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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL ROSÂNGELA MARIA COSTA BERNARDINO BIBLIOTECAS PÚBLICAS: ações culturais voltadas para o desenvolvimento local? Belo Horizonte 2015

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO SOCIAL,EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

ROSÂNGELA MARIA COSTA BERNARDINO

BIBLIOTECAS PÚBLICAS: ações culturais voltadas para o

desenvolvimento local?

Belo Horizonte

2015

ROSÂNGELA MARIA COSTA BERNARDINO

BIBLIOTECAS PÚBLICAS: ações culturais voltadas para o

desenvolvimento local?

Dissertação de mestrado apresentada aoPrograma de Pós-Graduação em GestãoSocial, Educação e Desenvolvimento Local doCentro Universitário UNA, como requisitoparcial à obtenção do grau de Mestre.

Área de concentração: Inovações Sociais,Educação e Desenvolvimento Local.

Linha de pesquisa: Gestão Social eDesenvolvimento local.

Orientadora: Profª. Drª. Áurea ReginaGuimarães Thomazi.

Belo Horizonte

2015

Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras

B523b Bernardino, Rosângela Maria Costa

Bibliotecas públicas: ações culturais voltadas para o desenvolvimento local?/

Rosângela Maria Costa Bernardino. –2015.

144 f.

OrientadoraProfa. Dra. Áurea Regina Guimarães Thomazi.

Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA,2015. Programa de Pós-

graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local.

1.Bibliotecas públicas – programas culturais 2. Bibliotecas e comunidade.

3.Desenvolvimento social. I.Thomazi, Áurea Regina Guimarães. II. Centro

Universitário UNA. III. Título.

CDU: 658.114.8

À minha mãe, por representarinspiração constante em minha vida;

minha filha e meu esposo, que são osmotivos de esforço e dedicação nos

projetos que realizo.

AGRADECIMENTOS

A Deus, meu refúgio e minha força em todas as horas.

À minha orientadora, profa. Áurea Regina Guimarães Thomazi, por sua competente

e comprometida orientação, pela paciência e compreensão de minhas inquietações

e por apontar caminhos que por muitas vezes me pareciam obscuros.

A todos os professores do mestrado, pelos ensinamentos e contribuições à minha

formação.

Aos colegas do mestrado, pelo compartilhamento de experiências, amizade e pela

leveza que me ajudaram a superar as dificuldades e de um modo especial, Márcia e

Maria Cláudia.

Ao meu esposo, filha, genro, mãe, irmãos, cunhados e sobrinhos pelo incentivo

constante.

Aos meus cunhados (irmãos de meu esposo), pois sem eles talvez tivesse desistido

deste sonho.

Aos meus colegas de trabalho da Biblioteca da Faculdade de Letras / UFMG pelo

carinho e apoio.

Ao Prefeito (Ronaldo Antônio Zica da Costa), Secretária de Educação (Luciana

Maria Silva), funcionários da Biblioteca Pública de Dores do Indaiá (Ângela, Ivone,

Solange), e de modo especial ao Derly Fernando de Araújo, por proporcionar

condições para desenvolver e concluir a pesquisa.

Aos participantes da pesquisa, por terem a percepção de que este trabalho visa

melhorias para a cidade de Dores do Indaiá, contribuindo com o desenvolvimento

local.

A todos que de alguma forma tornaram possível a concretização deste mestrado.

“ Somos todos feitos do que os outros sereshumanos nos dão: primeiro nossos pais, depoisaqueles que nos cercam; a literatura abre aoinfinito essa possibilidade de interação com os outros e, por isso, nos enriquece infinitamente.”

Tzevetan Todorov (A literatura em perigo, 2009)

RESUMO

Muitas bibliotecas públicas estão passando por mudanças em sua estrutura física einformacional para se tornarem espaços multifuncionais que possam atender àdemanda de todas as faixas etárias, das mais diferentes camadas sociais, dosindivíduos que frequentam os bancos escolares e também daqueles que jáfrequentaram ou que nunca tiveram o acesso a elas. Entretanto, algumas bibliotecasainda não conseguiram alcançar esse objetivo de atendimento mais amplo,dinâmico e democrático. Assim, a presente dissertação teve como objetivo investigarquais ações culturais a população da cidade de Dores do Indaiá (MG) gostaria quefossem implantadas na biblioteca pública local, além de sugestões relativas àinfraestrutura para que ela possa melhorar este espaço informacional. Numaabordagem quanti-qualitativa, utilizou-se o questionário como instrumento de coletade dados, em uma pesquisa de campo ,junto a 120 indivíduos de todas as faixasetárias que frequentam a biblioteca, já frequentaram ou nunca tiveram o interesseem frequentá-la e que residem nas proximidades ou longe dela na cidade deDores do Indaiá. O resultado final da pesquisa gerou um relatório e uma propostatécnica que serão encaminhados ao poder público municipal, propondo dentro daspossibilidades, sua implantação a curto, médio e longo prazo,visando modernizaresta instituição tão importante para a promoção da socialização, da interação entre acomunidade e que pode contribuir com o desenvolvimento local.

PALAVRAS-CHAVE: Biblioteca pública. Ações culturais. Desenvolvimento local

ABSTRACT

Many public libraries are undergoing changes in their physical and informationstructure to become multifunctional spaces that can give access to an audience of allages, from different social classes, individuals who attend school and also those whohave attended or never had access to them. However, some libraries have failed toreach this goal of dynamic and democratic broader service. Thus, the present workaimed to investigate which cultural activities the city's population of Dores de Indaiá(MG) would like to see implemented in the local public library, as well as suggestionsconcerning infrastructure so that it can improve this information center. A quantitativeand qualitative approach, we used the questionnaire as a data collection instrumentin a field survey, along with 120 individuals of all ages, residing near or away frominstitution in the city of Dores do Indaiá, divided into three groups: who attend thelibrary, who used to attend it or who have never had the interest to attend it. Theresearch findings have generated a report and a technical proposal that will beforwarded to the municipal government. It proposes, within the possibilities, theirshort, medium and long term deployment, to modernize this institution because of itsimportance in promoting socialization,the community interaction and the contributionto local development.

Keywords: Public libraries. Cultural activities. Local development

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Biblioteca Parque de Medellín............................................ 30

Figura 2 Biblioteca Parque de Manguinhos (RJ).............................. 35

Figura 3 Biblioteca Pública de Niterói (RJ)....................................... 36

Figura 4 Biblioteca Parque da Rocinha (RJ)..................................... 37

Figura 5 Biblioteca Parque Estadual (RJ)......................................... 38

Figura 6 Biblioteca de São Paulo...................................................... 39

Figura 7 Biblioteca Parque Villa Lobos (SP)..................................... 40

Figura 8 Localização da Biblioteca Pública de Dores do Indaiá ..... 65

Figura 9 Grau de importância de atividades culturais...................... 85

Figura 10 Contação de histórias (Biblioteca Pública Municipal de Bom Despacho (MG)......................................................... 112

Figura 11 Espaço para assistir filmes na Biblioteca Parque da Rocinha (RJ)....................................................................... 113

Figura 12 Palestras............................................................................. 113

Figura 13 Biblioteca de São Paulo...................................................... 115

Figura 14 Biblioteca pública oferecendo atividades para idoso.......... 115

Figura 15 Espaço infantil da Biblioteca Parque Villa Lobos................ 117

Figura 16 Novos modelos de estantes para bibliotecas..................... 117

Figura 17 Acesso a internet............................................................... 118

Figura 18 Biblioteca Parque Villa Lobos (SP) – Jogos digitais.......... 119

Figura 19 Biblioteca Parque Villa Lobos (S) - DVDteca..................... 120

Figura 20 Biblioteca itinerante............................................................ 121

Figura 21 Tricicloteca em Alegrete (RS)............................................ 122

Figura 22 Biblioteca Municipal Professor Barreiro Filho (Florianópolis)..................................................................... 124

Figura 23 Biblioteca São Paulo – Acessibilidade (1).......................... 125

Figura 24 Livro em Braille – Acessibilidade (2)................................... 125

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Gênero................................................................................ 70

Gráfico 2 Faixa etária......................................................................... 71

Gráfico 3 Escolaridade....................................................................... 72

Gráfico 4 Distância do bairro em relação a biblioteca........................ 73

Gráfico 5 Bairro onde reside............................................................... 73

Gráfico 6 Significado do espaço Biblioteca........................................ 74

Gráfico 7 Sentimentos ao entrar em uma biblioteca.......................... 76

Gráfico 8 Frequência na Biblioteca Pública de Dores do Indaiá.................................................................................. 78

Gráfico 9 Frequência de utilização da na Biblioteca Pública de Dores do Indaiá................................................................... 79

Gráfico 10 Motivos para frequentar a na Biblioteca Pública de Dores do Indaiá............................................................................. 80

Gráfico 11 Motivos para não frequentar mais a na Biblioteca Pública de Dores do Indaiá............................................................. 81

Gráfico 12 Motivos porque nunca frequentou a na Biblioteca Pública de Dores do Indaiá............................................................. 82

Gráfico 13 Frequência em outra biblioteca.......................................... 83

Gráfico 14 Época em que frequentou outra biblioteca......................... 83

Gráfico 15 Bibliotecas que frequenta ou já frequentou........................ 84

Gráfico 16 Sugestões para melhoria da na Biblioteca Pública de Dores do Indaiá.................................................................. 86

Gráfico 17 Gosto pela leitura de livros................................................. 87

Gráfico 18 Gênero de livros.................................................................. 87

Gráfico 19 Gosto pela leitura de jornais e revistas............................... 88

Gráfico 20 Revistas preferidas............................................................. 89

Gráfico 21 Jornais preferidos............................................................... 89

Gráfico 22 Gosto por filmes.................................................................. 90

Gráfico 23 Preferência por gêneros cinematográficos................................................................. 91

Gráfico 24 Gosto por música................................................................ 91

Gráfico 25 Gêneros musicais preferidos.............................................. 92

Gráfico 26 Acervo voltado para campo profissional............................. 92

Gráfico 27 Área de atuação.................................................................. 93

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Municípios que responderam o recadastramento das bibliotecas públicas municipais do Estado de Minas Gerais................................................................................. 32

Tabela 2 Municípios com bibliotecas públicas no Estado de Minas Gerais................................................................................. 33

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

BPE Biblioteca Pública Estadual

BPVL Biblioteca Parque Villa Lobos

BSP Biblioteca de São Paulo

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CDs Compact Discs

DVD Digital Versatile Disc

ENEM Exame Nacional de Ensino Médio

FBN Fundação Biblioteca Nacional

FACEB Faculdade de Educação de Bom Despacho

FEBAB Federação Brasileira de Associação de Bibliotecários

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFLA International Federation of Library Associations and Institutions

INL Instituto Nacional do Livro

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

MPB Música Popular Brasileira

NBR Norma Brasileira

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PHL Personal Home Library

PIS/PASEP Programa de Integração Social/Programa de Formação do Patrimônio

do Servidor Público

PNLL Programa Nacional do Livro e da Leitura

PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

SEBPM Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas Municipais de Minas

Gerais

SNBP Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas

SUBSL Superintendência de Bibliotecas Públicas e Suplemento Literário

TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido

TIC’S Tecnologias de informação e comunicação

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

UNIFOR Centro Universitário de Formiga

SUMÁRIO1

INTRODUÇÃO............................................................................................

13

1 BIBLIOTECAS PÚBLICAS E AÇÕES CULTURAIS COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO LOCAL................................................................ 161.1 Introdução............................................................................................. 17

1.2 Bibliotecas públicas: antecedentes...................................................... 20

1.3 Bibliotecas públicas e políticas públicas............................................... 40

1.4 Ações culturais nas bibliotecas públicas e o desenvolvimento local... 45

1.5 Considerações finais............................................................................ 50

Referências.......................................................................................... 51

2 A BIBLIOTECA PÚBLICA NA PERSPECTIVA DA POPULAÇÃO DE DORES DO INDAIÁ............................................................................... 582.1 Introdução............................................................................................. 59

2.2 A biblioteca pública e as ações culturais.............................................. 61

2.3 Dores do Indaiá: breve histórico........................................................... 63

2.4 A biblioteca pública municipal de Dores do Indaiá............................... 63

2.5 A pesquisa de campo........................................................................... 66

2.6 Como a população dorense percebe a biblioteca pública.................... 70

2.6.1 Perfil dos respondentes..................................................................... 70

2.6.2 Percepções sobre a biblioteca.......................................................... 74

2.6.3 Frequência de uso de bibliotecas...................................................... 77

2.6.4 Sugestões.......................................................................................... 84

2.6.5 Gosto pela leitura.............................................................................. 87

2.7 Considerações finais............................................................................ 93

Referências.......................................................................................... 95

1 Este trabalho foi revisado de acordo com as novas regras ortográficas aprovadas pelo Acordo Ortográfico assinado entre os países que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em vigor no Brasil desde 2009. E foi formatado de acordo com a ABNT NBR 14724 de 17.04.2011.

3 PROPOSTA TÉCNICA DE DINAMIZAÇÃO DA BIBLIOTECA PÚBLICA DE DORES DO INDAIÁ (MG)................................................. 983.1 Introdução............................................................................................. 99

3.2 Produto técnico..................................................................................... 101

3.2.1 Relatório a ser encaminhado ao Poder Público Municipal de Dores do Indaiá (MG)................................................................................... 1023.2.1.1 Introdução....................................................................................... 102

3.2.1.2 Relato da pesquisa......................................................................... 104

3.2.1.3 Análise dos dados.......................................................................... 106

3.2.2 Proposta técnica................................................................................ 109

3.3 Considerações finais............................................................................ 125

Referências.......................................................................................... 127

REFLEXÕES FINAIS................................................................................. 131

APÊNDICES............................................................................................... 133

Apêndice 1.................................................................................................. 133

Apêndice 2.................................................................................................. 138

Apêndice 3.................................................................................................. 141

ANEXOS..................................................................................................... 144

Anexo 1...................................................................................................... 144

13

INTRODUÇÃO

De acordo com o Manifesto da UNESCO (1994),

a biblioteca pública – portal local de acesso aoconhecimento – proporciona as condições básicas para aeducação permanente, a tomada de decisõesindependentes e o desenvolvimento cultural do indivíduoe dos grupos sociais.

Ela é uma instituição que deve colocar à disposição da comunidade onde está

inserida uma variedade de serviços para que possa atender às necessidades

informacionais dos indivíduos de todas as classes sociais em seus estudos,

lazer e entretenimento, sem perder de vista a promoção do gosto pela leitura.

Dessa forma, a biblioteca poderá contribuir com mudanças significativas na

comunidade e promover o desenvolvimento local.

O que se percebe, entretanto, em uma grande parte das bibliotecas brasileiras,

é o inverso. Elas sofrem muito com a falta de recursos materiais, estruturais,

financeiros e humanos. Os acervos, na maioria das vezes, estão

desatualizados, faltam computadores, telefone e outros equipamentos, assim

como mobiliário adequado para atender especialmente as crianças e as

pessoas portadoras de deficiência física; os prédios são inapropriados e falta

treinamento e capacitação para os funcionários que lá trabalham. A biblioteca,

objeto de estudo desta dissertação de mestrado, também não foge a esta

realidade. Ela sofre com toda a falta de infraestrutura, deixando assim de

realizar um trabalho de qualidade para o local onde atua.

Com o advento das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) e

a globalização, uma pequena parte das bibliotecas públicas começaram a

mudar seus paradigmas e estão procurando ser mais multifuncionais e

atraentes para atender de forma mais satisfatória seus usuários. Em alguns

países, como Colômbia e Chile, há uma maior conscientização dos

governantes sobre o papel das bibliotecas públicas e houve um investimento

nessa área, criando as chamadas “Bibliotecas Parques”. No Brasil, este novo

modelo de biblioteca que investe em produtos e serviços com vistas a contribuir

com o desenvolvimento local já começa a ser seguido e já está funcionando

nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Esse é, portanto, um dos grandes

14

desafios para as bibliotecas públicas no século XXI, ou seja, cumprir a sua

missão como instituição social, não apenas “guardando livros”, mas

promovendo o desenvolvimento local.

A biblioteca, objeto desse estudo, encontra-se localizada na cidade de Dores

do Indaiá (MG) no centro-oeste mineiro. Ela não consegue ajustar-se às

necessidades informacionais da comunidade para que possa cumprir seu papel

social, fazendo com que seja um espaço para o encontro, a socialização e a

interação entre as classes sociais e faixas etárias devido a falta de recursos

próprios e uma maior visibilidade. Na cidade de Dores do Indaiá não há

nenhum espaço cultural que possa desenvolver esta função.

Neste estudo, para investigar os anseios da comunidade a respeito de ações

culturais que poderiam ser desenvolvidas neste espaço, usou-se como

metodologia a pesquisa quanti-qualitativa, sendo aplicado um questionário

contendo questões abertas e fechadas que versaram sobre percepções sobre

a biblioteca, frequência de uso de bibliotecas, sugestões, gosto pela leitura e

perfil dos respondentes. Os sujeitos da pesquisa foram pessoas de todas as

faixas etárias da população de Dores do Indaiá que residem nas proximidades

ou longe da biblioteca, que frequentam, já frequentaram ou nunca

frequentaram este espaço. Participaram da pesquisa 120 indivíduos, sendo

dezesseis crianças até a idade de 13 anos, vinte e três entre os 14 e 20 anos,

dez entre 21 e 30 anos, trinta e quatro entre os 31 e 50 anos, dezenove entre

51 e 59 anos, dezesseis acima de 60 anos e dois não responderam a qual faixa

etária pertenciam.

O presente estudo é composto por três capítulos em forma de artigo, além

desta Introdução e das Reflexões Finais. O Capítulo 1 traz um breve histórico

das bibliotecas fazendo um recorte cronológico a partir do século XIX, quando

elas surgem com as mesmas características de uma grande parte das

existentes atualmente. Retrata também o novo paradigma das bibliotecas

multifuncionais, tecendo um breve relato das bibliotecas da Colômbia, Chile,

Rio de Janeiro e São Paulo. São as chamadas “Bibliotecas Parque” que

desenvolvem vários serviços, como por exemplo, as ações culturais, porém

com o enfoque no desenvolvimento local. Em seguida, são relatadas as

políticas públicas relativas à bibliotecas desde 1935 até os dias atuais e

15

finalizando com o tema “ações culturais” e “desenvolvimento local”. O Capítulo

2 é referente à pesquisa de campo na qual é relatada a metodologia utilizada e

a análise dos dados coletados por meio dos questionários. O Capítulo 3

refere-se ao produto técnico constituído por um relatório e uma proposta

técnica a ser encaminhado ao Poder Público local apresentando o resultado da

pesquisa e propondo algumas sugestões para que a biblioteca possa se tornar

uma instituição importante para a comunidade de Dores do Indaiá , cumprindo

suas diversas funções.

A expectativa é que os resultados da pesquisa possam contribuir para

discussões e reflexões acerca do futuro da Biblioteca Pública de Dores do

Indaiá e fazer com que ela possa cumprir sua missão social e contribuir com o

desenvolvimento local.

16

1 BIBLIOTECAS PÚBLICAS E AÇÕES CULTURAIS COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO LOCAL

Public libraries and cultural actions as local development factor

Rosângela Maria Costa Bernardino2

Áurea Regina Guimarães Thomazi3

RESUMO

Este capítulo, em forma de artigo aborda o papel fundamental que asbibliotecas públicas exercem na sociedade para o aprimoramento e odesenvolvimento da cidadania. Mas para que isso aconteça, é importante queelas correspondam às necessidades da comunidade onde estão inseridas paraque sejam bem utilizadas por todos, embora isso nem sempre ocorra. Aimplantação de ações culturais e políticas públicas tem sido um fatorimpactante nas bibliotecas públicas frente à necessidade de inserção dosindivíduos neste espaço. Estas ações as tornam mais visíveis e podemcontribuir para que os cidadãos comecem a se sentir fazendo parte delas. Pormeio de uma diversidade de ações culturais percebe-se que esses espaços deleitura podem desenvolver de forma mais efetiva seu papel social no lugar ondeatuam, vindo a contribuir para a melhoria na qualidade de vida e nodesenvolvimento local.

Palavras-chave: Biblioteca pública. Ações culturais. Desenvolvimento local.

2Especialista em Arquitetura e Organização da Informação pela Escola de Ciência da Informação da UFMG. Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA/BH/MG.

3Doutora em Ciências da Educação pela Universidade Paris V. Professora adjunta do Centro Universitário UNA/BH/MG e FAE/UEMG.

17

ABSTRACT

The article discusses the key role that public libraries play in society for theimprovement and the development of citizenship. There by for this to happen,the public libraries need to be adapted to the community demands where theyare inserted so that the services provided by them could be better enjoyed andused by all. The implementation of cultural activities and public politics has beena impactful component in public libraries front of the need for inserting people inthis space. These actions make the library importance more apparent to thecommunity where they operate and can contribute in such a way that usersbegin to feel themselves part of the libraries. Through a variety of culturalactivities it is clear that these reading spaces can develop more effectively theirsocial role and can contribute to improve the users’ quality of life, and thedevelopment of the surrounding where the public library is located.

Keywords: Public Library. Cultural activities. Local development.

1.1 Introdução

O advento da Internet no Brasil na década de 1990, quando passou a ser de

acesso público, trouxe grandes avanços para a sociedade, pois muito facilitou

para uma grande variedade de serviços, ampliando também as formas de

comunicação que passaram a ser sem fronteiras, aproximando culturas

diferentes e fazendo com que as informações chegassem em tempo real. Mas,

se por um lado a Internet foi bastante benéfica, por outro, provocou uma

modificação nas relações humanas. O isolamento social aumenta a cada dia,

tirando a oportunidade de as pessoas se socializarem em espaços públicos. Os

indivíduos estão priorizando a comunicação virtual e se afastando de espaços

informacionais que promovem o encontro, o debate presencial sobre temas que

dizem respeito à comunidade local e que possibilitam novas perspectivas de

vida voltadas para a cidadania e o desenvolvimento local. Nesse sentido, as

bibliotecas podem ser consideradas um desses espaços, mas muitas delas não

têm caminhado no mesmo ritmo das tecnologias para oferecer acervos

atualizados, promovendo atividades de interesse para toda a comunidade e

também espaços físicos aconchegantes e atraentes, fazendo com que as

pessoas tenham vontade de sair do isolamento social para frequentá-las.

18

As pessoas têm deixado de lado o ato de ler material impresso e de

compartilhar espaços de interação sociocultural presenciais; elas estão se

afastando umas das outras fisicamente, procurando amigos virtuais por meio

de redes sociais, havendo com isso certo abandono da sociabilidade física nas

cidades, como mostra Cabral (1999, p. 44):

É indiscutível que as novas mídias tiveramconsequências na direção da sociedade, ao modificarhábitos e padrões culturais, e influenciar a maneira comovemos a nós mesmos e o mundo que nos cerca. [...] Osmaiores riscos se referem ao isolamento de indivíduos egrupos fragmentados que, incapazes de se relacionarem,perdem suas referências culturais e ficam anestesiadosdiante da realidade, sem se preocuparem emcompreendê-la para agir sobre ela.

Boff (2000, p. 19) fortalece essa opinião ao afirmar que “há um descuido e um

abandono crescente da sociabilidade nas cidades. A maioria dos habitantes

sentem-se desenraizados culturalmente e alienados socialmente.”

Isto é muito preocupante, pois as pessoas acabam fechando o círculo de

amizades e deixam de lado aquelas pessoas ou grupos etários que não têm

acesso a redes sociais, seja por condições financeiras, seja pelo analfabetismo

digital ou mesmo por opção e acabam se isolando socialmente.

A biblioteca pública poderia ser considerada um espaço público, em que

diferentes segmentos da sociedade pudessem ser favorecidos,

independentemente de raça, religião, idade, sexo, condições sociais;

entretanto, muitas vezes, a população e os governos, sejam da instância

federal, estadual ou municipal, não dão o devido valor ou ignoram sua real

importância (FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, 2000).

Apesar de as bibliotecas públicas existirem no Brasil, segundo Araújo (2002),

desde 1811, observa-se que ainda hoje elas enfrentam inúmeros problemas

como a falta de investimentos em acervos atualizados, limites no acesso à

informação através das novas tecnologias, na capacitação de seus

funcionários, em espaços adequados, para que elas sejam ambientes

convidativos, aconchegantes e também pela falta de ações culturais que

19

possam transformar as pessoas e contribuir com o desenvolvimento local. Isto

foi comprovado no primeiro Censo Nacional das Bibliotecas Públicas

Municipais, realizado no ano de 2010 pela Fundação Getúlio Vargas (BRASIL,

2010).

De acordo com o Censo, a situação das bibliotecas públicas brasileiras ainda é

bastante crítica, pois estes espaços se apresentam como ambientes de

pequeno porte, com profissionais atuantes, na maioria das vezes não

qualificados, com grande parte de seus acervos desatualizados, compostos

apenas por doações e com a falta de informatização na maioria delas (BRASIL,

2010).

A biblioteca pública deve ser vista como uma instituição que deve prestar

serviços a toda a comunidade para poder desempenhar seu papel social,

cumprindo suas funções educacionais, informacionais, recreacionais ou de

lazer e culturais, contribuindo para a melhoria na qualidade de vida e no

desenvolvimento local e proporcionando acesso gratuito de informações para

todos.

Nessa perspectiva, Suaiden (2014, p. 5) alerta que

[...] está se tornando cada vez mais claro que, em ummundo globalizado, somente aquelas pessoas que têmacesso à informação e ao conhecimento terão melhoresoportunidades para atingir uma qualidade de vida melhore até mesmo deter o poder.

Para que a biblioteca se torne uma instituição prestadora de serviços a toda

comunidade, além do apoio do poder público local, é necessário que a

biblioteca estabeleça um vínculo com a população, a fim de conhecer seus

interesses e necessidades, visando, assim, contribuir para o desenvolvimento

cultural, social e intelectual dos indivíduos que a frequentam.

Suaiden (1995, p. 20) enfatiza estas necessidades ao afirmar que:

Na realidade a biblioteca pública deve constituir-se cadavez mais, em um centro convergente das aspiraçõescomunitárias, ou seja, dever ter uma identificação muitogrande com sua comunidade e contribuir para resolver osproblemas que são próprios a mesma comunidade.

20

Mas se por um lado existem bibliotecas tradicionais que não possuem uma

escuta em relação aos usuários e não correspondem às demandas da

sociedade, por outro, existem bibliotecas muito dinâmicas e diversificadas que

estão transformando a vida do local onde estão inseridas e também das

pessoas que as frequentam; elas estão incentivando o gosto pela leitura, a

aprendizagem continuada, mudando hábitos das pessoas de todas as classes

sociais que frequentam ou não estes espaços. Elas são conhecidas como

“bibliotecas-parques”, que de acordo com Silva (2012, p. 29), “ são

caracterizadas por sua arquitetura moderna e equipamentos de informática de

alta tecnologia configurando-se como centros culturais para o desenvolvimento

social e criada para incentivar o encontro dos cidadãos e o acesso às TICs.”

A autora enfatiza também que elas devem oferecer ambientes agradáveis e

propícios a momentos de estudo e lazer de forma a contribuir para o

enriquecimento da vida da comunidade. Assim sendo, além da leitura e

empréstimo de obras em diversos suportes, elas oferecem uma diversidade de

serviços e ações culturais voltadas para o desenvolvimento local. Elas têm o

apoio do Estado, dos profissionais que lá trabalham e da comunidade onde

atuam.

1.2 Bibliotecas públicas: antecedentes

Para que se possa entender a situação das bibliotecas públicas na atualidade,

torna-se necessário um breve histórico. Elas surgiram na Antiguidade entre as

civilizações da Mesopotâmia, do Egito, Roma e Grécia. As bibliotecas que mais

se destacaram nessa época foram a Biblioteca de Nínive, na Mesopotâmia,

que surgiu no século VII a.C. e que pertencia ao rei da Assíria, o Imperador

Assurbanipal, e também a Biblioteca de Alexandria, no Egito. Esta última

biblioteca foi construída no início do século III a.C., sob o governo do Rei

Ptolomeu II Filadelfo, sendo considerada a maior biblioteca de todos os

tempos. De acordo com Barros (2002, p. 28),

[...] o rei Ptolomeu II pretendia adquirir os livros do mundointeiro e traduzi-los para a língua grega. Ela teve uma

21

existência de aproximadamente 10 séculos e seu fimpermanece um mistério de acordo com a história doEgito. [...] essa biblioteca possibilitou a humanidade oresgate do conhecimento e das culturas passadas, quedesencadeou inúmeras teorias científicas, decisivas parao avanço das ciências e das transformações sociais.

Durante a Idade Média as bibliotecas concentravam-se nos mosteiros, pois

ainda segundo esse autor (p. 42), toda a história dos livros e das bibliotecas

“têm sua trajetória voltada para a religião e o fortalecimento da vida cristã na

busca da fé.” Até este período da história as bibliotecas serviam a pequenos

grupos sociais como monarquias ou religiosos.

O recorte cronológico da história das bibliotecas nesse artigo, dará ênfase no

período a partir do século XIX, quando surgem as bibliotecas públicas com as

características das existentes atualmente. Nesta época, o conhecimento

chegou mais facilmente à população, mas não igualmente para todos,conforme

relata Barros (2002).

As bibliotecas públicas surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos na

segunda metade do século XIX e tinham o objetivo de atender a uma grande

parte da sociedade, segundo Almeida Júnior (2003, p. 66). Existem

controvérsias sobre o seu surgimento; alguns autores defendem que elas

surgiram após a Revolução Industrial que demandava mão de obra qualificada,

e assim a biblioteca seria o espaço onde os trabalhadores que não estavam

estudando poderiam se aperfeiçoar.

Wada (1985, p.16) esclarece:

Os homens da classe dominante viam nas bibliotecasuma forma de atenuar os problemas sociais. Assim foramimpostas ao povo, sem terem sido resultantes de umademanda popular. O desenvolvimento industrialdemandava uma mão-de-obra especializada e abiblioteca pública surgiu como meio de aperfeiçoamentodos trabalhadores que estavam fora do ensino formal.

Almeida Júnior (2003, p. 66) relata que outros autores defendem que o motivo

primordial para o aparecimento da biblioteca pública foi a reivindicação da

população por acesso à educação gratuita após a Revolução Francesa: “a

população começa nessa época, a exigir que o Estado ofereça condições para

22

acesso de seus filhos à educação”. Assim, a biblioteca pública veio para dar um

suporte a esta reivindicação.

Conclui-se que, tanto a Revolução Industrial quanto a Revolução Francesa

contribuíram para o surgimento das bibliotecas públicas. Enquanto a revolução

industrial cobrava a necessidade de mão de obra qualificada, a revolução

francesa exigia maior democratização da educação.

Enquanto na Europa o acesso ao livro ficava restrito somente à elite

aristocrática, pois a maioria era analfabeta ou semianalfabeta, nos Estados

Unidos, já no século XIX, houve uma aceleração maior referente ao

crescimento do número de bibliotecas.

De acordo com Pimentel (2006), além das bibliotecas que foram criadas pelo

governo, outras foram criadas pelo próprio povo que necessitava de melhores

condições de vida, que promovesse o acesso à cultura, informação e educação

do povo.

Ainda sobre o século XIX, Campos (1994, p.213-214) enfatiza que

Nos Estados Unidos foram criadas novas bibliotecaspúblicas e tratou-se de melhorar as já existentes, poisentendeu-se, mais que na Europa, que elas tinham umimportante papel cultural a desempenhar. Paralelamenteaos investimentos do governo no sistema de bibliotecas,apareceram associações de amigos com o objetivo deprover as bibliotecas de maiores recursos e modernizá-las ainda mais.

Conforme Barros (2002) e Almeida Júnior (2013), pode-se constatar que as

bibliotecas não estavam alheias aos acontecimentos da época, como a

Revolução Industrial e a Revolução Francesa; elas acompanhavam as

transformações da sociedade.

No Brasil, no período colonial, existiam somente bibliotecas particulares e de

mosteiros; até mesmo a Real Biblioteca, trazida por D. João, é considerada por

muitos autores como uma biblioteca particular, pois somente os eruditos

podiam frequentá-la e ela foi apenas uma transferência de Lisboa para o Brasil.

As bibliotecas públicas surgiram somente a partir de 1811 para atender a uma

pequena parte da população já alfabetizada, e aqueles que exerciam atividades

23

ligadas à vida religiosa, ao ensino ou à burocracia do Estado, segundo relatos

de Oliveira (1994).

Enquanto em outros países a criação destes espaços partia de iniciativas dos

governos, aqui eram patrocinadas por cidadãos que possuíam melhor poder

aquisitivo. Pedro Gomes Ferrão de Castello Branco, por exemplo, rico senhor

de engenho, encaminhou ao Conde dos Arcos, então governador da Capitania

da Bahia, um projeto solicitando a aprovação do plano para a fundação da

biblioteca local. O plano foi aprovado em 30 de abril e a biblioteca foi

inaugurada no Colégio dos Jesuítas em Salvador (BA) no dia 04 de agosto

(SUAIDEN, 2000).

Ainda de acordo com o autor, quinze anos após a implantação desta biblioteca,

foi criado em São Paulo o primeiro Centro de Informação visando contribuir

para que a população ficasse mais esclarecida. Este Centro é a atual Biblioteca

Pública Municipal Mário de Andrade. Ela foi um marco importante para a cultura

brasileira e um exemplo para toda a América Latina.

Nesta época as bibliotecas públicas eram chamadas de “bibliotecas populares”

e em um de seus discursos Andrade (1957, p.7) salientou:

A criação de bibliotecas populares me parece uma dasatividades mais necessárias para o desenvolvimento dacultura brasileira. Não que essas bibliotecas venhamresolver qualquer disseminação no povo do hábito de ler,se bem orientada, criará fatalmente uma populaçãourbana mais esclarecida, mais capaz de vontade própria,menos indiferente à vida nacional.

Em 1829, foi criada a segunda biblioteca pública, que se localizava no estado

do Maranhão. Segundo Suaiden (1995), somente a partir de 1848 foram

fundadas outras bibliotecas na seguinte sequência: 1848 (Sergipe), 1852

(Pernambuco), 1855 (Santa Catarina e Espírito Santo), 1857 (Paraíba e

Paraná), 1865 (Alagoas), 1867 (Ceará), 1870 (Amazonas), 1871 (Rio Grande

do Sul e Pará), 1873 (Rio de Janeiro), 1883 (Piauí), 1912 (Mato Grosso), 1926

(São Paulo), 1945 (Amapá), 1948 (Acre), 1954 (Minas Gerais), 1963 (Rio

Grande do Norte), 1967 (Goiás), 1969 (Rondônia).

No século XIX, as bibliotecas brasileiras eram frequentadas mais pela elite,

composta por eruditos, pois a maioria da população era analfabeta.

24

De acordo com Freitas (2010, p. 21),

Apesar do aparente avanço de produção e acesso àinformação no Brasil, o número de analfabetos era parteconsiderável da população brasileira, representando75% (setenta e cinco por cento), o que mostra que amaioria não teria condições de ter acesso à informação.

No século XIX, várias bibliotecas entraram em decadência, pela burocracia do

governo ou pela falta de consciência da sua importância e do seu papel social

perante a sociedade.

Isto ainda é percebido no século XXI, nas bibliotecas públicas nacionais; na

maioria das vezes são construídas em um governo e desmanteladas no

governo seguinte, que as deixam de lado e não fazem investimentos para sua

modernização e melhorias, tanto em relação à atualização do acervo quanto

inovação de equipamentos, pessoal qualificado ou ampliação de seu espaço

físico. Apenas cumprem a lei de manter pelo menos uma biblioteca em cada

município, conforme previsto no Programa “Uma biblioteca em cada município”,

que será visto mais adiante.

Barros (2002, p.60) enfatiza bem esta realidade brasileira ao dizer que:

Não existe na sociedade e muito pouco nas autoridadesligadas a cultura e educação, uma mentalidadebibliotecária, como ocorre em países mais desenvolvidoscomo nos Estados Unidos, onde o povo tem um nívelmaior de educação e a consciência da importância dasbibliotecas públicas como espaços dinâmicos, integradosa educação do cidadão, socialização do conhecimento epreservação da cultura.

É importante salientar para a comunidade a importância de uma biblioteca

pública como prestadora de serviços para a educação, socialização,

preservação da cultura. A biblioteca deve despertar a curiosidade e o desejo

das pessoas em conhecê-la e fazer com que isto se torne um costume, pois se

sabe que o objetivo principal de uma biblioteca pública é melhorar a qualidade

de vida da comunidade onde está inserida, atendendo as necessidades de

educação, cultura, informação, socialização e lazer.

A biblioteca pública é considerada um agente de transformação social que

contribui para preparar as crianças, jovens de hoje em cidadãos no amanhã e

25

auxiliar as demais categorias a adquirir melhor qualidade de vida, buscando um

mundo melhor.

Segundo o Manifesto da United Nations Educational, Scientific and Cultural

Organization (UNESCO,1994), as seguintes missões básicas relacionadas à

informação, alfabetização, educação e cultura devem estar na essência dos

serviços da biblioteca pública:

1- Criar e fortalecer hábitos de leitura nas crianças desde a

mais tenra idade;

2- Apoiar tanto a educação individual e autodidata como a

educação formal em todos os níveis;

3- Proporcionar oportunidades para o desenvolvimento

criativo pessoal;

4- Estimular a imaginação e criatividade da criança e dos

jovens;

5- Promover o conhecimento da herança cultural,

apreciação das artes, realizações e inovações científicas;

6- Propiciar acesso às expressões culturais das artes em

geral;

7- Fomentar o diálogo intercultural e favorecer a

diversidade cultural;

8- Apoiar a tradição oral;

9- Garantir acesso aos cidadãos a todo tipo de informação

comunitária;

10- Proporcionar serviços de informação adequados a

empresas locais, associações e grupos de interesse;

11- Facilitar o desenvolvimento da informação e da

habilidade no uso do computador;

12- Apoiar e participar de atividades e programas de

alfabetização para todos os grupos de idade e implantar

tais atividades se necessário.

Nessa perspectiva, faz-se necessário também destacar as quatro funções da

biblioteca pública, embora nem todas as bibliotecas pratiquem estas funções

26

conjuntamente. Isto se deve à falta de espaço, de investimento ou mesmo falta

de pessoal qualificado para executá-las. São elas, segundo Barros (2002) e

Almeida Júnior (2013) :

a)Função educacional – diz respeito às atividades que servirão de

complemento para a educação formal, como por exemplo, o suporte às

pesquisas escolares.

Conforme afirma Almeida Júnior (2013), atualmente 90% dos frequentadores

das bibliotecas públicas são constituídos por estudantes do Ensino

Fundamental e Médio. Essa ação teve início a partir de 1850, quando as

bibliotecas começaram a dar suporte à educação, persistindo nos dias atuais,

pois ainda não há uma conscientização de que os responsáveis principais para

esta função sejam as bibliotecas escolares.

b)Função cultural – é considerada a segunda função básica e começou a

fazer parte da biblioteca na segunda metade do século XX. Ela envolve todo e

qualquer tipo de manifestação artística oferecida à comunidade como,por

exemplo, cursos sobre temas variados que sejam do interesse da comunidade,

debates, exposições, palestras, cinema/vídeo, teatro.

c)Função recreacional – também conhecida como função de lazer; oferece

leituras descompromissadas e de livre escolha do indivíduo com a finalidade de

relaxamento. Esta função é muito importante, pois com o passar do tempo os

indivíduos vão despertando interesses por alguns gêneros literários que

existem na biblioteca, podenddo vir a se tornar leitores reais. Surgiu a partir do

início do século XX quando começou o acesso a leitura descompromissada de

livre escolha.

Além da leitura podem ser desenvolvidas atividades relacionadas à dança,

contação de histórias, literatura oral, promovendo assim a inclusão de uma

grande parte da população que não teve acesso aos estudos.

27

d)Função informacional – iniciou a partir da Segunda Guerra Mundial nos

Centros de Referência dos Estados Unidos e depois passou a fazer parte das

bibliotecas públicas a partir das décadas de 1960 e 1970.

Nesta função as atividades desenvolvidas implicam na prestação de serviços

utilitários junto à comunidade, disponibilizando informações referentes às

necessidades informacionais do dia a dia das pessoas, como por exemplo,

informações sobre transporte coletivo, data de recebimento de PIS/PASEP ,

procedimentos e locais para pagamentos de impostos tributários, locais para

solicitação de carteira de identificação, de trabalho, dentre outras informações.

Muitas pessoas têm vergonha de solicitar esses dados nos locais apropriados,

pois sentem que os funcionários das repartições onde são oferecidos os

serviços acima mencionados, estão acima deles e ficam constrangidas em

fazer perguntas tão simples e muitas vezes não entendem o que é explicado a

elas.

Com o apoio do pessoal que trabalha na biblioteca e sendo um local mais

descontraído do que muitas repartições públicas ou instituições financeiras,

eles sentem-se mais à vontade para perguntar, como já foi comprovado pela

pesquisadora desta pesquisa ao sondar alguns profissionais da área que

trabalham no Setor de Referência das bibliotecas públicas. A biblioteca serve

como um elo entre esta categoria e os serviços utilitários das comunidades

onde vivem.

Vale ressaltar que estas funções não caminham isoladamente – estão

interligadas, mas infelizmente percebe-se que a função “educacional” se

sobressai diante das demais na maioria das bibliotecas. Nesta função também

são desenvolvidas outras atividades relativas às tecnologias de informação e

comunicação (TIC’s).

A partir da década de 1960 e 1970, alguns países começaram a trabalhar as

quatro funções (educacional, cultural, recreacional e informacional) de uma

biblioteca dando uma grande ênfase na função informacional. Na Grã-

Bretanha, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Escandinávia as bibliotecas

públicas, além de oferecer espaços para os livros, procuram também manter o

foco na comunidade. De acordo com Claparols (apud SILVA, 2012, p. 30),

28

nestes países, a biblioteca pública como instituição temlonga tradição de manter o seu foco na comunidade, tantona elaboração de serviços para a comunidade quanto nadivulgação de informação sobre a comunidade.

Desta forma, a biblioteca passou a contribuir com a comunidade ajudando os

cidadãos a resolverem questões referentes a vida diária e melhorando a

qualidade de vida daqueles que a utilizam.

Na França muitas bibliotecas oferecem serviços diferenciados, além de

empréstimo e consulta de livros, audiovisual e material virtual para estudar,

pesquisar e ler, o público também pode ver o canal de televisão de seu país ou

de outros, bem como aprender língua estrangeira com métodos autodidatas,

fazer currículo e procurar emprego (MORAES, 2007)

Na América Latina pode-se citar como exemplo a Colômbia que já se tornou

conhecida como o “país das bibliotecas”; embora vivendo história de violência,

guerra civil, guerrilha e narcotráfico, esse país procura investir socialmente em

bibliotecas e fazendo com que a população frequente estes espaços

informacionais visando à melhoria na qualidade de vida, na autoestima e na

socialização (DOMINGUÉZ, 2009).

Nos anos de 1980 e 1990 Bogotá, capital da Colômbia, enfrentou uma grande

crise urbana e era considerada uma das cidades mais perigosas do mundo,

devido ao desemprego e ao narcotráfico, que acabou por gerar altos índices de

violência, crimes, baixos níveis de educação e a pobreza (DOMINGUÉZ, 2009).

Nesse contexto, o governo nacional da Colômbia institucionalizou a política de

bibliotecas e em 2010 sancionou a Lei n°1.379 que foi aprovada pelo

Congresso daquele país. Essa lei organiza a rede nacional de bibliotecas

públicas como serviço público e mostra que esse “investimento social” pode se

integrar ao desenvolvimento econômico. Segundo McDermott (2010), esta lei

definia a biblioteca pública como um serviço público e garantia o financiamento,

funcionamento e manutenção das bibliotecas em âmbito nacional.

Melguizo (apud DOMINGUÉZ, 2009) relatou que “a cidade hoje [2009] teve

apenas 9% das mortes violentas que tinham há cinco anos atrás e muito tem a

ver com os parques-bibliotecas”. Ainda segundo ele,

29

Não digo que só por isso os índices baixaram, pois háuma série de fatores na cidade que geraram um novoclima, mas decerto que esses espaços de inclusão,encontro e oportunidades contribuíram muito.[...] os parques-biblioteca deram um sentido depertencimento a esses locais, promovendo o acesso àleitura, ao acesso gratuito à internet onde antes não haviae [...] esses lugares se converteram em lugares decirculação para as pessoas da cidade que antes não seatreviam nem sequer a pensar em ir a um desses bairros.

Estas bibliotecas parque da Colômbia não são somente meras depositárias de

livros, elas são multifuncionais e oferecem várias atividades culturais para a

população como cinema, teatro, música, entre outras.

Estes espaços funcionam como centros culturais e tiveram projetos

arquitetônicos ousados para o uso da população de baixa renda; além da

biblioteca, funcionam outras atividades para que a população,

independentemente da classe social, possa usufruir dos serviços oferecidos.

São conhecidas como parques-bibliotecas ou bibliotecas-parques:

Foram denominadas bibliotecas-parques porque muitomais é oferecido, além dos livros para leitura e materiaisvisuais. Elas funcionam como centros comunitários queoferecem treinamentos empresariais gratuito, instruçãocívica, construção da memória coletiva, atividades queestimulam a criatividade, auditório, galeria de arte, áreade jogos para crianças, laboratórios de informática e, éclaro, uma área externa onde os visitantes podem relaxar.(CORREAL apud MEDEIROS, 2012, P. 51)

Com a criação destas bibliotecas, houve impactos econômicos, sociais e

políticos e a economia melhorou muito na Colômbia; os locais passaram a ser

visitados por colombianos de outras localidades e por estrangeiros que nunca

pensaram em frequentar os locais onde estas bibliotecas foram instaladas por

causa da violência. Houve um grande investimento em segurança e transporte

para receber os turistas e a população local também foi privilegiada com estes

serviços. O aumento da autoestima dos moradores da região e o sentimento de

pertencimento geraram melhores condições de vida, proporcionando assim o

aumento da igualdade social e o desenvolvimento local (DOMINGUES, 2009).

Investir em espaços informacionais aconchegantes, atraentes e multifuncionais

envolvendo a população tem feito com que ela se apodere destes locais e

30

perceba que pode recuperar sua dignidade humana, fortalecer as relações

sociais e respeitar a diversidade cultural sem praticar a violência. A população

constata seu empoderamento ao perceber que pode debater sobre assuntos de

interesses locais e ser ouvida pelos seus governantes

Figura 1 - Biblioteca Parque de Medellín (Co)

Fonte: <http://architectureindevelopment.org/news.php?id=49>.

Outro país da América Latina que também investiu nas bibliotecas públicas foi

o Chile, porém dando enfoque maior na área tecnológica. O governo chileno

em parceria com a Fundação Bill & Melinda Gates iniciou o programa

BiblioRedes para instalar computadores e internet em todas as bibliotecas

públicas do país, segundo Silva (2013).

Este programa oferece cursos de alfabetização digital nos níveis básico e

avançado e também fomenta a participação da população a compartilhar a

31

cultura chilena e suas identidades em redes sociais e virtuais. Segundo Moreira

(2013, p. 37),

as bibliotecas públicas passaram a oferecer àscomunidades o acesso à internet, cursos de aquisiçãoe/ou desenvolvimento de competências digitais dirigidasa todas as pessoas, incluindo a formação na edição epublicação de páginas web.

As bibliotecas passaram a ser vistas como lugares de aprendizagem e inclusão

digital, pois as pessoas começaram a frequentá-las para utilizarem os

computadores e acabaram despertando maior interesse pelos livros.

O empenho do poder público chileno em promover a inclusão digital de seus

cidadãos é reconhecido pela comunidade internacional. De acordo com Silva

(2013, p.69)

Em 2006, a BiblioRedes recebeu o Prêmio StockholmChallenge 2006, da Suécia, conhecido como o “PrêmioNobel da Internet”, uma das mais importantes premiaçõesque reconhece o uso da tecnologia para o bem-estar dosindivíduos e da sociedade. No mesmo ano, a rede foiagraciada com o Prêmio “Melhores Práticas para aRedução da Exclusão Digital 2006”, concedido peloCentro de Oportunidade Digital da APEC (Asian PacificEconomicCooperation), que premia os projetostecnológicos das economias de seus membros, tantopúblicas como privadas.Por fim, em 2010, o governo chileno recebeu o PrêmioWAW! Chile 2010 (Web Awards) na categoria “Melhorserviço público (governo) em redes sociais”.

As bibliotecas públicas brasileiras sempre enfrentaram dificuldades desde sua

criação em 1811; entretanto, até a década de 2010 , somente um censo

nacional foi realizado, no ano de 2009 e publicado em 2010 para que se tivesse

uma noção da realidade de seus serviços. Este censo foi uma iniciativa do

Ministério da Cultura e foi realizado pela Fundação Getúlio Vargas.

De acordo com o censo, o Brasil conta com 5.565 municípios e apenas 79%

possuem ao menos uma biblioteca aberta. Os dados coletados foram

referentes ao acervo, infraestruturas, perfil dos profissionais e usuários

(BRASIL, 2010).

32

O estado de Minas Gerais constava em terceiro lugar no levantamento

referente ao número de bibliotecas; possuía 94% de municípios com bibliotecas

perfazendo o total de 798.

Já em 2011 a situação mudou um pouco em Minas Gerais. A Secretaria de

Cultura, através da Superintendência de Bibliotecas e Suplemento Literário

(SBSP) realizou o recadastramento de todas as bibliotecas públicas do estado.

Foi enviado um questionário para os 853 municípios mineiros contendo 149

questões e 754 municípios responderam. Segundo a SBSP, esperava-se um

retorno maior (MINAS GERAIS, 2014).

Tabela 1- Municípios que responderam o recadastramento das bibliotecaspúblicas municipais do Estado de Minas Gerais em 2011, por região

Região Número de municípiosexistentes na região

Número de municípiosque responderam

(%)

Alto Paranaíba 30 30 100

Central 157 137 87

Centro-Oeste 56 53 95

Jequitinhonha 44 40 91

Mata 142 125 88

Mucuri 23 19 83

Noroeste 20 19 95

Norte 88 78 89

Rio Doce 103 87 84

Sul 155 131 85

Triângulo 35 35 100

Total 853 754 8

Fonte: Minas Gerais, 2014, p.10

33

Dos 754 municípios que responderam, foi constatado que 726 possuem

bibliotecas, totalizando 780, pois alguns municípios possuem mais de uma

biblioteca.

Tabela 2 - Municípios com bibliotecas públicas no Estado de Minas Gerais

Municípioscom 1

biblioteca

Municípioscom 2

bibliotecas

Municípioscom 3

bibliotecas

Municípioscom 4

bibliotecas

Municípioscom 5

bibliotecas

Municípioscom 20

bibliotecas698 19 8 1

(Lagoa daPrata)

1(Campo

Belo)

1(Belo

Horizonte)

Fonte: Elaborada pela autora baseado nos dados de MINAS GERAIS (2014)

De acordo com o que foi apresentado pela diretora do Sistema Estadual de

Bibliotecas Públicas Municipais de Minas Gerais (SEBPM) em maio de 2014 no

IV Encontro de Bibliotecas Públicas de Minas Gerais, “ o número de municípios

com bibliotecas varia a cada recadastramento, pois enquanto alguns

municípios criam bibliotecas, em outros elas são desativadas ou simplesmente

transferidas para as escolas.”4

Carbonell (2002, p. 22) menciona que algo mudou para melhor nas escolas de

muitos países apesar da carência absoluta de recursos que continua existindo

em algumas. Isto também está sendo percebido em poucas bibliotecas

públicas brasileiras; alguns governantes estão tomando consciência e tentando

adaptar estes espaços às novas necessidades da comunidade, como por

exemplo o acesso às TICs e também ações culturais sugeridas pela

comunidade, visto que para eles a informação transformada em conhecimentos

é fator importante para se buscar e conquistar a cidadania; sem ela não há

como as pessoas reivindicarem ou reconhecerem seus direitos.

4 Informe repassado pela bibliotecária Marina Nogueira Ferraz ao fazer a abertura do IV

Encontro do Sistema de Bibliotecas Públicas Municipais de Minas Gerais em maio de 2014.

34

Reis, Silva e Massensi (2011, p. 22) ressaltam que “ a informação e cidadania

são termos que se complementam e ambos dizem respeito à possibilidade de

exercer sua função de cidadão, na medida em que o sujeito está no gozo de

seus direitos civis, políticos e sociais.”

Vale ressaltar também que o bibliotecário está assumindo novos papéis e

funções, tendo uma visão interdisciplinar, sendo mais dinâmico, persistente,

inovador, enfim, está procurando acompanhar o novo paradigma das

bibliotecas.

As bibliotecas públicas exercem um papel fundamental para a sociedade, pois

contribuem para que todos, e de modo especial aqueles que possuem baixo

poder aquisitivo, possam ter acesso à informação e transformá-la em

conhecimento fazendo com que se tornem cidadãos conscientes de seus

direitos básicos de cidadania.

Na década de 2010, os governos dos estados do Rio de Janeiro e de São

Paulo se inspiraram na experiência da Colômbia; começaram a criar bibliotecas

parques em áreas periféricas para melhorar o índice de violência,

analfabetismo, socialização. No estado do Rio de Janeiro foram desenvolvidos

projetos de bibliotecas parques vinculadas ao Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC). Foi o primeiro estado brasileiro a implantar este novo

conceito de bibliotecas.

Segundo dados da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro5, a primeira

biblioteca neste novo modelo foi inaugurada em abril de 2010 em Manguinhos

sendo um espaço cultural e de convivência que oferece à população de baixa

renda a oportunidade de melhorar a autoestima, a qualidade de vida, a

educação local. Possui um salão principal, salão para leitura, salas para cursos

e estudos, espaço multimídia, ludoteca, cineteatro e a sala “Meu Bairro” que

atende as necessidades de reuniões e fóruns comunitários. A Biblioteca Parque

de Manguinhos (BPM) realiza ações culturais e promove a leitura nos mais

diversos suportes, além de estimular a produção e difusão das produções

5 RIO DE JANEIRO. Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. Disponível em:

<www.cultura.rj.gov.br/apresentacao-espaco/biblioteca-parque-de-manguinhos>.

35

artísticas da comunidade (SILVA, 2012). Esta biblioteca atende a 16

comunidades do Complexo de Manguinhos, na região Norte da cidade do Rio

de Janeiro, cuja população soma, aproximadamente, 1000.000 habitantes.

Silva (2012, p. 47) ressalta a participação de membros da Comunidade de

Manguinhos na equipe de funcionários fazendo com que haja uma contribuição

para o desenvolvimento local,

[...] o projeto da Biblioteca Parque de Manguinhos possui75% do seu corpo de funcionários sendo moradores daregião, o que foi levado em consideração para a seleção,mostrando que a administração está atenta aos impactosque podem ocorrer na comunidade. É uma medida quegera oferta de oportunidades para a comunidade doentorno.

Figura 2 – Biblioteca Parque de Manguinhos (RJ)

Fonte: Imagem do Google

Em julho de 2011 foi reinaugurada a Biblioteca Pública de Niterói que passou a

ser também uma biblioteca-parque visando maior proximidade com a

população. Foi renovada para ampliar o acesso à leitura, em sintonia com a

mudança de paradigmas destes tempos digitais oferecendo leitura em diversos

suportes. Está localizada no centro da cidade de Niterói (RJ) e oferece espaço

para leitura convencional, contando também com espaços para exibições

individuais de filmes, exposições. Oferece ações culturais como saraus de

36

poesia, peças teatrais, shows de música e leituras dramatizadas. Possui um

acervo de mais de 60.000 itens incluindo livros, jornais, revistas, enciclopédias,

biografias, DVDs, músicas digitalizadas, livros e equipamentos em braille6.

Figura 3 – Biblioteca Pública de Niterói (RJ)

Fonte: Imagem do Google

A terceira biblioteca neste novo modelo foi inaugurada em junho de 2012 no

Complexo da Rocinha, outra região marcada pela violência e pelo tráfico de

drogas. Está localizada na Região Sul da capital carioca, entre os bairros da

Gávea e São Conrado. Foi construída em cinco andares para abrigar DVDteca,

cineteatro, sala de multiuso para cursos, estúdio de gravação e edição

audiovisual, setor de internet comunitária, cozinha-escola e café literário. Sua

capacidade inicial é de 15.000 livros e 2.000 DVDs.7

6 RIO DE JANEIRO. Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. Disponível em:

<www.cultura.rj.gov.br/apresentacao-espaco/biblioteca-publica-de-niteroi>.

7 Rio de Janeiro. Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. Disponível em:<cultura.rj.gov.br/apresentacao-

espaco/biblioteca-parque-da-rocinha-c4 >

37

Figura 4 – Biblioteca Parque da Rocinha (RJ)

Fonte: Imagem do Google

Segundo a Superintendente de Leitura e Conhecimento da Secretaria Estadual

do Rio de Janeiro, Vera Saboya8

[…] este espaço ocupa papel importante na comunidade.A Rocinha é uma comunidade repleta de artistas, agentese mediadores culturais. Ela tem vocação cultural muitogrande. O modelo de Biblioteca Parque é um espaçomúltiplo que trabalha todas as artes: música, cinema,teatro, literatura, gastronomia, etc.

Em abril de 2014 foi reinaugurada a Biblioteca Parque Estadual (BPE) que

passou a ser a matriz da rede de bibliotecas parque que o governo do Rio de

Janeiro está implantando no Estado. Sua primeira inauguração foi em 1873 por

Dom Pedro II e está localizada na região central da capital carioca. É um local

com espaços amplos, confortáveis e funcionais que oferece acesso à

informação através de diversas linguagens como livros, vídeo, música, teatro e

artes; é um espaço de educação informal. Seu acervo literário é composto por

250.000 mil itens, livros de arte, quadrinhos, 20.000 filmes, 3.000 músicas

digitalizadas, biblioteca infantil, teatro, auditório, estúdios de som e de vídeo,

8 RIO DE JANEIRO. Secretaria Estadual de Cultura. Disponível em:< www.cultura.rj.gov.br/apresentacao-

espaco> .

38

salas multiuso para laboratórios, cafeteria, restaurante, jardim suspenso, pátio

e bicicletário9.

Figura 5 – Biblioteca Parque Estadual (RJ)

Fonte: Imagens do Google

No Estado de São Paulo, a Biblioteca de São Paulo (BSP) passou a funcionar

também como biblioteca parque. Foi inaugurada em fevereiro de 2010 e

funciona no Parque da Juventude, no bairro de Santana onde funcionava o

antigo Presídio do Carandiru. Antes esta área era conhecida como um espaço

de dor onde a população em seu entorno vivia em constante estado de alerta e

hoje este local foi transformado para o lazer e a cultura. Procura atender as

necessidades culturais, educacionais, recreacionais e informacionais de todas

as classes sociais de forma gratuita e foi inspirada na Biblioteca de Santiago,

no Chile, e nas melhores práticas adotadas pelas bibliotecas públicas do país

9 RIO DE JANEIRO. Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. Disponível em:<

www.cultura.rj.gov.br/apresentacao-espaco/biblioteca-parque-estadual-pbe>.

39

de acordo com Silva (2012). Ainda segundo dados da Secretaria de Cultura do

Estado10 seu acervo é composto por obras clássicas e também aquelas

aclamadas pela crítica, os últimos lançamentos e os títulos mais vendidos da

literatura nacional e estrangeira. A biblioteca oferece várias ações culturais e

também cursos periódicos de capacitação voltados a profissionais de outras

bibliotecas públicas e comunitárias do Estado.

Figura 6 – Biblioteca de São Paulo

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora

No dia 20 de dezembro de 2014 foi inaugurada outra biblioteca parque em São

Paulo. Desta vez foi em Pinheiros, na Zona Oeste da capital. Ela ocupa uma

área de 14.000m²dentro do Parque Villa Lobos – é a Biblioteca Parque Villa

Lobos (BVL). Seu acervo é constituído de mais de 20.000 títulos de livros com

foco na literatura e em questões ambientais, além de revistas, jornais, livros

10 SÃO PAULO. Secretaria de Cultura. Disponível em:<

http://www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.4df755de218881406d006810ca60c1a

0/?

vgnextoid=163d643eaf0c0410VgnVCM1000008936c80aRCRD&vgnextchannel=163d643eaf0c0

410VgnVCM1000008936c80aRCRD>

40

eletrônicos, audiolivros, DVDs e CDs. Possui uma programação variada a qual

promove a contação de histórias, mediação de leitura, cursos, apresentações

teatrais e musicais, exposições, saraus e encontros com escritores. Ela conta

também com salas de criatividade, sala de jogos eletrônicos interativos e de

tabuleiro, computadores com acesso à internet e café-bar.11

Figura 7 – Biblioteca Parque Villa Lobos (SP)

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora

1.3 Bibliotecas públicas e políticas públicas

As políticas públicas, segundo Teixeira (2002, p.2), “são diretrizes, princípios

norteadores de ação do poder público; regras e procedimentos para as

relações entre o poder público e a sociedade, mediações entre atores da

sociedade e do estado.” Rosa (2009, p. 41) complementa a definição de

Teixeira afirmando que “as políticas públicas, de uma forma geral, consistem na

intervenção do Estado no intuito de promover o bem-estar, a cidadania e os

11 SÃO PAULO. Secretaria de Cultura. Disponível em:<

http://www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.426e45d805808ce06dd32b43a8638c

a0/?

vgnextoid=ff0a7e1c19ebc410VgnVCM1000008936c80aRCRD&vgnextchannel=ff0a7e1c19ebc4

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41

direitos básicos da sociedade.” As políticas públicas tratadas neste estudo

referem-se ao direito de acesso à educação, cultura e informação. Para

Calabre (2007, p. 88),

Durante o Governo Getúlio Vargas (1930-1945), foramimplementadas, o que se pode chamar de primeirasPolíticas Públicas de Cultura no Brasil. Nesse período foitomada uma série de medidas, objetivando fornecer umamaior institucionalidade para o setor cultural.

Nesse período foram criados alguns órgãos, e dentre eles, o Instituto Nacional

do Livro (INL), que marca a inclusão das bibliotecas públicas no quadro da

política federal brasileira sob o Ministério da Educação e da Saúde chefiado

por Gustavo Capanema em 1937 através do Decreto-Lei 93. Segundo Paiva

(2008, p.30),

Este instituto incluiu as questões das bibliotecas públicasdentro de um órgão governamental e, portanto, dasocupações do governo. Também abriu espaço nosacervos das bibliotecas para temas e autores brasileiros,pois anteriormente prevaleciam apenas os temas eautores europeus.

As visões de Oliveira (1994) e Leitão (2011) são divergentes de Paiva (2008).

Segundo as autoras o Governo Getúlio Vargas era centralizador e o referido

órgão foi criado para controlar as publicações e organizar as bibliotecas

públicas. Segundo Oliveira (1994), o INL gerava bibliotecas para a comunidade

e não da comunidade; foram ignorados os princípios de que os livros existiam

para serem lidos e que as bibliotecas precisariam conhecer os interesses de

leitura da comunidade para definir o acervo de cada biblioteca. Dessa forma, o

Estado passou a intervir e a regular a vida da sociedade brasileira; só entravam

nas bibliotecas os livros que passavam pela censura do governo. Ainda

segundo a autora,

o Estado detectou no livro um potencialdesestabilizador da ordem na sociedade, o qualdeveria ser controlado, por meio da proteção doEstado à produção e divulgação deste veículoimpresso do trabalho intelectual. (OLIVEIRA, 1994,p. 44)

42

Portanto, o livro sempre foi considerado um elemento transformador da

realidade e uma ameaça aos que detêm o poder.

Todas as bibliotecas públicas, independemente da região onde estavam

localizadas, recebiam os mesmos livros. Além disso, não existia pessoal

especializado para trabalhar nas bibliotecas e realizar atividades e serviços que

fizessem com que a população despertasse o interesse em frequentar estes

espaços e a desenvolver o hábito de leitura. As bibliotecas acabaram

funcionando apenas como meras depositárias de livros. (OLIVEIRA, 1994).

Nos governos seguintes continuava o monitoramento da produção cultural e o

impedimento do acesso à informação crítica pela população. A partir da

Constituição de 1988 o direito a educação e cultura passou a ser de todos, mas

em 1990 o INL foi extinto no Governo Collor através da Lei n° 8.029, assim

como outros órgãos também para conter gastos do Estado com as demandas

culturais. Rubin (2007, p. 24) ressalta que esse governo “desmonta a área de

cultura no plano federal, acabam com o Ministério, reduz a cultura a uma

secretaria e extingue inúmeros órgãos...”

Em 1992, no governo de Itamar Franco, foi revertida a situação e o Ministério

da Cultura volta a atuar por intermédio da Lei 8.490. Começou a ocorrer

algumas transformações e o Ministério criou o Sistema Nacional de Bibliotecas

Públicas (SNBP), visando fortalecer as bibliotecas públicas através de uma

interação em âmbito nacional e que está subordinado à Fundação da Biblioteca

Nacional (FBN). Cada estado brasileiro criou o seu Sistema Estadual de

Bibliotecas Públicas para que pudesse auxiliar as bibliotecas municipais.

(MACHADO, 2010).

Em Minas Gerais, o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas Municipais

(SEBPM) está subordinado à Superintendência de Bibliotecas Públicas e

Suplemento Literário da Secretaria de Estado da Cultura. É responsável por

propor, executar e avaliar as políticas públicas relacionadas com a rede de

bibliotecas públicas municipais. A Superintendência foi criada em 1984,

juntamente com a Secretaria de Estado de Cultura, e desde sua criação já

incorporou as funções relativas ao Sistema de Bibliotecas Públicas, que já

43

vinham sendo desenvolvidas pela Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa,

localizada na capital mineira.

Em 1993, surgiu o programa “Uma biblioteca em cada município”, que tinha

como objetivo implantar bibliotecas em todos os municípios brasileiros, porém

sem a previsão de se contratar bibliotecários para dinamizar estes espaços.

Conforme citado anteriormente, esta meta ainda não foi alcançada, pois

somente 79% dos municípios possuem bibliotecas.

Em Minas Gerais, este índice chega a 88% de municípios com bibliotecas,

segundo o último recadastramento realizado em 2011.

Observa-se que as ações que foram implantadas pelo governo federal não

envolvem a participação da sociedade; as ações são realizadas de cima para

baixo segundo um modelo mais centralizador. Para Machado (2010, p.99),

desde a criação do INL, em 1937, os governos seesforçavam na criação de bibliotecas públicas, criadascomo ações governamentais sem a participação dasociedade. Somente a partir de 2003 é que o Estadopassou a dialogar com seus interlocutores e assimidentificar e valorizar as manifestações até entãoignoradas.

Em 2005, foi criado o Sistema Nacional de Cultura, visando integrar os órgãos,

programas e ações do governo federal para apresentar um plano de

estratégias e diretrizes para a execução de políticas públicas para a próxima

década.

No ano seguinte, criou-se o Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), que

se constituiu em um conjunto de projetos, programas, atividades e eventos na

área do livro, da literatura e das bibliotecas. Foi um plano diferente, pois

procurou envolver o Estado (nas três instâncias) e também a sociedade.

Percebe-se que houve um avanço nesta área, pois a sociedade começou a

fazer parte do plano.

Carvalho (2014, p. 50) retrata bem esta nova situação em que a sociedade

participa ao dizer que “as políticas públicas dependem hoje de soluções

democraticamente partilhadas entre Estado e sociedade.” Elas devem nascer

no seio da sociedade e serem encaminhadas para o Estado para que elas

44

sejam implantadas. Portanto, devem vir de baixo para cima para que possam

ser duradouras.

Em 2007, foi lançado o programa “Mais Cultura”, e as bibliotecas também

foram previstas nesse programa visando garantir o acesso dos brasileiros aos

bens e serviços culturais.

Para mobilizar a sociedade para a conquista destas políticas públicas voltadas

para as bibliotecas, surgiram algumas iniciativas paralelas de outros órgãos e

associações:

- Frente Parlamentar em Defesa da Biblioteca Pública12– lançada em 2011 na

Câmara dos Deputados, a qual visa discutir o papel estratégico das bibliotecas

públicas na formação intelectual do cidadão, bem como a previsão

orçamentária para a implantação de novas bibliotecas, melhoria e

modernização das que já existem, qualificação e capacitação dos bibliotecários

e pela defesa do direito do cidadão de acesso à leitura.

- Movimento Eu amo biblioteca, eu quero 13– criado em julho de 2013 pela

Federação Brasileira de Associação de Bibliotecários (FEBAB), Conselho

Regional de Biblioteconomia do estado de São Paulo e Biblioteca de São

Paulo, o qual visa mobilizar a sociedade e mostrar que as bibliotecas não são

apenas um espaço para guardar livros. Devem ser espaços convidativos e,

além de incentivar a leitura, precisam oferecer uma agenda cultural variada

com música, cinema, dança, arte, cursos...., além de possuir acervos

atualizados, acesso à internet, jogos, brinquedos e uma equipe especializada.

Diante do exposto, conclui-se que a sociedade deve estar comprometida com

os destinos educacionais e culturais da comunidade.

Além de procurar relacionar com os poderes públicos locais, a comunidade

deve também participar de movimentos sociais, associações de bairro,

instituições religiosas, etc,para implantar políticas públicas e de modo muito

12Disponível em:<http://frenteemdefesabibliotecapublica.wordpress.com/>.

13Disponível em: <http://www.febab.org.br/euamobiblioteca/ >.

45

especial as políticas que dizem respeito ao acesso à informação e ao

conhecimento através da dinamização das bibliotecas.

Envolver a sociedade na prática do bem comum, segundo Tenório (2012, p.

24), “é o compartilhamento socialmente responsável dos atores de determinado

território, por meio da participação política, no atendimento das necessidades

comunitárias.”

Considerando-se que todas as iniciativas referentes às políticas públicas são

importantes para o fortalecimento das bibliotecas públicas, torna-se

imprescindível também incrementar ações culturais nas bibliotecas para que a

população possa ter maior interesse em frequentar estes espaços despertando

o interesse pela leitura.

1.4 Ações culturais nas bibliotecas públicas e o desenvolvimento local

Muitas bibliotecas, além de possuírem espaços para leitura, procuram

desenvolver outros ambientes voltados para as ações culturais visando

despertar a curiosidade e o desejo das pessoas em conhecer estes espaços e

se sentirem atraídas da mesma forma pelos livros. Milanesi (2002, p. 93)

ressalta que “no instante em que o público escasseia, ao invés de paralisar as

atividades da biblioteca, deve-se dar motivos às pessoas para ampliarem seus

conhecimentos”.

Assim, as ações culturais podem ser esse ponto de partida para motivar as

pessoas a frequentarem bibliotecas e, principalmente, permitir e possibilitar a

participação da comunidade na construção e no planejamento dessas ações.

As ações culturais, ainda segundo Milanesi (2002), compreendem atividades

culturais e de lazer que se apoiam em suportes diferentes do convencional, ou

seja, do material impresso, mas também colaboram para a formação das

pessoas em adquirirem novos conhecimentos, pois elas se desenvolvem

coletivamente.

46

Almeida (1987, p. 33) esclarece bem as possibilidades da ação cultural ao

afirmar que ela

[...] busca a expressão e a criatividade dos indivíduos nogrupo e na comunidade. Está ligada à ideia detransformação, de emancipação a partir da expressão.Diz respeito não apenas a produtos culturais acabados,como também às condições que levam à capacidadecriativa, à produção cultural. Relaciona-se, por outro lado,ao processo de educação coletiva, no momento em quedesenvolve atividades práticas e abre espaço para atroca de informações e a discussão sobre temas deinteresse do grupo.

Cabral (1999) corrobora com Almeida, pois segundo ela a ação cultural

preocupa com a subjetividade humana e o auto aperfeiçoamento dos sujeitos

fazendo com que eles explorem seu potencial de criatividade e imaginação

coletivamente.

Flusser (1983) complementa as opiniões de Almeida e Cabral ao enfatizar que

a ação cultural vai em direção da libertação social e cultural; ela é

transformadora, onde as pessoas que dela usufruem possam tomar

consciência de si e do coletivo, gerando novos conhecimentos coletivamente e

proporcionando a interação e, consequentemente, colaborando com o

desenvolvimento humano.

Mas as ações culturais a serem desenvolvidas em uma biblioteca pública

devem ser também sugeridas pelas pessoas que dela usufruem e não uma

mera imposição, vinda de cima para baixo, pois como ressalta Carbonell (2002,

p. 28), “as inovações que vêm de baixo, do próprio coletivo, têm mais

possibilidades de êxito e continuidade do que aquelas que emanam de cima”.

As ações culturais que mais se destacam em bibliotecas são a hora do conto;

poesia (concurso, oficina, etc.); teatro (apresentação de peças, criação de

grupos); cinema; televisão; jogos educativos; jogos recreativos; exposições;

concursos; cursos de interesse da comunidade (como por exemplo, pintura,

recortes em papel, modelagem, tricô, crochê, culinária, primeiros-socorros,

puericultura, etc.); cursos de capacitação; debates; palestras; oficinas;

gincanas culturais com fins de socialização; campeonatos (xadrez, dominó,

jogos de cartas de uma forma geral, etc.).

47

Ao se criarem ações culturais como forma alternativa para promover a

informação, deve-se fazer com que as pessoas saiam dessas atividades

beneficiadas e com acréscimos de conhecimentos. Dessa forma, pode-se dizer

que a biblioteca está contribuindo para o desenvolvimento local. Ela contribui

com a melhoria da qualidade de vida da população, despertando nas pessoas

o direito à informação, seja ela formal ou informal.

Na visão de Arenhardt, Castilho e Le Bourlegat (2009, p. 160)

[...] o desenvolvimento local é entendido como umprocesso de transformação que envolve o ser humanocomo o principal beneficiário dessa mudança, numaperspectiva de melhoria da qualidade de vida de umacoletividade ou grupo de pessoas que fazem parte deuma comunidade.

Anteriormente, o desenvolvimento local era visto mais no âmbito da área

econômica e hoje se constata que ele está sendo mais discutido no sentido de

desenvolvimento humano, baseado no bem-estar e na qualidade de vida das

pessoas. Sabe-se que a qualidade de vida é o objetivo principal de um local e

não a economia, que é uma atividade meio.

Dowbor (2013, p. 1) enfatiza a importância do desenvolvimento humano para o

desenvolvimento local ao dizer que

O crescimento econômico, quando existe, não ésuficiente. Nem a área produtiva, nem as redes deinfraestruturas, e nem os serviços de intermediaçãofuncionarão de maneira adequada se não houverinvestimento no ser humano, na sua formação, na suasaúde, na sua cultura, no seu lazer, na sua informação

A biblioteca pública é uma instituição inserida no contexto social, sendo

portanto, capaz de contribuir com o desenvolvimento humano e,

consequentemente com o desenvolvimento local. Ela, quando bem planejada,

colabora com a formação das pessoas da comunidade onde está inserida,

promovendo a melhoria da educação, a aquisição de novos conhecimentos e

de modo especial, a cultura local, a inclusão social, a qualidade de vida.

Dowbor (2006, p. 1) ressalta que “pessoas desinformadas não participam e,

sem participação, não há desenvolvimento.”

48

Promover o desenvolvimento local é uma tarefa permanente que requer a

participação conjunta do Poder Público Municipal e da comunidade. Bava

(1996, p.58) ressalta que

O desenvolvimento local é endógeno, nasce das forçasinternas da sociedade, ele constitui um todo, comcondições ecológicas, culturais, sociais, econômicas,institucionais e políticas, sendo que a ação a seu serviçodeve integrar todas essas ações.

Para Bava (1996) o projeto de desenvolvimento local deve articular e mobilizar

os atores do desenvolvimento, apoiando nas iniciativas da sociedade civil e

também de estímulo e atuação do governo local para que ele se viabilize.

Algumas bibliotecas públicas estão procurando atrair cada dia mais

frequentadores. Está-se tentando criar um novo modelo de biblioteca, mais

atrativa, multifuncional e procurando desenvolver várias ações culturais em que

todas as classes sociais possam participar e ter acesso à informação e outros

serviços, assegurando assim seus direitos de cidadania e melhoria na

qualidade de vida. Antes, as ações culturais desenvolvidas nas bibliotecas

eram tidas apenas como novos serviços oferecidos por este espaço; não havia

uma consciência dos profissionais que ali trabalhavam em relação à

comunidade e ao Estado e tampouco de que estas ações, quando bem

desenvolvidas e sugeridas pela população local, estariam contribuindo para o

desenvolvimento local (MACHADO, 2015).

Coelho Neto (1988, p. 5) enfatiza as ações culturais e sua importância para a

sociedade ao dizer que elas são o “desejo de fazer da arte e da cultura

instrumentos deliberados de mudança do homem e do mundo, de forma a

possibilitar mais interações entre o homem e a sociedade”.

As ações culturais possibilitam que as pessoas que participam dessas ações

tenham a oportunidade de interagir e refletir sobre o tema, levando e deixando

algo que possa contribuir com a ampliação de seus próprios conhecimentos e

de outros, garantindo a sociabilidade e a dignidade de todos, podendo assim

mudar a realidade de um determinado lugar e contribuir com o

desenvolvimento local.

49

Estas ações também podem contribuir para a promoção da integração social

da comunidade, estimulando a leitura e a pesquisa, podendo ainda ser as

grandes responsáveis pela conquista de novos usuários, bem como pela

fidelização daqueles que já frequentam a biblioteca.

Além das ações culturais que promovem a participação da comunidade, torna-

se necessário também incluir as bibliotecas na era digital e disponibilizar o

acesso virtual, bem como receber um novo público nascido nesta nova era, os

chamados nativos digitais, que muitas vezes não possuem computadores em

casa, mas gostaria de ter acesso a essas novas tecnologias – as tecnologias

de informação e comunicação (TIC’s).

Embora a Internet tenha o lado de afastar as pessoas umas das outras

facilitando em excesso a comunicação virtual, não se pode negar sua

importância no século XXI, e o fato de que as pessoas que não possuem

nenhum acesso a ela acabam também por se sentirem isoladas ou muitas

vezes discriminadas e segregadas. Por isso, cabe à biblioteca pública

favorecer esse acesso, possibilitando uma discussão e reflexão sobre seu uso

e até mesmo utilizando-a para a promoção de outros recursos e suportes de

leitura e comunicação.

Vale ressaltar que tanto as ações culturais quanto as TIC’s são de suma

importância, pois fazem com que as bibliotecas criem espaços mais dinâmicos

e com uma maior participação do público e não fique alheia ao que está

acontecendo na sociedade atual e que os indivíduos não saiam passivos de

tudo o que eles aprenderam, mas transformados e com uma nova visão de

mundo.

Milanesi (1986, p. 34) ilustra esta situação ao dizer que “um bebê que todos os

sábados é transportado num carrinho de compras no supermercado, quando

começa a falar já é um consumista, vivendo as regras do sistema.” Se pelo

menos uma vez por semana esse bebê puder ter a oportunidade de frequentar

uma biblioteca para se familiarizar com os livros e com outras atividades

proporcionadas por este espaço, certamente se tornará um cidadão mais

informado e com mais chances de ser consciente de seus direitos e deveres.

50

Portanto, a biblioteca poderá vir a ser mais presente junto à comunidade onde

ela atua, bem como poderá se tornar um espaço que possa promover a

interação entre a comunidade e atender as necessidades e carências

informacionais. Isto poderá gerar impactos positivos a médio e longo prazo na

localidade onde está inserida, pois poderá possibilitar melhor qualidade de vida

para a população devido à socialização, uma melhoria na autoestima e no

rendimento escolar dos estudantes.

Ferraz (2014, p. 21) enfatiza que a

biblioteca pública tem hoje um papel fundamental nasociedade, na medida em que se torna um local deinteração, debates e manifestações culturais e artísticas,extrapolando seu papel de democratização da culturaletrada.

Segundo Dowbor (2008), é preciso deixar para as gerações futuras algo

melhor, ou seja, criar uma cultura participativa que permita viver e não apenas

se proteger e sobreviver. Assim sendo, a criação de ações culturais em

bibliotecas públicas com a participação da comunidade também pode ser uma

forma particular de promover a qualidade de vida da população, a socialização,

de transformar as pessoas e suas expectativas, de obter informação e

conhecimento, contribuindo assim com o desenvolvimento local.

1.5 Considerações finais

A partir destas reflexões, pode-se dizer que o acesso à informação colabora

para que as pessoas melhorem sua qualidade de vida, fazendo com que elas

tomem consciência de seus direitos e deveres, podendo exercer plenamente a

cidadania. Investir em cultura pode contribuir com o desenvolvimento local e

fazer com que haja maior inclusão social, em que uma maior quantidade de

indivíduos, independentemente de raça, religião, classe social, escolaridade,

possa ter acesso direitos básicos.

Investir em melhorias nas bibliotecas públicas, tanto em espaço físico quanto

em acervos atualizados, pessoal capacitado, políticas públicas e principalmente

51

na criação de ações culturais, é um grande desafio para o Estado, pois elas

devem servir a toda comunidade onde estão inseridas, sem qualquer forma de

discriminação. As bibliotecas devem ser o espaço público do diálogo, da

interação entre a comunidade, da promoção da inclusão social. Elas devem

oferecer várias ações culturais que possam contribuir para o crescimento das

pessoas, fazendo com que adquiram novos conhecimentos e possam ser

transformados.

Para que se criem ações culturais duradouras em uma biblioteca pública, é

necessário ouvir a comunidade, fazer um diagnóstico participativo entre a

população, o poder público local e os profissionais que trabalham nestes

espaços para conhecer o que é de interesse para todos; pensar que estas

ações devem ser desenvolvidas para e com a população com a finalidade de

democratizar o acesso ao conhecimento, fomentar a leitura, promover a

interação social e a educação.

Ao se propor a criação de ações culturais a partir de propostas vindas da

comunidade, haverá um maior comprometimento de todos em melhorar a

qualidade de vida, a educação, a autoestima, e estas ações serão um elemento

facilitador para o desenvolvimento local.

Por fim, resta saber se realmente o Estado, os profissionais que trabalham em

espaços informacionais e a sociedade em geral estão interessados em atuar de

forma conjunta, investindo na inclusão social e contribuindo com o

desenvolvimento local.

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58

2 A BIBLIOTECA PÚBLICA NA PERSPECTIVA DA POPULAÇÃO DE DORESDE INDAIÁ

Rosângela Maria Costa Bernardino14

Áurea Regina Guimarães Thomazi15

RESUMO

O artigo tem como objetivo relatar uma pesquisa sobre ações culturais que apopulação da cidade de Dores do Indaiá (MG) gostaria que fossemimplantadas na biblioteca pública local. O problema que motivou a investigaçãoé o fato de essa biblioteca ser a única do município e a necessidade de queela possibilitasse maior socialização de todas as classes sociais em um únicoespaço, fazendo com que a biblioteca cumpra sua missão como instituiçãosocial democrática. A metodologia baseou-se em uma pesquisa bibliográficasobre ações desenvolvidas em bibliotecas públicas como as bibliotecas parque,por exemplo. A abordagem foi quantiqualitativa, de nível exploratório, e utilizoucomo instrumentos para a coleta de dados o questionário contendo questõesabertas e fechadas. Os sujeitos da pesquisa foram crianças, jovens, adultos eidosos que frequentam a biblioteca, já frequentaram ou nunca tiveram aoportunidade de frequentá-la e que residem próximo ou distante deste espaço,perfazendo um total de 120 respondentes. Os dados analisados mostraram quea população tem um grande interesse pela biblioteca, apesar dos problemasque ela enfrenta como, por exemplo, o espaço físico e acervo desatualizado.As pessoas reconhecem que a biblioteca necessita cumprir seu papel depromotora da cultura e do saber e estimular a prática de leitura não só porintermédio dos livros, mas também por várias ações culturais que poderão serdesenvolvidas.

Palavras-chave: Biblioteca pública. Ações culturais.

14Especialista em Arquitetura e Organização da Informação pela Escola de Ciência da Informação da UFMG. Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA/BH/MG.

15Doutora em Ciências da Educação pela Universidade Paris V. Professora adjunta do Centro Universitário UNA/BH/MG e FAE/UEMG.

59

ABSTRACT

The article aims to report a research on cultural activities that the citizens ofDores de Indaiá(MG) would like to see implemented in the local public library.The problems that motivated the research are, besides the fact that this is theonly library in the city, there is the population demand to have a place wherepeople from all ages and social classes can socialize. Thus, the library, as ademocratic social institution, can be that place. The methodology of thisresearch was based on a literature search on actions developed in publiclibraries as libraries park, for example. The approach was quantitative andqualitative and exploratory level. As instruments for data collection was used anopen and closed questionnaires.It was interviewed 120 people among themchildren, youth, adults and seniors who attend the library, who used to attendedit or who never had the opportunity to attend it. They should live in the city butresiding near or far from the library. The analyzed data showed that peoplehave a great interest in the library, despite its problems, such as inapropriatephysical structure and outdated collection. People recognize that the libraryneeds to fulfill its role as cultural and knowledge promoter and encourage thepractice of reading not only through books but also through various culturalactivities that could be developed in this information center.

Keywords: Public Library. Cultural activities

2.1 Introdução

As bibliotecas são instituições tradicionais e seculares que se limitavam apenas

com a guarda de livros, e a partir do final da década de 1960 e início de 1970

começam a se modificar. Para Almeida Júnior (2013, p.76), nessa época

começam a surgir

propostas de mudanças e transformações, mas queforam aceitas apenas por uma pequena parcela dasbibliotecas da época. Ainda hoje o número de bibliotecaspúblicas que aceitam e atuam sob um novo perfil érestrito.

Milanesi (2002) faz uma análise sobre a situação atual da maioria das

bibliotecas públicas ao dizer que elas oferecem pouco ao “homem comum”, isto

é, a dona de casa, o profissional liberal, as crianças e jovens que não estão

freqüentando a escola, os adultos e os idosos, etc. Muitos destes indivíduos

não tiveram acesso a este espaço, pois a imagem que em geral se tem dele é

60

de um local apenas para estudantes realizarem pesquisas e empréstimos de

livros.

O advento tecnológico provocou grandes transformações sociais a partir da

década de 1990, quando a internet passou a ser de uso doméstico . As

pessoas começaram a obter informações em tempo real, e as bibliotecas

públicas começaram a perder ainda mais sua credibilidade em comunidades

onde elas estão inseridas. Nem sempre elas conseguem atrair usuários e

competir com esses avanços. Grande parte delas não oferece espaços

confortáveis, atrativos e aconchegantes para os usuários; em muitas não

existem pelo menos um profissional especializado em seu quadro de

funcionários, não possuem acervos atualizados e informatizados e também não

possuem computadores para uso administrativo e para a comunidade.

Cesarino (2007, p. 11) confirma esse cenário ao afirmar que

nas últimas décadas, os avanços no campo dastecnologias da informação revolucionaram a sociedade,que se vê diante de inúmeros desafios. Poucos de seussetores não foram afetados. A biblioteca pública, cujopapel básico é a disseminação da informação e doconhecimento, defronta-se com a urgência de promovermudanças em sua organização e prestação de serviços.

As bibliotecas públicas exercem um papel fundamental na sociedade tendo em

vista que elas são imprescindíveis para o aprimoramento e o desenvolvimento

da cidadania, como destaca Barros (2002, p.140) sobre a importância das

bibliotecas

A formação do cidadão e o direito de exercício a suacidadania passa necessariamente pela sua participação eenvolvimento com espaços que fomentam a cultura e ainformação, sem o qual não há formação de consciênciapolítica, de convivência social.

Assim sendo, as bibliotecas públicas devem constituir esse tipo de espaço e

tornarem-se importantes para a comunidade onde atuam de maneira que

possam contribuir de modo especial com as classes menos favorecidas da

sociedade, possibilitando o acesso à informação de forma gratuita a todos

indiscriminadamente e contribuindo com a melhoria na qualidade de vida e no

61

exercício da cidadania. Elas devem prestar um serviço de qualidade no acesso

à informação, à leitura, ao conhecimento e à cultura, com o intuito de promover

o desenvolvimento local, bem como formar cidadãos conscientes de seus

direitos e deveres.

A cada dia que passa tem se tornado evidente que as bibliotecas devem criar

atividades e serviços para aguçar as pessoas e fazer com que elas sintam-se

atraídas por esse espaço. É preciso adequar as bibliotecas com soluções

alternativas como novidades tecnológicas e também com ações culturais que

promovam o acesso ao saber e a cultura, fazendo com que elas percam essa

imagem de passividade.

2.2 A biblioteca pública e as ações culturais

Com os impactos tecnológicos e suas transformações na sociedade do século

XXI, percebe-se claramente a necessidade de as bibliotecas públicas se

reestruturarem com novos espaços e novos serviços, bem como alterar a forma

de se relacionar com a comunidade. No lugar de ficar aguardando que as

pessoas se dirijam até elas, pelo contrário, devem ir até a comunidade onde

estão inseridas.

A biblioteca pública deve oferecer serviços que produzam um impacto na

comunidade com o objetivo de fidelizar os que já a utilizam e também cativar

outros que se distanciaram ou nunca frequentaram este espaço.

A criação de ações culturais nas bibliotecas faz com que elas deixem de ser

espaços estáticos que oferecem apenas livros para pesquisas, consulta local e

empréstimo domiciliar e passem a ser mais dinâmicas, convidativas,

participativas, fazendo com que haja maior interação com a comunidade onde

estão localizadas. Elas servem de ponte entre os usuários que frequentam a

biblioteca e os usuários em potencial que terão maiores chances de serem

conduzidos a desenvolverem o gosto pela leitura. Elas são uma importante

estratégia de atuação das bibliotecas públicas junto à comunidade, pois fazem

com estes espaços cumpram sua missão como instituição social democrática.

62

Milanesi (2002, p. 99) elucida esta afirmativa:

A biblioteca é o espaço aberto para que as pessoaspossam encontrar informações, discuti-las e criar novasinformações – um poema ou a resposta para umaquestão coletiva. É no desenvolvimento dessasatividades – da leitura ao debate, do curso ao exercícioprático – que a informação adquire um sentido, um lugar.

Ainda segundo esse autor (Ibidem p. 99) “ é nesse novo panorama que a

informação deixa de ser uma obrigatoriedade dos rituais da vida estudantil e

passa a ser uma alavanca para mover o individuo e o seu mundo.”

As ações culturais fazem com que as pessoas procurem as bibliotecas não

apenas para a leitura, mas para interagirem, trocar experiências, discutir

problemas comuns, fazendo com que todos sintam-se cidadãos integrados na

sociedade. Para a Fundação Biblioteca Nacional (2000, p. 17):

A biblioteca pública deve constituir-se em um ambienterealmente público, de convivência agradável, onde aspessoas possam se encontrar para conversar, trocarideias, discutir problemas, autoinstruir-se e participar deatividades culturais e de lazer.

Elas também podem instigar as pessoas a frequentarem a biblioteca

regularmente, e principalmente os adultos como salienta Silva (2015).

Refletindo sobre todos estes ganhos para a população da cidade de Dores do

Indaiá (MG), foi realizada uma pesquisa para verificar quais ações culturais a

população gostaria que fossem implantadas na biblioteca pública local bem

como conhecer o tipo de leitura em vários suportes que a comunidade gostaria

que tivesse neste espaço e que auxiliariam no desenvolvimento das ações. É

importante ressaltar que, dessa forma, a comunidade estará contribuindo para

a reconstrução de uma biblioteca mais atrativa, aconchegante, viva e integrada

fazendo com que todos se sintam fazendo parte deste espaço e contribuindo

com o desenvolvimento local por intermédio do acesso ao conhecimento,

porém tendo a consciência de que

as ações culturais não prometem fórmulas, mas oexercício libertador da interrogação. Não oferecemrespostas prontas, mas geram novas e atordoadasperguntas. Não produzem soluções, mas provocaminquietações.” (GONÇALVES, 2011, p. 151)

63

2.3 Dores do Indaiá: breve histórico

O município de Dores do Indaiá encontra-se localizado na região Centro-Oeste

de Minas Gerais. Seus primeiros habitantes foram os índios Tapuias e os

bandeirantes, que vieram em busca de ouro. Em 1785, com o empobrecimento

das minas, quatro irmãos se estabeleceram na região para obter sesmarias,

dando assim início ao lugarejo. Foi elevada à categoria de cidade em outubro

de 1885 (BARBOSA, 1985).

As principais atividades econômicas estão relacionadas ao comércio e a

pecuária que se resume no uso do minifúndio. O sistema educacional é

constituído por seis escolas de nível fundamental, sendo cinco públicas e uma

particular; duas escolas de nível médio, uma escola pública e uma escola

particular; além de uma escola de nível médio técnico

Os hábitos da população são essencialmente pautados no campo e na religião

e as festas que mais se destacam na cidade para divulgar a cultura local e

promover o turismo são a Exposição Agropecuária de Dores do Indaiá

(Expodores), que é realizada todo mês de julho e a Festa do Rosário que é

realizada todo mês de agosto homenageando Nossa Senhora do Rosário, São

Benedito e Santa Efigênia.

Está distante da capital mineira a 237 km. Possui uma população estimada em

2015, de 13.983 habitantes, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE)16 , sendo 11.608 alfabetizados.

2.4 A Biblioteca Pública Municipal de Dores do Indaiá

A biblioteca pública foi criada pela Lei Municipal n°1047/71, de 04 de novembro

(anexo 1) no mandato do prefeito José Barbosa Lopes. Ela recebeu o nome do

escritor Emílio Moura. Seu nome foi uma homenagem ao grande poeta

dorense, integrante do grupo de modernistas mineiros que contribuiu para

16Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?

lang=&codmun=312320&search=minas-gerais|dores-do-indaia|infograficos:-informacoes-completas>.

64

revolucionar a literatura brasileira na década de 1920 atuando ao lado de

Carlos Drummond de Andrade.

Ao longo de seus 44 anos de existência essa biblioteca já passou por várias

mudanças de espaço e pessoal. Nunca houve interesse e compromisso por

parte do poder público local em construir sua sede em local apropriado para o

seu funcionamento. Sua primeira sede foi no prédio da prefeitura que

funcionava no centro da cidade e lá permaneceu até o ano de 1976. Como não

havia profissional especializado para administrar a biblioteca, o prefeito

designou uma funcionária da prefeitura que ficou incumbida de fazer apenas

empréstimos de livros.

Na gestão municipal de 1977 a 1982, a biblioteca passou por acontecimentos

que impediram por algum tempo seu funcionamento e uma grande parte de

seu acervo foi queimado.

No período de 1983 a 1988, funcionou em uma sala alugada no centro. De lá

foi transferida para o antigo prédio da cadeia pública, onde já funcionava a

prefeitura, ficando até o ano de 1992, quando foi transferida para o prédio da

antiga rodoviária , no centro da cidade onde atualmente funciona o Instituto

Nacional de Seguro Social (INSS).

Nos quatro anos seguintes, de 1993 a1996, passou a funcionar no prédio das

Classes Anexas da Escola Normal Francisco Campos, e em 1997, foi

transferida para as dependências do Colégio São Luiz, ficando lá até o ano de

2000. Em 2001, sai do colégio e vai para um galpão no centro da cidade, onde

permanece por um período de apenas um ano, retornando novamente para o

Colégio São Luiz.

Em 2013, muda para o atual prédio na Rua Benedito Valadares, no bairro São

Sebastião, próximo ao centro da cidade e ocupando uma sala de 96m². As

várias mudanças de espaço físico da biblioteca acabaram inviabilizando muitas

vezes a criação de espaços diversificados para a socialização da comunidade.

Este novo espaço apresenta uma acomodação compatível para abrigar a

coleção de livros existentes atualmente, porém apresenta condições

65

insatisfatórias para a permanência de mais de oito pessoas no local, bem como

espaços que permitam o desenvolvimento de ações culturais.

Figura 8 – Localização da Biblioteca Pública de Dores do Indaiá

Fonte: Prefeitura Municipal de Dores do Indaiá (houve alteração na ilustração com acréscimode setas para fins de localização da biblioteca na cidade).

Está subordinada à Secretaria de Educação do município. Seu quadro de

funcionários é composto por um bibliotecário que trabalha desde 2004, quando

foi realizado o primeiro concurso público para esse cargo, uma assistente de

biblioteca e duas funcionárias administrativas da prefeitura que foram alocadas

neste espaço pela atual gestão municipal. Funciona de segunda a sexta-feira

no horário de 08:00 às 18:00h. Seu acervo atual é composto por

aproximadamente 3.500 livros, incluindo obras de referência, literatura e

demais áreas; uma boa parte dele encontra-se desatualizado, ou seja, com

edições que datam de mais de 20 anos. O acervo não está informatizado e

nem mesmo catalogado. As obras recebidas por doação são registradas em

um livro de tombo e separadas no acervo por grandes áreas.

Com relação à compra e renovação do acervo, nunca existiu verba para este

fim. Ele é formado somente por doações pessoais ou de instituições. Os únicos

66

serviços oferecidos para a comunidade são empréstimo domiciliar e pesquisa

in loco. O perfil dos usuários que a utilizam é na maioria estudantes; apenas

uma pequena parcela de pessoas que não frequentam mais os

estabelecimentos escolares a procuram para solicitar empréstimos de obras de

literatura para lazer. Até outubro de 2015 estavam inscritos na biblioteca 1.342

usuários. (Dados levantados na pesquisa, 2015)

Dessa forma, ela mantém o modelo tradicional de uma biblioteca pública e não

atende a toda a comunidade, pois prioriza o livro como suporte informacional,

incluindo apenas o alfabetizado como seu usuário.

2.5 A pesquisa de campo

A pesquisa em questão, do ponto de vista da natureza, é “aplicada”, pois de

acordo com Kauark, Manhães e Medeiros (2010, p. 26 ), ela “objetiva gerar

conhecimentos para aplicação prática, dirigida à solução de problemas

específicos. Envolve verdades e interesses locais.” Portanto, nesse caso

específico, a pesquisa aconteceu pela necessidade de conhecer quais as

ações culturais a população da cidade de Dores do Indaiá (MG) gostaria que

fossem implantadas na única biblioteca pública existente. Dessa forma, haverá

uma possibilidade de maior socialização de todas as classes sociais em um

único espaço, pois há uma escassez na cidade de espaços culturais que

possam promover o encontro da população com a finalidade de trocar ideias,

melhorar a qualidade de vida, adquirir novos conhecimentos.

Já do ponto de vista da forma de abordagem do problema, é um pesquisa

quanti-qualitativa. Com relação aos seus objetivos a pesquisa é exploratória

(CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015), pois se pretendeu uma aproximação em

relação à biblioteca pública de Dores do indaiá, na perspectiva dos

habitantes da cidade e identificar ações culturais que poderão ser implantadas

na biblioteca a partir dos depoimentos dos respondentes.

Quanto aos procedimentos técnicos adotados, a pesquisa é bibliográfica; as

fontes principais utilizadas foram livros, artigos de periódicos científicos,

67

trabalhos apresentados em seminários e congressos, dissertações e teses em

formato impresso e digital.

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o questionário (CHIZZOTTI,

2008). Esta escolha se deu devido ao objetivo de se obter as informações de

um número significativo de pessoas, (APÊNDICE 1) e também pelos

argumentos apontados por Gerhardt e Silveira (2009, p.70):

• Economiza tempo e viagens e obtém grande número de dados;• atinge maior número de pessoas simultaneamente;• abrange uma área geográfica mais ampla;• economiza pessoal, tanto em treinamento quanto em trabalho

de campo;• obtém respostas mais rápidas e mais precisas;• propicia maior liberdade nas respostas, em razão do anonima-

to;• dá mais segurança, pelo fato de suas respostas não serem

identificadas;• expõe a menos riscos de distorções, pela não influência do

pesquisador;• dá mais tempo para responder, e em hora mais favorável;• permite mais uniformidade na avaliação, em virtude da nature-

za impessoal do instrumento;• obtém respostas que materialmente seriam inacessíveis

Juntamente com o questionário foi entregue a cada participante da pesquisa o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE 2 e 3) explicando a

proposta do projeto, bem como as questões éticas relativas ao sigilo,

confidencialidade e liberdade de poder se retirar da pesquisa a qualquer

momento.

Para preservar a privacidade dos respondentes e garantir o anonimato, cada

questionário foi identificado com uma letra e um número único (Rn), sendo R =

respondente e n = número da ordem de inclusão do sujeito na pesquisa.

O questionário passou por uma etapa de pré-teste no mês de maio de 2015

com um número reduzido de 10 respondentes envolvendo crianças, jovens,

adultos e idosos para testar a clareza das questões formuladas e identificar

possíveis falhas que pudessem prejudicar a pesquisa, como por exemplo,

falhas na redação que dificultassem a interpretação e exaustão, pois como

alerta Gil (2010, p. 119), ” é a partir daí que o instrumento escolhido para a

pesquisa estará validado.”

68

A partir das sugestões apontadas pelos respondentes, mantiveram-se todas as

questões, porém foram feitas alterações de sequência das mesmas para evitar

ambiguidade no entendimento. Dessa forma, foi possível assegurar maior

fidedignidade das respostas e garantir melhores resultados da pesquisa.

O período estabelecido para a coleta de dados foi de 15 a 30 de junho e de 03

a 17 de agosto de 2015, período em que a pesquisadora se deslocou para a

cidade de Dores do Indaiá para, pessoalmente, aplicar os questionários.

Os sujeitos da pesquisa foram crianças, jovens, adultos e idosos que

frequentam a biblioteca, já frequentaram ou nunca frequentaram e que residem

nas proximidades ou longe deste espaço, perfazendo um total de 120

respondentes, sendo dezesseis crianças até a idade de 13 anos, vinte e três

entre os 14 e 20 anos, dez entre 21 e 30 anos, trinta e quatro entre os 31 e 50

anos, dezenove entre 51 e 59 anos, dezesseis acima de 60 anos e dois não

responderam a qual faixa etária pertenciam.

Esta amostra de respondentes, de acordo com Rauen (2002, p. 120), é “o

conjunto de elementos de uma população que é escolhido de acordo com uma

regra ou plano pra representá-lo em função de alguma característica sob o

estudo.”

A amostra foi não-probabilística intencional, pois os respondentes foram

escolhidos por faixa etária por razões ligadas aos objetivos da pesquisa, ou

seja, conhecer quais as ações culturais que a população dorense gostaria que

fosse implantada na biblioteca.

A princípio o local de aplicação dos questionários foi na Biblioteca Pública, no

horário de 08:00 às 16:00h, mas decorridos dois dias após seu início verificou-

se que a frequência maior de usuários eram crianças e jovens. Como se

pretendia aplicá-lo para uma amostra de todas as faixas etárias, chegou-se à

alternativa da coleta de dados em domicílio.

Para isso, foi realizada uma pesquisa nas fichas de cadastro dos usuários da

biblioteca observando a faixa etária e se os usuários estavam frequentes ou

não frequentavam mais a biblioteca.

69

Foram visitadas pessoas que moravam nas proximidades e longe da biblioteca.

Algumas se dispuseram a responder o questionário imediatamente, mas na

maioria das vezes houve a necessidade de recolhê-lo posteriormente. Desta

forma houve por parte dos respondentes uma maior sensação de privacidade

nas respostas, que é uma das características desta técnica de coleta de dados.

Dos questionários que foram recolhidos posteriormente houve apenas dois

casos de respondentes que tiveram dúvidas no preenchimento, mas que foram

sanadas após esclarecimentos por parte da pesquisadora.

O questionário foi aplicado também para 13 pessoas que nunca frequentaram a

biblioteca e que poderiam ser usuários potenciais. Alguns moram perto e outros

mais distantes, sendo a faixa etária também variável.

Durante a aplicação do questionário a pesquisadora utilizou também a

observação de maneira informal, sem qualquer roteiro, o que permitiu

registrar fatos que aconteceram entre usuários e funcionários complementando

as informações.

Para a interpretação dos dados utilizou-se a análise de conteúdo de Bardin

(2011), o que permitiu organizar os dados coletados em categorias, dando

maior visibilidade ao que se pretende estudar. Ela teve as seguintes fases:

- Realização de uma pré-análise para sistematizar as ideias iniciais e elaborar

as categorias que “são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de

elementos [...] sob um título genérico (BARDIN, 2011, p. 147) e que

fundamentariam a interpretação final.

A exploração do material foi uma fase mais demorada, pois consistiu em

tabular as informações obtidas nos 120 questionários para as categorias

criadas. O procedimento para a tabulação dos dados foi manual;

- Os resultados obtidos foram passados para o programa Microsoft Excel que

permitiu a confecção de tabelas e gráficos para ilustrar a análise dos dados.

Registra-se que este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do

Centro Universitário UNA sob o CAAE n° 44968915.9.0000.5098.

70

2.6 Como a população dorense percebe a biblioteca pública

O questionário aplicado nessa amostra da população de Dores do Indaiá foi

dividido em cinco partes, para melhor análise e interpretação: percepções

sobre a biblioteca, frequência de uso de bibliotecas, sugestões, gosto pela

leitura e perfil dos respondentes. A seguir é apresentada uma síntese das

constatações elaboradas a partir da análise de dados.

2.6.1 Perfil dos respondentes

Gênero

Gráfico 1 - Gênero

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Constata-se pelo gráfico referente ao gênero que a maioria dos respondentes

foi do sexo feminino (94), que corresponde a 78% do total de pessoas que

participaram da pesquisa. Isto também foi verificado pela pesquisadora ao

checar as fichas de inscrição de usuários da biblioteca e constatar que existe

uma diferença significativa entre usuários do sexo feminino e masculino. Em

conversa informal com pessoas do sexo masculino que foram convidadas a

participarem da pesquisa identificou-se que o motivo se dá pelo fato de a

71

biblioteca funcionar em horário comercial, o que coincide com a carga horária

de trabalho dos homens. Muitas mulheres trabalham em uma jornada de até 6

horas ou são apenas “do lar”, tendo disponibilidade de tempo para frequentar a

biblioteca.

Faixa etária

Gráfico 2 – Faixa etária

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Todas as faixas etárias participaram da pesquisa, e o maior interesse foi das

pessoas entre 31 a 50 anos. Em conversa com alguns participantes acima de

60 anos foi possível perceber que eles têm grandes expectativas com possíveis

mudanças na biblioteca e que eles possam ser privilegiados, pois na cidade

existem poucas opções de entretenimento, lazer e socialização, não só para

eles, mas para todas as faixas etárias. A cidade não possui cinema, teatro, não

existem mais os festivais de música, poesia que eram realizados até a década

de 1980 e contavam com a participação de todas as faixas etárias.

72

Escolaridade

Gráfico 3 – Escolaridade

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

A maioria dos respondentes possui o Ensino Superior completo. Isto se dá,

possivelmente, pela oportunidade que as pessoas estão tendo nos últimos

anos para estudarem. Como a cidade não possui faculdade, as pessoas

estudam em cidades próximas como Luz e Bom Despacho, ambas na região

Centro-Oeste de Minas Gerais e recebem ajuda do Poder Público local com o

fornecimento de transporte escolar que as levam todos os dias.

Seu bairro é próximo da biblioteca? Em qual bairro você reside?

73

Gráfico 4 – Distância do bairro em relação à biblioteca

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Gráfico 5 – Bairro onde reside

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

74

A questão relacionada à localização da biblioteca mostra que existem usuários

de praticamente todos os bairros da cidade. Alguns responderam a questão

referente ao motivo de não frequentarem mais a biblioteca, que a localização

atual é um empecilho, mas a maioria que mora em bairros mais distantes alega

que, embora a nova localização da biblioteca esteja distante de suas casas,

acabam sempre achando um “tempinho” para se deslocarem até lá e fazer o

empréstimo de livros.

2.6.2 Percepções sobre a biblioteca

Esta parte foi composta por duas questões que estimularam os respondentes

a pensarem livremente sobre o tema, tentando fazer com que seus

sentimentos, emoções, imaginação, prazer, paixão e sonhos emergissem de

forma espontânea.

Para mim uma biblioteca é um lugar para...

Gráfico 6– Significado do espaço biblioteca

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

75

Percebe-se que a maioria vê a biblioteca como um lugar para adquirir novos

conhecimentos e também para desenvolver duas das quatro funções básicas

de uma biblioteca pública – a função educacional (categoria “estudos”) e a

função recreativa (categoria “lazer, entretenimento e relaxamento”). Entretanto,

poucos foram os respondentes que viram a biblioteca como um espaço para

“socialização” que é bastante enfatizada por vários autores, dentre eles

Cesarino (2007, p. 35) ao dizer que

a biblioteca deve ser um ambiente realmente público, deconvivência agradável, onde as pessoas possam seencontrar para conversar, trocar idéias, discutirproblemas e participar de atividades culturais e de lazer.

O que chamou a atenção da pesquisadora foi a visão que muitos respondentes

têm em relação à biblioteca; eles a veem como um lugar encantado que dá

asas à imaginação e que pode ser comprovado pela fala de alguns

respondentes:

Sair desse mundo e ir para outro sem sair do lugar. R23

Voltar ao passado, passear no presente e viajar no futuro. R19

Fazer uma viagem longa, sem limites e destino e ir além da imaginação. R41

Realizar encontros com personagens de livros de várias épocas e lugares. R62

Pelas falas percebe-se que as pessoas sentem prazer ao falar em biblioteca e

se deliciam com as leituras. Costa e Bortolin (2007, p. 4) analisam bem a leitura

quando ela é feita com prazer:

A leitura, quando feita por prazer, pode significarliberdade intelectual, pois quem lê cria tanto ou mais queo autor. Ao deixar a imaginação livre, o leitor elaboramentalmente os cenários, compõe o perfil dospersonagens, interpreta diálogos, identifica afinidadespessoais e vive cada um de uma forma diferente o prazere uma infinidade de emoções.

Houve respostas de um mesmo respondente que se encaixaram em mais de

uma categoria, como por exemplo:

76

Espaço para leitura, socialização e relaxamento. R119

Aprender, sonhar e viajar. R13

Ler, pesquisar, conhecer, sonhar. R29

Como se sente quando entra em uma biblioteca?

As respostas foram diversificadas e foram agrupadas nas categorias de

acolhimento; bem-estar; desmotivação / apatia; encantamento / curiosidade;

liberdade; motivação.

Gráfico 7 – Sentimentos ao entrar em uma biblioteca

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

O quadro acima revela que a maioria dos respondentes sentem-se bem em

frequentar o ambiente da biblioteca que desperta uma sensação de liberdade,

encantamento e motivação. Algumas respostas despertaram a curiosidade da

pesquisadora em conversar com alguns respondentes e são destacadas a

seguir, como esta:

Me sinto bem , como se tivesse entrando em umaeroporto, mas só que em vez de aviões são livros queme levam em uma viagem. R21

77

Este respondente é uma criança de 11 anos que freqüenta a biblioteca todos os

dias para fazer empréstimos. Pega em média de dois a três livros infanto-

juvenis com poucas páginas, pois segundo ele, é uma forma de poder ir todos

os dias à biblioteca. Estuda em uma escola municipal e diz ficar encantado com

tantos livros. No final do questionário ele escreveu que seu grande sonho é ser

escritor quando crescer.

Outro depoimento que se destacou:

Sinto-me privilegiada por ter acesso a tantos livros bons epoder levar meus filhos que já são amantes da leitura –R33

É gratificante ver o interesse de uma mãe que se preocupa em motivar seusfilhos no desenvolvimento do gosto e do hábito pela leitura antes mesmo doinício da alfabetização.

Mas outros se distinguiram por outro motivo:

Na biblioteca de Dores não sinto nada diferente. R113

Este respondente disse que não é atraído pelo ambiente da biblioteca. Quando

chega sente-se completamente perdido, pois não existem catálogos para fazer

a pesquisa e muitos vezes não tem a orientação dos funcionários.

Percebe-se pelas respostas acima que um mesmo espaço oferece sentimentos

e sensações tão diferentes, mostrando a necessidade de se fazer uma

avaliação do que poderia ser modificado para que a biblioteca fosse um espaço

convidativo para “todos”.

2.6.3 Frequência de uso de bibliotecas

Neste bloco de questões foi perguntado sobre a frequência à Biblioteca Pública

de Dores do Indaiá e outras bibliotecas, além dos motivos pelos quais já

frequentaram ou nunca as frequentaram .

78

Você frequenta a Biblioteca Pública de Dores do Indaiá?

Gráfico 8 – Frequência na Biblioteca Pública de Dores do Indaiá

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Dos 120 respondentes, 76 disseram que frequentam a biblioteca, o que

equivale a 63%. Os que já frequentaram a biblioteca correspondem a 26%, ou

seja, 31 participantes. Alguns deles alegaram que não frequentam mais devido

à mudança da biblioteca para outro local distante de onde residem, e outros

alegaram falta de tempo. Na categoria que “nunca frequentou”, apenas um

respondente disse que não sabia da existência da biblioteca.

Cabe questionar também se talvez pelo fato de a biblioteca não ter um espaço

físico próprio e ficar sempre mudando de lugar, fazendo com que ela perca a

identidade perante a comunidade, possa ter contribuído para algumas

pessoas não a frequentarem.

79

Se você frequenta a biblioteca, com que frequência você a utiliza?

Gráfico 9- Frequência de utilização da Biblioteca Pública de Dores do

Indaiá

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

A maioria dos respondentes (38%) disse que frequenta a biblioteca

semanalmente, pois têm que devolver livros, tendo em vista que o prazo de

empréstimo é de uma semana. Segundo alguns funcionários, muitos usuários

que frequentam a biblioteca quinzenalmente ou mensalmente acabam

atrasando na devolução dos livros e prejudicando o empréstimo dos livros para

outros.

Os que responderam na categoria “ outros “ disseram que sua frequência se dá

pelo menos duas ou três vezes por semana, quando necessitam, ou somente

no período de férias.

80

O que o leva a frequentar a biblioteca?

Gráfico 10 – Motivos para frequentar a Biblioteca Pública de Dores do Indaiá

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Esta questão mostra que a ocupação do tempo livre é um dos principais fatores

para utilizar o acervo deste espaço. Ao utilizar o tempo livre para a prática da

leitura as pessoas acabam se beneficiando e contribuindo para a melhoria da

qualidade de vida. Castrillón (2011, p. 64) acredita que

a leitura não é somente um adorno nem um passatempoe que seu valor não está em oferecer apenas algunsmomentos prazerosos, mas sim que a leitura é uminstrumento extremamente útil na transformação eorganização de suas vidas.

Outros motivos para frequentarem a biblioteca foi a utilização do espaço para

estudar e também fazer empréstimo. Pelo que se constatou, a biblioteca

possui pouco mobiliário para que as pessoas possam estudar neste espaço.

Isso explica porque elas acabam fazendo o empréstimo de obras e estudam

em casa, como foi dito por alguns respondentes para a pesquisadora.

81

Por que deixaram de frequentar a Biblioteca Pública de Dores do Indaiá?

Gráfico 11- Motivos para não mais frequentar a Biblioteca Pública de Dores do Indaiá

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

As respostas dadas para esta questão vão de encontro ao novo modelo que

algumas bibliotecas estão se propondo a cumprir. Deixar de lado a imagem

estereotipada de um local com livros antigos, tendo o espaço apenas para

estudos e oferecer atividades culturais, internet, acervo atualizado. Mesmo

residindo em uma cidade de pequeno porte com apenas uma biblioteca

pública, a população já sente falta de um espaço multifuncional.

Outro motivo que foi citado para não frequentar mais a biblioteca foi o problema

referente a distância.

82

Qual (is) motivo (s) pelo (s) qual (is) você nunca frequentou a BibliotecaPública de Dores do Indaiá?

Gráfico 12 – Motivos porque nunca frequentou a Biblioteca Pública de Dores do Indaiá

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

As respostas foram espontâneas e as justificativas para não utilizarem a

biblioteca são praticamente as mesmas dos respondentes que já não a

frequentam mais, porém a ênfase maior é justificada pela falta de internet. Este

tipo de serviço já está sendo implantado em uma grande parte de bibliotecas

públicas pois contemplaria as classes menos privilegiadas que não têm acesso

gratuito ao mundo digital. Olinto (2010) relata que em 2009 este grupo de

pessoas perfazia um total de 44% do total de pessoas que utilizam o serviço de

internet pago em Lan Houses. O uso destas tecnologias nas bibliotecas

colaboraria com a desigualdade social e promoveria a inclusão digital.

83

Dois respondentes justificaram nunca terem frequentado a Biblioteca Pública

por possuírem deficiência física e visual e este espaço ainda não investiu na

área da acessibidade.

Você já frequentou outra biblioteca além da Biblioteca Pública de Doresdo Indaiá em algum momento da sua vida? Quando e qual?

Gráfico 13 – Frequência em outra biblioteca

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Gráfico 14 – Época em que frequentou outra biblioteca

Semanalmente na escola/ faculdade onde estuda / trabalha

Quando estudava ou trabalhava

Quando viaja

Quando residia em outras cidades

9

41

4

5

Fonte: Dados da Pesquisa, 2015

84

Ao serem questionados se já frequentaram outra biblioteca em algum momento

da vida, a resposta foi positiva por parte 84% respondentes. Eles disseram que

frequentam ou que já frequentaram a biblioteca da escola ou faculdade que

estuda/trabalha, estudava/ trabalhava, bem como das bibliotecas das cidades

onde já residiram ou em lugares por onde já viajaram. Percebe-se assim que a

maioria frequentou apenas bibliotecas escolares.

Gráfico 15 – Bibliotecas que frequenta ou já frequentou

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

A maioria dos respondentes não especificou quais as bibliotecas que eles já

frequentaram. As bibliotecas que foram citadas na cidade de Dores do Indaiá

foram de escolas estaduais e municipais de ensino fundamental e médio –

Escola Estadual Dr. Zacarias, Escola Municipal Irmã Luiza de Marilac, Escola

Municipal Benjamin Guimarães e Escola Estadual Francisco Campos.

As bibliotecas frequentadas em outras cidades são universitárias ou públicas

como a da UNIFOR (Formiga), Biblioteca Pública de Divinópolis, FACEB (Bom

Despacho), Biblioteca Pública Luis de Bessa (Belo Horizonte) e bibliotecas da

UFMG.

85

2.6.4 Sugestões

Se a Biblioteca Pública de Dores do Indaiá pudesse oferecer atividadesculturais, quais você gostaria de participar?

Figura 9 – Grau de importância de atividades culturais

MUITO IMPORTANTE IMPORTANTE MENOS IMPORTANTE

• Contação de histórias;

• Cursos de interesse da comunidade;

• Palestras;• Exposições;• Cursos de

capacitação

• Apresentação de peças teatrais;

• Jogos educativos;• Jogos recreativos;• Gincanas culturais

• Ouvir músicas;• Assistir filmes

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Percebeu-se que as pessoas dão uma grande importância para a atividade de

contação de histórias (90% dos respondentes), pois ela resgata o lúdico e o

desenvolvimento da imaginação que vem se perdendo no mundo de hoje, pois

a mídia produz lindas histórias com imagens fantásticas e sons, e as pessoas

acabam deixando a imaginação de lado, causando até alguns problemas

psicológicos, segundo Costa e Bortolin (2007).

Outro ponto que foi observado é que os adultos também gostam de ouvir

histórias – talvez para lembrar-se da infância onde existia o hábito de ouvir

histórias contadas pelas pessoas mais velhas e onde elas tinham a

oportunidade de se reunirem, de se socializarem.

Esta atividade é de fácil implantação na biblioteca que está sendo estudada

tendo em vista que existe o curso de contadores de histórias na cidade que é

oferecido pelo Pronatec.

Vale ressaltar que todas as atividades culturais são importantes e permitem a

divulgação da biblioteca para a comunidade fazendo com que todas as classes

sociais tenham a oportunidade de conviver em um único espaço.

86

Se você pudesse sugerir alguma alteração na Biblioteca Pública de Dores

do Indaiá, independentemente de autorização ou censura da Secretaria de

Educação e de Recursos Financeiros, o que você gostaria de sugerir?

Gráfico 16 – Sugestões para melhoria da Biblioteca Pública de Dores do

Indaiá

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Esta questão apresentou um significativo contingente de sugestões para a

melhoria da biblioteca, tendo em vista que as respostas foram espontâneas. Os

indicadores relativos à criação de serviços (informatização do acervo, internet,

ações culturais, biblioteca itinerante), atualização do acervo e melhoria no

espaço físico foram os mais destacados pela população, seguido de melhoria

no atendimento, mobiliário, instalação de equipamentos e mudança no horário

de funcionamento. Desta forma, percebe-se que esta pesquisa que está sendo

realizada vai ao encontro dos anseios da comunidade.

Alguns respondentes (7), disseram que não teriam nenhuma sugestão e ao

serem questionados sobre o motivo, alegaram que estavam satisfeitos com o

que a biblioteca oferecia, tendo em vista que nunca tiveram a oportunidade de

frequentar outro espaço informacional para fazer um comparativo e sugerir

87

mudanças, pois cidades de pequeno porte como Dores do Indaiá possuem no

máximo uma biblioteca, com raras exceções. Isto foi comprovado no primeiro

Censo realizado em 2009 e publicado em 2010 (BRASIL, 2010).

2.6.5 Gosto pela leitura

Você gosta de ler livros? Em caso positivo, que tipo de livros você gosta

de ler?

Gráfico 17 – Gosto pela leitura de livros

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Gráfico 18 – Gênero de livros

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

88

O gráfico mostra que 95% dos respondentes disseram que gostam de ler,

talvez por não terem coragem de dizer o contrário ou que leem pouco. De

acordo com a pesquisa “Retratos da leitura no Brasil”, aplicada em 2011 em

âmbito nacional, somente as pessoas pertencentes às classes sociais

privilegiadas desenvolvem este gosto pela leitura (FAILLA, 2012). Desta forma,

compete às bibliotecas trabalharem com atividades que despertem o gosto pela

leitura em todas as classes sociais, contribuindo assim com a aquisição de

novos conhecimentos.

Soares (1988, p. 19) salienta a importância da leitura ao dizer que,

atribui-se à leitura um valor positivo absoluto: ela trariabenefícios óbvios e indiscutíveis ao indivíduo e àsociedade – forma de lazer e de prazer, de aquisição deconhecimentos e enriquecimento cultural, ampliação dascondições de convívio social e de interação

A preferência de leitura foi por romances e livros de auto-ajuda. Na categoria

“outros” foi dada uma ênfase maior em livros religiosos, biografias e memórias.

Ao citarem a preferência por romances, pode-se deduzir que as pessoas estão

pensando em leitura de livros não como uma imposição, mas como lazer,

entretenimento e enriquecimento cultural.

Você gosta de ler jornais e revistas? Em caso positivo, quais as revistas e

jornais que você gosta de ler?

Gráfico 19 – Gosto pela leitura de jornais e revistas

86%

13%1%

Sim (103)

Não (16)

Não respondeu (1)

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

89

Gráfico 20 – Revistas preferidas

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

As revistas que mais são lidas pelos respondentes são as informativas como

Veja e Isto é. As revistas de variedades que mais se destacaram foram as

femininas como Caras, Nova e as revistas que abordam temas de interesses

das adolescentes como Teen, Star girl, Atrevida, Glamour e TPM.

Gráfico 21 – Jornais preferidos

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

90

A leitura de jornais também é ressaltada pela maioria, fazendo com que as

pessoas tenham acesso a informações em tempo real. Paulino (2001) destaca

o jornal como um registro diário da história e como um instrumento

complementar na educação, além de ter um custo mais acessível.Os jornais

mais citados como lidos foram Estado de Minas e os tablóides Aqui e Super.

Percebe-se pelos dados aferidos em relação à leitura, seja de livros, jornais ou

revistas, que a maioria gosta de ler, mesmo aqueles que tiveram a

oportunidade de cursar poucas séries do ensino fundamental e que já estão há

muito tempo fora dos bancos escolares. Martins (1985, p.12) analisa este gosto

pela leitura como um aprendizado natural, ressaltando que “ ninguém ensina

ninguém a ler; o aprendizado é, em última instância, solitário, embora se

desencadeie e se desenvolva na convivência com os outros e com o mundo.”

Você gosta de assistir filmes? Em caso positivo, que tipo de filmes você

gosta de assistir?

Gráfico 22 – Gosto por filmes

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Constatou-se que 113 pessoas gostam de assistir filmes, perfazendo 94% dos respondentes.

91

Gráfico 23 – Preferência por gêneros cinematográficos

19%

29%

11%

10%

15%

10%

6% 1%

Ação (29)

Comédia (77)

Desenho (29)

Drama (27)

Suspense (40)

Terror (27)

Outros (15)

Não respondeu (2)

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

A maioria dos respondentes disse que tem preferência por filmes de comédia,

seguidos pelos de ação, suspense e desenhos. Os filmes de desenhos também

foram mencionados por alguns adultos e idosos. Na categoria “outros” foram

destacados o gosto por filmes religiosos e documentários.

E música, você gosta de ouvir? Em caso positivo, que tipo de músicas

você gosta de ouvir?

Gráfico 24 – Gosto por música

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

92

Gráfico 25 – Gêneros musicais preferidos

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

A resposta pelo gosto de ouvir música foi quase unânime, prevalecendo o

gosto por músicas do estilo romântica, MPB e sertaneja, que estava incluída na

categoria “outros”.

Gostaria que a Biblioteca Pública de Dores do Indaiá tivesse livros ou outros materiais voltados ao seu campo profissional? Em caso positivo, qual a área em que você atua?

Gráfico 26 – Acervo voltado para campo profissional

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

93

A pergunta dividiu a opinião dos respondentes, mas 42% disseram que

gostariam que a biblioteca tivesse acervo voltado para o campo profissional

tendo em vista que a cidade não possui outros tipos de bibliotecas para que as

pessoas que já não estão estudando mais pudessem manter-se atualizadas na

área em que atuam.

Gráfico 27 – Área de atuação

0

5

10

15

20

25

30

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

A área que mais se destacou foi a de ciências humanas, dando um foco maior

para a educação, principalmente a Pedagogia.

2.7 Considerações finais

Esta pesquisa teve como objetivo conhecer as ações culturais que a população

dorense gostaria que fossem implantadas na Biblioteca Pública de Dores do

Indaiá, visando promover a socialização, o encontro, a troca de ideias, o debate

de temas de interesse da comunidade.

Para conhecer as ações culturais de maior interesse da comunidade, foi

selecionada uma amostra representativa da população envolvendo crianças,

jovens, adultos e idosos para sugerirem ações culturais e acervo em formatos

94

variados para dar suporte e que pudessem ser implantados na biblioteca e

fazer com que ela seja um espaço atrativo e multifuncional.

Partindo da análise e interpretação dos dados coletados pode-se inferir que a

comunidade demonstra um certo carinho e simpatia pela biblioteca, apesar dos

vários problemas que ela enfrenta, como por exemplo, o espaço físico, o

acervo desatualizado e a falta de informatização. As pessoas reconhecem que

a biblioteca necessita cumprir seu papel de promotora da cultura e do saber e

estimular a prática da leitura não só por intermédio dos livros, mas também por

várias atividades culturais. Entretanto, para que isto aconteça é necessário que

ela busque se modernizar, procurando informatizar seu acervo para agilizar na

busca, adquirir acervo atualizado como livros, jornais, revistas, filmes e CDs,

além de implantar ações culturais que possam promover a socialização e trazer

benefícios, não só para um público específico, mas para todas as classes

sociais e faixas etárias. As ações culturais que foram mais evidenciadas na

pesquisa são: hora do conto, cursos de capacitação, cursos de interesse da

comunidade, palestras, atividades com jogos recreativos e educacionais e

peças teatrais.

Ao verem a lista de ações culturais que poderiam ser desenvolvidas na

biblioteca e que constavam no questionário que foi aplicado, muitos ficaram

admirados e pode-se perceber no olhar e na fisionomia dos respondentes uma

alegria ao saber que estas atividades podem ser oferecidas na biblioteca como

forma de socialização, melhoria na qualidade de vida, ocupação do tempo livre,

contribuição com a inclusão social e promoção do desenvolvimento local.

A partir dos resultados obtidos neste estudo, confirma-se que o objetivo

proposto foi atingido. Foram elaborados um relatório e uma proposta técnica a

serem encaminhados ao poder público municipal para verificar a possibilidade

de implantação do que foi proposto, fazendo com que a Biblioteca Pública

Municipal possa atuar como uma instituição mais aberta para as demandas e

interesses da comunidade em seu papel social, suprindo as necessidades

informacionais da comunidade e contribuindo com o desenvolvimento local.

Considerando-se extremamente relevante a realização desse estudo,

percebeu-se a necessidade de discutir mais profundamente a Biblioteca

95

Pública de Dores do Indaiá se ater somente às sugestões dadas na pesquisa

pela população e pela pesquisadora. Deve-se pensar em um estudo

permanente pois a biblioteca não deve ficar estagnada, mas tentar acompanhar

as mudanças sociais.

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98

3 PROPOSTA TÉCNICA DE DINAMIZAÇÃO DA BIBLIOTECA PÚBLICA DE

DORES DO INDAIÁ (MG)

Rosângela Maria Costa Bernardino17

Áurea Regina Guimarães Thomazi18

RESUMO

Este capítulo trata do produto técnico oriundo do resultado da pesquisa de dissertaçãode mestrado intitulada “Biblioteca pública: ações culturais voltadas para odesenvolvimento local?“. Para tal, elaborou-se um relatório e uma proposta técnicacom o objetivo de repassar para o poder público local da cidade de Dores do Indaiá(MG) o resultado da investigação realizada mostrando o que a população gostaria quefosse implantado na biblioteca em termos de ações culturais, além das sugestõesdadas pelos participantes para melhorar a biblioteca. Além disso, a pesquisadoracomplementou esse inventário de demandas buscando apresentar outras propostasvisando a maior dinamização da biblioteca permitindo com que ela amplie sua ação epasse a ser mais frequentada por todas as faixas etárias e grupos sociais, não selimitando a uma instituição que dá suporte apenas à educação formal.

Palavras-chave: Biblioteca pública. Relatório. Proposta técnica

ABSTRACT

This chapter deals with the technical product derived from the findings of thedissertation research entitled "Public Library: cultural actions for local development?".For this purpose we prepared a report and a technical proposal that will be presentedto the local government of Dores do Indaiá city (MG). From the investigation findings, itwas related what the city population want to be implemented in the local library ascultural actions. Moreover, they have given suggestions to improve the library activities.It was done an inventory of demands to which it was added the researcher proposalsfor the development of a more dynamic library. Thus, this report is an attempt to

17Especialista em Arquitetura e Organização da Informação pela Escola de Ciência daInformação da UFMG. Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA/BH/MG.

18Doutora em Ciências da Educação pela Universidade Paris V. Professora adjunta doCentro Universitário UNA/BH/MG e FAE/UEMG.

99

expand the library action in order to give the city people access, transforming the locallibrary in a place in which the developed activities are more than giving formaleducation support.

Keywords: Public Library. Report. Technical proposal

3.1 Introdução

Conforme definição de diversos autores, como Almeida Júnior (2003), Barros

(2002), Milanesi (2002) e o Manifesto da UNESCO (1994), as bibliotecas

públicas são instituições envolvidas no processo da educação, cultura e lazer

de uma sociedadee devem atender a todos sem restrições de idade, sexo,

raça, condição financeira, etc.

Muitas bibliotecas públicas não estão conseguindo se envolver em todos estes

processos e de acordo com Suaiden (1995, p. 1), constituem

locais improvisados, acervo desatualizado e composto pordoações, instalações precárias, carência de recursos humanosadequados, etc - são as características dessas instituiçõeschamadas bibliotecas.

Nas últimas duas décadas, devido ao mundo digital, percebe-se que as

bibliotecas estão perdendo o seu status, pois não estão conseguindo

acompanhar as inovações. Percebe-se também que as pessoas têm pouco

contato com a leitura, apresentando dificuldades de se comunicarem devido ao

baixo vocabulário. Infelizmente, isto foi comprovado pelo exame do ENEM de

2014, quando mais de 500.000 candidatos zeraram a prova de redação.

É necessária a realização de um trabalho que desperte o gosto e uma maior

familiarização com a leitura, não só para crianças e jovens, mas para todas as

faixas etárias, pois é condição indispensável ao desenvolvimento social e à

realização individual.

Despertar, incentivar e promover a leitura são tarefas essenciais para uma

biblioteca desenvolver-se em uma comunidade onde atua. Além de

desenvolver atividades relacionadas à leitura, ela pode também promover

100

outras que contribuam com a integração social e que produzam um impacto na

comunidade. Uma biblioteca pública, de acordo com Silva (2015, p. 25), deve

ter a “missão de oferecer condições para tornar os cidadãos mais aptos a

encontrar a liberdade, a prosperidade e o desenvolvimento individual e social.”

Sendo a biblioteca pública uma instituição viva e mais dinâmica ela poderá

contribuir com o desenvolvimento social, e dessa forma, com a promoção da

sociedade local no uso da informação e do conhecimento para o lazer, estudo,

aprendizagem, autodesenvolvimento e liberdade de expressão. Ainda segundo

Silva (2015, p. 48),

bibliotecas que tenham suas atividades limitadas pelaadministração pública local não sofrem impactos e nemcausam mudanças, ficando restritas a burocraciasrotineiras que enfraquecem o seu vigor fundamental.

Almeida Júnior (2015, p. 15) enfatiza que “transformações dependem de

discussões, reflexões, questionamentos. Nada pode ser mudado se os

problemas não são evidenciados, desnudados.” Refletindo sobre esse trecho a

pesquisadora, que atua como bibliotecária há 34 anos, pensou em desenvolver

um trabalho que pudesse contribuir com a melhoria da única biblioteca pública

existente em sua terra natal. A biblioteca não possui muitos atrativos; seu

acervo não está processado e também desatualizado. O espaço que ela ocupa

é pequeno e não oferece condições de desenvolver atividades que possam

atrair a comunidade para este local para promover o encontro, conversas, troca

de informações, discussões de problemas, ampliação de conhecimentos,

instrução formal e informal, entretenimento e lazer, como por exemplo, por

meio de ações culturais.

Desenvolver ações culturais faz com que a biblioteca se torne um local vivo,

atraente, pois acaba estreitando as relações entre a população e este espaço,

promovendo a socialização. Bazílio (2014, p. 25) ressalta a importância de

ações culturais:

A ação cultural deveria ser uma prática constante naBiblioteca Pública, uma forma de atrair o não público.Essa ação pode ser uma forma de entretenimento entreusuários, mas sempre com a intenção maior, a deestimular a criatividade e produzir conhecimento, pois as

101

questões do prazer, lazer e da busca de expressão estãopresentes na ação cultural.

Dessa forma, as ações culturais contribuem para a formação e transformação

dos indivíduos que delas participam, pois haverá uma criação de novos

conhecimentos e uma mudança destes sujeitos e haverá uma interação da

comunidade. As pessoas terão a oportunidade de conviver em um mesmo

espaço, promovendo a socialização e a troca de ideias.

Refletindo sobre essa interação, na socialização, a pesquisadora fez uma

pesquisa de campo para identificar quais ações culturais a população da

cidade de Dores do Indaiá (MG) gostaria que fossem implantadas na única

biblioteca pública existente na cidade. A biblioteca possui um acervo de

aproximadamente 3.500 livros que não são catalogados nem informatizados.

Atende a uma demanda maior de estudantes e de uma pequena parcela de

pessoas que estão fora dos bancos escolares.

A criação de ações culturais na biblioteca faria com que ela se tornasse

verdadeiramente pública, pois poderia envolver todas as classes sociais e

faixas etárias nessas atividades. A pesquisa mostrou também que a população

gostaria que alguns serviçosfossem implantados na biblioteca, bem como uma

mudança de seu espaço físico .

Após a análise dos dados, foi elaborada uma proposta técnica a ser

encaminhada ao poder público local mostrando o resultado da pesquisa e

explicitando as opiniões em relação à biblioteca, os quais foram coletadas

durante este trabalho e complementadas pela pesquisadora.

3.2 Produto técnico

O presente produto técnico atende à exigência do Programa de Pós-

Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro

Universitário UNA. Ele apresenta as contribuições da pesquisa para conhecer

quais ações culturais poderiam ser implantadas na Biblioteca Pública da cidade

de Dores do Indaiá (MG), além de outras sugestões para contribuir com a

dinamização deste espaço.

102

Esse resultado viabilizou a elaboração de um relatório e uma proposta técnica

a ser enviada ao poder público local relatando, inicialmente, os procedimentos

e o resultado da pesquisa, seguido das sugestões de ações culturais que

poderiam ser desenvolvidas visando contribuir com a melhoria da qualidade de

vida e com o desenvolvimento local. Foram apresentadas também outras

sugestões pela população e pela pesquisadora que poderiam dinamizar este

espaço e que poderiam ser implantadas a curto, médio e longo prazo.

3.2.1 Relatório a ser encaminhado ao Poder Público Municipal de Dores

do Indaiá (MG)

3.2.1.1 Introdução

A biblioteca pública é considerada um agente de transformação social que

contribui para preparar as crianças, jovens e demais faixas etárias a adquirir

melhor qualidade de vida, buscando um mundo melhor como bem retrata

Almeida Júnior (2013).

Ela tem como finalidade, segundo o Manifesto da UNESCO (1994, p. 2),

“proporcionar recursos e serviços, numa diversidade de mídias, a fim de

atender às necessidades de indivíduos e grupos em matéria de educação,

informação e desenvolvimento pessoal, inclusive sua recreação e lazer.”

Uma biblioteca deve ser multifuncional, com espaços atraentes e convidativos

para que as pessoas sintam interesse em frequentá-la. Elas se encontram em

diferentes culturas e também em estágios diferentes de desenvolvimento. O

cenário das bibliotecas públicas brasileiras está distante do ideal quando

comparado ao que vem sendo realizado em países europeus e também em

dois outros países da América Latina. A visão de dirigentes da Colômbia e do

Chile em relação à missão de uma biblioteca pública pode ser considerada

com características inovadoras. Eles constataram que investir em espaços

informacionais contribui com a inclusão social, melhora a qualidade de vida, a

autoestima e até reduz o índice de violência nas cidades onde estas

bibliotecas estão inseridas, ou seja, colabora com o desenvolvimento local.

103

Esses países estão investindo em espaços atrativos, com uma infraestrutura

que envolve, além do espaço físico variado, profissionais de áreas diversas

trabalhando intersetorialmente, com mobiliário adequado, atualização e

informatização do acervo, ações culturais para todas as faixas etárias e

também tecnologias de informação e comunicação. Estes espaços são

conhecidos como Bibliotecas Parque. Elas funcionam como centros

comunitários que oferecem além de livros e materiais visuais, segundo Correal

(apud MEDEIROS, 2012, p. 51),

treinamentos empresariais gratuito, instrução cívica, construçãoda memória coletiva, atividades que estimulam a criatividade,auditório, galeria de arte, área de jogos para crianças elaboratórios de informática.

No Brasil, esta nova imagem da biblioteca já despertou o interesse dos

governos dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, que já começaram a

investir neste novo modelo de biblioteca e já conseguiram implantar um total

de seis espaços nos dois estados.

As cidades de pequeno porte também têm condições de adequar as

bibliotecas públicas locais com os mesmos espaços. Elas podem exercer um

papel fundamental para a sociedade, ou seja, serem atuantes e

constantemente atualizadas para garantir a eficácia de sua missão, que é

atender a todos de maneira mais eficiente possível e de modo especial as

classes de baixo poder aquisitivo, para que tenham acesso à informação atual

e ao mundo digital. Santos e Santos (2012, p.12) ressaltam que a biblioteca

pública deve

prover o acesso informacional para sua localidade, acompanharos avanços científicos e tecnológicos da sociedade, para setornar um ponto de acesso e de socialização dos avançosinformacionais.

Percebe-se que as pessoas estão se isolando socialmente desde o momento

em que a internet passou a ser de uso doméstico por volta dos anos de 1990.

Elas estão tendendo a estabelecer contatos virtuais no lugar dos contatos

físicos e também reduzindo seu vocabulário, pois no mundo virtual a

linguagem é mais simplificada. Investir em bibliotecas contribui muito para que

104

as pessoas tenham vontade de sair do isolamento social. Estes espaços são

um lócus para promover a socialização e também para desenvolver o gosto

pela leitura, mas, entretanto, está sendo pouco utilizado e, às vezes, até

meio ocioso, podendo ser reativado e dinamizado.

A preocupação com a falta de espaços presenciais que promovam a cultura

em Dores do Indaiá fez com que a pesquisadora, que é natural da cidade, se

propusesse conhecer o que a população local gostaria que fosse implantado

na biblioteca pública em termos de ações culturais e também outras sugestões

que pudessem mudar a imagem deste espaço e fazer com que ele fosse mais

frequentado, não só pelas crianças e jovens, mas por todas as faixas etárias.

Percebe-se que a imagem que se tem de uma biblioteca pública é de ser

apenas suporte para a educação escolar e ela acaba deixando de lado

aquelas pessoas que não estão mais frequentando os estabelecimentos de

ensino ou nunca tiveram a oportunidade de frequentá-lo e este espaço poderá

ser para muitos, o único meio de acesso e atualização informacional.

Vale ressaltar que é importante que as gestões administrativas, municipais,

estaduais e federais reconheçam o papel da biblioteca para formar cidadãos e

contribuir com o desenvolvimento local e investir nestes espaços para que as

pessoas possam se atualizar e acompanharos avanços tecnológicos.

3.2.1.2 Relato da pesquisa

Em 2014, quando a pesquisadora iniciou seu mestrado no Programa de Pós-

Graduação em Gestão social, Educação e Desenvolvimento Local no Centro

Universitário UNA, entrou em contato com o prefeito, a secretária de

Educação e o bibliotecário para solicitar autorização para estudar a Biblioteca

Pública Escritor Emílio Moura e propor mudanças, visando torná-la um espaço

mais atraente e mais dinâmico para que pudesse ser utilizada por todas as

faixas etárias e classes sociais.

Após autorização, deu-se início a um estudo detalhado para conhecer o que

está sendo trabalhado na área de bibliotecas públicas por intermédio de uma

105

pesquisa aplicada exploratória, além de conhecer mais detalhadamente a

opinião da população local sobre este espaço.

É importante ressaltar o envolvimento da população para sugerir mudanças,

pois segundo o sociólogo Jaume Carbonell (2002), “as inovações que vêm de

baixo, do próprio coletivo, têm mais possibilidades de êxito e continuidade do

que aquelas que emanam de cima.” Ao propor mudanças a partir das

sugestões demandadas pela comunidade poderá haver maior

comprometimento de todos, o que faz com que eles tenham a sensação de

pertencimento, de estar contribuindo de alguma forma para o sucesso da

instituição.

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o questionário, tendo em

vista o objetivo de atingir um maior número de pessoas. As questões

contemplaram cinco categorias: perfil dos respondentes, percepções sobre a

biblioteca, frequência de uso, sugestões para melhoria e gosto pela leitura.

Nos dois primeiros dias o questionário foi aplicado na biblioteca, mas como a

intenção era conhecer também pessoas que já frequentaram ou nunca

frequentaram este espaço, foi realizada também a aplicação em domicílio. Foi

feito o levantamento das pessoas que já haviam frequentado a biblioteca por

meio das fichas de cadastramento e foram convidadas também pessoas que

nunca freqüentaram uma biblioteca mas que mostraram interesse em

participar da pesquisa.

O período de realização da coleta de dados foi de 15 a 30 de junho e de 03 a

17 de agosto de 2015, período em que a pesquisadora se deslocou para Dores

do Indaiá com essa finalidade.

Os sujeitos da pesquisa foram crianças, adolescentes, adultos e idosos que

residiam nas proximidades ou longe da biblioteca e que frequentam, já

frequentaram ou nunca tiveram o interesse em frequentá-la, perfazendo um

total de 120 participantes, sendo dezesseis crianças até a idade de 13 anos,

vinte e três entre os 14 e 20 anos, dez entre 21 e 30 anos, trinta e quatro entre

os 31 e 50 anos, dezenove entre 51 e 59 anos, dezesseis acima de 60 anos e

dois não responderam a qual faixa etária pertenciam.

106

O grau de escolaridade variou de ensino fundamental incompleto até ensino

superior completo.

3.2.1.3 Análise dos dados

No questionário foi solicitado que os participantes respondessem o que a

biblioteca significava para eles e também como se sentiam quando entravam

neste espaço. As respostas referentes ao significado da biblioteca foram

variadas, destacando que ela é um lugar para aquisição de novos

conhecimentos, espaço para estudos, lazer, entretenimento, relaxamento e

também um local para abrir novos horizontes dando asas à imaginação.

Com relação aos sentimentos que as pessoas sentem ao entrar em uma

biblioteca, também foram variados, passando pelo acolhimento, bem-estar,

encantamento, curiosidade, motivação, indo até a desmotivação e a apatia.

Uma resposta que chamou a atenção da pesquisadora foi a de uma criança de

11 anos que sonha em ser escritora e que frequenta a biblioteca todos os dias.

Segundo ela, “ me sinto bem como se tivesse entrando em um aeroporto, mas

só que em vez de aviões são livros que me levam em uma viagem.” Percebe-

se que mesmo a biblioteca não estando dentro dos parâmetros normais ela

ainda assim traz satisfações para as pessoas.

Contrário a esta resposta houve também outra que chamou a atenção: a de

um adulto que disse que “ na biblioteca de Dores não sinto nada.” Ao verificar

que um mesmo espaço oferece sentimentos antagônicos, faz-se necessário

avaliar o que poderia ser feito para que a biblioteca fosse um local convidativo

a todos.

As questões referentes à frequência mostraram que a maioria utiliza a

biblioteca semanalmente, tendo em vista que o prazo de empréstimo é de

uma semana. Eles a utilizam para estudar e também para ocupar o tempo livre

com leituras que contribuam para a melhoria na qualidade de vida e que

agregue valores. Castrillón (2011, p. 38) reforça esta idéia ao dizer que

a leitura em bibliotecas não é concebida como uma forma depassar o tempo, de se divertir, mas como algo imprescindível

107

para um projeto de vida que pretenda superar umasobrevivência cotidiana.

Também foi perguntado os motivos de não frequentarem a Biblioteca Pública

para as pessoas que já a frequentaram ou que nunca a frequentaram. As

justificativas que mais se destacaram foram a distância, o acervo

desatualizado, a falta de atividades culturais e a falta de internet.

Estas respostas, ou seja, demandas da população,vão ao encontro de um

novo modelo de biblioteca que procura levar a informação onde as pessoas

estão, como por exemplo, bibliotecas itinerantes, ações culturais, acervo

atualizado,oferecimento de internet e espaços físicos atraentes. Embora em

menor quantidade de respostas, foi citado também o horário de funcionamento

da biblioteca. Alguns respondentes alegaram que “trabalham em horário

comercial e não sobra tempo para ir até a biblioteca”. Se a biblioteca

estendesse o horário durante a semana ou funcionasse nos sábados daria

maior oportunidade para pessoas que não estão frequentando os bancos

escolares e que trabalham durante a semana.

Com relação a ações culturais que poderiam ser desenvolvidas, foi

apresentado um total de 12 e solicitado que elencassem por prioridade de

possível implantação. As ações que foram consideradas mais importantes

foram: contação de histórias, cursos e palestras sobre temas atuais ou de

interesse da comunidade, exposições e cursos de capacitação seguidas de

apresentação de peças teatrais, jogos educativos e recreativos, gincanas

culturais, música e filmes.

É importante ressaltar que todas as ações culturais são importantes e

permitem a divulgação da biblioteca para a comunidade fazendo com que

todas as classes sociais e faixas etárias, mesmo se for para um número

pequeno de pessoas, possam ter a oportunidade de conviver em um único

espaço.

A questão referente a sugestões para melhoria do espaço vai ao encontro da

concepção de biblioteca da pesquisadora, que se apoia na proposta da

UNESCO (1994) de uma biblioteca que proporciona acesso ao

108

conhecimento, à informação, à educação permanente por meio de uma

variedade de recursos e serviços para todos de forma igualitária.As sugestões

que mais se destacaram foram a criação de serviços e ações culturais,

atualização do acervo, melhoria do espaço físico.

Foi perguntado também sobre o gosto e interesse pela leitura de livros, jornais,

revistas, tipos de filmes e música visando apresentar sugestões para melhoria

do espaço.

Os gêneros de livros mais citados foram romance, autoajuda, humor, infanto-

juvenis, poesia, religiosos, biografias e memórias.

Os jornais de maior preferência foram Estado de Minas e os tabloides Super e

Aqui. As revistas foram as informativas, como Veja e Isto é, informativas como

Super Interessante, Época e as femininas de interesse dos adolescentes. A

biblioteca em estudo não possui nenhum tipo de periódico corrente e caso seja

possível dinamizar o acervo, pode-se pensar em adquirir outros títulos de

jornais e revistas para que a população tenha mais opções de leitura.

A preferência por filmes variou de comédia, ação, suspense, indo até os

religiosos, e os gêneros musicais que mais se destacaram na preferência dos

respondentes foram as de estilos românticas, MPB, sertaneja e infantis.

Ao serem questionadas se elas gostariam que a biblioteca tivesse acervo

voltado para a área profissional, muitos disseram que sim, tendo em vista que

a cidade possui apenas uma biblioteca pública e que eles já nãofrequentam

qualquer estabelecimentos de ensino e que gostariam de atualizar-se. As

áreas que mais se destacaram foram Ciências Humanas e Ciências Sociais

aplicadas.

Partindo da análise dos dados pode-se inferir que a comunidade demonstra

carinho e simpatia pela biblioteca, apesar dos vários problemas que ela

enfrenta, como por exemplo, espaço físico, acervo desatualizado, serviços e

atividades variadas e falta de informatização.

Visando contribuir para a melhoria deste espaço, apresenta-se a seguir uma

proposta técnica elencando-se algumas sugestões que poderão ser

executadas a curto, médio e longo prazo, dependendo dos recursos

109

financeiros que poderão ser alocados, pois de acordo com o artigo 16 da Lei n°

10.753,

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípiosconsignarão, em seus respectivos orçamentos, verbas àsbibliotecas para sua manutenção e aquisição de livros. (BRASIL,2003).

3.2.2 Proposta técnica

As sugestões para dinamização da Biblioteca Pública não estão colocadas por

ordem de prioridade, tendo em vista que as possíveis implantações dependem

de investimentos financeiros. Convém ressaltar que todas são de grande

importância para que este espaço seja mais convidativo e atraente para que

todas as faixas etárias possam utilizá-lo da melhor forma possível.

SUGESTÃO 1 Desbaste do acervoObjetivo Retirar obras do acervo que não estão sendo utilizadas

ou que estão danificadas e ou desatualizadasJustificativa Adequando o espaço físico da biblioteca de acordo com

as necessidades de seus usuários, as estantes ficarãomais atraentes e será mais fácil encontrar os livros.Com o desbastamento será possível agilizar o processode catalogação e informatização do acervo, pois serãopreparados apenas os livros que realmente serãoutilizados. Esta seria a primeira decisão a ser tomada.

Metodologia Uma alternativa pode ser a criação de uma política dedesenvolvimento do acervo visando orientar o desbaste eo crescimento equilibrado da coleção de forma a atenderàs necessidades informacionais dos usuários.

Sugestões de autores que trabalham com o tema: DIAS (2003); FIGUEIREDO

(1998); VERGUEIRO (2010); WEITZEL (2013)

110

SUGESTÃO 2 Informatização do acervoObjetivo Agilizar a pesquisa e localização de obras na bibliotecaJustificativa Agilização do trabalho do pessoal que trabalha na

biblioteca e o fornecimento de informações precisas paraos usuários é fundamental para o bom funcionamento dabiblioteca como por exemplo localização do livro naestante, situação em que o material se encontra,realização de reservas do material que se encontraemprestado.

Metodologia Deverão ser levantadas práticas adotadas por outrasbibliotecas públicas para verificar o melhor software a seradotado, bem como uma busca na própria internet oujunto à Escola de Ciência da Informação da UFMG.

Após o desbastamento do acervo é recomendável que as obras sejam

catalogadas e informatizadas. Existem no mercado softwares livres e

comerciais. Hexel (2005) define softwares livres como aquele disponível para

uso, cópia e distribuição, na sua forma original ou com modificações,

gratuitamente ou com custo.

A escolha do software livre visa reduzir os custos de licenças e elimina os

demorados processos administrativos exigido pela lei de licitações. Muitas

bibliotecas públicas de pequeno e médio porte estão optando pelo software

livre tendo em vista que existem muitas necessidades prioritárias para serem

realizadas neste espaço e os recursos financeiros são escassos. Dentre os

softwares livres adotados pode-se citar o PHL e o BibLivre.

O software que está sendo mais utilizado nas bibliotecas públicas é o BibLivre.

Ele foi idealizado pela Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional e está

tornando referência na modernização das bibliotecas públicas. Ele permite

trabalhar em rede e oferece os módulos de catalogação, aquisição,

administração, pesquisa, cadastramento de usuários, geração de carteirinha,

empréstimo e reserva de obras, empréstimo de chaves de guarda-volumes.

É importante ressaltar que a cidade de Lagoa da Prata já está utilizando o

BibLivre nas bibliotecas públicas da cidade.

111

Sugestões de autores e site: CÔRTE (2002); HEXEL (2005);

www.biblivre.org.br/

SUGESTÃO 3 Ações culturaisObjetivo Implantar ações culturais tais como contação de

histórias, cursos de interesse da comunidade, palestras,cursos de capacitação, exposições, apresentação depeças teatrais, jogos educativos, jogos recreativos,gincanas culturais.

Justificativa A implantação de ações culturais pode promover asocialização de diferentes faixas etárias e classes sociaisem um mesmo espaço informacional estimulando aconvivência comunitária, além de despertar a curiosidadee o desejo das pessoas em conhecer a biblioteca e sesentirem atraídas pelos livros. Dessa forma pode-seatingir todos os segmentos da comunidade local econtribuir com a interação, melhoria na qualidade devida, autoestima, e consequentemente, com odesenvolvimento local.

Metodologia Uma primeira estratégia é identificar quais as açõesculturais propostas pela comunidade que terãopossibilidade de serem implantadas. A ação cultural maiscitada foi a hora do conto e poderá ser implantada maisfacilmente, tendo em vista que o Pronatec oferece nacidade o curso de contadores de histórias. Em seguida,articular parcerias locais, por intermédio de projetossubmetidos às leis de incentivo à cultura, CREA/MG como intuito de agilizar a implantação das ações culturais.

A criação de ações culturais faz com que as bibliotecas possam ser vistas

como espaços vivos, atraentes e que promovem atividades educativas,

culturais, recreativas e informacionais para todas as faixas etárias. Elas podem

ser desenvolvidas dentro e fora das bibliotecas para que possa permitir maior

participação da comunidade. Elas também colaboram para que os

bibliotecários possam trabalhar com outros profissionais, promovendo assim, a

interdisciplinaridade.

112

As ações culturais, segundo Milanesi (2002), compreendem atividades

culturais e de lazer que se apoiam em suportes diferentes do convencional, ou

seja, do material impresso, mas também colaboram para a formação das

pessoas em adquirirem novos conhecimentos, pois elas se desenvolvem

coletivamente.

É importante ressaltar que as ações culturais apresentadas na pesquisa foram

classificadas por ordem de prioridades da comunidade e que poderão ser

implantadas a curto, médio e longo prazo.

A seguir, algumas ilustrações sobre ações culturais desenvolvidas em

bibliotecas:

Figura 10 – Contação de histórias - Biblioteca Pública Municipal de Bom

Despacho ( MG)

Fonte: Disponível em:< http://blog.crb6.org.br/boletim/conheca-a-biblioteca-publica-municipal-de-bom-despacho/>.

113

Figura 11- Espaço para assistir filmes na Biblioteca Parque da Rocinha (RJ)

Fonte: Imagens do Google

Figura 12- Palestras

Fonte: Imagens do Google

114

Sugestões de autores que abordam o tema: Barros (2002); Coelho Neto (1988)

SUGESTÃO 4 Espaço físicoObjetivo Adequar a biblioteca às necessidades e aos serviços que

presta para funcionar com êxitoJustificativa É necessário que o espaço físico seja coerente e

corresponda às propostas e concepção da biblioteca etorne um espaço mais convidativo, atraente e que possaabrigar um número maior de pessoas, mobiliário,equipamentos.

Metodologia Elaborar um planejamento com base em outrasbibliotecas e com auxílio de um arquiteto. Uma bibliotecabem planejada deve levar em conta a área dearmazenamento para o acervo, área de atividades paraleitores e funcionários e área de circulação. Também sedeve observar sua localização para que ela se torne maisvisível para a comunidade onde está inserida.

Ao propor atividades e serviços para a Biblioteca Pública de Dores do Indaiá,

observa-se que o local onde ela se encontra hoje não é suficiente, pois ela

comporta no máximo oito pessoas para ficarem bem acomodadas. O mais

indicado seria que ela tivesse um prédio próprio, pois ficar sempre mudando

de local prejudicaria o planejamento e ampliação de seus serviços e criação de

atividades para um número maior de pessoas e ela acaba perdendo a

identidade perante a comunidade. Esta foi uma sugestão bastante enfatizada

pelos participantes da pesquisa que gostariam também que ela ficasse

localizada em uma área mais central para beneficiar o acesso. Ela deveria ser

um espaço não apenas para o estudo, mas para a convivência, a socialização.

Ter um espaço planejado para a biblioteca é um fator determinante para que a

comunidade se sinta acolhida em suas dependências, fazendo com que ela

sinta que tudo foi planejado com foco nos seus interesses. O espaço deve ser

ideal para acomodar bem o acervo, serviços e atividades, usuários e

funcionários. Não sendo possível a construção de um prédio próprio, seria

recomendável que ela se instalasse em um espaço maior.

Autores que abordam o tema: Almeida (2005); Milanesi (2002).

Exemplos de espaços planejados:

115

Figura 13 –Biblioteca de São Paulo

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora

Figura 14 – Biblioteca Pública oferecendo atividades para idosos

Fonte: Imagens do Google

116

SUGESTÃO 5 MobiliárioObjetivo Adequar mobiliário para todas as faixas etárias e melhor

aproveitamento dos espaços.Justificativa Equipando a biblioteca com mobiliário adequado e

colorido o ambiente se torna mais atraente e contribuipara relaxar.

Metodologia Fazer um levantamento e conhecer bibliotecas que jáadequaram o mobiliário às necessidades de seususuários e solicitar a visita técnica de representantes dosmobiliários.

Existem móveis projetados especialmente para bibliotecas que permitem

melhor aproveitamento dos espaços e acomodação adequada do acervo e dos

equipamentos que a biblioteca possui. É indispensável que uma biblioteca

disponha de um mobiliário funcional e apropriado, tanto para os funcionários

quanto para os usuários. Atualmente, é possível obter móveis modernamente

desenhados e de aspecto atraente que possam criar um clima de comodidade

e bom gosto. No mercado existem empresas especializadas em mobiliários

para bibliotecas como por exemplo a Biccateca e Metalpox.

O que foi observado é que a Biblioteca Pública não possui mobiliário adequado

para crianças e também não possui número suficiente de mesas e cadeiras

para acondicionar maior número de pessoas. Existem apenas duas mesas e

oito assentos que são compartilhados com os funcionários que trabalham lá.

A autora que trata deste tema e que pode auxiliar na escolha do mobiliário

adequado é Almeida (2005) e também as empresas Biccateca

(www.biccateca.com.br) e Metalpox (www.metalpox.com.br ). Também pode

ser consultado o site do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas ( SNBP) -

http://snbp.culturadigital.br/dinamizacao-e-valorizacao-da-biblioteca/

Exemplos de mobiliários para bibliotecas que possuem um estilo moderno e

atrativo.

117

Figura 15 - Espaço infantil da Biblioteca Parque Villa Lobos (SP)

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora

Figura 16 – Novos modelos de estantes para bibliotecas

Fonte: www.metalpox.com.br

118

SUGESTÃO 6 InternetObjetivo Acompanhar a mudança de costumes na organização

social implantando e compartilhando as novastecnologias de informação e comunicação.

Justificativa Não se pode ignorar os avanços e os benefícios que ainformação em tempo real pode trazer para acomunidade, fazendo com que ela não fique alheia àsinovações tecnológicas e a comunicação em geral.

Metodologia Alocar computadores para serviços internos e para osusuários com pessoal disponível para orientar os quenecessitam.

A internet é uma ferramenta indispensável na recuperação da informação,

principalmente para uma biblioteca com o acervo desatualizado. A tecnologia

traz benefícios para auxiliar na pesquisa e no acesso rápido à informação,

além de contribuir com a melhoria e qualidade dos serviços prestados. O ideal

seria que a biblioteca tivesse computadores para o serviço administrativo, para

pesquisa do acervo local e também para outras demandas, pois ela não pode

ficar alheia ao mundo digital.

Sugestões para leitura: Blattmann; Fragoso (2003); Tomaél (2004)

Figura 17 – Acesso à internet (Biblioteca de São Paulo)

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora

119

Figura 18– Biblioteca Parque Villa Lobos (SP) – Jogos digitais

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora

SUGESTÃO 7 Diversificação do acervoObjetivo

Atender às necessidades culturais, informacionais,educativas e de lazer da comunidade nos mais diferentesformatos e suportes.

Justificativa Ao promover e disponibilizar o acesso à informação comqualidade nos mais diversos suportes, pode-seincentivar a frequência à biblioteca, o acesso àpesquisa e a familiarização com a prática da leitura.

Metodologia Manter o acervo atualizado em relação à produçãoliterária atendendo a demanda dos usuários eacompanhar os lançamentos de repercussão junto àopinião pública. Procurar obras de autores significativosnas diversas áreas do conhecimento bem como autoresda literatura local, nacional e estrangeira.Oferecer também materiais em suportes variados comofilmes, cd's, jornais, gibis, revistas, jogos, obras dereferência, brinquedos e materiais de leitura em formatoacessível como livros em Braille, audiolivros, livros emlibras, etc.

Como recomendação para leitura sobre o tema, destaca-se o site do Sistema

Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) -

http://snbp.culturadigital.br/dinamizacao-e-valorizacao-da-biblioteca/-

120

Exemplo de espaço da biblioteca onde estão juntos os livros e os filmes :

Figura 19 – Biblioteca Parque Villa Lobos (SP) - DVDteca

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora

SUGESTÃO 8 Biblioteca itineranteObjetivo

Oferecer um serviço de atendimento ambulante,contemplando as solicitações de alguns respondentes,promovendo a equidade na prestação de serviços dabiblioteca e atendendo a um número maior de pessoasque não têm condições de ir até à Biblioteca Pública, porproblemas de distância ou mesmo de horário de seufuncionamento.

Justificativa O município está crescendo e se espalhandogeograficamente. Muitas pessoas que participaram dapesquisa alegaram que não frequentam a biblioteca peloproblema da distância onde ela está localizada. Destaforma, para atender a toda a população com maiseficiência, seria ideal que se criasse uma bibliotecaitinerante para dar suporte à biblioteca fixa e aproximar apopulação do hábito de ler.

Metodologia Este tipo de serviço poderia ser oferecido em pontosestratégicos dos bairros durante a semana e aossábados e também no dia em que funciona a feira naPraça da Matriz contemplando a solicitação de ampliaçãodo horário de funcionamento da biblioteca. Para que este

121

serviço possa ser disponibilizado para a população,pode-se usar um carro, um triciclo adaptado, uma caixaestante, pontos de apoio em lojas, mercado ou até umônibus adaptado.

A International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA)

publicou as Diretrizes para bibliotecas itinerantes que está disponível online.

(http://www.ifla.org/files/assets/hq/publications/professional-report/123-pt.pdf )

Figura 20 – Biblioteca itinerante

Fonte: Imagem do Google

122

Figura 21 – Tricicloteca em Alegrete (RS)

Fonte: Imagem do Google

SUGESTÃO 9 Capacitação de funcionáriosObjetivo

Capacitar funcionários para se atualizarem nos serviçostradicionais e novos oferecidos pela biblioteca.

Justificativa A imagem da biblioteca depende muito do atendimento

realizado pelos funcionários. Quando uma pessoa é bem

tratada ela sente maior interesse em voltar várias vezes.

Além disso, a profissionalização é fundamental e o

funcionário precisa dominar com segurança o trabalho

que realiza. Finalmente, cursos para capacitação dos

funcionários é essencial para que eles possam

desenvolver as funções com mais prazer.

Metodologia Solicitar à Superintendência de Bibliotecas Públicas deMinas Gerais cursos de capacitação para osfuncionários.

123

SUGESTÃO 10 Divulgação

Objetivo Divulgar a biblioteca para que toda a comunidade possaconhecê-la melhor e se sentir convidada e usufruir deseus serviços.

Justificativa A biblioteca é um patrimônio da comunidade e como taldeve ser reconhecida e ter papel de destaque nopanorama cultural da cidade. Deve haver uma promoçãoda biblioteca junto a comunidade, pois talvez uma grandeparte da população não a utilize por não saber de suaexistência.

Metodologia Divulgar a biblioteca por meio de redes sociais, emissorade rádio local.Confeccionar um guia da biblioteca emarcadores de livros para distribuir em diferentes locaisde diversos bairros.

Sugestões de autores que abordam o assunto: Amaral (2007); Reis (2009)

SUGESTÃO 11 AcessibilidadeObjetivo

Tornar a biblioteca um espaço acessível para todos, semdiscriminação.

Justificativa Todos os usuários de bibliotecas são beneficiadosquando as bibliotecas são acessíveis, desde a criançaaté o idoso, perpassando também pelos indivíduos quepossuem qualquer tipo de deficiência.

Metodologia Contratar pessoal especializado para adequar abiblioteca em termos de acessibilidade arquitetônica,comunicacionale instrumental.

É importante pensar na questão da inclusão de pessoas com deficiência ou

com mobilidade reduzida na biblioteca, pois todos têm direito à informação. A

acessibilidade tem que ser pensada em termos arquitetônicos (rampas,

banheiros, corrimãos, mobiliário, maior área para circulação de cadeiras de

rodas), comunicacionais (face a face, escrita, virtual) e instrumentais (materiais

pedagógicos, instrumentos e utensílios para estudo).

No Brasil, há uma legislação específica que garanteos direitos das pessoas

com deficiência e também prevista pela Associação Brasileira de Normas

124

Técnicas (ABNT) - NBR 9050 atualizada em setembro de 2015 e disponível

em outubro de 2015, que orienta sobre as diretrizes de acessibilidade

arquitetônica que devem ser atendidas em prédios públicos. Ferrés (2008,

p. 36), ressalta que

uma biblioteca acessível é um espaço que permite apresença e proveito de todos, e está preparada paraacolher a maior variedade de público possível para assuas atividades, com instalações adequadas àsdiferentes necessidades e em conformidade com asdiferenças físicas, antropométricas e sensoriaisdapopulação.

Sugestões de obras para leitura: Associação Brasileira de NormasTécnicas(2004); Brasil (2015); Pupo; Melo; Ferrés (2008).

Figura 22- Biblioteca Municipal Professor Barreiros Filho – Florianópolis(SC)

Fonte: Disponível em:< http://blog.crb6.org.br/artigos-materias-e-entrevistas/biblioteca- em-florianopolis-vira-referencia-nacional-em-acessibilidade/>.

125

Figura 23 - Biblioteca de São Paulo – Acessibilidade (1)

Fonte: Imagens do Google

Figura 24–Livro em Braille – Acessibilidade (2)

Fonte: Imagens do Google

3.3 Considerações finais

Uma biblioteca pública deve servir a todas as classes sociais e faixas etárias

da localidade onde está inserida. Ela deve ser uma instituição ativa, atraente e

que ofereça uma variedade de serviços à população. Não sendo possível

implantar muitos serviços e mudanças de imediato na biblioteca, o ideal é que

126

isso aconteça gradualmente.Com isso a biblioteca vai aos poucos mostrando à

população local sua importância e passa a ser vista como espaço de exercício

da cidadania e também como local para promoção do encontro, do debate, da

troca de idéias, da socialização.

Em uma cidade onde não existem espaços culturais como em Dores do Indaiá,

para que todas as classes sociais possam conviver em um mesmo lugar é

necessário o esforço e a boa vontade do poder público municipal para reduzir

uma lacuna informacional e contribuir com o desenvolvimento local. Investir na

modernização de um espaço já existente na comunidade é um passo

importantíssimo e a biblioteca deve ser vista com um novo olhar por parte dos

dirigentes locais.

Ao realizar esta pesquisa foi possível observar o interesse da população em

colaborar para que a biblioteca possa se transformar, se modernizar, se

movimentar e se tornar “viva” para a comunidade. As sugestões apresentadas

podem ser implantadas a curto, médio e longo prazo, mas deve existir um

esforço inicial, pois toda medida de melhoria, por menor que seja, é sempre o

início para uma mudança, fazendo que a biblioteca fique mais atrativa para a

comunidade.

É importante ressaltar que para iniciar a mudança deste cenário é

imprescindível que se destine um orçamento fixo permanente para a biblioteca

para que ela possa desempenhar a contento suas funções, pois ela foi criada

através de uma lei municipal que garante sua inclusão no Orçamento

Municipal. Esta verba servirá para comprar livros, investir em ações culturais,

disponibilizar serviços que ainda não foram executados, atendendo as

necessidades de informação da comunidade. Além da verba a ser

disponibilizada pelo Poder Público Municipal pode-se buscar parcerias com

empresas, apresentar projetos que possam ser contemplados por meio de leis

de incentivo à cultura, recursos da própria comunidade e a criação dos “Amigos

da Biblioteca”.

Esse investimento é válido pois a biblioteca dinamizada prestará um serviço

de qualidade à população e ao município no sentido do desenvolvimento

local. Finalmente, ressalta-se que, embora este estudo tenha sido feito

127

especificamente para a biblioteca pública de Dores do Indaiá, as

constatações e sugestões aqui apresentadas podem ser aproveitadas e

adequadas para outras bibliotecas de municípios semelhantes.

Referências

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ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Biblioteca pública: avaliação deserviços. Londrina: EDUEL, 2013.

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AMARAL, Sueli Angelica do. Marketing na ciência da informação.Brasília:Editora UnB, 2007

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BARROS, Paulo. A biblioteca pública e sua contribuição social para aeducação do cidadão. Ijuí: Unijuí, 2002.

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128

BLATTMANN, Ursula; FRAGOSO, Graça Maria. O zapear a informação embibliotecas e na internet. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

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PUPO, Denise Talarico: MELO, Amanda Meincke; FERRÉS, Sofia Pérez(Orgs.) Acessibilidade: discurso e prática no cotidiano das bibliotecas.Campinas: Unicamp, 2008.

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VERGUEIRO, Waldomiro. Seleção de materiais de informação: princípios etécnicas. 3.ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2010.

WEITZEL, Simone da Rocha. Elaboração de uma política de desenvolvimentode coleções em bibliotecas universitárias. 2. ed. Rio de Janeiro: Interciência,2013.

Sites:

http://snbp.culturadigital.br/dinamizacao-e-valorizacao-da-biblioteca/-

Disponibilização de várias dicas referentes à dinamização, acervo, espaço,

mobiliários.

http://www.ifla.org/files/assets/hq/publications/professional-report/123-pt.pdf - Diretrizes para bibliotecas itinerantes

131

REFLEXÕES FINAIS

O título “Reflexões finais” foi utilizado para discernir das “Conclusões Finais”

dos capítulos apresentados em forma de artigos.

É inegável a importância de uma biblioteca pública na formação de um povo e

de um país; elas devem suprir as necessidades informacionais da comunidade

onde estão inseridas, tendo a oportunidade de contribuir com os aspectos

educacionais, recreacionais, informacionais e culturais.

O novo conceito de bibliotecas públicas multifuncionais, atraentes,

aconchegantes e que propiciam a interação e socialização das diferentes

camadas sociais e faixas etárias em um mesmo espaço informacional requer,

um novo olhar, por parte do poder público responsável por estas instituições.

Uma biblioteca pública, quando bem estruturada, com espaço físico adequado

e bem localizada, acervo atualizado e informatizado, serviços diferenciados que

possam ser oferecidos a todas as faixas etárias sem distinção de classe social,

pode contribuir com o desenvolvimento local. As ações culturais são

instrumentos que podem colaborar com este objetivo, pois fazem com que toda

a comunidade possa ter a oportunidade de se socializar, interagir, trocar idéias

em um único espaço informacional e, principalmente, levar a cultura às classes

menos privilegiadas.

O acesso à informação colabora para que as pessoas possam ter melhor

qualidade de vida, auxiliando-as nas decisões que serão tomadas durante toda

a vida e fazendo com que todos tenham o direito de exercer plenamente a

cidadania.

Para a criação de ações culturais duradouras em uma biblioteca pública, é

necessário ouvir a comunidade, fazer um diagnóstico participativo entre a

população, o poder público local e os profissionais que trabalham nestes

espaços para conhecer o que é de interesse para todos; pensar que estas

ações devem ser desenvolvidas para e com a população com a finalidade de

democratizar o acesso ao conhecimento, fomentar a leitura, promover a

interação social e a educação.

132

Esta pesquisa buscou escutar a demanda da população de Dores do Indaiá

em relação a esse serviço público que constitui um dos direitos culturais

dos cidadãos e demonstrou interesse dessa população em colaborar com

sugestões que possam melhorar a biblioteca pública local e fazer com que

todos possam frequentá-la. Foi selecionada uma amostra significativa da

população envolvendo crianças, jovens, adultos e idosos que freqüentam a

biblioteca, já freqüentaram ou nunca tiveram interesse em freqüenta-la e que

residiam nas proximidades ou longe da biblioteca. Foi gratificante ver o

entusiasmo das pessoas, e de modo especial as de baixo poder aquisitivo, em

contribuir com sugestões para melhorar este espaço e verificar que o objetivo

da pesquisa foi atingido.

Diante do exposto, fica clara a necessidade de rever e planejar a

reestruturação da Biblioteca Pública de Dores do Indaiá que poderá ser

realizada em etapas a curto, médio e longo prazo na perspectiva de colaborar

para o desenvolvimento local. Deve haver um empenho maior do poder público

municipal em melhorar as condições da biblioteca para atender as

necessidades da comunidade buscando inová-la e observando os bons

exemplos existentes em outros países e também no Brasil. Deve-se pensar

também em avaliações periódicas para verificar se a biblioteca está atingindo o

objetivo e não deixar que ela fique estagnada, mas tentar acompanhar as

mudanças sociais.

Assim sendo, cabe insistir que investir em cultura contribui com o

desenvolvimento local fazendo com que haja redução da exclusão social, e que

todos, independentemente de raça, religião, classe social, escolaridade, sexo e

idade possam usufruir do direito da informação, da comunicação, do

entretenimento e do lazer que uma biblioteca pública, que verdadeiramente

cumpra sua missão, possa proporcionar.

133

APÊNDICES

Apêndice 1

QUESTIONÁRIO:

Este questionário faz parte de uma pesquisa para o curso de Mestrado emGestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro UniversitárioUNA. Seu objetivo é analisar as ações culturais possíveis de serem criadas edesenvolvidas na biblioteca pública local a partir da demanda da população, nosentido de contribuir com a socialização das pessoas e com o crescimentocultural, bem como com a melhoria da qualidade de vida da população.

Agradeço sua colaboração

Rosângela Maria Costa Bernardino

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

1- Gênero

( ) Masculino

( ) Feminino

2- Faixa etária

( ) Até 13 anos

( ) De 14 a 20 anos

( ) De 21 a 30 anos

( ) De 31 a 50 anos

( ) De 51 a 59 anos

( ) Mais de 60 anos

3- Escolaridade

( ) Não alfabetizado

( ) Ensino fundamental incompleto

( ) Ensino fundamental completo

( ) Ensino médio incompleto

( ) Ensino médio completo

( ) Ensino superior incompleto

134

( ) Ensino superior completo

4 - Seu bairro é próximo da biblioteca?

( ) Sim

( ) Não

Em qual bairro você reside?

5- Complete a frase: Para mim uma biblioteca pública é um lugar para...

6- Como você se sente quando entra em uma biblioteca?

7- Você frequenta a Biblioteca Pública deDores do Indaiá?

( ) Frequenta

( ) Já frequentou. Caso sua resposta seja esta, passe para a questão 10

( ) Nunca frequentou. Caso sua resposta seja esta, passe para a questão 11.

8. Se você frequenta a biblioteca, com que frequência você a utiliza?

( ) Diariamente

( ) Semanalmente

( ) Quinzenalmente

( ) Mensalmente

( ) Outro________

9- O que o leva a frequentar a biblioteca? (pode marcar mais de uma opção)

( ) Proximidade de casa

( ) Bom atendimento

( ) Ocupar o tempo livre

( ) Estudar

( ) Fazer empréstimo de livros

135

( ) Outros. Especifique:

Se você é frequentador da Biblioteca Pública de Dores do Indaiá, pule as questões 10 e 11.

10 – Por que não frequenta mais a Biblioteca Pública de Dores do Indaiá?

11- Qual (is) o (s) motivo (s) pelo (s) qual (is) você não frequenta a Biblioteca Pública de Dores do Indaiá?

12-Você já frequentou outra biblioteca além da Biblioteca Pública de Dores do Indaiá em algum momento da sua vida?

( ) Sim . Quando?

Qual?

( ) Não

13- Se a Biblioteca Pública de Dores do Indaiá pudesse oferecer atividadesculturais, quais você gostaria de participar? (indique numa escala de 1 a 3 cadaitem, sendo 1= muito importante; 2= importante e 3= menos importante)

( ) Apresentação de peças teatrais

( ) Assistir filmes e TV

( ) Contação de histórias

( ) Cursos de capacitação de curta duração

( ) Cursos de interesse da comunidade (pintura, origami, crochê, jardinagem, primeiros socorros, etc...)

( ) Exposições

( ) Gincanas culturais com fins de socialização

( ) Jogos educativos

( ) Jogos recreativos como dama, xadrez, jogos de cartas

( ) Ouvir músicas

( ) Palestras sobre temas de interesse da comunidade

14- Você gosta de ler livros?

( ) Sim

( ) Não

136

Em caso positivo, que tipo de livros você gosta de ler?

( ) Romance ( ) Poesia ( ) Teatro ( ) Infanto-juvenil ( ) Humor

( ) Policial ( ) Auto-ajuda ( ) Outros. Especifique__________________

_____________________________________________________________

15 – Você gosta de ler jornais e revistas?

( ) Sim

( ) Não

Em caso positivo, quais as revistas e jornais você gosta de ler?

16- Vocêgosta de assistir filmes?

( ) Sim

( ) Não

Em caso positivo, que tipo de filmes você gosta de assistir?

( ) Comédia ( ) Desenho ( ) Ação ( ) Suspense ( ) Drama ( ) Terror

( ) Outros. Especifique__________________________________________

17- E música, você gosta de ouvir?

( ) Sim

( ) Não

Em caso positivo, que tipo de músicas você gosta de ouvir?

( ) Infantis ( ) Românticas ( ) MPB ( ) Rock ( ) Funk

( ) Outras. Especifique________________________________________

18- Gostaria que a biblioteca de Dores tivesse livros ou outros materiais voltadoao seu campo profissional?

( ) Sim

( ) Não.

Em caso positivo, qual a área que você atua?

137

19- Se você pudesse sugerir alguma alteração na Biblioteca Pública deDores do Indaiá independentemente de autorização ou censura da Secretariade Educação e de recursos financeiros, o que gostaria de sugerir?

138

Apêndice 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA ADULTOS

Dados da pesquisa e orientação

Programa: Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, MG

Título: Biblioteca pública: ações culturais voltadas para o desenvolvimento local?

Nome da pesquisadora principal: Rosângela Maria Costa Bernardino

Nome da pesquisadora orientadora: profa. Dra. Áurea Regina Guimarães Thomazi

Natureza da pesquisa: Você está sendo convidado(a) a participar desta pesquisa

que tem por finalidade analisar que ações culturais demandadas pela população do

município de Dores do Indaiá poderiam ser desenvolvidas na biblioteca pública no

sentido de promover o desenvolvimento local.

Participantes da pesquisa: participarão desta pesquisa uma amostra relevante de

120 indivíduos da população do município de Dores do Indaiá englobando crianças,

jovens, adultos, idosos, independentemente de sexo, raça, escolaridade e categoria

social que frequentam ou não a biblioteca pública local.

Envolvimento na pesquisa: Ao participar desta pesquisa, você tem a liberdade de se

recusar a participar e ainda a se recusar a continuar participando em qualquer fase da

pesquisa, sem qualquer prejuízo para você. Sua participação consistirá apenas no

preenchimento de um questionário, respondendo as perguntas formuladas que

abordam sobre o tema de bibliotecas públicas. Sempre que quiser poderá pedir mais

informações sobre a pesquisa através do telefone da pesquisadora principal do

projeto e, se necessário, através do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa.

Sobre os questionários: O questionário consistirá em perguntas abertas e fechadas

visando coletar dados para melhor embasar o trabalho da aluna pesquisadora sobre

ações culturais que possam ser desenvolvidas na biblioteca pública do município de

Dores do Indaiá demandadas por uma amostra significativa da população.

Riscos e desconfortos: A participação nesta pesquisa não traz complicações legais.

Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em

Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução nº 466/2012 do Conselho

Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua

dignidade. Na pior das hipóteses, pode provocar algum desconforto, mas o

compromisso com a confidencialidade da identidade resguarda o pesquisado e a

139

liberdade de deixar de participar a qualquer momento evita a persistência do mal

estar.

Confidencialidade:Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente

confidenciais.Somente o pesquisador e a orientadora terão conhecimento dos dados.

Benefícios: Ao participar deste estudo você não terá nenhum benefício direto.

Entretanto, esperamos que este estudo traga informações importantes da população

dorense sobre a Biblioteca Pública, de forma que o conhecimento que será construido

a partir desta pesquisa possa dar visibilidade e empoderamento da biblioteca e poder

contribuir com o desenvolvimento local e a melhoria da qualidade de vida da

comunidade. A pesquisadora se compromete a divulgar os resultados obtidos, sejam

eles favoráveis ou não.

Pagamento: Você não terá nenhum tipo de despesa para participar deste estudo,

bem como nada será pago por sua participação.

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre e

esclarecida nesta pesquisa. Portanto, preencha, por favor, os itens a seguir.

Obs.: Não assine esse termo se ainda tiver dúvidas a respeito.

Consentimento Livre e Esclarecido

Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida,

manifesto meu consentimento em participar da pesquisa. Declaro que recebi cópia

deste termo de consentimento e, autorizo a realização da pesquisa e a divulgação

dos dados obtidos neste estudo.

_______________________________________________________________

Nome do participante da pesquisa

________________________________________________________________

Assinatura doparticipante da pesquisa

140

__________________________ __________________________

Assinatura da pesquisadora Assinatura da orientadora

Contatos: Pesquisadora principal: Rosângela Maria Costa Bernardino

Fone:(31) 9281-5851 – E-mail: [email protected]

Pesquisadora orientadora: Profa. Dra. Áurea Regina Guimarães Thomazi

E-mail: [email protected]

Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175 , 4º andar, Belo Horizonte /

MG, CEP 30.180-100 Fone: (31)3508-9110 E-mail: [email protected]

141

Apêndice 3

TERMO DE CONSENTIMENTO / ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PARA OS RESPONSÁVEIS LEGAIS PELOS MENORES PARTICIPANTES

DA PESQUISA

Dados da pesquisa e orientação

Programa: Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, MG

Título: Biblioteca pública: ações culturais voltadas para o desenvolvimento local?

Nome da pesquisadora principal: Rosângela Maria Costa Bernardino

Nome da pesquisadora orientadora: profa. Dra. Áurea Regina Guimarães Thomazi

Natureza da pesquisa: O adolescente sob sua responsabilidade legal está sendo

convidado(a) a participar desta pesquisa que tem por finalidade analisar que ações

culturais demandadas pela população do município de Dores do Indaiá poderiam ser

desenvolvidas na biblioteca pública no sentido de promover o desenvolvimento local.

Participantes da pesquisa: participarão desta pesquisa uma amostra relevante de

120 indivíduos da população do município de Dores do Indaiá englobando crianças,

jovens, adultos, idosos, independentemente de sexo, raça, escolaridade e categoria

social que frequentam ou não a biblioteca pública local.

Envolvimento na pesquisa: Ao participar desta pesquisa, o adolescente sob sua

responsabilidade legal tem a liberdade de se recusar a participar e ainda a se recusar

a continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo para

você. A participação do adolescente consistirá apenas no preenchimento de um

questionário, respondendo as perguntas formuladas que abordam sobre o tema de

bibliotecas públicas. Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a

pesquisa através do telefone da pesquisadora principal do projeto e, se necessário,

através do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa.

Sobre os questionários: O questionário consistirá em perguntas abertas e fechadas

visando coletar dados para melhor embasar o trabalho da aluna pesquisadora sobre

ações culturais que possam ser desenvolvidas na biblioteca pública do município de

Dores do Indaiá demandadas por uma amostra significativa da população.

Riscos e desconfortos: A participação nesta pesquisa não traz complicações legais.

Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em

Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução nº 466/2012 do Conselho

142

Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua

dignidade. Na pior das hipóteses, pode provocar algum desconforto, mas o

compromisso com a confidencialidade da identidade resguarda o pesquisado e a

liberdade de deixar de participar a qualquer momento evita a persistência do mal

estar.

Confidencialidade:Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente

confidenciais.Somente o pesquisador e a orientadora terão conhecimento dos dados.

Benefícios: Ao participar deste estudo o adolescente sob sua responsabilidade legal

não terá nenhum benefício direto. Entretanto, esperamos que este estudo traga

informações importantes da população dorense sobre a Biblioteca Pública, de forma

que o conhecimento que será construido a partir desta pesquisa possa dar visibilidade

e empoderamento da biblioteca e poder contribuir com o desenvolvimento local e a

melhoria da qualidade de vida da comunidade. A pesquisadora se compromete a

divulgar os resultados obtidos, sejam eles favoráveis ou não.

Pagamento: O adolescente sob sua responsabilidade legal não terá nenhum tipo de

despesa para participar deste estudo, bem como nada será pago por sua

participação.

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento à participação do

adolescente sob sua responsabilidade legal de forma livre e esclarecida nesta

pesquisa. Portanto, preencha, por favor, os itens a seguir.

Obs.: Não assine esse termo se ainda tiver dúvidas a respeito.

Consentimento Livre e Esclarecido

Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida,

manifesto meu consentimento na participação do adolescente sob minha

responsabilidade

legal:______________________________________________________________

____. Declaro que recebi cópia deste termo de consentimento e autorizo a

realização da pesquisa e a divulgação dos dados obtidos neste estudo.

_______________________________________________________________

Nome do responsável legal pelo adolescente participante da pesquisa

143

________________________________________________________________

Assinatura do responsável legal pelo adolescente participante da pesquisa

_______________________________

__________________________

Assinatura da pesquisadora Assinatura da orientadora

Assentimento Livre e Esclarecido

Tendo em vista os itens acima apresentados e considerando a autorização acima

de meu responsável legal, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu

assentimento em participar na pesquisa.

Declaro que recebi cópia deste termo de consentimento/assentimento, e autorizo a

realização da pesquisa e a divulgação dos dados obtidos neste estudo.

__________________________________________________________________

Nome do adolescente participante na pesquisado

_______________________________ _____________________________

Assinatura da pesquisadora Assinatura da orientadora

Contatos:

Pesquisadora principal: Rosângela Maria Costa Bernardino

Fone:(31) 9281-5851

E-mail: [email protected]

Pesquisadora orientadora: Profa. Dra. Áurea Regina Guimarães Thomazi

E-mail: [email protected]

Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175 , 4º andar, Belo Horizonte /

MG, CEP 30.180-100 Fone: (31)3508-9110 E-mail: [email protected]

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ANEXOS

Anexo 1

LEI DE CRIAÇÃO DA BIBLIOTECA PÚBLICA DE DORES DO INDAIÁ