos industriais no aterro? Há quantas indústrias, comércio e serviços da cidade a
empresa VITAL presta serviço?
31. Há informações sobre outros locais além do aterro, onde as empresas depositam seus
resíduos industriais? Há informação sobre algum aterro industrial próximo que recebe
resíduos das indústrias da cidade?
123
32. Já existe algum local autorizado na cidade para recebimento de pilhas e baterias usadas?
33. Existe alguma previsão para instalação de um aterro industrial na cidade ou na região?
Que cidades estariam participando?
34. Há previsão para a exigência do CADRI (Certificado de Aprovação de Destinação de
Resíduos Industriais) ou já está sendo exigida alguma taxa das empresas para
identificação e disposição dos resíduos industriais no aterro?
Sobre o Autoclave de RSS:
35. Qual a quantidade de RSS (Resíduos de Serviço de Saúde) que vai para o autoclavagem?
O autoclave recebe resíduos de outros municípios? Qual o custo/tonelada para o
autoclavagem dos resíduos? Já foram feitos ou estão previstos testes para verificação dos
tipos e quantidades de resíduos domésticos que são misturados com RSS? A FEAM já fez
alguma solicitação?
Sobre Coleta Seletiva:
36. Se implantado o programa de Coleta Seletiva na cidade de Ipatinga, a empresa VITAL
pretende atuar na cidade como um todo ou já existe algum planejamento para avançar
gradativamente nos bairros? A empresa pretende atuar também na área rural? Atualmente
a empresa coleta o lixo da área rural? Qual a quantidade gerada nesta área?
37. No caso da Coleta Seletiva ser implanta, a empresa pretende investir na matéria orgânica
(compostagem, aproveitamento dos resíduos domiciliar, comercial e etc..) ou apenas será
responsável pela coleta, transporte e disposição final? Já existe algum planejamento ou
estudo de parcerias com a prefeitura ou universidade sobre essa questão?
38. Há algum estudo da empresa voltada para o aproveitamento do entulho ou do pneu? Caso
a Coleta Seletiva seja implantada, estes resíduos serão dispostos no aterro ou em áreas
autorizadas pela prefeitura ou FEAM?
39. Existe algum planejamento da empresa voltada para os catadores, atravessadores,
sucateiros e recicladores da cidade no caso da Coleta Seletiva ser implantada? Existe
algum estudo sendo elaborado em parceria com a prefeitura ou entidades?
40. Há informação da quantidade de lixo desviada pela coleta informal e, de quantas
toneladas por dia de lixo são recicladas na cidade atualmente?
124
41. Quais os materiais recicláveis que estão tendo um bom mercado atualmente na cidade?
Para onde estes estão sendo escoados?
42. Sobre os resíduos de serviço de saúde provenientes de clínicas, hospitais, Casa de Saúde,
a empresa cobra alguma taxa de prefeitura ou destes locais para realizar a coleta,
transporte, tratamento e disposição final? Existe alguma preocupação neste sentido?
43. Já existe uma estimativa de custo da empresa para a realização da Coleta Seletiva na
cidade? Qual o custo estimado desse serviço (por mês, por ano ou o custo da tonelada de
lixo)?
7.3 Apêdice C - Questionário 3) Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de
Ipatinga
Entrevistado(a): Sr. José Geraldo Isaias
Cargo: Tesoureiro
Realizado em: 28/08/2012
Sobre Cooperativa/Associação:
1. Quando foi fundada e iniciada associação?
2. Tem algum programa da prefeitura que é dirigido à associação ou cooperativa?
3. Existe parceria da prefeitura / associação? Se for afirmativo quais são os subsídios?
4. Existe alguma exigência para ser cooperado ou associado?
5. Como acontece a inserção de novos cooperados / associados?
6. Qual o motivo que o levou ser cooperado ou associado?
7. Qual a relação entre os cooperados ou associados e os catadores informais?
8. Existe alguma dificuldade enfrentada pela organização? Qual(is)?
9. O que fazer no caso de cooperado ou associado não cumprir o contrato?
10. Quantas pessoas trabalham junto à organização? Todos são cooperados ou associados?
11. Existe algum trabalho social desenvolvido com os trabalhadores?
12. Como são distribuídos / alocados os cooperados / associados?
a) Coleta; Quantidade: __________.
b) Enfardamento; Quantidade: __________.
c) Triagem; Quantidade: __________.
d) Limpeza; Quantidade: __________.
125
e) Outro; Qual? _________. Quantidade: ________.
13. A associação conhece alguém ou algum condomínio que faz coleta seletiva? Tem
interesse em participar da coleta seletiva nesse condomínio? Se possível justificar.
14. Qual a frequência do recolhimento de matérias recicláveis nos bairros (diária, semanal,
quinzenal)?
15. Qual a abrangência (extensão) das áreas /bairros de coleta de materiais recicláveis?
16. Alguns catadores não possuem meio de transporte para buscar os materiais. Como fazer
nessa situação?
17. Que materiais podem ser destinados à associação de catadores?
18. Existem dados estatísticos disponíveis sobre a quantidade de materiais recicláveis
acumulados, diária ou semanalmente, nas residências e nos bairros?
19. Quais são as fontes dos materiais recicláveis?
( ) Catadores autônomos;
( ) Coleta seletiva;
( ) Indústrias;
( ) Condomínios;
( ) Outros; Quais? ________________________________________________
20. Que tipo de beneficiamento é dado aos materiais?
Plástico: ( ) lava;
( ) Tritura;
( ) Separa por tipos;
( ) Outro(s). Quais? ________________________________________
Vidro: ( ) lava;
( ) Tritura;
( ) Separa por tipos;
( ) Outro(s). Quais? _________________________________________
Alumínio: ( ) lava;
( ) Tritura;
( ) Separa por tipos;
( ) Outro(s). Quais? _______________________________________
Papel: ( ) lava;
( ) Tritura;
( ) Separa por tipos;
( ) Outro(s). Quais? __________________________________________
126
21. Alguns materiais coletados pela associação podem ser reaproveitados na região? Como
fazer?
22. Qual a quantidade de horas trabalhadas?
23. Qual o seu grau de escolaridade?
( ) Analfabetos;
( ) Ensino Fundamental;
( ) Ensino Médio;
( ) Ensino Superior.
Catadores (Cooperados / Associados / Informais)
24. Sabe ler ou escrever?
( ) Sim;
( ) Não.
25. Qual seu grau de escolaridade?
26. Desde quando é catador? O que fazia antes?
27. O que levou a escolher esta profissão?
28. Mais pessoas da sua família trabalham como catadores?
( ) Não;
( ) Sim. Quantos? ________. Quem?__________________________________
29. Trabalha de forma autônoma ou ligada à associação / cooperativa?
30. Quais os problemas que vê em ser catador? (colocar em ordem de prioridade)
( ) O contato com o lixo;
( ) A falta de segurança;
( ) O rendimento instável;
( ) A falta de seguro médico;
( ) Outro.
31. Quais as vantagens que vê em ser catador? (colocar em ordem de prioridade)
( ) O ganho seguro;
( ) A possibilidade de manter a família;
( ) A fato de trabalhar com mais liberdade;
( ) Outro.
32. O pagamento é feito pontualmente?
( ) Sim;
127
( ) Não.
33. Como é a divisão de trabalho na associação / cooperativa?
34. Como é feita a venda dos produtos?
35. Como é feita a divisão do rendimento obtido com a venda do material?
36. Os dias em que não trabalha são descontados?
( ) Sim;
( ) Não.
37. Quais outros fatores de disciplina são postos em prática?
( ) Horários;
( ) Proibição de bebida;
( ) Brigas com o colega;
( ) Outros; Quais? ________________________________________________
38. Se pudesse escolher, preferiria trabalhar por conta?
( ) Não;
( ) Sim.
Por quê?
39. O que poderia modificar a situação da associação / cooperativa? (colocar em ordem de
prioridade)
( ) Apoio do poder público;
( ) Acesso a programas sociais ( bolsa família, banco do povo, etc.);
( ) Melhor pagamento;
( ) A venda sem atravessadores;
( ) Outro fator; Qual? ______________________________________________
40. Em sua opinião as pessoas produzem muito lixo?
( ) Sim;
( ) Não.
41. O que poderia ser feito para melhorar a vida do catador?
Sobre comercialização de materiais recicláveis:
42. Quais são os materiais comercializados?
43. Qual a quantidade comercializada mensalmente?
44. Qual a receita gerada mensal com a comercialização?
128
45. Quem são os receptores finais (indústrias recicladoras, depósitos / Aparistas)?
46. Existem materiais coletados pela associação que não podem reciclados ou vendidos?
Como fazer?
47. Como são aplicados os recursos provenientes da venda dos materiais recicláveis? (como
são divididos, quanto cada trabalhador recebe, qual o critério).
48. Quais são os custos da organização? Obs.: (identificar custos com água, luz, remuneração
dos cooperados/associados, equipamentos, operação, manutenção).